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MODELO LEAN CANVAS Como validar ideias de negócio com o modelo que associa as metodologias Lean Startup e Canvas STARTUP WE ARE INTERACTIVE Interação entre tecnologia e criatividade já impressionou as grandes marcas nacionais FINANCIAMENTO FORA DA CAIXA Microcrédito, crowdfunding e smart money: os contornos dos instrumentos do momento Viraram o mundo ao contrário, saíram da zona de conforto e criaram um negócio próprio. Histórias surpreendentes de mudança, com um denominador comum: o empreendedorismo. Fazedores Improváveis

WE'BIZ - MAIO 2015

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Jovem, otimista, informal, criativa e prática, a WE’BIZ dirige-se ao empreendedor com uma resposta integrada às suas necessidades informativas, pautando pela pertinência e rigor dos conteúdos, mas também pela irreverência e dinamismo do tratamento que lhes é dado. A publicação da ANJE assume-se como um veículo de disseminação do espírito empreendedor e um instrumento, não apenas informativo, mas também formativo da nova geração de empresários.

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MODELOLEAN CANVAS Como validar ideias de negócio com o modelo que associa as metodologias Lean Startup e Canvas

STARTUP WE ARE INTERACTIVEInteração entre tecnologia e criatividade já impressionou as grandes marcas nacionais

FINANCIAMENTO FORA DA CAIXAMicrocrédito, crowdfunding e smart money: os contornosdos instrumentos do momento

Viraram o mundo ao contrário, saíram da zona de conforto e criaram um negócio próprio. Histórias surpreendentes de mudança,

com um denominador comum: o empreendedorismo.

Fazedores Improváveis

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Maio 2015 WE’BIZ 3

PROPRIEDADE ANJE -Associação Nacional de Jovens Empresários

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOJoão Rafael KoehlerFrancisco Fonseca

DIRETORRafael Alves Rocha

COORDENADORAMónica Rodrigues Neto

REDATORES André Amorim Costa Ricardo Vieira MeloMónica Rodrigues Neto

COLABORADORES NESTA EDIÇÃOBruno NunesHugo Costa José FontesMónica VelosoOlga MachadoSuzana Alípio

GRAFISMOGarra Publicidade, S.A.

DEPÓSITO LEGAL388168/15

IMPRESSÃOEmpresa Diário do Minho, Lda

TIRAGEM 15.000

PERIODICIDADEMensal

ANO DE EDIÇÃO2015

EDITORIALO storytelling está na ordem do dia e contar histórias impõe-se hoje como a forma mais eficaz de comunicar no mundo atual. E há tão boas histórias empreendedoras. Quem, como eu, tem o privilégio de, quotidianamente, contactar com atuais e potenciais empresários sabe quão elevada é a probabilidade de encontrarmos uma história improvável, até mesmo por detrás do mais comum dos negócios. O “Shark Tank”, programa tele-visivo que veio democratizar o acesso à realidade da iniciativa empresarial, é prova viva do que falo. O sucesso de cada pitch vai muito além do modelo de negócio e foca-se, em grande parte das situações, na história contada para revelar inovação, potencial e, inclusive, viabilidade.

Ora, o presente número da WE’BIZ foi em busca de casos que marcam a diferença pelo percurso dos seus promotores. Foi uma triagem difícil, mas conseguimos uma amostra diversificada de fazedores que mudaram de rumo para criar um negócio próprio. São relatos surpreendentes de quem ousou despedir-se, de quem contornou o desemprego, de quem alterou prioridades, ou até de quem, simplesmente (se é que tal advérbio se pode aplicar neste contexto!), ousou contrariar expectativas, quebrar estereótipos e desviar-se do caminho inicial.

A probabilidade de os nossos leitores ficarem tão entusiasmados quanto nós ficamos com os processos de reconversão aqui relatados é, estamos certos, igualmente elevada. E porque ambição não pode faltar numa publicação com o espírito da WE’BIZ, temos a convicção de que estarão também a nosso favor as estatísticas relativas aos leitores que vão ficar igualmente contagiados pela interação com a startup We Are Interactive ou com o mundo de oportunidades que as entidades formativas de e-learning têm hoje para oferecer.

Num número em que ousamos ainda uma breve radiografia do financiamento alternativo, em que contamos com a opinião do tubarão Miguel Ribeiro Ferreira, e em que damos a conhecer o projeto que pretende dar luz às ideias tecnológicas de qualquer português, o talento está também em evidência. O estudo “Trans-forma Talento Portugal”, que aqui noticiamos aprofundadamente, fecha (na verdade, abre, se seguirmos o nosso índice) o ciclo da improbabilidade. Pois se o objetivo do movimento inerente ao do-cumento é a conversão de “talento latente” em “talento realizado”, a WE’BIZ pode assegurar ter encontrado, nos fazedores impro-váveis do nosso tema de fundo, a confirmação de que a iniciativa empresarial é uma das melhores formas de conceder ao talento um final feliz! E com este happy ending termino a sinopse editorial do número sete da revista da ANJE, esperando ter narrado uma história capaz, senão de um estímulo à criação de novos projetos de negócio, ou de vida, pelo menos de um apelo à leitura.

Rafael Alves RochaDiretor

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4 WE’BIZ Maio 2015

33weSTART › STARTUPSP. 33 We Are Interactive

P. 36 Modelo Lean Canvas: fácil, barato e pode dar milhões

P. 38 BestTables: a marca nacional comprada pelo Tripadvisor vai chegar aos restaurantes de todo o mundo

43weTHINK › OPINIÃOP. 62 Miguel Ribeiro Ferreira

Chairman do grupo Fonte Viva

Empreendedorismo português visto a partir do “Shark Tank”

03EDITORIAL

06SUMÁRIO

weFIRST › PRIMEIRA MÃOP. 06 Talento

P. 08 Mobilidade Jovem na Bacia Mediterrânica para promover emprego

10weFIND › OPORTUNIDADESP. 10 McDonald’s Portugal semeia negócios no setor agrícola

P. 12 180 mil euros para distinguir empreendedoras europeias 13

weNUMBERS › FINANCIAMENTOP. 13 Financiamento “fora da caixa” P. 17 Exigências do novo quadro comunitário travam número de candidaturas

39weLEARNING › FORMAÇÃOP. 39 Mais de 7.500 empresas apoiadas pelo programa formação PME

P. 41 E-learning: os desafios da formação à distância

18weZOOM › TEMA DE FUNDOP. 18 Fazedores Improváveis

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Maio 2015 WE’BIZ 5

59weSHARE › WEB & APPSP. 59 Redes Sociais “By the Book”

P. 61 Mobizy: a app do ano para negócios

48weNOW › ATUALIDADEP. 48 Europa avança para o mercado único digital

P. 49 Anje Startup Accelerator já levantou voo

P. 50 Reativar para combater desemprego de longa duração

P. 51 Polónia: oportunidades de negócio seduzem empresas portuguesas

52weNEXT › AGENDAP. 52 Maio

P. 55 Junho 57weSEARCH › LIVROS & SITESP. 57 “Os banqueiros vão nus” e estão sujeitos ao escrutínio público

P. 58 Portugal Startups: tudo para e por novos negócios

4644weTECH › TECNOLOGIA E INOVAÇÃOP. 44 Lusídeias: a plataforma onde qualquer português pode dar luz a uma ideia tecnológica

weSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIALP. 46 Um projeto super para promover a autoestima infantil

62weCREATE › ECONOMIA CRIATIVAP. 42 P55: a leiloeira que já acolheu Picasso, Dali e Miró

weZOOM › TEMA DE FUNDOP. 18 Fazedores Improváveis

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6 WE’BIZ Maio 2015

O TALENTO PORTUGUÊS FOI RADIOGRAFADO PELA EVERIS, NUMA INICIATIVA PROMOVIDA PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN E PELA COTEC. OS RESULTADOS DO ESTUDO, CUJO TÍTULO É “TRANSFORMA TALENTO PORTUGAL”, JÁ SÃO CONHECIDOS E DERAM ORIGEM A 40 PROPOSTAS DE AÇÃO, 13 DELAS CONSIDERADAS PRIORITÁRIAS. A IDEIA É VALORIZAR, DESENVOLVER E APLICAR O TALENTO QUE EXISTE NO NOSSO PAÍS EM FAVOR DA COMUNIDADE. PARA TANTO, JÁ ESTÁ EM MARCHA O MOVIMENTO TRANSFORMA TALENTO PORTUGAL, COMPOSTO POR AGENTES-CHAVE DA SOCIEDADE CIVIL.

Por iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e da COTEC, sob o alto patrocínio do Presidente da República, a everis realizou o estudo “Transforma Talento Portugal” (http://www.cotecportugal.pt/talento/) – à semelhança, aliás, do que já havia feito em Espanha. Trata-se de uma radiografia do impacto do talento em Portugal e da forma como este está a ser valorizado, desenvolvido e aplicado no nosso país.

Para tanto, o estudo partiu de um “exercício de inteligência coletiva”, no qual foram entrevistadas seis entidades, nomeadamente a ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários e a Global Shapers Lisbon, e 48 personalidades ligadas à temática do talento (educação, pedagogia, formação, cultura, empreendedorismo, criatividade, sociologia, mercado de trabalho e migração), como Alexandre Soares dos Santos, António Vitorino, António Mexia, Belmiro de Azevedo, Elvira Fortunato, Fernando Ulrich, Gabriela Canavilhas, Luís Portela, Manuel Ferreira de Oliveira ou Roberto Carneiro.

De acordo com a everis, “os principais objetivos [do estudo] são contribuir para o aumento do debate e da consciência sobre a realidade e as oportunidades do talento em Portugal, dinamizar a transformação dos talentos produzidos em Portugal e contribuir para a definição das linhas

estratégicas necessárias para o desenvolvimento e realização máxima de cada talento”.

Já para os principais responsáveis da iniciativa, os presidentes da Direção da COTEC, João Bento, e do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, Artur Santos Silva, “o tema [do estudo] reveste-se da maior importância, inclusive do ponto de vista da modificação das condições de funcionamento da economia portuguesa, a começar pelo crescimento económico em que todos nos dizemos empenhados e de que depende, de facto, a retoma do processo de melhoria das nossas condições de vida, de forma sustentável”. Por outro lado, prosseguem, “Portugal não se distingue por uma particular aptidão para descobrir e tirar o melhor proveito do talento dos seus residentes, situação que urge mudar”.

Para o presidente da República, o “estudo (…) representa um contributo de enorme importância para um levantamento rigoroso do presente e para uma transformação dinâmica e sustentada do futuro”. Cavaco Silva considera “essencial que a sociedade portuguesa reconheça e valorize aqueles que, pelas suas capacidades, pelas suas qualificações e, acima de tudo, pelo seu dinamismo se destacam pela afirmação do talento que possuem”. Além disso, escreve ainda o

chefe de Estado, “afigura-se crucial que o país consiga atrair talentos vindos do exterior e lhes conceda os meios necessários para que contribuam ativamente para o desenvolvimento de Portugal nas mais diversas áreas, da economia à educação passando pela ciência e pela cultura”.

13 MEDIDAS PRIORITÁRIASRefira-se que o estudo aborda o talento de uma forma holística, contemplando desde a sua identificação na família e na escola até ao seu desenvolvimento, maturação e plena aplicação em diferentes áreas, com destaque para o setor empresarial. Este processo permitiu identificar 57 problemas na produção, intermediação e valorização do talento em Portugal. Problemas, esses, para cuja resolução foram propostas 40 medidas de ação concretas e, entre estas, selecionadas as 13 consideradas prioritárias. O estudo integra ainda 49 casos de estudo, referenciados como boas práticas para resolver muitos dos problemas identificados ao nível do talento.

“Estudos há muitos. Já se fizeram outros sobre o talento. Mas, aqui, a nossa preocupação maior é a de ver se conseguimos aplicar [estas medidas] e fazer algumas experiências. É pôr a

weFIRST › PRIMEIRA MÃO

T ALENTO

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Maio 2015 WE’BIZ 7

PRIMEIRA MÃO ‹ weFIRST

coisa em prática”, explicou o diretor-geral da COTEC, Daniel Bessa, à comunicação social.

A partir de uma análise de clusters, projetada em duas perspetivas de análise complementares, foram identificadas as principais zonas de atuação e selecionadas as tais 13 medidas consideradas prioritárias para a transformação do talento em Portugal. E as medidas prioritárias são: a “criação de mecanismos para consciencializar e aumentar a participação da família na educação e formação dos jovens”; a “identificação dos talentos dos jovens em idade escolar através dos professores e das escolas”; a “flexibilização do itinerário escolar e enriquecimento do currículo educativo”; a “introdução de mecanismos de aprendizagem inter-relacional e que fomentem o desenvolvimento de soft skills”; a “adaptação dos métodos de ensino para reforço da autonomia, confiança e responsabilização dos alunos”; a “aposta nos mecanismos de formação de professores com vista à renovação de competências técnicas e adoção de métodos de ensino inovadores”; a “consolidação de uma cultura de meritocracia e rigor nas instituições de ensino superior”; a “criação de mecanismos que incentivem uma maior partilha e articulação de conhecimento entre universidades e empresas”; o “desenvolvimento

de um mindset empreendedor e criação de know-how sobre ser empreendedor”; a “criação de mecanismos que incentivem uma maior aproximação entre a ciência e a sociedade”; a “promoção de uma cultura organizacional orientada à valorização dos talentos”; a “criação de mecanismos de reconhecimento e valorização dos talentos em Portugal”; a “capacitação do posicionamento competitivo das universidades”.

MOVIMENTO TRANSFORMA TALENTO PORTUGAL Apresentado no Encontro Nacional de Inovação, a 26 de fevereiro de 2015, na Fundação Calouste Gulbenkian, o estudo da everis deu origem ao Movimento Transforma Talento Portugal, cujo objetivo principal é assegurar a concretização das 13 medidas prioritárias. Com este propósito, foram identificados

Definição Transforma Talento Portugal

O TALENTO É A CAPACIDADE DIFERENCIAL, INERENTE A TODA E QUALQUER PESSOA, DE FAZER MELHOR E DE GOSTAR DE FAZER ALGO, A QUAL, QUANDO IDENTIFICADA, PODE SER POTENCIADA E ACRESCENTAR VALOR NUM DETERMINADO CONTEXTO

agentes-chave da sociedade civil a quem compete coordenar a execução das soluções e medidas propostas no estudo, bem como mobilizar a sociedade civil, numa espécie de compromisso global, para a necessidade de valorizar o talento em Portugal.

Para os responsáveis do Movimento, COTEC e Fundação Calouste Gulbenkian, “transformar talento significa apostar no crescimento e desenvolvimento de um país através da sua principal vantagem competitiva: as pessoas. Significa colocar no centro de ação e decisão de uma sociedade a certeza e confiança de que toda e qualquer pessoa tem talento e que tem o direito e o dever de o valorizar. Para isso é necessário, por um lado, construir um ecossistema propício à identificação e desenvolvimento dos talentos e, por outro, criar oportunidades contínuas para a realização dos mesmos”.

LINHAS ESTRATÉGICAS PARA A TRANSFORMAÇÃO DO TALENTO

IDENTIFICAÇÃO

TALENT JOURNEY

PRODUÇÃO DE TALENTOINTERVENÇÃOE COLOCAÇÃO

VALORIZAÇÃODE TALENTO

DESENVOLVIMENTO

ACOMPANHAMENTO

+CONHECIMENTO

AFECTAÇÃO

+CONCRETIZAÇÃO

POTENCIALIZAÇÃO

+ (PESSOAL, SOCIALE PROFISSIONAL)

PESSOAS COMTALENTOS

REALIZADOSPESSOAS COMTALENTOSLATENTES

O estudo “Transforma Talento Portugal” conclui que o “Ecossistema do Talento” é composto por três etapas – a Produção, a Intermediação e Colocação e a Valorização do Talento. A “Talent Journey” é a interligação destas etapas no sentido da transformação dos talentos latentes em talentos realizados.

T

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weFIRST › PRIMEIRA MÃO

NA BACIA MEDITERRÂNICA PARA PROMOVER EMPREGO

Está em curso o CaBuReRa – Capacity Building Relay Race, com o qual a ANJE, enquanto entidade que representa Portugal no programa, promove a mobilidade internacional de jovens, tendo em vista a sua capacitação para o acesso ao mercado de trabalho. Confinada à região euro-mediterrânica, a iniciativa procura desenvolver nos 90 participantes competências em gestão do ciclo de projeto, línguas estrangeiras, mediação intercultural e cooperação com entidades locais.

MOBILIDADE JOVEM

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PRIMEIRA MÃO ‹ weFIRST

NA BACIA MEDITERRÂNICA PARA PROMOVER EMPREGO

Refira-se que, na fase inaugural, participaram cinco jovens de cada um dos países parceiros, com formação superior, idades até aos 25 anos e experiência mínima de dois anos em organizações não-governamentais ou entidades públicas regionais. Estes 30 profissionais foram submetidos a um curso preparatório e cumpriram um programa de mobilidade de quatro meses. Posto isso, tornaram-se mentores dos jovens desempregados selecionados para a segunda vaga de estágios. Entre estes últimos jovens encontram-se dez participantes da região do Algarve, que têm por missão dar continuidade ao trabalho iniciado pelos seus mentores.

Como pano de fundo do programa está o galopante desemprego jovem (menos de 25 anos) na Europa, que ronda hoje os 20,9% nos 28 Estados-membros da UE (cerca de 35% em Portugal). Ora, o CaBuReRa visa, justamente, promover a integração socioprofissional dos participantes, mas também formar profissionais

A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários encontra-se a promover um programa de cooperação internacional que, tendo em vista o combate ao desemprego jovem, proporciona oportunidades de mobilidade juvenil e de formação profissional. Trata-se do CaBuReRa – Capacity Building Relay Race, no âmbito do qual se organizam estágios de quatro meses na região euro-mediterrânica, em concreto nos seis países parceiros do programa: Palestina, Grécia, Itália, Jordânia, Líbano e Portugal. De resto, o CaBuReRa é uma ação implementada no quadro do ENPI CBC – Mediterranean Sea Basin Programme, iniciativa de cooperação multilateral transfronteiriça na Bacia do Mediterrâneo.

O programa CaBuReRa vai prolongar-se por dois anos, apoiando 90 jovens dos países parceiros: 30 jovens ativos, a trabalhar na área social, e 60 jovens desempregados. Estes jovens foram recebidos por diferentes organizações dos países parceiros e estão-lhes a ser transmitidas competências em gestão do ciclo de projeto, línguas estrangeiras, mediação intercultural e cooperação com entidades locais.

Deste modo, os participantes têm a oportunidade de colaborar com organizações experientes do euro-mediterrânico num ambiente de trabalho internacional, dinâmico e competitivo. Com esta metodologia, vão poder desenvolver competências técnicas e soft skills de grande relevância para a carreira profissional. Ao mesmo tempo, o programa apoiará o desenvolvimento das organizações da sociedade civil e autoridades públicas envolvidas no programa, promovendo a respetiva cooperação em rede, tanto a nível local como internacional.

PARTICIPANTES ALGARVIOS

10capazes de colaborar em outros projetos europeus de mobilidade igualmente potenciadores da coesão social e do combate ao desemprego. Aliás, como já aqui foi referido, o programa pretende ainda reforçar as redes de colaboração internacional, com vista à realização de iniciativas de cariz transfronteiriço voltadas para a dinamização do emprego jovem.

A intervenção da ANJE neste consórcio internacional justifica-se, dizem os seus responsáveis, “por todo o know-how, dinamismo e competência da associação em matéria de apoio ao empreendedorismo e à inserção profissional das gerações mais jovens. A esta experiência a associação soma ainda um vasto histórico de gestão e dinamização de projetos, inclusive em contexto internacional e transfronteiriço”, acrescentam.

No final do passado mês de abril realizou-se na Tertúlia Algarvia, em Faro, a Relay Race, uma iniciativa promovida no âmbito do CaBureRa, cujo objetivo era analisar a experiência de mobilidade dos jovens portugueses empregados que participam no programa e de preparar os jovens desempregados para o seu período de mobilidade. Durante três intensos dias de formação, realizaram-se atividades específicas para cada um dos grupos de jovens mas também atividades conjuntas.

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weFIND › OPORTUNIDADES

SEMEIA NEGÓCIOS NO SETOR AGRÍCOLA

McDonald´s Portugal

Referência mundial de fast food dedica-se à aceleração do empreendedorismo no setor da agricultura, contando com o apoio de entidades nacionais de referência no suporte à inovação e à atividade empresarial. Programa abrange materialização de novas ideias, mas

também expansão de atividades existentes.

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OPORTUNIDADES ‹ weFIND

SEMEIA NEGÓCIOS NO SETOR AGRÍCOLA

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A aproximação dos produtores agrícolas à inovação e à prática empreendedora são as prioridades do MBIA - McDonald´s Business Initiative For Agriculture. O programa levado a cabo pela McDonald´s Portugal assume a missão de dotar os agricultores nacionais de competências para a gestão sustentável de negócios, promovendo o crescimento em cadeia do setor e o acesso facilitado a cinco fatores essenciais de produção: capital, terra, tecnologia, conhecimento e organização empresarial.

A ligação entre os empresários agrícolas e o ecossistema empreendedor nacional é o foco de ação do MBIA. Com o contributo da ANJE – Associação Nacional de Jovens

Empresários, da AICEP -Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, da CAP - Confederação dos Agricultores de Portugal e da COTEC Portugal - Associação Empresarial para a Inovação, na qualidade de parceiros fundadores, o MBIA reúne sinergias para a dinamização e o crescimento deste setor de cariz tradicional. São dois os objetivos específicos que permitem a concretização, no terreno, deste grande desígnio: gerar e transferir conhecimento crítico para os agricultores portugueses e fomentar a ligação entre os produtores e a rede de agentes do empreendedorismo nacional.

A implementação do MBIA implica ainda a difusão de cinco valores:

empreendedorismo, conhecimento, rentabilidade sustentável, inovação e cooperação. Valores esses que poderão disseminar-se por três grupos de destinatários com perfis diferenciados. Isto porque o programa lançado pela famosa cadeia de fast food integra soluções para empresários agrícolas em fase de pré-incubação (empreendedores com ideia de negócio definida mas sem empresa constituída), incubação (agentes com empresa constituída e com objetivo de aumentar a produção) e exportação/internacionalização (produtores interessados em alargar a sua carteira de clientes com a entrada em novos mercados).

1. Knowledge Center – plataforma inserida no site do MBIA e desenhada para a partilha de conhecimento sobre as melhores práticas do setor agrícola, disponibilizando ainda um espaço colaborativo para os stakeholders da atividade - Fórum MBIA.

2. Formação – programa orientado para a aquisição ou reforço de competências de empreendedorismo e gestão dos agricultores portugueses.

3. Flagship Farms – visitas dos formandos a plantações e casos de sucesso, a nível europeu, na área da produção agrícola, organizadas com o propósito de divulgar os benefícios da aplicação de práticas sustentáveis.

4. Sessões de networking – encontros entre empreendedores, proprietários de terrenos agrícolas, investidores e empresas do setor para a deteção de sinergias e a formulação de parcerias e novos negócios.

