54
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA - CAEN MESTRADO EM ECONOMIA DALBA DE OLIVEIRA LIMA FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA DA VELOCIDADE DE VEÍCULOS E REDUÇÃO DE ACIDENTE DE TRÂNSITO EM FORTALEZA-CE. FORTALEZA 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/5675/1/2009_dissert_dolima.pdf · DALBA DE OLIVEIRA LIMA FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA - CAEN

MESTRADO EM ECONOMIA

DALBA DE OLIVEIRA LIMA

FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA DA VELOCIDADE DE VEÍCULOS E REDUÇÃO DE

ACIDENTE DE TRÂNSITO EM FORTALEZA-CE.

FORTALEZA

2009

DALBA DE OLIVEIRA LIMA

FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA DA VELOCIDADE DE VEÍCULOS E REDUÇÃO DE

ACIDENTE DE TRÂNSITO EM FORTALEZA-CE.

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de

Pós-Graduação em Economia, da Universidade

Federal do Ceará, como requisito parcial para

obtenção do grau de Mestre em Economia.

Área de Concentração: Economia de Empresas

Orientador: Prof. Dr. Sergio Aquino de Souza

FORTALEZA

2009

DALBA DE OLIVEIRA LIMA

FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA DA VELOCIDADE DE VEÍCULOS E REDUÇÃO DE

ACIDENTE DE TRÂNSITO EM FORTALEZA-CE.

Esta Dissertação foi submetida como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de

Mestre em Economia, outorgada pela Universidade Federal do Ceará - UFC, e encontra-se à

disposição dos interessados na Biblioteca do Curso de Pós-Graduação em Economia – CAEN

da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde que seja feita em

conformidade com as normas científicas.

Dissertação aprovada em 15 de Julho de 2009.

____________________________________________

Prof. Dr. Sergio Aquino de Sousa

CAEN/UFC

____________________________________________ Prof. Dr. Fabrício Carneiro Linhares

CAEN/UFC

____________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Brito Soares

CAEN/UFC

Dedico esta obra aos meus pais, Geraldo Epifanio (in memorian) e Ester Oliveira, pelo esforço de investir na minha educação.

Ao meu marido, Luiz Lima e filhos, pelo carinho e apoio.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e por proporcionar condições necessárias para elaborar,

alcançar os objetivos propostos e concluir essa dissertação.

Aos meus familiares pelo incentivo em superar todas as dificuldades que passamos

durante o período da realização desse trabalho.

Aos meus professores do Mestrado e em especial o prof. Sergio Aquino, meu

orientador, por acreditar em minha capacidade profissional para o desenvolvimento e

elaboração desse tema de pesquisa.

Ao Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN-CE) e a Autarquia Municipal de

Trânsito de Fortaleza (AMC), pelo apoio em fornecer as informações necessárias para

elaboração do trabalho.

RESUMO

Analisa a importância de reduzir o número de acidentes de trânsito através da instalação de Redutores Eletrônicos de Velocidade (REV), nos cruzamentos na cidade de Fortaleza. Com a utilização da tecnologia cada dia mais avançada, os REV’s estão presente em muitas cidades do país no controle de velocidade dos veículos em locais considerados críticos, registrando a velocidade dos veículos à distancia, a placa, identificando infratores. Para esta análise utiliza-se o índice de severidade denominado Unidade Padrão de Severidade (UPS), uma das técnicas que identifica os locais críticos a partir da gravidade dos acidentes, associando a cada situação (com vítima fatal, com ferido e com danos materiais) um determinado peso, dando prioridade aqueles acidentes cujo resultado foi mais severo em termos de vítimas. Apresenta resultados obtidos com a técnica utilizada. Palavras-chave: Velocidade. Acidentes. Severidade.

ABSTRACT

Examines the importance of reducing the number of traffic accidents through the installation of Electronic Speed Reducers (ESR) in crossings in the city of Fortaleza. With the use of ever more advanced technology, the ESR's are present in many cities of the country to control the speed of car in places considered critical, recording the speed of car at a distance, the board, identifying violators. For this analysis uses the index of severity called Unit Standard Severity (UPS), a technology that identifies the critical locations from the severity of accidents, each involving a situation (with fatal victims, with wounded and material damage) a certain weight, prioritizing those accidents which result was more severe in terms of victims. Presents results obtained with the technique used.

Keywords: Accidents. Severity

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução da Frota de Veículo de 1980 a 2007 ...................................................... 31

Tabela 2 – Frota de veículos registrados uso no Ceará por tempo de, até 2007. ..................... 32

Tabela 3 – Índice de Motorização de 2003 a 2007 .................................................................. 33

Tabela 4 – Índice de acidentes de trânsito do estado do Ceará, com a respectiva frota de

veículo, os acidentes com mortos e feridos no período de 2003 a 2007 .................................. 34

Tabela 5 – Índice de acidentes de trânsito do estado do Ceará, com a respectiva frota de

veículo, os acidentes com mortos e feridos no período de 2003 a 2007, por grupo de 10.000

veículos..................................................................................................................................... 35

Tabela 6 – Velocidade percorrida por veículos........................................................................ 38

Tabela 7 – Cruzamentos com instalação de REV´s conforme UPS de 2003 a 2007 ............... 45

Tabela 8 – Cruzamentos com instalação de REV´s e maior índice de UPS de 2003 a 2007... 48

Tabela 9 – Simulação da instalação de REV´s com redução do índice de UPS, por tipo

acidente..................................................................................................................................... 49

Tabela 10 – Simulação de redução da UPS com a instalação do REV. ................................... 50

LISTA DE GRÁFICOS

Figura 1 – Custo Médio de acidentes de transito ..................................................................... 22

Figura 2 – Cronograma de acidentes em horas/min de ocorrência (referência 2007).............. 27

Figura 3 - Evolução da Frota de Veículo de 1980 a 2007........................................................ 32

Figura 4 - Frota de veículos registrados por tempo de uso no Ceará, até 2007. ...................... 32

Figura 5 – Índice de Motorização de 2003 a 2007................................................................... 34

Figura 6 – Índice de acidentes de trânsito do estado do Ceará, com a respectiva frota de

veículo, os acidentes com mortos e feridos no período de 2003 a 2007. ................................. 35

Figura 7 – Índice de acidentes de trânsito do estado do Ceará, com a respectiva frota de

veículo, os acidentes com mortos e feridos no período de 2003 a 2007 .................................. 36

Figura 8 - Cruzamentos com instalação de REV´s e maior índice de UPS de 2003 a 2007. ... 46

10

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMC Autarquia Municipal de Trânsito

ANTP Associação Nacional de Transportes Públicos

CNH Carteira Nacional de Habilitação

CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito

CTB Código de Trânsito Brasileiro

DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito

DETRAN Departamento Estadual de Trânsito

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MT Ministério de Transporte

OMS Organização Mundial da Saúde

SNT Sistema Nacional de Trânsito

UPS Unidade Padrão de Severidade

11

SUMÁRIO

1 Introdução....................................................................................................... 13

2 Breve Histórico sobre Sistema de Trânsito ................................................. 16

2.1 Municipalização do Trânsito...........................................................................................20

2.2 Custos Econômicos dos Acidentes..................................................................................20

2.3 Base de Dados .................................................................................................................22

2.4 Metodologia ....................................................................................................................23

3 Acidentes de Trânsito .................................................................................... 25

3.1 Código de Trânsito Brasileiro de 1998 ...........................................................................25

3.2 Dos Acidentes de Trânsito ..............................................................................................25

3.2.1 Causas e fatores de risco de acidentes de trânsito........................................................25

3.2.2 Monitoramento das informações e coleta de dados .....................................................27

3.3 Segurança do Trânsito na Redução de Acidentes ...........................................................29

3.3.1 Educação para o Trânsito .............................................................................................30

4 Frota de Veículo, Evolução e Motorização .................................................. 31

4.1 Idade da Frota em Circulação..........................................................................................32

4.2 Índice de Motorização.....................................................................................................33

5 Fiscalização Eletrônica de Velocidade ......................................................... 37

5.1 Tipos de Equipamento de Controle Velocidade..............................................................38

5.2 A Velocidade do Veículo e Tempo de Reação ...............................................................42

12

6 Aspectos Metodológicos e Análise dos Resultados...................................... 45

6.1 Metodologia econométrica..............................................................................................46

6.2 Análises dos Resultados ..................................................................................................48

7 Considerações Finais...................................................................................... 51

Referência Bibliográfica ................................................................................... 53

13

1 Introdução

Este trabalho tem a finalidade de demonstrar a importância dos redutores de

velocidade em locais críticos em Fortaleza-CE, como instrumento de orientar o motorista, no

limite de velocidade a ser observada, proporcionando maior segurança, credibilidade e

aceitação por parte do motorista e pedestre.

A frota de veículos brasileira tem crescido consideravelmente, conseqüentemente

o índice de acidentes também se agrava principalmente, no caso de motos pela facilidade de

acesso a via e meio mais rápido de concluir o percurso desejado.

Os dados estatísticos fornecem o percentual comparativo dos acidentes, que

permitem orientar as campanhas de prevenção de acidentes, monitorando e comparando com

períodos de coletas anteriores, dando as autoridades condições de fazer projetos e

proporcionar cursos específicos para cada caso.

Os pontos considerados críticos ou pontos negros são definidos como locais onde

o acidente tem conseqüência grave em termos de danos físicos às vítimas, maior número de

vitimas ou maior número de ocorrência de acidentes. O resultado de análise dos pontos

críticos é obtido por meio da fórmula de Unidade Padrão de Severidade – UPS, elaborada

pelo Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, cujo valor, expresso em UPS,

média ponderada, resultante da soma dos produtos do número de ocorrências por severidade

pelo peso atribuído à respectiva severidade.

Assim, a quantificação dos acidentes, em UPS terá os pesos 1, 4, 6 e 13

respectivamente atribuídos aos acidentes, somente com danos materiais, acidentes com

ferido(s), acidentes com feridos envolvendo pedestres e acidentes com vítima(s) fatal (is).

(MT, 2002).

Os Redutores Eletrônicos de Velocidade – REV´s, nome popular Lombada

Eletrônica, é um sistema de controle de velocidade e acompanhamento de fluxo de trânsito,

que reúne equipamentos e softwares de captação e processamento de imagens e dados. São

instalados em locais com alto potencial de acidentes, de forma totalmente sinalizada. Sua

implantação garante o trânsito de veículos em velocidade adequada nos pontos críticos das

14

vias urbanas e rodovias, aumentando a segurança no trânsito e contribuindo para a educação

de motoristas e pedestres.

