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    SUMRIO

    Prefcio .........................................................................................................................111 Noes Bsicas de Eletroqumica: Equilbrio ......................................................13

    1.1 Introduo ......................................................................................................131.2 Reaes Eletroqumicas .................................................................................141.3 Experincia da Gota Salina ............................................................................141.4 Energia Livre Eletroqumica ..........................................................................171.5 Energia de Ativao .......................................................................................181.6 Dissoluo do Metal .......................................................................................191.7 Eletrodo ..........................................................................................................201.8 Potencial de Eletrodo .....................................................................................211.9 Potencial de Equilbrio ...................................................................................24

    1.10 Influncia da Concentrao ............................................................................251.11 Srie Eletroqumica ........................................................................................261.12 Aplicaes da Equao de Nernst ..................................................................261.13 Efeito dos Complexantes................................................................................291.14 Densidade de Corrente de Troca ....................................................................301.15 Potencial de Carga Nula .................................................................................32

    2 Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica .........................................................352.1 Introduo ......................................................................................................352.2 Polarizao e Sobretenso ..............................................................................352.3 Polarizao de Ativao .................................................................................362.4 Curvas de Polarizao ....................................................................................40

    2.5 Reaes por Etapas ........................................................................................422.6 Efeito da Concentrao sobre a Densidade de Corrente de Troca .................472.7 Efeito da Adsoro Especfica .......................................................................492.8 Efeito dos Complexantes................................................................................502.9 Polarizao de Concentrao .........................................................................502.10 Polarizao de Cristalizao ..........................................................................532.11 Polarizao de Resistncia .............................................................................54

    3 Corroso Eletroqumica ..........................................................................................573.1 Introduo ......................................................................................................573.2 Potencial de Corroso ....................................................................................573.3 Tendncia Corroso .....................................................................................603.4 Efeito da Resistncia Eltrica do Eletrlito ....................................................623.5 Situao em que se tem mais de uma Reao Catdica .................................63

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    8 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    3.6 Corroso de um Metal que Pode Sofrer Passivao .......................................643.7 Clculo do Potencial e da Taxa de Corroso..................................................65

    4 Potencial de Corroso e Curvas de Polarizao ................................................714.1 Introduo ......................................................................................................714.2 Potencial de Corroso ....................................................................................714.3 Aplicaes do Potencial de Corroso .............................................................734.4 Curvas de Polarizao Experimentais ............................................................774.5 Levantamento das Curvas de Polarizao Experimentais ..............................814.6 Limitaes das Curvas de Polarizao Experimentais ...................................834.7 Curvas de Polarizao Verdadeiras...............................................................88

    5 Determinao da Taxa de Corroso e de outros Parmetros ...........................935.1 Introduo ......................................................................................................935.2 Equao de Wagner-Traud .............................................................................935.3 Mtodo de Extrapolao da Reta de Tafel .....................................................95

    5.4 Mtodo dos Trs Pontos .................................................................................975.5 Mtodo de Polarizao Linear .......................................................................995.6 Erros do Mtodo de Polarizao Linear .......................................................101

    5.6.1 Erros Devidos Aproximao Linear.......................................................1015.6.2 Erros Devidos ao Desconhecimento das Constantes de Tafel ..................102

    5.7 Simplificaes do Mtodo de Polarizao Linear ........................................1035.7.1 Mtodo do Eletrodo Duplo .......................................................................1035.7.2 Mtodo de Eletrodo Duplo Direto ............................................................105

    5.8 Constantes de Tafel no Mtodo de Polarizao Linear ................................1065.8.1 Mtodo Grfico de Mansfeld ....................................................................1065.8.2 Mtodo de Mansfeld para Computador ....................................................1065.8.3 Mtodo de Walter para Computador .........................................................107

    5.9 Efeito da Queda hmica no Mtodo de Polarizao Linear ........................108

    6 Tcnicas de Impedncia Eletroqumica ..............................................................1126.1 Introduo ....................................................................................................1126.2 Corrente Alternada .......................................................................................1126.3 Medida da Impedncia AC em Sistemas Eletroqumicos ............................1136.4 Anlise dos Resultados de Impedncia Eletroqumica.................................1146.5 Representaes Grficas ..............................................................................115

    6.5.1 Representao de Nyquist .........................................................................1156.5.2 Representao Linear ................................................................................1166.5.3 Representao Monologartmica ..............................................................1186.5.4 Representaes de Bode ...........................................................................119

    6.6 Outros Circuitos ...........................................................................................1216.7 Impedncia Faradaica...................................................................................1256.8 Interpretao Fsica dos Elementos do Circuito Equivalente .......................126

    6.8.1 Capacitor da Dupla Camada Cltrica (Cdc) ...............................................127Pseudocapacitor de Adsoro (C............................................................1276.8.3 Impedncia de Warburg ............................................................................129

    6.9 Algumas Aplicaes.....................................................................................1316.9.1 Revestimentos Polimricos .......................................................................1316.9.2 Estudo de Mecanismo de Corroso ...........................................................1346.9.3 Revestimentos de Converso ....................................................................1356.9.4 Corroso Localizada .................................................................................136

    6.10 Comentrios Finais ......................................................................................138

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    Sumrio 9

    7 Principais Ensaios Eletroqumicos Utilizados em Corroso ............................1417.1 Introduo ....................................................................................................1417.2 Corroso Generalizada .................................................................................141

    7.3 Corroso por Pite .........................................................................................1427.3.1 Tcnica Potenciocintica ou Potenciodinmica ........................................1437.3.2 Tcnica Potenciodinmica Cclica ............................................................1447.3.3 Tcnica Potenciosttica .............................................................................1457.3.4 Mtodo de Raspagem Eletroqumica....................................................1467.3.5 Mtodo Galvanosttico .............................................................................1467.3.6 Temperatura Crtica de Pite ......................................................................147

    7.4 Corroso em Frestas .....................................................................................1477.5 Corroso Intergranular .................................................................................148

    7.5.1 Ensaio de Ciclo Simples (SL- EPR) .........................................................1497.5.2 Ensaio de Ciclo Duplo (DL-EPR).............................................................1517.5.3 Ensaio Simplificado (S-EPR) ...................................................................152

    7.6 Corroso Galvnica ......................................................................................1527.6.1 Determinao da Srie Galvnica .............................................................1537.6.2 Medida da Corrente Galvnica .................................................................1547.6.3 Superposio das Curvas de Polarizao ..................................................156

    ndice Remissivo .......................................................................................................159

    Sobre o Autor .............................................................................................................163

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    PREFCIO

    A corroso de metais manifesta-se em diferentes tipos de meios, porm o meio

    em que ela ocorre com maior freqncia o aquoso. Nesse meio o mecanismo da cor-

    roso essencialmente eletroqumico. Assim, tcnicas eletroqumicas podem ser utili-

    zadas na avaliao, no controle e na investigao da corroso de metais sofrendo dife-rentes tipos de ataque corrosivo. So os casos, por exemplo, da medida da taxa de

    corroso por meio da tcnica de polarizao linear de um metal que sofre corroso

    generalizada, ou da determinao da suscetibilidade de um metal corroso por pite

    atravs da determinao do potencial de pite por meio de curvas de polarizao andi-

    ca.

    O presente livro procura fornecer as noes conceituais bsicas necessrias para

    a compreenso dos diferentes tipos de ensaios eletroqumicos utilizados em corroso,

    bem como para a adequada interpretao dos resultados obtidos nesses ensaios. Ele

    no se preocupa em fornecer detalhes de equipamentos utilizados nesses ensaios, quepodem ser encontrados em outras publicaes ou nos prprios manuais de uso desses

    equipamentos. Acreditamos que ele ser til tanto para aqueles que lidam rotineira-

    mente com os ensaios de corroso como para aqueles que pretendem envolver-se ou

    que j estejam envolvidos em pesquisa da corroso.

    O livro composto por sete captulos. Nos Captulos 1 e 2 so apresentadas as

    noes bsicas da eletroqumica, e no 3 so revistos os principais conceitos da corro-

    so eletroqumica. Os conhecimentos apresentados nesses captulos so essenciais

    para a compreenso dos fundamentos em que se baseiam os diferentes ensaios eletro-

    qumicos. Nos Captulos 4 e 5 so abordados os ensaios eletroqumicos que utilizam

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    12 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    corrente contnua, enquanto no Captulo 6 so examinados os ensaios de impedncia

    eletroqumica que utilizam corrente alternada. Finalmente, no ltimo captulo so des-

    critos os principais ensaios eletroqumicos utilizados em avaliaes e investigaes dacorroso de metais.

    O presente livro foi o coroamento de notas de aula da disciplina de ps-

    graduao Tcnicas Eletroqumicas em Corroso,ministrada desde 1989 no Curso de

    Ps-Graduao de Engenharia Metalrgica e de Materiais da Escola Politcnica da

    Universidade de So Paulo.

    Stephan Wolynec

    Junho 2002

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    NOES BSICAS DE ELETROQUMICA:EQUILBRIO

    1.1 INTRODUO

    Os fenmenos de corroso de metais envolvem uma grande variedade de meca-

    nismos que, no entanto, podem ser reunidos em quatro grupos, a saber:

    Corroso em meios aquosos (90%). Oxidao e corroso quente (8%). Corroso em meios orgnicos (1,8%). Corroso por metais lquidos (0,2%).

    Entre os parntesis est indicada, de forma estimada, a incidncia de cada um

    dos tipos de corroso. Nota-se que, de longe, a corroso em meios aquosos a mais

    comum, e isto esperado, uma vez que a maioria dos fenmenos de corroso ocorre

    no meio ambiente, no qual a gua o principal solvente. A prpria corroso atmosf-

    rica, que uma das de maior incidncia, ocorre pela condensao da umidade na su-

    perfcie do metal.

    Atualmente aceita-se que os dois primeiros grupos so caracterizados por pro-

    cessos essencialmente eletroqumicos. J a natureza dos processos que ocorrem nos

    dois ltimos grupos no pode ser precisada, uma vez que os seus mecanismos ainda

    no foram devidamente estabelecidos.

    Na presente obra, a preocupao bsica com a corroso em meios aquosos.

    Dessa forma, para a sua compreenso, essencial o conhecimento dos fundamentos de

    eletroqumica em meio aquoso, a seguir apresentados.

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    entre as duas reas um precipitado de colorao marrom (distribuio secundria).

    As reaes que ocorrem dentro da gota esto indicadas esquematicamente na

    Figura 1.2, que representa a gota vista de lado (Scully, 1975).O aparecimento da rea azul deve-se formao de ons ferrosos segundo a rea-

    o:

    FeFe2++ 2e . (1.1)

    Trata-se de uma reao andica, que uma reao de oxidao, visto que os e-

    ltrons so produtos na reao.

