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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS Aprendizagem colaborativa no ensino de química na modalidade EJA: um relato de experiência JAILSON ALVES FERREIRA Orientadora: Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências SÃO PAULO 2015

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS

Aprendizagem colaborativa no ensino de química na

modalidade EJA: um relato de experiência

JAILSON ALVES FERREIRA

Orientadora: Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral

Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências

SÃO PAULO

2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

F441a

Ferreira, Jailson Alves. Aprendizagem colaborativa no ensino de química na modalidade

EJA: um relato de experiência / Jailson Alves Ferreira. -- São Paulo; SP: [s.n], 2015.

97 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Carmem Lúcia Costa Amaral. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Ensino de química 2. Aprendizagem colaborativa 3. Educação

de jovens e adultos (EJA) 4. Química – Ensino médio – Guarulhos (SP) 5. Pesquisa qualitativa. I. Amaral, Carmem Lúcia Costa. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências. III. Título.

CDU: 54(043.3)

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Aprendizagem colaborativa no ensino de química na

modalidade EJA: um relato de experiência

Jailson Alves Ferreira

Dissertação de mestrado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 13/03/2015.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Profa. Dra. Rosemary Aparecida Santiago

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. Márcio Yuji Matsumoto

Instituto Federal de São Paulo

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AGRADECIMENTOS

Deus todo poderoso, por ter iluminado os meus passos e me guiado

sempre pelo caminho do bem, me dando muita força e sabedoria nos

momentos difíceis de minha vida.

A minha família, meu pai Ângelo e minha mãe Eurides, que me deram a

oportunidade de ter o mínimo necessário para ter chegado até aqui. A minha

querida esposa Islan, pela paciência, companheirismo e compreensão. Ao meu

querido filho Guilherme, que colaborou com a formatação do Abstract, e aos

raros momentos de distração, que me proporcionou.

Agradecimento especial ao meu pequenino Diogo, espirito de muita luz,

que Deus me encaminhou, suas inúmeras risadas e gargalhadas, me deram

nos momentos de angustias e inquietações, condições para seguir sempre em

frente, ao qual, sem ele, não conseguiria ter forças para terminar este trabalho.

Agradeço também a todos os meus amigos, que de maneira direta e

indiretamente, me auxiliaram e ajudaram em todas as disciplinas e para o bom

desempenho deste trabalho durante todo curso. Atenção especiais aos amigos

Fernando Henrique, Wyara Medeiros e Débora Hespanhol.

E também meus sinceros agradecimentos aos amigos João, Thiago,

Rodrigo, Juninho, Vergara, Guimarães e ao amigão Wladimir (Torto).

Aos meus queridos docentes, professora Norma, Delourdes, Tomaz,

Rosemary Santiago, (que inclusive participou de minha qualificação e defesa),

juntamente com o professor Márcio Matsumoto. Ao professor Rafael, do IFSP,

pela honra de ter me aceitado fazer o estágio supervisionado nesta instituição,

e é claro a minha orientadora, professora Carmem Lucia Costa Amaral.

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E finalmente, mas nem menos importante, a CAPES, pelo

financiamento a minha bolsa de estudo, junto a Universidade Cruzeiro do Sul.

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" Não existe fracasso, mas sim resultados. Resultados são consequências de ações.

Se mudarmos as ações poderemos mudar os resultados. Se você acredita que pode

realizar algo têm razão, se acredita que não consegue, também tem razão".

"O HOMEM É O QUE ELE ACREDITA "

Anton Tchecóv

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FERREIRA, J. A. Aprendizagem colaborativa no ensino de química na modalidade EJA: um relato de experiência. 2015. 97 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

RESUMO

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem como objetivo o compromisso com a

formação humana e com o acesso à cultura geral. Para alcançar esses objetivos, a

escola deve tanto auxiliar o professor no conhecimento e desenvolvimento de

metodologias diferenciadas quanto prepará-lo para articular e organizar um plano

político - pedagógico que possa facilitar a inserção destes alunos dentro de um

contexto cultural e social levando o professor a ampliar sua visão pedagógica em

relação aos conteúdos a serem trabalhados com esse alunado, pois estes devem

estar além dos conteúdos tradicionais voltados apenas a aprendizagem de

conceitos. O professor deve planejar atividades que desenvolvam também

conteúdos procedimentais e atitudinais, pois são estes que podem garantir a

autonomia do aluno em desenvolver habilidades necessárias para a sua

emancipação. Assim, o objetivo deste trabalho foi desenvolver atividades que

levassem os alunos da EJA a aprendizagem de conteúdos conceituais,

procedimentais e atitudinais, a partir da aprendizagem colaborativa, a qual vem

ganhando importância no meio educacional nos últimos anos, uma vez que

representa uma forma diferenciada de abordagem dos conteúdos escolares e

contribui para a capacidade de trabalhar em equipe, desenvolver um diálogo

reflexivo e identificar problemas na aprendizagem. O conteúdo escolhido para

desenvolver essas atividades foram os elementos químicos que compõe a tabela

periódica. A metodologia utilizada foi qualitativa do tipo pesquisa ação. Participaram

dessas atividades 84 alunos de duas turmas da 3ª série do Ensino Médio EJA de

uma escola pública, localizada, na região de Guarulhos (SP). Para o planejamento

das atividades nos baseamos em Zabala. O desenvolvimento das atividades pelos

alunos teve uma duração de quatro meses, durante esse período surgiram vários

desafios que foram sendo superados. Os resultados dessa experiência evidenciaram

que ao de desenvolver aspectos cognitivos, afetivos, sociais e relacionais nos

alunos, as atividades voltadas para o desenvolvimento dos conteúdos de

aprendizagem, possibilitaram trabalhar os conteúdos de química de uma forma

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dinâmica e tranquila, promovendo autonomia e ética, suscitando o aprender a fazer

e a conviver. Portanto, essas atividades atendem às expectativas da modalidade de

ensino EJA.

Palavras–chave: Aprendizagem colaborativa, EJA, Conteúdos de aprendizagem.

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FERREIRA, J. A Collaborative learning in chemistry teaching in adult education mode: an experience report. 2015. 97 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

ABSTRACT

The education of Young people and Adults (EJA) aims commitment to human

development and access to general culture. To achieve these goals, the school must

help the teacher both in knowledge as in development of different methodologies to

prepare him to articulate and organize a political pedagogical plan that can facilitate

the integration of these students within a cultural and social context and for this, the

teacher should expand their educational vision for the contents to be worked with this

student body, they should be beyond of the traditional content only aimed at learning

concepts. The teacher should also plan activities that develop procedural and

attitudinal contents, because these contents can guarantee the autonomy of the

student to develop skills necessary for their emancipation. The objective of this study

was to develop activities that would take students of EJA to the learning of

conceptual, procedural and attitudinal contents of the collaborative learning, which is

getting importance in the educational environment in recent years, since it represents

a different way approach of classroom content and contributes to the ability to work in

teams, develop a reflective dialogue and identify problems in learning. The content

chosen to develop these activities were the chemical elements that make up the

periodic table. The methodology was qualitative research type action. Participated in

these activities 84 students from two classes from 3rd grade of high school of EJA a

public school located in the region of Guarulhos (SP). For planning activities we

based on Zabala. The development of activities by the students lasted four months

and during this period there were several challenges that were overcome. The results

of this experiment showed that in addition to developing cognitive, emotional, social

and relational aspects in students, the activities related to the development of the

learning content, allowed to work all the content of Chemistry of a dynamic and quiet

way, promoting autonomy and ethics, evoking the learn to do and to live. Therefore,

these activities correspond to the expectations of teaching modality of EJA.

Key - words: Collaborative learning, EJA, Learning content.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Cone da Experiência de Dale ............................................................ 24

Figura 2 – Respostas das questões 1 e 2 do questionário............................... 54

Figura 3 – Resposta das questões 3 do questionário...................... ................. 56

Figura 4 – Resposta da questão 4 do questionário .......................................... 57

Figura 5 – Resposta da questão 5 do questionário .......................................... 57

Figura 6 – Respostas das questões 6 e 7 do questionário.. .............................59

Figura 7 – Resposta da questão 8 do questionário.................................. ......... 61

Figura 8 – Resposta da questão 9 do questionário................................. .......... 61

Figura 9 – Palavras cruzadas aplicada na turma do 3ºA .................................. 78

Figura 10 – Palavras cruzadas aplicada na turma do 3ºB................................. .. 79

Quadro 1 – Características entre o ensino tradicional e a aprendizagem

colaborativa ........................................................................................ 20

Quadro 2 – Cronograma das aulas................................. ...................................... 44

Quadro 3 – Pesquisa de reconhecimento social dos alunos ............................. 46

Quadro 4 – Objetivos e avaliações das atividades................................. ............ 48

Quadro 5 – Conteúdos de aprendizagem de cada atividade.............................. 64

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de palavras e frase criada pelos grupos da turma do 3ºA

............................................................................................................. 69

Tabela 2 – Número de palavras e frase criada pelos grupos da turma do 3ºB

............................................................................................................. 70

Tabela 3 – Quantidade de acertos na palavra cruzada do 3ºA...................... ... 81

Tabela 4 – Quantidade de acertos na palavra cruzada do 3ºB ......................... 81

Tabela 5 – Sequência de apresentação dos líderes dos grupos da turma do

3ºA ....................................................................................................... 84

Tabela 6 – Sequência de apresentação dos líderes dos grupos da turma do

3ºB................................................ ........................................................ 84

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 16

1.1 Objetivo ......................................................................................................... 18

1.1.1 Objetivo Específico....................................................................................... 18

1.2 Estruturação da Dissertação ....................................................................... 18

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 19

2.1 Aprendizagem colaborativa ......................................................................... 19

2.2 A importância da aprendizagem colaborativa na EJA .............................. 22

2.3 A modalidade de ensino da EJA ................................................................. 25

2.4 Reflexões e desafios do ensino na modalidade EJA................................. 29

2.5 A escola como melhoria na qualidade de vida dos alunos da EJA ......... 32

2.6 A EJA e o Mundo do Trabalho ..................................................................... 34

2.7 Atuações dos docentes na EJA .................................................................. 36

2.8 Avaliação na EJA .......................................................................................... 38

3 METODOLOGIA ............................................................................................. 43

3.1 Tipo de Pesquisa .......................................................................................... 43

3.2 Sujeitos da pesquisa .................................................................................... 44

3.3 Caracterização da escola ............................................................................. 47

3.4 Desenvolvimento das atividades ................................................................ 47

3.4.1 Primeira atividade (Brincando com os Elementos) ................................... 49

3.4.2 Segunda atividade (Vídeo – aula) ................................................................ 50

3.4.3 Terceira atividade (Leitura de Texto e Seminário) ..................................... 51

3.4.4 Quarta atividade (Aula Expositiva) .............................................................. 51

3.4.5 Quinta atividade (Atividade Lúdica) ............................................................ 52

3.4.6 Sexta atividade (Pesquisa sobre os elementos) ........................................ 52

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 53

4.1 Perfil dos alunos ........................................................................................... 53

4.2 Etapas do desenvolvimento da pesquisa ................................................... 62

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4.2.1 Planejamento e Conteúdos de Aprendizagem ........................................... 63

4.2.2 Primeira atividade ......................................................................................... 68

4.2.3 Segunda atividade ........................................................................................ 72

4.2.4 Terceira atividade ......................................................................................... 74

4.2.5 Quarta e quinta atividade ............................................................................. 76

4.2.6 Sexta atividade .............................................................................................. 81

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 86

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 89

APÊNDICE ................................................................................................................ 94

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ANTECEDENTES DA PESQUISA

Iniciei o Ensino Fundamental aos sete anos em uma escola que ficava um

pouco longe de minha casa e apresentava condições educacionais muito precárias.

Mesmo assim, conclui essa etapa de ensino nessa escola. Aos quatorze anos, meu

pai conseguiu uma carta da empresa em que trabalhava e me inscreveu no curso de

Mecânica Industrial do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) em

Guarulhos. Nessa instituição, finalizei esse curso no ano de 1992, juntamente com o

meu Ensino Médio em uma escola pública localizada também em Guarulhos no

período noturno.

Após a conclusão desses cursos fiquei longe da escola por um bom período

e foi apenas no segundo semestre de 2001 que consegui ingressar na Universidade

Guarulhos no curso de Química (Licenciatura e Bacharelado). No começo tive

muitas dificuldades de adaptação, pois além de trabalhar o dia todo em uma

metalúrgica como torneiro mecânico, eu tinha ficado muitos anos fora da escola. Eu

estava totalmente sem ritmo de estudo. Quando terminei o quarto semestre, prestei

um concurso para professor de Química da Educação Básica na rede estadual de

ensino e assumi o cargo no ano de 2005 cheio de dúvidas e indagações, sem muita

experiência, mas com muita vontade de auxiliar os alunos a compreenderem esta

Ciência tão fascinante que nos rodeia a todo instante.

Em 2007 tive o primeiro contato com alunos da modalidade EJA (Educação

de Jovens e Adultos) e fiquei surpreso tanto com a quantidade de aprendizes que

não conseguiam terminar seus estudos em tempo regular, quanto com a dificuldade

que esses alunos mostravam em compreender os princípios básicos da química.

Assim, comecei a me questionar: que tipo de atividades eu poderia desenvolver com

esses alunos para auxiliá-los na aprendizagem dos conteúdos de Química?

Como não consegui responder a esse questionamento sozinho, resolvi me

matricular no que seria minha primeira pós–graduação (lato sensu), Especialização

em Química na área da Educação, que contribuiu de forma muito significativa, tanto

na área pedagógica como na específica, pois consegui desenvolver em sala de aula

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técnicas e estratégias de ensino importantes para o desenvolvimento e

entendimento dos alunos quanto aos conteúdos escolares de Química.

Este curso também me proporcionou fazer o que seria minha primeira

monografia, a qual teve como título: Aplicações de Energia Ionizantes em Medicina

Nuclear, sob a orientação da prof.ªMSc. Maria Ambrosina da Costa. Entretanto, essa

pós-graduação não foi suficiente para responder aos muitos questionamentos, que

ainda possuía com o tipo de alunado que trabalhava.

Assim, não satisfeito, depois de dois anos veio a segunda pós - graduação,

também lato sensu, Especialização em Química para Professores. Este curso

contribuiu de forma significativa para o meu trabalho em sala de aula, pois a partir

dele pude aprender métodos diferenciados e ferramentas importantes que me

auxiliaram dentro da minha disciplina. Neste curso, minha monografia foi elaborada

dentro da área da educação com o tema: A Contextualização no Ensino de Química:

O tema pH e sua contextualização nos livros didáticos, sob a orientação da profª

MSc. Karina Aparecida de Freitas Dias. E por fim, fiz uma outra graduação, agora

em Pedagogia.

Percebi que minhas práticas pedagógicas ainda continuavam insuficientes

para explicar determinados conteúdos, pois os alunos da EJA, apesar de todo meu

esforço continuavam não entendendo-os e, consequentemente, não conseguiam

perceber a importância da química na sua vida. Isto me fez novamente refletir e me

indagar: Como e o que eu poderia fazer para melhorar minha prática e auxiliar os

alunos do EJA a compreenderem a Química? Como apresentar conteúdos escolares

de Química realmente significativos para que os alunos da EJA possam ter uma

formação cientifica mínima desejável?

Para responder a estes questionamentos, e ao mesmo tempo, enfrentar os

desafios atuais da escola, decidi me matricular no curso de Mestrado stricto sensu

na área de Ensino de Ciências da Universidade Cruzeiro do Sul. Durante as aulas

me identifiquei com a temática e estratégia pedagógica de aprendizagem

colaborativa, pois a mesma me pareceu muito atrativa, para melhoria de minha

prática em sala de aula, assim como no desenvolvimento de habilidades e

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competências necessárias para a formação do aluno crítico e pensante, além de

contribuir para a socialização entre os alunos e para a interação professor/aluno.

Assim, dei início ao meu projeto de mestrado envolvendo a temática EJA e

aprendizagem colaborativa, cujos resultados geraram essa dissertação.

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Declaração de Hamburgo:

A Educação de Jovens e Adultos engloba todo o processo de aprendizagem, formal e informal, onde pessoas consideradas “adultas” pela sociedade desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando – as para a satisfação de suas necessidades e as de sua sociedade (Declaração de Hamburgo, 1999, p .19).

O processo de aprendizagem citado na declaração acima passa pelo

desenvolvimento de metodologias apropriadas para esse tipo de aluno. Mas, embora

nas últimas décadas tenhamos observado na literatura uma ampliação nas

discussões em torno de metodologias utilizadas para promover a aprendizagem de

alunos da EJA, na prática cotidiana muitas dessas metodologias não chegam à sala

de aula.

O que se percebe na prática escolar é que a própria escola não estimula seu

professor a buscar o conhecimento e desenvolvimento dessas metodologias e nem

os prepara para articular e organizar um plano político pedagógico que possa

facilitar a inserção do aluno dentro de um contexto cultural e social, visando sua

emancipação pessoal, individual, política e comunitário (SÃO PAULO, 2013).

Considerando principalmente a formação integral do aluno, o professor deve

levar em consideração uma série de conteúdos de diferentes características para o

desenvolvimento da aprendizagem. De acordo com Coll (1997) os conteúdos são

formas culturais e de saberes selecionados para integrar as diferentes áreas

curriculares em função dos objetivos gerais da área de formação de cada disciplina.

Para Zabala (1998) o termo “conteúdo” geralmente é utilizado para designar

aquilo que é preciso aprender cognitivamente para alcançar o entendimento sobre

um determinado assunto. Entretanto, conteúdo também inclui a aprendizagem de

outras capacidades como, por exemplo, a motora, afetiva, de relação interpessoal e

de inserção social.

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Salvador (1994) descreve que os conteúdos devem estar relacionados com

os objetivos que se pretende e o uso que deles deve-se fazer, ou seja, os

professores devem trabalhar em sala de aula não somente os conteúdos

conceituais, mas também os conteúdos procedimentais e atitudinais, pois são estes

que podem levar o aluno a autonomia e ao desenvolvimento de atitudes e

habilidades necessárias para a sua emancipação.

De acordo com Coll (1997) os conteúdos conceituais são aqueles que

envolvem o “saber” (abordagem de conceitos), os procedimentais são “saber fazer”

(análise e crítica de resultados), e os atitudinais são os que admitem “ser” (normas e

valores das ações educativas).

É importante que os conteúdos desenvolvidos em sala de aula possam levar

os alunos a discussões e interações entre seus pares, e não somente vinculá-los ao

exercício do seu trabalho, desenvolvê-lo em conjunto com seus colegas, a partir de

exemplos reais e com debates em grupos, discutindo de que maneira aqueles

conteúdos poderão ajuda – los na vida pessoal e profissional, também fazem parte

do cotidiano escolar (SÃO PAULO, 2013, p. 31).

