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ENEBIOENTIDADE NACIONAL DE ESTUDANTES DE BIOLOGIA
Volume 2 - 2ª edição - 11/08/ 2010
SALVE, SALVE ESTUDANTES DE BIOLOGIA DO BRASIL!
Mais um ano de muito trabalho. Junto a
isso há a necessidade de expormos o acúmulo
desta caminhada. Ao refletir sobre todos estes
anos de MEBio, seguimos avaliando nossas
ações ligadas ao momento histórico no qual
estamos inseridos. Temos passado por um
processo de reorganização da entidade,
conjuntura que também se apresenta no
movimento estudantil como um todo. As manifestações organizadas dos
estudantes de biologia começaram no início dos
anos 70, proporcionando muitos debates e
ações que se consolidou na regulamentação da
profissão em 1979. Desde esta época havia
reuniões e encontros dos estudantes para se
debater os eixos políticos, culturais e científicos
ainda não fragmentados. A criação de uma
executiva de curso se deu no final dos anos 80,
com diversas estruturas organizativas e
atuantes, mas em meados dos anos 90 há
indícios da desorganização da nossa entidade.
Nesta trajetória, perdendo o caráter de luta e
combatividade do movimento começam os
questionamentos desta falta de organização. Em
2007, no ENEB de Viçosa-MG a partir de vários
anos de discussão e de amadurecimento, a
ENEBio é reerguida (agora então como Entidade
Nacional de Estudantes de Biologia), o estatuto é
reformulado e é lançada a Carta de Princípios do
movimento, conjuntamente com suas bandeiras
de luta. Neste percurso chegamos ao XXXI ENEB,
ao completar três anos nota-se consolidação
desta organização. Assim, compreendendo as
contradições expostas pela sociedade, nos surge
o desafio de concretizar essas construções para
que avancemos na luta contra a mercantilização
da educação, a degradação do meio ambiente e
a exploração do homem pelo homem.Uma série de atividades foram fomentadas
pela ENEBio neste período de 2009 ao início de
2010. Estreitamos relações com diversas
entidades com a construção da Semana Nacional
de Mobilização (impulsionada pela FEAB –
Federação dos Estudantes de Agronomia do
Brasil, pela ABEEF – Associação Brasileira de
Engenharia Florestal e com a participação da Via
Campesina), que ocorreu em maio deste ano. A
constante participação como observador no
FENEX (Fórum Nacional das Executivas de
C u rs o ) n o s p ro p o rc i o n o u u m g ra n d e
amadurecimento como também o avanço na
formulação e atuação unificada com outras
executivas, além da construção do I ERA
(Encontro Regional de Agroecologia) Sudeste e
do IV ERA Nordeste o que reforça esta atuação
conjunta com outras entidades. Ao nos propor
a diversas construções temos caminhado
significantemente: novos EREB’s (Encontros
Regionais), CONEBio’s e COREBio’s ( Conselhos
Nacionais/Regionais de Entidade de Base),
como também o 3° CFPBio Sudeste (curso de
Formação Política da Biologia) e a organização
dos EIV’s (Estágio interdisciplinar de Vivência)
São Paulo e Sergipe. Além do fomento aos
Cursos de Coordenadores (espaço estruturado
metodologicamente que ocorre anterior aos
Encontros Regionais e Nacionais)para que haja
m a i s p r e p a r o e o r g a n i c i d a d e d o s
coordenadores dos Eventos, sendo também
muito importante para que novas pessoas se
aproximem do movimento e de nossa
construção.Considerando o acúmulo produzido pela
Entidade na política de passadas (visitas que
podem ser bem elaboradas, onde há a
apresentação da ENEBio e da importância do
Movimento Estudantil da Biologia enquanto
organização autônoma dos estudantes) as
quais foram realizadas em diversas escolas,
ampliamos o contato com Minas Gerais e
também com o Centro-Oeste, onde há muitas
escolas e muitas problemáticas a serem
discutidas. Levamos materiais, introduzimos
diversos debates que nos colocam em
contradição atualmente: educação, formação
profissional e diretrizes curriculares e meio
ambiente. Nesta edição do jornal traremos textos
referentes às atividades realizadas neste ano
(Semana Nacional de Mobilização, 2º CFPBio
SUL, ERA, XXXI ENEB e um texto de
contribuição sobre a passada na UFMT –
Universidade Federal do Mato-Grosso). Neste
ano o tema da Campanha Nacional está focado
na: Formação do profissional biólogo e sua
relação com a mercantilização da educação.
Contribuições sobre esta irão ser apresentadas
aqui, para entendermos melhor a importância
de haver um foco de estudo, acumulo e
atuação durante um ano de gestão da
entidade. Textos sobre o sucateamento das
licenciaturas, currículo e complexidades da
formação do profissional biólogo, que culmina
na temática do XXXI ENEB, poderá trazer um
pouco deste atual debate dentro da ENEBio.
Sobre a presente conjuntura na esfera do meio
ambiente, que também se reflete na mudança
do código florestal e na situação de
criminalização dos movimentos sociais,
incorrem a necessidade de uma abordagem
crítica para que possamos debater mais a fundo
e estabelecer ações concretas para a mudança
deste cenário.Uma boa leitura a tod@s!
Está a procura de materiais, textos, notícias e
diversas informações sobre tudo o que
acontece na ENEBio? Acesse o nosso site:
www.enebio.org o Blog da Campanha
Nacional: cnenebio.wordpress.com.
Quer entrar no grupo de emails da Biologia
Nacional?Mande um email em branco para
Movimento Estudantil: isso aí é pra mim?
A importância dos Cursos de Formação Política
ENEB 2010 em Feira de Santana
Encontro Regional de Agroecologia - ERA
Semana Nacional de Mobilizações
Passada: experiência na UFMT
Criminalização dos Movimentos Sociais
Código Florestal
Currículo de Biologia
Que acesso é esse?
Campanha Nacional
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Nesta 2ª Edição
2 ENEBio
Movimento estudantil: isso aí é pra mim?
Quando você se pergunta, porque
tenho que ler esse texto, que fala de
movimento estudantil, logo, você pensa
que assunto chato, entediante e porque
eu, estudante tenho que contribuir com
a construção do mesmo. Nesse breve
artigo vamos tentar dar uma leve
importância do Movimento Estudantil,
principalmente aqui na Biologia. Será
que tem importância mesmo o
Movimento Estudantil?Segundo a História, a primeira
idéia que tivemos de movimento
estudantil foi no século XV, nas
Universidades Européias, quando
estudantes universitários da nobreza
começaram a questionar seu próprio
Deus. Não é novidade que pessoas
como Martinho Lutero e João Calvino
começassem a se perguntar será que
Deus mesmo é amor? Por que eu vivo
assim e a população vive de outro jeito.
Em Univers idades Saxônicas e
Francesas era comum ver esse
comportamento social surgindo com
jovens da nobreza. Mas será mesmo
que isso tem ligação com a realidade de
hoje? Lógico que não. Hoje vivemos
com novos problemas e logo surge o
primeiro ponto que é uma realidade de
movimento estudantil, os problemas
são rotativos, como foi à questão
estrutural da Universidade em 1915 em
Córdoba e atualmente vivenciada nas
Universidades brasileiras.O estudante também é um ser
rotativo. Essa rotatividade se presencia
logo após a conclusão do curso
universitário, onde alguns trocam os
ideais de luta por um paletó e uma
gravata. O ideal de coletividade não
pode ser esquecido e levado para
segundo plano.
O movimento estudantil é o
princípio da conquista, estudantes se
reúnem e começam a reivindicar
direitos. Você, estudante, deve
lembrar-se daqueles antigos ditados
“A união faz a força” ou “Juntos somos
milhões”. A união estudantil é a base
para que todos nos direitos sejam
realmente garantidos para acabar com
as injustiças que acontecem não só no
Brasil, mas em várias partes do globo.
No Brasil, durante as décadas de 40 a
60 era comum a atuação firme dos
estudantes brasileiros como a
fundação da UNE ou como a luta
contra a ditadura militar. Esse
movimento foi perdendo a força e
atualmente encontra-se num estado
em que vários estudantes já entram na
universidade, para apenas se formar
“cientificamente” e desprezar tal
movimento que exercemos com tanto
fulgor anteriormente.A realidade é outra, leitor.
Hoje fazer movimento estudantil é
uma realidade para poucos, indagar e
construir algo útil para benefício da
sociedade é raro. Por alguns motivos:
falta de interesse, marginalização do
movimento estudantil, descrédito dos
próprios reitores e membros de pró-
reitorias universitárias, que puxando a
memória foram estudantes que nem
você e eu, cr iminal ização dos
movimentos. Também, não podemos
esquecer que a sociedade brasileira
tem péssima memória. Você se lembra
em quem votou na eleição em 2006?
Hoje desmandos governamentais nos
atingem e muitos nem se lembram do
que aconteceu. Não podemos esquecer
os políticos do mensalão ou das
sanguessugas que podem já ser eleitos.Hoje se inserir no movimento
estudantil é uma realidade que é
alcançável, não temos mais a polícia
instalada nos nossos Diretórios
Acadêmicos ou nos nossos Centros
Acadêmicos. Basta apenas você, leitor,
se inserir no contexto em que vivemos
na sociedade e você verá que: “A
revolução acontece através do homem,
mas o homem tem de forjar, dia a dia, o
seu espírito revolucionário”.
"... É tempo sobretudoDe deixar de ser apenasA solitária vanguardaDe nós mesmos.Se trata de ir ao encontro.(Dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros).Se trata de abrir o rumo.Os que virão, serão povo, e saber serão, lutando.”
Thiago de Mello
H T T P : / / C N E N E B I O . W O R D P R E S S . C O M
3ENEBio
A IMPORTÂNCIA DOS CURSOS DE FORMAÇÃO POLÍTICA
H T T P : / / C N E N E B I O . W O R D P R E S S . C O M
Os cursos de formação política para
a Biologia (CFPBios), têm, como o
próprio nome já indica, um caráter de
formação crítica para os estudantes de
Biologia, e também caractariza-se por
aproximar a ENEBio das escolas de suas
respectivas regiões em âmbito
nacional, por fomentar os debates,
pensar em atuação e organização,
também cumprindo um grande papel
para as escolas que se propõem a
construí-lo. Sempre tendo em vista que
a f o r m a ç ã o d e
sujeitos críticos que
n ã o e s t e j a m
s o m e n t e
preocupados em
estudar o meio em
que vivem, mas que
possam transformá-
lo, superando o
modelo capitalista
q u e d e s t r ó i
diariamente vidas e
sonhos.Foi pensando na
importância e no
caráter que esses
cursos tem para a nossa entidade que
colocamos esse texto nesse jornal.Analisando a construção do II CFPBio
Sul, percebemos a necessidade de
termos um grupo coeso entre as
Comissões Organizadoras, assim como
uma maior proximidade das escolas
que bancam essas estruturas. Além
disso, os cursos promovem uma maior
organicidade no movimento de nossa
entidade, trazendo a superfície as
problemáticas que existem tanto nos
âmbitos estudantis e profissionais,
como nos meios sociais.O modelo político econômico
atual, o modelo capitalista neoliberal,
passa constantemente por diversas
manutenções para se manter vigente,
isso é facilmente observado quando
passamos por períodos de crises. Tais
m a n u t e n ç õ e s i n c l u e m a
t r a n s f o r m a ç ã o d e t u d o e m
mercadoria, e a isso incluímos a
educação, os recursos naturais, as
nossas necessidades básicas e as
relações humanas.As problemáticas no Ensino
Superior e nos meios sócio-ambientais
provenientes de tal modelo são
sistêmicas, por isso a luta por sua
superação também deve ser. A nossa
organização tem papel fundamental
nessa empreitada, pois só construindo
uma frente de mobilização e luta é que
conseguimos trazer as verdadeiras
relações entre os seres humanos e
todo o restante do meio natural.
Percebendo o caráter de
nossa entidade e fomentando as
discussões do objetivo dos cursos de
formação, salientamos que devemos
ter 3 bases de atuação: a luta por uma
u n i v e r s i d a d e g r a t u i t a , l a i c a ,
socialmente referenciada e de
qualidade, que se dá com o movimento
estudantil; a aproximação com os
movimentos sociais, pois devemos
estar lado a lado com a classe
trabalhadora, na consquista por
direitos seja no campo ou nas grandes
cidades; e o nosso horizonte de atuação
p e n s a n d o e n q u a n t o f u t u r o s
profissionais biólogos, estando dentro
do mercado de trabalho e sendo peça
chave nos debates
ambientais, daí os
d e b a t e s d e
movimento de área.
Olhar além das
l e n t e s d o s
m i c r o s c ó p i o s e
perceber um mundo
a se transformar pela
nossas mãos e as
mãos de toda uma
classe trabalhadora,
é nesse sentido que
e l e n c a m o s a
importânc ia dos
CFPBios Regionais,
pois só entendemos a complexidade do
meio em que vivemos analisando,
juntando as suas partes constituintes e
lutando diariamente para construir
uma história mais coerente.
"Mas é nelas (bocas e mãos, sonhos, greves e denúncias) que te vejo pulsando,mundo novo,ainda que em estado de soluços e esperança"
Ferreira Gullar
4 ENEBio
ENEB 2010 em Feira de Santana - BA
H T T P : / / C N E N E B I O . W O R D P R E S S . C O M
"
”
Propomos então colocar no olho deste
furacão a formação do sujeito biólogo. Colocar no olho do furacão significa aqui colocar em perspectiva contextual e mergulhada em meio a este turbilhão. Uma perspectiva que não dissocia jamais o fato de este sujeito estar inserido nestas
complexidades e contradições
“Complexidades e Contradições no Mundo a se Transformar:
a formação do sujeito biólogo no olho do furacão”
Afinal, o que é ENEB?
ENEB é a sigla de Encontro Nacional de Estudante de Biologia, que é o espaço máximo de discussões e deliberações do Movimento Estudantil da Biologia (MEBio), servindo como espaço de fomento ao debate sobre inúmeras táticas que envolvem as esferas de interesse que nós, futur@s ou já formad@s Biológ@s, nos envolvemos durante a formação acadêmica e atuação enquanto trabalhador@s. Tendo periodicidade anual, ocorre desde 1980, sediado sempre em uma Instituição de Ensino Superior Brasileira, as quais oferecem a estrutura necessária para a realização do Encontro. O ENEB também é um significante espaço de interação e integração, servindo para trocas de experiências pessoais e coletivas.
Vale ressaltar que o ENEB é uma das estruturas da ENEBio (Entidade Nacional de Estudantes de Biologia), a qual tem por finalidade integrar, representar e fomentar a organização d@s estudantes de biologia de todo Brasil, no sentido de tocar e cantar as discussões necessárias e encaminhar (e fazer caminhar) deliberações para que possamos vir construir uma sociedade m a i s j u sta e a m b i e nta l m e nte sustentável.