5. Guia Prático do Empreendedor Agrícola - documento que vai reunir a informação necessária para o desenvolvimento de uma ideia ou empresa com atividade associada à prática agrícola.

CALENDÁRIO DE ATIVIDADES

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weFIND › OPORTUNIDADES

Estão abertas as candidaturas à 3ª edição do Prémio da União Europeia para Mulheres Inovadoras, competição que pretende valorizar a atividade empresarial feminina no velho continente. Iniciativa da Comissão Europeia, o concurso prevê a atribuição de três distinções, no valor total de 180 mil euros. O período de inscrições prolonga-se até ao dia 20 de outubro.

Lançado em 2011, o Prémio da União Europeia (UE) para Mulheres Inovadoras surgiu com o propósito de distinguir negócios com valor acrescentado, desenhados por empresárias europeias. Aberta à participação de um universo alargado de destinatárias, a competição recolhe inscrições de empreendedoras que fundaram ou cofundaram projetos empresariais. As candidatas devem beneficiar ou ter beneficiado de financiamento da UE relacionado com investigação e inovação, nomeadamente Programas-Quadro de Investigação para a Competitividade e Inovação, Euratom ou ainda ações no âmbito dos fundos europeus estruturais e de investimento.

A validade das candidaturas está ainda dependente do local de residência das empreendedoras e da data de criação dos projetos, sendo que as promotoras têm de residir num Estado-membro da União Europeia ou em qualquer um dos países associados ao programa Horizonte 2020. As organizações candidatas deverão ter sido criadas antes do dia 1 de janeiro de 2013 e apresentar um volume de negócios anual mínimo de 100 mil euros, relativo aos anos de 2013 e 2014.

As vencedoras do concurso só serão conhecidas em 2016,

MIL EUROS PARA DISTINGUIR EMPREENDEDORAS EUROPEIAS 180

estando prevista a atribuição de compensações financeiras às primeiras três classificadas: 100 mil, 50 mil e 30 mil euros são, por esta ordem, os valores correspondentes à tríade de galardões. A consulta do regulamento do Prémio da União Europeia para Mulheres Inovadoras e o processo de inscrição podem ser efetuados no endereço www.ec.europa.eu.

PERFIL CANDIDATAS > Residente num Estado-membro da União Europeia ou num país associado ao programa Horizonte 2020;

> Fundadora ou cofundadora de uma empresa ativa;

> Associada a uma empresa criada antes de 1 de janeiro 2013;

> O volume de negócio da sua empresa nos anos 2013 e 2014 deve ultrapassar os 100 mil euros;

> Beneficiária (na atualidade ou no passado) de financiamento de fundos europeus.

QUAIS OS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOS PROJETOS?

1. Originalidade e potencial de comercialização do produto/serviço desenvolvido;

2. Impacto económico;

3. Grau de inovação científica;

4. Impacto na sociedade.

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“FORA DA CAIXA”

FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS

MIL EUROS PARA DISTINGUIR EMPREENDEDORAS EUROPEIAS O financiamento tradicional através das instituições bancárias é, por

motivos não apenas conjunturais, difícil de obter por empresas nas fases iniciais de desenvolvimento. Para obviar esta situação, verificou-se

um crescimento, em Portugal e no mundo, de fontes de financiamento alternativas ao crédito bancário, algumas delas bastante improváveis ou “fora da caixa”. Neste artigo, explicamos os contornos de três inovadores

instrumentos de apoio ao empreendedorismo: o microcrédito, o crowdfunding e o smart money.

FINANCIAMENTO

Maio 2015 WE’BIZ 13

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14 WE’BIZ Maio 2015

weNUMBERS › FINANCIAMENTO

Na sequência da crise financeira iniciada em 2008, a liquidez da banca europeia atingiu níveis historicamente reduzidos. Consequentemente, a torneira do crédito às empresas foi inexoravelmente apertada, hipotecando uma retoma económica mais célere e sólida. Perante as dificuldades de financiamento, a banca foi obrigada a aumentar a remuneração dos depósitos, o que acabou por agravar significativamente os spreads exigidos na concessão de empréstimos. Esta situação penalizou sobretudo as PME, que têm menor capacidade negocial junto das instituições financeiras e uma maior perceção do risco pelos bancos.

É verdade que o setor financeiro começa, hoje, a dar sinais de que estão reunidas as condições para voltar a conceder crédito às empresas. Em Portugal, e pela primeira vez desde dezembro de 2009, o juro dos novos empréstimos às empresas de menor dimensão caiu abaixo da fasquia dos 5%. Ainda assim, os créditos bancários continuam a ser difíceis de obter e muito dispendiosos para as micro, pequenas e médias empresas portuguesas.

Há, contudo, instrumentos alternativos de financiamento às empresas que, não só substituem o crédito bancário, como são, inclusivamente, mais adequados às características das PME, em particular nas fases iniciais de desenvolvimento dos projetos de empreendedorismo. É o caso, por exemplo, do microcrédito, do crowdfunding e do smart money.

Criado por Muhammad Yunus em 1976, no Bangladesh, o microcrédito é um financiamento de montantes inferiores ao crédito tradicional

e em condições bastante mais favoráveis, designadamente no que diz respeito aos juros cobrados, aos prazos de reembolso e às garantias associadas. Trata-se, pois, de uma forma de empréstimo que permite aos excluídos do crédito bancário obter financiamento para criarem os seus negócios de pequena escala.

Em Portugal, o microcrédito tem vindo a desenvolver-se nestes últimos anos, estando a ser aplicado, sobretudo, no financiamento de restaurantes, cafés, cabeleireiros, centros de estética e outros pequenos negócios nas grandes cidades. Mas aos poucos assiste-se a uma diversificação dos projetos financiados pelo microcrédito, havendo já muitos negócios inovadores – hostels, aluguer de bicicletas, atividades agrícolas, serviços audiovisuais, lojas de artesanato urbano e até lojas eróticas – que recorreram a este tipo de empréstimo.

De resto, em 16 anos, a Associação Nacional de Direito ao Crédito, pioneira do microcrédito em Portugal, ajudou gratuitamente quase 2.000 empresários a conseguirem empréstimos de 1.000 a 12.500 euros, com juros mais baixos do que os habitualmente praticados pela banca. No total, foram concedidos mais de 11 milhões de euros até ao final de 2013, e cerca de 30% destes negócios continuam ativos após quatro anos de existência. Só em 2014, nasceram cerca de 200 micro empresas com o apoio da associação.

FINANCIAMENTO COLABORATIVO EM ALTAUm outro instrumento alternativo de financiamento é o crowdfunding, cujos números mais recentes também apontam para um crescimento em Portugal. Como o nome indica, trata--se de uma forma de financiamento colaborativa, em que o empreendedor inscreve o seu projeto numa das plataformas criadas para o efeito e faz o respetivo pedido de apoio monetário. Caso consiga 100% do financiamento, o empreendedor compromete-se a recompensar os seus investidores.

Desde a sua criação em Portugal, em 2011, o crowdfunding já angariou cerca de um milhão de euros para projetos de diferente índole, até ao final de 2014. Este valor é ainda relativamente reduzido, sobretudo se comparado com o mercado norte-americano, mas a tendência é de crescimento. As candidaturas em Portugal já chegam aos milhares, mas muitas não conseguem angariar o montante pedido ou sequer serem publicadas nas plataformas.

Na PPL, a maior plataforma de financiamento colaborativo online em Portugal, a taxa de sucesso ronda os 49% e já foram angariados, até ao final de 2014, mais de 500 mil euros para apoiar 170 projetos. Através do site da Massivemov, outra das maiores plataformas portuguesas, foram já financiados 33 projetos, num total de 103,5 mil euros, com uma taxa de sucesso de 52%. O valor médio de financiamento situa-se nos 33 euros, no caso da PPL, e nos 46 euros, tratando-se da Massivemov.

Outras plataformas com notoriedade no nosso país são a Olmo e a Novo Banco Crowdfunding, dedicadas ao apoio a projetos sociais, e a Zarpante, que promove o financiamento de projetos culturais. Destaque ainda para a MarkUp, que criou cinco redes sociais especificamente dirigidas ao mundo lusófono e dedicadas à moda e à música, onde é disponibilizado um serviço de crowdfinding que permite encontrar, entre pessoas com interesses semelhantes, financiadores para os projetos.

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Maio 2015 WE’BIZ 15

FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS

A título de exemplo, refira-se que nos Estados Unidos os valores angariados em crowdfinding atingiram os 5,1 mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros) só em 2013. Um projeto como o do smartwatch Pebble reuniu, em apenas 37 dias, mais de dez milhões de dólares (7,3 milhões de euros) de financiamento. Por cá, o projeto que mais dinheiro angariou – mais de 40 mil euros – foi o da longa-metragem “Por Ela”, da autoria do humorista Nuno Markl. Ainda assim, o valor ficou aquém do financiamento pedido. O projeto 3D Antártida da Universidade de Lisboa, para a monitorização de terrenos, foi o segundo mais financiado, com mais de 20 mil euros.

DINHEIRO COM KNOW-HOWPor fim, temos o chamado smart money, conceito que designa o financiamento proveniente dos business angels, investidores que, para além de dinheiro, aportam aos projetos experiência empresarial e contactos no mercado. Tal como o venture capital tradicional, os business angels reforçam os capitais próprios das empresas e, neste sentido, constituem um instrumento importante de financiamento nas fases iniciais de desenvolvimento dos projetos de empreendedorismo.

De um modo geral, os business angels são pessoas com experiência na área da gestão que apoiam o empreendedor de duas formas: com entrada de capital no projeto e com o seu know-how, ajudando-o não só do ponto de vista estratégico como também a encontrar os primeiros clientes ou parceiros, graças ao networking dos investidores. Os business angels fazem, pois, as mais das vezes, negócios de alto risco, na medida em que investem em empresas que ainda não testaram os seus produtos ou serviços no mercado. Por isso, não é de estranhar que os business angels sejam altamente exigentes com os projetos que financiam.

Na Europa, cerca de 80% do financiamento a startups vem do sistema bancário, enquanto nos Estados Unidos a maior fonte são os investidores privados. Mas começa a haver uma maior diversificação. De acordo com a EBAN – European Business Angel Network, em 2012, na Europa, foram aplicados por investidores privados 5,1 mil milhões de euros em empresas na fase inicial, enquanto as sociedades de capital de risco injetaram somente 1,9 mil milhões.

No nosso país são cada vez mais os projetos financiados por business angels. Em 2014, havia disponíveis mais de 40 milhões de euros em fundos de coinvestimento com business angels. Fundos, esses, dotados de capitais europeus, mas que obrigam a uma participação por parte da sociedade veículo destes investidores particulares. Tendo por base duas linhas de financiamento criadas no âmbito do Programa FINOVA e com gestão da PME Investimentos, foram efetuados investimentos em cerca de 150 startups, com menos de três anos de atividade, no montante global de 45 milhões de euros e que possibilitaram a criação direta de mais de 200 postos de trabalho qualificados.

€ Atualmente, há vários instrumen-tos alternativos de financiamento às empresas que, não só substituem o tradicional crédito bancário, hoje caro e escasso, como são também mais adequados às ca-racterísticas das PME, em particular nas fases iniciais de desenvolvimen-to dos projetos de empreendedo-rismo. É o caso do microcrédito, do crowdfunding e do smart money

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Criou cinco redes sociais especificamente dirigidas ao mundo lusófono e dedicadas à moda e à música, onde é disponibilizado um serviço de crowdfinding que permite encontrar, entre pessoas com interesses semelhantes, financiadores para os projetos.

O SOU MAIS é o Programa Nacional de Microcrédito, destina-se a projetos com limite de investimento de 20 mil euros. É operacionalizado no âmbito de um acordo de cooperação entre o IEFP e a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES).

Boa referência internacional, que lista centenas de investidores interessados em investir em startups europeias.

MODALIDADECrowdfunding

Smart Money

Microcrédito

O QUE É?Forma de financiamento colaborativa, em que o empreendedor inscreve o seu projeto numa das plataformas criadas para o efeito e faz o respetivo pedido de apoio monetário.

Conceito que designa o financiamento proveniente dos business angels, investidores que, para além de dinheiro, aportam aos projetos experiência empresarial e contactos no mercado.

Criado por Muhammad Yunus em 1976, no Bangladesh, o microcrédito é um financiamento de montantes inferiores ao crédito tradicional e em condições mais favoráveis (juros cobrados, prazos de reembolso e garantias).

ENTIDADES – EXEMPLOSOlmo http://www.olmo.pt/

Novo Banco Crowdfundinghttps://novobancocrowdfunding.ppl.pt/pt

PPL Crowdfunding Portugalhttp://ppl.com.pt/pt

Zarpantehttp://www.zarpante.com/

MarkUphttp://www.crowdfundingnetworks.com/

Massivemov Crowdfunding Portugalhttp://www.massivemov.com/

Seedrs https://www.seedrs.com/

Indiegogo https://www.indiegogo.com/

EquityNet https://www.equitynet.com/

EBAN: The European Trade Association for Business Angels, Seed Funds and Early Stage Market Playershttp://www.eban.org/

APCRI – Associação Portuguesa de Capital de Riscohttp://www.apcri.pt/

Portugal Ventures http://www.portugalventures.pt

Nova Base Capital http://www.novabase.pt/

Change Partners http://www.changepartners.pt/

Pathena http://www.pathena.com/

AngelListhttp://angel.co

2bpartner http://www.2bpartner.com/

CGDwww.anje.pt/portal/microcredito

Novobanco http://www.novobanco.pt(Produtos >> Crédito >> Microcrédito)

Montepio https://www.montepio.pt/ (Institucional > Responsabilidade Social > Microcrédito)

Associação Nacional de Direito ao Crédito www.microcredito.com.pt/

http://www.microcredito.com.pt/sobre-a-andc/parceiros/os-bancos/20

Millenniumbcphttp://ind.millenniumbcp.pt/pt/Particulares/Credit/Pages/Microcredito/Microcredito.aspx

Programa Nacional de Microcrédito - SOU MAIShttp://www.sou-mais.org/

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EXIGÊNCIAS DO NOVO QUADRO COMUNITÁRIO

A abertura de novos concursos do Portugal 2020 corporiza a esperança da revitalização económica nacional, mas introduz novas e maiores exigências no acesso ao financiamento comunitário. Castro Almeida, secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, e Nelson de Souza, antigo gestor do COMPETE (sistema de incentivos às empresas criado no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional), são apenas duas das figuras que já alertaram o tecido empresarial nacional para a necessidade de adaptação aos novos critérios.

A dependência do financiamento concedido no âmbito do novo quadro comunitário dos resultados obtidos no terreno é um critério conhecido pelos agentes empresariais portugueses. No entanto, Castro Almeida reforça a intenção de restringir a utilização de fundos públicos sem resultados efetivos e refere o apoio às ações de formação como um exemplo. De acordo com o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, as entidades que organizam cursos apenas porque têm formandos e formadores devem agora concentrar atenções nos níveis de empregabilidade para garantir a continuidade dos apoios assegurados.

Já Nelson de Souza parte dos requisitos específicos impostos pelos concursos para realçar os critérios mais apertados no acesso aos fundos europeus. A inovação produtiva é o caso escolhido pelo antigo gestor do COMPETE, já que o programa só prevê incentivos para

novos produtos e processos, fixando um patamar de exigência que reduz o leque de projetos nacionais elegíveis.

No entanto, Nelson de Souza acredita que as barreiras introduzidas podem ser ultrapassadas com ações complementares aos sistemas de incentivo, que preparem, sobretudo, as pequenas e médias empresas para o acesso aos fundos comunitários. As medidas de estímulo à inserção de quadros jovens e mais qualificados nas organizações e a promoção de iniciativas de assistência técnica às entidades com dimensão reduzida são duas sugestões elencadas pelo gestor para aproximar os empresários nacionais das exigências do Portugal 2020.

PORTUGAL 2020: APOIOS VS CONTRATUALIZAÇÃO DE RESULTADOS

De acordo com o Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, o Portugal 2020 terá uma avaliação, a meio do seu período de vigência, que determinará a conceção de verbas adicionais, em função de bons resultados apresentados. O governante deu conta desta reserva de 6% do financiamento total em fevereiro, num colóquio partidário na Assembleia da República. Complementarmente, recordou a mudança de paradigma inerente ao novo quadro de apoios: “nós não vamos apoiar projetos, nós vamos contratualizar resultados”. “O financiamento será, em última análise, atribuído a um projeto e a avaliação futura do projeto vai depender dos resultados obtidos”, disse ainda, reconhecendo que a nova exigência pode gerar, “certamente, alguns receios, mas é fundamental” para garantir a correta aplicação dos fundos europeus.

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TRAVAM NÚMERO DE CANDIDATURAS

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FazedoresIMPROVÁVEIS

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Por muito inovadores que sejam os negócios e por mais irreverentes que sejam os seus promotores, nem todas as histórias de empreendedorismo têm na sua génese percursos improváveis. Fomos em busca desses casos e encontramos seis exemplos de mudança inesperada. Em comum têm a felicidade que encontraram no mundo dos negócios, um admirável mundo novo em algumas das situações. Tentamos perceber o fenómeno e chegamos a algumas conclusões. Uma delas é inevitável: cada caso, é um caso. Por isso, nada melhor do que conhecê-los.

IMPROVÁVEIS

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Não há estudos concretos que nos permitam afirmar se está, ou não, a crescer o número de casos de empreendedorismo improvável no nosso país. Mas Rodrigo de Melo e Castro, project manager do Audax - Centro de Empreendedorismo do ISCTE-IUL, reconhece que “as novas dinâmicas do mercado de trabalho têm levado muitas pessoas, principalmente entre os mais jovens, a investir na criação do seu próprio emprego”, sendo que, “neste momento, não faltam exemplos de empreendedores, de diferentes idades, que iniciaram um novo desafio empreendedor, contribuindo para a criação de emprego ou que, através de empreendedorismo social, contribuem para a mudança e sustentabilidade social”.

O especialista em empreendedorismo evidencia, a este nível, a evolução do ecossistema nacional de apoio ao empreendedorismo, aliada à situação económica nacional, têm permitido que muitas pessoas passem a olhar “um pouco para além daquilo que são os conhecimentos adquiridos em contexto académico e sejam levados a ver de que forma poderão acrescentar valor, valorizando um conjunto de outros conhecimentos e competências”. Mas há também uma mudança de paradigma social e cultural que tem igualmente permitido, na lógica de Rodrigo de Melo e Castro, que muitas outras pessoas identifiquem oportunidades de negócio e, “não tendo competência ou conhecimento técnico para a sua implementação, integrem no seu projeto, outros que, complementando competências e conhecimentos, acrescentem valor ao projeto e assim possam criar uma maior sustentabilidade no mesmo”.

No anterior número da WE’BIZ, dávamos conta de que 65% dos portugueses têm uma atitude positiva face ao empreendedorismo. A conclusão do Relatório Global de Empreendedorismo 2014 da Amway leva-nos a ponderar se na base destes casos improváveis estará também uma menor aversão ao risco inerente à criação de empresas, que durante décadas foi apontada aos portugueses. O responsável da Audax recusa-se a interpretar as coisas desse modo. “Não se trata de

uma questão de os empreendedores estarem menos avessos ao risco, o que acontece é que, atualmente é possível assumir níveis de risco mais conscientes”, afirma, voltando a destacar o papel do ecossistema de suporte ao empreendedorismo. Papel esse que, na sua opinião, conduz os empresários a “uma tomada de decisão mais consciente, reduzindo os graus de incerteza e aumentando os seus níveis de confiança”.

Confrontado diretamente com a possibilidade de identificar razões para as histórias de fazedores inesperados, ou improváveis como resolvemos apelidar no âmbito deste trabalho, Rodrigo de Melo e Castro sistematiza três justificações. Primeiro, a necessidade da criação do próprio emprego imposta pelo estado do nosso mercado de trabalho. Segundo, a melhor estrutura de apoio à iniciativa empresarial existente em Portugal. E, em terceiro, a mudança de paradigma que permite que, chegado a uma ideia fora da sua área de competências, um empreendedor não tenha problemas em associar-se a quem tem o know-how necessário à sua implementação.

E a vocação empreendedora, terá aqui alguma influência? O Relatório Global de Empreendedorismo 2014 da Amway de que falávamos acima concluiu também que 50% dos portugueses diz ser possível aprender a ser empreendedor. Em relação à eventualidade de se nascer empreendedor, 46% dos participantes portugueses no estudo acredita nesta possibilidade. A este respeito, os jovens com menos de 35 anos têm uma opinião mais vincada em relação à formação: 60% acha que se pode aprender a ser empreendedor, um valor semelhante à média dos restantes países analisados. Rodrigo de Melo e Castro também opina no mesmo sentido, alegando que“o empreendedorismo trabalha-se, contribuindo para tal, um conjunto de estímulos que vamos tendo nos diferentes contextos em que estamos presentes”. Talvez, por isso, a vocação empreendedora não conste entre as causas que o especialista enumerou para os casos improváveis.

Rodrigo de Melo e Castro, projet manager do Audax - ISCTE-IUL, sistematiza a questão do empreendedorismo identificando “três razões fundamentais”.

CONTEXTO ECONÓMICO “Por um lado, a atual situação económica e o facto das dinâmicas de trabalho terem sofrido uma clara mudança nos últimos tempos tem levado a que muitos encontrem no empreendedorismo e na criação do seu próprio negócio uma solução para a dificuldade que o mercado apresenta em absorver todos”.

ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR “Por outro lado, o facto de existir uma maior e melhor estrutura de apoio ao empreendedorismo, leva a que muitos, ao sentirem--se apoiados, consigam de forma mais estruturada desenvolver o seu projeto empresarial, com uma maior mitigação dos fatores de risco do mesmo”.

MUDANÇAS CULTURAIS E SOCIAIS “Em terceiro lugar, cada vez mais o negócio deixou de ser algo ‘solitário’ em que o empreendedor caminha sozinho, procurando encontrar nos outros um complemento de competências e conhecimentos que lhe permita desenvolver o seu projeto empresarial.”

TRÊSCAUSAS

PROVÁVEIS

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UMA QUESTÃO DE MUDANÇA Uns mais do que outros, os empreendedores improváveis viraram o mundo ao contrário, saíram da zona de conforto, ultrapassaram as barreiras da sua área de formação ou até do seu domínio de funções. Dito de um modo mais abrangente: mudaram. Inerentes a estes processos de mudança – que nem sempre é desejada – estão diferentes modos de reagir, aspetos cuja gestão deve ser ponderada, riscos e, vejamos sempre o lado positivo, vantagens! Se ainda não mudou, mas procura ferramentas para isso, saiba que, além da coragem, pode contar com o apoio de um modelo de ação.

Teresa Fialho, cofundadora e partner da My Change, empresa especializada em gestão e implementação da mudança, revê-se no trabalho de reportagem da WE’BIZ. Também ela se afirma uma fazedora improvável: licenciou-se em Direito, mas no final do curso percebeu que aquela não era a sua “área de sonho”. O desvio que resolveu fazer conduziu-a até um conjunto de experiências profissionais

que culminaram com o desempenho de funções de gestão de recursos humanos, na consultora Deloitte. Daí, acabaria por sair para, em conjunto com uma colega de trabalho, com quem partilhava um gosto particular pela área da mudança, criar esta empresa. Hoje, Teresa Fialho ajuda empresas e equipas, com recurso a um modelo que assenta em 12 passos (ver síntese disponibilizada na tabela abaixo).

