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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA PEDRO SANTANA PEREGRINI AVALIAÇÃO DE METODOLOGIA DE MAPEAMENTO DE PERIGO A MOVIMENTO GRAVITACIONAL DE MASSA DO TIPO DESLIZAMENTO PLANAR EM NOVA FRIBURGO RJ: ESTUDO DE CASO NA LOCALIDADE DA GRANJA SPINELLI Niterói 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ......15 5 PRINCIPAIS AÇÕES GOVERNAMENTAIS DE MAPEAMENTO DE PERIGO E RISCO A MOVIMENTOS DE MASSA EM NOVA FRIBURGO 18 5.1 Plano Municipal

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA

PEDRO SANTANA PEREGRINI

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIA DE MAPEAMENTO DE PERIGO A

MOVIMENTO GRAVITACIONAL DE MASSA DO TIPO DESLIZAMENTO

PLANAR EM NOVA FRIBURGO – RJ: ESTUDO DE CASO NA LOCALIDADE DA

GRANJA SPINELLI

Niterói

2019

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PEDRO SANTANA PEREGRINI

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIA DE MAPEAMENTO DE PERIGO A

MOVIMENTO GRAVITACIONAL DE MASSA DO TIPO DESLIZAMENTO

PLANAR EM NOVA FRIBURGO – RJ: ESTUDO DE CASO NA LOCALIDADE DA

GRANJA SPINELLI

Monografia apresentada ao curso de

Bacharelado em Geografia, como requisito

parcial para a obtenção do título de

Bacharel em Geografia.

Orientadora:

Prof.a Dr.a Thais Baptista da Rocha

Niterói

2019

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PEDRO SANTANA PEREGRINI

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIA DE MAPEAMENTO DE PERIGO A

MOVIMENTO GRAVITACIONAL DE MASSA DO TIPO DESLIZAMENTO

PLANAR EM NOVA FRIBURGO – RJ: ESTUDO DE CASO NA LOCALIDADE DA

GRANJA SPINELLI

Monografia apresentada ao curso de

Bacharelado em Geografia, como

requisito parcial para a obtenção do

título de Bacharel em Geografia.

Aprovada em de de .

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Profª Drª. Thais Baptista da Rocha (Orientadora) - UFF

_____________________________________________

Profª Drª. Itaynara Batista - UFF

_____________________________________________

Profª Ma. Juliana Martins de Souza - UFF

Niterói

2019

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo, apresentar e discutir a aplicabilidade da metodologia de

mapeamento de perigo a movimento gravitacional de massa do tipo deslizamento planar,

apresentada no Manual de Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de

Massa do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) , em uma área de estudo que compreende

boa parte do Bairro Granja Spinelli, localizada no distrito Sede do Município de Nova Friburgo,

na Região Serrana no Estado do Rio de Janeiro. Este manual foi desenvolvido ao longo do

Projeto de Fortalecimento da Estratégia Nacional de Gestão Integrada de Riscos em Desastres

Naturais – Projeto GIDES, Acordo de Cooperação Internacional Brasil – Japão, que selecionou

três municípios brasileiros, para aplicação das metodologias propostas. Foram eles, Blumenau

no Estado de Santa Catarina, Nova Friburgo e Petrópolis no Estado Rio de Janeiro. O Projeto

GIDES, fez parte de uma série de medidas governamentais de estruturação e legislação,

tomadas após as fortes chuvas de janeiro de 2011 que atingiram a Região Serrana do Rio de

Janeiro, que visou a integração das ações de gestão frente a desastres naturais, nas diferentes

esferas governamentais e habilitar os municípios a identificar, monitorar e planejar a gestão de

áreas suscetíveis a ocorrência de desastres naturais associados a movimentos de massa. O

principal produto obtido nesse trabalho, foi uma Carta de Perigo a Movimento Gravitacional de

Massa do Tipo Deslizamento Planar da área de estudo, elaborado sobre uma base topográfica

na escala de 1:5.000, considerando o fato que deslizamentos planares representam o movimento

de massa de mais comum ocorrência no Município, o que justificou a escolha da tipologia

abordada. Os resultados obtidos neste trabalho, foram comparados, de forma qualitativa, com

os demais materiais cartográficos existentes sobre o tema no Município que são a Carta de

Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa do Serviço Geológico do Brasil

(SGB/CPRM) na escala original de 1:25.000 e a Carta Geotécnica de Aptidão Urbana do

Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro (DRM/RJ) na escala de 1:10.000, com

o propósito de se aprimorar a gestão de riscos em desastres naturais no Município de Nova

Friburgo.

Palavras-chave: Escorregamento, Desastres Naturais, Projeto GIDES, Nova Friburgo.

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ABSTRACT

This work aims to present and discuss the aplicability of hazard mapping for planar landslide

methodology, presented in the Mapping of Hazard and Risk to Gravitational Mass Movements

Manual, maded by the Brazilian Geological Survey (SBG/CPRM), in a study area that includes

part of Granja Spinelli neighborhood, located in Nova Friburgo’s main district, in the

mountainous region of Rio de Janeiro State (RJ). This manual was developed during the Project

to Strengthen the National Strategy for Integrated Management of Risks in Natural Disasters -

GIDES Project, an International Cooperation Agreement between Brazil-Japan, which selected

three brazilian cities for the application of the proposed methodologies. They were, Blumenau

in Santa Catarina State, Nova Friburgo and Petrópolis in Rio de Janeiro State. The GIDES

Project was part of a number of governmental changing acts of structuring and legislation, taken

after the heavy thunderstorms of January 2011, that reached the mountainous region of Rio de

Janeiro, which aimed integrating actions, in the diferent governmental spheres for the

management of natural disasters, and help municipalities to identify, monitor and plan the

management of susceptible areas to occurrence of natural disasters associeted to mass

movements. The main product obtained in this work, was a hazard map of planar landslide in

the study area, elaborated on a 1: 5000 topographic scale base, considering the fact that, planar

landslides represents the most common mass movement occurrence in the Municipality, which

justified the typology choice. The results obtained in this work, were compared in a qualitative

way, with others cartographic materials on the subject in the Municipality, wich are the

Susceptibility Map of Gravitational Mass Movements by the SGB/CPRM, in the original scale

of 1:25.000, and the Geothecnical Map for Urban Aptitude by the Mineral Resources

Department of Rio de Janeiro (DRM / RJ), in the scale of 1: 10,000, which proposes the

improvement of risk management against natural disasters in the municipality of Nova

Friburgo.

Keywords: Landslide, Natural Disaster, GIDES Project, Nova Friburgo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 6

2 OBJETIVOS ................................................................................................... 10

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 10

2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 10

3 ESTRUTURAÇÃO INSTITUCIONAL E LEGISLAÇÃO ........................ 10

4 ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................... 11

4.1 Caracterização da Área ................................................................................. 11

4.2 Aspectos Geohidrológicos .............................................................................. 12

4.3 Uso e Ocupação do Solo ................................................................................. 13

4.4 Zoneamento Urbano Ambiental .................................................................... 15

5 PRINCIPAIS AÇÕES GOVERNAMENTAIS DE MAPEAMENTO DE

PERIGO E RISCO A MOVIMENTOS DE MASSA EM NOVA

FRIBURGO........................................................................................................

18

5.1 Plano Municipal de Redução de Riscos para o Município de Nova Friburgo

– CPRM, 2007 .......................................................................................................

18

5.2 Inventário dos Movimentos de Massa ocorridos em Nova Friburgo em

janeiro de 2011 – Gerência de Geomática (GEGEO) - PMNF, 2011 .................

19

5.3 Setorização de Risco Remanescente no Município de Nova Friburgo –

CPRM, 2011 ..........................................................................................................

21

5.4 Revisão e atualização do Plano Municipal de Redução de Riscos para o

Munícipio de Nova Friburgo – REGEA - Geologia, Engenharia e Estudos

Ambientais Ltda. 2013 .........................................................................................

22

5.5 Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e

Inundações 1:25.000 - Serviço Geológico do Brasil (CPRM) – 2014..................

23

5.6 Carta Geotécnica de Aptidão Urbana 1:10.000 – Departamento de Recursos

Minerais do Estado do Rio de Janeiro – (DRM/RJ) – 2015................................

25

5.7 Área de Interesse Geológico-Geotécnico – AIGG – Revisão do Plano Diretor

de Nova Friburgo – 2015 ......................................................................................

26

5.8 Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos de Massa utilizando a

metodologia do Projeto GIDES em áreas piloto de Nova Friburgo –

2016/2017 ...............................................................................................................

27

6 MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA OCORRIDOS NA

ÁREA DE ESTUDO .............................................................................................

28

7 METODOLOGIA DE MAPEAMENTO DE PERIGO A MOVIMENTOS

GRAVITACIONAIS DE MASSA DO TIPO DESLIZAMENTO PLANAR...