O ENEB então, baseado nos
pr inc íp ios da ENEBio, a lmeja proporcionar um espaço ideal para troca de experiências e opiniões entre os participantes acerca de suas diferentes realidades. Desta forma, busca discutir, propor e atuar em prol da construção de ideais coletivos, relacionados à formação profissional e
humana, ao combate à degradação ambiental, contrário a exploração h u m a n a e a precarização/mercantilização da educação, dentre outras questões que atingem nossa realidade. O ENEB promove também a formação acadêmica, propiciando uma visão crítico-reflexiva sobre o meio que nos permeia, uma vez que nossos curr ículos não promovem tal formação.
O ENEB desse ano, 2010, ocorrerá em terras baianas, na cidade de Feira de Santana, a Princesa do Sertão, na Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS). Terá como temática principal a discusão sobre a formação e a atuação do sujeito biólogo, colocando numa perspectiva em que não dissocia jamais o fato de que o sujeito biológo está inserido nas complexidades e contradições inerentes ao sistema em que vivemos. Este sujeito que é estudante a se formar ou que é o profissional atuante e em constante formação que, como todo sujeito social, vivencia as tensões sociopolíticas e transforma-se com elas ainda que involuntariamente. Transforma-se nem que seja com alterações na sua rotina de trabalhos, nas bases teóricas h e g e m ô n i c a s d a s u a p r á t i c a profissional, no modelo de organização e atuação de sua categoria trabalhista. Propomos então colocar no olho do furacão, em perspectiva contextual, a formação e atuação desse sujeito biólogo.
“Defendemos uma formação que leve o indivíduo a refletir e atuar conforme as reais necessidades do seu meio social, e que garanta que cada um contribua de acordo com as suas possibilidades e seja atendido segundo as suas necessidades.”
(Carta de Princípios da ENEBio)
5ENEBio
Encontro Regional de Agroecologia - ERA
H T T P : / / C N E N E B I O . W O R D P R E S S . C O M
O pão de cada diaQue o pão encontre na boca
o abraço de uma cançãoconstruída no trabalho.
Não a fome fatigadade um suor que corre em vão.
Que o pão de cada dia não cheguesabendo a travo de luta
e a troféu de humilhação.Que seja a benção da flor
festivamente colhidopor quem deu ajuda ao chão
Mais do que flor, seja frutoque maduro se oferece,
sempre ao alcance da mão.Da minha e da tua mão.
(Thiago de Mello)
Olá enebian@s, estamos aqui para explicar um pouco sobre os ERA’S, que são os Encontros Regionais de Agroecologia, e para mostrar a importância da inserção da ENEBIO na construção desse espaço junto com outras Entidades estudantis.
A partir da necessidade de discutir novas alternativas ao modelo de desenvo lv imento agropecuár io imposto e também entender mais profundamente como se ramificam essas relações (principalmente dentro da realidade do campo e como influencia também na realidade urbana), foi que a partir dos anos 70, por iniciativa de estudantes de agronomia, a Agroecologia veio sendo abordada e colocada em lugar de destaque nas discussões.
O m o d e l o c a ra c t e r i za d o n a “Revolução Verde”, implantado no Brasil e que vivemos hoje, baseado na alta produtividade de cultivos de monoculturas em imensas áreas de terras, onde se alimenta um círculo vicioso entre a necessidade de agrotóxicos e a apropriação das sementes crioulas, vem de encontro ao modelo de produção agrícola baseada na agricultura familiar e de subsistência que respeita a natureza, a diversidade biológica e a segurança alimentar da sociedade, o qual acreditamos e defendemos.
A Agroecologia pode ser usada como ferramenta de alta abrangência para responder e em longo prazo resolver as problemáticas de um modelo de produção agrícola e ideológico que a p e n a s refo rça e ex p a n d e a s contradições e desigualdades da nossa sociedade, ou seja, ela pode permitir e sustentar uma transição para uma nova relação do homem com a natureza, e do próprio homem também. Diante disso fica claro o caráter emancipatório que a agroecologia permite, quando baseada nas suas premissas e quando seus objetivos estão bem traçados.
Os ERA’S (Encontros Regionais de Agroecologia) vêm para suprir a necessidade de acúmulo sobre essa temática, acontecendo em níveis regionais com o intuito de trabalhar a relação entre teoria e prática, baseada no intercâmbio do conhecimento c i e n t í f i c o e n o re s ga t e d o s conhecimentos populares das comunidades rurais, refletindo dentro e fora do “universo” da academia e proporcionando ainda a aproximação dos estudantes de biologia, que fazem parte de grupos de Agroecologia, ao Movimento Estudantil através da ENEBIO, quebrando a dicotomia entre ME e Agroecologia, transformando-a em uma ferramenta de transformação social que não está dissociada das
diferentes lutas que travamos em nossa Entidade.
Temos a consciência de que unidos somos mais fortes e atingiremos nossos objetivos de maneira mais eficiente diante de uma sociedade baseada no antagonismo de classes, e com isso ressaltamos a importância de trabalharmos em conjunto com outras entidades, como a FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil) e a ABEEF (Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal), no intuito de reforçar os laços que já existem e focar em uma bandeira de luta conjunta para todas as ent idades - a Agroecologia, conseguindo também alcançar unidade com outros movimentos sociais. Sendo assim, desde 2008 a ENEBIO vem debatendo
a Agroecologia e caminhando junto com a ABEEF e a FEAB na construção dos ERA’S, avançando cada vez mais n e s s a c o n s t r u ç ã o c o l e t i v a e interiorização dessa bandeira.
Devemos sempre reafirmar a existência de espaços dentro da nossa entidade para aprofundar ainda mais essa temática como um todo. O GTP de Agroecologia, por exemplo, existe para garantir um melhor acúmulo e repasse sobre esse tema, juntamente com a inserção da ENEBIO na construção dos últimos ERA’S que aconteceram. Mesmo que tenha sido de forma inicial, fica óbvia a importância desse debate para os militantes da ENEBIO, fazendo valer as palavras que fazem parte do princípio 14 de nossa Carta de Princípios:
“14. Defendemos a construção da agroecologia como instrumento de luta que garanta a emancipação do t r a b a l h a d o r e t r a b a l h a d o r a , disseminando técnicas e práticas de manejo contextualizada com suas realidades, que respeitem a dinâmica natural do meio ambiente, com o intuito de despertar uma nova ética ecológica nos seres humanos, que priorize valores socialmente justos, a m b i e n t a l m e n t e s e g u r o s e economicamente viáveis.
6 ENEBio
Semana Nacional de Mobilização de Estudantes
H T T P : / / C N E N E B I O . W O R D P R E S S . C O M
“Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir.Mas nós conseguiremos.”
(Rosa Luxemburgo)
(Thiago de Mello)
Unificar a luta em ações concretas!
Vivemos em um período complexo para as organizações, para a construção de sínteses que elevem o estágio de consciência e também quanto ao nível organizativo destas. A criminalização e violência aos movimentos sociais por parte dos aparatos repressivos do Estado, apesar de vivermos na “grande democracia”, vem aumentando absurdamente. Nós estudantes, passando por um processo de reorganização do movimento, analisamos a falta de capacidade real de i n t e r v i r m o s n e s t e contexto e também a fragi l idade de ações nacionais concretas. Esta Semana, proposta pela FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil) e pela ABEEF (Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal), se objetiva t a n t o n o â m b i t o p e d a g ó g i c o q u a n t o a g i t a t i v o , p a r a a construção de ações diretas de mobilização e também de acúmulo de f o r ç a s e n t r e a s organizações.
