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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAEL DILL DE MELLO AVALIAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE A MEMÓRIA DE TRABALHO VERBAL E VISUOESPACIAL DE ADULTOS SAUDÁVEIS CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

RAEL DILL DE MELLO

AVALIAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE A MEMÓRIA DE TRABALHO VERBAL E VISUOESPACIAL DE ADULTOS

SAUDÁVEIS

CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

RAEL DILL DE MELLO

AVALIAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE A MEMÓRIA DE TRABALHO VERBAL E VISUOESPACIAL DE ADULTOS

SAUDÁVEIS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Psicologia, do Departamento de Psicologia, Setor de Ciências Humanas, da Universidade Federal do Paraná, como requisito para obtenção do título de Mestre em Psicologia. Linha de pesquisa: Avaliação e Reabilitação Neuropsicológica Orientador: Prof. Dr. Amer Cavalheiro Hamdan

CURITIBA 2016

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Catalogação na Publicação Cristiane Rodrigues da Silva – CRB 9/1746

Biblioteca de Ciências Humanas e Educação – UFPR

Mello, Rael Dill de

Avaliação das Relações entre a Memória de Trabalho Verbal e Visuoespacial de Adultos Saudáveis. / Rael Dill Mello. – Curitiba, 2016

61 f. Orientador: Prof° Dr° Amer Cavalheiro Hamdan.Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Setor de Ciências Humanas da

Universidade Federal do Paraná. 1. Saúde Mental. 2. Avaliação Neuropsicológica. 3. Memória – Trabalho.

I.Título.

CDD 152

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RESUMO

A Memória de Trabalho é a ação combinada entre atenção e memória

que regula o fluxo de informações sustentadas para a realização de uma

atividade, possibilitando reter e manipular informações por um curto

período de tempo. O Teste Dígitos, da Escala Wechesler de Inteligência

para Adultos, é indicado para avaliar a capacidade de memória de

trabalho verbal, enquanto que o Teste dos Cubos de Corsi (TCC) é tido

como avaliador da memória de trabalho visuoespacial. Esta pesquisa

teve como objetivo avaliar a relação entre estas duas estruturas

cognitivas em 107 adultos jovens saudáveis divididos em 2 grupos

etários. Além dos testes supracitados, foram utilizados um questionário

estruturado e a Escala Wechsler de Inteligência Abreviada. Os

resultados indicam que os testes de memória de trabalho verbal e

visuoespacial apresentam níveis de dificuldades diferentes na ordem

inversa, sendo o TCC mais fácil do que o Dígitos. Estes achados

corroboram pesquisa anteriores que questionam a analogia não verbal

do TCC ao Dígitos.

Palavras-chave: Avaliação Neuropsicológica; Memória de Trabalho;

Cubos de Corsi; Saúde Mental.

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ABSTRACT Working Memory is the combined action of attention and memory that

regulates the flow of sustained information to perform an activity, allowing

to retain and manipulate information for a short period of time. The Digit

Span, from the Wechesler Adult Intelligence Scale, is a test indicated to

evaluate verbal work memory capacity, while the Corsi Block Test (CBT)

is considered as a visual space memory assessor. This study aimed to

evaluate the relationship between these two cognitive structures in 107

healthy young adults divided into 2 age groups. In addition to the

aforementioned tests, a structured questionnaire and the Wechsler Scale

of Abbreviated Intelligence were used. The results indicate that verbal

and visuospatial work memory tests have different difficulty levels in the

reverse order, with CBT being easier than Digits. These findings

corroborate previous research that questions the nonverbal analogy of

CBT to Digit Span.

Keywords: Neuropsychological Assessment; Working Memory; Corsi

Blocks Tapping Task; Mental Health.

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LISTA DE SIGLAS

MT Memória de Trabalho

MTV Memória de Trabalho Verbal

MTVE Memória de Trabalho Visuoespacial

TCC Teste dos Cubos de Corsi

TSB Teste de Supressão de Blocos

WAIS III Wechsler Adult Intelligence Scale III

WASI Wechsler Abbreviated Scale of Intelligence

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................... 9

2. METODOLOGIA ........................................................................... 21

Objetivos .......................................................................................... 21

Delineamento ................................................................................... 21

Participantes .................................................................................... 22

Instrumentos .................................................................................... 23

Análise estatística ............................................................................ 27

Procedimentos ................................................................................. 27

3. RESULTADOS ............................................................................. 29

4. DISCUSSÃO ................................................................................ 36

5. CONCLUSÃO ............................................................................... 42

6. REFERÊNCIAS ............................................................................ 43

7. ANEXOS ....................................................................................... 60

Anexo 1 – Termo de consentimento Livre e Esclarecido ................. 61

Anexo 2 – Questionário Estruturado ................................................ 63

Anexo 3 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ...................... 64

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1. INTRODUÇÃO

A Memória de Trabalho (MT) é a ação combinada entre atenção e

memória que regula o fluxo de informações sustentadas para a

realização de uma atividade. Por meio dela, é possível reter e manipular

informações por um curto período de tempo (Baddeley, 1996). A máxima

quantidade de informação que uma pessoa pode conter em sua MT é

chamada de capacidade (ou span) de memória de trabalho (Olesen,

Westerberg, & Klingberg, 2004). A MT também é um processo

fundamentalmente ligado com as funções executivas (McCabe,

Roediger, McDaniel, Balota, & Hambrick, 2010), associadas a atividade

do córtex pré-frontal, além de atuar na regulação das respostas

emocionais (Trezise & Reeve, 2014).