Assim, as expectativas de aprendizagens dos alunos da EJA devem se

redimensionar e ressignificar em torno de um eixo central que se enquadre nas

perspectivas das atividades dadas em sala de aula, com estratégias que facilitem o

desenvolvimento de conteúdos procedimentais e atitudinais, pois as mesmas

conseguem fazer com que o aluno não seja um mero espectador da sua

aprendizagem, e sim o protagonista.

Diante disso, surgiu a questão que norteou essa dissertação: Como

desenvolver atividades que levem os alunos da EJA a uma aprendizagem dos

conteúdos de química, e ao mesmo tempo desenvolver conteúdos procedimentais e

atitudinais?

Uma vez que para esse tipo de aluno é mais interessante que seja

desenvolvida em sala de aula a estratégia pedagógica da aprendizagem

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colaborativa, para responder a esta questão, no decorrer do semestre, foi construído

e aplicado seis atividades diferentes cujos resultados relatamos nesta dissertação.

1.1 Objetivo

O presente trabalho teve como objetivo desenvolver atividades que

levassem os alunos da EJA a aprendizagem de conteúdos conceituais,

procedimentais, e atitudinais, utilizando como estratégia pedagógica a aprendizagem

colaborativa.

1.1.1 Objetivo específico

Identificar se na aprendizagem colaborativa ocorre a participação ativa dos

alunos da EJA no seu processo de aprendizagem, melhorando a apropriação do

conhecimento científico.

1.2 Estruturação da dissertação

A partir da questão problema e dos objetivos pretendidos, desenvolvemos

esta dissertação, que está estruturada da seguinte maneira: No Capítulo 2,

buscamos teóricos e pesquisadores que escrevem a respeito de conteúdos de

aprendizagem e os benefícios da inserção de atividades que podem gerar uma

aprendizagem colaborativa como estratégia pedagógica, e outros que tratam da

modalidade EJA. No Capítulo 3, descrevemos como foram planejadas e realizadas

as atividades, apresentando os alunos da EJA e a escola. No Capítulo 4,

apresentamos os resultados da aplicação dessas atividades em sala de aula e as

análises pautados nos autores que discutem aprendizagem na EJA, atividades que

facilitem o desenvolvimento da aprendizagem colaborativa, conteúdos conceituais,

procedimentais e atitudinais, e finalizamos descrevendo nossas considerações finais

sobre a utilização das atividades no processo de ensino e aprendizagem destes

alunos, assim como alguns subsídios das análises para estudos futuros desta

abordagem.

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19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo abordamos o referencial teórico que nos auxiliou na

preparação das atividades, bem como na sua análise. Iniciamos conceituando sobre

aprendizagem colaborativa e expondo a sua importância como perspectiva teórica

ou estratégia pedagógica para o desenvolvimento dos conteúdos de aprendizagem.

Na sequência, apresentamos a EJA, suas principais características como

modalidade de ensino, a relação dos alunos com o emprego, as reflexões e desafios

dos professores que adotam este tipo de alunado para desenvolver uma melhor

compreensão dos conteúdos escolares.

2.1 Aprendizagem colaborativa

Atualmente, o termo aprendizagem colaborativa apresenta vários

significados, dentre eles, comunidades colaborativas, unidades de aprendizagens,

ambientes colaborativos de aprendizagem, etc, e apesar de ser uma abordagem

muito complexa e de difícil compreensão, está sendo muito utilizada no meio

educacional, principalmente no Ensino a Distância.

Na área educacional a aprendizagem colaborativa é considerada uma

estratégia didática onde os alunos aprendem compartilhando experiências e

conhecimentos previamente adquiridos ou construídos e interagem para criar um

conhecimento compartilhado. A ênfase desse modo de aprender/ensinar recai sobre

essa interação (TORRES; ALCANTARA; IRALA, 2004).

Ainda, segundo Torres (2007)

A colaboração designa atividades de grupo que pretendem um objetivo em comum, implicando a regularidade da troca, o trabalho em conjunto, a constância da coordenação. Deriva de dois postulados principais: de um lado, da rejeição ao autoritarismo à condução pedagógica com motivação hierárquica, unilateral; de outro, trata-se de concretizar uma socialização não só pela aprendizagem, mas principalmente na aprendizagem. Pode-se generalizar a ideia de que qualquer atividade desenvolvida em conjunto, animada por um objetivo final que leve a aquisições determinadas, é uma situação de aprendizagem colaborativa (TORRES, 2007, p. 340).

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A mesma pesquisadora afirma que as principais diferenças entre uma aula

tradicional e uma experiência colaborativa está na maneira como os professores e

os alunos manipulam as estruturas hierárquicas e as relações de poder.

O quadro 1 apresenta as diferentes características, entre o ensino tradicional

e a aprendizagem colaborativa.

CARACTERÍSTICAS DO

PROCESSO DIDÁTICO DO ENSINO

TRADICIONAL

CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM

COLABORATIVA

O professor é o responsável pela

aprendizagem.

O aluno é responsável pela aprendizagem.

O ensino é um processo de instrução. O ensino-aprendizagem é um processo de

construção.

Os alunos são passivos. Os alunos são ativos.

O professor instrui e dá aulas

expositivas.

O professor facilita e aconselha (o professor atua

como um tutor)

O aluno trabalha com material apenas

escrito, gravado ou televisionado.

O aluno tem possibilidade de ter acesso a um

número muito grande de informações por meio

das novas tecnologias educacionais.

O aluno recebe informação. O aluno é uma pessoa criativa que resolve

problemas e usa a informação.

Projetos e conquistas individuais. Trabalho colaborativo.

Quadro 1 – Características entre o ensino tradicional e a aprendizagem colaborativa. Fonte: Torres (2007, p.340)

Como descreve Torres (2007), as características descritas nesse quadro

mostram que na metodologia colaborativa a aprendizagem é um processo

extremamente ativo que se desenvolve em uma construção colaborativa entre os

pares; os papéis de cada componente do grupo são definidos pelo próprio grupo; a

autoridade é compartilhada; o professor é um facilitador, um tutor que auxilia no

desenvolvimento da aprendizagem; ocorre uma divisão na responsabilidade da

aprendizagem no aluno, ou seja, cada componente do grupo é responsável pela

aprendizagem do outro colega.

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Matthews et al. (2006 apud TORRES, 2007) destacam as principais

características da aprendizagem colaborativa:

A organização do grupo cabe aos próprios alunos;

O professor acredita que os alunos já possuem habilidades

sociais e responsabilidade para completar atividades no trabalho

colaborativo;

Os trabalhos desenvolvidos em colaboração são avaliados

pelos alunos e apenas entregue ao professor no final de cada estágio

da atividade;

Os próprios alunos resolvem questionamentos e conflitos no

grupo. (TORRES, 2007, p.341)

Um estudo feito por Laister e Kober (2005), apontam alguns motivos para a

aprendizagem colaborativa (AC) apresentar-se como uma forma de ensino bem-

sucedida. Destacando - se:

A eficácia da aprendizagem tanto em curto prazo, com relação

ao aprendizado do assunto proposto, quanto da aprendizagem em

longo prazo;

Aumento no desenvolvimento das habilidades cognitivas e de

auto - estima;

A habilidade de resolução de problemas aumenta

gradativamente com os trabalhos em grupo, auxiliando no

desenvolvimento de traços positivos e personalidade, além de

melhorar o desempenho do aluno, se comparado com atividades

individuais;

A aprendizagem colaborativa habilita o sujeito para viver de

forma mais autônoma e mais colaborativa.

E de acordo com Torres (2007)

Tem-se, pois, na aprendizagem colaborativa, a atenção centrada não somente no momento presente do aluno e na aprendizagem dos conteúdos ministrados, mas também no seu futuro como cidadão, com o desenvolvimento de habilidades pessoais que podem trazer benefícios sociais e profissionais (TORRES, 2007, p. 342).

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Para Vygotsky (1998), o aluno ao desenvolver um trabalho em colaboração

com um colega mais apto intensifica a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). A

ZDP é interpretada como a faixa de desenvolvimento potencial que cada pessoa tem

para aprender. Desta forma, o desenvolvimento cognitivo completo requer interação

com outros colegas.

Ainda segundo Vygotsky (1998), o indivíduo tem a necessidade de interagir

com o meio social para, a partir deste ponto, se desenvolver cognitivamente, ou

seja, é importante que o indivíduo antes de internalizar qualquer relação ou

informação tenha uma interação social com o objeto de estudo.

Pesquisadores, como por exemplo, Barros et al. (2004) descrevem que com

a aprendizagem colaborativa, os alunos têm ganhos consideráveis, em termos de

compreensão conceitual, entusiasmo e socialização, além de aprender

significativamente.

Damiani (2006) verificou o desenvolvimento de aprendizagem colaborativa

em uma disciplina de um curso de Pedagogia, onde os estudantes estabeleceram

diferentes raciocínios e comportamentos para a resolução de problemas,

enriquecendo seus repertórios e a suas ações.

Resultados similares foram obtidos por Garcia (2006), que avaliou trabalhos

desenvolvidos por pares de alunos, em um curso técnico de eletrônica, onde os

mesmos desenvolveram projetos de construção de equipamentos. O trabalho deste

pesquisador, também evidenciou um aumento significativo na motivação dos

estudantes, que conseguiram ampliar a discussão para além da sala de aula,

desenvolvendo autonomia na resolução de problemas.

2.2 A importância da aprendizagem colaborativa na EJA

A importância de discussões realizadas em sala de aula entre os alunos e

organizadas em grupos, sem a presença do professor, são fundamentais para a

aprendizagem de conceitos. Mortimer e Machado (2012), ao realizarem uma

pesquisa onde os alunos desenvolveram atividades em grupo, observaram que o

aluno dentro do grupo tem a oportunidade de confrontar suas opiniões com as dos

colegas e não se sente constrangido em expressar suas opiniões, algo que muitas

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vezes ocorre com os alunos mais tímidos nas discussões com toda a classe,

organizadas pelo professor.

Além disto, estará o aluno automaticamente desenvolvendo competências e

habilidades para o crescimento contínuo do seu aprendizado dentro e fora da

escola. Esta nova maneira de agir e pensar leva o aluno a adotar novas atitudes e

de formar novos valores.

Dessa forma, aplicar atividades onde o aluno pode desenvolver uma

aprendizagem colaborativa torna-se uma estratégia positiva para o ensino e contribui

para a formação cidadã do aluno. Experiências de aprendizagens colaborativas

entre alunos com habilidades diversas, entre eles e seus familiares e professores e

ainda entre docentes, promovem o desenvolvimento de toda a comunidade escolar

(LAVELBERG, 2014).

Dale (1969) realizou um estudo sobre o que as pessoas são capazes em

termos de competências e habilidades, ao terem a oportunidade de aprender por

diferentes tipos de atividades. Seus resultados evidenciaram que os estudantes

retêm mais informações pelo que eles podem fazer em oposição ao que é ouvido,

lido ou somente observado.

Ainda segundo esse autor, os estudantes precisam desenvolver

competências e habilidades necessárias para listar, escrever, explicar, definir,

demonstrar, aplicar, praticar, projetar criar, avaliar, argumentar e saber julgar.

Seu estudo levou ao desenvolvimento do Cone da Experiência, onde

atualmente é conhecido como “aprendizagem experimental” ou “aprendizagem de

ação”. Na figura 1, está representado o cone da experiência.

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Figura 1- Cone da Experiência de Dale. Fonte - Disponível em http://teacherworld.com/potdale.html

Para esse autor, a aprendizagem fica menos eficaz quando apenas parte

das informações é apresentada através de símbolos verbais, ou seja, ouvindo as

palavras faladas ou fazendo leitura. As atividades que envolvem direta e

propositalmente experiências de aprendizagem, tais como projetos, demonstrações

ou experiência de campo, são mais eficazes. As experiências representam a

realidade cotidiana: determinam o que é possível saber fazer, fazendo.

As pessoas são capazes de aprender de forma mais ativa quando

conseguem expor ideias verbalmente e realizar atividades colaborativas, simular ou

modelar uma experiência real, construir uma maquete, etc. Quanto mais atividades

atenderem às habilidades previstas no cone (de cima para baixo) maior o progresso

constatado e mantido. Quanto à construção dos conhecimentos, maior será sua

compreensão e retenção do conhecimento construído.

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Ainda de acordo com Dale (1969), quando se trabalha com alunos da EJA,

os professores devem projetar atividades que possam ser desenvolvidas

coletivamente e com base em experiências de vida desses alunos, pois isso auxilia

no desenvolvimento de competências e habilidades.

A produção e o conhecimento são processos essencialmente coletivos. Uma

pessoa sabe mais com as outras do que sozinha. As pessoas não vivem sozinhas,

vivem umas com as outras, produzem e indagam o mundo coletivamente. Se

alguém está lendo alguma coisa e encontra um problema, indaga ao outro, pede

explicação, opinião, comentário; o outro responde, complementa, faz na interlocução

o sentido (SÃO PAULO, 2008, p. 34).

E ainda nesta perspectiva, o documento da SMESP descreve que:

A ação educativa, numa proposta pedagógica de formação integral, deve considerar as individualidades, as singularidades, as necessidades de cada um dos participantes, mas sempre as compreendendo dentro de um processo coletivo. Isso é uma opção política, é a definição de uma forma de ensinar, de aprender, de avaliar e de agir em função da práxis (SÃO PAULO, 2008, p.35).

Portanto, diante dos argumentos que este documento nos traz, podemos

analisar e concluir que na interação com o outro, além de produzirmos conhecimento

diferentes que não são adquiridos por cada participante do processo, podemos dizer

que somos mais capazes de resolver problemas, de produzir alternativas e de criar

novas possibilidades em equipe, que isoladamente.

2.3 A modalidade de ensino da EJA

A EJA como modalidade educacional que atende a estudantes

trabalhadores, tem como finalidades e objetivos o compromisso com a formação

humana e com o acesso à cultura geral, de modo que seus alunos aprimorem sua

consciência crítica, e adotem atitudes éticas e compromisso político para o

desenvolvimento da sua autonomia intelectual.

O papel fundamental da construção curricular para a formação dos

estudantes desta modalidade de ensino é fornecer subsídios para que se afirmem

como sujeitos ativos, críticos, criativos e democráticos. Tendo em vista esta função,

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a educação deve voltar-se a uma formação na qual os educandos possam aprender

permanentemente; refletir de modo crítico; agir com responsabilidade individual e

coletiva; participar do trabalho e da vida coletiva; comportar-se de forma solidária;

acompanhar a dinamicidade das mudanças sociais; enfrentar novos problemas

construindo soluções originais com agilidade e rapidez, a partir do uso

metodologicamente adequado de conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio -

históricos (KUENZER, 2000, p. 19).

O atendimento preferencialmente aos estudantes acima de 18 anos é uma

das formas de garantir a especificidade desta modalidade educacional e responder

ao critério basilar que a constituiu, ou seja, a educação do público adulto. A EJA

contempla, também, o atendimento a estudantes com necessidades educacionais

especiais. Considerando sua singular situação, dá-se prioridade a metodologias

educacionais específicas que possibilitem o acesso, a permanência e o seu êxito no

espaço escolar (PARANÁ, 2006).

Quanto às diretrizes curriculares para a EJA, o Parecer nº 11/2000 diz valer

as diretrizes do Ensino Fundamental e Médio. Assim, os Pareceres CEB/CNE 04/98

e 15/98 e as respectivas Resoluções CEB/CNE 02/98 e 03/98, se estendem para a

modalidade de Jovens e Adultos no Ensino Fundamental e Médio. Alguns aspectos

exclusivos do EJA são preconizados na Resolução CEB/CNE nº 1, de 5 de julho de

2000, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de

Jovens e Adultos.

E, ainda segundo, Campelo (2013):

[...] nesse sentido, a função reparadora da EJA se articula estreitamente com a sua função equalizadora e, de certa forma, com a função qualificadora. No cumprimento da sua função reparadora, “[...] a EJA necessita ser pensada como um modelo pedagógico próprio a fim de criar situações pedagógicas e satisfazer necessidades de aprendizagem de jovens e adultos [...]”, o que não deve ser confundido com a banalização e o aligeiramento de cursos e Programas da EJA – que, ao contrário do que se pretende, acentuariam ainda mais a necessidade da função reparadora. Nesse caso, as supostas ações reparadoras distanciariam cada vez mais essa função da EJA do seu ponto de chegada – a igualdade de oportunidades. (CAMPELO, 2013, p. 215).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96), em

seu artigo 37, prescreve que “a Educação de Jovens e Adultos será destinada

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àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental

e Médio na idade própria’’. No artigo 38, a lei determina que os cursos e exames

supletivos mantidos pelos sistemas de ensino, devem respeitar a base nacional

comum do currículo, para que possam habilitar seus alunos a prosseguirem os

estudos em caráter regular (BRASIL, 1996).

A partir de uma Emenda Constitucional, criou-se o Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef),

regulamentado pela Lei n. 9424/96, na qual é vetada a contabilização das matrículas

no Ensino Fundamental nos cursos de EJA para fins de repasse desses recursos, ou

seja, é vetada e de não obrigatoriedade a inserção de recursos para essa

modalidade de ensino (SCHNEIDER, 2008).

E depois da criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

Básica, (FUNDEB) em 2007, imaginava – se que haveria alguns avanços em todos

os níveis de ensino, inclusive na EJA, em relação a verbas e materiais didáticos.

Mas infelizmente o que se viu, foi o número de ofertas desta modalidade de ensino

aumentar, e a quantidade de recurso permanecer a mesma (DA SILVA; PRADO;

BRITO, 2010).

Conforme Zanetti (1998), os repasses de verbas ficaram inviabilizados para

inclusão do público da EJA no financiamento da Educação Básica, o que evidenciou

descaso no atendimento a esta demanda, causando um enorme prejuízo em termos

de materiais didáticos e humanos para a melhoria da qualidade de ensino para estes

alunos.

E ainda de acordo com Brzezinski (1997)

[...] ao analisar criticamente a lei, afirma que “a LDB transformou a EJA em uma educação de segunda classe. A LDB trata-a de maneira parcial, priorizando o ensino fundamental em detrimento dos outros níveis e grupos sociais”. Acrescentamos que a LDB não dedicou um artigo sequer à questão do analfabetismo. (BRZEZINSKI, 1997, apud SCHNEIDER, 2008, p.4)

Estas e outras observações são feitas criticamente, quando analisamos a

EJA nesta perspectiva das políticas públicas, ou seja, além de não possuir uma

verba específica que ajude na manutenção desta modalidade de ensino, ela

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simplesmente é carente de qualquer ajuda do Estado quando se trata de bens

materiais ou recursos didáticos.

Nesta elucidação, também é observado que praticamente não existem

cursos específicos de capacitação ou especialização para docentes nesta área de

ensino, fazendo com que muitos atuem de maneira totalmente desprovida e sem

planejamento.

