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[email protected] Ano II n.º 19 Valença, janeiro de 2007 [email protected] Valença em Questão Valença em Questão Leia sobre o plebiscito feito pelo SEPE sobre a educação municipal, além dos textos Memória Desbotada, Igualdade na Raça, A vingança faz mais Vítimas, Da Idéia à Oportunidade e as Notas sobre a nossa cidade. Educação Nota 10? João Roberto Ripper / Imagens do Povo Entrevista com Danilo Serafim. Páginas 6 e 7 “O prefeito, no alto de sua arrogância, diz que a educação é nota 10. Como, se um professor recebe 350 reais ?”

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Leia sobre o plebiscito feito pelo SEPE sobre a educação municipal, além dos textos Memória Desbotada, Igualdade na Raça, A vingança faz mais Vítimas, Da Idéia à Oportunidade e as Notas sobre a nossa cidade. Ano II n.º 19 Valença, janeiro de 2007 [email protected] Entrevista com Danilo Serafim. Páginas 6 e 7 va l e n c a e m q u e s t a o @ ya h o o. c o m . b r João Roberto Ripper / Imagens do Povo

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Ano II n.º 19 Valença, janeiro de 2007

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Leia sobre o plebiscito feito pelo SEPEsobre a educação municipal, além

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nossa cidade.

Educação Nota 10?

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Entrevista com Danilo Serafim. Páginas 6 e 7

“O prefeito, no alto de suaarrogância, diz que a

educação é nota 10. Como, seum professor recebe 350 reais?”

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2 janeiro de 2007 Valença em Questão

ExpedienteProjeto Gráfico, Editoração Eletrônica, Edição e Reportagens: VitorMonteiro de CastroColaboraram nesta Edição: Arionauro, Bebeto, Flávia Lima, João RobertoRipper, Letícia Serafim, Renato Avellar de Albuquerque, Samir Resende, ThiagoRocha.Tiragem: 2.000 exemplaresImpressão: Gráfica Rio FlorenseOs textos publicados podem ser reproduzidos se citado a fonte e autoria do material eintegralmente. O VVVVValença em Questãoalença em Questãoalença em Questãoalença em Questãoalença em Questão é uma publicação mensal sem fins lucrativos,distribuída gratuitamente no município de Valença, municípios vizinhos, Rio de Janeiro eatravés de correio eletrônico.

PPPPPararararara Anunciar, Colabora Anunciar, Colabora Anunciar, Colabora Anunciar, Colabora Anunciar, Colaborar ou Par ou Par ou Par ou Par ou Parararararticipticipticipticipticiparararararvalencaemquestao@yahoo.com.br

ou pelo telefone (21) 8187-7533

editorial

Onde encontrOnde encontrOnde encontrOnde encontrOnde encontrar o VQar o VQar o VQar o VQar o VQ

TOTAL LOCADORA

FUNDAÇÃO DOM ANDRÉ ARCOVERDE

MIRIAM LAJES

BANCA DO JARDIM DE CIMA

ROGEGUT’SREVISTARIA VAMOS LER

APRESENTAMOS A PRIMEIRA edição de 2007 do nosso Valença em Questão.São 19 edições em 21 meses da publicação. As dificuldades continuam,e muitas vezes aumentam, mas o grupo parece cada vez mais sefortalecer. Exemplo disso são as mais variadas contribuições querecebemos, além das críticas construtivas que nos estimulam acontinuar nesse barato.

Essa edição apresenta um problema grave em nossa cidade, emrelação aos salários dos professores da rede municipal de ensino. Comodiz o entrevistado da edição, como pode um ensino ser de qualidade,se um professor recebe R$ 350,00? E se a educação ainda temqualidade, mérito para os professores, que lutam contra as dificuldadespelos alunos. Não fosse pela dedicação deles, a educação estaria muitopior.

Falando em pior, recebemos a contribuição de um texto que nosleva à reflexão de diversas atitudes que temos em nosso dia-a-dia (AVingança faz mais Vítimas) e outra contribuição de um leitor sobre aquestão do racismo (Igualdade na Raça). Essa contribuição se deuporque o leitor reclamou de nunca tratarmos sobre o tema. Como apublicação também é dele, ele fez o caminho certo: escreveu e estáaí publicado. E como ele diz, não para ser esquecido, mas que sirvapara a reflexão sobre as atitudes cotidianas.

No mesmo caminho de contribuições, recebemos o texto de umamigo que hoje está no Rio Grande do Sul, mas que demonstroupreocupação com a questão do Museu Ferroviário de Valença. Nocaso com o descaso em relação a ele.

Mas além disso, Bebeto continua com seus textos de incentivo aoempreendedorismo, propondo idéias e ações e buscando um diálogocom os leitores. E o entrevistado da edição, Danilo Serafim, tambémapresenta boas questões a se pensar e propõe ações que possammelhorar, em especial, a edução na cidade. E o homem tem históricopara dizer o disse.

E tem valenciano se dando bem no meio musical (não era paramenos, Valença é um berço de grande compositores e cantores...).Confiram nas Notas.

Boa leitura e até a próxima edição em fevereiro.

LLLLLeitor em Questãoeitor em Questãoeitor em Questãoeitor em Questãoeitor em Questão

Luiz

Fer

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Repúdio ao VQDemocracia, pró-atividade, parceria, participação, companheirismo...

