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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE CORPOREIDADE NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Por: Andreza Oliveira Berti Orientador Prof. Nelsom José Veiga de Magalhães Rio de janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CORPOREIDADE NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Por: Andreza Oliveira Berti

Orientador

Prof. Nelsom José Veiga de Magalhães

Rio de janeiro

2003

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CORPOREIDADE NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência

do Ensino Superior.

Por: Andreza Oliveira Berti

AGRADECIMENTOS

À minha mãe Lúcia, pelo

incentivo, pela dedicação,

por acreditar em mim e pelo

exemplo de amor e fé,

revelado em todos os seus

atos.

DEDICATÓRIA

À minha querida “co-

orientadora”, Profª; Ms.

Rosa Malena, pela

paciência e

comprometimento com a

questão da corporeidade e

da educação como um

todo.

Aos amigos e familiares

que sempre acreditaram na

minha capacidade,

incentivando-me a concluir

mais um ciclo da minha

vida.

RESUMO

A temática do trabalho aqui apresentada, insere-se no interior do

debate em torno da corporeidade no âmbito escolar, propondo-se analisar a

formação dos professores que atuarão nas Séries Iniciais do Ensino

Fundamental e as tendências pedagógicas que perpassam a teoria e prática

destes professores. A corporeidade entendida não só como corpo biológico,

organismo que reproduz características hereditárias, mas como condição de

estar no mundo, participar e estabelecer relações resultantes de um processo

sócio-histórico que vai constituindo o sujeito. Para fundamentar minhas idéias,

apropriei-me das reflexões de Libâneo sobre a construção de uma prática

cotidiana embasada em diferentes “correntes” pedagógicas ao longo da

história, contribuições de Merleau-Ponty, Porpino, Assmann na corporeidade e

Nóvoa, Behrens e Alves no processo de formação de professores. Portanto,

esta pesquisa aborda o cotidiano escolar na perspectiva de contribuir para a

superação de uma visão fragmentada tanto do educando, quanto do educador.

Palavras- chave: CORPOREIDADE – PROFESSORES – COTIDIANO

METODOLOGIA

Procurando conhecer diferentes formas de contribuição

científica sobre o tema o qual me propus estudar, utilizei diversas

fontes bibliográficas disponíveis em livros, publicações periódicas,

seminários, internet etc, de modo a possibilitar maior flexibilidade e

torná-lo mais explícito, imergindo nos meandros do cotidiano da

formação de professores reflexões sobre a corporeidade e sua

importância.

Na perspectiva de que, se trabalharmos as questões

pertinentes a todo âmbito escolar ( educação infantil, ensino

fundamental, ensino médio e ensino superior), embasadas numa

pedagogia que contemple as diversas compreensões do ser humano

e suas atuações, conseguiremos construir métodos mais flexíveis,

aulas mais prazerosas e sujeitos comprometidos com sua ação-

reflexão-ação pedagógica.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - As tendências pedagógicas na prática escolar brasileira 11

CAPÍTULO II - A formação do professor em nível superior 18

CAPÍTULO III - Construindo a corporeidade 29

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

BIBLIOGRAFIA CITADA 40

ÍNDICE 42

FOLHA DE AVALIAÇÃO 43

INTRODUÇÃO

Devido as diversas abordagens teóricas e os diferentes discursos

vivenciados no caminhar acadêmico e na prática docente, o estudo das

tendências pedagógicas se apresenta como um forte aliado no contexto de sala

de aula, bem como a questão do corpo e movimento e sua relação direta com a

formação dos professores que atuam nas séries iniciais do Ensino

Fundamental, pois possibilita-nos refletir e questionar o papel significativo

destes professores do ensino superior e da educação básica, o qual articulam

seus saberes provindos de uma trajetória marcada de experiências de vida e na

sua responsabilidade com a educação.

Embasada pelas tendências pedagógicas de LIBÂNEO (1985),

que analisa alguns modelos educacionais e identifica algumas raízes desses

modelos que formam a prática pedagógica em nosso país, procuro levantar a

questão do movimento e todas as expressões corporais do indivíduo, inserindo,

assim, a temática da corporeidade no âmbito escolar. A corporeidade entendida

não somente como corpo biológico, organismo que reproduz características

hereditárias, mas como condição de estar no mundo, participar, estabelecer

relações resultante de um processo sócio-histórico que vai constituindo o

sujeito. Propondo analisar no espaço e tempo da escola, a dicotomia que se

expressa na afirmação: “a sala de aula é lugar da mente e o pátio ou um

espaço mais amplo é o lugar do corpo”, diante deste pensamento, cabe

acentuar que as tendências nos permitem visualizar a pertinência de se desejar

uma formação integrada do sujeito, apontada na tendência progressista, que

valoriza a mediação entre o aluno e o mundo cultural, muitas vezes esquecidos

fora dos muros escolares. Assim, LIBÂNEO (1985, p. 120), diz:

O trabalho docente é um momento-síntese, uma totalidade à qual afluem determinantes econômicos, sociais, biológicos, psicológicos que são, ao mesmo tempo, condições para o complemento do ato educativo. São

também mediações que irão favorecer ou dificultar a um aluno apropriar-se do saber escolar e, por ele, construir-se como ser social ativo.

É de suma importância no processo de formação dos professores,

enfocar em nosso atual sistema educacional e nas políticas públicas que

permearam e permeiam as tendências pedagógicas, o incentivo por uma

educação pelo movimento, na medida em que esta ação corporal presente em

cada Ser Humano, possa contribuir para a formação de sujeitos ativos e

capazes de exercer sua cidadania de forma autônoma. Muitas vezes, o

educador vem de uma formação segmentada, “contaminadas” pelos juízos de

valor construídos e consolidados culturalmente. Assim, “o corpo é na verdade

vivido não somente em sua materialidade física, mas através de todos os juízos

que os outros fizeram e foram se amontoando sobre essa matéria física bruta”.

(SALZER, 1993, p.42).

Cabe ressaltar que, não apenas as práticas escolares existentes

na educação básica serão abordadas neste estudo, mas também, como o

mediador destas práticas concebeu sua formação enquanto sujeito sócio-

histórico-econômico-cultural. Entendo que faz parte do seu compromisso sócio-

educacional analisar, vivenciar e rever sua prática pedagógica em sala de aula.

Neste processo, faz parte conscientizar-se que o corpo deve estar presente no

processo educacional, porque além de ter um corpo, ele é o seu corpo, o qual

fundamenta-se na ação-reflexão-ação.

Ao se fazer um breve retorno ao passado, na ascensão de

“novas” pedagogias, concomitantemente com as diversas correntes

pedagógicas e sua transformação no decorrer dos tempos, torna-se importante

compreender algumas dificuldades encontradas por professores e possíveis

soluções para uma educação crítica, participativa e integrada.