Com a participação da E N E C O S ( E x e c u t i v a Nacional dos Estudantes de Comunicação Social), FEMEH (Federação do Movimento Estudantil de História), EXNEEF (Executiva Nacional dos Estudantes de Educação Física), CONEP FEAB , ABEEF e nós da ENEBio, foi construído em maio deste ano a p r i m e i ra S e m a n a N a c i o n a l d e Mobilização Estudantil. A partir da realidade local de cada escola, foi proposto o fomento de atividades
abordando as pautas específicas de cada executiva. Eixos centrais pautados pela semana: Contra a criminalização dos movimentos sociais e contra a mercantilização da Educação. Houve atividades em diversas escolas do país, a UFMT foi uma delas e traz um relato desta experiência:
“Na UFMT contamos com a participação da FEAB, ABEEF, ENECOS e FEMEH. As primeiras reuniões, para
debater e organizar a Semana Nacional de Mobilização. Mesmo com a possibilidade de flexibilização de datas, se precisasse de mais tempo, a semana foi realizada entre os dias 18 e 21. Durante as reuniões iniciais nos deparamos com atividades pré-agendadas para a semana, portanto integramos os calendários de
atividades da semana e dividimos tarefas entre as Executivas de curso presentes. Contamos com um debate sobre “Universidade e Formação Profissional” (FEAB), uma discussão sobre Gênero (ABEEF), um debate a respeito do Documentário “Complexo Narciso” (ENECOS), uma exposição com fotos e cartazes no Saguão do Restaurante Universitário com direito a intervenção com teatro, poemas e palavras de ordem e encerrando com a
Passada da UEL na UFMT (ENEBio). O sucesso na realização da semana fez brotar um sentimento e demanda real de unidade entre as Executivas, tanto que foi criado o Fórum Estadual de Executivas-FEEX, ainda embrionário, contudo r e a l i z a n d o r e u n i õ e s p e r i ó d i c a s e a t u a n d o a t i v a m e n t e , a ú l t i m a c o n q u i s t a f o i a disponibilização de ônibus para os Encontros Nacionais de cursos para todas as Executivas e cursos que fizeram a solicitação.”
A p a r t i r d e s t a s c o n s t r u ç õ e s t a m b é m conseguimos abordar e explorar o tema da nossa c a m p a n h a n a c i o n a l , começando a caminhada desta nova proposta para a ENEBio.
7ENEBio
Passadas: experiência na UFMT
H T T P : / / C N E N E B I O . W O R D P R E S S . C O M
A s p a s s a d a s s ã o u m a
ferramenta adotada pela Entidade
Nacional dos Estudantes de Biologia -
ENEBio - que surgiu diante da
necessidade da maior aproximação
entre os/as estudantes e as escolas de
Biologia da construção do Movimento
Estudantil de Biologia – MEBio, com o
objetivo de consolidar um movimento
mais atuante. Esta ferramenta é
importante para o trabalho de base
quando permite que uma escola de
biologia já inserida na construção
orgânica visite outras escolas que
estejam com uma pequena, ou
nenhuma inserção no MEBio e a partir
de espaços de sensibilização e debates,
o r g a n i z a d o s e e s t r u t u r a d o s
coletivamente entre as duas escolas,
socializar a importância do trabalho e da
organização dentro da ENEBio,
considerando as especificidades e a
conjuntura da realidade de cada local.Neste ano, entre os dias 19 e 23
de maio, a Universidade Estadual de
Londrina (UEL), atual Articulação
Nacional Movimentos Sociais realizou
uma passada na Universidade Federal
de Mato Grosso (UFMT), responsável
pela Articulação Regional do Centro
Oeste (AR-CO). passada, com o tema
“Revelando Caminhos e Expandindo
Conexões”, fez parte da programação da
Semana Nacional de Mobilizações que
aconteceu do dia 18 a 23 de maio. Apesar de a UFMT ser a AR-
CO, havia uma demanda histórica de
uma passada nessa escola para
reforçar as articulações. O Centro-
Oeste possui poucas escolas inseridas
no MEBio atualmente e por ser uma
reg ião de intensos conf l i tos ,
principalmente relacionados à
concentração de terra e suas
consequências, há a necessidade
concreta da conscientização e atuação
dos estudantes de Biologia da região a
respeito do tema.Muitas vezes, os estudantes se
interessam em part i c ipar do
movimento, porém têm a dificuldade
de acompanhar as discussões por falta
de acúmulo teórico, ou mesmo por
falta de identificação, acarretando o
desinteresse, e inclusive afastamento
da luta. isso, durante a construção da
p a s s a d a , c o n s i d e r o u - s e u m
diferencial: não apenas divulgar e
fomentar a importância dos nossos
espaços de organização (ENEB´s,
EREB´s - Encontros Nacionais e
Regionais, CFPBio´s – Cursos de
Formação Política, CONEBio´s e
COREBio´s – Conselhos Nacionais e
Regionais, dentre outros), mas
t a m b é m c r i a r v í n c u l o s m a i s
consistentes dos estudantes de
Biologia com uma introdução mínima
teórica das problemáticas, locais e
nacionais, enfrentadas por nós,
estudantes de Biologia.Então, a programação da
passada teve a duração de três dias, na
própria UFMT, com apresentações e
explanações dos conteúdos escolhidos
para serem abordados, incluindo
debates e trocas de experiências.
Estiveram presentes participantes de
universidades públicas e particulares,
movimentos sociais e coletivos
organizados. Essa diversidade foi
enriquecedora para os espaços.
Discutimos o papel da universidade
pública e privada, as formas e a
importância de organização dentro da
ENEBio, do MEBio e do Centro
Acadêmico, debatemos as diferenças
entre as modalidades licenciatura e
bacharelado, e abordamos temas locais
como o Zoneamento-Sócio-Econômico-
Ecológico de Mato Grosso.A realização e organização da
passada proporcionou uma contato
mais aproximado entre os estudantes
da UFMT e a ENEBio e introduziu
debates referentes a temas relevantes à
construção crítica na formação do
estudante e sujeito biólogo.
UFMT: Suzanne, Luã, MaraUEL: Patrícia (Patê =)
8 ENEBio
Crininalização dos Movimentos Sociais
H T T P : / / C N E N E B I O . W O R D P R E S S . C O M
O necessário combate à Criminalização dos Movimentos
Sociais
A s l u t a s e m d e fe s a d a biodiversidade, do direito à terra, à água, aos alimentos, as quais se colocam opostas à exploração e mercantilização dos recursos naturais, tão difundidos nesse momento da história em que vivemos, é travada pelos movimentos sociais que lutam pela superação do modelo econômico em que estamos inseridos. Nesse sentido, são esses movimentos que travam a batalha pelo que é condição básica para a manutenção da vida no planeta, a qual hoje se encontra tão ameaçada. Mas colocar ‘em xeque’ a manutenção do ‘status quo’ existente na sociedade em que estamos inseridos tem seu custo.
Os constantes ataques e a perseguição da grande mídia, que faz questão não apenas de deslegitimar o d i r e i t o à a u t o - o r g a n i z a ç ã o e manifestação do povo, mas também de criminalizar os movimentos; a violência
no campo contra os trabalhadores organizados; a polícia invadindo os campi das universidades para reprimir os estudantes em greve; os processos administrativos encabeçados pelas REItorias das universidades contra e s t u d a n t e s q u e o u s a r a m s e manifestar contra os diversos d e s d o b ra m e nto s d a Refo r m a Universitária do governo Lula da Silva; a tentativa do próprio estado “democrático de direito” brasileiro de colocar na ilegalidade um dos maiores movimentos da América Latina, que surgiu resultante do acúmulo de forças e do aprendizado gerado pelos mais de 500 anos de exploração e pela fundação da propriedade privada da terra no Brasil, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST; os próprios dirigentes desse movimento, MST, que foram mantidos em cárcere em São Paulo, em fevereiro deste ano, sendo considerados presos políticos. Isso tudo sem contar com a c r i m i n a l i za ç ã o d a q u e l e s n ã o organizados, como é o caso da juventude das periferias e dos
milhares de pobres espalhados pelo país, seja pela polícia ou por segurança p r i v a d a e / o u c l a n d e s t i n a .
Cabe a nós portanto, estudantes organizados através da ENEBio, nos mantermos comprometidos com a resistência e a luta em defesa dos nossos princípios, a nos mantermos ao lado daqueles que, como nós, defendem um mundo realmente justo e sustentável para todos e todas, aonde o direito à vida não seja uma concessão dada para aqueles que podem pagar para existir.
Código FlorestalENEBIO PELA MANUTENÇÃO DO CÓDIGO
FLORESTAL: Em defesa dos pequenos produtores
e do meio ambiente
O estatuto da terra, presente na legislação
brasileira desde 1964, garante que toda e
qualquer atividade que se realize sobre a terra
deve cumprir sua função social. Essa tal função
social deve garantir três elementos básicos:
Produtividade; Regulamentação do trabalho e
Preservação ambiental. O primeiro tem sido o
principal fator de desapropriações de terras para
reforma agrária, porém os outros dois elementos
também podem ser responsáveis por isto. Neste
texto tomaremos como foco a Legislação
Ambiental e o Código Florestal Brasileiro como
empecilho para o latifúndio e para a degradação
ambiental e por esses motivos estão sujeitos a
diversas alterações.
SOBRE A ATUAL CONJUNTURA
As atuais mudanças no Código Florestal
Brasileiro vêm sendo estruturadas desde julho
de 2008, após um decreto Federal que definia
multas e punições para quem não cumprisse as
demandas do Código. Após este decreto os
grandes latifundiários se organizaram de
diversas maneiras para barrar estas punições.
Em 2009 existiam mais de trinta projetos de lei
(PL) tramitando na Câmara; dez deles foram
apensados (reunidos) a um único projeto de lei
(Nº 1.876), do deputado Sergio Carvalho
(PSDB/RO), e com isso este PL foi encaminhado
com regime de urgência dentro da Câmara.
Uma Comissão Especial sobre o Código
Florestal foi criada com 18 membros sendo 13
deles componentes da Bancada Ruralista. A presente reforma é coordenada pela
Bancada Ruralista, sendo hegemonizada por um
grupo de grandes produtores que colocam seus
mandatos no parlamento a serviço do
agronegócio e do latifúndio. São os mesmos
parlamentares contrários à votação da PEC
438/01 de Combate ao Trabalho Escravo e são
também responsáveis por conflitos fundiários e
a violência no campo. Dentro da Comissão
Especial, o Deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP) foi
o relator de um novo projeto, substitutivo ao PL
Nº 1.876, de 1999, em que propunha diversas
modificações. Este relatório insere uma visão
preponderantemente economicista das
florestas brasileiras e dos recursos naturais,
começando pelo artigo 1 do Código Florestal,
onde as florestas deixariam de ser entendidas
enquanto BEM PÚBLICO para receber
tratamento de mera MATÉRIA-PRIMA, ou seja,
anula a importância da vegetação para o bem
9ENEBio
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estar coletivo, o clima global, as terras que
revestem e os níveis de conseqüências,
externalidades e riscos gerados com a
supressão florestal.Este relatório foi votado na comissão especial
sobre o Código Florestal, no dia 06 de julho de
2010, e quase que integralmente mantido. A
votação foi de 13 votos a favor do projeto de lei
e apenas 5 pela manutenção do Código
Florestal.
SOBRE AS MODIFICAÇÕES NO CÓDIGO
Para entendermos um pouco mais sobre o
que está por trás deste PL, citaremos algumas
das mudanças que já foram aprovadas na
Comissão Especial e agora serão enviadas ao
plenário da Câmara e ao Senado.Inicialmente, é interessante destacar que não
apenas o Código Florestal está sofrendo
modificações, mas também outras partes
fundamentais de nossa legislação ambiental.
Este PL revoga o Código Florestal (4.771 de
1965) e a lei que estabelece medidas de
proteção das Áreas de Proteção Permanente
(7.754 de 1989), além de alterar as leis de
Política Nacional do Meio Ambiente (6.938 de
1981), sobre o Imposto da Propriedade
Territorial - ITR e pagamento da dívida
representada por Títulos da Dívida Agrária
(9.393 de 1996) e sobre a utilização e proteção
da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica
(11.428 de 2006).Uma das mudanças que mais interessa a
Bancada Ruralista está relacionada ao
“Programa de Regularização Ambiental” que
foi inserido no texto da lei. Com esse
“programa”, todos os fazendeiros que
suprimiram de forma irregular vegetação
nativa, antes do dia 22 de julho de 2008, e
aderirem ao "programa", têm suas atividades
agropecuárias e florestais nas áreas de
preservação permanente e reservam legal
asseguradas e não podem ser autuados pelas
infrações que antes foram cometidas. Além
disso, a cobrança das multas já estabelecidas fica
suspensa. A data de 22 de julho de 2008, que
aparentemente não possui nenhum critério para
seu estabelecimento, é exatamente a data do
decreto federal 6.514 que regulamentou e
definiu as infrações e multas/punições para os
crimes ambientais.Algumas modificações estão relacionadas à
definição de alguns termos que orientam a
aplicação da lei, duas destas definições são
muito importantes e foram alteradas:
interesse social e utilidade pública. Ambas são
necessárias para regulamentar possíveis
intervenções em área de preservação
permanente. Na lei atual, essas intervenções
devem seguir resolução do CONAMA
(Conselho Nacional do Meio Ambiente), que é
composto por diversas entidades civis, técnicas
e governamentais, e no PL as intervenções
passam a ser regulamentas apenas pelos
incisos da própria lei, independendo do
CONAMA.Um ponto muito pouco discutido e que foi
alterado no PL, diz respeito às terras
indígenas. Foram suprimidos os incisos que
definiam como APP as florestas que integram
o patrimônio indígena e que, apenas
permitiam a exploração dos recursos
florestais nestas áreas, por comunidades
indígenas em um regime de manejo florestal
sustentável, para atender a subsistência. Esse PL já altera profundamente a legislação
ambiental e sua aplicação, mas ainda é
possível que mais alterações sejam realizadas.
Quando for submetido ao plenário para
votação, podem ser incluídas novas
modificações, o que é muito interessante para
a bancada ruralista que não conseguiu
aprovar o projeto na íntegra em primeira
instância. Entre partes do projeto que não foram
aprovadas pela Comissão Especial, mas
devem ser novamente colocadas em votação
no plenário pelos ruralistas, estão alguns
pontos que estavam no projeto de lei 5369, de
2009, de autoria do Deputado Federal Valdir
Colatto (PMDB/SC, membro da Frente
Parlamentar da Agropecuária e autor do
Código Ambiental de Santa Catarina). Os
pontos que provavelmente serão propostos e
votados em plenário são: dar autonomia aos
estados que poderiam ter sua própria legislação
ambiental , legis lando sobre as "suas
peculiaridades" seguindo diretrizes gerais sobre
a política nacional de meio ambiente,
permitindo a redução ou aumento das faixas
mínimas de APPs em até 50%, e tornar o
CONAMA um órgão apenas consultivo e
propositivo e não mais deliberativo, reduzindo
muito seu poder de atuação.
SOBRE NOSSA ATUAÇÃO
Percebendo este quadro preocupante,
os estudantes de Biologia tem se organizado
dentro das estruturas da ENEBio a fim de
buscarem maior formação sobre o tema, além
de organizar-se com outros movimentos e
entidades preocupadas com a alteração do
código. Em Janeiro de 2010, na fase final do 3º Estágio
Interdisciplinar de Vivência de São Paulo,
organizado pela ENEBio juntamente com
outras entidades estudantis e movimentos
sociais, houve um espaço de formação sobre
o Código e uma articulação com diversos
movimentos locais, que culminaram em dois
atos públicos em defesa da manutenção do
Código Florestal, um na Câmara dos
Deputados de Ribeirão Preto-SP, e outro na
dita “audiência pública” organizada pela
Comissão Especial sobre o Código Florestal
também em Ribeirão Preto, com a presença
do relator Aldo Rebelo. Surgiu a necessidade de se levar esta
discussão mais a fundo nas escolas de Biologia,
assim espaços de formação foram organizados
pelos coletivos nas universidades e também em
âmbito regional, como um Grupo de Discussão
no XXI EREB-SE e formação e agitação no 3º
CFPBio-SE. Com isto, na Assembléia Regional
deste mesmo EREB-SE, é encaminhado com
caráter de urgência que a ENEBio gere mais
acúmulo sobre este tema. Para isto, alguns
estudantes se propuseram a colaborar com o
Grupo de Trabalho Permanente (GTP) de Meio
Ambiente, com a atual gestão pela UFV, para
que possamos melhor balizar nossas ações e
discussões enquanto estudantes de biologia
organizados . Cabe a nós , organizar
nacionalmente uma ampla luta em defesa do
meio ambiente, dos povos tradicionais, da
produção de alimentos e da soberania
alimentar, para além do lucro e da exploração
ambiental!
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Currículo de BiologiaO que é ser biólogo(a)?
Qual o limite iminente que nos é imposto em silêncio?
“Mesmo produzindo rugidos, a natureza é a grande muda."
C. Drummond
Bom, segundo o “santo google”:“Biologia é o estudo da vida. É um
campo da ciência empírica que examina a estrutura, função, crescimento, origem, evolução e distribuição de coisas vivas no passado e presente. Classifica e descreve as várias formas de organ ismos , como organ ismos funcionam, como espécies vem a existir e as interações que eles têm com outros e com o ambiente natural. Biologia inclui um amplo espectro de campos que endereça fenômenos relatados a organismos vivos. Um vasto campo, biologia envolve um grande número de disciplinas altamente especializadas”
Partindo desse princípio, podemos começar a nos questionar até que ponto o Currículo de Biologia - para uns ou Ciências Biológicas, para outros – que nos é oferecido nos restringe sem que percebamos... Enquanto estamos estudando tudo aquilo que os professores nos orientam como importante, sendo “bons alunos” superempolgados, querendo nos entregar ao “mundo da biologia”... será que não acabamos criando um mundo à parte e esquecendo daquele que nos circunda?
Não que a nervura da asa esquerda da b a r a t a n ã o s e j a a l g o u l t r a “interessante” a ser estudado com detalhes, entretanto os detalhes da transposição do rio São Francisco, por exemplo, e sua relação com todos nós, são também de extrema importância, porém acabam sendo colocados de
Currículo de Biologia
lado. Por que será?!Por que será que esses tipos de
discussões não são contempladas no nosso dia-dia na universidade?
Va m o s l á , o u t r o e x e m p l o : Tr a n s g ê n i c o s - o r g a n i s m o s geneticamente (Opa, Genética! Aqui na UFAL temos umas 4 disciplinas sobre genética na grade... e em n e n h u m a d i s c u t i m o s s o b r e transgênicos...) modificado que podem ser utilizados na alimentação... e aí, o que você sabe sobre isso? O quanto você, como futuro biólogo e ser pertencente à sociedade vem adquirindo conhecimento sobre tal tema e buscado discutir sobre ele?
Nos últimos meses, o governo Lula estava para aprovar a venda e consequentemente o consumo de um tipo de arroz transgênico aqui no Brasil produzido pela empresa alemã Bayer. Arroz este que foi negado por diversos outros países pelos riscos que um alimento transgênico pode trazer à saúde e ao meio ambiente...Até que ponto questões como essa estão relacionadas com nosso trabalho enquanto pessoas que dedicam boa parte de sua vida à estudar a vida, a distribuição de coisas vivas no passado
e presente e as interações que eles têm com outras e com o ambiente natural?
Diante da agenda de estudos que nos é imposta através do currículo nos sobra tempo para investirmos em tais pautas? Tempo para estudarmos tais questões e buscarmos formas de nos organizar e agir?
Quando nos formarmos, o que seremos?
Se fizermos bacharelado, seremos bacharéis/pesquisadores em biologia... e aí, qual a verdadeira diferença daqueles que são licenciados? Será que essa dualidade é necessária? No final das contas uma universidade em ciências biológicas deveria formar b ió logos capazes de produz i r conhecimentos (à partir das pesquisas – seja no campo ou em laboratório) e também de contribuir metodologico e pedagogicamente para construção do conhecimento a ser lecionado na sala de aula ou de explanar sobre suas próprias pesquisas. Mas isso acontece hoje? Não.
A carga horária de disciplinas base para o estudo da biologia, como zoologia e botânica por exemplo, no currículo de Licenciatura em Ciências
11ENEBio
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Biológicas aqui na UFAL é menor que a carga das mesmas disciplinas no currículo de Bacharelado, o que leva os l i c e n c i a n d o s à p a s s a r e m superficialmente pelos assuntos. Por outro lado, seu currículo está recheadíss imo de matér ias de p e d a g o g i a , e n q u a n t o q u e n o bacharelado não se tem nenhuma disciplina que trabalhe questões didáticas e pedagógicas. Quer dizer então que um licenciado não precisa ter conhecimentos mais amplos sobre zoologia, botânica, genética etc. e um bacharel não necessita de estudos pedagógicos para o desenvolvimento de suas profissões?! Afinal de contas, não são todos biólogos?
Q u a n t a s v e z e s n ã o e s c u t a m o s n o s s o s professores, no início de suas disc ipl inas externarem: “Olhem, estudaremos esse assunto mas como o tempo n ã o é s u f i c i e nte p a ra q u a n t i d a d e d e te o r i a , veremos de tudo um pouco, s u p e r f i c i a l m e n t e ” o u simplesmente “Não vai dá tempo de vermos o que temos pra estudar”? … Se os próprios professores adimitem que a forma como estão organizadas as disciplinas dentro do currículo não é satisfatoria para o rendimento das mesmas, logo de cara nos fica evidente a necessidade de alterações na grade curricular...
Êpa! Mas o nosso currículo não foi modificado recentemente?!
Pior que foi! Contudo, não temos clareza do “porque” ou “para quem” isso aconteceu. E essa clareza não vem porque não nos chegam discussões sobre esse tipo de coisa... “o currículo vai mudar” é o máximo que chega à nossos ouvidos (quando não corremos atrás) quando de fato já foram amadurecidas e feitas todas as modificações que “os iluminados do saber” acham necessárias. Acabamos então achando que “se mudou é
porque foi preciso e foi pra melhor” e nem passa por nossa cabeça (na maioria das vezes), que anda tão preocupada com nosso estágio em Herpetologia, nosso projeto de PIBIC ou com aquelas provas surreais de Anatomia, que nós seremos os principais afetados por essas a l terações e que dever íamos minimamente participar desse processo de discussão e alteração curricular.
Bom, aqui o que queremos é colocar a pulga atrás da orelha dos estudantes
de biologia (sejam eles licenciandos ou bacharelandos) , para que comecemos à nos questionar o porque dessas modificações, se elas estão de fato trazendo melhorias na qualidade de ensino, se estão nos proporcionando uma segurança maior daquilo que estamos aprendendo etc e tal.
Se faz necessário que comecemos a refletir sobre os objetivos de nosso currículo, sob os interesses de quem que nosso currículo é construído? Nossas disciplinas, estágios e projetos acabam beneficiando alguma parcela da sociedade? Que parcela é essa? Os beneficiados são aqueles que sustentam a universidade através dos impostos pagos ou são aqueles que extrapolam o l imiar de uma exploração real mas que parece
inimaginável? (Será que tem alguma relação entre o Centro de Ciências Agrárias da UFAL produzir as mais avançadas pesquisas do setor sucro-alcoleiro e o estado de Alagoas ser dominando por latifúndios voltados ao plantio de cana-de-açúcar?)
Pois é....muitas perguntas, angústias, apreensões... Diante delas “o que fazer” e onde procurar respostas vem a ser algo extremamente importante para a formação de um futuro cientista, professor, cientista-professor ou simplesmente ser vivente.
As respostas estão diante da busca de informações, da pesquisa e discussão, da dúvida, da hipótese, da tese, da antítese! Estão diante de tudo que se encontra na nossa frente e resta, portanto, à nós, a apropriação desse lugar em que vivemos, agindo para que ele continue a viver, atitudes estas que DEVEM ultrapassar o b r i g a t o r i a m e n t e a s limitações que o próprio c u r r í c u l o n o s i m p õ e . . . v a l o r i z a n d o integralmente o estudo da VIDA e nos tirando do patamar
de profissionais incompletos e mecanizados, passando a ser de fato seres críticos e potenciais agentes transformadores da realidade.
"Somos a transformação que queremos no mundo." M. Gandhi
“Quando já se viveu muito tempo numa civilização específica e com
frequência se tentou descobrir quais foram suas origens e ao longo de que
caminho ela se desenvolveu, fica-se às vezes tentado a voltar o olhar para
outra direção e indagar qual destino que a espera e quais as
tranformações que está fadada a experimentar”
(Freud—Futuro de uma ilusão)
12 ENEBio
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O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) surge em 1998, e foi criado pelo Ministério da Educação durante o governo de Fernando Henrique Cardoso com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino médio, o desempenho dos a lunos, suas competências e habilidades que s u p o s t a m e n t e t e r i a m s i d o incorporadas durante a escolaridade básica.
A partir de 2004 o ENEM passa também a ser utilizado como seleção para o PROUNI (Programa Universidade Para Todos) com finalidade a concessão de bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de baixa renda do ens ino s u p e r i o r e m instituições privadas. c o n t ra p a r t i d a a s i n s t i t u i ç õ e s q u e aderem ao PROUNI recebem isenção de tributos.
C o n t u d o , s a b e - s e q u e o dinheiro investido em tal projeto poderia ser v o l t a d o p a r a a m e l h o r i a d a s condições do ensino p ú b l i c o ( d a d o s indicam que para sustentar um aluno e m u m a e s c o l a p r i v a d a , p e l o PROUNI, poderiam ser sustentados 3 em uma universidade pública).
Posteriormente, em 2009, o ministro da Educação Fernando Haddad apresentou a proposta de unificar o vestibular das universidades federais utilizando um novo modelo de prova para o ENEM. começou a ser utilizado como exame de acesso ao Ensino Superior em universidades públicas brasileiras através do SiSU (Sistema de Seleção Unificada) – que é um sistema colocado na internet pelo MEC que promove a seleção dos candidatos para as vagas nas universidades em todo o país.
Esse Novo ENEM propõe 180 questões – entre objetivas e discursivas – divididas em quatro eixos: Códigos,
Linguagens e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; C iênc ias da Natureza e suas Tecnologias; e Matemática e suas Tecnologias; e uma redação. A prova será realizada em dois dias e o aluno também terá a opção de escolher 5 cursos e as instituições em que desejaria cursá-los. Tais cursos podem ser modificados durante o processo seletivo e por não ser necessária vinculação entre as opções o candidato poderá escolher cursos diferentes em instituições distintas. Tanta para inscrição quanto para a realização da prova o estudante não
precisa sair do seu estado.O projeto do Novo ENEM não
pode ser entendido de maneira isolada, ele faz parte do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) e dele faz parte o REUNI, PROUNI, ENADE. Tais decretos, que privilegiam o setor privado em detrimento do público, representam os pilares de um projeto da matriz neoliberal que o governo Lula/PT aplica desde seu primeiro mandato na educação brasileira. Ou seja, essa nova prova é mais uma cereja desse bolo de reformas neoliberais.
Esse novo modelo vem sendo exaltado pela mídia, nos meios de comunicação em massa, como representante de uma grande transformação positiva na educação
do nosso país. As argumentações proclamam que ele vem a por um fim ao decoreba do velho vest ibular, afirmando ser uma iniciativa à capacidade de raciocinar do estudante e o caminho certo para o resgate da qualidade no ensino médio. Outro principal bônus colocado é que este seria um processo de democratização do acesso ao ensino superior, quando na verdade mascara, não propondo soluções, os reais problemas da educação
Tal modelo causará uma reforma no atual currículo do Ensino Médio, hoje adaptado às necessidades
d e d i f e r e n t e s vestibulares. O Ministro da educação Haddad, já apresentou o projeto para essa reforma que foi aprovado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Nele consta a proposta de substituir as 12 disciplinas tradicionais por quatro grandes eixos t e m á t i c o s ( c i ê n c i a , cultura, tecnologia e trabalho).
Tal reformulação dos conteúdos do ensino médio exige dos alunos s e c u n d a r i s t a s u m a interdisciplinaridade que os professores formados em nossas universidades não oferecem, uma vez
que paralelo a essa proposta de refo rmu lação n ão h o u ve u ma a d e q u a ç ã o d o s c u r r í c u l o s d e licenciaturas, que historicamente vem sendo sucateados.
Há outro ponto a ser destacado quanto ao novo ENEM, o mito da mobilidade acadêmica. O estudante p o d e e s c o l h e r 5 c u r s o s e m universidades pelo país e, dependendo de sua pontuação será classificado para alguma delas. Contudo, sabe-se que não basta entrar na universidade, o estudante precisa se manter, o que deveria ser garantido pela assistência estudantil, o que não faz parte da realidade. Tal mobilidade favorecerá apenas a classe social que tem condições de sustento em outros
.
ENEM: Que acesso é esse?
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estados e que teve melhor acesso a educação. Ou seja, as vagas serão preenchidas não de forma democrática, como dizem que tal prova faz, mas sim, seguindo o mesmo padrão de classe que o atual vestibular, apenas mudando a l ó g i c a d o a c e s s o . A q u e l e s desfavorecidos desde o ensino médio acabarão ingressando em universidades menos concorridas, ou cursos privados e ensino a distância, ou desistindo de seus cursos por falta de assistência (aumento da evasão).
Continuando a destrinchar o problema, sabemos que a educação brasileira se dá de maneira desigual entre as regiões do país e isso acarreta que a lgumas reg iões , como o sul/sudeste, se tornam “exportadores” de alunos, enquanto norte/nordeste “recebedoras”.
Ressaltando novamente, não há uma política de assistência estudantil que acompanhe a mobilidade, portanto, garantir a mobilidade de todos sem assistência estudantil é, na prática, tornar o sistema mais excludente e elitista. Temos como exemplo o que aconteceu na UFAM, onde dentro desse sistema de ingresso do Novo ENEM, 100% das vagas de medicina da universidade foram preenchidas por estudantes de outros estados.
Diante do exposto, pode-se concluir que o novo ENEM somente reforça o caráter elitistas das nossas
universidades públicas enquanto mascara uma falsa democratização ao acesso à elas e rebaixa a “agenda de estudos”, como se conceitos não fossem necessários para uma educação de qualidade e culpabiliza o individuo e seu “raciocínio lógico” se este não obtiver sucesso com tal prova. Esta, beneficia aqueles alunos que tiveram as melhores condições de estudo nas escolas particulares e nos cursinhos e que tem mais condições de se manterem em estados diferentes do seu de origem.
Os estudantes do ensino
médio da rede pública brasileira, extremamente precarizada, terão profundas dificuldades de acesso, pois a proposta não conta com uma política que garanta a melhoria da qualidade do ensino médio público, nem a assistência estudantil que dê condições de permanência em outras universidades fora do seu estado original.
Será mesmo que o novo ENEM com essas exclamações de real democracia vem para por fim ao vestibular ou é mais uma forma de disfarçar os reais problemas na educação pública brasileira? Estamos próximos de uma educação de qualidade para todos? Diante desse quadro devemos nos perguntar isso e analisar a fundo o que de fato são essas mudanças que andam ocorrendo pelo Brasil. Assim, muitos jovens estão esperando para que essa tal democracia chegue. Enquanto as mascaras não caem, eles ficam sem estudar.
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza.
Deixemos de coisas,cuidemos da vida,
senão chega a morte(ou coisa parecida) e nos arrasta moço sem ter visto a vida ou coisa parecida
Ou coisa parecida ”Belchior
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Contra a Mercantilização da Educação
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de
pensar.É da empresa privada o seu passo em
frente,seu pão e seu salário. E agora não
contente queremprivatizar o conhecimento, a
sabedoria,o pensamento, que só à humanidade
pertence."Bertold Brecht
Nesse ano de 2010, a E n t i d a d e N a c i o n a l d e Estudantes de Biologia - ENEBio está construindo uma c a m p a n h a p a r a q u e debatamos nacionalmente a atual situação da educação superior no Brasil, pensando que papel ela cumpre na sociedade e a quais interesses ela atende. Mais do que isso, queremos discutir como muitas dessas contradições expressam-se no dia a dia do estudante de biologia. Unida à essa proposta está a temática do ENEB-2010 : "Complexidades e C o nt ra d i çõ e s n o M u n d o a s e Transformar: a Formação do Sujeito Biólogo no olho do furacão", por o Encontro enquanto estrutura da Entidade onde qualificamos nosso debate frente a diversas temáticas, construímos sínteses conjuntas o intuito de referenciar nossa atuação prática cotidiana.
A u n i v e rs i d a d e d e v e r i a caracterizar-se pela universalidade na produção e transmissão da experiência cultural e científica da sociedade: uma instituição de interesse público que através da garantia da diversidade e pluralismo na produção crítica do conhecimento, expressasse seu caráter - de forma articula nas relações de representação social, política, cultural, intelectual e científica da evolução histórica da sociedade.A ela caberia contribuir para a construção de formulações que viabilizem soluções para os diversos problemas sociais. Entretanto não é isto que se observa na história recente do ensino superior no
Campanha Nacional da ENEBIO 2010
Brasil, desde a implementação da reforma universitária imposta pela Lei nº 5540 de 1968 até o projeto de Lei 7200 de 2006 da reforma universitária de Lula. A educação superior brasileira continua cumprindo a função de reprodução estrutura, relações e valores.
Atualmente a educação, uma mercadoria muito lucrativa (90% das Instituições de Ensino Superior-IES são privadas), é item a ser debatido nas reuniões da OMC (Organização
Mundial do Comércio). Muito do que são as universidades brasileiras é regido pelas proposições do Banco Mundial:“Uma força de trabalho competente e dotada das habilidades necessár ias é a base de um cresc imento econômico auto-sustentado. As economias abertas e integradas ao mercado global requerem t raba lhadores com capacidade de adaptar-se a mudanças e ca p a c i d a d e d e m a n e j o d e tecnologias de vanguarda. (...) Unir vontades e esforços é imperativo para consolidar uma reforma exitosa. Nós, os empresários, podemos colaborar com nossos governos para iniciar e sustentar uma reforma educativa e f i c a z ” - D e c l a ra ç ã o d e a ç ã o (Movimento “Todos pela Educação” composto pelos maiores bancos e empresas mundiais).
O modelo referencial de universidade entra em conflito com essa a proposta pragmática e mercantilizada gerando contradições que aparecem para nós, estudantes de
biologia, através da legitimação dessa política por meio das diretrizes curriculares do curso: ementas das disciplinas; dicotomização entre bacharelado e licenciatura; perfil do profissional a ser formado; habilidades específicas requeridas, segregação entre Ensino, Pesquisa e Extensão e precarização dos estágios. Outras expressam-se nas áreas de atuação do profissional biólogo/a, como na falta de autonomia e liberdade na produção científica, baixos salários e más condições de trabalho, principalmente
para os licenciados.São por essas e
m u i t a s o u t r a s q u e c o n v i d a m o s t o d o s / a s estudantes de biologia do B r a s i l a e n c a m p a r e m c o n o s c o e s s a l u t a , construindo debates e mobilizações locais, frente às m u l t i p l i c i d a d e s d e expressões dessa política de m e r c a n t i l i z a ç ã o d a e d u c a ç ã o, e p o r u m a qualidade na formação de um/a biólogo/a crítico e p r o d u t o r d e u m conhecimento referenciado na sociedade.
A campanha está apenas começando e depende de cada um de nós para superarmos esse modelo de educação. Centros acadêmicos, coletivos locais organizados e todos/as que dispuserem-se, podem encontrar textos de acúmulo, materiais de divulgação e muito mais sobre a campanha e a ENEBio no Blog: .cnenebio.wordpress.com.
Sigamos em Luta por uma educação pública, gratuita, laica, de q u a l i d a d e e s o c i a l m e n t e referenciada!!!
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Fotos ENEBio
DEFENDEMOS O ENSINO
VOLTADO PARA A FORMAÇÃO
DE SUJEITOS CRÍTICOS E
ATUANTES, QUE POSSIBILITE
A CONSTRUÇÃO E A PRÁTICA
DE METODOLOGIAS
PARTICIPATIVAS E QUE
BUSQUE A INTEGRAÇÃO DOS
CONHECIMENTOS NUMA
PERSPECTIVA TOTALIZANTE
(CARTA DE PRINCÍPIOS ENEBIO)
16 ENEBio
H T T P : / / C N E N E B I O . W O R D P R E S S . C O M
Gestão da ENEBio 2009-2010
AN's (Articulações Nacionais)UEL - PR (Movimentos Sociais)UFRPE - PE (Comunicação)UNESP Botucatu - SP (Fundo Nacional)
AR's (Articulações Regionais)UFMT - MT (Centro-Oeste)UFF - RJ (Sudeste)UFC - CE (Nordeste)
GTP (Grupos de Trabalhos Permanente)UFRJ - RJ (Agroecologia)USP - SP (Universidade)UNESP São Vicente - SP (Educação)UFV - MG (Meio Ambiente)PUC - MG (Arquivo Histórico)