Modelo criado pela consutora My Change para apoiar processos de mudança.

MUDAR CONSOLIDARDESCONGELAR

IDENTIFICAR A MUDANÇAIdentificar e definir as metas da Mudança.

SALIENTAR A MUDANÇACriar um ambiente facilitador para a Mudança.

PREPARAR A MUDANÇADerrubar as paredes e barreiras do ceticismo.

PLANEAR A MUDANÇAEnvolver e capacitar toda a organização.

SUSTENTAR A MUDANÇAAncorar a nova cultura como forma de estar.

CELEBRAR A MUDANÇACriar uma memória positiva para o futuro.

IMPLEMENTAR A MUDANÇAConsolidar os ganhos e manter a Mudança em movimento.

“Nós temos na My Change um modelo que ajuda a ver a mudança de uma forma mais organizada. Dizemos muitas vezes que é preciso a pessoa sentir a urgência em mudar. Ou seja, a pessoa sentir que tem muito a ganhar, se fizer essa mudança, ou o que tem a perder, se não a fizer”, explica a empresária. Em causa estará o primeiro passo: “Identificar a Mudança”. Passo esse que é integrado num primeiro pilar intitulado “descongelar”.

Segue-se, ainda no âmbito desta etapa inicial, os passos “Salientar a Mudança” e “Preparar a Mudança”. “Depois, a pessoa deve preparar-se, capacitar-se, aprender, fazer os diagnósticos, os estudos que precisa de fazer para que a sua ideia tenha pernas para andar”, aconselha a

partner da My Change. “Nós também acreditamos muito que as mudanças ganham força se forem partilhadas, e não vividas de uma forma muito solitária”, acrescenta Teresa Fialho.

Na segunda etapa do modelo disponibilizado pela My Change, intitulada “Mudar”, cabem os passos “Planear a Mudança” e “Implementar a Mudança” e é, sobretudo, no planeamento que cabe o envolvimento e a capacitação. Segue-se o momento em que é necessário “Consolidar”, através de dois passos essenciais: “Sustentar a Mudança”, ancorando a nova forma de estar, e “Celebrar a Mudança”, de modo a criar uma memória positiva para futuro.

Teresa Fialho reconhece que esta grelha preparada pela My Change com recurso a contributos de diversos especialistas internacionais está mais vocacionada para organizações, mas é passível de aplicação individual. E é precisamente quando pensa nos indivíduos, mais propriamente nos empreendedores, que Teresa Fialho deixa um conselho extra: é fundamental “ter um pé na terra, no sentido de ir auferindo com algum realismo se aquilo que está a fazer está a ter bons resultados”. Tudo para que o entusiamo pela busca de um sonho ou pela concretização de uma ideia não seja “apenas uma coisa lírica, romântica”, sustenta.

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A experiência da My Change enquanto consultora especializada em mudança é, maioritariamente, organizacional. Mas a cofundadora deste projeto não esconde ser frequente que as formações implementadas nas empresas acabem por despertar a vocação empreendedora de alguns colaboradores. Será então apetência pela mudança uma característica típica de quem empreende? Teresa Fialho acredita que sim. “O empreendedor não é avesso à mudança, não é avesso à aprendizagem”, refere. “Há pessoas que, perante dificuldades, veem muito o que está a correr mal, veem muito o que falhou”, acrescenta delimitando a diferença entre esta postura e uma outra mais favorável à iniciativa empresarial: a de quem se foca no que aprendeu, no que fará diferente no futuro.

Nem sempre o diagnóstico da insatisfação profissional está associado a uma mudança por via da criação do próprio emprego. Mas muitas vezes assim acontece. Perguntamos, por isso, a Rodrigo de Melo e Castro, projet manager do Audax - Centro de Empreendedorismo do ISCTE-IUL, se efetivamente esse será o melhor caminho para

quem percebe que está na carreira, no emprego ou na área errada. “O empreendedorismo é sempre uma resposta para aqueles que pretendam acrescentar valor à sua própria vida e/ou à sociedade”, contesta o responsável. Mas há algo que não pode ser negligenciado, acrescenta: “não tendo de ser um especialista na área de negócio, todo o empreendedor deverá ser um especialista no seu negócio”.

Rodrigo de Melo e Castro advoga, deste modo, que qualquer pessoa, de qualquer área, pode constituir uma empresa numa outra área, integrando uma equipa multidisciplinar. “No entanto, todo aquele que decide empreender deverá possuir um conhecimento total do seu projeto, sendo fundamental ter um conhecimento profundo do mercado em que está inserido. Por outro lado, é importantíssimo que, mesmo reunindo uma equipa totalmente conhecedora de cada uma destas áreas, deverá ter conhecimentos de base em áreas como marketing, gestão de recursos humanos e contabilidade e gestão financeira”, reforça o coordenador do Audax.

5OS EMPREENDEDORES E A APETÊNCIA PELA MUDANÇA

SABER PARA MUDAR: TUDO O QUE OS IMPROVÁVEIS TÊM DE APRENDER

O responsável pelo Centro de Empreendedorismo do ISCTE, Rodrigo de Melo e Castro, alerta que o sucesso no mundo dos negócios está associado a dois elementos essenciais: “o perfil de competências do empreendedor” e “a ideia de negócio”. Por isso, querer mudar e querer empreender pode ser um primeiro passo, mas estará longe ser uma garantia de vitória no mundo dos negócios. “É fundamental que o empreendedor tenha conhecimento sobre todo o processo empreendedor, devendo para o efeito realizar formações diversas em áreas como gestão, finanças, marketing, comunicação e vendas e gestão de recursos humanos”, defende. E como saber não ocupa lugar e nunca é em demasia, o coordenador do Audax refere também que “não é menos importante o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais sobre na nova área de negócio”.

Na verdade, os conselhos deste especialista em iniciativa empresarial para os novos empreendedores vão além da formação. A prioridade deverá ser a tomada de consciência de que “esta decisão implica elevados níveis de comprometimento com o negócio”. O passo seguinte será a procura de “apoio especializado, quer no apoio à elaboração do plano de negócios quer no apoio à gestão”, defende também Rodrigo de Melo e Castro. E só então vem a coordenação de tudo isto com um plano pessoal de desenvolvimento de competências e de gestão, a par do estudo das tendências de mercado. Aliás, esta noção de mercado é definida como crucial, até porque há algo que nunca pode ser esquecido: “a proposta de valor a desenvolver deverá centrar-se no cliente e não apenas nas motivações pessoais do empreendedor”.

PRIORIDADES PARA

MINIMIZAR O RISCO

Rodrigo de Melo e Castro, projet manager do Audax - Centro

de Empreendedorismo do ISCTE-IUL, reconhece “que

quando o empreendedor não tem conhecimento da área

de negócio, o fator de risco é maior”. Mas sublinha também

que todos os negócios têm o seu nível de risco, sendo que,

de um modo geral, o combate ao risco deve ser fundamentado na

reunião de “cinco ingredientes fundamentais”:

1 Conhecimento“do projeto que pretende

implementar, do mercado em que está inserido e de ferramentas de

gestão do próprio negócio”

2 Paixão “elevados níveis de motivação

e que o empreendedor goste daquilo que está a desenvolver”

3 Compromisso “estar comprometido de forma responsável com o seu projeto

empresarial, evitando possíveis desvios de focus”

4 Energia “assumir uma atitude proativa perante todos os desafios com

que se confronte”

5 Rede de contactos

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PESSOAS COM DOENÇA MENTAL ENCONTRAM CURA NO NEGÓCIO DA PASTELARIA

O nome do projeto diz tudo e a improbabilidade está não só na sua génese, como na sua operacionalização e até nos resultados que dele podem advir.

Sob o nome Doce Terapia, nasceu um negócio cuja base é a Clinica de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do São João. As pessoas com doença mental, em recuperação, são os artífices da pastelaria confecionada

e dos serviços de catering prestados. Da reintegração social e profissional destas pessoas à capacitação para a criação de negócios próprios ou até

mesmo para a prática do empreendedorismo por conta de outrem estará uma distância tão curta quanto a que separa uma gema de uma clara, pelo

menos assim esperam os terapeutas ocupacionais que coordenam o projeto.

DO EMPREENDEDORISMO A DOCE TERAPIA

Sara de Sousa (esquerda) é a coordenadora do projeto, que conta também com o suporte

dos terapeutas Tânia Barbosa,João Viana e João Rebelo. Maria João Vieira, ao centro, é um caso de sucesso tanto na

recuperação terapêutica como nos serviços de pastelaria.

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24 WE’BIZ Maio 2015

Os doentes envolvidos têm em comum o interesse particular pela área da cozinha e da pastelaria, mas também a situação de desemprego. Sara de Sousa, terapeuta ocupacional que coordena o negócio, diz que mais do que a ausência de uma atividade profissional em causa está também o “isolamento social”. Por isso, a Doce Terapia é descrita pela responsável como “uma rampa de lançamento” e “uma luz ao fundo do túnel”. “É um projeto que pretende assegurar a valorização pessoal e profissional de pessoas com doença mental”, complementa, dando nota de que, além da venda de bolos, há uma aposta crescente no serviço de catering.

O bar da Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do São João está também a cargo da Doce Terapia. Aliás, este espaço funciona não apenas como base de trabalho, mas também como teste ao enquadramento profissional, com a vantagem de se tratar de um ambiente que Sara de Sousa descreve como “protegido”, devido ao facto de ser frequentado maioritariamente por utentes e profissionais da clínica.

Foi exatamente aí que um dos exemplos de sucesso da Doce Terapia começou. Entre os vários casos, que abrangem inclusive pessoas com doença mental grave (as chamadas psicoses), há um que se destaca: falamos de “uma senhora com perturbação de comportamento alimentar, nem de propósito”, afirma a coordenadora do projeto, dando conta de mais um dado inesperado. Hoje, recuperada de uma anorexia, e depois de um treino diário no bar da clínica, a utente de que falamos concilia a prestação de serviços para a Doce

Terapia com o trabalho num outro bar do Hospital de São João, neste caso, aberto ao público. Trata-se de um trabalho em regime de voluntariado, mas Sara de Sousa não tem dúvidas de que estão dados os passos rumo à inserção no mercado do trabalho ou até quem sabe ao mundo dos negócios.

Quando questionamos a terapeuta ocupacional sobre essa possibilidade, ou seja, a reintegração dos doentes via criação do próprio emprego, ela não esconde a convicção e o entusiasmo: “isso era o ideal, é o que nós gostaríamos que acontecesse”, afirma. E é precisamente por esse motivo que a terapeuta ocupacional revela que o próximo passo é a formação certificada. “Isso permitirá que os utentes fiquem com mais-valias acrescidas, do ponto de vista curricular, para além da experiência que levam com o projeto. Será um passo importante para que depois avancem profissionalmente nessa área e sejam empreendedores”, afirma.

Sara de Sousa diz ser muito recompensador assistir à forma como as pessoas com doença mental mergulham no projeto e “vestem o papel” que lhes é sugerido como desafio. Mas ousa admitir que mais surpreendente ainda é “o impacto que o projeto tem nas pessoas que o procuram”. Um impacto que vai de encontro ao posicionamento que a Doce Terapia ambiciona conquistar: a afirmação de um projeto de doces, que prima pela qualidade do produto e do serviço prestado. “Queremos contrariar o estigma da doença mental e não queremos que as pessoas recorram ao projeto apenas por solidariedade”, afirma a coordenadora do projeto.

A Doce Terapia é um projeto que pretende assegurar a valorização pessoal e profissional de pessoas com doença mental, através da confeção de bolos e outros produtos de pastelaria

O que mudou? O Doce Terapia trabalha a autoestima dos doentes mentais e promove a reintegração social e profissional, assim como a capacitação para futuras atividades empreendedoras.

Desafios principais? Combater o estigma da doença mental na sociedade, proporcionando serviços que primam pela qualidade e não pela causa social em si.

Vantagens do contexto anterior Neste caso, a terapia e a execução dos primeiros serviços em regime protegido, no interior do hospital, são a principal vantagem para a autonomização dos empreendedores que materializam a oferta da Doce Terapia.

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Alice Pinto e Maria João Vieira no bar da Clínica de Psiquiatria e Saúde

Mental do Hospital de São João

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O ENGENHEIRO CIVIL QUE SE TORNOU PRODUTOR DE VINHOS

EMPREITADA A COPO

O que mudou? O mundo da física deu lugar ao da química e da gestão, ao passo que a vida da cidade deu lugar a um roteiro partilhado entre o Douro, a Bairrada, Coimbra e Porto.

Desafios principais? Os conhecimentos de gestão e produção vinícola e as dificuldades inerentes ao lançamento de uma nova marca no mercado.

Vantagens do contexto anterior As competências de engenharia civil foram aplicadas na reconstrução da adega. A experiência na Associação Académica de Coimbra proporcionou conhecimentos de gestão e contactos ainda válidos.

É natural de Coimbra, onde se licenciou em Engenharia Civil e integrou a estrutura associativa académica. Efetuou um mestrado no Brasil e aí trabalhou num projeto local, dedicado à ligação entre estruturas de betão e metal. Tudo estava encaminhado para um percurso típico da área das engenharias, envolvendo mais física do que química, mais construção do que natureza, mais trabalho tecnológico do que força de braços.

Nada fazia prever que José Guilherme ponderasse um olhar empreendedor sobre a exploração vinícola que o pai detinha no Douro. Uma exploração pequena, que produzia vinho do Porto para a marca Croft. O ponto de viragem talvez tenha sido o convite de um diretor da Taylor’s, que entretanto adquirira a Croft, para fazer a vindima de 2012.

Foi aí que começou “a acompanhar a plantação, a estruturar toda a empresa e a criar uma marca”, recorda. Os conhecimentos de engenharia civil

“Preciso apenas de uns segundos para me deslocar até um local com rede”. Foi deste modo que teve início o contacto efetuado com José Guilherme, um engenheiro civil de 30 anos, que falou

à WE’BIZ a partir do Douro, onde se dedica à produção vinícola. As dificuldades de comunicação dizem muito de um quotidiano em que as obras dão lugar à vinicultura. A marca Cegonha Negra

é o foco da sua atenção empreendedora, mas na calha há planos ligados ao vinho do Porto, ao azeite e até à aguardente. Uma atividade que tem já ramificações na Bairrada.

foram aplicados na “reconstrução da adega de 1962”, numa lógica de capitalização da tradição das estruturas de produção em função da criação de uma marca própria. A frequentar uma Pós-graduação em Viticultura e Enologia, na Universidade do Porto, José Guilherme focou-se na construção de “um ponto diferenciador”: “a vinha típica do Douro e a vinificação típica em lagar, aliada a algum tipo de tecnologias, como bombas, cubas, filtrações”.

Com os conhecimentos que tem vindo a adquirir, não apenas científicos, mas também de gestão e marketing aplicados a este segmento de mercado, José Guilherme foi cimentando ideias. Por isso, procura ainda marcar a diferença por via da qualidade e da diversificação: “apesar de não ter produção em quantidade, quero tentar diversificar os produtos”. Tem agora com um “plano para vinificar na Bairrada” (vinho tinto em baga e um pequeno lote de vinho branco), um projeto de médio

Em relação à vida como engenheiro civil, eu neste momento consigo ter horizontes maiores, porque estou sempre em contacto com pessoas de várias áreas. (…) Estou sempre a aprender com as pessoas do campo, porque têm muitos anos de experiência

prazo no segmento do azeite e ainda com uma aposta, que considera de elevado potencial, em matéria de aguardente.

Confessa-se autodidata e até na tranquilidade do Douro procura saber sempre mais junto dos trabalhadores locais. “Também leio muito e apoio-me muito em alguns livros”, acrescenta. Complementarmente, recolhe ainda frutos da experiência na Associação Académica de Coimbra, da qual destaca a “dinâmica a nível de logística, de direção, de organização”, assim como o know-how de tesouraria e a rede de contactos. Todos os recursos são válidos, até porque o empresário possui estruturas muito pequenas, financiadas apenas por capitais próprios, tendo a missão de “acompanhar tudo: a parte da vinha, do vinho, da imagem ou do marketing”.

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José Guilhermefundador da marca de vinhos

Cegonha Negra

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INVESTIGADORA EM PSICOLOGIA NEUROLÓGICA ABRE GUESTHOUSE NO PORTO

DESPEDIU-SE PORQUE QUERIA TRABALHAR COM

“PESSOAS FELIZES” Lara Alves fez um caminhou académico de excelência na área da Psicologia Clínica. Deu aulas no ensino superior, fez investigação no Hospital de Coimbra e concluiu um doutoramento com aproveitamento máximo. Tentou, depois, uma via mais relacional, ao serviço da Santa Casa da Misericórdia da Maia. Mas a falta de realização pessoal ditou a irreverência do despedimento. Uma decisão fundamentada apenas na certeza de que queria deixar para trás a complexa realidade das doenças mentais e trabalhar num ambiente feliz. Um ano depois, juntamente com o marido Álvaro Costa, abriu a In Porto Gallery Guesthouse.

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Lara Alves e Álvaro Costa são o casal anfitrião da nova guesthouse, onde fabricam pão, jantam com os hóspedes e promovemnovos artistas nacionais.

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“Despeça-se já e crie o seu negócio” é um slogan que os players empreendedores ousavam na década de 90, mas que parece incompatível com a realidade empresarial dos dias de hoje. Ou dos dias vividos em abril de 2014, quando Lara Alves tomou o que apelida de “decisão drástica”, optando “por abandonar totalmente a área da psicologia”. “Todos ficaram muito admirados. Despedi-me e, embora não soubesse exatamente o que queria fazer no futuro, sabia que não era aquilo. Sabia que queria fazer uma coisa que envolvesse pessoas, de um modo geral, felizes”, afirma a empreendedora.

Lara sempre foi boa aluna e reconhece que o sucesso a acompanhou em todo o seu percurso académico e profissional. Mas esse sucesso não inviabilizava o vazio que sentia, já desde os tempos em que trabalhava como investigadora no Hospital de Coimbra. “Acabei por especializar-me nas demências e traumatismos e andava um bocadinho cinzenta”, reconhece a neuropsicóloga. A colaboração na Santa Cada da Misericórdia da Maia foi uma segunda oportunidade dada a esta área de atividade. Mas na verdade a maior tranquilidade proporcionada pelo trabalho das 9h00 às 17h00 só veio proporcionar “um bocadinho mais de calma para pensar”.

Curiosamente, Lara precipitou-se para a mudança não apenas com a convicção de uma apetência por um contexto profissional mais alegre e social, mas também com a certeza de que teria de seguir a via empreendedora. “Quando fazia investigação, era um bocadinho dona do meu próprio projeto. E essa parte agradava-me. Então, pensei: tenho de ter algo que seja meu. Algo em que eu possa definir as minhas regras”, afirma a empreendedora.

Na verdade, as regras da In Porto Gallery Guesthouse não são apenas suas, porque a Lara Alves acabaria por juntar-se “nesta aventura” ao marido. Álvaro Costa, que possui os mesmos 36 anos da neuropsicóloga, trabalhava em topografia e também estava longe de gostar do que fazia. O turismo não foi a escolha imediata dos agora empresários, “mas passado algum tempo começou a ser evidente que poderia ser uma opção, não só interessante, como economicamente viável”, afirma a nossa entrevistada.

Além de procurarem um negócio que implicasse relação humana, Lara e Álvaro tiveram a sensatez de procurar uma área que ambos conseguissem gerir, sem dificuldade, implicando apenas “alguns cursos breves”. Por isso, se há coisa que a In Porto parece ter é bons alicerces. Os empresários não tiveram a ânsia de começar pelo telhado: o primeiro investimento efetuado foi

em formação. “Fiz uma série de cursos na ANJE” recorda a empreendedora, destacando as áreas de contabilidade, gestão e lean management. Quando o turismo se tornou uma certeza, foi a vez de Álvaro reforçar competências na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, onde Lara acabou também por efetuar um curso de gestão hoteleira.

Seguiu-se um período de pesquisa de espaços e, posto isso, foi uma questão de, nas palavras de Lara Alves, colocar “o coração ao alto” e investir capitais próprios (poupanças e apoio da família) na construção de um conceito diferenciador de alojamento. “Essencialmente, o nosso projeto liga a arte e o Porto. Nós fizemos uma gallery guesthouse. Além de termos uma exposição permanente, temos uma exposição temporária de artistas aqui do Porto, que podem expor os seus trabalhos e, eventualmente, vender a algum turista. E depois temos muito design, muito boutique, muito conforto, e um serviço que nós queremos sempre que seja cinco estrelas”, sintetiza com entusiasmo a gestora da In Porto.

Lara Alves e Álvaro Costa são hoje os anfitriões de uma casa aberta a 7 de abril, na Rua do Bonjardim, e orgulham-se de ter já conquistado uma pontuação de 9,9 no ranking da plataforma Booking. No mês de abertura, venderam 40 noites e, no início de maio, contavam já com 111 vendas, às quais somavam 250 reservas para os meses de junho, julho e agosto. A vida de ambos mudou completamente. O negócio é “um bebé” que os ocupa a tempo inteiro, inclusive nos seus momentos a dois. Mas nem esta fusão entre vida profissional e pessoal/familiar afeta a felicidade que Lara diz ter alcançado.

“Desde que isto abriu ainda não tive folgas, nem sinto falta”, conta a face feminina do projeto. E nem assim, quando pedimos para comparar a vida que tinha quando trabalhava em neuropsicologia com aquela que tem hoje, Lara deixa de referir que “não há comparação possível”. O receio que diz ter sentido desde o início mantém-se, mas a cada dia que passa vai sendo atenuado pelos sucessos alcançados.

O quotidiano da neuropsicóloga e do topógrafo passou a incluir múltiplos idiomas, contactos, histórias e preocupações. Entre o responsável da lavandaria e um grupo de franceses que interrompem a entrevista, Lara Alves recorda episódios que preenchem o seu dia-a-dia da melhor forma. “Tivemos aqui um hóspede que fez anos e fomos nós, em conjunto com os filhos dele, que fizemos o bolo para cantar os parabéns”, conta.

Há dias em que Lara e Álvaro se obrigam a fazer um horário normal e delegar

tarefas nas outras duas pessoas que com eles trabalham a tempo inteiro. Mas dias há também em que são desafiados pelos próprios hóspedes e é com eles que socializam numa fusão de trabalho e lazer que Lara nunca imaginara alcançar no mundo na neuropsicologia. “Por vezes convidam-nos para jantar e nós acabamos por oferecer a refeição. É normal que assim seja, isto é uma guesthouse”, conclui a empresária.

O que mudou? Tudo. Lara Alves deixou por completo a neuropsicologia e, juntamente com o marido Álvaro Costa, gere no Porto uma guesthouse da qual é anfitriã.

Desafios principais? As competências de gestão e turismo foram o desafio inicial, superado com formação específica. Seguiram-se as dificuldades em interpretar a lei do alojamento local. Hoje, separar a vida pessoal da vida profissional é a maior dificuldade da empreendedora.