Questão do estudo

Ü De que forma, o estudo das tendências pedagógicas e da formação

de professores contempla as práticas de corporeidade evidenciadas

no cotidiano escolar?

Objetivos

Ü Viabilizar uma proposta pedagógica que promova a construção de

novos sentidos à aprendizagem;

Ü Estabelecer relações entre a formação de professores em nível

superior, contemplando atividades corporais e a sua aplicabilidade

em sala de aula; Ü Demonstrar a relevância de uma prática pelo movimento no ensino

superior, ampliando o ensino, a pesquisa e a produção de

conhecimento;

Ü Abordar a temática da corporeidade e sua contribuição significativa

no contexto da formação de professores.

CAPÍTULO I

AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA

ESCOLAR BRASILEIRA

Considerando que a prática escolar está sujeita a condicionantes

e variáveis de ordem sociopolítica, as quais implicam diferentes concepções de

homem e de sociedade e, conseqüentemente, diferentes pressupostos sobre o

papel da escola e do processo ensino-aprendizagem, percebemos que o modo

como os professores realizam o seu trabalho na escola tem a ver com esses

pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente.

Buscando contribuir para o repensar da formação dos professores,

cujas influências de diferentes tendências estão no cotidiano de cada um, seja

na posição de discente quanto na de docente, emprega-se neste estudo, o

referencial de José Carlos Libâneo (1990), que classifica as tendências em

dois grupos: “liberais” e “progressistas”. No primeiro grupo, estão incluídas a

tendência “tradicional”, a “renovada progressivista”, a “renovada não-diretiva” e

a “tecnicista”. No segundo, a tendência “libertadora”, a “libertária” e a “crítico-

social dos conteúdos”.

1.1 - Tendências Pedagógicas Liberais

Segundo Libâneo (1990), a pedagogia liberal sustenta a idéia de

que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de

papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Isso pressupõe que o

indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas vigentes na sociedade de

classe, através do desenvolvimento da cultura individual. Devido a essa ênfase

no aspecto cultural, as diferenças entre as classes sociais não são

consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a idéia de igualdade de

oportunidades, não leva em consideração a desigualdade de condições.

Historicamente são conservadoras por suporem a manutenção do “status quo”

social. Esta denominação Liberal não se apresenta como “moderna”,

“avançada”. A doutrina liberal surgiu como a justificação do regime capitalista

em “liberar” os interesses individuais de uma determinada sociedade, ou seja,

cada indivíduo é responsável pela sua produção, seu lucro; determinando

assim, uma sociedade de classes. As tendências liberais podem ser

categorizadas em: Tradicional, Renovada Progressivista, Renovada Não-

Diretiva e Tecnicista.

Servindo aos interesses do instrumento ideológico do sistema

econômico, a educação sofreu forte influência em suas concepções e o “corpo”

era abordado somente com fins militares e higiênicos, impostos pelas

instituições militares, que por seu lado, eram seduzidos pelos princípios

positivistas de manutenção da ordem social para chegar-se ao “Progresso e ao

Desenvolvimento” do país. Segundo Castellani (1988), esta tendência

Higienista (Educação do Físico/Saúde Corporal), não deve-se apenas aos

militares, mas também aos médicos da época, que dentro da sua produção

acadêmica, em referência a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; também

influenciaram nos padrões de conduta física, moral e intelectual da sociedade.

Influência esta, que vem da Europa do século XVIII onde a medicina era muito

mais como técnica geral da saúde, do que propriamente “serviço das doenças

ou arte das curas”, pois o médico de certa forma estabelecia algumas

condições morais (higienistas) à família européia.

A força física, a energia física, transformava-se em força de

trabalho; os exercícios físicos então, passam a ser entendidos como “receita”

ou “remédio”. O trabalhador, até então, cheio de moléstias acarretadas pelo seu

modo de vida, deveria adquirir um corpo saudável, ágil e disciplinado exigido

pela nova sociedade capitalista.

Foi por influência higienista que os educadores passaram a

defender a introdução da ginástica nos colégios, apesar da resistência da elite

que via com preconceitos a prática da atividade física, porque valorizava o

trabalho intelectual. A Educação Física era, inclusive por seus defensores

(como por exemplo Rui Barbosa), algo relacionado apenas ao corpo, separado

do espírito e do intelecto, dentro de uma visão dualista do homem. O

surgimento dos métodos ginásticos na Europa, foi uma necessidade de

sistematização dos exercícios físicos formativos. “No Brasil, especificamente

nas quatro primeiras décadas do século XX, foi marcante no sistema

educacional a influência dos métodos ginásticos e da instituição militar”.

(Soares, 1992, p.53).

Estas práticas, militarista e higienista , possuíam dentro da

pedagogia tradicional ampla relevância no sentido da formação do corpo

vigoroso e saudável, com suas destrezas bem aprimoradas, com o objetivo de

formar o indivíduo “forte” e apto para o trabalho e para o cumprimento das

obrigações militares. Basicamente as atividades físicas praticadas na escola em

nada distinguiam da praticada nos quartéis, com ampla utilização dos métodos

ginásticos europeus e ênfase acentuada nos exercícios calistênicos (repetitivos,

sequenciais, formativos, militarizantes), que objetivavam o desenvolvimento das

qualidades físicas essenciais como força, velocidade, agilidade, ritmo,etc.

Devido ao auge da “Escola Renovada” ter ocorrido na década de

30, onde o Brasil buscava seu desenvolvimento nacional, as influências

militaristas, higienistas e eugênicas que predominavam nas décadas anteriores,

permaneciam fortes na educação pelas necessidades da época. Segundo

Castellani (1988, pág.56), os conteúdos curriculares permaneciam

centralizados, mas, devido aos conceitos de centralização do processo

educativo nos interesses e necessidades dos alunos, começa a despontar aqui,

o interesse pela Recreação no conteúdo de Educação Física, como agente

motivador e catalisador do prazer pela aula de Educação Física, que também

lançou mão, além das brincadeiras tradicionais, dos esportes como meio de

recreação, motivação e lazer, fruto de conceitos advindos do período Pós-

Revolução Industrial. A Recreação atende aos preceitos Escola Novistas do

professor (recreador) como mediador e facilitador da aprendizagem e o aluno

como um ser ativo, centro do processo; seus interesses, motivações e auto-

realização dirigem a aula.

A Pedagogia Tradicional quando lança mão de algum conteúdo

que não seja a ginástica formativa militarista, utiliza de desportos tradicionais

como o atletismo, a ginástica olímpica, o futebol, voleibol, basquetebol e o

handebol. Como conseqüência dessa prática autoritária, ocorre o que chama-se

de “alienação do corpo”, limitando a autonomia do aluno em relação a sua

criatividade de expressão corporal, condicionando-o à executar as funções

criadas pelo sistema.