    O aparecimento da rea rosa, por sua vez, devido formao do on hidroxila

    a partir do oxignio dissolvido na soluo segundo a reao:

    O2+ 2H2O + 4e4OH . (1.2)

    Figura 1.1 Aspecto da gota salina vista de cima logo no incio do ensaio (a) (distribuio primria) e um certo tempo

    depois (b) (distribuio secundria) (Evans, 1981).

    A reao (1.2) uma reao catdica, isto , uma reao de reduo, uma vez

    que os eltrons so reagentes na reao. Ela mais conhecida como reao de redu-

    o do oxignio. Esta reao ocorre graas aos eltrons que so gerados pela reao

    andica e que se deslocam atravs do metal da regio azul para a regio rosa, isto , da

    regio andica para a regio catdica, conforme indicado na Figura 1.2.Assim, as duas reaes acima ocorrem simultaneamente graas passagem a-

    travs do metal de corrente eltrica da regio em que ocorre a dissoluo do metal

    (regio andica) para a regio em que ocorre a reduo do oxignio (regio catdica).

    Estas reaes, de natureza eletroqumica, constituem-se em reaes bsicas do proces-

    so corrosivo que tem lugar dentro da gota salina.

    Rosa (catdica) Azul (andica)

    (a) (b)

    Marrom (ferrugem)

    Ferrugem

    Fluxo deeltrons

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    16 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    Figura 1.2 Gota salina vista de lado na distribuio secundria, com indicao das reaes que nela ocorrem (Scully,

    1975).

    As reaes acima, no entanto, no so nicas e elas, medida que prosseguem,desencadeiam uma srie de outros processos.

    A reao (1.2) consome o oxignio dissolvido na gota. Este fato responsvel

    pela passagem da distribuio primria para a secundria, pois, medida que o oxig-

    nio originalmente dissolvido na gota vai sendo consumido, novo oxignio se dissolve

    na gota a partir da atmosfera. Com isso ocorre um gradual deslocamento das reas

    catdicas para a periferia da gota, pois nesta regio que o oxignio fica mais facil-

    mente disponvel. As reas andicas, por sua vez, concentram-se na regio central da

    gota onde o acesso do oxignio o mais difcil. Cria-se, assim, uma situao de sepa-

    rao quase completa entre os dois tipos de reas.

    O consumo do oxignio pela reao catdica responsvel pelo aparecimento

    dos seguintes processos, que podem desempenhar um importante papel no desenvol-

    vimento do processo corrosivo:

    Dissoluo do oxignio na gota (passagem do oxignio do ar para a soluo a-travs da interface eletrlito-atmosfera).

    Transporte do oxignio atravs da soluo por difuso e conveco.Uma outra conseqncia das duas reaes eletroqumicas bsicas a precipita-

    o do produto marrom. Trata-se de um produto final do processo corrosivo, mais

    conhecido comoferrugem. Ele tem uma composio complexa, porm basicamente

    constitudo por compostos da forma FeOOH e Fe3O4. A formao do primeiro com-posto ocorre por uma reao no eletroqumica do tipo:

    2Fe2++ 4OH+ O22FeOOH + H2O , (1.3)

    enquanto o segundo seria formado a partir do primeiro por uma reao eletroqumica

    catdica do tipo:

    8FeOOH + Fe2++ 2e3Fe3O4+ 4H2O . (1.4)

    Conforme indicado pela equao (1.3) a ferrugem resultante da reao entre o

    on ferroso formado na rea andica e a hidroxila formada na rea catdica, razo por

    que a sua precipitao ocorre entre as duas reas em conseqncia do encontro dosdois ons.

    Finalmente, ocorre mais uma reao em conseqncia das duas reaes eletro-

    qumicas bsicas. Na regio perifrica, devido elevao do pH provocada pela pro-

    duo de ons hidroxila, criam-se condies favorveis formao de uma pelcula de

    xido na superfcie do metal de acordo com a reao:

    3Fe + 4H2OFe3O4+ 8H++ 8e . (1.5)

    Esta pelcula, que aderente ao metal e extremamente fina (da ordem de 4

    nm), conhecida como pelcula passiva, enquanto a reao (1.5) designada como

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    reao de passivao. Na regio em que se forma a pelcula passiva o metal pratica-

    mente no corrodo devido s propriedades protetoras dessa pelcula, no entanto, ela

    no evita a passagem dos eltrons, necessrios para a ocorrncia da reao (1.2), poisse trata de um xido semicondutor.

    1.4 ENERGIA LIVRE ELETROQUMICA

    Sabe-se que, do ponto de vista termodinmico, a ocorrncia de uma reao qu-

    mica est associada variao da energia livre qumica G. Para uma reao do tipo:

    aA + bB +...mM + nN +... , (1.6)

    a variao de energia livre qumica dada por:G= (mGM+ nGN+...) (aGA+ bGB+...) , (1.7)

    onde GA, GB, ..., GM, GN, ... so as energias livres qumicas dos reagentes A, B, ... e

    dos produtos M, N, ..., respectivamente, da reao (1.6). Para que esta reao ocorra

    espontaneamente necessrio que G< 0. Se G= 0, a reao estar em equilbriodinmico, isto , a velocidade da reao nos dois sentidos ser idntica. E se G> 0, areao proceder no sentido inverso ao indicado na equao (1.6).

    Consideremos agora uma reao eletroqumica do tipo:

    aA + bB +...+zemM + nN +... . (1.8)

    A variao da energia livre qumica Gdesta reao tambm dada pela equa-o (1.7), no entanto, a sua espontaneidade ou equilbrio no so mais determinadas

    por G.Se uma dada entidade qumica, possuindo uma energia livre qumica G, carre-

    gada eletricamente, ento ela possuir tambm uma energia eltrica q, onde q cargaeltrica e o potencial eltrico no ponto em que esta carga se encontra. Assim, aenergia total de uma entidade qumica carregada eletricamente ser:

    Gel= G+ q (1.9)

    A quantidade Gel chamada energia livre eletroqumicae para uma substnciano carregada eletricamente ela ser igual sua energia livre qumica.

    Dessa forma, uma reao eletroqumica do tipo (1.8), na qual ocorre uma ntida

    separao de cargas atravs da produo ou eliminao de ons ou eltrons, ser de-

    pendente da variao de energia livre eletroqumica, de modo que, quando:

    Gel< 0, a reao (1.8) ser espontnea; Gel= 0, a reao (1.8) estar em equilbrio; e Gel> 0, a reao (1.8) ocorrer espontaneamente no sentido oposto ao indica-

    do.

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    Como a velocidade vde uma reao proporcional a esse nmero, a dependncia de v

    com a temperatura T dada por:

    RTGBv *exp , (1.11)

    conhecida como equao de Arrhenius, ondeB uma constante eR a constante uni-

    versal dos gases (R= 8,31 J/mol.K = 8,7x10-5eV/K). O valor deRest relacionado

    constante de Boltzmann pela relao:

    R=Nok , (1.12)

    ondeNo o nmero de Avogadro (No= 6,02x10

    23tomos/mol).

    A equao de Arrhenius tambm aplicvel a equaes eletroqumicas. Contu-

    do, como numa reao eletroqumica ocorre consumo ou formao de carga eltrica, asua velocidade de reao normalmente expressa em termos de densidade de cor-

    rente eltricai. De fato, para uma equao do tipo (1.8) a velocidade da reao pode

    ser expressa como:

    iA

    I

    Adt

    dqv , (1.13)

    onde dq a quantidade de carga eltrica consumida no tempo dteA a rea da super-

    fcie em que a reao ocorre. Pela lei de Faraday a carga q est relacionada com a

    carga do eltron pela relao:

    q=zF , (1.14)

    ondeF=Noe e chamada de constante de Faraday (F= 96,494 kC/mol).

    Dessa forma, a equao de Arrhenius aplicada a uma equao eletroqumica

    expressa como:

    RT

    GzFKi

    *exp , (1.15)

    ondeK uma constante.

    1.6 DISSOLUO DO METAL

    A dissoluo de um metal normalmente representada como:

    MeMez+

    +ze ; (1.16)

    contudo, a forma mais correta seria:

    Me + nH2OMe(H2O) zn +ze . (1.17)

    A razo para esta ltima representao est no fato de as molculas de gua se-

    rem polares, isto , apresentarem o centro de gravidade das cargas positivas distinto

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    20 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    do das cargas negativas. Dessa forma, as molculas de gua acabam sendo agregadas

    ao on metlico pela ao das foras do campo eletrosttico por ele criado quando se

    passa do metal para a soluo. Um on, portanto, um agregado do metal, despojadodos seus eltrons de valncia, e de um certo nmero de molculas de gua, conforme

    ilustrado esquematicamente na Figura 1.4.

    Figura 1.4 Representao esquemtica de um on metlico. Os componentes ovais representam as molculas polares

    de gua.

    A rigor a configurao verdadeira de um on espacial, sendo do tipo tetradri-

    coquando n= 4 e do tipo octadrico quando n= 6. As molculas de gua que partici-

    pam do on formam a bainha de solvatao primria e cada molcula constitui umligante.

    Em algumas solues o ligante pode ser uma outra molcula que no gua (p.

    ex. NH3) ou mesmo um on (p. ex. CN). o caso dos ons complexos comoCu(NH3)

    24

    ou Ag(CN) 2 . No primeiro caso as quatro molculas de gua foram substi-

    tudas pelas molculas de amnia, enquanto no segundo apenas duas molculas de

    gua foram substitudas pelo on cianeto. Uma forma mais completa de representar o

    ltimo on seria Ag(H2O)2(CN)2 .

    Qualquer que seja a constituio da bainha de solvatao primria, a sua funo

    a de proteger as molculas de gua ou ons vizinhos do intenso campo eltrico pro-duzido pelo on metlico e, alm disso, prover ao prprio on um entorno eletrnico o

    mais semelhante possvel quele existente na superfcie do metal.

    1.7 ELETRODO

    Quando um metal mergulhado numa soluo aquosa, imediatamente se inicia

    a reao (1.17), com formao dos ons dentro da soluo e com a permanncia dos

    eltrons dentro do metal. Estes eltrons carregam eletricamente o metal e criam um

    campo eltrico dentro da soluo, com que faz que os ons, que so carregados positi-

    Mez+ ++

    +

    +

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    vamente, tendam a ficar retidos na vizinhana da interface metal-soluo. Aps um

    tempo relativamente curto (frao de segundo) estabelece-se uma situao de equil-

    brio ou estado estacionrio, caracterizada pela formao da chamada dupla camada. Aestrutura mais aceita de uma dupla camada eltrica (West, 1970) a indicada na Figu-

    ra 1.5.