Em relação a isso, Soares (2008) adverte que:

As ações das universidades com relação à formação do educador de jovens e adultos ainda são tímidas se considerarmos, de um lado, a relevância que tem ocupado a EJA nos debates educacionais e, de outro, o potencial destas instituições como agência de formação (SOARES, 2008, p.86)

Ainda dentro deste contexto Machado (2000), salienta que:

Há um desafio crescente para as universidades no sentido de garantir/ampliar os espaços para discussão da EJA, sejam nos cursos de graduação, pós-graduação e extensão, sendo fundamental para isto considerar a produção já existente em Educação de Jovens e Adultos. É preciso ultrapassarmos os estágios a que já chegamos, no sentido de buscar melhor definição dos conceitos e aportes teóricos que referendam as pesquisas em EJA, assim como seus procedimentos metodológicos. (MACHADO, 2000, p.16).

E em relação aos docentes, Haddad e Di Pierro (1994) ao sintetizar, as

principais preocupações com relação a formação docente na esfera da EJA,

salientam que:

Os professores que trabalham na educação de Jovens e Adultos, em sua quase totalidade, não estão preparados para o campo especifico de sua atuação. Em geral, são professores leigos ou recrutados no próprio corpo docente do ensino regular. Note – se que na área especifica de formação de professores, tanto em nível médio quanto em nível superior, não se tem encontrado preocupação no campo especifico da EJA; deve – se também considerar as precárias condições de profissionalização e de remuneração destes documentos. (HADDAD; DI PIERRO, 1994, p.15)

É característica dessa modalidade de ensino a diversidade do perfil dos

estudantes, com relação à idade, ao nível de escolarização em que se encontram, à

situação socioeconômica e cultural, às ocupações e à motivação pela qual procuram

a escola.

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Para tanto, esta modalidade de ensino deve ser respeitada em toda sua

grandeza, e não apenas ser mais uma forma de disfarce social do sistema autoritário

do Estado para camuflar as más administrações educacionais, que vem ao longo

dos anos se arrastando com objetivos bem distintos do que a sociedade espera dos

alunos que frequentam a EJA. As autoridades educacionais e, principalmente, a

população não pode perder a oportunidade de definir e reconhecer a educação de

jovens e adultos como sendo parte constitutiva do sistema regular de ensino ela não

deve ser deixada de lado, mas sim mantida como uma modalidade de ensino

voltada para uma clientela especifica (ROMÃO, 2011).

2.4 Reflexões e desafios do ensino na modalidade EJA

Mesmo sabendo que o principal atributo para quem não conseguiu terminar

seus estudos ainda seja a incompatibilidade de horário e calendários das aulas com

o calendário do trabalho, atualmente, ao contrário do que se imagina, a modalidade

EJA não atende mais apenas à população carente de homens e mulheres com

idades avançadas e que ficaram muitos anos longe do convívio escolar.

O número de estudantes de idades inferiores, entre 18 e 25 anos, que

ingressam neste tipo de modalidade de ensino vem crescendo gradativamente nos

últimos anos. Esse fenômeno de evasão ou migração de turmas regulares para EJA

vem preocupando e deixando em alerta as várias instituições de ensino e

colaboradores que fazem parte do sistema educacional.

Este novo tipo de alunado (adolescentes), que abrange, principalmente,

meninos e meninas com reprovação no ensino fundamental II, e consequentemente,

por vários motivos de evasão escolar, se apresentam para terminar seus estudos

com necessidades de aprendizagens bem distintas e, na maioria das vezes, com

perspectivas e expectativas diferentes, tendo a necessidade de retornar a escola

para atender as exigências de competitividade do mercado de trabalho, tornando

muitas vezes seu projeto de vida principal (SÃO PAULO, 2013).

Como afirmam Gadotti e Romão (2011):

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O contexto cultural do aluno trabalhador deve ser a ponte entre o seu saber e o que a escola pode proporcionar, evitando, assim, o desinteresse, os conflitos e a expectativa de fracasso que acabam proporcionando um alto índice de evasão. (GADOTTI; ROMÃO, 2011, p. 143)

A forma e velocidade com que as informações estão sendo processadas e

passadas pelas mídias digitais e sociais, ou simplesmente pela explosão da

globalização da internet, faz com que essas novas maneiras de comunicação

mudem completamente a forma de se trabalhar com esses alunos em sala de aula.

E, partindo desta premissa, nós professores, passamos a ter como principais

desafios na EJA a utilização de uma metodologia adequada de ensino, considerando

as especificidades dos alunos jovens e adultos e sempre respeitando a

heterogeneidade de traços, origens e ritmo de aprendizagem (SÃO PAULO, 2013).

O professor deve se preocupar e ter uma reflexão da sua prática pedagógica

constantemente, e independente do tipo e perfil de aluno que ele irá encontrar na

EJA, ele necessitará, construir uma identidade positiva e sua, sem ter concessões à

qualidade de ensino, proporcionando condições inerentes de terminalidade e acesso

a certificados equivalentes ao ensino regular. (GADOTTI; ROMÃO, 2011).

Para consubstanciar este discurso, Alarcão (2003) destaca:

[...] o professor deve trabalhar de forma reflexiva, ser animador e estruturador das aprendizagens dos alunos, pois é fonte de informações e precisa repensar o seu papel, precisa se recontextualizar na sua identidade e responsabilidade profissional (ALARCÃO, 2003, p. 11)

As instituições de ensino e os seus docentes não podem conceder o mesmo

tipo de ensino que é dado aos alunos de cursos de Ensino Médio regulares, mesmo

sabendo que esta garantia esteja contemplada na Constituição Federal, na LDB e

nas Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA.

O acesso aos mesmos conteúdos curriculares do ensino regular pode ser

uma avaria no processo ensino aprendizagem de jovens e adultos, que em muitos

casos chegam extenuados e cansados de um dia de trabalho duro e corrido,

fazendo com que na maioria das vezes não consigam sequer acompanhar o ritmo

impostos pelos professores ou pela instituição de ensino.

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Isso ocorre, principalmente pela falta de preparo da maioria dos docentes

que trabalham na EJA em condições muitas vezes precárias de profissionalização e

de remuneração (GADOTTI; ROMÃO, 2011).

A falta de um planejamento de curso e de aula, descaso das autoridades

educacionais e da gestão que não conseguem ampliar as suas visões pedagógicas

e não inserem, principalmente, no seu regimento escolar um plano político

pedagógico voltado apenas para este tipo de alunado também são fatores

relevantes que devem ser considerados nesta análise. (PARO, 2003).

Para isso a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE),

juntamente com a Coordenadoria de Gestão da Educação Básica (CGEB) e com o

Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), apontam em seu documento,

sobre a importância de:

[...] respeitar as experiências de vida dos alunos da EJA, que são significativas e devem ser consideradas na elaboração do currículo escolar, o qual tem uma metodologia diferenciada porque apresenta características distintas do ensino regular (SÃO PAULO, 2013, p.16)

Vale ressaltar que de maneira alguma, devemos escamotear as

aprendizagens dos alunos, e os prejudicar com pequenos resumos de cursos, sem

ter nenhum embasamento voltado para o seu cotidiano, deixando de desenvolver as

competências necessárias para o engajamento do seu conhecimento.

A proposta pedagógica voltada para o desenvolvimento de competências e

habilidades, para a modalidade de ensino na EJA, tem que ter um direcionamento

totalmente voltado para reorganização especifica, tanto para a atuação dos

professores, quanto para a contenção dos conteúdos (SÃO PAULO, 2013).

As particularidades intelectuais e necessidades de vida e de trabalho da EJA

devem ser claramente respeitadas e a compreensão de como os alunos jovens e

adultos aprendem deve ser seriamente levado em consideração.

Segundo Freire (2004):

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Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, [...] porque não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina? [...] Por que não estabelecer uma “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social cultural que eles têm como indivíduos? (FREIRE, 2004, p. 30).

E ainda de acordo com Freire (2004), cabe ao educador respeitar o senso

comum (curiosidade ingênua), ao mesmo tempo que se estimula sua superação.

Enquanto educadores, devemos demolir os muros culturais que separam a escola

da comunidade, colocando em prática a dialética do processo ensinar/aprender, em

que “[...] quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. (

p.23)

Portanto, a proposta pedagógica voltada para a EJA, deve ser colocada e

constituída por nós, professores, e toda a comunidade a partir de questões

significativas para a comunidade na qual se trabalha, fazendo uma articulação e

respeitando o senso comum com o conhecimento acumulado dos alunos ao longo

de suas vidas.

2.5 A escola como melhoria na qualidade de vida dos alunos da EJA

A escola é um dos espaços em que os educandos desenvolvem a

capacidade de pensar, ler, interpretar e reinventar o seu mundo, por meio da

atividade reflexiva. A ação da escola será de mediação entre o educando e os

saberes, de forma que ele assimile conhecimentos como recursos de transformação

de sua realidade. A escola tem importante papel na socialização do conhecimento,

processo este que deve ser desenvolvido em conjunto por educandos e educadores

em sua tentativa de responder aos desafios de sua realidade e de lutar por uma

sociedade igualitária (PARANÁ, 2006).

De acordo com Moreira (1994), para as escolas convergem múltiplos

saberes e nela é possível ampliar a leitura de mundo dos educandos, pela mediação

entre os conhecimentos e os indivíduos, favorecendo assim o acesso à cultura e a

elaboração de saberes pelos próprios sujeitos da prática educativa.

O tempo que um educando participa da EJA tem valor próprio e significativo e, portanto, a escola deve superar o ensino de caráter enciclopédico, centrado mais na quantidade de informações do que na relação qualitativa com o conhecimento. Quanto aos conteúdos específicos de cada disciplina,

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deverão estar articulados à realidade, considerando sua dimensão sócio histórica, articulada ao mundo do trabalho, à ciência, às novas tecnologias, dentre outros. (PARANA, 2006, p. 29)

A EJA tem um papel fundamental na socialização dos sujeitos, agregando

elementos e valores que os levem à emancipação e à afirmação de sua identidade

cultural. Com relação às perspectivas dos educandos e seus projetos de vida, a EJA

poderá colaborar para que eles ampliem seus conhecimentos de forma crítica,

viabilizando a reflexão pela busca dos direitos de melhoria de sua qualidade de vida.

Além disso, contribuirá para que compreendam as dicotomias e

complexidades do mundo do trabalho contemporâneo, no contexto mais amplo

possível. Mas, muitos desses alunos trazem consigo a ideia internalizada de que a

escola sempre será a principal responsável pela sua aprendizagem, ou seja, na

cabeça do educando da EJA, os professores sempre serão o detentor do

conhecimento, e o educando receptor passivo desse conhecimento (PARANÁ,

2006).

Porém, é de extrema importância que se rompam com essas ideias

internalizadas, transformando – as e problematizando – as ao ponto que o educando

da EJA consiga construir de forma autônoma sua intelectualidade, afim de que se

tornem sujeitos ativos do processo educacional. Esses educandos trazem uma

bagagem de conhecimentos de outras instâncias sociais, visto que a escola não é o

único espaço de produção e socialização dos saberes.

Sem dúvida nenhuma, é de inteira responsabilidade da instituição escolar

considerar que o atendimento dos alunos da EJA não se refira apenas a uma

característica etária, mas também à diversidade sociocultural do seu público,

composto por populações da zona rural, indígenas, educando com necessidades

especiais, remanescentes de quilombo, entre outros. É um desafio muito grande das

instituições escolares organizar um currículo que englobe e envolva sujeitos que

apresente essa enorme heterogeneidade.

Segundo Oliveira (2007):

Considerando a singularidade das conexões que cada um estabelece, em função de suas experiências e saberes anteriores e, também, a multiplicidade de conexões possíveis, não faz sentido pressupor um trajeto único e obrigatório para todos os sujeitos em seus processos de

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aprendizagem. Cada um tem uma forma própria e singular de tecer conhecimentos através dos modos como atribui sentido às informações recebidas, estabelecendo conexões entre os fios e tecituras anteriores e os novos. Esse entendimento coloca novas exigências àqueles que pretendem formular propostas curriculares que possam dialogar com os saberes, valores, crenças e experiências dos educandos, considerando-os como fios presentes nas redes dos grupos sociais, das escolas/classes, dos professores e dos alunos e, portanto, relevantes para a ação pedagógica (OLIVEIRA, 2007, p. 85).

Portanto, é de extrema importância a busca incessante para garantir o

retorno e a permanência desses educandos na escolarização formal, com a oferta

da EJA no Estado de São Paulo por meio de políticas públicas específicas,

permanentes e contínuas, além de um currículo que englobe todas as necessidades

desses alunos, enquanto houver demanda de atendimento.

2.6 A EJA e o Mundo do Trabalho

Jovens e adultos retornam à escola, procurando uma educação formal,

diretamente pelo desejo de ter mudança na sua estrutura produtiva e ter melhores

condições no mercado de trabalho. Eles voltam ao processo da escolarização, na

busca em sua grande maioria, por uma melhor empregabilidade, por uma

necessidade de melhoria social, embora com especificidades diferentes (Informação

verbal).1

Os jovens e adultos que procuram a EJA precisam da escolarização formal

tanto por questões pessoais quanto pelas exigências do mundo do trabalho. A fim de

resultados mais positivos, os horários de atendimento devem ser dinâmicos para

que os educandos trabalhadores possam concluir seus estudos, ou seja, é

necessário que estes alunos possam ter a garantia entrar em qualquer horário para

assistir as aulas.

A compreensão das contradições inerentes ao processo da divisão social do

trabalho possibilitará ao educando da EJA melhor entendimento de sua relação com

o mundo do trabalho e demais relações sociais.

1 Relato fornecido pela Professora Coordenadora da Secretaria Municipal da Educação de SP,

Matilde de Flora, em parceria com a Aprofem e o Jornal dos Concursos.

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35

E de acordo com o documento da SMESP:

Em termos diretos, a procura por educação formal deriva da mudança do perfil de mercado de trabalho. Os trabalhadores buscam programas de ampliação de escolaridade não para conseguir trabalho ou alcançar uma posição mais favorável, mas para não perder o emprego atual. Trata-se, enfim, de estudar para se manter no posto de trabalho, com o mesmo salário ou salário inferior. Em palavras mais diretas: quem está empregado tem de fazer Ensino Fundamental e Médio para manter-se empregado; quem não está empregado só consegue candidatar-se para um posto de trabalho com a escolaridade mínima estabelecida pelos RH das empresas, a qual, em muitos casos, já é a do Ensino Médio completo (SÃO PAULO, 2008, p. 13)

E podemos já imaginar que daqui a pouco tempo será necessário que boa

parte do setor produtivo e de serviços empresariais exijam o ensino superior, como

escolaridade mínima para contratação em suas empresas (SÃO PAULO, 2008).

De acordo com Frigotto (1998)

O campo educativo, da escola básica à pós-graduação, no quadro do ajuste global, é, então, direcionado para uma concepção produtivista, cujo papel é o de desenvolver habilidades de conhecimento, de valores e atitudes e de gestão de qualidade, definidas no mercado de trabalho, cujo objetivo é formar, em cada indivíduo, um banco de reservas de competência que lhe assegure empregabilidade. (FRIGOTTO, 1998, p. 34)

Esses jovens e adultos ao se unirem por outras considerações culturais e

sociais voltam a escola. Deve considerar um de seus eixos voltados a estas

necessidades específicas, de melhoria social, inserção na cultura local, familiar, da

comunidade, das relações das mídias, é um público que possui uma especificidade,

portanto devemos ressignificar a ação diante de jovens e adultos (informação

verbal)2.

Ainda segundo Oliveira (1999):

[...] além da referência ao lugar social ocupado pelos jovens e adultos definido por sua condição de excluídos da escola regular, sua especificidade cultural deve ser examinada com relação a outros aspectos que os definem como um grupo relativamente homogêneo no interior da diversidade de grupos culturais da sociedade contemporânea. Na medida em que nos preocupamos, na presente discussão, com a questão do funcionamento intelectual, da capacidade para aprender e dos modos de construção de conhecimento, e como os adultos e os jovens que são objeto das práticas e reflexões sobre a educação de pessoas jovens e adultas não

2 Relato fornecido pela Professora Coordenadora da Secretaria Municipal da Educação de SP,

Matilde de Flora, em parceria com a Aprofem e o Jornal dos Concursos.

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pertencem ao grupo social dominante ou caracteristicamente objeto das práticas educativas de que se ocupa a área da educação em geral, o problema que aqui se coloca é o da homogeneidade e da heterogeneidade cultural, do confronto entre diferentes culturas e da relação entre diferenças culturais e diferenças nas capacidades e no desempenho intelectual dos sujeitos (OLIVEIRA, 1999, p. 64).

É necessário ofertar a EJA, uma educação que corresponda às

necessidades e interesses dos trabalhadores, que proponha uma realidade objetiva

em que vivem esses educandos, não apenas na imediaticidade dos conteúdos, mas

principalmente aos que implicam superação da condição vivenciada por eles. Para

Freire (2004), a emancipação dos alunos da EJA é o principal objetivo para que os

mesmos possam ressignificar o seu posicionamento na sociedade em que vivem.

2.7 Atuações dos docentes na EJA

Cabe aos professores da EJA evidenciar possíveis mudanças que apontem

para uma nova relação entre ciência, trabalho e cultura, por meio de uma base

sólida de formação científica e histórica que ajude os educandos no seu

desenvolvimento.

Assim, conhecer significa a possibilidade de interferir socialmente. A seleção

de conteúdos e práticas refere-se às possibilidades de articular singularidade e

totalidade no processo de conhecimento vivenciado pelos educandos. Os conteúdos

selecionados devem refletir os amplos aspectos da cultura, tanto do passado quanto

do presente, assim como as possibilidades futuras, identificando mudanças e

permanências inerentes ao processo de conhecimento na sua relação com o

contexto social (PARANÁ, 2006).

Para tanto, as Diretrizes Curriculares da EJA do estado do Paraná (2006),

salienta:

No transcorrer do processo educativo, a autonomia intelectual do educando deve ser estimulada para que ele continue seus estudos, independentemente da educação formal. Cabe ao educador incentivar a busca constante pelo conhecimento produzido pela humanidade, presente em outras fontes de estudo ou pesquisa. Esta forma de estudo individual é necessária, quando se trata da administração do tempo de permanência desse educando na escola e importante na construção da autonomia (PARANÁ, 2006, p. 29)

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Considera-se que tais conteúdos são essenciais porque transcendem o

contexto particular dos educandos e lhes assegura acesso ao conhecimento em

termos políticos, econômicos, científicos, ético-sociais, dentre outros, o que contribui

para a formação da consciência histórica e política dos educandos. Nessa forma de

organização curricular, as metodologias são um meio e não um fim para se efetivar o

processo educativo.

É preciso que essas práticas metodológicas sejam flexíveis, com

procedimentos que possam ser alterados, adaptados às especificidades da

comunidade escolar. Para Freire (2004), a necessidade de uma pedagogia

libertadora implica superar uma tradição pedagógica mecanicista e apolítica do

processo de conhecimento na escola, uma vez que percebe e valoriza as

diversidades culturais dos educandos como parte integrante do processo educativo.

