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VISÃO HISTÓRICA DA IGREJA DA IRMANDADE Das origens aos dias de hoje Dr. Marcos Roberto Inhauser

Visão Histórica da Igreja da Irmandade - Das Origens aos Dias de Hoje

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Marcos Inhauser

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VISÃO HISTÓRICA

DA IGREJA DA IRMANDADE

Das origens aos dias de hoje

Dr. Marcos Roberto Inhauser

NOTAS DO AUTOR

O presente texto foi elaborado com base nos dados e material preparado por Galé Hackman para a Igreja da Nigéria. O texto foi inicialmente traduzido pelo autor para o espanhol, para ser usado na Iglesia de los Hermanos de la República Dominicana. Mais tarde, foi por mim traduzido e editado em português.

Nesta edição, além de fazer uma completa revisão do texto, o mesmo foi reformatado, perdendo sua característica de texto autodidático com que foi elaborado, passando a ser narrativo e descritivo dos fatos históricos. Também foram atualizadas várias informações e adicionadas outras para que o texto tivesse pertinência à igreja brasileira. Pelas adições, edições e atual formatação, o autor da versão ora apresentada se torna responsável.

Marcos Inhauser

Igreja da Irmandade

CONTEXTO HISTÓRICO DA IRMANDADE NA EUROPA

CONDIÇÕES DE VIDA NA EUROPA

A Irmandade começou em 1708 na área da Europa que hoje é a Alemanha. Para entender porque a Irmandade começou, devemos saber algo sobre a vida na Europa naquele tempo.

Os anos anteriores ao início da Irmandade foram muito difíceis. A Alemanha estava debilitada e não tinha governo central, mas muitos reis governavam pequenas áreas, com pouco acordo entre eles. Os direitos das pessoas eram frequentemente ignorados e havia muitas lutas que não permitiam o desenvolvimento do país.

Outros povos mais fortes tentaram dominar a Alemanha. Por muitos anos os franceses a invadiram e mataram a muitos, destruíram cidades e danificaram a terra para que as plantas não crescessem.

As guerras impediam o comércio e as pessoas não conseguiam o necessário para viver. Os reis cobravam pesados impostos sobre os produtos importados. Quem possuía terra fazia trabalhar a seus servos longas horas, os quais tinham pouco tempo para si mesmos. Algumas vezes os reis vendiam os homens para outras nações para que fossem soldados. Famílias se mudavam por causa da mortandade imposta pelo exército invasor e a venda de escravos. A população da Alemanha diminuiu muito neste tempo em função das guerras e enfermidades.

Havia Universidades na Alemanha, mas só para os ricos. Os reis e a igreja impediam que a pessoa comum se educasse, havendo muitos que não podiam nem ler nem escrever. Os líderes das igrejas viviam em pecado.

Os pastores faziam de tudo para ganhar o apoio do rei e, ao contrário de pregar contra os impostos e a forma como viviam, concordavam e apoiavam o sistema. Constantemente os líderes das igrejas estavam envolvidos em escândalos e negociatas. Poucos eram os pastores que tinham real cuidado pela pessoa e muitos deles eram preguiçosos. A pessoa ia à igreja porque a lei a obrigava, mas não se sentia beneficiada.

Os problemas da Europa faziam com que muitas pessoas desejassem mudanças. Elas passavam fome, haviam perdido seus familiares nas guerras, cresciam cansadas das lutas religiosas. Os pesados impostos e os maus governos desestimulavam as pessoas. Estavam prontos para seguir um líder que mudasse o governo e a igreja, que os chamasse para uma verdadeira vida cristã.

A IGREJA NA EUROPA

Muitos anos antes do início da Irmandade havia uma única igreja na Europa: a Igreja Católica. Muitos não estavam contentes com o que a igreja estava ensinando:

Os membros da igreja não podiam ler a Bíblia, pois diziam que só os sacerdotes a entendiam corretamente.

A igreja ganhava rios de dinheiro com a venda do perdão de pecados, conhecida como "indulgência": uma folha de papel com a promessa do perdão dos pecados, assinada pelo papa.

Para receber o perdão dos pecados a pessoa tinha que confessar seus pecados a um sacerdote, pois ele era o único que podia orar a Deus pedindo o perdão.

As leis da igreja eram tão importantes quanto a Bíblia.

A salvação vinha pelo obedecer às leis da igreja, por ser batizado e tomar a sagrada eucaristia. Não se ensinava que a salvação é pela graça, por meio da fé.

Martinho Lutero era uma das pessoas que estava preocupada com os ensinos da igreja. Monge na Igreja Católica, tinha dado sua vida para a igreja, vivendo em mosteiro e gastando seu tempo em orações e leituras.

De suas leituras da Bíblia, Lutero entendeu que a salvação vem pela fé em Jesus, com a "justificação pela fé". Ensinou que a Bíblia é a mais importante autoridade para a vida cristã e que cada cristão pode orar a Deus e receber o perdão dos pecados, sem a ajuda do sacerdote. Isto passou a ser conhecido como "sacerdócio universal de todos os crentes". Ele também se levantou contra a "venda de indulgências”.

A REFORMA PROTESTANTE

No ano de 1517, Martinho Lutero já não podia aguentar mais e escreveu todos os problemas que tinha com a Igreja Católica. Listou 95 pontos e pendurou a lista na porta da Igreja de Wittemberg. O fato de ter pendurado suas divergências com a Igreja Católica de forma pública irritou os líderes da igreja. Chamaram Lutero para uma reunião e tentaram fazer com que ele voltasse atrás. Ele se recusou.

Os líderes eclesiásticos de outras partes de Europa se juntaram a Lutero começando assim o movimento da "Reforma Protestante". A Igreja Católica estava brava com as mudanças que estes homens pediam. Levaram Lutero a deixar a Igreja Católica. Novas igrejas começaram a surgir: Igreja Luterana, criada por Lutero; Igreja Reformada, fruto do trabalho de Ulrich Zwinglio; a Igreja Presbiteriana do trabalho de Calvino. Estas igrejas foram chamadas de "protestantes", em função do protesto que fizeram contra a Igreja Católica.

As mudanças na igreja colocaram muita gente umas contra as outras, havendo muita luta religiosa. De 1616 até 1648 uma guerra foi travada na Alemanha e outras partes da Europa e que foi conhecida como a "Guerra dos Trinta Anos", quando Católicos e Protestantes lutaram para ver qual igreja seria reconhecida pelo governo. Ao final, um tratado de paz foi feito que dizia que o rei de cada estado decidiria qual a religião oficial do seu estado. Surgiu assim a "igreja estatal".

Ainda que decidissem por uma igreja estatal, alguns reis permitiram outras igrejas em seus estados, mas outros não estavam dispostos a isto e perseguiram os que estavam em

outra igreja. Por exemplo, se um rei de uma área escolhia ser luterano, ele podia utilizar a violência para fazer com que toda a população se filiasse à Igreja Luterana. A pessoa tinha que se converter à igreja estatal ou fugir para outra área onde sua religião fosse permitida. Um local na Alemanha que permitia outras religiões era uma área ao redor da vila de Schwarzenau, para onde muita gente se mudou em busca de liberdade religiosa.

No início da Irmandade, em 1708, as igrejas na Europa tinham crescido muito pouco em suas vidas espirituais. A Reforma Protestante havia trazido boas mudanças, mas as igrejas logo se tornaram interessadas em doutrina e se esqueceram de ensinar sobre a vida devocional. A pregação tratava somente do que a pessoa deveria crer e nada sobre como a pessoa devia viver. Os ministros viviam sem nenhuma espiritualidade. A vida devocional era negligente.

AS ORIGENS HISTÓRICAS

ANABATISMO

Ulrich Zwinglio trabalhou pela Reforma na Suíça. Era professor e tinha muitos alunos, entre eles Conrado Grebel e Félix Mantz, que questionaram algumas das coisas que as igrejas protestantes estavam fazendo. Depois de certo tempo, Grebel, Mantz e outros romperam com Zwinglio e começaram a praticar a fé cristã da maneira que criam ser a correta.

A palavra "anabatista" significa "batizar de novo", o que nos ajuda a recordar uma das mudanças que exigiam. Nas demais igrejas somente as crianças eram batizadas. Os anabatistas questionaram o batismo infantil, porque criam que só a pessoa adulta pode entender o evangelho. Afirmavam que no Novo Testamento não há menção explícita de que alguma criança tenha sido batizada.

Em 1525, Grebel e alguns outros que haviam sido batizados na infância, decidiram receber o batismo outra vez, agora como adultos. Reunidos à noite em uma casa, depois de orar, batizaram-se uns aos outros.

Como cada estado tinha sua igreja estatal e nenhuma delas permitia o batismo de adultos, pelo que eles violavam a lei ao praticarem o re-batismo.

Os anabatistas também discordavam da ideia de uma igreja estatal, pois criam na liberdade religiosa, onde cada pessoa deve escolher a igreja que quer participar, sem a intervenção de ninguém, nem mesmo do estado. Este fato fez com os líderes das outras igrejas e do estado se sentissem acusados.

Os anabatistas também ensinavam a total obediência à Bíblia e especialmente a Jesus, que deviam ser obedecidos fielmente. Isto os levou a recusar o uso da violência de qualquer espécie, mesmo para se proteger e rejeitaram o serviço militar. Tomavam como base Mateus 5:38-48 e afirmavam que o amor é maior que tudo.

Outro ensino dos anabatistas é o entendimento da igreja como "comunidade dos crentes", formada somente por pessoas que espontaneamente decidem dela fazer parte, porque creem em Jesus Cristo. Nas igrejas católicas e protestantes daquele tempo, frequentemente os membros da igreja local não tinham consciência de todas as implicações que tal condição requeria.

O movimento anabatista cresceu muito rápido, com igrejas aparecendo em diferentes lugares. No entanto, a vida era muito difícil para eles, pois católicos e protestantes tentavam tirá-los de suas vilas e casas e muitos foram mortos por causa da fé. Constantemente as autoridades prendiam e torturavam os anabatistas para que voltassem às igrejas estatais. Quanto mais os anabatistas eram mortos e torturados, mais pessoas aceitavam seus ensinos e se juntavam a eles.

Como o movimento crescia, muitos líderes surgiram. Um deles foi Menno Simons, da Holanda, que havia sido monge e sacerdote ordenado, tal como Martinho Lutero. Em 1536,

Menno Simons foi batizado como adulto e se uniu aos anabatistas, passando a ser o mais importante líder, ensinando e escrevendo acerca do seu entendimento do cristianismo. Os ensinos de Simons ajudaram os anabatistas a se tornar um grupo forte e duradouro. Hoje um segmento dos anabatistas é também chamado de Menonita por causa de Menno Simons.

A perseguição aos anabatistas os obrigou a se mudar para outros estados e cidades que permitissem diferentes religiões. Uma delas foi a área de Schwarzenau, um local que permitia alguma liberdade religiosa, atraindo a muitos. Foi na área de Schwarzenau que Alexandre Mack conheceu os anabatistas que influenciaram sua vida e ensino.

PIETISMO

A Reforma trouxe mudanças para a igreja, mas ainda havia problemas. Depois que as guerras religiosas terminaram e cada estado tinha sua igreja estatal, muitas das Igrejas Luteranas e Reformadas se tornaram débeis na vida espiritual. Algumas coisas contribuíram para isto:

Ênfase na doutrina

Pregações cansativas e sem fundamentação bíblica

A oração não era enfatizada.

Poucas pessoas estudavam a Bíblia por si mesmos.

Os cultos não eram edificantes.

Os pastores liam muito, mas não visitavam as pessoas, nem mesmo quando enfermas.

Estes problemas fizeram com que as pessoas buscassem coisa nova. Na Universidade de Halle os funcionários começaram a ensinar sobre a vida devocional e o movimento pietista cresceu muito rápido, espalhando-se para outros países da Europa e América. Um dos líderes do movimento foi Felipe Jacob Spener, pastor da Igreja Luterana. Em 1675, ele escreveu um livro onde fazia um chamado à igreja para ser mais piedosa. O livro pedia:

Que a Bíblia fosse usada na pregação.

Que todo cristão deveria viver uma vida piedosa.

Que os pastores deveriam ser convertidos, formados e piedosos.

Que os sermões deveriam se basear em problemas da vida diária e não em explicar doutrinas.

Que os cristãos deveriam ler e estudar a Bíblia por si mesmos.

O livro de Spener foi lido por muita gente e traduzido em muitos idiomas. Líderes e

leigos começaram a praticar os ensinos de Spener. A Bíblia era o livro mais importante para os pietistas, pregavam diretamente dela e formavam grupos pequenos para estudo, tratando de viver tal como a entendiam. Enfatizavam a vida devocional, afirmando que cada pessoa deveria ter um tempo diário para ler a Bíblia e orar. Muitos hinos para o culto foram por eles escritos.

O movimento se desenvolveu de diferentes maneiras. Quase todos os pietistas decidiram ficar nas igrejas estatais, sendo conhecidos como "pietistas de igreja", tentando produzir mudanças dentro das Igrejas Luterana e Reformada, influenciando os líderes para que promovessem as reformas. Formavam pequenos grupos de estudo bíblico e traziam seus amigos para as reuniões.

Outro grupo perdeu as esperanças de mudar a igreja. Criam que não se necessitava da organização da igreja para ser cristão e foram conhecidos como "pietistas radicais", os quais deixavam a igreja e saiam pregando suas ideias.

Um importante pietista radical foi Ernesto Cristovão Hochmann, estudante em Halle. Ele se converteu enquanto estudava, deixou seus estudos e começou a pregar nas ruas. Suas pregações produziram tal impacto que o governo da cidade o prendeu e ordenou que deixasse a cidade e nunca mais regressasse.

Hochmann era pregador muito poderoso. Foi preso e torturado várias vezes. Pietista radical, ensinava que a igreja não necessitava de templos, pastores ou oficiais, nem mesmo de rol de membros.

Enquanto viajava pela Alemanha, Hochmann foi até Schwarzenau, em 1704. Muitos estavam felizes em poder ouvi-lo e o seguiam. Eles o receberam tão bem que Schwarzenau se tornou o centro do seu trabalho.

Nos anos que se seguiram, Hochmann pregou na Alemanha e Suíça, impactando tanto aos ricos como aos pobres. Os anabatistas que não concordavam com as igrejas estatais estavam felizes com o seu trabalho. Em suas peregrinações levava outras pessoas com ele para ajudá-lo no trabalho, ao mesmo tempo em que os treinava no ministério. Um destes foi Alexandre Mack, que assimilou muitas ideias que o ajudaram a começar a Irmandade.

OS FUNDADORES

ALEXANDRE E MARGARETE MACK

Alexandre Mack nasceu em julho de 1679 na vila de Schriesheim, na Alemanha, perto de Schwarzenau. Era o oitavo filho de uma família de onze, cujos pais eram João Felipe e Cristina. Dos onze filhos, só quatro chegaram à idade adulta.

No dia 27 de julho de 1679 Alexandre foi levado por seus pais à Igreja Reformada de Schriesheim para ser batizado. Em 1692, quando tinha treze anos, Alexandre fez o curso de catecúmenos e foi confirmado na Igreja Reformada.

A família Mack tinha dinheiro, pois era dona de moinhos e fazenda, onde Alexandre trabalhou. Sua juventude foi durante o ataque da Alemanha por outros povos, quando por várias vezes os Mack tinham que fugir e se esconder nos bosques.

O pai de Alexandre esperava que seus dois filhos maiores, João Felipe e João Jacó se tornassem donos do moinho, continuando o trabalho da família. Alexandre, o quarto filho, seria mandado à Universidade. Mas o maior morreu aos 24 anos. Alexandre teve que ficar em casa com seu outro irmão, ajudando nos moinhos, ainda que desejasse ir à Universidade, pois sentia o chamado para fazer algo mais com sua vida.

No dia 18 de janeiro de 1701 Alexandre se casou com Ana Margarete Kling, de importante família da vila de Schriesheim. Enquanto viveram na cidade, tiveram dois filhos. Alexandre e sua família continuaram trabalhando com os moinhos e a fazenda. Eram cristãos firmes na fé e iam aos cultos da Igreja Reformada todos os domingos.

O casal Mack estava descontente com as coisas que aconteciam na Igreja Reformada, especialmente a pregação sem vida e monótona. Queriam estudar mais a Bíblia e estavam preocupados com a falta de ensino sobre a vida cristã. Durante os anos de 1703 a 1705, Alexandre começou a falar sobre o que via na igreja, passaram a se interessar pelos ensinos de outros grupos, inclusive de anabatistas que viviam ao redor de Schriesheim. Ele os visitou e se interessou pelo batismo de adultos e a não-violência. De igual forma também tiveram contato com os pietistas.

Por volta de 1705 os Mack se tornaram seguidores de Hochmann, fazendo estudos bíblicos em sua casa, os quais eram contra a lei, pois as autoridades temiam que isto levaria as pessoas a sair das igrejas estatais. Neste período, todo o tempo de Alexandre era dedicado à pregação e ele vendeu sua parte nos moinhos. Em 1706 se foi com Hochmann em viagem de pregação pela Alemanha. Alexandre pediu a Hochmann que regressasse a Schriesheim para pregar. Em agosto de 1706 ele realizou cultos na casa dos Mack, pregaram nas ruas, distribuíram folhetos e muitos se converteram.

O sucesso do trabalho incomodou as autoridades que pediram a Hochmann e Mack que parassem de pregar. Na noite de 22 de agosto de 1706, o chefe da polícia veio à casa dos Mack onde estavam tendo um culto e o interrompeu. Depois disto Alexandre e Margarete reuniram os filhos e poucas coisas pessoais e deixaram a cidade.

Foram a Schwarzenau, arrumaram uma casa, Alexandre trabalhou com Hochmann e viajaram para pregar por toda a Alemanha, quando conheceram outros anabatistas e pietistas, encorajando-os. Em 1707, Mack e Hochmann se separaram. Mack trabalhou em Schwarzenau e Hochmann foi à outra vila, onde foi preso e ficou detido por mais de um ano.

Os Mack continuaram com os estudos bíblicos em casa, interessados em praticar a fé cristã tal como a igreja primitiva. Eles e seus amigos tinham especial atenção ao batismo e à organização da igreja, influenciados pelas ideias anabatistas e pietistas.

A família Mack tinha um selo oficial, usado para selar papéis, com alguns símbolos interessantes:

As letras "A" e "M" são de Alexandre Mack.

No selo há uma cruz, que recorda a Jesus Cristo, centro da fé cristã.

Sobre a cruz há um coração, que afirma o total compromisso com Cristo.

Crescendo para fora do coração há uma videira, recordando que "Eu sou a videira verdadeira, vocês são os ramos" (Jo 15:5)

Em cada videira há um cacho de uvas, fruta das terras bíblicas e que era cultivada também na fazenda deles. Elas recordam que devemos produzir frutos (Jo 15:5)

A IRMANDADE CONSIDERA O BATISMO

Era o ano de 1708, meses de junho e julho. À medida que liam a Bíblia e os livros de história da igreja, certas coisas os preocupavam. Os Mack tinham sido batizados na Igreja Reformada quando crianças. Por seus estudos se convenceram que o batismo infantil não era válido, crendo que deveria ser feito por "imersão", colocando-se por inteiro dentro da água. Discípulos de Hochmann, aprenderam que a verdadeira igreja não necessita de organização, mas concluíram que a igreja necessita de algum tipo de organização, baseados em Mateus 18:15-17 onde se ensina a tratar os problemas entre cristãos. Se não se pode solucionar, se deve "levar o caso à igreja", pelo que entenderam que a igreja deve ter certo grau de organização.

A terceira preocupação era sobre a comunhão. Perceberam que Jesus primeiro lavou os pés dos discípulos (Jo 13:1-20) e se convenceram que deveriam praticar a lavagem dos pés, que depois de lavar os pés deviam ter uma refeição (Mt 26:17-30). Os Mack criam que era uma comida especial. Chamaram isto de "Festa do Amor", que tinha três partes: 1.) lavagem dos pés; 2.) refeição; 3.) santa comunhão com o comer do pão e o beber do cálice.

O grupo decidiu escrever a Hochmann, que ainda estava preso. Perguntaram-lhe sobre o batismo de adultos e a Festa do Amor. Hochmann respondeu que não se opunha ao batismo de adultos por imersão, sempre e quando houvesse arrependimento dos pecados. Também não se opunha à Festa do Amor.

Ele também os advertiu que o batismo de adultos era ilegal. Alexandre e os demais deveriam estar prontos para o sofrimento, "calculando o custo" do que estavam por fazer. A expressão Jesus a utilizou para advertir sobre o que significa segui-Lo, pois se deve estar disposto a pagar o custo em sofrimento. Muitos haviam sido perseguidos por praticar o

batismo de adultos e Hochmann os recordava do perigo que os esperava.

A expressão "calcular o custo" fez os Mack e seus amigos pensarem detidamente no que estavam por fazer e do que podia ocorrer por obedecer às suas crenças. Criam que deviam seguir a Jesus não importando o perigo. Por este tempo, talvez, Alexandre escreveu o hino "Calculando bem o custo".