A MT é um sistema ativo composto por elementos distintos. O

modelo foi inicialmente proposto com apenas três elementos (Baddeley

& Hitch, 1974). Posteriormente, o modelo passou por reformulações, um

quarto elemento foi adicionado – buffer episódico – culminando em uma

teoria aceita tanto na psicologia, como na neurociência cognitiva

(Baddeley, 2000). Dentro desta proposta, a MT é formada pelo sistema

executivo central e os subsistemas: alça fonológica, esboço

visuoespacial e buffer episódico (Figura 1).

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Figura 1 – Representação do modelo multicomponente da memória de

trabalho (Baddeley,2000)

O executivo central está ligado ao controle da atenção. A atuação

deste sistema permite atividades como a evocação de informações da

memória de longo prazo, seleção de estratégias para resolver problemas

complexos, desconsiderar informações e estímulos distratores a fim de

manter a atenção em uma tarefa mais importante (atenção seletiva) e a

coordenação de atividades cognitivas simultâneas (flexibilidade mental).

Os três subsistemas têm características e funcionalidades

próprias. A alça fonológica, diretamente associada a Memória de

Trabalho Verbal (MTV) permite o armazenamento por meio da

codificação da informação verbal. Seu funcionamento ocorre por meio

da reverberação subvocal, onde a informação linguística fica

armazenada e depois direcionada para a programação da fala

(Baddeley, 2007).

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O esboço visuoespacial, subsistema relacionado a Memória de

Trabalho Visuoespacial (MTVE), integra componentes cinestésicos,

visuais, espaciais e responsáveis pela decodificação de imagens. Ele

permite que o armazenamento de informações a curto prazo, além de

produzir e manipular as imagens mentais. Já o buffer episódico integra

as informações armazenadas pela memória de trabalho com a de longo

prazo, numa construção coerente. Esta atividade permite gerenciar

estruturas de informações complexas (Baddeley, 2003).

A MTVE é a habilidade de armazenar e manipular a informação

visual para realizar uma tarefa ou cumprir um objetivo, considerada como

um componente cognitivo fundamental para a inteligência humana

(McAfoose & Baune, 2009). A capacidade da MTVE também é limitada,

devido aos recursos cognitivos que esta habilidade requer. Além disso,

a sua dependência da atenção faz com que ela fique vulnerável a

interferências durante o armazenamento e a manipulação da informação

(Baddeley, 2001; Rowe, Hasher, & Turcotte, 2010).

Inúmeras estruturas corticais estão diretamente relacionadas com

a MTVE, mais especificamente nos campos frontais dos olhos (região

responsável pelo refinamento dos movimentos oculares), o córtex

dorsolateral pré-frontal e o córtex parietal posterior (Curtis, 2006).

Também se observa a relação de funções e estruturas mais específicas.

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Na compreensão do processamento visuoespacial, o reconhecimento do

objeto está associado com o fluxo ventral do lobo temporal e suas

terminações no córtex ventrolateral préfrontal. Enquanto que a

localização espacial é mais dependente da porção dorsal, consistindo no

córtex parietal posterior e sua projeção no córtex dorsolateral préfrontal

(Ungerleider, Courtney, & Haxby, 1998). Estudos com pacientes tem

demonstrado que lesões nas regiões parietal e dorsolateral do

hemisfério direito (van Asselen et al., 2006) apresentam maior

comprometimento em atividades onde é necessário manter a informação

espacial sustentada para resolução de uma tarefa. Enquanto que lesões

em vias neurais dos fascículos arqueado, inferior frontooccipital e inferior

longitudinal, estão associados ao desempenho comprometido em tarefas

cognitivas semelhantes (Chechlacz, Rotshtein, & Humphreys, 2014).

Diversos tipos de atividades e testes são utilizados para investigar

a MT. Dentre elas, o Teste Dígitos, da Escala Wechsler de Inteligência

para Adultos/WAIS-III (Nascimento, 2004) - para o domínio verbal -, e o

Teste dos Cubos de Corsi/TCC (Corsi, 1972), para o domínio

visuoespacial, são vastamente utilizados na literatura.

O TCC foi inicialmente concebido como o análogo não verbal do

paradigma de recordação de dígitos proposto por Hebb (Berch,

Krikorian, & Huha, 1998), posto que descobria-se, na época, a dupla

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dissociação entre os processos de sequenciamento auditórios e

atividades espaciais de blocos em lesões unilaterais nos hemisférios

esquerdo e direito (Corsi, 1972).

Figura 1 – Imagem representando a visão do aplicador do Teste

dos Cubos de Corsi, extraído da tese original de Philip M. Corsi (1972)

O teste consiste na disposição pseudorandômica de nove cubos

em um painel (Figura 1), que são numerados apenas na face que é

direcionada ao aplicador. O experimentador toca os blocos em uma

determinada sequência, aproximadamente 1 segundo por bloco. Em

seguida, o participante deve repetir a sequência feita pelo examinado,

completando a ordem de aplicação direta. Na aplicação de ordem

inversa, o participante deve tocar os blocos na sequência inversa

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daquela tocada pelo examinador. Em ambas aplicações, o número de

blocos das sequências aumenta, a fim de se observar a capacidade de

memória de trabalho do examinado, e a atividade é finalizada após 2

erros na mesma sequência de cubos.

O instrumento tem sido vastamente utilizado para mensurar a

memória de trabalho visuoespacial (Higo, Minamoto, Ikeda, & Osaka,

2014; Kessels et al., 2008). O TCC tem sido usado em diversas

populações saudáveis de crianças (Lehmann, Quaiser-Pohl, & Jansen,

2014; Santos, Mello, Bueno, & Dellatolas, 2005), adolescentes (Miguel

Garcia-Moreno, Exposito, Sanhueza, & Teresa Angulo, 2008), adultos

(Del Gatto, Brunetti, & Delogu, 2015) (Meneghetti, De Beni, Pazzaglia, &

Gyselinck, 2011) e idosos (Capitani, Laiacona, & Ciceri, 1991; De Nigris

et al., 2013).

Além dos grupos saudáveis, pesquisadores também investigaram

a MTV em população com diversas etiologias, tais como transtorno

obsessivo-compulsivo (Lambrecq et al., 2014), pacientes epiléticos

(Doucet, Osipowicz, Sharan, Sperling, & Tracy, 2013), crianças com

discalculia (Rotzer et al., 2009), síndrome de Down (Frenkel & Bourdin,

2009) e dificuldade de aprendizagem (Mammarella & Cornoldi, 2005),

deficiência intelectual (van Duijvenbode, Didden, Korzilius, Trentelman,

& Engels, 2013), pacientes com acidente vascular cerebral (Malhotra et

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al., 2005) e idosos portadores da Doença de Alzheimer (Guariglia, 2007)

e Doença de Parkinson (Isella et al., 2013).

Dentro do vasto universo de produção a respeito do instrumento,

verifica-se inconsistência dos achados quanto a diferença entre os

gêneros. Em uma pesquisa (Leon, Cimadevilla, & Tascon, 2014) com

100 crianças divididas igualmente entre meninos e meninas, de idades

entre 4 e 10 anos, não vou verificada diferença significativa entre os

gêneros, mas sim entre os grupos etários, enquanto outros achados

(Lehmann et al., 2014) acusam melhor desempenho das meninas entre

3 e 6 anos. Na população adulta, uma pesquisa de normatização com a

população italiana indicou apenas uma correlação no score de produto

do Corsi ordem inversa, com melhor desempenho dos homens (Monaco,

Costa, Caltagirone, & Carlesimo, 2013). Este efeito de gênero, com

melhor desempenho dos homens no TCC ordem invertida, também foi

observado numa população clínica geriátrica com DA (Millet et al., 2009).

Embora outros achados (Nori et al., 2015; Laura Piccardi et al., 2008)

não apresentem diferenças significativas entre os gêneros.

No Brasil, as pesquisas dos últimos 15 anos focaram suas

investigações em crianças e idosos. Buscando compreender a interação

entre as modalidades visual e cinetésicas em crianças, investigou 80

indivíduos saudáveis foram avaliados em funções relacionadas à

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coordenação motora, memória visuoespacial, cinestésica e verbal

(Galera & Souza, 2010). Junto com outros dois instrumentos de

avaliação de memória visual, pesquisadores buscaram encontrar dados

normativos para o TCC em crianças de 7 a 10 anos de idade, de zonas

rurais e urbanas dos estados de São Paulo e Minas Gerais (Santos et

al., 2005). Já com as populações de idosos, estudos buscaram investigar

a detecção precoce de disfunções de MTV em idosos com DA (Quental,

Brucki, & Bueno, 2009), as propriedades psicométricas de um protocolo

de avaliação de idosos com queixas cognitivas (Jonas Jardim de Paula

et al., 2010), memória de trabalho em 80 idosos com DA (Jonas Jardim

de Paula, Bertola, Nicolato, Moraes, & Malloy-Diniz, 2012), a associação

entre comprometimentos de funções executivas e memória em 118

idosos com DA ou comprometimento cognitivo leve (Jonas Jardim de

Paula & Malloy-Diniz, 2013), e a investigação sobre os

comprometimentos presentes em idosos com Neurofibromatose tipo 1

(Costa et al., 2014).

Apesar dos achados, o cenário nacional de pesquisa a respeito do

TCC, principalmente nos últimos 10 anos, apresenta inúmeras

defasagens, tais como o número exíguo de publicações, restrições de

populações investigadas (infantil e idosos), além da falta coesão e

padronização dos procedimentos de aplicação e pontuação e do próprio

aparado do teste. Cada uma das pesquisas apresentou diferenças com

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relação ao número e tamanho dos blocos, cores dos blocos e do

tabuleiro, procedimentos de aplicação e formas de pontuação do score.

Estas diferenças nos vários aspectos do teste são verificadas não só no

Brasil mas em pesquisas do mundo todo, estão presentes há décadas

(Berch et al., 1998), fatos estes que conjugam em uma das principais

críticas a respeito do teste (Vandierendonck, Kemps, Fastame, &

Szmalec, 2004).

Apesar das diferenças do aparato e formas de aplicação e

correção, cientistas têm criado adaptações a partir do modelo inicial

proposto pode Corsi (1971). Pesquisadores propuseram uma adaptação

do TCC, que consiste no Teste de Supressão de Blocos (TSB), que

demonstrou uma alta sensibilidade para diferenciar idosos com e sem

DA em estágio inicial (Toepper, Beblo, Thomas, & Driessen, 2008), por

exigir uma carga maior de controlo inibitório durante a atividade de MTV.

O TSB consiste um tabuleiro e blocos semelhantes ao TCC, embora com

um sistema eletrônico que acende os blocos em determinada sequência.

O examinando deve, então tocar apenas os blocos de dois em dois,

suprimindo os blocos ímpares da sequência (Beblo, Macek, Brinkers,

Hartje, & Klaver, 2004). Outra adaptação foi a criação de um TCC em

larga escala, o Walking Corsi Test (WalCT) (Laura Piccardi et al., 2008).

Nele, o tabuleiro é representado por uma sala de 5m x 6m com 9 cubos

(30 cm x 30 cm) dispostos segundo as proporções do tabuleiro original.

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O WalCT foi demonstrou diferenças no desempenho entre homens e

mulheres adultos, foi também utilizada em crianças (Laura Piccardi,

Leonzi, D’Amico, Marano, & Guariglia, 2014) e pacientes com lesões

cerebrais (L. Piccardi, Iaria, Bianchini, Zompanti, & Guariglia, 2011).

Outra variação, mais frequente na literatura, é a utilização do

aparato virtual. Muitas pesquisas utilizaram a versão em computadores

(Cornoldi & Mammarella, 2008; Georgiadou, Gruner-Labitzke, Kohler, de

Zwaan, & Muller, 2014; Guevara, Sanz-Martin, Hernández-González, &

Sandoval-Carrillo, 2014), computadores com touch screen (Burke,

Poyser, & Schiessl, 2014), e dispositivos móveis (Brunetti, Del Gatto, &

Delogu, 2014).

Apesar da literatura demonstrar a aplicação da tarefa em diversos

contextos, ainda faltam estudos que explorem as correlações da

aplicação de ordem inversa com o funcionamento da memória de

trabalho e outros instrumentos que a avaliem. Inúmeras pesquisas feitas

acabaram por apresentar análise dos dados de desempenho

relacionados com a idade (Claessen, van der Ham, & van Zandvoort,

2014; Crawford, Dickson, & Baños, 2000; Furley & Memmert, 2010; Higo

et al., 2014). Pesquisas que focalizaram na aplicação de ordem inversa

da tarefa consideraram o processamento espacial e sequencial,

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utilizando um método de dupla tarefa e analisando a partir dos erros

cometidos na posição e ordem (Claessen et al., 2014; Higo et al., 2014).

Inúmeras pesquisas foram feitas a fim de padronizar os

procedimentos e oferecer normativas da tarefa de blocos. Estudos

também foram feitos a fim de observar a aplicação em formato

computadorizado (Cornoldi & Mammarella, 2008; Georgiadou et al.,

2014; Guevara et al., 2014), por meio de computador e aparato de touch

screen (Burke et al., 2014) e por meio de dispositivo móvel (Brunetti, Del

Gatto, & Delogu, 2014).

A fim de esclarecer esta lacuna da literatura nacional quanto a

população e discutir formatos adequados para avaliação dos aspectos

cognitivos para a população brasileira, esta pesquisa tem o objetivo de

investigar a associação desempenho de adultos saudáveis no teste

Dígitos (ordem direta e inversa) e no TCC (ordem direta e inversa). Além

disto, o estudo também procura analisar a influência da idade no

desempenho dos testes e levantar dados normativos para esta

população.

Este trabalho justifica-se pela necessidade de estudos que

explorem a relação dos componentes executivos trabalhados nos testes

de ordem inversa, além na necessidade de produzir dados e normativas

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para a avaliação neuropsicológica desta população brasileira ainda

carente de dados (Hamdan, Pereira, & Riechi, 2011).

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2. METODOLOGIA

Objetivos

Esta pesquisa teve como objetivos: a) analisar a associação entre

o desempenho de adultos no TCC (ordem direta e inversa) com o Dígitos

(ordem direta e inversa) da Escala Wechsler de Inteligência para Adultos

(WAIS-III); b) investigar a relação destes testes de memória com a idade,

QI, escolaridade e gênero; c) gerar dados normativos para a população

adulta saudável.

Delineamento

Esta é uma pesquisa comparativa de caráter exploratório. Os

estudos exploratórios tem o objetivo de desenvolver hipóteses e

conhecer mais profundamente o fenômeno observado (Lakatos &

Marconi, 2003). Pesquisas comparativas visam ressaltar diferenças e

similaridades entre grupos, fenômenos ou fatos (Gil, 2008). As variáveis

oriundas da coleta de dados serão quantitativas.

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Participantes

A amostra foi composta de participantes com idades acima de 18,

alfabetizados e falantes de português. Ela foi selecionada por

conveniência, por meio da distribuição de cartazes e convites em

instituições de ensino e saúde. A coleta de dados aconteceu no Centro

de Atendimento em Psicologia (CPA) da Universidade Federal do

Paraná (UFPR) e era feita após a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido pelo participante (Anexo 1), e

aconteceu entre Agosto de 2015 e Julho de 2016.

Os critérios de exclusão da pesquisa consistiam em

comprometimentos significativos de ordem motora, sensorial ou

cognitiva que impedissem o voluntário de realizar os testes ou

apresentar algum quadro clínico (diagnóstico atual ou nos últimos 6

meses de alguma doença ou transtorno grave, histórico ou internamento

por lesão crânio-encefálica, acidente vascular cerebral, exposição a

toxinas ou transtornos psiquiátricos), que era levantado na entrevista,

realizada antes do início da avaliação.

Inicialmente, 122 participantes foram avaliados. Destes, 12

enquadraram-se critérios de exclusão devido a quadro clínico e não

foram incluídos na pesquisa. Outros 3 participantes, com idades acima

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de 49 anos, também não foram considerados, posto que os grupos

etários das faixas de idade não tiveram o número suficiente de

participantes.

Ao final, participaram da pesquisa 107 adultos saudáveis (43%

homens). A amostra total apresentou um alto nível de escolaridade, com

média de 16,28 anos (Tabela 1). Em sua totalidade, a amostra estava

cursando ou já havia cursado pelo menos uma graduação ou curso

técnico superior.

A amostra foi dividida em 2 grupos etários: Grupo 1 (18 a 29 anos,

n=65) e Grupo 2 (30 – 49 anos, n=42). O Grupo 2 abarcou uma faixa de

idade maior (20 anos) do que a do outro grupo, pois esta divisão permitiu

que os grupos ficassem pareados nas variáveis demográficas. De

maneira geral, todos os participantes trabalhavam e/ou estudavam em

Curitiba/PR. A Tabela 1 apresenta as características demográficas da

amostra.

Instrumentos

A avaliação consistiu na aplicação dos testes na seguinte ordem:

entrevista por meio do questionário estruturado, Dígitos, TCC, e os

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAEL DILL DE MELLO

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subtestes Vocabulário e Raciocínio Matricial do WASI. As avaliações

eram feitas em uma sessão, e levaram aproximadamente 30 minutos.

Questionário Estruturado: seu objetivo foi verificar a adequação

do participante aos critérios de inclusão e exclusão na pesquisa, além de

levantar a idade, gênero, anos de escolaridade e o desempenho nos

testes. O questionário também apresentava uma escala Lickert de 5

pontos referente a Autopercepçãp para que o participante classificasse

a qualidade da sua Saúde e Memória com a pergunta “Como você avalia

a sua Saúde/Memória?” (1 – Muito ruim; 2 – Ruim; 3 – Razoável; 4 –

Boa; 5 – Muito boa). Esta medida foi utilizada a fim de verificar uma

possível correlação entre a Autopercepção do participante a respeito

destas categorias e o seu desempenho nos testes de memória (Anexo

2).

Dígitos: o teste, extraído do WAIS-III, permite mensurar a

capacidade de MTV. A tarefa consiste na repetição oral de sequências

numéricas que o examinando deve repetir de maneira idêntica (ordem

direta) e, posteriormente, repetir a sequência de números de maneira

invertida (ordem inversa). O teste é interrompido após 2 erros

consecutivos na mesma sequência (Nascimento, 2004).

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Teste dos Cubos de Corsi: o TCC é um instrumento utilizado

para avaliar a memória de trabalho visuoespacial. O aparato utilizado

seguiu o modelo descrito em Kessels et al. (2000). Inicialmente, na

ordem direta, o pesquisador tocou nos cubos e o examinando repetia a

sequência logo em seguida (ordem dos cubos segundo Kessels et al,

2000). Na ordem inversa, o examinando deveria tocar nos cubos

invertendo a ordem feita pelo aplicador (ordem dos cubos segundo

Kessels, van den Berg, Ruis, & Brands, 2008). A ordem direta possuía 2

sequências de 2 até 9 cubos, e a ordem inversa, de 2 até 8 cubos. O

teste era encerrado quando a pessoa atingia a sequências máximas ou

no caso de 2 erros consecutivos na mesma sequência.

Para os testes Dígitos e TCC, ordem direta e inversa, foram

utilizadas três medidas: Escore de Span (comprimento da sequência

mais longa corretamente reproduzida), Escore de Corretas (número total

de sequências corretamente reproduzidas) e Escore de Produto (produto

entre o Escore de Span e Escore de Corretas). O uso do Escore de

Produto foi utilizado com o objetivo de reduzir os resultados dos testes

de memória e aumentar a amplitude de análise, método já utilizado em

pesquisas prévias (Claessen, van der Ham, & van Zandvoort, 2015;

Kessels et al., 2008; Jonas Jardim de Paula & Malloy-Diniz, 2013).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAEL DILL DE MELLO

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A fim de investigar de maneira mais detalhada o desempenho nos

testes, foram estabelecidos os índices de Memória de Trabalho: Verbal

(soma dos escores de produto do Dígitos), Visuoespacial (soma dos

escores de produto do TCC) e Total (soma dos escores de produtos de

ambos os testes).

Vocabulário: este subtestes do WASI é uma forma de avaliação

da linguagem e inteligência verbal. O participante é solicitado que defina

cada uma das palavras ditas pelo pesquisador. Cada definição deve

conter as características essenciais do termo. A atividade é suspensa

após 5 erros (respostas com pontuação igual a zero) consecutivos

(Nascimento, 2004).

Raciocínio Matricial: este instrumento avalia o raciocínio lógico e

habilidades não verbais. Nela, o pesquisador apresenta uma série de

figuras que possuem uma de suas partes faltando, e o examinando deve

completá-la, informando qual é a alternativa que apresenta a resposta

correta. A atividade é interrompida após cinco erros consecutivos

(Nascimento, 2004).

A aplicação destes 2 últimos testes (Vocabulário e Raciocínio

Matricial) foram utilizados para se extrair o Quociente de Inteligência

Total. Esta forma de aplicação reduzida em apenas 2 testes é

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27

recomendada quando o objetivo da avaliação é uma síntese geral do

funcionamento cognitivo do avaliado (Trentini, Yates, & Heck, 2013). O

QI também foi utilizado com o objetivo de pareamento entre os

participantes, afim de obter-se uma amostra mais homogênea.

Análise estatística

Inicialmente, foi realizada a análise descritiva das variáveis

demográficas e desempenho nos testes. A normalidade das distribuições

foi verificada por meio dos Testes de normalidade Shapiro-Wilks e

Kolgomorov-Smirnov. Para verificar as diferenças entre os grupos

etários, foi utilizado o Teste t de Student. E o teste de Correlação de

Pearson foi utilizado a fim de estudar as correções entre os dados. O

nível de significação para rejeição da hipótese nula foi de 95% (a=0,05).

Todos os dados foram incialmente armazenados em tabelas do

software Microsoft Excel 365. Após, os dados foram analisados por meio

do software R (R Development Core Team, 2011), utilizando o frontend

RStudio e os pacotes g.data, stats, normtest.

Procedimentos

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28

A divulgação da pesquisa e coleta de dados iniciou logo após a

sua aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Setor da Saúde da

UFPR (CAAE 47537515.3.0000.0102). Antes de cada avaliação, os

participantes assinavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A avaliação foi feita individualmente, no Centro de Psicologia

Aplicada (CPA) da Universidade Federal do Paraná, ou no consultório

particular do pesquisador.

Após a avaliação, foi oferecido um feedback explicativo dos

resultados, esclarecendo dúvidas e orientando o participante, caso

necessário.

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29

3. RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta as informações demográficas da amostra.

Considerando a amostra total, homens e mulheres não apresentaram

diferenças estatisticamente significativas em nenhuma das variáveis

analisadas.

Quanto as variáveis demográficas, os gêneros não se

diferenciaram quanto a idade (t(105)=-0,04; p=0,96) nem QI (t(105)=0,36;

p=0,71). E quanto aos escores de produto dos testes de memória, a

diferença também não foi significativa no Dígitos ordem direta

(t(105)=1,06; p=0,28), ordem inversa (t(105)=0,93; p=0,35), TCC ordem

direta (t(105)=0,45; p=0,64) e ordem inversa (t(105)=0,98; p=0,32).

Por outro lado, quando comparamos o desempenho dos grupos

de idade encontramos diferenças relevantes. Nos aspectos

demográficos, além da idade e escolaridade, a Autopercepção sobre a

saúde de si mesmo apresentou diferença entre os grupos (t(105)=-2,24;

p=0,02), onde o Grupo 2 apresentou uma média menor do que o grupo

de pessoas mais novas.

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30

Tabela 1 - Variáveis demográficas da amostra (n=107)

18 até 29 (Grupo 1)

30 até 49 (Grupo

2)

Gênero (masc:fem) 27 (41%)

: 38

(59%)

15

(35%)

: 27

(65%)

M DP M DP p

Idade (anos) 24,38 3,33 34,83 5,62 <0,001

Escolaridade (anos) 15,85 2,38 16,95 1,77 0,01109

QI Total 121,26 9,42 118,52 9,97 0,15426

Autopercepção

Saúde 4,12 0,60 3,83 0,73 0,02724

Memória 3,37 0,93 3,38 0,96 0,94997

Nota: M: média; DP: desvio padrão.

A Tabela 2 apresenta o desempenho dos grupos etários nos testes

de memória de trabalho. Por meio do Teste t de Student foram

observadas diferenças significativas entre os grupos no escore de

Memória de Trabalho Total (t(105)=-0,06; p=<0,001) e Memória de

Trabalho Verbal (t(105)=2,47; p=0,01).

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31

Apesar da diferença na Memória de Trabalho Verbal, apenas a

ordem direta do Dígitos apresentou diferenças estatísticas significativas

(t(105)=3,18; p= 0,001; número de sequências corretas: t(105)=2,76; p=

0,006; escore de produto: t(105)=3,15; p= 0,002.

A Tabela 3 apresenta a frequência da distribuição do desempenho

dos escores de produto na ordem direta comparada com a ordem inversa

dos testes de memória. Ela foi desenvolvida de acordo com os mesmos

procedimentos de pesquisa prévia (Kessels et al., 2008) e tem como

objetivo apresentar a se os participantes tiveram melhor ou pior

desempenho nas ordens de aplicação. A amostra apresentou uma

dificuldade levemente maior no TCC ordem inversa, enquanto que 90%

dos participantes obtiveram melhor desempenho no Dígitos em ordem

direta.

As correlações apresentadas na Tabela 4 indicam que a idade

apresentou correlação negativa com o índice de Memória de Trabalho

Total (r=-0,31; p=<0,001), e com todos os demais escores dos testes de

memória, enquanto que a escolaridade apresentou correlações com o

QI (r=0,32; p=<0,001) e Memória de Trabalho Verbal (r=0,38; p=<0,001).

Por outro lado, os desempenhos nos testes de memória

apresentaram correlações demasiadamente baixas. A maior correlação

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32

observada entre os testes foi do Escore de Corretas do TCC ordem

inversa e Escore de Span do Dígitos ordem direta (r=0,25; p=<0,001).

Correlações muito baixas entre os testes podem indicar a baixa

associação entre eles, principalmente quando os escores de produto –

escore que permite um maior espectro de análise – variou de r=-0,01

(p=<0,001), entre o TCC e Dígitos na ordem direta, e r=0,13 (p=<0,001),

na ordem inversa.

