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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE ZOOTECNIA
VICTOR GUSTAVO VALIATI DANTAS
QUANTOS DIAS APÓS A DESFOLHA DEVE-SE ADUBAR COM
NITROGÊNIO OS CAPINS BRS TAMANI E BRS QUÊNIA?
RONDONÓPOLIS - MT
2019
VICTOR GUSTAVO VALIATI DANTAS
QUANTOS DIAS APÓS A DESFOLHA DEVE-SE ADUBAR COM
NITROGÊNIO OS CAPINS BRS TAMANI E BRS QUÊNIA?
Trabalho de Curso apresentado ao Curso de
Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,
Campus Universitário de Rondonópolis, como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Zootecnia.
Área de Concentração: Forragicultura e Pastagem
Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Avelino
Cabral
RONDONÓPOLIS – MT
2019
Escolha um trabalho que você ama e você nunca precisará trabalhar um dia
sequer na vida”
(Confúcio)
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por me dar a graça da saúde, da oportunidade de viver cada
dia sendo melhor e melhor.
Aos meus pais, que além de provedores foram psicólogos, amigos, médicos,
conselheiros para casa e as demais mil e uma funções que exerceram sobre mim durante
este período, Sebastião Dantas dos Santos e Maguida Isabel Valiati Santos. Prolongo o
agradecimento aos meus irmãos, Diogo Arthur Valiati Dantas e Bruno Eduardo Valiati
Dantas, por além de serem tudo o que meus pais foram, também foram confidentes, me
ajudando em tudo o que foi necessário nesta caminhada.
A todos os professores que de certa forma fizeram parte desta trajetória, em
especial ao Antônio Rodrigues da Silva (Toin), por confiar em mim desde o início do
curso, proporcionando aquilo que é mais importante para o ser humano, a sabedoria. Aos
professores Rodrigo Junqueira Pereira e Denise Rocha Ayres, que com maestria
aceitaram me orientar e ajudar no desenvolvimento acadêmico de forma direta por meio
da iniciação científica. Aos demais professores que de forma direta e indireta fizeram
parte desse projeto, meu muito obrigado.
Para os meus amigos/irmãos que recebi de presente, como um bônus da faculdade,
iniciando por ninguém menos do que meu orientador, que posso chamar de amigo, sendo
conselheiro e parceiro para tudo o que eu precisei, principalmente no aprendizado dentro
e fora do âmbito acadêmico, Carlos Eduardo Avelino Cabral, esse cara que não tenho
nem palavras para descrever.
A família Canto Sertanejo, que foram realmente minha família, por tempos em que
a minha estava longe, mas não como reserva, e sim como os protagonistas das melhores
experiências que um Bacharelado pode proporcionar, Gabriel Henrique, Miron Junior,
Cleiton Ola, Pedro Henrique, Dailer, Vinicius, Vitor Nunes, Jone boy e demais agregados,
Marcos, Breno, João, Murilo, todos os colegas de sala, Verdolin, Lohayne, Mari mãe,
Gustavo Oliveira, Newton, Van Beguin, Arquimedes Junior e os demais que mesmo não
citando moram no meu coração.
Em especial para o meu irmãozinho, se assim pode ser chamado, o Batata, que foi
o cara que sempre esteve ao meu lado, sempre me ajudou, companheiro de toda a
caminhada, meu conterrâneo, meu amigo, meu irmão, você é o cara. Para minha
companheira, que mais aguenta minhas falhas, mas nunca deixa que elas atrapalhem,
Naidia Neves.
Para os que não citei, saibam que o sentimento de gratidão é aquém de uma folha
de papel.
RESUMO
Valiati, V.G.D. Quantos dias após a desfolha deve-se adubar com nitrogênio os
capins BRS Tamani e BRS Quênia?. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel
em Zootecnia) – Universidade Federal de Rondonópolis, Rondonópolis, maio de 2019.