A partir do ensino que privilegiou os aspectos metodológicos em

contraposição à ênfase dos conteúdos das matérias, introduz-se nos sistemas

públicos de ensino a tecnologia educacional, incorporando à prática escolar os

recursos fornecidos por esta tecnologia, criando a Pedagogia Tecnicista ou

Analítica, caracterizada pela exacerbação dos meios técnicos de transmissão

do conhecimento. Após o Estado Novo, busca-se a continuidade da ordem

sócio-econômica. O positivismo desenvolvido por Augusto Comte, cujas idéias

expressam a confiança do homem no conhecimento científico, considerado o

único capaz de descobrir as leis do universo vai sendo aos poucos superado

pelo tecnicismo. Termos como “Ordem e Progresso”, vão sendo substituídos

por “Segurança e Desenvolvimento”.

À partir da Pedagogia Tecnicista, no início dos anos 60, passa-se

a atribuir à escola, a função de preparar e qualificar tecnicamente os

trabalhadores para um futuro trabalho industrial, fruto do “milagre econômico”.

Esta teoria desenvolvimentista, sustentava-se no discurso do crescimento

econômico e na ascensão social individual, contribuindo assim para o

desenvolvimento do Capitalismo, produzindo mão-de-obra qualificada. No

tecnicismo, a proposta pedagógica em Educação Física é uma proposta

competitivista, com os conteúdos centrados primordialmente nos esportes,

dentro de uma visão biológica ou biologizante, que objetiva a performance e o

rendimento motor.

O esporte foi altamente promovido pelo governo brasileiro, nas décadas de 60,

70 e 80, pelos “princípios da racionalidade, eficiência e produtividade” (Soares,

1992, p.54).

Como o tecnicismo foi implantado na educação durante o Regime

Militar (década de 60), dentro das premissas de ordem social e fortalecimento

do sistema capitalista, em contraposição aos movimentos de esquerda que

eram sufocados no país; o conteúdo esportivo na Educação Física veio a

atender com plena eficiência aos interesses do poder, em formar jovens “dóceis

e saudáveis” e preparados para uma sociedade competitiva. Assim, o

tecnicismo busca por meio do esporte, um “campeão”, promovendo a

seletividade, reproduzindo valores dominantes, como disciplina e obediência,

não estimulando a crítica e a criatividade.

No caso da Educação Básica, a iniciação esportiva (à partir da 5ª

série), tornou-se um dos eixos fundamentais para a busca de novos talentos

que pudessem vir a participar de competições internacionais representando o

país. A Educação Física tornou-se elitista e classificatória. Ao contrário da

pedagogia tradicional, aqui o autoritarismo e o controle dos movimentos dos

alunos, acontecem de forma mais sutil, visto que os professores trabalham de

forma diferente com os diversos grupos de alunos: os que fazem parte das

seleções e equipes escolares e aqueles que são rejeitados, por não possuirem

condições de atingir os padrões mínimos necessários para fazerem parte da

elite esportiva da escola.

Diante de todo este cenário (década de 80), completamente

fragmentado, surge a necessidade de buscar uma nova pedagogia, um novo

olhar para este momento histórico –social.

1.2 - Tendências Pedagógicas Progressistas

Segundo Libâneo, a pedagogia progressista designa as

tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais,

sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação. Procuram

fornecer às camadas “dominadas” da sociedade instrumentos intelectuais que

lhes permitam lutar pela transformação social, bem como pelo exercício da

cidadania. As tendências progressistas são divididas em: Libertadora, Libertária

e Crítico-Social dos Conteúdos.

As tendências progressistas libertadora e libertária têm, em

comum, a defesa da autogestão pedagógica e o antiautoritarismo. A escola

libertadora, também conhecida como a “pedagogia de Paulo Freire”, vincula a

educação à luta e organização de classe do oprimido. Segundo GADOTTI

(1988), Paulo Freire não considera somente o papel informativo, o ato de

conhecimento na relação educativa, mas insiste que o conhecimento não é

suficiente se, ao lado e junto deste, não se elabora uma nova teoria do

conhecimento e se os oprimidos não podem adquirir uma nova estrutura do

conhecimento que lhes permita reelaborar e reordenar seus próprios

conhecimentos e apropriar-se de outros.

Como pressuposto de aprendizagem, a força motivadora deve

decorrer da codificação de uma situação-problema que será analisada

criticamente, envolvendo o exercício da abstração, pelo qual se procura

alcançar, por meio de representações da realidade concreta, a razão de ser

dos fatos. Assim, como afirma Libâneo (1990), aprender é um ato de

conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo

educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa

realidade. Portanto o conhecimento que o educando expressa representa uma

resposta à situação de opressão a que se chega pelo processo de

compreensão, reflexão e crítica.

A escola progressista libertária parte do pressuposto de que

somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado em situações novas,

por isso o saber sistematizado só terá relevância se for possível seu uso

prático. A ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e a negação de toda

forma de repressão, visam a favorecer o desenvolvimento de pessoas mais

livres.

Conforme Libâneo (1990), a tendência progressista crítico-social

dos conteúdos, diferentemente da libertadora e libertária, acentua a primazia

dos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. A atuação da escola

consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições,

fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da

socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da

sociedade.

Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o princípio da

aprendizagem significativa, partindo do que o aluno já sabe. A transferência da

aprendizagem só se realiza no momento da síntese, isto é, quando o aluno

supera sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e

unificadora.

De acordo com esse quadro teórico de José Carlos Libâneo,

deduz-se que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a tradicional, a

renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca assumiram

compromisso com as transformações da sociedade, embora, na prática,

procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema capitalista.

CAPÍTULO II

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR EM NÍVEL SUPERIOR

O Ensino Superior no Brasil, destinado a aristocracia, inicia-se em

1808, quando a família real transfere-se para o Brasil. Antes disso, os

brasileiros que faziam parte da camada nobre da sociedade, concluíam seus

cursos universitários, geralmente de engenharia, direito e medicina, em

Portugal ou outros países europeus. Havia uma preocupação muito grande da

coroa em relação à formação intelectual e política da elite brasileira.

No entanto, com a transferência da corte portuguesa para o Brasil

e a interrupção das comunicações com a Europa, surgiu a necessidade de

formação de profissionais que atendessem a essa nova situação e, por

conseguinte, a exigência de cursos superiores que se responsabilizassem por

essa formação.