Calculando Bem o Custo

Cristo Jesus disse: “Calcule bem o custo Quando se coloca o cimento" Está você disposto, ainda que tudo se perca, a arriscar sua reputação, seu eu, sua saúde, por Cristo, o Senhor, dando agora sua solene palavra? Avante, filhos do homem! O tempo é certo de parar as enfermidades que impedem. Pois o mesmo Cristo se junta na luta, Seu reino de justiça defendendo. Para fazer isto, tenha a mente de Cristo: Sua palavra em todo tempo é suficiente.

Quando os Mack receberam a carta de Hochmann, se puseram felizes, pois agora tinham a aprovação de seu mestre para seguir adiante. O grupo começou os planos para a celebração do batismo.

O PRIMEIRO BATISMO DA IRMANDADE

Alexandre, Margarete Mack e seus amigos criam na necessidade do batismo de adultos e, à medida que estudavam, se convenciam que o batismo devia ser feito por tríplice imersão. Mateus 28:19-20 ordena que se batize em "nome do Pai, do Filho e do Santo Espírito", pelo que entenderam que se deve imergir uma vez em nome do Pai, a segunda vez em nome do Filho e a terceira vez em nome do Espírito Santo.

O grupo decidiu planejar o batismo, mas antes convidaram a outros para juntar-se a eles. O grupo escreveu carta para todas as demais pessoas da área que estavam envolvidas com o movimento pietista, anunciando seus planos de batismo de adultos, suas preocupações sobre a santa comunhão e a organização da igreja, convidando qualquer pessoa a juntar-se a eles e realizar este "elevado ato de batismo".

Estavam prontos para ser batizados por imersão. Em algum dia entre agosto e setembro de 1708, oito pessoas decidiram realizar o batismo por tríplice imersão, formar igreja local e praticar todos os ensinos de Jesus. As oito pessoas sabiam que isto poderia trazer problemas, porque desobedeciam as leis do estado. Eram eles: Alexandre e Margarete Mack, George Grebel, Lucas Vetter, André Boni, João e Joana Kipping e Joana Nothiger. Cinco homens e três mulheres.

Mas enfrentaram um problema: nenhum deles havia recebido o batismo de adulto e o que haviam recebido na infância não o consideravam válido. Se ninguém havia recebido o batismo, quem estava qualificado para batizá-los?

O grupo queria que Alexandre Mack os batizasse, mas ele não queria fazê-lo porque não havia sido batizado propriamente. Eles não conheciam nenhuma outra pessoa que tivesse sido batizada por tríplice imersão e, por isto, decidiu jejuar e orar por uma resposta.

O grupo entendeu que Deus os dirigia a selecionar um deles por sorteio para que este os batizasse. O grupo prometeu nunca dizer quem foi escolhido e até hoje não se sabe quem foi, pois não queriam que ninguém fosse considerado fundador da nova igreja. Preferiam ser conhecidos simplesmente pelo nome de Irmandade.

O rio Eder corria através da vila de Schwarzenau. Nas primeiras horas de uma manhã de agosto ou setembro de 1708, os oito foram ao rio. A pessoa selecionada primeiro batizou a Alexandre Mack, que por sua vez batizou ao que o batizou, e em seguida as seis outras foram batizadas por tríplice imersão.

A notícia se espalhou e as reações foram as mais variadas. Quando Hochmann foi libertado em outubro de 1708, lhe perguntaram o que pensava sobre o batismo da Irmandade. Ele apoiou o direito de seguir a Cristo tal como entendiam que deviam fazê-lo. Também alertou a Irmandade para não obrigar ninguém a fazer o mesmo. Hochmann, pietista radical, não via necessidade de organização na igreja, mas mesmo assim escreveu cartas aos reis pedindo que não perseguissem a Irmandade.

Para outros pietistas, o que a Irmandade fez era um grande erro. Um deles disse que a Irmandade era arrogante e débil na fé e que as pessoas só seguiam a Alexandre porque ele tinha dinheiro dos negócios de sua família. Eles estavam temerosos que a Irmandade começasse outra igreja e esquecesse as ideias pietistas.

A notícia do batismo chegou aos reis das áreas em que os pietistas viviam. O da área de Schwarzenau era Count Albert Henry, que estava disposto a permitir a liberdade religiosa enquanto a pessoa fosse pacífica. Alguns escreveram e tentaram convencê-lo a perseguir a Irmandade, mas Count Henry manteve sua posição.

A IRMANDADE CRESCE NA EUROPA

Depois do batismo começaram a primeira igreja da Irmandade em Schwarzenau. Alexandre foi reconhecido como ministro, revelando-se um excelente líder e pregador. A igreja cresceu e se tornou a maior da Irmandade na Europa. Depois de doze anos de trabalho, ela tinha uns 200 membros.

Alexandre Mack vendeu sua parte no moinho a seu irmão. Com o início da igreja havia muitas necessidades, pois muitos vinham para a Irmandade com grandes necessidades, uma vez que haviam perdido tudo que tinham fugindo da perseguição. Alexandre gastou todo seu dinheiro ajudando estas pessoas.

A Irmandade cria na Grande Comissão de Mt 28:19-20 e saíram pregando por toda a região. Em Marienborn, Alexandre encontrou uma pessoa interessada em suas pregações. O rei desta terra estava disposto a dar liberdade religiosa sempre e quando a pessoa praticasse sua fé nas casas e não fizesse concentrações públicas.

Em 1711 ele batizou várias pessoas nesta cidade. Quando o rei soube, pediu a Mack que saísse da área e não mais regressasse. No entanto, as pessoas em Marienborn queriam ouvi-lo. Mack regressou várias vezes e fez mais dois batismos. O rei pediu a Mack que lhe prometesse que não mais regressaria e Mack foi fiel à sua palavra de nunca mais regressar.

Neste tempo, muitos outros líderes se juntaram à Irmandade. João Naas chegou a ser ministro em Marienborn. Pedro Becker foi batizado e isto trouxe muitos problemas. Ele era de uma família importante para o rei e para as autoridades. Seu batismo foi difícil de aceitar, pelo que ordenaram que toda a Irmandade se retirasse de Marienborn em 1715. A Irmandade deixou Marienborn e se mudou para Krefeld. Por um bom tempo os anabatistas haviam estado vivendo ao redor de Krefeld. Ali encontraram liberdade religiosa, viviam bem e se organizaram em igreja local outra vez. Conheceram a Cristiano Liebe que se juntou à Irmandade e foi um dos líderes e auxiliar de João Naas, o ministro encarregado.

Krefeld era um centro industrial. A igreja cresceu e a partir daí os pregadores saiam em viagens. Cristiano Liebe chegou à Suíça em uma destas viagens. Mas nem todos da Irmandade sofreram perseguição. Enquanto viviam em Krefeld, a Irmandade soube de alguns anabatistas que haviam se mudado para a América do Norte, para a Pensilvânia, que permitia a liberdade religiosa sob a liderança de William Penn.

De Krefeld, a Irmandade levou sua mensagem a Solingen, onde, em 1714, seis jovens e várias mulheres foram batizados. Um deles, João Lobach, era líder pietista. Outro, Wilhelm Knepper, se transformou em compositor.

Enquanto a Irmandade estava trabalhando em Krefeld, coisas estavam acontecendo em Schwarzenau. Em 1719, Count Henry Albert foi forçado a dividir seu governo com seu irmão menor, Augusto Davi, que não estava a favor da Irmandade, dos pietistas e anabatistas. Em junho de 1720, quarenta famílias da Irmandade tiveram que sair de Schwarzenau, mudando-se para a vila de Surhuisterveen, na Holanda, tendo Alexandre Mack como líder.

Em 1722, quando vivia em Schwarzenau, os Mack tiveram outro filho, Alexandre Mack Jr. Logo depois Margarete Mack faleceu.

Durante estes anos de crescimento na Europa, a Irmandade publicou vários livros. Primeiro, Alexandre Mack escreveu um livreto chamado "Questões Básicas", que respondia a 40 perguntas que os pietistas radicais fizeram. Mais tarde, Mack escreveu outro chamado "Direitos e Ordenanças", em estilo de conversação entre pai e filho, explicando o batismo da Irmandade e a Festa do Amor, além de explicar como a Irmandade crê que os cristãos devem viver.

O terceiro escrito foi de hinos para Irmandade, com hinos sobre imersão, batismo, lavagem dos pés, Festa do Amor e as preocupações da Irmandade. O hino "Calculando o Custo", escrito por Alexandre Mack, estava entre os publicados. Muitas das canções foram escritas por quem estava na prisão por causa de sua fé.

A IRMANDADE ENFRENTA PROBLEMAS

Frequentemente a Irmandade era considerada como anabatista. Isto ocorria porque a Irmandade somente praticava o batismo de adultos. Você se recordará que os anabatistas eram perseguidos. Muitos deles foram assassinados. Quando a Irmandade começou, poucas pessoas eram assassinadas por sua fé. Mas os cristãos que decidiram deixar as igrejas estatais eram perseguidos de muitas maneiras.

A HISTÓRIA DE CRISTIANO LIEBE

Cristiano Liebe era um dos líderes da igreja em Krefeld. No ano de 1714 ele visitou a cidade de Bern, na Suíça, onde as autoridades estavam tratando de se livrar dos anabatistas, promulgando leis que tornavam ilegal o batismo de adultos. Quando Liebe chegou a Bern foi preso. As autoridades lhe perguntaram por que veio a Bern e Liebe disse que vinha visitar a Irmandade local e que se tivesse oportunidade de batizar, o faria.

As autoridades de Bern haviam acabado de prender alguns pastores anabatistas, castigando-os com o envio para serem "escravos nas galeras", obrigados a remar barcos carregados. As autoridades decidiram que Cristiano Liebe também iria como escravo.

Enquanto esperava que as autoridades os mandassem para o barco, Liebe e outros pregadores anabatistas foram postos na prisão. Era janeiro de 1714, tempo em que fazia muito frio e a prisão não tinha nenhum lugar para fazer fogo e se esquentar. Depois de seis meses na prisão, o grupo foi mandado a um navio que remaram por dois anos. Dois deles morreram. Mas, enquanto estavam servindo como escravos, os anabatistas da Holanda falaram com o governo, que entrou em contato com os reis da Suíça, que os libertaram.

A HISTÓRIA DE JOÃO NAAS

João Naas era outro líder da Irmandade em Marienborn e depois em Krefeld. Era muito alto e tinha um corpo bem forte, era pacífico e cria na não-violência. A Irmandade havia aceitado o ensino da não-violência que havia aprendido com os anabatistas.

Um dos reis locais estava buscando alguém que trabalhasse como seu guarda e mandou seus oficiais em busca de um homem grande e forte. Quando os oficiais viram João Naas o prenderam e obrigaram a servir como guarda do rei. Naas recusou, afirmando que a Bíblia ensina a não matar e que ele não podia servir na guarda do rei.

Os oficiais do rei o torturaram, tentando fazê-lo mudar de ideia. Eles o feriram com instrumentos de aço e colocaram seu dedo polegar em uma prensa de madeira. Nada disto fez com que ele mudasse de ideia. Finalmente o penduraram com cordas, uma presa ao polegar da mão esquerda e a outra ao dedão do pé direito. Assim o deixaram até o momento em que ficaram temerosos de que Naas pudesse morrer.

Finalmente os oficiais o baixaram e levaram diante do rei, que lhe perguntou: —"Por que você se recusa a servir em minha guarda?". — "Eu já estou a serviço do rei. Eu o sirvo em seu exército". — "Quem é este rei?"

— "Meu rei é o Senhor Jesus Cristo", disse Naas "e Ele me proíbe tomar em armas".

O rei estava impressionado com a coragem e a fé de João Naas. Ele não só o deixou sair livre, mas também o presenteou com uma moeda de ouro em honra à sua coragem.

A IRMANDADE DE SOLINGEN

A Irmandade de Krefeld foi pregar em Solingen. No dia 1 de fevereiro de 1717, seis jovens que haviam sido batizados foram presos, pois haviam infringido a lei e foram postos em prisão perto da cidade e submetidos a trabalhos forçados, devendo permanecer ali pelo resto de suas vidas. João Lobach, líder pietista, era um deles. Wilhelm Knepper, o compositor, era outro. O mais jovem do grupo era William Grahe.

Muita gente começou a perguntar às autoridades sobre eles. No que pese que tenham sido enviados à prisão perpétua, em quatro anos haviam sido libertados. Muitos anos mais tarde, William Grahe escreveu um pequeno livro contando sua experiência, que foi lido por anabatistas e pietistas que nele encontraram ajuda para se fortalecerem em sua fidelidade a Jesus, mesmo em tempos de perseguição.

No livro Grahe contou o que representou ir à prisão. Só davam água e pão. Por um tempo até a água foi cortada, pelo que decidiram recolher água quando chovia. Durante os meses frios não havia nenhuma forma de aquecer-se. Pregadores de outras igrejas eram enviados para pregar-lhes e assim ver se conseguiam mudar suas ideias. Algumas vezes os prisioneiros permaneciam sós nas celas, não tendo ninguém com quem falar. Eram forçados a trabalhar longas horas ajudando a construir uma casa ou fazendo outros trabalhos pesados. A prisão era suja e cheia de ratos.

Estas três histórias dão ideia do tipo de perseguição que os membros da Irmandade sofreram na Europa. Isto era parte do que significava o "calcular o custo" de seguir a Jesus. Estas histórias nos desafiam a "calcular o custo" de ser fiel a Jesus ainda hoje.

PROBLEMAS COM OUTROS GRUPOS

A Irmandade levou o evangelho a muitas partes da Europa. Ela começou igrejas em pelo menos cinco lugares. A vida não era fácil para eles e constantemente enfrentavam problemas.

As pessoas que faziam parte da Irmandade vinham, em sua grande maioria, do movimento pietista e tinham uma crescente insatisfação com a igreja estatal. Constantemente falavam contra a igreja estatal e muitos tinham que fugir de suas casas, encontrando lugar seguro nas poucas áreas onde o rei lhes dava liberdade religiosa. Os Mack fugiram de Schriesheim. Muitos dos primeiros membros da Irmandade eram pobres porque tiveram que deixar suas casas e tudo o que tinham para empreender as fugas.

Quando os pietistas e a Irmandade encontravam um local onde o rei dava liberdade religiosa, aí ficavam e viviam. Mas as autoridades mudavam frequentemente e novos reis subiam ao poder e alguns deles não estavam interessados em dar liberdade religiosa. Logo depois que o novo rei era entronizado, a Irmandade descobria que devia mudar outra vez. Isto foi o que ocorreu em Schwarzenau. Cada vez que deviam mudar, perdiam muitos bens.

Outras vezes, a liberdade religiosa era parcial, pois o rei permitia que se celebrasse

cultos à sua maneira nas casas, não permitindo que saíssem e evangelizassem. A Irmandade cria que Jesus a havia comissionado a pregar aos demais sobre a fé, pelo que não podia estar calada. Isto trazia problemas, sendo tanto mais verdadeiro quando a Irmandade convencia a pessoa a ser batizada como adulta.

O mais sério problema enfrentado pela Irmandade era a perseguição. Onde quer que a Irmandade vivesse nestes anos, estava sob a ameaça de perseguição. Não sabemos se algum membro da Irmandade morreu por causa da sua fé, mas sabemos que muitos foram perseguidos e outros viviam sob a ameaça do perigo da perseguição e as mudanças de reis não permitiam à Irmandade ficar em um local por muito tempo, o que levou a igreja a não crescer nem se fortalecer.

A Irmandade tinha outro problema: o pietismo radical, que havia sido amigo ao princípio, estava agora contra, pois não era a favor de se iniciar uma nova igreja. Isto era verdadeiro porque a Irmandade era inicialmente parte do movimento pietista. Alguns escreveram contra a Irmandade, difamando e tentando fazer que as pessoas a considerasse como prejudicial.

Porque a Irmandade era um movimento novo, muitos de seus membros não eram fortes na fé. Tinham muitas perguntas e algumas ideias equivocadas. Com frequência ouviam a outros pregadores e traziam estranhos ensinos para dentro da igreja. Um destes ensinos foi o celibato. Alguns dos pietistas radicais criam no celibato e convenceram a vários da Irmandade que o não casar-se era correto, mas outros continuavam crendo que o matrimônio era lícito para os cristãos. Isto trouxe problemas à Irmandade por alguns anos.

Um deles ocorreu na igreja de Krefeld um jovem ministro chamado Wilhelm Hacker se casou com uma jovem da igreja anabatista, o que produziu uma séria divisão entre os membros. Não estamos certos das razões porque alguns eram contra o casamento. Talvez a jovem nunca tenha se batizado. Neste caso, a igreja estava preocupada porque Hacker não deveria casar-se com alguém que não era membro da igreja, ou talvez esta jovem fosse batizada, mas ela não era da Irmandade.

Qualquer que tenha sido a razão, o matrimônio de Hacker dividiu a igreja. Um dos líderes, João Naas, pediu à igreja que perdoasse a Hacker. Naas entendia que a suspensão da pregação já era punição suficiente. O outro líder, Cristiano Liebe, entendia que Hacker deveria ser proibido de participar em qualquer reunião da Irmandade. Naas e Liebe não entraram em acordo. Eles chegaram até a falar um contra o outro na frente da congregação. A paz não foi encontrada. João Naas logo deixou a Irmandade em Krefeld e mais tarde se foi à América do Norte onde foi um líder bastante importante. Cristiano Liebe permaneceu na igreja de Krefeld, mas o trabalho em pouco tempo veio abaixo.

Estes problemas trouxeram muita preocupação à Irmandade. Em Krefeld ela começou a ouvir sobre a Pensilvânia. Alguns dos anabatistas já haviam ido para lá, ali estavam e escreveram para seus familiares e amigos da Europa contando como era a nova terra onde havia liberdade religiosa. Todos os problemas que enfrentavam estavam fazendo com que a Irmandade pensasse em se mudar para esta nova terra.

A IRMANDADE SE MUDA PARA A AMÉRICA DO NORTE

A PRIMEIRA MUDANÇA PARA A AMÉRICA

A vida não era nada fácil para a Irmandade na Europa, sofrendo constantes perseguições e tendo vários outros problemas. Isto ajudou a Irmandade a pensar na mudança para América do Norte.

Alguns dos primeiros que se mudaram eram anabatistas. Em Krefeld, a Irmandade ouviu sobre os anabatistas que se haviam mudado para Pensilvânia e esta igreja foi a primeira a mudar-se para a América do Norte, em 1719. A Irmandade de Krefeld havia sofrido divisão em virtude do casamento de Hacker e era muito pobre por ter que fugir de suas casas constantemente por causa da perseguição. Pedro Becker liderou vinte famílias à Pensilvânia, para uma colônia que dava liberdade de culto.

A viagem à América do Norte não foi fácil. Neste tempo não havia aviões, nem barcos movidos a motor. O grupo teve que atravessar o Oceano Atlântico em barco à vela e muitas vezes o vento não soprava na direção desejada, outras o oceano estava agitado, jogando o barco de um lado a outro e dando enjoos nas pessoas. Alguns morreram. A viagem durou dois meses.

As vinte famílias que vieram com Pedro Becker eram quase todas da Igreja de Krefeld, mas alguns poucos ficaram na cidade, não obstante os problemas que enfrentavam.

Quando chegaram à Pensilvânia, em 1719, tinham que encontrar terra para comprar. Alguns a encontraram perto da vila de Germantown (nome dado porque muita gente da Alemanha veio viver ali). Outros foram para áreas rurais da Pensilvânia. Depois que a Irmandade encontrou as terras, teve que limpá-las tirando as pedras e árvores para poder plantar e construir casas para habitar. Isto tomou muito tempo. Só depois de três anos a Irmandade pôde voltar a se reunir para o culto.

Em 1722, Pedro Becker e outros quatro da Irmandade visitaram todas as demais casas dos membros da Irmandade, encorajando-os a se reunir para o culto. Não muito depois destas visitas os cultos regulares foram celebrados na casa de Becker e em outras residências da Irmandade.

Em agosto de 1723 se esparramou na Pensilvânia o falso rumor de que o famoso líder Cristiano Liebe visitaria a América do Norte. Liebe nunca apareceu, mas o rumor fez com que muitos dos que viviam nas áreas rurais fossem a Germantown na esperança de vê-lo. Enquanto estavam em Germantown, Pedro Becker os convidou para se reunir em sua casa, o que o fizeram por várias vezes, fazendo planos para visitar aos outros alemães que viviam na área e também sobre a necessidade de uma igreja local, o que resultou na organização da primeira Igreja da Irmandade na América do Norte.

ORGANIZAÇÃO DA PRIMEIRA IGREJA NA AMÉRICA DO NORTE

Seis pessoas das que se foram a Germantown e se reuniram com Becker, pediram para ser batizadas. Decidiu-se que o Natal seria uma boa oportunidade para organizar a igreja. Na Pensilvânia é muito frio em dezembro e muitas vezes a água dos rios se congela, mas assim mesmo decidiram fazer o batismo no Natal de 1723.

Um dos membros da Irmandade possuía uma fazenda perto da vila de Germantown, pela qual passava o Riacho Wissahickon. Decidido que este poderia ser o local do batismo, não encontraram ninguém que fosse ministro ordenado da Irmandade. Eles se reuniram e decidiram que Pedro Becker fosse o ministro e que os batizasse.