30

8 RESULTADOS E DISCUSÕES .......................................................................... 38

8.1 Comparativo com os demais mapeamentos da CPRM e DRM/RJ ................... 42

8.1.1 Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa (CPRM -

1:25.000) ................................................................................................................

43

8.1.2 Carta Geotécnica de Aptidão Urbana (DRM/RJ - 1:10.000) ................................... 44

9 CONCLUSÕES..................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 47

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1 INTRODUÇÃO

Em janeiro de 2011, um evento climático extremo atingiu a Região Serrana do Estado

do Rio de Janeiro, afetando diretamente sete municípios a saber: Areal, Bom Jardim, Nova

Friburgo, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro, Petrópolis e Teresópolis, que declararam

estado de calamidade pública. Em Nova Friburgo, durante a noite do dia 11 e madrugada do

dia 12 de janeiro, choveu mais de 180 mm segundo o INMET e se for considerado o acumulado

do dia 10, superou-se 300 mm em algumas regiões. Esta elevada precipitação em um período

de cerca de 48 horas, aliada ao uso e ocupação do solo, fez por deflagrar uma série de

movimentos de massa e pontos de inundação, resultando em centenas de mortes e milhares de

desabrigados.

A partir desse acontecimento, a fragilidade dos municípios brasileiros frente a eventos

climáticos estava mais do que nunca exposta, e suas consequências motivaram o governo

federal a formulação de políticas públicas visando a mitigação dos efeitos destrutivos dos

desastres naturais.

Nesse contexto, um importante instrumento de gestão, foi a promulgação da Lei 12.608

de 10 de abril 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), e

que em seu artigo segundo estabelece:

Art 2°: “É dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, adotar medidas necessárias à redução dos riscos de

desastre” (BRASIL, 2012).

Frente às exigências da lei supracitada, e ciente das dificuldades enfrentadas pelos

governos brasileiros nas suas esferas federal, estadual e municipal, foi firmado entre os anos de

2013 e 2017, um acordo de cooperação entre o governo brasileiro e japonês, para tratar da

temática de desastres naturais associados a movimentos gravitacionais de massa, definido como

“Movimento de solo, rocha e/ou vegetação ao longo da vertente sob ação direta da gravidade.

A contribuição de outro meio, como água ou gelo, se dá pela redução da resistência dos

materiais de vertente e/ou pela indução do comportamento plástico e fluido dos solos”.

(TOMINAGA, 2012, p.27), visto que o Japão tem uma vasta experiência sobre o tema e suas

consequências.

Pelo lado brasileiro, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE) foram

envolvidos os Ministérios: das Cidades (MCidades); da Ciência, Tecnologia e Inovações e

Comunicações (MCTI); da Integração Nacional (MI) e Minas e Energia através do Serviço

Geológico do Brasil (CPRM/MME) e do lado japonês, a JICA (Agência de Cooperação

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Internacional do Japão); o Ministério da Terra, Transporte, Infraestrutura e Turismo (MLIT); a

Agência de Meteorologia do Japão e de outros órgãos de expertise na área.

Através desse convênio, foi executado o Projeto de Fortalecimento da Estratégia

Nacional de Gestão Integrada de Riscos em Desastres Nacionais - Projeto GIDES, que

selecionou três municípios piloto para aplicação do projeto que, por sua vez, elencaram áreas

propícias para a aplicação das metodologias propostas. Foram eles, Blumenau no Estado de

Santa Catarina, Nova Friburgo e Petrópolis no Estado Rio de Janeiro.

O projeto teve como principais objetivos: Fortalecer a capacidade de avaliação de riscos

em desastres de movimentos de massa incluindo a identificação de perigos, análise de

vulnerabilidade e mapeamento; Reforçar a capacidade de planejamento e implementação de

medidas de redução de riscos em áreas suscetíveis aos desastres de movimento de massa;

Aprimorar o protocolo de alerta antecipado, a divulgação das informações de risco e o método

de revisão dos dados de desastres e aperfeiçoar o sistema de monitoramento e prevenção para

a mitigação de desastres de movimentos de massa.

Para cada uma dessas necessidades identificadas e preconizadas pelo Projeto GIDES,

foram elaborados manuais técnicos em parceria entre especialistas japoneses e brasileiros, para

o aperfeiçoamento das metodologias e procedimentos de mapeamento de perigo e risco,

planejamento urbano, sistema de alertas, planos de contingência e obras de prevenção e

reabilitação em áreas suscetíveis, ou que já sofreram danos provenientes de movimentos de

massa.

A elaboração e consolidação do Manual de Mapeamento de Perigo e Risco a

Movimentos Gravitacionais de Massa (CPRM, 2018), ficou sob a responsabilidade da

Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais que tem as atribuições de Serviço Geológico do

Brasil (CPRM/SGB) e foi elaborado ao longo do projeto, por meio de discussões técnicas entre

as partes envolvidas, estabelecendo uma série de ações para a identificação de áreas com

possibilidade de ocorrência de movimentos de massa e suas respectivas áreas de atingimento.

No manual foram abordadas as quatro tipologias de movimentos de massa mais

observadas no Brasil, sobretudo nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, que foram escolhidos para

constar no manual por conta da frequência de ocorrência aliada com seu poder destrutivo:

Deslizamento Planar, Fluxo de Detritos, Queda de Blocos e Deslizamento Rotacional.

Para referido manual, adotou-se a classificação proposta por Augusto Filho (1992), onde

se descreve as principais características dos movimentos analisados como o tipo de material

mobilizado durante o evento, geometria e velocidade (Quadro 1).

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Quadro 1: Classificação de movimentos de massa. Adaptado de Augusto Filho, 1992.

Os deslizamentos planares representam a forma mais frequente entre todos os

movimentos de massa (FERNANDES e AMARAL, 1996). São movimentos que ocorrem de

forma rápida, podem atingir vários metros por segundo, estão associados diretamente a

precipitação e de forma geral, possuem superfície de ruptura que acompanham contatos entre

solos ou entre solo e rocha e podem apresentar grande diferença entre comprimento e largura

que podem chegar na proporção de 10/1. São muito comuns na Serra do Mar do Sudeste

brasileiro e podem transportar além de solo, blocos rochosos mais ou menos alterados

(TOMINAGA, 2012). (Figura 1).

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Figura 1: Representação de um deslizamento planar. Fonte: CPRM,2018

Os dois principais conceitos abordados no manual são o de perigo e risco. Perigo

(Hazard), pode ser conceituado quanto à possibilidade de um processo ou fenômeno natural,

potencialmente danoso, ocorrer num determinado local e num período de tempo especificado

(TOMINAGA, 2007). Risco, segundo Tominaga (2007), refere-se à possibilidade de se ter

consequências prejudiciais ou danosas em função de perigos naturais ou induzidos pelo homem.

Assim considera-se o risco como função do perigo, da vulnerabilidade e do dano potencial.

A classificação do risco é voltada para a análise das construções localizadas em áreas

de deflagração e/ou atingimento de movimentos de massa, que a partir do grau de perigo do

terreno onde a construção se localiza e da vulnerabilidade física frente a um movimento de

massa da mesma, que é graduada de acordo com as características da construção e seu estado

de conservação. A vulnerabilidade do imóvel pode variar de V1 (vulnerabilidade baixa) até V4

(vulnerabilidade muito alta). A partir da correlação entre grau de perigo do terreno e a

vulnerabilidade da construção, se classifica o grau de risco da construção que vai de R1 (risco

baixo) até R4 (risco muito alto).

Apesar do referido manual contemplar as metodologias de identificação e classificação

de perigo e risco a movimentos gravitacionais de massa, a análise de risco, conforme

apresentada no manual e na literatura correlata, demanda conhecimento técnico do terreno

natural ou antropizado e das construções ali localizadas, e não fez parte do escopo do presente

trabalho.

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O Manual de Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de Massa

elaborado no Projeto GIDES, coloca como critério topográfico para áreas com potencial de

ocorrência de deslizamentos planares, encostas naturais ou não com inclinação média igual ou

superior a 25° e altura igual ou maior que 5 metros.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho, tem como principal objetivo, a análise da aplicação da metodologia

apresentada no Manual de Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de

Massa, em uma área de aproximadamente 160 hectares, no bairro Granja Spinelli, localizada

no distrito sede do Município de Nova Friburgo - RJ, quanto ao perigo de ocorrência de

movimentos de massa do tipo deslizamento planar.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos do estudo:

• Avaliar o índice de assertividade da metodologia de mapeamento em questão, por meio de

comparação dos dados inventariados de ocorrências pretéritas de movimentos de massa e

destruições ocorridas na área de estudo em janeiro de 2011.

• Comparar o resultado do estudo, numa abordagem qualitativa, com os produtos cartográficos

da Carta Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa do SGB/CPRM na escala

de 1:25.000 e da Carta Geotécnica de Aptidão Urbana do DRM/RJ na escala de 1:10.000.

3 ESTRUTURAÇÃO INSTITUCIONAL E LEGISLAÇÃO

Os eventos climáticos de janeiro de 2011 na região Serrana do Rio de janeiro fizeram

por motivar, uma série de novas ações por parte do Governo Federal para a minimização e

gestão dos riscos e danos provenientes dos desastres naturais. Ainda em 2011 foi criado o

Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN). Em 2012 a

Lei Federal Nº 12.608/12, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

(PNPDEC), dispõe sobre o Sistema nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) e o

Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (CONPDEC) foi sancionada com o objetivo

principal de criar um marco legal para se tratar da questão dos desastres naturais e suas

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consequências, delegando aos governos federal, estadual e municipal responsabilidades e ações

frente aos desastres naturais.

Cabe ressaltar que algumas ações já haviam sido realizadas, principalmente por parte

do Governo Federal antes do evento climático extremo de Janeiro de 2011, como a Lei Federal

6766/79 (BRASIL, 1979) que dispõe sobre o parcelamento de solo urbano, que no seu artigo

terceiro, parágrafo único com a “proibição de parcelamento em terrenos com declividade

superior a 30% (aproximadamente 17° de inclinação) exceto se atendidas exigências especificas

das autoridades competentes”. Ainda em termos de legislação federal, o Estatuto das Cidades,

Lei 10.257/01 (BRASIL, 2001) regulamentou as diretrizes gerais da política urbana (artigos

182 e 183 da Constituição Federal).

O Ministério das Cidades, a partir de 2004 iniciou o programa de Urbanização,

Regularização e Integração de Assentamentos Precários, dentre as séries de ações está incluído

o Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), um instrumento de planejamento urbano

que visa diagnosticar áreas de risco em determinadas comunidades precárias nos municípios

brasileiros, além de propor medidas estruturais e não-estruturais para a redução do riscos de

desastres nessas áreas. O CENAD (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres),

criado em 2005, gerenciado pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil no Ministério

da Integração Nacional, também é outro exemplo de ações e procedimentos adotados voltados

ao tema.

4 ÁREA DE ESTUDO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

A área escolhida para o presente estudo de caso, está localizada do Distrito Sede de

Nova Friburgo e compreende boa parte do Bairro Granja Spinelli. (Figura 2), e está inserida,

quase que na sua totalidade, no parcelamento de solo denominado “Granja Spinelli”, loteamento

aprovado pela municipalidade no ano de 1953.

Tem uma localização estratégica como ligação do Distrito de Campo do Coelho com o

Distrito Sede de Nova Friburgo, sendo uma rota alternativa bem procurada para se evitar o

trânsito do centro da cidade, principalmente em horários de pico. Antes da abertura do trecho

inicial da Rodovia RJ 130 (Friburgo/Teresópolis), era parte do caminho oficial que ligava os

dois municípios (Figuras 3a e 3b).

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Figura 2: Localização da área de estudo no Município de Nova Friburgo, RJ.

Figuras 3a e 3b: Acesso a área de estudo pela RJ 130 e tipo de ocupação da área.

4.2 ASPECTOS GEOHIDROLÓGICOS

A área de estudo pode ser descrita como sendo uma micro bacia de contribuição da bacia

do Córrego Dantas. Possui uma drenagem perene que cruza praticamente toda a extensão da

área, no sentido Noroeste, denominado Córrego Volta da Fechadura, segundo a Base

Cartográfica Vetorial Continua do Estado do Rio de Janeiro (IBGE/SEA, 2018), sendo este um

afluente direto do Córrego Dantas e também algumas drenagens temporárias que vertem das

encostas em períodos chuvosos.

Caracteriza-se como um vale suspenso, com duas encostas contiguas de grande

amplitude que preenchem praticamente toda a área de estudo, orientadas para Noroeste. São

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encostas compostas por solo residual com porções de rocha aflorante derivados da suíte Serra

dos Órgãos e Granito Nova Friburgo (CPRM, 2008). Ocorrem, principalmente solos da classe

latossolo vermelho/amarelo. (SEA, 2011).

É interessante notar que as porções de encosta que estão direcionadas

predominantemente para o sentido Sul/Sudoeste, possuem uma vegetação muito mais

desenvolvida. Isso se dá por conta das frentes frias que se avançam, vindo do Sul do continente

e adentram no território de Nova Friburgo pela serra de Cachoeiras de Macacu trazendo

precipitação e massas úmidas. Essas encostam interceptam essa umidade e possuem elevadas

funções ecossistêmicas, sendo fonte de recarga hídrica ao longo do Município.

Conforme constatado em vistoria de campo realizada pela CPRM em 2011, observou-

se grande quantidade de blocos rochosos envoltos no solo residual constituinte das encostas, o

que faz por potencializar o poder destrutivo na ocorrência de movimento de massa. (Figuras 4a

e 4b).

Figuras 4ª e 4b: Blocos envoltos em solo residual e orientação das vertentes. Fonte: Google

Earth Pro Versão:7.3.2.5491 (64 Bits) Data:29/07/2017.

4.3 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A área de estudo, representa de certa forma, a expansão urbana que ocorreu no

Município de Nova Friburgo a partir da década de 50 do século XX (Figura 5).

Com as porções aplainadas do vale central do Rio Bengalas já praticamente toda

ocupada, as áreas de encostas próximas ao centro da cidade, passaram a ser parceladas para

atender as demandas por novas moradias.

De fato, a preocupação com as áreas inclinadas dos terrenos que eram parcelados e as

exigências do poder público quanto aos critérios técnicos para o parcelamento em áreas de

encostas, eram inexistentes naquela época, o que fez por possibilitar a aprovação de lotes em

N

S

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14

áreas inapropriadas, uma vez que a implantação de um loteamento, requer uma série de

intervenções no meio natural, como a abertura de vias através de cortes em taludes e preparação

de lotes por meio de corte e aterro.

Guerra (2008b) afirma que o impacto das intervenções antrópicas nas encostas naturais,

representa o principal fator de influência sobre os processos, formas e evolução das encostas.

São ações de natureza antrópica que tem influência direta na dinâmica natural local e por

consequência, na potencialização de movimentos de massa e seus efeitos.

O loteamento que deu origem ao Bairro Granja Spinelli, caracteriza-se como sendo

predominantemente residencial e inclusive, a localidade possui dois conjuntos habitacionais

populares, que foram implantados para abrigar parte das vítimas das chuvas do verão de

2006/2007. Existe na área estudada, uma escola municipal e alguns serviços como hotel,

vidraçaria e comércio. É atendida por uma linha regular de ônibus.

Segundo o censo 2010, o Bairro Granja Spinelli, juntamente com parte do Bairro

Córrego Dantas possui 3.385 habitantes (IBGE, 2010).

A área de estudo possui consideráveis porções de área verde, além das encostas e

margem da drenagem que cruza a área, existem muitos lotes que ainda se encontram sem

ocupação.

Figura 5: Parcelamento do solo na área de estudo – “Loteamento Granja Spinelli”.

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4.4 ZONEAMENTO URBANO AMBIENTAL

O Zoneamento Urbano Ambiental, instituído pelo Plano Diretor Municipal através da

Lei Complementar nº 24/2007, trata a área como sendo uma Zona de Expansão Orientada

(ZEO) onde define, segundo o texto da lei, áreas que:

Artigo 83 “compreendem toda a extensão da bacia do ribeirão São

José e parte da bacia do córrego D´Antas, caracterizadas por

áreas vazias passíveis de ocupação urbana, desde que seja

garantido o provimento de infraestrutura adequada.”

E em seu artigo 84, apresenta os seguintes objetivos do zoneamento em questão:

“I - disciplinar a expansão urbana com reserva de áreas verdes;

II - garantir a implantação de equipamentos urbanos e sociais

adequados ao aumento da densidade populacional;

III - compatibilizar o uso e ocupação do solo urbano com a

proteção do patrimônio cultural do Centro de Amparo.”

À época da elaboração do Plano Diretor Municipal no ano de 2006, as questões

relacionadas à suscetibilidade de ocorrência de desastres naturais, não foram consideradas

como critério para a caracterização do seu zoneamento. Naquele período esse tipo de

mapeamento era inexistente no Município e os eventos de movimentos de massa ocorriam de

modo pontual ao longo do território. Tal fato explica, em parte o zoneamento proposto para a

área naquela época (Figura 6).

Durante o processo de revisão do Plano Diretor de Nova Friburgo, que ocorreu em 2015,

a equipe técnica interdisciplinar da prefeitura, juntamente com consultores especialistas em

planejamento urbano e com os materiais provenientes do plano municipal de redução de riscos,

cartas de suscetibilidade e geotécnica disponíveis e com as demandas impostas pela Lei

12.608/2012, decidiram por uma restrição à ocupação na área, visto os eventos destrutivos

ocorridos em 2011 e falta de investimentos em obras de contenção e infraestrutura.

Nas áreas já ocupadas, foi tolerado um adensamento moderado, porém nas áreas ainda

não ocupadas e que sofreram rupturas de encostas e atingimentos, a ocupação foi restringida.

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Para a área de estudo foi proposto no zoneamento urbano a Zona Urbana Controlada

(ZUC) e o zoneamento ambiental da Zona de proteção Ambiental (ZPAM).

Conforme o texto, as seguintes zonas têm as características de:

Art. 19. As Zonas de Proteção Ambiental – ZPAM, são um conjunto

de porções do território que têm como principais atributos:

remanescentes de Mata Atlântica em estágios médios a avançados

de sucessão, corredores ecológicos e maciços rochosos. Prestam

relevantes serviços ambientais como: infiltração, nascentes,

conservação da biodiversidade, controle de processos erosivos e de

inundação, produção de água e regulação microclimática devendo

ser destinadas à preservação e proteção do patrimônio ambiental e

hídrico.

Parágrafo único: As unidades de conservação de proteção integral

e os fragmentos de vegetação nativa do bioma Mata Atlântica nas

unidades de conservação de uso sustentável estão inseridas na Zona

de Proteção Ambiental – ZPAM.

Art. 25. As Zonas Urbana Controlada – ZUC, são porções do

território com necessidade de requalificação urbana, com proposta

de adensamento moderado, com necessidade de implantação de

novas infraestruturas e equipamentos urbanos e sociais

incentivando a criação de novas centralidades de bairro

Isso representa de certa forma, uma mudança no olhar do planejamento da cidade,

considerando-se as questões de riscos de desastres no seu ordenamento territorial (Figura 7).

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Figura 6: Zoneamento Urbano Ambiental na área de estudo. Fonte: GEGEO/ PMNF.

Figura 7: Zoneamento Urbano Ambiental proposto na revisão do Plano Diretor de 2015. Fonte:

GEGEO/PMNF.

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5 PRINCIPAIS AÇÕES GOVERNAMENTAIS DE MAPEAMENTO DE PERIGO E

RISCO A MOVIMENTOS DE MASSA EM NOVA FRIBURGO - RJ.

Foi realizada para o presente estudo, uma pesquisa sobre os principais trabalhos de

mapeamento de áreas de perigo/risco geológicos, realizados pelas diferentes esferas

governamentais no Município de Nova Friburgo. Percebe-se que de fato, a elaboração desse

tipo de material é relativamente recente, se tornando mais difundida a partir dos eventos

climáticos de janeiro de 2011 na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro.

Cabe ressaltar que além dos trabalhos abaixo elencados, outros foram realizados de

forma pontual pelo DRM/RJ, com o mapeamento de Risco Remanescente a Escorregamentos

em 2011 e pela CPRM em 2012 com a Ação Emergencial para Reconhecimento de Áreas de

Alto e Muito Alto Risco a Movimentos de Massas e Enchentes.

• 2007 - PMRR – Plano Municipal de Redução de Risco - CPRM

• 2011 - Setorização de Risco Remanescente - CPRM

• 2011- Inventário das Cicatrizes de Deslizamentos Jan. 2011 - PMNF

• 2013 - Revisão / Atualização do PMRR - REGEA

• 2014 - Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa - CPRM

• 2014 / 2015 - Carta Geotécnica de Aptidão Urbana - DRM

• 2015 - Mapa de Interesse Geológico Geotécnico – PDDU - PMNF

• 2016/2017/2018 - Mapeamento de Perigo e Risco – Áreas Piloto NF – Projeto GIDES

(CPRM / PMNF / JICA)

5.1 PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCOS PARA O MUNICÍPIO DE NOVA

FRIBURGO - CPRM – 2007.

A partir do ano de 2006, seguindo as determinações da Lei 10.257/2001 - Estatuto das

Cidades, o Governo Federal, através do Ministério das Cidades (MC), deu início à realização

de Planos Municipais de Redução de Riscos (PMRR) – no âmbito do Programa de Urbanização,

Regularização e Integração de Assentamentos Precários – Ação 2 Apoio a Prevenção e

Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários.

O trabalho foi então executado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB/ CPRM), através

de contrato de prestação de serviço, celebrado entre a Caixa Econômica Federal e o Ministério

das Cidades.

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Em Nova Friburgo, o PMRR foi realizado entre os meses de maio de 2006 e julho de

2007 e contemplou o mapeamento de 7 localidades situadas em área urbana do Município, que

foram indicadas pela prefeitura local, como sendo prioritárias (Figura 8).

O trabalho resultou na setorização de risco das localidades de Olaria (I e II), Barroso,

Cordoeira, Floresta e Alto do Floresta, Lazareto, Riograndina (I e II) e Village, que receberam

propostas de medidas estruturais e não estruturais com a finalidade de mitigação dos riscos

identificados.

Cabe observar que durante o fim do ano de 2006 e início de 2007 o Município de Nova

Friburgo foi atingido por chuvas prolongadas de verão, que ocasionaram movimentos de massa

e inundações em diversos locais da cidade, inclusive em localidades selecionadas para

mapeamento no Plano Municipal de Redução de Riscos.

Figura 8: Mapa com a setorização de risco para o Bairro Village. PMRR 2007 (CPRM, 2007).

5.2 INVENTÁRIO DOS MOVIMENTOS DE MASSA OCORRIDOS EM NOVA

FRIBURGO EM JANEIRO DE 2011 – GERÊNCIA DE GEOMÁTICA (GEGEO) – PMNF -

2011.

Diante da magnitude do evento climático ocorrido na Região Serrana do Estado do Rio

de Janeiro em janeiro de 2011, o sistema Google Earth disponibilizou imagens do satélite

Geoeye datadas do dia 19 de Janeiro de 2011, que possibilitou a poligonização dos movimentos

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de massa ocorridos no território de Nova Friburgo, através do setor Gerência de Geomática

(GEGEO) da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável

da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo – PMNF, ao longo do ano de 2011.

Através da observação dos movimentos de massa deflagrados no evento e com a

utilização da ferramenta “adicionar polígono”, inventariou-se 2.549 movimentos de massa

ocorridos em Nova Friburgo. Os polígonos gerados no formato .kml, foram posteriormente

convertidos para o formato .shp para serem utilizados no presente trabalho (Figura 9).

O trabalho de elaboração do inventário de ocorrências pretéritas como base da avaliação

da suscetibilidade dos terrenos frente a futuras ocorrências, é destacado como sendo de

importância para o zoneamento do meio físico (FELL et al, 2008).

Segundo estudos recentes realizados no setor da PMNF, cerca de 80% dos movimentos

de massa correspondem a deslizamentos do tipo planar com uma característica predominante

do tipo solo/solo em sua ruptura (ROCHA et al, 2018).

Figura 9: Mapa com inventário dos movimentos de massa ocorridos em janeiro de 2011.

(GEGEO/PMNF, 2017).

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5.3 SETORIZAÇÃO DE RISCO REMANESCENTE NO MUNICÍPIO DE NOVA

FRIBURGO – CPRM – 2011.

Logo após o evento climático extremo que atingiu a Região Serrana do Rio de Janeiro

em janeiro de 2011, a CPRM, diante da situação emergencial na qual o Município de Nova

Friburgo se encontrava, realizou em campo, a identificação de 254 setores de risco

remanescente a movimentos de massa, situados principalmente em áreas urbanizadas, onde na

maioria dos casos, houve algum tipo de evento, destruição e danos a construções.

Este trabalho foi realizado entre os meses de fevereiro e abril, e contou com a

classificação dos movimentos ocorridos, identificação de construções e quantificação da

população em risco, além de sugestões de medidas estruturais e não estruturais para os referidos

setores. Considerou-se que nas áreas onde ocorreram movimentos de massa, ainda existia a

possibilidade de reativação e/ou novas ocorrências por conta da condição topográfica e histórico

recente de movimentos de massa registrados. Dentro da área objeto este estudo, foram

identificados 5 setores de risco remanescente à ocorrência de movimentos de massa (Figura

10).

Figura 10: Setor de Risco Remanescente # 189 (CPRM, 2011).

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5.4 REVISÃO E ATUALIZAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCOS

PARA O MUNÍCIPIO DE NOVA FRIBURGO - REGEA - GEOLOGIA, ENGENHARIA E

ESTUDOS AMBIENTAIS LTDA. - 2013.

No escopo da atualização do PMRR realizado em 2007 e frente ao evento climático

extremo que atingiu o Município em Janeiro de 2011, foi realizado no ano de 2013, através de

contrato celebrado entre a Caixa Econômica Federal e Município de Nova Friburgo,

coordenado pelo Ministério das Cidades e executado pela empresa REGEA – Geologia,

Engenharia e estudos Ambientais Ltda. a revisão e atualização do Plano Municipal de Redução

de Riscos no Município de Nova Friburgo. Para tal, foram selecionadas 20 localidades

prioritárias para serem tratadas na revisão do PMRR. Nessas localidades foram totalizados 416

pontos de mapeamento que posteriormente foram reagrupados e como resultado final, obteve-

se 99 áreas de risco a escorregamentos no Município de Nova Friburgo (Figura 11)

As localidades selecionadas foram: Alto de Olaria; Campo do Coelho; Catarcione;

Chácara do Paraiso; Cordoeira; Córrego Dantas; Duas Pedras; Floresta; Granja Spinelli; Jardim

Califórnia; Jardim Ouro Preto; Jardinlândia; Prado; Lazareto/São Cristovão; Riograndina;

Santa Bernadete; São Geraldo; Tinguelly; São Jorge / 3 Irmãos; Village. Para as referidas áreas

realizou-se vistorias de campo e elaborou-se mapas com a indicação e classificação dos riscos,

sugestão de medidas estruturais e não estruturais. Na área de estudo foram mapeados 3 setores

de risco a escorregamentos.

Figura 11: Setores de risco identificados na área de estudo – PMRR (REGEA, 2013).

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5.5 CARTA DE SUSCETIBILIDADE A MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA

E INUNDAÇÕES 1:25.000 - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL (SGB/CPRM) - 2014.

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), estabelecida pela Lei

Federal 12.608/2012 (BRASIL, 2012), prevê em seu escopo uma série de ações a serem

tomadas pelos governos Federal, Estadual e Municipal, dentre elas a criação de um cadastro

nacional de municípios com áreas suscetíveis a deslizamentos de grande impacto, inundações

bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos (Art. 6º) e inclui o mapeamento

dessas áreas como ferramentas essenciais à prevenção de desastres (Art. 22º). (Bitar et al.,

2014). A PNPDEC cadastrou 821 municípios prioritários para receberem atenção frente a

ocorrência de desastres naturais, os quais devem ter contemplados em seus planos diretores ou

planos de expansão urbana, o mapeamento das áreas suscetíveis à ocorrência de movimentos

de massa e inundações para fins de planejamento e prevenção a desastres. (BRASIL, 2012).

Diante da demanda imediata da realização de mapeamentos para os municípios

incluídos no referido cadastro, sob coordenação nacional do Serviço Geológico do Brasil

(CPRM), em parceria técnica com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

(IPT), iniciou-se em 2013 a execução de cartas de suscetibilidade em 286 municípios entre os

anos de 2013 e 2014.

As Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa, constituem

documentos cartográficos que aplicam o conceito de suscetibilidade, definido como a

predisposição ou propensão de um terreno ao desenvolvimento de processos no meio físico

(Bitar et al., 2014), elaborados em atendimento à Política Nacional de Proteção e Defesa Civil,

com vistas à prevenção de desastres naturais, tendo por foco a orientação do ordenamento

territorial em municípios sujeitos a processos do meio físico como deslizamentos, corridas de

massa, inundações e enxurradas.

Os principais objetivos do trabalho são gerar cartas de suscetibilidade, em áreas

ocupadas e não ocupadas em ambiente SIG, salientar as suscetibilidades incidentes nas áreas

urbanas e de expansão, áreas onde se concentram a maior parte da população residente,

sintetizar os principais resultados em um documento cartográfico, denominado carta síntese,

que contenha o zoneamento das suscetibilidades identificadas no município como também

outras informações relevantes como hidrografia municipal, curva de nível, áreas urbanas, etc.

Apresentados em linguagem acessível para o público em geral. (Bitar et al., 2014).

Os processos associados a suscetibilidades a ocorrência de movimentos gravitacionais

de massa são os deslizamentos planares, corridas de massa, quedas e/ou rolamentos de blocos

rochosos. O material tem a proposta de ser um documento informativo, que auxilie nas

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atividades de planejamento e gestão do território, quanto ao desenvolvimento no meio físico de

processos que podem ocasionar desastres.

Para a classificação da suscetibilidade natural do terreno a deflagração de movimentos

gravitacionais de massa, usa-se parâmetros como o de declividade, forma das vertentes,

amplitudes, litologia e pedologia, atribuindo classificações à porções do território municipal,

que variam de alta suscetibilidade - porções com inclinações iguais ou superiores a 25°,

vertentes côncavas com depósito de tálus de grande dimensão na base e outros; média

suscetibilidade - porções com inclinações que variam de 5° a 20°, em encostas convexas a

retilíneas e côncavas ; e uma classificação de baixa suscetibilidade - porções com inclinações

menores de 10°, encostas convexas suavizadas com topos planos em terrenos suavemente

ondulados.

Além desses parâmetros, dados de movimentos de massa já registrados e trabalhos de

campo complementaram o banco de dados utilizado na confecção das Cartas (Bitar et al., 2014).

O material gerado para o Município de Nova Friburgo, foi o mapeamento da totalidade

do território municipal, quanto à suscetibilidade a ocorrência de movimentos gravitacionais de

massa e inundação, na escala de 1:25.000 (Figura 12).

Figura 12: Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações de

Nova Friburgo (CPRM, 2014).

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5.6 CARTA GEOTÉCNICA DE APTIDÃO URBANA 1:10.000 – DEPARTAMENTO DE

RECURSOS MINERAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – (DRM/RJ) – 2015.

Em continuidade às ações de identificação e mapeamento de áreas de perigo e risco

associadas a escorregamentos potencialmente destrutivos impostas pela Lei 12.608/2012, foi

elaborado na escala de 1:10.000 pelo Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de

Janeiro (DRM/RJ), Carta Geotécnica de Aptidão Urbana – CGU, entregue ao Município de

Nova Friburgo no ano de 2015.

Trata-se de um documento cartográfico orientador para a tomada de decisão e

planejamento do uso do solo, quanto à prevenção de desastres associados a escorregamentos,

principalmente no controle à expansão urbana e novos loteamentos (DRM, 2015), que

compartimenta o território municipal em unidades geológico/geotécnicas, que se dividem em:

Afloramento Rochoso, Corrida de Massa, Depósito Coluvionar, Depósito de Tálus, Solo

Residual e Solo sobre Rocha.

A partir da associação destas unidades com fatores como ocorrência pretérita de

movimentos de massa, declividade, forma das encostas e tipo de ocupação do solo - estes

considerados apenas setorialmente - classificam-se as áreas mapeadas em cinco categorias

quanto ao potencial de ocorrência de escorregamentos, a saber: baixa, moderada, alta, muito

alta e crítica (Figura 13).

A recomendação do documento é que, para as áreas classificadas como alta, muito alta

e crítica, sejam evitadas a ocupação, uma vez que, são consideradas muito restritivas a

ocupação urbana e restritivas a outros usos, sendo necessárias nessas áreas, obras de contenção

de encostas.

Para as áreas classificadas como moderada quanto ao potencial de ocorrência de

escorregamentos, a ocupação urbana ainda é desaconselhável. Para empreendimentos de grande

porte, a ocupação é tolerada desde que sejam realizadas obras de contenção para mitigação do

risco.

Para as áreas classificadas como baixa, a ocupação é recomendada, desde que

observadas medidas preventivas como drenagem e alinhamento das vias de acesso. (DRM,

2015).

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Figura 13: Carta Geotécnica de Aptidão Urbana do Município de Nova Friburgo (DRM, 2015).

5.7 ÁREA DE INTERESSE GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO – AIGG – REVISÃO DO PLANO

DIRETOR DE NOVA FRIBURGO – 2015

No processo de revisão do Plano Diretor Municipal 2014-2015, com as demandas da

Lei 12.608/2012 em voga, e com a necessidade de se considerar a análise de perigo a ocorrência

de movimentos de massa no planejamento da expansão urbana, afim de possibilitar a

identificação das zonas de aptidão à ocupação no território municipal, a equipe técnica da

revisão do plano diretor, sabendo das potencialidades e carências dos materiais cartográficos

existentes no Município, elaborados pelos governos federal - Carta de Suscetibilidade a

Movimentos Gravitacionais de Massa (1:25.000), e estadual - Carta Geotécnica de Aptidão

Urbana (1:10.000), considerou em seu zoneamento, as classes mais elevadas de ambos os

mapeamentos, denominando-as Área de Interesse Geológico-Geotécnico (Figura 14).

Esse mapeamento prevê que, para essas áreas, são necessários estudos geológico-

geotécnicos em escalas de detalhe, 1:2.000 ou maiores, que possibilitem a análise da ocupação

e necessidade de intervenção no meio físico, principalmente para licenciamento de novos

empreendimentos.

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Apesar de compilar dois materiais com escalas e propósitos diferentes, o referido

mapeamento, considera as áreas mais críticas de ambas as Cartas quanto ao perigo e risco a

ocorrência de movimentos de massa e orienta o crescimento da cidade.

Figura 14: Área de Interesse Geológico-Geotécnico (PMNF, 2015).

5.8 MAPEAMENTO DE PERIGO E RISCO A MOVIMENTOS DE MASSA UTILIZANDO

A METODOLOGIA DO PROJETO GIDES EM ÁREAS PILOTO DE NOVA FRIBURGO –

2016/2017

Ao longo do Projeto GIDES, a Prefeitura Municipal de Nova Friburgo recebeu

treinamento teórico e prático para o mapeamento de áreas suscetíveis à ocorrência de

movimentos gravitacionais de massa das seguintes tipologias: deslizamento planar, fluxo de

detritos, queda de blocos e deslizamento rotacional.

Foram escolhidas três áreas piloto dentro do Município para a aplicação das

metodologias de mapeamento. Ao longo de um ano e meio, houve uma série de reuniões e

visitas de técnicos brasileiros e japoneses ao Município com treinamento em campo, discussões

e adequações da metodologia originaria do Japão aplicada no Brasil. Como resultado se mapeou

as áreas piloto, cada uma com suas especificidades, quanto ao perigo e risco a ocorrência de

movimentos de massa.

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Procurou-se atender em cada uma das áreas escolhidas, as demandas dos eixos temáticos

do projeto os quais eram, o planejamento da expansão urbana considerando o risco de desastres,

monitoramento e alerta em áreas sujeitas a desastres naturais e obras de prevenção e reabilitação

de áreas suscetíveis ou já atingidas por desastres naturais.

Através do Projeto GIDES, o Município teve condições de, pela primeira vez, realizar

esse tipo de mapeamento dentro de seu território, refinando os mapeamentos já existentes em

escala mais detalhada.

Foram elaborados mapas de cada área com as tipologias identificadas. Todo o material

produzido foi também encaminhado à Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil,

Secretária Municipal de Obras e afins (Figura 15).

Figura 15: Carta de Perigo e Risco elaboradas na área piloto de planejamento urbano (PMNF,

2017).

6 MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA OCORRIDOS NA ÁREA DE

ESTUDO

Identificou-se na área de estudo, 12 rupturas de encosta e 6 destruições de construções

associadas a deslizamentos planares.

Os deslizamentos foram identificados e inventariados por meio de imagens históricas

disponibilizadas pelo sistema Google Earth Pro e fazem parte do banco de dados da Prefeitura

Municipal de Nova Friburgo.

A partir dessas imagens e relatórios elaborados pelo Serviço Geológico do Brasil em

2011 na setorização do Risco Remanescente, que na área de estudo totalizam 5 setores (N°

189,190,191,192 e 200), pode-se observar que correspondem a deslizamentos planares em solo

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residual, na maioria dos casos contendo blocos rochosos de dimensões variadas e com rupturas

no contato solo/solo e solo/rocha (Figura 16).

Figura 16: Setores de Risco Remanescente e Inventário de Deslizamentos ocorridos em janeiro

de 2011 na área de estudo.

Ocorreram 6 deslizamentos de grande porte, com rupturas nas porções altas das encostas

que atingiram grande velocidade e poder destrutivo, potencializados pela quantidade de água

convergente e material mobilizado.

Observou-se também deslizamentos de menor porte, que ocorreram principalmente ao

longo da estrada que percorre a área de estudo. Os cortes em taludes naturais para a

implementação de moradias e estradas, são ações antrópicas que aumentam a incidência de

deslizamentos (FERNANDES e AMARAL, 1996). (Figuras 17a e 17b).

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Figuras 17a e 17b: Movimentos de massa ocorridos em encosta natural e talude corte.

7 METODOLOGIA DE MAPEAMENTO DE PERIGO A MOVIMENTOS

GRAVITACIONAIS DE MASSA DO TIPO DESLIZAMENTO PLANAR.

A metodologia de mapeamento utilizada, baseou-se nas diretrizes propostas no Manual

de Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de Massa, elaborado pelo

SGB/CPRM no âmbito do Projeto GIDES, que propõe que encostas, naturais ou não, que

tenham inclinações iguais ou superiores a 25° e altura de 5 metros ou mais, são suscetíveis a

ocorrência de movimentos de massa do tipo deslizamento planar e portanto, foram selecionadas

para serem mapeadas como porções do terreno suscetíveis a tais processos dentro da área de

estudo.

Todo o trabalho foi realizado em ambiente de Sistema de Informações Geográficas -

SIG, com a utilização do software de geoprocessamento Quantum Gis versão 2.18.0 e bases

topográficas georreferenciadas no sistema de coordenadas UTM no datum horizontal SIRGAS

2000.

O material de entrada para o trabalho foi o arquivo shapefile de curvas de nível do

distrito sede do Município de Nova Friburgo, com equidistância de 5 metros, elaboradas na

escala de 1:5.000 que foram confeccionadas pela empresa Embraero Aerofotogrametria Ltda.

em 2014, e que fazem parte do banco de dados da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo.

A escala topográfica de 1:5.000 se apresenta como sendo apropriada para inventário de

deslizamentos, zoneamento de perigo e suscetibilidade para áreas locais e zoneamento de perigo

de nível intermediário e avançado para obras de desenvolvimento regional (FELL et al, 2008).

A partir deste arquivo, com a utilização de ferramentas de geoprocessamento foi gerado

um Modelo Digital de Elevação (MDE) com resolução de pixel de 5 metros. Em seguida

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extraiu-se as classes de declividades relativas à morfologia do terreno, sendo calculadas para

este trabalho, apenas as inclinações iguais ou superiores a 25° (Figura 18).

Figura 18: Etapas metodológicas da geração do Modelo Digital de Terreno, extração e cálculo

de declividades.

Esse arquivo raster foi então convertido em formato vetor (shapefile), gerando as

poligonais das áreas de maior suscetibilidade à ocorrência de movimentos de massa do tipo

deslizamento planar, áreas com 25° e 5 metros de altura.

Uma vez que as porções com inclinações iguais ou superiores a 25° dentro da áreas de

estudo foram selecionadas, o passo seguinte foi a suavização da linha de borda dessas porções

de encostas, uma vez que, em função da resolução mediana do material de entrada, o resultado

do geoprocessamento gerou polígonos extremamente pontiagudos com centenas de vértices, o

que tornaria a delimitação e consequentemente o cálculo das áreas de atingimento difícil e

imprecisa, além de não representar a realidade da encosta propriamente dita.

O procedimento de suavização consistiu na criação de um novo arquivo de polígono

shapefile, que tendo como base as inclinações iguais ou superiores a 25° geradas pelo

geoprocessamento, preencheu-se, a partir da união dos vértices, da incorporação ou eliminação

de eventuais falhas geradas no processamento dos dados, quando identificadas em campo áreas

que deixaram de serem calculadas, ou áreas que foram indevidamente calculadas como sendo

de 25°.

De forma geral, o geoprocessamento apresentou as porções de inclinações com 25° ou

mais, objeto do presente estudo, de forma bem próxima da realidade.

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Na etapa de campo, que consistiu na validação da topografia com o auxílio de

hipsômetro a laser e análise do terreno para averiguação de indícios de instabilidade e

consequente classificação do grau de perigo, foram corrigidos pequenos trechos de encostas

que deixaram de ser processados, principalmente em áreas com vegetação densa e em alguns

taludes de corte.

Após esses procedimentos, de escritório e campo, obteve-se um arquivo shapefile do

tipo polígono, representando as encostas com inclinações iguais ou superiores a 25°, e com

cinco metros ou mais de altura da forma mais naturalizada possível, facilitando a aplicação das

próximas etapas da metodologia (Figura 19).

Figura 19: Suavização das inclinações iguais ou superiores a 25°.

Na etapa seguinte, a metodologia do trabalho consistiu no traçado de linhas

perpendiculares às curvas de nível inseridas nas poligonais delimitadas, tendo como referência,

as porções suavizadas das encostas, que serviram para particionar as seções da encosta em

estudo, direcionar o material que poderia ser mobilizado em um evento de movimento de massa,

e para a delimitação das áreas de previsão de atingimento.

Criou-se então um arquivo shape do tipo linha, que a partir de uma das bordas laterais

da encosta selecionada, foi traçado de 50 em 50 metros ou a cada ponto de inflexão, linhas

perpendiculares às curvas de nível que vão desde o ponto situado à 10 metros horizontais acima

da linha de borda superior da encosta até a sua base, e a partir da sua base uma projeção em

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linha reta - tendo como referência as últimas curvas de nível - contando a distância horizontal

de respectivamente, uma vez a altura e duas vezes a altura da encosta selecionada (Figura 20).

Para a realização das medidas necessárias, utiliza-se a ferramenta de medição de linha

do software.

Figura 20: Linhas perpendiculares às curvas de nível.

A metodologia apresentada no Manual de Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos

Gravitacionais de Massa, possui duas classificações para as áreas potenciais de atingimento

provenientes de movimento de massa do tipo planar.

A primeira área corresponde aos 10 metros contados a partir do topo da encosta e a

distância de uma vez a altura da encosta, contados a partir da base desta, limitando-se a um

máximo de 30 metros, além da encosta em si, e é denominada área crítica (AC). Caracteriza-se

por ser a área com maior probabilidade a deflagração de movimentos gravitacionais de massa

e atingimento e considera-se que a energia potencial do material mobilizado, ocorra de forma

concentrada na área afetada.

A segunda área de atingimento, denominada área de dispersão (AD), estende-se por uma

distância horizontal de duas vezes a altura da encosta, também contados a partir de sua base,

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limitando-se a um máximo de 50 metros. Esta área caracteriza-se por ser uma área sujeita a

deposição do material mobilizado durante um movimento gravitacional de massa e considera-

se que a energia potencial do material mobilizado ocorra de forma dispersa na área afetada.

(CPRM, 2018)

A partir desses preceitos e tendo as linhas perpendiculares às curvas de nível traçadas

como guia, mediu-se uma distância horizontal de 10 metros a partir do ponto situado no topo

da encosta e, sempre a partir da base da encosta selecionada, uma distância horizontal

equivalente a uma vez a altura (1H) da encosta, limitando-se a um máximo de 30 metros. Uniu-

se então essas medições, preenchendo uma shapefile de polígono representando a área crítica.

A seguir, o mesmo procedimento foi realizado para a delimitação da área de dispersão,

que é medida da base da encosta, em projeção horizontal, duas vezes a altura (2H) da encosta,

com um máximo de 50 metros de distância, unindo os pontos demarcados, foi gerado o polígono

correspondente a área de dispersão (Figura 21).

Figura 21: Preenchimento das áreas crítica e dispersão.

Para o trabalho realizado na área de estudo, foram criadas três novas bases shapefile:

uma de linha e duas de polígono. O arquivo shapefile tipo linha, corresponde às linhas

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perpendiculares referência para o direcionamento da projeção da possível trajetória do material

mobilizado. Os arquivos do tipo polígono, correspondem às áreas de encostas suavizadas e as

respectivas áreas de atingimento. Às seções das encostas delimitadas, foram atribuídos dois

valores correspondentes aos graus de perigo; perigo alto e perigo muito alto (P3 e P4) e para as

áreas de atingimento assumiram-se três graus de perigo, médio, alto e muito alto (P2, P3 e P4).

Na área de estudo, as encostas identificadas foram classificadas como sendo de perigo

alto ou muito alto a ocorrência de deslizamentos planares.

Apesar do Manual de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de Massa postular

que as encostas podem ser classificadas em P4, P3 e P2, dependendo de sua criticidade, na área

de estudo não foi atribuída classificação de P2 (Perigo Médio) para nenhuma encosta e nem

tampouco para a área crítica (AC). A área de dispersão (AD) sempre tem sua classificação em

um grau de perigo abaixo da área crítica, podendo assumir as categorias de P3, P2 e P1 (Quadros

2 e 3).

Quadro 2: Classes de Perigo para a Área Crítica. Fonte: CPRM, 2018.

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Quadro 3: Classes de Perigo para a Área de Dispersão. Fonte: CPRM, 2018.

De forma geral, as porções de encostas onde já ocorreram deslizamentos e que não

sofreram nenhum tipo de intervenção, sejam estruturais ou não estruturais, são classificadas

como de perigo muito alto (P4) à ocorrência de movimentos de massa. Nessas porções além

das cicatrizes já marcadas pelos movimentos anteriores, entende-se que os processos erosivos,

presença de trincas, degraus de abatimento e outros indícios como árvores inclinadas e

surgência de água podem estar presentes de forma marcante na encosta (CPRM, 2018). Isso

torna não só o trecho onde ocorreu o deslizamento, mas toda a seção da encosta, mais suscetível

a novos eventos.

Na área de estudo, foi atribuído o grau P4 para as seções de encosta onde ocorreram

movimentos de massa de grande porte em janeiro de 2011 e que vieram a ocasionar a destruição,

total ou parcial de construções civis. São em geral porções côncavas de encostas, de grande

amplitude (mais de 80 metros de altura), compostas de solo residual, com presença de blocos

rochosos, cicatrizes de deslizamentos, trincas e degraus de abatimento.

A propósito disso, Tominaga (2007) também corrobora com as observações, verificando

que depois da declividade, a forma da vertente e o grau de dissecação são fatores que aumentam

a suscetibilidade a ocorrência de escorregamentos.

Devido à grande velocidade atingida pelo material mobilizado, potencializada pelo

grande volume de água convergente nessas porções, houve grande poder destrutivo nos

movimentos de massa ocorridos dentro da área de estudo.

Segundo estudos realizados em Nova Friburgo por Rocha et al. (2018), cerca de 78 %

das encostas onde ocorreram destruições associadas a escorregamentos, possuíam morfologia

côncava.

As seções de encosta onde não foram registrados eventos de movimentos de massa

pretéritos e que em vistoria de campo não foram identificados sinais de processos erosivos

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marcantes, surgência de água e degraus de abatimentos, foram classificadas como perigo alto

(P3) (Figura 22 e Quadro 4).

Quadro 4: Indícios de instabilidade do terreno para qualificação do grau de perigo. Fonte:

CPRM, 2018.

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Figura 22: Qualificação de Perigo das Áreas Crítica e de Dispersão. Fonte: CPRM, 2018.

8 RESULTADOS E DISCUSÕES

O principal resultado da aplicação da metodologia apresentada no Manual de

Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de Massa na área de estudo foi a

elaboração de uma Carta de Perigo a Movimentos Gravitacionais de Massa do Tipo

Deslizamento Planar da localidade. Foram mapeadas todas as encostas que atenderam aos

critérios topográficos preconizados no referido manual e as áreas de atingimento do material

que pode vir a ser mobilizado em um evento de movimento de massa por conta da ruptura de

encostas, foram calculadas de acordo com a metodologia apresentada (Figura 23).

Segundo Tominaga (2007), mapas de perigo representam tanto o potencial do terreno

em gerar escorregamentos, como a probabilidade de sua ocorrência, que pode ser expressa em

valores quantitativos e qualitativos.

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Figura 23: Carta de Perigo a movimentos gravitacionais de massa do tipo deslizamento planar

na área de estudo. Fonte: PMNF, 2018.

De acordo com observações realizadas dentro da área de estudo pode-se constatar que

a metodologia aplicada se mostrou bastante eficiente para a análise desse tipo de movimento

de massa.

Sobrepondo o mapeamento de perigo realizado na área de estudo, à poligonização das

construções destruídas em janeiro de 2011 na mesma área, observou-se que das seis destruições

identificadas, cinco estavam localizadas na área crítica e 1 na área de dispersão, ou seja, todas

as destruições estavam inseridas na área mapeada (Figura 24).

Dessas seis destruições, cinco podem ser atribuídas diretamente a deslizamentos

planares, que foram potencializados pela grande quantidade de água e morfologia das encostas

nas quais ocorreram.

Foi identificada uma construção destruída que estava localizada bem próxima ao curso

hídrico, gerando incerteza quanto ao motivo da referida destruição. De qualquer forma, a

construção em questão está localizada em área mapeada pela metodologia aplicada para

deslizamentos planares.

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Figura 24: Construções destruídas em janeiro de 2011 dentro da área de estudo.

Em termos quantitativos, foram identificadas, através de imagens de alta resolução,

cerca de 40 construções localizadas dentro da área crítica à ruptura e atingimento à movimento

de massa, e cerca de 15 construções na área de dispersão à atingimento por movimento de

massa. Isso demonstra um certo padrão de ocupação de áreas na base de encostas e morros bem

característico de Nova Friburgo.

Em complementação a este estudo, foi realizada a comparação de ortofoto de alta

resolução (20 cm de pixel) existente no banco de dados da Prefeitura Municipal de Nova

Friburgo, que data de janeiro de 2010, confeccionada pela empresa Engemap – Geoinformação,

cerca de um ano antes do evento climático de janeiro de 2011, com imagens de resolução ainda

superior (12 cm de pixel), obtidas a partir de levantamentos realizados com Veiculo Aéreo Não

Tripulado (VANT) em 2018 na área de estudo.

As construções presentes na imagem de 2010 que foram destruídas por movimentos de

massa foram poligonizadas e esses polígonos gerados, sobrepostos à imagem obtida em 2018.

O resultado dessa comparação aliada ao mapeamento realizado encontra-se no Quadro 5.

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Ortofotos de janeiro de 2010. Fonte: PMNF Ortofotos de maio de 2018. Fonte: PMNF

Quadro 5: Comparativo com imagens de alta resolução dos anos de 2010 e 2018 dos locais onde

ocorreram destruições identificadas na área de estudo.

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8.1 COMPARATIVO COM OS DEMAIS MAPEAMENTOS DA CPRM E DRM/RJ

O mapeamento de perigo a movimento de massa do tipo planar, quando comparado aos

outros dois mapeamentos que o Município de Nova Friburgo possui, a Carta de Suscetibilidade

a Movimentos Gravitacionais de Massa elaborada pela CPRM na escala original de 1:25.000 e

a Carta Geotécnica de Aptidão Urbana elaborada pelo DRM/RJ na escala de 1:10.000 se mostra

mais assertivo em termos da classificação da área e danos causados à construções por

atingimentos provenientes de movimentos de massa, mesmo se tratando de um evento climático

extremo, como foi o de Janeiro de 2011. Esta constatação se deve a fatores como a escala de

análise e metodologias utilizadas.

Um elemento importante na metodologia apresentada no manual elaborado no Projeto

GIDES é o cálculo das áreas de atingimento provenientes de um evento movimento de massa.

De acordo com estudos realizados em Nova Friburgo por Rocha et al. (2018) com base no

evento climático que atingiu o município na noite do dia 11 e madrugada do dia 12 de janeiro

de 2011 cerca de 88% das destruições ocorreram dentro da faixa de até 50 metros a partir da

base da encosta com 25° ou mais de inclinação.

Trata-se de uma metodologia nova, que vem sendo incorporada a ações governamentais

de mapeamento de perigo e risco a movimentos gravitacionais de massa, num primeiro

momento ao longo do projeto, nas cidades-piloto e mais recentemente pela CPRM em convênio

firmado com o Governo Estadual de Santa Catarina, onde três municípios foram contemplados

com cartas de perigo elaboradas seguindo a metodologia desenvolvida no projeto. Estas foram

as primeiras cartas elaboradas pela CPRM, órgão federal com expertise em estudos, pesquisas

geológicas e desastres naturais (Figura 25).

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Figura 25: Carta de Perigo a Movimentos Gravitacionais de Massa do Município de Braço do

Norte, SC. Fonte: CPRM, 2019.

8.1.1 Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa (CPRM -

1:25.000)

A Carta de Suscetibilidade da CPRM, classifica as áreas quanto a uma maior ou menor

propensão do terreno ao desenvolvimento de processos no meio físico. Observou-se que de

acordo com o mapeamento realizado pela referida carta, 3 construções estavam localizadas em

área classificada como de alta suscetibilidade a ocorrência de movimentos gravitacionais de

massa e 3 se encontravam em área mapeada como de média suscetibilidade.

Este é um documento que tem o caráter informativo/consultivo quanto a suscetibilidade

de ocorrência de movimentos de massa em determinada área, visto a escala de elaboração da

Carta (1:25.000) e as ponderações presentes na nota explicativa que acompanha o material, e

ainda por ser a primeira cartografia de suscetibilidade a movimentos de massa que foi realizada

na totalidade do território municipal, possui uma relevância para a temática no Município de

Nova Friburgo (Figura 26).

A nota técnica explicativa que acompanha a carta, deixa claro que o mapeamento não

considera raio de alcance e trajetória do material mobilizado e que, em áreas urbanizadas os

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limites entre uma área e outra podem ser alterados, para mais ou para menos, dependendo no

grau de influência da ocupação existente. Coloca ainda que, estudos mais detalhados e em nível

local são necessários, principalmente em áreas de suscetibilidade alta e média, podendo

produzir limites distintos ante o apontado na carta (Bitar et al 2014).

Se considerarmos as áreas classificadas como alta e média, como sendo porções do

território onde se requer atenção, sobretudo nas áreas urbanas, pode-se conferir um nível de

assertividade elevado para o referido material dentro da área de estudo, mesmo com as

considerações pertinentes, sobretudo em relação à escala da carta.

Figura 26: Destruições identificadas na área de estudo e mapeamento de suscetibilidade a

movimentos gravitacionais de massa.

8.1.2 Carta Geotécnica de Aptidão Urbana (DRM/RJ - 1:10.000)

Ao analisarmos o mapeamento conferido pela Carta Geotécnica de Aptidão Urbana do

DRM/RJ para a área de estudo, das 6 construções, apenas 2 estão localizadas em locais

mapeados. 1 em área limítrofe entre a área classificada como moderada quanto ao potencial de

ocorrência de escorregamentos e área não mapeada e 1 também em área limítrofe entre a

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categoria alta e área não mapeada. As demais construções destruídas encontram-se em áreas

não mapeadas (Figura 27).

O relatório técnico (DRM, 2015) que acompanha a carta, restringe a ocupação em áreas

classificadas como alta e desaconselha a ocupação, a menos que, acompanhada de obras e a

depender do tipo de ocupação, para as áreas classificadas como moderadas.

Para as áreas não mapeadas, que representam porções significativas do território, tanto

na área de estudo, quanto no Município de Nova Friburgo, não há qualquer menção quanto à

adoção de critérios para a definição dessas áreas.

De acordo com o mesmo relatório técnico, devido ao tempo disponível para elaboração,

à baixa qualidade das bases topográficas e falta de histórico e registros, aspectos como

declividades, morfologia de encostas, cortes e aterros e depósitos artificiais foram considerados

apenas setorialmente (DRM, 2015). Ainda, segundo o relatório, a Carta Geotécnica de Aptidão

Urbana, consiste em um documento cartográfico intermediário entre uma carta de

suscetibilidade e uma carta de perigo, devendo, na medida do possível ser revisada e

complementada.

Pode-se atribuir a esses fatores, parte da baixa assertividade, dentro da área de estudo

do referido mapeamento.

Figura 27: Destruições identificadas na área de estudo e mapeamento da Carta Geotécnica de

Aptidão Urbana.

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Cabe observar que não foram realizadas obras de retaludamento, contenção ou mesmo

sistema de drenagem superficial e desvio de águas pluviais dentro da área de estudo até a

presente data (dezembro de 2018), o que mantém as condições de suscetibilidade do terreno a

futuras ocorrências de movimentos de massa do tipo deslizamento planar dentro da área de

estudo.

9 CONCLUSÕES

O presente estudo, resultou na elaboração e análise de uma Carta de Perigo a Movimentos

Gravitacionais de Massa do tipo deslizamento planar na área de estudo, que se mostrou bastante

eficaz quando comparado com o resultado do inventário de ocorrências pretéritas de

movimentos de massa na localidade, indicando um alto índice de assertividade do método de

mapeamento proveniente do Projeto GIDES e, numa abordagem qualitativa, com a Carta de

Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa do SGB/CPRM (1:25.000) e Carta

Geotécnica de Aptidão Urbana do DRM/RJ (1:10.000).

Para questões relativas ao ordenamento e direcionamento da expansão urbana no território

municipal e monitoramento de áreas já ocupadas, o presente mapeamento contribuiu com a

avaliação da metodologia apresentada no referido manual, a fim de que este possa servir como

orientador para a identificação das áreas suscetíveis à ocorrências de desastres naturais, e

subsidiar a tomada de decisão de gestores públicos promovendo ações de prevenção e

recuperação de áreas de risco.

Contudo trata-se de um mapeamento em escala de detalhe, que demanda tempo, bases

topográficas adequadas e recursos humanos voltados para a gestão do risco de desastres

geológicos, para ser realizado em escala municipal.

Um grande desafio técnico é a incorporação das metodologias apresentadas nos manuais do

Projeto GIDES, seja em tramites processuais, no aperfeiçoamento dos procedimentos de

mapeamento de perigo e risco, planejamento urbano, sistema de alertas, planos de contingência

e obras de prevenção e reabilitação em áreas suscetíveis à ocorrência de movimentos de massa.

No que concerne ao mapeamento de áreas suscetíveis a ocorrência das tipologias de

movimentos de massas apresentadas no manual da CPRM para a gestão de desastres naturais,

as propostas do projeto vêm ganhando espaço no Município de Nova Friburgo e no Estado de

Santa Catarina, e espera-se que o resultado deste trabalho, a partir da avaliação de sua aplicação

na área de estudo, se apresente de forma semelhante, quando aplicado no restante do Município,

bem como se replicada nos demais municípios em situação de risco geológico no Brasil.

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REFERÊNCIAS

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11 - FERNANDES, N. F.; AMARAL, C.P. Movimentos de massa: uma abordagem

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