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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ- REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO- PEDAGÓGICAS UMA BREVE ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO EUROPÉIA Por: Mohammad Odeh Husein Orientador: Prof. Ms. Marco A . Larosa Rio de Janeiro 2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

UMA BREVE ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO EUROPÉIA

Por: Mohammad Odeh Husein

Orientador:

Prof. Ms. Marco A . Larosa

Rio de Janeiro

2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

UMA BREVE ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO EUROPÉIA

Apresentação de monografia ao Conjunto

Universitário Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Finanças e Gestão Corporativa

Por Mohammad Odeh Husein.

Rio de Janeiro

2002

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AGRADECIMENTOS

Às minhas irmãs Mariam e Shirley pela

paciência com que revisaram e digitaram

os capítulos escritos à mão nas noites

insones. Aos amigos que, direta ou

indiretamente, contribuíram para a

confecção deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais pelo

apoio e compreensão incondicionais.

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DÍSTICO

“Graças à vontade inata do ser humano

de melhorar suas condições, o mundo

jamais permaneceu parado.”

Paul Kennedy

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RESUMO

Visando, inicialmente, reerguer a economia da Europa, devastada

pela II Guerra mundial, é que vozes, entre elas de políticos, de pacifistas e de

membros da resistência, se levantaram em favor da união dos países

europeus, inclusive da Alemanha. Naquele momento, apesar das feridas ainda

abertas da guerra, era unânime a necessidade de cooperação, principalmente

na área econômica, mas também como um projeto de paz.

Assim, a Europa, espremida entre a hegemonia norte-americana no

mundo capitalista do pós-guerra e a ideologia socialista da URSS, inicia uma

série de negociações, resoluções, protocolos e tratados que culminaram na

união econômica do continente e a adoção de uma moeda única – o Euro,

tornando-se mais uma força política e econômica no jogo de poder mundial.

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SUMÁRIO

RESUMO 06 INTRODUÇÃO 08 1. ASPECTOS HISTÓRICOS 12

1.1. O cenário do pós-guerra 12 1.2. O plano Marshall 13

2. OS TRATADOS INICIAIS 15

2.1. A comunidade européia do carvão e do aço (CECA) 16 2.2. A comunidade atômica européia (Euratom) 16 2.3. A comunidade econômica européia (CEE) 17

3. O APROFUNDAMENTO DA UNIÃO EUROPÉIA – 1ª FASE 19

3.1. O sistema monetário europeu (SME) 22 4. O APROFUNDAMENTO DA UNIÃO EUROPÉIA – 2ª FASE 24

4.1. O relatório Delors 26 4.2. O tratado de Maastricht 27

4.2.1. Os critérios de convergência 30 4.2.2. O banco central europeu 32

5. UNIÃO ECONÔMICA E MONETÁRIA EUROPÉIA 34

5.1. As vantagens 34 5.2. As desvantagens 36

6. O EURO 38

6.1. Implantação 39 6.2. O nome e a aparência 40 6.3. A conversão 41

7. – PERSPECTIVAS PARA A INTEGRAÇÃO EUROPÉIA 43 CONCLUSÃO 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50

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INTRODUÇÃO

Segundo contam entre o povo mongol, quando o grande Ghengis

Khan, no início do século XIII, estava para ser nomeado o Khan de todos os

Khans, reuniu seus chefes, que eram cerca de trinta, todos munidos de seus

arcos e suas flechas. Ao passar diante do primeiro, o grande conquistador lhe

pede uma flecha e a quebra, ao passar diante do segundo, ele fez a mesma

coisa, e repetiu o gesto até o último. Então, ele pede uma segunda flecha para

cada um dos chefes. Mas em vez de quebrá-las uma após a outra, como fizera

anteriormente, ele as coloca juntas e, assim que termina, diz: ”Estão vendo?

Nenhum de vocês pode quebrar este feixe de flechas. O que quer dizer que,

sozinhos, vocês serão todos quebrados, mas juntos vocês são invencíveis”.

Essa alegoria do povo mongol, nos permite apreender um pouco

da filosofia da construção da união européia.

Entretanto, não é possível o claro entendimento do processo de

unificação européia, sem uma breve análise da conjuntura de então, e os fatos

que viabilizaram o início das discussões para a construção da unidade

européia.

Voltando ao pós-guerra, encontramos a Europa, este que foi o

continente mais poderoso do mundo, completamente arrasada, partilhada de

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forma perversa pelos, assim autodenominados “vencedores da guerra” – os

EUA e a URSS – que buscavam aumentar seu poder, não só territorial, como

também econômico, político e ideológico. Os EUA, dominavam a economia do

mundo após a Segunda Guerra Mundial, pois além de não terem sofrido danos,

aumentaram o seu PNB em dois terços e acabaram a guerra com quase dois

terços da produção industrial do mundo. Por outro lado, a antiga URSS, apesar

de ser considerada a Segunda maior potência da época, sofreu enormemente

com a Segunda Guerra, tendo sofrido pesadas baixas nas frentes de batalha.

Além disso, sua economia fechada dificultava sua expansão, limitada aos

territórios ocupados.

A necessidade de reerguer o continente, duramente castigado

pela guerra, e o desejo americano de ver uma Europa forte como aliado

importante, contra a “ameaça” da URSS, propiciaram a aceleração dos

entendimentos entre os vários países europeus. O grande impulso veio com o

plano de ajuda econômica elaborado pelo secretário de Estado americano,

George C. Marshall – O Plano Marshall, que previa a concessão de créditos

para a reconstrução da européia e exigia que os próprios países europeus se

organizassem no sentido de conduzir o programa.

Assim, foi criada, em 1948, a Organização para a Cooperação

Econômica Européia, que tinha como objetivos coordenar o processo de

reconstrução do continente, eliminar barreiras comerciais e conduzir à

estabilização das moedas nacionais.

Em 1950, seis países (Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda,

e Luxemburgo), aprovaram um plano que colocava a indústria pesada dessas

nações sob uma única autoridade – a Comunidade Européia do Carvão e do

Aço (CECA), que instituía, ainda que de forma limitada, um mercado comum

entre os países participantes e determinava uma política coletiva para estes

produtos.

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A criação da CECA abriu as portas para os Tratados de Roma,

assinados pelos mesmos seis países, em março de 1957, instituindo a

Comunidade Econômica Européia (CEE) e a Comunidade Atômica Européia

(Euratom). Enquanto esta visava fomentar a criação e desenvolvimento da

indústria nuclear na comunidade; aquela visava criar um mercado comum entre

os países-membros, assim como instituir a livre circulação de capitais e

pessoas.

A partir de então, três organizações (CECA, CEE, e Euratom)

formariam a que passou a chamar-se Comunidade Européia (CE).

Nos anos subseqüentes, pressionada pelas tensões no mercado

de câmbio, pelos desequilíbrios entre os países-membros e pela falta de

harmonia nas políticas econômicas, o que se viu foi o alargamento da CE,

marcado, entretanto, profundas crises políticas, agravado pelas sucessivas

crises econômicas.

Apesar de todas as dificuldades, o processo de unificação

avançou, ainda que de forma lenta, e, em 1991, os chefes de governo e de

Estado dos países da CEE (à esta altura já com doze integrantes) aprovaram o

Tratado de Maastricht que tinha como cerne a criação da União Econômica e

Monetária Européia (UEME) e a adoção de uma moeda única – o euro.

O euro foi introduzido no mercado financeiro (até dezembro de

2001, como moeda escritural) e as taxas de câmbio entre as moedas dos

países participantes foram fixadas de forma irrevogável, em 1º de janeiro deste

ano (2002) o euro foi introduzido como papel-moeda em doze países da

Comunidade, formando a Eurolândia, com o intuito de, na visão de seus

idealizadores, facilitar e tornar menos custosas as transações comerciais e

financeiras dentro do bloco. Além de, caso se imponha no mercado

internacional, servir como moeda de referência além do dólar americano e do

iene japonês, servindo como nova opção para as transações comerciais e

financeiras no resto do mundo.