    Nota-se nesta configurao a presena da dupla camada de Helmholtz, a qual se

    assemelha a um condensador eltrico, e de uma camada difusa, conhecida como ca-

    mada de Gouy-Chapman, na qual os ons se espalham por uma distncia de aproxima-

    damente um mcron (1 m). O plano P, saturado com ons metlicos, chamado deplano de Helmholtz externo, enquanto o plano Q, que forma a regio em que os ons

    no solvatados (sem a bainha de solvatao) ou parcialmente solvatados podem ser

    especificamente adsorvidos, constitui oplano de Helmholtz interno. A estrutura inteira

    da dupla camada eltrica depende de fatores tais como: o grau de agitao da soluo,

    quais outros ons alm de Mez+esto presentes e em qual quantidade, e outros.

    Um metal que forma uma dupla camada eltrica chamado de eletrodo.

    Figura 1.5 Estrutura da dupla camada eltrica (West, 1970).

    1.8 POTENCIAL DE ELETRODO

    O exame de uma dupla camada eltrica mostra claramente que na interface me-

    tal-soluo h uma distribuio de cargas eltricas tal que uma diferena de potencial

    se estabelece entre o metal e a soluo. A magnitude dessa diferena de potencial

    plan o d e H elm holtzinterno plano de Helmholtz ex-

    terno

    eletrlito depropriedadesnormais

    nion no solvatado

    aquoctionmetal

    HDL = dupla camada de HelmholtzGCL = camada de Gouy-Chapman

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    22 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    dependente do sistema em considerao e a sua determinao apresenta interesse tanto

    de ordem cientfica como tcnica.

    Seja oM o potencial do metal e M o potencial num ponto remoto dentro dasoluo. Assim, a diferena de potencial atravs da dupla camada eltrica ser:

    MMMo

    o , (1.18)

    ou

    oMMMo , (1.19)

    donde

    Mo

    Mo . (1.20)

    A medida do valor absoluto dessa diferena de potencial invivel, pois qual-

    quer que seja o sistema de medida adotado, o mesmo implicar a imerso dentro da

    soluo de um terminal metlico que ir dar origem a um outro eletrodo. Assim, o que

    se faz medir uma diferena de potencial relativa com relao a um eletrodo de refe-

    rncia.

    Convencionou-se, assim, definir um eletrodo de referncia padro, de potencial

    zero,com relao ao qual todas as medidas de potencial seriam referidas, porm no

    necessariamente medidas. Trata-se do eletrodo padro de hidrognio, que consiste em

    uma barra de platina platinizada imersa numa soluo cida padro (1,2 M HCl, para a

    qual a atividadedo on H+ unitria, isto , 1H a ), mantida a 25 oC e atravs daqual se borbulha hidrognio purificado a 1 atm de presso. Nessas condies poss-

    vel levar ao equilbrio a reao:

    2H++ 2eH2(g) , (1.21)

    a qual provoca uma separao de cargas eltricas na superfcie inerte da platina, esta-

    belecendo uma diferena de potencial Mo entre o gs de hidrognio adsorvido no

    metal e os ons de hidrognio dissolvidos.

    Dessa forma, a medida do potencial de um eletrodo qualquer Me com relao ao

    eletrodo padro de hidrognio pode ser esquematizada como:

    Me

    oM

    Eletrlito contendo H+e Mez+

    convenientemente separadosum do outro de modo que

    M = H

    M H

    Pt, H2

    oH

    Mo H

    o

    Tem-se, assim, uma clula entre cujos eletrodos existe umafem(fora eletromo-

  • 8/10/2019 Wolynec-Tecnicas-Eletroquimicas.pdf

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Equilbrio 23

    triz)Eque pode ser expressa como:

    oo HM E

    HHMM oo

    Ho

    Mo . (1.22)

    Como, por conveno, 0Ho , resulta:

    Mo E , (1.23)

    isto , a diferena de potencial entre o metal Me e a soluo numericamente igual

    femEmedida entre Me e o eletrodo de referncia.

    A platinizao da platina, isto , a eletrodeposio de platina em forma de finas

    partculas sobre a barra de platina, tem por objetivo produzir uma superfcie com reaefetiva grande, e com isso se consegue rapidamente o equilbrio da reao (1.21).

    Nas medidas com eletrodo padro de hidrognio essencial o emprego de uma

    ponte salinaentre o recipiente que contm a soluo cida padro e aquele em que se

    encontra o eletrodo cujo potencial se deseja medir.

    Na prtica, devido sua complexidade, o eletrodo padro de hidrognio rara-

    mente utilizado. Utilizam-se, em seu lugar, eletrodos de referncia secundrios, tais

    como:

    Eletrodo de calomelano, o qual consiste de mercrio, coberto por uma pasta de

    Hg2Cl2, imerso num eletrlito contendo ons cloreto, normalmente KCl. No ele-trodo de calomelano saturado (ECS), o eletrlito est saturado com KCl e o seu

    potencial com relao ao eletrodo padro de hidrognio igual a +0,242 V a 25

    C. o eletrodo preferido em ensaios de laboratrio.

    Eletrodo de prata-cloreto de prata, o qual consiste de prata revestida de AgCl.Este eletrodo pode dispensar a ponte salina desde que existam pelo menos tra-

    os de ons cloreto na soluo. Uma outra vantagem a possibilidade de se uti-

    lizar um eletrodo de dimenses reduzidas (p. ex., um fio fino de prata). O seu

    potencial com relao ao eletrodo padro de hidrognio igual a +0,2225 V a

    25 C.

    Eletrodo de cobre-sulfato de cobre, o qual consiste numa barra de cobre eletro-ltico imersa numa soluo saturada de sulfato de cobre. muito utilizado na

    medio do potencial de eletrodo de estruturas enterradas, tais como os oleodu-

    tos, os aquedutos e outras. O contato do eletrodo com o solo se faz atravs de

    uma tampa de madeira suficientemente porosa. O seu potencial com relao ao

    eletrodo padro de hidrognio igual a +0,316 V a 25 C.

    Qualquer potencial de um eletrodo cuja medida tenha sido feita em relao a um

    eletrodo de referncia, tanto primrio como secundrio, designado como potencial

    de eletrodo. Costuma-se indicar entre parntesis ou como subscrito o smbolo do ele-

    trodo de referncia ao qual esse potencial referido; assim, um potencial de eletro-

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    24 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    do de 0,345 V(H) ou 0,345 VHsignifica que o mesmo referido ao eletrodo padrode hidrognio, enquanto na escala do eletrodo de calomelano saturado esse potencial

    seria expresso como 0,587 V(ECS) ou 0,587 VECS.

    1.9 POTENCIAL DE EQUILBRIO

    Se a dupla camada eltrica formada sobre um eletrodo for dependente de uma

    nica reao eletroqumica e se esse eletrodo no estiver ligado eletricamente a ne-

    nhum outro eletrodo ou fonte eltrica, ento, essa reao atingir numa frao de se-

    gundo o equilbrio, isto , a velocidade dessa reao nos dois sentidos ser idntica.

    Assim, a reao eletroqumica genrica (1.8) nas condies de equilbrio ser indicada

    como:

    aA + bB +...+ze mM + nN +... , (1.24)

    ou

    Ox +zeRed , (1.25)

    onde Ox e Red representam, de forma genrica, os componentes da reao (1.24) que

    se encontram no estado oxidado e reduzido, respectivamente.

    Um eletrodo nessas condies estar emequilbrio e o seu potencial de eletrodo

    designado comopotencial de equilbrio oupotencial reversvel, sendo indicado co-

    moEe.Na prtica so poucos os eletrodos capazes de estar em equilbrio. Contudo, o

    conceito de potencial de equilbrio estendido a qualquer reao eletroqumica como

    sendo o potencial de eletrodo que o eletrodo assumiria se apenas essa reao fosse

    responsvel pela formao da dupla camada eltrica.

    Um caso particular e importante o equilbrio da reao (1.16), que represen-

    tado como:

    Mez++zeMe (1.26)

    e cuja dupla camada eltrica est esquematizada na Figura 1.5.

    semelhana da conveno que se adotou para o potencial eltrico [ver as e-

    quaes (1.18) a (1.20)], seja oMG a energia livre qumica de um mol do metal na su-

    perfcie e MG a energia livre qumica de um mol de Mez+ em soluo num ponto

    remoto da soluo. De acordo com essa conveno, pode-se escrever:

    MMMo

    o GGG , (1.27)

    oMMMo GGG , (1.28)

    Mo

    Mo GG . (1.29)

    Para as condies de equilbrio da reao (1.26), a variao da energia livre ele-

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Equilbrio 25

    troqumica dever ser nula, isto , elMelMo GG . Lembrando (1.9), pode-se escrever:

    MMMM oo zFGzFG , (1.30)

    ou

    MMMM oo zFGG , (1.31)

    donde

    Mo

    Mo zFG . (1.32)

    Considerando que Mo G a variao da energia livre qumica que acompanha

    a deposiode 1 mol de Mez+sobre a superfcie do metal, de agora em diante repre-

    sentada simplesmente por G, e levando em conta a relao (1.23), a equao (1.32)

    pode ser reescrita como:

    ezFEG . (1.33)

    Esta equao, que pode ser estendida a qualquer reao eletroqumica do tipo

    (1.25), estabelece a relao entre o potencial de equilbrio e a variao de energia livre

    qumica dessa reao sofrendo reduo. Assim, por exemplo, se na oxidao de ferro a

    Fe2+a variao de energia livre qumica for de 84,8 kJ/mol, o potencial de equilbrioser:

    44,0964942

    84800e

    E V ,

    pois, na reduo de Fe2+a Fe, essa variao de sinal oposto [ver a equao (1.29)].

    1.10 INFLUNCIA DA CONCENTRAO

    Consideremos uma reao qumica do tipo (1.6) em equilbrio. Para esta reao

    vlida a isoterma de vant Hoff (Darken & Gurry, 1953):

    ...

    ...ln

    bB

    aA

    nN

    mMo

    aa

    aaRTGG

    , (1.34)

    onde aA, aB,..., aM, aN,... so as atividades (isto , concentraes efetivas) de A, B, ...,

    M, N, ..., respectivamente, e G o valor que Gassume quando essas atividadesassumem valor unitrio. Esta equao vlida tambm para a reao (1.24) ou (1.25),

    podendo ser escrita como:

    OxRed

    lno RTGG , (1.35)

    onde ...Ox bBaA aa e ...Red

    nN

    mM aa

    Considerando a equao (1.33), resulta:

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    26 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    Ox

    dRelnoe RTzFEzFE , (1.36)

    ondeE o potencial de equilbrio quando as atividades dos reagentes e dos produtosso unitrias, designado comopotencial de eletrodo padro.