O índice de Memória de Trabalho Visuoespacial (que é a soma

dos escores de produto do TCC) apresentou correlação baixa com o

índice de Memória de Trabalho Verbal (r=0,25; p=<0,001). Quer dizer,

em todas as pontuações analisadas, os testes apresentaram baixa

correlação entre si.

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Tabela 2 - Desempenho da amostra no Teste de Dígitos e Teste de Cubos de Corsi

(n=107)

18 até 29 (Grupo

1)

30 até 49 (Grupo

2)

n = 65 (60%) n = 42 (40%)

M DP M DP p

Memória

Memória Trabalho Total 196,14 55,10 166,29 49,64 0,00537

Memória Trabalho Verbal 95,75 42,91 76,83 32,19 0,01511

Memória Trabalho

Visuoespacial 100,38 32,35 91,36 30,76

0,15380

Dígito

s

Direta - Span (2 - 9) 6,34 1,29 5,60 0,99 0,00196

Direta - # Corretas (0 - 16) 9,54 2,46 8,33 1,75 0,00686

Direta - Produto (0 - 144) 63,40 28,16 48,02 17,92 0,00214

Inversa - Span (2 - 8) 4,68 1,44 4,40 1,25 0,08590

Inversa - # Corretas (0 - 14) 6,29 2,20 5,93 2,33 0,41632

Inversa - Produto (0 - 112) 32,35 20,18 28,81 17,93 0,16456

Corsi

Direta - Span (2 - 9) 5,71 1,11 5,50 0,99 0,32858

Direta - # Corretas (0 - 16) 8,25 1,71 8,26 1,56 0,96179

Direta - Produto (0 - 144) 48,62 18,92 46,86 15,67 0,61730

Inversa - Span (2 - 8) 5,80 1,11 5,40 1,23 0,08734

Inversa - # Corretas (0 - 14) 8,62 1,85 7,79 2,27 0,04093

Inversa - Produto (0 - 112) 51,77 19,31 44,50 20,48 0,06618

Nota: M: média; DP: desvio padrão.

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Tabela 3 - Frequência da distribuição do desempenho na ordem direta

comparada com a ordem inversa do TCC e Dígitos

Direta x Inversa TCC Dígitos

Direta melhor que inversa 42% 90%

Inversa melhor que direta 48% 6%

Direta igual a inversa 10% 4%

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36

4. DISCUSSÃO

Este estudo investigou a associação e o desempenho no TCC e

no TD entre diferentes grupos etários. O TCC é um instrumento que tem

sido pouco pesquisado no Brasil. Após revisão de literatura prévia,

observou-se que, possivelmente, este é o primeiro estudo nacional que

investigou a relação entre estas variáveis em população brasileira

saudável.

Os resultados mostram que as ordens direta e inversa dos testes

diferem na dificuldade, posto que o desempenho dos participantes foram

significativamente diferente, corroborando outros estudos que

investigaram a relação entre estes dois testes (Kessels et al., 2008). A

partir disto, pode-se inferir que o TCC, em ambas as ordens de

aplicação, compartilha de processos cognitivos semelhantes, enquanto

que o Dígitos engloba processos diversos na ordem direta e inversa.

Além dos escores, os participantes respondiam, quando indagados

sobre o nível de dificuldade dos testes, que o Dígitos era mais difícil, do

que o TCC. Justificavam alegando que “vendo fica mais fácil de decorar”

e que “é mais difícil se lembrar dos números do que visualizar os cubos”.

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37

Podemos compreender estes resultados considerando o modelo

de memória de trabalho multicomponente (Baddeley, 2000). Este modelo

considera subsistemas específicos para cada modalidade de

informação: o esboço visuoespacial e a alça fonológica.

Simultaneamente, estes subsistemas estão sob a coordenação

atencional do executivo central. Esta estrutura, em si, não armazena

nenhuma informação, mas sim permite que os demais sistemas

mantenham e processem as informações necessárias. Considerando

que a memória de trabalho, verbal e visuoespacial, possuem

capacidades limitadas (Turcotte, Gagnon, & Poirier, 2005) e que o

desempenho nas tarefas está associado a dificuldade (Cornoldi &

Mammarella, 2008; Rowe, Turcotte, & Hasher, 2008), a grande diferença

entre o desempenho nas ordens dos testes sugere também diferença

entre os processos cognitivos em questão. Em outras palavra, o TCC

não seja o análogo não verbal de avaliação de memória de trabalho, tal

qual é considerado o teste Dígitos (Mammarella & Cornoldi, 2005). Mais

especificamente, ambos os testes atuam em seus respectivos

subsistemas, embora o Dígitos na ordem inversa pode requerer maior

carga do executivo central do que o TCC.

Apesar deste achado, outras pesquisas encontraram correlações

altas entre estes dois testes (Orsini, 1994; Saggino, Balsamo, Grieco,

Cerbone, & Raviele, 2004). Diferentes formas de aplicação e aparato são

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38

questões a serem discutidas a respeito destas diferenças,

principalmente sobre a forma de pontuação. Geralmente, os estudos que

investigam os dois testes utilizam apenas o Escore de Span (escore da

sequência com mais estímulos acertados pelo participante). Quando

consideramos apenas esta maneira de pontuação, podemos ter um

espectro de análise dos testes reduzidos. Tendo em vista que o Escore

de Produto surgiu em pesquisas mais recentes, é possível afirmar que,

futuramente, novas pesquisas sejam desenvolvidas aumentando mais a

compreensão sobre a associação entre estes dois testes.

Não há consenso entre os pesquisadores em relação ao que

efetivamente o TCC avalia. Para alguns, ele avalia a memória de

trabalho visuoespacial de curto prazo (Georgiadou et al., 2014; Mauro et

al., 2007). Para outros, ele avalia a memória visuoespacial (D’Agati,

Cerminara, Casarelli, Pitzianti, & Curatolo, 2012) ou a memória espacial

de curto prazo (Castelli et al., 2006). E ainda, para outros, o TCC

mensura a capacidade de memória de trabalho espacial (van Asselen et

al., 2006) e o esboço visuoespacial (Alesi et al., 2014). Pode se observar,

a necessita de uma maior explicitação conceitual sobre o mecanismo

cognitivo subjacente ao desempenho no TCC.

A presente pesquisa verificou que homens e mulheres não

apresentam diferenças estatísticas significativa em nenhuma das

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39

variáveis testadas. A amostra foi pareada em relação as características

demográficas, tais como idade, escolaridade e QI. A ausência de

diferença entre os gêneros no TCC é corroborada por estudos prévios

(Kessels, van Zandvoort, Postma, Kappelle, & de Haan, 2000; Monaco

et al., 2013; L. Piccardi et al., 2014) e também em estudos sobre a

atividade de orientação espacial (Coluccia & Louse, 2004).

De maneira geral, o grupo de maior idade demonstrou uma

autopercepção de sua saúde significativamente menor (média de 3,83

pontos) do que a média do grupo mais jovem (média de 4,12 pontos).

Esta diferença sugere que os indivíduos de mais idade tendem a

considerar a qualidade de sua saúde inferior aos mais jovens. Esta

investigação foi análoga a pergunta utilizada em pesquisa prévia (Borim,

Barros, & Neri, 2012). Embora estes resultados (Belém, Melo, Pedraza,

& Menezes, 2016; Borim et al., 2012; Porto, Arruda, Altimari, & Cardoso

Júnior, 2016) apontem para a correlação entre a autopercepção da

saúde e a qualidade real da saúde dos indivíduos, a presente pesquisa

não verificou correlação desta variável com outras, tais como QI, índice

Memória de Trabalho Total e testes empregados.

As correlações negativas entre idade e desempenho nos escores

dos testes de memória foram semelhantes aos encontrados em uma

pesquisa (Burke et al., 2014; Millet et al., 2009; Rowe et al., 2008). Este

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40

resultado pode ser compreendido considerando o declínio cognitivo

decorrente do desenvolvimento humano nas etapas mais maduras. E

esta diferença pôde ser observada mesmo em uma amostra jovem,

saudável e com escolaridade relativamente alta.

A correlação positiva entre escolaridade e desempenho nas

atividades de MTV já era esperada, posto que este mecanismo cognitivo

esta diretamente ligada a inteligência e bagagem intelectual associada

ao grau de instrução.

Esta pesquisa apresentou algumas limitações. O tamanho da

amostra reduzido diminui o poder de generalização dos resultados.

Aumentado o número de participantes de ambos os grupos, ou mesmo

com a composição de um terceiro grupo etário mais velho, são

recomendações que podem contribuir para a generalização dos

resultados encontrados. O emprego de outros instrumentos para

avaliação da memória de trabalho visuoespacial também é

recomendável para a complementação das análises realizadas.

Apesar das discrepâncias procedimentais quanto ao uso do TCC

em estudos internacionais, esta pesquisa seguiu o mesmo padrão de

aplicação e aparato do teste utilizados nas pesquisas realizadas no

Brasil nos últimos anos (Ávila et al., 2015; Costa et al., 2014; de Paula et

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41

al., 2012; de Paula & Malloy-Diniz, 2013; de Paula, Malloy-Diniz, &

Romano-Silva, 2016). A padronização dos procedimentos permite maior

coesão e generalização dos achados entre as diversas regiões no Brasil.

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42

5. CONCLUSÃO

Esta pesquisa analisou as relações entre a memória de trabalho

verbal e visuoespacial por meio dos Teste Dígitos (TD) e Teste Cubos

de Corsi (TCC). Os resultados sugerem que a ordem inversa dos dois

instrumentos apresenta diferente grau de dificuldade, indicando que

requerem processos cognitivos distintos. Estes achados são

corroborados também pela baixa correlação entre os testes.

Este resultado evidencia a limitação da analogia entre o TD e o

TCC, como instrumentos de mensuração da memória de trabalho.

Contudo, novas pesquisas devem ser realizadas a fim de corroborar

estes achados. É necessário investigar o desempenho de pessoas em

diversas condições, de desenvolvimento ou condições clínicas, e

verificar a equivalência do TCC e TD em mensurar os mesmos

mecanismos cognitivos.

Considerando que a memória de trabalho é um bom preditor da

saúde mental, é importante investigar instrumentos para avaliação

cognitiva que sejam não verbais, a fim de aumentar a eficiência das

avaliações neuropsicológicas.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAEL DILL DE MELLO

43

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7. ANEXOS

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Anexo 1 – Termo de consentimento Livre e Esclarecido

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Termo de consentimento Livre e Esclarecido

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Anexo 2 – Questionário Estruturado

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Anexo 3 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa