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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO NO SETOR DE RECURSOS HUMANOS DO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO POR CÁRIN CECÍLIA DA ROSA CARVALHO PROF. ORIENTADOR HENRIQUE FREITAS PORTO ALEGRE, 07 DE DEZEMBRO DE 1999

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO NOSETOR DE RECURSOS HUMANOS DO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO

POR

CÁRIN CECÍLIA DA ROSA CARVALHO

PROF. ORIENTADOR HENRIQUE FREITAS

PORTO ALEGRE, 07 DE DEZEMBRO DE 1999

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO 1

2. TEMA E JUSTIFICATIVA 2

3. OBJETIVOS 5 3.1. Objetivo Geral 5 3.2. Objetivos Específicos 5

4. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 6 4.1 Administração de Recursos Humanos 6 4.2 A responsabilidade de linha e de staff da ARH 9 4.3 Os subsistemas da ARH 10 4.4 Políticas de Recursos Humanos 11 4.5 Os objetivos da ARH 12

5. SISTEMA DE INFORMAÇÃO 16 5.1 O que são sistemas 16 5.2 Informação 17 5.3 Sistemas de Informação 17 5.4 Sistemas de Informação de Recursos Humanos 20 5.5 Os cuidados no momento da implantação do Sistema de Informação 22 5.6 Resistência 32

6. METODOLOGIA 39

7. HOSPITAL MOINHOS DE VENTO 40 7.1 Dados Cadastrais da Empresa 40 7.2 Histórico 41 7.3 Situação Atual 42 7.3.1 Negócio do Hospital Moinhos de Vento 43 7.3.2 Porte 43 7.3.3 Histórico da Qualidade 44 7.3.4 Sistema de Liderança 46 7.3.5 Trabalho Social 49 7.4 Gestão de Pessoas no Hospital Moinhos de Vento 50 7.4.1Educação, Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas 54 7.4.2 Bem-estar e satisfação das pessoas 56 7.4.3 Situação Problemática 57

8. ANÁLISE DOS RESULTADOS 59

8.1Conhecendo o Sistema 59 8.2 Perfil dos Colaboradores 62 8.3 Funcionamento da Gerência de Recursos Humanos antes da adoção do sistema 63 8.4 O modo de implantação do sistema 63 8.5 Análise do sistema frente às atividades diárias dos colaboradores da

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Gerência de Recursos Humanos 64 8.6 Opinião dos colaboradores sobre o sistema 69 8.7 Mudanças percebidas pelos colaboradores 71

9. CONCLUSÃO 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 79

ANEXOS 83 A - Organograma do Hospital Moinhos de Vento B - Organograma da UGB Assistência Educacional C - Organograma da UGB Administração de Pessoal D - Gráficos de Recursos Humanos E - Sistema de Recursos Humanos F - Questionário

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LISTA DE QUADROS

1. Técnicas de Administração de Recursos Humanos 7

2. Técnicas de Administração de Recursos Humanos X decisões 8

3. Subsistemas da Administração de Recursos Humanos 10

4. Comparação de vocabulários entre autores 11

5. Ações necessárias para implantação de um Sistema de Informação 27

6. Níveis de envolvimento no desenvolvimento de sistemas 33

7. Explicações para resistência 34

8. Sintomas detectados na mudança 35

9. Ações para sintomas detectados na mudança 36

10. A questão da qualidade no Hospital Moinhos de Vento 45

11. Grupos de cargos do Hospital Moinhos de Vento 52

12. Remuneração por tempo de serviço 53

13. Objetivo dos treinamentos no Hospital Moinhos de Vento 55

14. Sistema de Informação de Recursos Humanos da Gerência de Recursos Humanos doHospital Moinhos de Vento 61

15. Funções x Setores da Gerência de Recursos Humanos 62

16. Levantamento de necessidades 64

17. Apresentação do Sistema 65

18. Apresentação ideal 65

19. Sexo x Apresentação do sistema 67

20. Escolaridade x Apresentação do sistema 67

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21. Setor x Apresentação do sistema 68

22. Função x Apresentação do sistema 68

23. O sistema em relação às atividades diárias dos colaboradores 69

24. Sexo x Atividades diárias 70

25. Setor x Atividades diárias 70

26. Função x Atividades diárias 71

27. Uso do sistema 72

28. Opinião dos colaboradores sobre o sistema 73

29. O jogo das palavras 75

30. Sexo x Sistema 76

31. Setor x Sistema 76

32. Função x Sistema 77

LISTA DE FIGURAS

1. Modelo de Sistema Aberto 16

2. Sistema de Informação de Recursos Humanos 21

3. Modelo de motivação 26

4. Os diferentes objetivos dos Sistemas de Informação 30

5. Modelo de mudança 32

6. Constituição da Gerência de Recursos Humanos do Hospital Moinhos de Vento 50

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1. APRESENTAÇÃO

Esta pesquisa foi desenvolvida no Hospital Moinhos de Vento (HMV), e

estudou o posicionamento dos colaboradores da Gerência de Recursos Humanos

acerca da adoção de um Sistema de Informação (SI). O HMV não se divide por

departamentos, portanto é oportuno ressaltar que, em virtude da terminologia

adotada pela organização, este trabalho chamará de Gerência de Recursos

Humanos a área destinada à administração de pessoas do Hospital.

Para viabilizar o estudo foram realizadas visitas periódicas à organização.

Nestas visitas, a Gerente da UGB (Unidade de Gerência Básica) foi quem

disponibilizou as informações necessárias em entrevistas realizadas. Durante este

mesmo período, foram levantados os referenciais bibliográficos que dariam

suporte à argumentação das análises.

A primeira parte deste projeto apresenta sua temática e justificativa. Em seguida,

são

apresentados os objetivos do estudo. Os dois capítulos posteriores referem-se ao

levantamento bibliográfico sobre o tema, seguido pela metodologia adotada no estudo. A

contextualização do HMV, bem como da sua Gerência de Recursos Humanos, encontram-

se relacionados em item específico. Para finalizar, são apresentados os resultados obtidos

na pesquisa, a conclusão e os anexos.

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2. TEMA E JUSTIFICATIVA

Atualmente as empresas cada vez mais têm investido em novas

tecnologias, de forma que trabalhos rotineiros sejam automatizados ou, pelo

menos, agilizados. Com a competitividade e velocidade com que as mudanças

ocorrem hoje, é preciso estar sempre à frente dos concorrentes para não se

perder a fatia de mercado já conquistada e ainda conquistar para si uma parte

maior pertencente a esses concorrentes. É, portanto, imprescindível não se perder

tempo com tarefas de pouca importância e que não agregam valor ao produto ou

serviço oferecido pela empresa.

A lei que impera hoje nas organizações é a de que quem possui a informação

comanda. A informação é hoje um precioso recurso.

É sabido que gerentes têm que tomar decisões a todo instante, o que não constitui

uma tarefa fácil. Para suprir os gerentes de empresas com informações que lhes sejam

essenciais no processo, têm surgido sistemas computadorizados que auxiliam no processo

de tomada de decisão. Essa ferramenta tem sido adotada por grande parte das organizações.

Adotar um sistema de informação numa organização não é muito simples. Não há

como falar em adoção de uma nova tecnologia sem entrar no mérito da mudança

organizacional que isso provoca. Toda organização tem sua cultura, que pode ser tanto

conservadora como inovadora, ou seja, estar ou não mais predisposta a se adaptar a

mudanças.

Quando se fala em mudanças, lembramos que toda mudança vem acompanhada de

resistências. O ser humano é, por natureza, resistente a mudanças.

Como foi dito acima, implantar um sistema de informação não é tão simples como

parece. Principalmente quando, ao se tomar a decisão de implantá-lo, esquece-se do

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principal fator do processo: as pessoas, que nesse caso são quem irão de fato, fazer a

adoção acontecer. Se não se considerar as pessoas no processo de adoção, as possibilidades

de que o empreendimento falhe são grandes.

Uma nova tecnologia vai sempre trazer consigo sentimentos de insegurança em

função de que pessoas sejam demitidas pelo fato da máquina substituí-las em suas

atividades e a própria tensão que é gerada por ter que aprender a lidar com a novidade. Há

pessoas que não se sentem à vontade diante do computador, ficando tensas e irritadas

quando algo não sai a contento. Também por se sentirem pressionadas por saberem que a

gerência deposita expectativas em relação à produtividade e desenvolvimento das funções.

O trabalho aqui exposto se preocupou em identificar qual a perspectiva e opinião

dos funcionários de uma determinada organização onde estivesse ocorrendo a adoção de

um sistema de informação e comprovar se existe algum tipo de resistência. Para isso, é

necessário que se verifique também como ocorreu o processo de adoção, uma vez que é

nesse estágio que se negligenciam os detalhes que, no final, fazem a diferença entre o

sucesso e a falência do processo.

Desde outubro de 1996, vem ocorrendo um processo de adoção de um SI na

Gerência de Recursos Humanos do HMV. O objetivo desta adoção é melhorar o

desempenho das atividades dos colaboradores da Gerência, além de proporcionar ao gestor

um sistema que seja um instrumento mais ágil e fidedigno às suas atividades de tomada de

decisão.

Conforme foi mencionado anteriormente, a finalidade de um SI é auxiliar no

momento da tomada de decisão, alavancando uma gama de informações relevantes. O

sistema que vem sendo adotado na Gerência de Recursos Humanos do HMV abrange

atividades que vão desde o recrutamento até o desligamento do colaborador da organização.

No entanto, este sistema não tem sido explorado na sua potencialidade, e o resultado disso é

que os objetivos não têm sido atingidos da maneira esperada.

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A relevância deste projeto, portanto, está em procurar possibilitar que se venha a

conhecer as causas que impedem a plena utilização da nova ferramenta de trabalho – a

tecnologia da informação – nos moldes de um SI, investigando o posicionamento dos

colaboradores em relação a ele.

O projeto mostrou-se oportuno para a Gerência de Recursos Humanos, uma vez que

a coordenação percebe a importância do recurso "informação" como diferencial

competitivo. O sistema em adoção tem capacidade de suprir toda a organização de

informações relativas aos seus funcionários. Portanto, torna-se fundamental para que se

atinja esse estágio, que o sistema seja dominado pelos colaboradores de forma confiável e

com competência.

Tendo em vista que o projeto era de interesse da Gerência de Recursos Humanos do

HMV, o acesso às informações foi facilitado, havendo também abertura para entrevistas

junto aos colaboradores, o que viabilizou o estudo em sua totalidade.

- Questão de Pesquisa

Tendo por base o exposto no tópico acima, podemos agora definir a questão de

pesquisa deste estudo:

Como a adoção de um sistema de informações pode influenciar no desempenho das

atividades dos funcionários de um setor?

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3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar de que forma a adoção de um Sistema de Informação (SI) afeta o

desempenho das atividades dos colaboradores da Unidade de Gerência Básica de Recursos

Humanos do Complexo Hospitalar Moinhos de Vento, visando prover uma melhor

utilização desta ferramenta em prol das atividades desenvolvidas pelos mesmos.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Descrever o funcionamento da Gerência de Recursos Humanos antes da adoção do

Sistema de Informação - o RH Universal;

2. Descrever o modo de adoção do Sistema de Informação na Gerência de Recursos

Humanos;

3. Analisar o Sistema de Informação em relação às atividades dos colaboradores da

Gerência de Recursos Humanos;

4. Levantar a opinião dos colaboradores da Gerência de Recursos Humanos em relação ao

Sistema de Informação;

5. Propor sugestões para que a mudança provocada pela adoção do Sistema de Informação

na Gerência de Recursos Humanos ocorra com maiores possibilidades de sucesso.

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4. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS (ARH)

Nos parágrafos seguintes serão expostos alguns tópicos referentes à administração

de recursos humanos. As atividades desenvolvidas por esta parte da organização, bem como

suas metas serão identificados. O objetivo deste capítulo é justificar a relevância da

administração de recursos humanos nas organizações.

4.1. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

Com o advento da Escola de Relações Humanas, a prática de recursos humanos tem

se modificado. De uma visão centralizadora, preocupada em cuidar do lado burocrático

existente em toda organização que tem pessoas trabalhando, passa a se preocupar em

manter bons funcionários, com habilidades e competências para aumentar a produtividade e

constituir o diferencial competitivo da mesma. Antes o objetivo era somente policiar os

funcionários, puní-los quando algo não saía a contento, demitir ou contratar ou fazer com

que se cumprisse a legislação. Atualmente se pensa em recompensas, participação,

treinamento para suprir a necessidade da organização e dos funcionários, propiciando desta

forma o desenvolvimento destes.

Gil (1994), define a ARH como sendo a parte da Ciência da Administração que

envolve ações que visam integrar o trabalhador no contexto da organização e aumentar sua

produtividade. É a área que trata de recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento,

manutenção, controle e avaliação de pessoal.

As organizações hoje têm consciência que os objetivos empresariais são atingidos

através das pessoas. Por isso, a preocupação da administração com as pessoas deve ser

estratégica, ou seja, recrutar, selecionar, treinar e orientar os funcionários sempre de forma

clara, coerente e proativa.

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A melhor forma das organizações lutarem contra a concorrência é ter em seu quadro

funcional pessoas motivadas e comprometidas com os objetivos da mesma. Isso se ao fato

de que informações transparentes envolvem mais o pessoal com os objetivos, aplicando

suas habilidades e conhecimentos. Quando isso ocorre, são os funcionários que acabam

tomando decisões que conduzem ao resultado pretendido pela organização.

É a partir disso que podemos expor a missão da Administração de Recursos

Humanos. Orlickas (1998, p 19), diz que "a gestão de recursos humanos tem como missão

identificar competências, potencializar seus talentos humanos e retroalimentá-los". Quando

um indivíduo ingressa na organização, leva consigo a expectativa de superar a satisfação

das suas necessidades, e a organização por sua vez, espera que aquele funcionário contribua

tanto que supere os custos despendidos para mantê-lo.

Os assuntos tratados pela ARH, segundo Chiavenato (1998), referem-se tanto a

aspectos internos como externos à organização. Para cada um destes aspectos, existe uma

técnica de ARH utilizada, sendo que umas incidem diretamente sobre as pessoas e outras

indiretamente. Algumas destas técnicas visam a obtenção e o fornecimento de dados,

enquanto que outras são decisões tomadas sobre dados. Esse processo pode ser melhor

visualizado através da figura abaixo:

Aplicadasdiretamente

sobre as pessoas

• Recrutamento• Entrevista• Seleção• Integração• Avaliação do desempenho• Treinamento• Desenvolvimento de pessoas

Cargos ocupados• Análise e descrição de cargos• Avaliação e classificação de cargos

• Higiene e Segurança

TÉCNICAS DE

ADMINISTRAÇÃO DE

RECURSOS HUMANOS

Aplicadasindiretamente

sobre as pessoasatravés de:

Planos genéricos• Planejamento de recursos humanos• Banco de dados• Plano de benefícios sociais• Plano de carreiras

• Administração de saláriosQuadro1: Técnicas de ARH. Fonte: Adaptação Chiavenato, 1998, p. 144.

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No quadro 1, podemos observar as técnicas de ARH que incidem sobre as pessoas,

seja de forma direta ou indireta. Já no quadro 2, apresentado a seguir, especificam-se quais

as técnicas que fornecem dados e quais as decisões que são tomadas em cima destes dados.

Técnicas de ARH que fornecem dados Decisões baseadas em dados1. Análise e descrição de cargos

Recrutamento e seleçãoEntrevista

1. Admissão de pessoal

2. Estudo de tempos e movimentos 2. Estabelecimento de padrões de produção3. Avaliação do desempenho

Banco de DadosEntrevista de desligamentoRegistros de rotação de pessoalRegistros de queixas e reclamações

3. Promoções, transferências, readmissões edesligamentos

4. Avaliação de cargosAnálise do mercado de salários

4. Determinação de salários

5. Treinamento de supervisores 5. SupervisãoQuadro 2: Técnicas de ARH x Decisões baseadas em dados. Fonte: Adaptação Chiavenato, p. 145.

Uma outra característica da ARH é seu caráter contingencial. Isto significa que

depende da situação organizacional: do ambiente, da tecnologia, das políticas e diretrizes,

da filosofia administrativa, da concepção organizacional acerca do homem e de sua

natureza, mais ainda, da qualidade e da quantidade dos recursos humanos. Mudando estes

elementos, muda a forma de administrar.

Pois bem, a ARH não possui regras rígidas, imutáveis. A forma bem sucedida de

administrar os recursos humanos em uma organização pode não ser eficiente em outra. Este

ponto, das organizações serem diferentes entre si, em conjunto com o fato de que as

pessoas também possuem diferenças individuais, faz ressaltar ainda mais o caráter

contingencial da ARH.

A ARH não é um fim em si mesma, mas um meio de alcançar a eficácia e a

eficiência dos objetivos organizacionais por meio das pessoas, ao mesmo tempo que estas

têm possibilidade de alcançar os seus próprios objetivos.

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4.2 A RESPONSABILIDADE DE LINHA E A FUNÇÃO DE STAFF DA ARH

Cada gerente de unidade, setor ou departamento é responsável pela administração

do seu pessoal. Quem decide admitir, demitir, promover, transferir, bem como quem faz a

avaliação de desempenho são os gerentes. Da mesma forma que cabe ao gerente orientar,

repassar decisões da alta gerência, informar seus colaboradores. Enfim, a ARH é uma

responsabilidade de linha por ser uma responsabilidade de cada chefe.

No entanto, para que a chefia ou gerentes possam exercer essa autoridade de linha

perante seus funcionários, é necessário a presença de um orgão de staff, que lhes

proporcione as devidas orientações, normas e procedimentos para administrar seu pessoal.

Além do que, esse órgão de staff deve prestar serviços como recrutamento, seleção,

treinamento, entre outros. E ainda, deve suprir as gerências com informações, propostas e

recomendações de modo que aqueles tenham condições de tomar decisões adequadas.

Então, a ARH é uma responsabilidade de linha, pois cada gerente administra o seu

pessoal, e é um órgão de staff no momento em que assessora os gerentes na condição de sua

administrador de pessoal.

Ora, sendo assim, porque existem conflitos entre o pessoal de linha e o órgão de

staff? A resposta para esta questão seria porque os gerentes tendem a considerar o pessoal

da ARH como intrusos, e não como parceiros no processo.

Daí a dependência do sucesso da ARH: deve ser considerada pelos chefes de linha

como fonte de ajuda, que deve ser por eles procurada, nunca imposta. O administrador de

RH não transmite ordens aos gerentes, tampouco aos empregados, exceto dentro de seu

prórpio departamento. Enfim, o alcance de determinados objetivos depende do gerente de

cada unidade e não ao administrador de RH.

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4.3 OS SUBSISTEMAS DA ARH

Podemos visualizar a ARH como sendo um subsistema que faz parte de um sistema

maior, que no caso é a organização. Mas a ARH também pode ser vista como um sistema

que é constituído de vários subsistemas. E essa é a característica da visão sistêmica das

empresas, ou seja, são sistemas dentro de sistemas todos interagindo e interligados. A cada

um destes subsistemas cabe uma função dentro da função maior que é a ARH.

São vários os impactos provocados pela ARH na organização e nas pessoas que

nela trabalham. Depende da ARH a maneira como as pessoas serão recrutadas,

selecionadas, treinadas, avaliadas, integradas, enfim, do modo como cada pessoa assumirá

o comportamento que a organização espera dela para que sejam plenamente atingidos os

objetivos organizacionais. A maneira como as pessoas são geridas dentro da organização é

crucial para a competitividade organizacional.

O quadro abaixo resume os subsistemas da ARH, que são cinco: suprimento,

aplicação, manutenção, capacitação e desenvolvimento e avaliação e controle, melhor

especificados na tabela que segue.

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SUBSISTEMAS ATIVIDADESSuprimento Identificação das necessidades de pessoal

Pesquisa de mercado de recursos humanosRecrutamentoSeleção

Aplicação Análise e descrição dos cargosPlanejamento e alocação interna de pessoalPlano de carreiras

Manutenção Administração de saláriosBenefíciosHigiene e segurança do trabalho

Capacitação edesenvolvimento

TreinamentoDesenvolvimento de pessoalDesenvolvimento organizacional

Avaliação e controle Avaliação e desempenhoBanco de dadosSistemas de informaçãoAuditoria de recursos humanos

Tabela 3: Subsistemas de ARH. Fonte: Gil, 1994, p. 19.

Esse sistema, nem sempre se apresenta na ordem exposta acima, pois como já foi

mencionado anteriormente, a ARH é um processo dinâmico e contingencial, que se

comporta conforme a situação.

Vários autores já trataram sobre o sistema de ARH, mudam os vocabulários, mas a

essência é a mesma. Gil (1994), faz uma reunião das várias visões de autores nacionais em

um quadro comparativo:

Aquino (1979) Lobos (1979) Chiavenato (1989) Toledo (1989)ProcuraDesenvolvimentoManutençãoPesquisa

PlanejamentoExecuçãoControleCorreção

SuprimentoAplicaçãoManutençãoDesenvolvimentoControle

AtraçãoManutençãoMotivaçãoTreinamento edesenvolvimento

Tabela 4: Comparação de vocabulários utilizados pelos autores. Fonte: Gil, 1994, p 18.

Portanto, a ARH juntamente com as demais áreas que compõem a organização,

formam o todo. Cada subsistema tem a responsabilidade de manter o todo em perfeito

funcionamento. Assim também, os subsistemas da ARH realizam uma tarefa fundamental

para seu funcionamento.

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4.4 POLÍTICAS DE RECURSOS HUMANOS

As políticas de recursos humanos (cargos e salários, treinamento, avaliação, etc.)

devem ser flexíveis o bastante para se ajustarem aos objetivos organizacionais sempre que

necessário. Dependem e se modificam em função das "reações do mercado, mudanças na

legislação (novas conquistas, por exemplo) e da situação do país" (Carvalho e Nascimento,

1997, p. 9). A implantação de uma política de recursos humanos em uma organização tem o

propósito de estabelecer programas e incentivos para manutenção dos empregados de forma

a reduzir a rotatividade destes, minimizando os custos com pessoal; flexibilizar o

recrutamento, seleção, treinamento e avaliação do funcionário; adequar a administração de

cargos e salários à dinâmica do mercado de trabalho.

As políticas constituem também uma orientação para impedir que os empregados

desempenhem funções indesejáveis que ponham em risco o sucesso de funções específicas.

Servem para prover respostas às questões ou problemas que podem ocorrer com certa

frequência, assim os empregados não terão que recorrer aos seus subordinados para

esclarecimentos desnecessariamente.

As organizações são diferentes entre si, por isso as políticas de Recursos Humanos

são desenvolvidas conforme suas necessidades e filosofia. Tendo definidas as políticas de

Recursos Humanos, podemos estabelecer os procedimentos, que funcionam como cursos de

ação para orientar o desempenho.

4.5 OS OBJETIVOS DA ARH

Cabe à ARH planejar, organizar, desenvolver, coordenar e controlar as técnicas que

conduzem ao desempenho eficiente do pessoal, assim como a organização representa o

meio que prove todos os recursos necessários para que as pessoas cumpram esse

desempenho, buscando satisfazer também seus desejos e necessidades. Por isso, está em

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jogo também, a qualidade de vida que a organização e seus participantes terão, bem como

quais as características das pessoas que a organização pretende cultivar.

Analisando o parágrafo acima, podemos descrever quais seriam então os objetivos

da ARH para atender os objetivos da organização e os objetivos das pessoas. Vale ressaltar

que os objetivos da ARH derivam dos objetivos da organização inteira. Logo,

considerando-se os objetivos individuais dos colaboradores da organização em conjunto

com os objetivos gerais da organização, os objetivos da ARH são:

1. Suprir as necessidades da organização, selecionando funcionários responsáveis,

conscientes, motivados, dando um treinamento prévio, através de procedimentos

adequados para este fim.

2. Manter condições favoráveis para o desenvolvimento, aplicação e satisfação das

pessoas.

3. Assistir os funcionários na consecução de suas metas pessoais.

4. Alcançar a eficiência e eficácia através das pessoas.

De uma forma mais específica e simples, podemos visualizar os objetivos da

ARH como sendo três metas a serem atingidas: atrair as pessoas para a organização, mantê-

las na mesma, e motivar as pessoas para que obtenham um desempenho ótimo e se

desenvolvam (Lobos, 1979).

Tendo em vista os objetivos e principais atividades da ARH expostos no tópico

acima, podemos pensar na interação desta no momento da implantação de um sistema de

informações. Como veremos a seguir, os recursos humanos são fator crucial no momento

da adoção desta ferramenta.

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5. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Para que possamos compreender a essência deste estudo, precisamos verificar o que

são sistemas de informação e qual o nível de complexidade de sua implantação.

5.1 O QUE SÃO SISTEMAS

As organizações estruturadas de forma departamentalizada adotam a filosofia de que

a divisão de tarefas complexas em partes menores vem facilitar o entendimento e a forma

de lidar com estas. Esse é o segredo para o sucesso, segundo empresas que assim se

estruturam. A cada parte da divisão, seja de tarefas, ou de empresas, chama-se de

subsistema, enquanto que ao todo dá-se o nome de SISTEMA.

Um sistema é aberto quando existe uma troca com o ambiente, isto é, quando se

retira e se devolve algo ao ambiente (como por exemplo: informações e materiais), havendo

como consequência, uma mudança nos componentes. Quando não existe essa troca, quando

nenhum material entra ou deixa o sistema, diz-se que ele é fechado.

Pode-se representar um sistema aberto da seguinte forma:

Figura 1: Modelo de Sistema Aberto. Fonte: Chiavenato, 1998, p. 31.

No quadro acima, pode-se perceber que os componentes - entradas, processamento,

saídas, retroação e ambiente - constituem o sistema aberto, uma vez que há interação com o

ambiente.

PROCESSAMENTOAMBIENTE ENTRADAS SAÍDAS AMBIENTE

RETROAÇÃO

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SISTEMA é um conjunto de partes interrelacionadas que existe para atingir um

determinado objetivo, sendo que cada parte do sistema pode ser considerada como um

subsistema ou unidade. Esta, por sua vez, pode ser definida como uma parte estável do

sistema que pode, a priori, ser retirada do sistema e inserida no ambiente sobrevivendo

independentemente como se um sistema fosse. Do mesmo modo que todo sistema é uma

parte integrante de um sistema maior — o macrossistema ou supra-sistema. Desta forma,

pode-se definir SISTEMAS como um conjunto de partes coordenadas que concorrem para a

realização de um conjunto de objetivos.

5.2 INFORMAÇÃO

A necessidade de informações aumenta conforme a complexidade da sociedade e

das organizações (Freitas et al, 1997). A informação é o resultado do tratamento dos dados.

Um dado sozinho não transmite nenhuma mensagem, no entanto quando processado, pode

prover informações relevantes para a tomada de decisão. Podemos dizer então, que o dado é

a matéria-prima da informação, do qual esta provém. Uma organização pode ser rica em

dados, porém se ela não souber extrair deles aquilo que realmente interessa, de nada adianta

tê-lo. A informação impulsiona uma ação, enquanto que dados são apenas um aglomerado

de caracteres que não provocam nenhuma reação (Murdick & Munson, apud Freitas, 1997).

Cada subsistema da organização age como gerador, coletor e processador de dados.

Somente aqueles dados relevantes são transformados em informação.

5.3 Sistema de Informação (SI)

Tratam-se de sistemas que usam a tecnologia da informação para transformar dados em

informação. A tecnologia de informação (TI) vem a ser o conjunto de dispositivos

individuais como hardware, software, telecomunicações ou qualquer outra tecnologia que

faça parte ou gere informação, ou ainda, que a contenha. A informação auxilia as

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organizações a sobreviver e prosperar num ambiente de mercado instável e competitivo,

por isso precisam ter como suporte uma adequada tecnologia de informação. Esta se

caracteriza como uma vantagem competitiva, tanto no que se refere ao custo, quanto no que

se refere à diferenciação do produto ou serviço.

A informação é um dos recursos que a empresa dispõe para que sejam alcançados

seus objetivos. Com isso muitos gastos são realizados com a construção de sistemas de

informação, que constituem um meio para aumentar a competitividade da empresa. É a

única vantagem competitiva sustentável. Os SI são sistemas artificiais criados pelo homem,

e funcionam como sistemas abertos (interagem com o meio ambiente e se adaptam a suas

mudanças).

O objetivo dos SI é agilizar, facilitar e otimizar o processo decisório. Uma definição

dada por Freitas et al. (1997, p.77) diz que sistemas de informação são "mecanismos cuja

função é coletar, guardar e distribuir informações para suportar as funções gerenciais e

operacionais das organizações". Mais genericamente, a função básica dos sistemas de

informação é o processamento de dados em informação.

Para se conceber e implantar um sistema de informação é necessário fazer antes um

levantamento das necessidades de informação da organização. Com isso, fica mais fácil de

se alcançar o objetivo dos SI que é fornecer suporte aos tomadores de decisão de forma que

o façam da melhor forma possível.

De acordo com Walton (1994), a estrutura de um SI pode ser assim estabelecida:

1. equipamento de informática,

2. programas,

3. base de dados (arquivos para consulta e gerenciadores),

4. procedimentos,

5. pessoal (usuário final - operadores, analistas, digitadores, dentre outros).

Dependendo das necessidades de informação da organização, são desenvolvidos

diferentes Sistemas de Informação. Freitas (1997) e Walton (1994) fazem algumas

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classificações dos tipos de SI existentes: Sistemas de Informações Transacionais (SIT),

Sistemas de Informações Gerenciais (SIG), Sistemas de Apoio à Decisão (SAD), Sistemas

Especialistas (SE), Sistemas de Apoio ao Executivo (SAE - EIS).

As empresas encontram-se estruturadas por funções, e a cada função corresponde

um subsistema de informação. Cada subsistema tem suas necessidades próprias de

informações, embora pertença ao sistema global. As bases de dados utilizadas são comuns a

todos os subsistemas, todos necessitam de informações que advenham das outras áreas. A

finalidade em se adotar um SI justifica-se pelo fato de que os tomadores de decisão teriam

sua tarefa mais simplificada, já que os SI funcionam como um alicerce no momento da

tomada de decisão, pois suprem de informações todas as áreas da empresa.

A importância das informações para as organizações parece ser inquestionável, ainda

que existam resistências em se aceitar essa idéia. As empresas são um conjunto de

subsistemas interrelacionados entre si e com o ambiente que as cerca, buscando um

objetivo comum. Para a eficácia desse relacionamento, é necessário que todas as áreas da

empresa tenham conhecimento sobre os acontecimentos no seu interior, bem como no

ambiente no qual interagem. O fluxo de comunicações é outro aspecto que deve ser

considerado ao se adotar um SI, uma vez que também é facilitado quando bem gerenciado.

Em outros termos, a qualidade do fluxo de comunicação das empresas pode alavancar o

seu sucesso e por isso deve ser gerenciado de perto, inclusive com a criação de uma função

administrativa transversal, que cuide da gestão integrada da informação.

Enfim, a informação é um recurso estratégico e deve ser tratado como tal pelas

empresas que estão dispostas a sobreviver. Tendo em vista que, a priori, todas as empresas

querem participar do mercado e fazem investimentos em tecnologias de informação para

isso, basta que se compreenda a abrangência que a implantação de um sistema de

informações deve ter para que a "mágica" possa acontecer.

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5.4 Sistemas de Informação de Recursos Humanos

Um dos desafios futuros à área de recursos humanos é prover a Administração da

organização de informações que sejam realmente relevantes. Normalmente, os gerentes de

outras áreas da organização queixam-se que a área de recursos disponibiliza apenas

informações generalistas, nada específico (Werther e Davis, 1983). A existência de um

sistema de informações que supra de informações os demais gerentes da organização pode

fazer com que os mesmos passem a considerar o fator humano em suas decisões. Por

exemplo, podem saber quando é o momento de um de seus funcionários fazer um

treinamento.

Dentro de tudo o que foi relatado nos tópicos acima, pode-se pensar em um

sistema de informações de recursos humanos, que auxilie na execução dos processos que

compõem a ARH. A formação de um sistema de informações de recursos humanos parte da

existência de um banco de dados.

O banco de dados é um sistema que armazena e acumula dados devidamente

codificados e disponíveis para o processamento e obtenção de informações. É na verdade,

um conjunto de arquivos ordenados de forma lógica, com o objetivo de facilitar o acesso

aos dados e eliminar a redundância. O banco de dados é relevante para a eficiência da

informação, pois estando os dados logicamente interligados permitem atualização e

processamentos integrados e simultâneos. O meio mais comum de interligar arquivos de

dados é utilizando-se um software, que se encarrega de criá-los, atualizá-los, recuperar

dados e gerar relatórios.

Chiavenato (1998) expõe em forma de desenho um sistema de informação de

recursos humanos. A figura a seguir mostra, de forma clara, os componentes envolvidos

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num sistema para auxiliar o gerente de recursos humanos no momento da tomada de

decisão:

Através da figura 2, podemos verificar que os inputs, ou seja, os dados que entram,

estão relacionados na primeira coluna, eles serão processados no banco de dados

correspondente ao seu e, posteriormente será emitido um relatório. Por exemplo, cada novo

funcionário contratado é registrado no boletim de inclusão, esse dado fará parte do banco

de dados de pessoal, que após ser processado, emitirá um relatório do número de

funcionários por seção ou por cargo. A contribuição potencial do sistema nesse caso é que

ficará fácil para o gerente identificar quantos funcionários têm em cada cargo ou seção e

qual é a necessidade de pessoal da organização.

Um dos requisitos para que um sistema de informações tenha sucesso é seu

planejamento. Deve-se levar em consideração quais as necessidades de informação de cada

área da organização.

• Boletins deexclusão, inclusão oualteração nocadastro.• Cartões ponto.• Vales emitidos.• Planos de conta.• Softwares.• Outros.

BANCO DEDADOS

Cadastros de:

• Pessoal,• Cargos,• Seções,• Acumulação de

dados.

• Relatórios legais.• Folha de pagamento.• Relatório de efetivo por

cargo e por seção.• Faltas, atrasos e

absenteísmo.• Rotatividade por cargo

e seção.• Situação de férias.• Outros relatórios.

INPUTS PROCESSAMENTO OUTPUTS

Figura 2: Sistema de Informação de RH. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 1998, p. 566.

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Acredita-se que após a teoria apresentada, tem-se insumos suficientes para a

realização do estudo proposto. Durante a exposição teórica, pode-se observar as sutilezas

no momento da implantação de um sistema de informação, e nesta última parte, as

implicações da administração de pessoal, ou seja, quais as necessidades de informação que

a ARH tem. Tendo isto como base, serão tomados todos os cuidados necessários no

momento da realização do estudo, observando se a teoria exposta condiz com a realidade

das organizações.

5.5 OS CUIDADOS NO MOMENTO DA IMPLANTAÇÃO DO SI

As pessoas vivenciam experiências diferentes durante sua vida, experiências estas

que influenciarão no seu comportamento mais tarde. Mesmo quando as pessoas vivenciam

experiências semelhantes, como frequentar o mesmo clube, estar inserido num mesmo

grupo de amigos, estudar na mesma escola, etc, as percepções sobre estas vivências são

distintas de pessoa para pessoa.

Estas influências podem ser diagnosticadas mediante as diferentes reações que cada

pessoa apresenta diante uma determinada situação. Mais especificamente, as necessidades,

desejos, dificuldades e ambições são diferentes para cada pessoa, e por isso refletem em

comportamentos variados no ambiente de trabalho. Por exemplo, quando a diretoria

convoca uma reunião, alguns participantes podem ficar inseguros e ansiosos, enquanto que

outros podem achar que esta é uma oportunidade para expor suas idéias.

E assim são também as reações mediante um processo de mudança na organização.

Cada pessoa a percebe de uma maneira diferente. Bio (1996, p. 178-179) destaca alguns

aspectos relativos à mudança nos processos de trabalho, a saber:

- diferentes percepções e reações;

- mobilização dos grupos;

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- normas e valores tomados como referência para se avaliar a mudança pretendida;

- preocupação com a disponibilidade de informações.

Mudanças em técnicas de trabalho, neste caso adotando um sistema de informação,

mudam não só o teor das tarefas, como também as atividades realizadas pelo grupo.

A cultura organizacional é um fator que em muito influencia no momento da adoção

de novas práticas de trabalho. A facilidade em se obter dados e a disponibilidade destes,

antes difíceis de serem levantados, podem causar resistência por parte do funcionários.

A fase de implantação do sistema é de suma importância para seu sucesso, e por

isso deve receber uma atenção especial.

Para a implantação de uma ferramenta tecnológica é necessário que se trace um

plano de implementação, e o primeiro passo é pensar no que realmente se pretende

automatizar. Nessa fase, é preciso se fazer um levantamento de possíveis fornecedores, da

legislação pertinente e incentivos fiscais, informar-se sobre a tecnologia, além de conhecer

o que aconteceu com outras empresas que buscaram a mesma solução. Nesse momento se

definem as etapas posteriores e os investimentos necessários.

Segundo Sanchés (1996), o planejamento estratégico de sistemas de informação tem

como finalidade atender às seguintes atividades:

- Determinar o usuário do sistema, suas necessidades e preferências;

- Identificar as áreas de interesse estratégico;

- Determinar o âmbito operacional da organização e seus objetivos;

- Identificar concorrentes, opositores e adversários;

- Diagnosticar a situação dos sistemas de informação disponíveis;

- Sistematização da estrutura;

- Fixar objetivos e metas para o sistema e sua implantação;

- Capacitar os recursos humanos;

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- Determinar os recursos necessários e os responsáveis pelo desenvolvimento e

implantação do sistema;

- Definir requisitos mínimos a serem atendidos na aplicação do teste-piloto.

Segundo o mesmo autor, os fatores que condicionam e determinam o planejamento

estratégico de sistemas de informação seriam a vontade político-administrativa no sentido

de que o projeto aconteça, a clara definição dos usuários, definir os objetivos da

implantação do sistema de informações (sem deixar de relacionar com os da organização) e,

por fim, a fidedignidade das fontes de informação (que devem ser atualizadas e relevantes

para o negócio).

Existem porém, verdades e mentiras quando da implantação de um sistema de

informações. A seguir será citado o que é verdade e o que é falso na estruturação de um

sistema de informações. Sanchés (1996), expõe que é FALSO acreditar que:

- O que garante o bom funcionamento do sistema é a qualidade técnica de quem o

projetou.

- Operar o sistema através de microcomputadores garante sua efetividade.

- Normas irão assegurar a cooperação.

- A riqueza de dados e detalhe de informações melhoram o sistema.

- Treinar usuários e operadores irá garantir a assimilação de forma igualitária de sua

terminologia peculiar.

- A simplicidade do sistema dispensa apresentações elaboradas.

- O sistema será de grande utilidade para quem o alimenta com dados e informações.

- O sistema apresentará dados que corresponderão às expectativas dos usuários.

- Os assessores dos usuários serão capazes de definir suas necessidades de informação.

- O usuário não precisa conhecer o sistema, e sim saber como ele funciona.

- Informações relevantes estarão disponíveis ou quem as detém não se importará de

repassá-las.

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Dentro desta mesma ótica, são a seguir citados os aspectos VERDADEIROS no

desenvolvimento e implantação de sistemas:

- Informações somente instrumentalizam o processo decisório, porém não solucionam;

- A implantação de um sistema de informação inicia pela clara definição dos resultados

desejados, de como deverá operar, de seus usuários e dos fluxos de informações;

- A simplicidade e especificidade do sistema garantem maior eficácia e confiabilidade;

- Compatibilidade do sistema com ambiente administrativo é essencial;

- Estando a gerência do sistema de informações mais próxima do topo da estrutura de

poder, maior a garantia de que as informações serão disponibilizadas com oportunidade;

- A funcionalidade dos sistemas depende muito das pessoas que os operam;

- Os níveis inferiores tendem a resistir ao fornecimento de informações que lhes criem

vulnerabilidades;

- O melhor sistema é aquele que oferece a informação no momento oportuno com

confiabilidade;

- Os conceitos devem ser uniformizados, principalmente quando os resultados oferecidos

pelo sistema estarem integrados para a produção de elementos gerenciais;

- Os dados devem ser processados de modo a permitir associações legítimas e

comparações válidas;

- Não se deve temer os erros para não inviabilizar o sistema.

Cada organização possui suas características próprias, logo "cada organização

constitui um contexto único para implantação de novas tecnologias" (Sanchés, 1996). Para

informatizar uma organização com vistas ao sucesso, as decisões devem compreender dois

aspectos: organização e tecnologia. Sendo assim não se conhecerá a organização sem antes

conhecer as pessoas que a integram.

Sob este ponto de vista, os recursos humanos são ponto crucial para implantação de

um sistema de informação. Enquanto os softwares e hardwares já se encontram bastante

evoluídos, as pessoas ainda estão tímidas para o uso destas tecnologias. Sem contar que a

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efetiva utilização destas ferramentas dependerá da motivação e qualificação dos recursos

humanos da organização.

Outro aspecto bastante importante é o monitoramento do sistema com a realidade na

qual está inserido. Este é um fator que deve ser constantemente revisado e atualizado.

O momento da implantação é de extrema relevância para o sucesso ou fracasso do

sistema. Sugere-se sempre o gradualismo como melhor opção, ou seja, fazer a implantação

gradativamente, sem pressa, pois assim os erros serão mais fáceis de serem identificados e

corrigidos.

Saber lidar com a superabundância de dados é outro fator que compromete o

sucesso do sistema. É importante saber quais são os dados que têm relevância e quais não.

O decisor deve ser qualificado para tomar decisões, e o instrumental que utiliza deve ser

confiável, pois de nada adianta que o sistema seja de excelente qualidade enquanto que

quem vai fazer uso dele, não está preparado para interpretar os dados oferecidos, ser

preconceituoso em relação à tecnologia e, pior que isso, não pretender atualizar seus

conhecimentos.

Segundo Dias (1997), "a resistência pessoal ao uso de microcomputadores aumenta

a percepção destes equipamentos como instrumentos difíceis de serem usados e,

indiretamente, diminui a percepção de sua utilidade". Para demonstrar isso, será

apresentado a seguir um modelo de motivação para o uso da tecnologia da informação:

Figura 3: Modelo de motivação. Fonte: Dias, 1997, p. 2.

Prazer

Resistência

Facilidadede uso

Utilidade

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No modelo acima, a utilidade é a percepção do usuário de que utilizar um sistema

de informação melhora o desempenho do seu trabalho. A facilidade é o menor esforço

mental para compreender o sistema. E o prazer, seria o grau de envolvimento, diversão e

excitação que o usuário sente ao utilizar um sistema (Dias, 1997). A resistência ao uso de

um sistema de informação pode advir destas variáveis acima expostas. Quando o usuário

não se sente à vontade com o microcomputador, cria bloqueios que impedem de perceber

sua utilidade, não sentem facilidade e tampouco prazer em utilizá-lo.

De acordo com Dias (1997), o prazer em se utilizar um sistema de informação está

diretamente relacionado a sua utilidade, enquanto que a resistência ao uso do mesmo

depende da facilidade de uso que se apresenta.

No quadro a seguir são demonstradas as ações necessárias para a implantação de um

sistema de informação:

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AÇÃO FATOR MOTIVACIONALDesenvolver sistemas amigáveis Facilidade de uso/prazerParticipação do usuário no desenvolvimento Utilidade/facilidade de usoTreinamento intensivo ao usuário Facilidade de uso"Vender" o sistema para os usuários UtilidadeAcesso fácil aos microcomputadores Facilidade de usoResponder às necessidades dos usuários UtilidadeUsar tecnologia atualizada Utilidade/prazerUsar tecnologia alinhada ao negócio daempresa

Utilidade

Tabela 5: Ações necessárias para implantação de um SI. Fonte: Dias, 1997, p. 5.

Quanto melhor for o plano de implantação de um sistema e mais treinados forem os

responsáveis pela execução final do mesmo, maiores são as possibilidades de sucesso que

se apresentam.

Todo processo de implantação induz a certa mudança (e aqui vale lembrar que é

impossível referir-se a implantação de processos sem entrar no mérito da mudança

organizacional), e como é sabido, o ser humano é avesso a mudanças. Cassarro (1999), nos

regala com algumas dicas para reduzir os impactos de uma implantação de sistemas de

informação, minimizando os efeitos negativos que esta traz consigo, isto é, resistências.

- usar sempre de lealdade e sinceridade;

- mostrar que o trabalho visa uma melhora no desempenho das tarefas, e que o mérito do

projeto dar certo é dos próprios usuários;

- informar exaustivamente o que está sendo feito;

- exigir a avaliação dos resultados.

Seguindo a lógica da implantação do sistema, o segundo passo é a formatação do

projeto, ou seja, "a definição dos processos e atividades que devem ser informatizados" (PC

World, 1999, p. 50). Também serão definidos os fornecedores dos equipamentos e

aplicativos. É importante verificar a capacidade dos equipamentos, pois um

subdimensionamento destes pode comprometer os resultados futuros.

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Em seguida, vem a fase da preparação, onde se redefinem as rotinas de trabalho e os

cadastros reorganizados. Nesta etapa se dá início ao treinamento dos funcionários,

enfatizando-se aos aspectos que motivam a informatização.

Por fim, faz-se a implantação. Esta só é realizada de modo efetivo após uma

experiência em laboratório ou piloto.

A automação ou informatização não pode ser considerada um fim em si mesmo, e

sim um "processo que permite o aperfeiçoamento de sistemas e processos, visando

aumentar a competitividade da empresa no mercado" (PC World, 1999, p 50). Nota-se

então, que foi dada relevância à etapa de treinamento dos funcionários, pois não há dúvida

de que estes compõem uma parte importante do processo devendo compreender bem qual o

verdadeiro sentido da implantação de uma nova ferramenta e a mudança que se está

prevendo.

Muito importante se faz também a presença de um agente de mudança, que é a

pessoa responsável pela implantação do sistema. Ao se admitir um profissional que sustenta

o saber técnico, é preciso que este tenha consciência de que não é apenas um sistema que

será implantado, mas que o projeto envolve toda uma conjuntura sócio-cultural da

organização. O profissional deve estar sensível a estas variáveis que são imprescindíveis no

processo de implantação e principalmente para o sucesso do mesmo.

Bio (1996, p. 180) salienta que, ao se sensibilizar com os aspectos acima citados, o

profissional pode se dar conta que:

- a mudança de sistema não é somente um conjunto de soluções técnicas;

- sua ótica profissional não é a única verdadeira;

- valores como um título técnico podem nada significar para um grupo de usuários;

- implantar um sistema implica percepções, sentimentos, ações grupais, questões

políticas;

- a cultura de cada organização deve ser levada em consideração;

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- implantar um sistema significa também um realinhamento de políticas.

Significa que, ao considerar os aspectos acima, o profissional pode ter maior

facilidade para se posicionar avaliando sua própria conduta. Dessa forma, poderá

considerar também sentimentos de ansiedade, insegurança , desqualificações da mudança

pretendida, conflitos e disputas de poder, muito comuns num processo de mudança.

Como cada caso é um caso, o profissional de sistemas deve dominar a situação e

avaliar se o processo de implantação do sistema está ocorrendo com participação efetiva

dos usuários, conduzir reuniões constantes para mantê-los a par do que vem ocorrendo.

Enfim, saber lidar com cada situação e não adotar posições simplistas e preconceituosas,

afinal são condições inerentes ao seu trabalho.

Quando não há coordenação na implantação do SI com a mudança organizacional,

alguns sintomas ou efeitos podem ser considerados. Dentre eles está o fato de os

empregados ignorarem o sistema. A consequência disto é a utilização de forma não

confiável por parte dos usuários. O que se pode constatar é que os planejadores não

proporcionam as condições organizacionais mínimas necessárias para o bom

funcionamento do sistema, tais como treinamento, conscientização dos funcionários sobre

os benefícios que o sistema pode trazer, suporte aos usuários, entre outros.

Um segundo sintoma sobre a existência de coordenação ou não no desenvolvimento

do sistema é em relação ao moral dos empregados. Se este está baixo, está ocorrendo

despreparo ou desmotivação para o uso do sistema. Os empregados sentem-se substituídos

ao terem suas funções automatizadas, a frustação é evidente. Nesses casos, são

identificados até mesmo atos de sabotagem ao sistema.

Finalmente, um terceiro sintoma plausível de ser verificado diz respeito aos

resultados desapontadores no uso do sistema. Muitas vezes esses resultados

desapontadores não têm relação com os dois primeiros, e são consequência apenas da não-

realização do potencial da tecnologia. Mais uma vez, nota-se aqui o despreparo dos

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usuários finais, tanto no que se refere ao sistema, como no que se refere a procedimentos

quanto à nova situação provocada pela implantação do SI.

Quando um SI é voltado para a redução de custos, ele busca automatizar tanto

quanto possível. Quando o sistema é voltado para agregar valor, no entanto, enfatiza-se a

interação dinâmica entre tecnologia e seus funcionários, com geração de informação que

será usada de forma cognitiva pelos usuários.

Em outras palavras, podemos salientar que quando um SI é desenhado para

automatização, ele reduz pessoal, treinamento, e a dependência do sistema de produção no

julgamento do pessoal remanescente. O desempenho desejado é conseguido com forte

supervisão, recompensas e punições.

Por outro lado, quando um SI visa suprir seus usuários com novas informações, com

a finalidade de melhorar o processo de decisão e a produção de bens e serviços, a situação é

distinta. Para que esse tipo de TI seja efetivo, exige-se o comprometimento dos

empregados, o que é conseguido através de práticas e políticas de RH, que conduzam a um

clima favorável à criatividade e delegação de autonomia.

Tem-se então o seguinte modelo:

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Figura 4: Os diferentes objetivos dos SI. Fonte: Adaptação das idéias de Walton, 1994.

Os resultados relevantes de uma efetiva implantação, são verificados no alcance

pleno dos objetivos econômicos, que se refletem em mudanças na produtividade, inovação

e serviços e, ainda, o aspecto positivo detectado na satisfação e no desempenho das

pessoas.

Ainda referindo-se ao planejamento do SI, cabe aqui salientar que se vive hoje nos

países em desenvolvimento, o surgimento de uma nova realidade onde há menos níveis

intermediários, maior qualificação dos recursos humanos, flexibilidade nas estruturas,

grande controle de qualidade sobre produtos ou serviços oferecidos e grande tendência à

descentralização. O desenvolvimento de um sistema de informações não pode deixar de

fora estes aspectos, principalmente porque deve se adequar às necessidades do usuário.

Desta forma, vê-se que a implantação de um SI não constitui uma tarefa simples e

para seu efetivo sucesso necessita de algumas atenções primordiais. Deve-se tomar todas as

SI

AUTOMATIZAÇÃO

SUPRIR DEINFORMAÇÕES

Reduz pessoal, Cortacustos, Forte

supervisão, Puniçõese recompensas

• Melhorar processo edecisão e a produção debens e serviços

• Comprometimento dosempregados

CONSIDERA NÍVEL DEGRADUAÇÃO DOS

FUNCIONÁRIOS

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precauções, a começar pelo treinamento das pessoas que serão os usuários finais do

sistema. Se as pessoas não estiverem bem preparadas, treinadas e motivadas, o sucesso do

SI fica comprometido.

5.6 RESISTÊNCIA

A implantação de um sistema de informação, segundo Stair (1998), implica em

mudança organizacional. Isso ocorre porque influencia tanto a cultura como a estrutura

organizacional. Um novo procedimento permitido pelo sistema pode entrar em conflito com

alguma regra antiga, com a qual os funcionários já estão acostumados.

Uma mudança organizacional pode ser produzida tanto por fatores internos quanto

externos. Nesse caso, estamos tratando de uma mudança causada por um fator interno, ou

seja, atividades iniciadas por funcionários de todos os níveis, uma vez que um sistema de

informações será implantado na organização.

Na maioria das vezes, a implantação de um sistema de informação falha porque

tanto os gerentes como os funcionários não estão preparados para a mudança. É comum

ocorrerem atos de sabotagem por parte dos funcionários pelo fato de não estarem abertos ao

aprendizado de novos comandos e procedimentos exigidos pelo sistema. Decorre daí, o

não envolvimento dos funcionários na decisão de mudar, a falta de informação destes e o

desconhecimento dos benefícios que podem ser trazidos com a utilização do sistema.

"A mudança trazida pelos sistemas de informação dentro da organização resulta no

aprendizado organizacional" (Stair, 1998). Isto significa que, com o tempo, as novas regras

serão incorporadas pelo pessoal da organização e serão executadas de forma tão natural

quanto a antiga. As organizações têm capacidade para absorver novos aprendizados,

mesmo oferecendo uma certa resistência no início.

Para entendermos a mudança, será apresentado abaixo um modelo sugerido por

Kurt Lewin e Edgar Schein apud Stair (1998), onde o descongelamento significa remover

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velhos hábitos, movimento é o processo de aprendizado e o recongelamento é a

estabilização da mudança.

É possível se perceber que implantar um sistema de informação traz reflexos de

resistência por parte dos funcionários. Alter (1996), salienta que um sistema de informação

torna-se um desperdício de tempo e esforço quando as pessoas da organização não o

aceitam ou não o usam e mesmo quando o software funcione bem, muitos sistemas de

informação não têm sucesso.

Para que um sistema de informação funcione com sucesso, os participantes devem

ter determinadas habilidades e conhecimentos. Algumas organizações não exigem de seus

funcionários essas características, acreditando ser o projetista quem deve possuí-las. O

envolvimento dos participantes, principalmente daqueles que vão utilizar o sistema para o

desempenho de suas atividades, é fundamental. No quadro abaixo serão especificados

alguns níveis de envolvimento no desenvolvimento de sistemas.

Descongela-mento

Movimento Recongela-mento

Figura 5: Modelo de mudança. Fonte: Stair, 1998

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NÍVEL DE ENVOLVIMENTO DESCRIÇÃO DO ENVOLVIMENTONão envolvimento Os usuários não estão dispostos a participar, são

incapazes de contribuir ou ainda não sãoconvidados a participar.

Envolvimento através de conselho São solicitados conselhos dos usuários, noentanto as características são pré-definidas.

Envolvimento através de "signoff" Os usuários aprovam o sistema desenvolvido.Envolvimento através de sociedade do time deprojeto

Usuários participam ativamente do time doprojeto, dando suas opiniões através deentrevistas ou especificações relevantes.

Envolvimento através de sociedade de time doprojeto, administração e propriedade do projeto

Os usuários participam ao longo de todo projeto,desde seu início até a implementação e umrepresentante dos usuários administra o projeto.

Quadro 6: Níveis de envolvimento no desenvolvimento de sistemas. Fonte: Adaptação de Alter, 1996.

É oportuno, portanto, que se defina o termo resistência para o entendimento de

como este vocabulário é utilizado neste caso. Segundo Alter (1996), "resistência para

mudar é toda ação ou omissão que obstrua um processo de mudança". Resistência e atos de

sabotagem são efetuados com o objetivo de evitar perdas ou obter ganhos (Hehn, 1999).

Abaixo são citadas algumas explicações para o fato das resistências.

A resistência se manifesta em três fases: negação, defesa, aceitação e adaptação ou

assimilação. E as causas podem estar ligadas à personalidade, ao sistema social ou ao modo

de implementação.

Alter (1996) cita outros motivos pelos quais se explicariam a existência de resistência,

aqui especificamente no caso do uso ou implantação dos sistemas de informação, a saber:

- Debate público, que são declarações diretas sobre o sistema, normalmente onde se

detectam sinais de ansiedade, de expectativas frustadas em relação aos resultados e

prioridades de curto prazo;

- Negligência benigna, não havendo reação quanto ao sistema;

- Desvio de recurso, dando-se ênfase a outros projetos que não o de implantação do

sistema;

- Provisão de pessoal impróprio, com pouca qualificação e pouca autoridade para

realização do trabalho;

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- Expansão do problema, de forma a retardar ou confundir o esforço do projeto

reinvindicando o envolvimento de outros departamentos;

- Sabotagem, dados incorretos ou outras formas de abuso.

Aqui vale ressaltar que, cada pessoa tem sua maneira de resistir, de "sabotar". Os

gerentes, por exemplo, podem não fazer questão de se envolver no programa, não

envolvendo também seus subordinados, uma vez que não repassa as informações recebidas.

Podem simplesmente se anular do processo não participando de reuniões, não dando

opiniões a respeito, centralizando decisões, exercendo controle, filtrando aquilo que lhe é

conveniente, faltando aos compromissos, omitindo a verdade, dando prioridade ao que não

têm importância naquele momento, desconsiderando propostas, influenciando

negativamente e desmotivando seus funcionários (Hehn, 1999).

Segundo Alter (1996), as explicações para resistência podem ser assim visualizadas:

CAUSADAS PELAS PESSOAS CAUSADAS PELO SISTEMA CAUSADAS PELASINTERAÇÕES

Os usuários não são inteligentes obastante para entender o sistema.

Talvez o sistema seja muito difícilpara se entender em um determinadoespaço de tempo ou difícil de usarefetivamente.

Talvez seja o sistema erradopara os usuários.

Talvez usuários estejam envolvidosem uma briga política.

Talvez o sistema esteja causando umproblema político para os usuários.

Talvez o sistema causemudança na distribuiçãopolítica de poder naorganização.

Talvez os usuários sejampreguiçosos e prefiram continuarfazendo as coisas da mesmamaneira.

Talvez o sistema não resolva oproblema de forma a fazer valer apena.

Talvez o sistema seja bom parauns usuários mas ruim paraoutros.

Talvez os usuários reclamem dascaracterísticas para não seaprofundarem.

Talvez o projeto do sistema sejapobre.

Talvez as necessidades dosistemas devam seraumentadas.

Talvez os usuários sejamperfeccionistas demais nas suasexpectativas.

Talvez o sistema não resolva oproblema.

Talvez o sistema não satisfaçaas expectativas e necessidadesdos usuários.

Quadro 7: Explicações para resistência. Fonte: Adaptação de Alter, 1996.

Enfim, o que se pode concluir ao analisar a tabela acima, é que a resistência pode

advir da pessoas, do sistema ou da combinação destes dois fatores. Mais uma vez, nota-se

que o envolvimento e comprometimento dos funcionários são fatores cruciais para o

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sucesso ou falência da implantação de um sistema de informação. As pessoas podem ter

diferentes percepções sobre a implantação de um sistema de informação e as vantagens e

desvantagens que este pode trazer para o desempenho de suas atividades. No entanto se

todo o projeto for desenvolvido sem que haja participação dos usuários finais (as pessoas),

esperando que eles apenas aceitem o sistema, as possibilidades de que os resultados não

sejam bons são grandes.

A resistência para mudar não é um problema a ser resolvido e sim um sintoma de

outros problemas que estão ocorrendo na organização. Para poder solucionar o problema

que causa a resistência devemos conhecer as causas básicas que provocam a mesma.

Em relação à mudança, é possível detectarmos alguns sintomas como os explanados

no quadro seguinte:

SINTOMA DESCRIÇÃOCompulsão Tentativa de influenciar o comportamento dos outros.

Persuasão Convencer uma pessoa de que fazendo algo só terá a ganhar.Segurança Uma situação de mudança pode trazer consigo a ameaça de perda

de garantias que provocam sentimentos de insegurança nosindivíduos.

Compreensão Quanto mais as pessoas compreenderem sobre a mudança que estáse processando, menor será a tendência de haver resistências.

Tempo Quanto maior o tempo para implantação da mudança, menor será aprobabilidade de haver resistência.

Envolvimento Quanto maior o envolvimento, menor a oposição.Críticas Pessoas se ofendem ao se sentirem criticadas e colocam-se na

defensiva, por isso evitar críticas minimiza a resistência.Flexibilidade A execução rígida e centralizada da implantação de uma mudança

sem considerar opiniões e sugestões pode traduzir-se emresistência.

Quadro 8: Sintomas detectados na mudança. Fonte: Adaptação de Judson,http://www.sbdg.org.br/textos/artigo24.htm.

No entanto, existem métodos para que se minimizem a resistência dentro das

organizações. O homem deve estar preparado psicologicamente para a mudança. Abaixo

serão apresentadas algumas alternativas de como é possível minimizar a resistência com

base nos sintomas identificados no quadro acima:

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SINTOMAS AÇÕESPersuasão Oferta de recompensas através da negociação.Segurança Garantias de que não haverá qualquer superfluidade e para minimizar os

temores de incapacidades, a gerência pode oferecer programas detreinamento de acordo com as necessidades do funcionário.

Compreensão Com a mudança os canais de comunicação ficam prejudicados, por issofazer uso da máxima comunicação face a face é a forma mais eficaz degarantir que as dúvidas que surgirem em decorrência da mudança sejamsanadas.

Tempo Quanto maior for o tempo para implantação de uma mudança, menor seráo risco de que ocorram resistências.

Envolvimento A participação é a forma mais eficaz de se garantir que a mudança ocorreráde forma branda.

Críticas Um gerente não deve ser compreensivo com situações de cinismo quepodem se apresentar por parte de seus funcionários em virtude damudança.

Flexibilidade Introduzir uma mudança primeiramente para experimentação, pode reduziros riscos de resistência ao passo que são acatadas as opiniões dosenvolvidos.

Quadro 9: Ações para sintomas da mudança. Fonte: Adaptação de Judson,http://www.sbdg.org.br/textos/artigo24.htm.

Pois bem, mas quais seriam as razões para a resistência à mudanças? Um estudo

realizado pela Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo enumerou algumas destas

razões:

• Temor a perdas econômicas • Temor à perda de segurança pessoal• Temores sociais • Crenças culturais• Temor pela maior inconveniência

pessoal (as desvantagens são maioresque as vantagens)

• Irritações quanto à maneira de se fazer amudança

• Incompreensão quanto às razões damudança, atribuição de motivos errôneos

• Temor quanto a menores satisfações notrabalho

Podemos citar ainda um estudo realizado por Downing (1997). Neste estudo, o autor

tinha como objetivo identificar as reações dos funcionários de uma organização frente à

implantação de uma nova tecnologia (um sistema de informação). Para tanto, buscou

estudar três hipóteses: a idade dos usuários, tempo em que o usuário teria utilizado o antigo

método de trabalho (antes da implantação) e a experiência anterior com sistemas. O

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resultado do estudo foi que, aquelas pessoas que por mais tempo trabalharam com o antigo

método, são as que mais resistiram ao uso da nova ferramenta.

Braustein e Mathieson (1998) também realizaram um estudo relacionando

implantação de sistemas e percepções dos usuários finais. Neste caso, o objetivo era

verificar se a percepção dos usuários finais se modifica com o passar do tempo. Concluíram

que sim, que à medida que o tempo passa, a aceitação do sistema por parte dos usuários

aumenta. No entanto, salientam que os gerentes não devem se deter nesta conclusão, pois o

que realmente faz com que a aceitação de um sistema seja mais acelerada é a quantidade de

informações relevantes que os usuários receberão sobre o mesmo.

Enfim, o que se pode concluir sobre os estudos acima expostos é que o apego aos

velhos métodos de trabalho podem "travar" o pleno funcionamento do sistema. Além disso,

implantar um sistema de forma muito rápida, sem considerar a individualidade de cada

funcionário, também pode comprometer o sucesso do mesmo.

A resistência não pode ser tratada como algo natural do ser humano, senão nada

teremos a fazer a não ser culpá-los. Temos que interpretá-la como efeito de algo maior que

está acontecendo.

Por isso é importante gerar envolvimento, participação, fazer com que as pessoas,

principalmente aquelas que são a chave para o sucesso do sistema, sintam-se parte do

processo, sintam-se importantes. Os medos e receios devem ser tratados, a necessidade de

mudança e da implantação do sistema deve ser reafirmado e os funcionários devem

compreender isso. É ilusão acreditar que com autoridade se conseguirá lidar com a

resistência.

Quando se fala em manter os funcionários informados sobre a mudança, não

significa que o software deve ser tecnicamente explicado e eles devam saber tudo.

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Enfim, é relevante para os funcionários que suas perdas, e não somente no sentido

material da palavra, sejam minimizadas. Um exemplo de perda não material é a auto-estima

da pessoa, sua posição dentro da organização, o espaço que ela tem conquistado. Toda

resistência deve ser tratada buscando mostrar aos funcionários que não sofrerão perdas.

Desta forma, os medos e receios não vêm à tona e não chegam a ser um impeditivo para

que a implantação obtenha sucesso.

6. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, mais especificamente, um estudo de caso com

caráter descritivo. Segundo Roesch (1996), o caráter descritivo significa a busca de

“associações entre variáveis, normalmente com evidência de caráter quantitativo”.

Escolheu-se fazer um estudo de caso pelo fato de este ser uma estratégia de pesquisa que

busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto (Yin, 1981 apud

Roesch, 1996). Além do que, pode-se trabalhar com evidências qualitativas e quantitativas.

A aplicação de um questionário formado por questões abertas e fechadas (anexo F)

foi o instrumento adotado para a coleta de dados. O questionário levantou dados acerca da

apresentação do sistema, do uso do mesmo, das modificações que possa ter acarretado no

trabalho e do sistema propriamente dito. Foi entregue a cada um dos 30 funcionários que

compõem, conjuntamente, o Centro de Capacitação e Desenvolvimento (CCD) e a

Administração de Pessoal do HMV. Optou-se por aplicar o instrumento à totalidade dos

funcionários do CCD e a Administração de Pessoal por se tratar de um número reduzido

que propicia tal proposição.

De acordo com Gil (1995, p. 134), o questionário é uma “técnica de investigação

composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às

pessoas, tendo como objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses,

expectativas, situações vivenciadas, e outros”.

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Posteriormente, os dados coletados foram analisados segundo um software

específico Freitas, Cunha e Moscarola, 1997). A análise que resultou do cruzamento de

dados nos permitiu concluir qual o posicionamento dos colaboradores da Gerência de

Recursos Humanos do Hospital Moinhos de Vento frente à adoção do SI.

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7. HOSPITAL MOINHOS DE VENTO

Neste capítulo será apresentada a organização onde foi realizada a pesquisa

proposta nesse estudo - o Hospital Moinhos de Ventos. Os dados foram retirados do

Relatório enviado ao PGQP (Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade) em 1998.

7.1 DADOS CADASTRAIS DA EMPRESA

1. Razão Social

Hospital Moinhos de Vento

2. Data da Fundação

02 de outubro de 1927

3. Endereço

Rua Ramiro Barcelos, 910 - Porto Alegre / RS

4. CEP

90035-001

5. CGC

92.685.833/0001-51

6. Telefone

(051) 314.3434

7. Endereço Eletrônico

[email protected]

8. Página www na Internet

http://www.hmv.org.br

9. Executivo Responsável

Genésio Antônio Körbes - Superintendente Geral

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10. Pessoas para contato

Ângela Cristina Lasch - Gerente de RH - (051) 314.3590

7. 2 HISTÓRICO

Fundado em 1912, com a finalidade de atender a comunidade germânica e teuto-

brasileira de Porto Alegre, recebeu em 1927 o nome de Hospital Alemão. Visava prestar

atendimento aos doentes, sempre respeitando a cultura, os valores e o idioma do Rio

Grande do Sul.

Na época de sua fundação contava com 50 compartimentos. A capacidade de

acomodação era de 80 a 100 pacientes. Teve seu nome trocado em 1942, para Hospital

Moinhos de Vento, em função da guerra e de influências estatutárias. A escolha do nome,

deveu-se ao fato de localizar-se no bairro de mesmo nome.

No seu trigésimo aniversário, o Hospital, que até então era mais voltado para a

maternidade, inaugurou novos e sofisticados aparelhos como o Raio X. O atendimento

passou a ser, a partir desse momento, mais diversificado.

Em 1969, começaram as preocupações com a qualidade total. A administração do

Hospital foi profissionalizada, voltando-se para o resultado global. O Centro de Tratamento

Intensivo foi inaugurado em 1974. Foram trazidos para o País os primeiros respiradores

artificiais, controlados eletronicamente.

Em 1980 o Hospital adquire um moderno aparelho de Ecografia. O Hospital

passava a projetar-se na tecnologia. O Hospital Moinhos de Vento é o único do Sul do País

a possuir um heliponto. A construção deste ocorreu em 1981. Em 1985, foi inaugurado o

Centro de Neonatologia, um centro de tratamento intensivo para recém nascidos. Em 1987,

foi implantado o serviço de Tomografia computadorizada.

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Em 1990, foi inaugurado o novo Centro de Tratamento intensivo para adultos,

considerado um dos melhores do País, por ser altamente equipado e moderno. Neste mesmo

ano, foi introduzido o terceiro Serviço de Ressonância Magnética do País, além do serviço

de Angiografia Digital. No ano de 1992, inaugurou-se o CTI pedriático.

No ano de 1994, foi formalmente adotada a Gestão pela Qualidade Total (GQT).

Também neste ano foi inaugurado o serviço de Litotripsia Extracorpórea. Dois anos depois,

em 1996, o Hospital adquire sua segunda Ressonância Magnética. E, finalmente em 1997 e

1998, o Hospital recebe o "Prêmio Qualidade RS", Troféu Bronze e Troféu Prata,

respectivamente.

7.3 SITUAÇÃO ATUAL

Os dados dispostos neste item foram retirados do relatório enviado para avaliação

do PGQP – Prêmio Gaúcho de Qualidade e Produtividade, o qual concedeu ao Hospital,

pela segunda vez, o prêmio prata, equivalente ao segundo lugar.

O Hospital Moinhos de Vento é um hospital geral e privado, que conta atualmente

com 250 leitos. Destes, 217 estão localizados em Unidades de Internação e 33 nos

diferentes Centros de Tratamento Intensivo.

Seu quadro funcional é composto de 1100 colaboradores diretos e 500 indiretos. O

corpo clínico compreende 3200 médicos credenciados para atender a diversas

especialidades.

O Hospital está preparado para atender a pessoa humana durante todo seu ciclo

vital. Diferencia-se dos demais pela preocupação com recursos diagnósticos e terapêuticos

de última geração, designados para o atendimento ao paciente grave, grandes cirurgias,

tratamento do câncer e doenças cardiovasculares. Atende aos pacientes de todas as idades,

em regime de internação ou ambulatorial.

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A fase pós-hospitalar também é considerada motivo de preocupação do Hospital.

São exemplos dessa preocupação, o atendimento a gestantes, diabéticos, hipertensos,

portadores de ostomias e a senhoras mastectomizadas.

A estrutura organizacional do Hospital Moinhos de Vento é moderna e adota a

gestão pela Qualidade Total. O Hospital Moinhos de Vento capacita-se para ser referência

médica para toda a região do Mercosul.

A seguir serão apresentados o negócio do HMV, porte, a questão da qualidade, o

sistema de liderança e o trabalho social realizado pelo Hospital.

7.3.1. Negócio do Hospital Moinhos de Vento

O negócio do Hospital Moinhos de Vento é definido como: "Soluções para a

Qualidade de Vida". Isso deve-se ao fato de ser uma instituição hospitalar voltada para a

preservação da vida e da saúde das pessoas.

Trata-se de um hospital geral, privado que atende a todas as especialidades, durante

todo o ciclo vital da pessoa humana. Oferece aos pacientes, médicos e familiares, serviços

médico-hospitalares que vão do diagnóstico à terapêutica, através de procedimentos e da

assistência ao tratamento clínico, cirúrgico, obstetrício, pediátrico e neonatal. Seu principal

processo é o assistencial.

No que se refere à tecnologia, o Hospital procura manter-se sempre atualizado. É

equipado com modernos recursos de diagnósticos e de apoio à terapêutica. Destaca-se por

imagem e terapia intensiva.

Seus principais produtos:

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- Ressonância magnética, tomografia computadorizada, ultra-sonografia e

radiologia;

- Laboratório de Análises Clínicas;

- Laboratório de Patologia Clínica;

- Laboratório de medicina nuclear;

- Laboratório de Cardiologia;

- Laboratório de Respiração;

- Laboratório de Doenças Vasculares;

- Laboratório de Fisiologia Digestiva;

- Internação clínica, cirúrgica e obstétrica;

- Emergência;

- Centro Cirúrgico e Centro Obstétrico;

- Centros de Tratamento Intensivo Neonatal, Pediátrico, Adulto e Pós-Cirúrgico;

- Litotripsia Extracorpórea, Endoscopia Digestiva e Respiratória, Angiografia

Digital e Check-up;

- Ambulatório Assistencial;

- Serviço de Fisioterapia;

- Centro de eventos e anfiteatro com capacidade para 250 pessoas.

7.3.2 Porte

O Hospital Moinhos de Vento tem um faturamento anual de R$ 60.000.000,00

(sessenta milhões de reais), e possui dimensões como as que serão citadas abaixo:

- Área construída: 38.000m2

- Área verde nativa: 15.000 m2

- Médicos credenciados: 3.200

- Instituições conveniadas: 82

- Nº de leitos para internações cirúrgicas, clínicas e obstréticas: 250

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- 1100 colaboradores próprios, dos quais 20% têm curso superior completo, 55% têm

segundo grau completo e 25% têm o primeiro grau completo.

- 500 colaboradores de serviços terceirizados.

Realizações anuais do HMV:

1. 14 mil internações;

2. 24 mil cirurgias;

3. 2.600 partos.

Dentre os principais fornecedores do Hospital, pode-se citar:

- Laboratórios para suprimentos de medicamentos e materiais médico-hospitalares

(Johnson e Johnson, Laboratório B. Braun, Abbott Laboratórios do Brasil, Ely Lylli do

Brasil, Laboratório Britol, Cremer e Rhodia Farma do Brasil, entre outros);

- Fabricantes de equipamentos hospitalares (Siemens, Phillips do Brasil, General Eletric,

Hill Rom e outros);

- Estatais como a Petrobrás, a Cia Estadual de Energia Elétrica e o DMAE.

Os clientes do HMV são divididos em grupos:

a. Cliente final - pacientes e acompanhantes;

b. Clientes intermediários - médicos e convênios (seguradoras, fundações, cooperativas

médicas);

c. Clientes internos - os colaboradores.

No geral, são definidos como clientes todo o público que acessa o Hospital, sejam

familiares de pacientes, visitantes ou a comunidade.

Os médicos credenciados utilizam a infra-estrutura do HMV para diagnosticar e

tratar seus pacientes, uma vez que estes já foram atendidos em seus consultórios. Isso

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significa que o Corpo Clínico do Hospital se caracteriza por ser aberto. Pesquisas realizadas

indicam que o principal influenciador na escolha do Hospital são os médicos. Vale ressaltar

ainda que os convênios firmados com administradoras de planos de saúde, disponibilizam

as instalações do hospital aos seus beneficiários.

7.3.3 Histórico da Qualidade

O HMV é exemplo de gestão hospitalar. A gestão da qualidade foi adotada pela

organização em 1993, e hoje já está tão absorvida no cotidiano de seus funcionários, que

muitas vezes estes esquecem de citar o fato como grande realização do Hospital. O HMV

hoje se situa entre os melhores hospitais da América Latina, posição conquistada em grande

parte pelo modelo de gestão adotado.

Por isso, é relevante, para um perfeita caracterização do Hospital, a apresentação da

trajetória da qualidade, com as principais ações adotadas, conforme segue:

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ANO AÇÕES1987 Redirecionamento das ações, focalizando o cliente.1989 Definição e Implantação pioneira no Brasil do Processo de Hospedagem em

hospitais.1991 Implantação da Assistência Integral.1993 Definição do planejamento Estratégico, Missão, Negócio e Princípios;

Assinatura do Termo de Adesão nº 95 ao PGQP.1994 Estabelecimento do Plano Diretor de Obras do HMV;

Formalização da estrutura do sistema de GQT-HMV;Participação no sistema de avaliação do PGQP.

1995 Contratação de Consultoria da Fundação Christiano Ottoni (MG) paraacompanhamento da implantação da GQT;Capacitação de 200 colaboradores com curso de 40h sobre GQT;Capacitação de 900 colaboradores com curso de 5S;Implantação do Programa 5S-HMV;Criação do FAS - Fundo de Amparo Social, para a assistência à saúde doscolaboradores e seus familiares;Elaboração do Orçamento Setorial para 1996, com a primeira experiênciacompleta de Desdobramento de Diretrizes;Apresentação do HMV no 5º Congresso Brasileiro de Qualidade Hospitalar.

1996 Implementação do Programa "Visite o HMV";Recebimento do Diploma "Destaque em Qualidade" do PGQP;Recebimento do Prêmio Jornal do Comércio como Destaque do Ano 1995 naárea da saúde;Apresentação do HMV no Congresso Brasileiro de Administração Total daQualidade Hospitalar;Adoção do Sistema de Pesquisa de Clima Organizacional, e aperfeiçoamentodo sistema de informações no mercado;Lançamento do Troféu "5S-HMV";O HMV é citado pela revista Exame VIP como o 9º hospital entre os 11melhores hospitais do País;Apresentação do HMV no VIIº Seminário de Desdobramento da Qualidade,da FCO, em São Paulo;Segunda experiência de Desdobramento de Diretrizes do HMV, com trêsníveis de desdobramento, até os Planos de Ação de cada Unidade GerêncialBásica;Apresentação do HMV na reunião de planejamento dos Coordenadores dosComitês Regionais e Setoriais do PGQP.

1997 Distribuição de resultado aos colaboradores pelo bom desempenho do HMVem 1996;Apresentação do HMV na 14ª Reunião da Comissão Estadual da Qualidade eProdutividade;Integração do Comitê Qualidade;Conquista do Troféu Bronze - Prêmio Qualidade RS 97;Apresentação do HMV no Lançamento do Prêmio Qualidade Bahia;

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Aperfeiçoamento do Gerenciamento da Rotina e Implantação do Sistema dePadronização na Intranet;Implantação de auditorias internas no Programa 5S e entrega do Troféu "5S-HMV".

1998 Aperfeiçoamento e sistematização do Sistema de Orçamento paraInvestimentos;Desenvolvimento e sistematização do processo de análise crítica doDesempenho do Hospital;Conquista do Troféu Prata - Prêmio Qualidade RS;Implantação do Sistema de Indicadores Comparativos;Implementação da Matriz de Capacitação Gerencial e operacional;Apresentação do Hospital no Hospital Business - RJ;Apresentação do Hospital no Seminário Internacional da Qualidade - SP;Apresentação no Seminário do PNQ - SP.

Quadro 10: A questão da qualidade no HMV. Fonte: Manual do PGQP - Hospital Moinhos deVento.

7.3.4 Sistema de Liderança

A vocação para liderança do HMV está expressa na sua Missão:

"Promover a melhoria da qualidade de vida e a satisfação das pessoas, praticando a

melhor medicina, através de uma organização hospitalar auto-sustentável."

Sendo assim, para que se cumpra esta Missão, foram delimitados os Princípios de

Atuação do Hospital, os quais tornaram-se referenciais no comportamento institucional. Os

Princípios foram assim expressos:

- Cliente como centro das atenções;

- Qualidade e competitividade na prestação de serviços;

- Geração de recursos como condição para o desenvolvimento auto-sustentável;

- Desenvolvimento e participação dos colaboradores;

- Valorização do Corpo Clínico;

- Vanguarda em tecnologia;

- Comportamento ético, privacidade do paciente e sigilo profissional;

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- Honestidade e respeito nas relações internas e externas e no trato com o

patrimônio;

- Interação com a comunidade e respeito ao meio ambiente;

- Preservação da história e da cultura da Instituição.

O padrão do Sistema de Liderança do HMV está estabelecido no Regulamento do

Sistema de Liderança. Este Regulamento abrange questões vitais como visão, missão,

princípios, estratégias, clientes e mercados, gestão de processos e de pessoas, análise de

desempenho da organização, da própria liderança e sistemática de avaliação e melhoria dos

processos da instituição.

Os organismos que compõem o Sistema de Liderança são:

- Assembléia Geral dos Associados

Composta de 20 (vinte) associados e até 10 (dez) associados temporários, é regida

pelo Estatuto da Associação Hospitalar Moinhos de Vento. Esta Assembléia é que elege o

Conselho Diretor, avalia o relatório e o balanço do ano anterior e decide questões como

aquisição de bens imóveis ou a própria reforma do Estatuto.

- Conselho Diretor

Formado por cinco funcionários não remunerados, conforme define o Estatuto. Ao

Conselho cabe representar o HMV nos âmbitos ativo, passivo, jurídico e extra-jurídico. Na

semana que antecede a Assembléia Geral, o Conselho Diretor aprova a Constituição do

Comitê de Superintendentes. Além disso, o Conselho reúne-se com o Comitê

Superintendente para avaliar a metodologia e revisar o Planejamento Estratégico. O

acompanhamento das estratégias é realizado a cada três meses.

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- Comitê de Superintendentes

É constituído pelo Superintendente Geral e pelos Superintendentes Técnico-

Assistencial e Administrativo-Operacional. Para efeito de gestão organizacional, é a

Direção Executiva do Hospital. Este Comitê reúne-se duas vezes por semana para tratar dos

assuntos relativos à gestão do hospital, acompanhar o Plano Diretor de Obras, de

Automação e de Investimentos. Ainda, discute sobre negociações com Operadoras de

Saúde e questões jurídicas, entre outros assuntos. No mês de Outubro, durante um

seminário que tem a duração de um dia, o Comitê avalia propostas de melhorias e decide

aperfeiçoamento de processos vitais da organização. Neste mesmo seminário são decididas

as metas e medidas das diretrizes da instituição para o próximo ano, que posteriormente

serão comunicadas ao grupo gerencial. O grupo gerencial, por sua vez, encaminhará o

desdobramento e a operacionalização das estratégias.

-Superintendências

As Superintendências são presididas por um Superintendente e constituídas pelas

Gerências e Supervisões das Unidades Gerenciais Básicas (UGB's) do Hospital. Cada

Superintendência reúne suas Gerências e Supervisores duas vezes por semana para

comunicar as decisões do Comitê de Superintendentes.

- Gerência e Supervisões

Os gerentes e supervisores, após a reunião com a Superintendência, repassam as

decisões que devem ser implementadas ao seu pessoal operacional. Nessas reuniões

também são avaliados assuntos competentes, como avaliação de consecução das metas,

andamento dos planos de ação, entre outros. É da competência das gerências e supervisões

executar as estratégias e diretrizes estabelecidas e operacionalizar os processos do Hospital.

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Vale ressaltar que, no processo de Análise de Desempenho da Organização as

informações fluem no sentido down-top. Isso significa que, em primeira instância são

analisadas as UGBs (Unidades de Gerência Básica), depois as Superintendências e assim

por diante. No entanto, o gerenciamento segue a linha top-down, ou seja, as decisões são

tomadas pelos escalões mais altos e vão sendo comunicadas aos níveis inferiores, para que

sejam implementadas.

O envolvimento pessoal da alta direção no exercício da liderança, em todos

os níveis da organização, é fator incisivo para a melhoria do desempenho global.

Nos momentos em que ocorrem esses envolvimentos pessoais são reforçados a

Missão, Visão e os Princípios do Hospital, de forma que fique interiorizado em

cada um que faça parte da organização. Como exemplo de situações em que

ocorrem este tipo de relação, pode-se citar:

a. Programa de Integração Inicial dos novos colaboradores;

b. Aula inaugural do Curso de Técnicos de Enfermagem;

c. Formaturas dos Cursos de Técnicos de Enfermagem, Camareira e Auxiliar de Produção

de Material Esterelizado;

d. Encontros de final de ano;

e. Visitas às diversas áreas do Hospital, liderando o movimento de certificação do "5S-

HMV";

f. Formação de Grupos de Ação a partir do Comitê de Superintendentes;

g. Reuniões semanais com Superintendentes;

h. Reunião anual para apresentação das diretrizes.

7.3.5 Trabalho Social

Os laços que o Hospital mantém com a comunidade são estreitos e se justificam

pelo fato de que desde o momento de sua fundação, sua finalidade era atender uma

necessidade da comunidade germânica. Abaixo serão descritos alguns métodos que o

Hospital utiliza como forma de atender à comunidade em geral.

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Uma nova forma de atendimento comunitário foi iniciada em 1998. Nesse ano

implantou-se a Unidade Básica de Saúde do Morro da Cruz, uma das comunidades mais

pobres de Porto Alegre, onde profissionais especializados em Medicina Comunitária

encontraram condições ideais de exercerem suas atividades, oferecendo um atendimento de

qualidade, acessível a mais de 3 mil pessoas cadastradas. São médicos, odontólogos,

enfermeiros e nutricionistas que praticam medicina preventiva, realizando debates para

discussão de vários problemas que afetam a população oferecendo ainda, serviços

personalizados como atendimento nutricional, participação nos Programas Prá Crescer e

Prá Nenê (parceria com a SMS), visitas domiciliares, vacinação, entre outros.

O Hospital mantém uma creche para os filhos dos funcionários. Formação

pedagógica e acompanhamento completo são serviços oferecidos a 74 crianças. Em um

trabalho conjunto com a Comunidade Evangélica, o Hospital mantém três creches em

diferentes áreas da Grande Porto Alegre (Alvorada, Viamão e no Bairro Sarandi). Nestes

locais, mil crianças em fase de crescimento recebem atendimento médico, nutricional e

enfermagem.

Em sua sede, o Hospital oferece um curso para Técnicos em Enfermagem, que é

aberto à comunidade. O curso tem duração de 14 meses, assim como a formação de

Camareiras.

Os esforços citados acima são alguns dos muitos que o HMV tem feito para manter

um vínculo com a comunidade. É, portanto, uma demonstração de que as atividades do

Hospital se estendem para fora de suas fronteiras, e que não somente seus pacientes são

motivo de preocupação.

7.4 GESTÃO DE PESSOAS NO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO

A Gerência de Recursos Humanos do HMV é composto por um total de 30

funcionários. Estes encontram-se distribuídos nas duas áreas que compõem a Gerência: o

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CCD (Centro de Capacitação e Desenvolvimento) e a Administração de Pessoal. Cada uma

destas partes tem uma Unidade de Gerência Básica (UGB), com sua visão e missão

próprias, como será relatado mais adiante. É relevante salientar que cada UGB constitui

uma unidade de negócio para o Hospital. O esquema seguinte mostra de modo singular a

constituição da Gerência de Recursos Humanos do HMV:

Figura 6: Constituição da Gerência de Recursos Humanos do HMV.

A missão do Sistema de Recursos Humanos do HMV diz:

“manter o foco no fator humano como recurso estratégico da empresa, tendo aresponsabilidade de orientar, estimular, assessorar e dar suporte às pessoas e gestores,assim contribuindo para o atingimento dos objetivos e resultados organizacionais.”

A missão assim estabelecida, vem reforçar um dos objetivos assumidos pelo

Hospital na Carta da Qualidade Total, que é o de “oferecer aos seus colaboradores

oportunidade de realização a cada um, como pessoas em primeiro lugar e, por extensão,

como profissionais”. Reforça também um de seus Princípios de atuação, que aponta o

“ideal de desenvolvimento e participação dos colaboradores”.

GRH

UGBAdministração

de Pessoal

UGBAssistênciaEducacional

CCD

SELEÇÃO ERECRUTAMENT

FORMAÇÃO

CAPACITAÇÃO

SERVIÇO DEPESSOAL

SERVIÇOS DEMEDICINA E

SEGURANÇA NOTRABALHO

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Quanto às Políticas de Recursos Humanos do HMV, estão expressas da seguinte

forma (dados retirados do Relatório enviado para avaliação do PGQP, 1998):

1. Relações no trabalho pautadas pelo respeito ao ser humano com suas características

individuais, potencialidades e limitações;

2. Prática de salários justos e coerentes de acordo com o mercado hospitalar de Porto

Alegre, bem como participação nos resultados da empresa;

3. Manutenção de um ambiente propício ao crescimento do ser humano através da

educação, treinamento, programas participativos e incentivo ao autodesenvolvimento;

4. Preservação da saúde, da integridade e do bem estar dos colaboradores, bem como a

proteção do patrimônio, meio ambiente e dos recursos naturais.

No objetivo de atingir as metas de desempenho e aprendizado estabelecidas, o HMV

adota as seguintes medidas para estimular a motivação de seus colaboradores:

- A gestão do Hospital é transparente, ou seja, os colaboradores têm acesso aos

dados de desempenho operacional e financeiro da organização, bem como do

atingimento ou não das metas;

- Educação, treinamento e desenvolvimento dos colaboradores;

- Participação nos resultados, de acordo com as metas atingidas. É distribuído

anualmente, sempre no mês de fevereiro. É oportuno salientar que a

remuneração do HMV está associada também ao tempo de empresa;

- Implementação do Programa 5S nos setores de trabalho, visando a melhoria do

ambiente e da organização do trabalho;

- Formação de grupos integrados para solução de problemas ou melhoria de

processos;

- Incentivo à participação em congressos e eventos externos;

- Registro no ‘Bisturi” (jornal de circulação interna) e divulgação de realizações e

trabalhos científicos premiados em eventos externos;

- Programa de Trainee para Enfermeiros, Farmacêuticos e Nutricionistas;

- Programa de Integração Social;

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- Programa de apoio a cursos de Pós-Graduação;

- Participação na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA e brigada

de incêndio.

Quanto ao planejamento de cargos e salários, o HMV oferece oportunidade de

crescimento aos seus colaboradores. Eles podem evoluir de seu cargo para um de nível e

complexidade superior. É dada maior ênfase àquelas carreiras cujo desempenho de

atividades tem relação direta com o paciente.

A seguir são apontados os critérios do HMV para promoção:

- Estar desempenhando atividades no cargo atual há pelo menos doze meses;

- Cumprir os pré-requisitos exigidos do cargo que se pretende;

- Ter registro de habilitação profissional, quando for o caso;

- Existir disponibilidade no Quadro de Lotação;

- Existir disponibilidade de verba no Orçamento Setorial.

A remuneração fixa do Hospital tem relação direta com a estrutura de Cargos e

Salários adotada. Os cargos estão subdivididos em cinco grandes grupos:

GRUPO FUNÇÕES

Executivo Gerenciais: Superintendentes,Gerentes, Supervisores,

Técnico-Científico Técnicas com exigência degraduação específica

Operacional Relacionadas à atividade-fim daorganização

Administrativo AdministrativasServiços Apoio

Quadro 11: Grupos de cargos do HMV. Fonte: Relatório PGQP 1998.

Dentro de cada grupo, os cargos são hierarquizados em níveis ou classes, exceto os

cargos Executivos e Técnico-administrativos. Esta hierarquia é estabelecida conforme a

pontuação obtida na avaliação interna. A avaliação interna juntamente com a pesquisa

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salarial, determina o salário de cada nível ou classe. Todos os cargos pertencentes ao

mesmo nível ou classe, dentro de seu grupo, têm o mesmo salário. A combinação destes dá

origem à Tabela de Cargos e Salários do HMV.

O adicional por tempo de serviço é distribuído da seguinte forma:

a) Ao completar o segundo ano de empresa, o funcionário passa a ganhar 2% sobre o seu

salário base a título de triênio.

b) A partir do quinto ano, passa a ganhar quinquênios que crescem a 5% sobre o salário

base a cada cinco anos de atividades na organização.

No final de cada ano, o Superintendente Geral apresenta aos colaboradores o

resultado anual atingido e junto a isso, a meta para o ano seguinte. Como já foi dito, a

remuneração variável está vinculada a esta meta, denominada Meta de Sobrevivência. O

pagamento da participação nos resultados é efetuada no mês de fevereiro de cada ano,

quando a meta estabelecida para aquele ano for não só atingida como também superada. A

quantia corresponde a 50% da valor da ultrapassagem, limitada ao número de salários

estabelecidos. A título de curiosidade, em 1997 foi pago um salário a cada colaborador, em

1998 a 1,5 salários e em 1999, 1,13 salários. Para 2000, foi estabelecido que o total da meta

de ultrapassagem será distribuído aos colaboradores até o limite de 1,5 salários.

Além dessa forma de remuneração variável (participação nos lucros), o HMV adota

ainda a remuneração por tempo de serviço prestado à organização. Esse sistema é adotado

como forma de reconhecimento aos funcionários. Vejamos no quadro abaixo como é

aplicado esse método:

TEMPO DE CASA PRÊMIO

10 anos 50% do salário base15 anos 75% do salário base

20 anos ou mais 100% do salário baseQuadro 12: Remuneração por tempo de serviço. Fonte: Adaptado do relatório PGQP

Ainda como forma de reconhecimento, os colaboradores ao completarem cinco anos

de casa são homenageados e têm seus nomes relacionados nos murais da Instituição e no

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jornal interno. Em datas especiais, o HMV entrega cartões de felicitação (assinados pelo

Superintendente e entregues pelo superior imediato do colaborador), e quando se tratar de

aniversário de um colaborador seu, este recebe o cartão acompanhado de um presente: uma

camiseta HMV.

No final de cada ano é realizado um grande churrasco que reúne colaboradores,

médicos e serviços terceirizados. Tradicionalmente, os Diretores, Superintendentes,

Gerentes e Supervisores servem os demais colaboradores.

Quanto aos indicadores de Recursos Humanos no HMV, podemos citar os

seguintes:

- Índice de Absenteísmo

- Índice de Turnover

- Índice de Desligamentos

- Taxa de Frequência de Acidentes

- Taxa de Gravidade de Acidentes

7.4.1 EDUCAÇÃO, TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS PESSOAS

O CCD é responsável pela formação e capacitação dos colaboradores. Na parte de

formação estão os cursos que visam atender os candidatos a funcionário do Hospital. O

CCD é mantido pelo Hospital com destino a selecionar, formar e capacitar seus recursos

humanos. Nos cursos que são oferecidos à comunidade, são formados Auxiliares de

Alimentação e Camareiras. A finalidade dos cursos é introduzir no candidato valores da

organização como Missão, Visão, Políticas, ou seja, comportamentos desejáveis no

desempenho da função, portanto, nenhum funcionário ingressa no hospital sem antes ter

sido aprovado no curso.

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Enfim, o curso visa a preparação do funcionário conforme o perfil exigido pelo

HMV, definido em seus Princípios de atuação, com vistas a atingir as necessidades das

diversas áreas da organização. No curso de camareira, por exemplo, ensina-se desde o

modo como bater na porta de um quarto até a maneira como se referir a um paciente,

uniformes, etc. Isso deve-se à dificuldade de se encontrar no mercado de trabalho o

candidato ideal que apresente estas características. Tanto é assim, que os Enfermeiros

Professores também monitoram a execução padronizada dos processos assistenciais junto

às Unidades de Internação.

A equipe responsável pela capacitação é multidisciplinar, com especialização em

licenciatura para ensino. É composta por Enfermeiros, Psicólogos, Médicos e

Nutricionistas.

A liderança das equipes diagnostica as necessidades de treinamento, conjuntamente

com a supervisão da unidade. Após ter sido identificada esta necessidade, encaminha-se a

mesma à gerência, que avalia e define a revisão da rotina ou o esforço dos conhecimentos

através de um treinamento específico, visando o atingimento das metas específicas.

O CCD organiza o programa de treinamento didática e pedagogicamente. O

acompanhamento das etapas e os resultados são efetuados pelos Gerentes e Supervisores.

O HMV em função da qualificação do atendimento, tem obtido resultados

satisfatórios. O CCD se preocupa em preparar Enfermeiros líderes de equipe naquelas

rotinas que merecem atenção especial. Os Enfermeiros líderes atuam depois como

monitores dos próprios colegas repassando os conteúdos aos Auxiliares de Enfermagem. A

troca de experiências e práticas possibilita a adequação das rotinas que traz como

consequência a padronização, dando segurança aos colaboradores na execução dos

procedimentos junto ao paciente e credibilidade no cumprimento das ordens médicas.

Em 1998, foi aprovada e colocada em prática a Matriz de Capacitação das principais

funções do HMV. A Matriz de Capacitação é um instrumento útil para o planejamento e

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acompanhamento do desenvolvimento dos colaboradores, além de orientar as

possibilidades de carreira. É da responsabilidade de cada UGB revisar anualmente a Matriz

de Capacitação de suas equipes, de forma que estejam preparadas para alcançar as metas

pretendidas. No quadro abaixo, temos alguns exemplos de treinamentos aplicados e os

objetivos aos quais se destinavam os mesmos:

OBJETIVO TREINAMENTO

Implantação e Manutenção do programa“5S-HMV”

5S

Conhecimento da Gestão pela QualidadeTotal

Noções Básicas de GQT

Educação para o descarte de resíduos sólidos Descarte de resíduos sólidosMigração do sistema Oracle Gráfico Oracle GráficoDesenvolvimento de trabalhos utilizando MSProject

Treinamento em MS Project

Implantação da Prescrição Eletrônica Treinamento para Prescrição EletrônicaAdoção de Bomba de Infusão para Analgesia Treinamento de Bomba de infusão para

AnalgesiaConquista do título Hospital Amigo daCriança

Treinamento em Aleitamento Materno

Aperfeiçoamento do atendimento emObstetrícia

Aperfeiçoamento em instrumentaçãocirúrgica em obstetrícia

Implantação do Alojamento Conjunto Cuidados com RN e puérperasRedução de erros nos débitos hospitalares Débito no HMVQuadro 13: Objetivos dos treinamentos no HMV. Fonte: HMV - Relatório PGQP 98

A avaliação dos treinamentos é realizada pelos próprios alunos e pelos gerentes

através da colocação na prática do que foi aprendido. Os programas são analisados

anualmente de forma a sofrerem melhorias e atualizações constantes. A implementação da

Matriz de Capacitação pode ser citada como exemplo do resultado da avaliação realizada.

7.4.2 Bem-estar e satisfação das pessoas

Podemos citar como práticas do HMV para manutenção do bem-estar e satisfação

das pessoas, principalmente colaboradores do HMV o seguinte:

• Assistência médico-hospitalar exclusiva para os colaboradores e seus familiares;

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• Associação dos Funcionários do Hospital Moinhos de Vento – AFHMV, que oferece

atividades de lazer e integração, bem como convênios com estabelecimentos comerciais

e empréstimos bancários com taxas de juros menores do que as praticadas no mercado;

• Programa “5S-HMV”, que visa melhorar as condições do ambiente de trabalho;

• Confraternização quadrimestral do Grupo Técnico-Científico;

• Semana da Assistência Integral;

• Semana da Prevenção de Acidentes;

• Outras ações que o HMV pratica como forma de reconhecimento aos seus

colaboradores que já foram citadas anteriormente como cartão de felicitação, churrasco

de final de ano e prêmios por tempo de serviço;

A satisfação dos colaboradores é avaliada desde 1996. Sempre no segundo semestre

do ano é realizada uma pesquisa de clima organizacional. O sistema de comunicação

interna, neste caso os murais, é utilizado pelos Gerentes e Supervisores para incentivar os

colaboradores de sua UGB. Instituiu-se de forma a se manter a privacidade e a liberdade de

expressão dos colaboradores, que uma empresa externa conduzirá o processo desde a

elaboração do instrumento que será aplicado na pesquisa até o relatório final.

Os fatores-chave abordados na pesquisa de clima organizacional são os seguintes:

• Organização no trabalho • Oportunidade de crescimento

• Compensação • Comunicação

• Imagem • Fatores comportamentais

• Relação chefia-subordinado • Gestão pela Qualidade Total

• Condições de trabalho • Prática da Missão e Princípios

• Posicionamento sobre qualidade de vidano trabalho

• Benefícios

Aos resultados é dada relevância devido à revisão do Planejamento Estratégico e à

formulação das diretrizes institucionais. Os Gerentes ao receberem o relatório analisam a

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parte correspondente à sua UGB, discutindo os resultados com sua equipe. Em seguida são

estabelecidas metas específicas de modo que aqueles índices que obtiveram uma pontuação

muito baixa recebam atenção especial uma vez que precisam de melhoria.

Em 1998, foram feitas inovações no método de se verificar a satisfação dos

colaboradores. Houve ampliação do escopo da pesquisa, e o instrumento desta passou a ser

objetivo seguido de uma entrevista em profundidade com 5% dos colaboradores. A

entrevista foi adotada com vistas a validar o instrumento aplicado.

7.4.3 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

Conforme visto acima, a Gerência de Recursos Humanos do HMV é composta por

um total de 30 funcionários. Estes encontram-se distribuídos nas duas áreas que compõem

a Gerência: o CCD (Centro de Capacitação e Desenvolvimento) e a Administração de

Pessoal. Cada uma destas partes tem seu conjunto de atribuições.

O CCD, conforme foi visto no item anterior, é responsável pela formação e

capacitação dos funcionários. A Adm. de Pessoal é responsável pela parte burocrática como

folha de pagamento, cargos e salários e demissão. Também ficam a seu encargo a

definição de políticas e estratégias do departamento.

Há cerca de dois anos atrás, alguns aspectos começaram a mudar. Com a intenção

de transformar as duas partes que compõem o departamento (o CCD e a Adm. de Pessoal)

numa única área, a Gerência deparou-se com a necessidade de repensar o RH.

Para se atingir esse objetivo, estão sendo realizados estudos e visitas a empresas que

têm seu RH já estruturado. A intenção é de conhecer o que está sendo feito nessa área para

se atingir a excelência.

Também há dois anos atrás, foi adquirido um Sistema de Informação para a

Gerência - o RH-Universal. O sistema tem o potencial de gerir automaticamente todas as

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informações pertinentes e relevantes para a Gerência de Recursos Humanos. Isso significa

que ele aborda desde o recrutamento até o desligamento do funcionário da organização.

No entanto, conforme avaliação interna, o potencial do Sistema não tem sido

plenamente explorado. A explicação para o fato é de que inexiste, por parte da alta gerência

do hospital, determinação para se levar adiante o projeto (no HMV assim como em diversas

organizações, as decisões fluem de cima para baixo). Os funcionários, bem como os

gestores de área, demonstram certa hostilidade em relação ao Sistema, não se interessando

em explorar seu conteúdo e suas potencilidades. Um possível entendimento para isto

encontra-se em Chiavenato (1996, pg 22-23) ao referir que"... os paradigmas bitolam as

pessoas e as mantém amarradas em velhos hábitos ou maneiras de pensar ou agir". Isto é,

leva tempo até que as pessoas entendam que uma outra forma de se fazer e pensar as coisas

pode ser mais eficiente. Não ficam de fora também sentimentos de resistência em se utilizar

o Sistema.

Conforme mostrou-se no item anterior essa é, atualmente, uma das questões a ser

compreendida pela Gerência de de Recursos Humanos do HMV: qual o posicionamento

dos seus colaboradores em relação ao sistema em implantação?

Pensa-se que tal questionamento poderá encontrar subsídios à sua compreensão a

partir do que os colaboradores do HMV pensam acerca do Sistema.

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8. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para concretizar o projeto de pesquisa, foi aplicado um questionário a todo o

universo de colaboradores que juntos constituem o CCD e a Administração de Pessoal. O

número de respondentes estimado seria de 30, no entanto o departamento sofreu algumas

mudanças, e por isso o número foi reduzido para 22.

É importante, no entanto, que se conheça antes o sistema adotado pela Gerência de

Recursos Humanos do HMV, para melhor compreender o que se pretende descobrir e qual

o teor das respostas.

8.1 CONHECENDO O SISTEMA

O sistema adotado pela Gerência de Recursos Humanos do Complexo Hospitalar

Moinhos de Vento é dividido por módulos que visam atender cada atividade desenvolvida

dentro da mesma.

Vale lembrar, que o sistema não se compõe apenas deste último, pois agrega

também o For Ponto, que se destina a realizar a tarefa antes desempenhada pelo relógio de

ponto, ou seja, através dele se controla a frequência dos colaboradores da UGB, e de

módulos desenvolvidos pelo próprio Hospital, para atender suas necessidades específicas.

Pois bem, os módulos que constituem o sistema de informações RH-Universal da UGB de

Recursos Humanos são 9: recrutamento e seleção, cargos e salários, treinamento,

administração de pessoal, avaliação de pessoal, benefícios, convênios, segurança do

trabalho e medicina do trabalho. Abaixo será melhor detalhado o conteúdo que cada um

destes módulos abrange.

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Recrutamento e SeleçãoCandidatos • Pessoa física

• Registro de candidatura• Captura do currículo• Restrições admissionais

Requisições • Histórico• Registro de testes• Controle de aprovação

Cargos e SaláriosCargos • Descrição dos cargos e funções

• Definição das habilidades• Definição do perfil (ainda em construção pelo

HMV)• Descrição das atividades• Definição dos requisitos

Salários • Definição de tabelas• Faixas ou pontos (avaliação interna)• Níveis• Conceito de região (filiais)

Treinamentos• Usando as habilidades para o cargo• Nível requisitado na habilidade• Avaliando a performance

Avaliação Individual

• D.N.T. - Diagrama de Necessidades deTreinamento

• Definindo prioridades• Prescrição de treinamento

Treinamento • Registro dos eventos efetuados• Avaliação de reação• Acompanhamento de custos• Formação do funcionário• Atualização automática do currículo

Administração de PessoalFuncionário • Documentos (escaneados)

• Registros de emprego• Históricos funcionais• Registro de dependentes• Histórico de compromissos

Folha de Pagamento • Histórico da movimentação• Férias individuais e coletivas• Rescisões• Integração de ponto (liberado em junho o

ForPonto integrado com o RH_Universal)• Controle de restaurante• Vale transporte e refeição, pensão alimentícia.

O módulo Administração de Pessoal integra: contabilizações, provisionamentos, orçamentos, arquivos parabancos, arquivos legais. Em relação aos relatórios o sistema emite guias, relatórios pré-impressos e temdisponível mais de 200 tipos de relatórios operacionais.

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Avaliação de PessoalAvaliação • Criação de Avaliações (criação de itens)

• Seleção do público a ser avaliadoQuestionário • Pode ser emitido em papel ou não

• Preenchimento on-line• Resultados objetivos e subjetivos

Demonstrativos • Uso de ferramentas para tabulação de resultadose demonstrativos

BenefíciosDefinição • De cada benefício

• Critérios de usoRegistro • Da utilização do benefício por funcionárioIntegração • Geração automática do provento ou desconto

para folha de pagamentoConvênios

Definição • De cada convênio com verbas específicasParcelamento • Automático

• Com ou sem correção das parcelas• Uso de qualquer índice ou cotação

Fechamento • Com o conveniado• Demonstrativo para o funcionário

Integração • Geração automática de provento ou descontopara a folha de pagamento

Segurança do TrabalhoDefinição • De unidade física

• De agente agressivo• De EPA para o curso• De EPA para o local

Registro • De medições e de laudos• De acidentes• De estabilidade• Da formação de equipes

Emissão • CAT - Comunicado de Acidente de TrabalhoMedicina do Trabalho

Definição • Dos pedidos de exames• Para agente agressivo• Idade

Exames • Pedidos• Com receituário automático• Agendamento médico• Audiometrias em formato gráfico

Registro • De exames• Do histórico clínico• Da ficha médica• De atestados

Quadro 14: O Sistema de RH da UGB de Recursos Humanos do HMV.

É possível observarmos que o sistema é bastante completo e complexo. Por ser

extenso, pode causar dúvidas aos colaboradores no momento de decidirem que informação

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pretendem obter, como por exemplo, dos 200 tipos de relatórios que o sistema

disponibiliza, qual deles é relevante para as atividades do colaborador.

8.2 PERFIL DOS COLABORADORES

O grupo de colaboradores da UGB de Recursos Humanos é formado por 26

pessoas, das quais 22 responderam. Os respondentes têm idade mínima de 21 e máxima de

42 anos, com uma média de idade de 34 anos. A maioria dos colaboradores que

responderam são mulheres (de 22 respondentes, 17 são mulheres).

O nível de escolaridade dos colaboradores é de 3º grau (8/11) sendo que a maior

parte deles têm pós-graduação (11/22) e apenas 3 de um total de 22, têm 2º grau. Isto

indica que a UGB de Recursos Humanos têm um bom nível de qualificação.

A tabela a seguir destina-se a elucidar o número de colaboradores por função e por

UGB (CCD ou Administração de Pessoal).

SETOR FUNÇÕES Nº DE PESSOAS

CCD GerenteEnfermeiro ProfessorNutricionistaPsicólogaBibliotecáriaSecretáriaAnalistas de RH

1711122

ADMINISTRAÇÃODE PESSOAL

Médico do trabalhoEngenheiro de Segurança do TrabalhoEnfermeiro do TrabalhoTécnico de Segurança no TrabalhoAnalista de RHAuxiliar Administrativo

111321

Quadro 15: Funções por Setor dentro da Gerência de Recursos Humanos. Fonte: Organogramas HMV

Nota-se que ao lado da função Gerente o valor atribuído é zero, isso se deve ao fato

de a gerente da UGB ter preferido não responder, uma vez que considerou que suas

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respostas seriam muito tendenciosas. Vemos também que não há respostas para o médico

do trabalho, neste caso o responsável pelo cargo não respondeu o questionário, bem como o

nutricionista que está em outro departamento do HMV.

Mais adiante, para conveniência de análise, essas funções serão agrupadas em três

blocos: Administrativo, que se referirá àquelas funções relacionadas com a parte

burocrática da UGB (Secretaria, Analistas de RH, Gerente, Supervisor); Médica, na qual

estarão agrupadas as funções de Médico do trabalho, Enfermeiros, Nutricionista e, por fim;

Segurança, que serão Técnicos em Segurança do Trabalho e Engenheiro de Segurança no

Trabalho.

Quanto ao setor, 11 pessoas de cada setor respondeu ao questionário, isto é, 11

colaboradores do CCD e 11 da Administração de Pessoal, totalizando 22 pessoas. Contando

os outros 4 que não participaram por não se encontrarem na UGB ou por não querer se

manifestar, temos 26 colaboradores na UGB.

O tempo que os colaboradores da Gerência têm no HMV está entre 5 e 10 anos na

sua maioria. Em relação ao tempo de trabalho na própria Gerência, o tempo médio é de

menos de 5 anos. De 22 colaboradores, 9 já trabalharam em outro setor do Hospital.

Podemos concluir que os colaboradores da Gerência de Recursos Humanos são

pessoas com bom nível de instrução, maduras e com experiência no setor que trabalham.

Também identificou-se que alguns dos colaboradores advém de outros setores do HMV.

Tendo classificado o grupo de colaboradores, podemos agora, partir para a próxima fase,

que será responder aos objetivos propostos no início deste estudo.

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8.3 FUNCIONAMENTO DA GERÊNCIA DE RECURSOS HUMANOS ANTES DA ADOÇÃO DO

SISTEMA.

Antes do sistema ser adotado, os colaboradores utilizavam outros programas como o

Quatro Pro e o Database para registrarem e desempenharem suas atividades. As fichas dos

candidatos e outros dados com os quais havia necessidade de manusear, tinham que ser

procurados manualmente o que demandava muito tempo dos colaboradores.

Inclusive os registros que deveriam ser feitos eram processados manualmente,

quando eram feitos, pois por vezes faltavam registros. Isso se explica pelo fato de não haver

tempo suficiente entre uma tarefa e outra para se realizarem os registros necessários.

É possível verificarmos que os colaboradores tinham dificuldade de informações

antes da adoção do sistema. Havia perda de informação no momento que se deixava de

fazer um registro. E em relação ao tempo para se fazer uma busca manual, certamente se

perdia até que se encontrasse o desejado.

8.4 O MODO DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA

Para podermos verificar o modo de implantação do sistema, a primeira preocupação

foi conhecer se teria sido realizado um levantamento de necessidades junto aos

colaboradores da UGB para a adoção do sistema. Conforme foi levantado na literatura, esse

é um passo muito importante para o processo de implantação (nesse caso adoção) do

sistema de informação, pois quando os usuários aceitam o sistema e participam de todo o

processo, as chances de se obter sucesso são maiores. Principalmente, quando sabem que o

sistema tem o propósito de atender às necessidades específicas de cada um.

Os dados levantados proporcionaram as seguintes respostas: 11 respondentes

discordam que tenha sido levantadas as necessidades! Outros 8 respondentes concordam

que o levantamento de necessidades foi realizado.

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Você foi questionado sobre a necessidade daimplantação do sistema de informação na

Gerência de Recursos Humanos.

No. cit. Freq.

Discordo 11 50,00%Indiferente 3 13,64%Concordo 8 36,36%TOTAL OBS. 22 100%

Quadro16: Levantamento de necessidades.

Temos ainda que saber se o sistema foi apresentado aos colaboradores. Este também

constitui um passo relevante para o sucesso da implantação. A questão apresentada aos

colaboradores para identificarmos a resposta foi : "O sistema lhe foi apresentado". De

acordo com o questionário aplicado foram levantados os seguintes dados:

O sistema lhe foi apresentado No. cit. Freq.

Discordo 7 31,82%Indiferente 1 4,55%Concordo 14 63,64%TOTAL OBS. 22 100%Quadro17: Apresentação do sistema.

Aqui vemos que a maioria dos respondentes (14/22) concordam que o sistema foi

apresentado. No entanto, queríamos ainda investigar se essa apresentação foi considerada

ideal, ou seja, suficiente. É oportuno salientar que não basta que os colaboradores

conheçam tecnicamente o software, isto é, como funciona. Normalmente quando o sistema

é "apresentado" por quem o forneceu, essa apresentação não é realizada da forma que

deveria ser, ou seja enfatizando como poderá contribuir com as atividades de cada

colaborador ou o que cada um pode extrair do sistema.

Pelo quadro seguinte, nota-se uma visível discordância de que a apresentação do

sistema tenha sido suficiente ou ideal. Dos 22 respondentes 13 discordam que a

apresentação tenha sido feita de modo ideal.

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O sistema lhe foi apresentado de formaideal.

No. Cit. Freq.

Discordo 13 59,09%Indiferente 2 9,09%Concordo 7 31,82%TOTAL OBS. 22 100%Quadro18: Apresentação ideal.

Como foi realizada então a apresentação do sistema? Das respostas levantadas

através do questionário, 12 se referem a treinamento ou demonstração pelo fornecedor. Ou

seja, o sistema foi adquirido e o fornecedor deu as primeiras explicações (suporte) sobre

como ele funcionaria, para que serviria e que resultados se poderia esperar. Depois, a

própria gerência se incumbiu de dar treinamentos para expor cada um dos módulos que

compõem o sistema, foram verificadas 8 das 22 respostas que comprovam o fato.

Após ter sido analisado o modo de apresentação do sistema e a visão dos

colaboradores em relação a esse fato, resta saber então, que módulos do sistema são mais

conhecidos.

O módulo de treinamento é visivelmente o mais conhecido entre os colaboradores

da Gerência de Recursos Humanos. Dentre 22 respondentes, 11 afirmaram que conhecem o

módulo treinamento. O segundo módulo mais citado é o de Administração de Pessoal com

5 respostas, seguido pelo de Segurança do Trabalho com 4 respostas. Recrutamento e

Seleção e Rescisões têm, cada um, 3 respostas. Os módulos restantes obtiveram 2 respostas

e são: Convênios, Medicina do Trabalho, Folha de Pagamento, Processos Trabalhistas,

Cargos e Salários e o ForPonto. Vale observar que, os módulos Benefícios e Avaliação de

Pessoal não são conhecidos por nenhum colaborador.

Para aprofundar a compreensão, cruzamos alguns dados referentes ao perfil dos

colaboradores com aquelas variáveis utilizadas para se identificar o modo de implantação

do sistema. Vale lembrar que, a escala utilizada para medir as respostas é de 1 para

discordo e 5 para concordo. Isso significa que quanto mais a média se aproxima do número

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1, mais os colaboradores discordam com a afirmação apresentada, e quanto mais se

aproxima do número 5, mais concordam. Os resultados são bastante interessantes.

Podemos observar que as mulheres concordam mais (1,94) que haja empenho dos

superiores para que a implantação do sistema realmente ocorra. Vale ressaltar ainda, que a

média de respostas do item referente ao empenho dos superiores é baixa em relação às

demais. Analisando a variável sobre a apresentação, se ela foi ideal ou não, vemos que os

homens são mais favoráveis (3,00) que a apresentação tenha sido realizada de modo ideal.

Você foi questionado sobre anecessidade da implantaçãodo sistema de informação na

Gerência de RecursosHumanos.

O sistema lhe foiapresentado.

O sistema lhe foiapresentado de

modo ideal.

Falta empenho deseus superiores

para que osistema funcione.

Masculino 2,80 3,40 3,00 2,20Feminino 2,65 3,41 2,59 1,94CONJUNTO 2,68 3,41 2,68 2,00

Quadro 21: Sexo x Apresentação do sistema.

De acordo com o quadro que segue, podemos verificar que aqueles colaboradores

que que menos concordam com o fato de que falte empenho por parte dos superiores têm o

3º grau (1,57). Já os que possuem o 2º grau estão acima da média (3,00) no que diz respeito

ao empenho dos superiores, na visão deles falta empenho dos superiores mais do que para

os outros grupos.

Você foi questionadosobre a necessidade da

implantação do sistema deinformação na Gerência de

Recursos Humanos.

O sistema lhe foiapresentado.

O sistema lhe foiapresentado de

modo ideal.

Falta empenho deseus superiores

para que osistema funcione.

2º grau 2,33 3,00 2,67 3,003º grau 2,50 3,13 2,88 1,57Pós-grad. 2,91 3,73 2,55 2,00CONJUNTO 2,68 3,41 2,68 2,00

Quadro 22: Escolaridade X Apresentação do sistema.

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Através do próximo quadro podemos visualizar que o CCD concentra grande parte

do pessoal menos favorável ao fato de que houve levantamento de necessidades (2,09) e

discordam mais que falte empenho dos superiores (1,60) para o processo de implantação do

sistemas.

Você foi questionado sobrea necessidade da

implantação do sistema deinformação na Gerência de

Recursos Humanos.

O sistema lhefoi apresentado.

O sistema lhefoi apresentadode modo ideal.

Falta empenhode seus

superiores paraque o sistema

funcione.

CCD 2,09 3,09 2,45 1,60Adm. dePessoal

3,27 3,73 2,91 2,36

CONJUNTO 2,68 3,41 2,68 2,00Quadro23: Setor x Apresentação do Sistema.

No quadro 24 verificamos que, na visão dos colaboradores engajados em atividades

administrativas, foi feito um levantamento de necessidades mais do que para as outras

funções (3,33), para a segurança aliás, a concordância para este fato está abaixo da média

(2,00). A realização da apresentação do sistema tem o aval mais positivo para as funções

administrativas (3,67) e médicas - enfermeiros - (3,56) da Gerência, enquanto que para as

funções de segurança a média para essa variável é mais baixa (2,50). Podemos constatar

que para essas mesmas funções (segurança) a média que representa falta de empenho dos

superiores é maior que para as demais funções (3,00), ou seja, na visão destes

colaboradores também falta empenho dos superiores.

Você foi questionado sobre anecessidade da implantaçãodo sistema de informação na

Gerência de RecursosHumanos.

O sistema lhefoi

apresentado.

O sistema lhe foiapresentado de

modo ideal.

Falta empenhode seus

superiores paraque o sistema

funcione.

Administrativo 3,33 3,67 3,22 1,63Área fim(méd./enf.)

2,33 3,56 2,44 1,89

Segurança 2,00 2,50 2,00 3,00CONJUNTO 2,68 3,41 2,68 2,00

Quadro24: Função x Apresentação do Sistema.

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8.5 ANÁLISE DO SISTEMA FRENTE ÀS ATIVIDADES DIÁRIAS DOS COLABORADORES DA

UGB

Foi questionado aos colaboradores se eles conheciam o sistema (considerando que o

Sistema compreende o RH Universal, ForPonto e os demais módulos definidos para atender

as necessidades da UGB). Essa pergunta iniciava o questionário que lhes foi aplicado. De

acordo com os resultados, dos 22 colaboradores que responderam, 18 conhecem o sistema,

ou seja, a grande maioria.

Em relação ao fato de eles utilizarem esse módulo (o que mais conhecem),

constatamos que, dos 22 colaboradores, 17 utilizam o sistema em suas atividades diárias.

Não só aqueles que conhecem apenas o módulo Treinamento, que é o mais conhecido, mas

todos os que conhecem algum módulo do sistema, utilizam-no. Outro dado levantado pela

pesquisa foi que todos os colaboradores (de 22 respondentes, apenas 1 disse não utilizar

com essa frequência) utilizam microcomputadores diariamente, e isso não os deixa tensos,

trabalhar com a máquina é algo rotineiro para os colaboradores.

Para avaliar o sistema em relação às atividades diárias dos colaboradores, foram

utilizadas quatro variáveis, identificadas na tabela abaixo. Verifica-se que os colaboradores

concordam que o sistema contribui para as atividades diárias, que provoca melhoria nas

mesmas e proporciona mais agilidade. Diante disso, discordam que o sistema não tenha

alterado o ritmo de trabalho. Isso é até lógico, pois uma vez que admitiram todas as

variáveis anteriores, que justamente provam que o sistema é um aliado para a realização das

tarefas diárias, seria contraditório dizer que não ocorreram mudanças no ritmo de trabalho.

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Discordo Indiferente Concordo TOTALO sistema contribui para a realizaçãodas suas atividades.

2 2 17 22

Suas atividades melhoraram comautilização do Sistema.

2 7 12 22

O sistema agiliza seu trabalho que,agora, necessita de menos tempopara ser executado.

3 7 11 22

Não houve mudança no seu ritmo detrabalho em função do Sistema.

12 2 7 22

Quadro25: O sistema em relação às atividades diárias

Vimos, nos quadros 17 e 18, que o sistema foi apresentado de forma considerada

não ideal pelos colaboradores, e que, mesmo assim, utilizam o módulo que conhecem em

suas atividades diárias. Até o presente momento, o que se pode concluir é que as opiniões

são favoráveis ao sistema.

Seguindo a escala de 1 a 5, onde 1 significa discordo e 5 concordo, foram realizados

outros cruzamentos para tornar a análise mais coesa. Podemos observar que para os homens

(4,20) o sistema contribui mais para a realização de suas atividades do que para as mulheres

(3,69). Vale lembrar ainda, que o número de mulheres é bastante superior ao de homens na

Gerência.

O sistema contribuipara a realização de

suas atividades.

Suas atividadesmelhoraram com

a utilização doSistema.

O sistema agiliza seutrabalho que, agora,necessita de menos

tempo para serexecutado.

Não houvemudanças no seuritmo de trabalho

em função dosistema.

Masculino 4,20 3,60 3,40 2,80Feminino 3,69 3,56 3,44 2,50CONJUNTO 3,81 3,57 3,43 2,57Quadro26: Sexo x Atividades diárias.

No quadro 27, podemos observar que a Administração de Pessoal apresenta maior

concordância (4,09) com a contribuição do sistema na realização das tarefas diárias.

Podemos verificar também que a média da variável que analisa o ritmo de trabalho é

bastante baixa (2,57), o que significa haver concordância com relação a mudança causada

pelo sistema.

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O sistema contribuipara a realização de

suas atividades.

Suas atividadesmelhoraram com

a utilização doSistema.

O sistema agiliza seutrabalho que, agora,necessita de menos

tempo para serexecutado.

Não houvemudanças no seuritmo de trabalho

em função dosistema.

CCD 3,50 3,60 3,40 2,60Adm. dePessoal

4,09 3,55 3,45 2,55

CONJUNTO 3,81 3,57 3,43 2,57Quadro27: Setor x Atividades Diárias.

Considerando os diferentes tipos de atividades existentes dentro da UGB de

Recursos Humanos, verifica-se no quadro abaixo que, para o grupo administrativo, as

mudanças no ritmo de trabalho existem (1,88). Já para as atividades de segurança (4,00),

essas mudanças não foram sentidas da mesma forma que para a primeira. Devemos

observar que questiona-se o fato de não haver ocorrido mudanças no ritmo de trabalho em

função do sistema. Também estão abaixo da média a melhoria nas atividades (3,00) e a

agilidade (3,00) proporcionadas pelo sistema, na percepção dos colaboradores das

atividades de segurança.

O sistemacontribui para a

realização desuas atividades.

Suas atividadesmelhoraram com a

utilização doSistema.

O sistema agiliza seutrabalho que, agora,necessita de menos

tempo para serexecutado.

Não houvemudanças noseu ritmo detrabalho emfunção dosistema.

Administrativo 3,75 3,50 3,38 1,88Área fim(méd./enf.)

3,78 3,89 3,67 2,56

Segurança 4,00 3,00 3,00 4,00CONJUNTO 3,81 3,57 3,43 2,57Quadro28: Função x Atividades diárias.

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8.6 OPINIÃO DOS COLABORADORES SOBRE O SISTEMA

Nos interessava saber o que os colaboradores pensam de fato sobre o sistema. Para

isso, eles foram questionados sobre o sistema, sua utilidade e as vantagens e desvantagens

do mesmo. Pedimos também que se manifestassem sobre as modificações ocorridas no

desenvolvimento de suas atividades.

O quadro seguinte mostra o que os colaboradores pensam em relação ao uso do

sistema e sua utilidade no dia-a-dia dentro da Gerência. Verificou-se concordância nas

variáveis colocadas para responder essa questão, ou seja, os colaboradores utilizam o

sistema em suas atividades diárias (ponto já salientado acima), verificando-se 17 respostas

concordando, e têm facilidade para manuseá-lo (11/22). A variável treinamento salienta a

necessidade de maiores instruções para otimizar a aprendizagem do sistema, à qual os

colaboradores foram favoráveis, 17 dos 22 respondentes concordam com a afirmação

colocada. Os colaboradores têm como meta aprender a manusear melhor o sistema (18/22),

o que é muito bom, pois identifica-se uma predisposição para uma utilização potencial.

Discordo Indiferente Concordo TOTALVocê utiliza o sistema nas suasatividades diárias.

3 1 17 22

Você tem facilidade paramanusear o sistema.

7 3 11 22

Você considera seremnecessários mais treinamentosem relação ao sistema.

2 2 17 22

Aprender a manusear o sistemaé uma meta sua.

2 0 18 22

Quadro29: Uso do sistema.

Dos demais cruzamentos realizados entre as variáveis que identificam a opinião dos

colaboradores em relação ao uso do sistema, os dados obtidos não foram muito relevantes.

Devemos lembrar-nos sempre da escala utilizada: 1 para discordo e 5 para concordo.

Os homens apresentaram maior média nos itens que se referem à utilização do

sistema nas atividades diárias (4.40) e a facilidade de manuseá-lo (3,40). Enquanto que,

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para as mulheres existe maior necessidade de treinamento (4,19) ao mesmo tempo que

apresentam maior predisposição para aprender a dominar o sistema (4,13).

Os colaboradores que possuem o 2º grau utilizam mais o sistema em suas atividades

diárias do que as demais categorias (4,33), é também o grupo que apresenta menos

facilidade de lidar com ele (2,67), logo a média para a variável relacionada à necessidade

de treinamento é mais alta (4,00). Além disso, é o grupo que tem a média mais alta para a

questão do aprendizado (4,33), isso significa que têm mais interesse em aprender o sistema.

Em relação aos setores dentro da UGB de Recursos Humanos, a média para as

variáveis são praticamente as mesmas, não aparecendo distorções. A única ressalva que

pode ser feita é que os colaboradores da Administração de Pessoal são os que mais

utilizam o sistema em suas atividades diárias (4,18).

Especificando por função, o sistema é utilizado diariamente pelos colaboradores da

categoria que agrupa as atividades de segurança (4,00) mais do que para as demais. Mas é

esta mesma categoria que tem dificuldade de manusear a nova ferramenta (2,25), sendo

portanto, na opinião deles, necessários mais treinamentos (4,25). A categoria que apresenta

a menor média para esta variável (treinamento) é a que agrupa as atividades administrativas

(3,88). A categoria segurança é também a que apresenta maior predisposição para o

aprendizado (4,25), enquanto que o grupo das atividades administrativas tem a menor

média para este item (3,86).

Em relação ao sistema e sua operacionalidade, como os colaboradores opinam?

Aqui busca-se identificar se o sistema é amigável, ou seja, se ao acessá-lo ele mostra-se

compreensível, auto-explicativo. Sobre essa questão obtivemos as seguintes respostas:

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Não-resp. Discordo Indiferente Concordo TOTALA disposição dos dados natela é compreensível.

3 3 6 10 22

Você considera que oconteúdo abordado pelosistema para o desempenhodas suas atividades ésuficiente.

2 9 3 8 22

O sistema precisa seraprimorado.

1 0 4 17 22

O sistema é uma ferramentaessencial para o desempenhode suas atividades.

1 2 4 15 22

O uso do sistema facilita muitoas atividades dentro daGerência de RecursosHumanos nos dias atuais.

2 1 3 16 22

Quadro 30: Opinião sobre o sistema.

Em relação à disposição dos dados na tela a maioria dos respondentes concorda que

é compreensível (10/22), no entanto, um grande número (6/22) mostra indiferença a essa

questão. O conteúdo abordado, na visão dos colaboradores é insuficiente para o

desempenho das atividades (9/22), por isso a concordância quando perguntamos sobre a

necessidade de aprimoramento do sistema (17/22). O sistema é considerado uma ferramenta

essencial de trabalho para a Gerência de Recursos Humanos (15/22), facilitando a

realização das atividades na mesma nos dias atuais (16/22).

Tendo visto as opiniões sobre a utilidade, facilidade e contribuição do sistema para

as atividades dos colaboradores da Gerência, resta-nos conhecer quais as vantagens

percebidas pelos mesmos.

É possível identificarmos alguns pontos mais salientes no que diz respeito às

vantagens vistas pelos colaboradores: utilidade, disponibilidade de informações,

padronização de registros, agilidade, facilidade, confiabilidade, permite ter um banco de

dados e acessibilidade. Estes são os pontos mais citados pelos colaboradores (incidência de

4 a 3 respostas coletadas), no entanto ainda surgiram outros como: objetividade, auto-

explicação (o sistema é fácil de manusear), segurança, otimização de informações e

organização. Estes últimos com menor incidência de respostas (2 a 1 respostas). O que

confirma mais uma vez a questão relatada acima de que o sistema é amigável, útil e fácil.

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Com relação as desvantagens, observamos a manifestação de pontos como: o

sistema não se adapta à realidade da Gerência, dificuldade de emitir relatórios, lançamentos

complicados no sistema e o fato de o sistema ser parcial, isso significa, não estar

completamente adotado tendo apenas alguns módulos em uso.

Aqui só a título de curiosidade, observemos o quadro que segue:

Item Número de palavras Número médio de palavrasVantagens 234 11,70Desvantagens 358 18,84Quadro 33: O jogo das palavras entre vantagens e desvantagens.

Para enunciar as vantagens oferecidas pelo sistema, foram utilizadas 234 palavras,

com um número médio de 12 palavras por resposta, enquanto que, para as desvantagens

foram utilizadas 358 palavras e um número médio de 19 palavras. Isso só a título de

curiosidade, para ressaltar que os respondentes detiveram-se mais tempo respondendo à

questão referente às desvantagens do que às vantagens.

Seguindo a lógica da escala de 1 a 5 (1 para discordo e 5 para concordo),

detalhamos os cruzamentos para extrairmos mais informações sobre o uso do sistema.

Para os homens existe maior necessidade de aprimoramento do sistema (4,40), uma

vez que não consideram o conteúdo abordado suficiente (2,60), tampouco a disposição dos

dados é compreensível (3,00), no entanto concordam mais que as mulheres que a

ferramenta seja essencial para suas atividades (4,40), mas consideram menos verdade que a

mesma facilite as atividades da UGB de Recursos Humanos (4,00).

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A disposiçãodos dados na

tela écompreensível.

Você consideraque o conteúdoabordado pelosistema para o

desempenho dassuas atividades é

suficiente.

O sistemaprecisa se

aprimorado.

O sistema é umaferramenta

essencial para odesempenho desuas atividades.

O uso do sistemafacilita muito as

atividades dentroda Gerência de

Recursos Humanosnos dias atuais.

Masculino 3,00 2,60 4,40 4,40 4,00Feminino 3,64 3,13 3,94 3,56 4,27CONJUNTO 3,47 3,00 4,05 3,76 4,20Quadro 34: Sexo x Sistema.

Podemos verificar que há maior insatisfação em relação à disposição dos dados e

conteúdo abordado para os colaboradores da Administração de Pessoal (3,33). Este mesmo

setor acredita na necessidade de aprimoramento do sistema (4,27) e o que considera a

ferramenta essencial para a realização de suas atividades diárias (4,09). Com relação a

constituir um facilitador para as atividades da UGB a média é menor (4,09) quando

comparada com o CCD (4,33).

A disposiçãodos dados na

tela écompreensível

Você considera que oconteúdo abordadopelo sistema para o

desempenho dassuas atividades é

suficiente.

O sistemaprecisa se

aprimorado.

O sistema é umaferramenta

essencial para odesempenho desuas atividades.

O uso do sistemafacilita muito as

atividades dentro daGerência de Recursos

Humanos nos diasatuais.

CCD 3,60 3,30 3,80 3,40 4,33Adm. dePessoal

3,33 2,70 4,27 4,09 4,09

CONJUNTO 3,47 3,00 4,05 3,76 4,20Quadro35: Setor x Sistema.

As funções relacionadas à segurança são as que mais vêem problemas com relação

ao sistema. Para estas funções, as médias para as variáveis disposição dos dados (2,75) e

conteúdo abordado (2,00) são inferiores às dos demais grupos. Logo, para essas funções o

sistema precisa de aprimoramentos (4,25). No entanto, o sistema é considerado uma

ferramenta essencial às suas atividades (4,00). Já para as funções médicas a média é menor

(3,44), ou seja, não consideram tanto quanto os demais grupos que o sistema seja essencial

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para suas atividades. Com o fato de o sistema ser um facilitador ou não para as atividades

da UGB, as funções agrupadas no "administrativo" apresentam maior aceitação (4,50).

A disposiçãodos dados na

tela écompreensível

Você considera que oconteúdo abordadopelo sistema para o

desempenho dassuas atividades é

suficiente.

O sistemaprecisa se

aprimorado.

O sistema é umaferramenta

essencial para odesempenho desuas atividades.

O uso do sistemafacilita muito as

atividades dentro daGerência de Recursos

Humanos nos diasatuais.

Administrativo 3,67 3,29 4,00 4,00 4,50Área fim(méd./enf.)

3,67 3,22 4,00 3,44 4,38

Segurança 2,75 2,00 4,25 4,00 3,25CONJUNTO 3,47 3,00 4,05 3,76 4,20Quadro 36: Função x Sistema.

8.7 MUDANÇAS PERCEBIDAS PELOS COLABORADORES

Os dados levantados através das respostas dos colaboradores da UGB de Recursos

Humanos, apontam como mudanças trazidas pelo sistema o fato da atual existência de

registros, além da rapidez e agilidade na condução dos processos. Também foi levantada a

questão da otimização das informações com o sistema. No entanto, foi bastante grande o

número de não citações para essa questão. As mudanças percebidas foram muito poucas,

perto do que poderia ter sido no caso da adoção de um sistema de informação. No entanto,

esse resultado um tanto desapontador é em virtude do não conhecimento do sistema e pela

falta de treinamento aos colaboradores. A melhoria na execução de tarefas como registros e

busca dos mesmos (não são mais realizadas manualmente) parece relevante para os

colaboradores da UGB.

As sugestões para melhoria do sistema apontadas pelo colaboradores são as

seguintes:

• Rever treinamentos • Definir um política de utilização do

sistema

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• Agilizar os cálculos e relatórios • Mais incentivo

• Disponibilizar informações • Envolver as pessoas

• Rever os demais itens • Disponibilizar mais terminais

• Rever o cadastramento • Terminar a implantação

• Adaptar o sistema à realidade do

Hospital

• Programas mais específicos às

necessidades

De acordo com as análises realizadas, nota-se que não existe resistência por parte

dos colaboradores. Ao contrário, estes se mostraram bastante receptivos à adoção da nova

ferramenta, ao mesmo tempo que estão um pouco perdidos, por não conhecerem de fato

que benefícios podem ter com a utilização do sistema. No próximo tópico serão

apresentadas as conclusões do trabalho.

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9. CONCLUSÃO

Este estudo buscou conhecer porque a adoção de um sistema de informações na

Unidade de Gerência Básica (UGB) de Recursos Humanos, nome dado pelo Hospital

Moinhos de Vento ao setor mais conhecido como Administração de Pessoal, não obteve até

agora o sucesso almejado, bem como de que forma essa adoção influenciaria no

desempenho dos colaboradores daquela Gerência.

Segundo dados levantados na literatura, existem pontos que não podem ser

esquecidos para que a implantação de um sistema saia a contento. O primeiro deles é

conhecer quem são os usuários finais e fazer um levantamento de suas necessidades, para

depois desenvolver o sistema.

Constatamos que no primeiro ponto a UGB falhou, pois segundo a pesquisa

realizada houve quase unanimidade na questão de não haver sido realizado um

levantamento de necessidades.

Um sistema de informações tem o objetivo de auxiliar no momento da decisão, ele

funciona como um suporte. Mas para que possa cumprir sua função, deve antes atender às

necessidades de informação de seus usuários. Os usuários devem saber que tipo de

informações obterão ao acessar o sistema.

Os colaboradores da UGB de Recursos Humanos salientaram a dificuldade de se

introduzir dados, a não compatibilidade com a realidade da UGB e do Hospital, a

insuficiência do conteúdo abordado para que possam desempenhar suas tarefas, a

dificuldade de se emitir relatórios e o tempo que o sistema leva para realizar um cálculo.

Se há dificuldade de se introduzir dados significa que os colaboradores não têm

conhecimento do sistema. Esse foi outro ponto diagnosticado na análise de resultados. O

sistema foi adquirido e o treinamento que receberam foi proveniente do fornecedor. Ou

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seja, o sistema foi apresentado tecnicamente aos usuários. Segundo a literatura pesquisada,

isso não pode ocorrer. Vale reforçar o que Sanchés (1996) diz neste estudo sobre as

verdades e mentiras quando da implantação de um sistema de informações. Aqui nos

referimos ao fato de que apenas informações técnicas não são suficientes para que o usuário

conheça o sistema, de que regras impostas não garantirão o sucesso do sistema, que o

usuário deve interagir durante todo o processo, entre outros.

Os usuários têm que saber como podem utilizar o sistema em prol daquelas

atividades que desempenham diariamente a fim de que sejam otimizadas. Com isso, terão

condições de disponibilizar informações relevantes e manipuláveis no momento que

considerarem oportuno.

Quando se pensa em fazer a implantação de uma ferramenta como um sistema de

informação, deve-se fazer um planejamento da infra-estrutura que sustentará o projeto. Os

colaboradores da UGB disseram não haver terminais suficientes e disponíveis para uma

consulta. Ora, se o objetivo de se implantar um sistema de informação, visando

disponibilizar informações em tempo real, o que não pode faltar é a máquina para consulta

dos dados.

Utilizar a máquina e o sistema não constituem um problema para os colaboradores.

Não foi identificado nenhum tipo de resistência. Podemos comprovar isso resgatando o

modelo apresentado por Dias (1997) na página 25 deste relatório. Neste modelo, utilizou-se

três variáveis que auxiliam na identificação de resistência ao uso de computadores, aqui

utilizado para identificar resistência ao uso de um sistema: facilidade de uso, prazer e

utilidade.

Segundo a análise realizada, os colaboradores dizem ter facilidade em usar o

sistema e que os dados na tela são compreensíveis. Detectamos que o grupo que apresenta

maior dificuldade para manusear o sistema tem o 2º grau e desempenham atividades

agrupadas na categoria "segurança", que são os Técnicos de Segurança no Trabalho e

Engenheiro de Segurança no Trabalho, cujas atividades integram a Administração de

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Pessoal. A esse grupo deveria ser dada maior atenção, pois também identificamos ser esse

grupo o que mais utiliza o sistema em suas atividades diárias.

Com relação à utilidade, também não foram encontrados problemas, mesmo com o

pouco conhecimento que os colaboradores têm acerca do sistema. A maioria dos

colaboradores considera que o sistema seja útil em suas atividades, e um facilitador para as

atividades da UGB em geral. No entanto, cabe aqui lembrarmos que os colaboradores não

consideram que o sistema esteja de acordo com a realidade na qual o HMV está inserido.

Visto que os colaboradores não ficam tensos ao lidar com a máquina, muito

provavelmente isto indica que eles têm prazer em utilizar o sistema. Diagnosticamos

poucas respostas que se referiam a que, dependendo da tarefa, lidar com a máquina era

motivo para tensão.

Outro ponto positivo que os colaboradores consideram, é que seus superiores estão

empenhados em fazer com que o projeto dê certo. Isso ressalta o aspecto do envolvimento

das camadas superiores, o que é sem dúvida muito importante para o sucesso da adoção.

Ao solicitarmos sugestões aos colaboradores para melhoria do sistema, ou seja, o

que era necessário mudar ou ser feito para que o sistema tivesse condições de colaborar

mais para a realização de suas atividades, pudemos observar que grande parte pede o

aprimoramento do sistema. Entendemos que aprimorar o sistema, na visão dos

colaboradores, seria fazer com que ele seja mais pertinente à realidade na qual estão

inseridos. Mais do que isso, seria atender às atividades dos colaboradores, de forma que, ao

acessarem o sistema, saibam o que querem buscar e onde encontrar, ou que dados

introduzir, e ainda que relatório emitir.

Também constatamos vários pedidos de treinamento. Ora, se os próprios

colaboradores pedem por treinamento, onde está a resistência? De fato, esta não existe na

UGB.

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Muito importante também seria que os colaboradores estivessem engajados no

processo, isto é, se o sistema for revisto, que eles sejam consultados para que se conheça o

que é necessário. Quando se implanta ou se adota um sistema de informação, se deve ter em

mente quais processos se deseja automatizar. Lembremos que o objetivo da adoção de um

sistema de informação é melhorar as atividades e proporcionar informações confiáveis aos

gerentes.

Nossas sugestões para a Unidade de Gerência Básica de Recursos Humanos do

Hospital Moinhos de Vento são de, em primeiro lugar, rever o sistema. Ver se ele está de

acordo com aquilo que se propôs ao se considerar a possibilidade de adoção de um sistema

de informação. Sim, porque quando se pensou em adotar um sistema, deveriam haver

objetivos a serem alcançados e isso deve ser revisto. Bem como deve ser revisto a que

realidade ele atende. O sistema deve estar o mais próximo possível do contexto da

organização.

Depois disso, se forem realizadas mudanças no sistema ou não, o treinamento dos

colaboradores deve ser enfatizado. Os usuários devem ter presentes os benefícios da adoção

do sistema. Devem saber que todo o processo depende deles, principalmente o sucesso do

empreendimento. Aqui entramos no mérito da comunicação que deve fluir bem entre as

camadas. As dúvidas devem ser sanadas da melhor forma possível e de forma alguma

ignoradas.

Quando nos referimos a treinamento, não estamos dizendo que sejam repassadas

todas as informações técnicas sobre o software. Saber como o software funciona não basta

para que os usuários conheçam o sistema. Como já foi dito, cada um deve conhecer no que

o sistema pode ser útil para suas atividades diárias.

Ao realizar um treinamento não podemos esquecer das limitações de cada indivíduo

no processo de aprendizado. Por exemplo, quanto mais simples for o sistema, não significa

que a necessidade de treinamento seja menor. O que é considerado simples para uma

pessoa, pode não ser considerado assim por outra.

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As necessidades e prioridades são específicas para cada organização. Quando se

adquire um pacote fechado como foi o caso do HMV na compra do RH-Universal, se corre

o risco de acontecer o que foi verificado neste estudo. O sistema não é condizente com a

realidade da organização e os usuários ficam um pouco perdidos. Daí a necessidade de um

levantamento de necessidades.

São estas as considerações que podemos fazer sobre o assunto que se procurou

estudar. Gostaríamos ainda, de ter entrado mais no mérito da confiabilidade do sistema para

os colaboradores, para sabermos por exemplo, se a dificuldade em se emitir relatórios está

no sistema, ou de saber qual relatório se pretende emitir. Temos a consciência de que

apesar de todo o esforço, muito mais poderia ter sido feito, mas esperamos com o que se

apresenta aqui, ter atingido as expectativas, pelo menos em parte.

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