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Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros 9 e 10 de Maio de 2009 X Jornadas ACTAS Conservação da Natureza e Educação Ambiental

X Jornadas - FAPAS Jornadas_Actas Macedo... · p52 Visita à sala Museu de Arqueologia de Macedo de Cavaleiros: p53: ... Arsénio na água de consumo humano em Portugal Continental

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Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros9 e 10 de Maio de 2009

X Jornadas

ACTAS

Conservação da Naturezae Educação Ambiental

FICHA TÉCNICA

Actas das X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Organização: FAPAS; Apoio: Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros9 e 10 de Maio de 2009

Organizadores:Lucilia Guedes (FAPAS)Paulo Santos (FAPAS)

Colaboradores:António do Nascimento Pinto(Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)Susana Marisa Afonso Matias (Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)Eugénia Maria Pinheiro Gonçalo (Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)Sandra Cristina Barreira Morais (Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)António José Valente Carneiro (Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)Carlos Alberto Santos Mendes (Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)Dinis António Tiago Sarmento (Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)José Feliciano Rodrigues (Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)Manuel José Serra de Sousa Cardoso (Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)Paulo Jorge Ferreira Travassos (Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros)Fernando Silva (FAPAS)Vasco Silva (FAPAS)Helena Santos (FAPAS)Sofia Tavares (FAPAS)Daniel Gomes (FAPAS)Tânia Pinto (FAPAS)Américo Oliveira (FAPAS)Sílvia Fernandes (FAPAS)

Edição: FAPAS com o apoio da Câmara Municipal de Macedo de CavaleirosTiragem: 500 exemplaresExecução gráfica: Litogaia Artes GráficasDepósito legal: ??????/??ISBN: ???-???-?????-?-?

Os trabalhos publicados são da responsabilidade exclusiva dos seus autores

comunicações

participantes

mostra de cartazes

ÍNDICEIntrodução p5Programa p7

CONSERVAÇÃO DA NATUREZAConsequências dos venenos para as espécies selvagens p11Restauração de habitats em zonas húmidas para a conservação de aves protegidas p20Utilização de Indicadores de qualidade biológica da água p21

EDUCAÇÃO AMBIENTALEducação ambiental no sistema educativo p31Conhecimentos faunísticos dos alunos do ensino básico p42Os Anfíbios e os répteis da paisagem protegida da Albufeira do Azibo p43

SAIDAS DE CAMPOMaciço de Morais p49Percursos Caretos p50Visita à Albufeira do Azibo ordenamento, fauna e flora, conservação, turismo p51Visita à aldeia e ao Museu Rural de Salselas p52Visita à sala Museu de Arqueologia de Macedo de Cavaleiros p53

CARTAZESPercurso interpretativo em Salreu, Baixo Vouga Lagunar p55Conservação da natureza e educação ambiental p56Arsénio na água de consumo humano em Portugal Continental p59Turismo Patrimonial p60Educação ambiental p62A influência da Horticultura terapêutica em doentes com Paramiloidose p63Educação ambiental como prioridade de acção p64Educação ambiental - serviços de qualidade ambiental p65Ecoteca de Macedo de Cavaleiras p66Estudos de “Entomologia forense da fauna selvagem” na região centro de Portugal p67Programa Integrado de Educação Ambiental. A água e os nossos rios p69Andorinhas nidificantes do concelho de Seia p70Contribuição para a conservação de um narciso endémico p72Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental p73

ATELIERS DIDÁTICOSUtilização de indicadores de qualidade biológica da água p75Oficina de construção de ninhos artificiais e caixas-abrigo p89

LISTA DE PARTICIPANTESParticipantes p91

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INTRODUÇÃO

Reflectir e partilhar saberes e preocupações, potenciar a integração de actividades desenvolvidas, de experiências significativas, de conhecimentos adquiridos, na melhoria da participação do cidadão, contribuindo assim para o desenvolvimento profissional, pessoal e social; criar espaços de aprendizagem para a adopção de estratégias promotoras de mudanças conceptuais com vista ao desenvolvimento de uma cidadania ambiental, são os principais objectivos das X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental/Educação para o Desenvolvimento Sustentável, promovidas pelo FAPAS, em parceria com a Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros.

O presente volume pretende apresentar os temas abordados nas Jornadas e contribuir para a sua divulgação por um público mais vasto e de forma continuada no tempo. Todos os autores foram convidados a enviar os textos que serviram de base às respectivas comunicações mas apenas alguns nos enviaram a sua contribuição. A todos agradecemos.

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Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros

9 e 10 de Maio de 2009

JornadasXsobre Conservação da

Natureza e Educação Ambiental

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PROGRAMA

9 de Maio (Sábado)

9.15h Recepção dos participantes e entrega de materiais9.45h Sessão de abertura Beraldino José Vilarinho Pinto (Presidente da Câmara de Macedo de Cavaleiros) Margarida Moreira (Directora Regional de Educação do Norte) - a confirmar Isabel Raposo (Agência Portuguesa de Ambiente) Raúl Lima (Presidente do FAPAS)Countdown20109.30h A Conservação da Natureza e a valorização do Património

Natural como pressuposto de um Desenvolvimento Sustentável e Countdown2010

Duarte Figueiredo (Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade)Estratégias de Gestão, Conservação e Recuperação de Habitats10.15h Reservas biológicas: O papel das ONG na protecção da biodiversidade José Pedro Tavares (Royal Society for the Protection of Birds/BirdLife UK)11.00h Intervalo para café11.15h Reserva Natural local do Estuário do Douro Nuno Oliveira (Parque Biológico de Vila Nova de Gaia)12.00 h “Restauração de habitats em zonas húmidas para a conservação de aves

protegidas” Ricardo Jorge Lopes ( CIBIO/Universidade do Porto)12.45h Debate13.00h Almoço livre14.30h Flora endémica das Rochas Ultrabásicas do Sítio de Morais:

gestão e conservação Carlos Aguiar (Instituto Politécnico de Bragança)Impactos, Consequências e Monitorização15.15h Monitorização de Quirópteros em Parques Eólicos Pedro Alves (Plecotus)16.00h Intervalo para café16.15h Consequências dos venenos para as espécies selvagens Ricardo Brandão (Programa Antídoto)17.00h Utilização de indicadores de qualidade biológica da água Teresa de Jesus (Universidade Fernando Pessoa)Estratégias de Desenvolvimento17.45h Planeamento e Gestão de Turismo como factor de desenvolvimento de

zonas economicamente deprimidas, em respeito pela biodiversidade e conservação da natureza

Rui Tomás Marques (Associação Portuguesa de Turismo Sustentável e Ecoturismo)18.00h DebateActividades em simultâneo20.45h Actividade nocturna de observação de insectos Ernestino Maravalhas (TAGIS – Centro de Conservação das Borboletas de

Portugal) Detecção de morcegos Luzia Souza - (Museu de História Natural da Universidade do Porto)

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10 de Maio (Domingo)

Educação Ambiental9.00h A Educação Ambiental/EDS no Sistema Educativo Luísa Schmidt (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa)9.45h Conhecimentos faunísticos dos alunos do Ensino Básico: implicações

educacionais e ambientais Ulisses Miranda (Universidade Aberta)

10.30h Intervalo para café10.45h Educação Ambiental e Biodiversidade Helena Freitas (Universidade de Coimbra)

11.30h Actividades de Educação Ambiental da Ecoteca de Macedo de Cavaleiros. Os Anfíbios e os Répteis da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo

Eugénia Gonçalo / Ângela Cordeiro (Ecoteca de Macedo de Cavaleiros)

12.15h Debate12.30h Conclusão dos trabalhos / Sessão de encerramento Manuel Cardoso (Vereador responsável pela Paisagem Protegida da Albufeira do

Azibo)

Paulo Santos (Vice-Presidente do FAPAS)

13.00h Almoço convívio com animação cultural (pago pelos participantes)

15.00h Actividades em simultâneo:

ATELIERSAtelier 1 Construção de caixas-abrigo para morcegos Fernando Silva, Vasco Silva e Sofia Tavares (FAPAS)

Atelier 2 Utilização de indicadores de qualidade biológica da água em actividades escolares

Teresa de Jesus (Universidade Fernando Pessoa)

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Público-alvo:As Jornadas destinam-se a professores, a técnicos de municípios e a todos os profissio-nais ligados ao Ambiente e à Educação para o Desenvolvimento Sustentável.

Mostra de cartazesOs participantes poderão enviar cartazes sobre Educação Ambiental no âmbito da Bio-diversidade e Conservação da Natureza (dimensões máximas 70x90 cm), até 20 de Abril, para o FAPAS - Rua Alexandre Herculano, 371, 4º Dtª 4050 Porto (ao cuidado de Lucília Guedes) ou para a Ecoteca de Macedo de Cavaleiros - Rua Jacob Rodrigues Pereira; 5340-218 Macedo de Cavaleiros ( ao cuidado de Eugénia Gonçalo)

VISITAS GUIADAS/PERCURSOS INTERPRETATIVOS

Visita 1: Visita à aldeia e ao Museu Rural de Salselas Visita ao Museu Rural de Salselas, ao forno de cal e dois de telha/cerâmica, um

deles de tipologia romana. O Museu Rural de Salselas é etnográfico e o seu espólio reconstrói um passado recente e testemunha o dia-a –dia do homem rural. Actuação do grupo de Pauliteiros de Salselas. António Cravo, Dinis Sarmento.

Visita 2: Visita a Morais (Perspectiva geológica) Visita ao Sítio de Morais (Rede Natura 2000), com paragem nos serpentinitos

de Morais, gnaiss de Lagoa e descotinuidade de Conrad. Destaque para a singularidade da formação das rochas ultrabásicas de Morais e para a florística endémica associada. Eurico Pereira e Pedro Teiga

Visita 3: Visita à Casa dos Caretos com Percurso Pedestre Visita à Casa do Careto, em Podence e interpretação da sua mística. Percurso

pedestre “o Trilho dos Caretos” com observação da avifauna aquática e da flora. Actuação dos Caretos de Podence no Parque de Merendas. António Carneiro, Eugénia Gonçalo

Visita 4: Visita à Albufeira do Azibo - ordenamento, fauna e flora, conservação, turismo (Percurso Pedestre)

Visita ao Miradouro do Núcleo de Santa Combinha, ao Parque de Merendas e às praias. Destaque para as questões do ordenamento, turismo de Natureza e sustentabilidade do Espaço. Percurso Pedestre da Praia Fluvial da Fraga da Pegada ao Parque de Merendas. Actuação dos Caretos de Podence no Parque de Merendas. Manuel Cardoso.