Vantagens do contexto anterior A formação académica e a experiência profissional em neuropsicologia capacitaram a empreendedora para o relacionamento pessoal e a gestão de recursos humanos. A autonomia dos tempos de investigadora foi uma boa base para a sua organização enquanto empresária.

Reservas de países como Uruguai, Marrocos, Rússia ou Brasil causam--me alguma surpresa. Já recebemos hóspedes da Nova Caledónia – tive de ir ao mapa confirmar onde ficava exatamente. Demoraram 40 horas a chegar e escolheram a nossa guesthouse

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BAILARINO CRIA PROJETO QUE ENSINA A ANDAR DE BICICLETA

Aos 10 anos, saiu dos Açores, onde nasceu, e fixou-se no Porto. Até aos 18, estudou na área de ciências, porque aspirava seguir Arquitetura Paisagista. Mas com a maioridade chegou uma vocação, que até então simplesmente não existia: dançar. Pedro Rosa acabaria por licenciar-se em dança na Holanda. Hoje, é bailarino e coreógrafo e a roda-viva em que se desloca quotidianamente fazem dele um empreendedor inesperado, mas com jogo de cintura para deter dois projetos em mãos: o Aprender a Andar de Bicicleta (cujo nome diz tudo) e o Azul Singular, um inovador projeto de ecoturismo na ilha do Faial.

“TUDO O QUE FAÇO TEM A VER COM MOVIMENTO”

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Pedro Rosa está de regresso aos Açores,

onde está a lançar um projeto de campismo de luxo.

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Pedro Rosa diz que tudo o que faz “tem a ver com movimento” e, curiosamente, até a empresa que está a lançar nos Açores, juntamente com a mulher, Antónia Reis, tem a mobilidade como fator diferenciador. “É uma empresa que vai oferecer um tipo de alojamento muito diferente do que existe. Nós vamos apostar na área do ‘glamping’. Ou seja, é um alojamento que é feito em unidades que não são fixas, são móveis, e que são construídas em madeira e tela tensionada”, afirma Pedro Rosa. “Glamping” agrega os conceitos de “glamour” e de “camping”, por isso, em causa está um projeto de campismo de luxo, baseado em estruturas semelhantes a tendas de grandes dimensões. O propósito é estimular a conexão dos turistas com o ambiente exterior, por isso, estas unidades foram especificamente desenhadas para serem instaladas num contexto paisagístico muito particular, onde se incluem “plantas ornamentais” e uma “vegetação muito rica, muito exuberante”, nas palavras do empreendedor.

Trata-se de um projeto que já obteve a aprovação de fundos comunitários e que implicará, para Pedro Rosa, um regresso às raízes açorianas, facto que vai de encontro ao seu objetivo pessoal de “regressar a casa”, bem como de “viver e trabalhar nos Açores”. O Azul Singular é uma aposta de presente e de futuro, que será complementada pelos “movimentos” que Pedro Rosa tem empreendido ao longo do seu percurso empreendedor.

Tudo começou sobre rodas. Foi precisamente há três anos. Desde então, o projeto Aprender a Andar de Bicicleta já ensinou mais de uma centena de pessoas a pedalar. A dança manteve-se em primeiro lugar, mas a vontade de fazer coisas novas e diferentes não permitiu que este projeto, dinamizado nas horas vagas, fosse crescendo, até mesmo em matéria de comunicação. Como tudo começou? “Muito por acaso, porque eu ensinei a minha mãe a andar de bicicleta. Foi ela que me entusiasmou para ensinar outras pessoas”, responde Pedro Rosa.

Mas o acaso fez Pedro refletir sobre os pontos em comum que esta

atividade poderia ter com a sua formação e experiência. “Acho que [andar de bicicleta] tem muitas coisas a ver com dança. Eu comecei a perceber que alguns dos princípios que ajudavam à coordenação para andar de bicicleta eram os mesmos que eu já usava na dança. Tem a ver com organização do corpo, com a perceção, com o movimento, com a desenvoltura. E aí criei e comecei a aplicar um método próprio”, conta.

Na verdade, estes paralelismos entre a experiência e as competências artísticas que detém e os desafios que o mundo empresarial lhe coloca são uma constante no discurso de Pedro Rosa. Afinal, as ligações entre tudo isto vão além do tal movimento, ou se preferirmos, a inquietude de alguém que se diz entusiasmado pela vontade de “fazer muitas coisas”. Pedro Rosa manifesta, há muito, atitude de empreendedor. “Como freelancer, sempre trabalhei dentro da minha área com uma atitude empresarial”, reconhece.

“Enquanto coreógrafo sou eu que crio, lanço e vendo os meus projetos. Por isso, acaba por ser uma atitude empresarial. Trata-se da criação de um produto, de uma marca, de um nome”, sustenta. Além disso, Pedro Rosa sempre juntou o universo da dança (incluindo espetáculos, aulas para adultos e aulas no Balleteatro Escola Profissional) com outras áreas do universo cultural, trabalhando como produtor na organização de workshops e eventos de referência na agenda da invicta.

Por tudo isto, nem mesmo a gestão de recursos humanos assusta Pedro Rosa nesta fase em que se abalança na criação da empresa de ecoturismo, ainda que reconheça que há especificidades do mundo empresarial que permanecem por descobrir. Três coisas são certas: o Aprender a Andar de Bicicleta vai chegar aos Açores (a primeira bicicleta já seguiu num contentor); as competências de negócio vão ser desenvolvidas através de um curso de empreendedorismo e gestão, em que Pedro já garantiu a sua inscrição; e a dança, essa, também chegará ao Faial, até porque há já agendado um workshop com um coreógrafo suíço.

A Aprender a Andar de Bicicleta é um projeto que nasceu no Porto, mas que pode agora ser desenvolvido na Ilha do Faial, onde Pedro Rosa está a lançar um projeto de “glamping” – conceito de campismo de luxo, que teve aprovação de fundos europeus e que estará associado a uma paisagem de vegetação exuberante.

O que mudou? O projeto Aprender a Andar de Bicicleta abriu novos horizontes à atividade profissional do coreógrafo Pedro Rosa, mas o projeto Azul Singular será responsável por uma mudança mais significativa: o regresso aos Açores.

Desafios principais? Adquirir competências técnicas de empreendedorismo e gestão empresarial, mas sobretudo lançar no mercado um projeto que traz consigo um conceito de alojamento que é ainda inovador.

Vantagens do contexto anterior As competências na área da dança permitiram criar uma metodologia própria para o projeto Aprender a Andar de Bicicleta e a experiência enquanto coreógrafo freelancer aproximou Pedro Rosa dos desafios empresariais: coordenar equipas, criar espetáculos, associá-los a uma marca, comunicar e vender são apenas alguns exemplos.

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COLABORADORES PROSSEGUEM ATIVIDADE DE EMPRESA FALIDA

Dizem que vieram do nada para acabar por ser tudo, mas não será bem assim. Filipe Carreiras e Isaac Carvalho eram já muito na metalomecânica da Maia que viram fechar, em dezembro de 2011, e cuja atividade decidiram continuar já no decorrer do ano seguinte. Com 20 anos de trabalho na empresa, no caso do primeiro, e 12 anos, no caso do segundo, ambos assumiam funções de coordenação e não recusaram a troca da indeminização financeira pela compra das máquinas da empresa. Nuno Moscato juntou-se a eles com o capital necessário para formar uma nova sociedade e dar continuidade ao negócio. Três anos depois, a empresa fatura na ordem dos 850 mil euros e os salários de 90% dos colaboradores já sofreram aumentos entre 25 e 30%.

A TROIKA QUE RECUPEROU UMA ATIVIDADE CENTENÁRIA

Nuno Moscato juntou-se aos ex-operários Filipe Carreiras e Isaac Carvalho para dar continuidade à atividade de um negócio de pavimentos metálicos.

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Preferem não destacar o que estava mal no passado e sublinhar apenas que a empresa familiar na qual cresceram profissionalmente fechou por má gestão. Por isso, ainda que nunca tal ideia lhes tivesse um dia passado pela cabeça, não disseram que não à proposta que lhes foi feita. Havia “trabalho”, uma boa “carteira de clientes” e um “mercado enorme”. As palavras são do agora empresário Filipe Carreiras, que sublinha igualmente o facto de a empresa ser detentora de “um material muito específico” e também de se diferenciar por ter sido “pioneira neste tipo de material em Portugal”.

Falamos da produção de pavimentos metálicos, como quotas de acesso ou escadas de emergência, sendo que o negócio se resume à produção de produto para serralharias ou empresas da área da construção, por exemplo. O encerramento da unidade industrial instalada na Maia deixou um “vazio no mercado”, quase que um “monopólio” para as poucas empresas que ficaram a operar, acrescenta Filipe Carreiras. Foi, pois, com relativa facilidade que os três empreendedores recuperaram os clientes e a sustentabilidade do negócio.

O que mudaram? A resposta está na ponta da língua de cada um dos ex-operários: “gastar menos”. Filipe Carreiras diz que as prioridades da nova gestão se resumiram a “limitar, ao máximo, os gastos da empresa”. E os emprendedores acabaram por ser os mais sacrificados: “não havia regalias para nenhum dos sócios”. Isaac Carvalho confessa que o arranque do projeto “foi uma fase complicada”. “Estamos a falar de dois trabalhadores que sempre ganharam o seu salário, que ia dando para o mês. No país em que estamos, nunca deu para juntar grande coisa”, faz questão de ressalvar o cofundador da nova empresa, dando nota do sacrifício vivido durante o primeiro ano.

O arranque foi apoiado pelo IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional, no âmbito do programa de apoio à criação do próprio emprego. Nas opções de poupança que os empresários foram forçados a efetuar esteve uma redução da equipa de 25 para 12 colaboradores. Os clientes, esses, foram sendo conquistados e muitos deles recuperados do período anterior, para surpresa dos próprios empresários.

“Posso dizer que, no início, como jovem empresário, eu pensava ‘nunca vou chegar a este ou àquele’. Em muitos casos, foi ao contrário: foram eles que vieram ter connosco, e isso quer dizer que havia algum valor que nós soubemos aproveitar”, conta Filipe Carreiras. Apesar de não trabalharem diretamente com exportação, os três empresários

NÃO É SILICON VALLEY, MAS HÁ JOGOS TRÊS VEZES AO DIA Filipe Carreiras é despretensioso ao ponto de considerar que os três empresários estão “longe de ter a perspicácia de comandar as tropas” numa lógica estratégica de gestão de recursos humanos. Mas Isaac Carvalho vê alguns benefícios concedidos aos trabalhadores como um investimento com retorno produtivo. “Todos os dias, sem exceção, na pausa da manhã, do almoço e da tarde, nós jogamos cartas ou dominó. (…) Se os 15 minutos de pausa passarem sem que a partida termine, todos regressam ao trabalho, menos os quatro elementos que estão a jogar”, conta o empresário. Há também torneios de futebol e passeios de bicicleta que acontecem como recompensa de um dia de trabalho em que os objetivos foram cumpridos antes do horário de encerramento. Os empresários partilham os momentos de lazer com os colaboradores e Isaac Carvalho vê neste input motivacional uma garantia: “quando eu preciso de alguma coisa, sei que tenho uma equipa que dá o corpo”.

vendem para empresas exportadoras, por isso, cerca de 80% da sua produção é instalada em edifícios fora de Portugal.

“KNOW-HOW TOTAL” SUPERA DESAFIOS DE GESTÃO Com 30 anos, oriundo de uma família de 10 filhos, Isaac Carvalho está no mercado de trabalho desde os 16, sendo que antes de entrar na empresa onde cresceu, terá apenas contado com pequenas colaborações como picheleiro e eletricista. Na metalomecânica, teve a oportunidade de aprender a controlar uma máquina até então dominada por um colaborador que estava a três meses da reforma. Não hesitou em fazê-lo, até porque o convite envolvia “ganhar mais 10 contitos”, recorda. O trabalho que efetuava implicava longos períodos de espera enquanto a máquina executava funções autonomamente e era nessas pausas que passeava pela fábrica, com o intuito de conhecer todos os processos.

Rapidamente, este interesse e as competências adquiridas acabariam por ditar a sua subida a um posto de coordenação. No momento em que a empresa fechou, a produção estava sob gestão operacional de Isaac Carvalho e de Filipe Carreiras, encarregado geral cujo percurso profissional de duas décadas ao serviço da metalomecânica foi também de progressão. E é este caminho que fundamenta a boa performance atual do negócio. “Não vale a pena dizer que somos empresários de sucesso”, afirma sem presunções Filipe Carreiras. “Mas temos uma coisa importante: nós viemos de um ponto na empresa em que eramos nada e, neste momento, somos tudo”, acrescenta. E este “tudo” fundamenta-se na posição de liderança, que partilham com Nuno Moscato (a cargo de quem ficam responsabilidades de cariz mais administrativo, contabilístico e financeiro), mas também no “know-how total” que detêm.

É com este conhecimento que os ex-operários combatem as dificuldades que as responsabilidades empresariais trouxeram. Filipe Carreiras admite que nesse universo em concreto “era tudo muito novo” e a posição de empresário ainda hoje é um desafio. Isaac Carvalho diz que a mudança não foi apenas profissional. “Sendo empresário, estou 24 horas sobre 24 horas a trabalhar. Recebo encomendas à meia-noite e à uma da manhã”, partilha o empreendedor, sem, no entanto, deixar de admitir que os frutos que está já a colher são uma fonte de motivação. Ser empresário foi uma opção de vida e o objetivo agora é, partindo dessa mesma opção, deixar um legado.

O que mudou? Isaac Carvalho e Filipe Carreiras passaram de encarregados da unidade industrial a empresários. O sócio Nuno Moscato, cujo investimento foi fundamental para a cofundação da empresa, trabalhava na área da restauração.

Desafios principais? A gestão e as responsabilidades a tempo inteiro foram um grande desafio, principalmente porque era necessário reorganizar o modelo de negócio e repensar toda a estrutura de custos.

Vantagens do contexto anterior Os ex-operários conheciam o negócio de A a Z, não havendo qualquer pormenor operacional que lhes escapasse. Esse know-how, aliado à experiência de coordenação de equipas que detinham e à carteira de clientes que dominavam foram essenciais no lançamento da nova sociedade.

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O que mudou? Os óleos usados deram lugar às baterias e a carreira por conta de outrem (com funções comerciais de coordenação de equipas) a “uma sobrecarga” técnica e de gestão.

Desafios principais? A especificidade da regeneração de baterias exigiu formações em Espanha. A gestão empresarial é uma dificuldade pela “multiplicação de tarefas”, combatida com parcerias administrativas.

Vantagens do contexto anterior O conhecimento do mercado ambiental, nomeadamente pelos contactos e pelas responsabilidades que António Sá tivera.

Sem formação superior, mas com um currículo invejável, ao nível já de altos quadros, diz ter percebido com o despedimento o que o mercado não percecionara ainda: o futuro está na valorização dos resíduos e não apenas na sua recolha ou gestão. E foi com esta inovação que tomou a decisão de aplicar num projeto próprio a sua experiência profissional numa área que se revelava esgotada em matéria de oportunidades. No seu último trabalho, António Sá era responsável nacional por um projeto de recolha de óleos usados, maioritariamente óleos de automóveis. Mas a crise resolveu insistir bater-lhe à porta. “Pela segunda vez, num espaço de ano e meio, vi-me numa situação de desemprego e prometi a mim mesmo que estava na altura de arrancar com o meu negócio”, refere.

António Sá sabe que é de uma geração afortunada. “Eu apanhei uma fase do nosso país em que se remunerava valorizando as pessoas que faziam”, refere, dizendo-se consciente de que dificilmente o mercado de trabalho voltará a dar “condições equiparáveis”. O agora empresário orgulha-se de, aos 42 anos, deter um percurso variado e de progressão. Iniciou a sua vida profissional numa empresa de segurança e quando ingressou na área ambiental começou como técnico. Cedo cresceu, passando

por diferentes empresas, onde criou e coordenou equipas. Acumulou cargos ligados à logística, foi responsável pela delegação norte de uma grande empresa e, mais tarde, a sua área de ação era já nacional. Integrou, inclusive, o grupo de trabalho que criou a sociedade gestora de óleos usados.

A ideia de criar uma empresa transformou-se num desafio a dois quando, um mês depois, viu o seu irmão Pedro Sá ficar na mesma situação profissional. Ambos acabariam por obter as formações e recursos necessários para trazer para Portugal “o master de uma rede espanhola que tem o know-how e soluções de regeneração”, recorda António Sá. Mas o empreendedor sublinha que a Nanofluxo juntou “ao projeto alguma componente de inovação, relativamente ao modelo de negócio de Espanha”. A ambição de evoluir já levou a dupla empreendedora mais longe: neste momento, estão a concluir negociações para trabalhar com a empresa norte-americana líder mundial nesta área.

Em 2014, a Nanofluxo faturou cerca de 200 mil euros, com “uma solução de confiança”, que soma a sustentabilidade ambiental a uma vantagem de preço: uma bateria regenerada custa menos 50% do que uma nova de preço médio. No

primeiro ano de atividade, a marca vendeu 1.200 unidades, com um crescimento de 10% ao mês. Movimenta uma média mensal de 20 toneladas de baterias.

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DOS ÓLEOS USADOS À VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS

REGENERAR BATERIAS DEPOIS DO DESEMPREGO António Sá criou, no final de 2013, uma empresa chamada Nanofluxo, que trouxe para o nosso país um inovador conceito de regeneração de baterias. Um negócio criado com a energia de um profissional que fez carreira na área ambiental e que, passadas duas semanas de se ver no desemprego, estava já em Espanha a fazer prospeção de mercado para criar a empresa cuja ideia tinha em mente.

António Sá fez carreira no

setor ambientale partilha agora o negócio com o

irmão Pedro.

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STARTUPS ‹ weSTART

PERFIL

STARTUPS ‹ weSTART

Maio 2015 WE’BIZ 33

AS TECNOLOGIAS INTERATIVAS SÃO APENAS A BASE DA

PRINCIPAL PROPOSTA DE VALOR DA STARTUP WE ARE

INTERACTIVE: A CRIATIVIDADE. QUER ISTO DIZER QUE A

EMPRESA DE QUE FALAMOS NÃO TEM A PRESUNÇÃO DE

CRIAR TECNOLOGIA PRÓPRIA, MAS SIM DE PROCURAR AS

MELHORESSOLUÇÕES EXISTENTES NO MERCADO E PENSAR NAS FORMAS MAIS INOVADORAS

DE AS COLOCAR EM PRÁTICA. IMPRESSIONAR MARCAS E

CONSUMIDORES É O OBJETIVO.

PERFIL

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Aos 31 anos, Eduardo Pinto, um empreendedor natural do Porto mas rendido à capital há 10 anos, resume a essência da empresa através de uma só frase: “na We Are Interactive aliamos o conhecimento técnico às asas da criatividade”. Dito isto, passamos a desmitificar a ideia da tecnologia pura e dura com uma descrição mais concreta da atividade deste projeto: “não temos de todo nenhuma tecnologia em especial que nos distingue, temos, isso sim, um conhecimento atualizado do estado da arte das tecnologias disponíveis e uma equipa com liberdade de criação para as aliar às mais variadas técnicas. Sobre estes pressupostos, estamos constantemente a inovar”, explica o fundador.

A We Are assume-se como uma empresa de espetáculos multimédia e peças interativas, com soluções para eventos corporativos, museus e ativação de marcas. Eduardo Pinto orgulha-se de deter em portfólio colaborações com “grandes marcas”. Os exemplos, esses, são muitos, mas o jovem empresário faz questão de apresentar o que chama de “uma shortlist instantânea”, onde inclui uma ação interativa para a TMN, efetuada em shoppings, no âmbito da qual a empresa recolheu milhares de fotografias de pessoas que se divertiam com “um género de máquina de vento”. Faz ainda parte destas lembranças especiais um lançamento de automóveis para a Mercedes, bem como um projeto mais recente para a Pordata, onde a We Are assegurou o desafio de criar peças capazes de “motivar crianças a compreender e gostar de gráficos e estatísticas.

Na verdade, tal como não há limites que possam travar a criatividade, não há um catálogo que nos permita enumerar os serviços e produtos da We Are Interative. Mas Eduardo Pinto faz um esforço para sistematizar a sua vasta oferta. No que aos eventos corporativos diz respeito, é possível elencar os palcos para 3D video mapping, aos quais a empresa alia a criação de “conteúdo para os diversos momentos do evento, regra geral em concordância com as agências de eventos, fornecedores de equipamentos e até companhias de dança ou orquestra”, explica dando nota da intervenção multimédia efetuada em espetáculos ao vivo.

Já no que à vertente interativa e de ativação de marca diz respeito, o empresário explica que a We Are desenha stands, circuitos e programações para peças de interação, através das quais há uma aposta assertiva na criação de momentos e experiências na comunicação de marcas, “mais do que fornecer um contacto com uma peça tecnológica”.

Em todos os casos, e de modo quase invariável, a We Are trabalha lado a lado com empresas e marcas, com o propósito de alcançar pessoas, nomeadamente consumidores, audiência de espetáculos ou colaboradores. Dos miúdos aos graúdos, a We Are assume ter sempre um objetivo em mente: “impressionar todos os que tenham contacto com as nossas criações”.

Por isso, a empresa que surgiu há cinco anos com um investimento inicial de 75 mil euros vê em cada projeto uma oportunidade de crescimento. “Foi criada a partir de capitais próprios familiares e crescendo aos poucos, alavancada por cada projeto que executamos, que nos trás visibilidade e cria novas vontades

no mercado”, afirma Eduardo Pinto, estabelecendo uma ponte entre o momento da criação e os dias de hoje.

O empresário diz que criou a empresa numa fase em que o mercado nacional vivia um período complicado, mas afirma também que, ao longo deste percurso, já assistiu a melhores momentos para esta área de negócio, apesar de já sentir também “alguma recuperação”. Ainda que o crescimento tenha vindo a concretizar-se a “um ritmo lento”, a We Are Interative tem uma vantagem inerente à sua própria atividade: consegue “marcar presença no mercado com trabalhos de grande impacto”, conclui Eduardo Pinto.

Sobre o futuro, o empreendedor fala em novas apostas e sublinha que, no último ano, deu início a uma estratégia de marketing fora do país. Mas falta investimento e dedicação para um crescimento sustentável em matéria de exportação e internacionalização. A tudo isto Eduardo Pinto soma também a necessidade de reter talento em Portugal, bem como de atrair capitais estrangeiros que dinamizem este segmento dos eventos.

NA WE ARE INTERACTIVE ALIAMOS O CONHECIMENTO TÉCNICO ÀS ASAS DA CRIATIVIDADE

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CONTACTO COM A TECNOLOGIA É APENAS UM ESTÍMULO PARA A LIGAÇÃO ÀS MARCAS

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Maio 2015 WE’BIZ 35

Eduardo Pintofundador da We Are Interactive,

orgulha-se de interagir com e em nome de marcas como Mercedes,

Vodafone ou Bial.

CLIENTES REFERÊNCIA Mercedes, Renault, Vodafone, Optimus, Zon, Carlsberg, Heineken ou Jogos Santa Casa

PRINCIPAIS PRODUTOS/SERVIÇOS• Shows Multimédia e Apresentações

• 3d Mapping

• Vídeo-dance Shows

• Planeamento Multimédia e Design de Palcos

À LUPA

ANO DE CRIAÇÃO2010

INVESTIMENTO INICIAL75 mil euros

SEDEBaixa de Lisboa

PERFIL

“O meu percurso académico foi bastante atribulado, com passagens por Direito, Engenharia e Línguas, mas acabei por me formar em Novas Tecnologias da Comunicação, curso este que melhor se liga à realidade profissional e apetências pessoais. Ainda antes de terminar este curso, já desenvolvia alguns trabalhos no âmbito de eventos audiovisuais e interativos”.

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MODELO

MODELO LEAN CANVAS:fácil, barato e pode dar milhões

Criado pelo guru Ash Maurya, o Lean Canvas é uma representação esquemática visual constituída por blocos, que permite uma leitura mais rápida, concisa e assertiva de um modelo de negócios. Por outro lado, garante uma gestão prudencial da evolução do negócio, dado que a qualquer momento é possível corrigir a trajetória e aprimorar as principais vertentes do projeto. Em suma, trata-se de potenciar as vantagens da aplicação das metodologias Lean Startup e Canvas.

A associação entre as metodologias Lean Startup e Canvas deu origem ao modelo Lean Canvas, criado pelo empreendedor e guru de gestão Ash Maurya. Em traços gerais, o movimento Lean Startup preconiza o desenvolvimento dos chamados produtos minimamente viáveis (conhecidos originalmente como MVP – Minimum Viable Product) para avaliar a reação do mercado. Já o modelo Canvas é uma representação esquemática visual constituída por blocos, que descreve e analisa modelos de negócio organizacionais e pessoais. No fundo, ajuda o empreendedor a esquematizar as suas ideias sobre o modo de funcionamento de uma empresa, permitindo uma mais rápida e eficiente visualização das mesmas numa folha de papel.

O modelo Lean Canvas vem potenciar as vantagens da aplicação das duas metodologias na criação de um negócio. A ideia é, por um lado, reduzir o tempo que se demora a escrever um plano de negócios extenso e, por outro, facilitar a apreensão e compreensão dos dados desse mesmo plano. Elaborar um plano de negócios com o modelo Lean Canvas permite uma leitura mais rápida e objetiva do documento, uma

maior facilidade de atualização de dados e um foco mais orientado para o crescimento do projeto empresarial. Por comparação com o clássico plano de negócios, é realmente uma ferramenta mais rápida, concisa e assertiva, não havendo necessidade de recorrer a muitos argumentos ou a dados estatísticos de difícil justificação.

Um plano de negócios deve ser um processo dinâmico, participativo e contínuo para determinar os objetivos, estratégias e ações da empresa. Logo, convém que sejam utilizados modelos suficientemente flexíveis para alterar expeditamente as variáveis do negócio, ao longo do processo de criação da empresa. É o que acontece no modelo Lean Canvas, que funciona como um mapa visual pré-formatado com blocos versando diferentes aspetos do negócio. Há dois grandes blocos, designados de “Foco no Produto” e “Foco no Mercado”, e dentro destes nove outros blocos: “Problema”, “Solução”, “Proposta de Valor”, “Vantagens Competitivas”, “Segmentos de Clientes”, “Métricas”, “Canais de Contacto”, “Estrutura de Custos” e “Meios de Receitas”.

O modelo deve ser iniciado com o par “Problemas” – “Clientes”. Depois de

preenchido, o que não demora mais do que 15 a 20 minutos (visto que não é necessário preencher todos os blocos, a ideia é ir atualizando com novos dados do mercado), o modelo Lean Canvas aponta os riscos e debilidades do negócio e fornece informação concisa para agilizar o processo de criação da empresa. Numa fase inicial, identificará duas ou três vantagens competitivas do negócio. E, se for atualizado regularmente, o modelo permite descobrir muito mais sobre o negócio e desenvolvê-lo em conformidade com os objetivos pretendidos, tal como é postulado pela metodologia Lean Startup. Em concreto, o modelo Lean Canvas, desenhado para empreendedores e não para consultores, dá uma ideia mais clara do mercado potencial do negócio e do impacto dos respetivos produtos ou serviços.

Trata-se, pois, de um modelo que garante uma gestão prudencial da evolução do negócio, dado que a qualquer momento é possível corrigir a trajetória e aprimorar os principais aspetos do funcionamento do negócio. Há de facto flexibilidade para reavaliar os diferentes pontos do plano de negócios e até para alterar a estratégia empresarial em função da evolução do mercado.

36 WE’BIZ Maio 2015

Page 37: WE'BIZ - MAIO 2015

Maio 2015 WE’BIZ 37

STARTUPS ‹ weSTART

MODELO LEAN CANVAS:

O QUE É?

A associação entre as metodologias Lean Startup e Canvas deu origem ao modelo Lean Canvas, criado pelo empreendedor e guru de gestão Ash Maurya.

Esta tabela é a uma interpretação do modelo de Lean Canvas proposto em http://leanstack.com/, que por seu turno é uma adaptação do Business Model Canvas.

PRODUTO MERCADO

PROBLEMA

Top 1-3 dos problemas que vamos resolver

Alternativas Existentes

1

ESTRURURA DE CUSTOS

Custos de Produção

Custos de Instalação

Pessoas

Distribuição

5

RENDIMENTO E BENEFÍCIOS

Receitas

Margens

Life Time Value

5

CLIENTES

Clientes – quem vai comprar as nossas soluções

Utilizadores

Early Adopters

1

Maio 2015 WE’BIZ 37

ONDE OBTER MAIS INFORMAÇÕES?

Website: http://leanstack.com/

Livro: “Running Lean: Iterate from Plan A to a Plan That Works (Lean Series)” de Ash Maurya (2012)

PROPOSTA DE VALOR

Mensagem clara e única, que transmite porque temos uma proposta diferente e porque vale a pena comprar.

2

SOLUÇÃO

Top 1 -3 da(s) solução(ões) para dar resposta a cada problema

3

MÉTRICAS

Lista de indicadores para medir a evolução do negócio

6

VANTAGENS COMPETITIVAS

Que não podem ser facilmente copiadas ou compradas

7

CANAIS

Lista dos caminhos para alcançar os clientes

4

Page 38: WE'BIZ - MAIO 2015

38 WE’BIZ Maio 2015 38 WE’BIZ Maio 2015

weSTART › STARTUPS

SUCESSO

BestTables: A MARCA NACIONAL COMPRADA PELO TRIPADVISOR VAI CHEGAR AOS RESTAURANTES DE TODO O MUNDO

A oportunidade bateu à porta e a BestTables não recusou a possibilidade de crescer com o know-how e a estrutura da gigante internacional TripAdvisor. Ricardo Sécio e Sérgio Sequeira foram os dois fazedores que idealizaram o serviço web e mobile (Android e IOS) para a reserva de mesas em restaurantes em tempo real e aceitaram, em concordância com os dois investidores do projeto, descontinuar a marca para integrar a estrutura da empresa multinacional norte-americana. O valor da operação não é conhecido, mas o sucesso da startup será agora disseminado pelos quatro cantos do mundo, através de uma insígnia do grupo TripAdvisor.

Simples, fácil e seguro são três vocábulos que descrevem o processo de reserva oferecido pela BestTables. A empresa começou por construir uma rede nacional para a marcação de mesas com cerca de 800 restaurantes portugueses associados, avançando

posteriormente para território internacional. O financiamento da expansão foi assegurado pela empresa de capital de risco Shilling Capital Partners e outro investidor particular.

A BestTables arrancou então para o mercado brasileiro e conquistou 400 restaurantes do segmento alto da cidade de São Paulo. Além da possibilidade de agendar refeições, a empresa desenvolveu ainda o Best Manager, sistema para a gestão de reservas que ajudou a converter muitos operadores que trabalhavam com startups locais em parceiros da marca portuguesa.

Os promotores do projeto continuaram, no entanto, em busca de investidores para assegurar o crescimento sustentável do negócio e a capacidade de resposta necessária para enfrentar os gigantes operadores do mercado. Entre o desejo dos fazedores e a

compra da startup existiu apenas um e-mail, uma ronda de negociações e três fatores que facilitaram a concretização da operação: a margem de progressão do negócio para o mercado internacional, a plataforma tecnológica desenvolvida pelos empreendedores portugueses e o alinhamento de objetivos estratégicos das entidades compradora e vendedora.

Criada em 2011, a BestTables será, no futuro próximo, descontinuada para ser absorvida pelo TripAdvisor, através da equipa de gestão da TheFork, insígnia do grupo multinacional que proporciona o serviço de reserva de mesas em França, Espanha, Bélgica, Itália e Suíça. O sucesso do projeto e da operação é extensível aos cerca de 20 trabalhadores da startup, que vão agora transitar para a nova estrutura, assumindo Ricardo Sécio o papel de responsável para o mercado brasileiro.

Criação

1º Investimento pela Shilling Capital

Partners e outro investidor particular

Compra da BestTables pela

TripAdvisor

2011 2013 2015

38 WE’BIZ Maio 2015

Page 39: WE'BIZ - MAIO 2015

Maio 2015 WE’BIZ 39Maio 2015 WE’BIZ 39

Concluída a sua 7.ª edição, o balanço do programa

Formação PME aponta para um apoio a 7.661 micro, pequenas

e médias empresas das regiões Norte, Centro, Alentejo e

Algarve. A iniciativa lançada pela AEP em 1997 é, não só por

este número, apontada como uma “boa prática europeia”

pelos peritos do PROALV - Programa de Aprendizagem ao

Longo da Vida.

MAIS DE

EMPRESAS APOIADAS PELO PROGRAMA FORMAÇÃO PME

7.500

weLEARNING › FORMAÇÃO

Page 40: WE'BIZ - MAIO 2015

40 WE’BIZ Maio 2015 40 WE’BIZ Maio 2015

FORMAÇÃO ‹ weLEARNING

O programa Formação PME apoiou, em sete edições, 7.661 micro, pequenas e médias empresas das regiões Norte, Centro, Alentejo e Algarve. O número é revelador do impacto do programa no tecido empresarial português, não sendo, portanto, de estranhar que esta iniciativa lançada pela AEP – Associação Empresarial de Portugal, em 1997, seja apontada como uma “boa prática europeia” pelos peritos do PROALV - Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida, promovido pela Comissão Europeia.

Com o propósito de capacitar as PME para uma gestão mais competitiva, o programa apresenta como grande vantagem a adoção de um modelo de formação-ação. Isto significa que, depois de um diagnóstico das necessidades de cada empresa, as atividades formativas são definidas à medida do seu destinatário e decorrem no próprio ambiente de trabalho, com recurso a metodologias práticas ao alcance de empresários, gestores e trabalhadores. Outra vantagem é a ausência de custos para as empresas, uma vez que o programa é cofinanciado por fundos comunitários e nacionais.

Dezoito anos volvidos desde o seu lançamento como projeto-piloto, é já possível fazer um balanço circunstanciado do programa Formação PME. A este respeito, diferentes relatórios técnicos e auditorias confirmam que a iniciativa da AEP tem servido, desde logo, para diagnosticar entropias, debilidades, insuficiências e redundâncias na gestão das empresas. Mas a principal virtude do programa é, na verdade, a sua capacidade para identificar, por um lado, oportunidades de crescimento para as empresas e, por outro, riscos que impendem sobre a sustentabilidade das mesmas.

PROJETO-PILOTO FORMAÇÃO PARA EMPRESÁRIOS

A mesma rede colaborativa da qual a ANJE faz parte operacionalizou, simultaneamente, o programa Formação para Empresários, que, como o nome indica, foi formatado para líderes empresariais. Trata-se de um projeto-piloto e dele beneficiaram 1.303 líderes de PME, maioritariamente do Norte (841). Necessidades ao nível da qualificação de competências, gestão, organização da produção, internacionalização, logística e marketing e vendas motivaram, preferencialmente, os empresários-formandos a participar.

Para operacionalizar a 7.ª edição do programa Formação PME e o projeto-piloto Formação para Empresários, a AEP geriu, ao longo de quatro anos, um financiamento superior a 38 milhões de euros provenientes do QREN.

REDE COLABORATIVA COM 38 ENTIDADES

O programa Formação PME realiza-se ao abrigo de um acordo de cooperação entre o Estado e a AEP, mediante o qual se estabelece uma verdadeira parceria público-privada. Neste quadro institucional, a AEP atua como instituição charneira, dinamizando e supervisionando uma rede colaborativa de 38 entidades, todas elas com grande envolvimento no tecido empresarial português. Na maior parte dos casos, trata-se de associações empresariais (regionais e setoriais), institutos de formação e centros tecnológicos. O programa é, por isso, visto como um modelo de cooperação associativa ao nível empresarial.

Uma dessas entidades parceiras é a ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, que entre 2008 e 2014 realizou 1.310 ações formativas no âmbito do programa, o que corresponde a 27.448 horas de formação, envolvendo 251 empresas e 779 formadores. As ações foram repartidas pelas regiões Norte, Centro, Alentejo e Algarve, onde a associação tem núcleos ativos.

Para o diretor de formação da ANJE, José Cottim Oliveira, o programa “acarreta para as empresas um conjunto de benefícios que vão muito além do reforço das qualificações dos seus recursos. O plano estratégico de desenvolvimento, concebido à medida de cada empresa, inclui ações de assistência e consultoria que, regra geral, não se circunscrevem a meros serviços formais de apoio”. Neste sentido, acrescenta, “o empresário pode encontrar neste programa um suporte à gestão empresarial”. Segundo Cottim Oliveira, “a relação de proximidade que acaba por se gerar entre consultores e empresários/gestores permite uma reflexão estratégica nas empresas, com a vantagem de um acompanhamento técnico imprescindível para a implementação de mudanças organizacionais que seriam difíceis de concretizar sem este apoio”.

NÚMEROS: > Formação PME apoiou

7.661 micro, pequenas e médias empresas das regiões Norte, Centro, Alentejo e Algarve

> Formação para Empresários já envolveu

1.303 líderes de PME

> 38 milhões de euros provenientes do QREN foram geridos pela AEP na operacionalização da 7.ª Formação PME e da Formação para Empresários

> Entre 2008 e 2014, a ANJE realizou

1.310 ações formativas no âmbito do programa para PME, o que corresponde a 27.448 horas de formação, envolvendo 251 empresas e 779 formadores

40 WE’BIZ Maio 2015

Page 41: WE'BIZ - MAIO 2015

Maio 2015 WE’BIZ 41

FORMAÇÃO ‹ weLEARNING

OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO À DISTÂNCIA

A aprendizagem e recolha de competências online é o futuro? Na

verdade, o e-learning ou formação com recurso a meios digitais, em detrimento

do contacto físico permanente com a figura do formador, é uma realidade do

presente, que já não é propriamente nova, e que parece agora crescer, com ofertas distribuídas pelos diferentes níveis de

ensino em Portugal. Desde o escalão básico até às universidades, a opção pelas

plataformas tecnológicas tem conquistado discentes e docentes, que podem agora

viabilizar um percurso de aprendizagem ao longo da vida de uma forma mais

cómoda e instantânea, quebrando as fronteiras físicas da sala de aula.

O padrão reconhecido no panorama de ensino atual, com horários estabelecidos, um docente e um grupo de alunos, pode estar a caminhar para um novo formato. A inovação também tem espaço nos programas formativos e o e-learning tem conquistado relevância no conjunto de soluções para o processo de desinstitucionalização. Com aposta clara na flexibilidade de horário e tempo, esta tendência proporciona uma aprendizagem com uma base congregadora de conteúdos, onde surgem combinados vídeo, áudio, texto e storytelling. A esta fórmula acresce ainda a possibilidade de testar, no imediato, os conhecimentos obtidos com exercícios diferenciados.

A preparação de um novo paradigma para o sistema de ensino exige, contudo, planeamento e um processo de análise. Nesse sentido, a TecMinho e a Quaternaire Portugal juntaram-se para perceber o estado da arte da governação e as práticas atuais das entidades formadoras em regime de e-learning a operar em Portugal. O estudo tem a designação de “Panorama e-learning no Ensino Superior” e assume-se como um diagnóstico de 360 graus, que propõe a análise e o acompanhamento das formações prestadas sob este regime durante dois anos, tendo em vista apresentar uma carta da qualidade para o e-learning no ensino superior.

Com sessões de debate já realizadas, o projeto avança agora com trabalho de campo, estudos de caso, entrevistas e recolha de boas práticas internacionais em matéria de governação e desenvolvimento de ofertas formativas de e-learning no ensino superior. A apresentação das conclusões preliminares do estudo está prevista para julho de 2015, através de uma nova sessão de debate.

Maio 2015 WE’BIZ 41

O FENÓMENO DOS MOOCNo universo da educação sem limites físicos, os Massive Open Online Course (MOOC) ganham especial destaque. Como estímulo autodidata, esta forma de democratizar conhecimento em grande escala confere aos formandos a possibilidade de aprender em qualquer local e em qualquer hora, com opção de desistência imediata e acesso a diplomas de conclusão. As aulas são gratuitas e a qualidade do ensino é assegurada pelo currículo do núcleo de formadores, onde já constam, por exemplo, docentes da Universidade de Yale. A reputada Universidade de Harvard e o Massachusetts Institute of Technology também se renderam a este fenómeno do e-learning e criaram uma plataforma dedicada aos MOOC.

Em Portugal, a tendência também tem seguidores e já existem formações enquadradas nesta tipologia disponíveis para frequentar através da oferta do Instituto Politécnico de Leiria e da Universidade de Coimbra. As duas instituições lançaram as plataformas UP2P e a UC_D, respetivamente, concentrando atenções no lançamento de cursos com âmbito temático mais direcionado para o universo académico. Contudo, os cursos podem evoluir para diferentes especialidades de conhecimento, existindo já um grupo significativo de cidadãos portugueses com diplomas obtidos por esta via de formação.

E-LEARNING:

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42 WE’BIZ Maio 2015

weLEARNING › FORMAÇÃO

Entidade: Instituto Politécnico de Leiria (Ensino Superior)

Tipologia: MOOC disponibilizados através da plataforma Moodle 1Entidade: Universidade do Minho (Ensino Superior)

Tipologia: Cursos online disponibilizados através da plataforma Blackboard 2Entidade: Porto Editora (Ensino Básico e Secundário)

Tipologia: Escola Virtual3 42 WE’BIZ Maio 2015

Nome: “Introduction to Programming with Java - Part 1: Starting to Program in Java”

Entidade: Universidade Carlos III Madrid (Espanha)

Tipologia: MOOC disponibilizado na plataforma EdX

1Nome: “Creative Problem Solving”

Entidade: Technical University of Delft (Holanda)

Tipologia: MOOC disponibilizado na plataforma EdX

2Nome: “Vamos Programar” (formação em programação de linguagem Scratch)

Entidade: Universidade de Edimburgo (Reino Unido) e Universidade ORT (Uruguai)

Tipologia: MOOC disponibilizado na plataforma Coursera

3

A OFERTA DE E-LEARNING EM PORTUGALPortugal apresenta já algumas oportunidades de formação em regime de e-learning nos diferentes graus de ensino. Ana Dias apontou três oportunidades que retratam uma parte da oferta proporcionada pelo sistema educativo português.

AS REFERÊNCIAS INTERNACIONAISDE E-LEARNING Na hora de selecionar algumas ações formativas internacionais lecionadas em regime de e-learning, Ana Dias dá preferência aos seguintes cursos:

Panorama do e-learning para 2015 mostra novidades animadorasAna Silva Dias é coordenadora do Observatório Panorama e-learning 360º e do estudo “Panorama e-learning no Ensino Superior” e respondeu positivamente ao desafio de lançar um olhar global sobre a evolução recente desta tendência de aprendizagem à distância. De acordo com a investigadora, as “práticas de e-learning em Portugal têm vindo a crescer nos últimos três anos”, sendo esta uma “realidade evidente em empresas de grande dimensão”, que recorrem a este método para “formar rapidamente grande quantidade de colaboradores, através de webinars ou salas virtuais síncronas”.

Empresas de formação, administração pública e instituições de ensino superior estão, assim, na linha de frente na utilização de plataformas

de e-learning em Portugal, mas ainda como um complemento de “formação presencial”, assumindo a função de “repositórios de conteúdos”. No entanto, Ana Dias constata que o paradigma está a mudar com “novos modelos de negócio a surgir, decorrentes do fenómeno MOOC”.

O panorama da aprendizagem online e à distância para 2015 revela perspetivas animadoras, na opinião da responsável, já que “os dispositivos de acesso à internet têm cada vez mais autonomia e são mais leves”, otimizando o “grau de maturidade das tecnologias e das pedagogias”. “Há largura de banda, recorre-se ao visual, ao vídeo e ao áudio, ao tempo real e ao tempo diferido de formas cada vez mais eficientes”, complementa Ana Dias.

AS ESCOLHAS DE ANA DIAS

Ana Diascoordenadora do Observatório

Panorama e-learning 360º

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Maio 2015 WE’BIZ 43

Panorama do e-learning para 2015 mostra novidades animadoras

weTHINK › OPINIÃO

OPINIÃO MIGUEL RIBEIRO FERREIRA Chairman do grupo Fonte Viva

Diversos estudos recentes revelam uma crescente apetência dos portugueses, em particular os mais jovens, pelo empreendedorismo, independentemente da situação laboral e económica de cada um. De resto, as universidades registaram nos últimos anos uma notável subida do número de estudantes de empreendedorismo, de spin-offs, de patentes e de startups incubadas em parques tecnológicos.

Mas também é verdade que a retração do mercado de trabalho levou muitos portugueses a investirem na criação do seu próprio emprego. O empreendedorismo passou a ser visto como uma forma de contornar o desemprego, quer por indivíduos pouco qualificados e sem grandes alternativas na economia do conhecimento, quer por indivíduos muito qualificados que o nosso tecido económico não consegue integrar.

A minha experiência no programa “Shark Tank”, da SIC, veio justamente confirmar esta radiografia do empreendedorismo em Portugal. Muitos dos negócios apresentados no programa são de subsistência ou constituem boas ideias de negócio mas mal estruturadas e com promotores inábeis, sem noção do valor do projeto e com falta de conhecimentos de gestão. Contudo, também foram apresentadas ideias de negócio muito interessantes e com potencial, algumas delas de base tecnológica, que refletem a evolução do empreendedorismo em Portugal nos últimos anos.

Neste sentido, o programa está em consonância com o estádio de desenvolvimento socioeconómico do país, as limitações do seu mercado e as características do seu tecido empresarial. Em Portugal ainda predominam os pequenos serviços e os negócios de proximidade desenvolvidos por microempresas, as quais têm menos de 10 trabalhadores e um volume de negócios anual inferior a 2 milhões de euros.

A criação do próprio emprego pode ser, de facto, uma solução para quem está inativo. Mas não adianta alimentar ilusões: nem todos têm características e condições para serem empreendedores. Para se ser empreendedor, não basta ter os traços de personalidade adequados, como a determinação, a perseverança, a abnegação, a atitude de risco ou o inconformismo.

Embora sejam importantes, estas características pessoais não garantem, à partida, sucesso na atividade empresarial. O atual nível de sofisticação, globalização e competitividade da atividade empresarial exige que, para ser bem-sucedido, um empreendedor tenha de possuir conhecimento especializado, inteligência, talento e capacidade de trabalho acima da média.

Naturalmente que, quando se têm convicções fortes sobre a pertinência de uma ideia de negócio, deve-se avançar com o projeto empresarial, embora ponderando exaustivamente a sua viabilidade económico-financeira. Há que calcular muito bem os custos inscritos no plano de negócios, verificar se o investimento é realista, encontrar fontes de financiamento alternativas ao crédito bancário, posicionar muito bem os produtos/serviços no mercado e eventualmente estabelecer parcerias.

Dito isto, importa desdramatizar a questão do insucesso empresarial. Em Portugal subsiste um estigma muito pesado sobre aqueles que, por diferentes motivos, não são bem-sucedidos nos seus negócios. Ora não só falhar não tem nada de vergonhoso como é natural no trajeto de um empreendedor, devendo, portanto, ser encarado sem complexos.

Empreendedorismo português visto a partir do “Shark Tank”

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44 WE’BIZ Maio 2015

weTECH › TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

LusídeiasA PLATAFORMA ONDE QUALQUER PORTUGUÊS PODE DAR LUZ A UMA IDEIA TECNOLÓGICA Além de captar novos talentos no setor das tecnologias mobile, a plataforma da Compta reúne condições para fomentar sinergias e apoios, envolvendo estímulos à cocriação e ao crowdsourcing, mas também disponibiliza apoio especializado, assegurado por um conjunto de peritos tecnológicos.

O grupo tecnológico Compta lançou uma plataforma que ambiciona ajudar a transformar ideias inovadoras para a área das soluções e aplicações móveis. Apelidada de Lusídeias, aquela que se assume também como Plataforma Nacional de Inovação visa lançar no mercado cinco a dez projetos resultantes destas propostas, logo no ano de arranque. Um mês depois do arranque, foram lançadas as duas primeiras aplicações resultantes destas propostas. A Lusídeias já recebeu 102 candidaturas, 51 das quais estão atualmente ativas: 20 são privadas, mas 31 foram validadas para evoluir em regime de crowdsourcing, um processo de desenvolvimento colaborativo que decorre na plataforma web.

A plataforma Lusídeias pretende colocar a tecnologia ao serviço da competitividade nacional, tirando proveito das mais-valias naturais do país: terra, sol e mar. Democrática e multifuncional, a plataforma materializa-se online e é de fácil acesso e compreensão, permitindo reunir ideias e captar talentos, mas também disponibilizar um conjunto integrado de condições e funcionalidades que visam fomentar parcerias e apoios. Com uma equipa dedicada em permanência, a Lusídeias tem como fim último o apoio à materialização das melhores

propostas submetidas, mas também envolve estímulos à cocriação de projetos e ao crowdsourcing.

“Colocar a tecnologia ao serviço das ideias, conectando quem tem uma ideia e quem tem os recursos tecnológicos para a apoiar, ajudar a desenvolver e materializar, é o propósito ambicioso desta plataforma. Enquanto mais antiga tecnológica portuguesa, a Compta assume a responsabilidade de dar o mote a um movimento de canalização do conhecimento e de inovação em prol de um Portugal moderno que pode e deve afirmar as melhores ideias dos portugueses num contexto mais alargado e global. Por isso, o desafio lançado pela plataforma Lusídeias é muito simples: colocar o país a pensar em soluções disruptivas, que com o nosso saber, apoio e experiencia se podem transformar em negócios na área de mobile”, afirma Jorge Delgado, presidente da Comissão Executiva da Compta.

“Com este repto, assumimos também o compromisso de potenciar e desenvolver de forma permanente as ideias de todos os portugueses que podem contribuir para a plataforma, bem como de contribuir para a validação, reconhecimento e materialização dos melhores projetos. Nós disponibilizamos os

nossos meios técnicos, humanos, logísticos, financeiros e de gestão. Dos portugueses esperamos soluções mobile que contribuam para novas dinâmicas em áreas de negócio como as cidades do futuro e a relação cidadão-comunidade. Assim como nas mais variadas áreas, desde da agricultura, ao ambiente, à energia e ao mar. Enfim, em todas as atividades que exploram as nossas vantagens endógenas”, acrescenta o mesmo responsável.

A plataforma Lusídeias abarca diversas vertentes. Numa vertente, destaca-se a disponibilização de apoio permanente por parte de uma equipa composta por um conjunto de peritos, prontos para dar resposta às mais diversas dúvidas colocadas pelos portugueses. Uma resposta especializada e, acima de tudo, esclarecedora, na medida em que se propõe clarificar dúvidas.

Por outro lado, a plataforma permite a submissão da ideia ou ideias de negócios. São necessários apenas alguns passos, de fácil concretização, que visam a explicitação da proposta em causa. A Compta compromete-se a dar feedback, através de uma das seguintes três

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Maio 2015 WE’BIZ 45

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ‹ weTECH

opções: 1) a ideia é boa, pelo que faz sentido a Compta avançar com uma proposta ao utilizador para materializar a ideia em negócio; 2) a ideia faz sentido, mas necessita de maturação e contributos extra de desenvolvimento, sugerindo-se o envolvimento da comunidade, num processo de crowdsourcing; 3) a ideia tem carências que não justificam a sua validação. No primeiro caso, ou seja, quando a Compta atesta, desde logo, o potencial de negócio da ideia, a proposta efetuada ao utilizador desdobra-se em outras tantas possibilidades. O fim último é a concretização de projetos comerciais com elevadas oportunidades de retorno para o seu criador, levando as suas ideias ao mundo e desta forma trazendo reconhecimento e riqueza para Portugal.

A plataforma prevê ainda prémios para os utilizadores online mais criativos e interativos. Isto porque a Lusídeias permitirá constituir uma comunidade de “mobile innovators”, onde qualquer pessoa poderá partilhar ideias submetidas na plataforma, bem como informações, sugestões e soluções. Assim que as ideias fiquem online, os internautas podem interagir com as mesmas, até porque cada uma delas terá o seu fórum. A comunicação e a interação serão fortemente estimuladas, incluindo desafios lançados no sistema de crowdsourcing. O objetivo inerente a estas diferentes

COMO FUNCIONA?

As ideias para novas

soluções tecnológicas

mobile são submetidas

no site www.lusideias.pt.

Uma apreciação

personaliza-da da ideia é enviada via

e-mail.

O feedback é enviado

no período máximo de

72 horas.

As ideias podem ser

privadas ou públicas.

No primeiro caso, ficam

na caixa forte da Compta,

no segundo, ficam na

comunidade Lusídeias.

Se a ideia convencer a Compta e/ou

a comuni-dade, será

desenvolvi-da e os seus autores po-dem ganhar

dinheiro com isso.

LUSÍDEIAS WOW! €

funcionalidades e estímulos será o fomento da inteligência coletiva e a possibilidade de estimular redes colaborativas de talentos.

A plataforma está disponível em www.lusideias.pt.

DOIS PRIMEIROS PROJETOS JÁ ESTÃO NO MERCADO Sou Cidadão e Prodbay são as duas ideias escolhidas pela Compta para dar início à conversão das propostas dos portugueses em projetos de negócio reais: uma destinada a aproximar autarquias e cidadãos e a outra vocacionada para uma inovadora fórmula de comércio e gestão de produtos agrícolas.

No caso do Sou Cidadão, e como a ideia surgiu dentro do Grupo Compta, o seu autor foi premiado, cedendo a ideia para desenvolvimento. Trata-se da primeira aplicação móvel destinada a aproximar as autarquias e as freguesias dos cidadãos, criando um canal digital de proximidade, que facilita o contacto e permite, de forma interativa, a circulação de informação, pedidos, registo de ocorrências ou intervenções. A solução recorre a ferramentas avançadas como a georreferenciação, que permitem uma gestão mais eficaz da edilidade e da sua relação com os cidadãos.

O Prodbay, por seu turno, foi avaliado como uma solução disruptiva, com uma fórmula vencedora. A aplicação irá permitir, através de uma plataforma web acessível a partir de qualquer dispositivo, a compra e venda de produtos agrícolas, com acesso facilitado a parâmetros de rastreabilidade dos produtos, por parte do consumidor, e funcionalidades avançadas de gestão remota das culturas agrícolas, por parte dos produtores. A ideia é da autoria de Francisco Manso e de Sofia Romeiro, que optaram por levar a respetiva equipa de trabalho para a sede da Compta, onde usufruem dos meios e recursos que o grupo colocou à sua disposição para potenciar o projeto.

Page 46: WE'BIZ - MAIO 2015

46 WE’BIZ Maio 2015

UM PROJETO

És Super! Dito assim, parece um mero elogio. Mas a associação Sentido de Si fez desta assertiva e carinhosa frase o mote para uma campanha de empreendedorismo social, com vista a promover a autoestima de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade psicológica, escolar ou social. Trata-se do projeto És Super, que inclui uma marca e uma comunidade homónimas, para além de contar com o apoio do Banco de Inovação Social.

PARA PROMOVER A AUTOESTIMA INFANTIL

SUPERweSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIAL

46 WE’BIZ Maio 2015

Page 47: WE'BIZ - MAIO 2015

Maio 2015 WE’BIZ 47

PARA PROMOVER A AUTOESTIMA INFANTIL

EMPREENDEDORISMO SOCIAL ‹ weSOCIAL

Março 2015 WE’BIZ 47

A instituição particular de solidariedade social Sentido de Si – Associação de Saúde Mental lançou o projeto És Super, que visa promover a autoestima de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade psicológica, escolar ou social. Para a associação, “as crianças e jovens que se encontram num processo de crescimento e aprendizagem são (…) mais permeáveis a desenvolverem uma baixa autoestima, podendo desvalorizar-se enquanto pessoas. E isso afetará profundamente a construção da sua personalidade e forma de atuar em sociedade”.

As causas da baixa autoestima na infância, adolescência e juventude são, de resto, muito diversas: más experiências escolares (bullying), dificuldades de aprendizagem, falta de disponibilidade dos pais ou excesso de proteção paternal, escassez de atividades e ocupações extracurriculares, entre outras. Importa lembrar, a propósito, que o suicídio é a segunda maior causa de morte entre os 14 e os 24 anos.

O projeto integra duas valências: a marca És Super e a comunidade És Super. A associação Sentido de Si espera, com a marca registada, gerar receitas para projetos de apoio social a crianças e jovens. Receitas, essas, provenientes da comercialização de peças de roupa, livros, pequenos filmes, material psicopedagógico, material escolar e atividades lúdicas

com a chancela És Super. Em cada um destes produtos haverá, segundo a associação, “mensagens curtas promotoras do reforço de qualidades e competências humanas”, bem como ilustrações divertidas e criativas sobre o conceito que cada criança poderá ter de si mesma. A marca conta com o apoio de diferentes patrocinadores, entre os quais se destacam os de caráter institucional, como é o caso do Banco de Inovação Social e do seu Programa de Apoio a Empresas Sociais.

CROWDFUNDING PROMOVIDO PELO NOVO BANCOPor seu turno, a comunidade És Super tem por missão promover a autoestima, a saúde e a estabilidade emocional de crianças e jovens, bem como dotar de melhores competências parentais e níveis de bem-estar os seus familiares e outros educadores. Neste sentido, os agentes desta comunidade são técnicos sociais, educadores, pais e/ou outros familiares e representantes de instituições do 3º setor que trabalhem com o referido público-alvo. Trata-se, portanto, de uma resposta social comunitária em regime aberto, sinérgica, complementar ao horário escolar e direcionada para crianças e jovens com vulnerabilidades pessoais.

A missão da comunidade És Super só é concretizável pelo esforço e abnegação dos seus membros, aos quais é pedido que, em parcerias externas ou numa lógica intercomunitária, realizem ações, atividades e eventos em prol das crianças e jovens vulneráveis. Embora seja gerida pela associação Sentido de Si, a comunidade está aberta a outros agentes da sociedade civil e a sua sustentabilidade depende, não só das receitas geradas pela marca homónima, mas também de donativos externos.

Importa referir que o projeto És Super foi admitido numa campanha de crowdfunding promovida pelo Novo Banco (https://novobancocrowdfunding.ppl.pt/pt/prj/es-super), com donativos que variam entre os cinco e os 120 euros, e conta com o apoio à divulgação do Banco de Inovação Social.

A associação Sentido de Si nasceu em junho de 2014 e está sediada em Vila Nova de Gaia, pelo que a sua atividade, embora tenha um âmbito nacional, encontra-se muito focada na região Norte. A associação tem por objetivos “a promoção e integração da saúde mental na sociedade; a geração e partilha de informação sobre esta área da saúde; a intervenção e o apoio psicossocial dirigidos às pessoas com doença mental, seus familiares e/ou cuidadores; a investigação e formação nesta área da saúde”.

PRÉMIO PAES INVESTO És Super é um projeto da associação Sentido de Si, que está integrado no plano de negócios de um projeto mais abrangente: o Si Mestrias – Academia do sucesso e saúde juvenil. Foi este plano de âmbito mais alargado no apoio psicossocial que conquistou este ano o prémio PAES Invest - Empreendedorismo Social do Programa de Apoio a Empresas Sociais (PAES), no quadro do Banco de Inovação Social (BIS) – projeto de suporte à inovação social liderado pela Santa Casa da Misericórdia.

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48 WE’BIZ Maio 2015

weNOW › ATUALIDADE

48 WE’BIZ Março 2015

weNOWEUROPA AVANÇA PARA O MERCADO ÚNICO DIGITAL Estabelecer um mercado único digital é um dos grandes objetivos da Comissão Europeia, pois a sua concretização, estima-se, promoverá o crescimento do PIB europeu em 340 mil milhões de euros, criará 3,8 milhões de empregos e reduzirá os custos das administrações públicas entre 15 e 20%. A estratégia já foi definida e envolve 16 ações-chave. Contudo, o esforço de criação de um mercado único digital pode ser comprometido pela escassez de recursos humanos especializados em TIC.

A Comissão Europeia vai criar um mercado único digital, tendo a estratégia para o efeito sido apresentada a 6 de maio último. Isto significa que vão ser eliminadas barreiras (técnicas, administrativas, fiscais, etc.) ao comércio de produtos, serviços, capitais e conteúdos digitais entre os 28 Estados-membros da UE. A Comissão espera assim, por um lado, aumentar a competitividade das empresas tecnológicas europeias e consequentemente mitigar o domínio norte-americano no setor e, por outro, promover o crescimento da indústria europeia tradicional, com a intensificação do uso de tecnologias digitais nas suas atividades produtivas.

A estratégia da Comissão para o mercado único digital define 16 ações-chave que assentam em três pilares: melhor acesso dos consumidores, empresas e instituições a produtos e serviços digitais em toda a Europa; criação de condições adequadas e equitativas de concorrência no desenvolvimento de redes digitais e de serviços inovadores; otimização do potencial de crescimento da economia digital.

A Comissão calcula que 41% das empresas europeias não utiliza qualquer tecnologia digital. Ora, perante o rápido crescimento da chamada “internet das coisas”, há que aproveitar esta oportunidade histórica, talvez a última, de fazer avançar as principais indústrias europeias para a era digital e deste modo dar um forte

impulso à recuperação económica da Europa. Estima-se que um mercado único digital promoveria o crescimento do PIB europeu em 340 mil milhões de euros, criaria 3,8 milhões de empregos e reduziria os custos das administrações públicas entre 15 e 20%.

Existem, pois, boas razões para, conforme deseja a Comissão, tornar a Europa líder mundial nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Importa, agora, suprimir as barreiras fronteiriças às atividades online, o que passa pela uniformização da legislação do setor, das taxas aplicadas sobre produtos/serviços, dos direitos dos consumidores e da proteção da propriedade intelectual entre os 28 Estados-membros. Atualmente, cada país impõe as suas regras e o resultado é o subaproveitamento das vantagens do mercado único europeu no comércio online transfronteiriço, no desenvolvimento das TIC e na expansão de setores estratégicos, como o das telecomunicações.

800 MIL VAGAS NA ÁREA DIGITALContudo, este esforço de criação de um mercado único digital pode ser comprometido pela escassez de recursos humanos especializados em TIC. Na UE, verifica-se simultaneamente uma diminuição do número de licenciados em TIC e a passagem à reforma de muitos dos atuais profissionais desta área. De tal forma que, em 2015, o emprego na área digital pode atingir as 800 mil vagas. Apesar dos elevados níveis europeus de desemprego, o número de empregos no setor das TIC está a aumentar em mais de 100 mil vagas por ano, cerca de 3%.

Há o risco de todo este potencial de crescimento de emprego na área digital se perder e de se acentuar o gap entre a oferta e a procura de emprego no setor das TIC. Estamos, pois, perante um cenário preocupante numa Europa com cerca de 26 milhões de desempregados e com uma economia que tarda em retomar o crescimento sustentado.

O setor das TIC não só tem vindo a crescer em número de empresas, e consequentemente em postos de trabalho, como exige técnicos

altamente especializados, realidade que não é acompanhada pela capacidade formativa do sistema de ensino superior europeu. Por conseguinte, as empresas de TIC europeias veem-se na necessidade de contratar profissionais no exterior e de competir entre si pela contratação dos melhores profissionais, com tudo o que isso acarreta em termos de custos.

Em face da falta de competências digitais na Europa, foram sugeridas pela Comissão Europeia várias medidas para inverter a situação e preencher as centenas de milhares de vagas de emprego no setor das TIC. As medidas propostas passam pela adequação dos cursos superiores aos empregos na área digital, pelo reforço do ensino das ciências exatas, das tecnologias, da engenharia e da matemática, pela promoção da mobilidade do capital humano, pela certificação das competências à escala europeia, pela sensibilização dos jovens para as vantagens de uma carreira na área das TIC, pela realização de ações de formação ajustadas às necessidades das empresas e ainda pela criação de um ambiente mais favorável ao empreendedorismo inovador.

NÚMEROS> 41% das empresas europeias não utiliza qualquer tecnologia digital.

> Um mercado único digital promoveria o crescimento do PIB

europeu em 340 mil milhões

de euros, criaria 3,8 milhões de empregos e reduziria os custos das administrações públicas entre

15 e 20%.

> Em 2015, o emprego na área digital pode atingir as

800 mil vagas.

> O número de empregos no setor das TIC está a aumentar em mais

de 100 mil vagas por ano,

cerca de 3%.

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ATUALIDADE ‹ weNOW

Março 2015 WE’BIZ 49

ANJE STARTUP ACCELERATOR JÁ LEVANTOU VOO Já foram escolhidos os 30 projetos de negócio tecnológicos que terão oportunidade de desenvolver propostas de valor para o mercado no ASA – ANJE Startup Accelerator. O programa de aceleração desenvolvido pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários entra agora numa fase desenhada para a recolha de competências, com a realização de workshops e trabalhos de aplicação que vão preparar os promotores para o período de aceleração. No horizonte das equipas selecionadas está a possibilidade de constituir empresa e arrecadar um apoio global no valor de 22 mil euros.

Estruturado com base nas novas tendências de aceleração dos ecossistemas de empreendedorismo mais competitivos no panorama internacional, o ANJE Startup Accelerator foca agora atenções no desenvolvimento das “hard” e “soft skills” dos empreendedores para apoiar o lançamento de 10 startups de base tecnológica. Após um período inicial de triagem, o programa já está no terreno com um conjunto de workshops temáticos sobre as ferramentas de suporte e metodologias de aplicação

prática capazes de desenvolver e validar projetos em contexto de mercado. A realização de trabalhos de aplicação acompanha a exposição teórica dos conceitos e assume-se como o principal critério para determinar o núcleo de 10 equipas que vai seguir para a próxima fase do programa. A decisão será conhecida no dia 26 de maio.

A terceira etapa corresponde ao período de aceleração efetivo dos projetos de negócios e vai decorrer durante seis semanas, dividindo-se em três períodos distintos: “Tune”, “Build” e “On Stage”. No período “On Stage”, os promotores terão oportunidade de preparar a apresentação final, que consubstancia a fase quatro da aceleração. Trata-se de um DemoDay que será integrado numa conferência dedicada ao empreendedorismo tecnológico.

A participação na terceira fase do ASA envolve prémios de instalação no valor global de 22 mil euros, a atribuir aos projetos que avancem com a criação da empresa em Portugal e demonstrem boa performance no decorrer do programa. Ao prémio pecuniário acrescem 24 meses de incubação numa das infraestruturas da rede ANJE, assim como um pacote de serviços que envolvem parceiros como Amazon Web Services, Microsoft Bizspark ou até instituições bancárias e outras entidades de financiamento.

CRONOGRAMA ASA

2ª ETAPAWorkshops e trabalhos de aplicação prática.

A decorrer

1ª ETAPAFase de candidaturas

3ª ETAPAPeríodo de aceleração efetivo, com divisão em três etapas:

• “Tune” - definição do modelo de negócio e do segmento de mercado a operar e confirmação das projeções e ideias com recurso às metodologias Lean;

• “Build” – construção e otimização do produto com base nas confirmações do mercado e do modelo de negócio;

• “On Stage” - preparação das estratégias de crescimento e penetração no mercado, bem como do pitch final dos negócios.

4ª ETAPADemoDay para a apresentação final dos projetos de negócio.

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50 WE’BIZ Maio 2015

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REATIVAR PARA COMBATER DESEMPREGO DE LONGA DURAÇÃO O desemprego de longa duração é uma área de intervenção prioritária para o Governo que lançou no terreno um novo meio de resposta, corporizado no programa Reativar. Os destinatários são os desempregados com mais de 30 anos, inscritos nos centros de emprego há mais de 12 meses, que podem agora frequentar estágios independentemente da sua qualificação. As vantagens repartem-se por estagiários e agentes empregadores, facilitando o processo de contratação para as pequenas e médias empresas.

No primeiro mês do ano, o programa desenvolvido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) já havia sido debatido na Comissão Permanente de Concertação Social. No entanto, só agora o Reativar sai do papel, apresentando uma nova oportunidade profissional

para os cerca de 290 mil cidadãos que em março se encontravam sem posto de trabalho há mais de um ano. Os estágios proporcionados pela medida têm a duração de seis meses e custarão ao Estado 43 milhões de euros, no total.

No leque de entidades elegíveis figuram as empresas ou instituições privadas sem fins lucrativos. A medida para reativar trabalhadores apresenta, contudo, uma exigência às organizações contratantes, que serão obrigadas a integrar nos quadros, pelo menos, um em cada quatro estagiários acolhidos. O incumprimento desta cláusula implica a devolução do dinheiro investido.

Para os estagiários está assegurada uma bolsa mensal, com valores entre os 419,22 e os 691,70 euros, bem como o subsídio de alimentação e o subsídio de transporte nos casos aplicáveis. As entidades empregadoras, por sua vez, podem beneficiar de comparticipações de 65%, 80% ou 95%. Até ao final do ano, o Governo espera envolver 12 mil pessoas neste programa desenhado para a revitalização económica e social portuguesa.

» Desempregados com mais de 45 anos;» Desempregados inscritos há mais de 24 meses; » Desempregados integrados em famílias monoparentais;» Cidadãos cujos cônjuges ou companheiros em união de facto também se encontrem em situação de desemprego;» Cidadãos com deficiência e incapacidade;» Vítimas de violência doméstica;» Toxicodependentes em processo de recuperação; » Ex-reclusos e todos os que cumpram ou tenham cumprido penas ou medidas judiciais não privativas de liberdade e estejam em condições de se inserirem na vida ativa.