Uma das formas de minimizar perdas de nitrogênio na adubação de gramíneas forrageiras
é considerar a época que esse nutriente deve ser aplicado ao sistema, em busca do período
mais adequado de assimilação pela planta. Sendo assim, objetivou-se identificar o
momento adequado para realizar a adubação nitrogenada nos capins BRS Tamani e BRS
Quênia. Os experimentos foram realizados em casa de vegetação, em delineamento
experimental inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e dez repetições. Os
tratamentos consistiram em intervalos de dias após a desfolha para adubação nitrogenada:
0, 2, 4, 6 e 8 dias. As avaliações foram realizadas com intervalo de 20 dias a partir do
corte de uniformização. Foram realizadas três e cinco avaliações no experimento do
capim Tamani e Quênia, respectivamente. Foram quantificadas a altura do dossel (cm),
massa seca da parte aérea, (MSPA), de lâmina foliar (MSLF), colmo+bainha (MSCB),
resíduo (MSRES), raízes (MSRAIZ), massa seca de cada perfilho (MPERF), massa seca
de cada lâmina foliar (MFOLHA), número de folhas por perfilho (NF:NP), taxa de
aparecimento de lâminas foliares (TApF), filocrono (FIL) e taxa de crescimento (TC)
número de perfílhos (NP) e número de folhas (NF). Houve efeito da época de adubação
(P<0,05) do capim BRS Tamani para NP, NF, MSLF e MSCB, visto que, de modo geral,
houve decréscimo nas médias do capim BRS Tamani. Para o capim BRS Quênia, o
momento de adubação não influenciou as variáveis avaliadas, com exceção da altura e
MSRES. Assim, houve acréscimo na altura do capim BRS Quênia quanto mais tardia a
adubação e a maior MSRES ocorreu quando o capim foi adubado dois dias após a
desfolha. Portanto, tem-se um intervalo de até oito dias após a desfolha para se realizar a
adubação do capim BRS Quênia e para o capim BRS Tamani, deve-se realizar a adubação
o mais próximo da desfolha.
Palavras-chave: adubação de manutenção, adubação nitrogenada, época de adubação,
Megathyrsus maximus, Panicum maximum
ABSTRACT
Valiati, V.G.D. How many days after defoliation should BRS Tamani and BRS
Quênia be fertilized with nitrogen?. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel
em Zootecnia) – Universidade Federal de Rondonópolis, Rondonópolis, maio de 2019.
One of the ways of minimizing nitrogen losses in fertilization of forage grasses is to
consider the when that this nutrient should be applied to the soil, in search of the best
stage of assimilation by the plant. Thus, the objective was to identify the appropriate
moment to perform nitrogen fertilization in BRS Tamani and BRS Kenya grass. The
experiments were carried out in a greenhouse, in a completely randomized experimental
design, with five treatments and ten replications. The treatments consisted of intervals of
days after defoliation for nitrogen fertilization: 0, 2, 4, 6 and 8 days. The evaluations were
carried out with interval of 20 days from the standardization cut. three and five
evaluations were carried out in the Tamani grass and Quênia grass experiment,
respectively. The height, number of tillers (NT), number of leaves (NL), shoot dry mass
(SDM), leaf blade (DMLB), stem + sheath (DMCB), residue (DMR) and root (DMRT),
dry mass of each leaf blade (LDM), leaves per tiller number (NL:NT), leaf appearance
rate (LAR), phyllochron (PHYL) and growth rate (GR). There was an effect of the
fertilization season (P <0.05) of the BRS Tamani grass for NT, NL, DMLB and DMCB,
since, overall, there was a decrease in the means of BRS Tamani grass. For BRS Quênia
grass, the fertilization moment did not influence the evaluated variables, except for height
and DMR. Thus, there was an increase in the height of the BRS Quênia grass the later the
fertilization and the higher DMR occurred when the grass was fertilized two days after
the defoliation. Therefore, there is an interval of up to eight days after defoliation to make
the fertilization of BRS Quênia grass and BRS Tamani grass, the fertilization should be
carried out as close to the defoliation as possible.
Keywords: fertilization time, maintenance fertilizer, Megathyrsus maximus, nitrogen
fertilization, Panicum maximum
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Caracterização química e granulométrica de Latossolo vermelho argiloso
proveniente de Cerrado ................................................................................................. 6
Tabela 2. Características produtivas e estruturais dos capins Panicum maximum cv. BRS
Quênia adubado em diferentes dias após a desfolha ....................................................... 8
Tabela 3. Características produtivas e estruturais dos capins Panicum maximum cv. BRS
Tamani adubado em diferentes dias após a desfolha.......................................................10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Altura (A), matéria seca de resíduo (B) e matéria seca de lâmina foliar do capim
BRS Quênia submetido a diferentes momentos de adubação nitrogenada ...................... 9
Figura 2. Número de perfilhos (A), Número de folhas (B), matéria seca de lâmina foliar
(C) e massa verde de lâmina foliar do capim BRS Tamani submetido a diferentes
momentos de adubação nitrogenada ............................................................................ 11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 2
3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 6
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 8
5. CONCLUSÕES ................................................................................................... 12
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 12
1
1. INTRODUÇÃO
A bovinocultura de corte no Brasil baseia-se, em sua grande maioria, no uso de
pastos como fonte basal para alimentação dos animais (SANTANA et al., 2010).
Contudo, a maior parte dessas forrageiras apresenta algum estádio de degradação,
principalmente pela falta de restituição dos nutrientes do solo (COSTA et al., 2010).
Embora o processo de degradação seja um processo inerente à planta, alguns fatores estão
ligados à sua ocorrência, bem como a espécie forrageira escolhida, manejo de entrada e
saída dos animais, adubação de implantação e de manutenção, que quando inadequados
geram decréscimo na produção e juntamente a isto, prejuízos na produção animal.
Um pasto degradado apresenta boa parte do solo descoberto, que posteriormente
causa surgimento de plantas invasoras e erosão do solo. Dos fatores mencionados, o
manejo inadequado e a ausência de adubação de manutenção são erros comumente
observados. Para manutenção forrageira, os nutrientes mais requeridos são nitrogênio,
fósforo e potássio, sendo o nitrogênio, o mais limitante, haja vista que o fornecimento
acarreta em acréscimo no perfilhamento e produção de lâminas foliares
(MARTUSCELLO et al., 2009), o qual pode reverter o quadro de degradação do pasto,
se fornecido de forma satisfatória a planta.
Ao se utilizar a adubação como forma de recuperação do pasto, deve-se utilizar a
quantidade correta no momento adequado, o que promove sustentabilidade e eficiência
econômica. Para um melhor aproveitamento por meio da planta e redução nas perdas por
lixiviação, preconiza-se que, por aplicação, a máxima dose de nitrogênio seja de 60 kg
ha-1 (MARTHA JUNIOR et al., 2007). Conforme a intensificação do sistema produtivo,
aumenta-se também a demanda de nutrientes, e não apenas com relação a sua dosagem,
como já fora estudado por diversos autores (COLOZZA et al., 2000; COSTA et al., 2008;
GREGOLIN et al., 2016), mas também o período adequado para sua realização, buscando
minimizar as perdas destes nutrientes.
Pouco se discute sobre a época ideal de adubação de cobertura, principalmente do
nitrogênio. Em sistemas mais intensivos, como é o caso da lotação rotativa, a adubação
nitrogenada é realizada a cada saída dos animais do piquete, quando o pasto atinge a altura
de resíduo. Contudo não se sabe se o ideal é imediatamente após a saída dos animais ou
após o restabelecimento inicial da forrageira. Em alguns casos pode ocorrer uma
subutilização da planta quando adubada imediatamente após a desfolha, pois a atividade
fotossintética estaria limitada em função da restrita área foliar. Além disso, diante da
2
rotina do pecuarista, visto que a logística diária da atividade, compra e recebimento de
insumos, são fatores limitantes, é imprescindível a realização de estudos referentes a
época em que se deve realizar a adubação dessas culturas forrageiras. Deste modo, o
presente estudo tem como objetivo identificar a época adequada para se realizar a
adubação de manutenção dos capins BRS Quênia e BRS Tamani.
1. REVISÃO DE LITERATURA
No Brasil foram contabilizadas aproximadamente 2,5 milhões de propriedades
rurais voltadas para pecuária bovina, que apresentam um rebanho total de 214 milhões de
cabeças bovinas. O estado de Mato Grosso é responsável por 13,8% deste rebanho,
totalizando 29,7 milhões de cabeças, aproximadamente (BRASIL, 2017). Do montante
de animais criados no estado, apenas 743,8 mil animais foram criados em regime de
confinamento, algo em torno de 3% do efetivo total do estado (BRASIL, 2018),
comprovando que a maior parte dos animais abatidos foram criados exclusivamente em
pastagens. Outro fator a ser observado é que, mesmo os animais terminados em regime
de confinamento, no maior período da vida foram submetidos ao pastejo. A criação dos
animais em pastagens tem a vantagem de reduzir o custo, desde que o sistema seja bem
manejado.
Figueiredo, et al., (2007) analisando a viabilidade econômica do sistema de recria-
engorda a pasto, observaram que o pasto é responsável por em média 2,97% do custo de
criação, o qual é evidentemente mais baixo quando comparado com sistemas de
confinamento, em que, apenas a dieta fornecida aos animais equivale a cerca de 87% do
custo total (LOPES et al., 2011a). Esse baixo custo é associado ideia de que a criação de
bovinos a pasto requer pouco manejo, que por sua vez é apontado como uma das
principais causas da maioria das pastagens no Brasil apresentarem algum estádio de
degradação, somados a manejos de lotação, altura, adubação de implantação e
manutenção, feitos de forma incorreta (DIAS-FILHO, 2014).
Assim, a degradação de pastagens é definida como uma diminuição ininterrupta da
produção das plantas forrageiras, de modo que, resulta em decréscimo da capacidade de
suporte (DIAS-FILHO, 2014). Essa queda na produção, quando causada por manejos
incorretos que resultam em um nível médio de degradação, em que a presença de plantas
invasoras é a principal característica, o fenômeno é denominado como degradação
agrícola. Quando a degradação ocorre em nível mais elevado, tendo como característica
3
a erosão do solo, perda de matéria orgânica e que tem como causa principal a falta de
suprimento de nutrientes, pode-se denomina-la degradação biológica (DIAS-FILHO,
2017).