    De (1.36) resulta:

    dRe

    Oxlnoe

    zF

    RTEE (1.37)

    conhecida como equao de Nernst.

    Para 25 C, ou seja, T = 298 K, esta equao pode ser escrita como:

    RedOx

    log059,0o

    ez

    EE (volts) . (1.38)

    A aplicao da equao de Nernst para a reao (1.26) conduz a:

    zMeo

    e log059,0

    az

    EE (volts) , (1.39)

    uma vez que aMe= 1.

    1.11 SRIE ELETROQUMICA

    O conjunto de valores dos potenciais de eletrodo padro E das diferentes rea-es eletroqumicas constitui a srie eletroqumica. Na Tabela 1.1 esto reunidos os

    valores das principais reaes. Esses valores foram determinados por medidas experi-

    mentais diretas ou indiretas, ou mesmo a partir de valores da energia livre qumica

    atravs da equao (1.33).

    1.12 APLICAES DA EQUAO DE NERNST

    O exame da equao (1.37) indica que, uma vez conhecido o valor de E para

    uma dada temperatura, possvel determinar para essa temperatura o potencial de

    equilbrio de uma reao eletroqumica em funo das atividades dos produtos e rea-

    gentes. Assim, para clculos do potencial de equilbrio a 25 C podem ser utilizados os

    valores deE da Tabela 1.1.

    Para outras temperaturas os valores de E devero ser procurados em manuais

    de qumica ou na prpria literatura eletroqumica. Como em alguns casos a variao

    deEcom a temperatura pouco significativa, podem-se utilizar os valores da Tabela

    1.1 para um clculo aproximado do potencial de equilbrio numa temperatura qual-

    quer, desde que no seja muito afastada de 25 C.

    A seguir, sero apresentados alguns exemplos de aplicao da equao de

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Equilbrio 27

    Nernst:

    (1) Determinar o potencial de equilbrio do eletrodo de ferro a 25 oC quando imerso

    numa soluo 0,1 M FeSO4.

    Tabela 1.1 Srie eletroqumica das principais reaes a 25 C.

    Reao Eo(VH)

    Al(OH)4 + 3eAl + 4OH

    2,35

    Mg2++ 2eMg 2,34

    Al3++ 3eAl 1,67

    Zn(OH) 24+ 2eZn + 4OH 1,216

    Zn(NH3) 24 + 2e

    Zn + 4NH3 1,03

    Zn2++ 2e Zn 0,762Fe2++ 2e Fe 0,440

    Cd2++ 2eCd 0,402

    PbSO4+ 2ePb + SO 24

    0,35

    Ni2++ 2eNi 0,250

    Sn2++ 2eSn 0,136

    Pb2++ 2ePb 0,126

    H++ eH2 0

    Cu2++ eCu+ +0,16

    SO 2

    4 + 4H

    +

    + 2e

    H2SO3+ H2O +0,20Cu2+

    + 2eCu +0.34

    O2+ 2H2O + 4e4OH +0.40

    I2+ 2e 2I

    +0,53

    O2+ 2H++ 2eH2O2 +0.68

    Fe3++ eFe2+ +0,77

    Hg 22 + 2e2Hg +0,79

    Ag++ eAg +0,80

    NO 3 + 2H++ eNO2+ H2O +0,81

    Hg2++ 2eHg +0,85

    2Hg2++ 2e Hg 22 +0,91

    NO 3 + 3H++ 2e HNO2+ H2O +0,94

    NO 3 + 4H++ 3eNO + 2H2O +0,96

    Br2+ 2e 2Br +1,06

    O2+ 4H++ 4e2H2O +1,22

    Cl2+ 2e 2Cl

    +1,35

    Cr2O 27

    + 14H++ 6e2Cr3++ 7H2O +1,36

    Au3++ 3eAu +1,42

    MnO4 + 8H++ 5eMn2++ 4H2O +1,52

    SO

    2

    4 + 4H

    +

    + PbO2+ 2e

    PbSO4+ 2H2O +1,63

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    28 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    H2O2+ 2H++ 2e 2H2O +1,77

    S2O 28 + 2e

    2SO 24 +2,05

    F2+ 2e

    2F

    +2,85

    Para a reao Fe2++ 2eFe, tem-se z= 2 e, segundo a Tabela 1.1, E =

    0,440 V; assim, assumindo 2Fea = 0,1 M e usando a equao (1.39), resulta:

    Ee= 0,440 + 0,03 log 101= 0,47 VH

    (2) Determinar o potencial de equilbrio do ferro a 25 oC quando imerso em gua des-

    tilada.

    A atividade do ferro em gua destilada no nula pois, por melhor que seja o

    processo de purificao, qualquer substncia se apresenta contaminada por todos oselementos da tabela peridica. Alm disso, no prprio momento de imerso do ferro

    ocorrer uma certa contaminao da gua com ons ferrosos. Por esse motivo, conven-

    ciona-se que o nvel de contaminao num dado elemento de qualquer substncia con-

    siderada pura de 106M.

    Assim, em gua destilada, 2Fea = 106M e, portanto:

    Ee= 0,440 + 0,03 log 106= 0,62 VH

    (3) Determinar o potencial de equilbrio a 25 oC da reao de reduo do hidrognio

    em funo do pH.Por conveno, o valor de Epara essa reao nulo, pois ela constitui a base

    do eletrodo padro de hidrognio [ver equao (1.21)]. Assim, aplicando a equao

    (1.38), resulta:

    2H

    2H

    H/Hlog

    2

    059,0

    p

    aE

    ,

    onde2H

    p a presso parcial de hidrognio. Desenvolvendo, obtm-se:

    2HHH/Hlog03,0log059,0 paE .

    Como HlogpH a , vem:

    2HH/Hlog03,0pH059,0 pE . (1.40)

    Na maioria dos casos, o segundo termo desprezvel com relao ao primeiro,

    pois o valor de2H

    p prximo de 1 atm. Somente em situaes de elevada presso

    como, por exemplo, as encontradas no fundo do mar, que o segundo termo deve ser

    mantido. Assim, em situaes comuns, tem-se:

    pH059,0H/H

    E . (1.41)

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Equilbrio 29

    (4) Determinar o potencial de equilbrio a 25 oC da reao de reduo do oxignio em

    funo do pH.

    Segundo a Tabela 1.1, o valor de E

    para essa reao [reao (1.2)] igual a+0,401 V. Assim, de acordo com a equao (1.38) e tendo em vista que OH 2a = 1,

    resulta:

    4OH

    Oe

    -

    2log4

    059,0401,0

    a

    pE ,

    onde2O

    p a presso parcial de oxignio. Desenvolvendo, resulta:

    2- OOHe

    log015,0log059,0401,0 paE .

    Lembrando que para a reao H2O = H++ OHa constante de dissociao i-

    gual a 1014, ou seja:

    14OHH

    10 aa ,

    resulta:

    14loglogOHH

    -aa ,

    ou:

    14pHlogOH

    -a ,

    uma vez que HlogpH a . Substituindo na expresso deEetem-se:

    2Oelog0,015pH059,0227,1 pE . (1.42)

    Por consideraes semelhantes s feitas com relao 2H

    p no exemplo anterior,

    na maioria dos casos, o ltimo termo pode ser desprezado, resultando:

    Ee= 1,227 0,059 pH . (1.43)

    Verifica-se, assim, que o potencial de equilbrio da reao de reduo do oxig-

    nio varia com pH de modo semelhante ao da reduo de hidrognio, porm o seu valor

    1,227 V maior.

    1.13 EFEITO DOS COMPLEXANTES

    Como se sabe as molculas de gua no se constituem nos nicos ligantes dis-

    ponveis para a formao dos ons em meios aquosos. Diversos nions, como CN,

    OHe P2O 47 , e molculas, como NH3, podem participar da bainha de solvatao pri-

    mria, levando formao de ons complexos, que podem ser mais estveis que os

    correspondentes aquoons. o caso, por exemplo, do cobre em solues que contm

    cianetos, cujo on complexo Cu(CN)

    2

    3 147 kJ/mol mais estvel que o corresponden-

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    30 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    te aquoon Cu(H2O)4 .

    O efeito dos complexantes sobre o perfil de variao da energia livre qumica G

    atravs da interface metal-eletrlito ilustrado na Figura 1.6.Observa-se que o nvel energtico do on complexo zcomplexM stabG mais

    baixo do que o do aquoon zaqM , com:

    stabaqcomplex GGG , (1.44)

    onde complexG a variao de energia livre para formar o on complexo, aqG avariao de energia livre para formar o aquoon, e stabG a energia de estabilizaodo on complexo.

    Figura 1.6 Efeito do complexante sobre o perfil de variao da energia livre qumica Gatravs da interface metal-

    eletrlito. Linha cheia: on complexo; linha interrompida: aquoon.

    Os valores da energia de estabilizao para diferentes ons complexos so dados

    na Tabela 1.2. Quando o on complexo e o complexante residual esto presentes em

    concentraes unimolares, o potencial de equilbrio fica mais negativo do que o cor-

    respondente potencial de eletrodo padro do aquoon, por uma quantidade (em V)

    igual ao valor indicado na ltima coluna (eV).

    Em resumo, a complexao desloca as curvas de polarizao para potenciais

    mais bsicos.

    1.14 DENSIDADE DE CORRENTE DE TROCA

    Para uma reao eletroqumica genrica do tipo:

    Red Ox +ze , (1.45)

    Distncia

    G

    MMz+aq

    Mz+complex

    Gaq

    Gstab

    Gcomplex

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Equilbrio 31

    sejam ioxa velocidade dessa reao no sentido Red Ox e ireda sua velocidade nosentido oposto. No equilbrio, essas duas velocidades sero iguais em valor absoluto e

    a este valor comum d-se o nome de densidade de corrente de troca, a qual designa-da por io. Assim:

    redoxo iii . (1.46)

    Tabela 1.2 Energia de estabilizao Gstabpara diferentes ons complexos (West, 1970).

    Complexante on on complexostabG

    (kJ/mol)stabG

    (eV)

    CN

    Ag+ Ag(CN) 2 122 1,26

    Cu+

    Cu(CN) 23 147 1,52

    Cd2+

    Cd(CN) 24 108 0,56

    Zn2+

    Zn(CN) 24 116 0,60

    Fe2+

    Fe(CN) 46 139 0,72

    Fe3+

    Fe(CN) 36 179 0,62

    OH

    Zn2+

    Zn(OH) 24 87 0,45

    NH3 Cu+ Cu(NH3)

    2 63 0,65

    Cu2+ Cu(NH3) 24 79 0,41

    P2O 47 Cu2+ Cu(P2O7) 62 62 0,32

    Zn2+ Zn(P2O7)

    62 39 0,20

    A variao da energia livre eletroqumica numa interface metal-soluo em e-

    quilbrio est representada na Figura 1.7.Como no equilbrio Gel= 0, os nveis ener-gticos dos poos energticos terminais so iguais, e com isso a energia de ativao

    nos dois sentidos da reao ser a mesma, sendo designada como energia de ativao

    de equilbrio *eG .