Os REV´s, foram criados com o objetivo de reduzirem os índices de acidentes

causados pelo excesso de velocidade os quais são causa freqüente de acidentes com vitimas

fatais, devendo ser cuidadosamente implantados, fazendo análise antecipada do local a serem

implantados, como meio de educar o motorista na obediência a sinalização da via de acordo

com o Código de Trânsito Brasileiro - CTB, contribuir para auxiliar os pedestres nas

passagens das vias, controlar o fluxo de veículos, monitorar a velocidade dos veículos de

forma a evitar que o motorista se envolva em acidentes graves, atropelamentos e outros tipos

de acidentes.

Os REV´s independem da presença de agentes de fiscalização de trânsito, pois seu

funcionamento é automático, quando o veículo passa pelos sensores instalados na pista, o

REV´s calcula sua velocidade e a indica no visor. Toda vez que o limite de velocidade

estabelecido é excedido, o aparelho registra a imagem do veículo, que pode ser usada mais

tarde como prova da infração.

O acidente de trânsito conforme demonstra o CTB é composto pelo trinômio, via,

homem, veículo e quando deixa de ser observado um desses fatores à conseqüência é um

acidente de trânsito. O homem como fator humano manifesta risco no excesso de velocidade,

ultrapassagem, desatenção, consumo de álcool e uso de cinto de segurança, etc. A via pela

importância das condições de infra-estrutura, critérios básicos de segurança e sinalização

adequada e no fator veículo, manutenção e itens de segurança como cinto, freios regulados,

etc.

ROZESTRATEN (1988, p. 4) define o trânsito como “o conjunto de

deslocamentos de pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de

normas que têm por fim assegurar a integridade de seus participantes”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), diz que as causas mais comuns de

acidentes de trânsito é o erro humano, em todo o mundo, é responsável por mais de 90 % dos

acidentes registrados.

Principais imprudências determinantes de acidentes fatais no Brasil por ordem de

incidência é a imprudência dos condutores, o excesso de velocidade, o desrespeito à

15

sinalização, a ingestão de bebidas alcoólicas, a ultrapassagem indevida, velocidade excessiva,

dirigir sob efeito de álcool, distancia insuficiente em relação ao veiculo dianteiro, a falta de

manutenção adequada dos veículos, distração interna do condutor (rádio, passageiro, celular,

objetos soltos no interior do veículo), técnica inadequada ao dirigir veículo (não observar o

retrovisor externo e esquerdo, por exemplo), avaliação errada de distância e velocidade de

outro veículo, tanto no mesmo sentido (andar na "cola") como em sentido contrário, falta de

cortesia no trânsito, não obediência das normas de circulação e conduta (tanto para condutores

como para pedestres), falta de conhecimento e obediência das leis de trânsito (condutores e

pedestres), impunidade dos infratores.

As conseqüências de um acidente para o motorista ou pedestre quando é grave e

não fatal passam a ocupar os leitos de hospital em lugar de outros pacientes que necessitam de

atendimento, outro problema é a inserção do ferido na sociedade, muitas vezes sem a

possibilidade de voltar às atividades profissionais e responsabilidades de custear

financeiramente a família.

A hipótese considerada nesta pesquisa de dissertação é demonstrar que os REV's

podem ser usados para obter um trânsito em condições mais segura, ou seja, desde que

indiquem que a fiscalização eletrônica de velocidade é eficiente para diminuir acidentes de

trânsito.

Acredita-se que a implantação de REV's seja o principal elemento disseminador

dessa mudança comportamental do motorista e pedestre na redução de acidentes por excesso

de velocidade.

16

2 Breve Histórico sobre Sistema de Trânsito

As ações voltadas para a organização das vias públicas e o seu tráfego ao mesmo

tempo em que têm privilegiado o trânsito dos veículos motorizados, deixa os pedestres em

situação de desvantagem em relação aos motoristas e passageiros, gerando um elevado

número de atropelamentos.

O CTB define trânsito como a utilização das vias por pessoas, veículos e animais,

isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e

operação de carga e descarga.

A velocidade veicular excessiva aumenta a freqüência de acidentes porque reduz

o tempo disponível para decidir a manobra correta a uma dada distância e aumenta o tempo

ou a distância necessária para executar a manobra evasiva (parar ou simplesmente reduzir a

velocidade do veículo, desviar de obstáculos ou de conflitos com pedestres, ciclistas,...). A

velocidade torna também mais provável o atingimento do limite de resistência do pavimento

contra derrapagem ou o limite de estabilidade dos veículos, contra tombamento nos acidentes

em curva (especialmente no caso de veículos pesados). (BRANDÃO, 2006)

Excesso de velocidade significa risco, uma questão de comportamento por parte

do motorista, por isso, tem sido uma constante preocupação em todas as pesquisas e projetos

relacionados a trânsito, em busca de soluções para o problema da utilização de veículos com

velocidades em desacordo com os padrões de segurança.

A perda de controle do veículo aumenta à medida que aumenta a velocidade

empreendida. Percebe-se, portanto, que a velocidade é uma questão decisiva para a segurança

viária, devido a essa estreita relação entre a velocidade de deslocamento e as limitações

humanas envolvidas. (BRANDÃO, 2006)

Para conduzir o veículo com segurança e impedir que o motorista tenha de

transitar em velocidades inadequadas, desobedecendo à sinalização da via principalmente em

pontos considerados críticos, deve-se adotar medidas adequadas, conscientizando para

prevenção e preservação de vidas humanas.

17

Com a implantação do CTB, diretrizes e normas foram estabelecidas para os

limites de velocidade.

O art. 61 estabelece:

A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas a suas características técnicas e as condições de trânsito.

§ 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de:

I – nas vias urbanas:

a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido; b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais; c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras; d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais.

II – nas rodovias:

§ 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àquelas estabelecidas no parágrafo anterior.

No Capítulo XV, das infrações, no Art. 218, encontra-se a indicação do tipo de

infração e a respectiva penalidade quando se trata de excesso de velocidade.

Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil:

I – em rodovias, vias de trânsito rápido e vias arteriais:

a) quando a velocidade for superior à máxima em até vinte por cento: Infração – grave; Penalidade – multa;

b) quando a velocidade for superior à máxima em mais de vinte por cento: Infração – gravíssima; Penalidade – multa (três vezes) e suspensão do direito de dirigir;

II – demais vias:

c) quando a velocidade for superior à máxima em até cinqüenta por cento: Infração – grave; Penalidade – multa;

d) quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50% (cinqüenta por cento): Infração – gravíssima; Penalidade – multa (três vezes) e suspensão do direito de dirigir;

Medida administrativa – recolhimento do documento de habilitação.

O art. 218 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de

Trânsito Brasileiro, passou a nova redação, alterando os limites de velocidade para fins de

enquadramentos infracionais e de penalidades.

Passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias”:

I - quando a velocidade for superior à máxima em até 20% (vinte por cento):

18

Infração - média; Penalidade - multa;

II - quando a velocidade for superior à máxima em mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinqüenta por cento):

Infração - grave; Penalidade - multa;

III - quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50% (cinqüenta por cento):

Infração - gravíssima; Penalidade - multa [3 (três) vezes], suspensão imediata do direito de dirigir e apreensão do documento de habilitação. (NR)

As autoridades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito (Órgãos e entidades

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios) consideram a implantação de

REV’s uma das formas de educar e diminuir a gravidade dos acidentes, punirem os infratores

com multas de acordo com o percentual de velocidade excedido ou aqueles que estão mais

propensos a envolver-se em acidentes.

O índice de severidade do acidente, medido em Unidade Padrão de Severidade

(UPS), implantada pelo DENATRAN, é o resultado da soma dos produtos da freqüência de

cada tipo de severidade do acidente pelo peso atribuído à respectiva severidade. Deve-se

lembrar que não importa a quantidade de vítimas em cada acidente e sim o tipo de ocorrência.

São considerados locais críticos aqueles com valores superiores à média estabelecida para o

programa. Este índice possui como vantagens a praticidade, o baixo custo e o fato de priorizar

acidentes cujos resultados foram mais severos em termos de vítimas. Como desvantagem, ele

direciona para locais com muitos acidentes e elevados volumes de tráfego (MT, 2002).

Assim, as quantificações dos acidentes em UPS, são feitas a partir dos Boletins de

Ocorrência – BO, dependendo da gravidade o peso de classificação do acidente será diferente

e o custo econômico dos acidentes, o quanto à sociedade disponibiliza de recursos para

custear um acidente com vítimas fatais (AVF) para a sociedade será maior que os acidentes

com feridos envolvendo pedestres (ATR), os acidentes com feridos (ACF) com peso maior

em relação aos acidentes com danos materiais (ADM). Sendo 13, 6, 4, e 1 respectivamente, os

pesos atribuídos aos acidentes.

Severidade (n° de UPS) = Acidentes com vítima(s) fatal(is) x 13 + Acidentes com

feridos envolvendo pedestres x 6 + Acidentes com ferido(s) x 4 + Acidentes somente com

danos materiais x 1.

19

O DETRAN-CE utiliza para quantificação dos acidentes da UPS, a seguinte

fórmula, não incluindo ainda os acidentes envolvendo pedestre, que será o modelo utilizado

pela facilidade de obtenção dos dados estatísticos:

Severidade (n° de UPS) = Acidentes com vítima(s) fatal(is) x 13 + Acidentes com

ferido(s) x 5 + Acidentes somente com danos materiais x 1.

Os locais cujos índices de acidentes de trânsito lhes garantir as primeiras

colocações no ranking dos locais críticos com acidentes graves na cidade de Fortaleza, serão

selecionados conforme UPS. Os locais identificados são cruzamentos dentro do sistema viário

do Município, segundo definições constantes do CTB.

As estatísticas de acidentes de trânsito são a base para auxiliar na implantação de

medidas educacionais e de tratamento da malha viária, por isso a importância desses - BO,

serem mantidos atualizados e mantidos de forma unificada pelo órgão de trânsito,

comparando-os com os demais estado e posteriormente outros países.

A característica do acidente quanto a sua natureza são classificadas em

colisão/abalroamento, tombamento/capotagem, atropelamento, choque com objeto fixo e

outros. Quanto ao tipo de vítima são classificados em condutor, passageiro, pedestre, ciclista,

motociclista e outro.