A criação destas instituições foi inspirada no padrão francês,

supervalorizando as ciências exatas e tecnológicas e, conseqüentemente,

depreciando a Filosofia, Teologia e outras ciências humanas. Assim, os

currículos eram seriados, programas fechados e disciplinas que interessavam

só ao exercício daquela profissão, que procuravam formar especialistas

competentes, perpassando por este pensamento a corrente da pedagogia

liberal tradicional esclarecida por Libâneo (1985), que consumava um processo

de ensino no qual conhecimentos e experiências profissionais eram

transmitidos por um professor que sabe a um aluno que não sabe e não

conhece, seguido por uma avaliação que diz se o aluno está apto ou não para

exercer aquela profissão. Em caso positivo, ao aluno é concedido um diploma,

um certificado de competência que permite o exercício profissional. Em caso

negativo, repete o curso.

Os planos de ensino caracterizavam-se por uma grade imensa de conteúdos

específicos, a serem transmitidos aos alunos, a fim de possibilitar uma prática

que permitisse o desenvolvimento de algumas habilidades profissionais.

Segundo Aranha (1996), o destaque ao ensino superior não

abrange a outros graus de educação, onde não há exigência e nem

comprometimento com os cidadãos da época, sendo seus professores

improvisados e mal remunerados. Diante deste quadro, na intenção de uma

melhoria no ensino dos “privilegiados”, são fundadas escolas normais em

alguns estados do Brasil. Mesmo que, inicialmente, tenha predominado um

ensino precário e distante das questões primordiais à formação do ser, aos

poucos, com reflexo das novas políticas do Brasil foram surgindo novas

concepções de educação e de formação de professores.

Coloca-se, aqui, o espaço de formação que é o Instituto Superior

de Educação do Rio de Janeiro, que já se chamou apenas Instituto de

Educação do Rio de Janeiro, o qual “nasceu” em 1880 como Escola Normal da

corte e funcionou por algum tempo no espaço do colégio Pedro II, e só em

1930 transferiu-se para o local atual.

Com sua importância fundamental no cenário educacional

brasileiro, com o advento de novas concepções, com o ideário escolanovista de

respeito a diversidades e pensamentos liberais, surge como representante

desta época Anísio Teixeira, o responsável pela transformação de Escola

Normal para Instituto de Educação, contribuindo para a boa formação dos

professores que ali passaram. Habitando neste espaço de formação, os

diversos segmentos de ensino. Lopes ( p.104, 2001) assim nos diz:

Essas modificações se constituíram, principalmente, na criação de uma escola secundária e de uma Escola de Professores em nível universitário, tendo como objetivo prioritário a melhoria da qualidade na formação do magistério primário, além de cursos de formação de orientadores e administradores escolares. A Escola de Formação de Professores

do Instituto de Educação foi, pouco tempo depois, articulada à Universidade do Distrito Federal também criada por Anísio em 1935, sendo responsável pela formação pedagógica dos professores secundários formados naquela universidade.

E, por muito tempo, foi realizado no Instituto de Educação uma

formação de professores sob influência da Pedagogia Nova, a qual era

responsável por uma universalização do ensino, ao mesmo tempo que

construía a sociedade daquele momento histórico aos integrantes da classes

populares que tentavam participar de um universo “letrado” e diferente da

exploração de sua mão-de-obra barata. Porém, mesmo este exemplo

mostrando toda veemência de novas formas de se entender e fazer educação,

o Instituto é “obrigado” a atender a Lei 5.692/71, voltada para uma pedagogia

tecnicista e formação de técnicos, fruto de uma vontade exagerada de

crescimento de um país em desenvolvimento, transformando o curso normal

em curso profissional ( 2º grau), fragmentando e “desmerecendo” o processo de

construção de formação e conhecimento do sujeito.

Amenizada toda esta vontade “imediata” da formação de homens

que executem e não pensem, volta-se àquele desejo latente em Anísio de se

conceber uma formação de professores comprometida com as questões

biológicas, psicológicas, filosóficas. No momento que se reformula e acentua

uma formação humanística e global, é promulgada a nova LDB (9.394/96).

Onde mais uma vez, o Instituto de Educação, agora Instituto Superior de

Educação do Rio de Janeiro, lócus privilegiado de formação de professores,

atendendo a LDB, se vê à frente da realização de um sonho, começado a ser

pensado a mais de setenta anos atrás. Agora, fundamentado por iniciativa de

políticas públicas e construído por parte dos professores que lá trabalham,

dando continuidade ao desejo, não mais utópico, de se concretizar uma

formação de professores que incentive a pesquisa, promova diálogos, desperte

competências, trabalhe junto, valorize a diversidade e que se comprometa com

a educação do terceiro milênio, construindo uma sociedade mais fraterna e

justa.

Atualmente, o artigo 43º da LDBN nos diz que uma instituição de

ensino superior deve assumir a responsabilidade de promover uma educação

superior de qualidade, fundamentada numa visão crítica e sistêmica do seu

contexto e emancipatória em relação a todos os sujeitos envolvidos. Seus

objetivos devem estar nítidos num Plano de Desenvolvimento Institucional,

Plano de Metas, Plano de Ação, em vista de uma ação conjunta, sem a qual

todos os sujeitos envolvidos na vida cotidiana da instituição podem estar

desperdiçando esforços para que os resultados de seus trabalhos surtam efeito.

Quanto aos objetivos pensados na perspectiva de que uma

instituição de ensino superior deve ter como fator acadêmico primordial a

construção de um conhecimento a partir de sua inserção no contexto em que se

encontra, de forma a poder pensar e agir localmente, sem perder de vista os

valores universais de sua ação educadora.

Uma instituição de ensino superior não se sustenta mais

(somente) como um lugar de educação/ensino, como algo a mais depois do

ensino médio. Ela é, por excelência, o lócus onde se constrói o conhecimento e

críticas, pelo menos em tese o único caminho é o da centralidade da pesquisa,

como pesquisa significativa e não apenas como conhecimento acumulado.

Para Santos (1994, p. 193), a instituição de ensino superior

moderna, como parte de um paradigma da modernidade, está vivendo múltiplas

crises que constituem afloramentos da crise do pensamento que a sustenta. Por

isso, não é de estranhar a imobilidade que acomete esta instituição, seu ensino,

sua pesquisa, a formação de professores, no momento em que está instalada

uma forte tensão entre as incertezas e a rapidez das mudanças vividas nesta

sociedade global.

Partindo do princípio de que as instituições de ensino superior,

como instituições educativas, são parcialmente responsáveis pela formação dos

educandos como cidadãos e profissionais compromissados, percebemos que,

muitas vezes, estes lócus de formação são mais do que “pontos” de encontro e

de convivência entre educandos e educadores, constituem-se um grupo que se

reúne e trabalha, a fim de promover situações favoráveis ao desenvolvimento

dos sujeitos nas diferentes áreas do conhecimento.