As seis pessoas que seriam batizadas se juntaram a outras dezessete que viajaram para participar da cerimônia. Dois dos batizados eram Martim Urner e sua esposa Catarina. Eles se ajoelharam à margem do riacho, oraram, Pedro Becker entrou na água, quebrando o gelo que cobria. Cada uma das pessoas, uma por vez, entrou na água e foi batizado por tríplice imersão. Depois que o último foi batizado, o grupo regressou a Germantown, para a casa de João Gomorry, encerrando o dia com a Festa do Amor.

A recém organizada igreja continuou a se reunir em Germantown durante os frios meses de 1724. Tinham um forte zelo por Deus e muitos outros vinham para ouvir os sermões. Um reavivamento começou, principalmente entre os que falavam alemão. Tal era o número dos que se reuniam para os ouvir que as casas não eram suficientemente grandes para recebê-los.

Depois que a colheita de 1724 terminou, a Irmandade decidiu visitar outra vez os amigos nas áreas rurais. Queria compartilhar a notícia da organização da igreja local e do reavivamento. Todos os homens da congregação saíram nesta viagem, num total de catorze.

Primeiro se reuniram em Riacho Índio, depois Pântano dos Falkner e mais tarde na Vila Olé. Em cada um destes lugares pregaram, fizeram estudos bíblicos e celebraram a comunhão. A Irmandade era encorajada pela maneira como eram recebidos. De Olé, a Irmandade viajou a Coventry, onde vivia Martim Urner, um dos seis primeiros batizados em Germantown. Ali se organizou a segunda igreja e no dia 7 de novembro batizaram mais duas pessoas e celebraram a Festa do Amor no dia seguinte.

Enquanto estavam em Coventry, ouviram de outras pessoas que estavam mais ao oeste e que tinham interesse na Irmandade. Os irmãos viajaram de Coventry até a vila de Conestoga, visitando pessoas no caminho. Assim conheceram a Conrado Beissel. Depois de vários dias de viagem, chegaram à casa de Henrique Hohn, na vila de Conestoga, onde se hospedaram, pregaram e cinco pessoas pediram para ser batizadas, entre elas Henrique Hohn e sua esposa.

O batismo foi feito em um riacho perto da casa dos Hohn. Outra mulher pediu para ser batizada e Conrado Beiss também foi batizado. Naquela noite, depois do batismo, a Irmandade celebrou a festa do Amor. Desta maneira a terceira igreja da Irmandade foi organizada em Conestoga. No domingo seguinte eles tiveram o culto e duas pessoas mais pediram para ser batizadas. Com os Urners, que foram batizados em Germantown e os novos convertidos, havia agora onze membros na Igreja de Conestoga.

Porque a Igreja de Conestoga estava bastante longe de Germantown, a Irmandade sugeriu que eles elegessem um de seus membros para ser o ministro, sendo eleito Conrado Beissel. Os irmãos de Germantown regressaram às suas casas, depois de um mês e com duas novas igrejas abertas. Agora eram três as igrejas locais da Irmandade na América do

Norte: Germantown, Coventry e Conestoga.

CONRADO BEISSEL E O MOSTEIRO EFRATA

Conrado Beissel, um dos que foi batizado em Coventry, veio da Alemanha, tendo vivido nas mesmas áreas onde viveram os da Irmandade. Ele era um Pietista Radical. Na Alemanha, Beissel aprendeu o ofício de padeiro, a escrever e a cantar muito bem.

Beissel era um homem religioso, mas sua religião era meio estranha. Era cristão, mas cria que era especialmente eleito por Deus, o que o fez sentir-se melhor que os demais. Ele cria que Deus poderia dirigi-lo através dos seus sentimentos, mais do que pela própria Bíblia. Como resultado, constantemente cria e ensinava coisas estranhas.

Beissel se mudou para a América do Norte mais ou menos no mesmo tempo que a Irmandade. Ele não pôde encontrar trabalho como padeiro, o que o fez aprender a tecer com Pedro Becker. Ele se mudou para Conestoga, onde vivia como um eremita quando os da Irmandade o visitaram. Vivia só, em lugares remotos e sem contato com ninguém.

Beissel sentiu a necessidade do batismo quando ainda era um eremita. Ele se foi a um riacho e se batizou a si próprio, o que não o satisfez espiritualmente. Quando viu a Irmandade batizando em Conestoga, pediu para receber o batismo. Para ele ninguém era digno de batizá-lo, nem mesmo Pedro Becker. Finalmente, depois de tê-lo recordado que Jesus havia permitido que um homem o batizasse, Beissel permitiu que Becker o batizasse.

Beissel havia sido eleito em 1724 como ministro da nova igreja em Conestoga. Ele permaneceu no posto por quatro anos, mas as coisas não iam bem. Beissel começou a pressionar a Irmandade com suas estranhas ideias:

O sábado é o dia correto para o culto.

A igreja deve seguir as leis de Moisés no Antigo Testamento. Beissel não comia carne de porco.

É melhor que os cristãos não se casem, permanecendo no celibato.

A melhor maneira de ser cristão é sendo eremita, vivendo separado ou em mosteiros.

Os cristãos devem viver sem coisas materiais que lhes dê conforto e devem castigar seus corpos para ser mais espirituais.

Estas eram ideias muito estranhas com as quais a maioria dos cristãos não estava de acordo e que trouxeram muitos problemas à Irmandade em Conestoga. Em 1728 Beissel decidiu abandonar a igreja, indo a um riacho e sendo rebatizado por um de seus seguidores, como uma maneira de devolver à Irmandade o batismo que dela havia recebido. Beissel e seus seguidores se mudaram de Conestoga e começaram um mosteiro em Efrata, chamado "Claustro Efrata".

NOVAS MUDANÇAS PARA A AMÉRICA DO NORTE

A SEGUNDA MUDANÇA PARA A AMÉRICA

Por este tempo, 1729, Alexandre Mack liderou a Irmandade da vila de Surhuisterveen para a América do Norte. Quando chegou a Germantown, passou a ser o pastor da congregação. Um de seus primeiros trabalhos foi tentar acertar as coisas entre Beissel e a congregação de Conestoga, mas Mack não teve sucesso. O Claustro era poderoso e atraía a alguns da Irmandade, até a própria esposa de Pedro Becker e o filho de Alexandre Mack. Muitos dos que foram para o Claustro permaneciam por um tempo e regressavam à Irmandade.

As pessoas que viviam no Claustro seguiam as ideias de Beissel, faziam seus cultos aos sábados e viviam um estilo de vida simples. Despertavam de madrugada para o culto, trabalhavam duro todo o dia, dormiam em camas sem colchão e tinham troncos de madeira por travesseiro. Cria que mortificando o corpo e vivendo sem os confortos da vida, seria mais espiritual. Muitos não se casavam.

Beissel e o Claustro ensinavam coisas estranhas, mas também fizeram muitas coisas boas. Escreveram belos hinos e músicas, desenvolveram a agricultura e trabalhos manuais, começaram uma escola. Durante a Guerra de Independência da América do Norte, o Claustro serviu como hospital para os soldados feridos. Depois da morte de Beissel, em 1768, o Claustro começou a declinar até o completo fechamento.

A TERCEIRA MUDANÇA PARA A AMÉRICA DO NORTE

João Naas, o pastor de Krefeld que quis ser amável com Hacker quando este se casou com a jovem anabatista, deixou a igreja de Krefeld. No entanto, ele ainda trabalhava com a Irmandade em outras vilas da Europa.

Em 1733, ele liderou o terceiro grupo da Irmandade para a América do Norte. Chegaram a Filadélfia e se reuniram com Alexandre Mack, o qual perdoou Naas por qualquer coisa que tivesse ocorrido no problema de Krefeld (o problema do jovem que se casou com alguém que não pertencia à Irmandade). Mack o reconheceu como líder e lhe deu as boas-vindas à Irmandade da América do Norte. Poucos anos depois da chegada de Naas à América, no 19 de fevereiro de 1725, Alexandre Mack morreu.

Naas encontrou terra ao norte de Germantown. Sua família se assentou na colônia de Nova Jersey, perto da vila de Amwell. Logo ele começou a pregar e o trabalho cresceu rapidamente. No mesmo ano de 1733 uma igreja da Irmandade foi ali organizada.

O grupo que Naas liderou em 1733 foi o último grupo da Irmandade que se mudou para a América. Alguns permaneceram na Europa onde viveram e cultuaram. Os que ficaram logo se uniram a outras igrejas e não mais existe a Igreja da Irmandade na Europa.

O CRESCIMENTO DA IRMANDADE

Entre os anos de 1719 e 1770 a Irmandade cresceu rapidamente. A primeira

evangelização que a Irmandade fez foi em 1724, logo depois de organizar a primeira igreja em Germantown. Durante esta viagem evangelística as igrejas de Coventry e Conestoga foram organizadas. Também se estabeleceram pontos de pregação no Riacho Índio, no Pântano de Falkner e Olé. No ano de 1770 a Irmandade havia organizado 18 novas igrejas locais, movendo-se para outras áreas da América do Norte.

Até o ano de 1770 a Irmandade se reuniu em culto nas casas de seus membros. Eles construíam casas com grandes salas para que aí pudessem reunir as pessoas ou com a possibilidade de se mover as paredes para que a sala fosse ampliada. A Irmandade não construía templos porque entendia que no Novo Testamento as pessoas se reuniam nas casas e que o culto deveria ser mantido o mais simples possível.

À medida que a Irmandade crescia, se tornou mais difícil ter casas grandes para receber a todos. O tempo na Pensilvânia, muito frio durante quatro meses do ano, dificultava a realização dos cultos fora das casas. A resposta encontrada foi construir edifícios especiais. Germantown foi a primeira igreja local a construir um local para o culto em 1770. Este edifício existe até hoje e é ainda usado pela Irmandade.

A Irmandade tomou cuidado de não chamá-los de "igreja". A igreja, insistia, não era um edifício, mas o povo que era cristão, que crê em Jesus Cristo. Ao contrário de chamar o edifício como igreja, a Irmandade os chamava de "casa de reuniões". A ideia era que este edifício fosse a casa na qual a igreja podia se reunir para o culto.

Quando a Irmandade construiu a primeira "casa de reuniões", a utilizou como habitação especial para as viúvas que não tinham fonte de ingresso. Este foi o primeiro esforço organizado da Irmandade para prover ajuda aos menos afortunados. Na Igreja de Germantown estavam constantemente levantando ofertas para ajudar aos pobres da comunidade.

A IRMANDADE NA NOVA NAÇÃO

A FAMÍLIA SAUER

A família de Cristóvão Sauer é muito importante para a Irmandade. Na realidade houve três Cristóvão Sauer. O primeiro foi Cristóvão Sauer I, o pai, que teve um filho chamado Cristóvão Sauer II, o qual teve um filho chamado Cristóvão Sauer III.

Os Sauer saíram da Alemanha, de uma área perto de onde vivia a Irmandade. Sauer I era Pietista Radical e se mudou para América do Norte em 1724, se estabelecendo perto do Claustro Efrata. Na Alemanha ele aprendeu o ofício de alfaiate, mas na América aprendeu outros 25 ofícios. Era muito inteligente e bom para trabalhar com as mãos.

Ao chegar à América do Norte, Sauer I se mostrou interessado na Irmandade. No entanto, como Pietista Radical, se recusava a pertencer a qualquer igreja. Sua esposa gostou do que havia ouvido falar acerca do Claustro Efrata e logo foi viver lá. Com isto, Sauer I e seu filho Sauer II, se mudaram para Germantown para viver perto de outros alemães, onde Sauer I estabeleceu uma imprensa e começou o negócio de publicações em 1738.

A imprensa ia muito bem, imprimindo artigos, livros e um jornal. Em 1743, Sauer I imprimiu a primeira Bíblia em idioma europeu na América. Sauer I utilizou sua imprensa para publicar artigos que ensinavam a maneira como a Irmandade seguia a Jesus. Seu jornal ganhou respeito porque ele se recusou a publicar o que não fosse verdadeiro. Pendurado na porta de sua imprensa havia a seguinte inscrição: "Para a glória de Deus e o bem do meu próximo". Este lema dirigiu a vida e o trabalho de Sauer.

Sauer I viveu uma vida honesta tal como o ensinado pela Irmandade. Suas publicações ensinavam a não-violência e ele se opôs à escravidão, coisas que a Irmandade considerava importantes. Sauer I era cristão em seus negócios e em sua vida. Deu muito dinheiro para o hospital. Barcos cheios de pessoas que falavam alemão chegavam à Filadélfia e eram visitados por Sauer I, que se reunia com eles e os ajudava em suas necessidades. Em 1745, a esposa de Sauer I regressou à casa, depois de passar um tempo no Claustro Efrata. Sauer I morreu em 1758. Ainda que nunca tenha se afiliado à Irmandade, ele a ajudou de muitas maneiras.

O filho, Cristóvão Sauer II, assumiu os negócios na imprensa de seu pai, levando adiante os negócios da mesma maneira. Sauer II foi batizado pela Irmandade em 1737, um ano depois de ter iniciado o negócio da imprensa. Em 1747 a igreja o nomeou superintendente sobre os pobres e um ano depois o ordenou pastor. Sauer II continuou com a imprensa, mas passou a imprimir mais livros em inglês, idioma oficial nas colônias da América do Norte, imprimiu duas edições da Bíblia e publicou uma revista religiosa, a primeira do gênero na América.

A PRIMEIRA ASSEMBLÉIA ANUAL

No tempo em que Sauer I estava iniciando seu negócio com a imprensa, outro homem se mudou da Alemanha para a América do Norte: Conde Luis von Zinzendorf, famoso líder religioso entre os alemães. Seus seguidores eram conhecidos como Morávios e

ainda há muitos missionários morávios por todo o mundo. Zinzendorf veio para tentar unir todos os que falavam alemão em uma mesma igreja.

No dia 11 de janeiro de 1742, Zinzendorf convocou uma reunião de todos os cristãos que falavam alemão e que não eram membros de uma das grandes denominações protestantes. Várias reuniões foram feitas nos seis meses seguintes. Líderes da Irmandade participaram e discutiram a possibilidade de fazer parte desta única igreja. No entanto, a Irmandade tinha algumas preocupações. Zinzendorf não batizava por imersão, tal como a Irmandade ensinava ser o correto e utilizou sorteio para fazer algumas decisões na igreja. Ainda que a Irmandade tivesse utilizado o sorteio quando começou, agora cria que as decisões na igreja deveriam ser feitas através dos votos de seus membros. Estas preocupações fizeram com que a Irmandade não aderisse à ideia.

Mesmo tendo deixado as reuniões de Zinzendorf, a Irmandade sentiu a necessidade de ter reuniões regulares entre eles, pois eram importantes para discutir temas relacionados à igreja. Martin Urner, o pastor de Coventry, fez um chamado à Irmandade para uma "grande reunião" em maio de 1742. Nela, cada membro tinha direito a voto e podia trazer um assunto para ser considerado pela Assembleia. Os assuntos eram chamados de "consultas" e a reunião passou a ser conhecida como "Reunião Anual" ou "Assembleia Anual". Esta foi a primeira das Assembleias Anuais que até hoje a Irmandade celebra.

A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA

Lá pelo ano de 1770 as colônias começaram a ter problemas com a Grã-Bretanha e organizaram suas milícias (um exército de civis). Em 1776, o recém-formado governo dos Estados Unidos declarou a independência, o que levou à guerra.

Havia 13 colônias na América do Norte e a maior parte da Irmandade vivia na Pensilvânia, cujo governo decretou que todo homem deveria afiliar-se à milícia e lutar contra a Grã-Bretanha. Se alguém sentisse que lutar era contra suas crenças, devia pagar multa. O governo também decretou uma lei exigindo que todos fizessem voto de lealdade ao novo governo. O voto incluía a renúncia das leis britânicas.

Estas novas leis causaram muitas tensões entre a Irmandade que cria na não-violência, afirmando que é errado utilizá-la para solucionar problemas. A Irmandade recusou-se a utilizar armas contra outras pessoas e a fazer voto de lealdade a qualquer governo humano, porque somente o Senhor Jesus é o rei.

Como a Guerra de Independência continuava, as leis se tornaram mais duras. O governo decretou uma lei que aumentava a multa para os que não queriam se filiar à milícia, devendo agora também prover uma pessoa que substituísse e lutasse em seu lugar. A Irmandade pagou o preço da multa, mas se recusou em prover substituto.

Em 1777 o governo decretou uma lei permitindo às autoridades prender os que se recusassem a fazer o voto de lealdade. As suas propriedades poderiam ser vendidas, ficando o governo com o dinheiro. Alguns dos membros da Irmandade sofreram esta perseguição, entre eles Cristóvão Sauer II, que estava trabalhando na imprensa que seu pai havia iniciado. Ele veio a ser um homem rico e muito conhecido na Pensilvânia e era o ministro da igreja em Germantown.

Sauer II não podia fazer o voto de lealdade ao novo governo e se recusou pertencer à milícia porque cria que Jesus proibiu seus seguidores de utilizar a violência. Na noite de 24

de maio de 1778, os soldados vieram à sua casa, o arrastaram através do campo até um velho graneiro. Ali rasgaram suas roupas e o pintaram de várias cores, lhe deram uns trapos para cobrir sua nudez e o levaram até o campo da milícia, vários quilômetros de distância.

Afortunadamente o general da milícia, Jorge Washington, era um homem amável e o liberou. Sauer II voltou para a sua casa. Mais tarde, os oficiais do governo vieram à sua casa, lhe ordenaram que saísse e venderam todos seus bens. A igreja ajudou a Sauer II em sua pobreza e ele continuou a trabalhar como pastor pelo resto de sua vida.

A Irmandade não podia se juntar à guerra, mas estava disposta a fazer coisas que ajudassem as pessoas. No Claustro Efrata, soldados feridos receberam cuidados. Em 1775, a Irmandade, junto com outros Anabatistas, escreveu uma carta ao governo da Pensilvânia explicando porque se recusava a se juntar na guerra. Em 11 de abril de 1783, o governo dos Estados Unidos proclamou o final da Guerra de Independência. As colônias ganharam a batalha e conseguiram a independência. A Irmandade pôde olhar adiante para uma vida de paz na nova nação.

O CRESCIMENTO DA IGREJA DEPOIS DA GUERRA

Depois do final da guerra, os Estados Unidos estavam prontos para crescer. O país começou a expandir-se para o oeste. O solo era bom e a Irmandade era composta principalmente por agricultores. Muitos começaram a se mover para o oeste e a assentar-se em novas áreas do país. Por onde a Irmandade fosse, começava novas igrejas.

Em 1770 a Irmandade tinha 18 igrejas locais. O número total de membros era de aproximadamente 700. Mas, pelo ano de 1880 já havia 58.000 membros em quase 800 igrejas, sobretudo nas áreas rurais.

Podemos entender como a igreja se espalhou através da nova nação seguindo a vida de uma das famílias da Irmandade. Jorge Wolfe e família viviam perto da igreja de Conestoga, na Pensilvânia. Em 1787 se mudaram mais para o oeste, para as montanhas de Pensilvânia. Ali ajudaram a começar uma nova igreja. Em 1800 construíram um barco e o carregaram com todas suas posses, navegaram por um rio e tomaram outro para o oeste, onde se estabeleceram e ajudaram a começar uma nova igreja.

Jorge Wolfe tinha dois filhos, Jorge II e Jacó. Em 1805 a família Wolfe teve problemas com sua fazenda. Jorge II e Jacó se mudaram para o oeste em busca de novos locais, estabelecendo-se em uma área conhecida como Illinois. Esta era uma terra nova que estava sendo colonizada por brancos. Em Illinois os Wolfe iniciaram uma nova igreja.

Outra vez, em 1831, Jorge Wolfe II, um ativo ministro da Irmandade, se mudou ainda mais para o oeste, onde ajudou a estabelecer uma nova igreja. Ele saiu em muitas viagens pregando e ajudou a fundar muitas igrejas. Era um poderoso pregador que às vezes se punha a debater com outros líderes religiosos sobre os ensinos da Irmandade. O filho Jacó teve um filho que o chamou Jorge Wolfe III. Quando este era adulto, Wolfe III se mudou para a costa oeste dos Estados Unidos, a 3.000 quilômetros de distância, sendo o primeiro a fazê-lo. Lá várias outras igrejas foram organizadas.

Depois da Guerra de Independência, os Estados Unidos estavam crescendo. A Irmandade estava entre as primeiras famílias a se mudar para as novas terras. Por onde quer que fossem, organizavam igrejas. Só a família Wolfe organizou pelo menos sete, ajudando no rápido crescimento da Irmandade.

Depois da Guerra de Independência a Irmandade se desenvolveu de várias maneiras. Os ofícios de ancião (ministro ancião), ministro e diácono (assistente do ministro) foram estabelecidos e definidos.

Durante este tempo, cada igreja tinha vários ministros, os quais não recebiam salário, pois normalmente eram agricultores ou pessoas de negócio que davam seu tempo para a igreja. Aos ministros não se requeria formação especial, somente que fossem bons cristãos e que tivessem certa habilidade para pregar. Os ministros anciãos estavam encarregados dos demais ministros. Cada igreja tinha vários diáconos que ajudavam a cuidar das necessidades da igreja.

Os ministros e diáconos compunham o Comitê da Igreja (chamado Junta Oficial) que era liderada pelo ancião. A igreja podia ter suas próprias reuniões de negócios, chamadas Reuniões do Concílio. Cada membro da igreja tinha direito a voto. Algumas vezes decidiam encaminhar um assunto à Assembleia Anual.

O batismo por imersão tríplice continuava a ser praticado. A Festa do Amor (lavagem dos pés, refeição comunal e a Sagrada Comunhão) passou a ser a mais importante experiência de culto para a igreja. Festas do Amor eram celebradas duas vezes ao ano. Igrejas de uma mesma região podiam celebrar a Festa em dias diferentes para que assim as pessoas de outras igrejas também pudessem participar.

A Irmandade encorajou a obediência a Mateus 18 para acertar as diferenças dentro da igreja. Ela se via como uma grande família, a família de Deus. Formavam igrejas onde se ensinava a importância de viver em paz uns com os outros, era conhecida por sua honestidade e trabalho pelo próximo. Os de fora diziam que "a palavra de alguém da Irmandade é tão boa quanto um documento".

A IRMANDADE, OS INDÍGENAS, A ESCRAVIDÃO E AS DIFERENÇAS

A IRMANDADE E OS INDÍGENAS

Gente branca europeia se mudou para a América do Norte muito tempo antes que a Irmandade o fizesse. Quando os brancos chegaram, a América do Norte era habitada pelos nativos, de pele bronzeada e chamados de indígenas ou índios.

Os indígenas viviam nas florestas e constantemente se mudavam de um lugar para outro. Não tinham a ideia da posse, mas da habitação da terra. Os brancos se mudavam para uma área, derrubavam todas as árvores, trabalhavam a terra e construíam casas. Se havia indígenas na área, eram expulsos, em muitos casos com violência. Isto produziu constantes problemas aos indígenas e alguns começaram a lutar contra os brancos.

A Irmandade tentou tratar aos indígenas de uma maneira justa. Ainda que também limpasse o terreno para sua agricultura, não expulsava os indígenas, porque cria que ambos podiam viver juntos, em paz. No entanto, desde que a Irmandade era composta por brancos, muitos indígenas pensavam que não eram diferentes dos demais.

Durante os anos imediatamente anteriores à Guerra da Independência, alguns da Irmandade se mudaram para uma área de agricultura na Pensilvânia, chamada Morrison Cove. Ali, com outros colonizadores brancos, começaram a trabalhar na agricultura. Em novembro de 1777, os indígenas atacaram os que estavam em Cove. Os da Irmandade não fugiram, nem lutaram com eles. Infelizmente os indígenas só os viram como gente branca.

Cerca de 30 pessoas da Irmandade foram mortas naquele dia. À medida que os indígenas atacavam, as pessoas da Irmandade diziam em alemão Gottes Wille sei getham. ("A vontade de Deus seja feita"). Os indígenas se impressionaram pela maneira como esta gente suportava o sofrimento sem exercer a violência contra os que os feriam. Muitos anos mais tarde, os velhos indígenas perguntaram se os "Gotswilthans" ainda viviam em Cove. Esta era a maneira como eles se lembravam da Irmandade.

A IRMANDADE E A ESCRAVIDÃO

Outro problema para a Irmandade nos Estados Unidos era a escravidão. Exploradores europeus haviam capturado muitos negros na costa da África levando-os à Inglaterra e América.

Nos Estados Unidos, as fazendas da parte sul do país eram muito grandes e milhares de escravos trabalhavam ali para seus senhores. Em 1860 havia 4 milhões de escravos nos Estados Unidos. Na parte norte, poucos escravos eram utilizados porque as fazendas eram menores. Esta diferença entre o norte e o sul, nos anos futuros, produziu uma guerra civil.

Desde o princípio da Irmandade ela era contra a escravidão. Cria que toda pessoa devia ser tratada como igual. Já em 1761, Cristóvão Sauer II estava escrevendo contra a escravidão em seu jornal. A Assembleia Anual oficialmente decidiu, em 1782, que nenhum membro da Irmandade devia ter escravos. Entre os anos de 1782 e 1863, a Assembleia

Anual repetiu esta decisão pelo menos dez vezes.

Em 1797, a Assembleia Anual decidiu que se algum membro da Irmandade possuísse escravos, deveriam ser libertados e receber pagamento por todo o trabalho que haviam realizado. Se o escravo era muito jovem para ir-se por sua própria conta, deveria ser tratado como se fosse da família. A Irmandade deveria educar e cuidar dos que haviam sido escravos.

Podemos aprender como a Irmandade respondeu à escravidão olhando para a vida de Samuel Weir. Samuel nasceu em 1812 de pais escravos. Eles viveram no Estado da Virgínia onde muitos trabalhavam para seus senhores. Quando tinha 12 anos, Samuel foi vendido para André McClure que, em 1843, se afiliou à Irmandade e libertou seus escravos. Samuel estava impressionado com a Irmandade e a preocupação que tinha por ele. Poucos meses mais tarde, Samuel pediu para ser batizado.

A lei do Estado de Virgínia requeria que qualquer escravo libertado deixasse o estado no prazo de um ano. Samuel se mudou para o norte, em um estado que não tinha escravos. Passou a viver com uma família da Irmandade, Tomas e Sara Major. Ele se afiliou à igreja local da Irmandade e lhe foi permitido pregar. Declararam-no ministro em experiência e Samuel teve vários frutos de ministério de outras famílias negras, sendo ordenado ministro pela Irmandade em 1872. Em 1881 Samuel foi reconhecido como ancião e a primeira pessoa que se converteu através de seu ministério foi eleita ministro.

Samuel Weir começou como escravo negro de um senhor branco. No entanto, por causa da Irmandade, foi libertado e passou a ser servo de Jesus Cristo. Ele deu sua casa e fazenda para a igreja para que fossem utilizadas no ministério com os negros. Samuel não tinha dinheiro quando morreu em 1884, mas viveu uma vida digna como o primeiro ministro negro da Irmandade.

A IRMANDADE E AS DIFERENÇAS

Ainda que os anos seguintes à Guerra de Independência tenham sido de muito crescimento para a Irmandade, também houve problemas. Como a igreja crescia, igrejas eram formadas distantes umas das outras. Não havia rádios ou telefones e o serviço de correio era precário. A comunicação era difícil. As igrejas no Oeste tendiam a estar separadas das igrejas do Leste.

Logo apareceram diferenças. Quanto mais a Irmandade ia para o Oeste, mais contato tinha com outras ideias religiosas e alguns que viviam no Oeste passaram a adotar algumas ideias diferentes. Este grupo é chamado "Irmandade do Oeste Distante".

Havia duas grandes diferenças entre a Irmandade do Leste e do Oeste. Primeiro, a Irmandade do Oeste Distante começou a ensinar que os não-cristãos, depois da morte, não iriam passar a eternidade no inferno, que o castigo seria temporário e que todas as pessoas do inferno seriam unidas ao Senhor nos céus. Esta crença foi chamada "restauração universal".

A segunda diferença entre as Irmandades do Leste e do Oeste tinha que ver com a celebração da Festa do Amor. Neste tempo, muitos da Irmandade praticavam o "modo duplo" de lavagem dos pés, quando alguém podia lavar os pés de vários outros (os homens lavavam os pés dos homens e as mulheres faziam o mesmo com as mulheres), e outros secavam.

A Irmandade do Oeste Distante começou a praticar o modo simples de lavagem dos pés, no qual alguém lavava e secava os pés de uma só pessoa (uma pessoa lavava os pés de outra pessoa e os secava) e assim se permitia a todos lavar e secar os pés, e ter seus próprios pés lavados e secados.

Estas duas diferentes ideias — Restauração Universal e Modo Simples de lavagem dos pés — produziram muita tensão na Irmandade. Entre os anos de 1816 a 1820 dois grupos de anciãos foram enviados pela Assembleia Anual para tentar resolver a diferença com a Irmandade do Oeste Distante. Mesmo que buscassem a reconciliação, não a lograram. Os líderes da Irmandade do Oeste Distante foram excluídos da membresia da igreja. Jorge Wolfe II e outro líder foram encarregados de cuidar da Irmandade do Oeste Distante.

Pelo ano de 1840, membros da Irmandade do Leste se mudaram para as áreas onde viviam os da Irmandade do Oeste Distante, dando a Jorge Wolfe II a oportunidade de estabelecer contatos entre os dois grupos, o que tomou muitos anos. Mais membros da Irmandade do Oeste Distante foram excluídos da membresia e muitos outros deixaram a igreja. No entanto, em 1859, a Irmandade do Oeste Distante concordou em regressar à Assembleia Anual e aceitar suas decisões. Com a ajuda de Wolfe II, os dois grupos encontraram a paz entre si.

Com relação à doutrina da Restauração Universal, entre os anos de 1794 e 1902 o tema foi tratado pela Assembleia Anual muitas vezes. A Irmandade sempre esteve aberta a novos entendimentos sobre a Bíblia e estava bastante cautelosa em condenar esta doutrina como errada. Finalmente a Assembleia Anual recusou estas ideias afirmando o castigo eterno no inferno.

Com relação ao modo simples de lavagem dos pés, a Irmandade logo percebeu seu valor. O modo simples, onde cada um tem a oportunidade de lavar e ter os pés lavados, foi reconhecido como sendo mais bíblico. Hoje, quase todos os grupos da Irmandade praticam a lavagem dos pés pelo modo simples.

As diferenças entre o Leste e o Oeste acabaram. A liderança de Jorge Wolfe II ajudou a trazer a paz. Algo do que a Irmandade do Oeste Distante praticava estava errado e a Irmandade condenou. No entanto, algo que a Irmandade do Oeste Distante fazia estava certo. Logo a Irmandade viu isto e mudou sua prática da lavagem dos pés.

Jorge Wolfe II foi um pacificador que trabalhou pela paz dentro da igreja e em sua cidade. Em 1817, um ministro batista, chamado Jones, veio à vila de Wolfe para pregar. Ele lhe pediu que sua igreja se juntasse a ele para ter uma reunião de reavivamento. Neste tempo era comum o debate entre igrejas e muitas ensinavam a seus membros a não ir a outra igreja.

Wolfe concordou em se juntar aos batistas para o reavivamento. Ao final do reavivamento Wolfe e Jones se deram as mãos em frente à congregação. Anos mais tarde, o governo local, chamado Condado União, decidiu fazer um “logotipo” e colocou Jorge Wolfe e o ministro batista dando-se as mãos. Wolfe e Jones estão no centro do logo com as mãos se apertando. Isto representa a paz e a cooperação que a Irmandade tem praticado.

ALGUNS PERSONAGENS DA IRMANDADE

À medida que a igreja crescia, mais pessoas eram atraídas. Estas pessoas trouxeram ideias novas e mudanças.

ENRIQUE KURTZ - O EDITOR

Enrique Kurtz era uma das pessoas que foi atraída à Irmandade. Kurtz se mudou da Alemanha para a América do Norte, tinha boa formação acadêmica e era habilitado para o ministério na Igreja Luterana, servindo-a por dez anos como ministro ordenado, mas durante este tempo começou a procurar uma igreja que praticasse a fé cristã tal como a igreja do Novo Testamento.

Kurtz conheceu a Irmandade e gostou da maneira como esta praticava a fé cristã. Em1828 Kurtz foi batizado como alguém da Irmandade. Em 1830 foi eleito ministro de uma igreja e continuou como ministro desta igreja até sua morte em 1874. Ele foi o primeiro ministro da Irmandade que havia recebido educação teológica formal. Sua principal contribuição foi na publicação de materiais para leitura. Em 1830, no mesmo ano em que começou a pregar para a Irmandade, comprou uma gráfica e nela publicou um hinário, a versão de Martinho Lutero do Novo Testamento, um guia médico e alguns dos escritos de Menno Simons e Alexandre Mack.

A mais importante publicação de Kurtz foi uma revista mensal para a Irmandade. Em 1851, depois de várias tentativas, ele publicou o "Visitador Evangélico", publicado em alemão e em inglês. A revista foi muito bem recebida pela Irmandade e até hoje é publicada como "Messenger".

PEDRO NEAD - O TEÓLOGO

Outro que foi atraído de outra igreja para a Irmandade foi Pedro Nead, um pregador da Igreja Metodista. Tal como Enrique Kurtz, Pedro Nead estava buscando uma igreja que vivesse os ensinos do Novo Testamento. Ele leu sobre a Irmandade em um livro de história da igreja e a procurou, começou a prestar culto com a Irmandade e foi batizado em 1824.

Nead era professor, homem de negócios e pregador. Em 1827 foi chamado ao ministério da Irmandade. Nead se afiliou à Irmandade quando esta estava mudando o idioma em seus cultos do alemão para o inglês. Ele era conhecido como o "pregador inglês" e ganhou reputação como bom orador. Pedro Nead ajudou a Irmandade a fazer uma transição suave entre um idioma e outro.

A principal contribuição de Nead para a Irmandade foram seus escritos. Em 1834 começou seu ministério de escrever, ademais de pregar, sendo o primeiro a escrever um livro sobre a doutrina e prática da Irmandade. Seus escritos ajudaram a dar forma ao pensamento e prática em tempos em que a igreja estava crescendo e mudando. Ele faleceu em 1877.

SARA RIGHTER MAJOR - A PREGADORA

Sara Righter Major nasceu em 1808 perto de Filadélfia. Seus pais eram membros da Irmandade, onde foi batizada. Logo depois de seu batismo, sentiu o chamado para pregar, coisa que nunca havia acontecido na Irmandade. Seu pai, Juan Righter, e os ministros da Irmandade que a conheciam, a encorajaram a pregar.

Sara pregou nas igrejas da área de sua residência e se mostrou ser uma poderosa pregadora. Em 1834, alguns enviaram uma consulta à Assembleia Anual sobre mulheres pregadoras, dizendo que não era bom que as mulheres pregassem. Sara escreveu uma resposta, com o que ela entendia ser a base bíblica para suas ações. Sara continuou pregando sempre que a convidavam.

Em 1842 Sara se casou com Tomas Major, um ministro da Irmandade. Juntos realizaram reuniões de reavivamento, quando frequentemente Tomas começava com oração e leitura bíblica e convidava Sara para pregar, ainda que algumas igrejas não a permitissem. A Assembleia Anual novamente tratou do tema da mulher e a prédica em 1859. Nesta oportunidade se autorizou que pregassem, mas não permitiram a ordenação.

Sara era uma pregadora muito conhecida. Muitos dos que se opunham à prédica feminina mudaram de ideia depois de ouvi-la. Em 1878 Sara foi convidada a ser uma das pregadoras da Assembleia Anual. Ela era também ativa entre as pessoas negras, fazendo visitações e trabalhando contra do uso do álcool. Faleceu em 1884.

Sara é recordada como a primeira mulher pregadora da Irmandade. Depois de sua morte, a igreja continuou a ter problemas com a ideia. Finalmente, em 1959, as mulheres receberam o direito de serem ordenadas. No entanto, ainda hoje há igrejas locais da Irmandade que não permitem às mulheres que falem do púlpito. Há também as que permitem que as mulheres preguem, mas não que sejam ordenadas.

ANDRE CORDIER – O ESTADISTA

Dr. André Cordier foi pastor da Igreja da Irmandade e professor no Colégio Manchester, na área de história e ciência política e, segundo seus alunos, era um excelente professor. Em 1942 ele foi o primeiro Diretor do Comitê de Serviço da Irmandade.

Em 1944 deixou sua posição de professor para ser Assessor de Segurança Internacional do Departamento de Estado dos Estados Unidos e como tal ajudou a escrever a carta constitutiva da Organização das Nações Unidas (ONU). De 1946 a 1962 serviu como executivo das Nações Unidas, sendo o principal assessor do Secretário Geral.

Em 1962, Cordier renunciou ao seu posto e passou a ser o Diretor da Escola Graduada de Assuntos Internacionais em uma grande Universidade dos Estados Unidos. Enquanto esteve ali, escreveu oito livros sobre os Secretários Gerais da ONU.

Ainda que fosse muito ocupado com a política, tinha tempo para servir à igreja, representando-a tanto no Conselho Nacional como no Conselho Mundial de Igrejas. Ele também ajudou a desenvolver programas de estudos sobre a paz nas Universidades. Durante sua vida ganhou 32 títulos honorários. Em 1973 Cordier foi indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz.

Uma vez Cordier foi solicitado a contar onde havia aprendido suas habilidades como delegado internacional. Ele disse: "Tudo o que necessitava saber aprendi nas Festas de Amor da Irmandade". Para ele, se as Festas de Amor são tomadas a sério, elas nos ensinam

como viver com os demais, a pedir perdão e a perdoar e a importância do serviço ao outro. Sobretudo, aprendemos sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

TED STUDEBAKER – O PACIFISTA

Ted Studebaker era jovem durante a Guerra do Vietnã (1963-1975) e graduado pelo Colégio Manchester e a Universidade do Estado da Flórida na área de agricultura. Depois de deixar a Universidade, Ted entrou para o Serviço Voluntário da Irmandade que o designou para trabalhar no Vietnã durante o tempo em que o país estava em guerra, não como soldado, mas para ensinar agricultura às pessoas das vilas nas partes altas do Vietnã. Ele gostou do trabalho e em abril de 1971 se casou com uma jovem vietnamita. Uma semana depois foi morto por soldados que invadiram a vila onde vivia.

Ted cria na paz. Ele não foi se alistar nas forças militares, mas no Serviço Voluntário. Ele cria que era melhor fazer coisas pela pessoa que lutar. Ted deu sua vida por suas crenças.

BILL E SUEZANN BOSLER – A PERDOADORA

Bill Bosler era pastor da Igreja da Irmandade, trabalhando com a Igreja de Miami, que estava em uma área onde havia muita violência por causa das drogas. Sob sua liderança, a igreja cresceu de uns poucos para mais de 70 membros. Todos eram bem-vindos, não importando quão pobre era ou a cor da pele. O pastor e a igreja buscavam ajudar a pessoa em suas necessidades e sabiam que podiam contar com ele e a igreja.

Um sábado, em dezembro de 1986, um homem veio à casa do Pastor Bosler dizendo que necessitava de ajuda. Enquanto conversavam, o homem tomou uma faca e o matou. Nesta hora sua filha veio à sala e o homem também a atacou, fugindo em seguida, pensando que também ela estava morta. Levada ao hospital, esteve alguns meses hospitalizada e sobreviveu. O assassino foi capturado e condenado à cadeira elétrica.

SueZann era contra a pena de morte. Ela sabia que se o homem que matou seu pai fosse morto nunca poderia chegar ao conhecimento de Jesus. SueZann foi ao juiz e suplicou pela vida do homem que a havia atacado. Em 1989 SueZann falou na Assembleia Anual e disse: "Eu quero dar ao homem que me atacou uma Bíblia".

OS PROBLEMAS COM AS MUDANÇAS, A GUERRA E A DIVISÃO

DIFICULDADES COM AS MUDANÇAS

À medida que os Estados Unidos cresciam, muitas mudanças aconteciam. Pelo ano de 1850 a nação estava menos preocupada com a agricultura e mais com a indústria. As cidades começaram a crescer e muitos jovens abandonaram o campo onde haviam crescido. As fábricas passaram a produzir excedentes para a venda. Muitos jovens haviam terminado sua educação primária e buscavam outros locais para a educação superior.

Estas mudanças na vida norte-americana tiveram impacto sobre a Irmandade que era formada principalmente por pessoas do campo, que se haviam estabelecido onde a terra era boa. Com o desenvolvimento dos Estados Unidos, a Irmandade estava contente em permanecer nas fazendas e se reunir em pequenas igrejas. No entanto, ela também estava exposta às mudanças. Gente nova, tal como Enrique Kurtz e Pedro Nead se haviam afiliado vindo de outras igrejas. Os membros jovens da Irmandade estavam sendo educados e traziam novas ideias.

Enrique Kurtz iniciou a publicação da revista mensal e seu propósito era ajudar a Irmandade a estar em contato uns com os outros em um tempo em que as comunicações eram difíceis. Hoje vemos isto como uma boa ideia. No entanto, naquele tempo, alguns da Irmandade estavam contra a revista. Tomás e Sara Major tiveram reuniões de avivamento em igrejas locais da Irmandade, o que também era novidade. Tal como a ideia da revista mensal, nem todos os da Irmandade estavam a favor.

Grandes reuniões de reavivamento (uma série de pregações onde o pregador tenta convencer aos não-cristãos a aceitar a fé cristã) eram realizadas nos Estados Unidos e estavam sendo efetivas para ganhar pessoas para Cristo. As pregações destas reuniões eram, com frequência, sobre o tema do inferno e o castigo.

Alguns da Irmandade, tal como os Major, começaram a ter reuniões de reavivamento. Outros estavam contra porque sentiam que as reuniões de reavivamento tendiam a assustar a pessoa para que aceitassem a fé. A Irmandade era usualmente calada sobre sua fé, crendo que se alguém vive como cristão isto é a melhor maneira de evangelizar. A Irmandade cria que seu estilo de vida podia atrair outros a Cristo e, com frequência, o fizeram.

A Escola Dominical era outra ideia nova para a Irmandade. Ela começou na Inglaterra em 1780, mas só em 1823 a primeira Escola Dominical começou na Irmandade. Isto foi em Olé, na Pensilvânia e era uma escola onde estavam envolvidas crianças de outras igrejas.

Em 1838, a Assembleia Anual aconselhou a Irmandade a não participar nas Escolas Dominicais. Em 1845 a igreja de White Oaks começou uma para as crianças e a igreja de Filadélfia iniciou um programa bem sucedido de Escola Dominical em 1856. Parece estranho que a Irmandade se opusesse às Escolas Dominicais, pois era a favor do ensino da Bíblia às crianças, mas temia que as Escolas Dominicais tirassem dos pais a

responsabilidade de ensinar e educar a seus filhos. As Escolas Dominicais receberam a aprovação da Assembleia Anual em 1857. Em 1868 a Assembleia deu as diretrizes de como conduzi-las.

Missões eram outra preocupação que se levantava. Na Europa a Irmandade esteve envolvida em viagens evangelísticas. Cristiano Liebe foi para bem longe para pregar. Nos Estados Unidos, a evangelização da Irmandade era principalmente entre as pessoas alemãs e os vizinhos. Mas pelos anos de 1850, alguns da Irmandade começaram a pedir um esforço para cumprir com a Grande Comissão dada em Mateus 28:19-20.

Em 1852 uma consulta para estabelecer um programa de missão veio à Assembleia Anual. Nos próximos anos muitos artigos foram escritos no "Visitador Evangélico" e outras consultas vieram à Assembleia. A maior preocupação era para a chamada "missão em casa" ao contrário da "missão ao exterior".

A Assembleia Anual olhou estas ideias sobre missões e decidiu atuar. Para ajudar a iniciar novos pontos de pregação nos Estados Unidos, a Assembleia decidiu organizar a Irmandade em distritos, cada um com cinco ou mais igrejas locais que podiam organizar-se para iniciar novos pontos de pregação. Em 1886, o plano dos distritos começou.

Os distritos deviam reunir-se anualmente e eleger seus oficiais. Comitês poderiam ser estabelecidos para supervisionar a obra do distrito. Antes da organização dos distritos, as igrejas podiam se relacionar diretamente com a Assembleia Anual. Qualquer igreja local podia apresentar uma consulta à Assembleia Anual. Agora, com a criação dos distritos, deviam se relacionar com a Assembleia Anual através destes.

A GUERRA CIVIL

A Irmandade era contra a escravidão e os Estados Unidos também estavam lutando contra a escravidão. Nos Estados do Norte havia poucos escravos e ali se decretaram leis contrárias à escravidão. Mas muitos escravos trabalhavam nas grandes fazendas dos Estados do Sul, onde não se tomavam posições mais fortes contra a escravidão.

Por várias razões o governo federal pressionou os Estados do Sul para libertar seus escravos. Onze Estados do Sul se retiraram da federação dos Estados Unidos e formaram seu próprio governo. Esta ação desatou a guerra civil entre o Norte e o Sul em 1861. Esta terminou em 1865 com a vitória do Norte e o término da escravidão legal nos Estados Unidos, na que se tornou conhecida como a Guerra de Secessão.

Havia igrejas da Irmandade tanto nos Estados do Norte como nos do Sul. Nesta guerra, assim como em todas as demais, a Irmandade se recusou a participar o que levou seus membros a serem multados e a sofrerem, tal como havia ocorrido durante a Guerra da Independência.

Tanto no Norte como no Sul, as pessoas que se negavam a se juntar ao exército, tinham que pagar uma multa. O valor variava e aumentava à medida que a guerra ia se estendendo. A Irmandade no Sul foi maltratada, alguns foram mortos e algumas fazendas foram destruídas.

Ainda que a Irmandade lutasse contra a guerra, estava disposta a ajudar no que produzisse o bem das pessoas. Em alguns locais a Irmandade ajudou a cuidar dos soldados feridos. Uma das batalhas da Guerra Civil foi travada na Casa de Reuniões da Irmandade em

Antietam. O edifício foi baleado, muitos buracos de balas de canhão foram feitos e 23.000 homens morreram e se feriram. Depois da batalha, alguns dos oficiais foram hospedados na casa do ministro da igreja.

B. F. Moomaw tinha uma fazenda em um dos Estados do Sul e o exército do Sul veio e fez acampamento em sua fazenda. Moomaw, ainda que estivesse contra a guerra e se recusasse a alistar-se no exército, convidou os oficiais à sua casa e os alimentou e cuidou dos que estavam enfermos.

O exército convidou a Moomaw para pregar-lhes porque ele os havia tratado amavelmente. Durante os quase três meses em que o exército esteve acampado em sua fazenda, Moomaw lhes pregou o evangelho. Quando eles se foram, lhe escreveram uma carta de elogio.

JOÃO KLINE

A vida de João Kline é outra importante na história da Irmandade durante a Guerra Civil. João Kline nasceu na Pensilvânia em 1719 de pais que eram da Irmandade. Sua família se mudou para o Sul onde foram fazendeiros. João Kline se casou com Ana Wampler em 1818 e passou a trabalhar no campo por sua própria conta. Seu único filho morreu antes de alcançar a idade adulta.

Não sabemos quando João Kline foi batizado, mas sabemos que em 1827 ele foi eleito diácono de sua igreja, que em 1930 foi eleito ministro e ordenado ancião em 1848. João Kline prosperou como fazendeiro e pôde compartilhar comida e dinheiro com outras pessoas e ofertar generosamente para a igreja.

O ministério de Kline teve muitas formas. Ele viajou bastante, especialmente visitando a Irmandade que vivia longe das igrejas, havendo viajado quase 16.000 quilômetros durante sua vida, a maior parte a cavalo. Quando viajava, Kline pregava nas igrejas e oficiava serviços fúnebres, matrimônios e batismos, organizava igrejas e visitava muita gente. Quando podia, também cuidava dos enfermos e sofredores.

Kline era um homem de igreja, havendo ocupado importantes postos nela. Com frequência era eleito para participar em comitês especiais. Em 1861 Kline foi eleito para ser o moderador da Assembleia Anual, a mais alta posição na Irmandade. Ele continuou a ser o moderador até sua morte em 1864.

Kline era também pacificador. Quando a Guerra Civil estourou, ele escreveu aos oficiais do governo pedindo que a Irmandade estivesse liberada do serviço militar e que tivesse uma licença para viajar através da linha de batalha indo do Norte ao Sul e vice-versa. Ele fez isto para ministrar aos dois lados que estavam lutando.

Alguns estavam bravos com Kline porque ele não tomou partido na guerra. Em 1862, os militares o puseram em prisão. Talvez ele tenha sido preso porque havia cuidado de soldados enfermos dos dois lados da guerra. Depois de duas semanas foi libertado. Em junho de 1864 João Kline foi morto quando cavalgava de regresso à sua casa, depois de visitar alguns da Irmandade. Ninguém sabe quem o matou ou porque o mataram. Ele deu sua vida pela paz e pelo evangelho.

A IRMANDADE EM 1800

Entre 1800 e 1880 foram anos em que a Irmandade ia se estabelecendo e a igreja crescendo. Este foi um tempo quando a Irmandade viveu em boa parte separada da sociedade.

A Irmandade se mudou para a América do Norte em busca da liberdade religiosa. Só queria viver quieta e em paz. No que pese o feito de que cresceu e prosperou, seus membros buscavam viver vidas humildes, trabalhavam duro e eram honestos com os demais. Este interesse em ser humilde e simples pode ser visto na maneira como a Irmandade viveu e celebrou seus cultos.

A Irmandade não cria que vestir roupas caras e viver em casas luxuosas era a maneira como os cristãos deveriam viver. Quando a Irmandade se mudou para a América do Norte, era pobre e não podia comprar coisas caras. Mas era trabalhadora e logo prosperou em suas fazendas e negócios. Além disto, animou aos outros a usar roupas simples.

À medida que a Irmandade se desenvolvia, mais e mais atenção era dada à maneira como se vestia. A Assembleia Anual começou a definir como os homens e as mulheres deveriam se vestir, tomando a sério o conselho bíblico de não se conformar com o mundo (Rm 12:1,2). Sabia do perigo do orgulho e da vaidade que está em seguir os padrões do mundo e vestir-se com roupas caras.

Os homens não deveriam usar gravata e usualmente usavam um paletó de modelo todo especial. Os homens deveriam ter barba, mas não bigodes. As mulheres deviam usar vestidos simples e longos. Todos os vestidos tinham o mesmo modelo. Às mulheres era requerido que cobrissem suas cabeças, pelo menos quando oravam e assistiam ao culto. Muitas mulheres usavam algo para cobrir suas cabeças todo o tempo. Hoje em dia a Irmandade não exige mais que se vista de maneira especial, ainda que busque orientar seus membros a se vestir com sobriedade.

A Irmandade era também humilde em sua maneira de celebrar o culto. Em 1770 a Irmandade começou a construir “casas de reuniões" para seus cultos. A humildade da Irmandade e a preocupação pelo estilo de vida simples podem ser vistos na maneira como construíram. Elas eram de desenho simples, sem janelas vistosas, nem torres. Dentro, os bancos eram simples e o chão não era coberto com piso. Não havia toalhas sobre o altar nem quadros nas paredes. A Irmandade cria que a casa de reuniões não era a igreja: era só um local no qual a igreja vinha para o culto. A igreja de Jesus Cristo é seu povo.

Na casa de reuniões da Irmandade não havia púlpito desde o qual se pregava, mas uma mesa. Todos os ministros e anciãos se sentavam à mesa durante o culto, de onde os cânticos eram liderados, a Escritura lida, e se pregava o sermão. Após o sermão, os ministros tinham a oportunidade de adicionar algo ao que havia sido pregado. Assim se concluía o culto.

A grande mesa em frente à congregação não estava disposta em um plano mais elevado que o da congregação. Hoje em dia os púlpitos estão um pouco mais altos para que o pregador possa ser visto e ouvido por todos. A Irmandade tinha o local da pregação no mesmo nível das pessoas por uma razão: a Irmandade levava a sério o "sacerdócio

universal de todos os crentes", crendo que qualquer pessoa na congregação pode ler as Escrituras e trabalhar pelo Senhor.

A Irmandade ordenava ministros porque eles sabiam que se necessita de líderes, mas o ministro não era o único que podia ou devia fazer o trabalho do Senhor. Eles consideravam todos os membros da igreja como ministros. Tendo o local do sermão no mesmo nível da congregação, a Irmandade mostrou que todos os crentes estão no mesmo nível diante do Senhor. O ministro não é mais importante que qualquer outra pessoa.

No culto, a Irmandade não utilizava instrumento musical, cantando a capela. No início dos anos 1800, muito dos hinos e sermões eram em alemão. Por volta de 1880 a maior parte era em inglês. Este foi o tempo de mudanças de um idioma para outro.

Hoje em dia, muitas das casas de reuniões da Irmandade têm púlpitos em nível mais elevado que o da congregação. Mas os ministros da Irmandade nos Estados Unidos não usam colarinhos clericais para se distinguir dos demais membros, porque crêem que todos os crentes devem fazer o trabalho do Senhor e não somente os ministros. A única diferença entre o ministro e os membros da igreja é que o ministro é solicitado a ser líder.

Muitas das casas de reuniões da Irmandade hoje têm pianos e órgãos para tocar durante o culto, mas a preocupação com um estilo simples e humilde de vida e culto ainda existe.

A GRANDE DIVISÃO

Outra nova ideia que surgiu refere-se ao pagamento de salários aos pastores. Os ministros da Irmandade não recebiam salários. Eram agricultores e homens de negócio que davam seu tempo gratuitamente para a igreja. Cada igreja tinha diversos ministros, um Ancião e vários diáconos. Alguns da Irmandade estavam pedindo autorização à Assembleia Anual para pagar salários.

Em 1861 a igreja de Filadélfia começou a pagar seu pastor. Isto fez com que alguns se preocupassem, porque se um pastor era pago para pregar, ele o faria somente por dinheiro e o que agradasse à pessoa e não a Deus. A Bíblia ensina sobre o dinheiro como a raiz de todos os males, mas também ensina que os ministros devem ser apoiados pela igreja.

A tensões sobre estas novas ideias criou três grupos dentro da Irmandade. Um grupo era contra as novas ideias. Muitos sentiam que já estavam ocorrendo muitas mudanças na igreja e queriam manter tal como era no passado. Para este grupo as mudanças estavam ocorrendo muito depressa. O líder deste grupo era o teólogo da Irmandade Pedro Nead, quem liderou a "Irmandade da Antiga Ordem".

Outro grupo estava a favor de todas as novas ideias e desejava mudanças imediatamente. Para este grupo, a igreja não estava mudando o suficientemente rápido. O líder deste grupo era Enrique Holsinger e o grupo foi chamado de "Irmandade Progressista".

O terceiro grupo era o maior e estava a favor de algumas mudanças, mas não todas. Não queria fazer as mudanças rapidamente, mas pedia paciência e buscava fazer a paz com os demais grupos, havendo feito vários esforços neste sentido. Este grupo era chamado de "Irmandade Conservadora".

Todos os três grupos estavam em uma única igreja, a qual era conhecida simplesmente como a Irmandade. Finalmente, depois de várias consultas à Assembleia Anual, em 1881 o grupo da Antiga Ordem deixou a Irmandade. Cerca de 4.000 membros da Irmandade estavam com este grupo. Eles organizaram sua própria igreja e a chamaram de "Irmandade Batista dos Antigos Alemães" (Old German Baptist Church).

Esta divisão trouxe tristeza à igreja. Muitos esperavam que as tensões se acalmariam, mas a Irmandade Progressista não estava satisfeita, querendo mais mudanças do que o grupo majoritário poderia aceitar. Enrique Holsinger começou a falar e escrever contra da Irmandade. Em 1881 a Assembleia Anual anunciou que se Holsinger não se arrependesse das coisas que disse da igreja, poderia ser disciplinado.

Enrique Holsinger cria que o que dizia estava certo. Ele e seu grupo, a Irmandade Progressista, de aproximadamente 5.000 pessoas, deixaram a igreja. Em 1883 organizaram uma nova igreja, que hoje se chama "Igreja Irmandade" (Brethren Church).

O grupo que permaneceu na igreja original era parte do grupo conservador. Hoje o nome deles é "Igreja da Irmandade" (Church of the Brethren) ou “Igreja dos Irmãos” (isto se dá porque há uma discussão na Irmandade para que se mude o termo “Irmãos”- “Brethren” no inglês - para outro nome que inclua as mulheres. Como no português há a palavra Irmandade, preferimos utilizar este termo). Este grupo estava aberto a novas ideias, mas desejava se mover devagar. Eles eram aproximadamente 50.000 membros.

Os anos da divisão são um período bastante complicado na vida da igreja. A Irmandade é um povo amável e pacífico e não pôde trazer a paz no seu seio. Os dois grupos que deixaram a Irmandade não se reconciliaram até hoje. Muitas congregações e até algumas famílias se dividiram. Havia muita tristeza na Irmandade.

Ainda que os anos de divisão fossem ruins, algo de novo surgiu. Desde que diferentes grupos deixaram a igreja, a Igreja da Irmandade pôde enfatizar seu trabalho, voltando-se para fora e começando um programa missionário nos Estados Unidos e outros países, com um crescimento rápido da igreja.

OS GRUPOS QUE SE FORMARAM COM A DIVISÃO

Durante os anos de 1881 a 1883 dois grupos deixaram a Igreja da Irmandade. Um grupo estava preocupado em manter as coisas à antiga. É chamado "Irmandade Batista dos Antigos Alemães". O outro queria tentar novas ideias e por isto foi chamado de "Irmandade Progressista", depois de "Igreja Irmandade".

De agora em diante você deve cuidar que a “Igreja Irmandade” é diferente da “Igreja da Irmandade”. A “Igreja da Irmandade” é o nome oficial do grupo maior. A “Igreja Irmandade” é o nome oficial da Irmandade Progressista, grupo que deixou a Igreja da Irmandade. A Igreja da Irmandade é a igreja com a qual a igreja no Brasil está relacionada.

A IRMANDADE BATISTA DOS ANTIGOS ALEMÃES

Durante os próximos dez anos o grupo foi se organizando. Alguns que a princípio estavam com o grupo regressaram à Igreja da Irmandade. Pelo ano de 1890 a Irmandade Batista dos Antigos Alemães estava totalmente organizada.

Ela tem uma Assembleia Anual, pratica a Festa de Amor (com a lavagem dos pés), a unção, o batismo por tríplice imersão, ensina a não-violência e se recusa a fazer juramentos. Mas, com o passar dos anos, outros da Irmandade mudaram sua maneira de fazer estas coisas. Ela resistiu a estas mudanças e ainda utiliza o modo duplo de lavagem dos pés.

A Irmandade Batista dos Antigos Alemães continuou a utilizar roupas tal como os antigos. Os homens têm barba sem bigode e roupa escura com um modelo todo especial. As mulheres usam roupa simples e cobrem suas cabeças. Não usam joias, buscam viver de forma simples e vivem em casas comunais. Suas casas de reuniões são bastante simples e não têm nenhum instrumento musical.

A Irmandade Batista dos Antigos Alemães publica uma revista mensal chamada "Visitador". Ela também edita livros sobre sua história e republica as obras teológicas de Pedro Nead, o primeiro líder. Continua se opondo às reuniões de reavivamento e Escolas Dominicais. Recentemente permitiram que os jovens frequentem escolas secundárias e Universidade.

Ainda que a Irmandade Batista dos Antigos Alemães não permita muitas mudanças em sua maneira de viver, algumas têm ocorrido em função de tudo ter mudado muito e as novas invenções tornaram acessíveis a eletricidade, motores, rádios e televisão. A Irmandade Batista dos Antigos Alemães permitiu que seus membros usem a eletricidade, os motores e tratores. Mas não têm permitido o rádio e a televisão.

A Irmandade Batista dos Antigos Alemães também experimentou a divisão. Por várias vezes desde 1900 pequenos grupos se separaram para formar suas próprias igrejas. Normalmente as razões estavam nas decisões da Assembleia Anual ou uso de alguma nova invenção. Estes grupos eram pequenos, mas alguns existem até hoje.

A IGREJA IRMANDADE

A Irmandade Progressista deixou a Igreja da Irmandade em 1883 e formou a Igreja Irmandade. Este grupo imediatamente adotou todas as mudanças pelas quais havia lutado: reuniões de reavivamento, Escolas Dominicais, pastores com salário, liberdade na maneira de vestir e trabalho missionário.

A Igreja Irmandade tinha sua própria Assembleia Anual, estabeleceu seus escritórios em Ashland, Ohio. O Colégio Ashland foi reconhecido em 1888 como instituição da Igreja Irmandade. Em 1906, o Seminário Teológico foi iniciado na Faculdade, hoje chamado de Seminário Teológico Ashland.

A Igreja Irmandade continuou as práticas primitivas, mas permitiu mudanças e novas ideias. Os membros da Igreja Irmandade não se vestem de maneira especial, suas casas de reuniões para o culto são muito parecidas às de outras denominações, incentivam a educação para todos. A Igreja Irmandade tem um ativo programa de missões, pratica a Festa do Amor, o batismo por tríplice imersão e unção com óleo para a cura. Mas a doutrina da não-violência não é ensinada tão fortemente como o é em outros grupos da Irmandade e manteve uma forte crença na Bíblia como a Palavra de Deus.

A Igreja Irmandade desenvolveu um ativo ministério de publicações, publicando uma revista mensal chamada "Irmandade Evangelista", vários livros sobre sua história e materiais para a Escola Dominical de suas igrejas.

Houve divisões na Igreja Irmandade também. Nos anos de 1920 e 1930 houve muita tensão em todas as igrejas dos Estados Unidos devido a novas ideias sobre a Bíblia e como ela deveria ser interpretada. Um grupo de fundamentalistas estava dizendo que muitas das igrejas já não criam no que a Bíblia ensina. Na Igreja Irmandade os fundamentalistas ganharam muitos adeptos.

Em 1939 um grupo de fundamentalistas deixou a Igreja Irmandade e formou a Associação de Igrejas da Irmandade da Graça, que teve muitas mudanças nas maneiras da Irmandade. Eles têm a Festa do Amor e batizam por imersão tríplice, mas muitas outras práticas da Irmandade já não são mais observadas. A Associação de Igrejas da Irmandade da Graça enfatiza a evangelização e a missão. Atualmente têm uma faculdade e um seminário, o Colégio Graça e o Seminário Teológico Graça.

A IRMANDADE NA MISSÃO

A IRMANDADE INICIA MISSÕES INTERNACIONAIS

Dinamarca e Suécia

Cristiano Hope se mudou para a América do Norte vindo da Dinamarca. Hope havia se preparado para ser pastor, trabalhado com a Igreja Batista da Dinamarca e chegou aos Estados Unidos em 1870 por causa da perseguição contra os Batistas.