É de suma importância nos processos de planejamento e gestão, buscar estratégias

que visem desde a mudança de comportamento de motoristas e pedestres até aquelas voltadas

às questões de infra-estrutura, tais como: programa de prevenção com campanhas de

informação e conscientização, crianças no banco traseiro, uso de cinto de segurança, uso de

capacetes, desenvolvimento de planos estratégicos de tráfego, conservação de vias,

sinalização adequada (motorista e pedestre), investimento em pesquisas científicas que

possam envolver toda a complexidade dos fenômenos (tecnológicos, psicológicos,

sociológicos e físicos) e aplicação de metodologias apropriadas às necessidades locais.

Para Peltzman (1975) o uso de dispositivos de segurança não reduz e podem até

mesmo aumentar o número de acidentes e fatalidades. A idéia principal é que o uso desses

equipamentos pode gerar um comportamento compensatório, uma vez que o motorista se

sentiria mais seguro usando os dispositivos de segurança e, portanto, conduziria o veículo de

forma menos prudente e cautelosa, o que acarretaria em mais acidentes e mortes. Sabe-se que

20

o efeito direto dos equipamentos e medidas de segurança é gerar maior proteção. O efeito

compensatório pode ser definido como o efeito indireto (menos prudência e cautela) que o uso

do dispositivo de segurança pode causar. Desse modo, o efeito benéfico do uso do

equipamento de segurança em reduzir a chance de acidentes e fatalidades poderia ser

sobreposto ou pelo menos reduzido pelo efeito indireto gerado por ele.

2.1 Municipalização do Trânsito

Com o CTB iniciou-se o processo de municipalização do trânsito que prever

divisão de responsabilidade entre os órgãos federais, estaduais e municipais. Os municípios

passaram a integrar ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT), o mesmo assume a

responsabilidade sobre a via, pelo planejamento, operação e fiscalização. Sendo assim os

municípios são responsáveis pela implantação de REV´s. A Autarquia Municípios de Trânsito

– AMC é a responsável pela implantação de REV´s em Fortaleza.

A Resolução 146/2003 do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, anexo I,

dispõe sobre os requisitos técnicos mínimos para fiscalização da velocidade de veículos

automotores, reboque e semi-reboques. O CTB também previu no art.280, § 2º regulamentar

previamente a utilização de instrumento ou equipamentos hábil para o registro de infração,

com o objetivo em padronizar os procedimentos referentes à fiscalização eletrônica de

velocidade e uniformizar a utilização dos medidores de velocidade em todo o território

nacional.

A medição de velocidade deve ser efetuada por meio de instrumento ou equipamento que registre ou indique a velocidade medida, com ou sem dispositivo registrador de imagem dos seguintes tipos:

I - Fixo: medidor de velocidade instalado em local definido e em caráter permanente;

II - Estático: medidor de velocidade instalado em veículo parado ou em suporte apropriado;

III - Móvel: medidor de velocidade instalado em veículo em movimento, procedendo à medição ao longo da via;

IV - Portátil: medidor de velocidade direcionado manualmente para o veículo alvo.

2.2 Custos Econômicos dos Acidentes

A quantificação dos acidentes e os custos relacionados são de suma importância

para a economia de um país, impactando a economia na medida em que geram despesas

decorrentes do acidente, desde perdas relacionadas com horas de trabalho perdidas, com

21

atendimento médico para o tratamento de lesões ou traumas e outras conseqüências graves ou

não.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, em conjunto com os órgãos

da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e o Governo Federal (Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão) em 2003 demonstraram os “Impactos Sociais e

Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas”, sendo o segundo

trabalho direcionado ao trânsito realizado pelo IPEA, tendo como objetivo a identificação e

mensura dos custos que os acidentes de trânsito provocam, visando fornecer subsídios para

elaboração e avaliação de políticas públicas de prevenção de acidentes.

Segundo o IPEA a quantificação dos custos dos acidentes de trânsito em áreas

urbanas além das perdas de vida e da grande quantidade de pessoas inválidas, os acidentes de

trânsito provocam elevado custo econômico ao país. Em 2001, ano da coleta dos dados

(valores atualizados em 2003), os gastos somaram 3,6 bilhões, porém, podem vir a serem

maiores, visto a coleta dos dados foi apenas em 49 aglomerações urbanas, onde se concentram

47% da população e circulam do total 2/3 do total da frota de veículos. As perdas anuais no

total da área urbana chegariam à ordem de R$ 5,3 bilhões em 2001.

Essa pesquisa estimou, ainda, os custos médios unitários no Brasil segundo a sua

severidade: em R$ 3,3 mil, para os acidentes de trânsito sem vítimas; R$ 17,5 mil para os

acidentes com feridos e R$ 144,5 mil para os acidentes com mortes.

Os custos considerados em conseqüência de acidentes foram: perda de Produção,

danos aos veículos, custos em atendimento médico-hospitalar, processos judiciais, resgate das

vitimas, remoção do veiculo, impacto familiar, atendimento policial e dos agentes de trânsito.

Os maiores percentuais dos custos referem-se à perda de produção em torno de 42,8%%,

danos de veículos, 28,8% e atendimento médico-hospitalar de 13,3%, que juntos

correspondem a 85% do total.

Quanto ao tipo de veículo não há proporcionalidade dos custos com a sua

participação na frota, segundo a pesquisa existem 1,52% veículos envolvidos por acidente.

Entretanto, a imprudência e a irresponsabilidade são predominantes na maioria dos casos,

transformando o trânsito em uma das causas principais de morte.

22

O processo de melhoria na área de trânsito é uma constante preocupação e a

mesma apresenta muita dificuldade de promover meios para conduzir a indicadores

significantes de redução de acidentes, como relata o jornal OPOVO do dia 03/07/2008, na

matéria da série sobre crimes e acidentes de trânsito, o Ceará é o estado brasileiro com maior

custo médio de um acidente de trânsito em rodovias estaduais, conforme mostra Figura 1.

Cada acidente custa em média, R$ 93,6 mil para o Ceará. O segundo lugar, o

estado do Paraná, tem um custo médio quase R$ 10 mil abaixo, gasta R$ 83,5 mil com cada

acidente.

Os dados são do estudo "Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito

nas rodovias brasileiras", realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em

todo o País, referente a 2006. As causas apontadas para o alto custo é a falta de estrutura

hospitalar de urgência e emergência na maioria das cidades e a condição das estradas

estaduais.

Figura 1 – Custo Médio de acidentes de transito Fonte: Elaborada pelo Projeto IPEA/DENATRAN

2.3 Base de Dados

Através dos Boletins de Ocorrência – BO, as informações sobre acidentes de

trânsito são coletadas pelos peritos de trânsito por cada órgão envolvido no sistema de trânsito

e encaminhadas para digitação onde são armazenadas para posterior análise dos dados e

comparativos estatísticos.

No BO, constam todas as informações necessárias para análise, quantificação e

comparativos dos acidentes. Os dados foram coletados do banco de dados do Departamento

47,2

83,5

52,657,4

81,5

93,6

47,4

54

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

SP PR SC RS DF CE ES Global

23

Nacional de Trânsito – DENATRAN, que é o órgão que atualiza todos os dados estatísticos

dos DETRAN´S, do Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN-CE, onde foi possível

coletar as informações para o período de 2003 a 2007 e os respectivos cruzamentos que

ocorreram acidentes, da Autarquia Municipal de Trânsito - AMC, por fornecer os locais onde

foram instalados os redutores de velocidade, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

– IBGE, do Instituto de Pesquisa Aplicada – IPEA e do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE.

A base de dados utilizado nesse trabalho permite que se faça um estudo

econométrico sobre o assunto em estudo e demonstrar que os REV's podem ser usados para

obter um trânsito em condições mais segura, ou seja, desde que indiquem que a fiscalização

eletrônica de velocidade é eficiente para diminuir acidentes de trânsito.

Acredita-se que a implantação de REV's seja o principal elemento disseminador

dessa mudança comportamental do motorista e pedestre na redução de acidentes por excesso

de velocidade.

2.4 Metodologia

O tema de estudo será desenvolvido baseado na documentação direta e indireta,

tendo como fonte de pesquisa livros, revistas, publicações e sites de reconhecida idoneidade

disponibilizada na internet.

Na pesquisa documental será utilizada documentação interna do DETRAN-CE,

sobre quantitativo de acidentes e locais críticos e da AMC, sobre Redutores de Velocidade

instalados em Fortaleza no período de 2003 a 2007, aquisição de informações necessária para

confecção do trabalho.

Foram selecionados os acidentes ocorridos nos cruzamentos em Fortaleza e dentre

estes foram classificados aqueles que constavam acidente em todos os anos no período de

2003 a 2007, ininterruptamente de acordo com a UPS e verificados os cruzamentos que

tinham sido instalados redutores de velocidade.

A UPS é um índice de peso diferente para cada tipo de acidente de trânsito.

Quanto maior a gravidade do acidente maior será o peso, os quais somados formam o

24

quantitativo de índice de gravidade no local do acidente. Esse índice é mais utilizado por ser

de fácil cálculo, pois depende da coleta de dados dos acidentes e por ser de baixo custo.

Existem outros índices e planilhas de cálculo para análise dos pontos críticos

analisando além da UPS, verifica critérios, como o volume diário, extensão da via,

características da localidade, etc.

Nessa análise foram selecionados os 10 cruzamentos onde ocorreram acidentes de

vítimas fatais, não fatais e somente com danos materiais e a UPS mostrou-se um valor maior

comparado com outros cruzamentos para avaliar o impacto dos equipamentos instalados na

redução dos acidentes no período de 2003 a 2007.

25

3 Acidentes de Trânsito

3.1 Código de Trânsito Brasileiro de 1998

O Código Brasileiro de Trânsito aprovado através da Lei N.º 9.503, de

23/09/1997, em vigor a partir de janeiro de 1998, foi implantado com o objetivo de redução

de acidentes com segurança e preservação da vida.

Conforme CTB, o trânsito em condições segura, é um direito de todos e dever dos

órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito

das respectivas competências, adotarem medidas destinadas a assegurar esse direito.

Segundo ROZESTRATEN (1988, p.4), “Trânsito é o conjunto de deslocamento

de pessoas veículos em vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas que tem

por finalidade assegurar a integridade de seus participantes”.

O CTB estabelece regras tanto para o motorista como para o ciclista, pedestre,

passageiro, garantindo-lhes direito.