    Distncia

    Gel

    M Mz+

    G *e

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    32 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    Figura 1.7 Variao da energia livre eletroqumica atravs de uma interface metal-soluo em equilbrio.

    Desse modo, de acordo com a equao (1.15), a dependncia de iocom a tempe-

    ratura ser dada por:

    RT

    GzFKi

    eo exp . (1.47)

    1.15 POTENCIAL DE CARGA NULA

    Na dupla camada eltrica indicada na Figura 1.5, o metal est carregado com

    cargas eltricas negativas (eltrons que permaneceram no metal aps a passagem dosons para a soluo). No entanto, se a soluo j estivesse com uma concentrao ele-

    vada dos ons metlicos, a formao da dupla camada eltrica poderia ocorrer por um

    processo de deposio dos ons metlicos e, neste caso, o metal ficaria carregado com

    cargas eltricas positivas. evidente, ento, que dever existir uma concentrao tal

    que durante a formao da dupla camada no h carregamento do metal e, neste caso,

    ele ficar com carga nula.

    A variao da carga do metal pode ser obtida tambm pela variao do seu po-

    tencial de eletrodo, uma vez que neste caso sero removidos ou adicionados eltrons

    ao metal. Num certo potencial, a carga do metal ser nula e, neste caso, ele designa-do como potencial de carga nula Eq=0. Uma evidncia experimental do potencial de

    carga nula est ilustrada na Figura 1.8.

    Figura 1.8 Variao da tenso superficial do mercrio em funo do potencial de eletrodoE.

    E

    Eq= 0

    qM> 0 qM< 0

    Ee

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Equilbrio 33

    Nessa figura est apresentada a variao da tenso superficial do mercrio,que como se sabe lquido a temperatura ambiente, em funo do potencial de eletro-

    do. Essa variao ocorre com um mximo, o qual corresponde exatamente ao potenci-al de carga nula. Quando o mercrio est carregado, seja com cargas positivas seja

    com negativas, a repulso que existe entre estas tende a diminuir o valor da tenso

    superficial.

    A importncia do potencial de carga nula est associada aos fenmenos de ad-

    soro de diversas espcies no plano de Helmholtz interno, em particular dos inibido-

    res solveis de corroso.

    EXERCCIOS

    1. Determine os potenciais de eletrodo padro dos eletrodos Mg/Mg2+, Fe/Fe2+,

    Al/Al3+e Ag/Ag+, sabendo-se que as variaes da energia livre padro das correspon-

    dentes reaes de oxidao so 456.9 kJ/mol, 84,9 kJ/mol, 479,9 kJ/mol e +76,9kJ/mol, respectivamente.

    2. Determine os potenciais de equilbrio dos eletrodos do exerccio anterior a 25 C e

    para atividades inicas de 103M e 106M, respectivamente.

    3. Calcule, para o eletrodo Ni/Ni2+numa soluo 0,05M NiCl2,os potenciais de equi-

    lbrio a 0 C e 80 C, respectivamente. Admitir que o potencial de eletrodo padro

    deste eletrodo invariante com a temperatura.

    4. Determine a dependncia entre o potencial de equilbrio e o pH para a reao:

    Zn(OH) 24 + 2eZn + 4OH

    ,

    numa soluo contendo 0,5 M dos ons complexos de zinco.

    5. Calcule a presso de hidrognio necessria para que o potencial de equilbrio de

    H+/H2numa soluo 0,1M FeCl2de pH = 8,5 seja igual ao potencial de equilbrio do

    eletrodo de ferro.

    6. Sendo:

    CuCu2++ 2e E = +0,345 V

    Cu+Cu2++ e E = +0,167 V ,determineEpara a reao

    CuCu++ e .7. (a) Calcule os potenciais de eletrodo padro do zinco em KCN e K4P2O7, sabendo-

    se que as energias de estabilizao dos ons complexos Zn(CN) 24 e Zn(P2O7) 62 so,

    respectivamente, 116 kJ/mol e 39 kJ/mol.

    (b) Determine os potenciais de equilbrio do zinco nas solues 0,1M KCN e 0,5M

    K4P2O7.

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    34 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    DARKEN,L.&GURRY,R.Physical Chemistry of Metals. Tquio, McGraw Hill, 1953, pp. 212 e ss.

    EVANS,U.R. The Ferroxyl Indicator in Corrosion Research. Metal Ind. (Londres), 29:481-482, 507-508, 1926.

    ___________.An Introduction to Metallic Corrosion. 3rdedition. Londres, Edward Arnold, 1981, pp. 35-36.

    SCULLY,J.C. The Fundamentals of Corrosion. 2ndedition. Oxford, Pergamon Press, 1975, p. 57.

    WEST,J.M.Electrodeposition and Corrosion Processes. 2ndedition. Londres, Van Nostrand Reinhold, 1970, pp. 1-47.

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    2

    NOES BSICAS DE ELETROQUMICA:CINTICA

    2.1 INTRODUO

    No presente captulo sero estudados os processos que ocorrem num eletrodo

    quando este no se encontra nas condies de equilbrio, examinadas no captulo ante-

    rior. A cintica desses processos ser discutida em detalhe e sero examinadas as prin-cipais reaes de eletrodo.

    2.2 POLARIZAO E SOBRETENSO

    Foi visto no captulo anterior que, quando um eletrodo metlico est em equil-

    brio, a reao eletroqumica responsvel pela formao da dupla camada eltrica pro-

    cede, tanto no sentido de oxidao como no de reduo, com a mesma velocidade io(densidade de corrente de troca) e que, atravs dessa camada, se estabelece um poten-

    cial de equilbrio Ee caracterstico dessa reao. Se, por um processo qualquer (porexemplo, por imposio de um potencial externo) este potencial for alterado, diz-se

    ento que o eletrodo sofreupolarizao. A extenso da polarizao, medida com rela-

    o ao potencial de equilbrio, chamada de sobretenso ousobrepotencial, e nor-

    malmente designada por . Assim, se o potencial resultante da polarizao for E, en-to:

    =EEe . (2.1)

    Se for positivo tem-se umapolarizao andicae, se for negativo, umapo-larizao catdica, sendo as correspondentes sobretenses designadas por sobreten-

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    36 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    so andica (a) e sobretenso catdica (c), respectivamente. Os dois tipos de pola-rizao esto indicados na Figura 2.1, que uma representao do eixo dos potenciais

    de eletrodoE.

    Figura 2.1 Polarizao andica e catdica de um eletrodo.

    A distino entre sobretenso e polarizao semelhante que existe entre a -

    rea e a superfcie, sendo a primeira uma medida da segunda. Porm, do mesmo modocomo se costuma confundir os termos rea e superfcie, tambm so confundidos os

    termos sobretenso e polarizao, um assumindo o significado do outro, e vice-versa.

    Na maioria das aplicaes, esta distino na realidade pouco importante.

    2.3 POLARIZAO DE ATIVAO

    Para as consideraes que se seguem vamos utilizar o eletrodo cuja dupla ca-

    mada eltrica est esquematizada na Figura 1.5, isto , o eletrodo correspondente

    reao (1.26). No entanto, as relaes deduzidas podero facilmente ser estendidas a

    um eletrodo qualquer representativo da reao genrica (1.25).

    Quando um eletrodo metlico polarizado, as condies de equilbrio no so

    mais mantidas. Se a polarizao for andica, isto , se o potencial do metal for tornado

    mais nobre, ento criam-se condies para a remoo dos eltrons produzidos na rea-

    o (1.26) e, com isso, essa reao proceder no sentido de dissoluo andica, com

    uma densidade de corrente:

    ia= ioxired> 0 . (2.2)

    Do mesmo modo, se a polarizao for catdica, isto , se o potencial do metal

    E

    Ea

    Ee

    Ec

    a= sobretenso andica

    c= sobretenso catdica

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica 37

    for tornado menos nobre, tem-se um suprimento de eltrons e a reao (1.26) procede-

    r no sentido de deposio catdica, com uma densidade de corrente:

    ic= ioxired< 0 . (2.3)A questo que se pe agora como essa densidade de corrente i(iaou

    ic) varia

    com a sobretenso (aou c).Quando ocorre uma polarizao, a configurao da variao de energia livre

    eletroqumica na interface metal-soluo, correspondente s condies de equilbrio,

    sofre uma alterao, conduzindo a um desequilbrio entre as barreiras energticas dos

    processos andico e catdico. Essa alterao est ilustrada na Figura 2.2, para um caso

    de polarizao andica.

    Figura 2.2 Perfil de variao da energia livre eletroqumica Gelde um metal polarizado anodicamente de a, sendo ocoeficiente de transferncia ou de simetria.

    Nessa figura a linha tracejada ilustra a situao de equilbrio e equivalente

    mostrada na Figura 1.7. Observa-se que o pico da barreira energtica ocorre dentro da

    dupla camada eltrica a uma frao de distncia a partir da superfcie metlica. Estafrao designada como coeficiente de transferncia ou desimetriae igual rela-o entre a distncia AB do pico da barreira superfcie do metal e a distncia AC dos

    ons mais prximos dentro da dupla camada superfcie do metal. AC na realidade a

    distncia entre o plano de Helmholtz externo e o metal.

    A nova configurao, resultante da aplicao de uma sobretenso a, indicadana Figura 2.2 com a linha cheia. Verifica-se que, com isso, o nvel da energia livre

    eletroqumica na superfcie do metal sofre um acrscimo de zFa, enquanto no planode Helmholtz externo ele permanece inalterado. Entre esses extremos, o acrscimo

    energtico com relao curva tracejada uma frao de zFaproporcional distn-

    Distncia

    G el

    A BC

    1

    zFa

    (1 )zFa

    G*c

    G*e

    G*a

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    38 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    cia da superfcie do metal. Assim, no ponto B, esse acrscimo ser (1 )zFa.Dessa forma, a energia de ativao catdica *cG

    ser igual a:

    a*e*c 1 zFGG ,

    enquanto a andica *aGassumir o valor:

    a*c

    *a zFGG ,

    ou seja:

    a*e

    *a zFGG .