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Este trabalho apresentará o cenário mundial que propiciou o início

dos entendimentos para a integração européia (capítulo 1). Discorrerá sobre os

tratados iniciais e seus objetivos (capítulo 2), e o aprofundamento da

integração européia e as dificuldades encontradas, destacando o Tratado de

Maastricht (capítulos 3 e 4). Além disso, mostrará, de forma breve, o

pensamento dos defensores do euro (euroentusiastas), assim como, dos seus

críticos (eurocéticos) – (capítulo 5). O euro será apresentado, no capítulo 6,

onde será descrito o nome, a aparência e forma do cálculo para conversão.

Finalmente, no capítulo 7, serão apresentadas as perspectivas da integração

européia, um curto balanço dos primeiros “passos” do euro no mercado

financeiro, assim como da ampliação da UE e da eurolândia para os países da

Europa central e oriental.

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CAPITULO I

ASPECTOS HISTÓRICOS

Vem de muito a idéia de uma unificação européia. Desde a época

dos Césares romanos existe o sonho de uma Europa unida e poderosa.

Entretanto, só após a Segunda Guerra Mundial é que o

movimento de unificação européia toma corpo, diante do duopólio – EUA /

URSS – os pretensos vencedores da guerra.

Todavia, o processo da integração européia não é apenas longo,

mas também – na sua grande maioria – politicamente bastante árduo e

penoso.

1.1 – O Cenário do Pós-Guerra

Com o fim da II Guerra Mundial instalou-se uma nova ordem – A

bipolarização do Poder Mundial, com a consolidação da Hegemonia de duas

superpotências – Estados Unidos da América (EUA) e União das Repúblicas

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Socialistas Soviéticas (URSS), que forçaram a articulação e a subordinação

dos países afins, colocando em confronto (Guerra Fria) os blocos de países

integrantes dos dois sistemas sócio-político-econômico-ideológicos

(Capitalismo x Socialismo), por elas respectivamente liberados.

É neste cenário sombrio do pós-guerra que a Europa tenta se

reerguer desesperadamente dos escombros, afim de combater a bipolarização

e se consolidar como potência. Conforme Eric J. Hobsbawn

“O Efeito da Guerra Fria ... Provocou a criação da

Comunidade Européia, ...; uma forma de

organização sem precedentes (...) para integrar as

economias” . (p.236).

“A comunidade, como tantas outras coisas na

Europa Pós-1945, era ao mesmo tempo a favor e

contra os EUA”2. (ibid.; p.237).

Por um lado, havia uma aliança anti-soviética que contava com os

EUA e sua pungente economia. Por outro lado, havia temores em relação aos

EUA, um aliado indispensável contra a URSS, mas suspeito, pois podia pôr os

interesses da supremacia americana no mundo acima de tudo mais – incluindo

os interesses dos seus aliados. Além da desconfiança entre os próprios países

europeus, notadamente em relação à Alemanha.

Entretanto, a preocupação dos EUA era o fortalecimento da

economia européia. Assim, foi lançado, em junho de 1947, o Plano Marshall,

um projeto maciço para a recuperação da Europa.

1.2 – O Plano Marshall

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A iniciativa para a realização desse plano surgiu do secretário de

Estado dos Estados Unidos, General George Catlett Marshall (1880-1959), em

junho de 1947, em uma conferência na Universidade de Havard. Em razão da

profunda debilidade dos países da Europa Ocidental depois da Guerra do

Superávit da Balança de pagamentos norte-americana e da crença de que a

URSS pretendia desempenhar um papel diretivo na Europa, os EUA aprovaria

a concessão de créditos para a reconstrução européia. Foram criados diversos

comitês para proceder ao estudo das condições em que se poderia

desenvolver o plano.

O Plano Marshall deve ser compreendido no contexto da política

americana de contenção do comunismo, que se expandia no Leste Europeu.

Ele previa o envio para a Europa de matérias-primas, mercadorias e capitais –

um total de US$ 14 bilhões, entre 1949 e 1952 – e, para 1559, exigia que os

próprios europeus se organizassem no sentido de conduzir o programa. Assim,

em 1948, foi criada a Organização Para Cooperação Econômica Européia, na

qual 17 estados estavam representados. Precursora da atual Organização Para

a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (em inglês, a sigla é OECD), a

instituição tenha como objetivos coordenar, pêlos meios do Plano Marshall, o

processo de reconstrução do continente, eliminar barreiras comerciais e

conduzir à estabilização das moedas nacionais, então arruinadas, tornando-as

conversíveis. O objetivo norte-americano era criar uma economia pós-guerra

de livre comércio, livre conversão e livres mercados, dominada pelos EUA.

Entretanto, a excessiva fragilidade da economia européia diante

dos desesperadores problemas de pagamentos, e a sua grande necessidade

de dólares, cada vez mais escassa, inviabilizava a imediata liberalização do

comércio e dos pagamentos e punha por terra o objetivo americano de criar

uma Europa modelada com base nos EUA, tanto em sua estrutura política

quanto em sua florescente economia de livre empresa.

A despeito do desejo da França de ver uma Alemanha fraca e

dividida, para o EUA uma Europa efetivamente restaurada, parte da aliança

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militar anti-soviética que era o complemento lógico do Plano Marshall – a

Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de 19491 – tinha de basear-

se realisticamente na força econômica alemão, reforçada pelo rearmamento do

país.

1 O objetivo primário da OTAN era proteger seus membros contra agressões externas.

CAPITULO II

OS TRATADOS INICIAIS

É nesse contexto histórico, tendo como pano de fundo a Guerra

Fria, que se iniciam as negociações para a unificação européia.

Como dito anteriormente, existia um forte sentimento contra a

recuperação da Alemanha, notadamente da França. Todavia, diante do quadro

que se formava, o melhor que os franceses podiam fazer era entrelaçar os

negócios alemães ocidentais e franceses de tal modo que o conflito entre os

dois velhos adversários fosse impossível. Assim, os franceses propuseram sua

própia versão de união européia, a “Comunidade Européia do carvão e do

Aço”. (1950) – CECA, pois nesta época as indústrias carbonífera e siderúrgica

assumem um papel fundamental, constituíndo a base do poder econômico de

um país.

A criação da CECA, que contava, além da França e da Alemanha,

com a Itália e os países unidos pelo Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo),

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abriu as portas para os Tratados de Roma, que os mesmos seis países

assinariam em março de 1957, instituindo duas outras organizações: a

Comunidade Econômica Européia (CEE, e a Comunidade Atômica Européia

(EURATOM). A partir de então, três organizações (CECA, CEE, EURATOM)

formariam o que passou a chamar-se Comunidade Européia e, a partir de

1993, “União Européia”.

2.1 – A CECA

Em 1950, por iniciativa do Ministro de Relações Exteriores da

França – Robert Schuman, foi lançado o apelo para a criação da Comunidade

Européia do Carvão e do Aço – CECA (Plano Schuman), que pode ser

considerado o ponto de partida da Europa comunitária.

A CECA tinha por objetivo fomentar e controlar a produção de

carvão e aço entre os países membros (França, Alemanha, Itália, Bélgica,

Holanda e Luxemburgo). Além, de instituir, mesmo que de forma limitada, um

mercado comum entre os países participantes e determinar uma política

coletiva para esses bens de produção, considerados importantes do ponto de

vista estratégico.

Apesar de as negociações em torno do Plano Schuman não terem

sido fáceis, elas levaram no ano seguinte à criação, pelos mesmos países, da

CECA. Pela primeira vez, seis países europeus concordavam em delegar

poderes a uma autoridade superior. Seu organismo mais importante era a Alta

Autoridade, estabelecida em Luxemburgo até 1967 e formada por nove

integrantes nomeados pelos governos participantes por período de seis anos e

com atuação independente. A CECA foi substituída pela Comissão Conjunta

das Comunidades Européias em 1967.

2.2 – Comunidade Européia de Energia Atômica – CECA

(Euratom)

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Surgido de tratado de Roma de 25 de março de 1957 e

constituído a princípio pelos membros da CECA, tinha o propósito de

estabelecer as condições necessárias para a formação e desenvolvimento de

indústrias nucleares com objetivos pacíficos, a coordenação dos esforços dos

países membros e a difusão de conhecimentos em matéria nuclear.

Em 1967, foi integrado à CEE. O poder executivo é exercido pela

comissão das Comunidades Européias, assessorada por um comitê para a

ciência e a técnica e um comitê econômico e social. Tem sua sede em

Bruxelas.

2.3 – Comunidade Econômica Européia – CEE

O principal objetivo da CEE era criar um mercado comum entre os

países-membros, assim como instituir a livre circulação de capitais e pessoas.

Prevendo ainda:

- a eliminação dos direitos aduaneiros entre os Estados-

Membros;

- a instituição de uma ponta aduaneira comum;

- gradual abolição das barreiras alfandegárias internas;

- introdução de tarifas comuns para o comércio externo;

- instauração de uma política comum no domínio da

agricultura e dos transportes;

- a criação de um Fundo Social Europeu;

- a instituição de um Banco Europeu de Investimento;

- o desenvolvimento de relações mais estritas entre os

Estados-Membros.

Para isso, foram instalados vários órgãos com poderes

supranacionais, como o conselho de Ministros (órgão com poder decisório), a

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Comissão Européia (órgão executivo) e o Parlamento Europeu ( de início só

com função consultiva), que existem até hoje.

Por trás dos tratados de Roma (CEE, Euratom), já estava a idéia

de que, através da integração econômica (e, conseqüentemente, do

crescimento econômico da região, da melhoria da qualidade de vida dos

europeus e da coesão entre os países-membros), a Europa também estaria

conduzindo adiante sua integração política, garantindo a paz na região.

Desta forma, as Comunidades Européias formavam três

organizações internacionais distintas: CECA, CEE e CEEA, cada uma com seu

Tratado de criação e suas instituições. A convenção relativa a certas

Instituições comuns, que foi assinada e entrou em vigor simultaneamente com

os Tratados de Roma, determinava que a Assembléia Parlamentar e o Tribunal

de Justiça seriam comuns. Restando fundir os “Executivos”. Assim sendo, a

Convenção de 9 de Abril de 1965 veio a concluir a unificação das Instituições.

Com isto, a linguagem comum passou a designar as Comunidades como a

Comunidade Européia - CE.

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CAPITULO III

O APROFUNDAMENTO DA UNIÃO EUROPÉIA

Nos anos subsequentes observou-se o processo de alargamento

da CE que foi marcado por profundas crises políticas entre defensores do

aprofundamento do mercado comum e os defensores de novas adesões de

outros Estados europeus.

Devido a seus compromissos com os países da Commonwealth2,

a Grã-Bretanha decidiu, naquele momento, não ingressar na CEE. Outros

países europeus, como a Áustria, também se recusaram a entrar na

comunidade, alegando neutralidade. Entretanto, em 1960, a Grã-Bretanha e a

Áustria acabaram instituindo, junto com Dinamarca, Noruega, Portugal, Suécia

e Suíça, uma zona de livre comércio – A EFTA (European Free Trade

Association) – que serviria como “contrabalanço” à CEE. A Finlândia associou-

se em 1961 e a Islândia em 1970.

A EFTA se caracterizava por ser apenas uma zona de livre

comércio e não uma união aduaneira com uma tarifa única frente a países

terceiros.

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Por outro lado, os tratados de Roma criaram a base para a

cooperação monetária, instalando um comitê destinado a coordenar as

políticas monetárias dos países-membros e aconselhá-los no balanço de

pagamentos3.

Os países-membros continuaram responsáveis por suas

respectivas políticas monetárias. Entretanto os tratados obrigavam as nações

signatárias a considerá-la um tema de interesse comum. 1

Ainda ditadas pelo sistema de Bretton Woods4, as relações entre

as taxas de câmbio européias e o dólar não enfrentaram grandes problemas

nos primeiros anos da CEE. As tensões começaram quando a Europa

começou a competir economicamente com os EUA, o dólar passou a ficar

sobrevalorizado, pressionando as taxas de câmbio dos países de continente. A

partir daí a Comunidade viu a necessidade de uma política monetária menos

dependente dos EUA e de uma melhor coordenação, nesse campo, entre os

países-membros.

No final dos anos 60, pressionada pela tensão no mercado de

câmbio, pela crescente instabilidade dos mercados financeiros e, apesar dos

progressos feitos pela comunidade no campo de cooperação, pelo

desequilíbrio entre os países-membros e pela falta de harmonia nas políticas

econômicas a comunidade constatou, mais uma vez, que unir o fronte era a

melhor forma de combater problemas comuns.

2 Derivação do antigo Império britânico, no qual as colônias, ao chegarem a seu completo desenvolvimento, foram adquirindo personalidade política, primeiro, e internacionalmente, posteriormente. É uma livre associação de estados soberanos; carece de constituição escrita, mas seus membros formam uma comunidade de interesses e ideais. 3 Balanço de Pagamentos: registro sistemático, em determinado período, de todas as transações econômicas de um país com o resto do mundo. 4 Sobre esse assunto, ver João Sayad, O Dólar (série “Folha Explica”). São Paulo: Publifolha, 2001.

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Nesse contexto, o premiê Pierre Werner, de Luxemburgo,

elaborou em 1970 um plano de união econômica e monetária, previsto para

acontecer em etapas, num período de dez anos. O plano Werner defendia a

convergência da política orçamentária e fiscal dos países-membros. Propunha,

ainda, a criação de um banco central comum, responsável pela política

monetária de toda a comunidade. Para a última etapa, previa a livre circulação

de capitais, a fixação irrevogável das taxas de câmbio e a introdução de uma

moeda comum.

Apesar das divergências entre a Alemanha e a França(que temia

a dominação crescente do marco alemão sobre as moedas européias), o Plano

Werner chegou a ser aprovado em 1971 pelo conselho da CEE.

Entretanto, fatores externos (dissolução do sistema de Bretton

Woods, queda do dólar, crise do petróleo) acabaram levando ao fracasso

dessa que foi a primeira tentativa de união monetária entre os países da

Comunidade.

Diante dos problemas conjunturais da época, os países que

formavam o sistema de Bretton Woods, decidiram adotar um sistema de

bandas cambiais bilaterais, definindo uma faixa de +/- 2,25% para variação do

preço das moedas em relação ao dólar. Nascia, assim, a chamada “serpente

monetária”. Esse sistema de bandas cambiais, porém, permitiu (ajustes) de +/-

4,5% entre as moedas européias.

De acordo com esse sistema, a taxa de câmbio de cada país da

CEE poderia flutuar para cima ou para baixo dentro dos limites da faixa ou

banda cambial estabelecida. Por exemplo, quando a moeda de um país da

CEE se valorizasse em relação a uma moeda externa ao sistema, as taxas de

câmbio de todas as moedas da “serpente” se moveriam correspondentemente.

A moeda referencial do sistema era o marco alemão.

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É nesse contexto que, em 1973, Grã-Bretanha, Dinamarca e

Irlanda ingressaram na CEE e passaram a participar do arranjo da serpente.

Apesar disso, a crise do petróleo aprofundou ainda mais os

problemas conjunturais da economia mundial, gerando aumento de recessão,

da inflação e do desemprego nos países da comunidade, mantendo as tensões

no mercado financeiro.