3.2 Dos Acidentes de Trânsito

Os acidentes de trânsito são classificados conforme normas da Associação

Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, NBR 10697. O Quadro 1 apresenta os oitos tipos de

acidentes, bem como suas descrições conforme a referida norma.

Tipos de acidentes Descrição Atropelamento Acidente em que o(s) pedestres ou animal (is) sofre(m) o impacto de um veículo, estando

pelo menos uma das partes em movimento. Colisão Acidente em que um veículo em movimento sofre o impacto de outro veículo, também em

movimento. Choque Acidente em que há impacto de um veículo contra qualquer objeto fixo ou móvel, mas sem

movimento. Capotamento Acidente em o veículo gira sobre si mesmo, em qualquer sentido, chegando a ficar com as

rodas para cima, imobilizando-se em qualquer posição. Tombamento Acidente em que o veículo em movimento sai de sua posição normal, imobilizando-se sobre

uma de suas laterais, sua frente ou sua traseira. Queda Acidente em que há impacto em razão da queda livre do veículo, ou queda de pessoas ou

cargas por ela transportadas. Combinação Ocorrência de dois ou mais tipos de acidentes. Outros Qualquer acidente que não se enquadra nas definições acima. Quadro 1: Tipos de Acidentes. Fonte: Elaborado pela autora com base na ABNT, NBR 10697.

26

3.2.1 Causas e fatores de risco de acidentes de trânsito

“As verdadeiras causas de um acidente de trânsito só podem ser conhecidas a

partir de uma visão de análise sistêmica, a qual considera que os acidentes de trânsito são

eventos que decorrem da interação de fatores causais humanos, viário-ambiental e veicular”

(NEGRINI, 2006, p.xix).

Os acidentes de trânsito e suas conseqüências constituem um problema social e de

saúde pública, podendo ser desenvolvido ações de gestão publica, educação de trânsito e

cidadania com a finalidade de prevenir acidentes.

Através dos boletins de ocorrência – BO’s preenchidos pelo responsável da

pericia do acidente de trânsito, pode-se obter dados de geração de acidentes, dos envolvidos, a

gravidade, o local, data e hora da ocorrência.

BRANDÃO (2006) enumera causas que contribuem para ocorrência de acidentes

em quatro grupos:

a) Fator humano - refere-se à educação e preparo do cidadão para o

trânsito, suas condições físicas e psicológicas e sua capacidade de

julgamento.

b) Fator veículo - refere-se às condições de manutenção, conservação

e desempenho do veículo e equipamentos integrantes (de segurança,

potência, aerodinâmica, estabilidade, etc.).

c) Fator via - refere-se às características físicas da via. É o principal

fator de atuação da engenharia, incluindo aspectos da geometria,

sinalização, regulamentação e uso da via, bem como da pavimentação e

condições de tráfego em operação na mesma.

d) Fator ambiente - refere-se aos condicionantes do tempo e

visibilidade, e aspectos como o uso e ocupação do solo e interferências.

Segundo BRANDÃO (2006), a dificuldade de determinar as causas de acidentes

de trânsito em função da variedade de fatores contribuintes para a ocorrência dos mesmos,

aliada as circunstâncias aleatórias, torna árdua a tarefa de escolher medidas realmente eficazes

na redução dos acidentes e seus danos. Acidente de trânsito é todo evento com dano que

27

envolve um veículo, a via, o homem ou animais, e que para caracterizar-se tem a necessidade

da presença de dois desses fatores.

Segundo o cronograma de acidentes apresentado pela Figura 2, observa-se o

índice de acidentes por horas/minutos ocorridos em Fortaleza em 2007.

O ser humano se envolve nos acidentes muitas vezes por não observar as ações de

direção defensiva, conseqüentemente causando acidentes pela sua imprudência. Excesso de

velocidade é uma das principais causas de acidentes de trânsito como fator de risco na

condução e alto índice de atropelamento, entretanto, a análise do acidente deve considerar

todas as hipóteses com cuidado para concluir qual a causa do acidente. E quando a velocidade

não está especificada como conseqüência de acidente ou suas causas registradas sem fornecer

análise completa da ocorrência, a redução de acidentes através do REV é meio de reduzir

acidentes de proporções desastrosas.

Figura 2 – Cronograma de acidentes em horas/min de ocorrência (referência 2007) Fonte: DETRAN

3.2.2 Monitoramento das informações e coleta de dados

As estatísticas de acidentes de trânsito fornecem dados básicos e dela dependem

os órgãos competentes para elaboração de propostas de harmonizar à segurança do trânsito.

Portanto, os responsáveis pelas estatísticas devem processar e agrupar os dados baseando-se

nos resultados dos acidentes, consolidando e investigando as informações obtidas. A

imprecisão dos dados cria dificuldades para análise dos acidentes, ou seja, fatores que

28

contribuem para a redução da confiabilidade que são, por exemplo, os métodos de coleta dos

dados utilizados ou a falta de conhecimento dos investigadores.

O Núcleo de Planejamento e Controle do DETRAN-CE realiza as estatísticas de

acidente através de informações coletadas nos diversos órgãos que compõem o sistema de

trânsito e o próprio DETRAN. As informações recebidas através de Boletins de Ocorrências

diários, planilhas, entre outros, são feitas triagem e digitadas para consolidação dos dados e

apresentação das informações.

Os órgãos que encaminham as informações sobre os acidentes são:

• Perícia Técnica do DETRAN-CE / Juizado Móvel

• Instituto de Criminalística - IC

• Instituto Médico legal – IML

• Centro Integrado de Operações de Segurança – CIOPS

• Polícia Militar do Ceará:

o Companhia de Policiamento Rodoviário – CPRV

o Companhia de Policiamento do Interior – CPI

• Polícia Rodoviária Federal – SPRF

• Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de

• Fortaleza – AMC

• Instituto Dr. José Frota – IJF

As informações do IML são muito importantes no que se refere aos acidentes com

vitimas fatais, pois, possui dados referentes a todos os óbitos ocorridos em sua área de

atuação, bem como suas causas.

Os acidentes são classificados por hora do acidente, dados sobre o tipo ocorrência,

a vitima, à hora, data, local e envolvidos. Com as informações disponíveis no sistema

informatizado é possível obter dados estatísticos confiáveis que podem ser comparados,

analisados e posteriormente encaminhados para o DENATRAN, para realizar o comparativo

com outros estados.

29

3.3 Segurança do Trânsito na Redução de Acidentes

Segundo NEGRINI (2006) adotar ações preventivas visando redução do número

de mortes deveria constituir-se necessariamente em ações sistêmicas direcionadas para a

educação, para a engenharia (viária, veicular, em nível de projeto, execução e manutenção) e

para esforço legal, executado a partir de dados estatísticos confiáveis, alcançando resultados

eficazes a curto, médio e longo prazo.

O aumento da frota de veículo, a falta de estrutura, congestionamentos, a falta de

segurança e a gravidade dos acidentes, levaram a exigência de maior rigor na fiscalização, o

que foi possível após implantação do CTB, como relata. RIZZARDO (2000), uma mudança

exigida pela nova realidade:

“Não que se encontre totalmente superado ou desatualizado o Código Nacional de Trânsito instituído pela Lei n. 5.108, de 21 de setembro de 1966, e regulamentado pelo Decreto n. 62.127, de 16 de janeiro de 1968. A realidade nacional é que se modificou, impondo uma legislação mais ampla e rígida. Em vista das mudanças que ocorreram em todo o País no setor, com a universalização do uso dos veículos automotores, tanto que presentemente circulam nas vias brasileiras em torno de vinte e sete milhões de veículos, enquanto no segundo lustro da década de 1960 estimava-se em quinhentos mil o número, com três montadoras instaladas no Brasil, a disciplina tinha que evoluir inclusive o tocante aos conceitos gerais sobre o trânsito. Tantas as manifestações que influíram de todas as forças vivas da Nação, que as modificações foram amplas, procurando dar à matéria o tratamento reclamado pela nova realidade”.

Observa-se que os acidentes de trânsito reduzem, principalmente em relação aos

acidentes fatais, pelo poder coercitivo, moral e psicológico que exercem sobre os motoristas

por meio da fiscalização eletrônicos de velocidade, pois a medida que reduzem a velocidade o

impacto do acidente também é reduzido, evitando maiores conseqüências.

Investigação realizada por Peter Kissinger, em AAA Foundation, concluiu que:

Uma proporção substancial da população tem experiências pessoais envolvendo acidentes de trânsito com gravidade. Uma em cada quatro pessoas entrevistada afirmou envolvimento em acidentes em algum momento de suas vidas e um em cada três inquiridos disse conhecer casos de familiares ou amigos mortos ou permanentemente incapacitados por um acidente. O comportamento no trânsito foi indicado como outro grave problema. No entanto, a maioria dos condutores admitiram que falam ao celular enquanto dirigem, que avançam sinais fechados e que trafegam em excesso de velocidade.

Com a implantação do Código de Trânsito em 1998, as infrações de trânsito além

de se tornarem mais severas, com o objetivo de disciplinar condutor e motociclista, algumas

infrações passaram a ser definidas como crime, por exemplo, dirigir alcoolizado ou sem

30

carteira de motorista. De acordo com a gravidade da infração foram pontuadas e registradas

no prontuário de Carteira Nacional de Habilitação - CNH. Os pontos referentes à infração são

contabilizados e se somados atingem 20 pontos negativos o condutor alem de pagar a

infração, tem sua CNH suspensa e é obrigado a participar de curso de Reciclagem. De forma

que mesmo os mais abastados que não dessem importância ao fato de desembolsar valor,

ficará sem poder dirigir se não fizer o curso.

3.3.1 Educação para o Trânsito

A educação para o trânsito conforme CTB deve ser aplicada desde a pré-escola à

universidade. As ações educativas e campanhas sobre trânsito devem ser assunto repassado

junto à população, conscientizando sobre a importância de controle de velocidade dos

veículos, bem como a atenção dos pedestres em observar a sinalização da via, cruzar na faixa

permitida, evitando trazer transtorno e acidentes que poderiam ser evitados, sobretudo em

termos de redução de vitimas fatais.

O DETRAN-CE, através do Núcleo de Educação de Trânsito, ministra cursos e

palestras como Reciclagem para motoristas infratores de modo geral, motorista de empresas

públicas e privadas e de transporte escolar, além de incluir no programa de educação,

apresentações de peças teatrais, palestras educativas de trânsito nas escolas e empresas, dentre

outros meios de comunicação.