Visita 5: Visita ao Núcleo Central da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo. Visita guiada ao Núcleo Central da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, à

sala Museu de Arqueologia, cujo espólio resulta das campanhas arqueológicas efectuadas pela Associação Terras Quentes. Visita à Aldeia de Salselas e actuação do grupo de pauliteiros de Salselas.Carlos Mendes

17.30 Saída do autocarro para o Porto.

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C O N S E R V A Ç Ã O D A N A T U R E Z A

Conservação da Natureza

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Consequências dos venenos para as espécies selvagens

Ricardo M. L. BrandãoPrograma Antídoto – Portugal

Av. Bombeiros Voluntários, 8. 6290-520 [email protected]

1. IntroduçãoO uso de venenos tem sido referido em várias partes do mundo como uma causa impor-tante de extinções ou diminuições drásticas de algumas populações de animais selvagens, nomeadamente aves necrófagas. Em Portugal, as referências ao uso de venenos para controlo de animais considerados nocivos remontam ao século XIX e desde essa época que há relatos de vários casos de envenenamento intencional de animais e até de pesso-as. O extermínio de populações de animais silvestres devido a esta prática foi em tempos incentivada pelas próprias autoridades e conduziu à extinção de inúmeras espécies em diversas regiões do país. Esses incentivos e o consequente reconhecimento público pelo sucesso dos envenenamentos originaram alguma documentação histórica da mortalidade de espécies consideradas nocivas pelas populações, como é o caso do Lobo-ibérico (Ca-nis lupus signatus), da Águia-real (Aquila chrysaetus) ou até do Grifo (Gyps fulvus).

Os venenos são usados principalmente para tentar controlar animais considerados noci-vos, ou seja, os iscos envenenados são direccionados a predadores das espécies pecuá-rias e cinegéticas. As espécies-alvo são os cães e gatos assilvestrados, Lobos e mamífe-ros de pequeno e médio porte, como a Raposa (Vulpes vulpes) e o Sacarrabos (Herpestes ichneumon), entre outros. Os conflitos entre caçadores, ou entre estes e as populações locais também têm estado na origem de inúmeros casos de envenenamento. O uso de ve-nenos para controlo de roedores e aves silvestres consideradas prejudiciais às actividades agrícolas também continua a ser uma prática frequente e pouco controlada, embora com consequências pouco conhecidas.

Fig. 1. Águia-real envenenada em Sendim. 2002 Fig. 2. Lobo-ibérico envenenado em Idanha-a-Nova. 2004

A mortalidade de animais por envenenamento não tinha sido estudada em Portugal até 2003 e por essa razão tinha sido subestimada. Desde esse ano que a recolha de infor-mações no âmbito do Programa Antídoto – Portugal tem permitido conhecer com maior rigor as zonas do país e épocas mais críticas no que respeita à mortalidade de animais, principalmente domésticos. Em relação às espécies selvagens os casos conhecidos ainda

12

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

poderão não ser suficientes para conhecer o verdadeiro impacto ao nível da conservação das espécies protegidas. No entanto, há vários factos que indiciam que o seu impacte sobre algumas espécies silvestres é potencialmente relevante, com particular destaque para algumas espécies de aves, principalmente as de hábitos necrófagos. Estas espécies são susceptíveis a envenenamento primário quando ingerem iscos envenenados, mas também secundário quando se alimentam de aves e mamíferos envenenados acidental ou intencionalmente. Uma vez que as substâncias tóxicas entrem nas cadeias alimentares, podem tomar proporções incontroláveis. Outro importante facto relacionado com a morta-lidade de animais silvestres é que de uma forma geral, são atingidos os exemplares em melhores condições físicas e com maior potencial reprodutor e por isso, a dinâmica popu-lacional pode ser gravemente afectada. Por essa razão, o uso de venenos é considerada uma das maiores ameaças à conservação de algumas espécies silvestres.

2. O Programa Antídoto – PortugalPara fazer frente ao problema do veneno, foi constituída uma plataforma de várias or-ganizações publicas e privadas portuguesas, denominada Programa Antídoto – Portugal (www.antidoto-portugal.org). Após as primeiras reuniões de trabalho desde 2003, esta ini-ciativa arrancou no nosso país em Março de 2004, com uma forte ligação à plataforma congénere criada em Espanha em 1998, e os seus principais objectivos são conhecer os efeitos do uso ilegal de venenos e estabelecer medidas para resolução de vários proble-mas que estão na sua origem. A plataforma é constituída por diversos tipos de entidades nacionais, e está estruturada em dois grupos: a equipa de coordenação formada pelas entidades promotoras e um lote de entidades parceiras.

Liga para a Protecção da Natureza (LPN)

Grupo Lobo

Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens (FAPAS)

Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA)

Guarda Nacional Republicana (GNR)

Direcção Geral de Veterinária

Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB)

Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza (ANCN)

Centro de Estudos da Avifauna Ibérica

2.1. Entidades promotoras

Conservação da Natureza

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2.2. Entidades parceiras

CARNÍVORANúcleo de Estudos de Carnívoros e seus Ecossistemas, FCUL.

Faculdade de Medicina Veterinária de LisboaSector de Farmacologia e Sector de Toxicologia.

Universidade de Trás-os-Montes e Alto DouroSector de Farmacologia e Toxicologia.

OMV - Ordem dos Médicos Veterinários

Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza

SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Felis silvestris - Associação para a Conservação do Gato-bravo

ANPC - Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça

FENCAÇA – Federação Portuguesa de Caça

CNCP – Confederação Nacional de Caçadores Portugueses

CONFAGRI – Confederação Nacional de Cooperativas Agrícolas

Zoo Quinta de Santo Inácio

Parque Ornitológico de Lourosa

CIIMAR - Centro Interdisciplinar de InvestigaçãoMarinha e Ambiental Universidade do Porto

NEPA – Núcleo de Estudo e Protecção do Ambiente Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)

ALDEIAAcção, Liberdade, Desenvolvimento, Educação, Investigação, Ambiente

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

3. Resultados e Interpretação

3.1. Período entre 1992 e 2002Em 2003 teve início uma recolha retrospectiva de informação sobre o uso de veneno em Portugal Continental que permitiu reunir dados que se encontravam dispersos por todo o país. O período de análise foi estabelecido entre 1992 e 2002, tendo sido possível iden-tificar 107 casos de suspeita de envenenamento de fauna selvagem que terão levado à morte de um total de 220 animais de várias espécies.

Esta recolha de dados inicial foi muito importante para a definição de uma Estratégia Na-cional Contra o Uso Ilegal de Venenos, reunindo contributos, percepções e informações de todas as pessoas que colaboraram. No entanto, os dados obtidos ainda não permitiam ter uma visão global de todo o território de Portugal continental devido ao esforço de amostra-gem, que tinha sido feito de forma não sistemática. O mapa de ocorrências ao lado revela que os dados apenas estavam a ser recolhidos por Áreas Protegidas e ONGA´s.

Espécies

91; 41%

33; 15%

96; 44%

ESP. PROTEG - TOTAL ESP. CINEG - TOTAL ESP. DOMÉST - TOTAL

ESPÉCIES PROTEGIDAS ESPÉCIES CINEGÉTICAS ESPÉCIES DOMÉSTICAS TOTAL

91 (41%) 33 (15%) 96 (44%) 220

Ao longo do ano (1992-2002)

0

2

4

6

8

10

12

J F M A M J J A S O N D

Mês

Nº casos

Nº de casos (1992 - 2002)

0

5

10

15

20

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002Ano

Nº casos

Conservação da Natureza

15

3.2. Período entre 2003 e 2008

A partir de 2003 recolha de informação foi efectuada no âmbito da plataforma Programa Antídoto – Portugal, com um alargamento das fontes e uma maior uniformização da reco-lha de dados.

Uma vez que a rede de recolha de informação e a sistematização dos processamentos dos casos de envenenamento de animais em Portugal tem estado em evolução, existem diferenças no que respeita às áreas de risco de ano para ano. Este facto poderá ter algu-ma relação com o esforço de amostragem pois há regiões do país com menos entidades colaboradoras na recolha de informação. Assim sendo, o papel do SEPNA/GNR é prepon-

Nºde casos (2003-2008)

4756 60

95

47 45

0102030405060708090

100

2003 2004 2005 2006 2007 2008 Ano

Nº casos

Espécies Afectadas (2003-2008)

122; 11%95; 8%

928; 81%

ESP. PROTEGIDAS ESP. CINEGÉTICAS ESP. DOMÉSTICAS

Distribuição Geográfica (2003-2008)

01020304050

Distritos

Nº casos

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Mapa 1. Distribuição geográfica (por distrito) dos casos de envenenamento de animais em Portugal (2003-2008)

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

derante, e só a partir de 2006 é que esta entidade foi equipada com o material necessário e recebeu formação sobre como lidar com as situações de envenenamento de fauna.

Tendo em conta o mapas apresentado, verifica-se que as zonas mais críticas do país são os distritos de Castelo Branco e Viana do Castelo, sendo estas as zonas que merecem uma maior atenção do Programa Antídoto – Portugal, tendo em conta a presença de espé-cies protegidas ameaçadas. Os distritos de Vila Real e Portalegre encontram-se num se-gundo nível de prioridade, logo seguidos pelo grupo formado por Guarda, Viseu e Braga.

A distribuição dos casos de envenenamento ao longo do ano permite identificar épocas críticas em termos de uso de veneno. Assim, o início da Primavera, que coincide com a época mais frequentemente usada para controlo ilegal de predadores, é uma fase do ano problemática para as espécies silvestres. Por outro lado, o mês de Outubro, que coincide com o início da época de Caça geral também se tem revelado um período crítico, com a ocorrência de uma grande número de cães envenenados. Em zonas de presença de espé-cies protegidas ameaçadas, este facto representa um sério risco de conservação.

3.3. Espécies protegidas afectadas

Ao longo do ano (2003-2008)

3226

40

32 33

18

29

15

25

43

2430

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101520253035404550

JAN

FEV

ABR

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JUN

JUL

AGO

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Meses

Nº casos

Espécies Protegidas

0 10 20 30 40 50 60 70 80

C lupus

M foina

G genetta

M meles

A monachus

G fulvus

N percnopterus

A chrysaetus

M milvus

M migrans

B buteo

H pennatus

C corax

C ciconia

A cinerea

B bubo

A noctua

M calandra

G cristata

S decaoto

C cyana

L fuscus

Conservação da Natureza

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A mortalidade de espécies protegidas que é possível visualizar no gráfico revela que as espécies necrófagas, nomeadamente abutres são as mais afectadas. É também de des-tacar a importante mortalidade por envenenamento de Lobo-ibérico (Canis lupus), uma situação que está claramente relacionada com a perseguição humana que esta espécie sofre em Portugal.

4. DivulgaçãoEntre as diversas acções de divulgação destacam-se o lançamento do sítio www.antidoto-portugal.org na Internet. Para efeitos de divulgação e disponibilização de informação, mas principalmente para contacto com o público, esta ferramenta de trabalho criada em Maio de 2005 já registou cerca de 60.000 visitas, o que tem beneficiado a divulgação do pro-grama a variadíssimos níveis. Por outro lado, este meio tem proporcionado o envio de denúncias e pedidos de esclarecimento sobre procedimentos e protocolos de actuação em casos de suspeita de envenenamento de animais, e outros casos relacionados com este problema.

Foto 5. Sítio do Programa Antídoto – Portugal na Internet

Em paralelo com a criação do sítio na Internet também foram criados folhetos de divul-gação. Estas acções, bem como outras posteriores como os painéis para exposições e eventos foram financiadas por projectos apoiados pela Agência Portuguesa do Ambiente

Foto 3 e 4. Grifos (Gyps fulvus) e Abutre-pretos (Aegypius monachus) mortos por envenenamento em Idanha-a-Nova. 2003

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Outra das prioridades do Programa Antídoto – Portugal tem sido solucionar os problemas detectados na recolha de animais com suspeita de envenenamento, e para isso foram apresentados projectos com o objectivo de equipar as autoridades com os meios mínimos necessários para poderem cumprir os protocolos de actuação que foram definidos. Dessa forma foi possível realizar em 2006 oito acções de formação para as autoridades em todo o país, tendo sido distribuído o equipamento e apresentados e discutidos os protocolos de actuação propostos, bem como todas as limitações e problemas actuais para os quais se estão a tentar implementar as soluções necessárias, no âmbito da Estratégia Nacional contra o uso ilegal de venenos. Em 2008 foram realizadas 6 acções de formação para Mé-dicos Veterinários dos Municípios de todo o país, no sentido de dar resposta a dificuldades e lacunas de formação evidenciadas por estes profissionais em casos em que tiveram que intervir após solicitação das autoridades.