Durante anos o MVQ assim como MCF vem defendendo tais bandeiras,ainda que por caminhos diferentes, temos uma causa em comum.Confesso admirar os projetos que vocês desenvolveram e continuamdesenvolvendo (Cinema nos bairros, Festival de Inverno, Jornal), porémnos últimos meses senti certa falta de interesse de vocês em relação àsnotícias que nós enviamos. Foram mais ou menos três notícias via e-mail, dignas de publicação ou pelo menos de resposta via e-mail, e nãorecebemos nada, nem resposta e muito menos a publicação.

Nossa luta continua, queremos participar de todas as fases (se formosconvidados) do Festival de Inverno de 2007, continuar tocando Cinemanos Bairros e desenvolvendo nossos projetos e sempre que possíveldesenvolvendo isso de forma integrada, mas neste caso em específicofica minha nota de repúdio a tal fato.

“Mentes grandes discutem idéias, mentes medianas discutem eventos,mentes pequenas discutem pessoas”. Não é nada pessoal, a crítica éextremamente relativa a um fato. Abraço a todos e feliz ano novo.

Jorge Nogueira – JuninhoCoordenador do Movimento Certeza de Futuro

Meio ambienteRede Jovem Valenciana, parabéns pela dinâmica publicação. Só acho

que alguns textos são excessivamente longos o que impede sua leitura ecompreensão em uma comunidade de leitores cada vez mais digitalizadose informatizados e com dificuldade de entendimento e fixação de textose idéias. Desejo também um excelente 2007 e que possamos juntoscolaborar na construção de um município equilibrado ambientalmente eonde se desenvolvam atividades auto-sustentáveis, para o bem de todos.

Um abraço,Roberto Lamego

Faculdade e sociedadeNa eleição para a escolha da nova gestão do Diretório Acadêmico da

Faculdade de Filosofia de Valença, ocorrida em 24 de novembro de 2006,os alunos da FAFIVA puderam votar entre três chapas que disputavam ocargo, e elegeram a “Faz + DALUJA” com uma notória vantagem de 31votos da segunda colocada. A chapa eleita tomou posse das atividadesdo Diretório no dia 27 de novembro de 2006.

Nós da “Faz + DALUJA” assumimos o compromisso de trabalhar emparceria com os alunos da FAFIVA visando à valorização dos mesmos.Nossos projetos são diversos e, em sua maioria, no campo cultural esocial, pretendendo atender a exigência do MEC de que as faculdadesdevem contribuir com a sociedade em que estão inseridas. Esses projetos,que serão analisados pela diretoria da FAFIVA, para em seguida seremencaminhados ao CESVA e, possivelmente, concretizados, estãodisponíveis no Diretório para qualquer aluno que se interesse em conhecernossas idéias e pretensões.

Gostaríamos de agradecer a todos que confiaram em nosso potencial edizer-lhes que as portas do Diretório estarão abertas para atendê-los noque estiver ao nosso alcance. Nossos agradecimentos também aos demaisdiretórios que estão nos apoiando, na intenção de trabalharmos emconjunto pelo bem dos alunos.

DALUJA 2006-2007

Valença, cidade maravilhosaMando este e-mail para a rapaziada do Valença em Questão

parabenizando pelo trabalho e pela troca de experiências entre vocês enós do Observatório de Favelas. O II Festival de Inverno e, recentemente,a ida ao Quilombo São José da Serra, enriqueceu em muito nossoconhecimento das comunidades e das diversas culturas existentes emnosso estado.

Apesar de ser carioca, Valença se mostrou uma cidade maravilhosa emuito aconchegante, com uma beleza natural exuberante e um povoacolhedor.

Espero que esta parceria continue por muito tempo e que meu retornoa Valença não demore muito. Um grande abraço e feliz 2007,

Sadraque SantosImagens do Povo

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Memória desbotadaNADA MAIS DIFÍCIL do que pensar o presente sem lembrarmos o passado.A história de um lugar, de uma comunidade, nos faz perceber asdiferenças que marcam o que foi um dia e o que se tornou hoje.Portanto, para essa tarefa de lembrar, é necessário que haja lugaresque sirvam de suporte para nossa memória, lugares que registrem umpassado que não se pode mais ver, que existe apenas em vestígiospreservados.

Mas de quem é a responsabilidade pela preservação do patrimônio históricoou pela manutenção dos registros sobre um lugar? Em tese, toda sociedadedeve se esforçar para manter a riqueza material e imaterial que representaos lugares de memória, as tradições, os museus, as datas comemorativas,as histórias escritas ou contadas pelos mais velhos. Mas o maior responsávelpor essa preservação é o poder público, que deve promover a expansão emanutenção desses espaços de memória, posto que a constituição históricade um lugar é parte da riqueza e da identidade social.

Entretanto, isso não corresponde à realidade em Valença, oucorresponde parcialmente. Podemos ilustrar essa afirmação com oexemplo do Museu Ferroviário de Valença, localizado no segundo andarda Rodoviária Nova. A Prefeitura Municipal de Valença deveria ser a maiorinteressada em manter esse museu, de importância fundamental para acidade. Primeiro porque ele se encontra justamente em um lugar quesofreu uma grande transformação, embora ainda tenha preservado muitodos seus traços. A rodoviária, que antes fora ferroviária, é a fachada dequalquer projeto de turismo na cidade. Mas não é o que acontece. Aprefeitura apenas cedeu o lugar da criação do museu, como se isso porsi só fosse suficiente para assegurar a existência desse lugar de memória.

Felizmente, alguns indivíduos na sociedade possuem consciência cidadãe paixão suficiente para sustentar, quase solitariamente, essa riqueza domunicípio. O valenciano Sebastião Victor é um daqueles heróis anônimos,os quais possuem um papel fundamental na luta por uma sociedade mais

lúcida e consciente de sua realidade. Comseu esforço foi criado o museu, o qualmantém até hoje. A prefeitura nãocontribui com a manutenção, nem com afaxina, nem com qualquer tipo deremuneração para um funcionário ficarresponsável pelo espaço do museu.Sebastião Victor tem arcado com tudo issosozinho. Aqui cabe uma pergunta: é justoque apenas um cidadão lute tanto paramanter algo tão valioso para uma sociedadeinteira?

A luta pela preservação do patrimôniohistórico valenciano é dever de todasociedade. Cabe a nós pressionar ogoverno municipal para apoiarefetivamente a preservação desse lugarde memória, e a prefeitura de cumprir comsua obrigação de defender os interessesdo município, o que implica a sua memóriahistórica.

Horário de Visitação do MuseuFerroviário: segunda a sábado, das 9 às17 horas. Informações: (24) 2453-6054.

Renato Avellar de Albuquerque

Um dos últimos acontecimentos de 2006 foi a morte do ditadorSaddan Hussein. Isto significou que deixamos o ano passado cheio depromessas de mudanças para melhor e, no entanto, continuamos, empleno século 21, com práticas que contêm resquícios daquelas queeram praticadas pela inquisição na idade média. Como antes, não sócondenamos a morte como também a tornamos um espetáculo paraas multidões. Antigamente o povo se aglomerava nas praças públicasonde a execução ocorreria; hoje, por meio da tecnologia midiática, oalcance é global. Quer dizer, tornamos o absurdo que é a pena demorte em algo mais perverso ainda!

Para que nós valencianos não nos isentemos destas práticas de justiçaatravés da vingança, argumentando que o ocorrido no Iraque nãotem nada a ver conosco e, por isso, não teve o nosso consentimento,trago um acontecimento que se deu na cidade. No começo da segundaquinzena de dezembro passado, o Plaza (aquele que trabalha em frenteà Catedral como “flanelinha”) foi brutalmente agredido em frente aoColégio Benjamin Guimarães, chegando a desmaiar. Segundo popularesque estavam no local, o agressor, Fred, do antigo bar Tropical, disseter cometido tal brutalidade porque a honra de sua mulher diante deseu filho foi ofendida (algo abominável também).

A vingança faz mais vítimasO que mais me impressionou no caso foi: primeiro, que mesmo em

Valença ainda há cidadãos que resolvem com as próprias mãos o quedeveria ser tratado segundo as leis ou o bom senso; segundo, queapesar do corpo estirado no chão ter despertado a compaixão (entendidaem seu sentido próprio, ou seja, sofrimento junto de) dos populares,logo após o agressor ter revelado suas razões, a maioria passou a expressaro sentimento de que Plaza teve aquilo que mereceu. Ora, isso éinaceitável, pois revela que grande parte da população de nossa cidade,assim como aqueles que governam o mundo (vide o ocorrido no Iraque),baseiam sua crença de justiça no arcaico sentimento de vingança!

Enquanto não entendermos que justiça não significa pagar pelo quefez, mas receber o que precisa e dar o que falta a outrem daquilo quelhe sobra, nós ainda correremos todos os dias o risco de ver nossosfamiliares e pessoas queridas sofrerem as conseqüências desta “justiça”.Diante destas seqüelas e da discordância ideológica que a maioria de nóstêm para com os princípios em que tal “justiça” está fundada, a perguntaque deixo a nós é: por que ainda assim escolhemos adotar esta postura

Rafael [email protected]

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4 janeiro de 2007 Valença em Questão

Da idéia à oportunidadeUma idéia só se transforma em oportunidade quando seu propósito vai ao encontro de uma

necessidade ou desejo das pessoas

BebetoEstudante de Engenharia de Produção

[email protected]

O DICIONÁRIO REVELA: idéia = representação mental de uma coisa concretaou abstrata. Existe, portanto, uma grande diferença entre imaginar econcretizar. No nosso caso, ter uma idéia é o marco zero para a aberturade um negócio, mas não significa que ela será uma oportunidade denegócio. Ela só se transformará em oportunidade quando for aoencontro de uma necessidade e/ou desejo das pessoas, ou seja, quandoexistirem possíveis clientes que queiram usufruir a sua idéia.

Por ter um espaço em sua garagem, Sônia decidiu abrir um armarinho.Achava que era uma boa idéia, pois muitas amigas costuravam. Abriu aempresa, fez estoque e só então percebeu que não havia clientessuficientes para o faturamento necessário ao negócio. O motivo principalé que o armarinho se localizava numa rua sem fluxo de gente. SeSônia tivesse feito um planejamento antes de abrir, perceberia quesua idéia não era uma oportunidade de negócio.

Para se identificar uma boa oportunidade, antes é preciso recolheralguns dados (abaixo) e daí montar um plano de ações:

• existe uma necessidade em seu bairro que não é suprida ou é comdeficiências?

• qual a quantidade de potenciais clientes para sua idéia? Qual o perfil(profissão, salário) destas pessoas?

• quais os principais concorrentes? Quais são seus pontos fortes efracos?

• existem ameaças, como nova tecnologia pronta a entrar no mercado?• existem aspectos legais que devem ser considerados, como poluição

sonora e ambiental?• quais são os valores que se agregarão ao cliente: status, praticidade,

conforto?• qual o investimento necessário? Há recursos próprios ou como obtê-

los: bancos, investidores ou sócios?• tenho vontade de atuar neste negócio?Informe-se! Busque mais dados para identificar uma boa oportunidade. A

partir da próxima edição conversaremos sobre uma grande oportunidade denegócio para Valença: os empreendimentos sócio-ambientais. Conto com sua participação. Vamosjuntos e até a próxima!

RESOLVI ESCREVER ESTE texto por alguns motivos. O primeiro foi que, em quasedois anos de jornal, não vi sequer uma nota falando sobre este tema. Osegundo veio ao conversar com um dos integrantes do VQ, onde demonstreiminha total indignação por ninguém ter escrito nada sobre, e ele, mais quede imediato, me propôs a escrever. E o terceiro motivo foi pra mostrar aalgumas pessoas (a maioria) que acham que um xingamento racista é umaatitude que acontece apenas no calor da discussão e que não é nada demais. Somente quem sofre na pele pode dizer o quanto é doloroso sermenosprezado desta maneira por um ser humano igual a você.

Escrevi para mostrar que esse é um dos inúmeros problemas que onosso país tem. Problemas estes como a violência, o desemprego e acorrupção. Mas, além de ser uma questão problemática e pouco discutidae veiculada na mídia, o pior é ver a quantidade de besteiras que os ditosintelectuais cospem em suas análises imbecis e que atuam na formação daconsciência crítica das pessoas.

O preconceito racial é um assunto sério, delicado e que merece umaatenção especial da sociedade para gerarmos uma consciência verdadeirasobre o que está acontecendo, deste problema que está aí, mascarado,que muitos fingem não ver. Nós, seres humanos, devemos fazer o possívele o impossível para combater este mal. Mal que vai crescendoperversamente, ou melhor, vai se mantendo em nossa sociedade graçasàs piadas e adjetivos tão comuns e que muitos julgam inofensivos. Porverem desta forma, fazem com que o preconceito cresça ainda mais,passando de geração para geração sem a menor preocupação. Absurdoscomo “ele é um negro de alma branca” ou “preto se não faz merda naentrada, faz na saída!”, fazem parte desta cultura racista.

O racismo não surgiu há pouco tempo, existe desde a abolição. Aliás,uma abolição que tinha que ter sido feita e assim foi. Contudo, ela dividiua sociedade em dois lados: o lado bom – brancos, e o lado ruim, pobre –negros. Nós que somos um povo tão maravilhoso, com o privilégio determos em nossa sociedade a mistura de tantas etnias, ao aceitar o racismoestamos nos desvinculando de nossas raízes, tão ricas, belas e maravilhosas.

Vejo aqueles que possuem um poder aquisitivo melhor (leia-se ricos),que pelos seus privilégios culturais e intelectuais poderiam ajudar a combater

este mal, infelizmente não colaboram em nada e são os principais elementosdifusores e sustentadores do racismo em nossa sociedade. Uma coisa queaprendi é que o dinheiro não compra inteligência, caráter e dignidade.Estas coisas já nascem com você, e se você não os tiver, passará a vidainteira enganando a todos e principalmente (o que eu acho muito pior) avocê mesmo.

Não posso entender como podemos ser tão burros a ponto de aceitar oracismo. Agora, imagine você, como deve ser a consciência (se é queexiste) daqueles que praticam de forma direta o preconceito. Quero mostrara minha revolta, meu total repúdio quanto ao racismo. E gostaria muitoque este texto não sirva somente para ser posto nas páginas do jornalsimplesmente para satisfazer uma reclamação minha. Ou que o publiquempor desencargo de consciência e que depois caia no esquecimento. Gostariaque todos que lessem este artigo parassem para pensar e que servissetambém para abrir a cabeça de cada um, para que a sociedade encare esteproblema de frente em vez de ficar se escondendo atrás da mentira dademocracia racial brasileira, do discurso de que aqui não existe racismo,como sempre se fez.

E eu como negro, brasileiro e indignado por ouvir e ler tantas atrocidadessobre racismo, digo a você, que também está indignado e luta para tentarerradicar este mal que está na nossa sociedade e que não dá mostras de acabar,que o dito popular “a união faz a força” pode parecer simples, mas tem muito aver na luta contra o preconceito. Porque se todos nós, negros, brancos, amarelose vermelhos nos unirmos, juntos conseguiremos erradicar este mal. Temos quenos levantar, falar, fazer muito barulho para que todos vejam o motivo, seconscientizem e entrem nesta luta que é árdua, mas libertadora!

Jamais qualifiquemos ou desqualifiquemos uma pessoa pela cor de suapele, sua opção sexual, pelo seu poder econômico ou por qualquer tipo dedeficiência, seja ela física ou mental. Somos todos seres humanos,independentemente das diferenças. Como diz o refrão da música “ProblemaSocial” do Seu Jorge, “se eu pudesse não seria um problema social”, masinfelizmente eu sou, e vou lutar para que um dia meus filhos não sejamconsiderados desta forma.

Thiago Rocha, estudante de Direito da FAA

Igualdade na raça

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Educação em Valença:Salário Nota Zero

Ratão Diniz / Imagens do Povo

Ratão Diniz / Imagens do Povo

Ratão Diniz / Imagens do Povo

Sadraque Santos/ Imagens do Povo

Sadraque Santos/ Imagens do Povo

O SINDICATO DOS Profissionais de Educação(SEPE/Valença) realizou entre os dias 27 denovembro e sete de dezembro de 2006 umplebiscito em escolas e creches do município.O objetivo era avaliar a administração doprefeito Fábio Vieira na área da educação.

A idéia desta consulta surgiu a partir dadivulgação pela prefeitura de um boletimintitulado “Educação Municipal Nota 10”. Estaauto-avaliação não levou em conta a realsituação das unidades escolares e de seustrabalhadores, bem como não trouxe nenhumacontribuição concreta à população valenciana,servindo apenas como mais um instrumentode propaganda política.

Com a pergunta “Que nota merece aadministração do prefeito nas escolas e crechesdo município?”, o sindicato apurou 562 votosem 18 escolas da sede do município e concluiuque a maioria das pessoas reprovou o prefeito:294 (52,3%) deram Nota Zero, 196 votantes(34,8%) deram Nota Cinco e 72 pessoas(12,8%) deram Nota Dez.

Segundo o coordenador do sindicato, WaldirNascimento, a reprovação do governo eraóbvia: “como dar nota 10 para uma prefeituraque paga um salário mínimo para os professores?Que não realiza concurso público? Que nãoreajusta o salário há catorze anos e mantém ostriênios congelados? Que não mostra vontadede aprovar um novo Plano de Carreira? Quenão promove eleição direta para diretores?!”.

O SEPE afirma que o número de votantesrepresenta aproximadamente 2/3 (dois terços)da categoria e que o sindicato não pôde realizar

a consulta em todas as localidades do municípiopor dificuldades de estrutura e pessoal. Mas,segundo o coordenador Samir Resende, “maisimportante é deixar claro à população que nãose avaliou diretamente a qualidade do ensino”.Ele diz que “as escolas do município ainda sãouma das poucas esperanças de dias melhores,uma referência em suas comunidades, e seusprofissionais um exemplo de dedicação, carinho

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PLEBISCITO DA EDUCAÇÃO

Que nota merece o prefeito na

administração das escolas e

creches do município?

Nota Votos Percentual

Zero 294 52,31%

Cinco 196 34,88%

Dez 72 12, 81%

Total 562 100 %

e amor ao que fazem”. A grande questão paraele é “como, e até quando, conseguiremosmanter a dignidade das nossas escolas com ascondições trágicas que são oferecidas?”.

O Sindicato informa ainda que as negociaçõesda categoria estão emperradas por parte doExecutivo que alega não ter dinheiro. Mas,segundo os diretores, esta é uma estória quejá está virando novela. “Não tem dinheiro praeducação, nem pra saúde, mas tem dinheiropara tentar aprovar, através da mensagem nº018 de 2006, um Projeto de Lei que passa osalário do prefeito de R$ 6.400,00 para R$9.000,00 (aumento de 40%), e dos secretáriosde R$ 2.600.00 para R$ 4.500.00 (aumentode 73%!). Para o resto do funcionalismo, oaumento é de 3,5%!”, ressalta WaldirNascimento.

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6 janeiro de 2007 Valença em Questão

Danilo Serafimentrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevista

Participaram da entrevista: Bebeto, Letícia Serafim, Rafael Monteiro, Samir Resende e Vitor Monteiro. Fotos: Letícia Serafim

VALENCIANO HÁ 45 anos, Danilo Serafim se define como um ativista social.Não é para menos. Formou-se no curso de formação de professores edepois em Ciências Sociais pela Fundação Educacional Dom AndréArcoverde. Em 1992 passou a fazer parte da direção do SEPE (SindicatoEstadual dos Profissionais da Educação), onde ficou até 1994. De 1995a 2001 foi para a coordenação geral do SEPE, e em 2002 foi para aExecutiva Nacional do CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadoresda Educação). Agora foi eleito, em 2006, para a coordenação do SEPE,cargo que ocupa até 2009. Abaixo, o resultado do bate-papo de duashoras.

Mídia em Valença – Eu tenho uma relação quase cotidiana com agrande imprensa, por causa do SEPE. E EM VALENÇA, POR CAUSA DAMISTURA DO CONSERVADORISMO COM O FISIOLOGISMO, A IMPRENSALOCAL (COM EXCEÇÃO DA GAZETA VALENCIANA), NUNCA ABRIUESPAÇO PARA OS MOVIMENTOS SOCIAIS. E é um paradoxo, porquefala para a grande imprensa, mas em Valença não. Na cidade vocês doVQ tem um papel importante. Esse jornal Local, para mim, em breve, vaiestar na mão do conservadorismo local.

Ativismo social – o caso de Valença é reflexo do conservadorismo.Como pode os movimentos sociais, o movimento operário, com fortecaracterística anti-capitalista e socialista, se tornar o baluarte docapitalismo? Valença tem tradição de esquerda desde a união operária edo movimento dos camponeses (este tendo participação importante naorganização do padre Argemiro) e no início da década de 1980 surge omovimento operário com as indústrias têxteis, que teve papelfundamental na organização operária. A QUEDA DA ESQUERDA NACIDADE SE DEVE PELO FORTE CARÁTER CONSERVADOR DE VALENÇA.

SEPE 30 anos – em 2007 o SEPE completa 30 anos. Surgiu emValença com pessoas como a Dilma Dantas, Dona Terezinha. Ele surgeno momento de derrocada da indústria têxtil, da metalurgia. Fizemosuma greve geral em 1989. A cidade parou. Esse momento deefeverscência da esquerda foi importante e quem resiste até hoje é oSEPE. E isso se deve a sua autonomia. MOVIMENTOS SOCIAIS ESINDICATOS, QUANDO SE DEIXAM COOPTAR, SE BUROCRATIZAM EFICAM A UM PASSO DA RUÍNA.

O SEPE nunca se condicionou a ser partidarizado, sempre foi autônomo.Um exemplo disso é que sempre fizemos greve, desde 1988, com todosos governadores que não atenderam às reivindicações dos profissionaisda educação.

Valença e Educação – qual o papel da cidade em relação à educação?Não teve um governo que tenha atendido às reivindicações imediatas ehistóricas no município de Valença. O que teve uma participação umpouco maior foi Álvaro Cabral em 1993, quando aprovou o artigo 65 domagistério, que aumentou o salário dos professores e disponibilizavabolsa para o professor estudar. Os outros governos nunca se importaramcom a educação do município. DIZER QUE NÃO TEM DINHEIRO ÉCOMPLICADO, PORQUE HÁ DINHEIRO QUE DEVE SER ENCAMINHADODIRETO PARA A EDUCAÇÃO, O PROBLEMA É QUE VAI PARA O RALO.

Hoje em Valença temos a sensação de que não temos prefeito. LuizAntônio foi um péssimo prefeito, prometeu um monte de coisas e nãocumpriu. Fernando Graça também. Hoje, O PREFEITO, NO ALTO DeSUA ARROGÂNCIA, DIZ QUE A EDUCAÇÃO É NOTA 10. COMO, SE UMPROFESSOR RECEBE 350 REAIS?

Educação e Sociedade – não acho que a educação revolucionanada sozinha. Até porque revolução é romper com o sistema. Mas podeajudar muito na transformação da sociedade. Tem um papel estratégiconessa transformação.

O PAÍS SÓ SE REVOLUCIONA COM A RUPTURA COM O CAPITALISMOE SUAS INFLUÊNCIAS NEFASTAS. ENQUANTO EXISTIR ESSADESIGUALDADE SOCIAL, ENQUANTO FICARMOS À MERCÊ DOSESTADOS UNIDOS, NÃO VAI SE REVOLUCIONAR NADA.

Como romper então? A autonomia dos movimentos sociais tem umcaráter revolucionário. Por que esse setor ligado aos movimentossociais, quando chega ao governo trai a classe trabalhadora? Essa éuma resposta que não sabemos... Se o Lula fala para o mundo quequer acabar com a fome e o analfabetismo, provavelmente todosconcordarão. Mas para isso, temos que romper com o capitalismo,com o Fundo Monetário Internacional, rever as privatizações... Oparalelo é o que está acontecendo na Venezuela, na Bolívia. Por queos bolivianos estão dizendo que o gás é deles e estão lutando porisso? Por isso os movimentos sociais têm papel estratégico, mas comautonomia.

Alguns amigos meus dizem que o Chavez quer ser presidenteeternamente. O Parlamento lá, eleito pela população, entende que épreciso romper com o capitalismo. Na Venezuela se discute a constituição.QUEM DIZIA QUE CHAVEZ ERA UM FANFARRÃO SE ENGANOU. ELE ÉUM BAITA ESTADISTA. UM DADO INTERESSANTE É QUE NAVENEZUELA O ANALFABETISMO FOI ERRADICADO, E ELES TINHAMMUITO MAIS ANALFABETOS DO QUE AQUI NO BRASIL.

Secretaria de Educação – A Regina Magalhães é companheira. Temospor ela um grande respeito. Acredito que ela hoje tenha dois caminhos.Ou dá uma reviravolta e atende às reivindicações imediatas ou podeficar refém da burocracia da prefeitura, e se for esse o caso é melhorrenunciar. MELHOR RENUNCIAR A MANCHAR O HISTÓRICO DE LUTAQUE ELA TEM NO CAMPO DA EDUCAÇÃO.

AS NOSSAS REIVINDICAÇÕES IMEDIATAS SÃO: APROVAR O PLANODE CARREIRA, REALIZAÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO PARA AEDUCAÇÃO, ELEIÇÕES DIRETAS PARA DIRETORES DAS ESCOLAS EDESCONGELAMENTO DE TRIÊNIOS.

Qualidade da educação – lembro uma vez na escola da Varginhaque falei que parecia um barraco (na época o Fernando Graça era o

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prefeito). Outro dia na rádio dizemos que ascreches parecem depósitos de crianças. Comofica a qualidade do ensino, com o professorganhando 350 reais? É óbvio que o profissionalvai encontrar dificuldades.

Recentemente inventaram uma farsa emValença, que é a escola em tempo integralno CIEP de Chacrinha. Aquilo é um depósitode crianças. E a prefeitura chama de escolaem tempo integral. O DARCY RIBEIRO, ONDEESTIVER, DEVE ESTAR SE REMEXENDO,PORQUE ISSO É UM ACINTE A SUAPROPOSTA.

E nossos problemas não se restringem àeducação. A prefeitura funciona na inércia.Que política pública há na cidade? A prefeituraé capaz de pagar 6 mil de aluguel para umafarmácia popular, e os salários dos professoresem 350.

Nova Escola – NÓS SOMOS CONTRA OPROGRAMA NOVA ESCOLA, UM PROGRAMANEOLIBERAL QUE AVALIA A QUALIDADE DEENSINO DE FORMA CONDICIONADA AOSALÁRIO. O que deve ser feito, é pegar odinheiro que é direcionado para esseprograma (16 milhões de reais) e investir naeducação, não de forma condicionada. [oprograma Nova Escola direciona mais ou menosdinheiro para as escolas de acordo com onúmero de alunos aprovados nos cursos.Quanto mais alunos aprovados, maior orepasse. Isso acarreta uma pressão nosprofessores para aprovar os alunos – quantomaior o número de aprovados, melhor aqualidade da Escola, segundo a avaliação doprograma].

Lei Anti-Greve – A Paula Figueiroa Lealdisse uma vez, assim que foi chamada paratrabalhar na Secretaria de Educação dogoverno Luiz Antônio, que não dá paraacender uma vela para dois senhores. Ouacende para Deus, ou para o Diabo. Erecusou o cargo. Algumas pessoas passama ser cooptadas.

Nessa mesma época, O LUIZ ANTÔNIODISSE QUE RESOLVERIA TODOS OSPROBLEMAS DA EDUCAÇÃO E USOU DE UMARTIFÍCIO QUE LEMBRA A ASCENSÃO DEMUSSOLLINI NA ITÁLIA, DE HITLER NAALEMANHA, UMA LEI DE GREVE, QUEPROIBIA OS PROFISSIONAIS DEEDUCAÇÃO DE FAZEREM GREVE – E ODIREITO DE GREVE ESTÁ NACONSTITUIÇÃO! Isso porque, como elenão cumpr iu com o que prometeu,começamos a nos manifestar. O único doPT na época que foi contra foi o Raphael[de Carva lho] . E essa le i erainconstitucional. Jamais poderia baixar umdecreto nos moldes do AI-5. E mais do queisso, ele acabou com a eleição direta paradiretores, demitiu, perseguiu e colocou asecretaria de educação como instrumentode politicagem.

Executivo e Legislativo- Recentementeo prefe i to Fábio Vie i ra env iou umamensagem para a Câmara de Vereadorespara aumentar o sa lár io de le e dossecretários. Logo descobre que não podefazer isso, porque é inconstitucional. Issoé uma cara-de-pau. E os professores com

o sa lár io de 350rea is . NAMENSAGEM, ELEPROPÕE AUMEN-TARO SALÁRIO DELE DER$ 6.400 PARA R$9.000, E O DOSSECRETÁRIOS DE R$2.600 PARA R$4.500.

Outra coisa é olegislativo. A Câmara éuma excrescência. Elaque deveria cumprir opapel de casa dopovo... Se fizesse umplebiscito, não meassustaria se dessemzero para nossosvereadores.

Passe livre paraestudantes – [Emmatéria do VQ sobreo passe l ivre, avereadora Stela seposicionava contra, argumentando que o passe fazia com que os alunosdeixassem de estudar perto de suas casas para ir para as escolaslocalizadas no Centro da cidade] O PENSAMENTO DA STELA ÉIDÊNTICO AO PENSAMENTO CONSERVADOR DA CIDADE. OS ALUNOSTÊM O DIREITO DE IR E VIR. SE O PODER PÚBLICO NÃO MELHORAAS CONDIÇÕES DAS ESCOLAS DA PERIFERIA, ELE PODE ESCOLHER,FAZER A OPÇÃO ONDE ELE QUER ESTUDAR. Se tem piscina em umaescola, eu também gostaria de estudar lá. Nesse caso é uma outraquestão, o velho esquema das empresas de ônibus, que existemesquemas onde algumas pessoas recebem alguma coisa,especialmente em épocas de eleições – o chamado esquemão.

Racismo – o racismo existe no Brasil. Isso é inegável. Comigo jáocorreram situações que seriam cômicas se não fossem trágicas. Fuicoordenador do SEPE por três mandatos consecutivos. DEPENDENDODE ONDE VOU, AS PESSOAS ASSUSTAM: MAS ELE É NEGRO? ÉDIRIGENTE E É NEGRO?

Em Valença até pouco tempo tinha clube para branco e parapreto. MEU PAI (CIDOCA) QUANDO FOI PREFEITO FOI A UMA FESTANUMA CASA NO HOTEL DOS ENGENHEIROS, ERA UMA FIGURACONHECIDA NA CIDADE. MAS QUANDO CHEGOU FOI BARRADOPELOS SEGURANÇAS, QUE NÃO ERAM DE VALENÇA. Um garçom,de Valença, viu a cena e falou com a dona da festa, que foi até acasa dele pedir desculpas. Ele deu uma bronca e não foi. Isso éracismo! Quantos professores ou médicos negros temos em Valença?E temos uma escola de medicina.

Cotas – ACHO AS COTAS UM MAL NECESSÁRIO. O BRANCO TEMACESSO À UNIVERSIDADE PÚBLICA, TEM OS MELHORES SALÁRIOSE EMPREGOS. ISSO É COISA DO CAPITALISMO. ESSA DISTINÇÃODE RAÇA E COR INICIA COM O CAPITALISMO, COM A DESCOBERTADAS AMÉRICAS. O objetivo é gerar a supremacia. Os caras iam naÁfrica e compravam seres humanos para trabalhar, aí começou adiferenciação. TODOS NÓS TEMOS O PAPEL FUNDAMENTAL DECOMBATER O RACISMO COTIDIANAMENTE.

VQ – O LEGAL DO VQ É QUE TEM ALGO QUE O TORNA DIFERENTEDE TODOS OS OUTROS JORNAIS QUE TIVERAM E TEM EM VALENÇA.A SUA AUTONOMIA. São jovens valencianos, que com brilhantismotiveram a oportunidade de sair para estudar. E PODEM ESTAR CERTOSDE QUE NÃO INTERESSA PARA OS SETORES CONSERVADORES DACIDADE QUE UM PROJETO DESSES DÊ CERTO.

O VQ tem um papel estratégico, e nós dos movimentos sociais, temosque fazer alianças estratégicas com projetos assim.

Tem um vazio na cidade com a morte do Fernando Graça. E ele vai serocupado, ainda, por pessoas conservadoras. Mas tem um espaço vazioque só a juventude comprometida pode, e deve, ocupar. E temos jovenscapazes (intelectual e estrategicamente). E o papel do VQ éfundamental, que continue assim, autônomo e independente.

Valença em Questão

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8 janeiro de 2007 Valença em Questão

NOTNOTNOTNOTNOTAAAAASSSSS O VQ parabeniza Mônica Vasconcelos Mota,que há seis meses vem ministrando aulas paraalunos adultos no Vale Verde. A estrutura eos recursos são parcos (ela que teve queconseguir local, alunos, equipamentos, e ogoverno federal arca com apenas R$ 250,00,e para piorar sempre atrasam os pagamentos),mas vale a pena continuar, segundo ela. Umexemplo de que não pode parar, é a vontadedos alunos em aprender a ler. Um casorecente, que emocionou, foi uma das alunaschegar chorando na classe, e perguntadaporquê, disse que pela primeira vezconseguiu ler o nome dos filhos na certidãode nascimento.

Alfabetização de Adultos

Ases BrasilA OSCIP (Organização da Sociedade Civil de

Interesse Público) Ases Brasil, que trabalha como esporte como meio de ajudar as crianças ejovens, apresenta informações sobre ainstituição no site www.asesbrasil.org.

AparecidaA Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida

está em reforma para receber os alunos em2007.

Mais ValençaOutra aposta de Prateado é na cantora

Simony (ex-Balão Mágico), agora em versãomais romântica. O disco deve contar tambémcom composições de Douglas Lacerda, Edgardo Cavaco e Rafael Brito.

Intriga da OposiçãoA SonyBMG lança o CD e DVD “Nada Vai

Separar” do cantor Belo, apostando na novamusica de trabalho “Intriga da oposição”, docompositor e produtor valenciano DouglasLacerda em parceria com Rafael Brito – queassina outras 6 faixas no DVD. Produzido porWilson Prateado – um dos mais reconhecidosno gênero – o disco promete levar o cantorde volta aos tempos áureos da carreira.Santa Isabel

Na madrugada do dia 9 de janeiro, doishomens roubaram, da Capela da Santa Casade Misericórdia de Valença, uma imagem deSanta Isabel. A imagem, de aproximadamente80 centímetros, tem mais de um século emeio. Recentemente a capela de NossaSenhora das Mercês também foi assaltada.

Bolsa FamíliaSegundo dados da PMV através de seu site

- www.valenca.rj.gov.br -, 4.045 famílias estãocadastradas no programa Bolsa Família, sendoque 2.900 recebem o benefício. O Bolsa Famíliaé um programa do Governo Federal que realizaa transferência direta de renda, beneficiandofamílias com renda mensal por pessoa de atéR$ 120,00. Os valores pagos variam de R$15,00 a R$ 95,00, de acordo com a rendamensal por pessoa e o número de crianças.

Para se cadastrar, as famílias devem se dirigirà sala localizada na Rodoviária Princesa da Serra,com funcionamento de segunda à sexta-feira,das 8:00 às 17:00 horas, levando a cópia dosdocumentos de todos os familiares.

Ao ingressar no programa, a família secompromete a manter seus filhos de até 15anos freqüentando a escola e a cumprir oscuidados básicos em saúde: o calendário devacinação, para as crianças de 0 a 6 anos, e aagenda pré e pós-natal para as gestantes emães em amamentação.

Ações ColetivasDia 13 de janeiro de 2007 foi dado o

primeiro passo para a implementação doprojeto Ações Coletivas, no Morro do Cruzeiro,no distrito de Santa Isabel. Comfinanciamento da Caixa Econômica Federal, oprojeto vai custear reformas em 50 habitaçõesque estão em situações precárias no local.No dia 13 foram cadastradas as famíliasinteressadas em participar, e o critério deescolha das 50 famílias vai se basear tanto naprecariedade da habitação e na renda familiar,quanto na documentação correta necessária.

A iniciativa é orquestrada pelos seguintesgrupos, que perceberem que unir as forçasfacilitaria a confecção do projeto, propiciandomais dignidade para as pessoas: Ases Brasil,Associação de Moradores de Santa Isabel,Associação de Vereadores do Estado do Riode Janeiro, Associação dos Artesãos deValença, AtivaIdade, COMAMVA, MovimentoCerteza de Futuro e Rede Jovem Valenciana.

Do dia 27 de janeiro a 2 de fevereiro, o Rio deJaneiro será tomado pela cultura universitária,com a quinta edição da Bienal da UNE (UniãoNacional dos Estudantes), que levantará bandeiraem alguns espaços históricos e simbólicos para oBrasil e o movimento estudantil. As atividadesserão distribuídas em diversos locais da cidade,com a Lapa e Biblioteca Nacional. Mais informaçõese programação no site da UNE, emwww.une.org.br.

Casuarina Crash - No LimitePiauíO roubo de um carro de

luxo provoca o encontro depessoas das mais variadasclasses sociais e origensétnicas em Los Angeles.Dirigido e escrito peloroteirista de Menina de Ouro,Paul Higgis, Crash – No Limitemostra o choque de etniase a falta de tolerância nosEUA. De forma universalmostra o quão burros são os pré-julgamentose quão frágeis são os estereótipos.

O grupo de sambae choro é um dosprincipais da cenacarioca atual. Forma-do por jovens quetocam músicas quehá muito tempoestavam despres-tigiadas. Este CDreúne sambas de

autores como Nelson Cavaquinho, ZéKéti, Nelson Sargento, Nei Lopes eAdoniran Barbosa.

Lançada em outubro de2006, a revista mensaltraz artigos de novos,velhos e bons escritores ejornalistas e reportagensque fogem ao lugarcomum. O expedienteleva nomes de gentecomo João Moreira Salles,Xico Vargas e Marcos SáCorrea. Pode serencontrada por R$ 7,90nas bancas.