O incentivo da educação nas escolas, universidades, sindicatos, imprensa e

empresas visam incutir nos integrantes do trânsito a compreensão de que o trânsito ocorre

num espaço público que para ser compartilhado necessita de comportamentos transformados

em sintonia com a cidadania.

As campanhas específicas elaboradas para orientar os motoristas para a

obediência a sinalização em relação às velocidades máximas permitidas, conscientizando

sobre os riscos de morte do pedestre, quando o veículo transita a 60km/h. É imprescindível,

demonstrar aos usuários da via a importância de regular os limites máximos permitido para a

via e de que maneira são instalados e sua finalidade de reduzir acidentes evitando a gravidade

de feridos e de vitimas fatais.

A educação do trânsito é a solução para mudar o comportamento dos condutores,

começando a conscientização pela criança.

31

4 Frota de Veículo, Evolução e Motorização

Pode-se observar um crescimento da frota de veículo no estado do Ceará, capital e

interior, conforme mostra a evolução de 1980 a 2007 na Tabela 1 e demonstrado na figura 3.

O poder de compra e a facilidade de crédito são uns dos motivos resultado desse crescimento,

significando maiores engarrafamentos, estacionamentos insuficientes, etc., pois a cidade não

foi planejada para esse fenômeno, necessitando da administração pública ações de expansão

das ruas, dos estacionamentos e sinalização suficiente para o trânsito de veiculo fluir com

maior facilidade e o pedestre realizar a travessia com segurança.

Tabela 1 - Evolução da Frota de Veículo de 1980 a 2007

ANO ESTADO CAPITAL INTERIOR

1980 155.487 104.097 51.390 1981 161.906 110.374 51.532 1982 164.976 118.065 46.911 1983 170.703 118.803 51.900 1984 174.479 119.624 54.855 1985 188.153 125.004 63.149 1986 253.643 160.001 93.642 1987 268.288 170.614 97.674 1988 286.590 184.290 102.300 1989 306.025 199.575 106.450 1990 319.560 210.682 108.878 1991 342.265 224.065 118.200 1992 362.683 235.797 126.886 1993 389.997 252.055 137.942 1994 426.821 272.424 154.397 1995 442.238 282.078 160.160 1996 493.649 306.880 186.769 1997 539.846 328.280 211.566 1998 590.774 347.600 243.174

1999(*) 572.820 327.796 245.024 2000 633.871 353.620 280.251 2001 698.614 379.408 319.216 2002 766.006 402.386 363.620 2003 829.593 422.490 407.103 2004 891.307 441.949 449.358 2005 961.946 466.291 495.655 2006 1.055.338 497.967 557.371 2007 1.180.066 538.772 641.294

Fonte: DETRAN-CE Nota: (*) – no ano de 1999 foram retirados do cadastro os veiculos de duas letras, acrescentando-os à medida que forem se cadastrando no novo modelo de três letras, utilizado para controle de veículos. Atualização do cadastro de veículo com baixa para sucata.

32

EVOLUÇÃO DA FROTA 1980 A 2007

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

ANO

FROTA DO ESTADO

FROTA DA CAPITAL

FROTA DO INTERIOR

Figura 3 - Evolução da Frota de Veículo de 1980 a 2007. Fonte: Detran-CE.

4.1 Idade da Frota em Circulação

O tempo de uso do veículo e sua conservação são imprescindíveis para segurança

no trânsito. Observa-se na tabela 2, que dos 1.180.066 veículos registrados até 2007, os

veículos até cinco anos de uso é de 467.565 corresponde a 39,62% do total da frota de

veículos do estado.

Tabela 2 – Frota de veículos registrados uso no Ceará por tempo de, até 2007.

IDADE DA FROTA CAPITAL INTERIOR ESTADO

Até 5 anos de uso 218.321 249.244 467.565

De 5 a 10 anos de uso 127.891 163.625 291.516

De 10 a 15 anos de uso 84.208 84.689 168.897

Mais de 15 anos de uso 108.352 143.736 252.088

TOTAL 538.772 641.294 1.180.066 Fonte: DETRAN-CE

218.321249.244

467.565

127.891

163.625

291.516

192.560228.425

420.985

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

Até 5 anos de uso De 5 a 10 anos de uso De 10 a 15 anos de uso

IDADE DA FROTA DO ESTADO

CAPITAL INTERIOR ESTADO

Figura 4 - Frota de veículos registrados por tempo de uso no Ceará, até 2007. Fonte: DETRAN-CE

33

Os veículos com mais de 10 anos que circulam na capital e interior é de 420.985,

representam 35,67% da frota total do estado, conforme a Figura 4. Apesar do aumento de

carros novos, a redução do tempo de uso do veículo ainda é prejudicada pela situação

financeira do estado que ainda tem muito a crescer.

4.2 Índice de Motorização

Alguns fatores contribuem para o crescimento da frota em relação ao numero de

habitantes, como a distribuição de renda, preço do veículo em relação aos salários, condições

de financiamento, etc. O índice de motorização do Ceará em relação ao número de habitantes

demonstra crescimento conforme se verifica na tabela 3.

Tabela 3 – Índice de Motorização de 2003 a 2007 FROTA DO POPULAÇÃO ÍND. MOTORIZAÇÃO (*)

ANO ESTADO DO ESTADO Por 100 habitantes

2003 829.593 7.765.468 10,68

2004 891.307 7.900.949 11,28

2005 961.946 8.038.179 11,97

2006 1.055.338 8.176.820 12,91

2007 1.180.066 8.316.209 14,19 Fonte: DETRAN-CE Nota: (*) Índice de motorização por 100 habitantes é a relação entre o número de veículos existentes e um grupo de população (100) residente em um mesmo período de tempo.

Quanto maior o índice de motorização, maior a quantidade de pessoas que

possuem veículos e, conseqüentemente, maior a possibilidade de problemas decorrentes da

circulação de veículos, aumento significativo da poluição do ar, diminuído à qualidade de

vida do indivíduo (figura 5).

Tv/h = Frota de veículos registrados na área x 100 População da área considerada

34

10,68 11,2811,97

12,9114,19

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

2003 2004 2005 2006 2007

Ind. Motorização

Figura 5 – Índice de Motorização de 2003 a 2007 Fonte: DETRAN-CE

Os acidentes de trânsito do estado do Ceará, segundo as estatísticas oficiais de

acidentes de trânsito, em 2005 e 2007 (tabela 4), demonstram no total dos acidentes uma

redução e diminuição dos acidentes com feridos (figura 6). Alguns fatores contribuíram para

diminuir os acidentes com mortes, feridos graves, como a implantação do CTB,

obrigatoriedade do uso do cinto de segurança, a implantação de semáforo com tempo de

passagem para pedestre e ainda controle eletrônico da velocidade de veículos.

Tabela 4 – Índice de acidentes de trânsito do estado do Ceará, com a respectiva frota de veículo, os acidentes com mortos e feridos no período de 2003 a 2007

ESTADO DO CEARÁ

TOTAL DE MORTOS FERIDOS ANO FROTA

ACIDENTES 2003 829.593 25.514 1.379 14.194 2004 891.307 22.386 1.369 13.261 2005 961.946 21.005 1.481 11.196 2006 1.055.338 20.680 1.428 11.226 2007 1.180.066 19.882 1.437 10.279

Fonte: DETRAN-CE

35

EVOLUÇÃO (2003 - 2007)

10.279

25.514

22.38621.005 20.680 19.882

1.379 1.369 1.481 1.428 1.437

14.194 13.261

11.196 11.226

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

2003 2004 2005 2006 2007

Acidentes

M ortos

Feridos

Figura 6 – Índice de acidentes de trânsito do estado do Ceará, com a respectiva frota de veículo, os acidentes com mortos e feridos no período de 2003 a 2007. Fonte: DETRAN-CE

Comparando o total de acidentes com mortos e com feridos em relação ao

quantitativo de 10.000 veículos (tabela 5), observa-se um declínio do número total de

acidentes, uma redução significante nos acidente com feridos, demonstrando que as ações

aplicadas para redução de acidentes mostram efeito positivo, quando se trata de acidentes com

mortos e feridos (figura 7).

Tabela 5 – Índice de acidentes de trânsito do estado do Ceará, com a respectiva frota de veículo, os acidentes com mortos e feridos no período de 2003 a 2007, por grupo de 10.000 veículos.

ESTADO DO CEARÁ

ACIDENTES MORTOS FERIDOS P/10.000 P/10.000 P/10.000 ANO FROTA

VEÍCULOS VEÍCULOS VEÍCULOS 2003 829.593 307,55 16,62 171,10 2004 891.307 251,16 15,36 148,78 2005 961.946 218,36 15,40 116,39 2006 1.055.338 195,96 13,53 106,37 2007 1.180.066 168,48 12,18 87,11

Fonte: DETRAN-CE

36

ÍNDICE POR 10.000 VEÍCULOS

87,11

307,55

251,16

218,36195,96

168,48

16,62 15,36 15,40 13,53 12,18

171,10 148,78

116,39 106,37

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

2003 2004 2005 2006 2007

Acidentes

M ortos

Feridos

Figura 7 – Índice de acidentes de trânsito do estado do Ceará, com a respectiva frota de veículo, os acidentes com mortos e feridos no período de 2003 a 2007 Fonte: DETRAN-CE

37

5 Fiscalização Eletrônica de Velocidade

O uso do veículo tem sido estimulado pela deficiência do transporte público, as

facilidades de financiamento do veiculo, aumentando assim o número de veiculo circulando

nas vias. Em todo mundo os programas dos órgãos do sistema de trânsito que visam reduzir

acidentes de trânsito, colocam como prioridade o controle de velocidade, pois, quanto maior a

velocidade do veículo, maior o risco imposto aos demais usuários da via.

O comportamento do motorista representa a maior dificuldade para o controle de

velocidade, assim incentivar os condutores e pedestres a obedecer às regras de circulação e

legislação de trânsito deve ser um dos meios eficazes para minimizar os acidentes de trânsito.

A tecnologia está cada vez mais presente no controle do trânsito.

“A Fiscalização Eletrônica de Velocidade pode ser definida como a utilização de

meios eletrônicos para controlar o cumprimento das normas sobre velocidade de

veículos no trânsito, estabelecidas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Funciona por meio da medição eletrônica da velocidade de cada veículo

fiscalizado, identificação de veículos trafegando a velocidades além das permitidas,

e registro dos dados básicos dessas infrações, permitindo assim a aplicação

posterior de medidas punitivas aos infratores e/ou a tomada de outras providências

como o reforço da sinalização viária a respeito de limites de velocidade”.(GOLD,

2003)

Os meios utilizados como faixas, tartarugas, lombada transversal, etc., não são

suficientes e mostram-se ineficazes para reduzir velocidade ou mesmo conduzir em

velocidade adequada para a via. A fiscalização eletrônica de velocidade por meio de

instrumentos eletrônicos, implantadas em pontos críticos, tem como finalidade garantir que os

condutores obedeçam aos limites de velocidade evitando os excessos, aumentando a

segurança na via para condutores e pedestres e ainda contribuindo para a educação.

Ao aumentar a sensação de segurança, os REV´s contribuem para a melhoria da

qualidade de vida das pessoas, reduzem o índice de acidente fatal. A implantação de lombadas

eletrônicas é uma medida de proteção aos pedestres que pode ser usada com eficácia em

substituição às passarelas. (GOLD, 2003);

Alan CANNEL afirma que:

38

“O uso de lombadas eletrônicas nas travessias urbanas ou nas aproximações de

interseções reduz expressivamente o número de acidentes. Esta redução não é apenas pontual,

mas estende-se ao longo do trecho coberto pelo sistema”.

O motorista que desenvolve velocidade excessiva a conseqüência de um

atropelamento é grave. À medida que o motorista aumenta a velocidade do veículo, a

possibilidade de envolver-se em acidente grave ou fatal é maior, o impacto do choque

aumenta, pois a distância de parada ou freio será maior, conseqüentemente o condutor terá

maior possibilidade de perde o controle do veículo.

Conforme NEGRINI (2006, p. 43), diz que:

Nem sempre a velocidade é fator determinante do acidente. Muitos outros fatores

podem estar envolvidos e todos eles devem ser cuidadosamente analisados pelo

perito de acidentes. Existem casos em que, mesmo sendo alta a velocidade de um

veículo, ainda assim é difícil, ou mesmo impossível, atribuir a culpa pelo evento a

seu condutor.

Um condutor ao ingerir bebidas alcoólicas e droga, no caso de excesso de

velocidade, o tempo de reação aumenta em relação à pessoa sóbria, conforme tabela 6, a

seguir, mostra que tempo de reação de um segundo de uma pessoa sóbria, pode aumentar para

um segundo e meio ou mais, quando ela está alcoolizada.

Tabela 6 – Velocidade percorrida por veículos

Velocidade em km/h 40 50 60 70 80 90 100 110 120

Metros percorridos pelo veículo em ¾ de segundo

8,3 10,4 12,5 14,6 17,7 18,7 20,8 22,9 25

Metros percorridos pelo veículo em 1 segundo

11,1 13,8 16,7 19,4 22,2 25 28,8 30,6 33,3

Metros percorridos pelo veículo em ½ de segundo (pessoa alcoolizada)

16,7 20,8 25 29,2 33,2 37,5 41,7 45,8 50

Fonte: DOTTA (1998).

5.1 Tipos de Equipamento de Controle Velocidade

O projeto inicial de implantação da Barreira Eletrônica (Lombada Eletrônica) e

atualmente Redutores Eletrônicos de Velocidade (REV), surgiu com a finalidade de reduzir o

alto índice do número de acidentes nas vias públicas, em conseqüência de excesso de

velocidade. As ondulações transversais, tartarugas, semáforos, faixas pintadas e outros,

implantados na via pública até então, demonstrava ineficiência de reduzir o excesso de

39

velocidade dos veículos, conseqüentemente o possível envolvimento em acidente em situação

de gravidade.

O REV é reconhecido por especialista como idéia inovadora no Brasil, com

funcionamento automático, independe de agentes de trânsito para fiscalizar e resiste as ações

de tempo e funciona por meio de software na captação de imagens e registro de dados.

Atualmente há diversos modelos fabricados por empresas autorizadas, como por exemplo, a

Perkons, pioneira em instalação de lombadas eletrônicas e fiscalizadas pelo INMETRO.

Conforme CANNELL (2001, p. 2), “atualmente a maior e mais bem sucedida

experiência de fiscalização eletrônica do mundo” Relata que a fiscalização eletrônica reduz

em 30% o número de acidentes e em 60% a mortalidade no trânsito.

“A Autoridade de Trânsito, após verificar a consistência do Auto de Infração,

aplica ao infrator as punições cabíveis, como multas, pontuação da Carteira Nacional de

Habilitação (CNH), ou suspensão da CNH, de acordo com os procedimentos especificados no

CTB.”(Gold, 2003)

De acordo com o art. 1º da Deliberação nº 038/2003 do CONTRAN e

Referendada pela Resolução nº146/2003 regulamenta os tipos de registradores de imagem:

Art. 1º. A medição de velocidade deve ser efetuada por meio de instrumento ou equipamento que registre ou indique a velocidade medida, com ou sem dispositivo registrador de imagem dos seguintes tipos: I - Fixo: medidor de velocidade instalado em local definido e em caráter permanente; II - Estático: medidor de velocidade instalado em veículo parado ou em suporte apropriado; III - Móvel: medidor de velocidade instalado em veículo em movimento, procedendo a medição ao longo da via; IV - Portátil: medidor de velocidade direcionado manualmente para o veículo alvo.

Regulamentando os itens de identificação para cada registro de infração:

I - Registrar: Placa do veículo; Velocidade medida do veículo em km/h; Data e hora da infração;

II – Conter: Velocidade regulamentada para o local da via em km/h; Local da infração identificado de forma descritiva ou codificado; Identificação do instrumento ou equipamento utilizado, mediante numeração estabelecida pelo órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via.

40

Os tipos de sinalização empregados na Engenharia de Tráfego estabelecidos pelo

DENATRAN são: horizontal, vertical, semafórica e os denominados por dispositivos

auxiliares da sinalização.

A sinalização vertical é um conjunto de placas que podem ser de regulamentação,

de advertência e de indicação que se diferenciam por cores, forma e função. As de

regulamentação são placas de sinalização obrigatória e passível de multa. As de advertência

por indicar e prevenir sobre a condição da pista de rolamento, não constitui infração e a de

indicação com mensagens educativas, de orientação e identificação das vias.

As de sinalização horizontal são faixas e demarcações colocadas sobre a pista, a

fim de orientar o trânsito quanto às diversas situações que ocorrem durante o percurso, como

por exemplo, faixa para pedestre.

A sinalização semafórica controla tanto o trafego de veículo como a passagem de

pedestre, por meio de indicação luminosa, como por exemplo, a Lombada Eletrônica. Os

equipamentos eletrônicos além de fotografar a distância a placa para identificar os infratores

que exceder a velocidade dos veículos, registra ainda avançar sinal vermelho, parar sobre

faixa para pedestre ou ainda realizar manobra em locais proibidos ou de maneira incorreta.

Fonte: Perkons

O equipamento compara o excesso de velocidade do veículo com a velocidade da

via e caso comprove excesso de velocidade, isto é, velocidade incompatível para o local,

registra as imagens no sistema de computador instalado no interior do equipamento, e

posteriormente são encaminhadas para processamento, gerando autos de infração.

41

Fonte: Perkons Fonte: Perkons

As placas de advertência são utilizadas de forma obrigatória de sinalização

informando a existência de equipamento de Fiscalização Eletrônica de acordo com a

Resolução nº. 141/2002 do CONTRAN. Além das placas expostas em local visível pra o

condutor ou motociclista, inclusive advertência na pista de rolamento.

Fonte: Perkons

Os equipamentos são colocados em pontos considerados crítico na Região

Metropolitana de Fortaleza e interior do estado, conforme análise de pontos considerados

críticos pelos técnicos de DETRAN-CE.

Fonte: Engebras

O radar móvel possibilita que os dados coletados sejam encaminhados on-line

para processamento, monitora até 4 (quatro) faixas de rolamento e fiscaliza veículos na

contra-mão. Pode ter seu funcionamento agregado ao sistema de reconhecimento automático

de placas.

42

De acordo com as normas do Instituto Nacional de Metrologia Normalização e

Qualidade Industrial - INMETRO, uma tolerância de 7 km/hora é aplicada em todas as

medidas. Esta tolerância leva em conta uma possível imprecisão do velocímetro do veículo.

Como medida de segurança do ponto de vista do pedestre, habitua-se a realizar

travessias preferencialmente nas faixas pintadas destinadas a passagem de pedestre, com

garantia de segurança.

Alan E. R. CANNEL (2001) a respeito dos equipamentos, afirma que “No Brasil,

onde o desrespeito às normas de trânsito é mais comum, essa tecnologia está ajudando a

modificar rapidamente o comportamento dos motoristas, reduzindo o número e gravidade dos

acidentes”.

5.2 A Velocidade do Veículo e Tempo de Reação

Ao dirigir um veículo, freqüentemente o motorista é colocado diante da

necessidade de julgar entre duas alternativas: se a velocidade de seu veículo é boa para passar,

ou se à distância até o obstáculo é suficiente para frear.

As estatísticas, porém, mostram que a maior parte dos acidentes de transito devem

ser atribuída aos erros humanos, seja porque o condutor apreciou erradamente a situação, seja

porque reagiu inadequadamente às circunstâncias, ou simplesmente por falta de cortesia e

sensibilidade.

Uma das maiores causadoras dessa calamidade é a velocidade excessiva. Entre os

acidentes de trânsito, os causados pelo excesso de velocidade constituem um grupo especial

por duas razões: primeiro por serem os mais numerosos; segundo, por terem grande energia

cinética, a “energia do movimento”, que se transforma em amassamentos nos veículos e

lesões nos seres humanos.

Quanto maior a velocidade, maior a energia cinética, maior à distância de parada

e, conseqüentemente, maior a possibilidade de o condutor perder o controle do veículo. Porém

o que poucos lembram é que à medida que a velocidade aumenta, a violência do choque

aumenta mais que proporcionalmente. Um choque a 60km/h é quatro vezes mais brutal que a

30km/h, conforme lei da Física. A conseqüência de dobrar o excesso de velocidade é, muitas

vezes, a morte.

43

Pelas leis da Física, um imprevisto no trânsito, que necessita de 100m para ser

evitado, de forma alguma poderá ser evitado em 50m, por mais hábil que seja o condutor,

independente das boas condições dos veículos e/ou das vias. O condutor quando dirige a 100

km/h estará se aproximando dos obstáculos na razão de 28 m/s quando se trata de um objeto

fixo, e a 56 m/s quando se trata de veículo em sentido contrário com a mesma velocidade, e

que quanto maior a velocidade, mais crítica é a aderência e mais facilmente o condutor perde

o controle do veículo.