E conforme as Diretrizes Curriculares da EJA do Paraná (2006):

A atuação do educador da EJA é fundamental para que os educandos percebam que o conhecimento tem a ver com o seu contexto de vida, que é repleto de significação. Os docentes se comprometem, assim, com uma metodologia de ensino que favorece uma relação dialética entre sujeito-realidade-sujeito. Se esta relação dialética com o conhecimento for de fato significativa, então as metodologias escolhidas foram adequadas (PARANÁ, 2006, p. 40)

Sobre a concepção de educação na EJA, (SILVA apud SILVA; MOREIRA,

2007), expressam que:

O ato de alfabetizar ou de escolarizar alguém não pode ser relegado ao voluntarismo, nem ser visto como trabalho que pode ser assumido por qualquer um ou norteado meramente pela boa vontade. A educação escolar não é uma ação qualquer, pois ela é processual, sistemática, contextualizada, de implicações múltiplas, cobra estabelecimento de metas, planejamento e verificação de resultados, nela há conteúdos que demandam competências específicas, sem as quais não se pode obter qualidade plausível (SILVA apud SILVA; MOREIRA 2007, p. 14).

Desse modo, é possível perceber que as metodologias de ensino, relativas à

atividade docente e ao modo de organização/estruturação do currículo prescrito,

desempenham importante papel para o êxito do processo ensino-aprendizagem.

Esse êxito será tanto maior quanto o espaço escolar estiver entendido e vivido de

modo democrático e comprometido com a superação de preconceitos e

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desigualdades, com diálogo entre grupos sociais diversos e, sobretudo, tendo o

interesse coletivo como valor fundamental.

Nas considerações ora apresentadas, propõe-se a organização de um

modelo pedagógico próprio para esta modalidade de ensino da Educação Básica,

que propicie condições adequadas para a satisfação das necessidades de

aprendizagem dos educandos nas suas especificidades, tendo em vista que a

seleção de conteúdos e as respectivas metodologias para o seu desenvolvimento

representam um ato político, pedagógico e social (PARANÁ, 2006).

2.8 Avaliação na EJA

Em relação a avaliação, tema este muito discutido e debatido entre

especialistas e pesquisadores na área da educação, não apenas especificamente,

nesta modalidade de ensino EJA, mas em todos os níveis que perpassa a nossa

educação atual, é de extrema urgência que alguns profissionais da educação,

gestores, docentes e administradores educacionais façam uma profunda reflexão e

análise, para podermos fazer uma grande reformulação para melhoria de

entendimento sobre este assunto.

Partindo da premissa em que a visão distorcida dos que estão engajados

neste meio, basicamente desconsideram ou não apresentam capacidades de adotar

como postura uma equalização social envolvendo os alunos dentro de uma

avaliação educacional justa e democrática e que faça parte de fato, do processo

ensino aprendizagem, adotamos como discurso principal os pressupostos de

Luckesi (2003), para tentar entender a importância da avaliação, dentro da

modalidade EJA.

Iniciando pelas instituições de ensino, pois são elas as “detentoras” e

responsáveis em matricular os alunos da EJA, dentro deste sistema totalmente

desprovido e carente de conhecimento, de sensibilidade, e de recursos próprios para

facilitar e mediar a educação dos jovens e adultos.

[...] é percebido que em pleno século XXI, muitas destas instituições de ensino, aplicam um sistema avaliativo de caráter excludente, seletivo e classificatório, com origem ainda das concepções trazidas pelos jesuítas nos séculos XVI e XVII, infelizmente consolidado ao longo dos tempos. Este

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tipo de avaliação está centrado no professor como controlador do processo, enfatizando provas e exames em ocasiões solenes, marcadas ainda pela constituição de bancas examinadoras, adotadas como disciplinamento social dos educandos. (PARANA, 2006).

As instituições de ensino priorizam cada vez mais de forma exacerbada,

assim, como seus docentes e discentes a resolução de provas, tendo em vista a

preparação apenas para o vestibular, ou simplesmente para retirar o certificado, e

passar em uma disciplina, isto implica em um constrangimento mútuo.

Segundo Luckesi (2003), a prática pedagógica fica voltada apenas as provas

e exames, ou seja, a sociedade está muito mais preocupada com uma pedagogia do

exame, quando na verdade deveria se preocupar com a pedagogia voltada para o

ensino aprendizagem. O autor continua sua manifestação ao afirmar que, os

próprios alunos estão voltados e preocupados com sua promoção, procuram apenas

saber como vão ser os critérios de avaliação, como se darão as normas para a

obtenção de suas notas, mesmo não importando como serão obtidas, ou seja, o que

predomina são as notas.

Professores utilizam–se de provas como mero instrumentos de ameaça, pois

quando sentem que o domínio sobre a sala está a desabar, ou que seu trabalho não

está produzindo o esperado, fazem um certo terrorismo. Luckesi (2003) alerta para o

uso da avaliação da aprendizagem como disciplinamento social dos alunos, através

do medo e do fetiche.

Para poder implementar uma avaliação educacional escolar, é necessário

levar em consideração, a que tipo de pedagogia está sendo praticada e transmitida

aos alunos pelos docentes na unidade escolar. Neste contexto, Luckesi, (2003, p.28)

descreve: [...] É imprescindível situar a avaliação educacional escolar dentro destes

modelos pedagógicos que se situaram na sociedade no decorrer dos anos [...]

Para o pesquisador, o modelo liberal conservador da sociedade produziu

três tipos de pedagogia, sem conseguir equalizar a sociedade. São elas a pedagogia

tradicional (centrada no intelecto, transmissão de conhecimento, voltada para o

professor), a pedagogia renovada ou escolanovista (voltada principalmente aos

alunos com suas diferenças individuais), e a pedagogia tecnicista (centrada na

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exacerbação dos meios técnicos de transmissão e apreensão dos conteúdos e no

princípio do rendimento).

E ainda segundo as Diretrizes Curriculares da Educação do Paraná:

Por meio da escola, a sociedade burguesa reforça e aprimora os mecanismos de manutenção do seu status quo, utilizando instrumentos de controle com o objetivo de provocar o medo e a subserviência, os quais operarão decisivamente na formação da personalidade dos educandos. Esse modelo avaliativo conservador, em essência, é mantido na pedagogia positivista, que garante a permanência da hierarquização do poder, acompanhando as reformas de ensino do primeiro período republicano em nosso país. O movimento escolanovista lança um novo olhar sobre a avaliação, apoiado na psicologia, na sociologia e na antropologia. Usa uma nova retórica que dá ênfase às diferenças individuais dos educandos pela auto-avaliação. Contudo, permanece a palavra final do professor no processo avaliativo, provocando poucas mudanças no modelo vigente. Na transmissão do conhecimento e no princípio do rendimento, a pedagogia tecnicista está orientada pela visão técnica da racionalidade econômica e empresarial, funcionando como modeladora do comportamento humano por meio de técnicas específicas (PARANA, 2006, p.41)

Devido a estes fatos, jamais vai ser atingido uma equalização social, ou seja,

o modelo social conservador com suas pedagogias permite apenas renovações

internas ao sistema, mas não propõe e nem permitem proposta para sua superação.

(Cury apud LUCKESI, 2003), sinaliza que há um ritual pedagógico bem definido

onde a integridade do sistema permanece sempre intocável.

Segundo Freire (1975), é preciso implantar a pedagogia libertadora, advindo

da ideia que a transformação virá pela emancipação das classes populares, através

da conscientização cultural e da política de todas as pessoas, sob o olhar de

igualdade e oportunidade para todos no processo educacional.

Sobre esse novo olhar as Diretrizes Curriculares da Educação do Estado do

Paraná, também faz uma observação:

No contexto de uma cultura avaliativa classificatória e excludente, faz-se necessário repensar no discurso de uma “escola libertadora”, se tal concepção está contemplada na prática; ou seja, se a escola ainda reúne os conselhos de classe com o único objetivo de aprovar e reprovar educandos, se as provas são feitas para medição e atribuição de notas, se privilegiam apenas a memorização. O processo avaliativo que a escola pratica deve estar fundamentado em uma concepção teórica que a comunidade escolar compreenda e o tenha claro, para não dicotomizar discurso e prática. Mudar a forma de avaliação pressupõe mudar também a relação ensino-aprendizagem e a relação educador-educando, tendo em vista que esta mudança, para muitos, pressupõe a perda de poder. Os educadores que ainda estão presos a essas concepções e usam a coerção, por meio da

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avaliação, confundem o silêncio e a submissão do educando com aprendizagem e reforçam a permanência de uma sociedade excludente e seletiva (PARANÁ, 2006, p.41)

Infelizmente, a atual prática de avaliação escolar fundiu – se como função o

ato de avaliar classificatório e não diagnóstico, ou seja, o julgamento de valor que

deveria ter função de possibilitar uma nova jornada de decisão sobre o objeto

avaliado passa a ter função estática de classificar um objeto ou um ser humano

histórico em um padrão definitivamente determinado.

Vasconcelos (1994, p. 45) instiga a repensar o fazer pedagógico, ao afirmar

que as “novas ideias abrem possibilidades de mudanças, mas não mudam. O que

muda a realidade é a prática”.

Transpondo esse pressuposto para a o meio escolar, e em números, os

alunos são classificados em inferior, médio e superior através de notas medianas.

Não sendo levado em consideração aquilo que o aluno de fato aprendeu ou

desenvolveu, desta maneira, o ato de avaliar não serve como pausa para pensar a

prática externa a ela, mas sim, como meio de julgar a própria prática e torna- lá

estratificada.

Com a função classificatória a avaliação não auxilia em nada o avanço e o

crescimento torna–se um instrumento estático e freador do processo. Mas, como

diagnóstica, ela será um momento dialético e de reflexão para a prática escolar.

Para se ter essa posição e assumir este verdadeiro papel a avaliação educacional

escolar diagnóstica deverá acima de tudo se situar em um patamar que possa estar

a serviço de uma pedagogia que esteja voltada e preocupada com a transformação

social e não com a conservação (LUCKESI, 2003).

Para Luckesi (2003, p. 25) “a avaliação deverá verificar a aprendizagem não

a partir de mínimos possíveis, mas sim a partir dos mínimos necessários”. Para

tanto, o autor sugere que seja tecnicamente importante que ao planejar suas

atividades de ensino o professor estabeleça o mínimo necessário a ser aprendido

efetivamente pelo aluno.

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Assim, a prática avaliativa deve superar o autoritarismo, o conteudismo e o

ato de avaliar como objeto de punição, estabelecendo-se uma nova perspectiva,

marcada pela autonomia do educando. Como afirma Vasconcelos:

O professor que quer superar o problema da avaliação precisa, a partir de uma auto-crítica: abrir mão do uso autoritário da avaliação que o sistema lhe faculta, lhe autoriza; rever a metodologia do trabalho em sala de aula; redimensionar o uso da avaliação (tanto do ponto de vista da forma como do conteúdo); alterar a postura diante dos resultados da avaliação; criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos colegas educadores e aos pais (VASCONCELOS, 1994, p.54).

Por isso, é preciso construir uma cultura avaliativa que propicie à escola

questionar o seu papel e comprometer-se com a construção e socialização de um

conhecimento emancipatório. A avaliação é um meio e não um fim em si. É um

processo contínuo, diagnóstico, dialético e deve ser tratada como integrante das

relações de ensino-aprendizagem (PARANÁ, 2006).

Para Luckesi (2003), a avaliação da aprendizagem é um recurso pedagógico

útil e necessário para auxiliar o educador e o educando na busca e na construção de

si mesmo e do seu melhor modo de estar na vida.

Para tanto, os saberes e a cultura dos educandos da EJA sempre devem ser

respeitados como ponto de partida real, realizando a avaliação a partir das

experiências acumuladas e das transformações que marcaram o seu trajeto

educativo. A avaliação será significativa se os processos avaliativos como parte

integrante das práxis pedagógicas estiverem voltados para atender as necessidades

dos educandos, respaldando a sua total autonomia.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo apresentamos o percurso metodológico dessa pesquisa.

Iniciamos descrevendo o tipo de pesquisa desenvolvida e os sujeitos da pesquisa e

como traçamos o perfil social dos mesmos. Em seguida, apresentamos a

caracterização da escola, o cronograma, os objetivos e a descrição de cada

atividade desenvolvida em sua sequência didática.

3.1 Tipo de Pesquisa

Para o desenvolvimento desse trabalho utilizamos a metodologia da

pesquisa qualitativa do tipo pesquisa-ação, pois a mesma apresentou uma ampla e

explícita interação entre o pesquisador e os aprendizes. Essa interação colaborou

para a resolução e esclarecimentos dos problemas das situações estudadas,

facilitando o entendimento e o desenvolvimento das diversas atividades produzidas

ao longo deste projeto.

Thiollent (2004) considera a pesquisa ação uma estratégia metodológica da

pesquisa social na qual:

a) há uma ampla e explicita interação entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação investigada; b) desta interação resulta a ordem prioridade dos problemas a serem pesquisados e das soluções a serem encaminhadas sob forma de ação concreta; c) o objeto de investigação não é constituído pelas pessoas e sim pela situação social pelos problemas de diferentes naturezas encontrados nesta situação; d) o objetivo da pesquisa – ação consiste em resolver ou, pelo menos, em esclarecer os problemas da situação observada; e) há, durante o processo, um acompanhamento das decisões, das ações e de toda atividade intencional dos atores da situação; f) a pesquisa não se limita a uma forma de ação (risco de ativismo): pretende – se aumentar o conhecimento dos pesquisadores e o conhecimento ou o “nível de consciência” das pessoas ou grupos considerados (THIOLLENT, 2004, p. 16)

Neste contexto, e de acordo com Tripp (2005), a pesquisa ação consiste em:

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[...] ser principalmente uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos, [...] a pesquisa – ação é uma forma de investigação - ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar a ação que se decide tomar para melhorar a prática (TRIPP 2005, p. 447).

E ainda, segundo este mesmo pesquisador, esta pesquisa está associada a

diversas formas de ação coletiva e não se trata apenas de um simples levantamento

de dados, ela exige a participação de todos (pesquisadores e interessados), analisa

os problemas dinamicamente, toma decisões e executa ações.

3.2 Sujeitos da pesquisa

Participaram dessas atividades 84 alunos de duas turmas (denominadas de

A e B) da 3º série do Ensino Médio da EJA do período noturno de uma escola

estadual localizada no Jardim São João, município de Guarulhos (SP).

O projeto teve duração de quatro meses (fevereiro, março, abril e maio de

2014) e contou com duas aulas semanais de química (45 minutos cada aula),

conforme descrito no quadro 2, abaixo:

Atividades Desenvolvidas Inicio Término Nº aulas

Apresentação das atividades 05/02/14 05/02/14 02

1 - Brincando com os elementos 12/02/14 05/03/14 06

2 - Vídeo Aula 12/03/14 19/03/14 04

3 - Leitura de texto e Seminário 26/03/14 09/04/14 06

4 - Aula expositiva 16/04/14 23/04/14 04

5 - Atividade lúdica 30/04/14 07/05/14 06

6 - Pesquisa sobre os elementos 07/05/14 28/05/14 06

Quadro 2: Cronograma das aulas.

Pelo calendário escolar, homologado pela Secretaria da Educação do

Estado de São Paulo, referente ao ano de 2014, o dia 19/02/15, não foi considerado

dia letivo. E no dia 30/04, por falta de segurança nas ruas (toque de recolher), os

alunos foram dispensados mais cedo. Portanto, algumas aulas tiveram suas datas

ajustadas, para que houvesse tempo de desenvolver todas as atividades em sala de

aula.

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Após o planejamento do cronograma e antes de iniciar as atividades,

traçamos por meio de um questionário o perfil dos alunos. Esse questionário contou

com 09 perguntas, as quais estão apresentadas no Quadro 3.

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Identificação

Nome: ______________________________ Idade Sexo M F 1 - Qual o seu Estado Civil? Casado Solteiro Divorciado Viúvo Outros 2 - Você tem filhos? --------------------- Se Sim, Quantos? 1 2 3 4 mais de 4 3 – Atualmente está trabalhando? Sim Não 4 – Quanto tempo você ficou fora da escola?

1 á 3 anos 5 á 10 anos 15 á 20 anos 25 á 30 anos mais de 30 anos

5 – Qual o principal motivo que fez com que você voltasse a estudar? Necessidade de uma Graduação Em busca de um emprego melhor Projeto pessoal Melhorar a posição dentro da empresa 6 – Dentre as disciplinas abaixo, qual (is) a que você mais se identifica? Marque pelo menos duas. Artes Filosofia História Matemática Biologia Física Inglês Química Ciências Geografia Língua Port. Sociologia 7 – E a que menos se identifica? Marque pelo menos duas. Artes Filosofia História Matemática Biologia Física Inglês Química Ciências Geografia Língua Port. Sociologia 8 – Você gosta de trabalhos e atividades escolares em grupo? Sim Não 9 – O que você acha da metodologia utilizada pelos professores desta escola, em sala de aula? Justifique sua resposta.

Quadro 3 - Pesquisa de reconhecimento social dos alunos.

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3.3 Caracterização da escola

A escola oferta o Ensino Fundamental na parte da manhã e tarde sendo

ofertado no período noturno o Ensino Médio EJA. Possui um Diretor e dois vices, 49

professores, sendo 25 titulares de cargo, 24 Ocupantes de Função Atividade (OFA),

2 de apoio, 2 de apoio a aprendizagem, 3 coordenadores, 1 educador da escola da

família, além de professores envolvidos nos projetos de Recuperação/Reforço e os

que trabalham com as turmas de treinamento das atividades Curriculares

Desportivas.

Essa escola apresenta 12 salas de aula, 1 sala de vídeo (que também serve

como biblioteca), 1 sala de informática, 1 sala de professores, 1 sala de

coordenação, 1 para a direção, 1 pequena cozinha.

Sobre os recursos técnicos - pedagógicos, conta com 15 computadores do

programa federal Acessa Escola, 2 aparelhos de som, 3 televisores, 5 computadores

de uso administrativo, 2 notebooks, 2 aparelhos de projetar imagem, 1 retroprojetor,

4 aparelhos de DVD, 1 filmadora e uma máquina fotográfica.

3.4 Desenvolvimento das atividades

Inicialmente, cada turma foi organizada em 6 grupos de 7 alunos, os quais

foram escolhidos pelo professor. Essa escolha foi importante para que os alunos se

conhecessem melhor e os levou a contribuírem, sem preconceitos, para o

aperfeiçoamento e comprometimento de cada colega, que, mesmo sem ter muita

afinidade trabalharam colaborativamente em prol do seu grupo, contribuindo assim,

para a construção do conhecimento de seus colegas.

Em seguida, os grupos receberam uma numeração de 1 a 6, sendo

devidamente escolhido um líder para cada grupo, pelos próprios alunos, onde foi

explicado que esse líder teria que fazer todas as anotações que achasse

pertinentes, melhorando o desempenho e ajudando no seu desenvolvimento para a

realização das atividades no decorrer das aulas.