Em ambientes onde o bioma prevalente é o Cerrado, em que se apresenta acidez,
aliada a baixos teores de fósforo, potássio, nitrogênio e uma elevada saturação de
alumínio (SANCHÊS et al., 2013), a degradação mais observada é a biológica, isto por
que a baixa fertilidade não acarreta apenas o aparecimento de plantas daninhas, e sim uma
supressão total da cultura do pasto. Para evitar essa situação, a pastagem deve ser mantida
produtiva por meio do manejo correto e adubação. Para os pastos já degradados a
alternativa é a recuperação, que tem como método mais barato e básico o de recuperação
direta, que consiste no controle das plantas invasoras e correção do solo por meio de
adubação de manutenção (DIAS-FILHO, 2017). Na adubação de manutenção, deve-se
priorizar a aplicação de nitrogênio.
O nitrogênio tem alta mobilidade, podendo ele estar presente tanto na forma
orgânica, como também na inorgânica. As plantas absorvem este nutriente na forma
inorgânica, assimilando-o na forma orgânica, na síntese dos tecidos. Diante da
senescência do material vegetal, para que o nitrogênio seja absorvido é preciso que ocorra
mineralização, também mencionada como decomposição.
A velocidade desta decomposição está ligada a diversos fatores, mas principalmente
a relação de carbono e nitrogênio (C/N) contido no material a ser decomposto, em que,
quando se tem uma relação elevada, ou seja, muito mais carbono do que nitrogênio, a
decomposição é mais lenta e as bactérias imobilizam o nitrogênio mineral do solo para
produção de biomassa microbiana, o que resulta no processo de imobilização. O processo
inverso é chamado de mineralização e é impulsionado por uma relação C/N baixa
(CARVALHO et al., 2008; ERNANI et al., 2005; TORRES & PEREIRA, 2008).
O nitrogênio pode ser mineralizado por diversas vias bioquímicas, que culminam
na molécula de amônia (NH3), que é uma forma gasosa e não se mantém estável no solo,
e portanto, comumente é reduzida a amônio (NH4), que pode ser oxidado a nitrato (NO3-
), por meio do processo conhecido como nitrificação. Após absorvido, o nitrogênio é
transportado para a parte aérea da planta pelo xilema e distribuído na planta por meio do
floema. Em caso de déficit deste nutriente é observada a redistribuição, em que ocorre a
proteólise nas folhas mais velhas e a translocação para folhas mais jovens, essa redução
desencadeia uma diminuição no teor de cloroplastos e clorofila, causando o
4
amarelecimento das folhas, sintoma característico da deficiência de nitrogênio (FAQUIN,
2005).
Para evitar esta deficiência deve-se fornecer nitrogênio conforme a necessidade
da forrageira, visto que este nutriente acarreta em aumento na produção de massa seca e
vigor de rebrota (CECATO et al., 2000). Como observado por Primavesi et al. (2005), a
produção de massa de gramíneas forrageiras está diretamente ligada ao suprimento de
nitrogênio, sendo este o mais importante para produção elevada destas plantas. Esta
resposta também foi observada por Garcez Neto et al. (2002), que trabalhando com capim
Mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça), observaram acréscimo na taxa de
alongamento e aparecimento de folhas, à medida que se aumentou as doses de nitrogênio.
O capim elefante, de forma semelhante apresentou aumento na produção de massa
seca, tendo um incremento de aproximadamente 8,14 kg de matéria seca para cada kg de
nitrogênio aplicado (VITOR et al., 2009). Resultados semelhantes são observados no
capim-marandu, que quando submetido a três doses de nitrogênio (100, 200 e 300 kg ha-
1 ano-1), sob duas fontes distintas (sulfato de amônio e ureia), apresentou um acréscimo
linear na produção de massa seca, tendo um incremento de 78 e 71% para as duas fontes
de nitrogênio, respectivamente (COSTA, 2007). Alexandrino et al., (2005) trabalhando
com quatro doses de nitrogênio (45, 90, 180 e 360 mg dm-3), observaram também efeito
linear crescente para produção da matéria seca do capim-marandu.
Outro fator preponderante ligado a adubação nitrogenada é o incremento no
perfilhamento, podendo estar ligado ao aumento na reciclagem celular, levando ao
aparecimento e crescimentos de tecidos, incluindo a de gemas basilares e axilares
precursoras de perfilhos (MARTUSCELLO et al., 2015). Além de estar ligado a massa
de forragem e emissão de perfilhos, o nitrogênio também auxilia na produção de raízes,
elevando o comprimento, superfície específica e massa, o que favorece a absorção dos
demais nutrientes (BATISTA & MONTEIRO, 2006). Gramíneas forrageiras sob estresse,
utilizam suas reservas orgânicas que ficam localizadas na base do colmo e das raízes,
principalmente para manutenção de sua área foliar e taxa fotossintética. O incremento na
produção de raízes ocasionada pelo nitrogênio eleva a capacidade de acúmulo dessas
reservas, aumentando assim a perenidade do capim.
Outro aspecto ligado ao nitrogênio é a capacidade de alterar a composição
bromatológica da forrageira (PACIULLO, 2002). Segundo Moreira et al. (2009), as
mudanças na estrutura da planta influenciam aumentando os teores de proteína bruta e
digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS). Corroborando com esses resultados
5
Lopes et al. (2005) trabalhando com capim-elefante cv. Napier (Pennisetum purpureum),
submetido a quatro doses de nitrogênio e potássio, apresentou aumento na concentração
de proteína bruta e queda de fibra indigestível em detergente ácido (FDA) conforme se
aumentou o suprimento de nitrogênio, o que é positivo, visto que a FDA é considerada
um componente de lenta e imparcial digestão.
O capim Marandu (Brachiaria brizantha Stapf cv. Marandu), quando adubado com
nitrogênio até doses de 600 kg ha-1, observa-se aumento no teor de proteína bruta e
redução na fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e ácido (FDA) (CECATO et al.,
2004). Para cultivares de maior exigência, como as da espécie Panicum maximum (cvs.
Mombaça, Tanzânia-1 e Milenio IPR-86) observa-se resultados similares (MESQUITA
& NERES, 2008) para aumento na proteína bruta e queda na FDA.
As mudanças bromatológicas, aliadas aos incrementos na massa seca de forragem
culminam para uma maior produção animal. Em experimento conduzido com Brachiaria
decumbens Stapf. cv. Basilisk durante dois anos, aplicando-se quatro doses de nitrogênio,
onde foram mantidos novilhos mestiços Holandês x Zebu, não castrados, com média de
peso de entrada de 180kg e 217kg no primeiro e segundo ano, respectivamente, observou-
se aumento no teor de proteína bruta do pasto, na taxa de lotação e embora o ganho médio
diário individual não tenha sofrido influência da adubação nitrogenada, a produção
animal por área foi influenciada positivamente (MOREIRA et al. 2011).
Por isso, além de conhecer o efeito das doses de nitrogênio sobre massa de
forragem, perfilhamento, composição bromatológica e desempenho animal, é necessário
compreender o momento adequado de aplicar este nutriente, para reduzir perdas e
aumentar a eficiência. Para isso, foram feitos alguns trabalhos visando avaliar a influência
da época de adubação com nitrogênio sobre as gramíneas forrageiras. Premazzi &
MONTEIRO et al. (2002) trabalhando com o capim-tifton 85 (Cynodon spp.) submetido
a diferentes doses de nitrogênio e duas épocas de aplicação do adubo (após o corte e sete
dias após o corte), observaram redução na produção de raízes do capim quando adubado
sete dias após o corte. Entretanto, o comprimento foliar e área de lâmina foliar
apresentaram maior proporção quando adubadas no dia do corte.
Ao ser avaliado o capim-massai (Panicum maximum Jacq cv. Massai), submetido a
quatro doses de nitrogênio e três épocas de adubação após o corte (um, três e sete dias),
observou-se diferença entre as épocas de adubação apenas na variável massa seca de
lâmina foliar, visto que as maiores médias foram observadas na adubação feita um dia
após o corte (MARQUES et al. 2016).
6
2. MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizados dois experimentos em casa de vegetação, na Universidade
Federal de Rondonópolis. Cada experimento foi realizado com um cultivar de Panicum
maximum (sin. Megathyrsus maximus): capim Tamani (Panicum maximum cv. BRS
Tamani) e capim Quênia (Panicum maximum cv. BRS Quênia). O delineamento
experimental utilizado para os experimentos foi o inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e dez repetições. Os tratamentos utilizados consistiram em cinco épocas de
adubação nitrogenada após a desfolha: 0, 2, 4, 6 e 8 dias.
Cada unidade experimental foi constituída de um vaso com capacidade de 5,5 dm3
contendo quatro plantas. O solo utilizado foi um Latossolo Vermelho de textura argilosa,
cuja a granulometria e caracterização química (Tabela 1) foi realizada conforme descrito
por Teixeira et al. (2017). Na sequência da coleta, o solo foi peneirado em malha de 4mm
e transferido para os vasos.
Tabela 1. Caracterização química e granulométrica de Latossolo vermelho argiloso
proveniente de Cerrado
pH P K Ca+Mg Al+H CTC V m M.O Areia Silte Argila
CaCl2 mg dm3 cmol dm3 % gkg1
4,9 4,6 108 2,4 3,4 6,1 44 0,0 19,2 290 150 560 CTC: capacidade de troca cátions; M.O.: matéria orgânica; V%: saturação por bases; m: saturação por alumínio.
Foi realizada a calagem para elevar a saturação por bases para 60%, com a
incorporação de calcário dolomítico (PRNT: 86%), mantendo a umidade em 80% da
máxima capacidade de retenção de água no solo. A máxima capacidade de retenção de
água no solo foi estimada conforme Bonfim-Silva et al. (2011), em que foram colocados
cinco vasos com furos em sua base dentro de uma caixa com água até 2/3 da altura do
vaso, e assim ficaram até alcançarem a saturação hídrica dos poros do solo por
capilaridade. Em seguida, os vasos foram colocados em suportes para que a drenagem do
excesso de água ocorresse. Ao final deste processo foi feita a pesagem dos vasos. A
diferença de seu peso anteriormente a saturação e após a drenagem forneceu a máxima
capacidade de retenção de água no solo.
Trinta dias após a incorporação do calcário, realizou-se a adubação com fósforo
(P2O5), na dose de 300 mg dm-3, utilizando superfosfato simples (20% P2O5) e, em
seguida, semeou-se as forrageiras. A semeadura foi feita com vinte sementes por vaso e
dez dias após a semeadura foi feito o desbaste, mantendo-se quatro plantas por vaso,
7
utilizando-se o critério de uniformidade das plantas. Juntamente com o desbaste foi
realizada a adubação de cobertura, com nitrogênio e potássio, nas doses de 100 e 70 m g
dm-3, respectivamente para o capim Tamani e 200 e 70 mg dm-3, respectivamente para o
Quênia. Os fertilizantes utilizados foram ureia (45%N) e cloreto de potássio (58% K2O).
O corte de uniformização foi realizado trinta dias após a semeadura, admitindo-se
altura de resíduo de 20 cm e 25 cm, para Tamani e Quênia, respectivamente. Neste
momento, iniciou-se a aplicação dos tratamentos, utilizando-se a dose de nitrogênio de
200 mg dm-3, aplicado na forma de ureia. Vinte dias após o corte de uniformização
realizou-se a contagem de perfilhos e de folhas, mensuração da altura das plantas e
primeiro corte, conforme a mesma altura de resíduo mencionada na uniformização. A
altura das plantas foi mensurada por meio de régua graduada. Foram contados todos os
perfilhos presentes no vaso e as folhas presentes acima da altura de resíduo.
Após o corte, foi realizada a separação morfológica da forragem em lâmina foliar
e colmo+bainha. As amostras fracionadas foram submetidas a secagem em estufa de
circulação forçada de ar a 55 +/-5ºC, por 72 horas e, em seguida, a pesagem. Os
tratamentos foram reaplicados três vezes com o capim Tamani e cinco vezes com o capim
Quênia, com intervalo de vinte dias entre os cortes. Na última avaliação, para ambos os
capins, quantificou-se a massa de resíduo e radicular. O resíduo foi cortado rente ao solo
e as raízes lavadas em peneira de malha 4 mm. Em seguida ambas as frações foram
submetidas a secagem em estufa de circulação de ar, pelo mesmo método utilizado nas
demais frações da parte aérea.
As variáveis avaliadas foram: altura do dossel (cm), número de folhas (NF) e
perfilhos (NP), massa seca da parte aérea, (MSPA), de lâmina foliar (MSLF),
colmo+bainha (MSCB), resíduo (MSRES), raízes (MSRAIZ), massa seca de cada
perfilho (MPERF), massa seca de cada lâmina foliar (MFOLHA), número de folhas por
perfilho (NF:NP), taxa de aparecimento de lâminas foliares (TApF), filocrono (FIL) e
taxa de crescimento (TC).
A MSPA foi obtida da soma da MSLF e MSCB. A massa seca de cada perfilho
foi estimada pela razão entre a MSPA e o NP. A massa seca de cada lâmina foliar foi
obtida dividindo-se a MSLF pelo NF. Estimou-se o número de folhas por perfilho por
meio da razão entre o NF e NP e quando se dividiu esta variável pelo intervalo entre cortes
obteve-se a taxa de aparecimento de folhas. O inverso da taxa de aparecimento de folhas
foi denominado filocrono (FIL), que corresponde ao intervalo de dias entre a emissão de
folhas. A TC foi obtida por meio da razão entre a altura da planta (descontando-se a altura
8
de resíduo) e o intervalo de dias entre cortes, todas as avaliações foram feitas a partir das
médias de cada tratamento em cada corte.
Os resultados foram submetidos à análise de regressão linear e quadrática a 5%
de probabilidade. O software utilizado foi o SISVAR 5.6.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os capins BRS Quênia e BRS Tamani apresentaram diferentes respostas quanto a
época de adubação com nitrogênio. O capim BRS Quênia teve efeito nas variáveis de
altura, MSRES e TC (P<0,05). Onde, houve um acréscimo na altura do capim, conforme
se atrasava a adubação, tendo sua maior média sido observada ao se aplicar o adubo oito
dias após o corte, comportamento semelhante foi observado na TC (Figura 1A),
característica correlacionada com a altura.
Tabela 2. Características produtivas e estruturais dos capins Panicum maximum cv. BRS
Quênia adubado em diferentes dias após a desfolha
NP: número de perfilhos; NF: número de folhas; MSLF: massa seca de lâmina foliar; MSCB: massa seca de colmo+bainha; MSRES: massa seca de resíduo; MSRAIZ: massa seca de raízes; MSPA: massa seca de parte aérea; MPERF: massa de cada
perfilho; MFOLHA: massa de cada folha;TApF: taxa de aparecimento de folhas; TC: taxa de crescimento; CV: coeficiente de
variação; L: efeito linear; Q: efeito quadrático; * massa não detectável.
Variáveis Dias P-valor CV
0 2 4 6 8 L Q (%)
Altura (cm vaso-1) 59,10 58,30 59,94 61,60 63,84 <0,01 0,058 4,38
NP (perfilhos vaso-1) 66,72 66,76 68,30 66,98 67,82 0,550 0,070 5,97
NF (folhas vaso-1) 154 149 147 155 154 0,723 0,228 8,17
MSLF (g vaso-1) 15,54 14,78 14,81 15,16 15,18 0,73 0,119 6,57
MSCB (g vaso-1) * * * * * * * *
MSPA (g vaso-1) 15,54 14,78 14,81 15,16 15,18 0,73 0,119 6,57
MSRES (g vaso-1) 70,92 73,56 72,52 69,55 67,18 0,003 0,009 5,24
MSRAIZ (g vaso-1) 41,30 47,10 44,45 56,68 43,55 0,539 0,397 48,72
MPERF (g perfilho-1) 0,234 0,222 0,217 0,227 0,226 0,549 0,061 16,77
MFOLHA (g folha-1) 0,102 0,101 0,102 0,101 0,103 0,856 0,716 17,11
NF:NP (folhas perfilho-1) 2,307 2,220 2,132 2,285 2,232 0,531 0,053 13,51
TApF (folha dia-1) 0,109 0,105 0,101 0,108 0,106 0,531 0,053 13,51
TC (cm dia-1) 1,861 1,823 1,901 1,980 2,087 <0,01 0,013 11,38
Filocrono (dias folha-1) 9,384 9,715 10,26 9,618 9,823 0,243 0,068 15,28
9
A MSRES do capim BRS Quênia teve comportamento linear, de modo que quanto
mais tarde a adubação, menor foi MSRES (Figura 1B). Esses resultados corroboram com
os encontrados por Valiati et al. (2018), que trabalhando com o capim BRS Piatã também
observaram uma queda na quantidade de MSRES conforme se atrasava a adubação. Pode-
se inferir que pelo não fornecimento do nitrogênio logo após a desfolha, é possível que o
a forrageira utilize as reservas contidas na base do colmo para sua renovação foliar,
diminuindo o resíduo apresentado pela planta.
A MSLF e a MSPA, características produtivas, não apresentaram resposta às
diferentes épocas de adubação do capim BRS Quênia (Figura 1). Assim, o capim BRS
Quênia tem uma maior flexibilidade em relação à sua época de adubação, o que fornece
ao produtor maior intervalo de tempo para decisão ou contratempos em relação ao
fornecimento de nitrogênio, de modo similar ao capim Xaraés (CARVALHO, 2017).
(A)
(B)
Figura 1. Altura (A) e massa seca de resíduo (MSRES) (B) do capim BRS Quênia
submetido a diferentes momentos de adubação nitrogenada.
y = 0,639x + 58R² = 0,8392
54
56
58
60
62
64
66
0 2 4 6 8
Altu
ra (
cm
)
Dias após a desfolha
y = -0,2131x2 + 1,1297x + 71,345R² = 0,9269
60
62
64
66
68
70
72
74
76
0 2 4 6 8
MS
RE
S (
g v
aso
-1)
Dias após a desfolha
10
Uma hipótese é a de que as reservas orgânicas (carboidratos e nitrogenadas) são
capazes de suprir a necessidade da planta, sem acarretar em perdas na produção, até o
momento da adubação. Este fato foi observado por Engels & Marschner (1995), que
observaram que as plantas podem absorver nitrogênio em maior quantidade do que
necessitam para uma utilização posterior em caso de estresse. Resultados semelhantes
foram observados por Lopes et al. (2011b).
A época de adubação nitrogenada afetou a maioria das variáveis mensuradas no
capim BRS Tamani, com exceção de altura, MSRES, MSRAIZ, NF:NP, MFOLHA e TC
(P>0,05). A elevada variabilidade da MSRES e MSRAIZ pode ter sido o motivo pelo
qual não se observou diferença estatística nestas variáveis (Tabela 3).
Tabela 3. Características produtivas e estruturais dos capins Panicum maximum cv. BRS
Tamani adubado em diferentes dias após a desfolha
NP: número de perfilhos; NF: número de folhas; MSLF: massa seca de lâmina foliar; MSCB: massa seca de colmo+bainha;
MSRES: massa seca de resíduo; MSRAIZ: massa seca de raízes; MSPA: massa seca de parte aérea; MPERF: massa de cada
perfilho; MFOLHA: massa de cada folha; TApF: taxa de aparecimento de folhas; TC: taxa de crescimento; CV: coeficiente de
variação.
Variáveis Dias P-valor CV
0 2 4 6 8 L Q (%)
Altura (cm vaso-1) 28,60 31,04 31,06 29,49 30,23 0,473 0,081 7,89
NP (perfilhos vaso-1) 87,53 79,78 81,10 77,26 70,10 <0,01 0,747 13,10
NF (folhas vaso-1) 188 197 171 168 161 <0,01 0,946 13,72
MSLF (g vaso-1) 8,23 9,99 9,52 8,12 7,02 <0,01 <0,01 11,68
MSCB (g vaso-1) 0,31 0,46 0,23 0,26 0,16 0,020 0,352 71,06
MSPA (g vaso-1) 8,54 10,45 9,75 8,38 7,18 0,016 0,142 22,31
MSRES (g vaso-1) 50,96 34,53 43,49 49,72 30,99 0,093 0,670 34,41
MSRAIZ (g vaso-1) 27,79 21,58 25,56 25,46 19,00 0,149 0,680 39,01
MPERF (g perfilho-1) 0,131 0,149 0,142 0,117 0,115 <0,01 <0,01 23,71
MFOLHA (g folha-1) 0,049 0,053 0,058 0,050 0,047 0,194 <0,01 19,10
NF:NP (folhas perfilho-1) 2,413 2,592 2,352 2,267 2,360 0,073 0,955 17,23
TApF (folha dia-1) 0,080 0,086 0,078 0,075 0,078 0,073 0,955 17,23
TC (cm dia-1) 0,286 0,365 0,368 0,316 0,341 0,418 0,062 38,06
Filocrono (dias folha-1) 13,07 11,95 13,92 13,76 13,10 0,242 0,526 20,89
11
As variáveis NF, NP, MSLF, MSCB, MSPA, MPERF e TC responderam
significativamente ao momento de adubação (P<0,05), verificando-se que quanto maior
o intervalo entre a desfolha e a adubação, menor foi a emissão de folhas e perfilhos
(Figura 2). A redução na massa de forragem está principalmente relacionada a menor
emissão de perfilhos e perfilhos mais leves.
(A)
(B)
Figura 2. Número de perfilhos (A) e folhas (B) do capim BRS Tamani submetido a
diferentes momentos de adubação nitrogenada.
A redução da massa de forragem, emissão de folhas e perfilhos diante da adubação
mais tardia pode estar associada ao baixo teor de reservas orgânicas (carboidratos e
nitrogênio) acumulados no capim Tamani, o que foi observado com o capim Piatã
(FARIA et al. 2019). Apoiando essa hipótese, observou-se que houve clorose nos capins
que foram adubados aos seis e oito dias após a desfolha, sintoma de deficiência de
y = -0,0711x2 - 1,3001x + 86,064R² = 0,8809
65
70
75
80
85
90
0 2 4 6 8
Pe
rfilh
os (
nº
va
so
-1)
Dias após a desfolha
y = -0,1036x2 - 10,541x + 572,05R² = 0,8631
460
480
500
520
540
560
580
0 2 4 6 8 10
Fo
lha
s (
nº
va
so
-1)
Dias após a desfolha
12
nitrogênio e que indica elevada exigência de nitrogênio do capim BRS Tamani e baixo
teor de reservas nitrogenadas. Resposta semelhante foi observada por Marques et al.
(2016), em que a massa seca de folhas total reduziu com o atraso na adubação nitrogenada
após o corte e corrobora com Nabinger (1998), que indica que a adubação nitrogenada
deve ser feita logo após o corte.
Deste modo, é coerente propor que gramíneas com elevada exigência nutricional
e com baixo teor de reservas orgânicas, recebam fornecimento imediato de nutriente após
a desfolha, ou o mais próximo possível disso. Por outro lado, gramíneas com reservas
orgânicas capazes de repor sua área foliar, juntamente com uma menor demanda de
nutrientes, apresentam uma maior plasticidade e maior intervalo de aplicação do adubo
nitrogenado após a desfolha.
4. CONCLUSÕES
A adubação nitrogenada do capim BRS Quênia pode ser realizada em até oito dias
após o corte de uniformização.
O capim BRS Tamani deve ser adubado imediatamente, ou o mais próximo do
corte de uniformização.
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