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São Paulo 2016 Universidade São Judas Tadeu Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física ELIAS DE FRANÇA EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO ASSOCIADO OU NÃO A SUPLEMENTAÇÃO COM AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA EM FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR

Universidade São Judas Tadeu Programa de Pós-Graduação ... · Física e Disfunções Metabólicas. Stand on the shoulders of giants (Isaac Newton) 1 AGRADECIMENTOS Aos que contribuíram

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São Paulo 2016

Universidade São Judas Tadeu

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física

ELIAS DE FRANÇA

EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO ASSOCIADO OU NÃO A SUPLEMENTAÇÃO COM

AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA EM FATORES DE RISCO

CARDIOVASCULAR

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São Paulo 2016

ELIAS DE FRANÇA

EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO ASSOCIADO OU NÃO A SUPLEMENTAÇÃO COM

AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA EM FATORES DE RISCO

CARDIOVASCULAR

Orientador: Prof Dr. Érico Chagas Caperuto

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação Física na Área de Atividade Física e Disfunções Metabólicas.

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França, Elias de

F814e Efeitos do treinamento físico associado ou não a suplementação com aminoácidos de cadeia ramificada em fatores de risco cardiovascular / Elias de França. - São Paulo, 2016.

66 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Érico Chagas Caperuto.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2016.

1. Colesterol. 2. Doenças cardiovasculares. 3. Exercícios físicos. I. Caperuto, Érico Chagas. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-aduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

CDD 22 – 613.71

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São Paulo 2016

ELIAS DE FRANÇA

EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO ASSOCIADO OU NÃO A SUPLEMENTAÇÃO COM

AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA EM FATORES DE RISCO

CARDIOVASCULAR

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto (orientador)

__________________________________________________________

Prof. Dr. Ronaldo Vagner Thomatieli dos Santos

__________________________________________________________

Prof. Dr. Romeu Rodrigues de Souza

SUPLENTES

__________________________________________________________

Profª Drª Iris Callado Sanches

__________________________________________________________

Prof. Dr.Bruno Rodrigues

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação Física na Área de Atividade Física e Disfunções Metabólicas.

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Stand on the shoulders of giants (Isaac Newton)

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AGRADECIMENTOS

Aos que contribuíram significantemente com a realização deste trabalho:

- Ao Profº Erico C. Caperuto, à Profª Maria L. Miranda, as instituições Universidade

São Judas Tadeu (USJT), Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Max Titanium que tornaram

possível a realização deste trabalho;

- À Ana Paula Xavier que ajudou a “carregar” mais um piano, espero (um dia) poder

pagar estas dívidas.

- As enfermeiras da UPM (Katia, Nilda, Cristiane e Soninha) e ao Leandro Gonçalves

(da USJT) que me ajudaram com as coletas de sangue;

- Aos professores Ronaldo V. T dos Santos e Romeu R. de Souza pela contribuição

intelectual e norteamento do desenho do estudo e interpretação dos dados;

- Ao pessoal da farmácia e bioquímica (Silvana, Toninho, Wellighton), da

administração (André Rhane) pelo suporte técnico nas coletas de dados;

- Ao colega Gabriel Honorato que me ensinou as técnicas de análise lipídica e

indicações de textos sobre o tema aqui estudado;

- Aos colegas de laboratório Jeferson, Cesar, Diana, Carla, Ismael, Nathalia, Nicole,

Leandro Marques, Carol, Paulo e Luiza que tornaram as coletas de dados e jornada mais

divertidas;

- Por último e mais importante, todos os voluntários do estudo que suaram e deram o

sangue (literalmente) para que este trabalho fosse realizado.

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Efeitos do treinamento físico associado ou não a suplementação com aminoácidos de

cadeia ramificada em fatores de risco cardiovascular

RESUMO

Atualmente, no Brasil e no mundo, as doenças cardiovasculares (DCV) são as

principais causas de morte. Apesar de haver uma previsão da redução de morte por DCV,

em áreas desenvolvidas, há previsão de aumento da prevalência de doenças desse foro e

dos seus fatores de risco, o que acarretará demasiado gasto público e diminuição da

qualidade de vida da população. Diversos estudos com modelo animal têm demonstrado

que a suplementação crônica com altas doses de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR)

promove a diminuição da resistência à insulina, como melhora o perfil lipídico. Também é

bem sabido que o treinamento físico (TF) melhora esses paramentos metabólicos. Nesse

sentido, o objetivo deste estudo é observar a influência da suplementação de AACR

associada ou não ao TF em biomarcadores metabólicos relacionado ao risco de DCV. 40

sujeitos, sedentários de ambos os sexos, IMC ≥ 25, foram distribuídos aleatoriamente em 4

grupos (G): G1= Placebo; G2= Suplementado/BCAA; G3= Treino + Placebo; G4= Treino +

BCAA. A suplementação foi de 300mg/kg-1/dia-1 de BCAA ou waxy maize (placebo),

dividida em três doses diárias. O TF foi 8 semanas de treinamento intervalado de alta

intensidade, num cicloergômetro, 3 vezes por semana, com séries de esforço máximos de

30 segundos, sendo 4 séries nas semanas 1-2, 5 séries nas semanas 3-4 e 6 séries nas

semanas 5-8, com carga de 0,075 kg/kg de peso corporal. O tempo de descanso (ativo ou

passivo) entre as séries form de 4,5 minutos. Antes e após da intervenção foram avaliados o

VO2pico, Razão de troca respiratória (RER, em repouso e em atividade física), colesterol

total (CT) e frações (LDL, HDL), triglicérides (TAG), proteína C reativa (PCR), HbA1c e

percentual de gordura (%G). Não houve alterações (p> 0,05) no %G devido ao tratamento

em nenhum dos grupos. O VO2pico aumentou (p< 0,01) somente nos grupos treinado (G3 e

G4), mas sem diferença entre si (p> 0,05), mas estes valores de VO2pico ficaram superiores

quando comparados aos grupos G1 e G2 (P< 0,01). Em relação ao Pré tratamento a

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suplementação isolada de AACR promoveu diminuição do QR em exercício no G2 e G4 (p<

0,05), entretanto, somente no G4 o QR diminuiu em situação de repouso (p< 0,05); não

houve diferença entre os grupos. Houve diminuição da HbA1c (p< 0,01) e LDL (p< 0,05)

somente no grupo G4. O TAG diminuiu significantemente no grupo G2 (p< 0,05) e G4 (p<

0,01). O HDL aumentou somente no G4 (p< 0,05). O CT e a PCR não alteraram (p> 0,05)

em nenhum dos tratamentos. Conclusão: a suplementação de AACR associada ao TF pode

promover um efeito sinergista em direção da melhora da saúde metabólica.

Effects of physical training associated or not to branched-chain amino acids

supplementation in cardiovascular risk factors

ABSTRACT

Currently, in Brazil and world wide, cardiovascular diseases (CVD) are the main

causes of death. While there is a forecast reduction of death from CVD in developed areas,

there is expected to increase the prevalence of such diseases and their risk factors, which

will cause too much public spending and decrease the population's quality of life. Has been

demonstrated in animal model that chronic high dose loading of branched-chain amino acids

(BCAA) supplementation improve insulin resistance as well as lipid profile. Also has been

known that physical training (PT) improve these metabolic parameters. The aims of this

study was evaluate the influence of BCAA supplementation associated or not with PT in CVD

biomarkers risk related. In this study 40 subjects, sedentary both males and females, BMI ≥

25 were randomly distributed into 4 groups (G): G1= Placebo; G2= Supplemented/BCAA;

G3= Placebo + Training; G4= Training + BCAA. The supplementation were 300 mg/kg-1/dia-

1 of BCAA or waxy maize (placebo), distributed 3 times-a-day. The PT consisted of sets of

30-s “all-out” bouts of cycling (Wingate tests) on an ergometer (intensity at 0.075 kg / kg of

body weight) 3 days/wk (Monday, Wednesday, Friday) for 8 wk. The numbers of Wingate

sets were performed during each training session increasing from 4 (during wk 1–2) to 5

(during wk 3–4) and from 5 to 6 during wk 5–8. For all training sessions, the recovery interval

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between Wingate tests was fixed at 4.5 min (with passive or active recovery). Before and

after the intervention were evaluated VO2max., respiratory exchange ratio (RER, at rest and

during exercise), total cholesterol (TC) and fractions (HDL and LDL), triglycerides (TAG),

protein C-reactive (PCR), HbA1c and body fat percentage (BF%). There were no changes in

BF% due treatments in any groups (p> 0.05). The VO2peak increased (p< 0.05) significantly

only in the trained groups (G3 and G4) with no difference between them, but these values

were higher than G1 and G2 (p< 0.05). Isolated BCAA supplementation (G2) or training (G3)

promoted changes in RQ during exercise (p< 0.05); the strategies combination (in G4)

promoted RQ decrease both at rest and in exercise (p< 0.05); The were a decrease in

HbA1c (p< 0,01) and LDL (p< 0.05) only in G4 group. TAG decreased significantly in G2 (p<

0.05) and G4 (p< 0.01). HDL increased significantly only in G4 (p< 0.05). The TC and PCR

did not change significantly in any of the treatments. We conclude that BCAA

supplementation associated with PT can promote a synergistic effect toward metabolic

health.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 6

2. REVISÃO DE LITERATURA 9

2.1. Doenças cardiovasculares e mortalidade: implicações da dislipidemia e aptidão aeróbia ................................................................................................................................. 9

2.2. Relação do tecido adiposo, aptidão cardiorrespiratória e DCVs. ...........................12 2.2.1. Método para aumento da aptidão cardiorrespiratória ..............................................14 2.2.2. Potencial da suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada associado ao treinamento físico como possível tratamento das DCVs e obesidade. ..............................15

2.2.2.1. Potencial da suplementação de Isoleucina, Leucina e Valina na prevenção das DCVs 19 2.2.2.2. Suplementação com BCAA: eficiência e segurança 21

3. HIPÓTESE 23

4. OBJETIVOS 23

4.1. Objetivo geral ..............................................................................................................23

4.2. Objetivo específico ......................................................................................................23

5. MÉTODO 24

5.1. Critério de inclusão .....................................................................................................24

5.2. Critério de exclusão ....................................................................................................24

5.3. Riscos ..........................................................................................................................25

5.4. Benefícios ....................................................................................................................25

5.5 Suplementação .............................................................................................................25

5.6. Treino ...........................................................................................................................26

5.7. Variáveis, materiais e procedimentos de coleta........................................................26

5.7.8 Analise sanguínea para os biomarcadores de risco de DCV .................................29

6. ANÁLISE DOS DADOS 29

7. RESULTADOS 30

7.1. Antropometria e VO2pico ...........................................................................................30

7.2. Metabolismo de energia ..............................................................................................32

7.3. Marcadores metabólicos de risco de doença cardiovascular ..................................34

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8. DISCUSSÃO 36

8.1. Antropometria e VO2pico ............................................................................................36

8.2. Metabolismo de energia ..............................................................................................39

8.3. Marcadores metabólicos de risco de doença cardiovascular ..................................42

8.4. Limitações....................................................................................................................47

9. CONCLUSÃO 48

10. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 49

1. Introdução

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Atualmente, no Brasil e no mundo, as doenças cardiovasculares (DCV) são as principais

causas de morte (Kochanek et al., 2011; Cristina et al., 2013). Apesar de haver uma

previsão da redução de morte por DCV, em áreas desenvolvidas, há previsão de aumento

da prevalência de doenças desse foro e dos seus fatores de risco. Isso acarretará

demasiado gasto público e diminuição da qualidade de vida da população (Cristina et al.,

2013; Weiler e Alvar, 2013).

Assim como o tecido adiposo (Van Gaal et al., 2006), a aptidão cardiorrespiratória (ACR)

é um importante modulador da saúde cardiovascular (Farrell et al., 2002; Farrell et al., 2012;

Mcauley et al., 2012; Berry et al., 2013).

Ao contrário do tecido adiposo (Pourshahidi et al., 2015), a ACR está correlacionada

negativamente à taxa de morte por DCV ou seus riscos de acometimentos (Farrell et al.,

2012; Solomon et al., 2015). A ACR têm se mostrado com um significante preditor de morte

por todas as causas (Farrell et al., 2002), além de patologias como insuficiência cardíaca,

infarto agudo do miocárdio não fatal ou mesmo a morte por esses acometimentos (Berry et

al., 2013). Além disso, alteração de biomarcadores de DCV como a hemoglobina glicada-

HbA1c (Jakicic et al., 2013) ou o tecido adiposo (Lee et al., 2012), parece ser alterado de

acordo com a mudança da ACR. Sendo assim, intervenções que aumentem a ACR podem

trazer grandes benefícios na prevenção do aumento do risco de DCVs (Peter et al., 2013;

Narendran et al., 2015; Solomon et al., 2015).

Por outro lado, a literatura científica considera que o excesso de tecido adiposo

(obesidade) é o principal fator desencadeante das DCVs e seus fatores de risco. O excesso

de tecido adiposo (obesidade acompanhada de inflamação) é um dos fatores

desencadeantes de patologias como a resistência à insulina (RI), dislipidemia,

aterosclerose, etc. Além disso, em indivíduos obesos, o tecido adiposo libera diversas

citocinas e proteínas pró-inflamatórias (p.ex.., Interleucina 6- IL6, Interleucina 1β e Proteína

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C Reativa-PCR, respectivamente) que contribui significativamente na indução de eventos

cardiovasculares (Van Gaal et al., 2006).

Interessantemente tanto indivíduos obesos (Gavarry et al., 2015), quanto indivíduos

sedentários (Shook et al., 2014) (quando comparados, respectivamente, a indivíduos

magros e aerobiamente treinados) possuem um deficiente metabolismo de gordura para o

fornecimento de energia. Como reflexo disso, a literatura tem relatado que Taxa Metabólica

de Repouso (TMR) (Davis et al., 2014; Shook et al., 2014; Gavarry et al., 2015) e a oxidação

de gordura (Goodpaster, 2013; Kainulainen et al., 2013) é menor em indivíduos obesos

sedentários.

Uma baixa atividade e menor aporte enzimático mitocondrial desidrogenase de

cetoácidos de cadeia ramificada (DCCR) relacionado ao metabolismo de BCAAs (Valina,

Leucina e Isoleucina), além de uma menor oxidação de gordura são encontrados tantos em

indivíduos sedentários quanto em obesos não saudáveis (Kainulainen et al., 2013). Isso, em

longo prazo, resulta em um maior acúmulo de tecido adiposo, em relação aos que têm uma

boa atividade mitocondrial de oxidação de ácidos graxos. Consequentemente isso aumenta

os fatores de risco relacionados a DCV, acompanhado de uma alta taxa de BCAAs

plasmático (Tiffin et al., 2006; Taneera et al., 2012; Lynch e Adams, 2014).

O exercício físico (agudo e crônico) ou somente a ingestão de BCAAs são capazes de

induzir a biogênese e maior atividade da DCCR Devido ao fato dessas estratégias

(exercício físico e suplementação e BCAA) ativarem sinergicamente a atividade da DCCR

(Van Hall et al., 1996), alguns estudos (no âmbito esportivo) já testaram com sucesso (tanto

em humanos quanto em ratos) a sua eficiência na alteração do metabolismo de energia (De

Palo et al., 2001; De Araujo et al., 2006; Gualano et al., 2011; Campos-Ferraz et al., 2013).

Uma maior atividade da DCCR aumenta o catabolismo dos BCAAs (aumentando o

fornecimento de substratos no ciclo de Krebs e β-oxidação), isso induz o metabolismo de

aumento dos estoques de triglicérides intramusculares, além de promover maior e menor

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utilização de gordura e glicogênio muscular, respectivamente, para o metabolismo de

energia, tanto em repouso como em atividade (Kainulainen et al., 2013).

Portanto, em situações em que acontece o aumento da ACR ou da oxidação de

BCAA intracelular pode ocorrer um melhor uso de gordura pelo metabolismo para a

produção de energia. Em indivíduos com sobrepeso ou obesos com baixa ACR, a junção

dessas duas estratégias (suplementação de BCAA e exercício físico), teoricamente, ao

promover um efeito sinergista poderia promover uma melhor saúde metabólica.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi observar a influência da suplementação de

BCAA, associada ou não à prática de treinamento físico, em biomarcadores relacionados ao

risco de DCV. Nesse sentido, esse estudo, buscou promover uma intervenção no qual a

DCCR fosse ativada ao máximo: seguindo as informações de nutrição (Van Hall et al., 1996;

Shimomura et al., 2004; Gualano et al., 2011; Kainulainen et al., 2013) e de prática de

exercício físico (Shimomura et al., 1995; Howarth et al., 2007). Com isso, observamos que

diversos marcadores de riscos de DCV se alteraram no sentido de uma melhor saúde

metabólica. Nesse sentido, esse estudo se torna pertinente, justamente pelo fato de buscar

estratégias, por meio de estudos bem documentados, que possam diminuir o risco relativo

(RR) do maior causador de morte de atualidade no mundo, segundo a WHO (2013 ).

2. Revisão de Literatura

2.1. Doenças cardiovasculares e mortalidade: implicações da dislipidemia e

aptidão aeróbia

Atualmente, no Brasil (Cristina et al., 2013) e no mundo (Kochanek et al., 2011; WHO,

2013), as doenças cardiovasculares (DCV) são as maiores causas de morte. Apesar de

haver uma previsão da redução de morte por DCV, nos EUA (Weiler e Alvar, 2013) e nas

regiões sul e sudeste do Brasil (Cristina et al., 2013) (regiões economicamente

desenvolvidas), há previsão de aumento da prevalência de doenças desse foro e dos seus

fatores de risco nestas regiões (Cristina et al., 2013; Weiler e Alvar, 2013). Essa situação

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promoverá um desafio econômico para a administração pública, além da qualidade de vida

desses indivíduos estar seriamente comprometida (Weiler e Alvar, 2013).

De acordo com os dados de Cristina et al., (2013), o Brasil apresenta a 3ª maior média,

relacionada a idade, de morte por doenças isquêmicas coronarianas da américa latina.

Apesar de uma estagnada diminuição da incidência de morte por DCV nas regiões sul e

sudeste, observa-se um aumento de incidências em regiões menos desenvolvidas (norte,

nordeste e centro oeste), o que faz necessário direcionar ainda mais esforços para a

diminuição dos fatores de risco para estas populações.

De fato, no Brasil, é necessário esforço para diminuir a taxa de incidência de doenças e

morte relacionadas à DCV, ou seja, uma intervenção, à nível primordial e primário, com fim

de mudança de comportamento de estio de vida da população. Nesse sentido, o aumento

da prática de exercício físico, pode melhorar, entre diversos fatores relacionados à DCV

(Van Gaal et al., 2006), a aptidão cardiorrespiratória-ACR (que pode ser medida pelo

consumo máximo de oxigênio, ou seja, pelo VO2máximo). O aumento do VO2máx. (ou seja,

da ACR) é um dos fatores mais importantes a ser modulado (à nível primário) para diminuir

o risco de desenvolver DCVs (Weiler e Alvar, 2013).

A ACR é um importante modulador da saúde e o seu aumento está correlacionado

negativamente a taxa de morte, DCVs ou riscos por acometimentos desses foros. Nesse

sentido, a ACR têm se mostrado com um ótimo preditor de morte por doença coronária- DC

(Farrell et al., 2012; Mcauley et al., 2012), morte por todas as causas (Farrell et al., 2002),

insuficiência cardíaca e infarto agudo do miocárdio não fatal (Berry et al., 2013). Além disso,

alterações de biomarcadores de DCV como a hemoglobina glicada (HbA1c) (Jakicic et al.,

2013) ou a massa gorda (Lee et al., 2012) são fortemente influenciados pela ACR.

Exemplificando o exposto no parágrafo anterior, é possível encontrar diversos estudos

que apresentam modelos de previsão de risco da DCV (Van Dieren et al., 2012), tais

modelos utilizam-se de diversos biomarcadores como idade, sexo, pressão arterial sistólica,

diabetes mellitus, colesterol total e tabagismo (Gupta et al., 2011). Apesar desses modelos

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já fornecerem informações importantes para uma intervenção tanto à nível primordial quanto

primário, eles ainda precisavam ser melhor ajustados por meio da adição de novos

biomarcadores (Van Dieren et al. 2012). Por exemplo, Gupta et al., (2011). Por exemplo, ao

incluir a ACR no modelo clássico de predição de mortalidade por DCVs foi observado uma

significante reclassificação de 10,7% dos sujeitos da amostra (66.371 sujeitos) nos estratos

de risco, isso melhorou em 29% a Discriminação Integrada, relativamente aos estratos. Em

outras palavras, ao adicionar a ACR juntos de outros fatores de risco, melhorou a

sensibilidade do modelo de predição do risco relativo (RR) por morte de DCV. Além disso,

Mcauley et al., (2012), evidenciaram que somente a utilização da adiposidade, IMC ou a

relação cintura quadril (RCQ) como preditor de morte por DCV pode ser enganosa, se a

ACR não for considerada junto a estes fatores.

Em um estudo longitudinal (entre 1971-2006, com 40.718 sujeitos) Farrell, Finley e

Grundy, (2012) observaram que homens com uma baixa ACR possuem um RR de ~110%

para mortalidade de DC (quando comparados aos seus pares de elevada ACR), mesmo

quando controlado para a idade, fumo, IMC, histórico familiar de DCV e ano do exame. Ao

considerar dentro dos valores similares de colesterol LDL (maior fator de risco de DC,

segundo Van Gaal, Merten & Christophe, 2006), por exemplo, valores entre 160-189 mg∙dL-

1, o risco de mortalidade por DC era, em média, 116% para indivíduos com baixa ACR,

quando comparados aos seus pares de elevada ACR (Farrell, Finley e Grundy, 2012). Não

obstante, os indivíduos com elevada ACR, comparados aos de baixa e média ACR, tinham

um RR muito abaixo em relação à mortalidade por DC, independentemente dos valores de

LDL (baixo, médio e alto). Por exemplo, indivíduos com elevada ACR (com o LDL >190

mg•dL-1) possuíam um RR de 64% (quando comparados aos seus pares de elevada ACR,

mas baixo LDL, <100 mg•dL-1), ao passo que os indivíduos com o mesmo LDL (>190

mg•dL-1), entretanto com baixo ACR, possuíam um RR de 322% (quando comparados aos

seus pares de elevada ACR e baixo LDL). Em outras palavras, ao considerar o RR de

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mortalidade por DC, parece que à elevada ACR funciona como um fator protetor mais

potente que o baixo colesterol LDL (Farrell, Finley e Grundy, 2012).

Em resumo, mesmo com uma previsão da redução da taxa de mortalidade por DCCs, a

taxa de morbidade, acompanhado das comorbidade tendem a aumentar, e assim,

aumentando dramaticamente os gastos públicos para o seu tratamento. Atualmente as

DCVs são as principais causas de morte no Brasil e mundo, sendo que uma baixa ACR e

elevada lipidemia são fatores independentes quem aumentam o RR. Além disso, quando

associados (baixa ACR e elevada lipidemia) apresentam um valor sinergista no RR. Nesse

sentido, intervenções nesses dois fatores de risco (ACR e lipidemia) pare ser a melhor

estratégia em termos de melhora da saúde pública.

2.2. Relação do tecido adiposo, aptidão cardiorrespiratória e DCVs.

Atualmente, é largamente aceito à utilização de intervenção farmacológica (como o uso

de estatinas) para o controle do LDL (com objetivo de diminuir o RR de morte por DCV).

Entretanto, a mesma conduta não parece ser eficiente em indivíduos obesos (Van Gaal et

al., 2006), pois a utilização de fármacos, para diminuir o RR de desenvolver DCVs, não

cobrem os benefícios (Di Marzo e Després, 2009; Tchernof e Després, 2013). Nesse

sentido, novas estratégias ainda precisam ser desenvolvidas para diminuir os RR de

desenvolver DCVs.

Não somente o LDL, ou o excesso de peso (devido ao acúmulo de gordura), mas

também o ACR é uma variável crucial a ser modulada para a diminuição do risco de DCV

(Farrell, Finley & Grundy, 2012; Mcauley et al., 2012).

É bem demonstrado na literatura que a intervenção para aumentar o ACR é seguro e

efetivo para diminuir risco de DCV (Gupta et al., 2011; Farrell et al., 2012; Mcauley et al.,

2012), ou até mesmo para diminuir o risco de morte por todas as causas (Farrell et al.,

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2002). Nesse sentido, diversos estudos (Peter et al., 2013; Narendran et al., 2015; Solomon

et al., 2015) apontam que a prática de atividade física para o aumento do ACR está

relacionada à diminuição de incidências de Diabetes tipo I e II (DT2), eventos

cardiovasculares, resistência à insulina (RI) e inflamação do tecido adiposo.

O excesso de tecido adiposo (obesidade acompanhado de inflamação) é um dos

fatores desencadeantes dessas patologias associadas as DCVs (RI, dislipidemia,

aterosclerose, etc). Além disso, em indivíduos obesos, o tecido adiposo libera diversas

citocinas pró-inflamatórias (Interleucina 6- IL6, Interleucina 1β, etc.) que induzem a eventos

cardiovasculares (Van Gaal et al., 2006). Em contrapartida, é bem demonstrado que uma

redução no tecido adiposo está associada, por exemplo, com a melhora no estado de RI

(Hotamisligil et al., 1995), diminuição e aumento, respectivamente, do colesterol LDL e HDL

(Pourshahidi et al., 2015).

É bem sabido que a Taxa Metabólica de Repouso (TMR) (Davis et al., 2014; Shook

et al., 2014; Gavarry et al., 2015) e a oxidação de gordura (Goodpaster, 2013; Kainulainen et

al., 2013) é menor em indivíduos obesos, sedentários (ou seja, baixa ACR) e com RI. Essa

característica metabólica quando mantida em longo prazo resulta em um maior acúmulo de

tecido adiposo, em relação aos que têm uma boa atividade mitocondrial de oxidação de

ácidos graxos (ou seja, indivíduos com elevada ACR), e com isso, os fatores de risco

relacionados à DCV serão inevitavelmente aumentados (Kainulainen et al., 2013).

Também já é um consenso que o aumento da ACR está associado ao aumento da

taxa metabólica de repouso (TMR) (i.e., maior dispêndio energético) e diminuição do

Quociente Respiratório (QR) (i.e., maior oxidação de gordura) (Davis et al., 2014; Gonzalez

et al., 2014; Shook et al., 2014; Gavarry et al., 2015). Isso é importante, pois a única forma

da eliminação da gordura do organismo humano de forma natural e segura é pela oxidação.

Nesse sentido, a única forma de se aumentar a oxidação da gordura corporal é por meio do

aumento da capacidade de trabalho mitocondrial. Portanto, a prática do exercício físico

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crônico é de extrema importância (ou seja, para promover o aumento da ACR) (Goodpaster,

2013; Kainulainen et al., 2013; Peter et al., 2013).

2.2.1. Método para aumento da aptidão cardiorrespiratória

O treinamento intervalado de alta intensidade (mais conhecido pela sua sigla em

inglês, HIIT) vem ganhando espaço, não só entre os adeptos da prática de exercício físico,

mas também da mídia e literatura científica (Thompson, 2013). Devido ao menor volume de

treino necessário para promover mudanças metabólicas, o HIIT têm se mostrado como uma

“time-eficiente strategy” de treinamento físico (quando comparado ao treinamento contínuo-

TC) para promove a saúde cardiovascular e metabólica (por exemplo, melhora no controle

da glicemia, sensibilidade à insulina e ACR) (Gibala, 2007). Quando comparado ao TC, o

HIIT exige pouco tempo (em torno de 50–90% menos tempo do que o TC) de dedicação a

sua prática (Keating et al., 2014). Essa modalidade de exercício está provocando mudanças

de paradigmas, no que diz respeito a sua resposta hemodinâmica aguda e crônica. Nesse

sentido, Ciolac, Carvalho, & Guimarães, (2010), em carta ao editor para American journal of

hypertension, chamam a atenção para os estudos que demostram que o HIIT (quando

comparado ao treinamento convencional-TC) também tem se mostrado seguro na resposta

hemodinâmica aguda, além do fato do HIIT propiciar melhores benefícios quando se

considera o treinamento crônico (entretanto, quando se compara a resposta considerando o

tempo, ou seja, o HIIT é eficiente a curto prazo).

Para finalizar, recentemente, o HIIT foi estudado em indivíduos saudáveis com perfil

de aptidão cardiorrespiratória, antropométrica e metabólica semelhante ao que se pretende

estudar neste trabalho. Nesse estudo (Keating et al., 2014) não foi constatada nenhum

evento durante as sessões, além da resposta hemodinâmica aguda (pressão sistólica e

frequência cardíaca), promovida pelo HIIT, se mostrarem dentro do considerado normal para

a prática de exercício.

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Nesse sentido, quando se busca alterações significativas na ACR com baixo volume

de prática o HIIT parece ser uma interessante ferramenta a ser adotada (Gillen et al., 2016)

2.2.2. Potencial da suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada associado ao treinamento físico como possível tratamento das DCVs e obesidade.

Interessantemente, outro meio de se aumentar a oxidação de gordura nas

mitocôndrias, parece ser pela alta ingestão de Aminoácidos de Cadeia Ramificadas-AACR

(mais conhecido pela sigla em inglês: BCAA) A elevada ingestão de BCAA está associada

com baixa prevalência de sobrepeso e obesidade. Além disso, estudos com suplementação

BCAA, demostram que, per se, esta suplementação está associada, entre outros fatores

benéficos ao utilizador, com o aumento do dispêndio energético no tecido muscular,

aumento da TMR, produção de ATP e, oxidação de gordura (ou seja, diminuição do QR)

(veja revisões de Kainulainen, Hulmi & Kujala, 2013 e Masaki (Masaki, 2015b; a)).

Uma explicação para essas alterações promovidas pela suplementação de BCAA

seria justamente por causa do maior catabolismo destes no organismo (fato que ocorre

exclusivamente dentro das mitocôndrias (Shimomura et al., 2004)). Um maior metabolismo

de BCAA está relacionado com um melhor trabalho mitocondrial para oxidação de gordura

(Kainulainen et al., 2013) Entretanto, a capacidade de catabolizar BCAAs, tanto no tecido

adiposo (Lackey et al., 2013) quanto no tecido muscular (Kainulainen et al., 2013) ou

qualquer outro tecido que contenha mitocôndrias (Lynch e Adams, 2014) está relacionada

com um maior aporte enzimático mitocondrial, conhecido como complexo enzimático

desidrogenase de α-cetoácido de cadeia ramificada (DCCR) (Kainulainen et al., 2013;

Lackey et al., 2013; Lu et al., 2013). Interessantemente, uma reduzida expressão gênica da

DCCR (Tiffin et al., 2006) ou da sua capacidade de trabalho é considerado um fator de risco

primário para suscetibilidade de diabetes do tipo II (DT2) e obesidade (Taneera et al., 2012).

Altas concentrações plasmáticas de BCAAs (ausência da oxidação de BCAAs) são

considerados preditores e biomarcadores de incidência de RI, DT2 e obesidade, além de

serem associados a incidências de DCV’s e síndrome metabólica (Lynch e Adams, 2014).

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Evidências atuais vêm demonstrando que um menor catabolismo intracelular de BCAA (o

que consequentemente aumenta as concentrações plasmática destes aminoácidos) é

resultado de uma baixa atividade da DCCR (Kainulainen et al., 2013; Lackey et al., 2013; Lu

et al., 2013). Nesse sentido, concomitante baixa atividade e aporte da DCCR e altas

concentrações de BCAAs no plasma são relatados em indivíduos com RI, DT2 e obesos

(Kainulainen et al., 2013; Lackey et al., 2013; Lu et al., 2013; Lynch e Adams, 2014). Isso se

dá pelo fato de que, para esses indivíduos o tecido adiposo (Lackey et al., 2013; Lu et al.,

2013) e o muscular (Kainulainen et al., 2013; Lackey et al., 2013) possuem um menor aporte

enzimático de DCCR e consequentemente uma menor capacidade de catabolizar os BCAAs

em relação aos indivíduos metabolicamente saudáveis (que possuem um maior aporte de

DCCR) (Kainulainen et al., 2013; Lackey et al., 2013; Lu et al., 2013; Lynch e Adams, 2014).

Portanto, os achados supracitados corroboram com a pertinente observação de

Lynch e Adams (2014): as altas concentrações plasmáticas de BCAA encontradas em

populações com riscos de desenvolver DCV’s/obesidade não é devido ao excesso de

consumo destes, uma vez que os estudos conduzidos para esta averiguação são realizados

após um período de jejum. Nesse sentido, o aumento plasmático de BCAA, à princípio,

parece ser uma consequência da baixa atividade e biogênese de enzimas catabólicas de

BCAA (ou seja, do complexo DCCR) (Lackey et al., 2013; Lynch e Adams, 2014).

Evidencias apontam que uma maior expressão gênica e atividade da DCCR para

indução de um maior catabolismo dos BCAAs (para fornecer substratos para Ciclo do ácido

tricarboxílico- CAT e β-oxidação), está positivamente correlacionado a ACR (Kainulainen et

al., 2013; Xu et al., 2013), com as concentrações de mitocôndrias (Shimomura et al., 1995)

ou com a presença intracelular dos ceto-ácidos α-cetoisocaproato (KIC), α-ceto-β-

metilvalerato (KMV) e α-cetoisovalerato (KIV), derivado da Leucina, Valina e Isoleucina,

respectivamente (Van Hall et al., 1996; Shimomura et al., 2004; Kainulainen et al., 2013). Já

o aumento desses ceto-ácidos no organismo é dependente das concentrações de seus

precursores (BCAAs) no meio intracelular (Matthews et al., 1983) (logo, indivíduos com

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resistência à insulina ou diabéticos terão este metabolismo prejudicado). Em outras

palavras, uma maior oferta exógena (suplementação) ou até mesmo endógena (ou seja,

devido ao catabolismo de proteínas para aumentar a oferta de BCAA para o metabolismo de

energia- condição esta, geralmente induzida pelo estado de inanição ou pelo exercício

físico1) pode promover o aumento da síntese proteica e/ou maior atividade da DCCR (Van

Hall et al., 1996).

O exercício físico agudo, per se, também promove o aumento da atividade (e

indução de biogênese) da DCCR (Shimomura et al., 1995; Howarth et al., 2007; Shimomura

et al., 2012). Frente à situação de depleção do glicogênio muscular, diminuição do pH e da

razão ATP:ADP ocorre o aumento do complexo DCCR com consequente aumento do

catabolismo de BCAAs (Shimomura et al., 1995). O fato do organismo poder promover um

maior catabolismo de BCAAs possibilita uma melhor utilização de gordura, maiores

estoques de triacilglicerol intramusculares (TAGIM) e preservação de glicogênio muscular

(Kainulainen et al., 2013) e hepático (De Araujo et al., 2006). Nesse sentido, a revisão de

Kainulainen, Hulmi & Kujala, (2013) aponta estudos que evidenciam que em indivíduos com

elevada ACR adquirida, ou inata, há um melhor funcionamento do CAT e β-oxidação, tanto

em atividade, quanto em repouso, além de um maior catabolismo de BCAAs, comparado à

indivíduos de baixa capacidade aeróbia, alto percentual de gordura, ou até mesmo em

indivíduos magros, mas sedentários. Estudos com ratos manipulados geneticamente deixam

essas evidências mais contundentes (Bajotto et al., 2009; She et al., 2010).

Metabolicamente, com um maior aporte e atividade da DCCR (de forma aguda e

crônica), dentro da célula, é utilizada uma maior quantidade de fosfoenolpiruvato para

síntese de TAGIM (consequência de uma maior degradação de BCAA e formação de

oxoalacetato) (Kainulainen et al., 2013). Posteriormente, esse TAGIM poderá ser utilizado

1 Exercício físico (principalemnte os com predominacia do metabolimo de fosforilação oxidativa) quando praticado em jejum é a melhor alternativa para promover o aumento da atividade da DCCR (Val Hall et al., 1996; Shimomura et al., 2004). Por isso à anedota de se suplementar com BCAA nestas situações (para evitar a degradação dos BCAA endógenos, ou seja, proteólise)

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na β-oxidação, para a formação de Acetil-CoA, para ser utilizado no CAT e promover, ainda

mais a degradação dos BCAAs para a via de produção de TAGIM (Kainulainen et al., 2013).

Além disso, com uma alta atividade da DCCR promovendo uma maior quebra de BCAA e

alta atividade da β-oxidação, para a formação de Acetil-CoA para o CAT, faz com que a

enzima piruvato desidrogenase (PDH) seja inibida e, assim, promovendo uma mudança na

utilização de substrato, ou seja, a mitocôndria passa a utilizar mais gordura, ao invés da

glicose, para a produção de energia (Kainulainen et al., 2013). Esse mecanismo (utilização

de gordura ao invés da glicose) pode ser intensificado, demandando mais BCAA frente à

prática de exercício - evidências de estudos experimentais que suportam essa teoria podem

ser encontrada em estudos que utilizaram doses elevadas de BCAA, tanto em humanos (De

Palo et al., 2001; Gualano et al., 2011) quanto em ratos (De Araujo et al., 2006; She et al.,

2010; Campos-Ferraz et al., 2013). Portanto, um dos fatores limitantes para um maior

metabolismo de gordura é a atividade da DCCR que, por sua vez, sofre regulação de dois

fatores (exercício físico e aumentos das concentrações de BCAA na mitocôndria)

(Shimomura et al., 2004)2.

O efeito sinergistas da suplementação de BCAA (300 mg/kg-1/dia) e exercício físico

na ativação da DCCR já foi demonstrado por Van Hall et al., (1996) em um experimento

agudo. Entretanto, até o momento, ao nosso conhecimento, os estudos que verificaram

alterações do metabolismo de energia (maior oxidação de gordura durante o exercício)

devido a suplementação de BCAA foram quase que exclusivamente com foco na

performance em exercício físico (De Palo et al., 2001; De Araujo et al., 2006; Gualano et al.,

2011; Campos-Ferraz et al., 2013). Manipulações genéticas em ratos deixam claro o papel

da DCCR no metabolismo de energia (Bajotto et al., 2009; She et al., 2010), assim como as

alterações genéticas encontradas em humanos (Xu et al., 2013).

2Não é o foco deste estudo, mas o contexto de inanição também pode potencializar a atividade da DCCR (Kobayashi et al., 1999), por isso ocorre uma acelerada perda de massa muscular nestas condições.

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Portanto, em situações em que acontece o aumento da ACR ou da oxidação de

BCAA intracelular pode ocorrer um melhor uso de gordura pelo metabolismo para a

produção de energia. Em indivíduos com sobrepeso ou obesos com baixa ACR, a junção

dessas duas estratégias (suplementação de BCAA e exercício físico), teoricamente, ao

promover um efeito sinergista promoverá uma melhor saúde metabólica.

2.2.2.1. Potencial da suplementação de Isoleucina, Leucina e Valina na prevenção das DCVs

Tanto a Isoleucina (Ile) quanto a Leucina (Leu) e Valina (Val) exercem diferentes

ações sinalizadoras em nosso organismo que podem diminuir o risco de desenvolver DCVs.

Por exemplo:

Isoleucina

Em ratos, o tratamento com Ile tem demonstrado influenciar a termogênese (através

da estimulação da atividade e aumento dos Ativadores dos Receptores de Piroxomas- Alpha

(PPAR-α) e consequentemente da UCP 2 e 3), sensibilidade a leptina (diminuição do

apetite) e aumento de transportadores de gordura (FAT/CD36) para o interior da célula

muscular. Além disso, em ratos obesos o tratamento com Ile está associado com maiores

concentrações de adiponectinas (citocinas relacionadas a melhor captação de glicose pelos

músculos (Masaki, 2015a). Há poucos estudos com humanos com intervenção com Ile, o

único estudo de nosso conhecimento sugere a Ile como uma opção interessante de

tratamento para hiperinsulinêmicos (Nuttall et al., 2008) . Este efeito hipoglicemiante da Ile

também foi demonstrado em ratos, foi demonstrado que a suplementação de Ile além de

aumentar o GLUT1 e GLUT4 também aumenta a glicólise (Masaki, 2015a).

Leucina

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Como todos os outros aminoácidos proteogênicos, a Leu é utilizado para a

construção de proteínas, mas devido a sua qualidade de aminoácido essencial ela exerce

funções sinalizadoras para estimular processos metabólicos, como atividade da mammalian

target of rapamycin- mTOR (o que eleva o gasto energético significativamente) (She et al.,

2007), Sirtuin 1 (sua ação aumenta a oxidação de gordura e carboidrato e aumenta a

sensibilidade à insulina, o que previne uma desordem metabólica) e activated protein

kinase- AMPK (o que implica em maior oxidação de gordura corporal) (Xie e Xie, 2015).

Em modelo animal, a suplementação isolada de leucina tem demonstrado exercer

forte influência no metabolismo de gordura. Por exemplo, em estudos com ratos que faziam

uma dieta altamente calórica (com consumo calórico maior que o gasto) foi observado que o

grupo suplementado com Leu obteve uma redução do peso corporal, colesterol plasmático,

acúmulo de lipídios e inflamação no tecido adiposo, este grupo ainda experimentou um

aumento nas taxas de oxidação de gordura e gasto calórico. Esses efeitos da

suplementação de Leu foram associados com o aumento da expressão gênica e atividade

da PPARα e de UCP 3 (aumento da termogênese) e também com o aumento das

concentrações e qualidade das funções das mitocôndrias do organismo. Ao aumentar a

qualidade e função do trabalho mitocondrial, além de aumentar a oxidação de gordura,

também ocorreu a diminuição da produção de espécies reativas de oxigênio e suas danosas

consequências (Ver revisão de Xie e Xie, 2015).

Em estudos com animais a Leu demonstrou ativar a via de sinalização da mTOR no

hipotálamo; a suplementação de Leu induz a secreção de leptina, hormônio que exerce

influência na saciedade (o que pode levar a diminuição da ingestão de alimentos)(Gutiérrez-

Juárez, 2015). Além disso, por esse mesmo mecanismo (ativação da via da mTOR) a

suplementação de Leu pode aumentar a sensibilidade a insulina (Yang et al., 2015).

Entretanto, os resultados nesses dois parâmetros (indução de saciedade e sensibilidade a

insulina) ainda são controversos (Pedroso et al., 2015), assim, carecendo de mais estudos

para verificação dessas hipóteses.

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Suplementação de Leu e avaliação dos marcadores de risco de DCVs em humanos

são escassos (Takeshita et al., 2012). Nesse sentido, estudos verificando se os efeitos

metabólicos encontrados em modelo animal (que pode diminuir o RR de desenvolver DCVs)

podem ser extrapolados para humanos são necessários.

Valina

Relativamente ao metabolismo de gordura à Val pode estimular a DCCR o que

aumenta a oxidação de gordura. Entretanto, a Leu e a Ile são mais potentes para aumentar

a atividade da DCCR (Kainulainen et al., 2013). Em termos de saúde, a ingestão de Val

associada a Leu e a Ile é essencial para manutenção da massa muscular, pois a deficiência

em Val pode causar anorexia. A ingestão isolada de qualquer um dos BCAA (Leu, Val e Ile)

pode promover deficiência dos outros dois aminoácidos, veja revisão de Takimoto (2015).

2.2.2.2. Suplementação com BCAA: eficiência e segurança

A suplementação aguda de BCAA (~300mg/kg-1/dia-1) j consegue promover

alterações no aporte enzimático DCCR (Van Hall et al., 1996), três dias consecutivos é

capaz de promover alterações no metabolismo de energia (maior oxidação de gordura)

(Gualano et al., 2011).

Apesar da suplementação de BCAA que que foi utilizada em nosso estudo

(300mg/kg-1/dia-1) ser bem acima da ingestão diária recomendada (ou seja, 68-144mg/kg-

1/dia-1 de BCAA), é descrito na literatura que o organismo é bem tolerante a uma ingestão

três vezes maior (ou seja, 450mg/kg-1/dia-1) que a recomendada (Baker, 2005). De acordo

com a literatura, às evidencias indicam que a dose sugerida para este estudo é segura.

Nesse sentido, foi demonstrado em ratos que uma dose aguda BCAA de 10g/kg-1/dia-1 de

BCAA (ou seja, 33 vezes maior que a sugerida nesse estudo: 300mg/kg-1/dia-1 de BCAA),

não apresentou toxidade (Okazaki et al., 1989, APUD Shimomura et al., 2004), além da

dose crônica de 2,5g/kg-1/dia-1 de BCAA (ou seja, 8 vezes maior que a sugerida nesse

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estudo), por três meses, ou a dose de 1,5g/kg-1/dia-1 de BCAA (ou seja, 4 vezes maior que a

sugerida nesse estudo), por um ano, não apresentaram toxidade (Okazaki et al., 1989,

APUD Shimomura et al., 2004).

No que diz respeito a estudos com humanos, por exemplo, não foram reportados

efeitos adversos ou toxidade frente ao protocolo de seis meses de suplementação de

240mg/kg-1/dia-1 de BCAA, em pacientes cirróticos com encefalopatia hepática (EH), ao

contrário, a suplementação se mostrou benéfica para este quadro (Marchesini et al., 1990).

Atualmente esse resultado é corroborado por meta-análise, em que foi observada que a

suplementação crônica de BCAA (com dose de ~250mg/kg-1/dia-1) de três meses a dois

anos de intervenção não induz efeitos adversos e é benéfica para indivíduos portadores de

EH e cirrose (Gluud et al., 2013).

A via metabólica, ou melhor, o contexto metabólico pelo qual teoricamente os

portadores de EH se beneficiam por meio da suplementação de BCAA, sugerida

recentemente (Dam et al., 2013; Gluud et al., 2013), em parte, é a mesma em que se apoia

este estudo (Kainulainen et al., 2013). Por exemplo, em um contexto em que não ocorra a

prática de exercício a produção de α-cetoglutarato- Alfa-KG devido ao catabolismo dos

BCAAs, ao invés de participar do metabolismo do aumento de TAGIM (induzido pelo

exercício físico) é desviado para produção de glutamina, assim removendo amônia do

metabolismo (isso é benéfico para portadores de EH (Dam et al., 2013; Gluud et al., 2013).

Já durante a prática do exercício o Alfa-KG atende as demandas da via defendia nesse

estudo (energia e armazenamento de energia intramuscular na forma de gordura).

Entretanto, isso não quer dizer que o exercício possa prejudicar os portadores de EH, ao

contrário a promoção da prática de exercício físico para ganho de muscular parece ser

crucial para a população de EH (Dam et al., 2013; Wang e Mitch, 2014)- entretanto, não é o

foco desse estudo aprofundar essa discussão. Portanto, o protocolo de suplementação

sugerida nesse estudo foi seguro e benéfico para todos os participantes desse estudo, tanto

os praticantes quanto os não praticantes de exercício físico crônico.

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3. Hipótese

Há somente especulações (a partir de estudos com modelos animais), sobre o

potencial efeito da suplementação crônica de BCAA no tecido adiposo de humanos (Layman

e Walker, 2006; Kainulainen et al., 2013). Não encontramos estudo experimentais que

avaliaram o quanto a alteração no metabolismo de energia, promovida pela suplementação

de BCAA (e.g., se mantida de forma crônica) poderia impactar de fato no tecido adiposo

corporal de humanos, e, consequentemente, nas variáveis associadas a este tecido (i.e., RI,

LDL, HDL, HbA1c, Proteína C Reativa- PCR, etc.).

Partindo do pressuposto de que nas duas situações em que acontece aumento do

ACR ou da oxidação de BCAA intracelular ocorre uma maior oxidação de gordura pelo

metabolismo para a produção de energia, acreditamos que em indivíduos com sobrepeso ou

obeso, com baixa ACR, a junção dessas duas estratégias (aumento da ACR e

suplementação de BCAA), teoricamente, poderia promover um efeito sinergista na melhoria

da saúde metabólica, em humanos

4. Objetivos

4.1. Objetivo geral

O objetivo deste trabalho foi observar os efeitos do treinamento físico associado ou

não a suplementação com aminoácidos de cadeia ramificada em fatores de risco

cardiovascular.

4.2. Objetivo específico

Avaliar se há efeito sinergistas da suplementação de BCAAs e aumento do VO2pico.

na promoção de alterações do QR e em metabólitos como, [La]p, colesterol (LDL, HDL e

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colesterol total), triglicérides, proteína C reativa (PCR), hemoglobina glicada (HbA1c), IMC e

percentual de gordura;

Comparar o perfil metabólico (biomarcadores de DCV e metabolismo de energia) dos

indivíduos considerando as quatro diferentes intervenções (1º suplementado com Placebo +

sedentarismo; 2º suplementado com BCAA + sedentarismo; 3º suplementado com placebo +

treino; 4º suplementado com BCAA +Treino).

5. Método

Para realizar o experimento, foram recrutados 40 sujeitos, os quais foram distribuídos

aleatoriamente em 4 grupos (G): G1= Suplementado com Placebo (grupo Placebo

Sedentário); G2= Suplementado com BCAA (grupo BCAA Sedentário); G3= Treinado com

Suplementação com de Placebo (grupo Placebo Treino); G4= Treinado com Suplementação

de BCAA (grupo BCAA Treino).

O estudo foi duplo-cedo randomizado (os sujeitos não escolheram os grupos, pois

foram sorteados).

5.1. Critério de inclusão

Faixa etária entre 20-40 anos; sedentários (≤ 2 dia de exercício físico por semana, ≤

30 minutos por sessão, durante um ano antes do estudo); sexo masculino: IMC ≥ 25 ≤39

associado ao percentual de gordura ≥22 ≤30%; Sexo feminino: IMC ≥ 25≤39 associado ao

percentual de gordura ≥25 ≤40%; considerado seguro para iniciar um programa de atividade

física. O perfil dos participantes que se engajaram no estudo é descrito na Tabela 1.

5.2. Critério de exclusão

Indivíduos com disfunções renais diagnosticadas; Leucinose (Doença da Urina do

Xarope do Bordo); indivíduos diagnosticados com hipo ou hipertireoidismo; hipertensão;

indivíduos que não tinham condições físicas de realizar o protocolo de exercício sugerido

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neste estudo (por exemplo, problemas nas articulações do joelho que limitem a flexão e

extensão com sobrecargas).

Indivíduos que tomassem medicamentos para controle da resistência à insulina,

diabetes, dislipidemia ou pressão arterial.

5.3. Riscos

Os procedimentos experimentais, os riscos potenciais e o tema do trabalho foram

totalmente explicados verbalmente e por escrito na carta de informação ao sujeito

(Apêndice). A intervenção teve início após a aprovação do teste experimental pelo comitê de

ética da Universidade São Judas Tadeu (Número do Parecer: 749.562 CEP/USJT CAAE:

28714314.2.0000.0089) e da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos

participantes.

Também foi esclarecido que os participantes poderiam sofrer micro lesões

musculares, acompanhada posteriormente (24 a 72 horas) de baixa a moderada percepção

subjetiva de dor (somente após primeira sessão de exercício), devido a protocolo de

exercícios.

5.4. Benefícios

Os participantes do estudo poderiam aumentar o seu conhecimento em relação à

prática de atividade física para melhor saúde física e metabólica. Além disso, os

participantes do estudo tiveram uma ampla avaliação física e metabólica, no qual

conheceram melhor o seu atual estado de saúde, dentro desses parâmetros.

5.5 Suplementação

Os sujeitos fizeram, durante 8 semanas, a ingestão 300mg/kg-1/dia-1 de BCAA (relação

4:1:1, Leucina, isoleucina e valina, respetivamente), ou 300 mg/kg-1/dia-1 de waxy maize

(placebo), dividida em três doses diária (manhã, tarde e noite). Para os indivíduos que

treinaram, uma das doses (tanto placebo quando BCAA) foi sugerido que fosse ingerida 30

minutos antes das sessões de treino.

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Todos os sujeitos receberam uma planilha com orientações para controlar os horários

e frequência de suplementação. Além disso, foram fornecidos ao sujeitos meios de contato

rápido e direto (por internet ou telefone) com o pesquisador, para que reportassem qualquer

efeito adverso promovido pela suplementação ou treinamento; este mesmo meio de

comunicação foi utilizado pelo pesquisador para perguntar aos participantes como estavam

progredindo com a suplementação e treino (o treino foi realizado no sob a supervisão de um

profissional de educação física engajado no projeto como pesquisador).

5.6. Treino

Os sujeitos dos grupos G1 e G2, não treinaram. Após a familiarização com a sessão

de treino, os sujeitos dos grupos G3 e G4 fizeram 8 semanas de treinamento intervalado de

alta intensidade-HIIT, no cicloergômetro, três vezes por semana (segunda, quarta e sexta ou

terça, quinta e sábado, etc.). Este treino já foi utilizado por outro estudo (Howarth et al.,

2007), e evidenciado como capaz de ativar a DCCR e aumentar o VO2pico.. As sessões de

treino foram compostas de 6 séries de 30 segundos de esforços máximos. Entretanto,

inicialmente foram 4 séries nas semanas 1-2, 5 séries nas semanas 3-4 e 6 séries nas

semanas 5-8, todas séries contra a resistência de 0,075 kg/kg de peso corporal. Descanso

ativo entre as séries foram de 4,5 minutos à 50 rpm, numa intensidade 30 W ou recuperação

passiva, caso o participante preferisse. Todas as sessões foram precedidas de 10 minutos

de aquecimento e finalizadas com 5 minutos de volta a calma, numa carga de 50 rpm, à 30

W (Howarth et al., 2007).

5.7. Variáveis, materiais e procedimentos de coleta

Todos as avaliações foram coletadas em 4 visitas ao laboratório, sendo duas visitas

antes da intervenção (uma para análise sanguínea e antropometria e outra para avaliação

física/metabolismo de energia e antropométrica) e duas visitas após a intervenção (para

reaplicar os mesmos testes). Todos os testes foram realizados 2-4 dias antes ou após da

intervenção.

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5.7.1. Controle da atividade física e alimentação: Para o controle dessas variáveis

seguimos os mesmos passos do estudo de Howarth et al. (2007). Brevemente, durante o

experimento os sujeitos foram instruídos a continuar a sua dieta e prática de atividade física

normalmente, mas de se abster de álcool e exercício físico 48 horas antes de cada teste. Os

testes de esforços foram realizados 3 horas após uma refeição padronizada (foi entregue

aos sujeitos um plano alimentar para ser seguido nos dias de testes de esforço físico

(VO2pico) que consistia de 25% gordura, 60% carboidrato e 15% proteína).

5.7.2. Avaliação Física/metabolismo de energia e antropometria

A avaliação do VO2pico, do Quociente respiratório (QR), concentração de Lactato

plasmático [La]p e concentração de glicose plasmática foram coletados no mesmo teste de

esforço físico. O QR o [La]p e a concentração de glicose plasmática foram coletados

simultaneamente.

5.7.3. Avaliação do VO2 pico: O teste foi adaptado (Howarth et al., 2007), no qual os

sujeitos realizaram um teste incremental até a exaustão em cicloergômetro, com intensidade

entre 50-70 RMP, com incremento da carga de 500kp (para homens) ou 250kp (mulheres), a

cada 2 minutos. Para determinar o VO2pico. durante o teste foi utilizado um analisador de

troca gasosa (VO2000, Inbrasport), calibrado a cada teste e programada para fornecer o

valore da média de 3 respirações (breath by breath) . Utilizamos como critério para validar o

teste quando os indivíduos atingiram um dos seguintes critérios: atingir a FCmáx. predita

para a idade (FC registrada por um Polar S810i); QR> 1,10; não conseguir pedalar numa

cadência superior a 50 RPM. Registramos como VO2pico a média dos valores dos últimos 30

segundos de teste.

É importante salientar que na avaliação Pré intervenção os sujeitos haviam feito uma

alimentação 3 horas antes do teste que foi reproduzida na avaliação Pós. Entretanto,

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adicionalmente, na avaliação Pós todos os sujeitos fizeram a ingestão de 300mg/kg-1/dia-1

de BCAA ou Placebo, 30 minutos antes da avaliação do VO2pico.

Em todas as coletas os sujeitos foram estimulados verbalmente para atingiram a sua

máxima capacidade de gerar esforço.

5.7.4. QR em repouso e em atividade física: os valores de QR utilizado para

comparações foram coletados em três momentos: 1º antes de começar o teste incremental

até a exaustão (para avaliação do VO2pico), no qual o sujeito permanecia sentado por 5

minutos (foi utilizado os valores do último minuto do repouso); 2º durante o teste (valores do

8º minuto de teste), e; 3º ao final do teste (coletado no mesmo ponto de tempo, para poder

realizar comparações pareadas).

5.7.5. Lactato e glicemia: A análise das concentrações de lactato plasmático [La]p foi

realizada num aparelho de análises de concentração plasmática de lactato (Accutrend

Lactate/Accusport Analyzer), já a glicemia foi feita pelo pelo Accu-Chek® Active Blood

Glucose Meter System. As três coletas do [La]p foi relazizada simultaneamente com a coleta

do QR. A coleta de sangue foi obtida no dedo anelar da mão direita, através de um

lancetador de punção automático (softclix II AccuCheck 40000124 da Roche) e coletado

diretamente nos aparelhos, para análise imediata.

5.7.6. Percentual de gordura: Foi aferida por meio de dobras cutâneas, medidas

através de um adipômetro (LANGE). Os valores de percentual de gordura foram obtidos

pelo protocolo de Jackson e Pollock (7 dobras), (método disponível em Heyward e

Stolarczyk, (2000)), aferidas por um técnico de laboratório com experiência (>100

avaliações) e, tratadas para obtenção do percentual de gordura no Software de avaliação

física Inforsobs v.1. (Essa avaliação foi realizada no mesmo dia da coleta de sangue em

jejum).

5.7.7. Circunferência: foram mensuradas circunferências do abdômen (na altura da

cicatriz umbilical) e do quadril, com uma fita métrica, própria para esse fim. Peso: foi aferido

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o peso por meio de uma balança digital (Filizola), com precisão de 100g. Estatura: foi

aferido por meio de um estadiômetro de madeira com precisão de 1mm.

5.7.8 Analise sanguínea para os biomarcadores de risco de DCV

A coleta do sangue foi realizada após um período de ≥10 horas em jejum, no período

da manhã. A coleta foi realizada num período de 2-4 dias, antes ou após a intervenção.

Após a coleta do sangue, parte dele foi centrifugada (em 10.000 RMP, a 4º) para separação

do soro e plasma (sangue total foi armazenado para análise da HbA1c) e guardada para

posterior análise (a -70ºC).

5.7.8.1. Colesterol total e frações e Triglicérides: Após o prévio tratamento (kits

Liquiform, Labtest, Brasil) os valores das amostras foram determinados a partir da leitura

pelo Molecular Devices (Spectra Max 190, USA).

5.7.8.2. Proteína C reativa (PCR): Após o prévio tratamento (kits PCR Ultra-

Turbiquest, Labtest, Brasil) os valores de PCR foram determinados a partir da leitura pelo

Molecular Devices (Spectra Max 190, USA).

5.7.8.3. Hemoglobina glicada (HbA1c): Após o prévio tratamento (kits HbA1c,

Doles, Brasil) os valores de HbA1c foram determinados a partir da leitura pelo

Espectrofotômetro (Spectra Max 190, USA).

6. Análise dos dados

Após a verificação da normalidade (teste de Shapiro Wilk) e homogeneidade (teste de

Levene) dos dados, as comparações entre os grupos foram realizadas por analise de

ANOVA de medidas repetidas, seguido do pós teste de Tukey (quando identificado interação

entre os grupos). As comparações intergrupos (Pré vs. Pós intervenção) foi realizado pelo

teste t de Student e Wilcoxon (este foi especificado, quando utilizado). Além disso, foi

efetuado o teste de magnitude de efeito pelo “r” de Cohen (Pré vs. Pós intervenção),

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acompanhado do Intervalo de Confiança, à 95% (somente nos marcadores de riscos de

DCVs).

Para análise estatística utilizaremos o programa “Statistical Package for the Social

Sciences”, versão 20. Como valor significativo, aceitaremos p < 0,05.

7. Resultados

Ao final do estudo restaram 10 sujeitos (5 homens-H; 5 mulheres-M) no grupo BCAA

Treino, 9 sujeitos no grupo Placebo Treino (5H; 4M), 9 sujeitos no grupo BCAA sedentário

(5H; 4M) e 9 sujeitos no grupo Placebo Sedentário (5H; 5M). 1 sujeito do grupo Placebo

Treino não se adaptou ao treino, devido a reduções abruptas da pressão arterial, o mesmo

preferiu sair do estudo. Uma participante do grupo BCAA sedentário ficou grávida, uma

outra participante do grupo Placebo Sedentário afastou-se do estudo para cuidar da saúde

de um familiar.

7.1. Antropometria e VO2pico

Na Tabela 1 são apresentados os perfis dos grupos antes (Pré) e depois (Pós) de 8

semanas de suplementação com BCAA ou placebo (waxy maize) associado a um programa

de treinamento físico (HIIT) ou ao sedentarismo.

Os dados antropométricos tanto na situação Pré quanto na situação Pós não

apresentaram diferenças entre os quatros grupos experimentais. A intervenção de

treinamento físico associado ou não as suplementações (BCAA ou placebo) não promoveu

alteração nas variáveis antropométricas avaliadas. Entretanto, em ambos os grupos

treinados o VO2pico (na Tabela 1) aumentou significantemente (IC 95%: 1 e 7,7 mL.kg-1.min-1,

BCAA Rreino; 2 e 7,6 mL.kg-1.min-1, Placebo Treino) em reposta ao programa de

treinamento físico. O VO2pico não alterou significativamente em ambos os grupos sedentários.

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Tabela 1: Descrição da amostra Pré e Pós intervenção.

Placebo Sedentário BCAA Sedentário Placebo Treino BCAA treino

Pré Pós Pré Pré Pré Pós Pré Pós

Estatura (Cm) 170 ± 5 167 ± 6.4 168,2 ± 6,8 168,2 ± 6,8

Idade (anos) 31 ± 5 29 ± 7 34± 8 34± 8

Peso (kg) 77,9 ± 11,4 78,5 ± 12 69,2 ± 9,1 69,4 ± 9,5 75,9 ± 11,1 77,1 ± 11 74,3 ± 8,1 75,9 ± 7,4

% Gordura 32,9 ± 4 33,1 ± 6 31,8 ± 11 31,9 ± 11 27,0 ± 9 27,0 ± 9 29,5 ± 6 29,3 ± 9

Soma Dobras (mm) 200 ± 60 215 ± 85 199 ± 96 193 ± 112 166 ± 92 172 ± 8 199 ± 24 192 ± 29

CQ (Cm) 104 ± 8,8 105 ± 9,2 100,2 ± 6,6 100,5 ± 8,1 102,1 ± 4,6 104,1 ± 6,2 103 ± 5,8 103,5 ± 6,2

CA (Cm) 93,3 ± 13,4 93,5 ± 15,6 89,2 ± 8,9 88,9 ± 10 86,4 ± 5,4 87,5 ± 4,7 90 ± 4,7 90, 2 ± 3,5

IMC 26,9 ± 3,4 26 ± 5,5 25 ± 4,6 25 ± 4,5 25,6 ± 3,1 26,1 ± 2,8 26,2 ± 2,7 26,8 ± 2,4

VO2pico (mL.kg-1.min-1) 26,3 ± 5,3 26,5 ± 8,2 25,4 ± 6 24,2 ± 7,6 25,8 ± 8,5 30,6 ± 10,4 * ¥ 27,2 ± 10,1 31,5 ± 10,5 * ¥

CQ, circunferência quadril; CA, circunferência abdominal; IMC, índice de massa corporal. *, p<0,01 em relação a situação Pré. ¥, p<0,01 em relação aos grupos sedentários.

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7.2. Metabolismo de energia

Nas Figuras 1, 2 e 3 são apresentados, respectivamente, os valores de QR,

concentração de glicemia plasmática e [La]p nos momentos de repouso, durante (8 minutos)

e ao final de um teste de esforço progressivo em ciclo ergômetro, até a exaustão volicional

(neste mesmo teste também foi mensurado o VO2pico.).

O teste de medidas repetidas demonstrou que o tempo até a exaustão não foi

estatisticamente diferente do momento Pré para o momento Pós de ambos os grupos

(p>0,05), assim como não houve diferença entre os grupos (tempo x grupo, p> 0,8).

Figura 1: Quociente respiratório em respostas a uma sessão de exercício físico antes (Pré) e depois (Pós) da intervenção com suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) ou Carboidrato (PLA) associado a um programa de treinamento físico (Ex.) ou ao sedentarismo (Sed.).

*, significativamente menor que o momento da situação Pré.

¥, p= 0,12 em relação ao respetivo momento da situação Pós PLA Sed.

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Figura 2: Concentração de glicemia plasmática em respostas a uma sessão de exercício físico antes (Pré) e depois (Pós) da intervenção com suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) ou Carboidrato (PLA) associado a um programa de treinamento físico (Ex.) ou ao sedentarismo (Sed.).

*, significativamente menor que o momento da situação Pré.

∏, p= 0,16 em relação ao respectivo momento da situação Pré.

¥, p< 0,05 em relação momento anterior da respectiva situação.

ᵻ, p= 0,06 em relação momento anterior da respectiva situação.

£, p< 0,05 em relação a situação Pós (nos respectivos momentos) dos outros grupos.

Ω, p< 0,05 em relação momento “repouso” da respectiva situação.

‡, p= 0,06 em relação momento “repouso” da respectiva situação.

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Figura 3: Concentração de lactato plasmático em respostas a uma sessão de exercício físico antes (Pré) e depois (Pós) da intervenção com suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) ou Carboidrato (PLA) associado a um programa de treinamento físico (Ex.) ou ao sedentarismo (Sed.).

*, significativamente maior que o momento anterior da respectiva situação.

¥, p≤ 0,05 em relação ao respectivo momento da situação Pré. Pla Ex..

ᵻ p≤ 0,05 em relação ao respectivo momento situação Pós Pla Sed..

∏, p≤ 0,05 em relação ao respectivo momento situação Pós BCAA Sed..

7.3. Marcadores metabólicos de risco de doença cardiovascular

Na Tabela 2 são apresentados as médias e desvios padrões (±) de marcadores

metabólicos de risco de doenças cardiovasculares. No grupo BCAA Treino, todas as

variáveis apresentadas na Tabela 2 são diferentes estatisticamente, com exceção do

colesterol total (p= 0,11) e PCR (p= 0,12).

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Tabela 2: Marcadores metabólicos de risco de doença cardiovascular com IC 95% (da mudança do delta das concentrações séricas, entre Pré vs. Pós) seguido do effect size (d de Cohen) das concentrações séricas.

PLA Sedentário BCAA Sendentário Placebo Treino BCAA Treino

Pré Pós Pré Pré Pré Pós Pré Pós

LDL (mg/dl) 132,66 ± 14,75 131,33 ± 13,07 127,69 ±42,70 103,38 ±38,85 # 93,54 ±32,42 81,16 ±36,82 126,51 ±36,73 104,54 ±53,10*

(IC 95%) ES (-6,96 e 4,30) 0,09 (-64,87 e 16,25) 0,59 (-51,11 e 19,83) 0,35 (-42,90 e -1,03) 0,51

HDL (mg/dl) 48,95 ± 09,28 48,40 ±06,97 60,55 ±20,11 62, 68 ±16, 44 61,56 ±12,41 69,48 ±20,97 55,35 ±10,15 63,86 ±7,47*

(IC 95%) ES (-1,85 e 2,96) 0,09 (-16,75 e 21,03) -0,11 (-13 e 28,09) -0,45 (2,91 e 18,85) -1,24

TAG (mg/dl) 239,91 ±70,41 238,00 ±71,70 241,68 ±110, 37 144,71 ±60,13* 162,44 ±50,78 149,96 ±64,61 235,52 ±84,36 143,76 ±55, 35**

(IC 95%) ES (-5,84 e 2,01) 0,01 (-185,96 e -7,95) 1,09 (-89,02 e 33,19) 0,21 (-119,68 e -28,74) 1,19

Col. Total (mg/dl) 181,36 ± 26,54 178,33 ± 17,67 192,50 ±22,40 185,81 ±38, 33 176,59 ±25,60 209,90 ± 68,65 176,45 ±23,34 201,75 ±53,14#

(IC 95%) ES (-12,06 e 5,99) 0,13 (-42,58 e 29,20) 0,21 (-30 e 125) -0,64 (-7,61 e 58,21) -0,62

PCR (mg/L) 2,54 ±0,34 2,52 ±0,35 2,35 ±0,18 2,14 ±0,92 2,67 ±0,42 2,56 ±0,23 2,66 ±0,39 2,26 ±0,93#

(IC 95%) ES (-0,03 e 0,07) 0,05 (-0,54 e 0,24) 0,31 (-0,46 e 0,18) 0,32 (-1,44 e 0,43) 0,56

HbA1c (%) 7,46, ±2,07 7,77 ±2,15 6,68 ±3,17 5,09 ±2,22 5,74 ±2,72 5,02 ±1,52 7,58 ±3,08 5,10 ±2,7**

(IC 95%) ES (-0,15- 0.79) -0.14 (-8,89 e 4,41) 0,58 (-2,47 e 0.94) 0.32 (-5,03 e -0.88) 0,85

LDL, Low-density lipoprotein; HDL, high-density lipoprotein; TAG, triacylglycerol plasmático; Col. Total, colesterol total; PCR, proteína-C-reativa; HbA1c; hemoglobina glicada. Para comparação do momento Pré vs.Pós, para o grupo Placebo Treino, foi realizado o teste de Wilcoxon e todas as variáveis. O texte de Wilcoxon também foi realizado para comparação Pré vs. Pós na várialvel PCR, em todos os grupos. *, p <0,05 em relação ao respectivo momento Pré. **, p ≤0,01 em relação ao respectivo momento Pré. #, p= 0,1 em relação ao respectivo momento Pré.

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8. Discussão

O maior achado deste estudo foi demonstrar que a suplementação (300 mg/kg-1/dia-

1) crônica de BCAA promoveu alterações metabólicas significativas e estas alterações foram

mais evidentes quando associado a prática de treinamento físico. Num período de 8

semanas de intervenção nossa hipótese foi parcialmente comprovada, ou seja, apesar de

não identificarmos uma diminuição da gordura corporal (medido por dobras cutâneas), as

variáveis associadas a este tecido (i.e., contrações séricas de LDL, HDL, TAG e HbA1c)

foram significativas alteradas pelo treinamento físico quando associado a suplementação de

BCAA. Isso sugere que quando a suplementação de BCAA é associada ao treinamento

físico podem atuar sinergicamente na diminuição do RR de desenvolver DCVs (Farrell,

Finley e Grundy, 2012).

8.1. Antropometria e VO2pico

Ao contrário da nossa hipótese, o protocolo de HIIT (3 sessões semanais de Sprint

num clicoergômetro, por 8 semanas) não foi suficiente para promover alterações

antropométricas significativas, nem quando associada a suplementação de BCAA. Um

estudo anterior (Nalcakan, 2014) demonstrou que o protocolo de treinamento utilizado neste

estudo foi suficiente para promover alterações antropométricas em jovens saudáveis (com

percentual de gordura ~15% e IMC de ~24) como diminuição do percentual de gordura, da

soma das dobras e da circunferência da cintura. A discrepância dos nossos resultados,

quando comparado com os resultados de Nalcakanet al., (2014), podem estar atrelados ao

perfil dos participantes. A nossa hipótese é de que os nossos participantes (jovens adultos

com sobrepeso ou obesos) não conseguiram treinar de forma tão intensa quanto os jovens

eutróficos (perfil do estudo de Nalcaka et al., por exemplo), possivelmente devido a fatores

motivacionais (De Feo, 2013). Segundo De Feo, (2013), a literatura têm mostrado que para

indivíduos obesos encarar o engajamento na prática de exercício físico de alta intensidade

lhes parece uma tarefa difícil/impossível, além da tarefa tornasse um “sacrifício em troca de

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um benefício” (característica de motivação extrínseca). Nesse sentido, estes indivíduos

acabam preferindo atividades de moderada intensidade. Tendo essas informações, é

imprescindível afirmar que é necessário preparar psicologicamente tais indivíduos para esse

tipo de tarefa (criar estratégias para motivá-los intrinsicamente ao longo do trabalho)

(Edmunds et al., 2009). Antes de iniciar as coletas já tínhamos em mente o viés da

característica motivacional no engajamento da prática de exercício físico, nesse sentido, no

presente estudo, o caráter de suporte motivacional intrínseco foi intencionalmente evitado ao

longo do período de treinamento. Foi evitado, pois tínhamos como objetivo avaliar o perfil

motivacional dos participantes, de acordo com Viana (2009). (Os dados de motivação não

foram publicados neste estudo).

Ao considerar os fatores citados no parágrafo anterior, a questão motivacional pode

ter sido responsável pelos resultados antropométrico do nosso estudo (sem mudanças

estatísticas), assim como de outros estudos com indivíduos obesos ou com sobrepeso

(Astorino et al., 2013; Keating et al., 2014). Esses autores levantaram uma interessante

questão: apesar de a literatura apresentar resultados em que ocorre uma diminuição de

maior magnitude de massa gorda com o HIIT (relativamente ao volume de treino), em

indivíduos magros saudáveis e não saudáveis (De Feo, 2013), o estudo deles (Astorino et

al., 2013; Keating et al., 2014), além do nosso, apontam que indivíduos com sobrepeso ou

obesidade não perderam gordura eficientemente com esse tipo de modalidade de exercício

(HIIT). Keating et al. (2014), ao comparar o HIIT vs. TC, não encontrou alteração entre as

variáveis antropométricas, hemodinâmica, metabólicas e de ACR entre os dois protocolos

(isso demonstra que o HIIT é uma “time efficient strategy” nestas variáveis). Entretanto, os

níveis de gordura corporal foram significantemente melhorados no grupo que realizou o TC,

já no HIIT ocorreu um piora na composição corporal. Também, não foi reportado nenhum

tipo de suporte motivacional durante o trabalho de (Keating et al., 2014), nesse sentido, pela

diferente característica de sofrimento físico (saída da homeostase orgânica) promovido HIIT

(em relação ao TC), há uma grande/extrema exigência motivacional (motivação intrínseca

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voltada a atividade de alta intensidade) necessária para conseguir praticar o HIIT (De Feo,

2013). Talvez por isso, o uso do HIIT (método utilizado em nosso estudo), parece não ser a

melhor estratégia para promover alterações antropométricas em indivíduos com sobrepeso

ou obesidade.

Portanto, nós levantamos a hipótese de que os fatores motivacionais (De Feo, 2013)

parece ter influenciado os resultados de Keating et al., (2014) e do nosso estudo. Que essa

alteração motivacional parece ser resultado inerente da prática do HIIT, ou seja, devido a

sua magnitude da alteração da homeostase metabólica durante a prática (sensação de

fadiga muito elevada), além do contexto de não poder modular a carga de trabalho (que

deve ser geralmente de intensidade máxima ou muito próxima do máximo) pode ter

influenciado o aspecto motivacional de forma negativa, na qual a motivação perdeu o seu

aspecto qualitativo (motivação intrínseca), e consequentemente essa motivação influenciou

(menos dedicação ao treino), por meio de feedback negativo (Mears e Kilpatrick, 2008;

Edmunds et al., 2009; Silva et al., 2013). Sendo assim, sugerimos que os próximos estudos

considerem a intervenção e a avaliação das variáveis motivacionais na prática de HIIT.

O VO2pico dos nossos participantes aumentou significativamente em ambos os grupos

treinados (sem diferença entre si). O aumento do VO2pico dos nossos participantes foram

da mesma magnitude dos estudos que também utilizaram este protocolo de treino, neste

mesmo período de tempo (Howarth et al., 2007; Nalcakan, 2014).

O ACR tem forte relação com marcadores de risco de DCV (Farrell et al., 2012;

Solomon et al., 2015), apesar do grupo Placebo Treino não ter apresentado mudanças

significativas (à nível do valo p) observamos pelos valores de effect size (ES) que tais

mudanças estavam em curso (veja Tabela 2). Nesse sentido, caso a intervenção fosse de

um tempo mais prolongado, possivelmente teríamos observado mudanças contundentes

nos marcadores de risco de DCVs no grupo Placebo Treino (Gillen e Gibala, 2013). As

mudanças nos marcadores de risco de DCVs observado no grupo BCAA Treino não foi uma

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surpresa, uma vez que a suplementação de BCAA induz alteração gênicas que influenciam

contundentemente no perfil lipídico, glicêmico e de metabolismo de energia (Jia et al., 2013).

8.2. Metabolismo de energia

A literatura já havia reportado diminuição do QR devido a suplementação com BCAA,

em estudo com ratos (Zhang et al., 2007). Em humanos, somente um estudo demonstrou

que a suplementação aguda (por 3 dias) de 300 mg/kg-1/dia-1 de BCAA diminuiu

significativamente o QR de jovens saudáveis, mas com baixas reservas de glicogênio

muscular (Gualano et al., 2011). O treinamento intervalado de alta intensidade per se

(mesmo não promovendo alterações antropométricas) também promove diminuição do QR

(para uma mesma faixa de trabalho, mas aparentemente não em repouso) (Astorino et al.,

2013; Shook et al., 2014; Arad et al., 2015). O aumento da ACR também influencia na

diminuição do QR e tem um papel chave no aumento da oxidação de gordura (Davis et al.,

2014; Shook et al., 2014; Gavarry et al., 2015; Kainulainen et al., 2013). Acrescentando mais

informações a esses achados, nosso estudo demonstrou que a suplementação de BCAA

(300 mg/kg-1/dia-1), num período de 8 semanas, promoveu uma diminuição significativa do

QR em repouso e em exercício (quando associada ao treinamento físico), mas sem a

necessidade de depledar (previamente) as reservas de glicogênios dos participantes do

estudo e realizar o protocolo de esforço em estado de jejum (como foi realizado no estudo

de Gualano et al., 2011). Nosso modelo (avaliação em estado alimentado) também

demonstrou que mesmo com a reserva de glicogênio aparentemente intactas após o

tratamento (importante salientar que não avaliamos as reservas de glicogênio muscular), o

QR do grupo BCAA Sedentário diminuiu, aos 15 minutos de exercício contínuo e

progressivo. Entretanto, mais estudos são necessários para confirmar os nossos dados,

uma vez que os dados apresentados por Gualano et al., (2011) demonstra mudanças já aos

10 minutos de exercício, sendo que não observamos mudanças do QR em nosso modelo

aos 8 minutos de exercício.

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A diminuição do QR sugere que houve um aumento da oxidação de AGs. Essa

alteração do QR (devido a suplementação com BCAA e exercício físico) pode explicar

parcialmente a significante diminuição das concentrações séricas de TAG encontrado nos

dois grupos suplementados com BCAA (Bajotto et al., 2009; She et al., 2010), fato que não

ocorreu de forma significativa no grupo Placebo Treino (como também evidenciado pelo

effect size, na Tabela 2, no TAG). (Discutiremos as alterações do TAG de forma mais

aprofundada no próximo tópico)

Interessantemente, apesar da diminuição do QR nos grupos suplementados com BCAA

não houve diminuição da produção da produção de [La]p, como era esperado (De Palo et

al., 2001; She et al., 2010). Ao contrário, o grupo Placebo Treino apresentou uma

significativa diminuição da produção do [La]p, possivelmente, como um efeito do

treinamento na diminuição da glicogenólise (Howarth et al., 2007). Temos duas hipóteses

para explicar porque a suplementação de BCAA impediu que houvesse diminuição do [La]p

no grupo BCAA Treino. Primeira, o tecido muscular do grupo BCAA Treino estava mais

sensível a captação de glicose (fato que é corroborado pela diminuição significativa da

HbA1c, veja Tabela 2 e por estudos com ratos (Zhang et al., 2007; Jia et al., 2013)). Nesse

sentido, devido ao fato do grupo BCAA Treino ter experimentado uma maior captação de

glicose (em relação a sua linha de base) tanto em repouso quanto em exercício (veja Figura

2) pode ter ocorrido uma estimulação para maior glicólise. Este fenômeno (maior produção

de [La]p, pós suplementação) foi observado num recente estudo com suplementação de

creatina (Roberts et al., 2016), o qual foi demonstrado que a creatina monoidratada aumenta

a captação de glicose (além de aumentar as reservas de glicogênio muscular). Com o

aumento da captação de glicose devido a suplementação com creatina, durante um teste de

exercício físico ocorreu o aumentou a produção de [La]p (em relação ao grupo placebo).

Neste experimento, antes do teste de exercício físico os participante fizeram a ingestão de

carboidrato (glicose) para exacerbar o efeito na produção de [La]p (Roberts et al., 2016). A

segunda hipótese é: com o aumento da degradação dos BCAAs na β-oxidação (o que

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aumenta o fornecimento de acetil-CoA e sucinil-CoA para o CAT) faz com que a enzima

piruvato desidrogenase (PDH) seja inibida (estudo com ratos demonstra que a expressão

gênica da PDH4 é mitigada frente ao suplementação crônica com BCAA (Jia et al., 2013)),

assim, não só promovendo uma mudança na utilização de substrato (o que justifica a

diminuição do QR observado em nosso estudo), como inibe a entrada de piruvato na

mitocôndria (assim obrigando a conversão do piruvato a lactato- isso também explica a não

diminuição da produção de [La]p encontrada em nosso estudo, no grupo BCAA Treino)

(Kainulainen et al., 2013).

Caso o BCAA de fato diminua a taxa de fosforilação da glicose (Jia et al., 2013) isto

pode ter implicações significativas em termos de performance atlética, em particular, em

provas de endurance (>60 minutos) com intensidade à >75% do VO2máx., as quais a

fosforilação do carboidrato (para fornecimento de energia) é um passo limitante na

performance atlética (Jeukendrup, 2014). Se por um lado atletas com a reservas de

glicogênio depletados correm maiores distâncias quando suplementados com altas doses de

BCAA (dose semelhante à do nosso estudo) (Gualano et al., 2011), evidências com modelo

animal (ratos com a reservas de glicogênio intactas, quando suplementado com altas doses

de BCAA) apresentam efeito ergolítico na performance em relação ao grupo controle,

mesmo apresentando uma de maior atividade do CAT (Campos-Ferraz et al., 2013). Nesse

sentido, futuros experimentos (com a dose de BCAA testado neste estudo e com humanos)

precisam de ser testadas para verificar se estas alterações têm alguma relevância na

performance em provas de endurance. Com isso, verificar se de fato a diminuição no QR é

resultado da maior oxidação de gordura ou somente da maior participação de BCCA (como

fornecedor de Acetil e Sucenil-CoA) para o CAT com consequente inibição da PDH4. Isso é

importante, pois evidência em ratos demonstrou que a suplementação de BCAA mitiga a

expressão gênica da translocase de ácidos graxos FAT/CD36 (Jia et al., 2013).

Em termos de saúde, em humanos, também é necessário verificar se a não diminuição

da produção de [La]p (em reposta a suplementação de BCAA no grupo treinado) está

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relacionado a maior captação de glicose ou inibição da PDH4, pois a captação de glicose

sem a sua fosforilação (o que é mais provável ocorrer na suplementação de BCAA

associado ao sedentarismo) tornar-se-ia apenas uma medida paliativa para o tratamento da

resistência à insulina e prevenção da DT2 (Newgard et al., 2009). (Discutiremos de forma

mais aprofunda o papel do BCAA na resistência à insulina no item 7.3)

8.3. Marcadores metabólicos de risco de doença cardiovascular

Ao nosso conhecimento este é o primeiro estudo com humanos que utilizou altas doses

de suplementação de BCAA e verificou alterações em marcadores lipídicos (Takeshita et al.,

2012). Entretanto, as evidências de experimentos com ratos (com altas doses de BCAA) já

foram testadas com sucesso (efeito hipolipemiante). Por exemplo, diversos estudos já

demonstraram que a suplementação de BCAA (Holecek et al., 2016) ou somente Leucina

(Zhang et al., 2007; Zhao et al., 2016) podem diminuir as concentrações do colesterol total,

LDL, TAG e aumentar o colesterol HDL (Zhang et al., 2007; Holecek et al., 2016; Zhao et al.,

2016). Nosso estudo demonstrou que no caso do LDL, HDL e TAG estas alterações

parecem ser mais contundentes quando a suplementação de BCAA foram associadas a

prática de exercício físico. Por exemplo, o HDL ficou virtualmente inalterado no grupo BCAA

Sedentário (ES= -0,11), mas aumentou significantemente no grupo BCAA Treino (ES= -

1,24), elevou no grupo Placebo Treino (ES= -0,45), mas não de forma estatisticamente

significante. Isso sugere um efeito sinergistas da suplementação de BCAA e treinamento

físico (veja Tabela 2). De forma similar, o LDL sofreu uma redução com o treinamento ou

somente com a suplementação de BCAA (mas estas alterações não foram significativas á

nível do valor p), entretanto, quando a suplementação de BCAA foi associado ao

treinamento físico ocorreu uma diminuição estatisticamente significativa (veja Tabela 2).

Por outro lado, a associação treinamento/BCAA ou somente no grupo Placebo Treino

promoveu uma tendência a aumentar o colesterol total (ES= -0,62; ES= -0,64,

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respectivamente), possivelmente como resposta ao treinamento (Bagley et al., 2016), em

aumentar o colesterol HDL (Williams et al., 1994) e provavelmente devido a uma aumento

transiente no VLDL (não mensuramos VLDL neste estudo) (Shojaee-Moradie et al., 2015).

Mais estudos são necessários para verificar se estas flutuações estão relacionadas ao tipo

de treinamento ou população.

O grupo Placebo Treino não promoveu alterações estatisticamente significantes nos

marcadores lipídicos, o que era esperado para o período de treino testado neste estudo

(Nalcakan, 2014; Fisher et al., 2015). Estudos com períodos mais prolongados (com HIIT)

têm demonstrado efeitos significativos na alteração do perfil lipídico dos participantes

(Bagley et al., 2016).

As estatinas (por exemplo, sinvastatina) são as drogas mais prescritas para a

diminuição do colesterol LDL, exercendo também efeito na diminuição das concentrações de

TAG e aumento do HDL, mas em contrapartida acentuada perda de muscular é um dos

efeitos adversos do uso das estatinas (Knapik-Czajka, 2014). A sinvastatina é um inibidor da

redutase 3-Hydroxy-3-methylglutaryl CoA (HMG-CoA redutase), uma enzima chave que

converte mevalonato em esterol (por exemplo, colesterol), ou seja, impede (de forma dose

dependente) a produção de colesterol (Gazzerro et al., 2012). Recentemente, um estudo

investigou a influência da sinvastatina na atividade da DCCR, este estudo apresentou um

importante insight, demonstrando que há link entre o efeito hipolipemiante da droga e a

perda de massa muscular (Knapik-Czajka, 2014). Está bem estabelecido que a baixa

ingestão de proteína inibe a ativada de DCCR, enquanto a alta ingestão ativa a sua

atividade. Interessantemente, foi demonstrado que ratos tratados com sinvastatina inverte

este metabolismo da DCCR, ou seja, ratos com alta ingestão de proteína (20% da ingestão

calórica diária) não altera a atividade da DCCR, mas quando ratos fazem dieta com baixa

concentrações de proteína (8%) há um aumento significativo da atividade DCCR hepática

(para aumentar a degradação de KIC, KIV e KMV) (Knapik-Czajka, 2014). Esses dados

sugerem que as estatinas, assim com o fibrato (outra droga hipolipemiante) ativa a

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significantemente a DCCR, ao inibir a DCCR quinase- conhecida como BDK (Murakami et

al., 2005). Junto a isso, também é demonstrado que a sinvastatina aumenta as

concentrações de KIC, possivelmente por indução da degradação de BCAA dos tecidos

(pois o tratamento com sinvastatina também diminui as concentrações plasmática de BCAA)

e inibição da via do mevalonato (Gazzerro et al., 2012; Knapik-Czajka, 2014). Nesse

sentido, é sugerido que a significativa perda de massa muscular devido ao tratamento com

sinvastatina está relacionada a ativação da DCCR (pelo KIC ou estruturas similares ao

fibrato- que também é estruturalmente semelhante ao KIC). No fígado ou tecido muscular o

KIC é um precursor para a síntese de HMG-CoA (Bruckbauer e Zemel, 2015). O KIC

também é um precursor de β-Hydroxy-β-Methylbutyrate (HMB). O HMB é conhecido com um

precursor de colesterol (uma vez que ele pode ser convertido a HMG-CoA) e sua

suplementação também tem um efeito redutor no colesterol LDL (Nissen et al., 2000).

Apesar do aumento da produção de HMG-CoA (o que em teoria deveria aumentar a

produção de colesterol), interessantemente, em ratos com EH a suplementação crônica com

BCAA suprimiu a expressão gênica da HMG-CoA redutase (Bruckbauer e Zemel, 2015), em

outro estudo também foi demonstrado um aumento da expressão gênica de enzimas

relacionada ao efluxo de colesterol, do fígado para a vesicula biliar (Zhao et al., 2016).

Portanto os próximos estudos com humanos e suplementação de BCAA (ou Leucina)

deveriam verificar se há diminuição da atividade/concentrações da HMG-CoA redutase e

aumentos de enzimas relacionado a remoção de colesterol do corpo (ABCG5 e ABCG8),

isso esclareceria como a suplementação de BCAA altera o perfil lípido.Também é válida a

especulação da estatina exerce seu efeito hipolipemiante através da ativação da DCCR,

entretanto, investigações precisam ser feita para aceitarmos essa hipótese. Por exemplo,

verificar se em ratos alterados geneticamente (com diminuída atividade da DCCR) (Bajotto

et al., 2009) a sinvastatina continua exercendo seu efeito hipolipemiante, de forma dose

dependente. Caso a sinvastatina não exerça seu papel hipolipemiante em ratos com

diminuída atividade da DCCR (ou ratos com knockout −/−) ficará claro que o treinamento

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físico associado a suplementação de BCAA é uma opção eficiente e segura para o

tratamento da hiperlipidemia.

É sabido que a RI é positivamente correlacionada com as concentrações de TAG

(Badaloo et al., 2015), nossos dados estão de acordo com a literatura, pois quando

correlacionamos as concentrações de TAG com os respectivos valores de HbA1c temos

correlações significativas (Pré, ρ= 0, 453, p= 0.04; Pós, ρ= 0, 43, p= 0,05). Nesse sentido, a

diminuição do TAG verificado neste estudo parece ser uma resposta do aumento na

sensibilidade na insulina (ou seja, menor necessidade de produção de insulina), podendo

com isso está relacionado ao aumento na produção de VLDL (uma vez que a insulina

suprime a produção hepática de VLDL, independentemente das concentrações de TAG)

(Badaloo et al., 2015) ou com a captação de ácidos graxos pelos tecidos com sua

consequente oxidação (Masaki, 2015b). Não verificamos neste estudo, mas a diminuição do

TAG também pode estar relacionada ao aumento das concentrações dos estoques de

TAGIM (Kainulainen et al., 2013) ou TAG hepático (Zhao et al., 2016) . Por outro lado,

experimentos têm demonstrado que a suplementação de BCAA diminui as concentrações

de TAG no fígado e músculo, sugerindo uma maior oxidação de ácidos graxos nestes

tecidos (Masaki, 2015b). Mais estudos com humanos são necessários para verificar o

destino do TAG em reposta ao protocolo de suplementação deste estudo (comparando

efeitos associado ao treinamento ou ao sedentarismo), nesse sentido três possíveis destinos

são: 1) aumento nas concentrações de TAGIM ou 2) se está relacionado a produção de

VLDL no fígado (associado ao respectivo aumento de TAG hepático) e 3) a diminuição das

concentrações de TAG devido ao aumento da oxidação de ácidos graxos. De acordo com a

evidência apresentada em nosso estudo (diminuição do RQ), o mais provável que haja uma

diminuição do TAGIM e TAG hepático (além do TAG plasmático verificado neste estudo)

como reposta do aumento da oxidação de ácidos graxos nestes tecidos (Masaki, 2015b).Em

outras palavras, acreditamos que o destino do TAG plasmático verificado neste estudo é a

oxidação.

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A suplementação de BCAA per se promove diminuição nas concentrações de HcA1c em

modelo animal (Guo et al., 2010; Xie e Xie, 2015) e em humanos com hepatite C com

resistência à insulina (Takeshita et al., 2012). Dados na literatura sugerem que a diminuída

degradação de BCAA (baixa atividade da DCCR) (Lynch e Adams, 2014), ou baixa ACR

(Jakicic et al., 2013) estão inversamente correlacionada com as contrações de HbA1c.

Takeshita et al, (2012), observaram que a suplementação de 13g/dia de BCAA promoveu

melhora na HbA1c somente em indivíduos que possuíam resistência à insulina no tecido

muscular (o que parece ser o caso dos participantes do nosso estudo, uma vez que há

melhora da HbA1c), isso demonstra um grande potencial da suplementação de BCAA para

o tratamento de DT2, além da importância que este tecido (tecido muscular) exerce na

modulação da HbA1c. O HIIT também é uma importante ferramenta para a diminuição da

HbA1c (Jelleyman et al., 2015). Nosso estudo, corrobora com os dados de Takeshita et al.,

(2012) e o vasto corpo de evidência (Jakicic et al., 2013; Lynch e Adams, 2014; Jelleyman et

al., 2015), ao demonstrar uma significante diminuição da HbA1c no grupo BCAA Treino (veja

Tabela 2).

A suplementação de Leucina tem se demonstrado como um redutor de inflamação,

possivelmente como uma consequência da melhora no perfil lipídico (Zhao et al., 2016). O

treinamento físico (devido ao seu efeito hormese) também é um anti-inflamatório (Puggina et

al., 2016). Em particular, o HIIT (relativamente ao tempo de intervenção testado neste

estudo), exercer pouca influência nas concentrações de PCR em indivíduos saudáveis

(Tenório et al., 2015), o que parece que também foi o caso do nosso estudo. Estudo com

períodos de treinamento físico mais prolongado (quando associado a uma dieta) promovem

redução nas concentrações de PCR (Imayama et al., 2012). Os dados do presente estudo

demonstraram que houve uma tendência para diminuição da PCR, nos participantes do

grupo BCAA Treino. Nesse sentido, podemos especular que pode haver um possível efeito

sinergistas da suplementação de BCAA, quando associado ao treinamento físico, pois os o

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valor de ES é superior para o grupo BCAA Treino, quando comparado aos outros três

grupos. Estudo com períodos mais prolongados podem ajudar a responder esta questão.

8.4. Limitações

Pedimos para os indivíduos manterem a sua dieta (não fazerem alterações intencionais)

durante o experimento. Apesar de desconhecermos evidências com humanos (com dose

semelhante à deste estudo), outros modelos (com porcos) demonstram que altas doses de

suplementação de BCAA tem o potencial de suprimir o apetite (Wessels et al., 2016), não

sabemos se o mesmo ocorre com humanos. Apesar dos dados ainda serem muitos

controversos, ao qual é sugerido que doses semelhantes ou menor que a desse estudo (em

humanos e ratos) não altera o apetite significantemente. Nesse sentido, no momento, até

que um experimento semelhante a este avalie o apetite dos participantes, não podemos

descartar que grande parte das alterações metabólicas encontradas neste estudo (como

concentrações séricas de TAG, LDL e HbA1c), podem estar associadas a diminuição da

ingestão de alimentos.

Outra limitação importante foi a avaliação do metabolismo de energia no estado

alimentado (QR, resposta glicêmica ao exercício e produção de [La]p). Dados mais

consistente no metabolismo de energia em reposta a suplementação de BCAA poderia ter

sido fornecida no estado em jejum, como realizado no estudo Gualano et al., (2011).

Entretanto, como estas alterações (em estado em jejum) já tinham sido foi demonstrada pelo

estudo de Gualano et al., (2011), optamos pelo modelo de estado alimentado.

É importante salientar que as mulheres que participaram deste estudo tinham um ciclo

menstrual regulado (apesar de algumas mulheres fazerem uso de anticoncepcional e outras

não). Com isso foi tomado o cuidado para que as reavaliações ocorressem sempre próximos

as mesmas datas (para evitar a variação individual), entretanto, não descartamos a hipótese

de que devido a variabilidades do ciclo entre as participantes pode ter afetado os resultados.

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9. Conclusão

O presente estudo demonstrou que oito semanas de HIIT associada (ou não) a

ingestão elevada de BCAA não promove alterações antropométrica, nem efeito sinergistas

no aumento do VO2pico. Por outro lado, parece promover efeito sinergista no QR, LDL,

HDL, TAG, PCR e na HbA1c.

Em resumo a suplementação de BCAA associada ao exercício físico pode promover um

efeito sinergista em direção da melhora da saúde metabólica.

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11. Apêndice

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,_____________________________________, RG ___________________

voluntária e conscientemente concordo em participar da pesquisa intitulada Efeitos de

exercício físico e suplementação com aminoácidos de cadeia ramificada na aptidão

cardiorrespiratória e em fatores de risco cardiovascular.

Atenção: VOCÊ NÃO PODERÁ PARTICIPAR DESSA PESQUISA SEM A

APRESENTAÇÃO DO ATESTADO MÉDICO

O objetivo desse trabalho é observar os efeitos do exercício físico e suplementação

com aminoácidos de cadeia ramificada-BCAA na aptidão cardiorrespiratória e em fatores de

risco cardiovascular. Para atingir o objetivo do estudo todos os voluntários serão submetidos

a uma bateria de exames físicos e metabólicos (detalhado mais abaixo) antes e depois de

um programa de treinamento (de 6 semanas), junto da ingestão de BCAA. Entretanto, pelo

fato da necessidade da randomização dos voluntários para diferentes grupos, alguns

voluntários poderão não participar do programa do treinamento (controle para o exercício),

ou não ingerir o BCAA (controle para a suplementação).

Mais especificamente, serão recrutados 40 sujeitos e distribuídos em quatro grupos

(G): por exemplo, hipoteticamente o G1= suplemento de Placebo; G2= suplemento de

BCAA; G3= Treino + Placebo; G4= Treino + BCAA.

Com relação ao programa de treinamento, após a familiarização com a sessão de

treino, os voluntários dos grupos G3 e G4 farão 8 semanas de treinamento intervalado, no

cicloergômetro, três vezes por semana (segunda, quarta e sexta ou terça, quinta e sábado,

etc). As sessões serão composta de 6 séries de 30 segundos, de ataques máximos,

entretanto, inicialmente serão 4 séries nas semanas 1-2, 5 séries nas semanas 3-4, e 6

séries nas semanas 5-8, todas séries contra a resistência de 0,075 kg/kg de peso corporal.

Descanso ativo entre as séries serão de 4,5 minutos à 50 rpm, numa intensidade 30 W.

Com relação à suplementação, os voluntários farão durante 8 semanas de ingestão

de 300mg/kg-1/dia-1 de BCAA ou waxy maize (placebo). Para os indivíduos que irão treinar,

no dia de treino, a ingestão será feita 30 minutos antes do treino.

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Todos os exames serão realizados em 4 visitas ao laboratório, sendo duas visitas

antes (uma para análise sanguínea e outra pra avaliação física ) e duas visitas após a

intervenção (para reaplicar os mesmos testes). Os exames serão 2-4 dias antes e após a

primeira e última sessão de treino ou de suplementação, respectivamente.

No dia da visita do exame sanguíneo, os voluntários deverão vir em jejum de 12

horas, para ser coletados 20 ml de sangue venoso para análise das concentrações de

BCAA, colesterol total e fracionado, proteína C reativa e hemoglobina glicada. Além disso,

nesse dia, os voluntários serão instruídos preencher duas planilhas de dois dias ( referente

ao dois dias precedentes ao exame de sangue), para informar a sua rotina de prática de

atividade física e de alimentação, para estar replicando essa rotina nos testes

subsequentes.

A avaliação física consistirá da avaliação do VO2máx (onde os voluntários realizaram

um teste incremental até a exaustão em cicloergômetro), por meio de um aparelho de

análise de troca gasosa, onde durante esse teste será necessário coletar (com um

lancetador automático descartável) uma gota de sangue do dedo anelar para avaliar as

concentrações de lactato; da avaliação antropométrica (percentual de gordura-por meio de

dobras cutâneas- circunferências, peso e altura). Além disso, os voluntários responderão,

antes do teste um questionário de motivação para à pratica de atividade física.

Sendo assim, ao assinar esse documento:

1. Compreendi que posso ser sorteado para participar de um dos quatro grupos

do estudo, no qual poderei ou não participar de 6 semanas de treinamento, e que posso ou

não estar suplementando com BCAA durante esse período;

2. Compreendi que poderei ou não realizar um treinamento intervalado

(treinamento de alta intensidade em cicloergômetro) por 6 semanas.

3. Compreendi que poderei realizar a suplementação diária de 300mg/kg-1/dia-1

ou 300mg/kg-1/dia-1 de waxy maize (placebo).

4. Compreendi que, na primeira visita, preencherei uma planilha, de dois dias,

de informação de rotina de atividade física e alimentação, referente aos dois dias antes do

exame, e que deverei replicar essa rotina nos dois dias precedentes três exames restante;

5. Compreendi que irei realizar uma avaliação antropométrica (dobras cutâneas

e circunferências, peso e altura).

6. Compreendi que irei responder um questionário de motivação para à pratica

de atividade física

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7. Compreendi que irei realizar 2 coletas de sangue, uma antes da intervenção e

outra no final da intervenção, realizado por um profissional habilitado e experiente;

8. Compreendi que realizarei dois testes de VO2máximo em uma bicicleta

ergométrica, até a exaustão (teste realizado em uma “bicicleta ergométrica” ligada a um

computador que avaliará minha capacidade cardiorrespiratória), um antes da intervenção e

outra no final da intervenção, realizado por um profissional habilitado e experiente;

9. Riscos do protocolo:

Compreendi que não é esperado o aparecimento de desconforto ou mal estar

durante a realização dos exercícios, além do esperado para a própria atividade. Entretanto,

devido as caraterística do treinamento entendi que possa ocorra um evento conhecido como

dor muscular tardia, ou seja, sentir dores horas depois da sessão de treino.

Há a possibilidade de eu me sentir constrangido no momento das avaliações, ou

ainda de não me adaptar a sequência do treinamento; ainda existe o risco de sentir

desconforto na hora das coletas de sangue. Para minimizar esse risco, entendi que quem

fará a coleta é um profissional habilitado e experiente.

Fui informado que a suplementação de BCAA é amplamente estudada na literatura

científica, tanto relacionada no contexto do exercício físico, quanto no clínico. E que a

suplementação proposta nesse estudo já foi utilizada em diversos estudos, como por

exemplo o tratamento de cirrose e encefalopatia hepática, tendo apresentado resultados

positivos, sem relatos de efeitos colaterais. No entanto, fui informado que o único

desconforto esperado para o protocolo de suplementação é o gosto amarga que

apresentará a suplementação, no qual posso não me adaptar.

Caso ocorra risco físico, serei encaminhado para o departamento médico da

Universidade São Judas Tadeu e caso seja necessário será acionado o SAMU/Resgate

para posterior atendimento hospitalar. Em caso de constrangimento serei encaminhado para

o departamento de psicologia da Universidade São Judas Tadeu. Caso ocorra danos que

julgue necessário ressarcimento poderei recorrer aos meios legais.

10. Benefícios do protocolo:

Entendi que o presente estudo pode, além de proporcionar maior entendimento

sobre o tema em questão, me proporcionar um ganho no condicionamento físico, força,

potência muscular, maior aptidão cardiorrespiratória, menor percentual de cordura, além da

melhora de alguns parâmetros de marcadores de risco cardiovascular.

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11. Entendi que tenho plena liberdade para afastar-me definitivamente da

pesquisa, a qualquer momento que desejar, sem nenhuma obrigatoriedade de prestar

esclarecimentos e sem um único ônus à minha pessoa;

12. Fui informado que poderei ser filmado ou fotografado e que autorizo o uso de

minhas imagens sendo preservando minha integridade pessoal;

13. Fui informado que os resultados das avaliações serão utilizados

exclusivamente para as finalidades previstas no projeto de pesquisa, inclusive a publicação

dos resultados em revistas científicas. Eu terei acesso aos meus resultados nos momentos

da realização dos testes e medidas, através de minha ficha individual.

14. Ficou claro que todos os dados sobre minha pessoa serão mantidos no mais

absoluto sigilo, a fim de manter a minha integridade moral.

15. Esse termo será assinado em duas vias, sendo uma via do pesquisador e

uma do participante.

16. Fui informado que, se necessário, poderei entrar em contato com o

pesquisador responsável Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto pelo telefone 2799-1999 ramal

1917, ou com o Comitê de Ética em Pesquisa da USJT (2799-1999 ramal 1665).

São Paulo, _____ de ________________ de ___________.

Participante

__________________________________________________________________________

Mestrando Elias de França

Pesquisador responsável Pf. Dr. Érico Chagas Caperuto

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