Quando chegou aos Estados Unidos, Hope começou a buscar uma igreja que praticasse a fé tal como entendia que era no Novo Testamento. Ele se afiliou à Irmandade em 1874 e a igreja o elegeu ministro em 1875. Ele escreveu cartas para sua família e amigos na Dinamarca contando-lhes sobre a Irmandade. Sua família e amigos se interessaram e pediram que alguém fosse à Dinamarca para falar da Irmandade.

Cristiano Hope se foi em 1876, sendo assim o primeiro missionário internacional da Irmandade. Com ele se foram dos anciãos Enoque Eby e Daniel Fry, sob a autoridade de um dos distritos da Irmandade, porque a Assembleia Anual ainda não havia aprovado as missões internacionais, o que aconteceu em 1880, quando a Assembleia organizou uma Junta especial para apoiar todo o trabalho missionário da Irmandade.

Hope e seus ajudantes estavam capacitados para estabelecer algumas igrejas na Dinamarca e na Suécia, permanecendo na Dinamarca por dez anos, ainda que Eby e Fry permanecessem menos de um ano. Quando Hope regressou a América do Norte, deixou o trabalho sob a direção de líderes locais. Com o passar do tempo muitos da Irmandade daquele país se mudaram para os Estados Unidos e a missão foi fechada em 1955.

Turquia, Suíça e França

O segundo trabalho missionário da Irmandade foi na Turquia, em 1895. D. L. Miller havia viajado pela Europa e fez alguns contatos na Turquia que levaram a mandar a Gastão Fercken para trabalhar ali. Fercken também começou um orfanato e duas igrejas. O trabalho missionário na Turquia enfrentou problemas. Fercken não lidou bem, enfrentou perseguições por parte do governo e em 1889 a Irmandade mudou Fercken da Turquia para trabalhar na Suíça e França. O trabalho missionário na Turquia permaneceu sob a liderança de um líder local e foi finalmente fechado em 1909.

Na Suíça e França Fercken pôde conseguir alguns seguidores e no ano de 1904 havia 57 membros em dois pontos missionários. Mas em 1907 Fercken deixou a Irmandade para se afiliar a outra igreja, deixando o trabalho missionário sem liderança. Ainda que outros missionários tenham ido à França, o trabalho neste país e na Suíça foi fechado em 1912.

Índia

A Índia passou a ser a localização do primeiro trabalho missionário de sucesso da

Igreja da Irmandade. Em 1895 Wilbur, Maria Stover e Berta Ryan foram à Índia. Em cooperação com outras missões, a Irmandade primeiro abriu trabalho entre os que falavam o Gujarati, expandindo posteriormente aos do idioma Marathi.

O objetivo dos missionários da Irmandade era pregar o evangelho e atender às necessidades das pessoas. Primeiro abriram um orfanato. As primeiras 13 pessoas foram batizadas em 1898. Em 1945 havia 22 igrejas e aproximadamente 8.000 membros. Em 1970 havia 25 igrejas, 20 pontos de pregação e aproximadamente 18.000 membros.

Na Índia havia muita fome e a Irmandade ajudou com alimentos e mais orfanatos foram iniciados, hospitais e sanatórios foram abertos. Em 1912 a Escola Bíblica de Bulsar começou. Os missionários começaram o Centro de Serviço Rural e uma escola de Treinamento Vocacional. Nestas escolas as pessoas recebiam treinamento e ensino nas áreas de saúde, carpintaria e agricultura, eram alfabetizadas e evangelizadas.

A missão da Irmandade na Índia passou para o controle da liderança nacional em 1945. Devagar, líderes locais assumiram o trabalho e a presença missionária passou a ser pequena. Muitas das escolas passaram ao governo da Índia. Em 1970 a Igreja da Irmandade na Índia se juntou com outras cinco denominações e se organizou a Igreja do Norte da Índia.

Os cristãos da Índia que eram da Irmandade tiveram importante papel na organização da Igreja do Norte da Índia. O Rev. Christachari, que havia sido pastor da Irmandade, passou a ser o primeiro bispo do distrito de Gujarati da Igreja do Norte da Índia. Até 1984 a Missão da Igreja da Irmandade tinha missionários trabalhando com a Igreja do Norte da Índia e ainda mantém estreita comunhão com ela.

China

A Irmandade continuou um ativo programa missionário nos anos de 1900. Em 1908 três famílias foram à China: Frank e Ana Crumpacker, Emma Horning e Jorge e Ana Hilton. Eles começaram a missão no norte da China, construindo escolas, hospitais e igrejas. Algumas vezes havia ondas de fome e enfermidades entre os chineses, quando ajudaram com medicamentos, comida e desenvolvimento agrícola.

Em 1918 a Irmandade abriu uma estação missionária no sul da China, onde era mais difícil. Depois de 30 anos de trabalho, havia 340 membros em 55 vilas e uma escola elementar com 270 estudantes. As missões da Irmandade no sul da China se uniram à Igreja de Cristo na China em 1949. Ainda que a Irmandade do Sul da China se juntasse à Igreja de Cristo na China, a do Norte da China não o fez. A Irmandade do Norte da China tinha aproximadamente 3.000 membros.

O trabalho missionário na China teve momentos difíceis quando a Segunda Guerra Mundial começou. Em 1937 os japoneses invadiram e governaram a China. Os missionários da Irmandade tiveram que fugir de algumas vilas, só regressando em 1946, quando a guerra terminou. Eles começaram muitos trabalhos de ajuda, inclusive trazendo vacas através do Projeto Heifer. Mas em 1949 os comunistas tomaram o controle do governo e toda a Irmandade teve que deixar o Norte da China em 1951 e já não puderam regressar mais.

Hoje a China está mais aberta à ajuda do exterior e a Irmandade tem trabalhado em projetos agrícolas, mas não há mais a Igreja da Irmandade. Algumas pessoas que vieram à fé cristã através do trabalho missionário da Irmandade são agora ativos líderes em outras igrejas cristãs.

Nigéria

Em 1923 a Igreja da Irmandade iniciou trabalho missionário na Nigéria enviando a Harold Stover Kulp e Alberto Helser para trabalhar na parte norte do país. O trabalho na Nigéria se fez com ênfase na pregação, ensino e cura. Eles começaram comunidades e construíram templos, fundaram escolas e hospitais. Em pouco tempo o trabalho prosperou e várias vilas foram alcançadas. Hoje a Igreja na Nigéria tem seu próprio governo e se chama Ekklesiyar Yan'uwa a Nigéria (EYN) e tem mais de 148.000 membros, com 1006 lugares de culto, sendo maior que a igreja-mãe nos Estados Unidos.

Porto Rico

Durante a Segunda Guerra Mundial muitos da Irmandade se recusaram a ir para o exército. Os homens da Irmandade estavam dispostos a trabalhar em projetos que pudessem ajudar a outros. Alguns eram enviados a Porto Rico para ajudar em projetos de desenvolvimento.

Dois médicos foram a Porto Rico: Daryl Parker e Carlos Coffman. Através do trabalho deles um hospital foi aberto em 1942 e começaram a realizar cultos no hospital. Isto levou à formação de uma igreja. Em 1959 o hospital foi reformado. A igreja passou a ser parte da Igreja da Irmandade nos Estados Unidos (Porto Rico é um “estado livre associado” aos Estados Unidos). Em 1976 o hospital passou ao controle de uma Junta de Governo local e a Igreja da Irmandade já não está mais encarregada dele.

Em 1972 a igreja começou um ponto de pregação a 20 quilômetros de distância, que foi estabelecido em igreja em 1989. Hoje em dia ambas estão ativas com aproximadamente 100 membros.

Equador

Durante a Segunda Guerra Mundial a Irmandade trabalhou no Equador. Depois do fim da guerra, em 1946, J. Benton e Ruby Rhoades foram para lá. A primeira igreja foi organizada em 1953 e a missão incluiu escolas primárias e secundárias, alfabetização de adultos, serviços médicos, agrícolas e desenvolvimento comunitário.

Os projetos de desenvolvimento no Equador passaram ao controle de uma Fundação (Fundação Brethren), em 1958, dirigida por dois missionários e sete nacionais. O trabalho da Fundação era supervisionar os trabalhos agrícolas, médicos e educacionais da missão.

Em 1964 havia seis igrejas com aproximadamente 300 membros. Eles se juntaram e organizaram a Igreja Evangélica da Irmandade. Um ano mais tarde estas igrejas se juntaram com outras quatro denominações dos Estados Unidos. Mais tarde se uniram na Igreja Evangélica Unida do Equador.

IDÉIAS MISSIONÁRIAS E PROJETOS - 1955 A 1989

Até 1955 a ideia principal das missões era ir a outro país e começar trabalhos em nome da Igreja da Irmandade. Também se fazia o trabalho social, como escolas, agricultura e serviços médicos.

Em 1955 a Assembleia Anual da Igreja da Irmandade se decidiu por uma nova estratégia missionária. Ao contrário de começar novas congregações locais, os missionários da Irmandade deveriam trabalhar com as já estabelecidas no país, não devendo estabelecer

uma nova denominação. Nos locais onde a Igreja da Irmandade havia começado igrejas, os líderes locais teriam total controle sobre o trabalho. Isto foi chamado de "mutualidade em missão".

Indonésia

O primeiro projeto missionário sob esta nova ideia foi na Indonésia. Jan e Phyllis Thompson foram para lá em 1960. Joel ensinou em um Seminário Teológico sob a direção de líderes indonésios. Mais tarde um médico e outra pessoa trabalharam na Universidade juntamente com os Thompson. O trabalho da Irmandade na Indonésia foi dado por concluído depois de 10 anos.

Sudão

Parte da missão na Nigéria incluiu o programa Lafyia que propicia cuidados com a saúde. O Ministério da Saúde do Sudão soube da existência deste programa da Irmandade e pediu que o levasse até lá. Em 1980, J. Roger e Carolina Schrock foram ao Sudão para iniciar o programa que cresceu de uma pessoa encarregada em 1980 para 26 pessoas em 1983. No entanto, por causa da guerra civil, todos os missionários tiveram que deixar o país. O programa continuou de forma reduzida. Desde então a Irmandade tem trabalhado no Sudão ajudando no desenvolvimento de líderes sob a coordenação do Conselho de Igrejas do Sudão. O problema com as contínuas lutas é que os missionários só podem viver na capital. De tempo em tempo eles têm que deixar o país.

Uma nova fase do envolvimento da Irmandade começou em 1991. J. Roger e Carolina Schrock regressaram, ele como Secretário Executivo do recém formado Conselho de Igrejas do Sudão, ajudando a planejar o ministério para as igrejas na parte sul do país.

América Latina

A Irmandade também iniciou trabalho de missão mútua na América Latina, se coordenando com a Igreja Pentecostal de Cuba, a Missão Cristã Pentecostal na Nicarágua e a Igreja Batista Emanuel em El Salvador. Vários intercâmbios entre membros das igrejas foram feitos e várias delegações da América Latina visitaram as Igrejas da Irmandade nos Estados Unidos. Delegações norte-americanas visitaram igrejas destes países.

IDÉIAS E PROJETOS MISSIONÁRIOS - 1989 A 1992

Depois de 30 anos trabalhando com a ideia de missão mútua, em 1989 a Assembleia Anual decidiu mudar sua estratégia missionária, regressando à antiga maneira de fazer missões. Novamente deveria iniciar igrejas da Irmandade em outros países, ao mesmo tempo em que os missionários poderiam continuar trabalhando em missão mútua em algumas partes do mundo. Em 1992 dois novos projetos foram iniciados.

Brasil

Em 1991 decidiu-se iniciar o apoio a um grupo de pessoas lideradas por uma pessoa que já mantinha contato com a Igreja da Irmandade há algum tempo e que havia passado um ano no Seminário Teológico Betânia. O grupo recebeu apoio financeiro, um programa de educação teológica supervisionada pelo Pr. Marcos Inhauser, uma propriedade foi comprada e um templo construído. Dada à natureza do grupo e problemas internos, o

trabalho decaiu e foi fechado em 1995.

Em Novembro de 1999 uma delegação da Igreja da Irmandade dos Estados Unidos veio ao Brasil para ver como estava a propriedade, quando entraram em contato com os Prs. Marcos e Suely Inhauser e os desafiaram a reabrir o trabalho no Brasil. Um projeto foi enviado e em março de 2001 o projeto foi avaliado pela Junta Geral da Igreja da Irmandade, que o aprovou por unanimidade. No dia 20 de maio de 2001 iniciou-se o trabalho com culto inaugural em Campinas. Depois de alguns meses, abriram-se os trabalhos de Limeira (julho), Jundiaí (setembro), Indaiatuba (dezembro). Em março de 2003 a Igreja da Irmandade resolveu receber e apoiar o trabalho em Rio Verde - GO, usando a propriedade que lá havia. Em dezembro de 2002 iniciou-se o trabalho em Campo Limpo Paulista.

O trabalho teve seus percalços, em parte pela dificuldade de pastores oriundos de outras igrejas aceitarem características anabatistas/pietistas da Irmandade. Houve também insatisfação pela maneira como se estava administrando os recursos da igreja. Do grupo inicial de pastores só um permaneceu, além dos Pr. Marcos e Suely Inhauser.

Premido pela crise econômica que reduziu em mais de 50% os ingressos da Igreja, ela voltou a se reunir nas casas e a enfatizar os pequenos grupos, onde, de forma mais plena, se pratica a hermenêutica comunitária.

O Igreja da Irmandade desenvolve vários ministérios sociais, seja diretamente, seja através de seus membros que atuam em nome da Igreja em projetos vários:

Clínica Pastoral feito pela Pra. Suely Inhauser, com mais de 25 anos de experiência na área. Ela tem uma sala alugada e atende em média 30 pessoas por semana.

Prevenção da Violência e Abuso Sexual da Criança e Adolescência: trabalho desenvolvido pelo Pr. Alexandre Gonçalves, que tem realizado seminários de conscientização e capacitação por todo o Brasil.

Apoio legal e gratuito para pessoas sem condições: desenvolvido pela Dra. Neide Rufino Inhauser com o apoio de seu marido.

Visitação a presos: Desenvolvido pelo casal Roberto e Neide.

Casa de Recuperação: Ministério da Igreja da Irmandade de Rio Verde, em parceria com o Ministério Público, sob a liderança e coordenação do Pr. José Tavares. Há, em média, vinte internos.

Time de Futebol: sob a orientação do Pr. José Tavares Junior, que se formou como técnico de futebol, a Igreja da Irmandade de Rio Verde treina uma equipe de adolescentes e participa de campeonatos na região.

Conselho da Comunidade de Rio Verde: O Pr. José Tavares Júnior é o presidente deste Conselho que, sendo uma instituição do Conselho Nacional de Justiça, ajuda presos nos processos legais e apoia as famílias nas suas necessidades, inclusive com a entrega de cestas básicas arrecadadas pela Igreja.

Espaço Jeremias: há mais de 12 anos e Pr. Marcos Inhauser escreve semanalmente uma coluna para o Correio Popular (O maior jornal de uma cidade de interior do Brasil). Nestas colunas ele faz uma leitura teológica da atualidade. Os artigos escritos estão postados no www.inhauser.blogspot.com

Espaço Teológico: pelo trabalho do Pr. Marcos Inhauser, o site www.pastoralia.com.br disponibiliza textos teológicos de pertinência para as igrejas da América Latina. Nele há textos em português, espanhol e inglês.

Coréia

Pessoas da Coréia que haviam se mudado para os Estados Unidos e começado igrejas por conta própria se filiaram à Irmandade nos anos de 1980. Mas eles queriam também levar a Igreja da Irmandade à sua terra natal.

Em 1990 a Assembleia Anual aprovou um plano de iniciar o trabalho na Coréia do Sul, com o treinamento de membros da Irmandade coreana nos Estados Unidos para que regressassem e trabalhassem como evangelistas e pastores. Um missionário da Irmandade trabalhou com os líderes coreanos sobre a história e práticas da Irmandade. O projeto enfrentou dificuldades, em parte relacionadas à cultura evangélica da Coréia e o trabalho foi descontinuado.

República Dominicana

Quando da ocorrência de um furacão na ilha, alguns da Irmandade de Porto Rico foram para a República Dominicana para ajudar na reconstrução de casas. Entraram em contato com algum pastores que tinham igrejas, mas eram independentes. Vários deles pediram que a Irmandade os ajudasse provendo educação teológica, uma vez que eram pastores, mas nunca tinham recebido nenhuma orientação. O departamento de missões da Igreja da Irmandade providenciou um projeto de educação teológica, que esteve a cargo do pastor Marcos Inhauser de 1991 até a formatura da primeira turma em 1999. Neste período foi sendo consolidada a denominação, houve a constituição em personalidade jurídica, a Assembleia foi gradativamente assumindo o controle das decisões, sob a orientação do pastor Gilherme Encarnación, dominicano radicado nos Estados Unidos e ordenado pela Igreja da Irmandade.

A IRMANDADE E A EDUCAÇÃO

O primeiro intento da Irmandade em iniciar uma escola foi em 1852, através de Jacó Miller que abriu uma Escola Secundária na Pensilvânia. Miller morreu repentinamente um ano depois de havê-la começado, e a Escola foi fechada. O início desta foi discutido pela Assembleia Anual, onde se decidiu que não era bom que a Irmandade tivesse e administrasse escolas.

Um dos grandes apoiadores da necessidade de uma escola foi Enrique Kurtz, que era o editor do "Visitador Evangélico" e teve a ajuda de James Quinter, o primeiro da Irmandade a ter formação como professor, que deixou seu trabalho para trabalhar com o "Visitador Evangélico".

Juntos Kurtz e Quinter concordavam na necessidade de uma escola da Irmandade. Constantemente escreviam artigos no "Visitador Evangélico" sobre o tema. Muitos jovens da Irmandade estavam indo a escolas de outras denominações e Kurtz e Quinter sentiam que frequentar escolas de outras igrejas poderia levar a pessoa a abandonar a Irmandade. Por isto ela necessitava ter suas próprias escolas de educação superior.

Muita gente concordava com Kurtz e Quinter. Um deles era S. Z. Sharp, que comprou uma escola da Igreja Presbiteriana e que formava professores. Sharp dirigiu-a vários anos, mas durante a Guerra Civil dos Estados Unidos, foi difícil operá-la e Sharp teve que vendê-la.

Logo depois que Sharp iniciou sua escola, Quinter iniciou outra que também formava professores. Tal como a de Sharp, a de Quinter fracassou durante os anos da Guerra Civil. Depois da Guerra, dois Irmãos fizeram um novo esforço: os Burmbaugh, que estavam publicando uma pequena revista e iniciaram uma em 1876.

James Quinter comprou a revista de Burmbaugh e a juntou com o "Visitador Evangélico", mudou sua imprensa da Pensilvânia e passou a ser o primeiro presidente dela. Em 1894 a escola foi renomeada como Colégio Juniata e oferecia formação em diversas áreas. O Colégio Juniata ainda está funcionando e é a mais antiga escola da Irmandade.

A Irmandade fez vários intentos de iniciar escolas além das mencionadas aqui. Entre os anos de 1852 e 1923 a Irmandade começou 39 escolas. Hoje, 8 delas ainda estão em funcionamento.

Muitas das iniciadas pela Irmandade eram primeiramente para formar professores. Hoje oferecem cursos de segundo grau e nível superior.

Em 1900 a matrícula em todas as escolas da Irmandade e Seminários ultrapassava 8.000 alunos, sendo que, em 1990, menos de 700 deles vinham da Igreja da Irmandade. Isto não é porque os jovens da Irmandade não estão indo às universidades, mas porque muitos estão indo a escolas que não pertencem à denominação.

À exceção do Seminário Teológico Betânia, nenhuma das Universidades da Igreja da Irmandade é propriedade ou é operada pela Igreja. Ao contrário, as escolas são operadas por uma Junta de Governadores, que mantém relação muito estreita com a Igreja da Irmandade.

A EDUCAÇÃO TEOLÓGICA

Uma das ideias que causaram a Grande Divisão foi a questão dos pastores assalariados. A primeira igreja que pagou a seus pastores um salário foi a igreja de Filadélfia, em 1861, aos pastores que trabalhavam meio período. Em 1981 (depois da Grande Divisão), as mesmas igrejas tiveram pastores de tempo integral.

Junto com a ideia de pastor assalariado veio a necessidade de prover educação teológica. No começo, os pastores da Irmandade não recebiam educação teológica formal e davam somente parte de seu tempo para o trabalho da igreja. No entanto, pastores de tempo integral necessitavam ter educação teológica e as habilidades para fazer o trabalho.

A necessidade de pastores formados se deu porque o nível de educação média nos Estados Unidos estava aumentando. Mais e mais jovens estavam completando a escola secundária, muitos estavam indo às universidades e outros estavam fazendo o mestrado ou doutorado. Martin Grove Brumbaugh fez seu Doutorado em Filosofia na Universidade da Pensilvânia, em 1895, sendo assim a primeira pessoa da Irmandade a ter um doutorado.

Algumas das Universidades da Irmandade tinham a intenção de formar pastores e professores, mas a maioria destas universidades começou a dar mais atenção na formação em outras áreas que na formação teológica, de tal maneira que não havia uma só escola que se dedicasse exclusivamente à formação teológica.

