Upanishad Vahini

Embed Size (px)

Citation preview

  • UPANISHAD VAHINI

    1

    UPANISHAD VAHINI

    por Bhagavan Sri Sathya Sai Baba

  • UPANISHAD VAHINI

    2

    UPANISHAD VAHINI

    Bhagavan Sri Sathya Sai Baba

    Copyright 2008 by Fundao Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil

    Todos os direitos reservados:

    Os direitos autorais e de traduo em qualquer lngua so de direito

    dos publicadores. Nenhuma parte, passagem, texto, fotografia ou tra-

    balho de arte pode ser reproduzido, transmitido ou utilizado, seja no

    orginal ou em tradues sob qualquer forma ou por qualquer meios,

    eletrnicos, mecnicos, fotocpia, gravao ou por qualquer meio

    de armazenamento, exceto com devida permisso por escrito de

    Sri Sathya Sai Books & Publications Trust, Prasanthi Nilayam (Andhra

    Pradesh) ndia.

    Publicado por:

    Fundao Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil

    Rua Pereira Nunes, 310 Vila Isabel CEP: 20511-120 Rio de Ja-

    neiro RJ Televendas: (21) 2288-9508

    E-mail: [email protected] Loja virtual: www.fundacaosai.

    org.br Site Oficial no Brasil: www.sathyasai.org.br

    Traduo:

    Coordenao de Publicao /Conselho Central Organizao Sri

    Sathya Sai do Brasil

    Organizao Sri Sathya Sai do Brasil www.sathyasai.org.br

  • UPANISHAD VAHINI

    3

    SUMRIO

    CARO LEITOR4

    QUEM BHAGAVAN SRI SATHYA SAI BABA?5

    CARO LEITOR6

    I - UPANISHAD VAHINI8

    II ISAVASYOPANISHAD14

    III KATHOPANISHAD20

    IV MUNDAKOPANISHAD27

    V- MANDUKYOPANISHAD32

    VI BRIHADARANYAKOPANISHAD39

    VII - PRASNOPANISHAD48

    VIII - KENOPANISHAD54

    IX - CHANDOGYA UPANISHAD60

    X - AITHAREYOPANISHAD68

    XI TAITTIRIYOPANISHAD72

    XII - BRAHMANUBHAVA UPANISHAD79

  • UPANISHAD VAHINI

    4

    CARO LEITOR

    Traduzir a Palavra Divina jamais foi uma tarefa fcil em qualquer

    poca da humanidade, pois a fonte pura pode facilmente perder

    suas qualidades em contato com mos imprprias. Por isso, pedi-

    mos constantemente a Bhagavan que mantivesse pura Sua Fonte

    de Amor e Sabedoria durante nossa humilde tarefa de traduo e

    reviso do Conhecimento Libertador para a lngua portuguesa.

    Para facilitar a compreenso e a leitura, colocamos no final do

    livro um vocabulrio de snscrito adequado aos termos empregados

    no livro. Com o fluir da leitura, alguns termos sero naturalmente

    incorporados ao seu vocabulrio, como Brahma, Atma, Jnana, etc.

    Outros termos, por associao de palavras, sero facilmente com-

    preendidos. Ainda assim, a compreenso dos termos em snscrito

    no essencial, pois a Mensagem que permeia o livro, alm de ines-

    timvel, de fcil entendimento.

    Procuramos, neste trabalho, fazer uma traduo inteligvel a todos

    aqueles que, mesmo no sendo iniciados espiritualmente, desejem

    entrar em contato com o cerne mais profundo da Mensagem Espiri-

    tual do Avatar para a humanidade atual.

    Que a Sua Mensagem sacie a voc, que busca na Fonte do Amor

    e da Sabedoria, o Conhecimento Absoluto Libertador.

    Com Amor,

    Coordenao de Publicao/Conselho Central do Brasil

    ORGANIZAO SRI SATHYA SAI BABA DO BRASIL

  • UPANISHAD VAHINI

    5

    QUEM BHAGAVAN SRI SATHYA SAI BABA?

    Sathya Sai Baba , sem sombra de dvida, o mais notvel fenmeno

    espiritual de nossos dias. Testado, analisado, pesquisado, desafiado,

    confirmado e comprovado por multides de cientistas e pesquisado-

    res, alm de mdiuns e espiritualistas renomados do mundo inteiro,

    por mais de sete dcadas ininterruptas, Seus feitos e milagres atraem

    aqueles sedentos da cura tida como impossvel, outros vidos pela

    soluo do problema insolvel e mesmo pessoas que buscam Amor

    para seus coraes ridos e descrentes. Milhes em todo o mundo

    saciaram suas necessidades vindo at Ele.

    Oniscincia, Onipotncia, Onipresena, Bem-Aventurana, Miseri-

    crdia sem limites e Infinito Amor. Essas so algumas das Suas qua-

    lidades manifestas e comprovadas. Qual a Sua Mensagem para o

    mundo? Amem a Todos, Sirvam a Todos; Mos que Servem so

    mais sagradas que Lbios que Oram; ; A essncia da Minha Men-

    sagem o Amor; e A meta suprema a divinizao do homem

    - diz Ele, comprovando Sua origem Divina. Por tudo isso, na ndia, ele

    considerado um Avatar (Manifestao Divina).

    Neste livro, Sai Baba apresenta o Vahini (fluir) da Sabedoria Suprema

    das Upanishads, escrituras sagradas multimilenares que, segundo Baba,

    apresenta o Mais Elevado Conhecimento, o Conhecimento Absoluto,

    atravs do qual tudo o mais passa a ser conhecido: Brahman (Deus).

    Com Amor,

    Coordenao de Publicao/Conselho Central do Brasil

    ORGANIZAO SRI SATHYA SAI BABA DO BRASIL

  • UPANISHAD VAHINI

    6

    CARO LEITOR

    Bhagavan1 Sri Sathya Sai Baba nasceu entre os homens e est con-

    cedendo orientao e apoio espiritual a fim de restabelecer a Ver-

    dade, a Justia, a Paz e o Amor como os principais motivadores da

    vida individual, social e nacional. Para essa grande tarefa, ele utiliza

    instrumentos antigos e modernos como o Sanathana Dharma2 e a

    cincia. Seus livros, discursos e conversas que corrigem, comunicam

    e convencem, esto cheios de citaes e comentrios sobre as des-

    cobertas das cincias fsicas e metafsicas.

    Este livro que traz, em ingls, Seus artigos (primeiramente publi-

    cados em tlugo, na revista Sanathana Sarathi3) sobre as dez Upa-

    nishads4 (inestimveis livros de estudo acerca da disciplina espiritual

    e dos gloriosos frutos da aventura espiritual) ir lhes revelar a vasta e

    ilimitada misericrdia que O impele a nos salvar da vulgaridade e O

    estimula a nos guiar at atingirmos o Objetivo da Vida.

    1. Glorioso, Divino, Venervel, Sagrado. Ttulo conferido ao Senhor Supremo no

    hindusmo.

    2. Religio Eterna. o nome que os indianos do ao sistema de crenas e disciplinas

    espirituais que os ocidentais chamam de Hindusmo.

    3. O Eterno Condutor, ttulo dado a Krishna. Tambm o nome da revista mensal

    oficial da Organizao Sri Sathya Sai, publicada desde 1957, disponvel em ingls

    no site internacional da ndia e tambm disponvel em portugus no site da Orga-

    nizao Sai do Brasil (alguns nmeros).

    4. Literalmente, sentar-se perto e ouvir; antigos textos Vdicos, transmitidos por

    sbios e videntes, contendo suas experincias e ensinamentos sobre a realidade

    ltima. So a essncia dos Vedas.

  • UPANISHAD VAHINI

    7

    Faz-nos trilhar o caminho descoberto pelos Sbios do passado, nos

    induz a reverenciar a Luz e a Mensagem deles, acende em ns a

    Chama do Conhecimento que dissipa a iluso isso o que Bhaga-

    van, com Seu Supremo Amor, faz por ns neste livro.

    Leiamos este livro com cuidado, recapitulando-o com seriedade

    no silncio dos nossos coraes e praticando com humildade e f

    em cada mudana do pensamento, em cada movimento da lngua,

    em cada fragmento da ao.

    N. Kasturi

    Prasanthi Nilayam, 21 de abril de 1968.

  • UPANISHAD VAHINI

    8

    I - UPANISHAD VAHINI

    O homem essencialmente Divino. Contudo, ele se v como um

    indivduo, limitado e temporrio, porque est emaranhado nas ca-

    ractersticas dos Cinco Elementos, ou seja, som, toque, forma, sabor

    e odor. Esse erro ocasiona alegria e sofrimento, bem e mal, nasci-

    mento e morte. Livrar-se dessa ligao aos elementos, libertar-se das

    influncias de suas caractersticas o sinal de Libertao, chamado

    em snscrito Kaivalya-Moksha ou Mukthi. Os nomes podem variar,

    porm o objetivo alcanado o mesmo.

    Enquanto emaranhado nos cinco elementos, o homem seduzido,

    distrado ou desapontado por eles. Tudo isso causa sofrimento. A ri-

    queza, as posses - veculos, edifcios - tudo transmutao dos cinco

    elementos. O homem anseia por eles e os menospreza quando os

    perde ou no consegue obt-los.

    Vamos analisar os Cinco Elementos um por um. Os seres vivos pos-

    suem o primeiro elemento, a Terra, como sua base. A gua, o segun-

    do elemento, a base para a Terra. A gua produzida pelo Fogo,

    o terceiro elemento, que provm do Vento, o quarto elemento. O

    Vento ou Vayu surge do ter, ou Akasa. Akasa emerge da Natureza

    Primordial, que nada mais que a manifestao de um dos aspectos

    da majestade de Deus ou o Supremo Soberano Atma, o Paramatma.

    Buscando esse Paramatma, origem e essncia do universo, o Indi-

    vduo ou Jivi, que se emaranhou nos elementos, tem que superar os

    elos, um por um, atravs do discernimento e da prtica constante

    do desapego. Essa pessoa um Sadhaka. Aquele que vence essa

    batalha o Jiva muktha, o Liberto ainda em vida.

    Para desenvolver esse discernimento e visualizar a sua realidade

    inata, a pessoa deve estudar as Upanishads. Elas so chamadas co-

  • UPANISHAD VAHINI

    9

    letivamente de Vedanta. Formam o Jnana-kanda dos Vedas, a seo

    que trata da Sabedoria mais Elevada. A libertao das conseqncias

    da Ignorncia pode ser assegurada somente pelo Conhecimento ou

    Jnana. As prprias Upanishads declaram: Jnaanaad eva thu kaivalyam;

    Somente pelo Conhecimento a liberdade pode ser conquistada.

    Os Vedas so famosos por serem tripartite. Kanda-thrayath-

    makam; as trs partes so Jnana, Upasana e Karma. Essas trs partes

    so tambm encontradas nas Upanishads. Elas tambm proporcionam

    a base dos sistemas filosficos Adwaitha, Visishtadwaitha e Dwaitha.

    O termo Upanishad designa o estudo e a prtica da verdade inata.

    Brahma vidya significa a supremacia da contemplao espiritual. A

    palavra Yogasastra designa a agitao mental que conduz ao su-

    cesso. Qual a principal atividade necessria ao homem? Qual o

    elemento bsico a ser conhecido? somente uma realidade bsica.

    As Upanishads descrevem as vrias fases e os diferentes mtodos

    dessa busca para a realizao desse objetivo.

    O termo cheio de significados. Upa significa o processo de

    estudar com Nishta ou afinco. Shad significa o alcance da Reali-

    dade ltima. Da surgiu a palavra Upa-ni-shad. As Upanishads no

    ensinam somente os princpios do Atma Vidya , mas ensinam tam-

    bm a maneira prtica de realizao desse princpio. Elas apontam

    no apenas os trabalhos e obrigaes a serem realizados, mas tam-

    bm as aes a serem empreendidas e aquelas a serem evitadas.A

    Gita5 nada mais do que a essncia das Upanishads. Atravs dos

    ensinamentos da Gita, Arjuna colheu os frutos da obedincia s

    Upanishads. Nas Upanishads encontra-se a afirmao Tat-twam-asi

    5. Bhagavad Gita, A Cano do Divino. A Gita est contida no Mahabharata e con-

    ta a histria da batalha de Kurukshetra. Seus 700 versos constituem o ensinamento

    espiritual dado por Krishna ao seu discpulo Arjuna no campo de Batalha.

  • UPANISHAD VAHINI

    10

    Tu s Aquele. Na Gita, Krishna diz a Arjuna:Eu sou Arjuna entre os

    Pandavas, quer dizer Eu e Voc somos o mesmo, ou seja, Tu s

    Aquele, isto , Jiva6 e Iswara (Deus) so o mesmo ser.

    Portanto, quer na Gita ou nas Upanishads, o ensinamento a

    No-Dualidade7 ou Monismo qualificado. O olho humano no pode

    penetrar nem no microcosmo, nem no macrocosmo. No pode des-

    vendar o mistrio do vrus, ou do tomo, ou do universo estelar. Por

    isso, os cientistas valem-se do telescpio e do microscpio para

    complementar a capacidade dos olhos. Similarmente, os sbios so

    capazes de vivenciar a Divindade atravs dos olhos do conheci-

    mento obtido pela obedincia ao Dharma da conduta moral e da

    disciplina espiritual. Quando os olhos humanos necessitam de instru-

    mentos externos para observar at mesmo um insignificante verme

    ou vrus, como o homem pode se recusar a passar pelo processo do

    mantra 8 quando deseja ver o Princpio onipresente e transcenden-

    6. Alma Individual. Talvez possa haver dificuldade em se perceber a diferena entre

    Atma e jiva. O Atma a divindade inerente no homem, o prprio Deus que habita

    em cada ser e, como tal, livre de iluses. O jiva seu reflexo, a alma afetada pelo

    ego, que v o corpo como sua parte constitutiva e passa por vrias encarnaes,

    assumindo novos envoltrios carnais.

    7. uma traduo literal do termo snscrito advaita, no dois. Na filosofia oci-

    dental h um conceito semelhante, o Monismo, do grego Monos, nico, sem

    diviso. De acordo com esses conceitos, embora os fenmenos sejam diferentes,

    no possuem uma realidade intrnseca, independente das causas e condies das

    quais eles surgem.

    8. Mantra/mantram - Uma frmula sagrada, slaba mstica ou palavra smbolo pro-

    ferida durante a realizao de rituais ou meditao. Representam as verdades es-

    pirituais reveladas diretamente aos Rishis (os visionrios). A seo dos Vedas que

    contm esses hinos (Mantras) chamada o Samhitha.

  • UPANISHAD VAHINI

    11

    te? muito difcil conquistar o olho da sabedoria. A concentrao

    essencial para isso. E, para a concentrao se desenvolver e se

    estabilizar, trs coisas so muito importantes: pureza de conscincia,

    percepo moral e discernimento espiritual. Essas qualificaes so

    difceis de alcanar pelas pessoas comuns.

    O homem dotado com o instrumento do discernimento, do julgamen-

    to, da anlise e sntese, que somente ele possui, dentre todos os animais.

    Ele deve desenvolver e utilizar esses instrumentos para o melhor propsito,

    pois atravs deles que poder realizar a Divindade Imanente.

    Ao invs disso, o homem atormenta a si mesmo e aos outros com

    questes como: onde Deus reside? Se Ele real, por que no pode

    ser visto? Ouvindo-se essas perguntas sente-se pena dos pobres

    questionadores, pois anunciam a prpria insensatez. So como tolos

    que aspiram aos ttulos universitrios sem ao menos se esforarem

    para aprender o alfabeto. Eles aspiram compreender Deus sem im-

    por a si mesmos o trabalho de praticar o Sadhana (disciplina espiri-

    tual) necessrio. As pessoas que no possuem fora e pureza moral

    falam de Deus e da Sua existncia e menosprezam os esforos para

    vivenci-Lo. Essas pessoas no tm o direito de serem ouvidas.

    O Sadhana Espiritual est baseado nos sagrados Sastras9. Eles no podem

    ser dominados num piscar de olhos. No podem ser adquiridos atravs de

    discursos. Suas mensagens esto resumidas nas Upanishads, portanto so

    respeitadas por sua autoridade. No so produtos da inteligncia humana.

    So os sussurros de Deus para o homem. So partes dos eternos Vedas,

    que brilham gloriosamente atravs de todas as suas partes.

    9. Sastras Livros sagrados do hinduismo contendo os ensinamentos dos Rishis

    (sbios). Os Vedas, as Upanishads, os Ithihasas (epopias), os Puranas e os Smrithis

    (cdigos de conduta), etc., formam os Sastras dos hindus. Eles ensinam os princ-

    pios da vida prtica.

  • UPANISHAD VAHINI

    12

    As Upanishads so autnticas e possuem autoridade, pois comparti-

    lham a glria dos Vedas. So em nmero de 1180, mas, com o passar

    dos sculos, muitas delas desapareceram da memria humana e agora

    somente 108 sobreviveram. Dessas, 10 alcanaram grande populari-

    dade em virtude da profundidade e valor dos seus contedos.

    O sbio Vyasa classificou as Upanishads e dividiu-as entre os quatro

    Vedas. O Rig Veda10 possui 21 ramificaes e h uma Upanishad des-

    tinada a cada ramificao. O Yajur Veda11 possui 109 ramificaes e

    109 Upanishads. O Atharvana12 Veda possui 50 ramificaes e as 50

    Upanishads esto distribudas nelas. O Samaveda13 tem mil ramifica-

    es e os restantes mil Upanishads fazem parte dele. Deste modo, as

    1180 Upanishads foram distribudas por Vyasa pelos quatro Vedas.

    Sankaracharya destacou a posio de 10 dentre as Upanishads,

    escolhendo-as para escrever seus comentrios, tornando-as, assim,

    especialmente importantes. Atravs delas, a humanidade pode se

    erguer ou cair. Todos aqueles que buscam o progresso e o bem-

    estar humano esto agora temendo que at mesmo essas dez sejam

    10. O primeiro e o mais importante dos quatro Vedas, pois todos os outros trs

    derivam dele.

    11. Um dos quatro Vedas. Contm textos religiosos com foco na liturgia, realizao

    de rituais e sacrifcios. Foi escrito entre 1500 AC e 500 AC, juntamente com os

    outros Vedas.

    12. O quarto livro dos Vedas. Considerado por muitos como uma cincia obscura e

    mstica, tratando dos espritos e da vida aps a morte. Consiste, principalmente, em

    magias e encantamentos para proteger contra demnios e calamidades e magias

    para a cura de doenas e uma vida longa.

    13. O terceiro dos quatro Vedas. Consiste principalmente de hinos a serem cantados

    pelos sacerdotes em importantes sacrifcios, nos quais o suco da planta Soma, clarificado

    e misturado com leite e outros ingredientes, oferecido em libao a vrias deidades.

  • UPANISHAD VAHINI

    13

    esquecidas, porque tal negligncia conduzir a humanidade a um

    desastre moral e espiritual. Entretanto no h razo para tal apreen-

    so. Os Vedas jamais sero prejudicados. Os sbios e as pessoas

    de f devem apresentar perante a humanidade ao menos essas dez

    Upanishads, que so: Isa, Kena, Katha, Prasna, Mundaka, Mandukya,

    Thaithiriya, Aithareya, Chandogya e Brihadaranyaka.

    As 98 restantes so : Brahma, Kaivalya, Svethasva, Jabali, Hamsa,

    Garbha, Aruni, Paramahamsa, Amrithanada, Narayani, Amrithabindu,

    Atharvasikha, Atharvasira, Kasithara, Mathrayani, Nrisimhatapani, Brah-

    majabala, Maithreya, Kalagnirudra, Sulabha, Manthrika, Kshithi, Niraa-

    lamba, Sarvahara, Vajrasuchika, Subharahasya, Thejobindu, Nadabindu,

    Dhyanabindu, Brahmavidya, Atmabodhaka, Yoga, Thathwa, Naradapari-

    vrajaka, Brahmana, Sita, Yogachudamani, Nirvaana, Mandala, Dakshina-

    murthi, Skandaa, Sarabha, Adwaitha, Thaaraka, Mahanarayana, Sowbha-

    gyalakshmi, Saraswathirahasyva, Mukthika, Bhavaricha, Ramathapana,

    Ramarahasya, Mudgali, Vasudeva, Pingala, Sandilya, Mahabhikshuka,

    Yogasiksha, Sanyasa, Thuriyathitha, Parmaparivrajaka, Narasimha, Aksha-

    malika, Annapoorna, Ekakshara, Akshika, Adhathya, Surya, Kundisakhya,

    Aatma, Savithri, Parabrahma, Pasupatha, Thripurathapana, Avadhooiha,

    Thripura, Devi, Bhavana, Katha, Yogakundali, Rudrahrdaya, Rudraksha,

    Bhasma, Darsana, Ganapathi, Thahasata, Mahavakya, Panchabrahma,

    Gopalathapani, Pranagnihothra, Garuda, Krishna, Datthatreya, Varaaha,

    Yajnavalkya, Sathyaayana, Avyvektha, Hayagriva e Kalisantharna.

    As Upanishads tambm inspiraram trabalhos em geografia, as-

    tronomia, economia e teoria poltica, bem como os 18 Puranas, que

    incluem Skanda, Siva, Garuda e outros. Os Vedas e as Upanishads

    so os verdadeiros fundamentos do Sanathana Dharma.

    H uma caracterstica interessante a ser apontada. Essa religio

    no possui um fundador como as outras. Esse fundador invisvel

  • UPANISHAD VAHINI

    14

    Deus, a fonte de toda a sabedoria. Ele o Profeta desse Sanathana

    Dharma. Ele o fundador. Sua Graa e Inspirao manifestaram-se atra-

    vs dos sbios puros e eles se tornaram os porta-vozes desse Dharma.

    Quando a pureza moral dos homens se degenera, Deus toma forma na

    graa e inspirao dos sbios e mestres. Ele tambm falou atravs das

    Upanishads da Sathya-Jnana, a Sabedoria a respeito da Realidade.

    II ISAVASYOPANISHAD

    O Senhor, decidido a regenerar o mundo, transmitiu os Vedas atra-

    vs de Hiranyagarbha. Depois Hiranygarbha, por sua vez, passou-

    os aos Seus dez Manasaputhras (filhos nascidos da mente), incluindo

    Athri e Marichi. A partir deles, os Vedas espalharam-se pela humani-

    dade, transmitidos de gerao em gerao. Com o passar do tempo,

    eras acumuladas e continentes movidos, alguns Vedas se perderam

    ou foram negligenciados, considerados muito difceis para o entendi-

    mento e apenas quatro sobreviveram at os tempos modernos. Esses

    quatro foram ensinados por Vedavyasa, o maior dentre os expoentes

    dos Vedas, aos seus discpulos durante a Dwapara Yuga (a Era em que

    os elementos divinos e demonacos viviam no mesmo reino).

    Quando Vyasa apresentava os Vedas, empenhado em divulgar as

    escrituras sagradas, um dos seus discpulos, chamado Yajnavalkya,

    atraiu a sua clera e, como punio, teve que regurgitar o Yajurveda

    que j havia aprendido sob os cuidados do seu guru e abandonar o

    lugar, refugiando-se em Suryadeva, o local do tesouro dos Vedas.

    Ento os Rishis, que reverenciavam os Vedas, voaram at o local sob

    a forma dos pssaros Thiththiri e enguliram o Yajurveda regurgitado.

    Essa seo particular dos Vedas chamada Thaithiriyam.

  • UPANISHAD VAHINI

    15

    Nesse nterim, Suryadeva estava satisfeito com a devoo e a fir-

    meza do infortunado Yajnavalkya. Ele assumiu a forma de um Vaji

    ou Cavalo e abenoou o sbio com um conhecimento renovado do

    Yajurveda. As sees ento ensinadas pelo Vaji passaram a ser chama-

    das Vajasaneyi. O Yajurveda propagado por Vedavyasa chamado

    Krishnayajurveda e aquele transmitido por Yajnavalkya chamado

    Suklayajurveda. Nesses, os primeiros captulos so mantras relaciona-

    dos ao Karma kanda14 e as ltimas sees tratam do Jnana kanda15.

    A Isavasya Upanishad relativa a esse Jnanakanda. Como o mantra

    de abertura dessa Upanishad comea com as palavras Isavasyam,

    a Upanishad chamada por esse nome.

    Isavasyaamidam sarvam yathkinchajagathyam jagath Thena

    thyakthena bhunjethah, maa gridhah kasyaswid-dhanam

    Todas as coisas deste mundo, o transitrio, o evanescente, esto

    envolvidas pelo Senhor, que a verdadeira Realidade. Portanto, de-

    vem ser utilizadas com renncia e reverncia, sem cobia ou avareza,

    pois pertencem a Deus e no a qualquer pessoa.. Esse o significado

    desse sloka16.

    Isso quer dizer que o Universo a Imanncia do Senhor, Sua For-

    ma, Seu Corpo. errado tomar o Universo e o seu Senhor como di-

    ferentes. uma iluso, um produto da imaginao do homem. Assim

    como a sua imagem refletida na gua no diferente de voc, o

    Universo, que a imagem do Senhor, produzida pela sua Ignorncia,

    o mesmo que Ele prprio.

    14. A seo dos Vedas que trata dos Karmas, a soma das tendncias inatas forma-

    das em conseqncia de atos realizados em vidas passadas.

    15. Os poemas dos Vedas que tratam da sabedoria espiritual.

    16. Verso.

  • UPANISHAD VAHINI

    16

    Enquanto tiver essa iluso, o homem no poder visualizar a Re-

    alidade imanente nele mesmo. Por outro lado, se acostumar aos

    poucos aos pensamentos, palavras e atos errados. Um pedao de sn-

    dalo, se mantido na gua, produzir mau cheiro, mas se for retirado e

    esfregado como pasta, o perfume original retornar. Quando a auto-

    ridade dos Vedas e Sastras respeitada e quando a discriminao

    aguada pela prtica do Dharma Karmas, o mau cheiro da injustia e

    da maldade desaparecer e o puro perfume inato do Atma emergir.

    Ento, a dualidade entre aquele que faz e aquele que usufrui desapa-

    recer. Assim, voc alcanar o estgio chamado Sarvakarmasanyas, a

    cessao de toda a atividade. Nesta Upanishad, esse tipo de Sanyasa17

    descrito como o caminho da Libertao ou Moksha.

    O sanyasa que envolve a destruio dos trs desejos (por um cn-

    juge, por descendncia e por riqueza) muito difcil de ser obtido

    sem a pureza de Chitta ou mente.

    Nesta Upanishad, os meios para atingi-lo esto declarados no se-

    gundo mantra, Que diz: realize o Agnihothra18 etc. prescrito nos

    Sastras, acredite que, para a libertao, deve-se estar ativamente en-

    gajado nesse trabalho e esteja convencido de que nenhum pecado

    pode fisg-lo enquanto estiver totalmente engajado nesse esforo

    17. Sanyasa / Sanyaasa - Vida de renncia, afastada de todo o prazer. Trabalho feito

    sem levar em conta o sucesso ou fracasso. Quem segue esse caminho chamado

    sanyasi, sanyasin ou sanyasi.

    18. Ritual vdico, realizado ao amanhecer e ao pr-do-sol. O praticante se purifica

    com gua e faz oferendas ao fogo sagrado entoando versos sagrados e recitando

    oraes para Agni. Agni significa fogo e hotra, cura. Agnihotra significa, pois, o fogo

    da cura. Entre os hindus, que seguem o caminho vdico do Sanathana Dharma,

    Agnihotra considerado um processo de purificao da atmosfera.

  • UPANISHAD VAHINI

    17

    de libertao. O trabalho, sem o desejo pelos seus frutos, limpa len-

    tamente as impurezas, como o cadinho do ourives. A mente pura

    Jnana19. Isto a culminncia do desapego.

    Se voc for capaz de se despojar do desejo enquanto estiver traba-

    lhando, nenhuma impureza poder toc-lo. Voc sabe que a semen-

    te de Chilliginji, quando cai na gua lamacenta, tem o poder de

    separar a sujeira e deposit-la no fundo. A semente tambm afunda,

    e desaparece do campo de viso! Do mesmo modo, aqueles que

    forem capazes de realizar o karma sem apego tero suas mentes

    perfeitamente limpas e os resultados dos seus atos perdero a efeti-

    vidade e submergiro.

    Dos 18 mantras desta Upanishad, apenas os dois primeiros tratam

    diretamente do problema da Libertao e da sua explicao. Os ou-

    tros dezesseis elaboram essa explicao e servem como coment-

    rios sobre o assunto.

    O Atma20 jamais sofre qualquer modificao e tambm mais

    rpido do que a mente! Esse o mistrio e o milagre. Parece expe-

    rimentar todos os estados, mas no est sujeito a crescimento, de-

    clnio ou mudana. Apesar de estar em toda parte, no perceptvel

    pelos sentidos. por causa da sua existncia latente e da imanncia

    sempre presentes que o todo o crescimento, toda a atividade e to-

    das as mudanas acontecem. As causas e os efeitos agem e reagem

    por causa do estrato bsico da realidade tmica. A prpria palavra

    Isa21 (de Isavasyopanishad) tem este significado. O Atma est per-

    19. Conhecimento verdadeiro, o conhecimento de si mesmo.

    20. A Centelha Divina, Deus interior, Ser Interno ou Eu Verdadeiro. A realidade

    ltima de todos os seres segundo o Hindusmo.

    21. De Isavasyopanishad.

  • UPANISHAD VAHINI

    18

    to e longe, dentro e fora, parado e em movimento. Aquele que co-

    nhece essa verdade digno de ser chamado de Jnani22. .

    O ignorante nunca poder compreender o fato da imanncia do

    Atma. Aqueles que esto conscientes dessa verdade podem ver as

    coisas e sentir a sua presena perto deles. Aqueles que perderam

    essa conscincia procuraro as jias perdidas, quando, na verdade,

    estaro usando-as no momento. Embora possam saber de todas

    essas coisas, concebem o Atma como existindo em algum lugar

    inatingvel, inacessvel, por causa da perda de conscincia. Mas o

    Jnani, que est desperto, v o Atma em todos os seres e todos os

    seres como o Atma. Ele v todos os seres como um s e no percebe

    distino ou diferena neles. Assim, ele se salva da dualidade.

    O Isavasya torna essa Verdade clara para todos. O Jnani que expe-

    rimentou essa viso no ser perturbado pelos golpes da fortuna ou

    pela fascinao dos sentidos. V todos os seres como ele mesmo,

    mantendo sua prpria identidade inata. Est livre dos apegos, do

    Dharma e do Adharma, das necessidades e dos anseios do corpo.

    Ele Swayamprakaasa (auto-resplandecente)... por isso, o Jiva-rupa23

    no a sua verdadeira forma, nem mesmo os corpos grosseiro e su-

    til chamados Sthula (grosseiro) e o Sukshma (sutil) sariras (corpos).

    por isso que, no primeiro manthra do Isavasya, apresentado o

    Jnana Nishta24, que se caracteriza pela ausncia de anseios de quais-

    quer espcies. Esse o Vedartha25 bsico, mas aqueles que possuem

    desejos encontraro dificuldades em alcanar a estabilidade nesse

    22. Homem sbio.

    23. A alma encarnada, identificada com o ego, i.e., o indivduo.

    24. Decidido a adquirir conhecimento espiritual.

    25. Propsito, meta dos Vedas.

  • UPANISHAD VAHINI

    19

    Nishta26 ou estado da mente. Assim sendo, o segundo mantra in-

    dica um meio secundrio, o Karma Nishta (determinao na busca

    das boas aes). O restante dos Mantras desenvolve e apia esses

    dois nishtas - baseados no Jnana e no Karma. . O KarmaNishta tem

    o Desejo e a Iluso como os principais estimuladores. O JnanaNishta

    apresenta Vairagya27, a convico de que o mundo no o Atma,

    isto , no verdadeiro e, portanto, intil dar qualquer ateno a

    ele. Essa atitude de negao do Vairagya o porto de entrada para

    o JnanaNishta. Do terceiro ao dcimo oitavo Manthra descrita a

    real natureza do Atma atravs da condenao de Avidya (ignorn-

    cia) que impede a compreenso do Atma.

    Assim, o Isavasya ensina a lio da renncia atravs do primeiro man-

    tra e a lio da atividade libertadora atravs do Karma destitudo de

    Raga (paixo, apego) e Duesha (raiva, dio, averso) no segundo. No

    quarto e quinto manthra, fala-se de Atmathatwa (f em Deus) e, em se-

    guida, dos frutos do conhecimento desse Atmathatwa. No nono mantra

    exposto o caminho da libertao progressiva, ou Karmamukthi (til

    para aqueles que esto muito fracos para seguir o caminho da renncia

    total, mas que so capazes de atos proveitosos para o desenvolvimento

    moral e purificao interior). Este o caminho que coordena todos os

    Karmas no princpio de Upasana (contemplao ou adorao a Deus).

    dito que aqueles que esto engajados em atos contrrios Vidya (Sa-

    bedoria), esto cheios de Ajnana (Ignorncia). Aqueles que se limi-

    tam ao estudo e prtica de formas divinas so ainda piores, devido ao

    desejo deles por poderes e habilidades. dito que Vidya conduz a

    26. Estado de esprito ou determinao, disciplinado ou regulado pelo comporta-

    mento, prtica, busca constante.

    27. Desapego.

  • UPANISHAD VAHINI

    20

    Deva Loka28; e que o Karma leva ao Pithr Loka29. (Pithr-loka). Ento,

    o Jnana que alcanou Atmasakshathkara ou Auto-realizao algo

    completamente distinto destes, e nenhuma tentativa de coordenar

    os dois pode ser bem sucedida.

    claro que a pessoa no deveria se ocupar com nada oposto ao Sas-

    tras; e, em ultima analise, todas as aes so classificadas como Avidya.

    Na melhor das hipteses, o karma pode ajudar apenas a limpar a mente

    e o Upasana dos Deuses pode conduzir determinao.

    O Upasana tem que se elevar ao nvel da adorao da Divindade Cs-

    mica, o Hiranyagarbha. Deve amadurecer e evoluir como Jivamukthi

    (alma realizada) antes do final desta vida. O Devata-Jnana e o Karma-

    Nishta so complementares e coordenados. Por isso, o indivduo pode

    escapar do crculo de nascimentos e mortes e se tornar Divino.

    III KATHOPANISHAD

    A histria de Nachikethas30, que foi iniciado na disciplina espiritual

    pelo prprio Yama (Deus da Morte), encontrada nesta Upanishad.

    A mesma histria mencionada tambm no Thaithiriya Brahmana e

    no Mahabharatha, no 106 captulo do Anusaasanaparva31. Esta Upa-

    28. No Hinduismo, um plano de existncia onde vivem os deuses e deusas. Os deva

    lokas so usualmente descritos como um lugar de benevolncia e luz eternas.

    29. Reino do gozo dos frutos das aes.

    30. Nachikethas: Filho do sbio Vajashravas, oferecido a Yama, o Deus da Morte,

    por questionar o presente de vacas velhas e inteis que seu pai tencionava dar s

    pessoas piedosas.

    31. Anusasanaparva (Anushaasanaparva). Famosa seo do Mahabharatha que

    trata dos princpios morais.

  • UPANISHAD VAHINI

    21

    nishad tornou-se famosa por sua clareza e profundidade de imagina-

    o. Muitos dos pensamentos expressos aqui podem ser encontrados

    no Bhagavadgita. Uma vez que esta Upanishad pertence ao Katha Sa-

    akha da escola de Krishna Yajurdeva, ela chamada Kathopanishad.

    Um ritualista muito rigoroso chamado Vajasravas, tambm conhe-

    cido como Gouthama, realizou uma Yaga (sacrifcio). Como parte do

    sacrifcio, ofereceu vacas que no eram mais capazes de comer ca-

    pim ou beber gua e muito menos de produzir leite! Elas eram mui-

    to velhas para qualquer propsito til. Vendo isto, seu filho virtuoso

    e inteligente, chamado Nachikethas, percebeu que o pai estava em

    grande desgraa em virtude de suas oferendas pecaminosas. At onde

    ia o seu poder, o menino queria salvar o pai de seu destino. Ento per-

    guntou ao seu pai para quem ele pretendia oferec-lo como oferenda!

    Insistiu muito para que ele tambm fosse oferecido a algum. O pai fi-

    cou to enfurecido que gritou desgostoso, Eu estou oferecendo voc

    ao Deus da Morte!. Ento Nachikethas concluiu que as palavras de

    seu pai eram verdadeiras, apesar de terem sido pronunciadas em Jiva-

    loka, o reino contaminado pelo nascimento e morte. Assim, persuadiu

    o pai a oferec-lo a Yama por meio de um rgido ritual. Nachikethas,

    prontamente, dirigiu-se para a morada do Deus da Morte. Teve de

    esperar trs noites antes que pudesse ver Yama. Yama desculpou-se

    pela demora em receb-lo e lhe prometeu trs bnos, uma para

    cada noite passada do lado de fora de sua porta.

    Primeiro Nachikethas queria que, quando retornasse por ordem

    de Yama sua terra natal e ao seu lar, seu pai o recebesse com

    alegria, livre de qualquer raiva por sua impertinncia anterior, cheio

    de equanimidade mental. O seu segundo desejo era conhecer o se-

    gredo da inexistncia de fome ou de sede ou de medo da morte no

  • UPANISHAD VAHINI

    22

    cu. De boa vontade, Yama concedeu ao jovem essas bnos. Alm

    disso, Yama iniciou-o nos Mistrios de um ritual especial. Nachikethas

    ouviu tudo com reverncia e reteve rpida e claramente os detalhes

    daquele ritual. Yama estava to satisfeito com o seu novo discpulo que

    deu ao Yaga um novo nome: Nachiketha Agni! Esta foi uma bno

    a mais para o jovem visitante. Nachikethas disse: Mestre, o homem

    mortal. Mas alguns dizem que a morte no o fim, que existe uma entida-

    de, chamada Atma, que sobrevive ao corpo e aos sentidos. Outros argu-

    mentam que no existe tal entidade. Agora que eu tenho a oportunidade,

    gostaria de saber do Senhor a respeito do Atma.

    Yama quis testar as credenciais de firmeza e entusiasmo do seu

    questionador para conhecer a Sabedoria Mais Elevada. Se ele fos-

    se indigno, Yama no lhe comunicaria o entendimento do Atma.

    Assim, ao invs de responder pergunta, Ele lhe ofereceu vrias

    outras bnos, todas relacionadas prosperidade e felicidade

    mundanas. Disse-lhe que o Atma algo muito sutil e evasivo, que

    est alm do alcance do entendimento ordinrio e colocou diante

    dele outros presentes atraentes que poderiam ser aproveitados mais

    rapidamente e melhor. Nachikethas replicou: Venerado Mestre!

    Sua descrio da dificuldade de entendimento dessa Verdade me faz

    sentir que no devo deixar passar esta chance, pois no posso ter um

    instrutor mais qualificado que o Senhor para explic-la para mim. Pe-

    o-lhe isso como minha terceira bno e nenhuma outra coisa mais.

    Os benefcios alternativos que o Senhor colocou diante de mim no

    podem me assegurar o eterno benefcio que o Atmajnana (Sabedoria

    da verdadeira essncia) pode me conceder.

    Vendo esta Sraddha32 e esta firmeza, Yama ficou satisfeito e con-

    32. F.

  • UPANISHAD VAHINI

    23

    cluiu que Nachikethas estava pronto para receber a Sabedoria Mais

    Elevada. Ele disse: Bem, Meu querido rapaz! Existem dois tipos distin-

    tos de experincias e desejos chamados Sreyas33 e Preyas34. Ambos afe-

    tam o indivduo. O primeiro o liberta, o segundo o escraviza. Um leva

    salvao e o outro ao encarceramento! Se voc buscar o caminho

    de Preya, deixar longe, bem para trs, a realizao do maior objetivo

    do homem. O caminho de Sreya somente pode ser discernido pelo

    intelecto refinado, por Viveka (Discernimento). O caminho de Preya

    trilhado pelos ignorantes e pervertidos. Vidya (Sabedoria) revela

    Sreyas, e Avidya (Ignorncia) faz voc resvalar para Preyas. Natural-

    mente, aqueles que buscam o caminho de Sreyas so muito raros.

    Yama continuou: O Atma imperturbvel, sereno. a Conscincia,

    infinita e plena. Aquele que tiver conhecido o Atma no ser movido

    por idias dualistas como ser ou no ser, realizador e no-realiza-

    dor, etc. O Atma no um objeto a ser reconhecido! No o conhe-

    cedor, nem o conhecido e nem mesmo o conhecimento. Descobrin-

    do essa Viso mais suprema e informando uma dessas mais supremas

    Instrues, o Instrutor Brahman, e o Instrudo tambm Brahman. A

    compreenso dessa Verdade sempre presente nos salva de todo ape-

    go e perturbao e, assim, nos liberta do nascimento e da morte. Este

    grande Mistrio no pode ser apreendido pela lgica; deve ser obtido

    atravs da F no Cdigo das Leis (Smrithis) e vivenciado.

    O Atma pode ser conhecido apenas aps imensa perseverana. A

    pessoa deve desviar a mente do seu habitat natural o mundo obje-

    tivo e mant-la em absoluta equanimidade. Somente um heri pode

    ter xito nessa aventura interna solitria e sobrepujar os monstros do

    egosmo e da iluso! S essa vitria remove o sofrimento.

    33. Bem-aventurana.

    34. Satisfao dos sentidos.

  • UPANISHAD VAHINI

    24

    O ensinamento do Vedanta que a Verdade Mais Elevada pode

    ser realizada por todos. Todos os textos proclamam isso a uma s

    voz. Dizem tambm que o Pranava ou slaba OM o smbolo do

    Para (mais elevado) e do Apara (inferior) Brahman. Declaram que

    a Upasana do Pranava traz ao seu alcance at mesmo o estgio

    de Hiranyagarbha (a manifestao de Deus), ajudando-o, tambm, a

    alcanar os dois estgios de Brahman. O Hiranyagarbha est envolto

    pelo mais fino vu de Maya35 e, atravs do OM, este vu pode ser

    rasgado e ambos, Para e Apara Brahman, podem ser realizados.

    O Kathopanishad tambm acrescenta outras informaes acerca

    do Atma de diversas maneiras. Ele diz que o Atma imensurvel,

    que nunca poder ser contido por quaisquer limitaes, embora pos-

    sa parecer que sim. A imagem do Sol num lago tremula e balana

    devido ao tremular e balanar da superfcie da gua; mas o sol no

    mais do que uma testemunha distante. No afetado pelo meio

    que produz a sua imagem. Da mesma forma, o Atma a testemunha

    de todas essas mudanas no espao e no tempo.

    O Jiva, a Ignorncia Individualizada, o protagonista dos frutos das

    aes, do certo e do errado, do bem e do mal; jivi36 cria a escravido

    atravs do Egosmo e livra-se dela por meio de Buddhi (intelecto), a

    fora contrria ignorncia. Compreenda que tudo conquistado no

    momento em que os indriyas37 (internos e externos) so colocados fora

    de ao. Descarte-os como falsos e ilusrios. Junte-os todos no Manas

    (mente). Lance Manas de volta para Buddhi e Buddhi ou Inteligncia

    Individualizada de volta para a Inteligncia Csmica de Hiranyagarbha.

    35. Iluso. Crena de que o mundo dos fenmenos a nica realidade.

    36. Alma individualizada.

    37. rgos do conhecimento e da percepo.

  • UPANISHAD VAHINI

    25

    E, tendo atingido tal estgio do Sadhana, una a Inteligncia Csmica

    ao Atmathathwa do qual no mais que a sua manifestao. Ento

    voc atingir o estgio de Nivikalpasamadhi, a perfeita e serena equani-

    midade da Unidade Absoluta, que a sua verdadeira Natureza. Esse

    o segredo apresentado por esta Upanishad junto ao fato de que toda a

    criao uma proliferao de Nama (Nomes) e de Rupa (Formas).

    Iludido pela miragem, voc incapaz de ver o deserto desolado. Ame-

    drontado pela cobra (imaginada por voc, pois somente uma corda),

    incapaz de discernir a realidade bsica. A iluso sem comeo nem fim

    que assedia o Jivi deve ser destruda. O 14 mantra desta Upanishad

    acorda o Jivi do sono das eras e o conduz em direo meta.

    O Atma est alm d e Sabda (ouvidos), Sparsa (olhos), Rupa (for-

    ma), Rasa (sabor) e Gamdha (odor). infinito. Os sentidos esto

    ligados aos objetos, ao mundo externo. O Atma o instrumento

    principal de toda atividade e conhecimento, a fora motriz interna

    por trs de tudo o que existe. Essa iluso de diversidade, variedade,

    multiplicidade, numerosidade, tem de morrer. Ela nasce de Ajnana

    (ignorncia). A diversidade uma miragem causada pelas circuns-

    tncias. O sentimento de que voc est separado da Unidade a

    raiz de todo esse aparente Nascimento e Morte pelo qual o indiv-

    duo parece passar. Assim Yama declarou a Natureza de Brahman a

    Nachikethas para remover suas dvidas sobre esse assunto.

    Como a luz escondida pela fumaa, o Purusha38 do tamanho de

    um polegar (o Angushtamaathra39), brilha eternamente. Como a

    38. Homem em snscrito. Designa a divindade nica que impregna o universo.

    De acordo com alguns estudiosos, os deuses so meras interpretaes que o ser

    humano faz das mltiplas facetas do nico Purusha.

    39.Do tamanho do polegar.

  • UPANISHAD VAHINI

    26

    torrente de chuva que ao cair no pico de uma montanha se divide em

    milhares de riachos que escorrem montanha abaixo, o Jivi, que vi-

    vencia a multiplicidade e a diferena, escorrega na multiplicidade e se

    perde. Esta Upanishad anuncia que no existe nada mais elevado do

    que o Atma e nem igual a Ele. As razes de uma rvore so invisveis,

    esto escondidas debaixo da terra, mas seus efeitos esto evidentes

    nas flores que so visveis, no mesmo? Assim tambm com essa

    Samsaravriksha (rvore da vida). Dessa experincia, voc deve inferir

    que a raiz, Brahman, o sustento e o apoio, disse Yama.

    A rvore de Samsara como a mangueira do mgico, apenas uma

    iluso. Aquele que purificou o seu Buddhi pode ver, nesta mesma vida,

    o Atma nele como em um delicado espelho. Brahman Jneyam, aquilo

    conhecido pelo buscador do conhecimento; Upaasyam, o que ob-

    tido pelo buscador de realizaes. O Jnani libertado atravs de sua

    visualizao de Brahman, mas o Upasaka alcana Brahmaloka40 aps

    a morte. L ele se funde a Hiranyagarbha41 e, no final da kalpa (ciclo da

    humanidade), liberto juntamente com o prprio Hiranyagarbha.

    Nachikethas entendeu, sem nada perder, tudo que Yama disse-lhe

    nesse Brahma-vidya42 que ele lhe ensinou. Foi libertado pela Morte

    e alcanou Brahman. Portanto, este Brahma-vidya relevante at

    para aqueles que tentam saber o que ele pois, atravs dele, tornam

    sua personalidade melhor, livre das manchas do pecado.

    Esta Upanishad ensinou os assuntos fundamentais de diversas ma-

    neiras: Pranavaswarupa, Sreyas e Brahmavidya. Minha inteno en-

    40. O mundo de Brahman

    41. O deus Vdico da criao; o ser primordial do hinduismo. A semente primeva

    da qual Brahma nasceu.

    42. Conhecimento de Brahman, conhecimento divino.

  • UPANISHAD VAHINI

    27

    sinar a vocs a essncia destes ensinamentos. claro que um mantra

    suficiente para aqueles que possuem inteligncia aguada e para

    os que esto ansiosos por escapar da iluso. Para os estpidos, os

    indivduos estimulados pelos sentidos, imersos na busca secular pelos

    prazeres, os conselhos, ainda que abundantes, so um desperdcio.

    O Atma como o oceano. Para ensinar a uma pessoa sobre ele,

    no necessrio pedir que ela o beba por inteiro. Uma simples gota

    colocada em sua lngua dar-lhe- o conhecimento necessrio. Da

    mesma forma, se voc deseja conhecer a Upanishad, no preciso

    seguir todos os mantras. Aprenda e vivencie o significado de um

    mantra. Voc poder alcanar a Meta sem erro. Aprenda e prati-

    que. Aprenda a praticar: Esse o segredo do Ensinamento.

    IV MUNDAKOPANISHAD

    Esta Upanishad comea com uma Invocao, orando para que os

    olhos possam ver coisas auspiciosas, que os ouvidos possam ouvir sons

    auspiciosos e que a vida possa ser vivida na contemplao do Senhor.

    O ensinamento desta Upanishad denominado Brahma Vidya,

    seja porque descreve primeiramente a mensagem de Hiranyagarbha,

    o Brahma causal, ou porque a mensagem relata a glria de Brahman.

    Esta Upanishad fala do Brahma Vidya como o mistrio o qual somen-

    te aqueles que esto com as cabeas raspadas e que passaram pelo

    ritual do Fogo sobre as cabeas raspadas podem compreender. Por

    isso, a Upanishad chamada Mundaka ou Cabea Raspada. Alm

    disto, esta Upanishad venerada como o pice de todas as Upa-

    nishads, pois apresenta a verdadeira essncia do Brahma Jnana. Ela

    se encontra no quarto Veda, o Atharvana.

  • UPANISHAD VAHINI

    28

    Esse conhecimento foi transmitido oralmente de professor para

    aluno, enriquecido e confirmado pela experincia. Esta Upanishad

    tambm chamada de Paravidya, o conhecimento do Outro, quan-

    do trata do Princpio sem atributos. Quando trata do pleno de atri-

    butos, o Saguna, o princpio materializado, chamado Aparavidya,

    o conhecimento do Imanente, no o aspecto Transcendente de

    Brahman. Esses dois so encontrados nesta Upanishad. Foram en-

    sinados por Saunaka a Angirasa. Os Vedas e os Vedangas tratam

    do Aparavidya. As Upanishads ocupam-se especialmente do Paravi-

    dya. Contudo o aspecto interessante que o Aparavidya conduz ao

    Para, o conhecimento de Brahman, que a meta.

    A aranha cria fora de si a magnfica manifestao da teia. Da mes-

    ma forma, este jagath (mundo instvel, mutvel) manifestado a

    partir do causador Brahman. Jagat ou samsar o produto do com-

    plexo criador-criao. Isto verdadeiro, real e til quando no se

    est desperto para a Realidade. O mximo que se pode ganhar pela

    atividade, quer dizer, atividades santas e sagradas, o Cu ou Swar-

    ga, o qual possui um contrato de vida mais longo, mas que, apesar

    de tudo, tem um fim. Portanto, aquele que busca perde todo o an-

    seio pelo Cu e se aproxima de um professor mais velho, pleno de

    compaixo, que o instruir na disciplina da realizao de Brahman.

    Todos os seres so Brahman e nenhuma outra coisa mais. Todos

    eles emanam de Brahman. Como centelhas que emanam do fogo,

    como o cabelo que cresce da pele, mas diferente dela, assim

    tambm todos os seres emanam de Brahman. Brahman a causa do

    Sol, da Lua e das estrelas que giraram no espao. Brahman garante a

    conseqncia de todos os atos dos seres. O Jivi e o Iswara, ou seja,

    o Individual e o Universal so dois pssaros pousados na mesma

  • UPANISHAD VAHINI

    29

    rvore, isto , o corpo humano. O Jivi age e sofre as conseqn-

    cias desses atos. Iswara permanece quieto, como uma testemunha

    do outro pssaro. Quando o Jivi v Iswara e compreende que nada

    mais que a Sua imagem, liberta-se da desgraa e da dor. Quando

    a mente tomada pelo anseio de conhecer Iswara, todos os outros

    desejos inferiores diminuem e desaparecem. Ento, o conhecimento

    do Atma alcanado. O ltimo mantra desta Upanishad declara que

    o seu propsito fazer o homem atingir aquele Jnana (sabedoria).

    Munda significa cabea; podemos dizer que esta Upanishad a

    Cabea de todas as Upanishads. At mesmo o aforismo de Brahma

    (Brahma suthra) dedica dois captulos para explicar o significado

    interno dos mantras desta Upanishad.

    Ela possui trs sees, com dois captulos em cada uma. Na pri-

    meira seo trata-se do Aparavidya e na segunda do Paravidya e

    dos meios para domin-lo. Na terceira, definida a natureza da Re-

    alidade e da libertao da escravido. O Karma que ajuda a atingir

    Brahman est descrito nesses Mantras. por isso que esta Upanishad

    respeitada como muito sagrada.

    Como j mencionado, a aranha tece a teia a partir de si mesma,

    sem qualquer agente externo e, tambm, entra na teia que teceu.

    Do mesmo modo, a Criao foi efetuada sem um agente externo e,

    assim, o Universo foi emanado. Esta Natureza ou Prakriti apenas a

    transformao do Brahman bsico, como o pote do barro, a roupa

    do algodo, as jias do ouro. Por isso Brahman chamado a causa

    Upadana (Base Material) de Prakriti. tambm o Nimiththakarana

    (causa predeterminada) ou a causa Nimiththa (eficiente). Portanto,

    este somente Universo pode ser resultado de uma Inteligncia Su-

  • UPANISHAD VAHINI

    30

    prema, uma inteligncia que abrangente, um Sarvajna43. O Cu

    o estgio mais elevado atingvel atravs do Karma. Desses Karmas

    ou rituais, a adorao ao Fogo, chamada Agnihotra, o mais impor-

    tante. A realizao de tais rituais contribui para a limpeza da mente.

    Tal limpeza uma necessidade preliminar para o Paravidya. As cha-

    mas altas que crepitam do altar sacrificial do fogo fazem parecer,

    para o realizador do ritual, que elas o esto chamando para realizar

    a Realidade ou Brahman. Aquele que realiza o ritual com plena cons-

    cincia do significado do Mantra capaz de alcanar o Esplendor

    Solar atravs das ofertas realizadas. Essas ofertas o levam regio

    de Indra, o Senhor dos Deuses.

    Os Vedas recomendam dois tipos obrigatrios de Karmas: Ishta44

    e Poortha.45 Os rituais como o Agnihotra, a adeso Verdade, os

    Tapas ou ascetismo, o Veda-adhyayanam ou o estudo dos Vedas, o

    servio oferecido aos hspedes em sua casa todos estes so Ishta.

    A construo de templos, hospedarias, casas de repouso, depsitos,

    plantio de rvores nas avenidas tais atos so Poortha. Todas essas

    aes so benficas, porm todas essas correntes de causa e efeito

    so transitrias, fundamentalmente incompletas.

    Toda a Criao limitada por nomes e formas e, portanto, toda

    ela irreal. Pode ser descrita por palavras, sendo limitada e cir-

    cunscrita pelo intelecto e pela mente. Somente o Paramapurusha, a

    Personalidade Suprema, eterna, real e pura. Ele o incitador das

    atividades e o distribuidor das conseqncias. Porm, est alm

    dos olhos, alm do intelecto. Como os raios da roda de uma bici-

    43. Onisciente.

    44. Em snscrito: Bem-amado, querido, desejado.

    45. Em snscrito: Escassez, insuficincia, pobreza.

  • UPANISHAD VAHINI

    31

    cleta que se irradiam do centro ligando todas as direes ao eixo,

    toda a Criao irradia Dele.

    Para se alcanar o centro do eixo da roda e conhecer todos os

    raios que se irradiam dele, a mente o instrumento. Brahman, o alvo,

    deve ser atingido pela flecha da mente. Mantendo a mente fixa no

    alvo e utilizando os ensinamentos das Upanishads como arco, atire

    firme em direo ao alvo para atingir Brahman, o Mestre. Isso quer

    dizer que o Pranava ou o OM a flecha, Brahman o alvo.

    Brahman ilumina o Jivi por meio do Seu reflexo na conscincia inter-

    na ou Anthahkarana. Deve-se apenas levar essa conscincia para fora

    do mundo objetivo, cujo contato contamina a mente. Agora, treine a

    conscincia interior para meditar no OM, com ateno concentrada.

    Medite no Atma como no afetado pelo Jivi, embora esteja nele, com

    ele e fazendo-o funcionar. Medite sobre Ele no seu corao, do qual

    se irradiam incontveis nadis, nervos sutis, em todas as direes. Se

    este processo for seguido, atinge-se Jnana ou Sabedoria.

    O Universo um instrumento para revelar a majestade de Deus.

    O firmamento interno no corao do homem igualmente uma re-

    velao da Sua Glria. Ele a Respirao de sua respirao. Visto

    que no possui uma forma especfica, no pode ser indicado por

    palavras. Nem Seu mistrio pode ser penetrado pelos outros sen-

    tidos. Ele est alm do alcance do ascetismo, alm dos limites dos

    rituais Vdicos. Pode ser conhecido somente por um intelecto do

    qual tenha sido retirado todo o trao de apego e dio, de egosmo

    e do sentido de posse.

    Somente Jnana pode garantir a auto-realizao. A Meditao

    (Dhyana) pode conferir a concentrao das faculdades do ser. Por

    meio dessa concentrao, Jnana pode ser alcanada, mesmo en-

  • UPANISHAD VAHINI

    32

    quanto estiver no corpo. Brahman ativa o corpo por meio dos cinco

    ares vitais ou Pranas. Concorda em revelar-Se nesse mesmo corpo

    assim que a conscincia interna atinge a pureza necessria. Pois o

    Atma est imanente nos sentidos internos e externos como o calor no

    combustvel e a manteiga no leite. A conscincia como um combus-

    tvel adulterado, absorvida pela impureza dos desejos sensrios e dos

    desapontamentos. Quando o lago do corao fica limpo de sua cama-

    da lodosa, o Atma brilha em seu puro esplendor. Aquele que adquire

    o conhecimento deste Atma deve ser reverenciado, pois est liberto.

    Tornou-se Brahman, aquele pelo qual lutou para conhecer e ser.

    V- MANDUKYOPANISHAD

    Esta Upanishad o mago da Vedanta. a mais profunda dentre

    todas as Upanishads. tambm a mais importante de todas, pos-

    suindo a distino de ser recomendada como, por si s, suficiente

    para conduzir o homem salvao. muito breve, consistindo numa

    dzia de Mantras! Eles esto divididos em quatro sees: Agama,

    Vaithathya, Adwaita e Alathashanti. No Agamaprakarana exposta

    a doutrina secreta do Pranava, que a chave para a auto-realizao.

    No segundo Prakarana discute-se e refuta-se a doutrina do Dualis-

    mo, o grande obstculo para a libertao. No terceiro apresentado

    o Adwaita ou a Unidade no-dual. O ltimo Prakarana descreve cer-

    tas doutrinas no-vdicas mutuamente contraditrias e as rejeita.

    Nenhum som est fora do alcance do OM; todos os sons so

    permutaes e produtos do OM. Brahman tambm OM, iden-

    tificado por Ele e com Ele. O Brahman, que est alm da Viso,

    manifesta-se para a viso como Atma.

  • UPANISHAD VAHINI

    33

    As distines de Viswa, Taijasa e Prajna, so apenas aparncias im-

    postas pelo Atma, o que quer dizer que o Atma continua o mesmo,

    inalterado pelos estados de viglia, sonho e sono profundo da existn-

    cia humana. Este Atma, e o Atma ao qual a pessoa se refere como

    Eu, so o mesmo ser. O Eu ou o Atma nadam como um peixe no

    rio, sem prestar ateno nessa margem ou naquela, apesar das guas

    serem limitadas e guiadas por elas. No sono profundo todos os vasa-

    nas ou impulsos esto suspensos e, apesar de ainda persistirem, no

    esto manifestos ou ativos. No sonho, o homem segue os impulsos e

    se satisfaz com o processo. Todas as mltiplas influncias e atraes

    do mundo dos sentidos, que empurram o homem em direo aos ob-

    jetos sua volta, nascem durante os estgios de viglia e de sonho. A

    mente est cheia de agitaes e essas so os campos frteis onde os

    vasanas crescem, multiplicam-se e criam razes. Na verdade, a mente

    agitada que causa a Criao, que est por detrs de toda Srishti.

    Existe, todavia, um quarto estgio distinto desses trs: chamado

    Thuriya! Esse estgio no pode ser descrito por palavras ou mes-

    mo imaginado pela mente, pois est alm do Intelecto (Buddhi) e

    da Mente (Manas). A experincia desse estgio inadequadamente

    descrita como Paz (Shanti), Graa (Sivam), Unicidade (Adwaita).

    tudo isso. Paz. Graa. Unicidade. As agitaes mentais so pa-

    ralisadas e no existe mais mente. O estgio Amanaska a conquista

    da mente, a sua negao. Que vitria ele significa! Pois no sono

    profundo a Mente est latente; no sonho, est inquieta e agitada; no

    estado desperto est ativa e motivada. Em todos esses trs estgios a

    Verdade permanece desconhecida. O mundo objetivo nada mais

    que uma iluso da mente agitada, a sobreposio de uma cobra ine-

    xistente sobre uma corda. O mundo no nasce, nem morre. Ele nas-

  • UPANISHAD VAHINI

    34

    ce quando voc ignorante; ele morre quando voc se torna sbio.

    O AUM do Omkara, representando os aspectos Viswa, Taijasa e

    Prajna dos estgios de viglia, sonho e sono profundo da existncia

    teem, cada um, um papel particular a desempenhar no Sadhana (Dis-

    ciplina espiritual). A Upasana, onde o A mais enfatizado, produz

    a realizao de todos os desejos. Se a concentrao for sobre o U,

    ento o Jnana aumenta, e se o M for especialmente adorado na Upa-

    sana, a unio final da Alma com o Supremo realizada. Upasaka

    do AUM (Pranava) tambm ganharo conhecimento da Verdade do

    mundo e da Criao. Por isso, Upasaka do Pranava atrai para si mes-

    mo a reverncia a tudo.

    O A, U e o M derivam um do outro no Pranava e, finalmente, unem-

    se num A-Mantra, uma ressonncia sem letras que se dilui at o siln-

    cio. Esse o smbolo de Shanti, de Sivam e de Adwaita, a juno da

    alma individual com a Universal, aps o desprendimento dos limites

    particulares dos nomes e das formas. Isto no tudo. Os Karikas 24-29

    desta Upanishad louvam o Pranava como a causa da Criao. ele

    exaltado como a extino de toda a dor. Por qu? Porque aquele que

    medita no OM, sempre consciente de seu significado, pode mover-se

    firmemente em direo a uma Percepo do Real por detrs de todas

    estas irreais Aparncias, ao prprio Paramatmtattwa .

    Na primeira seo, a unidade especial ( Adwaitica) do Atma esta-

    belecida de uma forma geral. Na segunda, como foi dito, o posicio-

    namento de duas entidades, Deus e o mundo, apresentado como

    um erro, algo impermanente. Na seo chamada especificamente de

    Adwaita, a doutrina estabelecida por meio de argumentos e afirma-

    es. No principio, o mundo era latente e imanifesto. Brahma seria

    Ele prprio um efeito e, portanto, o reflexo no efeito no conduzir

  • UPANISHAD VAHINI

    35

    o homem at a fonte de todas as coisas. O Brahma revelado nesta

    Upanishad no o Efeito, mas sim a Causa Primeira. Ele no nascido,

    nem limitado, no estando dividido em todos esses muitos.

    O Atma como o Akasa ou ter e permeia tudo. Pode parecer

    contido em certos limites, como um pote ou um quarto e pode ser

    tido como individualizado. Mas esta limitao no verdadeira. O

    corpo tambm como o pote que, para todas as aparncias, limita

    o cu que est refletido nele. No existe nenhuma distino bsica

    entre o cu dentro do pote e o cu fora dele. Retire esse fator limi-

    tador e eles sero Um. Quando o corpo destrudo, o Jivi funde-se

    no Universal ou no Paramatma. a limitao que parece qualificar o

    Atma de forma diferente do prprio Paramatma. O Jivi nunca deve

    ser considerado um membro ou um avayava, uma adaptao ou

    Mutao (Vikara) do Paramatma.

    O nascimento e a morte do Jivi, como ser errante no espao de

    um Mundo (Loka) para outro, totalmente irreal. aparncia, no

    realidade. Mergulhe profundamente na questo e ver que Dwaita

    no oposto ao Adwaita. A oposio est entre as diversas religies

    Dwaitas e as diversas escolas de pensamento. Para um Adwaita,

    tudo Parabrahman e, portanto, ele desconhece o antagonismo.

    Para o Dwaita, sempre existe a atmosfera de apego, orgulho e dio,

    pois onde existem dois, existe sempre medo e apego e todas as con-

    seqentes paixes. Adwaita a Mais Alta Verdade, Dwaita certa

    atitude mental. Assim, o dualismo pode mov-lo somente enquanto

    a mente estiver ativa. No estado de sono ou em Meditao Profunda

    (Samadhi) no existe o conhecimento de Dois. Quando prevalece

    Avidya, a diferena excessiva. Quando Vidya estabelecida, a

    Unidade vivenciada. Ento, no existe mais antagonismo ou dis-

  • UPANISHAD VAHINI

    36

    cusso entre Dwaita ou Adwaita. A corda a Causa de toda a iluso

    e desiluso, Brahman a Causa de toda esta Iluso e Desiluso de-

    signada pela palavra Mundo ou Jagat.

    No correto dizer que Paramatma nasce como Jagat, pois como

    pode ser mudada uma de suas qualidades essenciais, Svabhava (Es-

    sncia natural, Realidade, Verdade)? A multiplicidade no carac-

    terstica de Paramatmatatwa. Os Sruthis46 declaram isto em vrios

    contextos. Eles at condenam aqueles que O vem como vrios. A

    Testemunha de todas as fases da mente, at mesmo de sua aniquila-

    o, jamais ser conhecida pela Mente. Somente essa Testemunha

    eterna, no afetada pelo Tempo e pelo Espao. Essa Testemunha

    Atmachaitanya, Sathyam ( a Verdade). O resto irreal.

    Volte a sua mente para longe do mundo sensrio, pela prtica do

    discernimento e do desapego. Ento, voc atingir A-manobhava,

    a experincia da no-mente. Bem, voc deve se lembrar de outra

    coisa: tentar o controle da mente, sem um claro entendimento da

    natureza do mundo dos sentidos um esforo vo e intil. O apego

    no terminar e as agitaes no cessaro to facilmente.

    Eles brotaro rapidamente na primeira oportunidade. O que deve

    ser feito passar a inatividade da mente durante o estgio do sono

    profundo para um estgio de inefetividade permanente. Quando a

    convico de que todas as experincias dos sentidos so irreais fi-

    car bem e completamente estabilizada, a mente no mais ser um

    instrumento de perturbao. Ficar sem foras, como um membro

    morto. Por mais faminto que um homem possa estar, ele certamen-

    te no ansioso por excrementos, no ?

    46. Escrituras Sagradas.

  • UPANISHAD VAHINI

    37

    Saber que o Atma, que a meta da realizao, isento de sono,

    nascimento, nome, forma e assim por diante, saber que Ele eter-

    namente auto-efulgente, Nithyaswayamprakasa, transcender todos

    os Vikaras ou agitaes da Mente. Tentar refrear a mente sem a

    ajuda do discernimento ou fazer saber ao homem a irrealidade dos

    objetos dos sentidos (Vishaya) sem o adequado preparo interno

    como tentar esvaziar o oceano com uma folha de capim. tolice e

    no produz resultado. Permanea firmemente fixado na convico

    de que o mundo um mito e ento poder aspirar por Prasanthi e

    Abhaya, a Paz Suprema e o Destemor.

    Como existe uma fora motivadora por trs de todo nascimento ou

    produto, deve haver um propsito, seja a Existncia Absoluta (Sat) ou

    Mundo Ilusrio (A-sat), ou Sat-asat , no ? Qual exatamente a trans-

    formao que ocorre? Segundo certa concepo, a Causa ou Karana

    sofre uma mudana ou vikara e transforma-se em objeto fsico, matria

    (karya). Todavia, Sat no possui vikara, por isso nenhum nascimento

    possvel a partir de Sat. Asathya vazio e nada pode emanar dele.

    Sat e A-sat so inconcebveis juntos. Portanto, logicamente, nada pode

    nascer ou ser produzido. Karana no pode tornar-se karya.

    Quando voc se lembra do fogo, no sente o calor. Apenas

    quando aproxima suas mos dele que o sente. Assim tambm

    todos os objetos so diferentes da Jnana - Sabedoria acerca deles.

    O Conhecimento uma coisa, a experincia real outra. Alm do

    mais, a busca pela Causa Primeira uma aventura sem fim, pois,

    mesmo na completa ausncia da cobra, algum pode v-la na

    corda. apenas uma inveno da imaginao. Nos sonhos, onde

    nada concreto, passa-se por todos os prazeres e tristezas da

    multiplicidade. Nenhuma base ou explanao necessria para

  • UPANISHAD VAHINI

    38

    as maquinaes e inferncias da mente. As concluses irrespon-

    sveis acerca do mundo irreal atormentaro a mente enquanto a

    iluminao da Verdade for ausente. Abraar a Iluso o fardo

    dos que so esmagados por Avidya e/ou Ajnana.

    Esta Upanishad declarou, de forma inequvoca, que Sat nunca po-

    der ser a Causa para Karya, isto , Asat. O mundo externo criado

    pelo nosso prprio chitta (pensamento) como a fumaa emanando

    de uma vareta de incenso acesa. Tudo aparncia, Adhyasa (a so-

    breposio de uma coisa sobre a outra), Abhasa, algo tomado erro-

    neamente como estando l, mas realmente inexistente. A atmosfera

    de Ajnana o campo frtil para o seu nascimento e multiplicao. O

    ciclo de nascimentos e mortes (Samsara), que possui a caracterstica

    dual da evoluo, de origem e destruio, o fruto deste engano.

    Uma vez que Paramatma Sarvatmaswarupa (a encarnao de

    todos os atmas), no possvel que surja nele Causa-Efeito, Desejo-

    Satisfao ou Propsito-Produto. Para aquele que tem a viso do

    Atma, tudo Atma. A semente infectada de maya germinar na rvo-

    re infectada de maya: ambas so falsas e efmeras. Assim tambm

    o nascimento e a morte do Jivi so ambos falsos. So meras pala-

    vras, no significam nada. O que visto nos sonhos no distinto

    do sonhador. Pode parecer diferente e fora do sonhador, mas, na

    realidade, parte do sonhador, surgindo da sua prpria conscin-

    cia. Aquele que a testemunha no tem comeo ou fim. No est

    preso aos deveres e obrigaes, ao certo ou errado. Saber disto, e

    ficar firme nesse conhecimento, atingir a libertao dos grilhes.

    o tremular de Chiththa que origina as coisas. Chittaspandana a

    causa de Uthpaththi.

  • UPANISHAD VAHINI

    39

    VI BRIHADARANYAKOPANISHAD

    O Brihadaranyakopanishad est anexado ao Sukla Yajur Veda. Possui

    seis sees, das quais todas, exceto a terceira e a quarta, descrevem

    Upasana ou Adorao associada ao Karma ou Aes Ritualsticas. A ter-

    ceira e a quarta sees tratam dos ensinamentos de Yajnavalkya sobre

    as Verdades Espirituais transmitidas a Janaka47. A grandeza da superio-

    ridade intelectual desse sbio impressionantemente evidente nessa

    Upanishad. Para os aspirantes ansiosos por alcanar o objetivo final da

    Libertao, esta parte do Brihadaaranya oferece a melhor orientao.

    Assim sendo, as sees so designadas Yajnavalkya Kanda (Caminho

    de Yajnavalkya). a ltima das famosas dez Upanishads. Por causa do

    seu tamanho, chamada Brihath ou Grande. Uma vez que mais bem

    estudada no silncio da floresta ou Aranya um Aranyaka. Como instrui

    acerca de Brahma janana, classificada como uma Upanishad.

    Os eruditos tm designado as primeiras duas sees desse Tex-

    to como Madhura-kanda, as duas seguintes como Muni-Kanda e as

    duas ltimas como Khila-kanda. Khila significa apndice, portanto o

    nome apropriado. A primeira seo trata dos princpios bsicos,

    como eles se apresentam. A segunda seo prova as suas verdades

    referindo-se s experincias recebidas. A terceira seo mostra como

    praticar essas verdades e alcanar o domnio sobre elas. A primeira

    47. Rei do reino Mithila. mencionado no Ramayana como pai de Sita, esposa

    de Rama. Janaka no era apenas um bravo rei, mas tambm era bem-versado nos

    Shastras e nos Vedas como qualquer rishi. Foi o amado pupilo de Yaajnavalkya,

    cuja exposio de Brahman ao rei constitui-se em um captulo da Brihadaranyaka

    Upanishad. Na Bhagavad Gita, Sri Krishna cita Janaka como um ilustre exemplo

    do Karma Yoga.

  • UPANISHAD VAHINI

    40

    seo ensina o Jnana, que essencial para o progresso espiritual e

    est relacionado aos caminhos do Karma e Upasana. Essa seo no

    apenas uma mera e rida disciplina puramente intelectual.

    Para aqueles ansiosos em obter Jnana, existem quatro instrumentos

    ou meios para se adquirir essa sabedoria. So eles: Pada, Bija, Sankhya

    e Rekha. Pada significa os Vedas e os Smrithis que tentam explic-los.

    Bija representa a gama inteira de mantras aprendida diretamente do

    Guru. O Sankhya de dois tipos: Vaidika e Loukika. Vaidika-Sankhya

    significa os clculos e as anlises quantitativas dos vrios mantras.

    Loukika-sankhya refere-se aos nmeros e suas correlaes no que diz

    respeito s suas relaes com o mundo externo e as inter-relaes das

    atividades humanas. O Rekha tambm possui duas dessas categorias:

    o Vaidika-Rekha que a parte da atividade Upasana mencionada nos

    Vedas e o Loukika-Rekha, a parte da Matemtica do Universo.

    O Madhura-Kanda descreve Brahmatatwa, ou o Princpio de Brah-

    ma, luz das categorias aceitas como detentoras de autoridade de

    acordo com as Escrituras. O Purusha o Indivduo Primevo, de quem

    e em quem todas estas multiplicidades de nomes e formas emanaram.

    Ns concebemos o Cavalo no Aswamedha (Ritual do Cavalo) como

    o prprio Prajapathi (Senhor da Criao). Ele conduzido para impor

    ao cavalo as caractersticas e atributos de Prajapathi, de forma que

    possa obter os frutos desse ritual. Essa parte do ritual conhecida

    como Aswa-Brahmana. Novamente o Fogo, que a figura central no

    sacrifcio, deve tambm ser sentido e consagrado como Prajapathi, e

    existem descries que atribuem as qualidades de Prajapathi ao Fogo

    (Agni). Por isso este ritual chamado Agni-brahmana.

    Este Jagat48, tomado como verdadeiro pelos iludidos, apenas

    uma mistura de Nomes e Formas destitudas da permanncia que

    48. A mudana, o mundo em mutao.

  • UPANISHAD VAHINI

    41

    somente o Atma pode ter. Assim , ele produz desgosto e descon-

    tentamento e causa a renncia ao crescimento. A mente fica pron-

    tamente livre dos apegos aos objetos do prazer sensrio e, atravs

    de sua tendncia natural, move-se em direo ao prprio Brahman.

    Todos os sons so nomes: vak ou voz a causa de seu surgimento .

    Rupa ou Forma o resultado da viso ou do olhar. Emerge do olho.

    Similarmente, o Karma possui o corpo como sua fonte, sendo o cor-

    po apenas um contexto para vak e outros instrumentos se manifes-

    tarem. A contemplao dessas verdades ajuda o processo do atma

    vichara (a investigao sobre a natureza do atma) a progredir.

    O Prana ou Ar Vital; o Corpo (Sarira) que a sua base, o Siras

    (cabea), que a sede dos instrumentos para aquisio do conhe-

    cimento; a fora que derivada do alimento todos estes assuntos

    so considerados nesta Upanishad.

    Assim como a doura de mil flores est concentrada no mel, este

    Jagat uma concatenao dos elementos. Dharma, Sathya e outros

    princpios abstratos, o homem e outros seres vivos concretos, o

    Virat-Purusha e suas concepes novamente, todos so os efei-

    tos do mesmo Brahmatatwa, isto , um Tatwa (princpio) imortal e

    imutvel. A compreenso de que o Tatwa que inerente a todo

    indivduo chamada de Brahma-Jnana.

    Janaka, o Rei de Videha, celebrou um Sacrifcio doando imensas ri-

    quezas em presentes. Vrios Brmanes assistiram esse Yaga49 no ter-

    ritrio de Kuru-Panchala. O rei possua milhares de vacas decoradas

    com tornozeleiras, colares e adornos de chifre, todos de ouro. Ele

    anunciou que elas seriam doadas a qualquer um que lhe ensinasse

    o Brahman. Muitos Brmanes, apesar de grandes eruditos em suas

    49. O mesmo que yajna, sacrifcio.

  • UPANISHAD VAHINI

    42

    prprias linhas de pensamento, hesitaram em reivindicar as vacas

    com medo do fracasso. Mas Yajnavalkya estava to confiante que

    pediu aos seus alunos para conduzir as vacas para o seu Ashram! Os

    outros Brmanes ficaram enfurecidos com a sua audcia e comea-

    ram a testar a sua erudio e experincia.

    O primeiro a se apresentar para desafiar Yajnavalkya foi o sacerdote

    da famlia de Janaka. A resposta que o sbio deu sua pergunta escla-

    receu o mtodo de alcanar o Atma encapsulado nos pranas atravs

    da associao de karma yoga com bhakthi yoga. No Yajna50, a voz de

    Rithwik51 Agni, Kala52 Vayu,53 a Mente do realizador Chandra54

    essa a maneira pela qual se pode alcanar o significado do ritual e

    libertar-se, por si mesmo, das limitaes da mortalidade.

    O prximo a interpelar o sbio foi Bujyu. Suas perguntas foram:

    existe alguma Entidade chamada Purusha (Imanncia do Divino no

    Homem) que governada pelos sentidos e est enredada nesta cor-

    rente chamada Samsara? Ou no existe um Purusha deste tipo? Se

    existir tal Purusha, quais so as suas caractersticas?

    Yajnavalkya respondeu: O seu Atma a Entidade sobre a qual

    voc perguntou. Assim como um instrumento de madeira no pode

    trabalhar por si mesmo, mas precisa ser movido por um poder ex-

    terno ou uma fora interna, ou como este brao somente pode ser

    50. um ritual de sacrifcio realizado para agradar aos Devas ou, s vezes, Brah-

    man, o Esprito Supremo. Envolve oferendas ao divino Agni, o fogo sacrificial.

    Acredita-se que tudo o que oferecido no divino Agni alcana os Devas.

    51. Sacerdote.

    52. O deus do tempo.

    53. O deus do vento.

    54. O deus da lua.

  • UPANISHAD VAHINI

    43

    movido desse modo quando a vontade trabalha sobre ele, assim

    tambm, sem a presidncia de um poder super-espiritual, o corpo

    no pode atuar, nem os ares vitais podem funcionar. Ele aquele

    que v atravs da funo de olhar. Ele quem escuta, no o ouvido.

    Esse Chethana ou Superconscincia que v, ouve e sente no passa

    de um reflexo do Atma na mente. Esse Chethana v at mesmo

    Aquele que v. O que acontece que o Chethana refletido na men-

    te move-se para fora atravs dos sentidos e agarra o mundo externo

    dos cinco elementos e assim, parece que ele - o Chethana - est

    engajado na atividade. Na verdade, ele no tem atividade.

    Esse Chethana o Atma. Est alm do alcance dos sentidos, acima

    e alm dos Sariras (corpos)sutil e causal. Tem sido entendido pela

    experincia que o Atma alcanado atravs da renncia total. O

    apego a filhos, riquezas, esposas, etc. tudo isso deve ser abando-

    nado. Estes apegos originam-se do Kama, Desejo, porque todas as

    atividades, sejam comuns, rituais ou de venerao, so basicamente

    produtos de Kama. O desejo pelo fruto tambm est presente no

    Karma-sadhana. No se pode negar isso.Portanto, essas aes esto

    em oposio verdadeira renncia (Sanyas).

    A luz e a sombra no podem estar juntas no mesmo tempo e lugar.

    Assim tambm a Atividade-Karma e Atma-Jnana (sabedoria do Atma)

    no podem estar juntas. Sanyas Sarvakriya-parithyaga (renncia a

    todas as atividades). Mendigar comida Karma e portanto, contra

    Sanyas. Os Brmanes da antiguidade sabiam disso. Eles se libertaram

    do apego e, atravs do caminho do Nivritti ou fuso, alcanaram a

    Realizao(ou Iluminao). Somente um Brmane aquele que se

    desligou de todas as coisas no concernentes ao propsito tmico.

    Todas as demais credenciais so secundrias.

  • UPANISHAD VAHINI

    44

    Nesta Upanishad descrito o Sarvantharyamithwa do Atma (o Prin-

    cpio Atmico que habita em todos os seres). Toda esta terra torna-se

    habitvel pela associao com a gua pois, em caso contrrio ela

    seria pulverizada como um monte de farinha de arroz. Gargi pergun-

    tou a Yajnavalkya sobre em que se baseia a Terra. Esta pergunta e a

    resposta apresentada nos informaram que essa Terra, gua, Akasa,

    Surya, Chandra, Nakshatra, Deva, Indra, Prajapathi, Brahma-loka

    tudo isso, foi tecido, um aps o outro, a partir do Paramathmatha-

    thwa, que a urdidura e a trama, a vestimenta da Criao. Tais ver-

    dades esto alm do alcance da imaginao do homem. Elas devem

    ser assimiladas dos Sastras, atravs de um intelecto esclarecido.

    Yajnavalkya refutou os argumentos de Gargi, pois suas questes

    no poderiam ser resolvidas por meio de meras faanhas intelectu-

    ais, mas somente pela intuio obtida da orientao de um Guru.

    A Terra permeada e protegida por Vayu, ou ar. O Universal in-

    dividualizado, de acordo com as impresses das experincias em

    vidas anteriores, associado aos cinco Karmendriyas (rgos pelos

    quais agimos no mundo: mos, ps genitlia, nus e boca), aos cinco

    Jnanendriyas (os cinco rgos dos sentidos), aos cinco Pranas (ares

    que sustentam o corpo), Manas (mente) e Buddhi (intelecto) so

    dezessete instrumentos ao todo. O corpo concreto um Vikara ou

    uma mutao da Terra e est permeado por Vayu ou ar. Existem

    quarenta e nove partculas de terra ou angas que podem ser identi-

    ficadas no corpo e, como um cordo que mantm as prolas juntas,

    o ar mantm essas partculas unidas como um todo coordenado.

    Quando o ar deixa o corpo definitivamente, os angas ficam dis-

    sociados e dispersos. O corpo, ento, torna-se um cadver. Existe

    porm um Antharyami, um esprito imanente no domiclio do com-

  • UPANISHAD VAHINI

    45

    plexo corporal, o mistrio que est alm do alcance desse complexo,

    a fora motivadora dos impulsos e intenes desse complexo; esse

    Antharyami no morre; o Atma.

    Gargi colocou sua segunda pergunta, aps a devida permisso da

    assemblia, pois no corts proferir questes sem tal aviso a todos

    os participantes. Sua pergunta foi: onde se apia a Essncia Inte-

    rior o Atma no Passado, no Presente e no Futuro, neste Mundo

    Dual? A inteno de Gargi era causar embarao a Yajnavalkya, pois

    ele seria forado a admitir que a Entidade atemporal est alm das

    palavras e de nenhuma forma pode ser descrita. Isto ainda mostrou

    que Gargi tambm era versada em Brahmajnana e, portanto, pode-se

    inferir que no campo de Brahmavidya no h lugar para distines

    baseadas no sexo.

    Os Brahmavids ou mestres da sabedoria bramnica declaram que

    Parabrahma imanente no Akasa (espao, ter) imanifesto disse Ya-

    jnavalkya, escapando assim da situao constrangedora em que Gar-

    gi queria coloc-lo. E descreveu a natureza do Indestrutvel Akshara

    (Imperecvel) dessa forma: no possui espessura, no sofre qualquer

    mudana sutil ou similar; no possui qualificaes materiais como cor,

    cheiro, forma, etc. No h medidas para compreend-Lo. O Tempo

    apenas a execuo da Sua Vontade. Por que desenvolver mais ra-

    ciocnio a respeito? O Sol e todos os cinco elementos cumprem a

    Sua Vontade. Gargi, ento, pediu aos Brmanes ali reunidos em as-

    semblia para se curvarem diante de Yajnavalkya e reconhecerem sua

    supremacia. Isso evitou quaisquer questionamentos posteriores.

    O Atma Efulgente, assim como o Sol, por sua verdadeira na-

    tureza. As pessoas dizem que vem o Atma ou Seu esplendor.

    Mas no existe v-Lo. Uma vez que no h um segundo ser, nada

  • UPANISHAD VAHINI

    46

    pode estar fora dEle. Ele no nem visto, nem pode ver. No possui

    rgos de viso ou olfato nem quaisquer partes as quais, quando

    coordenadas, possam realizar qualquer funo.

    Da menor alegria mais elevada Brahmananda (Bem-aventurana

    de Brahma), cada degrau um acrscimo de sensibilidade. Palavras

    como Paramananda (elevada felicidade) indicam apenas estgios de

    Ananda (Bem-aventurana). Em verdade, todos os tipos de Ananda

    derivam da fonte primria bsica de Bramananda. Yajnavalkya expli-

    cou tudo isto a Janaka, pois obteve grande deleite ao instruir o Rei

    com tudo o que conhecia.

    Como uma rvore germinando de uma minscula semente, o cor-

    po cresce, e a semente na fruta torna-se uma outra rvore. Quando

    o corpo, como uma fruta madura, cai no cho, o Vak (palavra, boca)

    e outros Indriyas (rgos sensoriais) tambm seguem o mesmo des-

    tino. A respirao tambm segue seu prprio caminho. Somente o

    Atma no afetado, seja de um modo ou de outro. Ele se mantm

    como sempre: impassvel, imvel.

    Atravs de aes pecaminosas, colhe-se o pecado, atravs das me-

    ritrias, o mrito, assim as ms aes (papa) e as boas aes (punya)

    se acumulam. Elas produzem os impulsos para um novo corpo, como

    a fora motriz primria do Sarira (corpo perecvel). O Atma deixa o

    antigo corpo com sua viso dirigida para o novo corpo a ocupar,

    como o gafanhoto que fixa suas patas dianteiras num lugar enquanto

    levanta suas patas traseiras da posio anterior. O Atmajnani, toda-

    via, no possui impulsos para as atividades do corpo e o Atma, no

    seu caso, no incomodado de forma alguma por um novo corpo.

    O Jnanamarga (caminho da sabedoria espiritual) o caminho para o

    Brahmavid, o conhecedor de Brahma.

  • UPANISHAD VAHINI

    47

    Os entusiastas do Karma so levados a Thapas (penitncias), o At-

    majnani escapou do Kama ou desejo e, portanto, sua mente desco-

    nhece a angstia, a agonia ou o anseio, que a marca do Thapas. Ele

    Viswakartha o verdadeiro artista que seguiu a Viswa ou Criao.

    Aquele que atingiu a viso de Brahmanidade nada mais tem a alcan-

    ar ou realizar, a guardar ou procurar.

    A instruo que Yajnavalkya fornece nesta Upanishad a Maithreyi,

    sua consorte, revela-nos claramente o Atmajnana que recebido

    aps o estudo dos Sastras, tendo Tarka (Lgica)55 como companhia

    constante. A instruo tambm descreve os princpios da renncia

    (Sanyas), que o instrumento para obter esse Jnana. O mundo sen-

    srio inteiro e tambm os sentidos tm de ser equiparados apenas

    com a realidade de um sonho. No existe utilidade em persegui-los

    considerando-os como definitivos e de valor.

    Somente o Atma deve ser amado. Todas as outras coisas so ama-

    das atravs do amor a Atma. Quando o Atma entendido, tudo o

    mais entendido. Todos os efeitos esto subordinadas Causa. O

    oceano o objetivo de todas as guas; assim tambm, todos os

    gostos encontram seu objetivo na lngua; todas as formas realizam-

    se nos olhos; todos os sons so para os ouvidos; todas as resolues

    tm a mente como seu objetivo. Isso quer dizer que o Jagath inteiro

    funde-se em Brahman.

    Em sua resposta a Bhujyu, Yajnavalkya revela o seu conhecimento

    do processo de evoluo do Universo, o Brahmanda-nirmana. Em

    sua resposta s duas questes de Gargi, revela e instrui acerca da for-

    ma divina (Swarupa) de Brahman que perceptvel (Aparoksha). No

    55. N.R. = no original est escrito : Sastras, tendo a Tarka ( Lgica) como compan-

    hia constante.

  • UPANISHAD VAHINI

    48

    Sakalyabrahmana, o sbio pasmou a todos com sua erudio sobre

    os mistrios espirituais. Obteve a vitria no Saguo de Janaka como o

    mais sbio da terra. Santificou o lugar com seus ensinamentos. Enfren-

    tou os duros testes do desonesto Bhujyu e testes mais duros da vida

    inquiridora, Gargi, com igual equanimidade e destreza. Foi aclama-

    do como a jia da coroa dos eruditos. Claro, ele mesmo reconhecia

    a grandeza onde quer que a encontrasse. Era generoso o suficiente

    para reconhecer a grandeza daqueles que tinham sido os instrutores

    de Janaka at aquele momento. Finalmente, sentiu que nada mais ti-

    nha a ensinar ou a ganhar e ento tornou-se um monge. Entendendo

    que Maitreyi, sua consorte, estava tambm desejosa de atingir a Re-

    alizao, instruiu-a em Brahma-Jnana, uma vez que, naqueles dias, as

    mulheres eram consideradas igualmente aptas para praticar o Jnana-

    marga (caminho da sabedoria), que conduz Libertao.

    Contemple isso e atinja o estgio Thuriya (estgio alm do samadhi,

    Super Conscincia)de conscincia. Ento, o nome (nama), a forma

    (rupa), o objeto (vasthu) e o sentimento (bhava), todos se fundiro

    no Todo-penetrante e Todo-inclusivo Atma.

    Essa Upanishad ensina a filosofia essencial nos seus termos mais

    sintticos. Ela no se refere, de modo algum ao Karma e outros as-

    suntos similares. Ocupa-se puramente da Cincia do Atmatatwa.

    VII - PRASNOPANISHAD

    Prasnopanishad um anexo do Atharvana Veda. assim chamado por

    estar em forma de perguntas (Prasna) e respostas. Desse modo discute-se

    com mais detalhes alguns tpicos tratados com brevidade na Mundakopa-

    nishad. Esta Upanishad tornou-se um comentrio da Mundakopanishad.

  • UPANISHAD VAHINI

    49

    Por exemplo, a Mundaka diz que Vidya de dois tipos: Para e Apa-

    ra; e que Apara Vidya de dois tipos: Karma e Upasana. Desses, a

    segunda e terceira Prasnas nesta Upanishad tratam de Upasana. Uma

    vez que a disciplina do Karma coberta na ntegra no Karma kanda

    (caminho da ao), ela no desenvolvida aqui. Quando tanto, o

    Karma como o Upasana so praticados, independentemente dos seus

    frutos, eles promovem a renncia e o desapego. Esta a concluso a

    que se chega na primeira Prasna. Desse modo, se o Prasnopanishad

    for estudado aps o Mundaka, o assunto torna-se mais claro.

    Das duas entidades, Parabrahma (Deus, Super-alma Universal) e A-

    parabrahma (o eu inferior no relacionado com a Super-alma), o A-

    parabrahma incapaz de conferir as Purusha-arthas (metas da vida),

    que so de valor permanente. Ao compreender isto e vidos para

    atingir o Eterno Parabrahma, os aspirantes aproximam-se do Professor

    competente, chamado Pippalada. A palavra Anveshamaanaa (busca),

    utilizada aqui para significar a atitude dos discpulos e mostra que

    aqueles ligados ao A-parabrahma falham em identificar o Atma como

    sua prpria verdade bsica. por esta razo que eles ainda o procu-

    ram em algum lugar fora da verdade do seu ser! O eterno princpio

    nico de Parabrahma pode ser conhecido somente por meio da disci-

    plina dos Sastras, conduzidos pessoalmente por um Guru ou Mestre.

    Aqueles que buscam tm de se aproximar do Guru como um Sa-

    mith-pani, quer dizer no simplesmente segurando o combustvel

    ritualstico, o fogo do sacrifcio. Tambm implica na apresentao

    de oferendas desejveis e dignas. Aqueles que buscam encontram

    com Pippalada e ele lhes diz: O raro e precioso ensinamento, rela-

    cionado com o mistrio fundamental do Universo e do Eu, conheci-

    do como Brahmavidya, no pode ser comunicado a um no-iniciado.

  • UPANISHAD VAHINI

    50

    Os estudantes devem ser primeiro submetidos a observaes e tes-

    tados durante um ano.

    Quando o ano terminou , Kathyayana perguntou a Pippalada: Por

    que razo os seres nascem? Esta foi a resposta do Guru: Aqueles

    que desejam descendncia so Prajakamas, seu desejo basicamen-

    te tornarem-se prognies para se perpetuarem. O Hiranyagarbha ,

    que no separado de Para-Brahma, o Prajapathi. Hiranyagarbha,

    como Prajapathi, deseja a descendncia. Ele possui traos de A-Pa-

    ravidya das origens passadas vinculadas a Ele, que induzem Nele o

    desejo de procriar. Esta a resposta do Guru.

    Surya ou o Sol, com Seus Raios, ilumin