Mais uma vez, então, tornavam-se necessárias novas medidas de

cooperação no campo monetário.Assim, em março de 1979, por iniciativa do

premiê alemão, Helmut Schmidt, e do presidente francês, Giscard d’Estaing, foi

instalado o Sistema Monetário Europeu (SME).

3.1 – O sistema monetário europeu - SME

O principal objetivo do SME era assegurar a estabilidade das

moedas e das taxas de câmbio do continente. Mas, também era considerado

como elemento fundamental de uma vasta estratégia de crescimento contínuo,

regresso ao pleno emprego, harmonização dos níveis de vida e redução das

disparidades regionais. A longo prazo, visava a assegurar a estabilidade dos

preços e promover maior convergência nas políticas econômicas, o que daria

mais confiança aos consumidores, fomentando a demanda. Além disso, o SME

instituía uma zona monetária estável, servindo como uma espécie de

preparação para a união monetária .

A base do SME era a nova unidade monetária européia, a ECU

(European Currency Unit),uma moeda artificial, não adquirida nos caixas dos

bancos. Seu valor era calculado diariamente com base nas taxas de câmbio e

na importância de cada moeda participante do sistema, segundo o princípio da

“cesta monetária”: onde cada moeda detém uma porção da cesta, calculada a

partir do PIB (produto interno bruto) e do comércio externo. Por exemplo, o

marco alemão, nessa época , exercia uma influência ponderada de 34,9%

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sobre a ECU, ao passo que o franco de Luxemburgo, tinha uma influência de

apenas 0,3% sobre o seu valor. A ECU serviu, assim, como medida de cálculo

e de referência para os mecanismos de câmbio e de intervenção.

O mecanismo da taxa de câmbio estabilizaria as moedas dos

países-membros, exigindo que cada governo mantivesse sua moeda dentro de

uma margem de variação (bandas cambiais) de 2,25% para cima ou para

baixo. Para a lira italiana (e, mais tarde, para o escudo português, a peseta

espanhola e a libra esterlina), foi fixada a faixa de +/- 6%.

Este mecanismo conseguiu criar na CEE uma zona de relativa

estabilidade e disciplina monetária.

Entretanto, em 1993, turbulências no mercado de câmbio levaram

à desvalorização ou à saída de algumas moedas do sistema.

Para evitar um agravamento da crise, as bandas cambiais foram

ampliadas para +/- 15%, o que levou, finalmente à estabilização das taxas de

câmbio.

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CAPITULO IV

O APROFUNDAMENTO DA UNIÃO EUROPÉIA – 2ª FASE

A candidatura à adesão de três países, Grécia, Portugal e

Espanha, marcou o final da década de 70. Os objetivos eram solucionar os

graves problemas econômicos e sociais desses países e consolidar os novos

regimes democráticos recém instalados.

No dia 1º de janeiro de 1981, a Grécia tornou-se o décimo país-

membro do CEE, iniciando a segunda rodada do processo de ampliação da

Comunidade Européia. Depois de vários anos de negociação, Portugal e

Espanha também acabaram sendo, em 1986, admitidos no grupo.

Por um lado, era mais um passo para o fortalecimento da

democracia naqueles três países, abalados por décadas de ditadura. Por outro,

fortalecia a própria comunidade, que agora se estendia ainda mais na região

sul do continente e passava a contar com o dobro do número de países-

membros que tinha em sua criação.

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A Comunidade Européia passou, então a representar uma grande

potência econômica com 325 milhões de habitantes e, após a unificação

alemã, passa a ter 342 milhões de habitantes, tornando-se o líder do comércio

internacional, ultrapassando o volume de comércio dos EUA.

Entretanto, a relativa uniformidade européia é quebrada com o

aprofundamento das disparidades regionais, passa-se a falar na Europa dos

ricos e na Europa dos pobres ou na Europa a duas velocidades, dos membros

mais e menos desenvolvidos.

Isto se devia porque a Comunidade Européia tinha um caráter

nitidamente industrial, e os novos países-membros, Grécia, Portugal e

Espanha, eram países agrários. Assim, passavam a concorrer, diretamente,

com a França e a Itália que, até então, supriam suficientemente a Comunidade

com seus produtos. Vale salientar, ainda, que a taxa de desemprego dos

países ibéricos estava acima do índice do CEE, o que provocava a

movimentação de trabalhadores portugueses e espanhóis para os países

centrais da Comunidade.

Portanto, além das questões monetárias, tornavam-se, também,

urgentes as reformas na política agrária e nos chamados “fundos estruturais”5.

É nesse contexto que, em 1986, os 12 membros da CEE

assinaram o Ato Único Europeu (em inglês European Single Act, ou ESA). Ele

não apenas regulamentava questões simbólicas importantes, como o hino

europeu (a Quinta Sinfonia de Beethoven), a bandeira européia (azul com doze

estrelas douradas) e o passaporte europeu (vermelho escuro), mas estabelecia

principalmente as bases para a concretização definitiva e total do mercado

interno europeu, visando a acelerar o processo de conclusão do mercado

comum. Além disso, pela primeira vez um documento da CEE considerava

objetivo comum “a coesão econômica e social” dos países da Comunidade,

significando, por isso, mais um passo para a integração européia.

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5 Os fundos estruturais eram instrumentos da política regional da comunidade Européia, tendo

por objetivo reduzir as diferenças no desenvolvimento das regiões e o atraso das menos

favorecidas, contribuindo para o fortalecimento da coesão econômica e social dentro da

comunidade.

4.1 – O Relatório Delors

O advento do SME, entretanto, não conseguiu de início, eliminar

as gritantes diferenças nas políticas econômicas da França e da Alemanha,

motores da Comunidade. A França adotava uma política monetária expansiva –

baseado na emissão de dinheiro e nos juros baixos -, a Alemanha, por sua vez,

seguia uma política mais restritiva, priorizando a estabilidade de preços.

Entretanto, com a disparada do dólar em meados dos anos 80,

tornaram-se necessárias novas medidas de cooperação e a França, até então,

usando e abusando de uma política econômica expansionista, deu uma

guinada e passou a buscar uma taxa de câmbio estável entre o franco e o

marco alemão. Foi quando o então ministro de Finanças da França Jacques

Delors, passou a defender a união econômica e monetária européia (UEME) e,

em 1989, então presidente da Comissão Européia e de um comitê instalado

para estudar o assunto, Delors detalhou seu projeto de integração econômica

num relatório que acabou levando seu nome (Delors Report ou Relarório

Delors).

O Relatório apresentava propostas concretas para a UEME, que

seria realizada em três fases distintas e levaria , segundo o próprio Delors,

cerca de dez anos e, para sua realização, seriam necessárias mudanças nos

tratados que instituíam a Comunidade.

Na primeira fase do plano, as políticas econômicas e monetárias

deveriam estar sintonizados, e a liberalização da circulação de capitais estaria

completa. Na segunda fase, seriam criadas instituições necessárias para a

integração, sobretudo um “sistema de bancos centrais europeus”. Na terceira e

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última fase, a UEME seria concluída através da fixação irrevogável das taxas

de conversão.

Meses depois da publicação do Relatório Delors, em abril de

1989, um fato marcou de maneira significativa a Europa - a queda do Muro de

Berlin e a derrocada dos regimes comunistas do leste europeu. Com a iminente

reunificação da Alemanha, o então premiê Helmut Kohl e o presidente da

França François Mitterrand, sugeriram a rápida transformação da CEE numa

União Européia. Com essa proposta a França visava a rápida inclusão de uma

Alemanha fortalecida no processo de integração européia. Além disso, na visão

dos dois líderes, a integração política tornaria mais eficientes as instituições da

comunidade, que também passaria a adotar uma política externa e uma política

de segurança comuns.

Vários aspectos do Relatório Delors acabariam, dois anos depois,

ficando de fora do Tratado de Maastricht, que oficializou a UEME. Aprovado

pelo Conselho da Comunidade, entretanto, o documento preparou o terreno

para a integração européia de forma decisiva. Delors entrava para a história

como um dos mentores do euro. Maastricht seria a pedra fundamental.

4.2 – O Tratado de Maastricht

Com o lema “um mercado, uma moeda”, o advento do mercado

interno (Ato Único Europeu) contribuiu para agilizar os esforços em favor da

obtenção da união econômica e monetária.

No caso do mercado interno, tratava-se, inicialmente, da criação

de um mercado único, com mais de 320 milhões de consumidores. Todavia, o

mercado interno é também o exemplo mais acabado do chamado método

“Jean Monne” de integração, segundo o qual todo passo em direção à

integração econômica tem como conseqüência inevitável uma etapa rumo à

integração política.

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O maior empecilho para a livre comercialização de produtos eram

as chamadas barreiras não–tarifárias, tratava-se, nesse caso, da uniformização

das normas relativas a produtos e processos por parte da Comissão da UE.

A necessidade de regulamentação do mercado interno, visava

evitar distorções com relação à livre concorrência e tornava-se fator decisivo

para a ampliação das competências políticas da União Européia.

Para se ter uma idéia, foi necessário harmonizar 260 normas de

direito no âmbito da UE em um espaço de tempo relativamente exíguo.

Esse acúmulo de intervenções em esferas econômicas nacionais

acabou forçosamente gerando um vácuo político, que começou a se fazer

sentir no fim dos anos 80.

Além disso, ainda em referência ao mercado interno, havia sido

basicamente decidido, em 1989, a introdução de uma moeda comum e as

oscilações causadas por movimentos de desvalorização e valorização, assim

como por disfunções cambiais, a moeda era considerada como a última

barreira não – tarifária a impedir a transparência total do mercado único.

Devido às conseqüências de longo alcance da união monetária, ela seria

inviável sem a união política.

Assim, foi assinado, em 1992, o Tratado de Maastricht que trazia

novas diretrizes para o processo de integração econômica e política da

comunidade. Deveria entrar em vigor em 1/1/1993. Porém, depois de ter

enfrentado uma opinião pública avessa ao processo e, finalmente, ter sido

ratificado pelos doze países – membros (Suécia, Finlândia e Áustria

ingressaram na UE só em 1995), através de referendos ou por aprovação

parlamentar, veio a entrar em vigor somente em novembro de 1993. Institui a

União Econômica e Monetária Européia (UEME) sob a alçada do Sistema

Europeu de Bancos Centrais (SEBC) – integrado pelo Banco Central Europeu e

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pelos Bancos Centrais Nacionais -, e constituiu um importante passo em

direção à união política, abrangendo, principalmente, assuntos relativos à

cidadania européia, à política exterior, à defesa comum, assuntos internos e

judiciais.

O tratado de Maastricht previa três fases para a realização da

UEME:

· Na primeira fase – que se iniciou em 1990, tendo como base o

Relatório Delors, e se encerraria em dezembro de 1993 -, deveriam

ser criadas as precondições para o funcionamento da UEME,

mediante a plena liberalização dos movimentos de capitais e a

estreita coordenação das políticas econômicas.

· A Segunda fase, até janeiro de 1999, visaria à preparação

institucional da UEME, através da fundamentação de um Instituto

Monetário Europeu (IME), precursor do futuro Banco Central

Europeu (BCE). Os bancos centrais nacionais deveriam tornar-se

independentes de seus respectivos governos e ser proibidos de

financiar os déficits públicos de seus países. A política econômica e

financeira dos países-membros também passaria a ser

supervisionada pelo IME e pelo Conselho de Ministros das Finanças

da União Européia (em inglês, conhecido pela sigla Ecofin).

Finalmente, ainda nessa fase, a convergência econômica dos

países participantes deveria ser alcançada, através da obediência a

uma série de critérios.

· Na terceira fase, a partir de 1º de janeiro de 1999, seria

concluída a integração monetária e cambial. Os países-membros da

UEME renunciariam a sua autonomia na política monetária e

cambial, que passaria para a responsabilidade do chamado Sistema

Europeu de Bancos Centrais, constituído do BCE e dos bancos

centrais nacionais dos países-membros. O euro, a nova moeda

comum, seria introduzido no mercado financeiro, e as taxas de

conversão das moedas nacionais para o euro seriam fixadas de

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forma irrevogável. Depois de uma fase de transição, necessária

principalmente para a superação dos problemas técnicos relativos

ao câmbio, o euro seria introduzido como papel-moeda, o mais

tardar, em 2002.

Um fato que merece destaque é que o texto aprovado em

Maastricht passou praticamente à margem da opinião pública, o que não é de

se espantar, pois o documento contém mais de 250 páginas, contendo um

tratado, 17 protocolos e 33 declarações, todos escritos na mais burocrática das

linguagens. Foi nas pesquisas de opinião e em alguns referendos que os

europeus mostraram desconhecimento e insegurança ante as novas

resoluções que levariam à extinção de suas moedas nacionais.

Para se ter uma idéia disso, os resultados dos referendos

realizados na Dinamarca, na Irlanda e na França, foram, no mínimo,

decepcionantes. Na Dinamarca, 50,7% dos consultados disseram “não ao

Tratado”. Na Irlanda, 69% sim a Maastricht. Na França apenas 51,5% disseram

“sim” ao Tratado. Só em maio de 1993, depois de uma série de concessões à

Dinamarca (entre elas, a de que o país não seria obrigado a entrar na terceira

fase da UEME), a população dinamarquesa votaria a favor Maastricht (56,8%)

num novo referendo.

Em várias nações, entretanto, a opinião pública continuou pouco

convencida, até mesmo às vésperas da chegada do euro como papel-moeda.

4.2.1 – Os critérios de convergência

Definidos num dos protocolos que acompanhavam o Tratado de

Maastricht, os “critérios de convergência” funcionaram como precondição para

o ingresso na união econômica e monetária, visando levar os países

participantes a um patamar de estabilidade e homogeneidade econômicas,

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apontando, assim, quais deles teriam formado uma base sólida para a

introdução de um euro forte.

A homogeneidade econômica seria medida segundo a

estabilidade dos níveis de preços, das taxas de câmbio, das taxas de juros e da

disciplina orçamentária. Os critérios foram assim definidos:

· Cada país-membro deveria registrar, no ano anterior ao

exame, uma taxa média de inflação que não excedesse em mais de

15% a verificada nos três Estados-membros com melhores

resultados em termos de estabilidade de preços.

· No referente ao cãmbio, cada membro deveria respeitar as

margens de flutuação fixadas pelo Sistema Monetário Europeu, sem

grandes tensões durante pelo menos os últimos dois anos

anteriores à análise dos critérios.

· Segundo o Tratado, cada país-membro deveria Ter

registrado, a longo prazo, uma taxa nominal de juros média que não

excedesse em mais de 2% a verificada nos três Estados-membros

com melhores resultados em termos de estabilidade de preços.

· O déficit anual do setor público de um país-membro não

deveria ultrapassar 3% do PIB. O tratado abria exceções, como no

caso de o déficit ser ultrapassado apenas por um curto período.

Além disso, o total da dívida pública não poderia passar de 60% do

PIB.

O exame foi realizado em maio de 1998, quando o Conselho

Europeu (formado pelos chefes de governo dos países-membros da EU)

definiu, com base no cumprimento dos critérios de convergência (ano-base

1997), os países aptos a adotar o euro: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha,

Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal. Aqueles que

não se qualificassem poderiam melhorar sua situação e ingressar mais tarde

na UEME (foi o caso da Grécia, admitida na Eurolândia em 2002).

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4.2.2 – O banco central europeu

O novo Tratado sobre a UEM foi negociado durante os anos de

1990 e 1991. As negociações foram concluídas na CIG – Conferência

Intergovernamental de Maastricht, em dezembro de 1991.

Foi o Tratado de Maastricht que também definiu o papel e a

composição do BCE, O Banco Central Europeu. Junto com os bancos centrais

nacionais dos países participantes da UEME (como o Bundesbank alemão e o

Banque de France), o BCE formaria o chamado Sistema Europeu dos Bancos

Centrais (ESCB), cujo objetivo seria manter a estabilidade dos preços na zona

do euro.

O sistema, responsável pela política monetária e cambial da

Comunidade, também deveria apoiar a política econômica dos países da

Eurolândia no que fosse relevante para o controle da inflação na região. O

Tratado proibiria a ESCB de conceder créditos a qualquer instituição ou país

membro da EU, evitando o financiamento de déficits públicos, prejudicial a uma

política antiinflacionária.

O artigo 107 de Maastricht garantiria a independência do BCE e

dos bancos centrais nacionais, proibindo os governos dos países-membros da

UE de influenciá-los em sua política. No final de 2001, por exemplo o BCE por

longo tempo firmou o pé em sua decisão de manter os juros altos na zona do

euro, zelando pela manutenção da inflação baixa, apesar dos apelos de

governantes e economistas, que advertiam para o risco de recessão.

Segundo o Tratado de Maastricht, O BCE, mesmo independente,

teria de prestar contas à opinião pública e a várias instituições da EU. O órgão

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seria obrigado a apresentar ao Parlamento Europeu um relatório anual sobre

suas atividades e sua política monetária.

O BCE também seria o responsável pela emissão de papel-

moeda na zona do euro. Só com autorização sua os bancos centrais nacionais

poderiam assumir essa função(assim como a de emitir moedas). Isso garantiria

o maior controle da quantidades de dinheiro em circulação.

O principal órgão de decisões do Banco seria o Conselho,

responsável pelas diretrizes da política monetária e pela fixação da taxa de

juro. O Conselho seria formado de um diretório e dos presidentes dos bancos

centrais nacionais dos países participantes da união monetária. Membros do

diretório seriam representantes das nações pertencentes à Eurolândia, eleitos

em comum acordo. Entre eles, seriam escolhidos um presidente e um vice.

Todos membros do diretório teriam mandato de oito anos, sendo proibida a

reeleição.

Em junho de 1998, depois de intenso debate sobre sua

localização, o BCE acabou sendo instituído em Frankfurt, tradicional centro

financeiro da Alemanha. A escolha de Frankfurt – a mesma cidade do banco

central alemão- sinalizou para um aspecto importante: assim como o

Bundesbank, também o BCE daria prioridade total à estabilidade monetária.

Desde sua fundação, o BCE tem como presidente o holandês Win

Duisenberg, manager e político especializado em finanças.

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CAPITULO V

UNIÃO ECONÔMICA E MONETÁRIA EUROPÉIA

É claro que um projeto tão audacioso e complexo como a União

Européia, nunca antes experimentado, gera discussões, em todas as esferas e

envolve vários segmentos da sociedade, não só da Europa, mas também de

outras partes do mundo (Eurocéticos x Euroentusiastas).

Até o final de 2001, nas vésperas da introdução do euro como

papel- moeda, ainda de encontravam na imprensa européia artigos que

tratavam das vantagens e desvantagens da nova moeda única.

5.1 – As vantagens

Para os euroentusiastas, muitas são as vantagens da adoção de

uma moeda comum européia e as chances que ela oferece, principalmente

para os países de dentro (os chamados ins), mas também para os de fora

(outs) da Eurolândia, as mais evidentes são:

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· Promover crescimento e emprego dentro da Eurolândia, pois

através de uma moeda única, o mercado comum europeu não

sofrerá mais com as oscilações das taxas de câmbio, dando

mais estabilidade à economia da região, impulsionando,

assim, o comércio interno e favorecendo a alocação de

recursos e os investimentos dentro da UE.

· Com o advento da moeda única caem os obstáculos para as

transações comerciais, abrindo, para a maioria das empresas,

um enorme e novo mercado.

· Maior transparência nos preços, pois ficará fácil comparar os

preços de uma mercadoria na mesma moeda, sobretudo em

países diferentes, acirrando a concorrência no mercado, fato

que poderá levar até mesmo a uma redução dos preços.

· Com a adoção de um moeda única, deixam de existir taxas de

conversão e perdas cambiais delas resultantes, diminuindo os

custos de transação. Além disso, operações de seguro contra

riscos cambiais (hedging) deixarão de ser necessárias. Enfim,

ficará mais fácil economizar, planejar e alocar recursos.

· O mesmo pode valer para transações da UE com o exterior.

Necessitando, para isso, que o euro se torne uma moeda

forte, impondo-se como meio de pagamento internacional

(como é o caso, hoje, do dólar).

· A UEME facilitará a vida do turista que viajar pela zona do

euro, pois ele não precisará ficar trocando dinheiro sempre

que sair de um país para outro.

· Como, segundo Maastricht, os países-membros abdicaram do

direito de emitir dinheiro, ficando esta emissão a cargo do

Banco Central Europeu, acaba a emissão indiscriminada de

moeda, instrumento que muitos costumam adotar para cobrir

seus déficits.

· Para os países de fora da UE, como o Brasil, um euro forte

será outra moeda de referência além do dólar, sendo, então,

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uma alternativa, principalmente nas épocas que a moeda

americana sofrer grandes oscilações.

· Através da moeda comum, a Eurolândia terá um dos maiores

mercados de capitais do mundo. Por sua introdução como

meio de pagamento, o euro será uma moeda muito mais

líquida do que eram as moedas nacionais, já que circulará

numa região muito maior.

5.2 – As Desvantagens

Para os eurocéticos, o euro é um projeto mais político que

econômico, não tendo os critérios de convergência nenhum fundamento

científico. Outra crítica ao euro e à UEME se dá no campo social, cultural e

antropológico, pois a diversidade dos vários países membros exigiria políticas

diferentes e não convergentes, ao contrário do que prevê o Tratado de

Maastricht. Os principais argumentos usados pelos eurocéticos no debate

sobre a UEME, são:

· A união econômica da Europa acontece antes de uma

união política. Experiências do passado indicam que todas as

uniões monetárias realizadas sem um governo central fracassaram.

· Os critérios de convergência dão margem a várias

interpretações, permitindo aos países interessados na UEME

“ajustarem” os seus cálculos e obterem bons resultados

econômicos.

· O euro é um projeto de altíssimos custos (só na Alemanha

2,4 milhões de máquinas automáticas tiveram de ser adaptadas à

nova moeda). Todos os custos bancários foram cobertos pelos

bancos centrais, ou seja, com o dinheiro dos contribuintes.

· As economias nacionais européias apresentam diferenças

estruturais radicais. Os critérios definidos por Maastricht podem até

garantir a convergência monetária, mas não a convergência real

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das economias nacionais. A política monetária comum, então, não

serve para todos os lugares.

· Os países-membros optaram pela união monetária antes

de terem resolvido problemas econômicos estruturais, como o

desemprego, por exemplo. A observação dos critérios de

convergência, principalmente o relacionado ao déficit público, obriga

os governos a adotarem uma política restritiva, o que prejudica o

crescimento e a criação de empregos, podendo levar a região a um

processo recessivo. Além disso, caso o euro venha a ser uma

moeda fraca, poderá causar a fuga de capitais da Eurolândia e a

elevação dos juros na região, inibindo investimentos e

aprofundando o problema de geração de empregos.

· Os países europeus sempre contaram com estruturas de

financiamento diferentes. Dessa forma, a política monetária comum

pode ter efeitos heterogêneos em cada país, trazendo

conseqüências diversas para a comunidade e desestabilizando a

nova moeda.

· As nações participantes perdem o direito sobre as políticas

monetária e cambial, dois instrumentos que podem ser necessários

em regiões com evoluções diferentes na economia.

· O Pacto de Estabilidade e Crescimento ainda não é

suficiente para garantir que os países continuem respeitando os

critérios de convergência depois do ingresso na união monetária.

Pelo contrário: com a UEME, um país ameaçado por um déficit

excessivo pode relaxar na política orçamentária, já que o problema

será dividido com toda a UE.

· O euro é um projeto colocado cedo demais, antes que a

Eurolândia tenha formado uma sólida base econômica e política.

Dessa forma, ele significa um risco não só para a estabilidade da

região, como também para todo o processo de integração européia.

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CAPITULO VI

O EURO

Durante séculos, os europeus tiveram um sonho: a criação de

uma moeda única. Esse sonho tornou-se agora realidade. Em 01/01/2002 o

euro foi introduzido em 12 países europeus (até 31/12/2001, como moeda

escritural6).

A introdução do euro nos 12 países participantes (Alemanha,

Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália,

Luxemburgo e Portugal) e a criação da área dessa moeda – a “Eurolândia”,

como é conhecida – mudaram fundamentalmente o peso das economias

mundiais:

· A Eurolândia tornou-se líder do comércio internacional (a

participação nas exportações mundiais da Eurolândia, excluindo-se

o comércio intra-UE, foi de 18,9% em 1999, a dos Estados Unidos,

15,2%, e a do Japão, 9,1%).

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6 Ordem de pagamento que se originou da generalização do uso do papel-moeda. Ex.: cheque.

· Com uma participação de 16,2% no PIB mundial, a

Eurolândia tornou-se a segunda maior região econômica do mundo,

atrás dos Estados Unidos (em 1999, os EUA produziram 21,9% do

PIB mundial e o Japão respondeu por 7,6%).

· Nos mercados internacionais de capitais houve também

grandes mudanças. A Eurolândia é agora o segundo maior mercado

de capitais do mundo (tomando-se somente o mercado de

depósitos bancários, a Eurolândia é líder mundial, seguida dos EUA

e do Japão; no final de 1998, esses depósitos eram de 4,894

bilhões de euros, enquanto que nos Estados Unidos eram de 4,129

bilhões e, no Japão, 4,104 bilhões). Entretanto, em termos de

mercado de ações e títulos, os EUA ainda são destacadamente os

líderes mundiais.

6.1 – Implantação

Desde 1º de janeiro de 2002, cerca de 15 bilhões de moedas de

euros estão circulando nos 12 países que formam a Eurolândia e em alguns

“agregados” de dentro e de fora do continente europeu, como o Vaticano, San

Marino, Mônaco, Andorra e algumas ex-colônias ultramarinas francesas. O

euro também foi declarado meio de pagamento oficial de Montenegro e

Kosovo, na região dos Bálcãs, se bem que lá ele circule ao lado de outras

moedas.

Contudo, alguns países europeus de fora da Ueme vêm fazendo

questão de dar a seus cidadãos e turistas um pouco de “sentimento” da moeda

única. Na Dinamarca e na Suíça, por exemplo, vários restaurantes e hotéis

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aceitam pagamentos em euros. Na Grã Bretanha, máquinas automáticas

também trabalham com a nova moeda comum.

6.2 – O nome e a aparência

Foi no final do ano de 1995 que o Conselho Europeu se decidiu

pelo nome “euro” para a nova moeda única.

As cédulas, idênticas em todos os países participantes da união

econômica e monetária, são de cinco, dez, 20,50,100,200 e 500 euros. Cada

uma delas destaca uma época da história cultural européia, trazendo

elementos arquitetônicos de diferentes estilos. As sete notas são de fácil

manuseio, pois têm tamanhos e cores diversos. Quanto maior seu tamanho

maior deu valor.

As moedas são de oito tipos: um ,dois, cinco, dez, 20 e 50

centavos, assim como de um e dois euros. Diferentemente das cédulas, as

moedas não são iguais em todos os países da Eurolândia. Para todas porém,

vale a seguinte regra: as faces anteriores são padronizadas, enquanto os

reversos trazem símbolos típicos do país onde as moedas forma produzidas.

O euro é tido como o dinheiro mais “seguro” do mundo, ou seja, o

menos suscetível a falsificações. Suas cédulas foram dotadas com as mais

modernas marcas de segurança, como hologramas, filigramas e impressão em

relevo. Já as moedas de um e de dois euros contêm elementos de ouro, cobre

e níquel, o que também torna difícil a produção de réplicas.

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AS CÉDULAS DO EURO E SUAS PRINCIPAIS

CARACTERÍSTICAS

Valor em euros Cor Medidas Motivo estampado

05 Cinza 120 x 62 mm Clássico

10 Vermelha 127 x 67 mm Romântico

20 Azul 133 x 72 mm Gótico

50 Laranja 140 x 77 mm Renascentista

100 Verde 147 x 82 mm Barroco e rococó

200 Marrom amarelada 153 x 82 mm Const. de ferro e vinho

500 Lilás 160 x 82 mm Arquitetura moderna do séc. XX

6.3 – A conversão

No dia 31 de dezembro de 1998, véspera da introdução do euro

no mercado financeiro, foram fixadas definitivamente as taxas de conversão de

11 moedas nacionais européias (só em 2001 a Grécia seria admitida na

Eurolândia). Há três anos, então, essas taxas não sofrem flutuações e servem,

até hoje, para fazer conversão.

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A tabela abaixo mostra o valor de um euro em cada uma das 12

moedas nacionais:

ALEMANHA 1,95583 marcos alemães

ÁUSTRIA 13,7603 xelins

BÉLGICA 40,3399 francos belgas

ESPANHA 166,386 pesetas

FINLÂNDIA 5,94573 marcos finlandeses

FRANÇA 6,55957 francos franceses

GRÉCIA 340,750 dracmas

HOLANDA 2,20371 florins

IRLANDA 0,787564 libra irlandesa

ITÁLIA 1.936,27 liras italianas

LUXEMBURGO 40,3399 francos luxemburgueses

PORTUGAL 200,482 escudos

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CAPITULO VII

PERSPECTIVAS PARA A INTEGRAÇÃO EUROPÉIA

Em meio as divergências entre euroentusiastas e eurocéticos,

pelo menos em um aspecto parece ter havido concordância: é preciso tempo –

anos ou mesmo década – para concluir se a nova moeda comum européia deu

certo ou não. Tanto a nova moeda, quanto a união econômica e monetária não

são apenas instrumento econômico, mas também um instrumento político. O

bom funcionamento da UEME dependerá não só da confiança que o euro

adquirir dentro e fora do continente, mas também da vantagem de cooperação

entre os países que formam a Eurolândia.

O euro teve um começo difícil, perdendo, desde que foi instituído,

até o final de 2001, mais de 20% de seu valor em relação ao dólar, o que fez

crescer a onda de críticas, pelos eurocéticos e tornou a opinião pública

européia ainda mais insegura ante a chegada do euro como papel-moeda.

A crise nos EUA afetou a economia da Eurolândia, apontando

tendências pessimistas. A economia da região vem crescendo, porém mais

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lentamente que o esperado (em 2001, a zona do euro cresceu 1,6%; os EUA,

1,2%).

Por outro lado, a Eurolândia tornou-se líder no comércio

internacional, responsável por 28,7% das exportações no mundo. Sua

participação no PIB mundial chegou a 16% perdendo somente para os EUA

com 22% ( somando os países UE que ficaram de fora da UEME, o PIB

praticamente se iguala ao norte-americano).

Cobrindo uma área com mais de 300 milhões de consumidores, o

euro tornou-se a única moeda capaz de competir com o dólar, de uma forma

que o iene japonês e o marco alemão jamais conseguiram.

Entretanto, o dólar continua sendo a moeda das transações

cambiais (80%) e das reservas internacionais (68,2% em dólar; 12,7% em euro;

5,3% em iene). O euro precisará de um bom tempo para se impor ante o dólar.

A Eurolândia crescerá ainda mais já na primeira década do século

21. Além da Dinamarca e Grã-Bretanha, que optaram por ficar fora da UEME,

mas que no futuro podem, eventualmente, decidir-se pela adoção do euro, em

outubro deste ano foi ratificado o Tratado de Nice, que permitirá a ampliação da

EU para dez países da Europa Central e do Leste – Polônia, Hungria,

República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Lituânia, Letônia, Estônia, Chipre e

Malta.

Esses países ainda passaram por um “período de experiência”,

até começarem a adotar o mecanismo cambial previsto pelo Sistema Monetário

Europeu (que define para as moedas nacionais uma faixa de oscilação de +/-

15% em relação ao euro). Só dois anos depois, será verificado o cumprimento

dos rígidos critérios de Maastricht, para aí decidir-se o ingresso na Eurolândia.

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Após a concretização da última fase do UEME – a introdução do

euro como papel-moeda – os políticos europeus vêm discutindo os próximos

passos para a eventual união política das nações que formam a UE.

A proposta do premiê alemão, Gerhard Schroeder, de dar à UE

uma constituição própria, e ao Parlamento Europeu mais poderes, ainda conta

com a resistência de vários países – como a Grã-Bretanha. Mas é consenso

entre os governantes que o processo de integração e ampliação deve

continuar.

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CONCLUSÃO

Após a II Guerra Mundial, o mundo assistiu a consolidação dos

EUA, no lado ocidental, URSS, no lado oriental, como as duas novas super

potências do pós-guerra.

As duas potências hegemônicas buscando ganhar territórios,

mercados e impor suas ideologias, travaram um duelo, conhecido como Guerra

Fria.

É nesse contexto, que a Europa, devastada pela guerra, busca se

reerguer econômica, política e socialmente. Ajudada pelos EUA, que buscava

um aliado forte, ante o temido avanço soviético, a Europa iniciou seu processo

de unificação, ainda que de forma tímida, culminando na implantação de uma

moeda única e caminhando em direção a união política.

Com efeito, a CE é uma construção política, econômica e social

única na história dos povos. Arrasada por séculos de guerras, resolve partir

para uma experiência inédita de cooperação e integração que, passo a passo,

foi se consolidando através das tentativas e erros de uma experiência que não

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teve modelos anteriores para servir como base. Hoje no entanto, é um modelo

que deve ser fonte de inspiração para muitas outras experiências similares.

Para que se possa compreender de forma mais clara o processo

de integração européia, é importante distinguir os diferentes níveis de

integração econômica e política, que podem ser alcançados por um grupo de

países. Desta forma, é essencial que se destaque o nível de integração a que a

CE se propôs a chegar em 1957 – o mercado comum – do que ela atualmente

pretende chegar – a união política:

· Zona de Livre Comércio – é a primeira fase da integração. Dentro

da zona existe livre circulação de mercadorias, mas não existe uma tarifa

comum dos países da zona com países terceiros.

· União aduaneira – além da livre circulação de mercadorias existe

uma tarifa exterior comum aplicada em todas as fronteiras da união.

· Mercado Comum – mais do que uma união aduaneira, o mercado

comum implica a existência da livre circulação de fatores de produção:

pessoas, serviços e capitais. O mercado comum também implica a adoção de

políticas comuns, coordenação e harmonização de legislações fiscais,

trabalhistas e de sociedades.

· União Econômica e Monetária – se as políticas econômica,

financeira e monetária têm legislações nacionais harmonizadas e chega-se à

adoção de regras e políticas comuns sob uma autoridade comum, temos a

união econômica. A união será monetária se houver câmbios fixos e

conversibilidade obrigatória e ilimitada das diferentes moedas nacionais.

Integração monetária pressupõe moeda única, política monetária unificada e

controle das reservas e taxas de câmbio por parte da união.

· União Política – pode ser a conseqüência final do processo de

integração econômica. Pressupõe a cooperação política em termos de política

externa, de segurança e de defesa, o que requer forte coesão econômica e

social.

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O ponto final do processo seria a adoção da Federação dos

Estados com uma autoridade única, ou a adoção da Confederação dos

Estados onde apenas as áreas acordadas passariam para a esfera

supranacional.

Longo e penoso foi o caminho percorrido para a unificação

européia, até aqui. Entretanto, esta longe de ter chegado ao fim, pelo contrário,

agora, depois da implantação do euro como moeda única, vem a parte mais

difícil – a integração política.

Além disso, para que o projeto da unificação se torne,

efetivamente, bem sucedido é necessário que se consolidem as instituições por

ele criadas, sendo necessário que se defina o papel de cada organismo dentro

do complexo alcançado da Unificação.

Desde a Comunidade Européia para o Carvão e o Aço, criada em

1950, passando pelo Tratado de Roma 1957, que institui a União Alfandegária

e posteriormente o mercado interno europeu, o Tratado de Maastricht sobre a

União Política e, finalmente, a implantação do euro como papel-moeda, em

2002, foi percorrido um longo caminho.

A despeito da discussão entre os euroentusiastas e os

eurocéticos, não se pode negar que, independente do que acontecer, o euro é

um projeto praticamente sem retorno, tamanho o trabalho e o custo que seria

voltar às “velhas” moedas nacionais.

Desde 1º de janeiro de 2002, o euro é a nova moeda comum

européia. Três anos depois de introduzido no mercado financeiro, na condição

de moeda abstrata, o euro chegou ao bolso dos consumidores, circulando em

12 países da União Européia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia,

França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, reunidos na

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“zona do euro” ou “Eurolândia”, naquela que foi a maior troca monetária da

história.

O estabelecimento da União Econômica e Monetária (UEM) e a

introdução da euro criaram novas estruturas, um novo potencial econômico, e

alteraram as dimensões do mercado em todo o mundo, trazendo uma maior

competição e, portanto, um crescimento maior para a Europa. Além disso, tanto

a nova moeda como a UEM não são apenas um instrumento econômico para a

integração européia: são também um instrumento político.

Mesmo com todos as críticas em relação à implantação do euro,

já na sua primeira década do século XXI, poderá ser observada a ampliação da

integração européia, pois, foi ratificado em Nice (2002), o referendo que

permitirá a ampliação da UE em mais dez países (Polônia, Hungria, República

Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Lituânia, Letônia, Estônia, Chipre e Malta).

Por se tratar de um projeto sem precedentes na história mundial,

é difícil prever a forma de uma Europa econômica e politicamente integrada.

Mas o desenvolvimento nessa direção certamente não pode ser detido.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BITTENCOURT, Silvia. O Euro. São Paulo: Publifolha, 2002. 82p. 2. ENCICLOPÉDIA NOVO SÉCULO. s.l.: Editora e Gráfica Visor do Brasil. V. 5, 8 e 9. 2002. 3. GUEROT, Ulrike et al. União Européia: transtornos e alcance da integração regional. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 2001. 101p. 4. HOBSBAWN, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX – 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 598p. 5. RÜHL, Lothar et al. Otan: anjo da paz ou policial internacional? São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 1999. 71p. 6. SCHAUER, Hans et al. Europa e os Estados Unidos: rivais ou parceiros? São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 1999. 70p. 7. SILVA, Michael, SJÖGREN, Bertil. Europa 1992: um novo jogo do poder mundial. São Paulo: Makron, 1991. 220p. 8. VELOSO, João Paulo dos Reis, MARTINS, Luciano, coord. A nova ordem mundial em questão. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. 433p.