    Verifica-se, assim, que, com relao energia de ativao de equilbrio, a ener-

    gia de ativao andica diminuiu de zFa, enquanto a catdica aumentou de (1

    )zFa. Desse modo, tendo em vista a equao (1.15), tem-se:

    RT

    zF

    RT

    GzFK

    RT

    GzFKi a

    *e

    *a

    ox expexpexp

    ,

    e, lembrando a equao (1.47), resulta:

    RT

    zFii aoox exp

    . (2.4)

    De modo semelhante, pode-se mostrar que:

    RT

    zF

    ii

    a

    ored

    1exp

    . (2.5)

    Substituindo as equaes (2.4) e (2.5) na equao (2.2) resulta:

    RT

    zF

    RT

    zFii aaoa

    1expexp . (2.6)

    Utilizando procedimento idntico, demonstra-se que a relao entre ice c do

    mesmo tipo, de modo que, independentemente do tipo de polarizao (andica ou

    catdica), a equao geral que correlaciona a densidade de corrente resultante i(iaou

    ic) com a sobretenso aplicada (aou c) dada por:

    RT

    zF

    RT

    zFii 1expexpo . (2.7)

    Esta equao constitui a equao geral da cintica de eletrodo, sendo conhecida

    tambm como equao de Butler-Volmer. Ela bastante complexa e no permite que

    seja expresso em funo de i. No entanto, ela pode ser simplificada para valores desobretenso, em valor absoluto, superiores a 0,03 volts, situao em que um dos ter-

    mos exponenciais da equao se torna desprezvel com relao ao outro. De fato,

    quando a> 0,03 volts, o segundo termo torna-se desprezvel com relao ao primeiro(o valor da primeira exponencial cresce com aenquanto o da segunda decresce) e aequao (2.7) reduz-se a:

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    RT

    zFii aoa exp

    , (2.8)

    ou

    o

    aaa log

    i

    ib , (2.9)

    com

    zF

    RTb

    303,2a . (2.10)

    Do mesmo modo, quando c< -0,03 volts, o primeiro termo da equao torna-se desprezvel com relao ao segundo e a equao (2.7) reduz-se a:

    RT

    zFii coc 1exp , (2.11)

    ou

    o

    ccc log

    i

    ib , (2.12)

    com

    zFRT

    b

    1

    303,2c . (2.13)

    As equaes (2.9) e (2.12) so formalmente semelhantes e podem ser represen-

    tadas de maneira nica por meio da equao:

    o

    logi

    ib , (2.14)

    que a equao de Tafel.Os coeficientes bae bc

    so chamados de declives de Tafel

    andico e catdico, respectivamente.

    Uma outra maneira de se escrever a equao de Tafel a seguinte:

    = a+ blog i , (2.15)

    com

    olog iba . (2.16)

    No entanto, a primeira forma [equao (2.14)] mais conveniente quando se faz

    a representao grfica da polarizao e, tambm, na avaliao da influncia da densi-

    dade de corrente de troca sobre a sobretenso: quanto maior o valor de io,menor ser

    o valor de para uma dada corrente i.A equao geral (2.7) e, em conseqncia, a prpria equao de Tafel derivam

    da suposio de que a velocidade do processo no eletrodo determinada por uma bar-

    reira energtica de ativao situada dentro da dupla camada eltrica, razo por que a

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    sobretenso que aparece nessas equaes chamada de sobretenso de ativao (re-

    presentada por A), e a correspondente polarizao depolarizao de ativao.

    2.4 CURVAS DE POLARIZAO

    Uma melhor visualizao da influncia da polarizao sobre a densidade de cor-

    rente obtida atravs da representao grfica em diagramas de potencial de eletrodo

    (E) versusdensidade de corrente (i). As curvas que se obtm so chamadas de curvas

    de polarizao. A Figura 2.3 ilustra as curvas de polarizao andica e catdica num

    diagrama em que as densidades de corrente assumem valores relativos, isto , iaassu-

    me valores positivos, e ic, valores negativos. Observe-se que no potencial de equilbrio

    Eea densidade de corrente iassume valor nulo.

    Figura 2.3 Curvas de polarizao andica (ia) e catdica (ic) num diagrama em que as densidades de corrente assumem

    valores relativos: ia positivo e ic negativo.Ee= potencial de equilbrio.

    i

    E

    0

    Ee

    ic

    ia

    a

    c

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica 41

    bastante comum representar as densidades de corrente em valor absoluto e,

    neste caso, tm-se curvas de polarizao como as mostradas na Figura 2.4.

    Figura 2.4 Curvas de polarizao andica (ia) e catdica (ic) num diagrama de densidades de corrente absolutas. Ee=

    potencial de equilbrio.

    Contudo, lembrando que a equao de Tafel de natureza logartmica, uma das

    maneiras mais convenientes de apresentar as curvas de polarizao num diagramaEvs.logi(Figura 2.5). A vantagem desse diagrama est em que a parte das curvas emque vlida a equao de Tafel reta. Alm disso, aparecem no diagrama todos os

    coeficientes da equao: os declives de Tafel so os declives das retas, enquanto a

    densidade de corrente de troca io o intercepto das retas com o eixo de logipas-sando pelo potencial de equilbrioEe(= 0 para i= io).

    Convm lembrar que a equao de Tafel s vlida para sobretenses (em valor

    absoluto) superiores a aproximadamente 0,03 volts. Para sobretenses (em valor abso-

    luto) inferiores a esse valor vlida somente a equao geral da cintica de eletrodo

    [equao (2.7)] e, conforme ilustrado na Figura 2.5, as curvas de polarizao nestetrecho de potenciais de eletrodo tendem assintoticamente para o potencial de equilbrio

    Ee medida que a densidade de corrente itende para zero.

    O efeito da densidade de corrente de troca iosobre a sobretenso , conforme

    ressaltado no item anterior, tambm pode ser mais bem visualizado atravs da repre-

    sentao grfica. Este efeito est ilustrado na Figura 2.6, na qual esto indicadas as

    curvas de polarizao catdicas para uma dada reao, porm com valores de iodife-

    rentes. Nota-se que, para uma mesma densidade de corrente i', a polarizao para um

    iopequeno (1) maior do que para um iogrande (2). Quando, para uma dada reao,ocorre um aumento no valor de io, com a conseqente alterao nas curvas de polari-

    i

    E

    Ee

    0

    ia

    ic

    a

    c

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    zao conforme indicado na Figura 2.6, tem-se a chamada despolarizao.

    Figura 2.5 Curvas de polarizao andica (ia) e catdica (ic) num diagrama monologartmico.Ee= potencial de equil-

    brio; io= densidade de corrente de troca.

    Figura 2.6 Efeito da densidade de corrente de troca io sobre as curvas de polarizao.

    2.5 REAES POR ETAPAS

    Na deduo da equao (2.7) e, em conseqncia, da prpria equao de Tafel

    log|i |

    E

    log io

    tg = ba

    tg = bc

    Ee

    |i |

    E

    Ee

    |i '|

    2

    1despolarizao

    iogrande

    iopequeno

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica 43

    (2.14), admitiu-se que a reao de transferncia de cargas (ons) atravs da barreira

    energtica ocorre numa nica etapa. Para esse tipo de reaes, os declives de Tafel

    andico e catdico, conforme indicado pelas equaes (2.10) e (2.13), assumem, emgeral, valores submltiplos inteiros de 2,303RT/F e 2,303RT/(1 )F, respecti-vamente. Para T = 273 + 25 = 298 K e = , tem-se:

    V118,0

    1

    303,2303,2

    FRT

    F

    RT . (2.17)

    Assim, para diferentes valores dez, os valores dos declives de Tafel seriam:

    z

    b (V)

    1 0,118

    2 0,059

    3 0,039

    ... ...

    e toda vez que um desses valores for encontrado experimentalmente e o mesmo for

    compatvel com o nmero de cargas eltricas transferidas (z), pode-se afirmar que o

    processo ocorre numa nica etapa.

    Contudo, nem sempre isso se observa, pois a reao, tanto de dissoluo andi-

    ca como de deposio catdica, pode ocorrer em diversas etapas e, nesse caso, os valo-res das correspondentes constantes de Tafel assumem valores distintos daqueles indi-

    cados atrs.

    Assim, por exemplo, enquanto em solues neutras e levemente alcalinas a dis-

    soluo do ferro parece ocorrer numa nica etapa, segundo a reao (1.1), com um

    declive de Tafel andico de 0,059 V, em solues cidas observam-se experimental-

    mente valores da constante de Tafel inferiores e, alm disso, nota-se que existe uma

    dependncia entre a sobretenso e o pH, o que no est indicado na equao (1.1).

    A razo para essa discrepncia est no fato de a reao de dissoluo do ferro

    proceder em diversas etapas sucessivas, com formao de compostos intermedirios,que desaparecem aps a concluso da ltima etapa. Entre os diversos modelos propos-

    tos, cita-se aqui, guisa de ilustrao, aquele de Heusler (1958):

    (1) Fe + OH- (FeOH)ads+ e , (2.18)

    (2) (FeOH)ads+ Fe Fe(FeOH)ads , (2.19)

    (3) Fe(FeOH)ads+ OH(FeOH)ads+ FeOH+

    + 2e , (2.20)

    (4) FeOH++ H+Fe2++ H2O . (2.21)

    Adicionando-se essas quatro etapas resulta a equao global:

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    2Fe + OHFe2++ (FeOH)ads+ 3e . (2.22)

    A etapa mais lenta a terceira e , portanto, a que controla a reao global.

    A determinao da dependncia da sobretenso com a densidade de correnteandica e o pH para esta reao complexa pode ser feita empregando-se as equaes

    de Cristiansen da cintica qumica. No entanto, a depemdncia pode ser tambm de-

    terminada aplicando etapa mais lenta a equao (2.6) modificada e assumindo que as

    demais reaes procedem nas duas direes bem rapidamente, de modo a se poder

    admitir que elas estejam em equilbrio (Skorchelletti, 1976).

    Para uma reao andica

    mM + nN + ...aA + bB + ... +ze , (2.23)

    a equao (2.6) pode ser reescrita como segue:

    RT

    zFaaki anN

    mMaa exp...

    . (2.24)

    Assim, no presente exemplo, para a terceira etapa, tem-se:

    RT

    Faaki a

    OHFe(FeOH)3a2

    expads

    . (2.25)

    Para a segunda etapa, que no uma reao eletroqumica, diante da suposio

    de equilbrio e assumindo aFe= 1, tem-se:

    2(FeOH)

    Fe(FeOH)

    ads

    ads

    ka

    a

    , (2.26)

    ou

    adsads (FeOH)2Fe(FeOH) aka .

    (2.27)

    Para a primeira etapa, que eletroqumica, pode-se aplicar a equao de Nernst:

    OH

    (FeOH)o1

    adslna

    a

    F

    RTEE , (2.28)

    ou

    OH

    (FeOH)e

    o1e

    adslna

    a

    F

    RTEEEE , (2.29)

    onde Ee o potencial de equilbrio da reao global (2.22). Lembrando a equao

    (2.1) e fazendo:

    1e

    o1

    1ln

    kF

    RTEE , (2.30)

    resulta:

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica 45

    OH1

    (FeOH)a

    adslnak

    a

    F

    RT , (2.31)

    ou

    RT

    Faka a

    OH1(FeOH)exp

    ads

    . (2.32)

    Substituindo (2.32) em (2.27), e esta em (2.25), resulta:

    RT

    Fkai a2

    OHa12

    exp

    , (2.33)

    onde

    321 kkkk . (2.34)

    Como 14pHlogOH

    a (V. p. 18), a equao (2.33) pode ser reescrita co-mo:

    aalog

    12

    303,2pH

    12

    303,22i

    F

    RT

    F

    RTK

    , (2.35)

    onde

    kF

    RTK log28

    12

    303,2

    . (2.36)

    Para T = 298 K e = , tem-se:aa log029,0pH059,0 iK , (2.37)

    que a equao que correlaciona a sobretenso com o pH e a densidade de corrente.

    Observe-se que, nesse caso, o declive de Tafel igual a 0,029 V e no 0,059 V, se a

    dissoluo do ferro ocorresse numa nica etapa segundo a reao (1.1).

    Para uma reao catdica ocorrendo em vrias etapas, os procedimentos para

    determinar a dependncia da sobretenso com a densidade de corrente catdica e o pH

    so idnticos, s que, agora, para a etapa mais lenta aplica-se a equao (2.11) modifi-

    cada. Assim, para uma reao catdica do tipo (1.8), a equao (2.11) pode ser reescri-

    ta como segue:

    RT

    zFaaki cbB

    aAcc

    1exp.... . (2.38)

    Seja, por exemplo, o caso da reao de reduo do hidrognio [equao (1.21)].

    Esta reao no ocorre numa nica etapa e um dos mecanismos propostos o seguin-

    te:

    (1) H++ eHads , (2.39)

    (2) Hads+ H++ eH2 . (2.40)

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    46 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    Se a primeira etapa for mais lenta, ento:

    RT

    1exp c

    H1c

    Faki , (2.41)

    ou

    cclog

    1

    303,2pH

    1

    303,2i

    F

    RT

    F

    RTK

    , (2.42)

    com

    1log

    1

    303,2k

    F

    RTK

    . (2.43)

    Para T = 298 K e = , resulta:

    cc log118,0pH118,0 iK , (2.44)

    o que implica um declive de Tafel bc= 0,118 V. Para a maioria dos metais este ovalor observado experimentalmente, no entanto, para metais como platina e paldio

    so obtidos valores de bcbem inferiores (em valor absoluto). Assim, admitindo-se que

    a segunda etapa a reao mais lenta, tem-se:

    RT

    Faaki c

    HH2c1

    expads

    . (2.45)

    Para a primeira etapa aplicam-se as condies de equilbrio, donde:

    adsH

    Ho1 ln

    a

    a

    F

    RTEE

    , (2.46)

    ou

    adsH

    H1c ln

    a

    ak

    F

    RT , (2.47)

    onde ec EE e 1eo1 lnkFRTEE , comEesendo o potencial de equilbrio

    da reao global (1.21). Segue-se, ento:

    RT

    Faka c

    H1Hexp

    ads . (2.48)

    Substituindo-se em (2.45) tem-se:

    RT

    Fkai c2

    Hc2

    exp , (2.49)

    com k= k1k2. Resulta, ento:

    cclog

    2

    303,2pH

    2

    303,22i

    F

    RT

    F

    RTK

    , (2.50)

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica 47

    com

    k

    F

    RTK log

    2

    303,2

    . (2.51)

    Para T = 298 K e = , tem-se:

    cc log039,0pH079,0 iK (2.52)

    e, neste caso, o valor da constante de Tafel bc= 0,039 V.

    Segue-se, pois, que uma discrepncia entre os valores experimentais dos decli-

    ves de Tafel com os calculados diretamente pelas equaes (2.10) e (2.13) pode impli-

    car que a reao no ocorre numa etapa simples. No entanto, essa discrepncia pode

    implicar, tambm, um valor de coeficiente de transferncia diferente de .

    2.6 EFEITO DA CONCENTRAO SOBRE A DENSIDADE DECORRENTE DE TROCA

    A densidade de corrente de troca iode uma reao varia com a concentrao dos

    reagentes e produtos envolvidos. Examinemos o caso da reao (1.26) de dissolu-

    o/deposio de um metal. Segundo as equaes (2.24) e (2.38), as dependncias das

    densidades de corrente andica ia e catdica iccom a sobretenso para esta reao

    sero iguais a:

    RT

    zFki aaa

    exp (2.53)

    e

    RT

    zFaki cMecc

    z

    1exp , (2.54)

    respectivamente. Percebe-se, pois, que a curva de polarizao andica independe da

    concentrao do on metlico, mas a catdica depende dessa concentrao. Assim,

    para duas concentraes diferentes (expressas como atividades), zaMe e,

    z

    Me

    a , ter-

    se-o as curvas mostradas na Figura 2.7, onde ia, ic, ioeEecorrespondem a za

    Me , e,ai ,

    ,ci ,

    ,oi e

    ,eE correspondem a

    ,Me za .

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    48 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    Figura 2.7 Efeito da concentrao sobre a densidade de corrente de troca ioda reao Mez++ ze Me.

    Pela equao de Nernst, tem-se:

    zMeo

    c lnazF

    RTEE (2.55)

    e,Me

    o,c zln a

    zF

    RTEE , (2.56)

    ou

    ,Me

    Me,ee

    z

    zln

    a

    a

    zF

    RTEE , (2.57)

    enquanto da Figura 2.7 resulta:

    ,o

    oa

    ,

    ee log i

    i

    bEE . (2.58)

    Comparando (2.58) com (2.57) e lembrando (2.10), obtm-se:

    ,Me

    Me,o

    o

    z

    zlog

    303,2log

    a

    a

    zF

    RT

    i

    i , (2.59)

    ou seja:

    ,

    Me

    Me,o

    o

    z

    z

    a

    a

    i

    i , (2.60)

    log |i|

    E

    Ee

    Ee,

    ia ia,

    tg = ba

    ic

    ic,

    log io, log io

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica 49

    expresso que permite calcular o valor de ioa partir de,oi .

    2.7 EFEITO DA ADSORO ESPECFICA

    Todas as expresses apresentadas at agora so vlidas se no h uma adsoro

    especfica de ons no solvatados na superfcie do metal. Se esta adsoro ocorre, a

    variao do potencial atravs da dupla camada eltrica se altera e, em conseqncia,

    ocorre uma alterao na relao entre a sobretenso e a densidade de corrente.

    O efeito da adsoro sobre a variao do potencial atravs da dupla camada el-

    trica ilustrado, de forma simplificada, na Figura 2.8.

    Figura 2.8 Modelo simplificado da variao do potencial atravs da dupla camada de Helmholtz em ausncia de

    adsoro especfica (a), e em presena de nions (b) e de ctions (c) adsorvidos especificamente no IHP

    (West, 1970).

    Na ausncia de adsoro especfica, o potencial 1,no plano de Helmholtz in-

    terno (IHP), o mesmo que o potencial Mdo metal [caso (a)]. J em presena de onsadsorvidos especificamente tm-se as situaes (b) e (c), com 1 menor que M, nocaso de adsoro aninica, e com 1maior que M,no caso de adsoro catinica.

    possvel demonstrar (West, 1970) que nesses casos a dependncia entre a so-

    bretenso e a densidade de corrente para a polarizao catdica dada por:

    1o

    cc 1

    ln1

    i

    i

    zF

    RT , (2.61)

    desde que c< 0,03 V (condio para a validade da equao de Tafel). Assim, parauma adsoro especfica catinica (1>0), c

    se torna mais negativa, ou seja, a sobre-

    Distncia

    Potencial

    a

    b

    c

    M 1 S

    IH P OH P

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    50 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    tenso aumenta. Para adsoro aninica (10) diminuindo a sobretenso e com a adsoro aninica(1

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica 51

    Figura 2.9 Curvas de polarizao de um metal M formando um aquoon e um on complexo.

    Uma situao anloga atingida num processo muito rpido de deposio cat-

    dica. Neste caso, a concentrao dos ons metlicos dentro da dupla camada atinge um

    valor nulo e o processo fica controlado pelo transporte desses ons do seio da soluo

    para a interface metal-eletrlito. Ambas as situaes esto ilustradas na Figura 2.10,

    que mostra a variao da atividade dos ligantes ou ons metlicos com a distncia em

    relao interface metal-eletrlito. Observa-se que em ambos os casos forma-se uma

    camada de difuso, em que a atividade dos ligantes ou ons metlicos varia de zero no

    lado do metal at o valor ao, correspondente atividade prpria da soluo, no outro

    lado (lado da soluo).

    O efeito dessas situaes sobre as curvas de polarizao est ilustrado na Figura

    2.11. Observa-se que a partir de uma determinada sobretenso a curva desvia-se da

    relao linear de Tafel. Esse desvio constitui a sobretenso de concentrao C, e ofenmeno em si chamado de polarizao de concentrao. A Figura 2.12 mostra

    com mais detalhe o desvio devido a essa polarizao. Assim, no ponto P da curva, asobretenso de concentrao igual a C, enquanto a sobretenso total igual a A+C, onde A a sobretenso de ativao.

    Distncia

    a

    ao

    Camada de d ifuso

    Eletrlito

    Interface metal-eletrlito

    0

    i

    E

    Eaq

    EcomplexM/ M aq

    z+

    M/ M complexz+

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    52 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    Figura 2.10 Variao da atividade a dos ligantes ou ons metlicos dentro do eletrlito com a distncia em

    relao interface metal-eletrlito, no caso em que a atividade nessa interface nula.

    Figura 2.11Polarizao de concentrao num eletrodo metlico, mostrando as densidades de corrente limite andica

    (iaL ) e catdica (i

    cL ).

    Quando a atividade dos ligantes ou ons metlicos na interface metal-eletrlito

    atinge valor nulo, o processo passa a ser controlado integralmente pelo transporte das

    espcies correspondentes e torna-se independente do potencial. Nessas condies,tanto o processo de dissoluo andica como de deposio catdica passam a ter den-

    sidades de corrente invariantes com o potencial, designadas como densidade de cor-

    rente limite andica (i aL ) e densidade de corrente limite catdica (icL ), respectivamen-

    te (ver Figura 2.11). No importa qual a sobretenso aplicada, estes valores limites no

    podero ser ultrapassados.

    possvel demonstrar que o valor da densidade de corrente limite para um pro-

    cesso de deposio catdica dado por:

    t

    zFDai

    1oc

    L , (2.63)

    onde D o coeficiente de difusomdio dos ons Mez+, ao a atividade desses ons

    dentro do eletrlito afastado da interface (ver Figura 2.10), t o seu nmero de trans-

    porte (que leva em conta a velocidade de migrao dos ons Mez+devido corrente

    eltrica), e a espessura da camada de difuso (ver Figura 2.10). Normalmente t

    log|i |

    E

    Ee

    iLa

    i cL

    log ia

    E

    P

    Ee

    C

    A

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica 53

    pequeno e pode ser desprezado.