Cada atividade foi planejada e elaborada para que fosse alcançado um

determinado objetivo e cada uma foi avaliada durante todo o período de aplicação

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de forma diferente. No quadro 4 apresentamos esses objetivos e formas de

avaliação de cada atividade.

Atividades Objetivos Avaliação

Brincando

com os

elementos

(1)

Traduzir a linguagem simbólica da

Química em linguagem discursiva;

Reconhecer os elementos

químicos através da tabela

periódica, classificando – os em

metais e ametais, facilitando o

entendimento da formação de

novas substâncias e materiais;

Relacionar os elementos químicos

com o mundo em que vivemos.

Participação individual dos estudantes

dentro de cada grupo; Recolhimento

em folha de almaço das palavras e

frases encontradas em data

específica de cada grupo;

Identificação do número atômico e

número de massa de cada elemento

químico que formou a palavra.

Vídeo - Aula

(2)

Demonstrar a capacidade de

criticidade, perante argumentos

previamente descritos;

Compreender a historicidade de

como a tabela periódica foi

formulada e organizada; Constatar

que na Ciências nada está

prontamente acabado, e que ao

longo dos anos vários foram os

cientistas que ajudaram no

desenvolvimento e organização da

tabela periódica.

Entrega de um resumo, em data

estabelecida, com as principais ideias

relacionadas no vídeo, em folha de

sulfite digitada, com no máximo 04

laudas, dentro das normas ABNT,

com (capa, contra – capa, pesquisa,

conclusão e referências ou fonte).

Leitura de

texto e

Seminário

(3)

Identificar e organizar dados e

ideias através da interpretação dos

textos; Analisar e reelaborar textos

ou ideias dentro de um contexto

cientifico, ou seja, levantamento de

hipóteses e busca de suposições;

Praticar por meio de exposição a

fala e a dicção em público;

Respeitar as regras estabelecidas

para os momentos de exposição

Os grupos são avaliados e exercem

também a função de avaliadores;

Apresentação da teoria, postura,

dicção, entendimento sobre o assunto

apresentado e a utilização de

dinâmicas e recursos audiovisuais na

apresentação de cada componente

dentro do grupo; Produção escrita e

oral dos estudantes tendo em vista a

capacidade de compreensão, análise,

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oral e da leitura dos textos dos

colegas.

síntese e organização.

Aula

expositiva

(4)

Buscar conexões entre as

experiências já vivenciadas pelo

aluno, e relacionar com os novos

conhecimentos apresentados;

Registrar anotações que possam

ser úteis em atividades

posteriores.

Participação dos estudantes

contribuindo com a exposição,

questionando, perguntando e

respondendo; Avaliação individual

sobre os conceitos apresentados.

Atividade

Lúdica

(5)

Facilitar o entendimento do

assunto por meio de jogos lúdicos;

Desenvolver e enriquecer a

personalidade no aluno tornando –

o mais participativo e espontâneo

perante os colegas; Proporcionar a

autoconfiança e a concentração.

Participação de cada componente,

dentro do grupo; Verificação do

número de acertos coletivos do

preenchimento das palavras

cruzadas.

Pesquisa

com os

elementos

(6)

Interpretar dados e informações

dos elementos químicos,

relacionando - os com os materiais

utilizados no cotidiano; Selecionar

os principais elementos químicos

que dão origem a formação de

novas substâncias e materiais.

Apresentação verbalizada de cada

líder do grupo, com as principais

características e utilização dos

elementos químicos; Apresentação

escrita em forma de trabalho, de cada

componente em ordem alfabética dos

elementos pesquisados.

Quadro 4: Objetivos e avaliações das atividades.

Levando em consideração as sugestões propostas por Vygotsky (1998),

Daniels (2004), Garcia (2006) e Damiani (2008), para a construção e

desenvolvimento da aprendizagem colaborativa, foram desenvolvidas as atividades

descritas abaixo:

3.4.1 Primeira atividade (Brincando com os Elementos)

Essa primeira atividade colaborativa foi dividida em duas partes, cada uma

com um objetivo distinto. Na primeira parte, cada componente do grupo deveria

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formar o maior número possível de palavras utilizando os símbolos dos elementos

químicos dispostos na tabela periódica.

Ao término desta primeira parte, foi solicitado para que os líderes de cada

grupo, escolhessem 5 palavras e escrevessem na lousa, para que pudéssemos

fazer observações e comentários sobre algumas simbologias de elementos químicos

utilizadas. Também solicitou - se que os alunos escrevessem as palavras,

separando as cada uma, para melhor visualização da simbologia utilizada de cada

elemento químico, conforme os exemplos:

Si – N – O Bi – S – Te – Ca La – P – I – S

Em seguida propus que formassem o maior número de frases possíveis,

com os nomes que foram encontrados na primeira parte da atividade, ou seja, era

necessário agrupar as palavras que os grupos acharam e montar frases que

possuíssem sentido. Vale ressaltar, que nada impedia o uso novamente da tabela

periódica para consulta de novas palavras.

Para finalizar esta etapa da atividade colaborativa, os alunos ficaram

responsáveis de escrever de forma organizada e em ordem alfabética todas as

palavras em folha de papel almaço para ser entregue em uma determinada data.

3.4.2 Segunda atividade (Vídeo – aula)

Nesta atividade os alunos assistiram a um documentário da BBC de

Londres, de 2010, apresentado pelo cientista Jim Al – Khalili e intitulado Química:

uma História Volátil. Este documentário apresenta três episódios de

aproximadamente 50 minutos cada. O episódio escolhido para os alunos foi o

intitulado A Ordem dos Elementos (episódio 2), o qual tem como um dos objetivos,

apresentar de forma sucinta como foi organizada historicamente a tabela periódica.

Após assistirem ao documentário realizamos uma discussão sobre os vários

temas abordados no documentário, e posteriormente, os alunos escreveram um

resumo com as principais ideias apresentados no vídeo.

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51

3.4.3 Terceira atividade (Leitura de Texto e Seminário)

Esta atividade foi baseada na leitura de um artigo científico chamado “A

história dos elementos”3. Uma vez que esse artigo trata de 6 temas distintos, para

essa atividade o artigo foi dividido em 6 partes e distribuído uma parte para cada

grupo, onde os mesmos deveriam fazer uma leitura criteriosa e separar as principais

ideias para transcrever em uma folha de cartolina.

Depois que as ideias foram passadas para a cartolina, cada grupo foi

convidado para expor e discutir em um clima de socialização, em forma de

seminário, em uma data programada. É importante destacar que cada tema possui

uma sequência didática e cronologia dos fatos dentro do artigo, portanto era de

extrema importância que se distribuísse a sequência correta dos temas para os

grupos.

3.4.4 Quarta atividade (Aula Expositiva)

Nessa atividade foi realizado uma aula expositiva, utilizando recursos digitais

(slides), onde expliquei o modelo atômico de Bohr e a sua importância para a tabela

periódica, mostrando e abordando as principais contribuições do cientista Niels Bohr

para a organização da forma atual da mesma.

Também apresentamos de forma destacada para os alunos as principais

propriedades periódicas e alguns conceitos químicos relacionados com a

importância de entender as configurações eletrônicas e sua distribuição por níveis

de energia, assim como a camada de valência, conceito este que é necessário para

o melhor entendimento de como as substâncias são formadas através das ligações

químicas.

Vale destacar, que está aula foi inserida, para que os alunos aprofundassem

seus conhecimentos acerca do tema, e principalmente para facilitar o entendimento

da próxima atividade colaborativa.

3http://www.lite.fae.unicamp.br/papet/2005/el767a_1s2005/sackstxt.htm

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52

3.4.5 Quinta atividade (Atividade Lúdica)

Esta atividade foi desenvolvida através de um programa chamado

Eclipsecrossword, o qual através de um tutorial explica detalhadamente como se

fazer palavras cruzadas, a partir de um determinado assunto. Utilizando esse

programa foi construído dois modelos com palavras cruzadas, sobre as

propriedades periódicas e conceitos sobre os elementos químicos, temas estes

abordados anteriormente em sala de aula, através das aulas expositivas.

Foram entregues duas folhas com as palavras cruzadas, uma para cada

aluno, para serem preenchidas em grupo durante as aulas, consultando suas

anotações do caderno, assim como o seu respectivo colega de grupo. Cada grupo

ao término da aula deveria entregar essas duas palavras cruzadas preenchidas.

3.4.6 Sexta atividade (Pesquisa sobre os elementos)

Para essa atividade solicitamos que cada componente do grupo pesquisasse

o elemento químico referente ao seu número de chamada. Posteriormente, os

alunos deveriam transcrever as principais propriedades destes elementos em uma

folha de almaço, assim como os seus usos no dia – a – dia, na indústria e na

sociedade. Para finalizar cada aluno deveria escrever duas aplicações do cotidiano

referentes ao elemento químico pesquisado para ser socializado com a toda a turma

no dia da entrega do trabalho.

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53

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo apresentamos os resultados das atividades realizadas ao

longo de semestre letivo em sala de aula com os alunos da EJA. Antes, porém

achamos importante descrever o perfil desses alunos para uma melhor

compreensão dos resultados aqui apresentados.

4.1 Perfil dos alunos

Como citado anteriormente, traçamos o perfil desses alunos a partir da

aplicação do questionário apresentado no quadro 3. Responderam a esse

questionário 33 alunos da turma do 3ºA e 30 alunos da turma do 3ºB. A pesquisa foi

elaborada e aplicada no dia 03/02/2014, com o intuito de conhecer um pouco mais a

vida social desses alunos. A coordenação da escola ficou responsável por sua

aplicação, sendo explicado aos alunos de forma bem detalhada o porquê da

pesquisa, acrescentando que não haveria necessidade de identificação, foi pedido

também para que os alunos respondessem de forma bem concisa e objetiva, e com

sinceridade.

Partindo da premissa da importância de se conhecer o objeto de estudo,

esta pesquisa social se fez necessário, assim como todos os dados coletados. A

pesquisa possui vários aspectos importantes, e dependendo da forma como é

caracterizada e coletada os dados, podem trazer diversos benefícios para a melhoria

da qualidade das aulas.

O desenvolvimento de novas atividades e práticas educativas também são

fatores que podem ser melhorados, a partir da publicação desta pesquisa, assim

como a busca constante para uma reflexão, dentro e fora da sala de aula, que

também é um fator a ser considerado pelos professores (ALARCÃO, 2003).

O gráfico da figura 2, mostra os resultados referentes as duas primeiras

questões, as quais foram perguntados sobre gênero (masculino ou feminino), e

estado civil. Como pode ser observado nesse gráfico, as mulheres são a maioria em

ambas as turmas, perfazendo 61% do total de alunos.

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54

Desta porcentagem, no 3ªA, aproximadamente 38% são mulheres solteiras e

cerca de 75% delas são mães de pelo menos um filho. Já no 3ºB, o número de

mulheres solteiras supera 56%, sendo que deste número, mais da metade delas

possuem um ou mais filhos.

Figura 2- Respostas das questões 1 e 2 do questionário.

Em relação aos homens, 36% do total da turma do 3ºA são casados e

possuem um ou mais filhos. Entre os homens solteiros, ninguém tem filho. No 3ºB,

metade dos homens são casados e 85% desses homens possuem um ou mais

filhos. Dentre os que estão solteiros, 60% já são pais.

Percebe – se claramente que o número de mulheres e homens solteiros e

com filhos na turma do 3ºB é muito elevado, em relação ao 3ºA. Ou seja, se

levarmos em consideração que na maioria das vezes, são as mães ou parentes das

próprias alunas que cuidam de seus filhos, e considerarmos o esforço gigantesco

que estes alunos praticam durante o semestre, para não faltar à escola, é

inadmissível que se tenha apenas aulas expositivas, sem nenhum tipo de vínculo

com o seu cotidiano.

O mais alarmante em relação a este fato, é o número de alunos que

abandonam seus estudos no meio do caminho, devido a desmotivação ou a falta

incentivo por parte da gestão escolar, fazendo com que aumente o número de

0

5

10

15

20

25

Homens Mulheres Casados Solteiros Alunos comfilhos

Mulheressolteiras

com filhos

12

21

13 13

23

8

13

17 15

12

23

9

Qu

an

tid

ad

e d

e A

lun

os

Estado Civil

3ºA 3ºB

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55

alunos evadidos, causando, posteriormente o fechamento de diversas salas de aula,

e obrigando o aluno a ter que se matricular em escolas “polos”, distante de sua

residência.

Sobre isto o documento da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo,

faz uma observação:

A prioridade e necessidades internas de jovens e adultos são mais importantes que as motivações externas. É assim que devem ser priorizadas as atividades ou tarefas que valorizem a autoestima, a qualidade de vida e a maior satisfação no trabalho. Quando o sentimento de realização não é considerado nas propostas escolares pode gerar grande evasão na EJA (SÃO PAULO, 2013, p. 31 grifo nosso).

É muito importante que o corpo docente juntamente com a gestão escolar,

mantenham atividades e propostas de aulas, que visem a permanência e instiguem

ao máximo a curiosidade destes alunos ao longo do ano letivo, fazendo com que a

participação da comunidade em sua aprendizagem seja algo de fato significativo e

real. Segundo Paro (2003. p. 17): “A escola estatal, só será pública quando todos

da classe trabalhadora e a população escolarizável tiverem acesso geral e

indiferenciado da boa educação escolar, e isso só se garante pelo controle

democrático da escola.”

Esta afirmação está em consonância com que o pesquisador Barros (2003),

destaca:

A necessidade de envolver na gestão todos que trabalham na escola exige normas e práticas que promovam uma gestão participativa e uma cultura democrática, que pela valorização de formas participação representativa, quer, principalmente, pelo exercício diferenciado e coletivo de funções de gestão, através de mecanismos de participação direta (BARROSO, 2003, p. 29)

A cultura democrática, ao qual o pesquisador cita, não está inserida na

nossa sociedade, nem na maneira de governar do nosso Estado maior. A

construção de uma sociedade democrática implica o desenvolvimento de uma ação

democrática concreta em todos os espaços de interação social, inclusive na escola.

Participação e responsabilização de todos nas políticas públicas.

E ainda, de acordo com Gutierrez e Catani, (2003)

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(...) em uma perspectiva estritamente conceitual, transferir a autoridade e responsabilidade pela gestão de um bem público para o grupo diretamente envolvido no trabalho é uma prática democrática e socialmente justa, desde que não se escondam por trás o incentivo a ações de natureza corporativa, e tampouco a intenção do Estado de se desfazer se suas obrigações para com a população (GUTIERREZ; CATANI, 2003.p.63).

Uma escola democrática é uma escola que se baseia em princípios

democráticos, em especial na participação responsável, dando direitos de

participação para estudantes, professores e funcionários, e estes participando

ativamente. Portanto levará muitos anos para que possamos observar mudanças

realmente significativas, no que tange ao comportamento de todos envolvidos neste

processo de participação. Há de se imprimir a cultura da participação.

Com os resultados do gráfico da figura 2 e o gráfico da figura 3, podemos

fazer uma pequena comparação, em termos de estado civil e taxa de desemprego

nas turmas de EJA, e afirmar que; Em ambas as turmas, mais da metade das mães

solteiras, estavam desempregadas no momento da pesquisa, e que 44% dos

homens solteiros também se encontravam sem emprego neste mesmo período.

Os gráficos da figura 4 e 5, respectivamente mostram os resultados das

questões 4 e 5 do questionário. Os objetivos dessas questões eram investigar

quanto tempo esses alunos ficaram fora da sala de aula e o motivo que os levaram a

voltar a estudar.

Empregados Desempregados

15

18

17

12

Qu

anti

dad

e d

e A

lun

os

Ocupação

3º A 3º B

Figura 3 - Resposta das questões 3 do questionário.

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Figura 4 - Resposta da questão 4 do questionário.

Como podemos observar nesse gráfico, exatamente a metade dos alunos

das duas turmas ficaram mais de 15 anos longe da escola, a turma do 3ºB apresenta

a maior quantidade de alunos que ficaram mais de 30 anos longe da escola,

relacionando com a maior quantidade de alunos idosos, e a turma do 3ºA, apresenta

como perfil, uma maior quantidade de alunos que ficaram apenas 03 anos longe da

escola, coincidindo com uma menor faixa etária.

Figura 5 - Resposta da questão 5 do questionário.

3ªA

3ªB

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Graduação Projeto Pessoal EmpregoMelhor

Melhoria decargo /funçao

Po

rcen

tag

em

de A

lun

os

Motivos de Volta a Escola

3ªA 3ªB

0 2 4 6 8 10

1 a 3 anos

5 a 10 anos

15 a 20 anos

25 a 30 anos

mais 30 anos

10

7

10

2

3

6

8

4

5

7

Quantidade de Alunos

Te

mp

o F

ora

da E

sco

la

3ºB

3ªA

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58

Relacionando o gráfico da figura 5, com o com o gráfico da figura 4,

podemos fazer uma outra observação importante, a quantidade de alunos que

querem dar prosseguimento aos estudos no 3ºA é cinco vezes maior, que a turma

do 3ºB.

Talvez, devido a quantidade de alunos com faixa etária menor, tenha - se um

pouco mais de motivação e vontade de cursar uma graduação. Neste caso, além

deste fator, a quantidade de desempregados também pode ter ocasionado a

desmotivação para dar continuidade nos estudos.

Em relação a este último dado, Lavanchy (1992 apud SÃO PAULO 2013),

cita que segundo algumas variáveis presentes na EJA, podem ter ocasionado uma

diminuição na vontade dos alunos em prosseguir com seus estudos, uma delas pode

ser a idade avançada dos alunos.

Ainda de acordo com Lavanchy (1992 apud SÃO PAULO, 2013)

[...] as perdas por transformações físicas, tanto aquelas produzidas pelo ciclo vital (diminuição da acuidade visual e auditiva; redução da velocidade do sistema nervoso) quanto aquelas produzidas pelo estilo de vida, presença de maternidade/paternidade, acidentes doenças crônicas, fadiga estresse e ansiedade são variáveis cuja presença na EJA conduz a certas dificuldades de ensino [...] (p. 37).

O principal motivo que levaram os alunos da 3ºA a voltarem para a escola foi

a busca de um novo emprego (aproximadamente 47%). No 3ºB os motivos foram

principalmente os projetos pessoais (45%) e busca de emprego melhor (30%).

Esse resultado da turma do 3aB mostra uma coerência com os resultados

apresentados no gráfico 2, o qual apresenta o alto índice de desempregados (mais

da metade), esta variável está em consonância com a faixa etária desta turma.

E também, conforme mostra o gráfico 3 o número de alunos que ficaram

longe da escola coincide com a sua elevada idade, e talvez por isso o projeto

pessoal, juntamente com a vontade de dignamente terminar a educação básica

foram os fatores que levaram a estes números.

Como descreve Zanetti (1998 apud PARANÁ, 2006):

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Uma outra demanda a ser atendida pela EJA é a de pessoas idosas que buscam a escola para desenvolver ou ampliar seus conhecimentos, bem como têm interesse em outras oportunidades de convivência social e realização pessoal. São pessoas que apresentam uma temporalidade específica no processo de aprendizagem, o que as faz merecer atenção

especial no processo educativo. (ZANETTI, 1998 apud PARANÁ, 2006, p. 30).

Nas questões 6 e 7 gostaríamos de conhecer quais disciplinas esses alunos

mais se identificavam e quais as que menos se identificavam. Esse questionamento

é importante em vários aspectos, porque direciona e nos mostra, como devemos

articular melhor nosso planejamento pedagógico, e ainda dentro deste contexto,

nossas aulas podem se tornar mais atrativas e envolventes, ou seja, é a indicação

de um alerta para melhorarmos a qualidade das aulas. As respostas dos alunos a

essas questões estão apresentadas no gráfico 5.

Segundo SEESP (2013):

Para os jovens e adultos, a oportunidade de estudo amplia suas habilidades de lidar com problemas que enfrentam no momento da aprendizagem. Se a proposta da escola não estabelece vínculos entre a realidade vivida e os significados que a ele são apresentados por meio de suas aprendizagens, facilmente deixam de acreditar nos processos aos quais estão submetidos (SÃO PAULO, 2013, p. 38).

Figura 6 - Respostas das questões 6 e 7 do questionário.

0

5

10

15

20

Matemáticagostam

Portuguêsgostam

Química nãogostam

Física nãogostam

Biologia nãogostam

15

12

4 5 5

14

18

3 4 4

me

ro d

e A

lun

os

Disciplinas

3ªA 3ªB

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60

Como podemos notar nesse gráfico, para ambas as turmas, as disciplinas que

os alunos mais se identificaram (gostam), foram Matemática e Português, e as que

menos se identificaram (não gostam), foram Física, Química e Biologia.

Uma possível explicação para esse resultado pode ser a maior quantidade de

aulas de Matemática e Língua Portuguesa na sua grade curricular ou pelo fato da

disciplina de Química ser a que apresenta um maior grau de abstração dificultando a

sua aprendizagem, e consequentemente, sua boa aceitação pelos alunos.

Como descreve o documento da Secretaria da Educação:

Os alunos da EJA apreciam estar envolvidos no planejamento e avaliação de suas aprendizagens, requisitam naturalmente suas experiências anteriores que são base da construção para os novos conhecimentos. Adultos e jovens são mais interessados em aprender matérias que tem relevância imediata para seu trabalho ou vida pessoal (SÃO PAULO, 2013, p. 24)

Portanto, acredita – se que os alunos da EJA, deem uma maior preferência

nas aulas de Matemática e Língua Portuguesa, por imaginar que apenas estas

disciplinas são importantes para o seu cotidiano. Neste caso, cabe ao professor

procurar meios e estratégias pedagógicas para motivar, apresentar e relacionar

estas disciplinas com a vida dos educandos.

Cortella (2003) em sua obra, A escola e o conhecimento: Fundamentos

Epistemológicos e Políticos, nos lembra que não há conhecimento que possa ser

aprendido ou recriado se não se mexer inicialmente com as preocupações que as

pessoas detêm.

Quando questionado se gostavam de desenvolver trabalhos em grupo

(questão 8), a maioria dos alunos, tanto da 3aA (83%) quanto da 3aB (87%)

responderam que sim. Esse resultado, foi bem satisfatório e também serviu como

uma das justificativas, para a elaboração das atividades em grupo, com este público.

Fato observado com o gráfico da figura 7, abaixo.

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61

83%

12%

5% 0%

Atividades Escolares em Grupo

Sim

Não

Não responderam

Figura 7 - Respostas da questão 8 do questionário.

Em relação ao questionamento da metodologia utilizada pelos professores

em sala de aula (questão 9), os resultados estão apresentados na figura 8.

Figura 8 - Respostas da questão 9 do questionário.

Muito importante esses dados, pois a partir deles, podemos traçar um perfil

de como a metodologia de ensino, dentro desta unidade escolar pode ser melhorada

para os próximos semestres, facilitando ainda mais o desenvolvimento de atividades

que possam fazer com que os alunos da EJA, se mantenham sempre motivados e a

evasão escolar seja diminuída. Segundo a Secretaria de Educação “[...] quando o

sentimento de realização não é considerado nas propostas escolares pode gerar

grande evasão na EJA [...]” (SÃO PAULO, 2013).

0

5

10

15

Ótima Boa Regular Péssimo Nãoresponderam

12 11

6

2 2

8

11

1 1

9

me

ro d

e A

lun

os

Opinião sobre a metodologia de ensino

3ªA 3ªB

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62

4.2 Etapas do desenvolvimento da pesquisa

Inicialmente apresentamos o projeto para as turmas e explicamos como ele

seria aplicado durante as aulas de química, sendo abordado a importância de se

desenvolver uma aprendizagem colaborativa, com a inserção de atividades

plenamente planejadas em cada aula. Convidamos todos a participarem e

solicitamos que aproveitassem essa estratégia de ensino para a aprendizagem dos

conhecimentos de química. Segundo Torres; Alcantara; Irala, (2004, p.12),

“Aprendizagem Colaborativa tem demonstrado ser efetiva em aumentar o nível

acadêmico dos estudantes e em desenvolver habilidades de trabalho em grupo”.

Cada aluno do grupo é responsável pela busca de solução e produção

uniforme e coerente das atividades, mas tudo o que é feito individualmente, deve ser

publicado e compartilhado com os demais componentes do grupo, a fim de

estabelecer um serviço a construção coletiva do saber (TORRES; ALCANTARA;

IRALA, 2004).

Ainda de acordo com esses autores:

É no processo de gestão destas atividades que os componentes do grupo se organizam, repartem papéis, discutem ideias e posições, interagem entre si, definem subtarefas, tudo isso, dentro de uma proposta elaborada, definida e negociada coletivamente (TORRES; ALCANTARA; IRALA, 2004, p.12).

Assim, antes de iniciar as atividades explicamos que para criar essa

atmosfera de colaboração era necessário que todos, independentemente da sua

faixa etária, devessem sempre respeitar as experiências de vida que o outro traz

consigo e que juntos deveriam um auxiliar o outro na aprendizagem dos

conhecimentos escolares.

Definindo a importância e o papel de cada componente dentro do grupo,

descrevemos os resultados obtidos em cada uma das atividades propostas. Porém,

antes, é necessário apresentar os conteúdos de aprendizagem que foram aplicados

dentro de cada atividade, divulgando também todo o planejamento descrito no

decorrer do semestre letivo com os alunos em sala de aula.

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63

4.2.1 Planejamento e Conteúdos de Aprendizagem

O planejamento é parte essencial de qualquer plano ou projeto que venha a

se fazer na vida, e em especial na área da educação, esse conceito precisa ser

levado em consideração de maneira bem minuciosa, para alcançar determinados

objetivos, alavancando expectativas e previsões de resultados, além de promover

uma melhoria na qualidade das aulas. Partindo – se de uma visão prática

educacional o planejamento, a aplicação e a avaliação, estão estritamente ligados

uns aos outros. (ZABALA, 1998).

O planejamento precisa ter uma certa flexibilidade, onde o professor possa ter

autonomia de altera – lo a qualquer momento, pois situações de ações na prática,

requerem por parte dos docentes muito jogo de cintura, e nem tudo sai conforme foi

projetado ou planejado, além de ter os alunos como participantes diretamente das

tomadas de decisões (ZABALA, 1998).

Ainda de acordo com esse autor

A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem as peças substancias em toda pratica educacional. O planejamento e a avaliação dos processos educacionais são uma parte inseparável da atuação do docente (ZABALA, 1998, p.17).

Como sugere Torres; Alcantara e Irala, (2004, p.13) “O sucesso das

atividades de aprendizagem colaborativa depende do planejamento cuidadoso de

todas as etapas do processo ensino-aprendizagem”. Partindo deste pressuposto,

planejamos as atividades que seriam desenvolvidas a partir da aprendizagem

colaborativa, para que se pudesse alcançar e potencializar as expectativas de

aprendizagens dos alunos da EJA.

Portanto, para melhor visualização e entendimento, o plano de ensino das

aulas ministradas no semestre se encontra ao final deste trabalho, na seção

apêndice A, onde as mesmas podem ser conferidas e analisadas, sem maiores

dificuldades.

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64

Antes porém, achamos pertinente mostrar, através do quadro 5, os

conteúdos de aprendizagem que cada atividade gerou no decorrer das aulas,

através dos objetivos propostos, tendo como embasamento teórico Zabala (1998).

Atividades

Objetivos

Conteúdos de

Aprendizagem

Brincando com

os elementos

Traduzir a linguagem simbólica da Química em

linguagem discursiva;

C

P

Reconhecer os elementos químicos através da tabela

periódica, classificando – os em metais e ametais;

C

P

P

Relacionar os elementos químicos com o mundo em

que vivemos;

C

A

A

Vídeo – aula

Demonstrar a capacidade de criticidade, perante

argumentos previamente descritos;

C

C

P

P

A

A

Compreender a historicidade de como a tabela

periódica foi formulada e organizada;

A

A

Constatar que na Ciências nada está prontamente

acabado, e que ao longo dos anos, vários foram os

cientistas que ajudaram no desenvolvimento e

organização da tabela periódica;

A

A

Leitura de texto e

Seminário

Identificar e organizar dados e ideias através da

interpretação dos textos;

C

P

P

Analisar e reelaborar textos ou ideias dentro de um

contexto cientifico, ou seja, levantamento de hipóteses

e busca de suposições;

C

C

P

P

A

A

Praticar por meio de exposição a fala e a dicção em

público;

P

A

A

Respeitar as regras estabelecidas para os momentos

de exposição oral e da leitura dos textos dos colegas;

C

A

A

Aula expositiva

Buscar conexões entre as experiências já vivenciadas

pelo aluno, e relacionar com os novos conhecimentos

apresentados;

C

C

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65

Registrar anotações que possam ser uteis em

atividades posteriores;

C

C

A

Atividade Lúdica

Facilitar o entendimento do assunto por meio de jogos

lúdicos;

C

C

Desenvolver e enriquecer a personalidade no aluno

tornando – o mais participativo e espontâneo perante

os colegas;

P

P

A

A

Proporcionar a autoconfiança e a concentração; A

Pesquisa com os

elementos

Interpretar dados e informações dos elementos

químicos, relacionando - os com os materiais

utilizados no cotidiano;

C

C

P

P

A

Selecionar os principais elementos químicos que dão

origem a formação de novas substâncias e materiais;

C

C

P

P

A

A

Quadro 5- Conteúdos de aprendizagem de cada atividade. C = conteúdos conceituais. P = conteúdos procedimentais. A = conteúdos atitudinais.

Partindo desta ideia principal, elaborada por Zabala (1998), para alcançar

determinados objetivos que não abranjam apenas as capacidades cognitivas dos

alunos da EJA, seria necessário aplicar atividades que possam envolver os alunos

em outras capacidades (motoras, afetivas, interpessoal e social), respeitando aquilo

que se pretende obter como resultado final. Portanto, chegamos à conclusão que

para cada objetivo proposto, foi adquirido um determinado tipo de conteúdo de

aprendizagem, onde o mesmo devem estar de acordo com nossas intenções

educacionais.

A primeira atividade (brincando com os elementos), aparece o

desenvolvimento de muitos conteúdos conceituais e procedimentais, pois o aluno é

levado e “forçado” a um conjunto de ações ordenadas e com um fim, podemos

constatar que a aprendizagem de cada uma dessas ações tem características bem

distintas. Nesta atividade também é observado a constatação de conteúdos

atitudinais, principalmente, devido ao fato de um dos objetivos ser normativo, ou

seja, é inserido regras de comportamento ao grupo para poder escrever de forma

organizada as palavras e as frases encontradas no decorrer da atividade.

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66

Na segunda atividade é diagnosticada que o acesso a vídeos educativos,

pode ser uma ótima alternativa pedagógica para se alcançar conteúdos atitudinais e

procedimentais. O aluno é direcionado a ter destreza e habilidade necessária para

interpretar fatos históricos, percebendo que não existe uma única verdade na

Ciências, constatando com suas próprias reflexões e critérios morais que ficaram

interiorizados com a nova informação inserida, marcando o início de uma nova

tomada de posicionamento. Além do posicionamento diferenciado, o aluno é

estimulado a ter que debater com o grupo sobre as novas ações voltadas

exclusivamente ao campo afetivo de cada componente do grupo.

Como descreve Zabala (1998):

As características diferenciadas da aprendizagem de conteúdos atitudinais também estão relacionados com a distinta importância dos componentes cognitivos, afetivos ou condutuais que contém cada um deles. Assim, os processos vinculados à compreensão e elaboração dos conceitos associados ao valor, somados a reflexão e tomada de posição que comporta, envolve um processo marcado pela necessidade de elaborações complexas de caráter pessoal (ZABALA, 1998, p.47).

A atividade número três (Leitura de texto e Seminário), apresenta

praticamente toda a sequência de conteúdos conceituais, procedimentais e

atitudinais, no decorrer dos objetivos propostos. Neste caso, é nítido a intervenção

direta dos alunos por meio de técnicas e habilidades, como, diálogos, debates,

pesquisas bibliográficas e elaboração para apresentação dos seminários. Respeitar

as regras estabelecidas para os momentos de exposição oral e da leitura dos textos

dos colegas, se resume em conteúdos atitudinais.

Ao mesmo tempo é observado que os conflitos pessoais e grupais de

sociabilidade, diante dos vários problemas que a atividade impôs, devem ser

esclarecidos, através de tolerância, cooperatividade e respeito entre todos os

alunos, gerando um clima agradável onde todos devam expor suas opiniões, ou em

outros termos, aprender a “ser”. Portanto, esta atividade pode ser considerada uma

intervenção pedagógica poderosa, para o desenvolvimento da aprendizagem

colaborativa, por ser a mais completa em termos de desenvolvimento de conteúdos

de aprendizagem.

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67

Na atividade quatro (aula expositiva), os objetivos propostos indicaram

apenas o desenvolvimento de conteúdos conceituais, ou seja, conteúdos que

envolvem principalmente competências cognitivas, como a abstração, a observação,

a realização de escolhas, a memorização, e tinham como principal meta, o

conhecimento de fatos, acontecimentos, situações e principalmente a abordagem de

códigos e símbolos em sua interpretação.

Percebe – se claramente que este tipo de atividade – aula, serve apenas

para compreensão do tema proposto, não inferindo outro tipo de habilidade no

aluno, onde a cópia é o principal atributo deste tipo de intervenção pedagógica.

Tanto os objetivos como os procedimentos vão demarcar o modo como esses

conteúdos são trabalhados e quais competências serão privilegiadas.

A atividade cinco (atividade lúdica), desenvolveu conteúdos procedimentais

e atitudinais, o aluno é convidado a dar sua colaboração, a partir de conceitos

relacionados da aula anterior, onde foi transmitido conteúdos conceituais

importantes a respeito do tema proposto, ou seja, os conteúdos procedimentais

envolvem a participação ativa do aluno, na experimentação, no exercício de

habilidades, na ação individual e conjunta, a tomada de decisões e a definição de

estratégias sobre um fazer objeto de ensino (ZABALA, 1998).

Esta última atividade (pesquisa dos elementos), foi planejada para que todos

os conteúdos de aprendizagem fossem abordados de maneira equalizadora. Para

tanto, aparecem os conteúdos das três categorias, numa sequência ao qual os

alunos de certa forma, já possuem maturidade suficiente para fazer as próprias

intervenções e determinar o que é melhor para o grupo.

Além das análises dos objetivos e conteúdos explícitos que foi apresentado

no quadro 5, é necessário para o desenvolvimento da aprendizagem colaborativa,

que se leve em consideração uma série de medidas; Dentre elas, Zabala (1998),

sugere adaptações as necessidades e situações reais dos alunos, introduzindo a

reflexão crítica nos alunos, favorecendo assim modelos de atitudes que se queiram

desenvolver, fomentando enfim, a autonomia moral de cada aluno.

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E ainda de acordo com Zabala (1998)

Muitos dos valores que se pretendem ensinar se aprendem quando são vividos de maneira natural; e isso só é possível quando o ambiente de aula, as decisões organizativas, as relações interpessoais, as normas de conduta, as regras de jogo e os papeis que se atribuem a uns e a outros correspondem àqueles valores que se quer que sejam aprendidos (ZABALA, 1998, p.84).

A antecipação do trabalho sobre esses aspectos envolve a reflexão e o

melhor preparo do professor para lidar com situações e conflitos recorrentes em sala

de aula.

4.2.2 Primeira atividade

Para compreender a ciência química é necessário conhecer sua linguagem,

o que para muitos alunos do Ensino Médio, em particular da modalidade EJA, é uma

tarefa difícil. Dentre as linguagens químicas estão os símbolos dos elementos.

Como descreve Oki (2002) o elemento químico é um dos conceitos estruturantes do

pensamento químico e, portanto, o aluno não pode deixar de conhecer essa

linguagem.

Pensando nisso, desenvolvemos a primeira atividade cujo um dos objetivos

foi o de possibilitar aos alunos a conhecerem essa linguagem. Para tanto, os

organizamos em grupos e os orientamos a formar o maior número de palavras e

frases utilizando os símbolos dos elementos químicos da tabela periódica. Após a

formação dos grupos distribuímos uma tabela periódica atualizada conforme a

International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) para cada componente

do grupo.

No decorrer da atividade o professor circulou entre os grupos tirando várias

dúvidas, dentre elas, uma que chamou a atenção foi em relação a distinção do

número atômico e número de massa. Os alunos queriam entender por que quando

representamos um elemento químico devemos escrever o seu número de massa na

parte superior do símbolo do elemento, e o número atômico deve ser escrito na

parte inferior do símbolo.

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No entendimento da maioria dos alunos para melhor fixação desses

números, deveria ser utilizada a mesma regra imposta pela IUPAC, também na

tabela periódica, ou seja, segundo a IUPAC, para representação de um elemento

químico, deve – se colocar o número de massa na parte superior do elemento

químico, enquanto o número atômico fica na parte inferior.

Foi compreensivo os anseios e angústias dos alunos, mas consegui explicar

essas pequenas diferenças e eles compreenderam. A tabela periódica foi

organizada em ordem crescente do seu número atômico, portanto a representação

deste número tem que ser na parte superior.

Os alunos se comportaram durante esta primeira atividade de forma bem

motivada, cada grupo tomava muito cuidado ao encontrar uma palavra, pois eles

falavam e conversavam em um tom de voz muito baixo, para que o outro grupo não

ouvisse e pudesse assim copiar a sua palavra. Percebia-se uma disputa sadia, por

qual grupo acharia mais palavras.

A todo instante os grupos chamavam o professor para tirar dúvidas de

símbolos de elementos que eles nunca tinham imaginado que existiam. Esta

interação professor/aluno foi muito importante para o desenvolvimento desta

atividade e na formação das palavras.

As tabelas 1 e 2 mostram o número de palavras e frases criadas por cada

grupo de cada turma.

Tabela 1 - Número de palavras e frases criada pelos grupos da turma 3aA.

Atividade 1

Grupo 1

Grupo 2

Grupo 3

Grupo 4

Grupo 5

Grupo 6

Palavras

18

85

36

42

05

17

Frases

06

09

17

09

04

05

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Tabela 2 - Número de palavras e frases criada pelos grupos da turma 3aB.

Podemos observar nessas tabelas que os grupos conseguiram escrever um

número bem significativo de palavras e frases utilizando os símbolos dos elementos

químicos. Essa atividade fez com que os alunos não somente formassem palavras,

mas se familiarizassem com os símbolos e seus nomes ao traduzir a linguagem

química em discursiva, além de memorizar uma maior quantidade de símbolos dos

elementos.

Como descreve Repetto (1985 apud FRANCO-MARISCAL; CANO-

IGLESIAS, 2009, p.31), “o conhecimento do sistema periódico é fundamental na

escola, por isso, deve-se começar a trabalhar desde essa etapa educativa tanto os

nomes como os símbolos químicos dos elementos mais importantes”.

Vale ressaltar que esta atividade deve ser considerada apenas como a

precursora inicial para posteriormente, trabalharmos em sala de aula outros conceitos

químicos, assim como as propriedades desses elementos e a sua organização na

tabela em grupos e períodos.

Apesar das dificuldades encontradas no decorrer desta atividade, como por

exemplo, a falta de água e a dispensa dos alunos da escola, a entrada de alunos na

segunda e até terceira aula. Este fator afetou diretamente o rendimento do grupo 05

da turma da 3ºA e do grupo 04 da turma do 3ºB, (que infelizmente não conseguia

reunir todos os seus componentes). Mesmo assim, houve muitas frases e palavras

que os alunos conseguiram formar; dentre elas, nomes próprios, nomes de objetos e

até de lugares.

Ao final dessa atividade solicitamos aos líderes de cada grupo que

escolhessem 5 palavras aleatórias que o seu grupo conseguiu formar, e pedimos

Atividade 1

Grupo 1

Grupo 2

Grupo 3

Grupo 4

Grupo 5

Grupo 6

Palavras

34

14

26

12

49

35

Frases

05

03

06

06

27

03

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que as escrevessem na lousa, para compartilhar com os demais grupos. Neste

momento, fizemos uma discussão sobre algumas palavras encontradas e seus

símbolos.

Esta socialização serviu também para o professor explicar como seria feita a

próxima atividade, refletir sobre sua pratica pedagógica e instigar o interesse e

motivação dos alunos para a continuidade do processo ensino – aprendizagem,

deixando sempre os alunos alertas para os próximos passos do seu

desenvolvimento.

Abaixo descrevemos algumas palavras e frases que foram colocadas na

lousa pelos líderes dos grupos de ambas as turmas.

Exemplos de palavras:

Li – Be –Ra Pa – Ra - Ti

Cu – Ca No – I – Te

Si – No Es – Co – La

Ba – F – O Ba – Te

Co - La Ta – Co

Re – F – U – Ge – Ar Ga – S

Br – I – Ga Te – I – Mo – S – O

F – I – Ca In – Ti – Mo

Ar – Ge – N – Ti – No Am – Er – I – Ca – No

Bi – S – Po B – O – Te – Co

Al – Mo – Ce H – O – Ra

Exemplos de frases:

Eu – V – I – As – Se – Te – Lu – As – C – He – I – As.

(Eu vi as sete luas cheias.)

Eu – Te – Li – B – Er – Te – I – Na – Ca – Ba – Na.

(Eu te libertei na cabana.)

Lu – Te – Co – Mo – Os – Re – I – S – C – I – Ga – N – O – S.

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(Lute como os reis ciganos.)

O Am – Er – I – Ca – No V – I – U O Bi – S – Po Ar – Ge – N – Ti – No Be – B – Er No B – O – Te – Co Co – Ca Co – La.

(O americano viu o bispo argentino beber no boteco Coca-Cola.)

Te – N – H – O B – O – As No – Ti – C – I – As.

(Tenho boas notícias.)

Pa – U – La Al – Mo – Ce Na H – O – Ra.

(Paula almoce na hora.)

Constatamos que esta atividade motivou os alunos para a aprendizagem dos

elementos químicos. Concordamos com Franco - Mariscal e Cano – Iglesias (2009),

quando diz que qualquer atividade que venha a ser feito dentro de sala de aula

utilizando um material de ensino lúdico, facilita e ajuda na motivação para uma

aprendizagem significativa.

4.2.3 Segunda atividade

Nessa atividade os alunos assistiram o documentário sobre a história dos

elementos químicos. Foi importante apresentar esse documentário, pois em geral,

os alunos da EJA apresentam dificuldades em compreender como os elementos

químicos foram inseridos e organizados na tabela periódica. Alguns até a

desconhecia.

Antes do início da apresentação do vídeo, explicamos detalhadamente para

cada grupo, que deveria ser entregue um resumo com as principais ideias

abordadas no vídeo, para posteriormente, ser discutido e socializado em sala de

aula. O líder ficou encarregado, de organizar seu grupo e detalhar as estratégias de

como seria feito este resumo, para entregar para o professor no final da aula.

O vídeo teve aproximadamente 52 minutos de duração e foi passado no

mesmo dia para as duas turmas, ou seja, utilizamos dois horários de 50 minutos

cada. Como este vídeo estava legendado, e apresentava partes bem específicas e

de difícil entendimento, foi necessário realizarmos pequenas pausas durante sua

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apresentação para explicação de algumas dúvidas e para que os alunos não

perdessem o foco e a concentração.

Durante o documentário observamos que os alunos de cada grupo fizeram

várias anotações, o líder do grupo as organizou e as entregou no final da aula.

Algumas dessas anotações estão descritas abaixo.

Antigamente a humanidade acreditava em uma teoria grega de que o mundo era feito inteiramente por apenas quatro elementos: terra, ar, fogo e água. Os gregos tinham um pouco de conhecimento de alguns metais, como ferro, cobre, prata, ouro, chumbo, mercúrio e o estanho. Mas mesmo assim eles não consideravam como elementos, e sim como apenas metais (GRUPO 1 – 3ºA).

A partir do século XVI as coisas começaram a mudar com os alquimistas, os primeiros a fazerem pesquisas, à medida que eles começavam a entender melhor os elementos a nossa volta, sonhando em transformar metal básico em ouro e também com a imortalidade, escondiam suas pesquisas feitas em anotações, feitas em escritas e símbolos misteriosos (GRUPO 2 – 3ºA). Após descoberta dos elementos veio a necessidade de organizar estes mesmos elementos, colocando - os em uma determinada ordem. E tudo começou com inglês Jonh Dalton, ele afirmou que cada elemento tinha que ser composto por seus elementos estruturais que ele chamou de partículas elementares “átomos”. Com base em vários experimentos com balões, ele afirmou que cada elemento tinha seu peso atômico diferente (GRUPO 4 – 3ºA). Neste episódio, o professor Al – khalili aborda os químicos do século XIX, que lutaram para impor uma ordem ao mundo aparentemente aleatório dos elementos. A busca dos cientistas, para decifrar a ordem oculta dos elementos, esteve repleta de caminhos errôneos e disputas ferrenhas. Mas ela acabou levando a uma das criações mais intelectuais e belas da Química – A Tabela Periódica (GRUPO 2 – 3ºB). Em 1669, foi feita a primeira descoberta de um elemento, feita pelo alquimista Haning Brand que descobriu o fósforo. Haning Brand fez está descoberta através de uma pesquisa feita com a urina humana. (GRUPO 3 – 3ºB).

Como podemos notar nesses resumos, o grupo 1 da turma da 3ºA, fez uma

introdução sobre os quatro elementos que se acreditava que dominava o mundo

naquele período, onde os gregos iniciaram estas discussões. O grupo 2 destacou a

importância do que para muitos são considerados os primeiros químicos,

(alquimistas). Segundo o grupo 4, John Dalton foi o criador do primeiro modelo

cientifico para o átomo.

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Na 3ºB a abordagem do grupo 2 se deu a partir do século XIX, onde

desesperadamente se buscava achar uma ordem nos elementos para decifrar como

estes poderiam ser organizados na tabela periódica. O grupo 3, abordou a

descoberta do fósforo como grande marca neste período, onde praticamente não se

conhecia nada a respeito dos elementos.

Ao analisar esses resumos podemos concluir que essa atividade foi de

extrema importância para mostrar que na Ciência nada está pronto e acabado, tudo

tem um momento onde cada parte se encaixa para formar um todo e que a ainda

hoje os resultados da Ciência dependem de seu contexto histórico.

Através da utilização de vídeos educacionais como estratégia pedagógica

facilitadora do processo ensino aprendizagem, devemos aproximar a realidade

escolar aos interesses dos alunos.

Portanto, os vídeos educacionais têm de ser considerados nesta

perspectiva, como ferramentas importantes para a fixação de conteúdos e conceitos

dentro de uma visão pedagógica. Podemos considerar a utilização de vídeos como

uma das alternativas possíveis, para tornar mais atraente as propostas escolares.

Para tanto, o vídeo na escola torna-se fundamental, pois este é agradável aos

alunos, faz parte da sua realidade e se integrado ao tema trabalhado é mais uma

fonte de pesquisa (CINELLI; LAPOLLI, 2003).

Independentemente do tipo de vídeo o importante é o uso educacional que

se faz desses. Considerando um ensino calcado na pesquisa a utilização de vídeos

por temática parece - nos adequados, principalmente quando a proposta desta

pesquisa é o trabalho colaborativo.

4.2.4 Terceira atividade

Os seminários são eficientes estratégias de ensino que facilitam o aprendiz a

compreender e desenvolver propostas sobre conceitos ou resoluções de problemas.

Essa estratégia didático-pedagógica é utilizada com objetivo de discutir e aprofundar

um tema previamente estipulado, além de possibilitar e despertar diferentes

operações de pensamentos nos alunos, tais como análise, interpretação, crítica,

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levantamento de hipóteses, busca de suposições, obtenção e organização de dados

(ANASTASIOU; ALVES, 2003)

Thiollent (2004, p. 58) descreve que “O papel do seminário consiste em

examinar, discutir e tomar decisões acerca do processo de investigação [...]”.

Nessa atividade, os alunos realizaram seminários cujos temas foram obtidos

da fragmentação de um artigo científico. No início dessa atividade, a maioria dos

alunos ficaram muito agitados, pois para eles, este momento, seria o primeiro na

vida acadêmica e portanto, teria sido a primeira experiência com este tipo de

atividade, percebia – se um clima de tensão e ansiedade por parte dos integrantes

dos grupos.

O grupo 1 (3ºA) iniciou sua apresentação informando aos ouvintes qual seria

o tema abordado, apresentou os componentes um por um, e iniciou uma breve

leitura introdutória sobre a história de como os elementos químicos foram

descobertos. O grupo apresentou em uma cartolina com várias palavras chaves,

dentre elas, Dalton, massas atômicas, parafuso telúrico de Chancourtois, que foram

importantes para discussões posteriormente feitas com todos em sala de aula.

O grupo 2 (3ºA) destacou suas ideias da seguinte forma: Começou

apresentando cada componente já com a ordem onde cada um teria a sua fala. Em

seguida expôs um cartaz com várias palavras em destaque, que foram ao longo da

apresentação sendo explicadas. Foram elas: átomos, moléculas, Dobereiner. Após

uma longa leitura de cada componente que esclareceu através do seu ponto de vista

suas indagações, foi feito alguns questionamentos, quanto à, por exemplo, a

organização dos elementos já descobertos.

Apesar do grupo 2 ter feito o uso de leituras na apresentação, cada

componente conseguiu abordar de maneira coerente muitas informações de forma

clara e objetiva para seus ouvintes. A maneira de como foi disposto cada ideia no

cartaz foi bem positiva. Devido os grupos 3, 4 e 5 não apresentarem seus

respectivos seminários, ficou a cargo do grupo 6 finalizar esta atividade.

Esse grupo se organizou da seguinte maneira: no início da apresentação

apresentaram vários cartazes com algumas observações e escritas. Entre essas

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observações estavam os trabalhos e o histórico dos cientistas Moseley e Bohr. Em

um destes cartazes, os alunos explicaram o que seria a sequência dos números

atômicos determinados por Henry Moseley, através de um aparelho que ele

inventou, onde o mesmo conseguiu medir com muito mais precisão o peso atômico

dos elementos.

Em outro cartaz os alunos concluíram que Niels Bohr fizera vários

experimentos com o átomo de Hidrogênio e idealizou que nestes experimentos,

através de cálculos matemáticos poderia se deduzir seus níveis de energia e

posteriormente de qualquer outro elemento. O grupo finalizou sua apresentação com

uma fala bem pertinente, segundo a interpretação deles: “enquanto o Henry Moseley

se preocupava em entender quimicamente a parte interna do átomo, Niels Bohr se

ocupava em esclarecer a parte externa do átomo”.

4.2.5 Quarta e quinta atividade

Mesmo esta atividade não sendo considerada como colaborativa, ela foi de

extrema importância para a sequência da pesquisa, pois através desta atividade foi

explanado para os alunos, a apresentação das principais propriedades periódicas,

assim como as concepções do modelo atômico de Bohr e suas relações com a

distribuição eletrônica por níveis de energia. Foi consubstanciado a importância

desta abordagem com a tabela periódica.

Vale ressaltar que nesta aula expositiva foi utilizado o recurso digital, através

de slides, e em alguns momentos, havia pausas para discussões e socializações

para tirar dúvidas dos alunos, e em algum momento da discussão um aluno

confidenciou que nunca tinha tida uma aula diferenciada como aquela, e que

também nenhum professor utilizava o recurso digital.

Para a atividade cinco, (palavras cruzadas), depois dos alunos terem

realizados as atividades anteriores e terem assistidos a uma aula teórica sobre as

propriedades periódicas, e outros conceitos químicos, aplicamos uma atividade em

forma de cruzadinha.

A utilização de palavras cruzadas para desenvolver uma atividade

colaborativa em sala de aula pode ser uma ferramenta poderosa para despertar o

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interesse dos alunos, motivá-los a participar das aulas, usar o raciocínio lógico, além

de tornar o aprendizado mais divertido. O preenchimento das palavras

cruzadas propõe desafios ao aluno, o que o leva a usar sua memória, recordando

conceitos estudados em sala de aula. Como descreve Fogaça (2014) quando o

aluno consegue vencer esse desafio, ele sente uma satisfação que o leva a ter mais

prazer no desenvolvimento do conhecimento.

E ainda segundo a pesquisadora:

[...]as palavras cruzadas também ajudam a desenvolver habilidades no aluno, pois ele terá que ir atrás das informações através da consulta a livros ou utilizando outras ferramentas de ensino. Por exemplo, palavras cruzadas que envolvem o conteúdo da Tabela Periódica farão com que os alunos tenham que consultá-la para descobrirem a resposta que preenche as lacunas da palavra cruzada. Desse modo, ele tira dúvidas e prepara-se para consultar em ocasiões posteriores, como em testes.

[...] o objetivo principal não é a diversão, mas sim o ensino significativo. Por isso, o professor precisa se preparar bem, ter os objetivos corretos em mente e conduzir a turma na realização dessa atividade lúdica para que haja equilíbrio entre diversão e aprendizagem.

As palavras cruzadas têm a vantagem de poderem ser usadas para abordar os mais diversos conteúdos, principalmente aqueles que envolvem conceitos teóricos e aspectos históricos. O professor tem a opção de realizar essa atividade no papel impresso ou usando o computador, caso a sua escola tenha uma sala com equipamentos disponíveis para todos os alunos. Podem ser usadas como atividade em sala de aula ou como forma de avaliação. (FOGAÇA, 2014, p.1)

Para dar início a essa atividade, distribuímos as palavras cruzadas e

explicamos que poderiam usar como consulta as anotações de aula e a sua tabela

periódica. As figuras 9 e 10, mostram as palavras cruzadas aplicadas em cada

turma.

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Figura 9 - Palavras cruzadas aplicada na turma da 3ªA.

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Figura 10 - Palavras cruzadas aplicada na turma do 3ºB.

Nesta atividade os alunos foram desafiados a preencher corretamente

espaços vazios de palavras cruzadas, onde a mesma possibilita o aluno a tomar

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várias decisões e ações, além de desenvolver habilidades, como por exemplo,

pesquisar em seu caderno suas anotações referentes da aula passada, sobre a

tabela periódica e suas propriedades, reinterpretar conceitos químicos e relacionar

as palavras e letras ao preenchimento correto das lacunas.

De acordo com Benedetti et al. (2009)

No espaço da sala de aula, acontecem os grandes encontros, a troca de experiências, as discussões e interações entre os alunos, caracterizando- se as relações existentes entre estes e o professor. Dentro desse contexto, o docente observa seus estudantes, identifica suas conquistas e suas dificuldades e os conhece cada vez melhor e o seu ambiente de trabalho. A atividade lúdica proposta pode auxiliar o professor na identificação de dificuldades enfrentadas pelos alunos, principalmente quanto aos problemas de interpretação de conceitos e definições [...] Assim, como a relação aluno-professor é um fator importante para o aprendizado, devemos também considerar a motivação como estímulo do ambiente. A utilização de atividades lúdicas pode contribuir para o despertar dessa motivação, favorecendo o interesse pelo aprendizado de novos conhecimentos (BENEDETTI et al. 2009, p.89).

Nesta atividade colaborativa, as atividades lúdicas foram as palavras

cruzadas, pois constatamos que elas substituem os exaustivos e as vezes

inoperantes exercícios de fixação em sala de aula, por atividades mais agradáveis e

até prazerosa, podendo ser alternativa significativa para avaliar os alunos.

Durante a aplicação das palavras cruzadas na sala de aula, foi averiguado

que houve um grande interesse por parte da maioria dos alunos, apesar das

conversas paralelas entre os grupos as vezes incomodar. Mas, no decorrer das

aulas percebemos que estas conversas se tratavam a respeito da própria atividade

proposta.

Foi percebido entre as diversas interações (entre cada grupo, e entre os

componentes do próprio grupo) e que havia sido instalada uma competição, criada

naturalmente, como um fator motivador.

Quanto a melhoria da aprendizagem, atribuímos esse fator positivo

principalmente ao fato descrito por Soares e Cavalheiro (2006). Segundo esse autor

“o jogo incentiva a participação do aluno, considerando-se o aluno construtor do

próprio conhecimento e valorizando a interação do aprendiz com seus colegas e

com o próprio professor” (p.30).

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Essa aprendizagem pode ser observada nas tabelas 1 e 2, respectivamente,

ao qual mostra a quantidade de acertos nas palavras cruzadas, por grupo. Podemos

notar que cerca de 80% dos grupos preencheram corretamente cada lacuna da

cruzadinha, em ambas as turmas.

Tabela 3 - Referente a quantidade de acertos de palavras cruzadas, 3ºA.

Tabela 4 - Referente a quantidade de acertos de palavras cruzadas, 3ºB.

Foi observado que o grupo 05 do 3ºA, obteve um desempenho, abaixo da

média, comparado aos outros grupos, fato observado também na atividade número

1. Talvez, devido ao grupo ter dado continuidade sem outros 04 componentes, que

infelizmente não puderam comparecer a escola, no período da realização desta

atividade. Segundo os alunos, o motivo foi a inserção em empregos temporários.

4.2.6 Sexta atividade

Nesta última atividade colaborativa os alunos realizaram uma pesquisa

sobre o elemento químico cujo número atômico era igual ao seu número de

chamada. Posteriormente, cada grupo escolheu dois elementos químicos e o líder

Palavras Cruzadas

Grupo 1

Grupo 2

Grupo 3

Grupo 4

Grupo 5

Grupo 6

Número de

acertos

13

14

12

13

10

12

Número de

erros

02

01

03

02

05

03

Palavras Cruzadas

Grupo 1

Grupo 2

Grupo 3

Grupo 4

Grupo 5

Grupo 6

Número de

acertos

15

13

12

14

14

13

Número de

erros

00

02

03

01

01

02

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do grupo transcreveu em uma folha um texto com no máximo cinco laudas, as

principais propriedades de cada um desses elementos, seu uso no cotidiano, na

indústria e na sociedade, além de duas curiosidades referentes a eles para ser

socializado com os outros grupos no dia da entrega do trabalho.

Para essa socialização os alunos fizeram um círculo e o professor ficou ao

centro mediando e criando situações para que fosse debatido o maior número de

conceitos químicos. Iniciamos essa socialização escolhendo um dos membros do

grupo para que ele relatasse as principais características de seu elemento, a sua

relevância para a sociedade, e uma curiosidade sobre esse elemento, em ambas as

turmas.

Por exemplo, o líder do grupo 2 (3ªA), com número de chamada 13 iniciou a

apresentação do seu elemento que foi o alumínio. Assim, ele apresentou para a

turma:

a) Principais propriedades - O alumínio é um metal leve, macio e resistente.

Possui um aspecto cinza prateado e fosco, devido à fina camada de óxidos que se

forma rapidamente quando exposto ao ar.

b) Uso na indústria - Meios de Transporte: Como elementos estruturais em

aviões, barcos, automóveis, bicicletas, tanques, blindagens e outros; na Europa têm

sido utilizados com frequência para formar caixas de trens. Embalagens: Papel-

alumínio, latas, e outras.

c) Relevância para a sociedade – É o segundo metal mais maleável, sendo o

primeiro o ouro, e o sexto mais dúctil. Por ser um bom condutor de calor, é muito

utilizado em panelas de cozinha.

d) Curiosidades – Alumínio é um dos principais fatores que reduzem o

crescimento das plantas em solos ácidos. Devido à sua grande reatividade química

é usado, quando finamente pulverizado, como combustível sólido para foguetes e

para a produção de explosivos.

O líder do grupo 6 (3ªB), com número de chamada 02 iniciou a apresentação

do seu elemento Hélio. Assim, ele apresentou para a turma:

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a) Principais propriedades - Nas Condições Normais de Temperatura e

Pressão o hélio é um gás monoatômico, tornando-se líquido somente em condições

extremas (de alta pressão e baixa temperatura). Tem o ponto de solidificação mais

baixo de todos os elementos químicos, sendo o único líquido que não pode

solidificar-se baixando a temperatura, já que permanece no estado líquido no zero

absoluto à pressão normal. O calor específico do gás hélio é muito elevado, de

vapor muito denso, expandindo-se rapidamente quando é aquecido a temperatura

ambiente.

b) Uso na indústria - Devido ao seu baixo ponto de liquefação e evaporação

pode ser usado como refrigerante a temperaturas extremadamente baixas em

imãs supercondutores e na investigação criogênica a temperaturas próximas do zero

absoluto, a atmosfera inerte de hélio é empregada na soldadura por arco e na

fabricação de cristais de silício e germânio, assim como para pressurizar

combustíveis líquidos de foguetes. Em túneis de vento supersônicos e como agente

refrigerante em reatores nucleares.

c) Relevância para a sociedade – é utilizado em dirigíveis e balões com fins

recreativos, publicitários, reconhecimento de terrenos, filmagens aéreas e para

investigações das condições atmosféricas. As maiores reservas de Hélio encontram-

se nos Estados Unidos. Estas reservas são estratégicas e controladas pelo governo

norte-americano. Não estão disponíveis para venda em grandes quantidades.

d) Curiosidades – É um gás monoatômico, incolor e inodoro. O hélio tem o

menor ponto de evaporação de todos os elementos químicos, e só pode ser

solidificado sob pressões muito grandes. É o segundo elemento químico em

abundância no universo, atrás do hidrogênio, mas na atmosfera terrestre encontram

- se apenas traços, provenientes da desintegração de alguns elementos.

Portanto, sucessivamente cada líder do grupo apresentou os seus

respectivos elementos, as tabelas 3 e 4 mostram como ficaram dispostas as

sequências das apresentações:

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Tabela 5 - Sequência de apresentação dos líderes dos grupos da turma do 3ºA.

Tabela 6 - Sequência de apresentação dos líderes dos grupos da turma do 3ºB.

Apesar do tempo curto ao qual dispomos para efetivar esta atividade

colaborativa, as variantes ocorrências no decorrer do semestre letivo e também nas

aulas, e as vezes até a falta de água, considero esta atividade como uma das mais

importantes, pois a partir dela, conseguimos observar e perceber o quanto meus

alunos conseguiram progredir em relação ao início das atividades.

Acreditamos que muito desta progressão tenha partido principalmente, da

vontade dos alunos em cada vez mais obter conhecimentos e informações que

pudessem ser relacionados com o seu cotidiano. Essa progressão individual e

coletiva fez com que nossas aulas se transformassem em verdadeiros ambientes de

aprendizagens.

Como descreve Placco (2002):

Todo processo de ensino e aprendizagem deve considerar, além do significado do contexto social, cultural, político e econômico, a dinâmica social e relacional que ocorrem em sala de aula, em como as [...] temáticas relacionadas ás aprendizagens não – curriculares, ás questões da comunicação entre os atores do processo – aprendizagem[...], influenciam no processo de aquisição do conhecimento (PLACCO, 2002, p.7).

Atividade 6

Grupo 2

Grupo 1

Grupo 3

Grupo 5

Grupo 6

Grupo 4

Número de Chamada

13

06

12

39

31

27

Elemento Químico

Alumínio

Carbono

Magnésio

Ítrio

Gálio

Cobalto

Atividade 6

Grupo 6

Grupo 2

Grupo 5

Grupo 4

Grupo 3

Grupo 1

Número de Chamada

02

15

23

37

26

03

Elemento Químico

Hélio

Fósforo

Vanádio

Rubídio

Ferro

Lítio

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A interação entre professor/aluno, também foi um fator positivo que

impulsionou o desenvolvimento das atividades, e em particular, nesta última. Para

Freire (2004), é impossível qualquer ação humana sem uma comunicação dialógica,

e tal comunicação é horizontal, posto que se trata de sujeitos sociais que

compartilham a experiência de ser homem em transformação e transformando o

mundo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades apresentadas nesta pesquisa nos levou a concluir que é

possível consubstanciar conteúdos escolares de Química e ao mesmo tempo

trabalhar competências e habilidades nos alunos com atividades dinâmicas, lúdicas

e que podem de fato estimular o interesse em cada vez mais de aprender. Foi

interessante observar a motivação dos estudantes tendo a possibilidade de

participação do processo ensino – aprendizagem em grupos distintos, uns ajudando

nas dificuldades dos outros, procurando de fato e literalmente, fazerem parte do que

estão aprendendo.

Sobre aprendizagem colaborativa consideramos que signifique antes de

qualquer coisa, aprender a aprender juntos e é durante esse processo de

aprendizagem que vamos determinando o caminho que precisa ser percorrido na

construção do próprio conhecimento. Conhecimento esse que durante o processo de

busca passa a ser um produto de todos. O importante é compartilhar o

conhecimento, onde aquele que aprende, é também aquele que ensina. A

aprendizagem construída coletivamente é mais rica, mais significativa.

O caminho para os docentes desenvolverem atividades diferenciadas em

sala de aula é de extrema dificuldade, pois muitas vezes os alunos não entendem os

ganhos que estas atividades podem lhes trazer no decorrer do semestre, ou até de

suas vidas dentro de nossa sociedade. Segundo alguns alunos ter aula é quando o

professor reproduz na lousa cópias inúteis de textos sem conexões com o cotidiano.

Trabalhar com a esta abordagem pedagógica representou um desafio para

mim como professor, uma vez que com esta dinâmica tive que assumir a postura de

professor pesquisador, deixando de lado o papel de transmissor de conhecimento

para mediador da aprendizagem.

Um aspecto importante que pode contribuir muito na aprendizagem

colaborativa é a crítica a própria prática educativa. Quando revemos a nossa postura

e partimos para pesquisa tentamos nos ajustar, é porque estamos realmente

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envolvidos com a questão ensino-aprendizagem e todas as formas que com elas

estão envolvidas, pois como afirmou Paulo Freire: "ensinar exige criticidade".

A EJA já conseguiu ao longo de sua jornada, superar grandes desafios e

realizar várias conquistas, mas a formação do professor reflexivo deve ser um fator

que auxilie ainda mais a desenvolver competências e habilidades nos alunos para a

formação de aprendizagens significativas, pois é de suma importância que este

segmento continue a ajudar a formar cidadãos críticos capazes de resolver

problemas e desafios contemporâneos, além de manter o equilíbrio da produção

cultural.

Constatamos que a cada atividade, o aluno conseguia a partir de seus

próprios questionamentos, contextualizar conceitos, selecionar informações

significativas, fazer e propor intervenções, partindo de atitudes individuais e coletivas

para o bem comum, demonstrando um verdadeiro protagonismo na produção do

conhecimento. Também identificamos que esta dinâmica de trabalho exige uma

grande mudança de atitude de todos os envolvidos. Consideramos que a semente

foi plantada e que não constituirá um fim, pois será nossa meta trabalhar para

superar as falhas cometidas no seu desenvolvimento e a indicaremos como uma

sugestão de trabalho para toda a escola.

Na aprendizagem colaborativa, o sujeito histórico-social, também participa

da sociedade e de sua própria história no convívio com os outros, pois todos os

indivíduos fazem parte dessa mesma sociedade, constroem e influenciam a cultura.

Portanto, concluímos que devido a aplicação das atividades relacionadas aos

conteúdos de aprendizagem, houve uma melhora significativa na aprendizagem dos

conceitos previamente discutidos e abordados pelos alunos, assim como a

diminuição da evasão da sala durante as aulas de Química, o que era frequente

antes da aplicação das atividades.

Para finalizar também observamos que ocorreu uma melhora na relação

aluno-professor, caracterizado por um maior número de diálogos na sala de aula

após aplicação de tais atividades, além de um significativo aumento no interesse,

fator observado pela crescente atenção em relacionar alguns elementos químicos

com o cotidiano do aluno, além de colocá – lo no centro do processo de

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aprendizagem, aprimorando suas capacidades de pensar e agir, pela ação e

reflexão, promovendo o desenvolvimento de competências e a construção social do

conhecimento.

Ao abordarmos e ampliarmos a compreensão sobre a tipologia de conteúdos

que podemos adotar na prática educativa, também revemos o planejamento escolar

e todo seu desenvolvimento, além de sua avaliação. Se nos dispomos a incluir em

nossa prática conteúdos procedimentais (aprender a fazer) e atitudinais (aprender a

ser e a viver junto), torna-se necessário prever atividades de interação entre os

alunos, e regras de convivência, esclarecimento de comportamentos esperados,

bem como o envolvimento do aluno em atividades que envolvam um fazer, uma

ação ou a solução de um problema.

Do mesmo modo, não podemos avaliar apenas aplicando uma prova ao final

de cada bimestre ou semestre, pois a prova pode ser um instrumento para avaliar os

conteúdos factuais e conceituais, porém, para avaliar os conteúdos procedimentais e

atitudinais, precisamos observar nossos alunos fazendo algo, participando de uma

atividade proposta ou interagindo com outros colegas.

Um mesmo conteúdo pode ser trabalhado de diversas formas utilizando

diversos recursos, portanto as estratégias pedagógicas precisam ser coerentes com

os objetivos específicos e favorecer que os mesmos sejam atingidos.

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APÊNDICE A

Nesta seção, é mostrado, o plano de ensino das atividades aplicadas em

sala de aula, durante o semestre letivo, pelos alunos da modalidade de ensino EJA.

PLANO DE ENSINO

1 – IDENTIFICAÇÃO

Diretoria de Ensino: Guarulhos – Norte Escola: Cidade Seródio

Curso: Ensino Médio Modalidade: EJA Turma: 3ºA e B

Componente Curricular: Química Código da disciplina: Quí

Ano/Semestre: 2014/01 Sem. Período: Noturno

Total de aulas: 34 Nº de aulas Semanais: 02

Professor (a): Jailson Alves Ferreira

2 - EMENTA/BASES

Atomística. Distribuição Eletrônica. Classificação Periódica dos Elementos. Ligações Químicas.

3 – OBJETIVOS

3.1 – OBJETIVO GERAL

Estudar os fenômenos químicos focando aspectos gerais da Química, compreendendo a estrutura e as transformações da matéria no nível microscópico e relacionando conceitos científicos adquiridos com o mundo macroscópico que observamos. Reconhecer aspectos químicos relevantes na interação individual e coletiva do ser humano com o ambiente, bem como os limites éticos e morais que podem estar envolvidos no desenvolvimento da Química e aspectos sociopolítico-culturais. Desenvolver nos alunos o interesse pela pesquisa e a interação com os conteúdos desenvolvidos, visando a aplicação no cotidiano.

3.2 – 0BJETIVOS ESPECIFICOS/COMPETÊNCIAS

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Proporcionar condições de aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades aos alunos do 3º ano do Ensino Médio EJA: De Conhecimento: São os conhecimentos que o aluno vai adquirir através do uso de

teorias e pesquisas. Identificar fontes de informações e formas de obter informações relevantes para o

conhecimento da Química (livro, computador, jornais, manuais, artigos etc.).

Traduzir a linguagem discursiva em linguagem simbólica da Química e vice-versa;

Compreender e utilizar conceitos químicos dentro de uma visão macroscópica. Reconhecer tendências a relações a partir de dados experimentais. Reconhecer aspectos químicos relevantes na interação individual e coletiva do ser humano

com o ambiente. Identificar fenômenos físicos e químicos no cotidiano, compreendendo as diferenças

fundamentais entre esses dois tipos de fenômenos. Perceber a noção e a evolução do conceito de modelo atômico e compreender a

estrutura da eletrosfera dos átomos (distribuição eletrônica, que é pré-requisito para o entendimento de como os diferentes átomos de diferentes elementos químicos interagem entre si);

Estudar e compreender a estrutura geral da Tabela Periódica, realizando consultas e previsões

acerca de diversas propriedades dos elementos químicos;

Relacionar a posição dos elementos na Tabela Periódica com a sua estrutura eletrônica. Reconhecer aspectos químicos relevantes na interação individual e coletiva do ser humano

com o ambiente. De habilidades: O aluno hábil a transferir informações, comparar teorias e fatos, pensar,

identificar características, avaliar, fundamentar suas opiniões, questionar, ser participante, realizar trabalhos, exercícios, etc.

Capacidade de realizar pesquisas;

Discriminar moléculas orgânicas de inorgânicas;

Trabalhar em equipe;

Saber relacionar prática com teoria;

Interpretar resultados e redigir relatórios; De atitudes: Estimular no aluno a curiosidade cientifica através da busca de informações

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pesquisas e trabalhos em equipe, além da capacidade crítica.

Respeitar as opiniões dos outros; Consciência crítica frente a fatos e o conhecimento;

Buscar constante atualização;

Aceitar e propor desafios;

Respeitar o meio ambiente;

Reconhecer os erros;

4 – CONTEUDO PROGRAMÁTICO

ATOMÍSTICA

i) Evolução dos Modelos Atômicos; ii) Modelo de Dalton, Thomson e Rutherford; iii) Partículas Atômicas; iv) Cálculo de Z, A, N, E para átomos neutros e íons; v) Organização da eletrosfera atômica; vi) Modelo atômico de Bohr; vii) Distribuição eletrônica para átomos neutros e íons;

CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA

i) Tabela Periódica dos Elementos Químicos; ii) Relação da Estrutura Eletrônica dos Átomos com a Tabela Periódica; iii) Propriedades Periódicas dos Elementos Químicos; iv) Ligações Químicas; v) Ligação iônica e Covalente;

5 – METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE ENSINO

Utilização de aulas teóricas (sala de aula), utilizando de métodos pedagógicos que envolvem a problematização, instrumentalização e conceituação, levando em conta aspectos contextualizados e interdisciplinares. Aplicação de atividades para o desenvolvimento de aprendizagem colaborativa como; Seminários, Leitura de artigos científicos, atividades lúdicas, pesquisas etc.

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6 – RECURSOS DIDÁTICOS

Nas aulas de química serão utilizados giz, quadro negro, tabela periódica, podendo ser usados também nesse ambiente os recursos de hipermídia, como vídeos educativos, e aulas em slides.

7 – CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO

A avaliação será constituída de várias atividades realizadas no decorrer do bimestre (exercícios extras, relatórios das atividades, seminários, leitura de textos científicos, pesquisas, entrega de resumos), onde também serão analisados os procedimentos e as atitudes de cada aluno, chegando no valor de 10,0 cada atividade. Ao final do Semestre letivo, soma – se as notas de cada bimestre, dividindo por dois, chegando a média final.

7.1 RECUPERAÇÃO PARALELA

Não será oferecida a recuperação paralela.

7.2 RECUPERAÇÃO FINAL/ INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Ao aluno que não conseguir atingir a média final igual ou superior a 5,0 será oferecida a recuperação final, com uma atividade final no valor de 7,0 e uma lista de exercício no valor de 3,0.

8 – BIBLIOGRÁFIA

8.1 – BÁSICA

MORTIMER, F.E. e MACHADO, A.H Química 1: Ensino médio, Vol. 1, São Paulo: Editora Scipione, 2012.

8.2 – COMPLEMENTAR

USBERCO, J. e SALVADOR, E. Química – volume 1: Química Geral. São Paulo.

Saraiva.2005.

FELTRE, R. Química Geral – volume 1. São Paulo. Moderna. 2005.

PERUZZO, F. M. (Tito) e CANTO, E. L. Química na Abordagem do Cotidiano - Volume 1 –

Química Geral. São Paulo. Moderna. 2008.

Professor (a) Coordenador (a) Área / Curso

Data Assinatura Data Assinatura

03/02/2014 03/02/2014