Upload
haquynh
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE INDÚSTRIA DE PESCADO NO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO E ASPECTOS RELATIVOS À CAPACIDADE DE FORMAÇÃO DE BIOFILMES BACTERIANOS.
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PESQUISA E MONITORAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
NITERÓI 2014
KELLY FERNANDA CAMPOS JOSÉ
KELLY FERNANDA CAMPOS JOSÉ
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE INDÚSTRIA DE PESCADO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E ASPECTOS RELATIVOS À
CAPACIDADE DE FORMAÇÃO DE BIOFILMES BACTERIANOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Área de Concentração: Pesquisa e Monitoramento de Produtos para Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. LUCIANA MARIA RAMIRES ESPER
Co-orientadora: Profa. Dra. ALICE GONÇALVES MARTINS GONZALEZ
NITERÓI
2014
KELLY FERNANDA CAMPOS JOSÉ
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE INDÚSTRIA DE PESCADO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E ASPECTOS RELATIVOS À
CAPACIDADE DE FORMAÇÃO DE BIOFILMES BACTERIANOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Área de Concentração: Pesquisa e Monitoramento de Produtos para Saúde.
Aprovada em 24 de fevereiro de 2014.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. LUCIANA MARIA RAMIRES ESPER - Orientadora Universidade Federal Fluminense - UFF
Prof. Dr. ZANDER BARRETO MIRANDA Universidade Federal Fluminense - UFF
Profa. Dra. KAREN SIGNORI PEREIRA Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Niterói 2014
AGRADECIMENTOS
À Deus em primeiro lugar, pela minha existência, por me dar condições
físicas, mentais e emocionais, permitindo- me em vida, atingir as metas que busquei,
com muito esforço e dedicação, como a etapa que ora se concretiza, a busca do
Título de Mestre;
À minha mãe Marlene Campos e ao meu tio José Campos, exemplos de
caráter, dignidade e princípios, a quem me orgulho e agradeço pela educação,
carinho e por me incentivarem sempre a seguir em frente, independente das
dificuldades;
Ao meu namorado, Rafael Xavier, por todo amor, amizade, dedicação,
confiança e, sobretudo, pela paciência inesgotável, durante meus muitos momentos
de estresse, sempre tentando me confortar nas situações mais difícies. Mais do que
me incentivar, você fez parte desta conquista, que não é só minha, é nossa. Muito
obrigada por seus apoios psicológico e emocionais ao longo de todo o trabalho, e
principalmente na etapa final, assim como seus conhecimentos técnicos, que
certamente foram primordiais para que esse trabalho existisse. MUITO OBRIGADA
POR FAZER PARTE DA MINHA VIDA! TE AMO!
À minha orientadora, professora Dra. Luciana Maria Ramires Esper, pela
amizade, compreensão, paciência, discussões, ensinamentos e risadas. Com
certeza foi mais fácil concluir esta etapa com a sua ajuda;
À minha co-orientadora, professora Dra. Alice Gonçalves Martins Gonzalez,
pela amizade e ensinamentos transmitidos;
Aos professores Geraldo e Lenise, por todos os ensinamentos ao longo de
nossos seminários, contribuindo assim para minha formação e para a construção
deste trabalho;
Aos meus amigos do mestrado e colegas de trabalho, em especial à Gabi
pelos momentos de descontração e à Thalita, pela dedicação, comprometimento e
seriedade, sempre me apoiando na execução das análises;
Ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (REUNI) pelo auxílio financeiro;
A todos aqueles que me apoiaram, direta ou indiretamente, e me levaram ao
crescimento pessoal e profissional.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS, p. 3
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS, p. 7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES, p. 10
LISTA DE TABELAS, p. 11
RESUMO, p. 12
ABSTRACT, p. 13
1 INTRODUÇÃO, p. 14
2 OBJETIVOS, p. 16
2.1 OBJETIVO GERAL, p. 16
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, p. 16
3 REVISÃO DE LITERATURA, p. 18
3.1 A PESCA NO BRASIL E NO MUNDO, p. 18
3.2 O PESCADO NA ALIMENTAÇÃO, p. 20
3.3 QUALIDADE DO PESCADO E PRESENÇA DE MICRORGANISMOS, p. 22
3.4 FORMAÇÃO DE BIOFILMES BACTERIANOS, p. 24
3.5 BIOFILMES BACTERIANOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS E SEUS
RISCOS, p. 26
3.6 PROCEDIMENTOS DE HIGIENIZAÇÃO NA INDÚSTRIA, p. 27
3.7 AÇÃO DE SANITIZANTES SOBRE BIOFILMES BACTERIANOS, p. 28
3.8 RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIMICROBIANOS, p. 29
4 MATERIAL E MÉTODOS, p. 32
4.1 AMOSTRAS E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL, p. 32
5
4.2 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DA PLANTA, p.32
4.3 ANÁLISE DOS PONTOS CRÍTICOS E AMOSTRAGEM, p. 33
4.4 ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS, p. 34
4.4.1 Contagem de Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas, p. 34
4.4.2 Isolamento e identificação de Salmonella spp., p. 35
4.4.2.1 Pré-enriquecimento, enriquecimento e plaqueamento seletivo, p. 35
4.4.2.2 Reações nos meios TSI e LIA, p. 36
4.4.2.3 Confirmação sorológica, p. 38
4.4.3 Contagem de Staphylococcus coagulase positiva, p. 38
4.4.3.1 Provas confirmatórias, p. 39
4.4.4 Contagem de coliformes totais e Escherichia coli, p. 40
4.4.4.1 Interpretação e contagem, p. 41
4.4.4.2 Teste de sensibilidade a antimicrobianos, p. 42
4.4.5 Isolamento e identificação de Listeria spp., p. 43
4.4.5.1 Interpretação e contagem, p. 44
4.4.5.2 Provas bioquímicas, p. 46
4.4.6 Pesquisa de Bacillus cereus, p. 48
4.4.6.1 Caracterização de Bacillus cereus, p. 48
4.5 PREPARO DOS CUPONS DE AÇO INOXIDÁVEL, p. 49
4.6 FORMAÇÃO DE BIOFILMES EM SUPERFÍCIE DE AÇO INOXIDÁVEL, p. 50
4.7 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE CÉLULAS SÉSSEIS, p. 50
4.8 PREPARO DAS SOLUÇOES SANITIZANTES, p. 51
4.9 ANÁLISE DA EFICÁCIA DE SANITIZANTES NA REMOÇÃO DE BIOFILMES,
p. 51
4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA, p. 52
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 53
5.1 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DA PLANTA, p. 53
5.2 ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS, p. 55
5.2.1 Contagem de Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas, p. 55
5.2.2 Isolamento e identificação de Salmonella spp., p.57
5.2.3 Contagem de Staphylococcus coagulase positiva, p. 58
5.2.4 Contagem de coliformes totais e Escherichia coli, p. 59
5.2.4.1 Teste de sensibilidade a antimicrobianos, p. 61
5.2.5 Isolamento e identificação de Listeria spp., p. 62
5.2.6 Pesquisa de Bacillus cereus, p. 63
5.3 AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO DE BIOFILME EM SUPERFÍCIE DE AÇO
INOXIDÁVEL, p. 64
5.4 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE SANITIZANTES NA REMOÇÃO DE BIOFILMES
FORMADOS, p. 68
6 CONCLUSÕES, p. 72
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 74
8 APÊNDICES, p. 90
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
#4 Acabamento 4
APC Ágar Padrão para Contagem
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AISI “American Iron and Steel Institute”
APHA “American Public Health Association”
ATCC “American Type Culture Collection”
NH3 Amoníaco
APPCC Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
ANOVA Análise de Variância
AOAC “Association of Official Analytical Chemists”
BHAM Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas
BAM “Bacteriological Analytical Manual Online”
BHI “Brain Heart Infusion”
BP Baird-Parker
BS Bismuto Sulfito
BPF Boas Práticas de Fabricação
cm centímetro
cm2 centímetro quadrado
CLSI “Clinical and Laboratory Standards Institute”
EHEC Escherichia coli Enterohemorrágica
EIEC Escherichia coli Entero-Invasiva
EPEC Escherichia coli Enteropatogênica
ETEC Escherichia coli Enterotoxigênica
EPS Exopolissacarídeo
FAO “Food and Agriculture Organization”
CO2 Gás Carbônico
g/L grama por litro 0C Grau Celsius
HE Entérico de Hektoen
LIA “Lysine Iron Agar”
log logaritmo decimal
+ mais
mais ou menos
MYP “Mannitol Yolk Polymyxin”
< menor que
mg.L-1 miligrama por litro
mL mililitro
MH Müller Hinton
N Normalidade
no número
NMP/cm2 Número Mais Provável por centímetro quadrado
OMS Organização Mundial da Saúde
p/v peso por volume
PBS “Phosphate Buffered Saline”
% porcentagem
pH potencial Hidrogeniônico
PPHO Procedimentos Padrão de Higiene Operacional
RVS Rappaport-Vassidilis Soja
RIISPOA Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem
Animal
RDC Reunião Diretiva Colegiada
SIF Serviço de Inspeção Federal
H2S Sulfeto de Hidrogênio
SRK “Swabs Rinse Kits”
TT Tetrationato
TSA Ágar Triptona de Soja
TSI “Triple Sugar Iron”
TSA-YE “Trypticase Soy Agar with Yeast Extract”
TSB “Tryptic Soy Broth”
TSB-YE “Tryptic Soy Broth with Yeast Extract”
UV Ultra-Violeta
UFC Unidade Formadora de Colônia
UFC/cm2 Unidade Formadora de Colônia por centímetro quadrado
UFC/g Unidade Formadora de Colônia por grama
UFF Universidade Federal Fluminense
VRB “Vilolet Red Bile”
v/v volume por volume
XLD Xilose Lisina Desoxicolato
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Produção de pescado (t) nacional em 2010 e 2011 discriminada por
região, p. 19
Figura 2 Representação esquemática da formação de biofilme bacteriano, p. 26
Figura 3 Fluxograma de processamento do pescado em conserva, p. 33
Figura 4 Material com suspeita de Salmonella spp. em meio TSI. p. 37
Figura 5 Coloração Gram de lâmina de Staphylococcus spp. p. 39
Figura 6 Placas Petrifilm com colônias de coliformes e Escherichia coli, p. 42
Figura 7 Placa Petrifilm com colônias de Listeria spp. p. 45
Figura 8 Galeria pré-incubação e caixa de incubação com água destilada nos
alvéolos, p. 47
Figura 9 Galerias API
– Listeria pós-incubação (A e B) e ficha dos resultados
(B), p. 48
Figura 10 Colônias sugestivas de Bacillus cereus em placa de petri com MYP,
p.49
Figura 11 Percentuais de não-conformidades dos grupos de itens avaliados
segundo lista de verificação aplicada à indústria, p. 53
Figura 12 Evolução da população de células sésseis de Escherichia coli isoladas
de superfície de equipamentos sobre cupons de aço inoxidável AISI
304 # 4, p. 65
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resultados das análises bacteriológicas de amostras de superfície em
indústria de pescado para: Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas (BHAM),
Stapylococcus coagulase positiva (Staphy. C+), Salmonella spp. (Salm.), Escherichia
coli (EC), Listeria spp. (List.) e Bacillus cereus (BC), p. 101
Tabela 2 Perfil de susceptibilidade das cepas de Escherichia coli isoladas em
superfície de equipamentos frente aos antimicrobianos, p. 102
Tabela 3 Percentual de classificação do comportamento das cepas de
Escherichia coli isoladas frente aos antimicrobianos testados, p. 103
Tabela 4 Formação de biofilme por cepa controle e cepas de E. coli isoladas de
superfícies de equipamentos sobre cupons de aço inoxidável AISI 304 #4, p. 65
Tabela 5 Efeito da aplicação de sanitizantes sobre biofilmes de E. coli (EED1)
formados em cupons de aço inoxidável AISI 304 #4 a partir de ponto amostrado em
indústria de pescado, p. 69
Tabela 6 Efeito da aplicação de sanitizantes sobre biofilmes de E. coli (EED2)
formados em cupons de aço inoxidável AISI 304 #4 a partir de ponto amostrado em
indústria de pescado, p. 69
Tabela 7 Efeito da aplicação de sanitizantes sobre biofilmes de E. coli (EED3)
formados em cupons de aço inoxidável AISI 304 #4 a partir de ponto amostrado em
indústria de pescado, p. 70
RESUMO
O pescado é um alimento de excelente valor nutritivo devido às suas vitaminas,
proteínas e ácidos graxos insaturados, no entanto, pode veicular uma variedade de
microrganismos patogênicos ao homem, aumentando a preocupação com a
qualidade sanitária. Nesse contexto, a formação de biofilme na indústria de
alimentos representa uma preocupação por sua potencialidade em resistir a
tratamentos sanitizantes, além da possibilidade de perda da qualidade por
deterioração e/ou veiculação de patógenos, justificando assim, a importância de uma
correta higienização na indústria. Neste estudo objetivou-se identificar
microrganismos presentes nas superfícies de processamento de pescado, assim
como avaliar a capacidade de formação de biofilmes bacterianos em equipamentos
e sinalizar maneiras de evitar sua formação. Para tal, foi realizada a avaliação de
superfícies através do método “swab”, com coleta de amostras das superfícies do
tanque de lavagem, esteira de evisceração e descabeçamento e tanque de
armazenamento de molho de cobertura, em uma indústria de pescado do Estado do
Rio de Janeiro, através de três visitas aleatórias realizadas em diferentes meses do
ano. As referidas amostras foram encaminhadas sob refrigeração para o Laboratório
de Higiene e Microbiologia de Alimentos da Faculdade de Farmácia – UFF, onde
foram processadas conforme métodos e recomendações oficiais. Em relação aos
resultados foram constatadas não conformidades na lista de verificação, com
situação mais crítica observada no item manipuladores. Na análise bacteriológica
evidenciou-se elevadas contagens de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas,
presença de Salmonela spp., Listeria spp., Bacillus spp., coliformes totais e
Escherichia coli. Demonstrou-se capacidade de formação de biofilme por cepas de
E. coli isoladas nas três visitas realizadas. Na avaliação da eficácia de sanitizantes
de uso industrial, foram observados melhores resultados na exposição à biguanida
polimérica e taxas elevadas de resistência ao quaternário de amônio. Diante dos
resultados, constatou-se ausência de condições higiênico-sanitárias adequadas e
circunstâncias propícias para formação de biofilmes bacterianos.
Palavras chave: pescado, biofilme, superfície, contaminação e sanitizantes.
ABSTRACT
Fish is a food of great nutricional value due to their vitamins, proteins and
unsaturated fatty acids, however, can convey a variety of pathogenic microorganism
to man increasing the concern about ensuring health standards. In this context, the
formation of biofilms in the food industry represent a preoccupation because of its
potencial to resist sanitizing treatments, besides the possibility of causing quality loss
due to deterioration and/or transmission of pathogens, justifying the importance of
proper hygiene in industry. This study aimed to identify microorganisms present on
the surfaces of fish processing and assess the ability of formation of microbial
biofilms on equipament and to signal ways to avoid their formation. In this sense, the
evaluation of surfaces contact was performed from samples collected on the surfaces
of the washing tank, gutting and beheading mat and of storing tank coverage sauce,
at seafood industry in a state of Rio de Janeiro, through three randomized visits in
different months of the year. These samples were sent under refrigeration to the
Laboratory of Food Microbiology and Hygiene, Faculty of Pharmacy – UFF, which
were processed by methods and official recommendations. Regarding the results,
non-conformities were found by checklist, with more critical situation in the item
handlers. Bacteriological analysis revealed a high count of aerobic mesophilic,
presence of Salmonella spp., Listeria spp., Bacillus spp., total coliforms and
Escherichia coli. It was demonstrated ability of biofilm formation by strains of E.coli
isolated in three visits. In evaluating the effectiveness of sanitizers industrial use was
observed better results in exposure to polymeric biguanide and high rates resistance
to quaternary ammonium. Considering the results, it has been found a lack of
adequate sanitary conditions and circumstances conducive to the formation of
bacterial biofilms.
Keywords: fish, biofilm, surface, contamination and sanitizers.
14
1 INTRODUÇÃO
Entende-se por pescado tudo aquilo que pode ser retirado de águas
oceânicas ou interiores e que possa ser usado na alimentação humana. É um termo
genérico, envolvendo peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios e mamíferos
de água doce ou salgada (BRASIL, 2007; BARROS, 2003).
Como qualquer alimento, o pescado possui suas características próprias de
sabor, cor, odor, e aparência. Os microrganismos em geral utilizam os alimentos
como fonte de nutrientes para seu crescimento e podem desta forma promover
alterações significativas em tais características. Dependendo da alteração causada,
o alimento pode ser rejeitado pelo consumidor devido às mudanças ocorridas,
somando-se ainda, à possibilidade de causar intoxicações (FRAZIER; WESTHOFF,
1993).
Muitas contaminações ou recontaminações ocorrem em indústrias de
diferentes tipos de alimentos, grande parte está diretamente relacionada com a
formação de biofilmes nas linhas de processamento, com envolvimento de muitos
microrganismos (HAUN, 2004).
Nas mais diversas indústrias de processamento de alimentos, microrganismos
aderidos à superfícies que entram em contato direto ou indireto com alimentos já
foram identificados, como: Salmonella spp., Campylobacter spp., Yersinia
enterocolitica, Staphylococcus aureus, Listeria monocytogenes, Pseudomonas
aeruginosa, P. fragi, Micrococcus spp., Enterococcus faecium e Bacillus cereus
(HOOD; ZOTTOLA, 1995).
Dentre vários microrganismos isolados em diferentes indústrias de
processamento de pescado, grande parte apresentou capacidade de formação de
biofilme, como bactérias do grupo das enterobactérias, Pseudomonas spp. e
Staphylococcus spp. (BAGGE-RAVN et al., 2003).
Do ponto de vista da segurança dos alimentos e da sua deterioração, os
biofilmes são importantes devido à possibilidade de sua formação em alimentos,
utensílios e superfícies, e à dificuldade encontrada em sua remoção. Se formados
em materiais da linha de produção da indústria de alimentos, podem acarretar risco
à saúde do consumidor e prejuízo financeiro à indústria (FLACH et al., 2005).
15
Diante do exposto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar as
condições higiênico-sanitárias de uma indústria de pescado, localizada no Estado do
Rio de Janeiro, isolar e identificar microrganismos das superfícies de determinados
equipamentos da linha de produção e a sua capacidade de formação de biofilmes,
pontuando sobre suas consequências, relacionadas às perdas econômicas da
matéria-prima e aos agravos e riscos ao consumidor. Nesse âmbito, realizou-se
também a análise da resistência de bactérias formadoras de biofilmes a
antimicrobianos e avaliação da eficiência de sanitizantes de uso industrial na
remoção de biofilmes formados, visando obter um produto com qualidade e
segurança ao consumidor.
16
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
O trabalho pretendeu avaliar as condições higiênico-sanitárias de uma
indústria de pescado e identificar a presença de microrganismos em superfícies de
determinados equipamentos da linha de produção, bem como a possibilidade destes
formar biofilmes em cupons de aço inoxidável, material amplamente empregado na
fabricação de utensílios destinados à indústria alimentícia. Nesse âmbito, realizou-se
também análise da resistência de bactérias formadoras de biofilmes frente a
antimicrobianos e avaliação da eficiência de dois tipos de sanitizantes industriais
(biguanida polimérica e quaternário de amônio), pretendendo-se com isso sinalizar o
risco da presença de biofilmes bacterianos na indústria de alimentos e sugerir
formas de minimizar e/ou evitar sua formação em tais ambientes.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar as condições higiênico-sanitárias da indústria de pescado em estudo,
através de “checklist” baseado no Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de
Produtos de Origem Animal (R.I.I.S.P.O.A.) (BRASIL, 2007) e nas circulares nº 175
(BRASIL, 2005a), nº 176 (BRASIL, 2005b) e nº 25 (BRASIL, 2009).
Realizar análise da superfície de determinados equipamentos da linha de
produção que entram em contato direto com alimento e identificar microrganismos
presentes, de acordo com o padrão estabelecido pela Reunião Diretiva Colegiada
(RDC) nº 12 (BRASIL, 2001) para Salmonella spp. e Staphylococcus coagulase
positiva, além de Listeria spp., coliformes totais e Escherichia coli, Bacillus cereus e
bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas.
17
Avaliar em diferentes tempos a capacidade dos microrganismos isolados formar
biofilme, utilizando como corpo de prova o aço inoxidável AISI 304 (#4).
Avaliar a resistência de bactérias formadoras de biofilmes frente a
antimicrobianos.
Avaliar a eficiência de sanitizantes industriais (biguanida polimérica e quaternário
de amônio) de amplo uso na indústria alimentícia, sob a persistência dos biofilmes
formados pelos microrganismos isolados, em diferentes tempos.
18
3 REVISAO DE LITERATURA
3.1 A PESCA NO BRASIL E NO MUNDO
A pesca é considerada uma das atividades econômicas mais antigas e
importantes do Brasil, se fazendo presente desde o período colonial e estando entre
as quatro maiores fontes de proteína consumida (SANTOS, 2006).
Até a década de 60, a atividade pesqueira no Brasil era predominantemente
artesanal e sua produção voltada basicamente para o mercado interno. A partir de
então, através de uma política de incentivos fiscais à pesca, desenvolveu-se a
chamada pesca industrial, voltada preferencialmente, para o mercado externo
(FINCO; ABDALLAH, 2000).
Estimativas datadas do ano de 2003 revelaram que o parque industrial das
atividades pesqueiras nacionais era composto por cerca de 25.000 barcos, dos
quais, aproximadamente 2.000 formavam a frota industrial e o restante da frota
destinada à pesca artesanal ou para pesca de pequena escala (IBAMA, 2003).
Segundo dados do Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), o número
de brasileiros, homens e mulheres, que se dedicam diretamente à produção primária
de peixe em captura ou aquicultura atingiu, em 2010, um total de 853.213 mil,
estando concentrado na região nordeste o maior número de pescadores
profissionais, representando 43,7% do total do país (BRASIL, 2011).
Considerando-se que a pesca nacional é uma das poucas atividades que
absorve mão-de-obra de baixa ou nenhuma qualificação, quer seja de origem
urbana ou rural (sendo em alguns casos a única oportunidade de emprego para a
população excluída), demonstra que a pesca é um componente fundamental para a
socioeconomia brasileira (IBAMA, 2003).
A produção de pescado nacional para o ano de 2011 foi de 1.431.974
toneladas, registrando-se um incremento de aproximadamente 13,2% em relação a
2010. A pesca extrativa marinha continuou sendo a principal fonte de produção de
pescado nacional, responsável por 38,7% do total de pescado, sendo o grupo dos
peixes o que apresentou uma maior produção total (87%). Dentre as espécies que
19
apresentaram maior volume de captura estão: a sardinha-verdadeira (Sardinella
brasiliensis), seguida pela corvina (Micropogonias furnieri), pescada-amarela
(Cynoscion acoupa) e bonito-listrado (Katsuwonus pelamis) (BRASIL, 2011).
A região nordeste foi, novamente em 2011, responsável pela maior produção
de pescado do país, com 454.216 toneladas, respondendo por 31,7% da produção
nacional. Logo em seguida vieram as regiões sul, norte, sudeste e centro-oeste,
nesta mesma ordem, registrando 23,5%, 22,8%, 15,8% e 6,2% da produção
nacional, respectivamente, conforme Figura 1. Entretanto, na análise por Unidade da
Federação, o Estado de Santa Catarina continua sendo o maior pólo produtor de
pescado do Brasil, com 194.886 toneladas, seguido pelos estados do Pará com
153.332 toneladas e Maranhão com 102.868 toneladas, ficando o Estado do Rio de
Janeiro em 7º lugar, com 86.218 toneladas (BRASIL, 2011).
FIGURA 1: Produção de pescado (t) nacional em 2010 e 2011
discriminada por região. Fonte: BRASIL, 2011.
A produção mundial de pescado (proveniente tanto da pesca extrativa quanto
da aquicultura) atingiu aproximadamente 168 milhões de toneladas em 2010, sendo
a China o maior país produtor, com aproximadamente 63,5 milhões de toneladas,
seguida pela Indonésia, Índia e Japão. O Brasil, neste contexto, contribuiu com
1.264.765 toneladas, representando 0,75% da produção mundial de pescado,
ocupando assim o 19° lugar no ranking geral dos maiores produtores de pescado do
mundo (FAO, 2011).
Segundo estudos estatísticos, no ano de 2011 os principais mercados
importadores de pescado do Brasil foram os Estados Unidos, tanto em volume
quanto em valor, seguido pela Espanha e Japão, respectivamente, enquanto que os
20
nossos principais fornecedores internacionais de pescado foram o Chile, seguido
pela China e a Noruega, que caiu uma posição em relação a 2010 (BRASIL, 2011).
Os principais produtos importados pelo Brasil em 2011 foram o bacalhau
(gênero Gadus), proveniente principalmente da Noruega, filés congelados oriundos
da China, Argentina, Chile e Vietnã, salmão vindo do Chile, conservas de pescado
proveniente do Equador, Tailândia, Argentina e Peru, e sardinhas oriundas do
Marrocos e Holanda, cujo produto apresenta bom preço de venda, sendo os maiores
volumes direcionados para o abastecimento da indústria de conservas (BRASIL,
2011).
3.2 O PESCADO NA ALIMENTAÇÃO
O peixe é uma excelente fonte de proteína animal e de outros nutrientes
essenciais, representando um valioso complemento nas dietas pobres em vitaminas
e minerais essenciais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o
consumo per capita de 12 quilos de peixe por habitante por ano. A média global de
consumo é de 18 quilos por ano; porém, a média da América Latina é de apenas 9
quilos por ano. Segundo dados da “Food and Agriculture Organization” (FAO) em
2013, o consumo per capita aumentou de 4 quilos por ano para 9 quilos por ano nos
últimos 8 anos, devido a políticas e campanhas adotadas para incentivar o consumo.
Neste sentido, espera-se que até 2030 este consumo deva alcançar 20 quilos por
pessoa por ano (ONUBR, 2013).
De acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA, 2013), o consumo de pescado no Brasil é bastante variado e com
grande potencial a ser desenvolvido: na região Norte, especificamente no Estado do
Amazonas, o consumo por pessoa é de 54 quilos por ano, já no Rio de Janeiro é de
16 quilos por pessoa por ano, enquanto a média brasileira está ao redor de 6 quilos
por pessoa por ano, bastante baixa quando comparado aos países europeus e
americanos. Contudo, há uma tendência de aumento do consumo, principalmente,
através de produtos beneficiados/industrializados, tais como filés e empanados.
21
Ogawa e Maia (1999) descreveram que o peixe constitui a base da dieta de
diversos grupos populacionais, pois apresenta uma concentração de protídeos
comparável ao ovo, à carne e ao leite.
Diversos elementos químicos são encontrados no tecido do pescado, dentre
eles: o potássio, cálcio, zinco, sódio e fósforo. O pescado também é rico em
vitaminas hidrossolúveis do complexo B, porém, destacando-se como majoritárias as
vitaminas lipossolúveis A e D (HUSS, 1999; OGAWA; MAIA, 1999; SANTOS, 2006).
De acordo com Kinsella (1988) os peixes contêm níveis de proteínas de 17 a
25%, sendo estas altamente digeríveis, pois contêm quantidades mínimas de tecido
conjuntivo. Também são ricas em metionina e lisina, possuindo ainda, um excelente
teor de outros aminoácidos essenciais, que podem variar de acordo com a espécie.
A quantidade de tecido conjuntivo presente nos peixes apresenta relação inversa
com o teor de gordura, logo, os peixes considerados magros são os que apresentam
maior digestibilidade. Esta classificação do valor calórico dos peixes é baseada no
teor de gordura presente, classificando-os assim em peixes magros (com menos que
1% de gordura); semi-gordos (com 7% a 8 % de gordura) e gordos (com mais de
15% de gordura) (LEDERLE, 1991).
A carne do peixe é constituída principalmente por água, proteína e lipídios. O
teor de umidade da carne do pescado fresco está diretamente relacionado à
quantidade de lipídios, uma vez que a concentração de proteínas é praticamente
constante. Os peixes magros apresentam um alto teor de umidade, enquanto os
gordurosos possuem uma quantidade menor, que pode ser inferior a 58%
(FAO,1997).
Diversos fatores podem contribuir para a grande variedade na composição da
parte comestível dos peixes, tais como: espécie, sexo e grau de maturidade sexual,
tamanho e local de captura (BADOLATO et al., 1994).
De acordo com Huss (1999) a fração lipídica é o conteúdo que mais
apresenta variação entre as espécies de pescado (0,2% - 25%), sendo os lipídios de
peixes caracterizados pelo elevado grau de insaturação de seus ácidos graxos,
podendo em função disto apresentar alterações degradativas, como ranço
oxidativo/hidrolítico, quando se tem início a deterioração microbiana. Alguns
exemplos de peixes gordurosos e de fácil oxidação são as sardinhas, tainhas e
tunídeos (NUNES, 1994).
22
Segundo Pigott e Tucker (1987), os lipídios de alimentos marinhos possuem
baixa quantidade total de óleos saturados, que favorece a formação do colesterol do
tipo “Low Density Lipoprotein” - LDL (lipoproteína de baixa densidade), variando sua
concentração de 11 à 17%, enquanto em carne de suínos a proporção é, em média,
de 36% e em bovinos de 48%.
Além de fonte energética, os lipídios são ricos em ácidos graxos, apresentam
20 a 22 átomos de carbono, altamente insaturados, destacando-se o
eicosapentaenóico (EPA) e o docosahexaenóico (DHA), da série ômega-3, os quais
não ocorrem em outros animais em quantidades além de traços. A estes ácidos são
atribuídos vários efeitos benéficos, como a capacidade de reduzir o risco de doenças
coronarianas, além de outros efeitos imunológicos e antiinflamatórios, principalmente
no caso de asma, artrite reumatóide e autoimunidade. Tais efeitos são resultantes
da capacidade destes ácidos reduzirem o teor de lipídeos séricos, formando
compostos eicosanóides, que possuem ação direta sobre a fisiologia do sistema
vascular (KINSELLA et al., 1990; OGAWA; MAIA, 1999).
3.3 QUALIDADE DO PESCADO E PRESENÇA DE MICRORGANISMOS
De acordo com Huss (1998), a qualidade do produto pode se referir à
aparência e frescor ou ao grau de deterioração do mesmo. Também pode estar
relacionada a aspectos de segurança, tais como: ausência de parasitas, bactérias
patogênicas ou compostos químicos.
Um dos parâmetros mais importante a ser avaliado na qualidade do pescado
é o frescor, uma vez que as características sensoriais do pescado são facilmente
visualizadas pelos consumidores, sendo o frescor responsável por fornecer a melhor
ideia de aceitação do consumidor (CONNEL, 1988).
Para Farias e Freitas (2008) o pescado pode albergar e ter multiplicada a sua
microbiota inicial ou mesmo ser contaminado, em qualquer um dos segmentos da
cadeia produtiva. Por isso, a legislação sanitária impõe limites à presença de
microrganismos patogênicos e/ou deteriorantes, para garantir a segurança dos
alimentos e a qualidade deste tipo de alimento ao consumidor.
23
No Brasil, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 12, de 2 de janeiro de
2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), estabelece nos itens 7,
20 e 22 os padrões microbiológicos para o pescado e produtos derivados, bem como
os limites microbiológicos para alimentos expostos à comercialização (BRASIL,
2001).
A contaminação microbiológica dos alimentos é uma preocupação em muitos
países, especialmente devido aos elevados índices de doenças veiculadas por
alimentos crus, mal-preparados e conservados de forma inadequada. O local de
preparo ou armazenamento do alimento, quando contaminado por bactérias
patogênicas, pode acarretar em uma fonte de contaminação cruzada. Visando
minimizar tal risco ao consumidor, as atividades de controle da qualidade do
pescado iniciam-se na avaliação de fornecedores, concepção do sistema de
qualidade, atividades de inspeções, avaliações nas operações de produção ou de
prestação de serviços, incluindo atividades de treinamento geral e específico do
pessoal (ARRUDA, 2002).
Um alimento produzido ou manipulado em condições precárias de higiene
pode oferecer risco à saúde de quem o ingere. Alguns microrganismos que podem
contaminar o alimento são patogênicos causando doenças em seu hospedeiro,
outros não causam enfermidade nos seres humanos, mas são indicativos de
condições higiênicas inadequadas. Além disso, alguns microrganismos fazem parte
da microbiota natural de peixes, mas, se ingeridos pelo homem, podem ocasionar
doenças (BASTI et al., 2006).
Segundo Albuquerque et al. (2006) o pescado pode ser contaminado como
consequência direta da manipulação inadequada do mesmo. Dentre os
microrganismos que merecem destaque encontram-se os Staphylococcus spp.,
presente nas mucosas, superficies da pele e trato intestinal de mamíferos e, que
encontra no pescado, ambiente favorável para sua multiplicação. Algumas cepas de
Staphylococcus spp. são produtoras de enterotoxina termoestável e responsáveis no
homem por quadros de intoxicação alimentar (FRANCO;LANDGRAF, 2003).
Espécies de Salmonella spp. estão amplamente distribuídas na natureza,
sendo o principal reservatório natural o trato intestinal de mamíferos, pássaros e
répteis. Tais cepas podem alcançar o ambiente aquático através de contaminação
fecal e então, serem detectadas em peixes e produtos pesqueiros (FRANCO;
LANDGRAF, 2003). Nesse contexto, a ingestão de peixe in natura tem sido
24
responsável por quadros de gastroenterite em humanos, tendo como principal
responsável a Salmonella spp. (HATHA; LAKSHMANAPERUMALSAMY, 1997).
A presença de coliformes termotolerantes nos peixes frescos ou congelados e
produtos industrializados, está, em sua maioria, relacionada à qualidade da água
utilizada na fabricação do gelo, utilizado para conservação e/ou com os
procedimentos inadequados de higiene pós-captura (HUSS et al., 2000; HSU et al.,
2009).
Entre os mais importantes microrganismos causadores de infecções
alimentares destaca-se a presença de Listeria monocytogenes, agente causador da
listeriose, doença grave que pode levar ao aborto e a problemas neurológicos
(Painter; Slutsker, 2007). A presença de L. monocytogenes já foi detectada em
diversos alimentos, tanto de origem animal quanto vegetal, e já foi isolada também
na linha de processamento de superfícies que entram direta ou indiretamente em
contato com o alimento e de manipuladores de alimento (DESTRO, 2000).
Outros agentes bacterianos podem, também, contaminar o pescado e causar
risco à saúde. Cepas psicrotróficas de Bacillus cereus produzem enterotoxinas nos
preparados de peixe, acarretando surtos de diarréia. A facilidade de tais cepas em
formar esporos garante sua sobrevivência durante todas as etapas de
processamento dos alimentos, exceto após tratamento em autoclave
(FRANCO;LANDGRAF, 2003).
3.4 FORMAÇÃO DE BIOFILMES BACTERIANOS
A maior parte das atividades bacterianas na natureza ocorre, não com as
células individualizadas crescendo de maneira planctônica (livres; em suspensão),
mas com as bactérias organizadas em comunidades de diferentes graus de
complexidade, associadas a superfícies diversas, geralmente compondo um
biofilme, este pode ser definido como uma comunidade de células bacterianas
embutidas em uma matriz de exopolissacarídeos produzidas por elas mesmas,
(Substâncias Poliméricas Extracelulares – EPS) aderidas a uma superfície abiótica
ou biótica (DUNNE, 2002). Para o processo de aderência bacteriana são variáveis
importantes: a espécie bacteriana, as propriedades físico-químicas da superfície de
25
adesão, fatores ambientais e a expressão de genes responsáveis pela formação do
biofilme (DUNNE, 2002; Di BONAVENTURA et al., 2008).
Os biofilmes mais comuns na natureza são heterogêneos, compostos por
duas ou mais espécies, podendo os produtos do metabolismo de uma espécie
auxiliar o crescimento das demais e a adesão de uma dada espécie fornecer
substâncias que promovem a ligação de outras. Inversamente, a competição pelos
nutrientes e a acumulação de metabólitos tóxicos produzidos pelas espécies
colonizadoras poderão limitar a diversidade de espécies num biofilme (IST, 2008).
O biofilme contém partículas de proteínas, lipídeos, fosfolipídeos,
carboidratos, sais minerais e vitaminas, entre outros, que formam uma espécie de
crosta denominada matriz, abaixo da qual, os microrganismos continuam a crescer,
formando um biofilme mono-espécie ou uma associação com outros microrganismos
(biofilme multi-espécie), aumentando assim sua proteção contra a ação de
desinfetantes, raios UV, radiação, alterações do pH e dessecação (PARIZZI et al.,
2004; VESTBY et al., 2009).
Segundo Hall-Stoodley et al. (2004) os biofilmes maduros são compostos por
microcanais internos, úteis na distribuição de nutrientes e água, no escoamento de
metabólitos, alguns potencialmente patogênicos ao homem e, enzimas
alginatoliases e protease, necessárias ao destacamento de células do biofilme.
Um biofilme maduro pode levar de algumas horas até várias semanas para
desenvolver-se, dependendo das condições de seu meio ambiente. Sendo assim,
existem na literatura várias teorias propostas para formação de biofilmes
(MEDONLINE, 2008).
A primeira teoria foi de Marshall et al. (1971), que descrevem a formação do
biofilme em duas fases: na primeira ocorre adesão do microrganismo na superfície
por forças de Van der Walls e atração eletrostática, onde o processo é ainda
reversível; na segunda etapa, ocorre a interação física da célula com a superfície por
meio de material extracelular de natureza polissacarídea ou protéica, produzida pela
bactéria, que é denominada matriz de glicocálix (ZOTTOLA, 2001). Outra teoria
propõe a divisão do processo de adesão em cinco etapas, conforme Figura 2, que
podem ser colocadas na seguinte ordem: aderência inicial à superfície (1), produção
de matriz de exopolissacarídeos (2), crescimento celular e início do desenvolvimento
do biofilme (3), maturação do biofilme (4) e dispersão das células do biofilme (5)
(MACEDO, 2006; MEDONLINE, 2008).
26
FIGURA 2: Representação esquemática da formação
de biofilme bacteriano. Fonte: LASA, 2006.
Quando o biofilme atinge uma determinada massa crítica e o equilíbrio
dinâmico é alcançado, as camadas mais externas do biofilme começam a liberar
células em estado planctônico, que podem rapidamente se dispersar e multiplicar,
colonizando novas superfícies e organizando novos biofilmes em outros locais.
Existem três tipos de processos de dispersão: expansiva, quando parte das células
de uma microcolônia sofre lise e outra retoma a motilidade, sendo então liberadas da
estrutura; fragmentação, onde porções de matriz extracelular associadas a
microrganismos são liberada, e superficial, que ocorre pelo crescimento do próprio
biofilme como um todo (KYAW, 2008).
Com a ausência de nutrientes e/ou de oxigênio ou dificuldades na sua
difusão, a diminuição do pH e acúmulo de metabólitos secundários tóxicos, inicia-se
um processo de morte celular junto à superfície e subsequente desintegração do
biofilme (IST, 2008).
3.5 BIOFILMES BACTERIANOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS E SEUS RISCOS
A contaminação dos alimentos por microrganismos patogênicos e
deteriorantes durante seu processamento tem despertado grande preocupação para
Saúde Pública. A contaminação de equipamentos nas indústrias de alimentos foi um
27
dos fatores relevantes em 59% dos surtos de doenças de origem alimentar
investigados na França em 2001 (MIDELET; CARPENTIER, 2004).
Na indústria de alimentos, a colonização das superfícies onde se processam
os alimentos pode ocasionar vários problemas, tanto de ordem econômica como de
saúde pública. No ponto de vista econômico, as bactérias deteriorantes podem
contaminar produtos alimentícios, alterando suas características e levando a perdas
econômicas, entretanto, o risco à saúde pública é considerado um problema mais
grave, pois o biofilme pode ser fonte de contaminação crônica e veicular
microrganismos patogênicos (CAIXETA, 2008).
Segundo Zottola (2001) especialistas sugerem que a maioria dos surtos,
cujos agentes etiológicos são veiculados por alimentos, parece estar associado a
biofilmes e justificam tal teoria com o fato dos surtos serem esporádicos, e não
contínuos, assim como somente algumas porções dos produtos estarem
contaminadas.
Na indústria de alimentos os biofilmes podem se acumular em uma variedade
de substratos, por exemplo: aço inoxidável, vidro, borracha, polipropileno, entre
outros. Convém ressaltar que o biofilme, quando submetido ao calor, pode cristalizar
e formar depósitos ou crostas que são muito aderentes, protegendo novos
microrganismos e dificultando ainda mais os procedimentos de higiene (PARIZZI et
al., 2004).
Uma vez formados, os biofilmes são de difícil remoção das superfícies de
indústrias de alimentos devido a produção de substâncias poliméricas extracelulares
e pelas dificuldades associadas à limpeza de complexos equipamentos e ambiente
de processamento, transformando-se assim em potenciais fontes de contaminação
(WONG, 1998; PARIZZI et al., 2004; MACEDO, 2006).
3.6 PROCEDIMENTOS DE HIGIENIZAÇÃO NA INDÚSTRIA
Após o processamento, os equipamentos, utensílios, pisos, paredes e o
ambiente de maneira geral, na indústria de alimentos apresentam elevada carga de
resíduos com alto valor nutritivo, já que resulta de uma mistura de carboidratos,
gordura, proteínas e minerais. Tais resíduos orgânicos e minerais capazes de
28
suportar o crescimento de microrganismos devem ser removidos das superfícies
antes da aplicação dos agentes sanificantes. Por isso, fica claro que os
procedimentos de higienização na indústria de alimentos devem ser efetuados em
duas etapas distintas: a limpeza e a sanificação (ANDRADE; MACÊDO, 1996).
O objetivo primordial da limpeza é a remoção de resíduos orgânicos e
minerais das superfícies, constituídos principalmente por gorduras e sais minerais. A
sanificação visa à redução dos microrganismos a níveis consideráveis seguros,
utilizando para isso produtos denominados sanificantes (MACEDO; BARRA, 2002).
A limpeza e a desinfecção são consideradas as operações mais importantes
na indústria de alimentos. Diversos casos de alterações dos produtos alimentícios e
de contaminação inaceitável por microrganismos patogênicos, envolvendo custos
elevados, têm sido atribuídos à falhas ou insuficiência destes procedimentos
(BRASIL, 2007).
Para se evitar a formação de biofilmes na indústria de alimentos é necessário
a utilização de cuidados rigorosos de higienização, favorecendo assim o controle de
qualidade, viabilizando os custos de produção, satisfazendo os consumidores e não
oferecendo riscos à sua saúde e, respeitando as normas e padrões microbiológicos
estabelecidos pela legislação vigente (GERMANO; GERMANO, 2003).
3.7 AÇÃO DE SANITIZANTES SOBRE BIOFILMES BACTERIANOS
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da portaria n0
15, de 23 de agosto de 1988, define sanitizantes ou desinfetantes como formulações
que apresentam na sua composição substâncias microbicidas que possuem efeito
letal sobre microrganismos não esporulados. Os sanitizantes mais utilizados em
superfícies de equipamentos e utensílios nas indústrias alimentícias brasileiras são
aqueles que possuem princípios ativos dos grupos: quaternários de amônio,
compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo, compostos orgânicos liberadores
de cloro ativo, compostos à base de ácido peracético, iodo e derivados, sendo a
escolha do agente sanitizante de acordo, principalmente, com o tipo de
contaminação microbiana, bem como da natureza do equipamento a ser sanitizado
(BRASIL, 1988).
29
Para a “American Public Health Association” (APHA, 2001), agentes
sanitizantes devem eliminar as bactérias patogênicas e reduzir o número de
microrganismos deteriorantes em níveis aceitáveis, como, por exemplo, 2 unidades
formadoras de colônias (UFC)/cm2 de microrganismos aeróbios mesófilos para
superfícies de aço inoxidável ao fim do processo de higienização. Segundo Andrade
et al. (2003), muitas vezes a recomendação americana é considerada rígida para as
condições brasileiras e, por isso, alguns pesquisadores e instituições admitem
contagens de até 5,0 x 101 UFC/cm2 de superfície, valor preconizado pela
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial de
Saúde (OMS).
Inúmeras pesquisas, baseadas na redução do número de microrganismos
aderidos à superfície, após tratamento com sanitizantes químicos, têm sido
realizadas. Rossoni e Gayllarde (2000) observaram redução do número de células
de Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e Staphylococcus aureus, aderidas
sobre superfície de aço inoxidável, após tratamento com hipoclorito de sódio. Em
estudo similar Cabeça et al. (2006) verificaram redução do número de células de
Listeria monocytogenes, após tratamento com diferentes sanitizantes (quaternário
de amônio, ácido peracético e hipoclorito de sódio).
A ação dos sanitizantes pode ser afetada pelas características da superfície;
pelo tempo e pela temperatura de contato, pela concentração de uso e pelos tipos
de resíduos presentes na superfície, pelo pH, pelas propriedades físico-químicas da
água e por substâncias inativadoras, por tanto, o modo de aplicação do sanitizante é
tão importante quanto a sua seleção, pois a simples adição do produto poderá
reduzir pouco ou até mesmo não reduzir as contaminações microbiológicas,
podendo com isso agravar os problemas de contaminação cruzada do alimento e
colocar em risco à saúde do consumidor (ANDRADE, 2008).
3.8 RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIMICROBIANOS
Segundo Jay (2005), os agentes antimicrobianos são substâncias de origem
biológica e/ou sintética, que produzem toxicidade seletiva sobre os microrganismos,
sendo classificados de acordo com seu mecanismo de ação em: drogas que atuam
30
sobre a parede celular; sobre a membrana celular; que afetam a síntese protéica;
que afetam o metabolismo dos ácidos nucléicos interferindo na sua síntese e, que
interferem em alguma fase do metabolismo intermediário das bactérias (BAUER et
al., 1966).
O uso excessivo de antibióticos no tratamento de animais doentes e/ou como
medida profilática em animais produtores de alimentos, vem acelerando o
surgimento da resistência bacteriana. Tal prática é muito comum, o que favorece a
presença de resíduos de antibióticos nos alimentos e consequentemente a seleção
de bactérias resistentes, que podem ser transferidas aos humanos comprometendo
uma possível antibioticoterapia (MENG et al., 1998).
Tavares (2000) descreveu que a resistência aos antimicrobianos é um
fenômeno genético, relacionado à existência de genes contidos no microrganismo
que codificam diferentes mecanismos bioquímicos que impedem a ação das drogas.
A resistência pode ser originada em mutações que ocorrem durante seu processo
reprodutivo e resultam em erros de cópia na sequência de bases que formam o DNA
cromossômico, responsáveis pelo código genético. A outra origem da resistência é a
aquisição dos genes causadores do fenômeno, consistindo na resistência
transferível. Esta resistência faz-se através dos mecanismos de transdução,
transformação e conjugação e, frequentemente, envolve genes situados em
plasmídios e transposons.
Franco (2002) e Schroeder et al. (2002), analisando a resistência de cepas de
E. coli isoladas em carne de suíno, frente a determinados antibióticos, ressaltaram a
importância da existência de plasmídios e transposons. Estes constituem elementos
de transferência genética de uma célula para outra, capazes de se replicarem,
contribuindo para a disseminação de genes de resistência aos antimicrobianos.
Oliveira et al. (1999), ao isolarem E. coli em 100% de amostras de
hambúrguer de frango avaliadas, verificaram resistência a carbenicilina,
clindamicina, eritromocina e rifampicina, e sensibilidade a gentamicina.
Martins et al. (2003), a partir de amostras de produtos de origem animal
comercializados no estado do Ceará, isolaram 124 cepas de E. coli e analisaram o
perfil antimicrobiano frente a 11 antibióticos, sendo que aproximadamente 63%
demonstraram resistência entre dois a 11 antibióticos. A sulfonamida e a amicacina
foram os agentes que apresentaram menor e maior eficiência respectivamente. O
maior nível de resistência individual foi para a sulfonamida com 69,3%, seguida da
31
tetraciclina com 43,4%, nitrofurantoína, 42% e estreptomicina, 32%.
No caso das infecções por EPEC (Escherichia coli Enteropatogênica), os
biosorotipos mais frequentemente isolados são resistentes à maioria dos
antimicrobianos; as EIEC (Escherichia coli Entero-invasiva) são sensíveis à maioria
dos antibióticos, sendo a ampicilina o mais indicado para o tratamento e as ETEC
(Escherichia coli Enterotoxigênica) e EHEC (Escherichia coli Enterohemorrágica)
podem apresentar resistência múltipla com relativa frequência. Nesse âmbito,
quando necessária antibioticoterapia, torna-se fundamental uma seleção pelo
antibiograma, sendo o exame de eleição para tal, o teste de difusão em ágar,
conforme o “Clinical and Laboratory Standards Institute” (CLSI) (2012a). Reforçando
nesse sentido a importância de sua realização, uma vez que a sensibilidade aos
antimicrobianos dependerá muito da cepa isolada (TRABULSI; TOLEDO, 1989).
32
4 METODOLOGIA
4.1 AMOSTRAS E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
As amostras foram coletadas através do método “swab” em superfície, em
uma indústria de pescado, localizada no Estado do Rio de Janeiro, sob Serviço de
Inspeção Federal (SIF 1950), com produção diária de 150.000 latas de pescado em
conserva e 350 funcionários. A matéria-prima originária de Angra dos Reis, Cabo
Frio e/ou Maricá era transportada em monoblocos de polipropileno no interior de
caminhões refrigerados, sendo recebida resfriada, e acondicionada em gelo de
fabricação própria.
O material foi coletado através de “swabs” embebido em solução de rinsagem
tamponada fosfatada, não nutriente, adicionada de agentes neutralizantes (SRK
)
(LABORCLIN), coletado com o auxílio de delimitadores de área de amostragem, de
plástico, estéreis, com dimensões de 10 x 10 cm – 100cm2 (LABORCLIN
) e
encaminhados sob refrigeração no mesmo dia da colheita, para o laboratório de
Higiene e Microbiologia de Alimentos da Faculdade de Farmácia na Universidade
Federal Fluminense – RJ, onde foram realizadas as análises bacteriológicas no
mesmo dia da chegada das amostras.
4.2 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DA PLANTA
Para a verificação das condições higiênico-sanitárias da indústria foi
elaborado e aplicado um “checklist” baseado no Regulamento da Inspeção Industrial
e Sanitária de Produtos de Origem Animal, R.I.I.S.P.O.A. (BRASIL, 2007), nas
Circulares nº 175 (BRASIL, 2005a), nº 176 (BRASIL, 2005b) e nº 25 (BRASIL, 2009).
Esta lista de verificação foi estruturada em 4 itens, subdivididos em 117 sub-
itens, a saber: 1) Instalações, equipamentos e edificações; 2) Manipuladores; 3)
Avaliação da produção e 4) Avaliação do armazenamento do produto final e seu
33
transporte, e estes avaliados quanto à conformidade ou não com os parâmetros
oficiais (APÊNDICE). Sua aplicação foi praticada visando à melhoria contínua do
processo produtivo e contribuindo desta forma para a oferta de alimentos seguros,
sob o ponto de vista microbiológico.
4.3 ANÁLISE DOS PONTOS CRÍTICOS E AMOSTRAGEM
Acompanhou-se todo o processamento do pescado em conserva através do
fluxograma da indústria, observando e avaliando criticamente todas as etapas do
processo, conforme Figura 3, visando identificar os pontos críticos para formação de
biofilme e a possibilidade de contaminação do produto por este.
Para essa avaliação crítica de determinação dos pontos de amostragem,
foram estudados e usados como ferramentas, legislações brasileiras vigentes e
pesquisas científicas de autores já citados anteriormente.
FIGURA 3: Fluxograma de processamento do pescado em conserva.
34
Com base nestes dados foram realizadas análises da superfície dos
equipamentos da linha de produção, sendo definidos como pontos para análise o
tanque de lavagem, a esteira de evisceração e descabeçamento e o tanque de
armazenamento de molho de cobertura.
As amostras foram coletadas após os Procedimentos Padrão de Higiene
Operacional (PPHO), ou seja, antes do início do 1º turno de trabalho e durante as
atividades do 1º turno de trabalho. Para tal, utilizou-se o método do “swab”,
considerado como metodologia-padrão para a remoção de microrganismos de
superfícies (APHA, 2001).
A coleta por “swab” foi feita umedecendo-se sua ponta com o meio de
rinsagem (SRK), retirando o excesso deste através da compressão contra as
paredes do tubo com movimentos giratórios. Em seguida, segurando o “swab” de
modo a formar um ângulo de 30º com a superfície a ser amostrada, esfregou-se sua
ponta com lentos movimentos em toda a área delimitada. A operação foi repetida por
3 vezes, invertendo os sentidos percorridos pelo “swab”, de forma a atingir toda a
área demarcada, conforme orientações do fabricante.
As amostras foram coletadas através de uma visita aleatória por mês, durante
o período de três meses.
4.4 ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS
4.4.1 Contagem de Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas
Para a contagem de Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas (BHAM) foi
utilizado o método de plaqueamento em profundidade, segundo a “American Public
Health Association” do “Compendium of Methods for the Microbiological Examination
of Foods” (APHA, 2001). Para tal, utilizou-se o meio Ágar Padrão para Contagem
(APC) (Difco
).
O preparo da subamostra foi realizado através da homogeneização em
vórtex, por 120 segundos, de 1 mL da amostra em 9 mL de água peptonada 1%
35
(p/v). Assim, foi preparada a diluição 10-1. A partir desta, foram preparadas as
demais diluições desejadas em tubos contendo 9 mL de água peptonada 1%.
Posteriormente, inoculou-se 1 mL das diluições seriadas 10-1, 10-2, 10-3 e 10-4 em
placas de Petri estéreis e vazias. Em seguida, foi vertido nas placas inoculadas
cerca de 15 a 20 mL de meio APC fundido e mantido em banho-maria a 46-480C até
o momento da vazagem. O inóculo foi misturado ao meio através de movimentos
circulares e suaves das placas, sob uma superfície plana; cerca de oito a dez
movimentos no sentido horário e oito a dez movimentos no sentido anti-horário. As
placas foram mantidas em câmara de fluxo de ar até a completa solidificação do
meio.
Sucessivamente, as placas foram incubadas invertidas em estufa
bacteriológica a 36°C ± 1°C por 48 horas. Para a leitura, foram selecionadas as
placas que continham entre 25 e 250 colônias. A partir dos resultados obtidos,
calculou-se o número de bactérias presentes na amostra em análise, expressando o
resultado em unidades formadoras de colônias (UFC)/cm2.
4.4.2 Isolamento e identificação de Salmonella spp.
De acordo com o método da “Food and Drug Administration” do
“Bacteriological Analytical Manual Online” (BAM, 2007) para a detecção de
Salmonella spp. foi necessário a realização de algumas etapas, tais como: pré-
enriquecimento; enriquecimento seletivo; plaqueamento seletivo e prova de
soroaglutinação.
4.4.2.1 Pré-enriquecimento, enriquecimento e plaqueamento seletivo
Para o preparo da subamostra foi feita a homogeneização em vórtex, por 120
segundos, de 1 mL da amostra em 9 mL de Caldo Lactosado (Himedia
). Assim, foi
preparada a diluição 10-1. Incubou-se em estufa a 350C +20C por 24 +2 horas.
36
Para o enriquecimento seletivo foi transferido 0,1 mL da cultura para 10 mL de
Caldo Rappaport-Vassidilis Soja (RVS) (Himedia
) e 1 mL para o Caldo Tetrationato
(TT) (Merck
). O tubo contendo o meio RVS foi incubado em banho-maria com
agitação a temperatura de 420C +20C por 24 +2 horas e o tubo com o meio TT a
350C +20C por 24 +2 horas, para que fosse possível a realização da etapa seguinte,
o plaqueamento seletivo. Nessa etapa, onde o objetivo era o isolamento de
Salmonella spp., dos tubos contendo RVS e TT transferiu-se com alça de platina por
estrias de esgotamento, pequena alíquota da cultura para placas de Petri contendo
os meios Ágar Xilose Lisina Desoxicolato (XLD) (Oxoid
), Ágar Bismuto Sulfito (BS)
(Difco
) e Ágar Entérico de Hektoen (HE) (Difco
). Sucessivamente as placas foram
incubadas a 35ºC +2ºC por 24 ±2 horas.
Nas placas onde foram observadas colônias típicas de Salmonella spp., com
auxílio de uma agulha de inoculação, estas foram inoculada em tubos inclinados
contendo meios Ágar Tríplice Açúcar Ferro (TSI) (Himedia
) e Ágar Lisina Ferro
(LIA) (Himedia
), por picadas e estrias na rampa e em seguida, incubados a 35ºC
+2ºC por 24 +2 horas para provas de triagem.
4.4.2.2 Reações nos meios TSI e LIA
No ágar TSI estão presentes: glicose (1,0 g/L), lactose (10,0 g/L) e sacarose
(10,0 g/L). Como a glicose é um monossacarídeo e está em baixa concentração, é
rapidamente fermentada anaerobiamente, formando ácido no fundo do tubo, o que o
torna amarelo pela viragem do indicador vermelho de fenol. A fermentação aeróbia
da glicose que ocorre na superfície do bisel resulta em ácido pirúvico, que é
posteriormente degradado a CO2 e água. A grande maioria das bactérias do gênero
Salmonella spp. não fermenta a sacarose e a lactose, não provocando alterações no
meio TSI. Como a fonte de carbono utilizável (glicose) é rapidamente esgotada, a
salmonela passa a degradar anaerobicamente o substrato protéico do meio,
produzindo amoníaco (NH3), o que confere ao meio um pH alcalino, modificando a
37
coloração do bisel para rosa intenso. A maioria das salmonelas apresenta no TSI as
seguintes reações: ácido na base; com ou sem produção de gás, alcalino ou
inalterado no bisel, com ou sem produção de H2S (FIGURA 4) (JOHNSON et al.,
1966).
FIGURA 4: Material com suspeita de
Salmonella spp. em meio TSI.
No ágar LIA pode ser observada a descarboxilação da lisina pela
alcalinização do meio, o que é demonstrado pela não alteração de cor do indicador
presente. A atividade da enzima lisina descarboxilase é dependente do pH, sendo
mais ativa em pH abaixo de 5,5. A acidificação do meio é obtida pela fermentação
da glicose presente. Nessa etapa do processo ocorre a viragem do indicador
púrpura de bromocresol, de violeta para amarelo. Na condição anaróbica obtida na
base ágar LIA, todo o oxigênio não combinado é consumido pelo microrganismo
presente na fase inicial do crescimento. A descarboxilação da lisina posteriormente,
resulta na produção de uma diamina (cadaverina) e CO2, que conferem ao meio
características de alcalinidade e nova viragem da cor do indicador, que passa de
amarelo para violeta. A diamina é estável quando produzida em condições
anaeróbicas. A maioria das salmonelas é capaz de produzir lisina descarboxilase,
apenas 4% das cepas de salmonela não descarboxilam a lisina (JOHNSON et al.,
1966).
As colônias que apresentaram comportamento típico de Salmonella spp. em
TSI e LIA, foram submetidas ao teste de soroaglutinação, permitindo assim a
diferenciação entre Proteus spp. e Salmonella spp.
38
4.4.2.3 Confirmação sorológica
O cultivo obtido em ágar nutriente inclinado (Difco
), após incubação por 18
a 24 horas a 35C, foi ressuspenso em aproximadamente 2 mL de solução salina
0,85% (p/v). Em lâmina de vidro, depositou-se separadamente uma gota de solução
salina 2% (p/v) e uma gota do soro anti-Salmonella polivalente "O" (PROBAC DO
BRASIL). Em seguida, acrescentou-se uma gota da suspensão em teste. Foram
realizados movimentos de inclinação e rotação da lâmina por um a dois minutos até
obtenção do resultado. Como controle foi utilizada cepa padrão Salmonella enterica
ATCC 14028.
A leitura da reação deu-se da seguinte forma:
Positiva: presença de aglutinação somente na mistura cultivo + anti-soro;
Negativa: ausência de aglutinação em ambas as misturas.
4.4.3 Contagem de Staphylococcus coagulase positiva
Para pesquisa de Staphylococcus coagulase positiva foi realizado o método
de contagem direta em placas segundo a “American Public Health Association” do
“Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods” (APHA,
2001).
Para o preparo da subamostra foi feita a homogeneização em vórtex, por 120
segundos, de 1 mL da amostra em 9 mL de água peptonada 1% (p/v). Assim, foi
preparada a diluição 10-1. A partir desta, foram preparadas as demais diluições
desejadas em tubos contendo 9 mL de água peptonada 1% (p/v). Posteriormente,
semeou-se 0,1 mL das diluições seriadas 10-1, 10-2 e 10-3 sobre a superfície seca do
Ágar Baird-Parker (BP) (Difco
), previamente preparado com a adição de telurito de
potássio e gema de ovo esterilizada, vazado e solidificado em placas de Petri. Com
o auxílio de alça de Drigalski descartável (LABORCLIN
), espalhou-se o inóculo
cuidadosamente por toda a superfície do meio, até sua completa absorção. Em
seguida, as placas foram incubadas a 350C +2ºC por 24-48 horas.
39
Após leitura das placas de BP constatou-se apenas colônias atípicas:
acinzentadas ou pretas brilhantes, sem halo ou com apenas um dos halos. Não
foram encontradas colônias típicas (pretas brilhantes com anel opaco, rodeadas por
um halo claro, transparente e destacado sobre a opacidade do meio). Foram
registradas as contagens das colônias atípicas e selecionadas três a cinco colônias
de cada placa. Semeou-se cada colônia em tubos contendo caldo Infusão de
Cérebro e Coração (BHI) (Difco
) incubando em seguida a 350C +2ºC por 18-24
horas, para posterior realização de provas confirmatórias.
4.4.3.1 Provas confirmatórias
O teste de catalase foi feito em uma lâmina de vidro estéril e seca, onde a
uma alíquota do cultivo bacteriano, a partir do ágar BHI, foi adicionado uma gota de
peróxido de hidrogênio 3% (v/v). A observação de reação de borbulhamento
imediato considerou-se teste positivo para catalase. A não formação de borbulhas,
considerou-se teste negativo para catalase. Todas as amostras apresentaram
resultado positivo para catalase. Como controle foi utilizada cepa padrão S. aureus
ATCC 25923.
Também foram realizadas avaliações das características morfo-tintoriais
através de esfregaço com coloração pelo método Gram. A presença de cocos Gram
positivos confirmaram os resultados obtidos na prova da catalase (FIGURA 5).
FIGURA 5: Coloração Gram de lâmina
de Staphylococcus spp.
40
Para confirmação, foi realizado o teste da coagulase, a partir da transferência
de 0,1 mL de cada cultura obtida em caldo BHI para tubos estéreis contendo 0,3 mL
de plasma de coelho (Coagu-plasma
). Para misturar o inóculo com o plasma foram
feitos suaves movimentos de rotação, sem agitar os tubos, para não interferir na
coagulação. Em seguida, os tubos foram incubados a 350C +2ºC, com observação
periódica, durante seis horas, para avaliação da formação de coágulo. Como
controle foi utilizada cepa padrão S. aureus ATCC 25923. A leitura foi feita
considerando os critérios segundo Varnam (1991), como se segue:
Reação negativa: não formação de coágulo;
Reação 1+ : coágulo pequeno e desorganizado;
Reação 2+ : coágulo pequeno e organizado;
Reação 3+ : coágulo grande e organizado;
Reação 4+ : coagulação de todo o conteúdo do tubo, que não se desprende
mesmo quando o tubo é invertido.
Não foi observada a formação de coágulos em nenhuma das amostras,
desconsiderando-se assim a possibilidade de a espécie presente ser
Staphylococcus coagulase positiva.
4.4.4 Contagem de coliformes totais e Escherichia coli
Para o preparo da subamostra foi feita a homogeneização em vórtex, por 120
segundos, de 1 mL da amostra em 9 mL de água peptonada 1%. Assim, foi
preparada a diluição 10-1. A partir desta, foram preparadas as demais diluições
desejadas em tubos contendo 9 mL de água peptonada 1%.
Para a contagem de coliformes e E. coli foram utilizadas placas de Petrifilm
(EC) (3MPetrifilm). Estas foram colocadas dispostas dentro de câmara de fluxo
lâminar, em superfície lisa e plana, onde foi realizada a inoculação de 1 mL de cada
diluição nas placas EC. Para tal, levantou-se o filme superior e com a pipeta
posicionada perpendicularmente à placa dispensou-se 1 mL de cada diluição no
centro do filme inferior. Após, desceu-se cuidadosamente o filme superior de forma a
41
evitar a formação de bolhas de ar. Em seguida, foi colocado o difusor plástico, no
centro da placa, com o lado liso para baixo. Pressionou-se delicadamente o centro
do difusor para distribuir o inóculo uniformemente em toda a área de crescimento da
placa antes do gel se formar. Com a completa dispersão, removeu-se o difusor e
deixou-se a placa em repouso durante, pelo menos, um minuto, para permitir a
formação do gel. Sucessivamente, as placas foram incubadas em estufa
bacteriológica com a face transparente para cima, em pilhas de no máximo 20
placas. Foi fixada a temperatura de 35ºC +1ºC por 24-48 +2 horas, conforme
metodologia AOAC
Official MethodsSM 991.14 (“Coliform and Escherichia coli
Counts – Dry Rehydratable Film Methods”).
4.4.4.1 Interpretação e contagem
As placas 3MPetrifilmpara Contagem de E. coli e Coliformes (EC) contêm
nutrientes do meio Vermelho Violeta Bile (VRB), um agente geleificante solúvel em
água fria, um indicador de atividade glicuronidásica e um indicador tetrazólico que
facilita a enumeração da colônia. O filme superior da placa EC retem o gás formado
pela fermentação metabólica da lactose pelos coliformes e E. coli.
A maioria das E. coli, cerca de 97%, possui beta-glicuronidase, que forma um
precipitado azul associado à colônia e aproximadamente 95% das E. coli produzem
gás, sendo indicadas nas placas EC por colônias azuis à vermelho-azuladas,
associadas ao gás retido na placa (dentro de, aproximadamente, o diâmetro de uma
colônia). As colônias de coliformes produzem ácido, fazendo com que o indicador de
pH torne a cor do gel vermelho mais escuro. O gás retido ao redor das colônias
vermelhas indica coliformes confirmados (FIGURA 6).
42
FIGURA 6: Placas Petrifilm com colônias de
coliformes e Escherichia coli.
A faixa ideal de contagem nesta placa é de 15 a 150 colônias. Quando o
número de colônias ultrapassava esse valor a contagem era estimada através da
contagem em um ou mais quadrados representativos e multiplicando-se a média de
um quadrado por 20 (cada placa tem uma área de 20 cm2). A contagem das placas
EC foi feita pela seguinte conta: 100 cm2 de área amostrada, colocado em 10 mL da
solução diluente e semeado 1 mL deste em placa EC determina a contagem em
UFC/cm2.
Também foram realizadas avaliações das características morfo-tintoriais
através de esfregaço com coloração pelo método Gram.
4.4.4.2 Teste de sensibilidade a antimicrobianos
As cepas de Escherichia coli típicas isoladas foram testadas frente a
antimicrobianos, segundo método recomendado pelo CLSI (2012a), que se baseia
no originalmente descrito por Kirby-Bauer (BAUER et al., 1976), com preparo de
inóculo para leitura de dezoito horas, com uso de polidiscos da Polisensidisc DME
(SENSIDISC
). O meio base utilizado foi o Ágar Müller Hinton (MH) (Difco
).
As cepas isoladas foram semeadas em Ágar Triptona de Soja (TSA) (Difco
)
e incubadas a 37ºC por 24 horas. A partir dos subcultivos crescidos foram
selecionadas três a quatro colônias iguais e emulsionadas em 5 mL de solução
43
salina 0,9% (p/v) esterilizada, padronizando-se a suspensão para uma turvação
semelhante ao padrão 1 da escala de McFarland (1 mL de cloreto de Bário a 1%
com 99 mL de ácido sulfúrico a 1% (0,36 N) que corresponde a 3,8 x 108 bactérias
por mililitro).
Foram semeadas em placas de Petri com 20 a 25 mL de Ágar MH, com pH
em torno de 7,2-7,4, utilizando-se para tal “swab” estéril embebido em inóculo,
sendo espalhado homogeneamente em toda a superfície do meio, em pelo menos
três sentidos, girando a placa após cada semeadura. Após a absorção do inóculo
por alguns minutos, foram colocados os discos, utilizando-se pinça previamente
flambada e resfriada; sendo em seguida as placas incubadas a 37ºC por 18 horas.
Como controle foi utilizada cepa padrão E. coli ATCC 25922.
Empregou-se os discos de sensibilidade para E. coli correspondentes aos
módulos I, II e III, por serem os indicados para realização de antibiogramas de
microrganismos Gram-negativos. Do módulo I foram utilizados os antibacterianos
Ampicilina e Gentamicina, seguido pela Piperacilina-Tazobactam, Cefoxitina,
Ciprofloxacina, Meropenem e Sulfametoxazol, correspondentes ao módulo II e,
Aztreonam e Tetraciclina correspondentes ao módulo III.
A leitura dos resultados de sensibilidade aos antimicrobianos foi realizada
medindo-se o tamanho dos halos de inibição de crescimento bacteriano com um
halômetro, sendo a cepa bacteriana classificada em sensível, intermediário ou
resistente, em função do diâmetro da zona de sensibilidade padrão estabelecida
para cada antimicrobiano (CLSI, 2012b).
4.4.5 Isolamento e identificação de Listeria spp.
A pesquisa de Listeria spp. foi realizada a partir de placas de Petrifilm™ para
Listeria em Monitoramento Ambiental (EL) (3MPetrifilm). Para a coleta das
amostras foi utilizado “swab” estéril pré-hidratado com 1mL de caldo Letheen,
utilizado como um caldo de recuperação em conjunto com a placa EL para recuperar
a listeria estressada, devido às condições ambientais ou sanitizantes, sem aumentar
o número de células.
44
Dentro de câmara de fluxo lâminar foi procedida a inoculação de 2 mL de
água peptonada tamponada estéril, entre 20 a 30ºC, à amostra coletada. Em
seguida, fez-se a homogeneização da amostra em vórtex, por um minuto, deixando-
a em repouso por 60 minutos. Após, misturou-se vigorosamente, para a recuperação
das células injuriadas. Sucessivamente, foi feita a inoculação de 3 mL da amostra no
centro das placas EL previamente identificadas, dispostas dentro de câmara de fluxo
lâminar, em superfície lisa e plana. Após, desceu-se cuidadosamente o filme
superior de forma a evitar a formação de bolhas de ar. Em seguida, foi colocado o
difusor plástico, no centro da placa, com o lado liso para baixo, para permitir que o
inóculo fosse distribuído uniformemente em toda a área de crescimento da placa
(sendo dispensado o uso do difusor quando o inóculo se espalhava sozinho).
Aguardou-se, ao menos, dez minutos, para permitir a formação do gel.
Posteriormente, as placas EL foram incubadas em estufa bacteriológica com a face
transparente para cima, em pilhas de no máximo 10 placas. Foi fixada a temperatura
de 35ºC +1ºC por 24 +2 horas, conforme metodologia da APHA (2001).
4.4.5.1 Interpretação e contagem
As placas EL contêm agentes seletivos, nutrientes, um agente geleificante
solúvel em água fria, e um indicador cromogênico que facilita a detecção das
colônias de listeria. As placas EL permitem analisar amostras ambientais e ajudar a
aumentar a eficiência do monitoramento da sanitização da planta. A presença do
indicador listeria, como Listeria innocua, evidencia que as condições ambientais
estão propícias para a ocorrência de Listeria monocytogenes. A placa EL detecta a
maioria das espécies de listeria ambiental, como: Listeria monocytogenes, Listeria
innocua e Listeria welshimeri.
Todas as colônias que após o período de incubação das placas EL
apresentaram coloração vermelho-violeta intenso foram interpretadas como Listeria
spp. (FIGURA 7). A contagem das placas EL foi feita da seguinte forma: número de
colônias contadas na placa dividido pela área amostrada (100 cm2), sendo o
resultado expresso em UFC/cm2.
45
FIGURA 7: Placa Petrifilm com
colônias de Listeria spp.
A partir das colônias típicas obtidas e isoladas nas placas EL, cinco foram
selecionadas e cultivadas por picada em placas contendo ágar TSA enriquecido com
0,6% (p/v) de extrato de levedura (TSA-YE) (Merck
) e 5% (v/v) de sangue de
carneiro. Incubou-se a 35°C por 24 horas para posterior observação de uma zona
clara ao redor da perfuração, que seria uma indicação da ação beta hemolítica do
microrganismo, quando presente. Concomitantemente, confeccionou-se esfregaços
em lâmina, corados pelo método Gram, para verificação das características morfo-
tintoriais das bactérias. As listerias são bastonetes Gram positivos pequenos e
curtos, em cadeias curtas, paralelamente ou em forma de “V”.
Alíquotas dos cultivos positivos, identificados como Listeria spp., foram
transferidas para tubos contendo caldo TSB enriquecido com 0,6% (p/v) de extrato
de levedura (TSB-YE) e incubados a 35°C por 24 horas. Posteriormente, transferiu-
se para criotubos estéreis 1 mL do inóculo adicionado de glicerol (80:20), sendo
estes mantidos a temperatura de 0°C. Partindo destes subcultivos foram realizadas
as provas bioquímicas, sendo para tal, a cultura ativada e repicada por duas vezes
consecutivas em 10 mL de caldo TSB-YE e incubada a 30 ±1°C por 24 horas.
46
4.4.5.2 Provas bioquímicas
As provas bioquímicas realizadas seguiram a metodologia de Pagotto et al.
(2001), como se segue:
Produção de catalase: sobre os cultivos crescidos nos tubos de ágar TSA-YE
inclinado, incubados a 30°C por 24 horas, adicionou-se 1 mL de peróxido de
hidrogênio a 3%. O teste foi considerado positivo quando ocorreu
efervescência sobre o crescimento bacteriano. As cepas de Listeria spp. são
catalase positivas.
Teste de motilidade: as cepas em estudo foram semeadas em tubos contendo
ágar Sulfeto Indol Motilidade (Merck
) por picada no centro do meio de
cultura e até uma distância de 1 cm do fundo do tubo. Após o período de
incubação de 7 dias a temperatura ambiente (25°C), o crescimento, que na
presença de Listeria spp. forma turbilhonamento no formato de “guarda-
chuva”, caracterizou a prova como positiva.
Fermentação de carboidratos: utilizou-se como meio base o caldo Púrpura de
Bromocresol (Difco
), adicionado separadamente dos seguintes carboidratos:
glicose, manitol, maltose, xilose e rhamnose na concentração final de 1%
(p/v). A esterilização dos tubos contendo manitol e maltose foi feita a 121°C
durante 15 minutos, e dos tubos com xilose e rhamnose, a 121°C por 10
minutos. As provas foram consideradas positivas quando ocorreu viragem do
indicador púrpura de bromocresol e a coloração do meio, originalmente
púrpura, tornou-se amarela devido à produção de ácido.
Também foi realizado teste bioquímico complementar pelo Kit API
– Listeria
(bioMérieux), que consiste em um sistema padronizado para identificação de
bactérias do gênero listeria, através da utilização de mini testes e uma base de
dados. O princípio baseia-se em dez microtubos contendo substratos desidratados
que permite a realização de testes enzimáticos ou fermentações de açúcares.
47
Para tal, dentro de uma câmara de fluxo de ar, preparou-se cada galeria,
distribuíndo cerca de 3 mL de água destilada nos alvéolos do fundo das mesmas,
criando assim uma atmosfera úmida. Em seguida, as galerias foram devidamente
identificadas (FIGURA 8). Procedeu-se a preparação do inóculo, transferindo com o
auxílio da alças bacteriológicas descartáveis, colônias de culturas recentes (18 a 24
horas) e bem isoladas, para a ampola de API “Suspension Medium” (2mL) até
alcançar uma suspensão com opacidade equivalente a 1 na escala McFarland. Esta
suspensão foi imediatamente distribuída nos microtubos de cada galeria, inclinando-
se a caixa de incubação para frente, e colocando a ponta da pipeta perpendicular à
cúpula, evitando assim a formação de bolhas, tomando cuidado para que nenhum
tubo ficasse insuficiente ou demasiadamente cheio, evitando-se assim resultados
falsamente positivos ou negativos. Posteriormente, as caixas de incubação foram
fechadas para gerar um ambiente de anaerobiose e levadas à estufa bacteriológica
por 18 a 24 horas a 36 ±2°C.
FIGURA 8: Galeria pré-incubação e caixa de
incubação com água destilada nos alvéolos.
As reações traduzidas durante o período de incubação foram reveladas pelas
mudanças de cor espontâneas ou demonstradas através da adição de reagentes
(FIGURA 9-A). A leitura dessas reações foi efetuada após 3 minutos da adição de
uma gota do reagente ZYM B ao teste DIM. Sucessivamente, procedeu-se a leitura e
interpretação de todas as reações observadas com auxílio das anotações na ficha
de resultados (FIGURA 9-B) e consultando-se a lista dos perfis do folheto
48
informativo do fabricante e/ou através de um sistema de identificação online no site
do mesmo.
FIGURA 9: Galerias API
– Listeria pós-incubação (A e B) e ficha dos resultados (B)
4.4.6 Pesquisa de Bacillus cereus
A contagem de Bacillus cereus foi realizada pelo método de contagem direta
em placas, preconizado pela “American Public Health Association” do “Compendium
of Methods for the Microbiological Examination of Foods” (APHA, 2001). Para o
preparo da subamostra foi feita a homogeneização em vórtex, por 120 segundos, de
1 mL da amostra em 9 mL de água peptonada 1%. Assim, foi preparada a diluição
10-1. Para o preparo das diluições seguintes, foi pipetado sempre 1 mL e transferido
para 9 mL do referido diluente. Posteriormente, semeou-se 0,1 mL das diluições
seriadas 10-1, 10-2 e 10-3 sobre a superfície seca do Ágar Manitol Gema de Ovo
Polimixina (MYP) (Difco
) e com o auxílio da alça de Drigalski foi espalhado o
inóculo cuidadosamente por toda a superfície do meio até completa absorção. As
placas foram incubadas a 30 0C ±2 ºC por 20 a 24 horas para posterior leitura.
4.4.6.1 Caracterização de Bacillus cereus
A partir das placas que continham colônias típicas (esféricas, com bordas
perfeitas, planas e secas, translúcidas ou levemente creme, rodeadas por um
49
grande halo róseo de precipitação, devido a reação da gema de ovo com o meio)
foram selecionadas pelo menos cinco colônias para realizar a confirmação. Nas
placas onde havia menos de cinco colônias, selecionou-se todas (FIGURA 10).
FIGURA 10: Colônias
sugestivas de Bacillus cereus
em placa de petri com MYP.
Em seguida, estas foram semeadas em tubo contendo ágar nutriente
inclinado e incubadas a 30 ºC por 24 horas. A partir das colônias puras em ágar
nutriente inclinado foram realizados exames morfo-tintoriais visando confirmar a
presença de Bacillus cereus. Na coloração Gram foram observados bastonetes
Gram positivos corroborando os resultados obtidos nas placas com MYP.
4.5 PREPARO DOS CUPONS DE AÇO INOXIDÁVEL
Foram utilizados como corpo de prova cupons de aço inoxidável AISI 304
com acabamento número 4 (#4) em ambas as faces, fabricados pelo Centro de
Tecnologia da UNICAMP com dimensões de 10 x 10 x 1 milímetro de espessura, a
partir de chapas de aço inoxidável da empresa Açomedi Aços Ltda (Barueri-SP). A
escolha pelo aço inoxidável se deu pelo fato deste ser o principal material
empregado na fabricação de equipamentos para indústrias processadoras de
alimentos.
50
Antes de serem utilizados para a avaliação da formação de biofilme, os
cupons eram limpos e descontaminados individualmente seguindo a seguinte
sequência: limpeza manual com auxílio de esponja de poliuretano, água e
detergente neutro líquido; enxágue com água destilada; imersão em álcool etílico
70% (v/v) por 1 hora a temperatura ambiente; enxágue com água destilada e
esterilização em autoclave a 121°C por 15 minutos (ESPER, 2004).
4.6 FORMAÇÃO DE BIOFILMES EM SUPERFÍCIE DE AÇO INOXIDÁVEL
A capacidade de formação de biofilme foi testada em aço inoxidável apenas
para Escherichia coli, único microrganismo isolado nas três visitas realizadas. Para
tal, os cupons previamente esterilizados foram transferidos com o auxílio de uma
pinça estéril para tubos tipo Falcon estéreis, contendo 9 mL de Caldo Triptona de
Soja (TSB) (Difco
) e inoculados com 1 mL de suspensão de células do
microrganismo isolado. Como controle (branco), utilizou-se cupons imersos em meio
de cultivo (TSB) não inoculado (PARIZZI et al., 2004 modificado).
As amostras foram incubadas a temperatura de 25 ºC e avaliadas quanto a
formação de biofilme nos tempos 6, 12, 24 e 72 horas. Foram realizados três
experimentos independentes em duplicata.
4.7 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE CÉLULAS SÉSSEIS
Os cupons de aço inoxidável foram retirados dos meios de cultivo (9 mL de
TSB) com auxílio de uma pinça estéril e introduzidos em 10 mL de “Phosphate
Buffer Salt” (PBS), por 1 minuto, para remoção de células planctônicas. Em seguida,
foram colocados em tubos tipo Falcon estéreis, contendo 5 mL de PBS e agitados
em vórtex (FLEXVORTEX
), durante 2 minutos, para remoção de células sésseis
(PARIZZI et al., 2004 modificado). Diluições adequadas foram transferidas pelo
método de plaqueamento em superfície para placas de Petri contendo TSA e
51
incubadas a 35 ±1°C por 24 horas, determinando-se desta forma, o número de
unidades formadoras de colônia (UFC)/cm2 aderidas a cada cupom.
4.8 PREPARO DAS SOLUÇÕES SANITIZANTES
Foram utilizados os sanitizantes de uso industrial Primmax Sanida
(Indeba)
1,0% p/v, a base de biguanida polimérica 8,0% e, Primmax Sanquat
(Indeba) 0,5%
p/v, sendo o princípio ativo deste o cloreto de alquil dimetil benzil amônio 25%. Para
cada experimento os sanitizantes foram preparados com no máximo 15 minutos de
antecedência ao uso e diluídos em água purificada até obtenção da concentração
recomendada pelo fabricante (CRUZ; FLETCHER, 2012).
4.9 ANÁLISE DA EFICÁCIA DE SANITIZANTES NA REMOÇÃO DE BIOFILMES
Foram retirados dos meios de cultivo 2 cupons, com auxílio de uma pinça
esterilizada e, imersos cada um em tubos contendo 10 mL de PBS por 1 minuto,
para a remoção de células planctônicas. Posteriormente cada cupom foi colocado
em tubos contendo 10 mL de cada solução sanitizante. Após 15 minutos de contato,
os cupons foram removidos e transferidos para tubos contendo 4,5 mL de PBS
acrescido de 0,5 mL de caldo Letheen, para neutralizar a ação dos referidos
sanitizantes.
Em seguida os tubos foram agitados em vórtex por 2 minutos, para a remoção
das células sésseis. Foram preparadas diluições apropriadas e estas transferidas
para placas de Petri contendo meio TSA pelo método de plaqueamento em
superfície e incubadas a 35 ±1°C por 24 horas (CRUZ; FLETCHER, 2012,
modificado). Simultaneamente foi realizada a contagem de UFC/cm2 dos cupons
controles, ou seja, os que não receberam os sanitizantes, com o intuito de avaliar o
efeito destes sobre os biofilmes formados por cada microrganismo.
52
4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para se obter a distribuição normal, os dados reais das contagens foram
colocados em logaritmo na base 10 para uniformização dos mesmos.
Foram realizados três experimentos independentes, em duplicata, tendo sido
o tratamento estatístico dos resultados obtido pela análise de variância (ANOVA) em
delineamento inteiramente casualizado, com nível de significância de 5% (p<0,05).
Para comparação entre as médias foi utilizado o teste de comparação múltipla de
Tukey. Para tal, foi utilizado o programa GraphPad Prism
, versão 5.01.
53
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DA PLANTA
De acordo com a aplicação da lista de verificação (ANEXO 7.1) baseada nos
diversos grupos de itens previstos nas Circulares n 25 (BRASIL, 2009), n 175
(BRASIL, 2005a) e n 176 (BRASIL, 2005b) e, considerando que o estabelecimento
possuía o Manual de Boas Práticas, foi possível constatar através desta checagem o
quanto este instrumento estava sendo aplicado no estabelecimento, permitindo
assim verificar quais as áreas da indústria apresentavam maior deficiência (FIGURA
11).
Figura 11: Percentuais de não-conformidades dos
grupos de itens avaliados segundo lista de
verificação aplicada à indústria.
Com relação ao item Instalações, equipamentos e edificações (I) constatou-se
35,7% de não-conformidades, dentre elas destacam-se: pisos impróprios à prática
de fabricação de alimentos, paredes com pintura descascando, tetos mofados e com
condensação incidindo diretamente sobre a matéria-prima, ventiladores em péssimo
estado de conservação; sujos e com ar ventilado sendo lançado diretamente sob a
matéria-prima, equipamentos e utensílios que entram em contato direto com o
pescado mal higienizados e, área externa apresentando focos de insalubridade,
54
propiciando assim uma condição favorável ao abrigo e proliferação de pragas. Tal
fato pode ser parcialmente justificado em função de a indústria utilizar um prédio
antigo, o que dificulta sua adaptação à funcionalidade que a instalação física deveria
possuir, gerando assim um alto índice de não-conformidade para este requisito.
Resultados similares foram descritos por Munhoz e Rossi (2012) em indústria
de charque, onde encontraram 61,2% de não-conformidades em relação às
edificações e instalações, pois os itens observados não atendiam às epecificações
legais, como paredes em inadequado estado de conservação e área externa com
presença de objetos em desuso, sendo a indústria também instalada em prédio com
infra-estrutura antiga.
A situação mais crítica observada foi no item Manipuladores (II), que
apresentou as maiores porcentagens de não-conformidades, com 54,5%. Apesar de
a indústria ter um programa de treinamento dos funcionários no momento da
admissão e a cada 6 meses, foram constatados uso de adornos e maquiagem
durante manipulação da matéria-prima, uniformes em mau estado de conservação,
além destes serem higienizados pelos próprios funcionários em suas residências.
Estes dados corroboram com os obtidos por Medeiros et al. (2012) que revelaram
que mesmo após treinamento, alguns funcionários não seguiam as normas de
segurança e continuavam utilizando bijuterias ao manipular os alimentos. Tais
resultados demonstram a ineficácia dos métodos utilizados para treinamento dos
manipuladores, reforçando o despreparo dos mesmos com relação à higiene dos
alimentos, bem como a baixa motivação para o desempenho do seu ofício.
Silva et al. (2013) constataram resultados semelhantes, sendo as principais
não-conformidade encontradas também relacionada ao item manipuladores, com 0%
de atendimento, em decorrência por exemplo de vestuários inadequados e
inexistência de preocupação com o asseio pessoal. Não obstante, Munhoz e Rossi
(2012) observaram 81,5% de conformidade, devido um controle de qualidade eficaz
presente na indústria.
A indústria apresentou menor percentual de não-conformidade no item
Avaliação da produção (III), apenas 4,1%, sendo este responsável pelo não
atendimento ao item de manutenção da temperatura sem oscilação, em todos os
ambientes de trânsito de matérias-primas, a partir do seu resfriamento (BRASIL,
2009). Observou-se temperaturas acima do recomendado no interior da ante-câmera
55
e câmara frigorífica, em decorrência destas permanecerem abertas durante toda a
produção, descarregamento e acondicionamento da matéria-prima no seu interior.
No item Avaliação do armazenamento do produto final e seu transporte (IV)
foi detectado 14,3% de não-conformidades, este resultado se deu a alguns pontos
analisados, como o armazenamento feito em local sujo e em alguns pontos junto à
parede, dificultando assim a higienização. Tais dados demonstraram-se mais
satisfatórios do que os obtidos Munhoz e Rossi (2012), com 45,3% de não-
conformidades, devido ao armazenamento de ingredientes e embalagens de forma
inadequada, falta de isolamento da “área suja” e da “área limpa” e falta de análises
químicas e microbiológicas do produto final.
5.2 ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS
Os resultados das análises bacteriológicas das superfícies dos equipamentos
estão representados de forma detalhada na tabela 1, localizada no apêndice no item
7.2 e, foram comparados com os valores preconizados pela “American Public Health
Association” (APHA, 2001) e pela Reunião Diretiva Colegiada (RDC) n 12 para
pescado in natura, resfriado ou congelado não consumido cru (BRASIL, 2001).
5.2.1 Contagem de Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas
Em relação a contagem de Bactérias Heterotróficas Aeróbias Mesófilas
(BHAM) foram encontradas contagens que variaram de 2,0 x 101 UFC/cm2 a 6,9 x105
UFC/cm2, tendo sido estes microrganismos isolados em todos os pontos
amostrados, nas três visitas realizadas.
A legislação brasileira (BRASIL, 2001) não prevê limites para a contagem de
BHAM em pescado, entretanto, a “American Public Health Association” recomenda
que a contagem em superfície não ultrapasse 0,2 x 101 UFC/cm2 (APHA, 2001) e a
Organização Mundial de Saúde (OMS), o limite máximo de 5,0 x 101 UFC/cm2.
Nesse contexto, das três superfícies testadas em diferentes momentos, 80%
56
apresentaram contagens médias superiores ao valor preconizado pela OMS, sendo
responsável pelos maiores valores o Tanque de Recepção Durante o
processamento (TRD), seguido pela Esteira de Evisceração, tanto Antes do
processamento (EEA) quanto na avaliação realizada Durante o processamento
(EED). Apenas as superfícies do Tanque de Molho de Cobertura (TMC) e do Tanque
de Recepção Antes do processamento (TRA), testadas na primeira visita, e a
superfície do TRA, avaliada na segunda visita, apresentaram-se em condições
higiênico-sanitárias satisfatórias, com 0,2 x 101 UFC/cm2.
Oliveira et al. (2008) relataram resultados semelhantes em máquinas de moer
carne, com contagem de mesófilos superiores a 2,62 x 104 UFC/cm2 em todos os
estabelecimentos analisados, sendo considerada a possibilidade de formação de
biofilmes bacterianos.
Também similares, foram os resultados obtidos por Sousa et al. (2011), em
pesquisa realizada em superfícies de equipamentos e utensílios de indústria de
processamento de pescado, na qual evidenciaram contagens elevadas em 27% das
amostras, quando comparada as recomendações da APHA (2001).
Resultados mais satisfatórios foram obtidos por Queiroz et al. (2007),
apresentando 50% de contagem de BHAM das superfícies de equipamentos de
indústrias de alimentos, abaixo ou igual ao preconizado pela OMS (5,0 x 101
UFC/cm2).
Para Vieira et al. (2004), as condições higiênicas de equipamentos que
entram em contato com o pescado determinam a qualidade do produto em função
deste ser altamente perecível, podendo a eficiência do processo de higienização ser
confirmada através de análises bacteriológicas, tornando assim a análise dos
equipamentos um importante indicativo da aplicação das boas práticas de fabricação
(SILVA JR., 2001).
Nas análises das amostras de ar do ambiente de processamento o número de
BHAM variou entre 1,7x103 UFC/cm2/semana e 1,3 x104 UFC/cm2/semana, sendo
também observado presença de fungos filamentosos. Tais resultados confirmam a
ausência de condições sanitárias satisfatórias, ultrapassando as recomendações da
APHA, máximo 3,0x101/cm2/semana (APHA, 2001), e corroboram com os resultados
relatados por Coelho et. al (2010), que descreveram contagens variando entre
4,1x101 UFC/cm2/semana e 1,1 x103 UFC/cm2/semana, dados também superiores
ao limite preconizado pela APHA.
57
As variabilidades de contagens de BHAM observadas entre as diferentes
coletas neste estudo reforçam a ideia de que o estabelecimento possuia falhas
relativas às condições higiênico-sanitárias das superfícies dos equipamentos, dando
suporte a falta de padronização nos procedimentos de higienização, favorecendo
assim a contaminação da matéria-prima presente na area de processamento e,
consequentemente, comprometendo a qualidade higiênico-sanitária do produto final.
5.2.2 Isolamento e identificação de Salmonella spp.
No que diz respeito à pesquisa de Salmonella spp., todas as amostras
analisadas apresentaram-se isentas, com exceção da superfície da Esteira de
Evisceração Antes do processamento (EEA), na terceira visita. Tais resultados foram
mais satisfatórios do que os obtidos por Ferreira e Junqueira (2009), onde
constataram 100% de contaminação por Salmonella spp. nas superfícies de
processamento amostradas, levando a contaminação do produto final e
consequentemente, tornando-o impróprio para o consumo (BRASIL, 2001).
Silva (2006) também observou a presença deste patógeno em superficies de
manipulação de alimentos, no entanto, após treinamento dos funcionários e,
aplicação de procedimentos de higienização, o microrganismo não mais foi
detectado.
Kumar et al. (2003) evidenciaram a presença de Salmonella spp. em peixes,
mas acreditam que a incidência de bactérias deste gênero em pescado seja oriunda
de contaminação durante processamento e manipulação. Basti et al. (2006) em
pesquisa com peixes recém-capturados, não identificaram microrganismos do
gênero Salmonella como naturais da microbiota de pescado.
Tais dados confirmam a hipótese do presente estudo, da identificação deste
patógeno em superfície de processamento ser decorrente de falhas no controle e
higiene operacional, e não por fazerem parte da microbiota natural de peixes.
Conforme pode ser observado na Tabela 1, a constatação da presença de
Salmonella spp. na superfície da EEA caracteriza condições higiênico-sanitárias
insatisfatórias no momento da análise, segundo padrões científicos (APHA, 2001), e
portanto, podendo comprometer a inocuidade do produto final. A contaminação do
58
alimento como consequência de contaminações cruzadas já foram propostas por
Jay (2005), Forsythe (2002) e Silva Junior (2001).
A identificação de Salmonella spp. apenas em uma das visitas pode ser
justificada pela presença de outras bactérias no meio, provocando assim
competições entre os microrganismos contaminantes presentes, e/ou produção de
bacteriocinas excretadas por outras espécies de bactérias, presentes em maior
número, tornando o ambiente desfavorável à sobrevivência da Salmonella spp. A
ocorrência de bacteriocinas, inclusive colicinas, foi descrita por Jay (2005) e
Forsythe (2002).
Outra provável explicação para o resultado obtido seria a existência de
portadores assintomáticos para Samonella spp. na linha de produção. Tais falhas
podem ser minimizadas ou eliminadas com educação sanitária, treinamentos sobre
a segurança dos alimentos e um programa de higienização operacional eficiente,
que embora existisse no local, pôde-se constatar que houve falha na execução das
orientações.
5.2.3 Contagem de Staphylococcus coagulase positiva
Na análise de Staphylococcus coagulase positiva, observou-se ausência para
100% das superfícies testadas, atendendo portanto aos critérios sugeridos pela
APHA (2001), bem como os recomendados pela RDC n 12 (BRASIL, 2001) em não
ultrapassar concentração superior a 1,0 x103 UFC/g. De acordo com Huss (1998), tal
fato pode ser explicado em função dos estafilococos serem fracos competidores e
consequentemente não conseguirem crescer bem na presença de outros
microrganismos, ou seja, outras bactérias poderiam estar inibindo o crescimento dos
estafilococos por competição.
Resultado equivalente ao obtido foi relatado por Malavota (2008), em
superfícies de manipulação de restaurantes japoneses e, por Nora et al. (2009), em
superfícies de equipamentos de indústria de pescado.
Todavia, em estudo conduzido por Vargas e Quintaes (2003), encontrou-se
Staphylococcus coagulase positiva em 37,5% dos monoblocos de contato direto com
peixes comercializados em São Paulo, que diferem dos valores encontrados na
59
presente pesquisa e representam um grave risco à saúde da população, devido
estes microrganismos serem produtores de enterotoxinas, oferendo assim risco de
intoxicações aos consumidores (JAY, 2005).
Diante dos resultados constatados, a probabilidade da ocorrência deste
patógeno foi eliminada e, portanto este microrganismo não pôde ser considerado
como um fator contaminante das superfícies em questão.
5.2.4 Contagem de coliformes totais e Escherichia coli
A presença de coliformes totais deu-se em todos os pontos amostrados nas
três visitas realizadas, com enumerações que variaram de 1,4x103 UFC/cm2 a
5,8x104 UFC/cm2, deixando apenas de ser identificado na superfície do Tanque de
Molho de Cobertura (TMC). Tal ausência justifica-se em função da empresa não
estar utilizando o referido equipamento nos dias das análises.
Na contagem de E. coli, conforme Tabela 1, na primeira visita, sua
identificação realizou-se nas superfícies do Tanque de Recepção Durante o
processamento (TRD), Esteira de Evisceração Antes do processamento (EEA) e
Esteira de Evisceração Durante o processamento (EED), com contagens de 7,5x101,
1,2x102 e 2,0x101 UFC/cm2, respectivamente. Na segunda visita, apenas a
superfície da EED foi responsável pela presença de E. coli, com contagem de
1,7x101 UFC/cm2. O maior índice de contaminação foi observado na terceira visita,
onde todas as superfícies amostradas apresentaram-se contaminadas por E. coli,
com contagens variando de 1,1x101 UFC/cm2 a 6,3x102 UFC/cm2, para o TRA e
EED respectivamente, ficando isenta apenas a superfície do TMC pela sua não
utilização no momento da análise.
Resultados próximos foram relatados em estudo realizado por Battaglini
(2010), com E. coli isolada em 16,2% das superfícies analisadas, apresentando
contagens de 0,9 a 3,0x101 UFC/cm2, indicando contaminação de origem fecal e
ausência de condições higiênico-sanitárias adequadas, uma vez que algumas
superfícies já se encontravam contaminadas no início dos trabalhos, ou seja, logo
após os procedimentos de higienização, enquanto outras contaminaram-se ao longo
dos procedimentos de manipulação.
60
Dados semelhantes foram descritos por Oliveira et al. (2008), que
identificaram em 100% dos estabelecimentos avaliados, coliformes totais, com
contagens variando de 0,43x101 a 2,4x102 UFC/cm2. Para E. coli, os mesmos
autores observaram contaminação em 40% dos estabelecimentos, com enumeração
variando de 0,23x101 a 3,0x101 UFC/cm2. Resultados diferentes foram observados
por Asam e Asooriya (2006), para E. coli em superfície de mesa de processamento
de pescado, com valores de inferiores a 1,0x100 UFC/cm2.
Silva (2006) demonstrou coliformes totais em superfícies de equipamentos,
com contagens médias de 3,0x102 NMP/cm2, sendo esta enumeração reduzida para
valores inferiores a 1,0x100 NMP/cm2, após treinamento e conscientizações dos
funcionários. Nora et al. (2009) em estudo semelhante também isolou coliformes
totais a partir de superfície de esteira transportadora e mesa operacional de material
inoxidável.
Os dados do presente estudo também corroboram com as elevadas
contagens para coliformes totais, observadas por Junqueira e Ferreira (2009) em
superfície de manipulação de alimentos, com 1,0x103 UFC/cm2, alertando assim,
para possíveis riscos à saúde humana na transmissão do patógeno da superfície
para o produto final.
Farias e Freitas (2008) não confirmaram a presença de E. coli em pescado
beneficado em indústria paraenses. O mesmo foi relatado por Uddin et al. (2013) e
Basti et al. (2006), que em pesquisa com peixes recém-capturados demonstra que
tal microrganismo não faz parte da microbiota natural de peixes e aparece, em
decorrência de falhas no processo de higiene durante a manipulação.
Com os resultados obtidos na enumeração de coliformes e E. coli e,
considerando a recomendação da APHA (2001) de 0,2 x 101 UFC/cm2 para a
contagem total de microrganismos, nenhuma das superfícies estudadas estaria
dentro dos padrões recomendados, já que em todas foi constatada presença de
coliformes totais e E. coli, com exceção apenas da superfície do TMC. Demonstra-se
com isso que no estabelecimento em questão, ocorreram erros graves em uma ou
mais etapas da elaboração do produto, deixando evidente a falta de procedimentos
de higienização adequados, visto que foi constatada presença de E.coli logo após os
procedimentos de higienização, com presença também de sujidades macroscópicas
nas superficies analisadas. Tal fato representa risco ao consumidor, já que estas
superfícies contaminadas entram em contato direto com a matéria-prima para
61
elaboração do produto final, podendo desta forma contaminá-las com
microrganismos de origem fecal, sendo um fator de risco para a população que
consumir o alimento.
5.2.4.1 Teste de sensibilidade a antimicrobianos
No teste de sensibilidade antimicrobiana para as cepas de E. coli, observou-
se grande percentual de resistência frente aos antimicrobianos testados,
principalmente para a tetraciclina, gentamicina, cefoxitina e meropenem, que
apresentaram igualmente 87,5% de resistência, e a maior sensibilidade
demonstrada à sulfametoxazol e aztreonam, com 62,5% de susceptibilidade,
conforme Tabela 3. Resultados semelhantes foram observados por Kumaran et al.
(2010) a partir de cepas de E. coli isoladas de pescado na Índia, que apresentaram
56,25% de resistência à ampicilina e mais de 35% de resistência a ciprofloxacina,
corroborando com a presente pesquisa.
Onyuka et al. (2011) em estudo de isolados de E. coli de duas espécies de
peixe no Quênia, obtiveram como resultado a tetraciclina, igualmente com o maior
número de cepas resistentes (73,7%), para uma das espécies avaliada. Entretanto,
a maior freqüência de resistência entre as duas espécies de peixe foi demonstrada
para a ampicilina, com 73,7 e 72,2%, enquanto a ciprofloxacina apresentou somente
cepas sensíveis, divergindo dos resultados contidos na Tabela 3. Jeyasanta et al.
(2012) também ressaltaram a importância da variabilidade de resistência antibiótica
de cepas de E. coli, demonstrando entretanto, maior frequência em relação a
vancomicina e penicilina, e baixa resistência para gentamicina e ciprofloxacina,
contradizendo os achados na atual pesquisa.
Resultados divergentes foram constatados por Seung-Hee et al. (2012), a
partir de 179 cepas de E. coli isoladas em peixes comerciais, das quais 109 (60,9%)
não apresentaram resistência a nenhum dos antibióticos testados, enquanto as
demais cepas apresentaram resistência para tetraciclina, ampicilina e
sulfametoxazole, com 30,7%, 6,7% e 6,7%, respectivamente.
62
Os achados inclusos na Tabela 3 estão em conformidade com os de Franco
(2002), que afirma serem as cepas de E. coli em sua grande maioria, resistentes aos
antibióticos testados.
A literatura consultada e os dados obtidos neste trabalho advertem para uma
possível evolução quantitativa de cepas de E. coli resistentes, além do risco de
formação de biofilmes na indústria, constituíndo assim um sério problema de Saúde
Pública pela transferência destas cepas resistentes para a matéria-prima e
consequentemente na dificuldade do tratamento das infecções adquiridas.
A presença de cepas E. coli em pescado pode ser atribuída às más condições
sanitárias de armazenamento, manipulação e transporte da matéria-prima, uma vez
que esse microrganismo não faz parte da microbiota natural do pescado (AUTIO et
al., 1999; BASTI et al., 2006; FARIAS; FREITAS, 2008; UDDIN et al., 2013). Tal fato
demonstra a necessidade de se colocar em prática padrões de higiene, como as
Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimentos Padrão de Higiene Operacional
(PPHO) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), já
implementados no estabelecimento ora estudado, porém não aplicados
corretamente, objetivando assim proporcionar ao consumidor um alimento seguro e
de melhor qualidade.
5.2.5 Isolamento e identificação de Listeria spp.
Com relação à Listeria spp. verificou-se que das amostragens realizadas, nos
pontos considerados críticos para a produção, apenas na primeira visita, foi
detectada sua presença; na superfície do Tanque de Recepção Durante o
processamento (TRD). Os dados encontrados corroboram com os descritos por
Gudbjornsdóttir et al. (2004), com observação de Listeria spp. em equipamentos de
indústria de pescado, tanto antes quanto durante o processamento dos peixes. Chen
et al. (2010), também detectaram Listeria spp. em superfície de indústrias de
pescado.
Cruz e Fletcher (2011) confirmaram a presença de Listeria spp. no ambiente
de processamento de indústrias de mexilhão na Nova Zelândia, acarretando assim
em fonte de contaminação para o produto final.
63
Resultados similares foram descritos por Conter et al. (2008), em estudo
realizado em planta de processamento de salmão defumado, na Itália, onde os
principais pontos identificados de contaminação foram a mesa de aço inoxidável e o
fatiador. Os autores relataram ainda que o número de amostras positivas no
pescado foram maiores no produto final, comprovando assim a contaminação pelo
patógeno em toda a linha de produção.
Autio et al. (1999) avaliaram os pontos de contaminação de peixes na
indústria, e concluíram que, na maioria dos casos, a contaminação da carne desses
animais ocorre durante o seu processamento.
Nesse contexto, os dados da presente pesquisa refletem uma condição
deficiente na higienização das superficies dos equipamentos. Mesmo tendo sido
identificado Listeria spp. somente na primeira visita, sua presença torna-se um fator
de risco para a contaminação do produto final e para a saúde do consumidor.
Ratifica-se assim a importância dos procedimentos de higiene serem realizados de
forma eficaz pela indústria, objetivando melhorar a qualidade e segurança dos seus
produtos.
5.2.6 Pesquisa de Bacillus cereus
A presença de bactérias do grupo B. cereus foi observada nas superfícies da
Esteira de Evisceração Antes (EEA) e Durante o processamento do pescado (EED),
com contagens de 1,4x103 UFC/cm2 e 2,5x103 UFC/cm2, respectivamente. Tais
resultados correspondem apenas a análise das amostras referentes à terceira visita,
não tendo sido constatada sua presença nas demais.
Em pesquisa semelhante, conduzida por Asam e Asooriya (2006), também
foi relatado isolamento de B. cereus a partir de superfícies de indústria de
processamento de pescado.
Coelho et. al (2010) observaram em 85% do total de amostras analisadas,
microrganismos do gênero Bacillus, sendo equipamentos e utensílios os
responsáveis pelas maiores contagens, 1,6x100 UFC/cm2 em superfícies de pré-
preparo de carnes e 1,2x104 UFC/cm2 em cubas de aço inoxidável.
64
Apesar dos resultados constatados no presente estudo, com a observação de
Bacillus cereus na superfície de equipamentos, em apenas uma das visitas, e da
falta de parâmetros para tal na legislação brasileira, sugere-se a adoção de medidas
eficazes de controle higiênico-sanitário, pela indústria em questão, visando reduzir
esta contaminação, principalmente pela detecção ter sido realizada antes do início
das operações, o que demontra falhas nos procedimentos de higienização. Vale
ressaltar a resistência destas bactérias, devido sua capacidade de formação de
esporos e, consequentemente, a dificuldade em removê-las, facilitando assim sua
permanência no ambiente operacional, podendo ocasionar a contaminação da
matéria-prima e colocando assim em risco a saúde dos consumidores.
5.3 AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO DE BIOFILME EM SUPERFÍCIE DE AÇO
INOXIDÁVEL
As médias obtidas da formação de biofilmes a partir de cepas de Escherichia
coli isoladas de superfície de equipamentos encontram-se dispostas na tabela 4. A
evolução do crescimento do biofilme pode ser observada graficamente na figura 12.
65
Tabela 4: Formação de biofilme por cepa controle e cepas de E. coli isoladas de superfícies de equipamentos sobre cupons de aço inoxidável AISI 304 #4
*Média de três repetições em duplicata. **Desvio Padrão (DP). Diferença entre letras minúsculas nas colunas indica presença de diferença estatística (p<0,05) entre os tempos analisados. Diferença entre letras maiúsculas na mesma coluna indica presença de diferença estatística (p<0,05) entre as amostras. Controle (ATCC 00033). EED1 (Esteira de Evisceração Durante processamento do pescado primeira visita). EED2 (Esteira de Evisceração Durante processamento do pescado segunda visita). EED3 (Esteira de Evisceração Durante processamento do pescado terceira visita).
Figura 12: Evolução da população de células sésseis de
Escherichia coli isoladas de superfície de equipamentos
sobre cupons de aço inoxidável AISI 304 # 4.
Contagem (log UFC/cm2 *± DP**) E. coli
6h 12h 24h 72h
C
EED1
1.180aAB ± 0.273
0.401aA ± 0.044
4.563bA ± 0.328
2.905bB ± 0.458
4.723bA ± 0.252
6.127cB ±0.351
5.958cA ± 0.689
5.630cA ± 0.792
EED2
1.190aAB ± 0.359
3.858bAB ± 0.755
5.766cAB ± 0.827
6.404cA ± 0.332
EED3
1.473aB ± 0.407
4.685bA ± 0.374
4.773bA ± 0.119
5.461bA ± 0.787
log
UF
C/c
m2
Tempo (h)
7 6 5 4 3 2 1 0
66
Na análise dos resultados, evidenciou-se capacidade de aderência e
formação de biofilmes por todas as cepas de E. coli, isoladas da superfície da
Esteira de Evisceração Durante o processamento (EED), nas três visitas realizadas.
As maiores contagens de células sésseis foram observadas após 72 horas de
incubação, para as cepas isoladas na segunda (EED2) e terceira visitas (EED3),
com 6,40 e 5,40 log UFC/cm2, respectivamente. Todavia, o isolado EED1
apresentou maior contagem com 24 horas de exposição, 6.1 log UFC/cm2,
demonstrando um decréscimo em sua evolução, quando comparado com 72 horas,
5.6 log UFC/cm2. Tal fenômeno pode ser observado em biofilmes maduros, o que
segundo alguns autores pode levar de algumas horas até semanas para acontecer,
quando passam a apresentar padrões de crescimento alterados, podendo suas
células se desprender e contaminar o alimento que entrar contato (KASNOWSKI et
al., 2010; OLIVEIRA et al., 2010; MEDONLINE, 2008; MACEDO, 2006).
Ortega et al. (2010) avaliaram o comportamento da adesão de cepas de
Escherichia coli em superfície de aço inoxidável e observaram que as células
planctônicas atingiram a fase estacionária com 3 a 4 horas de incubação, tempo
inferior ao observado no presente estudo.
De acordo com Stoodley et al. (2002) o aumento de células aderidas,
conforme figura 12, faz parte do processo de maturação do biofilme e decorre da
divisão celular e da coadesão de outras células.
Segundo Andrade et al. (1998), para se considerar um biofilme é necessário
um número mínimo de 7 log UFC/cm2 de células aderidas à superfície. Por outro
lado, Ronner e Wong (1993) e Wirtanen et al. (1996) consideram como biofilme
qualquer contagem de células após remoção das células planctônicas. Diante disso,
pode-se afirmar que as cepas do presente trabalho apresentaram capacidade de
formação de biofilme em superfície de aço inoxidável e, desta forma, representam
risco potencial por serem capazes de formar biofilme nas linhas de processamento.
Neste contexto, mesmo biofilmes mono-espécies são preocupantes em uma
indústria de alimentos, pois a produção da matriz exopolissacarídea pelo biofilme,
pode ser fator predisponente para a adesão de células de outros microrganismos,
formando assim biofilmes multi-espécies, como relatado por Sasahara e Zottola
(1993), que verificaram que a formação de biofilmes por Listeria monocytogenes foi
aumentada na presença de Pseudomonas fragi.
67
Ainda com relação a tabela 4, observa-se que as contagens apresentaram
diferença significativa entre os tempos 6, 12 e 24 horas, para todas os isolados,
porém não diferiram estatisticamente entre 24 e 72 horas de incubação. Na análise
entre as cepas amostradas, constatou-se diferença significativa entre EED1 e EED3,
com exceção do tempo 72 horas, onde não houve diferença significativa, enquanto
EED1 e EED2 não apresentaram diferença estatística durante todo o experimento.
Dados semelhantes foram relatados por Rivas et al. (2007), em trabalho para
avaliar a formação de biofilmes em aço inoxidável, por cepas de E. coli. A
capacidade de adesão apresentou diferença significativa entre as cepas, tanto para
24 horas como para 48 horas de incubação, não tendo sido constatada diferença
significativa após 48 horas. As contagens variam de <3 log UFC/cm2 a 5 log
UFC/cm2 para 24 e 48 horas, respectivamente.
Os resultados obtidos corroboram em parte com Asam e Asooriya (2006), que
observaram formação de biofilme de E. coli em superfícies de indústrias de
processamento de pescado, no Sri Lanka, com contagens de células sésseis <1
UFC/cm2 ao longo de 72 horas de exposição, em mesa de filetagem e monobolocos.
Apesar da aderência de células sésseis relatada pelos autores ter sido menor do
que a identificada no presente estudo, ambas refletem a necessidade de
implantação de sistemas de qualidade e aplicação efetiva de agentes de limpeza e
sanitizantes. Caso contrário, os microrganismos aderidos podem não ser
completamente removidos das superfícies e instalações que entram em contato
direto com o pescado, contribuindo para o desenvolvimento de biofilmes, que podem
atuar como fonte de contaminação crônica para o produto, reduzindo seu prazo de
vida comercial, além do risco de veicular doenças ao consumidor (CAIXETA, 2008).
Para Meyer (2003) não é possível higienizar as superfícies com frequência
suficiente para impedir a ligação de células à superfície, uma vez que a adesão pode
ocorrer em questão de poucos minutos. Porém, sugere que a remoção de biofilmes
durante a limpeza é significativamente aumentada pela aplicação de força mecânica
e uso de sanitizantes à superfície, desde que não gerem aerossóis, o que poderia
espalhar ainda mais bactérias pelo ambiente.
De acordo com Johnson et al. (2000) biofilmes são hidrofóbicos e resistem
bem a lavagem com água, ou seja, mesmo utilizando água fervente no enxágue, não
removeria completamente as células aderidas das superfícies se não fosse aplicada
força mecânica.
68
Resultados adversos foram obtidos por Guðbjörnsdóttir (2005), com
observação de bactérias aderidas em vários pontos nas linhas de processamento de
frutos do mar, apesar da limpeza completa e desinfecção serem realizados
regularmente pela indústria. Tal fato talvez justifique-se pela ausência de força
mecânica adequada durante os procedimentos de higienização.
Uma provável explicação para os resultados encontrados seria devido a rotina
de higienização antes e após o processamento remover somente sujidades
superficiais, quando as removia. Para solucionar este problema, seria necessário
além da utilização de agentes sanitizantes, conforme já dito anteriormente, a
realização de ação mecânica suficiente nas superfícies de contato com os alimentos,
atendendo desta forma a um correto programa de higienização e objetivando com
isso, minimizar a formação de biofilmes bacterianos. Desta forma evitar-se-ia assim
risco de veiculação de doenças para a população consumidora, uma vez que após
maduros, os biofilmes podem destacar suas células e contaminar os alimentos que
entram em contato direto com a superfície colonizada, sendo as BPF e o PPHO
requisitos mínimos para a obtenção de alimentos seguros, devendo por isto serem
utilizados por todas as indústrias alimentícias que desejam produzir alimentos com
tal característica.
5.4 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE SANITIZANTES NA REMOÇÃO DE BIOFILMES
FORMADOS
Os resultados da avaliação da ação dos sanitizantes a base de biguanida
polimérica e quaternário de amônio sobre as células sésseis de E. coli em biofilme
formado nas superfícies de aço inoxidável, encontram-se dispostos nas Tabelas 5, 6
e 7.
69
Tabela 5 Efeito da aplicação de sanitizantes sobre biofilmes de E. coli (EED1)
formados em cupons de aço inoxidável AISI 304 #4 a partir de ponto amostrado em
indústria de pescado.
*Média de três repetições em duplicata. EED1 (Esteira de Evisceração Durante processamento do pescado - primeira visita).
Tabela 6 Efeito da aplicação de sanitizantes sobre biofilmes de E. coli (EED2)
formados em cupons de aço inoxidável AISI 304 #4 a partir de ponto amostrado em
indústria de pescado.
*Média de três repetições em duplicata. EED2 (Esteira de Evisceração Durante processamento do pescado - segunda visita).
Tempo
Contagem Inicial
(log UFC/cm2)
Contagem Final (log UFC/cm2)
biguanida polimérica quaternário de amônio
(500mg.L-1) (495mg. L-1)
6 horas <1 <1 <1
12 horas 2,007 <1 <1
24 horas 6,519 3,635 3,792
Tempo
Contagem Inicial
(log UFC/cm2)
Contagem Final (log UFC/cm2)
biguanida polimérica quaternário de amônio
(500mg.L-1) (495mg. L-1)
6 horas <1 <1 <1
12 horas <1 <1 <1
24 horas 4,424 <1 1,484
70
Tabela 7 Efeito da aplicação de sanitizantes sobre biofilmes de E. coli (EED3)
formados em cupons de aço inoxidável AISI 304 #4 a partir de ponto amostrado em
indústria de pescado.
*Média de três repetições em duplicata. EED3 (Esteira de Evisceração Durante processamento do pescado - terceira visita).
Para os biofilmes produzidos foram constatadas reduções nas contagens
iniciais de células sésseis de E. coli, isoladas na primeira e segunda visitas, EED1 e
EED2 respectivamente, a níveis inferiores a 1 log UFC/cm2, após sanitização com
biguanida ou quaternário de amônio, para os tempos 6 e 12 horas de incubação,
atendendo assim ao padrão internacional de contagens inferiores a 1 log UFC/cm2
para superfícies devidamente sanitizadas (ICMSF, 2008). Entretanto, para os
biofilmes produzidos com 24 horas de incubação a contagem bacteriana apresentou
redução de apenas 3 log, mesmo após contato com soluções sanitizantes, sendo
reduzido para valores < 1 log UFC/cm2 apenas no isolado EED2, após exposição a
biguanida, demonstrando maior resistência ao quaternário de amônio, conforme
tabelas 5 e 6.
Os dados obtidos corroboram com os relatos de Germana e Germano (2003),
que observaram que sanitizantes a base de quaternário de amônio apresentam
pouca eficácia sobre bactérias Gram negativas.
Para Maillard (2002) a atividade antimicrobiana dos sanitizantes pode variar
entre diferentes cepas de uma mesma espécie, o que justificaria os resultados
obtidos no presente estudo. Não obstante, outra explicação para a resistência ao
processo de desinfecção, seria a presença de biofilmes pré-formados nas
superfícies amostradas, possibilitando assim a persistência e sobrevivência da E.
coli no ambiente operacional (OLIVEIRA et al., 2010).
Tempo
Contagem Inicial
(log UFC/cm2)
Contagem Final (log UFC/cm2)
biguanida polimérica quaternário de amônio
(500mg.L-1) (495mg. L-1)
6 horas <1 <1 <1
12 horas <1 <1 <1
24 horas 5,383 <1 <1
71
A resistência das células aos sanitizantes é descrita como a habilidade que
alguns microrganismos apresentam em produzir substâncias poliméricas
extracelulares, sendo estas responsáveis por conferir proteção aos microrganismos,
pois agem como barreira física impedindo que sanitizantes cheguem a seus sítios de
ação (WONG, 1998; DUNNE, 2002; PARIZZI et al., 2004; MACEDO, 2006 e
VESTBY et al., 2009)
Resultados mais satisfatórios foram constatados com a cepa EED3, isolada
na terceira visita, com redução das contagens iniciais após sanitização com
biguanida polimérica e quaternário de amônio, para níveis inferiores a 1 log UFC/cm2
para todos os tempos avaliados, conforme tabela 7, atendendo desta forma a
recomendação internacional de contagens inferiores a 1 log UFC/cm2 (ICMSF,
2008).
De acordo com o padrão internacional, para que um sanitizante seja
considerado efetivo, é necessária a redução da contagem de microrganismos em 4
log ou mais (Anon, 2001 apud VESTBY et al., 2009), o que demonstra que no
estudo em questão, a eficácia dos sanitizantes testados só foi confirmada para os
biofilmes formados após 24 horas pela cepa EED3, isolada na terceira visita.
Guðbjörnsdóttir (2005) constatou eficácia do quaternário de amônio em
estudo laboratorial simulando condições de processamento industriais de bacalhau e
arenque.
Bagge-Ravn et al. (2003) relatam redução na contagem bacteriana após os
procedimentos de higienização em indústrias de salmão defumado, semi-conservas
de arenque e em indústrias de processamento de caviar.
Os resultados apresentados nas tabelas 5, 6 e 7 refletem a inadequação dos
procedimentos descritos no PPHO implementado na indústria, uma vez que o
sanitizante biguanida, utilizado pela mesma e recomendado para a higienização de
superfícies e equipamentos de indústria de pescado, apresentou os melhores
resultados em quase a totalidade dos tempos analisados, com contagens em sua
maioria, dentro do preconizado pelo padrão internacional (<1 log UFC/cm2). Tal fato
inviabilizaria o isolamento de cepas de E. coli de superfícies devidamente
sanitizadas, excetuando-se pela presença de biofilmes pré-formados, ratificando a
inadequação dos procedimentos de limpeza e sanitização aplicados, e
demonstrando a necessidade de adequação dos mesmos.
72
6 CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos neste experimento, pode-se concluir que: Diante das não-conformidades constatadas através da lista de verificação
aplicada, sugere-se a revisão do manual de boas práticas de fabricação, já
documentado e implementado na indústria, além de um maior monitoramento e
supervisão das boas práticas durante o período de manipulação. Recomenda-se
a realização de um treinamento efetivo dos manipuladores e reformas na parte de
edificações para adequação do espaço físico às legislações vigentes.
Os resultados das análises bacteriológicas de superfícies de contato direto com o
produto apresentaram resultados insatisfatórios de acordo com os padrões
científicos estabelecidos. O pescado processado sob esta superfície contaminada
pode constituir fator de risco para o consumidor e possibilidade de formação de
biofilmes por cepas resistentes, uma vez que foram constatadas ausência de
procedimentos higiênicos eficazes, com elevada contagem de BHAM, coliformes
totais e E. coli, inclusive antes de começarem os procedimentos operacionais, ou
seja, logo após a higienização dos equipamentos.
As cepas de E. coli isoladas das superfícies dos equipamentos apresentaram
grande espectro de resistência aos antimicrobianos testados e de uso rotineiro na
antibioticoterapia, constituindo-se em um problema de saúde pública,
principalmente para indivíduos classificados como grupo de risco, pela
possibilidade de colonização do trato gastrientestinal com microrganismos de
múltipla resistência.
Os resultados obtidos comprovaram que os isolados de E. coli foram capazes de
formar biofilmes em superfície de aço inoxidável, reforçando a evidência de um
procedimento ineficaz de higienização e/ou presença já existente de biofilmes nas
superfícies avaliadas, uma vez que estes microrganismos foram encontrados nas
mesmas superfícies, em todas as visitas realizadas. Vale ressaltar que, a
presença de biofilmes na indústria de alimentos pode acarretar sérios problemas
73
de saúde pública pela contaminação da matéria-prima com a superfície
colonizada.
Na avaliação da eficácia dos sanitizantes observou-se melhores resultados para o
sanitizante biguanida, o mesmo utilizado pela indústria avaliada. Este foi capaz de
reduzir as contagens “in vitro” dos biofilmes formados, atendendo ao padrão
internacional de contagem de microrganismos para superfícies devidamente
sanitizadas. O que deixa claro a possibilidade de existência de biofilmes pré-
formados, e consequentemente, inadequação dos procedimentos padrões de
higiene operacional.
74
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, W. F.; VIEIRA, R. H. S. F.; VIEIRA, G. H. F. Isolamento de
Staphylococcus aureus do gelo, água, bancadas e vendedores de pescado da feira
do Mucuripe, Fortaleza, Ceará. Revista Ciência Agronômica, v.37, n. 3, p. 299-303,
2006.
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Committee on
Microbiological Methods for Foods. Compendium of methods for the microbiological
examination of foods. 4 edição, Washington, DC, p. 676, 2001.
ANDRADE, N. J. Higiene na indústria de alimentos: avaliação e controle da adesão
e formação de biofilmes bacterianos. São Paulo: Varela, p. 412, 2008.
ANDRADE, N. J., BRIDGEMAN, T. A., ZOTTOLA, E. A. Bacteriocidal activity of
sanitizers against Enterococcus faecium attached to stainless steel as determined by
plate count and impedance methods. Journal of Food Protection, v.61, n.7, p.833-
838, 1998.
ANDRADE, N. J.; MACÊDO, J. A. B. Higienização na Indústria de Alimentos. São
Paulo: Varela, p. 182, 1996.
ANDRADE, N. J.; SILVA, da M. M. R.; BRABES, S. C. K. Avaliação das condições
microbiológicas em unidades de alimentação e nutrição. Ciência e Agrotecnologia, v.
27, p. 590-596, 2003.
ANDREWS, W. H.; HAMMACK, T. United States Food and Drug Administration
(FDA). Center for Food Safety. Bacteriological Analytical Manual Online, 8a ed. rev.,
cap. 5, 1998. Disponível em: http:// www.cfsan.fd.gov/ebam/bam-toc.html. Acesso
em: 30 de junho de 2012.
ARRUDA, G. A. Manual de Boas Práticas. vol. II – Unidade de alimentação e
Nutrição. São Paulo, SP; Ed. Ponto Crítico, 2002.
75
ASAM, W. A. K.; ASOORIYA, J. P. S. A preliminary study on the presence of biofilms
on food contact surfaces in selected Sri Lankan fish & shrimp processing factories:
setback in current cleaning process. Journal of Aquatic Sciences, v.11, n. 6, p.75-83,
Sri Lanka, 2006. Disponível em:
http://www.slafar.org/publications/_Paper_6_volume_11.pdf. Acesso em: 12 de junho
de 2013.
AUTIO, T.; HIELM, S.; MIETTINEN, M.; SJOBERG, A-M.; AARNISALO, K.;
BJORKROTH, J.; MATTILA-SANDHOLM,T.; KORKEALA, H. Sources of Listeria
monocytogenes Contamination in a Cold-Smoked Rainbow Trout Processing Plant
Detected by Pulsed-Field Gel Electrophoresis Typing. American Society for
Microbiology. v. 65, n. 1, p. 150-155, 1999. Disponível em:
http://aem.asm.org/content/65/1/150. Acesso em: 13 de janeiro de 2014.
BADOLATO, E. S.; CARVALHO, J. B.; AMARAL, M. R. P. M.; TAVARES, M.;
CAMPOS, N. C.; AUED-PIMENTEL, S.; MORAIS, C. Composição centesimal, de
ácidos graxos e valor calórico de cinco espécies de peixes marinhos nas diferentes
estações do ano. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 54, n. 1, p. 27-35, 1994.
BAGGE-RAVN, D.; NG, Y.; HJELM, M.; CHRISTIANSEN, J. N.; JOHANSEN, C.;
GRAM, L. The microbial ecology of processing equipment in different fish industries e
analysis of the microflora during processing and following cleaning and disinfection.
International Journal of Food Microbiology, v. 87, p. 239-250, 2003.
BARROS, C. G. Perda da Qualidade do Pescado, Deterioração e Putrefação.
Revista – Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV. Brasília, v. 2, n.30, p.
59 –66, 2003.
BASTI, A. A.; MIGASHI, A.; SALEHI, T. Z.; KAMKAR, A. Bacterial pathogens in
fresh, smoked and salted Iranian fish. Food Control, v.17, n. 3, p. 183-188, 2006.
BATTAGLINI, P. P. A. Qualidade microbiológica do ambiente, alimentos e água, em
restaurantes da Ilha do Mel, PR. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) –
Universidade Estadual de Londrina, UEL, 65 f., Londrina. 2010.
76
BAUER, A. W.; KIRBY, E. M.; TURCK, M. Antibiotic Susceptibility Testing by
standarized single disk method. Recopilado em The American Journal of Clinical
patology, n. 45, 1966.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto no 30.691 de
29 de março de 1952, alterado pelos decretos no 1.255 de 25 de julho de 1962, no
1.236 de 02 de setembro de 1994, no 1.812 de 08 de fevereiro de 1996, no 2.244 de
04 de junho de 1997, alterado pela Portaria Ministerial nº 372 de 05 de dezembro de
2007.
______. Portaria n0 15 de 23 de agosto de 1988 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. Determina que o registro de produtos saneantes domissanitários com
finalidade antimicrobiana seja procedido de acordo com as normas regulamentares.
Diário oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 set. 1988.
______. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Serviço de Inspeção de
Produto de Origem Animal. Garantia da Qualidade dos Produtos da Pesca.
Documentos Técnicos das Pescas da FAO. n. 334. Roma, FAO, p.182, 1997.
______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
RDC n°12, de 01 de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento sobre Padrões
Microbiológicos para Alimentos e seus Anexos I e II. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, n°7-E, p.45-53, 10 de janeiro de 2001. Seção 1.
______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria Nacional de
Defesa Agropecuária. Instrução Normativa nº 62, de 26 de agosto de 2003. Oficializa
os Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de
Produtos de Origem Animal e Água. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, p. 14, 18 de set. 2003. Seção 1.
______. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Circular nº 175, de 16
de maio de 2005. Procedimentos de Verificação dos Programas de Autocontrole
(Versão Preliminar). Diário Oficial [da] República do Brasil, Distrito Federal, Brasília,
77
DF, p. 35, 2005a.
BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Circular nº 176, de 16
de maio de 2005. Aplicação dos Procedimentos de Verificação dos Elementos de
Inspeção Previstos na Circular nº 175/2005 CGPE/DIPOA. Diário Oficial [da]
República do Brasil, Distrito Federal, Brasília, DF, p. 10, 2005b.
______. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Circular nº 25, de 13 de
novembro de 2009. Procedimentos de Verificação dos Programas de Autocontrole
em Estabelecimentos de Pescado e Derivados. Diário Oficial [da] República do
Brasil, Distrito Federal, Brasília, DF, 2009.
______. Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Boletim Estatístico da Pesca e
Aquicultura, Brasil, Distrito Federal, Brasília, DF, 2011. Disponível em:
http://www.mpa.gov.br/images/Docs/Informacoes_e_Estatisticas/Boletim%20MPA%2
02011FINAL.pdf. Acesso em: 05 de janeiro de 2014.
CABEÇA, T. K.; PIZZOLITTO, A. C.; PIZZOLITTO, E. L. Assessment of action of
disinfectants against Listeria monocytogenes biofilms. Alimentos e Nutrição, v. 17, p.
121-125, 2006.
CAIXETA, Danila Soares. Sanificantes químicos no controle de biofilmes formados
por duas espécies de Pseudomonas em superfície de aço inoxidável. 2008. 75 p.
Dissertação (Mestrado em Microbiologia Agrícola) – Universidade Federal de Lavras,
Lavras.
CHEN, B-Y.; PYLA, R.; KIM, T-J.; SILVA, L. J.; JUNG, Y-S. Prevalence and
contamination patterns of Listeria monocytogenes in catfish processing environment
and fresh fillets. Food Microbiology, v.27, n. 5, p. 645-652, 2010. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0740002010000365. Acesso em:
13 de janeiro de 2014.
Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Performance Standards for
Antimicrobial Disk Susceptibility Tests – Eleventh Edition. v. 32, n. 1, 2012a.
78
Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI), Performance Standards for
Antimicrobial Susceptibility Testing – Second Informational Supplement. v. 32, n. 3,
2012b.
COELHO, M. I. A.; MILAGRES, M. R. C. R.; MARTINS, L. F. J.; AZEREDO, C. M. R.;
SANTANA, C. M. A. Contaminação microbiológica de ambientes e de superfícies em
restaurantes comerciais. Ciência e Saúde Coletiva, v. 15, p. 1597-1606, 2010.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
81232010000700071&script=sci_arttext. Acesso em: 10 de janeiro de 2014.
CONNEL, J. J. Control de la calidad del pescado. Zaragoza: Acribia, 1988.
CONTER, M.; DI CICCIO, P.; MELONI, D.; ZANARDI, E.; FESTINO, R. A.; GHIDINI,
S.; VERGARA, A.; IANIERI, A. Sources and tracking of Listeria monocytogenes in a
cold-smoked processing plant. In: ANNALI DELLA FACOLTÀ DI MEDICINA
VETERINÁRIA. Anais eletrônicos. Parma, 2008. v. 28, p. 97-104, 2008. Disponível
em: http://www.unipr.it/arpa/facvet/annali/2008/07%2097_104.pdf. Acesso em: 13 de
janeiro de 2014.
CRUZ, D. C.; FLETCHER, C. G. Prevalence and biofilm-forming ability of Listeria
monocytogenes in New Zealand mussel (Perna canaliculus) processing plants. Food
Microbiology, v. 28, n. 7, p. 1387-1393, 2011. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0740002011001511. Acesso em:
13 de agosto de 2013.
DESTRO, M. T. Incidence and significance of Listeria in fish and fish products from
Latin America. International Journal of Food Microbiology, v. 62, p. 191-196, 2000.
DI BONAVENTURA, G.; PICCOLOMINI, R.; PALUDI, D.; D’ORIO, V.; VERGARA, A.;
CONTER, M.; IANIERI, A. Influence of temperature on biofilm formation by Listeria
monocytogenes on various food-contact surfaces: relationship with motility and cell
surface hydrophobicity. Journal of Applied Microbiology, v.104, p. 1552–1561, 2008.
79
DUNNE, W. M. Bacterial adhesion: seen any good biofilms lately? Clinical
Microbiology Reviews, v. 15, p. 155-166, 2002.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. A aqüicultura e a
atividade pesqueira, 2013. Disponível em:
http://www.cnpma.embrapa.br/projetos/index.php3?sec=aquic:::27. Acesso em: 26
de dezembro de 2013.
ESPER, R. M. L. Enterobacter sakazakii (Cronobacter spp.) e Bacillus cereus:
QUORUM SENSING, FORMAÇÃO DE BIOFILME E AÇÃO DE SANITIZANTES.
2010. 125 p. Tese (Doutorado em tecnologia de alimentos) – Universidade Estadual
de Campinas, São Paulo.
FARIAS, M. C. A.; FREITAS, J.A. Qualidade microbiológica de pescado beneficiado
em indústrias paraenses. Instituto Adolfo Lutz, n.67, v.2, p.113-117, 2008. Disponível
em: http://revistas.bvs-vet.org.br/rialutz/article/viewFile/7172/7397. Acesso em: 25 de
junho de 2012.
FERREIRA, C. L.; JUNQUEIRA, G. R. Condições higiênico-sanitárias de uma
indústria de processamento de conservas de polpa de pequi na região norte do
estado de minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, v. 33, p. 1825-1831, 2009.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
70542009000700021. Acesso em: 12 de janeiro de 2014.
FINCO, M. V. A.; ABDALLAH, P. R. Análise da atividade Pesqueira no município de
Rio Grande e sua inserção no modelo de educação ambiental. Revista eletrônica do
Mestrado em Educação Ambiental. Fundação Universidade Federal do Rio Grande.
2000.
FLACH, J.; KARNOPP, C; CORÇÃO, G. Biofilmes formados em materia-prima em
contato com leite: fatores de virulência envolvidos. Acta Scientiae Veterinariae, v. 33,
p. 291-296, 2005.
80
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION – FAO. Situação da Pesca no Mundo.
Roma, 1997. 153p. Disponível em: http://www.fao.org. Acesso em: 25 de junho de
2012.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION – FAO. The State of World Fisheries
and Aquaculture. Roma, 2011. Disponível em:
http://www.seafish.org/FAOAquaculture_2012.pdf. Acesso em: 25 de junho de 2012.
FORSYTHE, S. T. Microbiologia da segurança alimentar. Porto Alegre: Artmed,
2002. 424p.
FRANCO, R. M. Escherichia coli: Ocorrência em Suínos Abatidos na GrandeRio e
sua Viabilidade Experimental em Lingüiça Frescal Tipo Toscana. Tese (Doutorado
em Medicina Veterinária) – Universidade Federal Fluminense, UFF, 153 f., Niterói.
2002
FRANCO, B. D. G. de M.; LANDGRAF, M. Microrganismos Patogênicos de
Importância em Alimentos. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Atheneu, p. 33-
71, 2003.
FRAZIER, W. C.; WESTHOFF, D. C. Microbiología de los alimentos. 4 ed. Zaragoza:
Acribia, p. 681, 1993.
GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. Higiene e Vigilância Sanitária de
Alimentos. 2 ed. São Paulo: Livraria Varela, 2003.
GUÐBJÖRNSDÓTTIR, B. The Sanitising efficiency of different disinfectants used in
the fish industry. 2005. 39 p. Especialização (programa de treinamento em indústria
de pescado) – Universidade de Pescado - Faculdade de Processamento de
Alimentos, Vietnã. Disponível em:
http://www.unuftp.is/static/fellows/document/doung05prf.pdf. Acesso em: 14 de
janeiro.
81
GUÐBJÖRNSDÓTTIR, B.; SUIHKO, M. L.; SALO, S.; THORKELSSON, G.;
SJOBERG, M. A.; NICLASEN, O.; BREDHOLT, S. The incidence of Listeria
monocytogenes in meat, poultry and seafood plants in the Nordic countries. Food
Microbiology, v. 21, n. 2, p. 217-225, 2004. Disponível:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S074000200300012. Acesso em: 13
de agosto de 2013.
HALL-STOODLEY, L.; COSTERTON, J. W.; STOODLEY, P. Bacterial biofilms: from
the natural environment to infectious diseases. Nature Reviews Microbiology, v. 2, p.
95-108, 2004.
HATHA, A. A. M.; LAKSHMANAPERUMALSAMY, P. Prevalence of Salmonella in
fish and crustaceans from markets in Coimbatore, South India. Food Microbiology,
v.14, p. 111-116, 1997.
HAUN, D. A. M. Avaliação da Eficiência de um Esterilizador a Plasma na Inativação
de Pseudomonas fluorescens. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Engenharia
de Alimentos. Departamento de Tecnologia de Alimentos. UNICAMP, 2004.
HOOD, S. K.; ZOTTOLA, E. A. Biofilms in food processing. Food Control, v.6, p. 9–
18, 1995.
HSU, H. H.; CHUANG, T.; LIN, H.; HUANG, Y.; LIN, C. Histamine content and
histamine-forming bacteria in dried milkfish (Chanos chanos) products. Food
Chemistry, v.114, p. 933-938, 2009.
HUSS, H. H. El pescado fresco: su calidad y cambios de su calidad. FAO –
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – Documento
técnico de pesca 348. Roma, p. 202, 1998.
HUSS, H. H. El pescado fresco: su calidad y cambios de su calidad. FAO –
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. 1999.
82
HUSS, H. H.; REILLY, A.; EMBAREK, P. K. B. Prevention and control of hazards in
seafood. Food Control, p. 149-156, 2000.
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
RENOVÁVEIS - IBAMA. Síntese da situação da pesca extrativa marinha no Brasil.
Brasília, p. 53, 2003. Disponível em: http://www.ibama.gov.br. Acesso em: 24 de
junho de 2012.
IST. Grupo de Ciências Biológicas do Instituto Superior Técnico. Universidade
Técnica de Lisboa. Crescimento microbiano em biofilmes. Publicado em 18/11/2005,
Revisto em 03/04/2008. Disponível em: http://www.e-escola.pt/topico.asp?id=354.
Acesso em: 28 de junho de 2012.
JAY, J. M. Microbiologia de alimentos. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 711p.
JOHNSON, J. G.; KUNTZ, L. J.; BARON, W.; EWING, W. H. Biochemnical
differentiation of the Enterobacteriaceae with the aid of lysine-iron-agar. Journal of
Applied Microbiology, v.14, n.2, p.212-217, 1966.
KASNOWSKI, C. M.; MANTILLA, S. P. S.; OLIVEIRA, T. A. L.; FRANCO, M. R.
Formação de biofilmes na indústria de alimentos e métodos de validação de
superfícies. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, ano III, v. 15, p. ,
2010. Disponível em: www.revista.inf.br/veterinaria15/revisao/ANOIIIEDI15RL07.pdf.
Acesso em: 10 de junho de 2013.
KINSELLA, J. E. Food lipidis and fatty acids: importance in food quality, nutrition and
health. Food Technology, p.124-145, 1988.
KINSELLA, J. E.; Broughton, K. S. e Whelan, J. W. Dietary unsaturated fatty acids:
Interaction and possible needs in relation to eicosanoid synthesis. Journal Nutrition
Biochemical, p.123-141, 1990.
83
KUMAR, H. S.; SUNIL, R.; VENUGOPAL, M. N.; KARUNASAGAR, I. Detection of
Salmonella spp. in tropical seafood by polymerase chain reaction. International
Journal of Food Microbiology, v. 88, n. 1, p. 91-95, 2003.
KUMARAN, S.; DEIVASIGAMANI, B.; ALAGAPPAN, K.; SAKTHIVEL, M.;
KARTHIKEYAN, R. Antibiotic resistant Escherichia coli strains from seafood and its
susceptibility to seaweed extracts. Asian Pacific Journal of Tropical Medicine, v.3, n.
12, p.977–981, 2010. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1995764511600138. Acesso em:
15 de janeiro de 2014.
KYAW, C. M. Biofilmes Microbianos. Disponível em: www.unb.br/ib/cel/biofilme htm.
Acesso em: 28 de junho de 2012.
LASA, I.; Towards the identification of the common features of bacterial biofilm
development. International Microbiology, v. 9, p. 21-28, 2006.
LEDERLE, J. Enciclopédia moderna de higiene. São Paulo: Manole Dois, 1991.
LEMOS, A. L. S. C. Biofilmes. Centro de Tecnologia de Carnes do Ital-
TecnoCarnes. Boletim de Conexão Industrial do CTC do Ital. v. 12, n.1, 2002.
MACEDO, J. A. B.; BARRA, M. M. O estado da arte do processo de desinfecção
pelo uso de derivados clorados, em função do pH. Leite e Derivados, n.65, p.26-30,
2002.
MACEDO, B. A. J. MILKNET. Biofilmes Bacterianos: Uma Preocupação Para a
Indústria de Alimentos, 2006. Disponível em: www.milknet.com.br. Acesso em 28 de
junho de 2012.
MAILLARD, Y. J. Bacterial target sites for biocide action. Journal of Applied
Microbiology, v. 92, n. 1, p. 16-27, 2002. Disponível em:
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1046/j.1365-2672.92.5s1.3.x/pdf. Acesso em: 14
de janeiro de 2014.
84
MALAVOTA, M. C. L. Avaliação dos pontos críticos no processamento de “sashimis”
em restaurantes: análises bacteriológicas e pesquisa de sensibilidade a
antimicrobianos. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade
Federal Fluminense, UFF, 117 f., Niterói. 2008.
MARSHALL, K. C.; STOUT, R.; MITCHELL, R. Mechanism of initial events in the
sorption of marine bacteria to surfaces. Journal General Microbiology, v.68, p.337-
348, 1971.
MARTINS, S. C. S.; et al. “Sreening” de linhagens de Escherichia coli
multiresistentes a antibióticos, em alimentos de origem animal no estado do Ceará,
Brasil. Higiene Alimentar, São Paulo, v.17, n.104/105, p.71-76, 2003.
MEDEIROS, L.; BORTOLUZZI, P. V.; MESQUITA, O. M.; DELEVATI, S. M.;
BRONDANI, P. L.; SÔNEGO, C. M. Avaliação das boas práticas em restaurante
universitário na região central do Rio Grande do Sul. Higiene Alimentar, v.26, n.214-
215, p.35-39, 2012.
MEDONLINE. Medicina on Line. Biofilme: um velho problema, uma nova batalha.
Revista Virtual de Medicina, 2008. Disponível em: www.medonline.com.br. Acesso
em: 28 de junho de 2012.
MENG, J.; Zhao, S.; DOYLE, M. P.; JOSEPH, S. W. Antibiotic Resistance of
Escherichia coli O157:H7 and O157:NM Isolated from Animals, Food, and Humans.
Journal of Food Protection, v.61, n.11, p.1511-1514, 1998.
MEYER, B. Appoaches to prevention, removal and killing of biofilms. International
Biodeterioration & Biodegradation, v. 51, n. 4, p. 249-253, 2003. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0964830503000477. Acesso em:
14 de janeiro de 2014.
MIDELET, G.; CARPENTIER, B. Impact of cleaning and disinfection agents on
biofilm structure and on microbial transfer to a solid model food. Journal of Applied
Microbiology, v. 97, p. 262-270, 2004.
85
MUNHOZ, L. C.; ROSSI, L. P. A. Estudo de caso de uma indústria de charque no
município de Vicentina, MS. Higiene Alimentar, v. 26, n. 214-215, p. 61-64, 2012.
NORA, S. N.; ESPIRITO SANTO, P. L. M.; CARBONERA, N.; GONÇALVES, M. L.;
SUÑÉ PFEIFER SANT’ANNA, C. Avaliação microbiológica de equipamentos após a
sanitização em indústria de pescado. In: XVIII CIC, XI ENPOS E I MOSTRA
CIENTÍFICA, UFPel, 2009. Anais eletrônicos. Pelotas, 2009. Disponível em:
http://www2.ufpel.edu.br/cic/2009/cd/pdf/CA/CA_01315.pdf. Acesso em: 12 de
janeiro de 2014.
NUNES, A. M. N. Qualidade dos pescados. Higiene Alimentar, São Paulo, v.8, n.32,
p.5-9, 1994.
OGAWA, N. B. P.; MAIA, E. L. Manual de Pesca: ciência e tecnologia do pescado.
São Paulo: Livraria Varela, v. 1, p. 430, 1999.
OLIVEIRA, L. A. T.; FERREIRA, T.; FRANCO, R. M.; CARVALHO, J. C. A. P.
Enumeração de Escherichia coli e Enterococcus em amostras de hambúrguer de
frango, comercializadas em Niterói- RJ. Avaliação da sensibilidade a antimicrobianos
das cepas isoladas. Higiene Alimentar, v. 13, n. 63, p. 49-55, 1999.
OLIVEIRA, M. M. M.; BRUGNERA, F. D.; MENDONÇA, T. A.; PICCOLI, H. R.
Condições higiênico-sanitárias de máquinas de moer carne, mãos de manipuladores
e qualidade microbiológica da carne moída. Ciência e Agrotecnologia, v. 32, n. 6,
p.1893-1898, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
70542008000600031&script=sci_arttext. Acesso em: 10 de janeiro de 2014.
OLIVEIRA, M. M. M.; BRUGNERA, F. D.; PICCOLI, H. R. Biofilmes microbianos na
indústria de alimentos: uma revisão. Instituto Adolfo Lutz, v. 69, n. 3, p. 277-284,
2010. Disponível em: revistas.bvs-vet.org.br/rialutz/article/download/6327/6021.
Acesso em: 10 de janeiro de 2014.
ONYUKA, O. H. J.; KAKAI, R.; ONYANGO, M. D.; ARAMA, F. P.; GICHUKI, J.;
OFULLA, O. V. A. Prevalence and antimicrobial susceptibility patterns of enteric
86
bactéria isolated from water and fish in lake Victoria Basin of western Kenya.
International Journal of Biological and Medical Sciences, v. 1, n. 1, p. 6-13, 2011.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL - ONUBR. Consumo per
capita cresce no Brasil, diz FAO. Disponível em: http://www.onu.org.br/consumo-per-
capita-de-peixes-cresce-no-brasil-diz-fao/. Acesso em: 26 de dezembro de 2013.
ORTEGA, P. M.; HAGIWARA, T.; WATANABE, H.; SAKIYAMA, T. Adhesion
behavior and removability of Escherichia coli on stainless steel surface. Food
Control, v. 21, n. 4, p. 573-578, 2010. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0956713509002412. Acesso em:
18 de agosto de 2013.
PAGOTTO, F.; DALEY, E.; FARBER, J.; WARBURTON, D. Isolation of Listeria
monocytogenes from all food and environmental samples. Health Canada's -
Government of Canada, 2001. Disponível em: http://www.hc-sc.gc.ca/food-aliment.
Acesso em: 30 de junho de 2012.
PAINTER, J.; SLUTSKER, L. Listeria, listeriosis and food safety. International Journal
of Food Microbiology, v.4, p. 85-109, 2007.
PARIZZI, S. Q. F.; ANDRADE, N. J. D.; SILVA, C. A. D. S.; SOARES, N. D. F. F.;
SILVA, E. A. M. Bacterial adherence to different inert surfaces evaluated by
epifluorescence microscopy and plate count method. Brazilian Archives of Biology
Technology, v.47, n.1, p.77-83, 2004.
PIGOTT, G. M.; TUCKER, B. W. Science opens new horizons for marine lipids in
human nutrition. Food Review International, p. 105-138, 1987.
QUEIROZ, M. L. A.; CASTRO, V. M. A.; ARAÚJO, B. L. E.; NASCIMENTO, M. S. G.;
JESUS, A. I.; VASCONCELOS, A. A. M.; CABRAL, A. M. T.; NASCIMENTO, G. G.
Qualidade higiênico-sanitária de equipamentos e utensílios em algumas indústrias
de alimentos do município de João Pessoa-PB. In: X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À
DOCÊNCIA, 2007. Anais eletrônicos. Paraíba, 2007. Disponível em:
87
http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/iniciacao/documentos/anais/7.TECNOLOGIA/7
CTDTQAMT04.pdf. Acesso em: 10 de janeiro de 2014.
RIVAS, L.; DYKES, A. G.; FEGAN, N. A comparative study of biofilm formation by
Shiga toxigenic Escherichia coli using epifluorescence microscopy on stainless steel
and a microtitre plate method. Journal of Microbiological Methods, v. 69, n. 1, p.44-
51, 2007. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S016770120600344. Acesso em: 08
de agosto de 2013.
RONNER, A. B., WONG, A. C. L. Biofilm development and sanitizer inactivation of
Listeria monocytogenes and Salmonella typhimurium on stainless steel and buna-n
rubber. Journal of food Protection, v.56, n.9, p.750-758, 1993.
ROSSONI, E. M. M.; GAYLARD, C. C. Comparison of sodium hypochlorite and
peracetic acid as sanitizing agents for stainless steel food processing surfaces using
epifluorescence microscopy. International Journal of Food
Microbiology, v.61, p. 81-85, 2000.
SANTOS, C. A. M. L. A qualidade do pescado e a segurança dos alimentos. In:
SIMPÓSIO DE CONTROLE DO PESCADO, 2. 2006. São Vicente / São Paulo. Anais
eletrônicos. São Paulo, 2006. Disponível em: http://ftp.sp.gov.br/ftppesca/qualidade_
pescado.pdf. Acesso em: 24 de junho de 2012.
SASAHARA, K. C., ZOTTOLA, E. A.. Biofilm formation by Listeria monocytogenes
utilizes a primary colonizing microorganism in flowing systems. Journal of Food
Protection, v.56, n. 12, p. 1022–1028, 1993.
SCHROEDER, C. M.; et al. Antimicrobial Resistance of Escherichia coli O157
Isolated from Humans, Cattle, Swine, and Food. Applied and Environmental
Microbiology, v. 68, n.2, p.576-581, 2002.
SEUNG-HEE, R.; SEOG-GEE, P.; SUNG-MIN, C.; YOUNG-OK, H.; HEE-JIN, H.;
SU-UN, K.; YOUNG-KI, L.; MOO-SANG, K.; GEON-YONG, P.; KYUNG-SIK, K.;
88
YPUNG-ZOO, C. Antimicrobial resistance and resistance genes in Escherichia coli
isolated from commercial fish and seafood. International Journal of Food
Microbiology, v. 152, n. 1-2, p. 14-18, 2012. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0168160511005964. Acesso em:
06 de maio de 2013.
SILVA, C. V. E.; VEIGA, B. A.; BARROS, V. C. B.; SILVA, S. N.; SILVA, A. B.;
SILVA, F. G.; MOIA, C. E.R. Avaliação das condições higienicossanitárias no
mercado de peixe do município de Cametá/PA. Higiene Alimentar, v. 27, n. 3, p. 27-
30, 2013.
SILVA, F. L. Procedimento operacional padronizado de higienização como requisito
para segurança alimentar em unidade de alimentação. Dissertação (Mestrado em
Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Santa Maria, UFMS,
71 f., Santa Maria, 2006.
SILVA JUNIOR, E. A. Manual de controle higiênico-sanitário em serviços de
alimentação. 6 ed. São Paulo: Varela, 2001, 475p.
SOUSA, L. C.; FREITAS, A. J.; LOURENÇO, H. F. L.; ARAUJO, F. A. E.; SOUZA, S.
N. J. Avaliação da qualidade microbiológica no processamento de pescados.
Instituto Adolfo Lutz. São Paulo, v.2, n.70, p.151-157, 2011. Disponível em:
http://revistas.bvs-vet.org.br/rialutz/article/viewFile/5826/5182. Acesso em: 12 de
janeiro de 2014.
STOODLEY, P.; SAUER, K.; DAVIES, D. G.; COSTERTON, J. W. Biofilms as
complex differentiated communities. Annual Review Microbiology, v. 56, p. 187-209,
2002. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12142477. Acesso em: 12
de janeiro de 2014.
TAVARES, V. Bactérias gram-positivas problemas: resistência do estafilococo, do
enterococo e do pneumococo aos antimicrobianos. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. v.33
n.3, Uberaba, 2000.
89
TRABULSI, L. R; TOLEDO, M. R. F. Escherichia. In: TRABULSI, L.R. Microbiologia.
2ed. Rio de Janeiro, São Paulo: Atheneu, cap.26, p.149-155, 1989.
UDDIN, N. M. G.; LARSEN, H. M.; GUARDABASSI, L.; DALSGAARD, A. Bacterial
flora and antimicrobial resistance in raw frozen culture seafood imported to Denmark.
Journal of Food Protection, v. 76, n. 3, p. 490-499, 2013. Disponível em:
http://curis.ku.dk/ws/files/43885374/Bacterial_flora_and_antimicrobial_resistance_in_
raw_frozen_cultured_seafood_imported_to_Denmark.pdf. Acesso em: 06 de maio de
2013.
VARNAM, A. H.; EVANS, M.G. Foodborn Pathogens. London, Wolfe Publishing,
1991, 557p.
VESTBY, K. L.; TROND, M.; SOLVEIG, L.; EVEN H.; LIVE; L. N. Biofilm forming
abilities of Salmonella are correlated with persistence in fish meal- and feed factories.
BMC Veterinary Research, v. 5, n. 20, p. 1-6, 2009. Disponível em:
http://www.biomedcentral.com/1746-6148/5/20/. Acesso em: 30 de agosto de 2013.
VIEIRA, F. S. H. R.; RODRIGES, P. D.; BARRETO, E. S. N.; SOUSA, V.; TORRES,
O. C .R.; SAMPAIO, S. S.; NASCIMENTO, M. M. S. Microbiologia ,Higiene e
Qualidade do Pescado . São Paulo: 2004, v. 1, Editora Varela, p. 89 – 130.
WIRTANEN, G., HUSMARK, U., MATTILA-SANDHOLM, T. Microbial evaluation of
the biotransfer potencial from surfaces with Bacillus biofilms after rinsing and
cleaning procedures in closed food-processing systems. Journal of Food Protection,
v.59, n.7, p.727-733, 1996.
WONG, A. C. L. Biofilms in food processing environments. Journal of Dairy Science,
Lancaster, v.81, n.10, p.2765–2770, 1998.
ZOTTOLA, E. A. Reflections on Salmonella and other “wee beasties” in foods. Food
Technology, v.55, p.60-67, 2001.
90
8 APÊNDICE
8.1 “CHECK-LIST” APLICADO À INDÚSTRIA
1) INSTALAÇÕES , EQUIPAMENTOS E EDIFICAÇÕES C NC NA
a) Forro ou teto (cor clara), paredes (cor clara) e piso são de material durável, impermeável e de fácil higienização e em adequado estado de conservação (sem necessitar de reparos – livre de defeitos, rachaduras, trincas, buracos e outros?
b) Há existência de ângulos abaulados entre as paredes e o piso e entre as paredes e o teto?
c) Há correta vedação de portas, janelas e outras aberturas impedindo a entrada de vetores e outros animais atarvés de telas milimétricas ou outro sistema? Estão em adequado estado de conservação (livres de falhas, rachaduras, umidade, descascamento e outros)?
d) A declividade do piso permite o rápido escoamento das águas residuais e resultante da higienização, sem que haja acúmulo de resíduos?
1.1) AVALIAÇÃO DE VESTIÁRIOS E SANITÁRIOS (PARA OS MANIPULADORES) E AVALIAÇÃO DE BARREIRAS
SANITÁRIAS
C
NC
NA
a) Os vestiários e sanitários comunicam-se diretamente com as seções de produtos comestíveis?
b) Quando localizados isolados da área de produção seu acesso é feito através de passagens cobertas e calçadas?
c) As referidas instalações com vasos sanitários, mictórios e lavatórios íntegros estão em número suficiente (em proporção e tamanho adequados ao número de funcionários)?
d) São independentes para cada sexo, identificados e de uso exclusivo para os manipuladores de alimentos?
e) se os vestiários, sanitários e barreiras sanitárias foram projetados e construídos de forma que permitam uma boa manutenção das condições higiênico-sanitárias destas instalações?
91
f) A manutenção das condições higiênicas é praticada nas referidas instalações?
g) As instalações sanitárias dispõem de água, torneiras sem fechamento manual, sabão liquido e toalha de papel não reciclado para as mãos ou outros sistema higiênico e seguro para secagem?
h) Há a presença de lixeiras com tampas e acionamento não manual?
i) A coleta do lixo é feita com frequência para não permitir o acúmulo e possibilidade de atrair vetores?
j) Na entrada das seções as barreiras sanitárias dispõem de equipamentos para higienização de botas (pedilúvio) e mãos, água e sabão liquido, sendo esta prática exercitada eficientemente pelos trabalhadores?
l) O estabelecimento disponibiliza pessoas que efetuam registro de controle da manutenção de higiene do ambiente e do pessoal?
m) Os cuidados referentes à troca de uniformes nos vestiários são atendidos?
1.2) AVALIAÇÃO DA ILUMINAÇÃO C
NC
NA
a) A intensidade e qualidade da iluminação são adequadas às operações realizadas nos diferentes setores do estabelecimento?
b) A intensidade e qualidade da iluminação permitem avaliar as condições higiênicas de utensílios e equipamentos?
c) A intensidade e qualidade da iluminação nas barreiras sanitárias, vestiários, armários e sanitários permitem avaliar as condições higiênicas dos mesmos?
d) As luminárias dispõem de protetores contra quebra e estão em adequado estado de conservação?
e) A disposição das luminárias evita a formação de zonas de sombreamento, reflexos fortes e contrastes excessivos?
92
1.4) AVALIAÇÃO DO CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS
C
NC NA
a) O estabelecimento possui programa de controle de vetores e pragas urbanas?
b) O estabelecimento possui programa escrito como parte das Boas Práticas de Fabricação?
c) O programa de controle de pragas é monitorado regularmente?
d) As áreas externas são mantidas de maneira a evitar a proliferação de insetos e roedores (sem a presença de entulhos, restos de alimentos e acúmulo de água, com a grama aparada e o pátio urbanizado)?
e) Todas as áreas internas do estabelecimento são mantidas de forma a evitar o acesso, abrigo e a proliferação de insetos, roedores e outras pragas?
f) Os produtos químicos utilizados no estabelecimento são aprovados no órgão competente para tal finalidade?
g) Os produtos possuem instruções de uso?
h) As substâncias são mantidas em locais específicos e sob controle restrito?
i) Existem dispositivos para controle de pragas na área externa e no perímetro industrial?
1.3) AVALIAÇÃO DA VENTILAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO C NC NA
a) A ventilação é adequada ao controle de odores indesejáveis e vapores que possam alterar os produtos ou mascarar odores de deterioração?
b) A ventilação é adequada ao controle da condensação evitando condições sanitárias inadequadas que levem à alteração do produto?
c) A ventilação gera conforto térmico aos operadores?
d) Os equipamentos utilizados para ventilação artificial são higienizados e apresentam manutenção adequada ao equipamento?
e) Há registros periódicos dos procedimentos de limpeza e manutenção dos componentes do sitema de climatização afixados em local visível?
f) Há sistema de exaustão e/ou insuflamento com troca de ar capaz de prevenir contaminações e dotados de filtros adequados?
93
j) Os produtos incluídos nos dispositivos apresentam proteção contra intempéries e são renovados sistematicamente?
1.5) AVALIAÇÃO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO E GELO
C
NC
NA
a) O estabelecimento dispõe de documentos que comprovam que a água de abastecimento atende à legislação para água potável e hiperclorada?
b) A água está presente em pressão adequada e à temperatura indicada, nas áreas de processamento de produtos e demais setores do estabelecimento, tais como: sala de limpeza de equipamentos, utensílios e recipientes, instalações sanitárias da fábrica e outros?
c) Se o estabelecimento utiliza água exclusivamente da rede pública, a potabilidade da água é comprovada pelo boletim de análise semestral da agência fornecedora?
d) Se o estabelecimento utiliza gelo de fabricação própria ou de terceiros há comprovação da qualidade por meio de laudo laboratorial?
e) O meio de acondicionamento e transporte do gelo evita a sua contaminação?
f) Se o estabelecimento utiliza água da rede privada, ou de terceiros a potabilidade da água é comprovada por análise laboratorial?
g) O abastecimento de água e gelo atende às necessidades do estabelecimento?
h) Os reservatórios de água, fábrica e silo de gelo são mantidos em condições adequadas?
i) O estabelecimento dispõe de planta hidráulica identificando os pontos de colheita de amostras para análise?
j) Há controle diário do pH e cloro nos pontos indicados na planta?
94
1.6) AVALIAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUAIS C NC NA
a) O sistema de escoamento das águas residuais é stisfatório?
b) O sistema de tubulação conduz as águas residuais ao destino correto?
c) O sistema de tubulação proporciona adequada drenagem dos pisos?
d) O sistema de tubulação é instalado de maneira a evitar o refluxo de água e gases?
e) Existe conexão cruzada entre águas residuais e água de abastecimento?
1.7) AVALIAÇÃO DA HIGIENIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS
C
NC
NA
a) Todas as dependências da indústria, assim como as superfícies dos equipamentos com contato direto com os produtos - equipamentos, utensílios ou instrumentos de trabalho (facas, ganchos, grelhas, etc.) são mantidos em condições de higiene (limpas e sanitizadas), antes, durante e após a realização dos trabalhos para evitar condições anti-higiênicas ou alterações nos produtos?
b) As câmaras frias atendem às mais rigorosas condições de higiene, iluminação e ventilação e, são limpas e desinfetadas pelo menos uma vez por ano?
c) A higienização dos instrumentos de trabalho é feita através da lavagem e esterilização dos mesmos com temperatura mínima de 82,2ºC, por um tempo mínimo de 20 segundos, ou outros procedimentos de esterilização com eficácia comprovada?
d) Na existência de uma central de esterilização, anexa ao setor, permite-se a troca de facas de cabo de cores diferentes a períodos regulares?
e) Os agentes de limpeza, sanitizantes e produtos químicos (lubrificantes e outros) utilizados no estabelecimento são previamente aprovados pelo DIPOA, atóxicos, não transferem odor ou sabor estranho aos produtos e são eficazes sob as condições previstas de uso?
f) Os recipientes são resistentes durante sua utilização, não alteram as características gerais do produto, são de fácil limpeza e encontram-se em bom estado de conservação?
95
g) O estabelecimento executou os procedimentos pré-operacionais previstos no PPHO?
h) Foram identificados instalações e equipamentos mal higienizados no estabelecimento?
i) O Plano PPHO contempla a freqüência do monitoramento?
j) Mesmo que o plano não contemple a freqüência de monitoramento, o estabelecimento supre esta deficiência com o monitoramento diário dos procedimentos previstos no plano?
l) O estabelecimento, rotineiramente, avalia a eficiência do PPHO para prevenir a contaminação direta dos produtos?
m) O estabelecimento realiza controle de superfícies ou adota outro procedimento para avaliar se o PPHO é efetivo?
n) Se ocorreram mudanças nas instalações e equipamentos, utensílios, operações ou de pessoal, o PPHO foi revisado visando a manutenção da eficiência?
o) Se há contaminação direta ou outro tipo de alteração de produtos, o estabelecimento implementa ações corretivas que restaurem as condições sanitárias, previnam novas ocorrências e dêem o destino apropriado ao produto?
p) O estabelecimento mantém registros suficientes assinados, carimbados e datados, documentando a execução dos procedimentos previstos no PPHO?
q) Há funcionário responsável pela implementação e monitoramento dos procedimentos previstos no PPHO? Os registros são assinados, carimbados e datados por esse funcionário?
r) Os registros são devidamente arquivados, no mínimo, por 12 meses?
s) Os registros do PPHO refletem as condições higiênico-sanitárias do estabelecimento?
2) MANIPULADORES
2.1) AVALIAÇÃO DO VESTUÁRIO C NC NA
a) Os uniformes (de cor clara) e acessórios usados pelo manipulador estão em bom estado de limpeza e conservação?
96
b) Os uniformes são trocados na freqüência necessária, lavados na indústria e, em caso contrário, há contrato adequado p/a atividade?
c) O manipulador utiliza adornos pessoais, relógio, maquiagem, unhas compridas, cosméticos em geral, barba/bigode, cabelos desprotegidos e roupas civis expostas?
2.2) AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS HIGIÊNICOS C NC NA
a) Todo pessoal que trabalha, direta ou indiretamente, com as matérias primas ou produtos em quaisquer fases do processo, exercitam práticas higiênicas que possam evitar a alteração de produtos ou a contaminação cruzada, como lavagem e desinfecção de mãos e antebraços à entrada das unidades industriais?
b) Há cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta lavagem das mãos e demias hábitos de higiene, afixados em locais apropriados?
c) Os manipuladores espirram sobre os alimentos, cospem, tossem, fumam ou praticam outros atos que possam contaminar o alimento?
2.3) AVALIAÇÃO E CONTROLE DO ESTADO DE SAÚDE C NC NA
a) Todos os funcionários que trabalham no interior da indústria são portadores de atestados de saúde atualizados para o exercício de manipulação de alimentos?
b) A ocorrência de doenças infecciosas, lesões abertas, purulentas, portadores inaparentes ou assintomáticos de agentes de toxinfecções alimentares e semelhantes, implica no afastamento temporário do manipulador envolvido em atividades com matérias-primas ou produtos de pescado?
2.4) AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO E SUA SUPERVISÃO
C
NC
NA
a) Os manipuladores recebem treinamento adequado e contínuo com bordagem dos procedimentos necessários para garantir a inocuidade do produto manipulado?
b) Existem registros dessas capacitações?
97
c) Existe um supervisor comprovadamente capacitado para verificar a higiene pessoal e a manipulação dos alimentos pelos funcionários?
3) AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO
3.1) MATÉRIA PRIMA, INGREDIENTES E EMBALAGENS C NC NA
a) As matérias primas contidas nos veículos de transporte são acompanhadas de Certificado Sanitário ou Guia de Trânsito, em que estejam preenchidos todos os detalhes pertinentes à sua correta identificação, inclusive as suas eventuais habilitações?
b) Durante a obtenção da material prima, as operações são executadas de forma a prevenir a contaminação do produto (evitando contato com plataformas, colunas, paredes e outras superfícies)?
c) O pescado fresco recebido apresenta as características organolépticas próprias para consumo (1 - superfície do corpo limpa, com relativo brilho metálico; 2 - Olhos transparentes, brilhantes e salientes, ocupando completamente as órbitas; 3 - guelras róseas ou vermelhas, úmidas e brilhantes com odor natural, próprio e suave; 4 - ventre roliço, firme, não deixando impressão duradoura à pressão dos dedos; 5 - escamas brilhantes, bem aderentes à pele e nadadeiras apresentando certa resistência aos movimentos provocados; 6 - carne firme, consistência elástica, de cor própria à espécie; 7 - vísceras íntegras, perfeitamente diferenciadas; 8 – ânus fechado; 9 - cheiro específico, lembrando o das plantas marinhas.) ?
d) As matérias-primas recebidas têm seu destino corretamente observado durante o processamento, conforme habilitação lançada na certificação?
e) As matérias primas e produtos são mantidos em temperaturas compatíveis com a sua natureza (resfriadas, congeladas e outras) e de forma organizada que permita procedimentos eficazes de inspeção?
f) Depois de submetido ao congelamento o pescado é mantido em câmara frigorífica a -15oC ?
g) Após descongelado o pescado é novamente recolhido às câmaras frigoríficas?
98
h) As matérias-primas armazenadas no mesmo ambiente apresentam compatibilidade e estão separadas por habilitação?
i) As seções de manipulação, processamento e estocagem de produtos comestíveis são isoladas daquelas de produtos não comestíveis?
j) As seções de manipulação de matérias-primas ou produtos acabados em diferentes fases de produção são isoladas uma das outras para prevenir ou reduzir contaminações cruzadas?
l) Nas etapas de manipulação e processamento, as operações são executadas de forma a prevenir a contaminação do produto (evitando acúmulo de produto, contaminação cruzada, contrafluxos e embalagens desprotegidas)?
m) Os operários que trabalham em setores com subprodutos não comestíveis são utilizados na manipulação de produtos comestíveis?
n) Os ingredientes são manipulados e empregados de acordo com as instruções de uso na formulação aprovada e mantidos no local de preparação do produto em quantidades suficientes ao seu consumo por períodos restritos?
o) Os ingredientes são armazenados em local separado, mantido em condições higiênicas e, se preparados previamente, o suficiente e em porções para cada uso?
p) A embalagem original que acondiciona o ingrediente o acompanha até o ambiente de preparação da formulação?
q) Ingredientes com embalagens rompidas ou acúmulos de líquidos são reavaliados quanto ao seu destino?
r) Os produtos, logo após sua obtenção, recebem embalagem primária previamente à secundária?
s) A embalagem secundária é realizada em ambiente separado e com temperatura controlada? Caso essa operação seja realizada no mesmo ambiente da primária, há risco sanitário?
t) As embalagens secundárias são previamente aprovadas, de primeiro uso, de modo a garantir as características gerais do produto (inocuidade e odor) e também são resistentes quando do transporte e armazenagem?
99
3.2) CONTROLE DE TEMPERATURA DURANTE ETAPAS DO PROCESSAMENTO
C
NC
NA
a) O estabelecimento realiza com eficiência e regularidade, todos os controles de temperatura?
b) Todos os ambientes de trânsito de matérias-primas e produtos, a partir do seu resfriamento, tem temperaturas controladas?
c) As temperaturas dos referidos ambientes são mantidas com uniformidade, sem oscilações consideráveis durante todo o processo?
d) As oscilações indesejáveis ou as não conformidades de temperatura são objeto de ações corretivas e preventivas para evitar novos desvios?
e) O equipamento destinado à esterilização é provido de manômetro para controle da pressão e termógrafo para registro gráfico da operação?
f) Há certificados que comprovem a calibração de instrumentos de controle do processo em instituições especializadas?
g) Os instrumentos de controle do processo estão corretamente identificados?
h) Procede-se rotineiramente a comparação entre as temperaturas mensuradas, simultaneamente, por termômetro e termorregistrador?
4) AVALIAÇÃO DO ARMAZENAMENTO DO PRODUTO FINAL E SEU TRANSPORTE
C
NC
NA
a) Há compatibilidade dos produtos armazenados no mesmo ambiente, quanto a sua natureza, temperatura e embalagens?
b) Os produtos são armazenados observando a separação estrita por destino, lote ou partida?
100
LEGENDA: C (conforme), NC (não conforme), NA (não avaliado).
c) Os produtos são armazenados sobre estrados distantes do piso, ou sobre paletes, bem conservados e limpos ou sobre outro sistema aprovado, afastados das paredes e distantes do teto de forma a permitir apropriada higienização, iluminação e circulação de ar?
d) As conservas de pescado submetidas à esterilização só podem ser liberados para o consumo após amostras representativas de todas as partidas dos produtos enlatados, na proporção mínima de 1% (um por cento), terem sido observadas por no mínimo por 10 (dez) dias em estufa a 37o C (trinta e sete graus centígrados). Este procedimento está sendo cumprido?
e) Há controle adequado e existência de planilha de registro de temperatura, para ambientes com controle térmico (pescado congelado/resfriado)?
f) Existe algum tipo de controle de qualidade para o produto final atrelado à programa de amostragem para análise laboratorial do mesmo?
g) A permanência de produtos na expedição observa o tempo estrito necessário às operações de revisão de suas condições higiênico-sanitárias, bem como do atendimento aos requisitos de identificação e certificação exigidos?
h) Os veículos de transporte e contentores de produtos são projetados, construídos e dotados de equipamentos que assegurem a manutenção da temperatura e a ordenação do pescado no seu interior respeitando a natureza do produto (congelados, resfriados, defumados, conservas enlatadas, peixe fresco, etc.) com gelo suficiente, equipamentos de frio e de controle da temperatura em perfeito funcionamento?
i) Os veículos possuem paredes lisas, de fácil limpeza, que não alterem as características originais do produto, vedados perfeitamente ao ingresso de pragas e estanques ao escoamento de líquidos?
101
8.2 ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS
Tabela 1 Resultados das análises bacteriológicas de amostras de superfície em indústria de pescado para: Bactérias Heterotrófica Aeróbias
Mesófilas (BHAM), Stapylococcus coagulase positiva (Staphy. C+), Salmonella spp. (Salm.), Coliformes Totais (Colif. Totais), Escherichia coli
(EC), Listeria spp. (List.) e Bacillus cereus (BC).
Visitas Pontos Amostrados BHAM (UFC/cm2) Staphy. C+ (UFC/cm2)
Salm. (P/A)
Colif. Totais (UFC/cm2)
EC (UFC/cm2)
List. (UFC/cm2)
BC (UFC/cm2)
1
TRA TRD EEA EED TMC
2.0x101 6.9x105
4.4x104 1.5x104 2.0x101
- - - - -
- - - - -
3.9x103 6.8x103 1.4x104 1.8x104
0
- 7.5x101 1.2x102 2.0x101
-
- 4.7x101
- - -
- - - - -
2
TRA TRD EEA EED TMC
2.0x101 6.1x102
2.9x105 3.1x102 1.4x103
- - - - -
- - - - -
1.8x103 3.0x103 3.8x103 9.2x103
0
- - -
1.7x101 -
- - - - -
- - - - -
3
TRA TRD EEA EED TMC
5.5x105 3.4x105
2.5x105 6.5x105 5.5x102
- - - - -
- - + - -
1.4x103 3.1x103 1.1x104 5.8x104
0
1.1x101
2.7x101
2.0x101 6.3x102
-
- - - - -
- -
1.4x103
2.5x103
-
* Média de três repetições em duplicata. **TRA (Tanque de Recepção antes do processamento do pescado). TRD (Tanque de Recepção durante processamento do pescado). EEA (Esteira de Evisceração antes do processamento do pescado). EED (Esteira de Evisceração durante processamento do pescado). TMC (Tanque de Molho de Cobertura). *** (P/A) = Presença/ Ausência. (-) = negativo/ausência.
101
102
Tabela 2 Perfil de susceptibilidade das cepas de Escherichia coli isoladas em superfície de equipamentos frente aos
antimicrobianos.
Cepas de Escherichia coli Antimicrobiano
EED1 EED2 EED3 EEA1 EEA3 TRD1 TRA3 TRD3
Tetraciclina S R R R R R R R
Gentamicina S R R R R R R R
Ciprofloxacina S S R R R R S S
Meropenem S S I S S S S S
Sulfametoxazol S S R S I I S S
Ampicilina R R S S R R R R
Piperacilina/
Tazobactam I S S I I R S S
Cefoxitina S S S S I S S S
Aztreonam S S S R S I S R
*R = Resistente. I = Intermediário. S = Sensível. **EED1 (Esteira de Evisceração Durante processamento – primeira visita). EED2 (Esteira de Evisceração Durante processamento – segunda visita). EED3 (Esteira de Evisceração Durante processamento – terceira visita). EEA1 (Esteira de Evisceração Antes do processamento – primeira visita). EEA3 (Esteira de Evisceração Antes do processamento – terceira visita). TRD1 (Tanque de Recepção Durante o processamento – primeira visita). TRA3 (Tanque de Recepção Antes do processamento – terceira visita).
102
103
Tabela 3 Percentual de classificação do comportamento das cepas de Escherichia
coli isoladas frente aos antimicrobianos testados.
* (-) = ausência
Antimicrobiano Resistente Intermediário Sensível
Tetraciclina 7(87.5%) - 1(12.5%)
Gentamicina 7(87.5%) - 1(12.5%)
Ciprofloxacina 4(50.0%) - 4(50.0%)
Meropenem 7(87.5%) 1(12.5%) -
Sulfametoxazol 1(12.5%) 2(25.0%) 5(62.5%)
Ampicilina 6(75.0%) - 2(25.0%)
Piperacilina/
Tazobactam
1(12.5%) 3(37.5%) 4(50.0%)
Cefoxitina 7(87.5%) 1(12.5%) -
Aztreonam 2(25.0%) 1(12.5%) 5(62.5%)