    Figura 2.12Curva de polarizao andica, mostrando a extenso das sobretenses de ativao e de concentrao.

    A expresso (2.63) indica que o valor da densidade de corrente limite pode ser

    aumentado de trs modos, a saber:

    1. Pelo aumento da temperatura, a qual aumenta o valor do coeficiente de difusoD.

    2. Pelo aumento da concentrao dos ons metlicos, o que ir determinar um aumento

    no valor de ao.

    3. Pela agitao da soluo (ou qualquer outro mtodo que cause um movimento rela-

    tivo do lquido com relao ao eletrodo), a qual ir diminuir a espessura da camadade difuso.

    preciso ressaltar que os trs parmetrosD, aoe no so independentes e que

    um aumento excessivo de aopode causar uma diminuio no valor de D e alterar ovalor de .

    A dependncia da sobretenso de concentrao Ccom a densidade de correntepara um processo de deposio catdica a seguinte:

    cL

    cCc 1ln

    i

    i

    zF

    RT . (2.64)

    Nota-se que, quando ictende para cLi ,

    Cc tende para .

    2.10 POLARIZAO DE CRISTALIZAO

    No processo de eletrodeposio existem duas possibilidades para a deposio de

    um on metlico (Gerischer, 1960), ambas ilustradas na Figura 2.13. No primeiro caso,

    o on depositado diretamente num stio estvel, como, por exemplo, a borda de um

    plano atmico em crescimento e a fica integrado camada depositada.

    - +

    -+

    -

    -

    +

    +

    - +

    -+

    + -

    -

    +

    Metal

    Direto

    Indireto

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    54 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    Figura 2.13 Os dois possveis modos de deposio de um on metlico. Adaptado de Gerischer (1960).

    No segundo caso, o on depositado num stio ativo, isto , uma posio em que

    ele no fica em contato com outros tomos do mesmo plano, mas apenas com os to-mos do plano sobre o qual ele foi descarregado. Nessas condies, ele fica livre para

    movimentar-se ao acaso ao longo desse plano at encontrar uma descontinuidade,

    como a borda de um plano em crescimento, e a ficar integrado camada depositada.

    Quando a cintica do processo de deposio no muito grande, essa migrao

    ou difuso superficial do on descarregado pode passar a controlar o processo de depo-

    sio e, em caso extremo, ser a etapa mais lenta e, portanto, controladora integral des-

    se processo. Nessas condies, a dependncia da sobretenso com a densidade de cor-

    rente ser de natureza distinta das anteriores, sendo designada de sobretenso de cris-

    talizao (representada por X

    ), com o fenmeno em si sendo designado de polariza-o de cristalizao.

    2.11 POLARIZAO DE RESISTNCIA

    Quando uma superfcie metlica possui uma pelcula condutora de alguma es-

    pcie, como, por exemplo, uma monocamada de gs ou uma pelcula substancial de

    xido, ela no ir alterar o potencial de equilbrioEedo eletrodo, pois este no envolve

    nenhuma passagem de corrente andica ou catdica. No entanto, se o eletrodo estiver

    polarizado de modo a se ter uma corrente resultante iaou ic, ento, inevitavelmente,ter-se- uma queda de potencial atravs da pelcula, pois nenhuma pelcula tem resisti-

    vidade eltrica nula. A sobretenso total fica ento aumentada desse valor, que de-

    signado porsobretenso de resistncia (representada por R).Uma outra fonte desse tipo de sobretenso, e que experimentalmente no pode

    ser separada da anterior, a devida queda de potencial entre a superfcie do eletrodo

    e a ponta do eletrodo de referncia que se utiliza na medida do potencial do eletrodo.

    Essa queda de potencial inexiste quando o eletrodo no est polarizado, porm, quan-

    do uma corrente circula atravs da soluo na vizinhana do eletrodo, um erro iR

    introduzido na medida. Esse erro tanto maior quanto mais afastada estiver a ponta doeletrodo de referncia da superfcie do eletrodo e, em muitos casos, preciso lanar

    mo de processos apropriados para elimin-lo.

    Assim, pode-se dizer que a sobretenso total num eletrodo metlico no qual o-

    corre deposio dada por:

    = A+ C+ X+ R (2.65)

    e, dependendo das condies, apenas uma significativa, as demais sendo desprez-

    veis. No entanto, sob certas condies as contribuies de dois ou mais tipos de sobre-

    tenses podem ser equivalentes e, nesse caso, a separao das contribuies de cada

    uma delas pode ser bastante difcil.

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    Noes Bsicas de Eletroqumica: Cintica 55

    EXERCCIOS

    1. Qual a densidade de corrente de troca do ferro em soluo 4% NaCl, sabendo-seque para uma sobretenso andica de 10 mV a corrente andica igual a 4,25 x 109

    A/cm2? Admitir para o coeficiente de transferncia o valor 0,5.

    2. (a) Sendo bapara o zinco igual a 0,0295 V, calcule a sua corrente andica numa

    soluo com atividade do on Zn2+unitria quando o potencial de eletrodo igual a

    0,6 V. Para essa atividade io= 3 x 105A/cm2.

    (b) Qual a corrente andica nesse mesmo potencial quando o zinco imerso em

    gua do mar a 25 C? Admitir que o bapermanece inalterado.

    3. Um dos mecanismos propostos para a reao de reduo do oxignio envolve trs

    etapas, a saber:

    (1) O2(ads) + H++ e HO2(ads) ,

    (2) HO2(ads) + H++ e H2O2(ads) ,

    (3) H2O2(ads) + 2e 2OH

    Se o declive catdico bcfosse igual a 20 mV, qual seria a etapa controladora do pro-cesso?

    4. O valor de iopara a reao de reduo do hidrognio sobre o ferro a 25 C igual a

    106A/cm2para pH = 0. Qual ser o valor de iodessa reao numa soluo neutra,

    sabendo-se que o declive de Tafel catdico dessa reao sobre o ferro igual a 0,118V?

    5. Calcule a sobretenso de concentrao que acompanha a eletrodeposio da prata a

    18 mA/cm2a partir de uma soluo de 2Ag(CN)a 25 C, sabendo-se que a densidade

    de corrente limite iL= 20 mA/cm2. A que densidade de corrente a sobretenso de con-

    centrao ser igual a 0,5V?

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    GERISCHER, H. Kinetik der elektrolytischen Abscheidung und auflsung von Metallen in wssriger Lsung. Elec-trochim. Acta, 2(1-3):1-21, fev. 1960.

    HEUSLER, K. E. Der Einfluder Wasserstoffionenkonzentration auf das elektrochemische Verhalten des aktivenEisens in sauren Lsungen. Der Mechanismus der Reaction Fe Fe+++ 2e. Z. Electrochem., 62(5):582-587, 1958.

    SKORCHELLETTI,V.V. Theory of Metal Corrosion. Jerusalm, Israel Program for Scientific Translations, 1976, pp.

    82-146.

    WEST,J.M. Electrodeposition and Corrosion Processes. 2nd edition. Londres, Van Nostrand Reinhold, 1970, pp. 33-

    35.

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    3

    CORROSO ELETROQUMICA

    3.1 INTRODUO

    No presente captulo sero estudados os processos de corroso em meio aquoso

    atravs dos conceitos apresentados nos captulos anteriores. Conforme foi ressaltado

    no Captulo 1, atravs da descrio da experincia da gota salina, as reaes bsicas da

    corroso em meio aquoso so de natureza essencialmente eletroqumica e, no caso

    especfico da gota, envolvem uma reao andica de dissoluo do metal e uma outra

    de natureza catdica que ocorre simultaneamente. Assim, a corroso representa, ao

    contrrio do que se assumia no Captulo 2, uma situao em que duas ou mais reaes

    eletroqumicas distintas ocorrem simultaneamente e de forma espontnea, sendo pelo

    menos uma de natureza andica e uma outra de natureza catdica.

    3.2 POTENCIAL DE CORROSO

    Vamos admitir um processo de corroso de um metal Me numa soluo desae-

    rada envolvendo basicamente a reao andica de dissoluo do metal [equao

    (1.16)] e a reao catdica de reduo do hidrognio [equao (1.21)]. Vamos admitir

    tambm que a soluo de elevada condutividade (p. ex., soluo 4% NaCl) de modo

    que possam ser desprezados os efeitos de eventual queda hmica. Nessas condies,

    cada uma das reaes acima ser caracterizada pelo seu respectivo potencial de equil-

    brio e as correspondentes curvas de polarizao. Para que ocorra corroso essencial

    que o potencial de equilbrio da reao andica de dissoluo do metal, EMe

    , seja me-

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    58 Tcnicas Eletroqumicas em Corroso

    nor do que o potencial de equilbrio da reao de reduo do hidrognio, EH. A situa-

    o pode ser mais bem visualizada na Figura 3.1, na qual, alm dos potenciais de equi-

    lbrio esto apresentadas tambm a curva andica do metal e a curva catdica do hi-drognio.

    Figura 3.1 Representao esquemtica por meio de curvas de polarizao da corroso de um metal Me numa soluo

    aquosa desaerada.E* = potencial de corroso; i* = densidade de corrente de corroso.

    Para que a reao de dissoluo do metal tenha prosseguimento necessrio que

    os eltrons produzidos sejam removidos pois, do contrrio, a mesma tender rapida-

    mente ao equilbrio. Por outro lado, para que a reao de reduo de hidrognio ocorra

    necessrio que ela receba eltrons. Assim, se esta reao utilizar os eltrons produzi-

    dos pela reao de dissoluo do metal, ambas as reaes tero prosseguimento, ou

    seja, ocorrer simultaneamente corroso do metal e evoluo do hidrognio. Para que

    isto ocorra necessrio que a carga eltrica transferida na unidade de tempo da reao

    andica seja igual carga eltrica absorvida na unidade de tempo pela reao catdica.

    Ora, isto somente possvel quando a densidade de corrente andica iada dissoluodo metal for igual densidade de corrente catdica icda reduo do hidrognio. Para

    tanto, o sistema ter que assumir um potencial de eletrodo intermedirio entre os dois

    potenciais de equilbrio e, mais precisamente, o potencial E* correspondente inter-

    seco da curva andica do metal com a