A. C. Wieand era um líder da Irmandade que tinha visão para a formação bíblico-teológico. Ele tinha várias graduações acadêmicas, era ministro da Igreja da Irmandade e professor em várias Universidades da Irmandade. Em 1895 Wieand iniciou uma Escola Bíblica para a Irmandade e para se preparar para esta tarefa ele fez estudos especiais e viajou pelos Estados Unidos, Europa e Terras Santas.

A.C. Wieand esteve nas terras bíblicas em 1901 com E.B. Hoff, pastor e professor. Eles foram ao Monte das Oliveiras e olharam a vila Betânia. Ali Wieand e Hoff discutiram a ideia de uma Escola Bíblica para a Irmandade e escolheram o nome de Betânia para a que estavam planejando. Também decidiram que, ao regressar aos Estados Unidos, iriam dar início imediato aos seus planos.

Hoff e Wieand compraram uma propriedade em Chicago e começaram as primeiras aulas em 1905, no que se chamou de Escola Bíblica Betânia. Com os anos, o nome foi mudado para Seminário Teológico Betânia. Havia doze alunos na primeira classe, mas em três anos este número aumentou para cento e cinquenta. Novos edifícios foram construídos e no ano de 1908, a Conferência Anual fez o reconhecimento oficial do Seminário.

O Betânia cresceu rapidamente. Em 1920 tinha 346 estudantes. O currículo foi planejado de maneira que havia mais programas para estudantes graduados das universidades que desejavam um segundo título. Também havia um programa para aqueles que somente haviam frequentado a escola secundária. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial (1940 a 1945), a quantidade de alunos matriculados era muito baixa, mas assim que a guerra acabou, o número aumentou outra vez.

A Irmandade não possuía nem operava nenhuma Universidade. Em 1925 a Conferencia Anual fez uma concessão para o Seminário Teológico Betânia, que se tornou propriedade da Igreja da Irmandade e continua a sê-lo até hoje.

O Betânia construiu um novo campus em 1962 em uma das pequenas vilas a oeste

de Chicago, Oaks Brook. O programa passou a oferecer o Mestrado. Por algum tempo, também o doutorado, mas já não mais oferecia a graduação em teologia. Ao priorizar o Mestrado e doutorado, com ênfase acadêmica bastante acentuada, o Seminário perdeu contato com algumas das necessidades das igrejas. Muitos da Irmandade começaram a ir a outros Seminários. Outro problema é que as igrejas não estavam mais dispostas a manter o Seminário.

O impacto do Seminário Teológico Betânia na Igreja foi grande. Em 1891 havia somente uma Igreja da Irmandade que tinha pastor de tempo completo, mas em 1940 havia mais de 600, muitos deles formados no Betânia.

A Igreja da Irmandade também dá educação teológica a seus pastores através de programas de extensão. Cada Distrito tem um Programa de Formação de Ministros para pessoas que não podem ir à Universidade ou Seminário. Este tipo de formação envolve leituras, estudo sob supervisão de um tutor, a assistência a aulas promovidas pelo Distrito. A Igreja da Irmandade também tem um programa de extensão do Seminário.

A EDITORA E OS POLÍTICOS DA IRMANDADE

A EDITORA DA IRMANDADE

O trabalho missionário fez que a Igreja da Irmandade publicasse materiais sobre suas doutrinas, práticas e ministério. Em 1876, se organizou um comitê para supervisionar a publicação de material com as doutrinas básicas que se chamou Comitê Geral de Missões e de Tratados (um termo que se aplica aos folhetos). Em 1887, 88.000 folhetos foram publicados em três idiomas, além do inglês.

Enquanto a Igreja da Irmandade publicava folhetos, outros da Irmandade, de forma individual, publicavam revistas e livros. Um exemplo disto foi D.W. Kurtz que publicou o "Visitante Evangélico" a partir de 1851. Em 1883 muitas destas revistas, reunidas com o Visitante Evangélico se transformaram no "Mensageiro" (Messenger) que até hoje é a publicação oficial. No final dos anos 1800 a Companhia de Publicações da Irmandade (Brethren Publishing Company), uma empresa privada, publicava o "Mensageiro".

Em 1897, a Companhia de Publicações da Irmandade entregou todo o trabalho que fazia para a Igreja da Irmandade, que encarregou o Comitê Geral de Missões e Tratados. Através dos anos que se seguiram, livros, materiais para Escola Dominical e folhetos foram publicados, além do "Mensageiro". No que pese o fato de que a Irmandade teve problemas com a instalação das Escolas Dominicais, assim que a Igreja começou a publicar material, o crescimento saltou de 29.000 para 130.000 alunos em 1919.

A Imprensa da Irmandade (Brethren Pres) está ativa, publicando todo o material necessário para a vida da Igreja e sendo importante apoio no ministério que exerce.

OS POLÍTICOS DA IRMANDADE

Depois da Grande Divisão, a Irmandade desenvolveu a consciência sobre a atuação política. No passado, a Irmandade viveu separada do mundo, não se envolvendo com política ou com as formas de governo. Viviam calados, dedicando-se ao culto e ao trabalho. Mas esta atitude mudou durante os anos de 1900.

Uma pessoa que ajudou nesta mudança foi Martin Grove Brumbaugh, o primeiro membro da Igreja da Irmandade que teve seu Ph.D. Sua formação era em Língua Inglesa, Ciências e Professorado. Brumbaugh foi membro da Igreja da Irmandade, serviu como ministro, e foi presidente da Universidade Juniata nos anos de 1895-1906 e 1924-1930.

Em 1900, o presidente dos Estados Unidos o nomeou como Comissionado para a Educação em Porto Rico, onde desenvolveu o sistema de escolas e serviu como Presidente do Senado. Quando regressou aos Estados Unidos, Brumbaugh serviu como diretor de todo o sistema de escolas da cidade de Filadélfia, expandindo-as e melhorando-as.

Em 1914, Brumbaugh concorreu como Governador da Pensilvânia, ganhando a eleição facilmente e governando por quatro anos. Brumbaugh viu sua eleição como um chamado do povo. Tratou de lhes dar um governo efetivo, honesto e preocupado com o povo.

Brumbaugh não somente foi político, mas também escritor e professor, ensinando na Universidade Juniata e da Pensilvânia. Escreveu vários livros sobre educação, mas é mais conhecido por seu livro "História da Irmandade dos Batistas Alemães na Europa e América".

Teve grande atuação nas Assembleias Anuais da Igreja da Irmandade, ainda que houvesse quem acreditasse que ele se equivocava ao se envolver com política. A maior preocupação da Irmandade era que, como governador, Brumbaugh era o Comandante em Chefe da Força Militar do Estado. Durante os anos da Primeira Guerra Mundial, Brumbaugh teve que supervisionar a produção de armas do Estado.

As boas obras que fez Brumbaugh no seu ofício, incentivaram outros a tomar parte ativa na política. Em 1911, a Conferência Anual ainda aconselhava os membros a não participar da vida política. Em 1915 a Conferência Anual elogiou Brumbaugh por sua eleição como Governador. Dois anos mais tarde, a Conferência Anual aconselhou a todos da Irmandade a que fossem cidadãos úteis e leais. Até este momento a grande maioria recusava participar da vida política, até mesmo votar, quanto mais participar como candidato.

Hoje, a maior parte vota nas eleições (nos Estados Unidos a votação é facultativa: só vota quem quer), muitos não sentem que estão errados em se envolver em questões políticas, sempre e quando se mantenham fiéis à fé cristã e às práticas da Irmandade. A Conferência Anual aprovou muitos documentos que dão diretrizes de ação ou contestam ações do Governo Federal.

A IRMANDADE NAS DUAS GUERRAS MUNDIAIS

A Primeira Guerra Mundial aconteceu entre 1917 e 1919. A Segunda, de 1939 a 1945. As duas começaram na Europa.

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A Igreja da Irmandade tinha posição firme e clara em relação à paz. A Irmandade enfrentou a Primeira Guerra Mundial sem nenhum preparo. Os Estados Unidos entraram na Guerra em 1917 e em seguida começou a convocação militar, requerendo aos jovens que se alistassem.

Quando isto começou, o governo dos Estados Unidos permitiu que os jovens das igrejas de paz que se alistassem para serviços não fossem obrigados a pegar em armas ou entrar em combate, passando a ser conhecidos como "Objetores de Consciência" (OC).

Muitos líderes da Irmandade não sentiam que estava certo para um cristão servir à força militar. Outros sentiam que o serviço não-combatente estava certo. Alguns jovens foram ao serviço não-combatente, mas outros se recusaram e acabaram presos. Houve também os que se alistaram, pegaram em armas e entraram em combate.

Em 1918, a Igreja da Irmandade se reuniu em conferência especial na cidade de Goshen e aprovou uma declaração afirmando que a guerra é pecado e que qualquer serviço nas forças militares é pecado. Outra parte da declaração sugeria alternativas para os jovens que estavam enfrentando o alistamento militar. Quando o governo tomou ciência desta declaração, decidiu prender os oficiais da denominação, o que não aconteceu porque a guerra terminou em 1919.

ENTRE AS DUAS GUERRAS

A experiência de uma guerra generalizada teve grande impacto na Irmandade e duas coisas importantes ocorreram. A primeira foi que a Irmandade se tornou mais consciente e alerta para o sofrimento das pessoas de outros países. Em 1917, o primeiro esforço organizado pela Irmandade teve lugar, ajudando as pessoas na Armênia, quando, por quatro anos, a Irmandade ajudou com US$ 267.000 dólares. O trabalho de ajuda às pessoas em necessidade se tornou importante para a Irmandade. No fim de 1930, ela mandou ajuda e trabalhadores para a Espanha, depois da Guerra Civil. Um deles era Dan West, que começou a enviar vacas (Heifers, no inglês, que eram vacas novas que ainda não haviam procriado). As vacas ficavam prenhes antes de sair dos Estados Unidos e na Espanha eram dadas para famílias em necessidade. Quando estas vacas procriavam, as famílias tinham que dar o bezerro a outras famílias também com necessidades. A família podia guardar os bezerros que nasciam em procriações futuras. Desta maneira, a família tinha a vaca, o leite e a possibilidade de ter um seu próprio gado.

A segunda maneira que a Guerra Mundial afetou a Irmandade foi com o planejamento. A experiência de não estar preparada para a Guerra fez com que olhassem para frente. A Irmandade se reuniu com líderes de outras igrejas que eram contra a guerra para discutir a questão dos Objetores de Consciência e como eles poderiam servir ao país de

outra forma sem ser na força militar. Se a guerra acontecesse outra vez, as igrejas queriam estar preparadas.

A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

A guerra veio outra vez. Desta vez era maior, mais abrangente e mais violenta que a primeira. Em 1940 os Estados Unidos começaram o alistamento militar. As igrejas pacifistas tinham um plano para apresentar ao governo dos Estados Unidos, pedindo que permitisse que os Objetores de Consciência (OCs) fizessem trabalhos sob a direção de civis como alternativo ao serviço militar.

O governo dos Estados Unidos aprovou o plano. Igreja e o governo trabalharam juntos e começaram o Serviço Público Civil (SPC), que organizou campos especiais de trabalho para os OCs. Nestes campos se trabalhou com o solo e a conservação de árvores, serviço médico, desenvolvimento agrícola e construção de estradas.

Em 1941, os Estados Unidos entraram oficialmente na Guerra. Os SPC ofereceram aos jovens da Irmandade uma oportunidade de servir ao país sem ter que pegar em armas. Mas as práticas de Adolfo Hitler também levaram muitos jovens a se juntar à força militar, indo aos campos de batalha. A Guerra terminou em 1945 e o alistamento militar em 1947. Até este momento, 1.386 jovens da Irmandade haviam escolhido os SPC e mais de 21.000 foram aos combates e 1.484 foram ao serviço não-combatente.

A Irmandade ainda mantém sua posição contra a utilização da força militar, é uma "igreja pacifista" e a declaração oficial é que "toda guerra é pecado". A igreja ensina os jovens a dar seu tempo em serviços que ajudem as pessoas.

A IRMANDADE DEPOIS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

A Segunda Guerra Mundial foi um tempo muito difícil para o mundo. Mais de 56 milhões de pessoas de diversos países morreram na guerra. Milhares de famílias foram deixadas sem casa e filhos perderam seus pais. A maior parte da Guerra foi travada na Europa e nas ilhas do Pacífico. Os Estados Unidos bombardearam algumas cidades no Japão, a ponto de usar bombas nucleares em duas cidades. Houve destruição generalizada na Europa e Japão.

A destruição causada pela Guerra deu à Irmandade a oportunidade de mostrar seu amor pelas pessoas. Desde o princípio a Irmandade mostrou seu amor ensinando o Evangelho e ajudando a satisfazer as necessidades físicas das pessoas. A Igreja de Germantown foi quem começou a ajudar as viúvas dando casas. Em quase todos os trabalhos de missões, a Irmandade construiu casas para os órfãos, hospitais e leprosários.

Com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939, a Igreja da Irmandade começou o Comitê de Serviço da Irmandade (CSI - Brethren Service Committee, BSC). Durante os anos da guerra, o CSI supervisionou as operações do Serviço Público Civil (SPC). Quando a guerra terminou o CSI iniciou vários programas de ajuda aos necessitados na Europa. As palavras de Jesus em Mateus 25:35-36 foram a base para o trabalho de ajuda do CSI.

Não há espaço suficiente aqui para que possamos dizer sobre todos os projetos do CSI, desde o princípio com os acampamentos de prisioneiros de guerra, até que os prisioneiros pudessem regressar às suas casas, providenciando ajuda material, educação e serviços religiosos.

A maior parte do gado da Europa morreu durante a Guerra. As Nações Unidas souberam o que Dan West tinha feito com a Espanha e começou a mandar gado à Europa. Ela pediu que a Irmandade mandasse homens para cuidar do gado durante a viagem de barco. Aproximadamente 5.000 homens ajudaram a cuidar do gado durante o primeiro ano do programa.

Em 1948 o CSI começou o Serviço Voluntário da Irmandade (SVI; Brethren Volunteer Service, BVS). O SVI é um programa para jovens que dão um ou dois anos de trabalho em serviço voluntário. A pessoa que trabalha no SVI tem um lugar para morar e as coisas básicas para viver, mas não recebe salário. O programa de serviço do SVI continuou depois que o serviço terminou na Europa. Mais de 4.000 pessoas já serviram no SVI em 23 países diferentes e em mais de 25 Estados diferentes dos Estados Unidos.

O projeto Heifer do CSI cresceu rapidamente. Muitas outras igrejas mostraram desejo de participar no projeto de mandar gado à Europa. Os Batistas, Reformados, Metodistas, Menonitas e Católicos mandaram através do programa da Igreja da Irmandade. Em 1953, o Projeto Heifer foi organizado como programa separado da Igreja da Irmandade e hoje é chamado Projeto Heifer Internacional. O programa continua a mandar gado, mas também coelhos, galinhas, cabritos, ovelhas, porcos e até abelhas aos países necessitados. Este programa ajudou pessoas em 102 países e em 12 Estados dos Estados Unidos.

Os trabalhadores do CSI e os SVI supervisionaram o trabalho de mandar toneladas

de doações à Europa, que incluíam roupa, cobertores, panelas, sapatos, brinquedos, leite, comida, materiais de construção e vacas. O CSI também ajudou a encontrar casas para as pessoas que ficaram sem moradia depois da Guerra. Muitas pessoas encontraram trabalho em outros países.

O CSI financiou acampamentos de trabalho com pessoas de diferentes países, que foram à Europa e ajudaram a reconstruir as cidades bombardeadas, providenciando equipamentos e trabalhadores médicos que ajudaram nos hospitais e clínicas.

Na China o CSI começou um projeto agrícola. As Nações Unidas deram tratores para limpar a terra danificada pelos bombardeios e a Irmandade mandou trabalhadores para ensinar aos chineses a usar os tratores. O CSI também mandou gado e ajudou a perfurar poços. O projeto de utilização de tratores treinou mais de 660 chineses e preparou mais de 56.000 hectares de terra.

O CSI começou um programa de intercâmbio educacional para jovens. Este programa ensinava técnicas agrícolas e outras. O programa de intercâmbio trouxe estudantes europeus aos Estados Unidos para estudar e estudantes norte-americanos foram trabalhar por dois anos na Europa. As pessoas trabalhavam sem salário, mas recebiam o suficiente para viver e comida.

Estes são apenas uns poucos projetos do CSI. Muitas vezes a Irmandade trabalhou em conjunto com outras igrejas ou governo na criação de programas de ajuda. O trabalhar em união fez com que a Irmandade percebesse a necessidade de mais cooperação entre as igrejas cristãs.

MINISTÉRIOS DE SERVIÇO DA IRMANDADE

CENTRO DE SERVIÇO DA IRMANDADE

Os trabalhos que a Irmandade fez na Europa levaram o CSI a comprar edifícios nos Estados Unidos, que serviram como escritórios e centros de coleta de comida e roupa para serem mandadas aos países em necessidade. O CSI comprou edifícios perto de New Windsor no estado de Maryland, os quais foram chamados de Centro de Serviço da Irmandade (Brethren Service Center).

Depois da Segunda Guerra Mundial, a necessidade na Europa era de roupa e comida. O Centro de Serviço da Irmandade coletou em 1947 aproximadamente 500.000 quilos de comida e varias toneladas de roupa que foram mandadas à Europa desde New Windsor.

Em 1949, o governo dos Estados Unidos permitiu que vários refugiados viessem a morar nos Estados Unidos. New Windsor se tornou um lugar onde os refugiados de toda a parte buscavam ajuda. No Centro eles eram ensinados sobre o estilo de vida nos Estados Unidos, aprendiam inglês e recebiam lugar para viver e trabalhar.

Outras igrejas dos Estados Unidos se uniram à Irmandade e ao Centro de Serviço da Irmandade. Hoje ele é o centro do Serviço Mundial das Igrejas (SMI; Church World Service, CWS). O SMI é o programa mundial de ajuda do Conselho Nacional e Mundial de Igrejas, sendo também o centro para o serviço de Ajuda Luterano, para PVAR e PRCI (mais sobre estas siglas na próxima lição).

Depois que muitos suprimentos foram mandados à Europa e Japão, já não havia tanta necessidade nestes lugares. O trabalho do CSI mudou e começou a ajudar aos países que estavam começando a se desenvolver. Hoje é um centro para armazenamento de roupa, cobertores e medicamentos para serem mandados aos países depois de terremotos, inundações, erupções de vulcões e fome.

A Igreja da Irmandade é a proprietária e administradora do Centro de Serviço da Irmandade, mas muitas outras igrejas trabalham no centro, sendo uma organização muito grande que distribui toneladas de ajuda material ao redor do mundo.

PROJETO RURAL CRISTÃO INTERNACIONAL - PRCI

O Projeto Rural Cristão Internacional (Christian Rural Overseas Project, CROP) é outra organização de serviço que foi iniciada pela Irmandade. Depois da Segunda Guerra Mundial, o membro da Irmandade M. R. Ziegler viu a necessidade de comida na Europa. Ziegler contatou várias igrejas nas quais havia fazendeiros e os motivou a mandar trigo para a Europa.

A ideia do PRCI era conseguir dinheiro e comida da comunidade em geral, não somente das igrejas. Doações começaram, seja em dinheiro ou comida, e estas vinham de todos os estados da nação. Trens inteiros levavam doações para os portos para serem mandadas à Europa e Japão.

Depois de algum tempo, o PRCI enfatizou a importância do treinamento de pessoas que pudessem plantar. PRCI deu sementes e aparelhos de plantação. PRCI também estava ocupado com projetos para cavar poços. Um dos papeis mais importantes do PRCI é o trabalho de conscientização para que a pessoa possa entender o problema da fome mundial.

A resposta dada pelas pessoas não afiliadas à igreja ou ao programa do PRCI foi muito boa. Em 1952 PRCI se tornou oficialmente o programa comunitário para a fome do Serviço Mundial de Igrejas (SMI). A Irmandade começou o programa e agora ajuda o SMI no seu gerenciamento.

PROGRAMA DE VENDAS PARA A AJUDA AO REFUGIADO - PVAR

Quando os trabalhadores da Irmandade regressavam de outros países depois de prestar seus serviços, traziam alguns artesanatos, que geralmente são mais caros nos Estados Unidos. Começou-se a trazê-las e vendê-las nos Estados Unidos. O dinheiro destas vendas é dado às pessoas que fazem os artesanatos. Desta maneira a economia destes países é beneficiada.

As primeiras tentativas de vender os artesanatos iniciou o Programa de Vendas para a Ajuda ao Refugiado (PVAR; Sales Exchange for Refugee Rehabilitation Vocation, SERRV). A Irmandade começou este programa em 1950 e uma loja foi aberta em New Windsor onde os artesanatos são vendidos. PVAR tem hoje várias outras lojas nos Estados Unidos, mas a maior parte é vendida através das igrejas locais.