» Generalidade das empresas

» Entidades que nunca beneficiaram de medidas de apoio;» Entidades sem fins lucrativos;» Organizações com menos de 10 trabalhadores.

COMPARTICIPAÇÃO DESTINATÁRIOS

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POLÓNIA: OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO SEDUZEM EMPRESAS PORTUGUESAS Depois das convulsões sofridas na segunda metade do século XX, a Polónia vive finalmente um período de estabilidade política, bem-estar social e prosperidade económica. Tanto assim que o país se tornou bastante atrativo para exportações e investimento estrangeiro, não apenas pela dimensão do seu mercado (40 milhões de consumidores) mas também pela crescente procura interna e pelas boas condições para a realização de negócios. As empresas portuguesas já perceberam isto e estão a apostar em força na Polónia.

A Polónia é um país com uma história bastante atribulada e o seu povo passou pelas maiores provações, desde a primeira povoação do território nos séculos V e VI. Localizada bem no centro da Europa, a Polónia viu as suas fronteiras em permanente convulsão e reconfiguração. O país foi partilhado por outras potências, perdeu parte substancial do seu território e chegou a estar à beira da aniquilação enquanto Estado independente. Mas o maior horror aconteceu já no século XX, quando a Alemanha de Hitler invadiu a Polónia, em 1939, submetendo o seu povo a um tropel de atrocidades inumanas. Liberto do jugo nazi, em 1944, o país despertou a cobiça territorial de Estaline e acabaria por ficar do outro lado da “cortina de ferro”, sob influência do império soviético.

Só com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e consequente colapso da União Soviética, a Polónia recuperou a sua condição de entidade política autónoma e de Estado soberano, ao mesmo tempo que iniciou um processo de democratização impulsionado pela força do Solidariedade e a influência de Karol Wojtyla como Papa João Paulo II. As primeiras eleições livres e multipartidárias realizaram-se em 1991, tendo seguidamente sido negociada com sucesso a adesão do país à NATO em 1999 e à UE em 2004.

Estabilizada a democracia do país no quadro do projeto europeu, a Polónia procedeu à liberalização e modernização da sua economia, registando níveis de crescimento do PIB bastante significativos durante a primeira década do século XXI. O

PIB per capita polaco cresceu, nesses dez anos, a uma taxa média anual de 3,9%. Entre 2008 e 2013, o país registou um crescimento económico acumulado de 23%, escapando assim à crise generalizada na Europa. Mesmo em 2009, quando a taxa de crescimento do PIB per capita na UE foi negativa em 4,4%, na Polónia cresceu 2,6%. Para 2015, prevê-se um crescimento do PIB de 3,4%.

A pátria dos nobéis da Literatura Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska é o maior mercado da Europa Central, com 40 milhões de consumidores, e o oitavo maior mercado do continente europeu. Acresce que o país tem uma localização geográfica de grande importância estratégica em termos económicos, o que faz com que o mercado polaco seja atrativo para a exportação e para o investimento promovidos por empresas do resto da Europa, nomeadamente de Portugal. Mais: a Polónia beneficia de estabilidade governativa, de coesão social, de boas condições para o investimento, de um regime fiscal competitivo, de um poder de compra crescente e de mão de obra qualificada.

DOMÍNIO PORTUGUÊS NA DISTRIBUIÇÃO ALIMENTAR Não admira, pois, que cada vez mais empresas portuguesas estejam a apostar na Polónia como mercado de destino das suas exportações. Produtos e serviços nacionais dos setores do agroalimentar, da maquinaria, da energia, da eletrónica, do têxtil e das tecnologias de informação e comunicação são os mais exportados para a Polónia. Para se ter uma ideia, em 2014, o mercado polaco representou 550 milhões de euros em

exportações de produtos e serviços portugueses.

O investimento português na Polónia também está em alta e com perspetivas auspiciosas. Segundo a AICEP, as empresas de capital português instaladas na Polónia eram já 125 em 2012, mais 15 do que em 2011. Serviços e comércio (incluindo produtos alimentares, medicamentos e têxteis), imobiliário, energia (nomeadamente as renováveis), setor financeiro e serviços em consultoria e advocacia são as áreas de atividade dominantes.

A Biedronka, do grupo Jerónimo Martins, é líder do mercado de distribuição alimentar na Polónia e a terceira marca mais valiosa do país. A “joaninha” (Biedronka em português) está presente em 900 cidades, com uma rede de mais de 2.600 lojas, e emprega mais de 55 mil trabalhadores. Refira-se, a propósito, que, em 20 anos, a Jerónimo Martins cresceu 20 vezes na Polónia. O grupo fechou 2014 com 8.432 milhões de euros em vendas e assegura, no mercado polaco, dois terços do total da sua faturação.

Outros exemplos de sucesso são a Eurocash, que está logo abaixo da Biedronka na distribuição alimentar; o Millennium Bank Polónia, do BCP, que é o quinto maior banco do país; e a Mota-Engil Europa Central, que se encontra entre as cinco maiores construtoras do mercado polaco. Empresas como a Martifer, a BA Vidro, a Colep, a EDP, a Simoldes Plásticos ou a Colquímica merecem também destaque pelo dinamismo que vêm demonstrando na Polónia.

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traz as startups do futuro a Portugal

LISBON INVESTMENT SUMMIT

weNEXT › AGENDA AGENDADESTAQUE

O ponto de encontro entre as startups do futuro e os grandes investidores do continente europeu está marcado para os próximos dias 4 e 5 de junho, no Lisbon Investment Summit. O certame organizado pela Beta-i, em parceria com a Startup Europe e a IE Business School, vai invadir a capital com uma proposta de valor que agrega várias iniciativas unidas por um propósito comum: dar palco e oportunidades de financiamento aos novos valores do empreendedorismo internacional.

Autoproclamado como o principal evento de investimento para empresas em fase incipiente realizado em Portugal, o Lisbon Investment Summit abre as portas da cidade portuguesa à criatividade, ao potencial inovador e ao valor acrescentado dos novos projetos empresariais. Sem desvendar ainda o formato do programa para as duas jornadas, a organização apresenta a iniciativa como uma mescla de fatores atrativos para os jovens empresários.

São exemplos a possibilidade de estabelecer acordos de investimento ou a oportunidade para obter respostas concretas às necessidades de negócio, através da interação com oradores internacionais e diretores de inovação de reputadas empresas no panorama mundial. Às duas vantagens referidas acrescem ainda a apresentação de promissoras startups durante o Lisbon Challenge Demo Day, o IE Venture Day e vários momentos de networking preparados para a expansão de redes de contactos.

No plano teórico, a oferta do Lisbon Investment Summit vai integrar vários painéis de discussão sobre o financiamento de projetos empresariais. A credibilizar as conclusões das temáticas a debater está um conjunto de speakers provenientes de diferentes partes do globo, estando já confirmada a presença de figuras como Hussein Kanji, partner da Hoxton Ventures, Stephan Morais, diretor executivo da Caixa Capital, Juan José Guemes, chairman do Centro de Inovação e Empreendedorismo da IE Business School, e Kumardev Chatterjee, presidente do Fórum Europeu de Jovens Inovadores.

O certame vai ainda reunir diferentes agentes associados à esfera de ação dos ecossistemas empreendedores, num núcleo onde se incluem incubadoras, business angels, operadores de venture capital, startups ou entidades bancárias. Entre o lote de entidades confirmadas, destaque para a Portugal Ventures, a Factory Berlin, a Balderton Capital, a Caixa Capital e a Uniplaces.

A inscrição para o Lisbon Investment Summit tem o custo de 20 euros e pode ser efetuada no site do evento: www.lis-summit.com.

LISBON INVESTMENT SUMMITCidade: Lisboa (Campo Mártires da Pátria)Data: 4 e 5 de junhoPromotor: Beta-i, Startup Europe e IE Business School Preços: 20 euros Inscrições: www.lis-summit.comContacto: [email protected]

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AGENDA ‹ weNEXT

WORKSHOP “LEARNING BY SHARING”Cidade: LisboaData: 20 de maio Promotor: Fábrica de StartupsPreços: GratuitoInscrições: www.fabricadestartups.comContacto: [email protected] Fábrica de Startups organiza, no próximo dia 20 de maio, o workshop “Learning by Sharing”, no edifício Startup Campus, em Lisboa. A iniciativa pretende partilhar a história de um empreendedor durante 30 minutos, com posterior período de interação entre o orador e a plateia. Sucessos, fracassos, desafios e lições do universo empresarial compõem a proposta de valor desta sessão de aprendizagem gratuita que terá como protagonista o empreendedor responsável pelo lançamento do projeto empresarial Clinkpic.

AÇÃO TEMÁTICA “O COMÉRCIO ELETRÓNICO E AS PLATAFORMAS DE NEGÓCIO NOS MERCADOS INTERNACIONAIS”Cidade: Porto (Auditório da Direção-Regional da Economia do Norte)Data: 20 de maio Promotor: Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal Preços: GratuitoInscrições: www.portugalglobal.ptContacto: [email protected] AICEP organiza mais uma ação temática, desta vez sobre “O Comércio Eletrónico e as Plataformas de Negócio nos Mercados Internacionais”, no próximo dia 20 de maio. A iniciativa vai decorrer no auditório da Direção-Regional da Economia do Norte e pretende revelar, no plano teórico, a importância de operar no universo do comércio eletrónico para conseguir alcançar o sucesso nos mercados externos. Durante a ação, os participantes poderão perceber o que é fundamental no desenvolvimento de estratégias bem-sucedidas de comunicação via web.

ALMOÇO-DEBATE “CRESCIMENTO ECONÓMICO EM PORTUGAL” Cidade: Lisboa (Altis Grand Hotel)Data: 21 de maioPromotores: Câmaras de Comércio Luso-Britânica, Luso-Belga-Luxemburguesa, Luso-Francesa e Associação Nacional de Jovens EmpresáriosPreços: 61,50 eurosInscrições: www.anje.ptContacto: [email protected] “Crescimento Económico em Portugal” será o tema em evidência no almoço-debate agendado para o dia 21 de maio, no Altis Grande Hotel, em Lisboa. Organizada pela ANJE, em parceria com diversas Câmaras de Comércio (Luso-Britânica, Luso-Belga-Luxemburguesa e Luso-Francesa), a iniciativa contará com as intervenções de Manuel Carvalho da Silva (antigo secretário-geral da CGTP, investigador do Centro de Estudos Sociais e professor catedrático convidado da Universidade Lusófona) e Pedro Ferraz da Costa (presidente do Fórum para a Competitividade e gestor de empresas no ramo farmacêutico).

CONCURSO DE EMPREENDEDORISMO SOCIAL ANGELS Cidade: Concelho da Póvoa de LanhosoData: 22 de maio (termina o prazo de candidaturas)Promotor: Sol do AvePreços: ----Inscrições: www.soldoave.ptContacto: [email protected] a capacidade de iniciativa, a criatividade e a atitude empreendedora no concelho da Póvoa de Lanhoso é o principal objetivo do Concurso de Empreendedorismo Social Angels. A competição de negócios procura criar condições para o lançamento de negócios inovadores, capazes de gerar novos postos de trabalho e revitalizar o tecido empresarial da região. Elegíveis no leque de candidatos do concurso são todas pessoas singulares que, individualmente ou em grupo, apresentem uma ideia empreendedora enquadrável nos objetivos gerais da competição. As candidaturas continuam abertas até ao dia 22 de maio.

WORKSHOP “LITERACIA FINANCEIRA”Cidade: Porto (Rua das Flores)Data: 22 de maio Promotor: Cidade das ProfissõesPreços: ----

Inscrições: cdp.portodigital.ptContacto: [email protected] “Literacia financeira” é o tema central do workshop promovido pela Cidade das Profissões, no dia 22 de maio. Este conceito viabiliza a tomada de decisões financeiras informadas, desde a gestão das finanças pessoais à escolha de produtos financeiros adequados. No final, os participantes deverão ter recolhido as competências necessárias para tomar decisões, na rotina empresarial, capazes de gerar benefícios imediatos do ponto de vista financeiro.

MASTER EM MARKETING E TENDÊNCIAS DE CONSUMOCidade: PortoData: 25 de maio a 9 de julhoPromotores: Associação Nacional de Jovens Empresários e Instituto Universitário da MaiaPreços: 900 eurosInscrições: www.anje.ptContacto: [email protected] vendas são o foco da Pós-Graduação em Sales Management promovida pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, em parceria com o ISMAI - Instituto Universitário da Maia. A primeira etapa deste intenso programa formativo tripartido é o Master em Marketing e Tendências de Consumo, que terá lugar no centro de formação empresarial da associação, no Porto, entre os dias 25 de maio e 9 de julho. Centrado na análise e interpretação de casos e situações de gestão de venda reais, este curso avançado vai proporcionar o desenvolvimento de competências para a definição e implementação de estratégias de preço capazes de obter benefícios e criar valor.

WORKSHOP “UTILIZE A TECNOLOGIA PARA POTENCIAR O SEU NEGÓCIO”Cidade: LisboaData: 26 de maio Promotor: Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa Preços: ----Inscrições: www.ccip.ptContacto: [email protected] integração de soluções tecnológicas pode ser o ponto de partida para garantir a expansão ou o crescimento sustentável de projetos empresariais e assume-se como o tema central do workshop “Utilize a tecnologia para potenciar o seu negócio”. A sessão vai decorrer no dia 26 de maio, nas instalações da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa e pretende revelar o potencial das novas

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weNEXT › AGENDA

tecnologias para a facilitação do contacto direto com os diferentes perfis de públicos do mercado global.

BUSINESS DRINKNO CORINTHIA HOTELCidade: Lisboa (Corinthia Hotel)Data: 27 de maio Promotores: Câmaras de Comércio Portugal-Holanda e Luso-Francesa, Jovens Empresários Alemães, Associação Empresarial da Região de Lisboa e Associação Nacional de Jovens EmpresáriosPreços: GratuitoInscrições: www.anje.ptContacto: [email protected] e oportunidades de negócio à escala global é o que propõe o Informal Business Drink Lisboa, que acontece dia 27 de maio, no Corinthia Hotel, em Lisboa. A iniciativa consiste num encontro de negócios em ambiente informal e tem por objetivo estimular o estabelecimento de contactos entre empresários portugueses e cidadãos estrangeiros radicados em Portugal, procurando também fomentar e facilitar novos negócios no mercado internacional. O evento reúne habitualmente representantes de todas as câmaras de comércio envolvidas, para além de um diversificado conjunto de empresários das mais variadas áreas de atividade.

STARTPOINT IGNITIONCidade: Guimarães (Instituto de Design de Guimarães)Data: 27 de maioPromotores: Associação Académica da Universidade do Minho e Câmara Municipal de GuimarãesPreços: GratuitoInscrições: liftoff.aaum.ptContacto: [email protected] Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), com o apoio da Câmara Municipal de Guimarães, promove a START POINT Ignition, no próximo dia 27 de maio. A iniciativa vai decorrer no Instituto de Design de Guimarães e visa proporcionar o contacto direto entre os jovens/adultos e o mercado de trabalho, propiciando a divulgação de oportunidades, o desenvolvimento de competências e o networking entre participantes. Durante o evento, os participantes poderão identificar sistemas de apoio e incentivo ao desenvolvimento de ideias de negócio, bem como espaços de aceleração para startups.

ROADSHOW: O USO EFICIENTE DA ÁGUA E A ECO INOVAÇÃO NA INDÚSTRIACidade: Aveiro (Associação Industrial do Distrito de Aveiro)Data: 27 de maio Promotor: Associação Empresarial de PortugalPreços: GratuitoInscrições: aep.org.ptContacto: [email protected] Associação Industrial do Distrito de Aveiro acolhe a próxima sessão do “Roadshow: O uso eficiente da água e a eco inovação na indústria”, a realizar no dia 27 de maio. A sessão pretende refletir sobre a utilização eficiente dos recursos naturais, apresentando ainda testemunhos de empresários que integram soluções sustentáveis na atividade empresarial diária. Durante a sessão, os participantes terão também oportunidade de conhecer, em traços gerais, o Programa Nacional para o Uso Eficiente de Água e a Estratégia para o Crescimento Verde.

SEMINÁRIO “O EMPREENDEDORISMO E O PROJETO ESCOLAR - NOVOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO”Cidade: Instituto Politécnico da GuardaData: 28 de maioPromotor: Instituto Politécnico da GuardaPreços:----Inscrições: [email protected]: [email protected] Instituto Politécnico da Guarda acolhe, no próximo dia 28 de maio, um seminário dedicado ao tema “O Empreendedorismo e o Projeto Escolar – Novos Desafios da Educação”. A sessão pretende analisar o papel da prática empreendedora na implementação da mudança social e educacional. O seminário contará com as intervenções de Dana Redford, Plataforma de Educação para o Empreendedorismo em Portugal e docente da Universidade Católica, e de Teresa Paiva, Unidade de Desenvolvimento e Investigação do Instituto Politécnico da Guarda.

11ª CALL FOR ENTREPRENEURSHIPCidade: ----Data: 28 de maio (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Portugal VenturesPreços: ----Inscrições: www.portugalventures.ptContacto: [email protected]

A Portugal Ventures já abriu o período de candidaturas à 11ª Call For Entrepreneurship, uma nova oportunidade de acesso ao investimento de capital de alto risco para os projetos inovadores de base científica e tecnológica nas fases seed e startup. O período de submissão de projetos vai decorrer até 28 de maio. Orientada para o fortalecimento do ecossistema empreendedor português e para o desenvolvimento de uma economia mais moderna e competitiva, a Call For Entrepreneurship vai selecionar projetos para investimento nas áreas de “Tecnologias de Informação”, “Comunicação”, “Eletrónica & WEB”, “Ciências da Vida”, “Turismo e Recursos Endógenos”, “Nanotecnologia e Materiais”.

CONFERÊNCIA PORTO TECH HUB Cidade: Porto (Teatro Municipal Rivoli)Data: 29 e 30 de maioPromotores: Farfetch, Critical Software, BlipPreços: GratuitoInscrições: www.portotechhub.orgContacto: www.portotechhub.orgAproximar os cidadãos portugueses do futuro do universo tecnológico é o principal propósito da conferência Porto Tech Hub. A iniciativa organizada em conjunto pelas empresas Farfetch, Critical Software e Blip vai decorrer no Teatro Municipal do Rivoli, no Porto, e pretende desvendar o potencial do Porto, enquanto cidade incubadora da excelência e inovação. O trio de organizações acredita que as pessoas são uma fonte de criatividade, talento e paixão única, defendendo um ideal onde tecnologia, trabalho e estilo de vida se fundem para gerar outputs extraordinários. A tudo isto junta-se um programa temático diversificado, abordando metodologias com influência direta no desempenho diário das organizações. A participação na conferência é gratuita.

CONCURSO PONTES PARA O FUTUROCidade: PortoData: 31 maio (termina o prazo de candidaturas)Promotor: Centro de Inovação Social do PortoPreços: ----Inscrições: www.cisporto.ptContacto: [email protected] Concurso Pontes para o Futuro recebe candidaturas até ao dia 31 de maio e procura projetos inovadores com potencial para responder às necessidades detetadas pelas organizações do terceiro setor. A competição prevê a atribuição de prémios no valor total de oito mil euros ao projeto

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O Lisbon Investment Summit vai decorrer nos próximos dias 4 e 5 de junho, em Lisboa. A iniciativa organizada pela Beta-i, em parceria com a Startup Europe e a IE Business School, vai reunir as melhores startups do panorama mundial com investidores, venture capitals e business angels do continente europeu. Além da apresentação de projetos empresariais com valor acrescentado, os participantes poderão ainda assistir às discussões de diferentes painéis de investimento compostos por oradores internacionais e expandir a respetiva rede de contactos nos momentos dedicados ao networking.

CONCURSO SOCIAL AO CENTROCidade: Coimbra, Leiria e ÓbidosData: 7 de junho (termina o prazo de candidaturas)Promotor: Universidade de Coimbra e jeKnowledgePreços: ----Inscrições: www.socialaocentro.ptContacto: [email protected] a inovação e o empreendedorismo social no eixo Coimbra, Leiria, Óbidos é o principal propósito do Concurso Social ao Centro. Organizada pela Universidade de Coimbra, em conjunto com a empresa júnior da FCTUC, jeKnowledge, a competição pretende responder diretamente a problemas identificados na sociedade e prevê a disponibilização de dois prémios no valor global de 10 mil euros. O período de candidaturas encerra no dia 7 de junho.

CONCURSO REGIONAL DE EMPREENDEDORISMOCidade: ----Data: 15 de junho (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores Preços: ----Inscrições: www.investinazores.comContacto: [email protected] Concurso Regional de Empreendedorismo recebe inscrições até ao dia 15 de junho e procura projetos na região dos Açores com potencial de evolução para negócios inovadores, exequíveis e capazes de dar resposta às necessidades do mercado. A competição pretende estimular a capacidade de iniciativa, a criatividade e o comportamento empreendedor nos Açores, promovendo a criação de empresas que venham acrescentar valor à oferta atual da região. Aos primeiro, segundo e terceiro melhores projetos a concurso serão atribuídos prémios pecuniários no valor de 25 mil euros, 20 mil euros e 15 mil euros, respetivamente.

BUSINESS DRINK NA P55 - ARTE E LEILÕESCidade: PortoData: 3 de junhoPromotores: Câmaras de Comércio Luso-Britânica, Alemã, Belga-Luxemburguesa, Luso-Colombiana, Portugal-Peru, Portugal-Holanda e Associação Nacional de Jovens EmpresáriosPreços: GratuitoInscrições: [email protected]: [email protected] e oportunidades de negócio à escala global é o que propõe o Informal Business Drink, a realizar no próximo dia 3 de junho, na P55 – Arte e Leilões, no Porto. A iniciativa promovida pela ANJE, em parceria com as Câmaras de Comércio Luso-Britânica, Alemã, Belga-Luxemburguesa, Luso-Colombiana, Portugal-Peru e Portugal-Holanda, consiste num encontro de negócios em ambiente informal. Durante cerca de duas horas, os participantes terão oportunidade de estabelecer contactos e facilitar novos negócios no mercado internacional. O Business Drink é uma iniciativa com periodicidade mensal que reúne habitualmente representantes de todas as câmaras de comércio envolvidas, para além de um diversificado conjunto de empresários vinculados a diferentes setores de atividade.

PORTO STARTUP COFFEECidade: PortoData: 3 de junhoPromotor: Startup PiratesPreços: GratuitoInscrições: www.meetup.com/PortoStartupCoffeeContacto: www.meetup.com/PortoStartupCoffeeO Porto Startup Coffee é um evento informal que pretende reunir empreendedores, investidores e cidadãos interessados na iniciativa empresarial num momento dedicado à expansão da rede de contactos e à partilha de experiências. A próxima sessão vai decorrer no dia 3 de junho e assume-se como uma oportunidade para aproximar o cidadão comum do ecossistema empreendedor da cidade.

LISBON INVESTMENT SUMMITCidade: Lisboa (Campo Mártires da Pátria)Data: 4 e 5 de junhoPromotores: Beta-i, Startup Europe e IE Business SchoolPreços: 20 eurosInscrições: www.lis-summit.comContacto: [email protected]

BLUE WEEKCidade: LisboaData: 3 a 6 de junhoPromotor: Ministério da Agricultura e do MarPreços: ----Inscrições: www.blueweek.ptContacto: [email protected] cidade de Lisboa acolhe, entre os dias 3 e 6 de junho, a Blue Week. Esta iniciativa levada a cabo pelo Ministério da Agricultura e do Mar do Governo de Portugal pretende refletir sobre o poder da economia azul, recentrando o debate sobre três eixos: dinâmica empresarial, reflexão estratégica e discussão política. Blue Business Forum, Ministerial Meeting e World Ocean Summit são três ações agendadas para este programa semanal.

AGENDA ‹ weNEXT

vencedor e apresenta cinco critérios de avaliação: grau de inovação, adequação ao problema, impacto social sistémico (com consequente redução do problema detetado), viabilidade e sustentabilidade e aproveitamento de recursos da região.

AÇÃO DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM MOÇAMBIQUECidade: MaputoData: 31 de maio a 6 de junhoPromotor: Associação Nacional de Jovens EmpresáriosPreços: 2050 eurosInscrições: www.anje.ptContacto: [email protected] ANJE, no âmbito do GET OUT - Projeto Conjunto de Internacionalização de PME cofinanciado pelo QREN, está a organizar uma ação de internacionalização em Moçambique, entre os dias 31 de maio e 6 de junho. A viagem de negócios a Maputo representa uma aproximação do tecido empresarial português ao ambiente empresarial moçambicano, bem como a um conjunto de oportunidades para o lançamento e expansão de negócios na nação africana. Com perfil multissetorial, a iniciativa vai facilitar a concretização de negócios num espetro alargado de setores de atividade, onde se evidenciam atividades como o turismo, a agricultura ou a produção de energia.

JUNHO2015

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56 WE’BIZ Maio 2015

às melhores práticas de Venture Capital. Na sessão do próximo dia 18 de junho, a decorrer em Lisboa, o tema em foco será “International Fundraising; Pitching and Investment Readiness day”.

FORMAÇÃO PARA EXECUTIVOS– “FISCALIDADE INTERNACIONAL”Cidade: Matosinhos (Porto Business School)Data: 18 a 25 de junhoPromotor: Porto Business School Preços: 2400 eurosInscrições: www.pbs.up.ptContacto: [email protected] “Fiscalidade Internacional” é o tema da formação para executivos que a Porto Business School promove entre os dias 18 e 25 de junho, nas suas instalações em Matosinhos. A componente fiscal tem intervenção direta nos resultados operacionais de qualquer empresa e, nesse pressuposto, esta oferta formativa pretende capacitar os participantes para a resposta adequada aos desafios suscitados pela fiscalidade, direcionando atenções para a complexidade do ambiente internacional de negócios. No final, os formandos terão recolhido as competências e ferramentas necessárias para a tomada de decisão sobre questões fiscais num plano ou processo de internacionalização.

CONFERÊNCIA “QUAL O FUTURO DA AGRICULTURA PARA TRÁS-OS-MONTES?”Cidade: Vila Real (Aula Magna – UTAD)Data: 26 de junho Promotor: Grupo editorial Vida EconómicaPreços: GratuitaInscrições: conferenciasve.ptContacto: [email protected] aumento de investimentos no setor agrícola e a entrada em vigor de um conjunto de oportunidades no âmbito do novo quadro comunitário motivaram o grupo editorial Vida Económica no lançamento de um ciclo de conferências dedicado ao tema “PDR 2020 e Empreendedorismo Agrícola”. A próxima sessão está subordinada ao título “Qual o futuro da agricultura para Trás-os-Montes?” e vai decorrer no dia 26 de junho, em Vila Real. O objetivo é refletir sobre as oportunidades proporcionadas pela região para o lançamento e expansão de negócios no segmento agrícola.

PROGRAMA +INOVAÇÃO +INDÚSTRIACidade: ----Data: 15 de junho (abre o período de candidaturas)Promotor: Portugal VenturesPreços: ----Inscrições: www.portugalventures.ptContacto: www.portugalventures.ptDesenvolver o investimento de capital de risco nos setores tradicionais da economia nacional é o principal propósito do programa +Inovação+Indústria. Focada na melhoria dos índices de competitividade e inovação da indústria nacional, a iniciativa abre candidaturas no dia 15 de junho. Com a operacionalização do programa, a Portugal Ventures espera aumentar a capacidade de inovação da indústria nacional em setores específicos, de forma a possibilitar a progressão nas cadeias de valor industriais.

CURSO “EXPORTAÇÃO - INSTRUMENTOS DE DEFESA COMERCIAL”Cidade: Matosinhos (Leça da Palmeira)Data: 17 de junho Promotor: Associação Empresarial de PortugalPreços: 60 eurosInscrições: www.aeportugal.ptContacto: [email protected] Associação Empresarial de Portugal promove, no dia 17 de junho, o curso “Exportação – Instrumentos de Defesa Comercial”, nas suas instalações em Leça da Palmeira. Trata-se de uma oferta formativa que visa esclarecer os empresários sobre as regras de comércio internacional. No final da ação, os formandos serão capazes de identificar os instrumentos de defesa comercial adotados pela Organização Mundial do Comércio, os quais se aplicam pela harmonização e equilíbrio do comércio internacional sob a forma de concorrência leal.

PORTUGAL VENTURES ACADEMYCidade: LisboaData: 18 de junho Promotor: Portugal VenturesPreços: ----Inscrições: www.portugalventures.ptContacto: www.portugalventures.ptA Portugal Ventures Academy assume-se como um conjunto de ações de formação preparadas para os executivos do universo empresarial. O principal objetivo do programa é dotar os participantes dos conhecimentos e das ferramentas necessários para o rápido crescimento das suas empresas, recorrendo

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MISSÃO EMPRESARIAL NA CATALUNHACidade: BarcelonaData: 29 de junho a 1 de julhoPromotor: Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa Preços: 1400 eurosInscrições: www.ccip.ptContacto: [email protected] Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa está a organizar uma Missão Empresarial na Catalunha, entre os dias 29 de junho e 1 de julho. Com uma superfície de 32 mil quilómetros quadrados e uma população de 7,4 milhões de habitantes, a Catalunha ocupa cerca de 6% do território espanhol e representa 16% da população espanhola. Trata-se, por isso, de uma oportunidade única para conhecer o ambiente de negócios da região, bem como o perfil dos consumidores catalães. Durante a viagem de negócios, os participantes terão ainda oportunidade de realizar reuniões individuais com empresários locais, de forma a obter respostas às necessidades específicas dos seus negócios.

FUNDO DE INVESTIMENTO DE APOIO AO EMPREENDEDORISMO DOS AÇORESCidade: Região dos AçoresData: 30 de junho (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Portugal VenturesPreços: ----Inscrições: www.portugalventures.ptContacto: [email protected] para o desenvolvimento sustentado da economia açoriana é o principal propósito do FIAEA – Fundo de Investimento de Apoio ao Empreendedorismo dos Açores. O programa levado a cabo pela Portugal Ventures mantém o período de candidaturas ativo até ao dia 30 de junho e procura projetos inovadores, geradores de desenvolvimento e de emprego para a região. Trata-se de um programa de financiamento ao ecossistema empresarial que disponibiliza verbas a um conjunto alargado de setores de atividade, onde se incluem: “Recursos Endógenos”, “TIC”, “Turismo” e “Ciências da Vida”.

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LIVROS & SITES ‹ weSEARCH

LIVRO

TÍTULO

“Os Banqueiros Vão Nus – O que está mal na banca e como o corrigir”

AUTORES

Anat Admati e Martin Hellwig

EDITORA

Gradiva

PUBLICAÇÃO

março de 2015

NÚMERO DE PÁGINAS

508

PREÇO

19,35 euros

“OS BANQUEIROS VÃO NUS” e estão sujeitos ao escrutínio público

As reportagens, os círculos políticos e as entidades bancárias abriram um debate interminável com a chegada da crise económica internacional em 2007. No entanto, o “economês” das televisões e os argumentos falaciosos da discussão pública toldam a compreensão da falência do sistema bancário, compondo o cenário perfeito para o lançamento do livro “Os Banqueiros Vão Nus - O que está mal na banca e como o corrigir”. A obra produzida por Anat Admati e Martin Hellwig abre a plataforma de debate ao cidadão comum com argumentação e linguagem acessíveis a qualquer leitor.

Os bancos não têm de ser um tema aborrecido e esta obra prova isso mesmo. Numa primeira análise, o título do livro parece desprovido de associação à seriedade do tema, mas o conto “O Rei Vai Nu” encaixa perfeitamente na história do episódio iniciado com a falência do Lehman Brothers. O medo geral de ser conotado com a ignorância após identificar a invisibilidade do traje do rei é

transposto, com leveza, pela dupla de autores para a realidade atual, onde ninguém ousa questionar os especialistas financeiros ou considerar os bancos como uma entidade semelhante a qualquer outra que opere num diferente setor de atividade.

Habituados a estudar a regulação financeira, Admati e Hellwig não têm medo de se assumir como outsiders no debate público e mostram, em exemplos ordinários da rotina do leitor (como a hipoteca da casa da Catarina), como os “reis da banca vão nus” e os legisladores são influenciados por teses sustentadas em pressupostos erróneos. Com vista à mudança absoluta de discurso, que se pretende mais simples e flexível, e de interlocutores na discussão da crise no setor bancário, a dupla de autores passa atestados de incorreção a muitas narrativas criadas, à medida que abordam temas como o endividamento ou o aumento de capital da banca.

Interessante é a forma utilizada para desconstruir os chavões do sistema bancário e financeiro em cenários adaptáveis ao caso do pequeno empresário, mas também ao dono do grupo multinacional ou ao leitor que apenas quer formar a sua opinião sobre o tema. Apesar de não ser o enfoque da obra “Os Banqueiros Vão Nus”, este acaba também por se afirmar como um veículo para recolher competências na gestão financeira, sem tropeçar num turbilhão de conceitos.

No final, ficam duas mensagens claras dos autores: a vontade de incluir o pasteleiro, o jovem empresário,

SÓ CHEGOU A PORTUGAL EM 2015, MAS EM 2013, AQUANDO DA SUA PUBLICAÇÃO ORIGINAL, FOI CONSIDERADO LIVRO ECONÓMICO DO ANO PELO “FINANCIAL TIMES”.

Há um mito enraizado de que os bancos são especiais e diferentes de todas as outras empresas e sectores da economia. Quem quer que ponha em causa essa mística corre o risco de ser declarado incompetente para participar no debate.

o executivo, o desempregado e o estudante no círculo de debate e a convicção sustentada de que “se os bancos tiverem muito mais capital, o sistema financeiro será mais seguro, saudável e menos distorcido”.

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SITE

TUDO PARA E POR NOVOS NEGÓCIOS As histórias sobre empreendedores com percursos inspiradores, o trajeto das startups até ao mercado ou a partilha de informações relevantes para lançar novas empresas constroem a proposta de valor do Portugal Startups. O portal facilita a radiografia às novidades e aos valores a despontar no ecossistema empreendedor português, sem esquecer temas como o financiamento, o emprego e a agenda das principais ações de promoção da iniciativa empresarial previstas para o território nacional.

Conferir exposição internacional e visibilidade aos fazedores portugueses foi o principal propósito da criação do Portugal Startups, em outubro do ano transato. A acompanhar o “boom” de projetos e iniciativas dedicadas ao empreendedorismo em Portugal, o portal surge como um agregador de conteúdos que pretende ser uma montra para as boas práticas do ecossistema empreendedor nacional. Histórias na primeira pessoa, conselhos técnicos, contacto direto com especialistas e oportunidades de evolução para negócios incipientes são apenas uma parte do conhecimento partilhado neste espaço virtual, que assume o perfil de guia para a orientação na criação e expansão de negócios.

Da empresa que ganhou recentemente o prémio de empreendedorismo ao olhar dos operadores de venture capital sobre o valor das startups nacionais, passando até pela conversa com o CEO do 9GAG, o portal integra conteúdos com um âmbito temático alargado, capaz de dar resposta a necessidades concretas dos empresários nacionais. A esta função acresce ainda a promoção de projetos e negócios com ADN nacional fora de portas, facilitando a captação de capital e o aproveitamento de oportunidades estratégicas para o crescimento empresarial.

Além das funções informativa e formativa, o Portugal Startups revela as próximas ações da agenda do empreendedorismo nacional, disponibilizando ainda uma plataforma para anunciar a contratação de novos quadros para as startups portuguesas e internacionais.

URL http://portugalstartups.com/

ZOOM • Portal de exposição para o ecossistema empreendedor português;

• Facilitador para a divulgação de negócios, captação de investimento e recrutamento de trabalhadores;

• Contacto direto com especialistas e conselhos técnicos para a criação e expansão de negócios;

• Acesso ao calendário de ações relevantes do empreendedorismo nacional.

SECÇÕES News

Separador de notícias que integra conteúdos de cinco áreas distintas: “Awards”, “Events”, “Exits”, “Launching”, “Funding”.

Talking With

Secção para os artigos que se dedicam a reportar a opinião e ação de três tipos de agentes: “Entrepreneurs”, “Investors”, “Startups”.

PT In Depth

Segmento que pretende abordar o ambiente empresarial, mas também social e económico português. Este separador abrange três tipologias de conteúdos: “How to”, “Living”, “Working”.

More

Esta secção pretende incluir os artigos não enquadráveis nas categorias anteriormente referidas.

Events

Calendário de ações e iniciativas relevantes.

Jobs

Separador dedicado ao anúncio de vagas de emprego para startups portuguesas ou internacionais.

ADICIONAR AOS FAVORITOS?• Fácil e rápido acesso a uma plataforma com informação útil ao lançamento e expansão de negócios;

• Consulta das principais novidades e ações previstas no calendário do empreendedorismo português;

• Possibilidade de recolha de boas práticas através do contacto com a opinião de especialistas internacionais e outros fazedores de negócios.

• Consulta de oportunidades de progressão individual de carreira em startups nacionais ou internacionais.

• Espaço onde todas as startups podem ter oportunidade de divulgar oportunidades.

PORTUGAL STARTUPS

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WEB

REDES SOCIAIS

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A dicotomia entre os perfis pessoais e profissionais, o impacto que a identificação de uma entidade empregadora pode ter e o poder de comunicação que está nas mãos de empresários e colaboradores. Tudo isto pode constar num manual de utilização das redes sociais, ferramenta que a especialista em social media marketing Ana Mendes aconselha a implementar no seio das empresas.

Esqueça o tempo que os seus colaboradores passam no Facebook (já lá vamos) e concentre-se numa reflexão que é ainda rara no contexto empresarial, mas que pode ser altamente lesiva para a imagem da empresa: as publicações que os recursos humanos fazem nas redes sociais e até as interações que têm. Pois se há uma esfera pessoal na qual é delicado intervir, há também uma conexão entre o universo individual e profissional que deve ser orientada por parte das empresas, principalmente quando

Todas as empresas deveriam ter um manual de utilização do Facebook e demais redes. A especialista Ana Mendes explica porquê.

“BY THE BOOK”há uma identificação pública da entidade empregadora. Mas nem tudo é preocupante, pelo contrário, colaboradores devidamente motivados e alinhados com as estratégias das empresas podem ser excelentes agentes promocionais.

A solução deve passar pela implementação de um manual de boas práticas. Ana Mendes, consultora na área do Marketing Digital e das redes sociais, e também formadora e docente, afirma que “é essencial que as empresas tenham um manual de utilização das redes sociais, que considere as regras internas da sua utilização em horário laboral, bem como em que medida o colaborador pode divulgar nos seus perfis pessoais informações referentes à empresa”. A especialista alerta também para a existência de “informações confidenciais que devem ser resguardadas”, mas sublinha ainda “as informações públicas referentes, por exemplo, à estratégia de comunicação da empresa”. Ana Mendes refere-se às vantagens que advêm da partilha espontânea de “informações positivas” junto das respetivas comunidades de amigos e seguidores.

“Na minha perspetiva este manual deve ser apresentado aos novos colaboradores no momento da contratação”, complementa a especialista, que tem vindo a formar

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Se os colaboradores de uma empresa se sentirem valorizados, motivados e entusiasmados com o projeto, naturalmente, essa convicção irá transmitir-se não só no “word of mouth” positivo, mas também em publicações nas redes sociais

UNIVERSO PESSOAL VS PROFISSIONAL NAS REDES SOCIAIS Três conselhos de Ana Mendes para os empreendedores

1 Evidenciarem o que de positivo está a acontecer nos seus negócios, contando as histórias das equipas, captando recomendações de clientes e clarificando os seus valores enquanto empresa que deve estar presente nas redes sociais com uma voz “Humana”. Para tal, utilizarem-se conteúdos no formato vídeo, curtos, em que se mostre a dinâmica do negócio, a equipa em ação, os bastidores do projeto.

2 Uma certa prudência na partilha de informação pessoal no perfil no Facebook que possa não ser consistente com o projeto profissional. O Facebook permite-nos definir regras de visibilidade das nossas publicações, Pelo que é sensato publicar algumas publicações apenas para amigos chegados e outras visíveis para o público em geral. Cada um de nós pode e deve definir o seu nível de exposição que quer ter.

3 Para terminar, que mantenham a sua presença no Linkedin atualizada e viva, considerando que esta é uma plataforma que funciona para o empreendedor como o seu “cartão de visita digital”. Não estou apenas a referir-me ao perfil que deve ser campeão, ou seja, estar completamente preenchido, mas também à atualização do mesmo, por exemplo, interligando-o com o Slideshare onde o empreendedor pode e deve partilhar apresentações que evidenciem expertise na sua área de atuação.

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muitos executivos nesta área, não apenas através dos cursos que coordena na ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, mas também em pós-graduações da Porto Business School. Complementarmente, Ana Mendes aconselha também a realização de formações internas para sensibilizar os atuais colaboradores para um contributo positivo no universo digital. Este documento e esta ação de formação podem também alertar para a necessidade de “prudência ou mesmo restrição na partilha de imagens ou comentários sobre aspetos confidenciais, no contexto da estratégia da empresa”, acrescenta.

Por exemplo, no caso concreto do Linkedin, rede que por natureza se distingue pela sua vocação profissional, Ana Mendes considera “importante que a equipa se sinta inspirada para, no seu perfil pessoal, colocar espontaneamente uma informação sobre a empresa onde trabalha”. Isto, reforça, “sem qualquer imposição” por parte da entidade empregadora, até porque “os perfis nas redes sociais são privados e não pode existir qualquer imposição à publicação de informações sobre a empresa, num território que é da esfera privada de cada indivíduo”.

O Linkedin tem uma particularidade que a especialista em redes sociais destaca positivamente: os colaboradores que identificam no seu perfil que se encontram atualmente a desempenhar uma função numa determinada empresa tornam-se, automaticamente, seguidores da página da empresa no Linkedin. Trata-se de um automatismo que pode ser positivo, “na perspetiva de agregação da equipa em torno do projeto”, afirma Ana Mendes. Neste caso, a empresa pode apenas esforçar-se por assegurar que há uma correta associação entre o profissional e a organização, nomeadamente no que respeita às funções desempenhadas.

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MOBIZY

CATEGORIA

Empresas/Produtividade

VERSÕES DISPONÍVEIS

Smartphone: Android, iPhone, Windows Phone

Tablet: Android, iPad, Windows 8, Blackberry PlayBook

Computador: Mac OS X, Windows 8, WebApp

PREÇO

Gratuito

É portuguesa, arrecadou o World Summit Award, em Abu Dhabi, em fevereiro, e é uma das referências internacionais do momento na categoria de negócios e comércio eletrónico. A Mobizy visa facilitar a gestão e a produtividade, individual ou coletiva, em qualquer local, a partir de qualquer dispositivo.

O objetivo desta aplicação é simplificar o quotidiano das empresas, o que pode passar por uma utilização diversificada, de acordo com as especificidades de cada negócio ou empresário. Tudo porque a Mobizy alberga um conjunto de funcionalidades ou até mesmo de serviços, que acabam por resultar na personalização da solução.

Uma personalização que abrange as áreas centrais da gestão, visto que entre as possibilidades base da

aplicação estão a administração de contactos, clientes, colaboradores e vendas. Tudo isto em tempo real e numa lógica de interação e de comunicação multidirecional.

No que aos clientes diz respeito, as ferramentas da Mobizy possibilitam armazenar e atualizar informação, que pode depois ser cruzada, de forma eficiente, com a área de vendas. E, no que concerne à área comercial, a app diz ser capaz de gerir a força de vendas à distância, com todas as ações mobile necessárias para essa tarefa.

Através das funcionalidades inerentes ao campo dos serviços empresariais, a Mobizy afirma ainda a sua importância na promoção da eficiência operacional, ou seja, das várias áreas técnicas de funcionamento da empresa, assegurando um controlo completo e preciso das equipas de trabalho.

E as equipas que estão sob coordenação da Mobizy que se cuidem. É que a app possui, inclusive, uma função apelidada de “Time Clock”, através da qual é possível melhorar a monitorização da assiduidade e até do cumprimento de horários. Uma opção que tem uma outra vantagem associada, sempre bem recebida pelos empresários: a economia de custos administrativos.

A Mobizy possui também uma dimensão social, que cria um canal

A APP DO ANO PARA NEGÓCIOS

de comunicação privilegiado, onde todos os membros da organização podem interagir com os mais diversos objetivos.

Ainda que a produtividade coletiva pareça assumir um lugar de destaque entre os pontos fortes da app, a verdade é que a Mobizy completa tudo isto com funcionalidades muito atrativas na ótica da organização pessoal. A opção “To Do” proporciona ferramentas práticas para a gestão do tempo e o planeamento de tarefas, uma vez mais com a possibilidade – hoje incontestável – de integrar todas as listagens de afazeres com os vários dispositivos de acesso.

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É um destaque incontornável para apresentar este projeto: Pablo Picasso, Salvador Dali e Joan Miró já tiveram obras expostas e leiloadas na P55 - Art & Auctions. Esta jovem loja e leiloeira de arte nascida na cidade do Porto propõe-se reinventar o negócio em torno da cultura e da arte em Portugal, promovendo leilões físicos e virtuais que reúnem obras de pintura contemporânea nacionais e internacionais, peças de coleção exclusivas, mobiliário moderno e pequenos elementos de decoração. Almada Negreiros, Paula Rego, Júlio Resende ou Joana Vasconcelos são autores de vulto nacionais já associados à leiloeira. Mas nem só de artistas reconhecidos vive o projeto, pelo contrário, ele é também palco de lançamento para novos talentos. A missão da P55 é clara: tornar economicamente acessíveis um conjunto de obras com qualidade, combatendo o tradicional estigma associado à aquisição de peças de arte. Ao potencial criativo da leiloeira acrescem números a considerar: a P55 faturou 1,5 milhões de euros no primeiro ano de atividade.

P55: A LEILOEIRA QUE JÁ ACOLHEU PICASSO, DALI E MIRÓ

weCREATE › ECONOMIA CRIATIVA

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