Os organismos de segurança de trânsito conhecem bem esses riscos. Por isso, em

todo mundo, os programas que visam reduzir acidentes de trânsito colocam como prioridade

essencial o controle de velocidade.

Uma grande parte da dificuldade para o controle do excesso de velocidade reside

no comportamento do motorista, estimulado pelas propagandas dos fabricantes de veículos, e

por todos os mitos e sonhos existentes na posse e uso da permissão para dirigir. Incentivar

uma postura correta de condutores e pedestres, em relação às regras de trânsito, parece ser um

caminho eficaz e permanente para a solução de tão grave problema.

O controle de velocidade é previsto no CTB, velocidades mais baixas nas áreas de

risco, como por exemplo, as escolas, devido ao acesso de crianças e velocidades diferenciadas

na via expressa e rodovias, onde o trânsito de veículos pode fluir sem a circulação de

pedestre, que circulam sobre passarelas ou faixas destinadas para esse fim.

A atenção deve ser maior quando em velocidade.

Segundo ROZESTRATEN (1988, p. 124), “quanto mais rápido, menos se

percebe, e, na realidade, seria necessário perceber mais, pois se está sujeito a modificações de

estrada e de situações que se apresentem mais rapidamente”.

A falta de conhecimento, ou o esquecimento das leis da Física, faz com que

ocorram erros na avaliação de tempos, distâncias e velocidades, e como conseqüência, um

número bastante grande de acidentes. Em geral, o condutor avalia mal a velocidade do veículo

que vai ultrapassar e a do veículo que vem em sua direção. Quando percebe um obstáculo, a

reação não é instantânea, decorre um espaço de tempo. Desde o momento em que um objeto é

percebido e até que seja reconhecido pelo cérebro, decorre um espaço de tempo, de ¾ a um

segundo para que o condutor tome alguma iniciativa que pareça adequado para o momento.

44

A fadiga e/ou a ingestão de álcool e drogas, alongam o tempo de reação do

condutor. O tempo de reação de um segundo de uma pessoa sóbria, pode aumentar para um

segundo e meio ou mais, quando ela está alcoolizada.

45

6 Aspectos Metodológicos e Análise dos Resultados

O trânsito em Fortaleza tem crescido a cada dia, as vias e ruas mais

movimentadas, maiores engarrafamentos devido maior fluxo de veículos, conseqüentemente

mais acidentes e muitos deles de natureza gravíssima. O cruzamento das avenidas Jose Bastos

com Padre Cícero é um exemplo, sendo uma das vias principais de acesso ao centro da cidade

observa-se a disputa pelo espaço entre veículos em alta velocidade, mudando de faixa sem

sinalizar e de maneira incorreta, motos passando no meio dos carros na pressa de ultrapassá-

los e pedestres arriscando sua própria vida tentando ultrapassar sem observar a faixa de

pedestre destinada para sua passagem.

Mediante esses fatos, essa pesquisa irá analisar os 10 (dez) cruzamentos no

período de 2003 a 2007, que obtiveram o maior índice de UPS de acidente em Fortaleza, os

quais demonstraram uma redução no índice de acidentes após colocação de REV´s,

demonstrando a eficiência na diminuição de acidentes de maior severidade, principalmente os

de acidentes com vitimas fatais. Para isso, utilizar-se-á das seguintes informações, UPS e

REV, a primeira é a variável dependente que corresponde ao índice de acidentes por

cruzamento, enquanto Rev-inst é uma variável dicotômica (dummy) que assume valor igual 0

(zero) caso o cruzamento não tenha instalado o REV e 1 (um) após a instalação do REV.

Tabela 7 – Cruzamentos com instalação de REV´s conforme UPS de 2003 a 2007

LOCAL UPS 2003 2004 2005 2006 2007

Aguanambi x Domingos Olimpio 134 112 92 67 44

Antonio Sales x Desembargador Moreira 46 97 71 74 52

Domingos Olimpio x Imperador 121 84 138 81 12

Doutor Theberge x Francisco Sá 139 62 60 53 44

Doutor Theberge x Presidente Castelo Branco 72 116 65 122 51

General Osório de Paiva x Engenheiro Luis Vieira 110 95 91 95 70

Godofredo Maciel x Presidente Costa e Silva 105 140 92 58 49

Jose bastos x Padre Cícero 135 154 118 102 66

Santos Dumont x Senador Virgilio Távora 92 40 51 96 16

Senador Fernandes Távora x Lineu Machado 128 93 74 29 14 Fonte: Elaborado pela autora.

Por meio desta análise, espera-se que o efeito da instalação do REV seja positivo,

isto é, que reduza o número de acidentes nestas vias.

46

Os cruzamentos selecionados estão classificados como locais cujos índices de

acidentes de trânsito ocorre com maior gravidade e foram instalados equipamentos Redutores

de Velocidade.

Quando se verifica a UPS desse cruzamento observa-se um índice alto,

exatamente porque os acidentes ocorrem com mais freqüência e de natureza grave. Ao colocar

um controlador de velocidade, que gera multa para o infrator, há uma diminuição na

velocidade dos veículos, mais atenção por parte de motorista e motociclista e como a

velocidade é reduzida facilita a passagem dos pedestres, chegando a reduzir o índice UPS

(figura 8).

Figura 8 - Cruzamentos com instalação de REV´s e maior índice de UPS de 2003 a 2007. Fonte: Elaboração própria

6.1 Metodologia econométrica

Em conformidade com a disponibilidade dos dados, a estratégia econométrica

adotada para estimar os parâmetros segue o emprego de modelos em painel, com os dados da

UPS sobre os índices de acidentes com mortos, feridos e danos materiais, uma vez que

dispõem-se de 10 cruzamentos (cross-section, N=10) sobre acidentes de trânsito ocorridos em

Fortaleza e de cinco períodos de pontos no tempo (série temporal, T=5), 2003 a 2007, sendo

assim, o painel é composto por 50 observações (N*T).

UPS

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

SENADOR FERNANDES TAVORA x LINEU

MACHADO

SANTOS DUMONT x SENADOR VIRGILIO TAVORA

JOSE BASTOS x PADRE CICERO

GODOFREDO MACIEL x PRESIDENTE COSTA E

SILVA

GENERAL OSORIO DE PAIVA x ENGENHEIRO LUIS

VIEIRA

DOUTOR THEBERGE x PRESIDENTE CASTELO

BRANCO

DOUTOR THEBERGE x FRANCISCO SA

DOMINGOS OLIMPIO x IMPERADOR

ANTONIO SALES x DESEMBARGADOR MOREIRA

AGUANAMBI x DOMINGOS OLIMPIO

CR

UZ

AM

EN

TO

S

2003

2004

2005

2006

2007

47

Esse método de estimação possui algumas vantagens interessantes como maior

quantidade de informação, maior variabilidade dos dados, menor colinearidade entre as

variáveis, maior número de graus de liberdade, portanto, maior eficiência dos estimadores.

Wooldridge (2002) descreve o modelo econométrico com dados em painel da

seguinte maneira:

itiitit ucXY ++′= β Ni ,,2,1 K= Tt ,,2,1 K= (1)

onde i indica a dimensão no seccional, e t indica a dimensão no temporal. O interesse reside

em estimar os efeitos parciais de cada variável ix do vetor explicativo ( )KxxxX ,,, 21 K= em

relação à variável dependente Y . Todavia, a variável é uma variável latente (não

observada) que representa a heterogeneidade não observada no modelo, ou seja, esse termo

tenta captar as características não observáveis entre as observações no “cross-section”.

Além disso, uma suposição crucial nessa análise é que o efeito parcial de ic é

constante no tempo, todavia, podendo ser distinto entre as observações do “cross-section”. O

termo itu é o erro estocástico, onde se supõem que ( ) 0,| =iiit cXuE . Essa última suposição é

conhecida como a hipótese de exogeneidade estrita, ou seja, o erro aleatório é não

correlacionado com o vetor explicativo X e não possui qualquer relação de dependência com

a heterogeneidade não observada ic .

A partir da equação (1), o termo ic pode ser visto como uma variável aleatória, ou

como um parâmetro a ser estimado para cada observação i. Além disso, a variável latente ic é

responsável por captar a características não observáveis entre as concessionárias e que são

imutáveis ao longo do tempo. Vale ressaltar que a estimação com dados em painel abre

diversas possibilidades de tratar os efeitos da heterogeneidade não observada.

Wooldridge (2002) ainda apresenta de maneira detalhada os modelos de efeitos

fixos (EF) ou aleatórios (EA), e primeira diferença (PD), como formas de tratar tal problema

econométrico. 1 Nestes termos, a escolha de qual abordagem utilizar será definida pelo teste

de Hausman (1978), o qual tem como hipótese nula a não existência de correlação entre o

1 Vale ressaltar que o não controle desse problema tem como conseqüência a estimação de parâmetros inconsistentes.

48

termo do erro (componente idiossincrático) e as variáveis explicativas; ou seja, valida a

abordagem de efeitos aleatórios. Portanto, é um teste de especificação entre efeito aleatório e

efeito fixo. Mediante esta explanação sobre a metodologia econométrica, dedica-se a próxima

seção aos modelos estimados e discussão dos resultados.

6.2 Análises dos Resultados

Para realização desta análise considerou-se o número total de acidentes ocorrido

nos 10 cruzamentos com maiores índices de acidente em Fortaleza, independente se o

cruzamento possui faixa dupla ou de sentido único da via.

A Tabela 8 contempla o modelo de dados em painel estimado por Efeito Fixo e

Efeito Aleatório, para avaliar o efeito dos REV´s sobre mortes no trânsito em Fortaleza-

Ceará, bem como algumas medidas de especificação e ajuste do modelo como R2 within, as

estatísticas F e Wald, o número de grupos (10 cruzamentos) e de observações do painel (50,

cruzamentos x tempo).

Tabela 8 – Cruzamentos com instalação de REV´s e maior índice de UPS de 2003 a 2007 Variável dependente: UPS Modelos

EF EA Variáveis explicativas Coeficientes Erro-

padrão p-valor Coeficientes Erro-

padrão p-valor

Rev-inst (dummy) -52.9761 0.000 -53.2968 8.8892 0.000 intercepto 94.0947 4.1967 0.000 94.1653 5.4749 0.000

Testes de especificação Teste de hausman (p-valor) 0.04 0.8350

R2: within 0.4693 0.4693 Número de observações 50 50

Número de grupos 10 10 F(1,39) p-valor

34.48 (0.000)

* Wald chi2(1) p-valor

35.95 (0.000)

Fonte: Elaborada pela autora a partir das informações obtidas pelo software Stata 9.1.

O resultado do teste de Hausman sugere a não rejeição da hipótese nula (efeito

aleatório) ao nível de 5% de significância, deste modo, a análise será feita para o modelo EA.

E de acordo com teste de Wald, o modelo é estatisticamente significante, já o R2 within

afirma que aproximadamente 47% da redução dos acidentes nestes dez cruzamentos é

explicado pela instalação do REV.

O coeficiente da dummy Rev-inst apresenta sinal negativo e é estatisticamente

significativo, sugerindo que as implantações de redutores de velocidade tiveram impacto

49

esperado, reduzindo o número de acidentes de trânsito nos cruzamentos de maior índice de

acidentes em Fortaleza.

De uma maneira geral, pode-se dizer que a implantação de redutores de

velocidade nas vias urbanas de Fortaleza é um bom instrumento no combate aos acidentes de

veículos automotores e, ainda, este efeito possui externalidades positivas ao evitar a perda de

vidas humanas.

Como a UPS é composta por acidentes com veículos automotores em que ocorreu

morte, acidente com vitima e danos materiais, e essas três categorias são ponderadas por 13, 5

e 1, respectivamente, pode-se inferir que com a implantação do REV nestes cruzamentos

seriam evitadas 4,08 mortes de toda redução de UPS fosse devido este quesito. Este número é

obtido através da divisão da redução de UPS pelo fator ponderador do quesito morte (13). Ou,

de forma análoga, calcula-se que em média teriam sido evitados 10,60 acidentes com vitima

ou 52,98 danos materiais, em média (Tabela 9).

Tabela 9 – Simulação da instalação de REV´s com redução do índice de UPS, por tipo acidente Mortes Feridos Danos materiais

4,08 10,60 53,3 Fonte: Elaborada pela autora a partir dos resultados do modelo estimado.

Simulando a instalação dos REVs para os anos de 2003 a 2005 para analisar em

quanto poderia ser reduzido a UPS para os dez cruzamentos, percebe-se que poderia ter sido

evitado 100% dos acidentes para os anos de 2004 e 2005 no cruzamento entre as avenidas

Santos Dumont com Senador Virgilio Távora, assim como entre Antonio Sales e

Desembargador Moreira para 2003. A menor redução, por outro lado, ocorreria entre as

avenidas Doutor Theberge e Francisco Sá, 12%; todavia, é redução bastante expressiva

conforme se verifica na tabela 10.

De uma maneira geral, pode inferir que a instalação de REVs pela cidade de

Fortaleza seria benéfica para a sociedade fortalezense, uma vez que este instrumento serve

como redução de UPS.

50

Tabela 10 – Simulação de redução da UPS com a instalação do REV.

UPS (sem REV – observado) UPS (com REV - simulado) Redução % Cruzamentos 2003 2004 2005 2003 2004 2005 2003 2004 2005

Aguanambi x Domingos Olimpio 134 112 92 81 59 39 61 52 42

Antonio Sales x Desembargador Moreira 46 97 71 -7 44 18 100 45 25

Domingos Olimpio x Imperador 121 84 138 68 31 85 56 37 62

Doutor Theberge x Francisco Sá 139 62 60 86 9 7 62 15 12

Doutor Theberge x Presidente Castelo Branco 72 116 65 19 63 12 26 54 19

General Osório de Paiva x Engenheiro Luis Vieira 110 95 91 57 42 38 52 44 42

Godofredo Maciel x Presidente Costa E Silva 105 140 92 52 87 39 50 62 42

Jose Bastos x Padre Cícero 135 154 118 82 101 65 61 66 55

Santos Dumont x Senador Virgilio Távora 92 40 51 39 -13 -2 42 100 100

Senador Fernandes Távora x Lineu Machado 128 93 74 75 40 21 58 43 28 Fonte: Elaborada pela autora a partir dos resultados do modelo estimado.

51

7 Considerações Finais

Nessa dissertação, nos propomos a analisar a eficácia dos Redutores de

Velocidade, na redução dos acidentes e fatalidades de trânsito nos cruzamentos da cidade de

Fortaleza. Analisou-se a implantação de Redutores Eletrônicos de Velocidade e os resultados

encontrados sugerem que há redução sobre acidentes e fatalidades de trânsito.

Não existe uma solução imediata e simples para se reduzir à agressão do trânsito a

nosso meio ambiente, seja ferindo e ceifando vidas, seja tornando nossos espaços públicos

desagradáveis, sob todos os aspectos, mas principalmente pelo ruído, poluição e terror que

cria na mente das pessoas. Nossas crianças estão sendo prejudicadas em seu desenvolvimento

saudável, e nossos idosos punidos por um encarceramento involuntário.

Os custos da infra-estrutura e sua manutenção, incluindo sinalização,

policiamento, obras e serviços de prevenção de acidentes, bem como as obras necessárias para

corrigir impactos ambientais negativos, devem ser verificados e ações de melhoria

implantadas, os níveis de ruído e de poluição causados pelos veículos devem ser controlados,

em troca de beneficio para a sociedade.

Constata-se que a fiscalização eletrônica se mostrou eficiente como instrumento

para coibir o excesso de velocidade, na redução de acidentes, no controle de passagem para

pedestre facilitando a travessia e para os motoristas infratores como imposição de obedecer à

sinalização da via.

Ações por parte dos envolvidos no sistema de trânsito de melhorias na sinalização

e aumento de visibilidade nos cruzamentos, aplicando uma fiscalização eficiente com maiores

investimentos em tecnologia, que possa coibir o excesso de velocidade e uso de álcool pelos

motoristas, com a finalidade de reduzir o número de vítimas de todos os tipos de acidente de

trânsito.

Os cruzamentos relacionados possuem equipamentos instalados para reduzir a

velocidade dos veículos, com o objetivo de educar motorista a obedeceram à sinalização da

via, como forma de minimizar os acidentes.

52

Para os pedestres o controle efetivo da fiscalização é muito importante,

incentivando-os e orientando-os a cruzar as vias de trânsito nas faixas e a respeitar a

sinalização, sendo fundamental, porém, que as ilhas e os canteiros centrais tenham largura

suficiente para protegê-los, com tempo suficiente para realizar a travessia e dar-lhes

tranqüilidade.

Observa-se o desempenho dos REV´s na redução de acidentes quando se faz a

análise através de dados dos boletins de ocorrência e estudo econométrico que permite

concluir que os REV´s são eficazes para reduzir acidentes de trânsito, conseqüentemente

reduzindo custos por pessoa acidentada.

Segundo o CTB, parágrafo 2º diz que:

O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e

entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito

das respectivas competências, adotarem as medidas destinadas a assegurar esse

direito.

Portanto, proposta de melhoria para o trânsito precisa ser elaborada e aplicada nas

diversas áreas, com incentivo a pesquisa sobre o assunto, pois o importante para a segurança

no trânsito não é somente o estabelecimento formal de um limite máximo permitido, mas,

principalmente, a velocidade compatível com as condições da via, do local e do veículo,

intensificando a fiscalização, implantação de políticas públicas que contribuam para reduzir

os acidentes de trânsito.

Referência Bibliográfica

ABNT (1989) NBR 10697 - Pesquisa de Acidentes de Trânsito. – Terminologia. ANDRADE, J. M. F. Uma Análise Interdisciplinar da Barreira Eletrônica Ostensiva, 2001. BRANDÃO, L. M. Medidores Eletrônicos de Velocidade. Uma Visão da Engenharia para Implantação, Editora Perkons, Curitiba, 2006. CANNELL, A. E. R.; GOLD, P. A. Reduzindo Acidentes: o Papel da Fiscalização de Trânsito e do Treinamento de Motoristas. Washington: Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, 2001 CANNELL, A. E. R. Inovações na Fiscalização de Trânsito em Argentina, Brasil, Chile e Uruguai. World Wide Web, 09/2001, disponível em http://www.perkons.com.br. Acesso em 17/09/2008. DENATRAN. Anuário Estatístico de Acidentes de Trânsito. Ministério das Cidades. 2003 a 2007, disponível em: http://www.denatran.gov.br. Acesso em: 08 nov. 2008. IBGE. Banco de dados, disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 10 abr. 2009. FARIA, E. O.; FONTES, A. S. (2008) "Uma Contribuição ao Tratamento de Dados Disponíveis nos Órgãos Executivos de Trânsito para Avaliar a Fiscalização de Velocidade". Panorama nacional da pesquisa em transportes 2008: XXII ANPET: Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes, Fortaleza, CE, Brasil. pp. 1897-1904. Rio de Janeiro: Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes 09/2001, disponível em http://www.perkons.com.br. Acesso em: 01/12/2008. Gold, P. A. (1998) Segurança de Trânsito – Aplicações de Engenharia para Reduzir Acidentes, 1ªed., Banco Inter-americano de Desenvolvimento (BID), São Paulo, SP GOLD, P. A. Fiscalização Eletrônica de Velocidade. (World Wide Web, 01/2003, disponível em http://www.perkons.com.br/pop_estudos.php?id=15. acesso em: 26/09/2008. GUJARATI, D. N. Econometria Básica. 3 ed. São Paulo: Makron Books, 2000. IPEA, ANTP. Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras: relatório executivo, 2003. JORNAL O POVO. Crimes de Trânsito. Fortaleza, publicação de 03 jul 2008. KISSINGER, PETER.Traffic Safety Índice Cultura. AAA Foundation for Traffic Safety. Originalmente publicada em e-newsletter da AAA, Issue 18 de 22/05/2008.

54

MT - Ministério dos Transportes. Procedimentos para o Tratamento de Locais Críticos de Acidentes de Trânsito. Programa PARE, Brasil, 2002. NEGRINI NETO, O.; KLEINUBING, R. Dinâmica dos Acidentes de Trânsito: Análises, Reconstruções e Prevenção. 2 ed. Campinas -São Paulo: Millennium, 2006. PELTZMAN, S. The Effects of Automobile Safety Regulation. Journal of Political Economy v. 83, p.677-725, 1975. ROZESTRATEN, R. J. A Psicologia no Trânsito: Conceitos e Processos Básicos. São Paulo: E. P. U, SP, 1988. WOOLDRIDGE, J. M. Introductory econometrics a modern approach. Mason: Thomson/South-Western, 2002.