Estas instituições de ensino superior são marcadas por práticas

pedagógicas intencionais, voltadas para aprendizagens definidas em seus

objetivos educacionais e planejadas para serem cumpridas nas melhores

condições possíveis. É um lugar de fazer ciência, interagindo numa sociedade

situada em determinado tempo e espaço, sofrendo as interferências da

complexa realidade exterior, que perpassa as situações políticas-econômicas-

sociais da população às políticas governamentais, com perspectivas políticas e

ideológicas dos grupos que nela atuam.

Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, uma

série de medidas vêm sendo tomadas em nível federal no sentido de controlar

e, por conseqüência, direcionar o sistema educacional brasileiro. Medidas que

definem uma política educacional com interesses bem específicos, embora

referenciem umas as outras, são apresentadas isoladamente. As diretrizes para

a formação inicial de professores da educação básica em nível superior,

propostas em maio de 2000, fazem parte dessas medidas.

Um dos aspectos centrais das diretrizes (2000) é a forma como é

vista a situação atual da educação brasileira no que se refere a formação de

professores. Esta área de formação tem indicado constantemente os seus

problemas e buscado equacioná-los, construindo alternativas na prática

cotidiana dos cursos de formação.

A forma utilizada pelo MEC para se legitimar a culpa da escola e

de seus sujeitos no quadro da má qualidade da educação, traz um amplo

conjunto de reformas educacionais. No caso das diretrizes para a formação de

professores, a reformulação baseia-se na idéia de que há um problema

pedagógico, expresso pela inadequação dos currículos de formação; e um

problema organizacional, que se define pela incapacidade das atuais

instituições formadoras, tal como se organizam, de darem conta das demandas

da formação de professores.

Na busca incessante pela melhoria neste quadro de formação,

propõe-se assumir um compromisso com a valorização destes professores que

estão atuando no atual cenário educacional brasileiro.

A valorização do magistério inclui, segundo as diretrizes (2000):

• Uma formação profissional que assegure o domínio tanto dos

conhecimentos a serem oferecidos e trabalhados na sala de aula como

dos métodos pedagógicos necessários ao bom desempenho escolar;

• Um sistema de educação continuada que permita ao professor um

crescimento constante de seu domínio sobre a cultura letrada, dentro de

uma visão crítica e da perspectiva de um novo humanismo;

• Jornada de trabalho organizada de acordo com a jornada escolar dos

alunos, concentrada num único estabelecimento de ensino e que inclua o

tempo necessário para as atividades complementares ao trabalho em

sala de aula;

• Um salário condigno, competitivo em termos de outras posições no

mercado de trabalho, abertas a candidatos com nível equivalente de

formação.

Tornando estes desejos propostos pelo documento (Diretrizes de

2000) uma realidade em todo o Brasil, a formação (inicial ou continuada) destes

professores, atingirá um nível de enriquecimento tanto pessoal quanto

profissional perceptível nas ações docentes.

Em uma perspectiva de contribuir para as práticas vivenciadas na

formação do professor, deve-se criar espaços para contemplar uma dimensão

coletiva, em que os professores possam discutir, refletir e produzir os seus

saberes e os seus valores. Nesse processo de reflexão coletiva, alicerça e

constrói referenciais que serão discutidos à medida que se apresentam em sua

caminhada acadêmica, provocando o docente para compartilhar avanços,

sucessos e dificuldades que os outros professores trazem para o grupo.

Segundo Nóvoa (1992, p. 39), o trabalho coletivo e compartilhado abre

perspectivas de emancipação profissional. A consolidação da profissão docente

está fundamentada na autonomia e no profissionalismo exercido pelos

professores em sua atuação em sala de aula e com a comunidade acadêmica.

A perspectiva de buscar o profissional reflexivo de sua ação docente precisa ser

analisada como sugere Nóvoa (1992, p.29): “ A formação deve ser encarada

como um processo permanente, integrado no dia-a-dia dos professores e das

escolas, e não como uma função que intervém à margem dos projetos

profissionais e organizacionais.”

Algumas condições precisam ser supridas pelo sistema de ensino

e outras dependem do próprio professor, entendendo sua vivência e

descobrindo um corpo em relação, que constrói e reconstrói conceitos. Gaiger

(2000, p. 26) afirma que até mesmo nossos carinhos estão sujeitos às

formalidades, o que deveria nos surpreender, porque a atividade educacional e

o exercício deste oficio exigem, inevitavelmente, uma abertura aos educandos,

seja quando nos solicitam explicitamente, sejam quando começam a assumir

atitudes para chamar nossa atenção, sinalizando suas necessidades. Para

Salzer (1993, p. 42), é possível descobrir recursos e redirecioná-los segundo a

própria vontade através de um trabalho sobre si mesmos e ele é pontual ao

comentar a “reconciliação da pessoa com ela mesma”.

Neste início de século, diante de um pensamento contemporâneo

em fragmentos, o que Henrique Lima Vaz chama de uma “floresta de razões”

(1991, pág. 135), a educação passa por diversas interpretações, em

praticamente toda sua atuação, apontando para novas sugestões de leituras no

paradigma educacional em reconstrução.

Todo esta diversidade nos exige uma leitura atenta, cuja

capacidade de fazer escolhas, livre dos discursos do momento, possa nos

libertar dos “modismos pedagógicos”, a fim de se produzir um projeto nascente

de uma discussão que aponte para a capacidade de discernimento entre os

sujeitos. Compreender o “paradigma educacional emergente” ( Moraes, 1997,

pág. 135) é preparar-se, com lucidez, para entrarmos na era das relações do

conhecimento em rede e da “sociedade aprendente” (Assmann, 1998, pág.17).

Uma instituição de ensino superior deve ter a consciência de que

não conseguirá dar uma resposta qualitativa à sociedade do conhecimento, se

não conseguir entender na prática as relações entre os sujeitos do

conhecimento, sujeitos marcados pelas suas diferentes identidades na

multiculturalidade, enquanto sujeitos que ela mesma se presta a emancipar.

Pensando na perspectiva das instituições de ensino superior que

se colocam acima da função de apenas formar profissionais para o mercado, há

uma preocupação em tornar os sujeitos do conhecimento cidadãos mais aptos

para enfrentar o mercado de trabalho, considerando-os como seres humanos

capazes de fazer a leitura crítica de seu tempo, avançando numa proposta que

tenha medidas práticas e vontade política para a efetiva formação de

professores.

Com a pedagogia Moderna, há uma valorização da formação

integral de todo sujeito histórico-social. O trabalho docente deve ter como

premissa a transformação e entendimento consciente de sua realidade. A

formação destes professores deve possibilitar a compreensão das contradições

existentes na sociedade e uma busca coletiva por alternativas teórico-

metodológicas para uma prática pedagógica proveitosa no cotidiano escolar.

Nesta perspectiva, esta prática tem como pressuposto teórico-prático básico a

corporeidade humana, suas vivências, suas compreensões e diferentes

construções.

Deseja-se uma formação cujo professor assuma o papel de

orientador das atividades que permitirão ao aluno aprender e trocar, que seja

incentivador do desenvolvimento de seus alunos, que promova a produção de

conhecimento, pesquisa, criticidade e criatividade , que acentue valores como

democracia, participação na sociedade, compromisso e ética, que estabeleça

parcerias.

No que concerne à metodologia utilizada pela cultura corporal e

sua dimensão na corporeidade, o processo ensino-aprendizagem fundamenta-

se na ação-reflexão-ação, desenvolvendo o pensar pedagógico tanto do

educando, quanto por quem está mediando este processo.

Em algumas instituições de ensino superior, o professor vem se

mostrando compromissado com as questões educativas. Segundo Libâneo,

(1994, p.150), o professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino em

função da aprendizagem dos alunos, utiliza intencionalmente um conjunto de

ações, passos, condições externas e procedimentos a que chamamos métodos

de ensino.

Vale ressaltar que, na pedagogia progressista se observa a

questão dos métodos que se subordina à dos conteúdos, ou seja, os métodos

de ensino utilizados devem favorecer a correspondência dos conteúdos com os

interesses dos alunos dentro da realidade social vivida por cada grupo. Assim,

todos os professores envolvidos no processo têm o compromisso de analisar,

vivenciar e rever sua prática pedagógica em sala de aula. Afinal, como afirma

Libâneo (1994, p.252): “Um professor competente se preocupa em dirigir e

orientar a atividade mental dos alunos, de modo que cada um deles seja um

sujeito consciente, ativo e autônomo".

A pedagogia progressista crítico-social dos conteúdos zela pela

autoridade do professor e aquisição de conteúdos pelos alunos. Não há como

se colocar professor e aluno em pólos diferentes ou incomunicáveis. O

processo ensino-aprendizagem se concretiza a partir do relacionamento entre o

educador e o educando. Esta interação e integração, quando vivenciadas de

forma lúdica, podem oferecer aos sujeitos envolvidos no processo de formação

uma melhor descontração corporal para efetuar suas atividades, o que

possibilita garantir uma flexibilidade nas ações pedagógicas. Com isso:

"... Cabe ao professor-educador descobrir, efetivamente, como ser sujeito em diálogo com a relaidade, com o aluno; ao aluno, fazer-se sujeito em diálogo com o professor, com os demais companheiros, com a realidade social política, econômica e cultural, para que nessa busca de interação seja construída a universidade, que jamais poderá existir sem professor e aluno voltados para a criação e construção do saber engajado, por isso transformado."(Cipriano Luckesi, 1991,p.44)

As instituições de ensino superior devem comprometer-se estar

voltada para o ensino, pesquisa e extensão com uma política “sedutora”, pois

professores e alunos comprometidos em projetos institucionais poderão ser

profissionais melhores qualificados e assim, cumpriram seu papel na

sociedade. Sem uma proposta de redefinição dos conteúdos e métodos

utilizados, dificilmente se verá mudança nos profissionais do magistério

superior. O professor, geralmente, sai das instituições de ensino superior com

os conhecimentos que aprendeu e começa a transmiti-los numa cadeia infinita.

A corporeidade, na formação do professor e do indivíduo, pode

funcionar como uma espiral, na medida em que o professor constrói

consciência e através dela busca refletir sua prática pedagógica, seu processo

de produção, incorporação e dela se apropriar, instrumentalizar e ressignificar a

própria vida.

Todo conhecimento se instaura como um aprender mediado por

movimentos internos e externos da corporeidade. Toda aprendizagem tem uma

inscrição corporal. Não existe mentalização sem corporalização. Por isso, o

corpo é a referência de toda aprendizagem.

A implementação de metodologias que privilegiam a via do corpo

nos programas de formação integral dos currículos, assim como o

aprofundamento de estudos sobre esta temática, vão ao encontro da ruptura

com a lógica da atual formação institucionalizada. Dificilmente pensamos esta

formação dentro de uma concepção de corpo e movimento, onde os diferentes

sentimentos que abrigamos dentro de nós, na pele, nos músculos, no espírito,

nos olhos, no sentar, sorrir e respirar, possam ter uma oportunidade de ganhar

liberdade, onde o equilíbrio pessoal tão procurado possa estar sendo

contemplado.

CAPÍTULO III

CONSTRUINDO A CORPOREIDADE

A nova compreensão do homem, a partir da sua existência, veio

pôr em questão muitas das suas dimensões que ao longo da nossa história

(cultural e filosófica) tinham permanecido na obscuridade. O homem era

considerado um “animal racional” e, com esta afirmação consideravam-se

esgotadas todas as dimensões e possibilidades mais nobres do homem. Falar

do corpo e sua corporeidade nesta época e falar de seu controle, de sua não-

importância. Como acentua Porpino (1999) no seu trabalho O corpo esse nosso

(des) conhecido:

“Podemos destacar situações em que o corpo foi negligenciado ou não valorizado em detrimento de outros valores dominantes, a exemplo das guerras, da idéia de que o corpo pode ser comparado a uma máquina ou considerado como fruto do pecado dos homens. As formas de vivenciar o corpo nas diferentes sociedades estão presentes nos simples momentos do nosso cotidiano, como andar, por exemplo. As diversas formas de vida, de ser corporalmente, são aprendidas pela cultura.”

Entendendo o corpo como a nossa forma de viver e sentir, fruto

das experiências que tivemos, das atitudes e crenças da nossa família, cultura

e até dos sistemas educacionais, perceberemos que ele não é algo separado e

muito menos, apresenta-se externo a nós negando todas as vivências.

Concordo com Merleau-Ponty (1996) quando nega, em sua obra

filosófica, qualquer dicotomia no ser humano, entre o corpo e o que tem sido

chamado de alma, espírito, essência etc. Pois, para ele, o homem é corpo-alma

em indissolúvel unidade, em que seu corpo é o modo de ser no mundo. O

sujeito é sempre um “sujeito encarnado”, conforme Najmannovich (2001, pág.

16):

“ Ao aceitar esta multidimensionalidade da experiência, nos damos conta de que aquilo que chamamos de ‘ corpo’ ou ‘mente’ é algo totalmente diferente da concepção de sujeito encarnado ... O sujeito encarnado é o nome de uma categoria heterogênea, facetada e de limites difusos”.

E assim também são os professores e seus alunos, na vivência

do cotidiano escolar, homens inteiros.

Na Idade Clássica, o Estado chegou a glorificar o corpo, como na

Grécia, onde o corpo humano foi elevado a categoria de arte. Mas também foi o

tempo do início da visão dicotômica corpo-alma, com o início do lento processo

de ocultamento do corpo, de sua depreciação e negação. Para Platão, o corpo

era prisão da alma, veículo da alma que simbolizava o mal.

No início do Cristianismo, na sociedade romana, o corpo já era

algo a ser regulado, disciplinado, mesmo os corpos dos homens livres, sendo o

corpo o lugar de fraqueza humana e a alma, condenada nele viver. O homem

era corpo e alma, mas quem imperava nesta relação era a alma, reguladora do

agir humano.

Segundo Olivier (1998), essa visão hegemônica do corpo como

prisão da alma atravessou toda a filosofia medieval. Na Idade Média, até o

século X, por muitos chamado de Idade das Trevas, houve um retrocesso ainda

maior no entendimento do corpo, tendo este sido cada vez mais desvalorizado.

Foi um tempo de ignorar e depreciar a matéria encarnada, portanto mortal,

frente à glorificação da alma, esta sim imortal. O corpo era visto como algo

desprezível, sujo, fonte de pecado, devendo por isso ser disciplinado, pois tudo

que era material era provisório.

Nessa visão dualista, fragmentada, o corpo não tem o menor

valor, é a prisão do homem, não é nada em si mesmo por ser passageiro.

Foucault, em “Vigiar e punir” (1989), descreve minuciosamente

essa prática onde a punição física servia como instrumento para “tirar o mal” do

corpo dos acusados, sendo este o alvo principal da repressão penal. Retrata

também, as manifestações culturais da transformação de homens em corpos

dóceis. Havendo uma descoberta do corpo como alvo e objeto do poder,

manipulado, modelado, tornado obediente.

Polak (1997) afirma que já nos séculos XVI e XVII há o início da

valorização do homem como ser de razão: o corpo é visto ainda como

instrumento do espírito, mas deve manter-se forte e saudável para essa tarefa.

Principalmente no século XVII, com Descartes citado por Polak (1997) como o

principal representante do racionalismo, acentua-se ainda mais o dualismo

corpo-alma, que passa a ser enunciado como corpo versus razão. Tornando-se

mais radical esse paradigma afirma: homem é razão. Se o homem é composto

de pensamentos e corpo, como dois elementos independentes, o corpo passará

de instrumento da alma para ser um mecanismo. O “penso, logo existo”

cartesiano torna-se a marca do homem ocidental.

Na materialidade do século XIX, com o surgimento do paradigma

do materialismo histórico-dialético, o homem também começa a ser visto como

consciência histórica inserida no corpo, constituído e constituinte na teia das

relações sociais estabelecidas em seu modo de produzir vida.

Em relação ao século XX, são muitos os autores cuja leitura crítica

denuncia como o dualismo corpo-alma continua, mascarado, velado, mas

sempre presente em várias maneiras de agir em nossa cultura contemporânea.

Revendo esta trajetória sintética pode-se perceber um pouco mais

como foram construídas, em nossa cultura atual, vários “disfarces”, as

dicotomias corpo-alma, interior-exterior, objetivo-subjetivo e tantas outras.

Perdurou por muito tempo ( e perdura até hoje) essa visão

separada sobre o ser humano. Desse modo, a relação do homem com seu

próprio corpo e com o do outro é perpassada por esse dualismo irracional e

assustador, que serviu, e serve ainda hoje, para reprimir e regular muitos

comportamentos e culturas.

Como se pode notar, só a partir da segunda metade do século XIX

começa o corpo a ser considerado algo mais do que um instrumento da razão

ou da vontade dos homens. Tudo isto como resultado dos avanços

paradigmáticos da Filosofia e da Ciência, expressando a construção histórica

das relações sociais entre homens e a natureza, na constituição de seus

modos de vida.

Nessa época, já começa a delinear-se a Fenomenologia, opositora

ao dualismo desintegrador. Destacando-se assim, Merleau-Ponty, pelo seu

rompimento explícito com o cartesianismo: para o fenomenólogo francês

homem é corpo, é espírito, é sujeito, é objeto, é ser humano no mundo.

Merleau-Ponty entende que a essência não representa uma

transcendência desconectada da existência. Ela emerge do conhecimento da

realidade, tendo a experiência da percepção como ponto de partida. Na maior

parte de seus trabalhos, dedica-se predominantemente a esclarecer, mediante

rigorosa descrição fenomenológica, a relação consciência-mundo, partindo da

concepção de corporeidade.

Com a contribuição deste autor, percebemos nos dias atuais

pontos pertinentes à constituição do real a partir da corporeidade,

compreendendo a concepção do ser humano respeitando as diferenças

individuais, tendo como eixo o entendimento desse ser-corpo-alma como uno,

indivisível.

Assim, podemos entender o corpo como veículo de ação do Ser

no mundo, e ter um corpo significa estar em um meio definido, assumindo um

compromisso. E o primeiro objeto cultural é, portanto, o corpo do outro... “ Meu

olhar recai sobre um corpo vivo prestes a agir, e imediatamente os objetos que

o circundam recebem uma nova camada de significação” (Merleau-Ponty, 1996,

pág. 473).

O grande desafio para os profissionais de educação é reconhecer

que o conhecimento não é resultado de informações isoladas, mas construído

através de conhecimentos prévios do educando.

Litto (1999) afirma que a meta principal da educação, hoje, é levar

o aluno como pensar, e não mais o que pensar, permitindo adaptações e

atualizações rápidas.

E nada mais grave e triste, que relações pedagógicas

“descorporificadas”, ou seja, que ignorem o corpo como um lançar do ser no

mundo, lugar de necessária atenção para uma aprendizagem significativa. Ou

ainda, numa perspectiva negativa de corporeidade, valorizando o trabalho dito

intelectual em detrimento ao que exige maior participação corporal.

O estudo das teorias sobre o corpo e a corporeidade deve

urgentemente inserir-se como parte de todo e qualquer currículo pedagógico

que se pretenda realmente educativo na direção de uma sociedade mais justa,

mais fraterna.

Usando as palavras de Feijó (1998, pág. 23), no sentido do

processo educativo:

“O corpo funciona como local onde existe personalidade. Ainda que paradoxalmente, o corpo é o encontro do objetivo com o subjetivo. O corpo é objetivo porque ele é território, é local concreto dentro do qual o ser é e existe. Ao mesmo tempo, entretanto, o corpo é subjetivo porque, na realidade, o sujeito que ‘eu sou’ identifica-se com ‘meu corpo’. Assim, rigorosamente falando, eu não devo dizer que ‘tenho’ corpo, mas que ‘sou’ corpo”.

Isto significa que respeitar o corpo é percebê-lo numa visão total,

na perspectiva de não separar as instâncias psicológicas, biológicas,

neurológicas e sociológicas, as quais interagem sem interrupção no processo

evolutivo e subjetivo do sujeito.

A compreensão da unicidade do corpo pelo sistema escolar

requer a percepção do sujeito como um ser global e autêntico. Assmann (1995,

pág. 75), assim reforça a importância da corporeidade na ação pedagógica:

“ O assunto Corporeidade é tão agudamente relevante na educação em geral, para a vida humana e para um futuro humano neste planeta ameaçado, que urge alargar nossa visão para incluir necessidades ainda não suficientemente despertadas, mas que seguramente se manifestarão mais e mais ao ritmo da deterioração da Qualidade de Vida. Porque Qualidade de Vida, mesmo no seu sentido mais espiritual, sempre significa qualidade da corporeidade vivenciada”.

Compreender o homem em movimento é perceber que ele não é

apenas resultado de uma determinada combinação genética, mas também, de

uma história de vida abarcada de emoções, afetos, desafetos , de esquemas

motores, de estruturas cognitivas, biopsicológicas e antropológicas.

Segundo Assmann (1996), todo conhecimento se instaura como

um aprender mediado por movimentos internos e externos da corporeidade

viva. Toda aprendizagem tem uma inscrição corporal. Não existe mentalização

sem corporalização. Por isso, o corpo aprendente é a referência fundante de

toda aprendizagem.

Em síntese, é papel da escola, de todo sistema educacional, mais

do que urgente, respeitar o ritmo de cada educando, procurando criar situações

em que todos participem, dentro de suas limitações e experimentem formas

diferentes de movimentos corporais. O processo ensino- aprendizagem

necessita conceber a interação das instâncias biológicas, psicológicas,

neurológicas, sociológicas e culturais do aluno, não podendo mais conceber o

dualismo corpo e mente.

CONCLUSÃO

As reflexões sobre o corpo e sua expressão em todo espaço

escolar, como foi percebido no decorrer do trabalho, apresenta-se de suma

importância para os professores regentes e os que estão em processo de

formação, na medida em que aponta alternativas para se realizar uma prática

mais consciente, respeitando a singularidade de cada um e revelando assim,

sua história.

Ao se perceber o Ser Humano de forma dialética, incluindo no

cotidiano escolar, no processo ensino-aprendizagem, as relações que o corpo

assume na constituição de um sujeito único, o qual se expressa de acordo com

suas possibilidades e limitações numa parceria com o meio sócio-histórico-

cultural, teremos um aluno crítico e responsável com as questões individuais e

coletivas presentes no contexto global atual.

Um dos grandes desafios para os profissionais da educação é

reconhecer esta importância das relações corporais na construção do

pensamento, compreendendo que o conhecimento não é resultado de

informações isoladas, mas construídos através de informações prévias,

situações vivenciadas no decorrer de sua história familiar, social, cultural etc.

A implementação de metodologias que privilegiam a via do corpo

nos programas de formação de professores, assim como o aprofundamento de

estudos sobre esta temática, vão ao encontro da ruptura com a lógica da atual

formação institucionalizada. Dificilmente pensamos esta formação dentro de

uma concepção e corpo e movimento, onde os diferentes sentimentos que

abrigamos dentro de nós, na pele, nos músculos, no espírito, nos olhos, no

sentar, sorrir e respirar, possam ter uma oportunidade de ganhar maior espaço

e maior importância.

Este processo corporal instaura no professor reflexões profundas,

buscas constantes de mediação com outros e com o próprio contexto. O desejo

e a necessidade desta inserção no processo de formação de professores,

através da corporeidade, é uma continuidade de todas as instâncias de nossa

formação (cultural, histórica, social, biológica e psicológica). Porque no

momento em que começo a tomar contato com o meu corpo abro

possibilidades para usá-lo. (IWANOWICZ, 1994, pág.81).

Esta relação com o corpo, nos remete a um caminho que seja

alternativo, onde enfatizamos uma conscientização deste corpo, não no sentido

de uma simples análise corporal, mas sim a partir dos elementos vividos e

experimentados na relação com o mundo, acreditando assim, que poderemos

quebrar concepções e hegemonias estabelecidas. Por isso, o corpo não poderá

mais ser visto como resultado de leis definidas, nem como uma simples adição

contingente à alma; ele deve ser visto como um meio do indivíduo relacionar-se

com o mundo.

Certamente essa abordagem deve ser estendida também aos

professores, seres humanos percebidos e percebendo-se então, finalmente

como seres encarnados e não mais como corpos negados. Corpos esses que,

entendidos como estruturas vivas, do ser, possam ter a liberdade de escolha de

seus caminhos.

Portanto, as instituições de ensino constituem-se como um valioso

local para a ampliação dos conceitos, criando condições para que o aluno

desenvolva a noção de totalidade, a qual se manifesta de variadas formas,

possibilitando-lhe estender a sua compreensão quanto ao caráter histórico,

processual e parcial do conhecimento, bem como à importância da interação

social na sua construção.

Na perspectiva de viabilizar uma proposta pedagógica que valorize

os diferentes saberes e concepções de mundo, a atuação dos educadores das

séries iniciais do Ensino Fundamental precisa ser flexível, integrada e

comprometida com a imagem de corpo (singular, indivisível e contextualizado)

que pensamos e desejamos. Para tanto, faz-se necessário um estudo mais

aprofundado da questão da corporeidade e de sua contribuição no sistema

educacional atual. Um estudo mais específico e investigativo de todas as

nuances corporais presentes em ações e relações humanas.

Com este trabalho pretendi apontar a importância de se conceber

uma formação de professores preocupada, também, com o desenvolvimento

corporal dos alunos, na medida em que cria e explora espaços de

aprendizagem, privilegiando as manifestações histórico-sociais dos mesmos.

Assim, valorizando o corpo e o movimento teremos uma educação que abranja,

tanto conteúdos curriculares relativos aos conhecimentos científico e histórico,

quanto experiências variadas em relação às expressões culturais.

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17 - http://www.adusp.org.br/arquivo/pne/pnemec

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR BRASILEIRA 11

1.1 – Tendências pedagógicas Liberais 12

1.2 - Tendências pedagógicas Progressista 16

CAPÍTULO II

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR EM NÍVEL SUPERIOR 18

CAPÍTULO III

CONSTRUINDO A CORPOREIDADE 29

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

BIBLIOGRAFIA CITADA 40

ÍNDICE 42

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Corporeidade na prática pedagógica da formação de

professores.

Autor: Andreza Oliveira Berti

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: