45
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI PAULO HENRIQUE MANENTE TYBINKOVSKI CONTROLE DE TEMPERATURA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CERVEJA Palhoça 2019

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

JULIANO ANESI

PAULO HENRIQUE MANENTE TYBINKOVSKI

CONTROLE DE TEMPERATURA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CERVEJA

Palhoça

2019

Page 2: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

JULIANO ANESI

PAULO HENRIQUE MANENTE TYBINKOVSKI

CONTROLE DE TEMPERATURA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CERVEJA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Elétrica da

Universidade do Sul de Santa Catarina como

requisito parcial à obtenção do título de

Engenheiro Eletricista.

Orientador: André Tonon, Esp. Eng.

Palhoça

2019

Page 3: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

JULIANO ANESI

PAULO HENRIQUE MANENTE TYBINKOVSKI

CONTROLE DE TEMPERATURA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CERVEJA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi

julgado adequado à obtenção do título de

Engenheiro Eletricista e aprovado em sua

forma final pelo Curso de Engenharia

Elétrica da Universidade do Sul de Santa

Catarina.

Palhoça, 06 de Novembro de 2019.

______________________________________________________

Professor e Orientador André Tonon, Esp. Eng.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________

Prof. Fabiano Max da Costa, Esp. Eng.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________

Sheila Santisi Travessa, Dra. Eng.

Page 4: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

Dedico este trabalho aos meus pais, Clenir

Manente Tybinkovski e Jucemar

Tybinkovski, pois tenho gratidão aos

ensinamentos repassados que me fizeram

perseverar nesta etapa inicial da minha vida

e a minha esposa Rúbia Ferrari de Pontes,

que acompanhou a conclusão desta trajetória

me orientando nos momentos turbulentos,

estando ao meu lado nos êxitos e nos

aprendizados. (Paulo Henrique Manente

Tybinkovski).

Dedico aos meus pais, Carmem Jusceli Anesi

e João Virgílio Anesi pelo apoio

incondicional em todos os momentos difíceis

da minha trajetória acadêmica. Ao meu irmão

Janilson Anesi que mostrou os primeiros

passos da elétrica e eletrônica. Este trabalho

é dedicado a eles. (Juliano Anesi).

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

AGRADECIMENTOS

Agradecemos o nosso orientador Esp. Prof. André Tonon, pela atenção e

dedicação com que acompanhou e orientou todo o nosso desenvolvimento. A todos os

professores que nesta caminhada, cada um de forma singular contribuiu para o nosso

desenvolvimento intelectual e social. A toda a nossa família e amigos, que direta ou

indiretamente nos ajudaram e nos deram força, pela amizade e companheirismo

demonstrados todos os dias.

Paulo agradece a: Aos meus pais, por toda a educação, conselhos e apoio, pessoas

essenciais na minha vida. A minha esposa Rúbia, por seu amor e incentivo nesta reta final.

Aos meus professores que me ensinaram não só teorias, mas também a ética de um bom

profissional, em especial ao Professor Djan de Almeida do Rosário que contribuiu muito para

o meu desenvolvimento em sua forma de repassar os conhecimentos e de apresentar de

maneira clara a relação entre todos os conteúdos, possibilitando uma visão mais prática e a

útil dos conhecimentos aplicados na vida. Ao amigo Diego Grams, pela orientação durante

o curso, buscando sempre que eu tivesse um melhor aproveitamento dos ensinamentos de

cada cadeira, ao Juliano Anesi por ter se dedicado neste projeto de conclusão de curso, e

durante todo o curso, fazendo com que atingíssemos êxito juntos. Aos meus amigos, que me

apoiaram durante estes longos anos. A todos, minha sincera gratidão.

Juliano agradece a: Aos meus pais, meu irmão, que apesar de todos as

dificuldades, me ajudaram na realização do meu sonho. Aos meus amigos que por muitas

vezes me mantive afastado por dedicação ao estudo. Aos vários colegas de classe, por toda a

ajuda e apoio durante este período tão importante da minha formação acadêmica. Aos

professores Djan de Almeida do Rosário e Anderson Soares André pelas orientações, apoio

е confiança. Em especial ao colega Paulo Henrique Manente Tybinkovski pelo apoio neste e

em outros projetos do curso, e a todos que me encorajaram e apoiaram, fazendo desta, uma

das melhores etapas da minha vida.

Page 6: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

“Não esconda os seus talentos. Para o uso eles foram feitos. O que é um relógio

de sol na sombra?” (BENJAMIN FRANKLIN).

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

RESUMO

O Controle de temperatura na produção de cerveja artesanal é um ponto que define o perfil

de produto, necessitando para isso um controle preciso da temperatura na etapa de brassagem,

processo em que o amido se transforma em açúcares, através da ação das enzimas, e se

dissolvem na água formando o mosto cervejeiro. Atualmente o método de controle da

temperatura amplamente utilizado é o de liga-desliga da chama do fogareiro a gás de cozinha,

devido a sua disponibilidade e facilidade de implementação. Este trabalho busca implementar

um controle PID da temperatura utilizando aquecimento por resistência elétrica. Esta

implementação consiste no desenvolvimento de um sistema de controle utilizando Arduino

que executa um controle PID utilizando um relé de estado sólido. A planta em que será

implementado esse sistema é composta por uma panela de aço inoxidável de 18 litros com

fundo falso para separar os grãos do mosto, uma resistência de baixa densidade de 1600W e

uma bomba hidráulica. A resistência distribui a potência dissipada no fundo da panela

evitando a caramelização do mosto, enquanto a bomba fará a circulação do mosto visando a

homogeneidade do aquecimento do mesmo. Foi desenvolvido um sistema de controle com

arduino, sensor e relé de estado sólido e testado na planta, através do controle PID foi possível

atingir o grau de precisão desejado.

Palavras-chave: PID, Controle de Temperatura, Brassagem, Produção de Cerveja.

Page 8: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

ABSTRACT

Temperature control in the production of craft beer is a point that defines the product profile,

requiring precise temperature control in the brewing stage, a process in which starch turns

into sugars through the action of enzymes and They dissolve in the water forming the brewing

wort. Currently, the widely used temperature control method is the on-off flame of the gas

cooker due to its availability and ease of implementation. This work seeks to implement a

PID temperature control using electric resistance heating. This implementation consists of

developing a control system using Arduino that performs a PID control using a solid-state

relay. The plant where this system will be implemented is made up of an 18 liters stainless

steel pan with a false bottom to separate the grains from the must, a low-density resistance

of 1600W and a hydraulic pump. The resistance distributes the dissipated power at the bottom

of the pan avoiding the caramelization of the wort, while the pump will circulate the wort

aiming the homogeneity of its heating. A control system with Arduino, sensor and solid-state

relay was developed and tested in the plant, through the PID control it was possible to reach

the desired degree of precision.

Keywords: PID, Temperature control, Brewing, Beer Production.

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Rampa de Brassagem 15

Figura 2 - Faixas de atuação das enzimas 16

Figura 3 - Curvas de Resposta de um sistema a uma excitação em degrau unitário 18

Figura 4 - Sensor PT-100 22

Figura 5 - Medição de Tensão em um Termopar 23

Figura 6 - Diagrama de Blocos - Interior do DS18B20 25

Figura 7 - Controle de ciclo integral 28

Figura 8 - Detecção da passagem por zero 29

Figura 9 - Sensor Digital DS18B20 30

Figura 10 – Microcontrolador Arduino UNO 31

Figura 11 - Relé de Estado sólido SSR-40 DA 31

Figura 12 - Panela Cervejeira ML-20G2 32

Figura 13 – Conexões internas 33

Figura 14 – Controlador montado 33

Figura 15 – Controlador instalado na panela 34

Figura 16 – Início da condução do Relé de Estado sólido 36

Figura 17 – Saída PWM arduino 38

Figura 18 – Redução do PWM na saída do Arduino 38

Figura 19 – Diagrama de blocos do sistema com PID 40

Page 10: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 2-1 – Função de Transferência de um sistema de primeira ordem 17

Equação 2-2 – Resposta ao degrau de um sistema de primeira ordem 17

Equação 2-3 – Função de Transferência sistema de segunda ordem 18

Equação 2-4 – Função de Transferência de um controlador PID 19

Page 11: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .................................................................................. 12

1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 13

1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 13

1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 13

1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 14

1.4 METODOLOGIA ....................................................................................................... 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 15

2.1 BRASSAGEM ............................................................................................................ 15

2.2 SISTEMAS DE CONTROLE ..................................................................................... 17

2.2.1 Sistemas Térmicos .................................................................................................... 19

2.2.2 Sistema de Primeira Ordem ...................................................................................... 17

2.2.3 Sistema de Segunda Ordem ...................................................................................... 18

2.2.4 Controlador PID – Proporcional-Integral-Derivativo ............................................ 19

2.2.5 Sintonia do Controlador PID – Proporcional-Integral-Derivativo ......................... 20

2.3 CONTROLE DO PROCESSO .................................................................................... 20

2.4 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA .............................................................................. 21

2.4.1 Faixa de Temperatura .............................................................................................. 22

2.4.2 Precisão .................................................................................................................... 22

2.4.3 Proteção .................................................................................................................... 22

2.4.4 Tempo de Resposta ................................................................................................... 22

2.5 MEDIDORES DE TEMPERATURA ......................................................................... 23

2.5.1 PT-100 ...................................................................................................................... 23

2.5.2 Termopares ............................................................................................................... 24

2.5.3 Digitais ..................................................................................................................... 25

2.6 MICROCONTROLADOR ......................................................................................... 27

2.6.1 Arduino ..................................................................................................................... 27

2.7 CONTROLE DE POTÊNCIA ..................................................................................... 27

3 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 31

3.1 DEFINIÇÕES INICIAIS ............................................................................................. 31

3.2 PRIMEIRA PROGRAMAÇÃO - LIGA-DESLIGA ................................................... 33

3.3 SEGUNDA PROGRAMAÇÃO - PROPORCIONAL ................................................ 37

3.4 TERCEIRA PROGRAMAÇÃO - PID ........................................................................ 40

4 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 43

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 44

Page 12: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

12

1 INTRODUÇÃO

A cerveja artesanal na década de 70 nos Estados Unidos iniciou um processo de

larga expansão que atingiu grandes proporções no ano de 2014 em que havia 3,148 micro

cervejarias estabelecidas, se tornaram uma grande referência no mercado de artesanais, nesta

mesma época, 2014, no Brasil haviam apenas um pouco mais de 200 micro cervejarias

(SEBRAE, 2016).

Esta grande expansão do mercado de micro cervejaria traz junto uma cadeia de

desenvolvimento de fornecimento de insumos, bares e pubs para comércio da bebida ao

consumidor, automação da planta de produção, distribuição e consumo da bebida inclusive

difunde a ideia de produção de cerveja em casa (LAPOLLI, 2018).

Enquanto em 2014 havia algo próximo de 200 micro cervejarias, em 2017 já

estão estabelecidas segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, 679 cervejarias. Este

crescimento se assemelha ao que ocorreu nos Estados Unidos na década de 90 (LAPOLLI,

2018).

Observando este amplo crescimento e conhecendo o processo de fabricação,

nota-se que a produção caseira tem à disposição controles baratos e que necessitam de muita

atenção do operador. Existem controles automáticos, porém estes estão em um faixa de valor

que restringe o acesso de grande parte dos produtores de cerveja caseiros. Este trabalho tem

o objetivo de desenvolver um controlador que atenda essa demanda de precisão com um

custo-benefício que possibilite a automação de produções de pequena escala, utilizando

sensores, micro controladores e atuadores de uso comum a indústria.

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Para que se possa fazer e repetir uma receita de cerveja, mantendo o padrão de

qualidade da mesma, é necessário ter o controle de temperatura durante o processo, pois o

líquido precisa permanecer em um patamar de temperatura por determinado período.

Atualmente faz-se o controle de acender e apagar o fogo conforme necessário,

desta forma a temperatura não permanece constante no valor desejado. Esta variação ocorre

devido a troca de temperatura com o ambiente, desta forma obtemos cervejas que contém

distinções entre elas, o que não é desejado.

Existem no mercado controladores com microprocessador, porém o custo é alto

e a interface poderia ser mais simples facilitando modificações durante o processo.

Page 13: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

13

1.2 JUSTIFICATIVA

O movimento de produção de cerveja em casa tem alcançado uma grande

proporção de adeptos, este movimento visa a produção de cerveja deixando a critério do

cervejeiro o estilo e as proporções de ingredientes para atingir o resultado desejado. Uma

parte importante do processo de fabricação da bebida é o controle de temperatura que

possibilita a repetição da receita. É comum identificar ótimas cervejas entre os cervejeiros

caseiros, cujas receitas mesmo que bem registradas são dificilmente repetidas sem um

controle adequado de processo (LAPOLLI, 2018).

Algumas peculiaridades destes produtores de cerveja precisam ser levadas em

conta. O processo de brassagem é feito durante um dia, normalmente o dia de folga do

trabalho, neste dia também é feito o envase, limpeza e sanitização dos fermentadores,

garrafas e barris.

Desta forma executando diversas tarefas paralelamente, torna-se complicado o

controle da temperatura na panela de brassagem. Mediante aos fatos surge a necessidade de

um controlador que execute as rampas de forma independente, conforme configurado pelo

cervejeiro no início do processo. Este controle torna a produção da cerveja uma tarefa menos

complexa, e que possibilita a repetibilidade com maior grau de acerto. Em se tratando de um

hobby, o mesmo deve ser prazeroso e através de um controle confiável será possível executar

todas as atividades sem comprometer a execução do processo e obtendo um resultado

conforme esperado.

1.3 OBJETIVOS

A partir do problema de pesquisa, foram definidos um objetivo geral e três

objetivos específicos.

1.3.1 Objetivo Geral

Controlar a temperatura da panela de brassagem utilizando microcontrolador

comercial, possibilitando a padronização da produção de cerveja.

Page 14: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

14

1.3.2 Objetivos Específicos

Definir o Microcontrolador, sensores e atuadores;

Definir o tipo de controle que gere a menor variação possível;

Implementar um protótipo que seja de operação simples e confiável;

Realizar os testes do controlador, para validar o controle;

Desenvolver um controlador de temperatura que possa se adequar a

diferentes volumes de produção com poucos ajustes.

1.4 METODOLOGIA

Análise bibliográfica acerca de controle industrial de temperatura;

Assimilação dos conteúdos estudados com o projeto;

Desenvolvimento do modelo de controle;

Projeto do controlador;

Realizar testes e acompanhar os resultados.