O PVAR é propriedade da Igreja da Irmandade e é administrado por ela. O SMI ajuda com dinheiro e promoções para o PVAR. Em 1981 PVAR tinha trinta trabalhadores de tempo integral e vendeu mais de US$ 2.500.000,00 dólares. Os artesanatos vêm de mais 40 países e 200 trabalhadores diferentes. Desta maneira, a Irmandade está ajudando a

construir a indústria nos países em desenvolvimento.

CUIDADO DOS IDOSOS

A Irmandade sempre esteve preocupada com os membros da igreja que estão envelhecendo. Quanto mais as pessoas envelhecem, mais cuidados elas necessitam. Algumas vezes até necessitam de cuidados para comer, se vestir, outras vezes os problemas de saúde necessitam ser observados por médicos e enfermeiras. Nos primeiros anos da Igreja da Irmandade, os idosos recebiam cuidados de seus próprios familiares, não sendo raros os casos em que viviam na casa de filhos.

À medida que os Estados Unidos se desenvolveram, mais pessoas começaram a trabalhar fora de casa ou nas fazendas e em muitas famílias o marido e a mulher trabalhavam. Isto se converteu em dificuldade para o cuidado dos idosos nas próprias casas. Estas circunstâncias levaram à criação de "Casas de Retiro para Idosos".

Nestas Casas de Retiro, normalmente um edifício parecido a um pequeno hospital, a pessoa recebe cuidados. Outros edifícios são feitos para que a pessoa viva neles, de tal forma que possam fazer suas comidas com os demais em um salão central. Há algumas Casas de Retiro onde a pessoa com mais saúde tem suas casas separadas. Nas Casas de Retiro são realizados cultos para os que ali vivem.

A Igreja da Irmandade esteve muito ativa em prover Casas de Retiro para os Idosos. Entre os anos de 1883 e 1910, a Irmandade começou 13 Casas de Retiro, sendo que algumas delas já não mais existem. No entanto, desde 1910 novas comunidades foram iniciadas e a última foi em 1979.

Hoje há 25 Casas de Retiro em funcionamento na Igreja da Irmandade. Em 1990 mais de 5.000 pessoas estavam vivendo nelas, muitas duplicaram o número de habitantes desde 1980. Há uma grande necessidade nos Estados Unidos por este tipo de serviço. As Casas de Retiro são administradas por uma Junta própria de governo, sob a direção dos Distritos.

As igrejas locais em cada Distrito estão envolvidas com as Casas de Retiro. Normalmente os pastores fazem turno para a realização dos cultos e celebrar a comunhão. As sociedades femininas fazem visitas e promovem várias atividades.

Todas as Casas de Retiro estão relacionadas umas às outras através da Associação de Cuidadores da Irmandade - ACI (Association of Brethren Caregivers, ABC). A associação é uma organização que ajuda a planejar o ministério de cuidado com saúde. A associação também ajuda financeiramente pessoas que querem ser capacitadas para o trabalho de enfermagem.

MINISTÉRIO AOS JOVENS

A Igreja da Irmandade sempre teve uma preocupação grande com a juventude. Nos primeiros anos da Igreja se esperava que os jovens fossem ensinados em suas próprias casas. Porque muitos da Irmandade eram donos de fazendas e sítios, tinham muito trabalho para os jovens nas suas propriedades. No entanto, hoje a maioria já não vive em sítios ou fazendas.

Talvez a Escola Dominical tenha sido o primeiro trabalho para os jovens na Igreja da Irmandade. Ela foi planejada para alcançar as crianças e os jovens com o evangelho. Em 1927 a Irmandade começou uma organização que veio a ser conhecida como Fraternidade dos Jovens da Igreja da Irmandade (FJII; Church of the Brethren Youth Fellowship, CBYF), que têm filiais em todos os Distritos e Igrejas.

Alguns da Fraternidade trouxeram a ideia do Serviço Voluntário da Irmandade à Assembleia Anual em 1948 que o aprovou e desde então é um programa dedicado especialmente aos jovens. Hoje há no escritório central da igreja pessoal de tempo completo só para planejar e administrar este ministério.

O escritório central e alguns Distritos planejam acampamentos para os jovens todos os anos, nos quais muitos dão uma ou duas semanas de trabalho voluntário. Estudos bíblicos e jogos fazem parte destes acampamentos e de outras atividades planejadas pelas igrejas. Em muitas igrejas pelo menos um jovem participa da Junta Diretiva da Igreja.

O maior evento dos jovens na Igreja da Irmandade é a Conferência Nacional da Juventude (National Youth Conference), que é uma grande reunião de jovens de todo país. Ela é realizada a cada quatro anos, quando oradores especiais são convidados e são feitos estudos bíblicos, participam de seminários sobre temas variados, cantam e celebram. A frequência média a estas Conferências é de 4.000 jovens.

ACAMPAMENTOS DA IGREJA

O ministério de acampamentos da Igreja da Irmandade começou como parte do programa de educação, provendo locais em meio aos bosques. Durante os meses de verão, crianças e jovens vão a estes acampamentos por uma semana. Ali aprendem sobre duas importantes coisas: o evangelho e o mundo que Deus fez, sobre plantas e animais, caminham no meio do bosque, jogam e formam grupos para estudo bíblico. Desta maneira aprendem sobre Deus e o mundo.

O primeiro acampamento da Irmandade começou em 1917. Hoje a Igreja tem 34 acampamentos. Assim como as Casas de Retiro para Idosos, os acampamentos têm sua própria Junta Diretiva sob a direção dos Distritos. O escritório central da Igreja tem uma pessoa que trabalha em regime de tempo parcial, ajudando a liderança destes acampamentos. Cada acampamento emprega as pessoas necessárias para desenvolver suas atividades.

O programa é bastante extenso. Quando começaram estavam dedicados só às crianças durante o verão. No entanto, hoje, os acampamentos são usados todo o ano. Diferentes grupos da Igreja usam os acampamentos para retiros e seminários. Os acampamentos também oferecem atividades para os adultos. Frequentemente oferecem programas de fim-de-semana.

SOCIEDADES FEMININAS

As mulheres têm estado ativas na Irmandade desde o princípio, estando presentes já no primeiro batismo na Europa e nos Estados Unidos. Margarida Mack ajudou seu marido Alexandre quando o movimento começou na Europa. Sara Major foi a primeira mulher pregadora da Irmandade.

Nos primeiros anos da Igreja da Irmandade, as mulheres não tinham as mesmas oportunidades que o homem no trabalho da Igreja. Quando as Escolas Dominicais começaram, as mulheres passaram a ser a professoras. As mulheres também serviram como diaconisas juntamente com seus maridos, envolvidas na atenção às pessoas necessitadas na igreja local e na preparação da Festa do Amor.

Em 1922 a Conferência Anual deu às mulheres o direito de serem ministras licenciadas, mas não ordenadas. Em 1958 as mulheres puderam ser ordenadas. Hoje há muitas delas no ministério da Igreja da Irmandade. Algumas delas servem como pastoras em igrejas locais, outras juntamente com seus maridos. No entanto, algumas igrejas ainda não permitem mulheres no ministério.

A Igreja da Irmandade busca ter um mesmo número de homens e mulheres em todas suas Juntas Diretivas e Comitês. Mulheres serviram e servem como moderadoras da Assembleia Anual. Alguns dos professores nas Universidades e nos Seminários são mulheres e, nas igrejas locais, elas têm sido dedicadas e trabalhadoras.

No campo missionário, as mulheres têm trabalhado como professoras, enfermeiras, médicas e evangelistas. Nos Estados Unidos elas organizam programas para coletar fundos para o trabalho missionário

A Sociedade foi organizada em 1959 e desde então patrocinou uma série de atividades, envolvendo-se com as Casas de Retiro da Irmandade, com a educação da Irmandade, tanto em nível local como denominacional. Nas igrejas locais, a Sociedade frequentemente patrocina programas e eventos para levantar fundos.

O MOVIMENTO ECUMÊNICO

M. R. ZIGLER

M. R. Zigler era um líder importante da Irmandade no trabalho ecumênico, que é o trabalhar em conjunto com outras igrejas ao redor do mundo. O movimento ecumênico é uma resposta à oração de Jesus em João 17:11, quando Ele pediu que todos sejam um, para que o mundo creia.

Zigler nasceu em 1891, foi batizado na Igreja da Irmandade em 1901, foi à Universidade de Bridgewater, desejoso de ser missionário. Mais tarde, foi a outras escolas, dentre elas o Seminário Teológico Betânia. A Primeira Guerra Mundial mudou seus planos. Durante os anos de 1917 a 1919 Zigler dirigiu o culto e o tempo de recreações para os soldados em uma base militar nos Estados Unidos.

Depois da Primeira Guerra Mundial, Zigler se tornou o primeiro Secretário Geral da Junta de Missões Nacionais da Igreja da Irmandade e em 1919 foi ordenado ao ministério. Quando a Segunda Guerra Mundial começou, a Irmandade pediu a Zigler que organizasse o programa dos objetores de consciência. Zigler foi também o primeiro Secretário Geral do Comitê de Serviço da Irmandade (CSI)

Durante a Segunda Guerra Mundial, Zigler supervisionou o projeto de acampamentos do Serviço Público da Irmandade (CPI). Depois da Guerra, foi responsável em ajudar a começar o Serviço Mundial de Igrejas, PRCI, projeto Heifer e várias outras organizações. Sob sua liderança, muitas pessoas serviram ajudando a outras, doaram muita comida, roupa e outros materiais.

Em 1948, Zigler deixou seu trabalho como Secretário do CSI e foi à Europa para ser diretor do CSI. Na Europa, Zigler dirigiu a os vários projetos de serviço da Irmandade, planejou vários novos e ajudou outras igrejas a se unir aos projetos de serviço da Irmandade. Zigler também serviu como representante da Igreja da Irmandade no Conselho Mundial de Igrejas.

M. R. Zigler se aposentou em 1958, mas não parou de trabalhar. Nos Estados Unidos ajudou a dirigir uma igreja local da Igreja da Irmandade e quando tinha 79 anos de idade, entrou ao Serviço Voluntário da Irmandade (SVI) onde serviu por um ano.

Quando trabalhou no Centro de Serviço da Irmandade, Zigler começou o programa chamado "Paz na Terra". Ele sempre acreditou nos ensinos de paz da Irmandade. "Paz na Terra" é um programa desenhado para ensinar as pessoas como viver em paz uns com os outros.

M. R. Zigler é um exemplo da e para a Irmandade. Ele se preocupou com as necessidades das pessoas, tanto espiritual como física, trabalhou pela paz e justiça no mundo.

O MOVIMENTO ECUMÊNICO

M. R. Zigler também estava interessado no movimento ecumênico. Nos primeiros

anos de 1900, as igrejas começaram a falar sobre trabalhar em conjunto. Em 1908, a organização chamada Conselho Nacional de Igrejas em Cristo (CNIC) se organizou. O CNIC é o Conselho de Igrejas para as Igrejas dos Estados Unidos.

Entre os anos da Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, as igrejas fizeram planos para um conselho de igrejas em nível mundial. Em 1941, a Igreja da Irmandade decidiu se filiar ao CNIC e ao novo Conselho Mundial de Igrejas (CMI), mas a guerra não permitiu que a organização se desenvolvesse. Depois da Segunda Guerra, a Igreja da Irmandade se tornou membro fundador do Conselho Mundial de Igrejas (CMI).

Em 1942 começou a Associação Nacional de Evangélicos (ANE), que é um Conselho de igrejas com teologia mais conservadora. Hoje a Igreja da Irmandade é membro do CNIC e do CMI e manda observadores às reuniões da ANE. A Igreja Irmandade e a Comunidade da Irmandade de Igrejas da Graça são membros da ANE. A maior parte dos estados e cidades dos Estados Unidos tem conselhos de igrejas os quais recebem ajuda da Irmandade.

O propósito destes Conselhos de Igreja é dar a diferentes igrejas uma organização central através da qual possam trabalhar. O trabalho de missão, projetos de serviço e posicionamentos aos governos são geralmente feitos através de um destes Conselhos de Igrejas. Líderes como Zigler se envolveram na liderança destes Conselhos

A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA DA IRMANDADE

No nível nacional a Igreja da Irmandade inclui todos os Distritos e igrejas locais dos Estados Unidos. No final de 1990, havia 148.253 membros na Igreja da Irmandade nos Estados Unidos em 1095 igrejas e 40 novos pontos de pregação ou congregações.

A mais alta autoridade na Igreja da Irmandade é a Assembleia Anual, que é dirigida pelo Moderador e outros oficiais, sendo o Moderador o mais alto posto eleito na Igreja da Irmandade. Ele serve por dois anos sem salário, sendo que no primeiro ano ele serve como assistente do Moderador e no segundo, como Moderador.

A Assembleia Anual tem vários Comitês que trabalham durante o ano para desenvolver o trabalho da Igreja. O mais importante deles é a Junta Geral (General Board), composto por membros de todos os Distritos, eleitos pela Assembleia Anual. A Junta Geral contrata funcionários para levar adiante os programas, e o Secretário Geral, o qual está encarregado de supervisionar o trabalho de todos os funcionários. Muitos destes trabalham no escritório central em Elgin, Illinois.

A Junta Geral é organizada em três Comissões que são: Comissão de Ministérios Globais (World Ministries Commission, WMC), Comissão de Ministérios Paroquiais (Parish Ministries Commission, PMC) e Comissão de Serviços Gerais (General Services Commission, GSC). Cada uma destas cuida de diferentes aspectos da Igreja.

A Comissão de Ministérios Globais cuida dos programas missionários, do Serviço Voluntário da Irmandade e da atenção a desastres e prestação de ajuda.

A Comissão de Ministérios Paroquiais está relacionada com as necessidades das igrejas locais, trabalhando com os programas educacionais, formação de pastores, jovens, mulheres e evangelismo, coordena o trabalho da Editora da Irmandade (Brethren Press).

A Comissão de Serviços Gerais trata das questões financeiras, o "Mensageiro", o pagamento dos funcionários e os planos de aposentadoria para os funcionários da igreja.

ORGANIZAÇÃO DOS DISTRITOS

A Igreja da Irmandade tem vários Distritos, cada qual com sua Assembleia Distrital, realizada todos os anos. As Igrejas enviam seus delegados à Assembleia Distrital, que trata de questões relacionadas à vida das igrejas da região, sendo que as de caráter nacional são enviadas à Assembleia Anual.

As Assembleias Distritais têm seu Moderador e outros oficiais com mandatos iguais aos da Assembleia Anual. O trabalho dos Distritos é coordenado pela Junta Distrital, composto por membros das igrejas sob sua jurisdição, eleitos pela Assembleia Distrital. O Distrito contrata pessoal para levar adiante os programas distritais, que normalmente incluem um Secretário Executivo e um Gerente de escritório.

A Junta Distrital é dividida em várias comissões, tal como o é a Junta Geral, que levam os mesmos nomes que na Junta Geral.

ORGANIZAÇÃO DAS IGREJAS LOCAIS

A igreja local é organizada mais ou menos nas mesmas linhas do Distrito e da igreja nacional. Cada igreja tem sua Reunião de Negócios pelo menos uma vez ao ano. Cada membro da igreja tem o direito de votar nestas reuniões, que é dirigida pelo Moderador da Igreja, que não necessita ser pastor.

As igrejas têm uma Junta da Igreja (Church Board) que supervisiona o trabalho, composto pelos eleitos dentre os membros da igreja, incluindo todos os pastores que nela trabalhem. Normalmente os diáconos e os jovens têm um representante cada na Junta da Igreja, para que as preocupações destes grupos sejam consideradas nas decisões. A Junta da Igreja é organizada em várias Comissões, cada qual trabalhando com sua área específica.

As igrejas locais têm dois tipos de líderes. O primeiro é o pastor ou pastores. No entanto, menos da metade das Igrejas da Irmandade têm pastor de tempo completo. A outra metade, os pastores dão meio tempo e há pastores que não recebem por seu trabalho, vivendo na antiga maneira de trabalho voluntário, tendo um ocupação secular e dando parte do seu tempo à igreja.

A segunda classe de líderes são os diáconos. As igrejas locais são incentivadas pela Assembleia Anual a ter um diácono para cada dez membros, para ajudar a atender as necessidades, visitar os enfermos, incentivar os membros a que se tornem mais ativos e preparar o necessário para a celebração da comunhão e da Festa do Amor.

AS QUESTÕES MAIS PREOCUPANTES

A QUESTÃO MAIS PREOCUPANTE

Uma das mais preocupantes questões que a Igreja da Irmandade tem enfrentado nos anos recentes é a perda de membros. Em 1963, a Igreja da Irmandade nos Estados Unidos tinha 202.257 membros. Em 1990 havia somente 148.253, o que representa uma perda de 54.004 em 27 anos, equivalente a quase 2.000 membros por ano.

Há várias razões para isto. A ênfase religiosa nos Estados Unidos diminuiu, há menos jovens porque as famílias têm cada vez menos filhos, as escolas e outros grupos desenvolvem muitas atividades para as pessoas e elas têm pouco tempo para se dedicar à igreja. Todas estas razões contribuem para o declínio da Igreja.

No entanto, há outras razões. Depois da Segunda Guerra Mundial a Igreja da Irmandade deu mais ênfase ao serviço que à evangelização e missão. Ainda que a Igreja tenha atuado muito bem ajudando pessoas, ela não se dedicou a estabelecer novas igrejas.

Os Estados Unidos tiveram muitas mudanças depois da Guerra e a própria Igreja mudou também. Hoje a Igreja é diferente do que era nos anos de 1800. Ela passou por um período buscando entender o que significava testemunhar em meio à sociedade norte-americana. Pelo ano de 1980 havia muita gente na Irmandade que dizia que era necessário regressar a um trabalho mais forte de evangelização e reafirmar as mesmas crenças que tinham em 1708.

Esta nova chamada à evangelização e crescimento da igreja resultou em um novo impulso na fundação de novas igrejas. De 1975 até 1990 a Igreja da Irmandade começou 54 novas igrejas, muitas delas entre os coreanos, afro-americanos, hispanos, etc. Em 1990, uma das igrejas que mais crescia na Irmandade era uma igreja coreana.

Em 1990, a Assembleia Anual aprovou o plano de iniciar 110 novas Igrejas da Irmandade até o ano 2000, de preferência em áreas dos Estados Unidos onde não havia Igrejas da Irmandade, trabalhando com a população não-branca. Em 1990, a Assembleia Anual renovou seu compromisso de trabalhar com missões ao estrangeiro.

Outra preocupação relacionada à evangelização é a ajuda às Igrejas já existentes para que estas cresçam. A Irmandade começou um programa para ajudar os membros destas igrejas a crescer na fé, chamado "Povo da Aliança", baseado em pequenos grupos que se reúnem a cada semana para uma hora de estudos bíblicos e outra hora para orar. Os estudos bíblicos são preparados pelo pessoal das oficinas centrais. O pastor Marcos Inhauser da Igreja da Irmandade no Brasil escreveu uma série de estudos sobre I Coríntios para serem usados nestes grupos.

Outro programa elaborado para ajudar às igrejas a aumentar o número de membros é "Comunicando a Promessa" (Passing on the Promisse). O programa ajuda as igrejas a diagnosticar o que estão fazendo e o que necessita ser melhorado. A duração do programa é de três anos e inclui a formação de leigos e pastores para o trabalho de evangelização.

PRINCÍPIOS PARA O FUTURO

A Igreja da Irmandade tem outras preocupações além da evangelização. Uma visão do símbolo da igreja pode ajudar. No meio do símbolo está a cruz que lembra Jesus Cristo, sua vida e morte e também nosso batismo na morte e ressurreição. A cruz nos traz o primeiro princípio para o futuro: pregar o evangelho de Jesus, em quem Deus reconciliou o mundo consigo mesmo.

No símbolo se encontra uma parte de um círculo, que nos lembra o mundo inteiro. A Igreja da Irmandade crê que Jesus Cristo nos enviou para pregar o evangelho por todo o mundo. No entanto, o símbolo tem só uma parte do globo, recordando que nem todo o mundo ouviu a mensagem do evangelho. O trabalho da evangelização ainda não está concluído.

A Irmandade não só está preocupada com a evangelização do mundo, mas também do como a humanidade está cuidando da criação que Deus nos deu para viver. A Irmandade continuará a ensinar como cuidar das coisas que Deus nos deu.

O círculo também nos lembra que todos os cristãos somos membros do corpo de Cristo e que somos um em Cristo. A Igreja da Irmandade continuará trabalhando em coordenação com os cristãos das diferentes igrejas, porque fazendo em conjunto podemos fazer muito mais que sozinhos.

Também no símbolo há três linhas curvas e onduladas, que simbolizam a água e nos recordam a nova vida em Cristo (João 3:5). A água é o símbolo da justiça (Amós 5:24) e das boas obras feitas em nome de Jesus (Marcos 9:41), e também é utilizada na lavagem dos pés.

Cada uma destas coisas sobre a água nos dá princípios para a Igreja da Irmandade no futuro. A Irmandade continuará trabalhando pelos direitos iguais para todas as pessoas (justiça no mundo), continuará seus projetos de serviço simbolizados pela lavagem dos pés. Mais que tudo, a Igreja da Irmandade pregará a nova vida em Cristo.