Page 15: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo tem como principais objetivos fornecer o embasamento teórico,

para que o leitor possa acompanhar o desenvolvimento do projeto. Sendo que os temas serão

aprofundados de acordo com o nível de importância e correlação com o objetivo geral deste

documento.

Serão abordados assuntos relacionados a controle de temperatura, transdutores

de temperatura e Arduino1, sendo feita uma breve explicação do processo a ser controlado de

forma que o leitor possa entender como a temperatura deve ser acompanhada e controlada no

sistema para que o processo de mostura2 ocorra conforme esperado.

2.1 BRASSAGEM

O processo de brassagem é uma das etapas de produção de cerveja em que os

grãos de malte moídos, são encharcados em água quente para que seja possível a atuação das

enzimas que metabolizam os amidos que foram expostos pela moagem dos grãos. Para que

este processo ocorra, deve-se ter uma temperatura constante, por determinados períodos,

conforme a Figura 1.

Figura 1 - Rampa de Brassagem

Fonte: Dias (2014)

1 Arduino é uma plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre

2 Mostura também chamada de brassagem: etapa de encharque do malte em que determinadas enzimas

convertem o amido disponível em açucares.

Page 16: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

16

Estas rampas têm por objetivo favorecer um tipo de enzima em cada estágio.

Quando o objetivo é uma cerveja mais leve, com menos corpo e de alta drinkability3, deve

ser feita uma rampa com mais ênfase na temperatura de 62°C, que favorece a enzima Beta

Amilase que metaboliza o amido em açúcares de cadeia curta, que na fermentação é

convertido em etanol e gás carbônico sendo em sua maioria processado e não ficando na

cerveja pronta. Um exemplo seria o estilo American Lite Lager, conhecido amplamente como

“pilsen” vendida em larga escala. (PALMER, 2006).

No caso da uma produção de uma cerveja bem encorpada e que precisa apresentar

uma sensação de boca maior, como quando bebemos leite em comparação a beber água.

Deve-se manter mais tempo na rampa de 70°C, esta favorece a enzima que quebra o amido

em açúcares de cadeia longa, estes açúcares não são metabolizados pelas leveduras e,

portanto, permanecem na cerveja pronta, proporcionando maior “corpo”. As faixas de

atuação das enzimas podem ser observadas na Figura 2. (PALMER, 2006).

Figura 2 - Faixas de atuação das enzimas

Fonte: Hugo (2013)

3 Drinkability é em uma tradução direta a habilidade de beber, representa que as características da bebida

propiciam um maior consumo.

Page 17: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

17

2.2 SISTEMAS DE CONTROLE

A automação de sistemas busca otimizar o processo, resultando no aumento da

produtividade, redução de tarefas repetitivas e diminuição do erro causado pelo fator

humano. Os sistemas de controle monitoram e atuam em operações industriais como:

controle de pressão, umidade, temperatura, vazão e viscosidades. Desta forma, as linhas de

produção operam com menor número de paradas e com melhor precisão no controle. Os

sistemas são classificados como sistemas de primeira ordem e de segunda ordem, conforme

o grau da sua função de transferência (OGATA, 1998).

2.2.1 Sistema de Primeira Ordem

Os sistemas de primeira ordem, são assim classificados pois sua função de

transferência não possui termos com o grau maior do que um. Estes sistemas podem ser

exemplificados pela relação entrada e saída, que define a função de transferência, a equação

1, mostra uma função de transferência de primeira ordem: (OGATA, 1998)

𝐶(𝑠)

𝑅(𝑠)=

1

𝑇𝑠+1 (1)

Este sistema quando submetido a uma entrada degrau unitária que na aplicação

seria acrescentar um volume de água a panela, ou quando arriamos o malte. Este sistema tem

uma resposta no domínio do tempo, a equação 2 mostra a resposta ao degrau de um sistema

de primeira ordem: (OGATA, 1998)

𝑐(𝑡) = 1 − 𝑒−𝑡/𝑇 (2)

Quando o tempo é igualado com a constante de tempo T, tem-se como resposta

um valor igual a 0,632, que corresponde a 63,2% do valor final, seguindo para o instante 4T,

a resposta atinge 98,2% do valor final sendo assim considerada uma resposta aceitável na

prática, porém estes valores mostram que a resposta do sistema é lenta, isto influencia no

controle tornando a resposta lenta quando existem modificações na temperatura. Deve-se

levar em consideração que sistemas de primeira ordem quando submetidos a uma entrada em

rampa, apresentam uma resposta com um desvio constante de valor T, que é a constante de

tempo da função de transferência, deste modo sempre haverá um desvio, não sendo possível

atingir o valor desejado (OGATA, 1998).

Page 18: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

18

2.2.2 Sistema de Segunda Ordem

Seguindo a mesma lógica de classificação que os sistemas de primeira ordem, as

funções de transferência dos sistemas de segunda ordem possuem no máximo termos de grau

dois. Quando este sistema tem na sua entrada uma função degrau a função de transferência

em malha fechada pode ser descrita conforme a equação 3:

𝐶(𝑠)

𝑅(𝑠)=

𝜔𝑛2

𝑠2+2𝜁𝜔𝑛𝑠+𝜔𝑛2 (2)

ωn – Frequência Natural não-amortecida

𝜁 – Coeficiente de amortecimento do sistema

Os sistemas de segunda ordem possuem casos específicos conforme o valor de 𝜁,

sendo subamortecido (0 < 𝜁 < 1), criticamente amortecido (𝜁 = 1) e superamortecido (𝜁 > 1).

O comportamento do sistema em cada caso pode ser visto na Figura 3.

Figura 3 - Curvas de Resposta de um sistema a uma excitação em degrau unitário

Fonte: Ogata (1998)

Page 19: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

19

Conforme apresentado da Figura 3 o que se deseja na prática é uma resposta do

sistema semelhante a curva em que o 𝜁 está entre 0,7 e 0,8, sendo uma resposta rápida com

menos sobre-sinal (OGATA, 1998).

2.2.3 Sistemas Térmicos

O controle de temperatura é realizado comparando a medição da temperatura no

processo com o Setpoint, caso exista uma diferença, essa é chamada de sinal de erro, este

erro é tratato com base na lógica que foi implementada no controlador, o mesmo atua sobre

o atuador, que pode ser uma resistência de aquecimento elétrica ou um compressor de um

resfriador, alterando assim a temperatura do meio que está sendo controlado. Em um

controlador digital este ciclo ocorre constantemente de forma a manter a temperatura do meio

conforme a temperatura de Setpoint (OGATA, 1998).

2.2.4 Controlador PID – Proporcional-Integral-Derivativo

Conforme Ogata (1998,p. 544):

É interessante assinalar que mais da metade dos controladores industriais em uso

nos dias atuais utiliza a estratégia de controle PID ou PID modificadas. A maioria

dos controladores analógicos é hidráulica, pneumática, elétrica e eletrônica, ou

resulta de uma combinação destes tipos. Correntemente, muitos deles são

transformados em digitais por intermédio dos microprocessadores.

O controlador utiliza a combinação do controle proporcional, integral e

derivativo. Esse sistema de controle utiliza características de cada uma das ações para obter

uma melhora significativa do comportamento transitório e em regime permanente do sistema.

Desta forma, têm-se três parâmetros de sintonia no controlador.

A grande utilização desse processo é devido ao seu bom desempenho, sua ampla

faixa de operação e principalmente pela simplicidade de implementação). O controlador é

formado de um termo proporcional, um termo integral e de um termo derivativo, expressados

pela equação 4, que define a função de transferência do PID (DORF e BISHOP, 2009):

𝐺𝐶(𝑠) = 𝐾𝑃 +𝑇𝐼

𝑠+ 𝑇𝐷𝑠 (4)

Sendo Kp o termo da constante proporcional, Td é a constante do termo

derivativo e Ti é a constante do termo integrativo.

Page 20: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

20

No modo proporcional a ação do controle é diretamente proporcional a sua

entrada, ou seja, proporcional ao sinal de erro. Já no modo derivativo a ação do controle é

proporcional à taxa de variação do sinal de erro. No modo integrativo a ação do controle é

proporcional à integral do sinal do erro no tempo.

Para implementar o controlador é necessário determinar os ganhos proporcional,

derivativo e integrativo.

2.2.5 Sintonia do Controlador PID – Proporcional-Integral-Derivativo

Para obter os parâmetros seguindo o método proposto por Ziegler e Nichols,

determina-se primeiramente o ganho crítico (Ku) e o período crítico (Pu), onde o ganho

crítico (Ku) é o maior valor de ganho para um controlador proporcional que mantém o

sistema estável, que é definido pela equação 5, sendo que o período desta oscilação estável é

o período crítico (Pu). Estes dados podem ser obtidos implementando no sistema um controle

liga-desliga, obtendo o h que é a diferença ente a amplitude máxima e mínima da oscilação

e o d que é a amplitude máxima do atuador, sendo no Arduino 255 + 1 (TOMAS, 2012).

𝐾𝑢 =4∗256

𝜋∗ℎ (5)

A partir destes parâmetros seguindo o método de Ziegler Nichols Tuning Rules

pode-se obter o ganho proporcional (Kp), ganho integral (Ki) e o ganho derivativo (Kd),

conforme as equações 6, 7 e 8 (PINTO, 2014):

𝐾𝑝 =𝐾𝑢

1,7 (6)

𝐾𝑖 =2∗𝐾𝑝

𝑃𝑢 (7)

𝐾𝑑 =8∗𝐾𝑝

𝑃𝑢 (8)

2.3 CONTROLE DO PROCESSO

Todo e qualquer processo que necessita a estabilização de uma variável de

controle conforme desejado, necessita de instrumentos de medição e controle para que se

possa manter esta variável em um valor adequado à execução do processo (BEGA,

DELMÉE, et al., 2006).

O controle pode ser feito de forma manual com um operador, em um processo de

aquecimento de um fluido por aquecimento a gás, acendendo e apagando o fogo conforme

leitura de um termômetro. Ou através de um instrumento de medição que fornece informação

Page 21: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

21

ao sistema de controle, onde o mesmo avalia se o valor medido está igual ao valor

programado (set point – SP) anteriormente, caso exista uma diferença o controlador envia

sinal para o atuador aquecer o fluido (BEGA, DELMÉE, et al., 2006).

O controle pode ser implementado em malha aberta ou em malha fechada, para

processos onde se conhece a dinâmica do sistema e pode-se controlar a variável por outras

medições indiretas, são classificados como sistema de malha aberta. Como exemplo pode ser

utilizado um controle de nível em que o consumo é constante e a vazão da bomba também,

desta forma sabe-se que a bomba pode obedecer um ciclo de determinado tempo ligada e

outro tempo desligada. Neste caso a variável Nível não é controlada diretamente e este

controle também não é feito de forma precisa, porém se adequa ao processo. Esta classe de

controle pode também ser implementada em uma fase inicial do processo para que se possa

identificar a dinâmica do mesmo e futura implementação do controle em malha fechada

(BEGA, DELMÉE, et al., 2006).

Quando se monitora a Variável Controlada (temperatura) e atua-se sobre a

Variável Manipulada (aquecimento a gás), conforme o exemplo do aquecimento do fluido,

implementa-se um sistema de controle de malha fechada. O atuador e o controlador poderão

ser um operador ou no caso de uma planta que exige maior precisão e repetibilidade, utiliza-

se um controlador. Em ambos os casos, identifica-se a diferença entre o valor medido e o

valor programado comparando os dois, esta diferença é o valor do erro (offset), que será

computado pelo controlador ou operador, o qual deve atuar sobre uma variável manipulada

que neste caso seria o aquecimento a gás (BEGA, DELMÉE, et al., 2006).

2.4 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA

A temperatura é a grandeza que quantifica o calor de uma determinada

substância, este representa o grau de agitação das moléculas. Esta quantização é realizada de

forma indireta por meio da variação do volume, comprimento e resistência elétrica de um

material que ocorre proporcionalmente com a variação de temperatura. Para cada aplicação

e faixa de temperatura existe um material que varia suas propriedades físicas ou elétricas de

forma proporcional a variação de temperatura naquela faixa de medição. A definição de qual

tipo de sensor4 será utilizado depende de alguns fatores como: faixa de temperatura, precisão,

proteção e tempo de resposta (BEGA, DELMÉE, et al., 2006).

4 Sensor é um dispositivo que possibilita o monitoramento e a medição de uma grandeza física ou química, por

um circuito eletrônico.

Page 22: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

22

2.4.1 Faixa de Temperatura

Deve ser analisada a faixa de temperatura em que o sistema opera normalmente

e a necessidade de modificação da mesma no futuro, desta forma deverá ser escolhido um

sensor que atenda a faixa de operação, sem danificar o mesmo (BEGA, DELMÉE, et al.,

2006).

2.4.2 Precisão

A precisão do sensor varia conforme o tipo de sensor e sua classe de precisão,

deve se analisar na planta qual a menor variabilidade da medida que pode prejudicar o

produto e o andamento do processo. Isto deve ser feito pois um sensor com uma precisão

muito mais elevada que a necessidade do processo, irá encarecer o projeto de controle,

podendo torná-lo muito mais oneroso que o necessário, aumentando o pay-back5.(BEGA,

DELMÉE, et al., 2006).

2.4.3 Proteção

O sensor de temperatura possui uma baixa resistência mecânica quando são

colocados diretamente em contato com as condições agressivas do processo, desta forma,

normalmente os mesmos são acondicionados em tubos ou poços, que protegem de choques

mecânicos, fluidos e fogo direto. Deve-se identificar qual a condição adversa e a faixa de

temperatura de trabalho em que o sensor deve ser instalado, para que assim seja especificada

uma proteção para o sensor (BEGA, DELMÉE, et al., 2006).

2.4.4 Tempo de Resposta

O tempo de resposta pode ser definido como o tempo que o sensor necessita para

igualar a temperatura com o meio onde ele está inserido após ser aplicado um degrau6 de

5 Pay back é o tempo que leva, para que o custo do investimento retorne para o caixa da empresa.

6 Degrau é uma variação instantânea de temperatura que permanece em um determinado valor diferente do

anterior, de forma constante.

Page 23: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

23

temperatura. Caso o sensor tenha uma massa muito pequena, este terá um tempo de resposta

muito pequeno pois esta massa se equilibra com o meio, em termos de temperatura, com

maior rapidez, porém normalmente essa situação é impraticável pois este sensor precisa de

uma proteção que irá conferir um maior volume e massa ao sensor.

Este tempo pode ser obtido com a simulação do sistema em que o sensor é

inserido em um ambiente, aplicando um degrau na temperatura no mesmo, quando o sensor

apresentar 63,2% da variação entre temperatura inicial e a final obtemos na prática 1/3 do

tempo de resposta (BEGA, DELMÉE, et al., 2006).

2.5 MEDIDORES DE TEMPERATURA

Na sequência serão explicados alguns tipos de medidores de temperatura com

foco nos medidores que utilizam da variação da resistência elétrica conforme a variação da

temperatura, desta forma torna-se possível a utilização dos mesmos como sensores de

temperatura.

2.5.1 PT-100

Os PT-100 recebem esta denominação pois possuem uma resistência padronizada

de 100Ω a 0°C, composta por um elemento de platina. Dentre os fatores que foram explicados

anteriormente este tipo de sensor é o que possui uma das melhores performances em se

tratando de estabilidade, precisão e ampla faixa de operação. Por este motivo se tornou um

dos sensores mais utilizados em todo o mundo, juntamente com os termopares que será

explicado a seguir, padronizando assim a implementação de projetos e garantindo a reposição

do mesmo na eventual necessidade, isto se deve ao seu custo ser baixo, devido a utilização

de metais não nobres (BEGA, DELMÉE, et al., 2006).

O sensor é composto com um fio disposto sobre um isolante de cerâmica ou vidro

que formam uma capsula que está dentro de um poço metálico que garante a proteção, figura

4.

Page 24: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

24

Figura 4 - Sensor PT-100

Fonte: Ziehl Industrie-elektronik GMBH + CO KG (2016)

Os limites de erros permitidos por normas são:

Sensores de classe A:

𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 = ±[0,15 + 0,002𝑇]°𝐶

Sensores de classe B:

𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 = ±[0,30 + 0,005𝑇]°𝐶

Considerando um sensor de Classe B operando em uma temperatura de 100°C o

erro será de:

±[0,30 + 0,005 ∗ 100] = ±0,80°𝐶

Este erro corresponde a ±0,80% do valor medido, o que é um valor que pode ser

considerado bom (BEGA, DELMÉE, et al., 2006).

2.5.2 Termopares

Assim como os PT-100 os Termopares têm uma grande empregabilidade em

aplicações devido ao seu baixo custo, confiabilidade, precisão, estabilidade e repetibilidade

satisfatórias, sendo também capaz de operar em uma grande faixa de temperaturas.

Um termopar é construído através da junta de dois elementos metálicos que

devido ao efeito SeeBeck7 produz uma FEM8 entre os terminais, a qual pode ser medida por

um sistema de controle posterior.

7 SeeBeck – Efeito que produz uma tensão elétrica devido a junção de dois condutores de materiais distintos

expostos a diferentes temperaturas. 8 FEM - Força eletromotriz que é usualmente conhecida como tensão elétrica, a qual representa a diferença de

potencial elétrico entre os terminais.

Page 25: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

25

Figura 5 - Medição de Tensão em um Termopar

Fonte: EMBARCADOS (2016)

Esta junta pode ser feita com uma simples solda ou em determinados casos

utiliza-se plasma para unir os metais. Usualmente devido a fragilidade desta junta, a mesma

é protegida por um posso térmico que garante maior vida útil ao componente protegendo-a

da oxidação e choques mecânicos.

Para efeitos práticos de um termo par tipo K, em uma faixa de operação 0-

1250°C, possui seus limites de erros em ±0,75% do valor medido, situação que se assemelha

ao PT-100 apresentado.

Os sinais de tensão gerados por um termopar são na ordem de milivolts, desta

forma devem ser consideradas as perdas dos cabos até o controlador que irá realizar a leitura

desta medição, implicando na redução da precisão do conjunto de medição (BEGA,

DELMÉE, et al., 2006).

2.5.3 Digitais

Os sensores de temperatura Digitais são uma categoria de sensores que no interior

do invólucro estão contidos além dos circuitos responsáveis pela leitura da temperatura, um

conversor A/D e uma memória na qual estão registrados os valores já convertidos em formato

digital, os limites pré-estabelecidos que as medições podem armazenar, para que caso o

sensor esteja operando em uma faixa de temperatura fora da especificada, seja emitida uma

sinalização sonora. Também está contido no invólucro um registrador que deixa armazenado

o valor de CRC 9em função dos dados armazenadas na memória BEGA, DELMÉE, et al.,

2006).

9 CRC é a verificação cíclica de redundância, utilizada para identificar perdas de bits em redes de comunicação

digitais.

Page 26: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

26

Figura 6 - Diagrama de Blocos - Interior do DS18B20

Fonte: MAXIM INTEGRATED PRODUCTS, INC. (2015)

Na Figura 6 foi apresentada a estrutura interna do sensor digital em diagrama de

blocos que serão explicados abaixo:

Circuito de alimentação parasita (Parasite Power Circuit): é o circuito

responsável pela alimentação dos circuitos internos, tendo como opção

direta o pino VDD ou pela tensão sobre o capacitor Cpp.

ROM de 64 bits e porta 1-Wire (64 Bit-ROM and 1-Wire Port): este bloco

é responsável pelo alocamento do código de ROM de 64 bits e pela porta

1-Wire onde haverá a transição bidirecional de dados do DS18B20;

Lógica de controle de memória (Memory Control Logic): este bloco fica

responsável pela interpretação dos dados enviados e recebidos pelo chip;

Sensor de temperatura (Temperature Sensor): Este é o bloco em si

responsável pela medição e conversão da leitura de analógico para digital,

inserindo um byte para representar o sinal da medida.

Registradores de acionamento de alarme (Alarm Trigger Register ): são

dois registradores que compararam os limites de temperatura com as

medidas realizadas com o objetivo de ativar ou não o alarme

Memória de rascunho (ScratchPad): é a memória de dados do sensor.

Registrador de configuração (Configuration Register): Memória onde

ficam salvas as configurações da resolução (9 a 12 bits) dos dados

enviados.

Gerador de CRC: Circuito que gera o código de verificação CRC,

conforme os dados que existem na memória. (MAXIM INTEGRATED

PRODUCTS, INC., 2015)

Page 27: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

27

2.6 MICROCONTROLADOR

Sistemas computacionais podem ter diversas configurações, porém as principais

são construídas utilizando microcontroladores e microprocessadores (HAUPT e DACHI,

2018).

Devido a isso, podem ser encontrados microcontroladores com seis pinos ou até

menos em funções especificas. São muito utilizados em tarefas que requeiram um

processamento especializado e autônomo, como é o caso de instrumentos e sensores para a

indústria, dispositivos automobilísticos, dispositivos móveis etc. na literatura são referidos

por siglas como microcontroller unit (MCU) (HAUPT e DACHI, 2018).

Microcontroladores são CIs10 que também contém as funções UCP11, memória,

entrada e saída de dados, no entanto, possuem incorporados a sua arquitetura interna,

memórias (RAM e ROM) e alguns periféricos (interface serial, PWM, temporizadores etc).

São utilizados para operações específicas em um processo (HAUPT e DACHI, 2018).

2.6.1 Arduino

Arduino é uma plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre e de

placa única, projetada com um microcontrolador Atmel AVR com suporte de entrada/saída

embutido.

Existem diversos modelos de placas Arduino, que variam em seu tamanho e

quantidade de portas disponíveis. O que iremos utilizar no projeto é o modelo Uno.

Arduino Uno é uma placa microcontroladora de prototipagem baseada no

ATmega328P. Possui 14 pinos de entrada / saída digital (dos quais 6 podem ser usados como

saídas PWM), 6 entradas analógicas, um cristal de quartzo de 16 MHz, uma conexão USB,

um conector de energia, um conector ICSP e um botão de reset (Arduino, 2018).

2.7 CONTROLE DE POTÊNCIA

Há dois métodos básicos para o controle de potência da carga: o de ciclos integral,

ou liga-desliga, e o de fase. O primeiro server para sistemas com uma constante de tempo

grande, como os controles de temperatura. A potência na carga pode ser controlada com a

10

Cis Circuitos integrados 11

UCP Unidade central de processamento

Page 28: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

28

ligação e o desligamento ou on-off, da fonte à carga, por uma sequência de ciclos completos.

O tempo de duração dos períodos nos estados ligados e desligado, isto é, o ciclo de trabalho,

é ajustado de tal maneira que a potência média entregue a carga atenda o objetivo de momento

(AHMED, 2000).

O sistema de controle de ciclo integral é adequado para aplicações nas quais os

intervalos nos estados ligados e desligados da chave são controlados para fornecer à uma

carga a potência desejada, assim controlando a temperatura. Uma vez alcançada esta

temperatura, a natureza intermitente da corrente não causa grandes mudanças na temperatura,

a menos que o tempo de T𝑜𝑓𝑓 12seja muito grande (AHMED, 2000).

2.7.1 Controle de ciclo integral

Em um controle de ciclo integral os tiristores devem ser disparados em um ângulo

de disparo, α= 0º, para permitir que ciclos completos da tensão da fonte sejam aplicados a

carga. Conforme figura 7 e não houver disparo em um ciclo, então nenhuma tensão aparecerá

na carga durante o período daquele ciclo. Nesse caso é possível permitir que ciclos completos

de tensão da fonte sejam aplicados à carga, seguido de ciclos completos sem carga (AHMED,

2000).

Uma vez que T𝑜𝑛13 somente pode variar com um número inteiro, o valor médio

da potência na carga não é uma função continua; tem apenas níveis discretos, quando o ciclo

é disparado a potência entregue a carga é potência máxima da fonte. O número de degraus

disponíveis para a regulação da potência média depende do número total de ciclos incluídos

no padrão de repetição (AHMED, 2000).

12

Toff período em que a carga está desacoplada a fonte. 13

Ton período em que a carga está acoplada a fonte.

Page 29: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

29

Figura 7 - Controle de ciclo integral

Fonte: AHMED (2000)

2.7.2 Detecção de passagem por zero

A detecção da passagem pelo ponto zero (zero crossing) é feita através da

comparação dos valores do sinal ao longo do tempo. O circuito do detector consiste em um

optoacoplador ligado à rede por resistores e ao microcontrolador, conforme apresentado no

diagrama da figura 8.

Quando houver diferença de tensão entre os pontos de entrada, independente da

polaridade, o fototransistor fica saturado e a tensão no ponto de medição é considerada zero

pelo microcontrolador. No momento em que a tensão da rede cruzar o ponto zero o

fototransistor entra em corte e deixa de conduzir a tensão do coletor para o emissor, assim o

microcontrolador recebe um pulso positivo reconhecendo a passagem por zero. Isso ocorre

duas vezes a cada ciclo, fazendo com que o pulso recebido pelo microcontrolador seja o

dobro da frequência de entrada.

Page 30: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

30

Figura 8 - Detecção da passagem por zero

Fonte: STACK EXCHANGE INC (2016)

Page 31: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

31

3 DESENVOLVIMENTO

Este capítulo tem como principal objetivo apresentar como foi desenvolvida a

construção e a programação do controlador de temperatura, desde a escolha dos componentes

a montagem e o teste em laboratório.

3.1 DEFINIÇÕES INICIAIS

Para definir quais os componentes seriam utilizados na construção do controlador

foi necessário considerar a precisão dos sensores, a disponibilidade do microcontrolador e a

potência da resistência que será controlada pelo relé de estado sólido. Foram definidos os

seguintes componentes:

O Sensor Digital DS18B20 foi selecionado por enviar a medida analógica já

convertida em sinal digital, evitando assim interferências e a necessidade de construir um

circuito conversor.

Figura 9 – Sensor Digital DS18B20

Fonte: CORE ELECTRONICS (2019)

O Arduino UNO foi escolhido por atender nossa necessidade de processamento

e o número de portas digitais, com uma linguagem de programação conhecida, que

possibilitou o desenvolvimento da programação. A figura 10 apresenta o microcontrolador

utilizado para realizar a comparação da temperatura medida com o Setpoint e atuar no relé

de estado sólido.

Page 32: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

32

Figura 10 – Microcontrolador Arduino UNO

Fonte: FLIPKART (2019)

O Relé de Estado Sólido possibilita a comutação de cargas em corrente alternada,

sendo que internamente possui um circuito que identifica o momento em que a onda senoidal

da rede passa pelo zero, desta forma possibilita o controle, comutando a carga sem uma

elevada dissipação de potência.

Figura 11 – Relé de Estado sólido SSR-40 DA

Fonte: MLSTATIC (2019)

Page 33: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

33

A Panela Cervejeira ML-20G2, apresentada na figura 12 possui uma resistência

de aquecimento de 1600W/220V e uma capacidade de 18L, sendo um sistema de tamanho

pequeno que reproduz o funcionamento de uma brassagem de cerveja. Acoplada a panela

temos uma bomba que recircula o fluido possibilitando que a temperatura medida pelo sensor

seja homogeneizada.

Figura 12 – Panela Cervejeira ML-20G2

Fonte: SUPER COLETIVAS (2019)

3.2 PRIMEIRA PROGRAMAÇÃO - LIGA-DESLIGA

Na programação do microcontrolador foi utilizada a biblioteca OneWire.h e a

biblioteca DallasTemperature.h, estas bibliotecas são responsáveis pela comunicação com o

sensor digital DS18B20, e a conversão da leitura em graus Celsius.

A princípio o primeiro sistema de controle utilizado foi o Liga-Desliga, onde o

controlador acompanha a temperatura lida pelo sensor IN3 e compara com o Setpoint - SP,

desta forma enquanto a temperatura lida for menor que o SP, a saída IN11 permanece ligada,

quando a entrada de temperatura for igual ou maior que SP, a saída fica desligada.

Foi carregado o código no controlador e realizadas as conexões conforme abaixo:

A Figura 13 mostra a parte interna do controlador com uma fonte de 5V para alimentar o

sistema e o relé de estado sólido dentro de uma caixa que possibilitasse a troca de calor.

Page 34: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

34

Figura 13 – Conexões Internas

Fonte: Dos Autores (2019)

A Figura 14 é o controlador fechado com o arduino acoplado em um display, o

sensor de temperatura e o disjuntor de proteção do circuito de potência.

Figura 14 – Controlador montado

Fonte: (Dos Autores, 2019)

Na Figura 15 está a panela com a bomba de recirculação e o controlador.

Page 35: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

35

Figura 15 – Controlador instalado na panela

Fonte: Dos Autores (2019)

Para verificar o funcionamento, foram realizados testes utilizando o software

PLX-DAQ que possibilita a aquisição de dados do arduino a uma taxa de uma medição por

segundo, foi mantida esta amostragem durante todos os testes para que pudesse ser mantida

a comparação entre os resultados.

Neste primeiro teste foi utilizado uma panela com aquecimento por resistência

elétrica e 5 litros de água. O seguinte resultado foi obtido:

Page 36: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

36

No gráfico pode-se notar que após o controlador desligar a temperatura continua

aumentando até o valor de 62ºC que são 2ºC acima da temperatura de SP. A temperatura

ambiente no teste era de 25ºC.

Esta ultrapassagem, apresentado Gráfico 1, é devido a inércia térmica do volume

de água na panela, desta maneira para reduzir esta ultrapassagem, o controlador deve desligar

a resistência momentos antes de atingir o SP. Com o intuito de corrigir estas falhas, migramos

o sistema de controle para o Proporcional.

Gráfico 1 – Controle Liga-Desliga

Fonte: Dos Autores (2019)

Para acompanhar como atua o relé de estado sólido foi realizado uma medição

com osciloscópio na saída do relé, como pode ser observado na Figura 16, a condução inicia

no momento que a senóide cruza o zero.

202530354045505560657075

01

31

26

23

93

52

46

55

78

69

17

10

48

11

79

13

10

14

41

15

72

17

03

18

34

19

65

20

96

22

27

23

58

24

89

26

20

27

51

28

82

30

13

31

44

32

75

34

06

35

37

36

68

37

99

39

30

40

61

Tem

per

atu

ra [

°C]

Tempo [s]

Controle Liga-Desliga

SET. Temp C:

Page 37: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

37

Figura 16 – Início da condução do Relé de Estado sólido

Fonte: Dos Autores (2019)

3.3 SEGUNDA PROGRAMAÇÃO - PROPORCIONAL

Nesta etapa o sistema de controle utilizado foi o Proporcional, onde o

controlador acompanha a temperatura lida pelo sensor IN3 e calcula a diferença do Setpoint

- SP, este delta é multiplicado por uma constante K que adotamos empiricamente 100, desta

forma quanto mais próxima a temperatura de entrada estiver do SP menor será a saída PWM

de controle que consequentemente menor será a potência de aquecimento, sendo que foi

estabelecido que saída “0” representa resistência desligada e saída “255” representa saída em

potência máxima.

As conexões foram mantidas apenas o código foi modificado conforme abaixo:

if(P_error>=5)

digitalWrite(13,HIGH);

else

if(setpoint>tempC)

valor1 = KP * P_error;

valor2 = (5 - P_error)*KP;

digitalWrite(13,LOW);

delay( valor2);

Page 38: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

38

digitalWrite(13,HIGH);

delay(valor1);

digitalWrite(13,LOW);

Neste código o controlador atua proporcionalmente apenas nos 5°C antes de

atingir o setpoint. O Valor 1 é a quantidade de milissegundos que a saída ficará ligada e o

valor2 é a quantidade de milissegundos que a saída ficará desligada. Foi feito desta forma

pois a frequência do PWM do arduino não possibilitava o chaveamento do relé de estado

sólido, utilizamos o mesmo sistema do liga-desliga, com o objetivo de comparar o resultado.

No gráfico 2 a curva Temp C em °C é a resposta de temperatura do sistema e as

barras Time On em milisegundos são o sinal de PWM convertido em tempo, comparativo

com o liga-desliga pode-se ver uma anulação da ultrapassagem, que atende o objetivo de não

comprometer o processo da cerveja, porém este controle não atinge o valor ajustado.

Gráfico 2 – Controle Proporcional

Fonte: (Dos Autores, 2019)

0

200

400

600

800

1000

1200

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

18

31

65

24

73

29

41

14

93

57

56

57

73

98

21

90

39

85

10

67

11

49

12

31

13

13

13

95

14

77

15

59

16

41

17

23

18

05

18

87

19

69

20

51

21

33

22

15

22

97

23

79

24

61

Tem

po

lig

ado

[m

s]

Tem

per

atu

ra [

°C]

Tempo [s]

Controlador Proporcional

Time On SET. Temp C:

Page 39: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

39

Na Figura 17 com o osciloscópio foi identificado a atuação do PWM na saída do

Arduino, em um intervalo de tempo de aproximadamente 1 segundo, conforme figura 17 com

90% ligado e 10% desligado:

Figura 17 – Saída PWM do Arduino

Fonte: Dos Autores (2019)

Na Figura 18 foi modificado o percentual do PWM para verificar a resposta na

saída do arduino:

Figura 18 – Redução do PWM na Saída do Arduino

Fonte: Dos Autores (2019)

Page 40: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

40

3.4 TERCEIRA PROGRAMAÇÃO - PID

Com o objetivo de evitar a ultrapassagem do valor ajustado que o liga-desliga

gerou e atingir o valor ajustado, que no controle proporcional não foi possível, foi

implementado o sistema PID em que a partir do gráfico liga-desliga foi obtido os parâmetros

da oscilação: período crítico (Pu) de 584 segundos e amplitude h de 2°C:

𝐾𝑢 =4 ∗ 256

𝜋 ∗ ℎ=4 ∗ 256

𝜋 ∗ 2= 163

𝐾𝑝 =𝐾𝑢

1,7=163

1,7= 𝟗𝟓, 𝟗

𝐾𝑖 =2 ∗ 𝐾𝑝

𝑃𝑢=2 ∗ 95,9

584= 𝟎, 𝟑

𝐾𝑑 =𝐾𝑝 ∗ 𝑃𝑢

8=95,9 ∗ 584

8= 𝟕𝟎𝟎𝟎, 𝟕

Estes parâmetros foram inseridos na programação, desta forma foi implementado

um controlador PID com o arduino.

Ao final foi inserida uma correção na leitura do sensor, esta correção se fez

necessária pois caso haja uma interferência na comunicação no momento da coleta, o valor

coletado é muito distorcido impactando no funcionamento do controlador, desta forma caso

haja uma medida muito distorcida é garantido que será desconsiderada mantendo a última

ação.

3.4.1 Ensaio do controlador PID

O controle por PID segue o diagrama de blocos da Figura 19, em que o sistema

trabalha em malha fechada pelo sensor de temperatura, comparando com o Set point.

Page 41: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

41

Figura 19 – Diagrama de Blocos do PID

Fonte: Dos Autores (2019)

Para garantir que o sistema se aproximasse de um sistema de maior volume,

reduziu-se o volume de 15 L para 5L, modificando a relação Potência por Volume para

320W/L, desta forma fica garantido que quando o mesmo operar com 15L, não haverá

ultrapassagem, pois, a relação será 106,7W/L. Abaixo os gráficos de 5L e 15L:

Neste teste com 5L de água, conforme o Gráfico 3, partindo de 31°C atinge o set

point em 590 segundos e a oscilação foi de ±0,5°C do set point, que não compromete o

processo, mantendo a temperatura estável atuando nos momentos em que está fica abaixo de

60°C com 96% do PWM.

Gráfico 3 – Controlador PID – 5 Litros

Fonte: Dos Autores (2019)

P

I PROCESSO

D

SENSOR DS18b20

- +

𝐾𝑝 𝑒(𝑡)

+

SAÍDA

PERTURBAÇÃO

SETPOINT e𝐾𝑖 𝑒 𝑑

Kd (𝑡) 𝑡

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

04

59

01

35

18

02

25

27

03

15

36

04

05

45

04

95

54

05

85

63

06

75

72

07

65

81

08

55

90

09

45

99

01

03

51

08

01

12

51

17

01

21

51

26

01

30

51

35

01

39

5

Per

cen

tual

Po

tên

cia

Tem

per

atu

ra [

°C]

Tempo [s]

Controlador PID - 5 Litros

% SP Temp °C:

Page 42: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

42

No teste com 15L de água, conforme o gráfico 4 partindo de 25°C atinge o set

point em 1760 segundos e a oscilação foi a mesma anterior de ±0,5°C do set point, que não

compromete o processo, mantendo a temperatura estável atuando nos momentos em que está

fica abaixo de 60°C com 96% do PWM.

Gráfico 4 – Controlador PID – 15 Litros

Fonte: (Dos Autores, 2019)

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

19

51

89

28

33

77

47

15

65

65

97

53

84

79

41

10

35

11

29

12

23

13

17

14

11

15

05

15

99

16

93

17

87

18

81

19

75

20

69

21

63

22

57

23

51

24

45

25

39

26

33

27

27

28

21

29

15

Tempo [s]

Per

cen

tual

de

po

tên

cia

PW

M [

%]

Tem

per

atu

ra [

°C]

Controlador PID - 15 Litros

% SP Temp °C:

Page 43: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

43

4 CONCLUSÃO

Conclui-se que o controle de temperatura na produção de cerveja é primordial

para garantir a reprodutibilidade e consistência do produto final, desta forma buscou-se

desenvolver um controle que possibilitasse o controle com o mínimo de variação utilizando

Arduino e relé de estado sólido para aumentar a vida útil do sistema. Desde os primeiros

testes identificou-se que a panela em que foi aplicado o controlador havia sido bem

dimensionada e o ajuste que faltava era pequeno para otimizar o controle de temperatura.

No Liga-Desliga foi constatado que ocorre um overshooting e o sistema continua

oscilando não garantindo assim que a temperatura fique estável durante o patamar de

temperatura desejado.

Com o Proporcional notou-se que mesmo com um Kp alto (1000) a temperatura

não atinge o valor desejado e se aproxima muito lentamente, compromentendo a o processo

de brassagem pois é desejável que a mutança de uma rampa para a outra seja o mais rápido

possível, porém se tratando de enzimas não pode ser brusca, sendo que a lentidão

comprometeria a agilidade entre os patamares.

Desta forma foi desenvolvido um controle PID que pode se adequar a outras

panelas, necessitando parametrizar o Kp, Ki e Kd. Foram atingidos os objetivos propostos de

forma que ainda continuou apresentando uma pequena variação ao final de ±0,5°C que não

comprometeria o processo de produção de pequena escala. O protótipo se mostrou ter

operação simplificada devido ao uso de display e botões para controle. Este trabalho pode

ser aperfeiçoado aplicando o controlador em uma panela de maior volume e diferente relação

de potência de aquecimento por volume de água e implementar a contagem de tempo em

cada rampa.

Page 44: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

44

REFERÊNCIAS

AGUIRRE, L. A. Fundamentos de instrumentação. São Paulo: Pearson Education do

Brasil, 2013.

AHMED, A. Eletrônica de Potência. Tradução de Eduardo Vernes Mack. São Paulo:

Pearson, 2000.

ARDUINO. Store Arduino, 14 outubro 2018. Disponível em:

<https://store.arduino.cc/usa/arduino-uno-rev3>.

BEGA, E. A. et al. Instrumentação Industrial. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de

Petróleo e Gás, 2006.

CORE ELECTRONICS. Disponível em: <https://core-

electronics.com.au/media/catalog/product/cache/1/image/fe1bcd18654db18f328c2faaaf3c6

90a/d/f/dfr0198.jpg/#>. Acesso em: 22 Outubro 2019.

DIAS, J. Desenvolvimento e avaliação de uma cerveja contendo Chá Amargo como

substituinte de 50% do lúpulo. USP. São Paulo. 2014.

DORF, R. C.; BISHOP, R. H. Sistemas de Controle Moderno. 8ª. ed. Rio de Janeiro:

LTC, 2009.

EMBARCADOS. Embarcados, 2016. Disponível em:

<https://www.embarcados.com.br/medicao-de-temperatura-termopares/>. Acesso em: 14

Outubro 2018.

FLIPKART. Disponível em: <https://rukminim1.flixcart.com/image/416/416/learning-

toy/h/t/f/diy-ecraft-arduino-uno-r3-original-imaefmesah8uz4rh.jpeg?q=70>. Acesso em: 22

Outubro 2019.

HAUPT, A.; DACHI, É. Eletrônica Digital. [S.l.]: Edgard Blucher Ltda, 2018.

HUGO, V. Processo de Drodução de Derveja. Engenharia da Cerveja, 2013. Disponível

em: <http://www.engenhariadacerveja.com.br/wp-content/uploads/2012/12/enzimas.jpg>.

Acesso em: 16 Novembro 2018.

LAPOLLI, C. Abracerva. Associação Brasileira de Cervejarias, 2018. Disponível em:

<https://ss-

usa.s3.amazonaws.com/c/308468798/media/5ba42726c782b/perspectivas_mercado_cervjei

ro_2018.pdf?utm_medium=email&utm_source=sharpspring&sslid=MzM0NDY2MzI1MD

Y3BAA&sseid=MzQ3NzI3NbE0MQcA&jobid=268d6e53-ca4d-41ac-9aff-

d1d30183ca15>. Acesso em: 16 Novembro 2018.

MAXIM INTEGRATED PRODUCTS, INC. DS18B20, 2015. Disponível em:

<https://datasheets.maximintegrated.com/en/ds/DS18B20.pdf>. Acesso em: 14 Outubro

2018.

Page 45: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JULIANO ANESI

45

MLSTATIC. Disponível em: <https://encrypted-

tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcTQ5k0sNys87YVTSSKDwuyigJACA4tzFcJP

VpiNelLFpIQhziSz>. Acesso em: 22 Outubro 2019.

OGATA, K. Engenharia de Controle Moderno. Tradução de Bernardo Severo. Terceira.

ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998. 544-550 p.

PALMER, J. How To Brew: Everything You Need to Know to Brew Beer Right the

First Time, 2006.

PINTO, J. E. M. G., Aplicação prática do método de sintonia de controladores PID

utilizando o método do relé com histerese. Natal, RN, 2014.

SEBRAE. Microcervejarias no Brasil. Sebrae Mercados, 2016. Disponível em:

<http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/8818

d2954be64fcda8628defef1f70f8/$File/7503.pdf>. Acesso em: 16 Novembro 2018.

STACK EXCHANGE INC. ELECTRICAL ENGENEERING - Stack Exchange, 2016.

Disponivel em: <https://electronics.stackexchange.com/questions/237259/zero-crossing-

circuit-input-resistor>. Acesso em: 2018 Outubro 15.

SUPER COLETIVAS Disponível em: <https://supercoletivas.com/wp-

content/uploads/2018/11/MJZD9682.jpg>. Acesso em: 22 Outubro 2019.

TOMAS B. CO Standard PID Tuning Methods Disponível em: <

https://pages.mtu.edu/~tbco/cm416/tuning_methods.pdf>. Acesso em: 29 Outubro 2019.

ZIEHL INDUSTRIE-ELEKTRONIK GMBH + CO KG. Ziehl, 2016. Disponível em:

<https://www.ziehl.com/en/Temperature-Relays/detail/TF101U2-117/#>. Acesso em: 14

Outubro 2018.