Folhetos do Programa Antídoto – Portugal Foto 6 e 7.

Foto 8. Painel do Programa Antídoto – Portugal (Quercus / LPN – Maio de 2007)

Conservação da Natureza

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Uma outra linha de actuação cada vez mais decisiva para a luta contra o veneno tem sido o trabalho junto do sector cinegético. Também através de mais um projecto apoiado pela APA, tem sido possível divulgar a problemática do uso venenos na “gestão cinegética” e os objectivos e acções do Programa Antídoto no seio dos Caçadores, de forma a aumentar a pressão sobre quem ainda recorre a esta prática ilegal. A receptividade tem sido muito boa e três das principais organizações que representam a grande maioria dos Caçadores Portugueses já aderiram como parceiras do Programa, nomeadamente, a Confederação Nacional de Caçadores Portugueses (CNCP), a Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPC) e a Federação Portuguesa de Caça (FENCAÇA). Entre as diversas actividades desenvolvidas têm sido realizadas reuniões com os dirigentes das organizações, participação em Feiras de Caça e organização conjunta de colóquios e se-minários. Um dos resultados mais interessantes do trabalho que está a ser desenvolvido com o sector cinegético é o número de informações e denúncias (anónimas ou não) que são efectuadas pelos próprios Caçadores, que ao não concordarem com o uso de vene-nos e por perceberem os riscos que acarreta para a Biodiversidade, querem contribuir acti-vamente na luta pela erradicação desta prática denunciando outros Caçadores e Gestores de Zonas de Caça, o que facilita muito o trabalho das autoridades.

Foto 9 e 10. Kits e acções de formação do SEPNA. 2006.

Foto 11. Participação do Programa Antídoto – Portugal na Expocaça. Santarém, 2006

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Restauração de habitats em zonas húmidaspara a conservação de aves protegidas

Ricardo Jorge Lopes

CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos,Campus Agrário de Vairão, 4485-661 Vairão, Portugal

[email protected]

A conservação de aves protegidas está intrinsecamente ligada á correcta gestão dos habi-tats dos quais estas aves dependem. Muitas vezes, no âmbito desta gestão, é necessário a restauração de habitats, sem a qual estas aves sofrerão impactos negativos. Nesta comunicação serão apresentados dois exemplos de aves protegidas que necessitam da restauração de habitats para a sua conservação.

Várias espécies de aves limícolas migradoras utilizam os estuários portugueses durante uma parte do seu ciclo anual. Para além dos habitats naturais (e.g. zonas intertidais e sapais) estas aves utilizam as salinas como habitat de alimentação e repouso, principal-mente durante a maré alta. Estes habitats artificiais necessitam de constante gestão para a manutenção das condições que permitem a extracção de sal. Infelizmente, nas últimas décadas muitas salinas foram destruídas ou convertidas para outras actividades. Outras são simplesmente abandonadas, podendo as condições de habitat sofrer variações drás-ticas ao longo do ano e a longo termo. A restauração destas salinas para a extracção de sal ou simplesmente para a conservação da biodiversidade pode aumentar o número e a qualidade de salinas propícias para as aves limícolas. Verifica-se que medidas muito simples, como a manutenção do nível de água podem ter um impacto significativo na sua utilização pelas aves limícolas.

O Camão (Porphyrio porphyrio) é uma ave protegida que sofreu um declínio populacional e de distribuição durante o último século. Esta ave necessita de habitats lacustres para a sua nidificação e uma das principais causas para o seu declínio foi a degradação ou destruição destes habitats. Nos últimos 15 anos foram encetadas várias acções de con-servação no vale do Baixo Mondego para aumentar a sua distribuição. A principal acção foi a reintrodução de aves, provenientes de Espanha, em vários pauis. Mas, pelo menos em um destes pauis, foram necessárias várias acções de restauração para assegurar condi-ções de habitat adequadas. Estas compreenderam desde o corte de vegetação existente até á criação de novas zonas de água livre e de novas zonas de vegetação. Verificou-se que estas acções não só proporcionaram condições para o estabelecimento de um núcleo populacional de camão, mas também melhoraram as condições de habitat para muitas outras espécies de aves paludículas e aquáticas.

Conservação da Natureza

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Utilização de Indicadores de Qualidade Biológica da Água:determinação de alguns parâmetros hidro-morfológicos, físico-químicos e

de alguns índices de qualidade em ecossistemas lóticos

Teresa Jesus

Faculdade de Ciência e Tecnologia, Universidade Fernando Pessoa,Praça 9 de Abril, 4249-004 Porto, Portugal, [email protected]

O que é a água?“A água... De todos os recursos presentes no nosso planeta, indispensáveis à vida e ao desenvolvimento da nossa sociedade, a água é certamente o mais abundante e, se vier a faltar ou a degradar-se, aquele, cuja penúria se sentirá com mais crueza.”

“À partida, a água é tudo isso, as necessidades, os riscos, os meios naturais; mas tam-bém, e cada vez mais, o resultado da acção do Homem: a água dominada, armazenada, tratada, tornada quotidiana e anódina pela amplitude e complexidade da sua distribuição. Se há um domínio em que o génio – no duplo sentido da inteligência e dos trabalhos pú-blicos – do Homem se aplicou livremente, é decerto o da distribuição das águas.”

Planeta terra ou planeta água?Visto pelo lado de fora, o planeta Terra deveria chamar-se água. Com algumas “ilhas” de terra firme, cerca de 2/3 da sua superfície são dominados pelos vastos oceanos. Os pólos e as suas vizinhanças estão cobertos pelas águas sólidas das gigantescas calotes geladas. A restante quantidade de água divide-se entre a atmosfera, o subsolo, os rios e os lagos. Estimam-se em cerca de 1,35 milhões de quilómetros cúbicos o volume total de água na Terra.

Então porque é que se discute tanto a problemática da água?Deve-se ao facto de que a maior parte da água que se encontra no globo terrestre não se encontra sob formas que permitam a sua utilização e o seu consumo directamente pelo Homem. Na maior parte das situações a sua utilização e disponibilização implica o recurso a tecnologias demasiado caras para a sua extracção e para atingir condições que tornem possível a sua utilização. Desta forma a água no planeta Terra pode ser encontrada sob as seguintes formas:

• Oceanos – cerca de 97,5%• Calotes geladas – cerca de 1,979%• Águas subterrâneas – cerca de 0,514%• Rios e Lagos – 0,006%• Atmosfera – 0,005%

Aliado a este problema surge ainda o problema da distribuição diferencial da água no globo terrestre

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Outro dos problemas que surge é o consumo cada vez maior de água que o Homem faz. Basta pensar que enquanto na idade média o consumo de água era da ordem dos 10 a 15 litros/dia/pessoa e que actualmente o consumo médio ronda os 300 a 380 litros/dia/pessoa.Deste consumo cerca de 70% é gasta pela agricultura sendo que metade ou mais se per-de por evapotranspiração ou escorrências. A indústria consome cerca de 20% da água, e muitas vezes de forma ineficiente uma vez que com a reutilização e outras medidas de renovação a indústria mundial poderia reduzir para metade o seu consumo de águaOs usos domésticos englobam a menor fatia pois apenas 10% da água usada no mundo se destina ao consumo doméstico.Aliado a este consumo, muitas vezes excessivo e desnecessário surge o problema da contaminação, que além de poluir os recursos hídricos disponíveis para o consumo huma-no, aumenta o risco de doenças. Em geral, uma série de doenças podem ser associadas à má qualidade de água, quer pela presença de excreções humanas (ex. cólera, dengue, paludismo), quer pela presença de substâncias químicas nocivas (ex. saturnismo).Para colmatar este problema surge o tratamento de águas residuais que podem posterior-mente ser usadas para o regadio e indústria. As águas tratadas poderão um dia satisfazer um quinto das necessidades da urbe. 2/3 das águas residuais urbanas no mundo nem sequer são tratadas, mas a situação pode mudar.Assim, à medida que a população cresce, o consumo aumenta, tornando-se urgente ra-cionalizar o consumo de água, aumentando e inovando as técnicas utilizadas para a sua reciclagem. É necessária uma consciência ambiental. 22 de Março foi instituído o Dia Mundial da Água durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e De-senvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em Junho de 1992. Já nesse ano, a ONU pro-pôs 2003 como o Ano Internacional da Água Doce como forma de sensibilizar as pessoas para a problemática da água.A que se associa à água?A água desde sempre constitui um pólo de atracção para o Homem pois para além de ser um recurso indispensável à sua vida foi também associada a muitas outras situações:

• Sensação de bem-estar• Lazer - são múltiplas as actividades lúdicas e desportivas que surgem associadas às

massas de água

disponibilidades de água na Terra

Conservação da Natureza

23

• Religião – água símbolo de purificação; desde os primórdios este recurso aparece ligado a práticas e rituais, crenças e tradições

• Divisão de território - fronteira natural que divide muitos países; muitos dos conflitos internacionais resumem-se a fenómenos sobre a posse e/ou controle das fontes des-te recurso que é universal

O que é a qualidade da água?A qualidade pode ser expressa através de uma combinação de concentrações de subs-tâncias inorgânicas ou orgânicas ou através do estudo da composição das comunidades que habitam no meio aquático.Os primeiros meios, classificados como físico-químicos, atribuem valores às diferentes variáveis hidrológicas (velocidade da corrente, caudal, nível de água,…), aos parâmetros gerais (temperatura, condutividade, oxigénio dissolvido,…), aos nutrientes (compostos azotados, compostos fosfatados,…), à matéria orgânica (carbono orgânico total, CQO, CBO, …) e a outras variáveisOs segundos métodos, classificados como biológicos têm base no facto de que os ani-mais e os vegetais se associam constituindo biocenoses de acordo com os factores am-bientais. Assim, qualquer perturbação no meio, provoca uma alteração na estrutura da comunidade. Directiva Quadro da Água (2000/60/CE)A Directiva 2000/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro, esta-belece um quadro de acção comunitária no domínio da política da água, designada resu-midamente por Directiva Quadro da Água (DQA), entrou em vigor no dia 22 de Dezembro de 2000. A DQA preconiza uma abordagem abrangente e integrada de protecção e gestão da água, tendo como objectivo o bom estado ecológico de todas as águas em 2015. Em Portugal, o Instituto da Água é o organismo do Ministério do Ambiente e do Ordena-mento do Território e do Desenvolvimento Regional responsável pela implementação da DQA e pelo desenvolvimento e acompanhamento da Estratégia Comum Europeia, estabe-lecida em 2001, para a implementação da referida directiva.A transposição da DQA para o direito nacional é assegurada pela Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, e pelo Decreto-Lei n.º 77/2006, de 30 de Março, que estabelecem as bases para a gestão sustentável das águas e definem o novo quadro institucional para o sector que implica:A directiva quadro da água (DQA) introduz o conceito de estado ecológico de um ecossis-tema, conceito este que é uma expressão global da qualidade, estrutura e funcionamento dos ecossistemas (figura 2), sendo um elemento fundamental na melhoria dos ecossis-temas aquáticos europeus que inclui, não apenas a avaliação de parâmetros abióticos, mas considera a totalidade dos componentes de cada ecossistema em estudo de modo a atingir os seguintes objectivos:

• Prevenir a futura degradação, protecção e melhoria do estado ecológico dos sistemas aquáticos europeus

• Promover o uso sustentável da água tendo em conta a protecção dos recursos aquáticos• Atingir um estado ecológico “Bom” dos rios e lagos europeus até 2016.

A DQA estabelece que o estado ecológico de uma massa de água de superfície de um

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

dado tipo é definido principalmente pelo desvio entre as características das comunidades de organismos aquáticos (flora aquática, invertebrados bentónicos e peixes) que estão presentes em condições naturais (condições de referência) e as características dessas mesmas comunidades quando sujeitas a uma pressão (descarga de um efluente urbano, extracção de areias, etc.). O estado ecológico é ainda caracterizado por parâmetros físi-co-químicos (temperatura, oxigénio dissolvido e nutrientes, entre outros), e por caracterís-ticas hidromorfológicas (vegetação ribeirinha, caudal, profundidade do rio, etc.). (figura 3)

No bom estado ecológico, as características das comunidades de organismos aquáticos apenas se desviam ligeiramente das normalmente associadas às condições de referência, e os valores dos parâmetros físico-químicos e as características hidromorfológicas são compatíveis com os valores especificados para as comunidades bióticas.

Com a finalidade de cumprir os objectivos ambientais da DQA, os estados–membros de-vem realizar, numa primeira fase, a análise das características da região hidrográfica e dos impactes da actividade humana no estado das águas de superfície e subterrâneas bem como a análise económica dos usos da água (artigo 5º). A partir dos resultados da referida análise, são elaborados e implementados os programas de medidas que se julguem ade-

sedimentos

Integridade dos recursos aquáticos

Interacções bióticas

Estrutura do habitat

Fonte de energia

Constituintes químicos

Regime de caudais

eexxóóttiiccooss

ppaarraassiittaassddooeennççaass

bbaallaannççoottrróóffiiccoo

iinnssttaabbiilliiddaaddeeddaass mmaarrggeennss

rreedduuççããoo ddaaccaannóóppiiaa

aalltteerraaççããooddoo ccaannaall

aalltteerraaççããoo ddooggrraaddiieennttee

aasedimentos

ccuummuullaaççããoo ddeessttoocckkss

ddeettrriittoossvveeggeettaaiiss

cciicclloossssaazzoonnaaiiss

lluuzzssoollaarr

nnuuttrriieenntteess

iinnppuuttss ddeemmaattéérriiaa

aacciiddeezz

nnuuttrriieenntteess

iinntteerraaccççããootteemmppeerraattuurraa

ttooxxiicciiddaaddee

pplluuvviioossiiddaaddeeiimmppeerrmmeeaabbiilliiddaaddee

ddeessccaarrggaass

bbaarrrraaggeennssvvaarriiaaççõõeesseexxttrreemmaass

uussoo ddoossssoollooss

Factores que afectam o estado ecológica de um ecossistema aquático

Estado ecológico

Parâmetros

Parâmetros

•• CCaarraacctteerriizzaaççããoo ddaassccaauussaass ddaass ppeerrttuurrbbaaççõõeess

•• DDeetteeccttaamm ttooddooss ooss ttiippoossddee ppoolluueenntteess

•• DDeetteerrmmiinnaaççããoo iinnssttaannttâânneeaaddoo nníívveell ddee ddeeggrraaddaaççããoo ddaaáágguuaa

•• EExxeemmppllooss:: ppHH,,tteemmppeerraattuurraa,, ooxxiiggéénniiooddiissssoollvviiddoo,, nnuuttrriieenntteess,,aallccaalliinniiddaaddee,, ……

•• EExxpprreessssããoo ddaa qquuaalliiddaaddee,, eessttrruuttuurraa eeffuunncciioonnaammeennttoo ddooss eeccoossssiisstteemmaassaaqquuááttiiccooss

•• SSiinntteettiizzaamm iinnffoorrmmaaççããoo ddee ccaauussaassmmuullttii--ppaarraammééttrriiccaass

•• FFoorrnneecceemm uummaa rreessppoossttaa ddee ccoommoo oosssseerreess vviivvooss vviivveemm nnoo sseeuu aammbbiieennttee

•• EExxeemmppllooss:: vveeggeettaaççããoo rriippáárriiaa,, aallggaass,,zzooooppllâânnccttoonn,, mmaaccrrooiinnvveerrtteebbrraaddoossbbeennttóónniiccooss,, ppeeiixxeess,, mmaaccrróóffiittaass

•• MMeettooddoollooggiiaa:: íínnddiicceess ddee ddiivveerrssiiddaaddee,,mmééttrriiccaass,, íínnddiicceess bbiióóttiiccooss

Parâmetros

•• CCoommoo éé oo ccaannaall

•• CCaarraacctteerriizzaaççããoo ddoossrreeggiimmeess ddeevveelloocciiddaaddee//pprrooffuunnddiiddaaddee

•• CCaarraacctteerriizzaaççããoo ddoossuubbssttrraattoo

•• EExxeemmppllooss:: pprrooffuunnddiiddaaddee,,llaarrgguurraa,, ssuubbssttrraattoo,,vveelloocciiddaaddee ddaa ccoorrrreennttee……

parâmetros a ter em conta quando se pretende determinar o estado ecológico de uma massa de água

Conservação da Natureza

25

quadas para o cumprimento dos objectivos estabelecidos bem como planos de gestão que visem as bacias hidrográficas considerando-as como um ecossistema com uma dinâmica própria (figura 4).

O que é uma bacia hidrográfica?

A área terrestre a partir da qual todas as águas fluem para o mar, através de uma sequên-cia de ribeiros, rios e, eventualmente, lagos , desembocando numa única foz, estuário ou delta (figura 5): unidade natural dentro da paisagem unidade de gestão básica dos recursos aquáticos

O que são locais de referência?São locais representativos de vastos corpos de água no seu estado natural:

• Com impactos antrópicos mínimos: o mínimo de áreas agrícolas, urbanas e indus-triais nas bacias de drenagem

• Vegetação próxima do clímax• Não remoção de material orgânico natural• Leito sem estruturas de fixação• Ausência de barreiras migratórias para peixes• Vegetação ripária presente e conectividade ao bosque natural• Parâmetros físico-químicos: sem poluição tópica; não eutrofizado, sem poluição difu-

sa, sem acidificação, sem extracção de inertes, sem alterações de temperatura, sem salinização

• Sem espécies introduzidas• Sem alterações significativas das espécies indígenas• Sem significante abundância de vegetação invasiva

Métodos biológicos

Os métodos biológicos podem ser classificados em três grandes níveis hierárquicos:• molecular - métodos bioquímicos e ecotoxicológicos, que tem por objectivo desco-

uma bacia hidrográfica, um ecossistema Bacia hidrográfica

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

brir as alterações fisiológicas a nível celular em função das perturbações• individual e populacional - métodos etológicos que procuram evidenciar as altera-

ções comportamentais• das comunidades - métodos biocenóticos que visam realçar as alterações na estru-

tura das comunidadesO nível de complexidade das respostas aumenta ao longo dos níveis anteriormente cita-dos.Estes métodos apresentam inúmeras vantagens: as respostas biológicas integram um grande número de condições físico-químicas tem em conta a capacidade que os seres vivos têm de testemunhar uma poluição

mais ou menos recente tem em conta a capacidade dos seres vivos para detectar situações súbitas de po-

luição tóxica ou situações intermitentes de poluição orgânica moderada os seres vivos são capazes de detectar mesmo alterações muito subtis

Têm no entanto algumas desvantagens: requerem treino para a interpretação dos resultados não especificam qual o poluente presente

Pelo contrário, o estudo de factores físico-químicos dá uma imagem instantânea e parcial da qualidade da água, pois depende directamente do número de parâmetros analisados.

Que organismos?As algas unicelulares e os protozoários são bem conhecidos no respeitante à sua to-lerância aos poluentes, mas a sua identificação é morosa, tendo de ser efectuada para níveis sistemáticos específicos. Têm como principais características: Elevada sensibilidade Elevadas assimetrias de distribuição populacional Expressão local Ciclos de vida curtos Mobilidade quase ausente

As macrófitas apresentam o inconveniente de apenas estarem presentes na época pri-maveril e estival, de serem tolerantes aos poluentes temporários e de serem fortemente influenciadas por aspectos geológicos e edáficos. De qualquer forma, a relação entre a distribuição das macrófitas e a qualidade da água está demonstrada, e a sua utilização como indicadores é muito simples. Têm como principais características:

Sensibilidade média Ciclos de vida longos Fronteira terra-água Indicadores de troço e de bacia de escorrência Mobilidade ausente

Quanto aos peixes e outros vertebrados, a sua grande mobilidade permite a fuga aos poluentes, a sua amostragem implica a utilização de material muito especializado, embora sejam de fácil identificação, a sua ecologia e fisiologia sejam bem conhecidas e se situem

Conservação da Natureza

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no topo da cadeia alimentar, reflectindo as alterações em toda a comunidade. Têm como principais características: Sensibilidade baixa Ciclos de vida longos Indicadores de bacia Alta mobilidade

Dentro dos vários seres vivos que encontramos no meio aquático, os mais utilizados em estudos de qualidade biológica da água são os macroinvertebrados bentónicos, devido às suas características:

são geralmente abundantes constituem um grupo heterogéneo com um grande leque de respostas muitos são sedentários, o que conduz a uma detecção da localização precisa da

fonte poluidora mobilidade reduzida a algumas dezenas de metros colonizadores dos vários habitats amostragem qualitativa relativamente fácil, metodologia bem desenvolvida, e equi-

pamento de fácil execução existem várias tabelas de identificação grande variedade de métodos de análise de dados, incluindo índices bióticos e índi-

ces de diversidadeO estudo das comunidades de macroinvertebrados bentónicos exige muitas amostragens para eliminar os efeitos ligados a uma distribuição gregária e a ausência de alguns grupos durante uma parte do ano

O que é um índice de poluição?Um índice de poluição ideal deveria responder a algumas premissas:

ser sensível aos efeitos da poluição sobre as comunidades aquáticas ser aplicável aos diferentes tipo de cursos de água dar uma avaliação continua das condições de não poluição até as de forte poluição ser independente do tamanho das amostras permitir uma aquisição de dados e dum cálculo preciso

O seu esquema conceptual baseia-se em dois efeitos da poluição: Redução da diversidade Perda progressiva de certos grupos que vivem nas águas de boa qualidade e que

são designados de organismos indicadoresUm índice conjuga uma indicação da diversidade com uma indicação do nível de poluição num valor único. Nas últimas décadas assistiu-se ao desenvolvimento de inúmeros índi-ces. Apresentam como vantagens:Fornecem uma forma simples de obter uma visão geral da situação do ecossistema

que permite a explicação dos resultados mesmo a quem não possua conhecimentos de biologia e/ou ecologia

Partem do princípio de que indivíduos mais sensíveis não se encontram em ecossis-temas poluídos

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Baseiam-se na análise das comunidades que vivem num ecossistema aquático (de acordo com o grau de poluição há uma redução da diversidade começando pelos taxa mais sensíveis)

E como desvantagens:Fraca correlação com os parâmetros físico-químicosAs variações sazonais na composição das comunidades condicionam os valores dos

índicesGeralmente são específicos para um determinado tipo de poluição (poluição orgânica)São regionais

Há vários tipos de índices que podem ser utilizados:Índices de Diversidade

• Os índices de diversidade têm como objectivo transformar dados de abundâncias intra-específicas e inter-específicas num simples valor numérico, o que faz com que dependam do número de espécies e do número de indivíduos por espécie.

• Num ambiente pouco perturbado, as comunidades são caracterizadas por uma diver-sidade específica elevada, com um grande número de espécies e por uma distribui-ção equitativa dos indivíduos nas espécies.

Índices de similaridade: São uma medida da semelhança entre a estrutura de duas comunidades; para a sua

utilização é necessário que exista um meio de referência.Índices BióticosCombinam uma indicação de diversidade na base dos grupos taxonómicos observados, com uma indicação de poluição, de acordo com grupos particulares, para obtenção de um índice.O esquema conceptual baseia-se em dois efeitos da poluição: redução da diversidade perda progressiva de certos grupo que vivem em águas de boa qualidade e que são

designados de organismos indicadoresMétodos baseados na análise de organismos particulares Estes índices necessitam de uma identificação dos indivíduos até à espécie, o que

os torna acessíveis apenas aos especialistas. Ocultam informação proveniente de outros organismos que constituem a biocenose

em estudo.Métodos de análise da estrutura das comunidades curvas de riqueza/abundância análise de correspondências (análise multivariada)

O que é um rio?É um ecossistema aquático que proporcionam uma grande diversidade de habitats e re-cursos para uma grande diversidade de organismos, sendo o seu principal factor estru-turante a circulação da água. Desta forma pode apresentar uma variabilidade hidrológica que pode ser natural ou induzida pelo Homem e que tem um papel preponderante na

Conservação da Natureza

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distribuição dos organismos. A sua dinâmica é descrita pela teoria do River Continuum Concept (figura 6)

Quando se estuda um rio para além dos elementos abióticos e bióticos e das suas interac-ções é importante também ter em conta as interacções que este sistema estabelece com o meio que o circunda (figura 7) e com a vegetação riparia (figura 8)Constituindo a qualidade do habitat físico um factor essencial para a compreensão dos fenómenos biológicos que ocorrem num determinado ecossistema e, tendo em conta que, segundo a Directiva Comunitária no âmbito da política das águas, se passa a falar de estado ecológico dos sistemas e, que o mesmo é definido pelo estado da qualidade físico-química da água, das comunidades biológicas que nela vivem e também da situa-ção dos sistemas envolventes (bosque de ribeira), neste estudo apresenta-se a avaliação do habitat físico utilizando dois índices: um índice de avaliação visual do habitat (AVH) (EPA, 1999) utilizado nos Estados Unidos da América pela EPA (Environmental Protection Agency) e um índice que faz a avaliação da qualidade do bosque de ribeira (QBR) (Munné et al., 1998).

Procedeu-se, igualmente à apresentação do Índice Biótico Belga (IBB) de De pauw & vanhooren (1983) uma vez que é um índice amplamente utilizado em Portugal com bons resultados e do uso do IBMWP de Alba-Tercedor & Sanchéz-Ortega (1988) uma vez que foi criado para o estudo da qualidade biológica da água de rios espanhóis que possuem muitas afinidades, quer em termos de características geomorfológicas, quer em termos de características bioclimáticas.

Tabela usada para o cálculo do índice de avaliação visual do habitat em rios de elevado gradiente (EPA, 199

River Continuum Concept Zonação das margens de um rio

Interacções entre o rio e o meio

E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L

Educação Ambiental

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Educação Ambiental no Sistema Educativo:Na forja da cidadania responsável?

Autores:

Luísa SchmidtInstituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa ([email protected])

Joaquim Gil NaveInstituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa ([email protected])

João GuerraInstituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa ([email protected])

IntroduçãoAo mesmo tempo que, nas últimas décadas, o ambiente se foi constituindo como sector específico da acção colectiva e de políticas públicas, as questões ambientais passaram a ser concebidas como um problema de desenvolvimento que, para ser sustentável, as deve considerar em pé de igualdade com a economia e os outros equilíbrios e direitos politico-sociais. Daí que, como discutiremos mais adiante, o termo “educação ambiental” tenha vindo a perder algum vigor, substituído, embora ainda sem um consenso total, pela noção mais compreensiva e mais abrangente de ‘educação para o desenvolvimento sus-tentável’.

Digamos, pois, que a educação ambiental se foi gradualmente erguendo das lógicas do essencialismo propagandístico dos primórdios do activismo ambientalista, para definitiva-mente se impor como dimensão formativa e cívica incontornável da esfera educativa intra-escolar, ganhando aí outra abrangência, estatuto e significado social. Ao mesmo tempo, tem aumentado a iniciativa, mobilização e necessidade de intervenção de actores não-escolares na educação ambiental ou para o desenvolvimento sustentável.

Tendo em conta, portanto, o movimento de mudança que também entre nós se esboça, quer no sentido de uma maior intensificação do papel do sistema escolar na formação am-biental dos cidadãos, quer no sentido de uma maior articulação, senão mesmo fusão, da educação ambiental com outras áreas da educação para a cidadania, este texto procura fazer uma caracterização e balanço da educação ambiental desenvolvida em Portugal. A base de que partimos é um inquérito sistemático aplicado aos cerca de 15.000 estabeleci-mentos escolares não universitários disseminados por todo o território nacional.

Procuramos fazer uma caracterização analítica do contributo dessas instituições escola-res para o tipo de educação ambiental e para o desenvolvimento sustentável que se faz hoje em Portugal, dirigindo a atenção para o modo como elas se posicionam no movimen-to de mudança a que assistimos nesta esfera. Por ser central à problematização da educa-ção ambiental aqui discutida, daremos ainda relevo especial à análise da tematização das acções educativas e formativas desenvolvidas, perscrutando até que ponto a educação ambiental levada a cabo se aproxima ou se distancia de uma concepção mais centrada na ideia de cidadania.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Da Educação Ambiental à Educação para o Desenvolvimento SustentávelO conceito de Educação Ambiental (EA) remonta aos anos sessenta e surge como res-posta às crescentes evidências de degradação ambiental e sua relação com a capacidade sempre acrescida pelos avanços técnico-científicos de intervir na natureza e usar de forma progressivamente mais insustentável os recursos naturais.De então para cá, o tema foi penetrando em manuais e actividades escolares, apesar da importância político-social dos problemas ambientais ter oscilado nestes últimos anos. Contudo, tornaram-se cada vez mais presentes na consciência social problemas como a delapidação da camada do ozono, o aquecimento global, a contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, a devastação das florestas, a destruição dos habitats e a consequente redução da biodiversidade, etc. Para lhes dar resposta e, muito mais, para contribuir para a sua solução, é premente a mudança de atitudes e comportamentos que permita uma gestão mais responsável dos recursos e fomente uma verdadeira equidade social não só intra-geracional (maior justiça na disponibilização e usufruto dos recursos naturais entre povos e grupos sociais), mas também inter-geracional (assegurar a satis-fação das necessidades das gerações presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras poderem satisfazer as de então).Reforçou-se, assim, caminho a uma nova área de formação e educação dos cidadãos. Entende-se, em geral, a Educação Ambiental como um processo de aprendizagem per-manente que procura incrementar a informação e o conhecimento público sobre os proble-mas ambientais, promovendo, simultaneamente, o sentido crítico das populações e a sua capacidade para intervir nas decisões que, de uma forma ou de outra, afectam o ambiente e as suas condições de vida. Este processo pretende-se, portanto, continuado e compre-ensivo, permitindo uma interpretação integrada do ambiente que incorpore o próprio lugar dos cidadãos no complexo sociedade-ambiente e as consequências das suas actividades no ecossistema.O desequilíbrio ecológico e a degradação ambiental decorrem, no entanto, pelo menos em boa parte, das díspares e desajustadas condições de consumo da modernidade e da pobreza e das desigualdades endémicas que continuam a flagelar a maior parte da popu-lação mundial. Daí que um desenvolvimento ecológico equilibrado e sustentável, refere-se no relatório Bruntland, exija “que se dê satisfação às necessidades básicas de toda a gente e que se ponha ao alcance de todos a possibilidade de satisfazerem as aspirações a uma vida melhor” (W.C.E.D.,1991[1987]:55).Esta excessiva tónica nas questões do desenvolvimento e, para alguns, mesmo do cres-cimento económico, ainda que circunscritos dentro de determinados limites, leva alguns autores (Boff, 2004; Meira, 2005; Meira & Sato, 2005; Sato, 2005) a recusarem a substi-tuição da expressão Educação Ambiental (EA) pela expressão Educação para o Desen-volvimento Sustentável (EDS) surgida, sobretudo, a partir da promoção da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável da UNESCO. Para estes autores, a EA serviria melhor os objectivos propostos, porque está menos ligada ao status quo mundial que, defendendo o Desenvolvimento Sustentável, mais não tem feito do que perpetuar um padrão de crescimento que continua predatório e que pouco se interessa pelas verdadei-ras questões da sustentabilidade.Na perspectiva que aqui se propõe, no entanto, uma e outra denominação cumprem os parâmetros mais importantes que, do nosso ponto de vista, é preciso cumprir: uma educa-ção cívica que fomente a participação e o empenho para se conseguir o equilíbrio quer nas relações entre sociedade e ambiente, quer entre as várias comunidades humanas, ricas e pobres, desenvolvidas e subdesenvolvidas. Porque, afinal, do equilíbrio entre os últimos binómios depende também o equilíbrio do primeiro.

Educação Ambiental

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Mais importante é, por conseguinte, procurar conhecer a realidade: que projectos, que temáticas, que protagonistas estão no terreno e que resultados s vão obtendo. Ora num contexto em que se prepara uma estratégia para o Desenvolvimento Sustentável à escala europeia e nacional, e em que se inicia a década dedicada pela UNESCO à Educação para o Desenvolvimento Sustentável, conhecer o panorama da EA em Portugal e suas características principais assume ainda maior urgência, de modo a aproveitar as oportuni-dades proporcionadas por esta conjuntura e desenhar as perspectivas e directrizes para o novo milénio (Schmidt, 2006).Impunha-se, por conseguinte, a avaliação da situação actual nas escolas e noutras insti-tuições não escolares promotoras de EA/EDS, numa perspectiva de diagnóstico que per-mitisse ajudar a delinear as linhas de acção pública nesta área, a partir da identificação de constrangimentos e potencialidades. Trata-se, afinal, de dar visibilidade às dinâmicas e aos níveis de sustentabilidade dos projectos que se têm vindo a desenvolver nas escolas portuguesas, quer por iniciativa própria, quer por iniciativa de ONG de Ambiente ou de De-senvolvimento, quer, ainda, por iniciativa da administração central e local ou de empresas ligadas ao sector ambiental. A Educação Ambiental nos estabelecimentos escolares Tendo percebido que os projectos promovidos pelas organizações não-escolares se des-tinam esmagadoramente à população escolar (86,2%), interessa, agora, avaliar como se desenvolvem estes projectos no seio da escola. Desde logo, convém entender o modo como se distribuem os projectos recenseados pelos diferentes tipos de estabelecimentos escolares.Média de projectos recenseados por estabelecimento escolar (com, pelo menos, 1 projec-to em curso), segundo a tipologia do estabelecimento

A figura 1 procura dar conta da média de projectos recenseados por tipologia do estabe-lecimento escolar. Sobretudo se atentarmos para as categorias agregadas por três níveis (Nível 1 – Jardins de Infância e 1º Ciclo do Ensino Básico; Nível 2 – 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e Nível 3 – 3º Ciclo e Ensino Secundário), parece óbvia a relação entre um maior número de projectos existentes e os níveis de ensino mais elevados. Se analizar-mos as categorias de forma desagregada, embora perdendo algum impacto, percebe-se que esta tendência parece manter-se. De facto, a categoria mais integrada (ES/EBI/JI1) atinge a média maior (3 projectos por estabelecimento). Seguem-se as EB2 e EB12 e as EBI e EBM com, respectivamente, 2 e 1,63 projectos por estabelecimento respondente. As escolas secundárias surgem na quarta posição com 1,49. Mas o que importa realçar é que, no extremo oposto (abaixo da média global), deparamos com as escolas dos níveis inferiores agrupadas no nível 1: os JI que não atingem sequer um projecto por estabeleci-mento (0,93), as EB1 com 1,04 e as EB1/JI com 1,18 projectos por estabelecimento.

1 No universo de escolas portuguesas localizámos 32 escolas nesta categoria, sendo que nos responderam apenas 5.

0,33

0,93 1,03 1,04 1,15 1,18 1,23 1,24 1,26 1,32 1,33 1,41 1,42 1,491,63

2,00

3,00

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

EE JI

Nív

el 1

EB

1

Tot

al

EB

1/JI

ES

/EB

3

EB

23/E

S

EB

23

Nív

el 2

EB

I/JI

EP

Nív

el 3

ES

EB

I e E

BM

EB

2 e

EB

12

ES

/EB

I/JI

34

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Como se torna claro nas figuras 2 e 3, apesar de, em termos absolutos, a esmagadora maioria de projectos de EA/EDS recenseados (63,2%) decorrerem nos estabelecimntos escolares do 1º Ciclo do Ensino Básico e nos Jardins de Infância, a verdade é que, em termos relativos, são as escolas dos níveis mais elevados que mais desenvolvem este tipo de projectos. Correspondendo, no entanto, os estabelecimentos agrupados nos níveis 2 e 3 a pouco menos de 13% do total de estabelecimentos escolares, não espantam os resul-tados apresentados na figura 3 (escolas com, pelo menos, um projecto em curso), nem na figura 4 (destinatários dos projectos recenseados).

Com efeito, são os alunos do 1º ciclo (48,4%) e dos Jardins de Infância (32,9%) os princi-pais alvos destes projectos sublinhando, uma vez mais, a vertente geral algo infantilizado-ra que persiste na EA/EDS em Portugal, coadjuvada, aliás, pelo peso esmagador destes níveis de ensino no total nacional. Realce-se, por outro lado, a frequência atingida pela comunidade local em geral que não ultrapassa os 7,1% dos projectos aqui analisados (abaixo do valor atingido pelos projectos promovidos pelas organização não-escolares). A dificuldade em passar para além dos muros da escola parece, afinal, impor-se ainda mais do que as intangíveis barreiras etárias.

Projectos recenseados por nível de ensino

Nível 222,0%

Nível 314,8%

Nível 163,2%

Percentagem de escolas com pelo menos umprojecto recenseado, segundo o nível de ensino

56,0%58,0%

12,9%

0%

20%

40%

60%

80%

Nível 1 (JI, EB1,EB1/JI, EB1/2)

Nível 2 (EB2, EB2/3,EBI, EBI/JI, EBM)

Nível 3 (EB23/S, ES/3,ES, EP, ES/EBI/JI)

Destinatários dos projectos promovidos nos estabelecimentos escolares

3,0%

7,1%

9,1%

17,1%

23,2%

28,2%

32,9%

48,4%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

Alunos do Ensino profissional

Comunidade local em geral

Alunos do Ensino Secundário

Comunidade Educativa

Alunos do 2º Ciclo

Alunos do 3º Ciclo

Alunos do Ensino Pré-Escolar

Alunos do 1º Ciclo

0,6%

0,9%1,2%1,5%

2,1%2,7%3,5%4,6%

5,7%20,5%

2,4%

6,8%10,5%

17,7%

19,9%57,5%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

OutroONG de Desenvolvimento

Ciência Viva/ ANCCTInstituição de Ensino Superior

Junta de freguesia

Organização internacionalEmpresa

Organismo oficial

ONG de AmbienteCâmara Municipal

Associação de pais

Conselho de turmaAlunos, clube de alunosOutro órgão da escola

Um professorVários professores

Iniciativa do projecto

Educação Ambiental

35

Vejamos, então, de quem parte a iniciativa para avançar com este tipo de projectos nas escolas. Como se verifica na figura 5, e justificando a percentagem acumulada muito su-perior a 100%, os projectos de EA/EDS têm muitas vezes, origem em iniciativas partilha-das, incluindo, preferencialmente, no mesmo projecto, protagonistas de dentro e de fora da escola.No que respeita ao primeiro grupo, são os professores que, em conjunto (57,5%), ou individualmente (19,9%), assumem a liderança no desencadear destes projectos. Ainda dentro da comunidade educativa refiram-se os vários e diversificados órgãos da escola (órgãos executivos, conselhos de escola, de disciplina, de ano curricular, etc.) com 17,7%, os clubes de alunos (ambiente, floresta…) com 10,5%, os conselhos de turma com 6,8%, ou, ainda, algumas associações de pais com 2,4%.Entre os protagonistas extra-escolares destacam-se os municípios com 20,5% dos projec-tos, as ONG de Ambiente com 5,7%, os diversos organismos do Estado Central com 4,6%, as empresas com 3,5% e uma panóplia de outros actores que vão, de uma forma ou de outra, contribuindo para cimentar a EA/EDS nas escolas, através de iniciativas individuais ou partilhadas.

Sendo a EA/EDS contemporânea de uma cultura holística de trabalho interdisciplinar e interinstitucional, um sistema de parcerias poderá concorrer para a eficácia dos projectos. Interessa, portanto, indagar sobre a existência de redes e de parceiros que permitam po-tenciar e integrar resultados e objectivos. De facto, mais de metade dos projectos recen-seados (52%) têm origem e desenvolvem actividades inseridos em redes organizadas de EA/EDS de âmbito diversificado quer do ponto de vista do território, quer do ponto de vista das temáticas exploradas ou dos objectivos que se partilham. Redes que, de acordo com a figura 6, se distribuem, basicamente, por três grandes cate-gorias: redes de âmbito internacional, de âmbito nacional e de âmbito municipal. As três categorias resultam de uma análise prévia das respostas dos inquiridos sobre as eventu-ais redes de pertença, sendo que o designado âmbito municipal refere, na generalidade, algumas redes informais e de apoios de autarquias, ONG e empresas locais, raramente prefigurando redes formalmente constituídas de EA/EDS. Decidimos, por conseguinte, analisar as duas restantes categorias, essas sim, consubstanciadas em redes conhecidas e reconhecidas na área da educação ambiental, já surgidas, aliás, na análise dos projec-tos desenvolvidos pelas instituições não-escolares.

Redes de pertença segundo o âmbito mais alargado de actuação

11,7%

17,5%

22,8%

0% 5% 10% 15% 20% 25%

Redes de âmbitointernacional

Redes de âmbito nacional

Redes de âmbitomunicipal

JovensRepórteres3,8%

Jovens Repórteres2,5%

Coast-watch4,3%

Outras9,9%

Eco-Escolas82,0%

Outras8,3%

Carbon Force 1,3%

Ciência Viva 0,8%

PREAA 2,9%Prosepe12,7%

Eco-Escolas71,5%

Redes de âmbito internacional Redes de âmbito nacional

36

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Como podemos constatar nas figuras 7 e 8, a Rede “Eco-Escolas”, como a “Redes dos Jovens Repórteres para o Ambiente” (ambas patrocinadas pela Foundation for Environ-mental Education/Associação Bandeira Azul da Europa — FEE/ABAE) surgem quer no âmbito nacional, quer no âmbito internacional. Talvez porque os respondentes ora a asso-ciam à FEE Internacional, ora a associam à ABAE. Havendo sinais de que, na óptica de uma boa parte dos respondentes, a rede “Eco-Escolas” funciona basicamente numa lógica nacional, é indiscutível a sua esmagadora preponderância: dos casos ligados à rede da ABAE, 82% incluem-se numa rede de âmbito nacional e 71,5% numa rede de âmbito in-ternacional.Restam, ainda com alguma expressão, a rede “Coastwhatch” com 4,3% dos projectos que declararam estar envolvidos numa rede de âmbito internacional e, no âmbito nacional, o PROSEPE com 12,7%, os Jovens Repórteres para o Ambiente com 2,5%, o Programa “Carbon Force” com 1,3% e, ainda, o programa “Ciência Viva” com 0,8%.Quanto às parcerias envolvidas, são as autarquias que definitivamente se destacam como parceiros privilegiados das escolas portuguesas (como aliás se constatou no ponto ante-rior) tendo sido nomeadas por 47,4% do total de projectos recenseados.

Aparentemente e de acordo com a figura 9, as parcerias com o poder local são tão mais frequentes quanto mais baixo é o nível de ensino ministrado, ou seja, quanto mais novos forem os estudantes. Se 49,5% das escolas agrupadas no nível 1 referem as autarquias como parceiro dos projectos, o nível 3 não ultrapassa os 40,8%. Ao invés, as escolas agru-padas nos níveis mais elevados (nível 2 e nível 3) são as que mais apostam nas parcerias internacionais, nas parcerias com as associações da sociedade civil ou nas parcerias com a Administração Central e/ou Regional.O nível de ensino parece determinar diferentes escolhas e diferentes capacidades de envolvimento dos eventuais parceiros. A única excepção acontece — como aliás seria de esperar, dado tratar-se aqui de projectos escolares — com os elementos da comunidade educativa (órgãos de gestão, núcleos de estudantes e de professores, associações de pais…).

Tipo de parceiro envolvido no projecto de EA/EDS, segundo o nível de ensino ministrado no estabelecimento

0,2%

8,8%

9,1% 11

,3%

17,6

%

18,8

%

4,1%

20,9

%

20,2

%

15,4

%

12,7

%

40,8

%49,5

%

47,5

%

18,8

%

19,8

%

17,1

%

1,7%

47,4%17,0%13,9%13,8%13,0%1,3%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Parceirosinternacionais

Associações AdministraçãoCentral/Regional

Empresas ComunidadeEducativa

AdministraçãoLocal

Nível 1 (JI, EB1)Nível 2 (EB2, EB3)Nível 3(ES)Total

Nível 1 Nível 2 Nível 3

< 1 anolectivo14,9%

< 1 anolectivo7,2%

< 1 anolectivo11,2%

> 1 anolectivo50,0%

> 1 anolectivo37,2%

> 1 anolectivo33,1%

1 anolectivo35,1%

1 anolectivo55,6%

1 anolectivo55,7%

Duração do projecto segundo o nível de ensino do estabelecimento

Educação Ambiental

37

Vejamos, então, até que ponto estes projectos se mostram sustentáveis, eles próprios, resistindo ou não às vicissitudes que inevitavelmente surgem ao longo do tempo. Como se verifica na figura 10, parece inegável a relação entre a maior durabilidade atingida pe-los projectos recenseados e um nível mais elevado ministrado nos estabelecimentos de ensino.Nas escolas agrupadas no nível 3 (basicamente do Ensino Secundário) metade dos pro-jectos declara uma existência maior que um ano, enquanto nas escolas agrupadas no nível 2 (basicamente 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico) a percentagem baixa para 37,2% e nas escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico e nos Jardins de Infância não ultrapassa os 33,1%. No Ensino Básico, aliás, um ano lectivo é a duração máxima atingida pela maioria dos projectos (55,7% e 55,6% respectivamente nos níveis 1 e 2).

Nas escolas portuguesas, portanto, os projectos de EA/EDS dificilmente ultrapassam a barreira do tempo. A maioria não resiste a mais de um ano lectivo, o que quer dizer que se limita a uma equipa certamente condicionada pela falta de recursos, mas também pela perenidade e inconstância da profissão de professor que ocorre, sobretudo, entre os pro-fissionais mais jovens (simultaneamente mais interessados e mais activos).Daí que seja algo surpreendentemente que a esmagadora maioria dos projectos recen-seados (82,5%) refira o desenvolvimento de um qualquer processo avaliativo (figura11). Interessa, por isso, analisar com maior pormenor o tipo de avaliação levada a cabo nas escolas. Desde logo é de assinalar o peso esmagador da avaliação interna (74,9%) que, tanto quando conseguimos perceber, se limita maioritariamente a uma avaliação subjec-tiva e não metodologicamente pré-delineada. Restam, então, 15,4% de projectos onde, segundo as respostas, se desenvolve uma avaliação híbrida (interna e externa) e apenas 9,4% que referem uma avaliação de cariz externo, desenvolvida, portanto, por uma enti-dade independente e exterior à escola onde o projecto é desenvolvido. Se uma maioria clara de estabelecimentos escolares declara desenvolver procedimentos avaliativos nos processos de EA/EDS, a verdade é que, aparentemente, se limitam ao grau menos exi-gente da avaliação, indiciando práticas que dificilmente cumprem os níveis de isenção necessários para o êxito desta tarefa.

76

,3%

81

,6%

70

,4%

64

,1%

59

,9%

59

,8%

52

,2%

53

,4%

31

,9%

57

,9%

75

,7%

69

,5%

67

,8%

53

,8%

64

,0%

49

,0%

49

,7%

48

,3%

28

,8%

28

,0%

50

,0%59

,4%

58

,2%

59

,4%

76

,2%

72

,5%

81

,9%

51,6% 30,3%53,6%57,4%60,2%61,1%71,4%77,1%77,6%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Resíduos Água Conservaçãoda Natureza

Ar eAtmosfera

Desenv.Sustentável

AmbienteUrbano

Energia Solos ZonasCosteiras

Nível 1 Nível 2 Nível 3

Figura 12 – Áreas temáticas trabalhadas nos projectos de EA/EDS segundo o nível de ensino

Externa9,7%

Interna74,9%

Não17,5%

Interna/Externa15,4%

Sim82,5%

Avaliação e modalidades avaliativas nas escolas

38

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

De acordo com a figura 12, constata-se que, na generalidade, as temáticas são desen-volvidas pelas escolas independentemente do nível de ensino ministrado. Exceptuam-se desta situação as questões da água, do ar e do ambiente urbano, presentes tanto mais quando mais baixo o nível de ensino ministrado, e as questões da energia e da conserva-ção da natureza que são mais trabalhadas, sobretudo, nas escolas do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico. Em termos globais destaque-se o trio temático que surge nos lugares de topo com per-centagens superiores a 70%: resíduos, água e conservação da natureza. Mais do que perceber a hierarquia de valores entre as diversas áreas temáticas que as posiciona no ranking exposto na figura 12 interessa, talvez, analisar o que está contido em cada uma das categorias. Comecemos, então, pelas mais frequentes. A área temática dos resíduos é, segundo estes resultados, a grande aposta das autarquias que, em conjunto com as escolas, procuram cumprir e fazer cumprir as metas de reciclagem a que o país se com-prometeu. Não estranha, portanto, que seja esta a área temática mais frequentemente trabalhada, destacando-se, dentro dela, a política dos 3Rs com quase metade destes pro-jectos (46%). A compostagem e as questões dos resíduos perigosos são ainda referidas por 22% e 20% das respostas agrupadas neste grupo, ficando-se por 12% as respostas que se referiram aos RSU em geral, sem mais especificações.

Continuando com a análise da figura 13, olhemos, então, para a área temática “água” (a segunda mais frequente). Nesta categoria, as vertentes mais trabalhadas são o consumo (27%) e a poluição (25%). Surgem, a seguir, os rios (15%), os oceanos (13%) e os estu-ários (6%).Finalmente, a terceira área temática mais frequente (a conservação da natureza) é talvez a mais diversificada, incluindo subtemas tão distintos como a floresta (18%), o estudo da fauna e flora — normalmente locais — (17%), as espécies em perigo ou em vias de extinção e os parques naturais e áreas protegidas (16%), as questões da biodiversidade (15%), a agricultura biológica e o seu papel na conservação dos recursos naturais (12%), ou, ainda, as questões da conservação em geral (6%).

Em geral12%

Resíduosperigosos

20%

Compostagem22%

Política dos 3Rs46%

Resíduos Água Conservação da Natureza

Comsumo 27%

Poluição 29%

Estu

ário

s 6%

Em geral8%

Em geral

6%

Fauna/flora17%

Espécies emperigo 16%

Áreasprotegidas 16%

Biodiversidade15%

A. biológica15%

Floresta18%

Oceanos13%

Rios 17%

Conteúdos das áreas temáticas “Resíduos”, “Água” e “Conservação da Natureza”

Conteúdos das áreas temáticas “Ar e atmosfera”, “Desenvolvimento Sustentável” e “Ambiente Urbano”.Ar e Atmosfera Desenvolvimento Sustentável Ambiente Urbano

Cida-dania28%

Qualidade de vida28%

Consumo14%

Acçõescívicas14%

Em geral 7%A21 Escolar 6%

Outros

3% Espaços Verdes28%

Ruido19%

Trânsito19%

Transportes/mobilidade

22%

Em geral 8%

Orden

amen

to 4%

Qualidade/poluição36%

Alteraçõesclimáticas

22%

Chuvasácidas22%

Camada Ozono18%

Ar emgeral9%

Educação Ambiental

39

Na figura 14 surgem as categorias seguintes. A qualidade do ar e, sobretudo, as altera-ções climáticas têm assumido, nos últimos tempos, um protagonismo crescente. Talvez isso explique o destaque assumido pela área temática “Ar e Atmosfera” que surge em 4º lugar da lista com mais de 60% dos casos a referi-la. De entre estes, as questões da qualidade do ar chegam aos 36%, as alterações climáticas 22%, a camada do ozono 18%, as chuvas ácidas 15% e o ar em geral — sem mais especificações — chega aos 9% de projectos recenseados. Quanto à categoria do “desenvolvimento sustentável” resume-se, neste caso, basicamente às questões da cidadania, da responsabilidade social e da qualidade de vida. Não porque se pretenda reduzir a sustentabilidade a esta única dimensão institucional, mas porque as questões económicas rareiam e as questões ambientais foram por demais trabalhadas em categorias alternativas. Temos assim que cidadania e qualidade de vida atingem ambas os 26% dos casos aqui agrupados, seguidas por acções cívicas e pela questão do consumo e suas consequências, com 14%. Com valores mais reduzidos mas, ainda assim, com al-guma expressão refiram-se o desenvolvimento sustentável em geral (o que quer que isso signifique) com 7% e as agendas 21 Escolares com 6%. De acordo com os resultados aqui expostos o ambiente urbano (trabalhado por 57,4% do total dos projectos recenseados) resume-se basicamente aos espaços verdes (28%), às questões dos transportes e da mobilidade (22%) e ao trânsito e ao ruído, ambos com 19%. Surgem depois a grande distância, apesar da frequência de situações de caos urbano no país, o ambiente urbano em geral (8%) e as questões do ordenamento com 4% destes projectos.

No fim da lista de áreas temáticas desenvolvidas nos projectos de EA/EDS recenseados, ficam temas de menor popularidade, cada um deles com 4 a 5 subtemas (figura 15). Começando pela área temática da energia, destacam-se as energias alternativas com a maior frequência (36%), o consumo com 32% e a produção com 18%.O grupo “solos” contém, por seu lado, questões indiferenciadas de poluição (34%), ques-tões agrícolas (27%), ou ainda, com valores relativamente menos relevantes, os proces-sos de erosão e de desertificação, com 15% e 14%, respectivamente. Finalmente, a área temática menos frequente, presente em apenas 30,3% dos projectos recenseados — zo-nas costeiras — refere sobretudo a questão da poluição (41%), os processos de erosão (20%), o turismo (15%) e o ordenamento (11%).

Energia em geral 14%

Produção 18%Poluição 34%

Poluição 41%

Desertificação14%

Ordena-mento11%

Erosão15%

Agricultura27%

Em geral10%

Em geral13%

Turismo15%

Erosão20%

Consumo 32%

E. alternativas36%

Energia Solos Zonas costeiras

Conteúdos das áreas temáticas “Energia”, “Solos” e “Zonas Costeiras”

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

5. Conclusões

Procurando fazer um balanço destes resultados, poderíamos dizer que a EA/EDS em Por-tugal se caracteriza, em primeiro lugar, por ser muito mais vertical do que transversal — seja no que respeita ao espaço de incidência, seja no que respeita aos temas dominantes. De facto, ela decorre, essencialmente, no seio da escola e à escola permanece confinada, raramente penetrando ou, ainda menos, envolvendo a comunidade. Os projectos que pre-vêem destinatários na comunidade envolvente ou, pura e simplesmente, extra-escolares, não ultrapassam os 13% e, mesmo dentro da escola, dificilmente se encontram sinais de transversalidade que abranjam toda a comunidade (auxiliares de acção educativa, profes-sores, alunos…).Também no que respeita às temáticas mais abordadas, se verifica um enfoque predomi-nante em temas muito restritos e, de algum modo, tradicionais: política dos 3Rs, fauna e flora. A questão dos resíduos e da política dos 3Rs relaciona-se com a necessidade de, tanto ao nível local como nacional, se cumprirem metas e haver até directrizes europeias explícitas para se investir em projectos de EA, como acontece, por exemplo, com a So-ciedade Ponto Verde. Daí, a produção sistemática e relativamente volumosa de materiais didácticos e da promoção desta área temática por parte de entidades públicas e por em-presas de resíduos patrocinadas, em larga medida, também pela Administração Local e Central. Trata-se, pois, de dois temas que, além de serem restritivos e abordados de forma pouco transversal, são relativamente secundários no panorama das efectivas preocupa-ções nacionais. Quanto aos grupos-alvo dos projectos, importa realçar o peso dos estudantes e dos gru-pos mais jovens é, apesar de alguns sinais de crescimento entre as escolas de níveis mais elevados, ainda, esmagador. O que aponta para uma tendência especialmente recreativa e lúdica que, salvo honrosas excepções que também detectámos, tem caracterizado o panorama destas actividades em Portugal. A própria dificuldade de penetração da EA/EDS nos currícula é sintoma desta situação que resulta duma desarticulação institucional persistente entre os vários ministérios envolvidos. Por último importa referir uma característica geral, que decorrendo das anteriores, se pren-de com a própria “insustentabilidade” da EA/EDS e que se constata através das dificulda-des em dar continuação às acções desenvolvidas. Os projectos nascem, segundo a maio-ria das respostas, com objectivos de continuidade, mas a realidade depressa se encarrega de lhes cercear tais ambições. A maior parte deles, como vimos, não resiste a mais de três anos e, ainda que se trate de um retrato momentâneo da realidade, são maioritários aqueles que se iniciaram há menos de um ano.O que falta, afinal, e voltando ao início, é a capacidade de mobilizar parceiros e partici-pantes que possam, de uma forma continuada e progressiva, dar continuidade, sentido e coerência às acções e aos projectos de EA/EDS. Projectos estes que implicam um esforço acrescido de dinamização e articulação com as comunidades locais em particular e com a sociedade em geral num modelo que se requer cada vez mais sustentável.Referências:

Benavente, Ana (org.) (1996), A Literacia em Portugal: Resultados de uma Pesquisa Ex-tensiva e Monográfica, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. Boff, L. (2004), Ecologia: Grito da Terra, Grito dos Pobres. Rio de Janeiro: Sextante.

Educação Ambiental

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Lima, Aida Valadas de e João Guerra (2004), Degradação Ambiental, representações e novos valores ecológicos” in João Ferreira de Almeida (org.), Os Portugueses e o Ambien-te – I Inquérito Nacional às Representações e Práticas dos Portugueses sobre o Ambiente, Oeiras, Celta.Martinho, Graça (org.) (2003), Memória de 12 anos de Educação Ambiental (1990/2002), Lisbon, APEA/FCT-UNLMeira, Pablo. (2005), “Eloxio da Educación Ambiental: de la Década de la Educación para o Desenvolvemento Sustible ao Milenio da Educación Ambiental”, Anais das XII Jornadas Pedagógicas da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA): Educação Am-biental no contexto da década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014). Ericeira, ASPEA, pp. 14-18.Meira, Pablo & Michelle Sato (2005), “Só os peixes mortos não conseguem nadar contra a correnteza”, Revista de Educação Pública, Volume 14 (25), pp. 17-31.Sato, Michelle (2005), “Identidades da Educação Ambiental como rebeldia contra a he-gemonia do desenvolvimento sustentável”, Anais das XII Jornadas Pedagógicas da As-sociação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA): Educação Ambiental no contexto da década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014). Ericeira, ASPEA, pp.18-20.Nave, Joaquim (2004),”Entre a cultura ambiental e o efeito NYMBY: As várias faces de uma cidadania para o ambiente” in João Ferreira de Almeida (org.), Os Portugueses e o Ambiente – I Inquérito Nacional às Representações e Práticas dos Portugueses sobre o Ambiente, Oeiras, Celta.Schmidt, Luísa et al (2000), “País percepção, retrato e desejo”, in João Ferreira de Almeida (org.), Os Portugueses e o Ambiente – I Inquérito Nacional às Representações e Práticas dos Portugueses sobre o Ambiente, Oeiras, Celta.Schmidt, et al (2004), “Problemas ambientais, prioridades e quadro de vida” in João Fer-reira de Almeida (org.), Os Portugueses e o Ambiente – I Inquérito Nacional às Represen-tações e Práticas dos Portugueses sobre o Ambiente, Oeiras, Celta.Schmidt, Luísa (2005), Educação Ambiental e Educação para o Desenvolvimento Susten-tável: Um Futuro Comum, in “Actas das Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental”, Ericeira, ASPEA, 27/29 Janeiro 2005 Schmidt, Luísa (2006) (Org.), Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvi-mento Sustentável (2005-214) – Contributos para a sua Dinamização em Portugal, Lisboa, Comissão Nacional da UNESCO.Schmidt, Luísa e Aida Valadas de Lima (2006), “Risco de incêndio: entre a percepção e a sensibilização”, in Sociedade e Floresta em Portugal 2006: O que sabemos, Actas do Encontro APS/CETRAD-UTAD, Vila Real.W.C.E.D. [1991 (1987)], O Nosso Futuro Comum, Lisboa, Meribérica.

42

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

CONHECIMENTOS FAUNÍSTICOS DOS ALUNOS DO ENSINO BÁSICO: IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS, AMBIENTAIS E CONSERVACIONISTAS

Maria de La Salette Carvalho Moreira Ferreira Miranda1, João Pradinho Honrado1, Ulisses Miranda Azeiteiro2

1Departamento de Botânica, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto 2Universidade Aberta

O presente trabalho apresenta um estudo realizado com alunos do Ensino básico e teve como principais objectivos: diagnosticar e avaliar o conhecimento revelado pelos alunos do Ensino básico (4º, 6º e 9º anos de escolaridade) sobre a diversidade da fauna local e de Portugal; avaliar a influência dos saberes do “senso comum” tradicionais no conhecimento significativo dos alunos do ensino básico sobre a “fauna local”, podendo os saberes locais e regionais tradicionais ser uma praticável fonte de conhecimento da “fauna local”; averi-guar o conhecimento dos alunos sobre a “fauna local” segundo a área de residência (meio urbano e/ou meio rural) e o sector profissional dos progenitores dos alunos; promover a mobilização dos saberes de “senso comum” locais tradicionais na dinamização e valori-zação do conhecimento científico, aquando da exploração da temática relacionada com a “Biodiversidade nos Ecossistemas naturais”, consciencializando os alunos para as rela-ções dos seres vivos com o ambiente, nomeadamente no que se refere aos importantes processos da Vida; promover comportamentos de conservação da fauna e do ambiente em geral; reunir um conjunto de dados informativos que ajudem o professor de Ciências da Natureza, Ciências Naturais e do 1º ciclo na planificação destas aulas.

A investigação realizada envolveu 800 alunos a frequentar o ensino público. Esta amostra tem uma representatividade equitativa entre os alunos do meio rural e do meio urbano, assim como entre os alunos do 4º, 6º e 9º anos de escolaridade, aos quais foi aplicado um inquérito por questionário.

Os resultados obtidos evidenciam que os alunos do Ensino Básico possuem um conhecimento reduzido acerca da fauna local, sendo que em grande parte, os animais referidos, pertencem à fauna doméstica. Por outro lado, permitiram diagnosticar as princi-pais estratégias metodológicas normalmente utilizadas pelos professores de Ciências Na-turais/Ciências da Natureza/Estudo do Meio na sala de aula, na abordagem deste tema.

Palavras-chave: Fauna, Biodiversidade, Educação Ambiental, Ensino em Ciências Natu-rais, Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente, Novas Tecnologias da Informação e Comu-nicação, Concepções Alternativas.

Educação Ambiental

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Os Anfíbios e os Répteis da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo

Ângela Cordeiro, Eugénia Gonçalo

Ecoteca de Macedo de CavaleirosRua Jacob Rodrigues Pereira

5340-218 Macedo de [email protected]

A compreensão do que nos rodeia e o estudo das várias espécies existentes numa deter-minada região tornou-se cada vez mais importante para garantir a preservação da biodi-versidade e do património natural. A Albufeira do Azibo, enquanto zona húmida, alberga 59% do número total de espécies de Anfíbios e 43% do número total de espécies de Répteis presentes em Portugal Continental. Assim, com o recurso a um Sistema de Informação Geográfica foi possível a inventariação e construção de mapas de distribuição das 10 espécies de Anfíbios e das 13 espécies de Répteis presentes na Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo (PPAA).Como espécies de Anfíbios verificou-se a presença de salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra), tritão-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai), tritão-marmorado (Triturus marmoratus), rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi), sapo-parteiro (Alytes obstetricans), sapo-corredor (Bufo calamita), sapo-comum (Bufo bufo), rela (Hyla arborea), rã-ibérica (Rana iberica) e rã-verde (Pelophilax perezi).Em relação às espécies de Répteis estavam presentes o cágado-mediterrânico (Maure-mys leprosa), a osga-comum (Tarentola mauritanica), o lagarto-de-água (Lacerta schreibe-ri), o sardão (Timon lepidus), a lagartixa-ibérica (Podarcis hispanica), a lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus), a cobra-de-pernas-tridáctila (Chalcides striatus), o licranço (An-guis fragilis), a cobra-cega (Blanus cinereus), a cobra-rateira (Malpolon monspessulanus) a cobra-de-escada (Rhinechis scalaris), a cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix) e a cobra-de-água-viperina (Natrix maura).Em meios essencialmente rurais, onde esta Paisagem Protegida se insere, existem alguns mitos e crenças associados a estes dois grupos de animais, que faz com que estejam ex-postos a vários tipos de ameaças e à mortalidade daí resultante.Para os Anfíbios, os principais tipos de ameaça são a perda/fragmentação de habitat, a poluição dos cursos de água e a introdução de espécies exóticas invasoras, como o caso do lagostim-vermelho-do-Lousiana (Procambarus clarkii).No caso dos Répteis, os tipos de ameaça são também a perda/degradação do habitat, a apanha/recolha de espécimes e a consequente mortalidade que advém da interferência humana.Para contribuir para um melhor conhecimento destas espécies foram colocadas no site da PPAA (www.azibo.org) informações sobre todas as espécies de Anfíbios e Répteis presentes nesta Paisagem, realizadas algumas acções de sensibilização nas escolas do concelho e a edição de um jogo pedagógico e de um desdobrável sobre estes dois grupos de animais.Assim acreditamos que a Educação Ambiental assume um papel importante, permitindo um melhor conhecimento e contribuindo para a preservação destas espécies.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Actividades de Educação Ambiental da Ecoteca de Macedo de CavaleirosA Ecoteca de Macedo de Cavaleiros nasceu no âmbito do projecto Rede Nacional de Eco-tecas, em 1997, tendo sido implementada em simultâneo com as Ecotecas de Olhão e de Porto de Mós, que se encontram actualmente em funcionamento.Este projecto foi desenvolvido sob responsabilidade do então IPAMB, que se assumiu como entidade dinamizadora. A sua finalidade era a de contribuir para implementação da Agenda 21 local, de modo a potenciar o papel catalisador dos agentes públicos e a promover uma participação mais activa e eficaz da sociedade civil. A sua implantação e gestão foram objecto de um protocolo de acordo entre o então IPAMB e a Câmara Munici-pal de Macedo de Cavaleiros, que se encontra ainda em vigor, e as actividades que nela se desenvolvem são coordenadas por uma professora requisitada em regime especial, ao abrigo do Protocolo de Cooperação celebrado em 2005 entre o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional e o Ministério da Educação.A Ecoteca é um equipamento de Educação Ambiental, que se materializa em dois es-paços; um espaço de documentação que disponibiliza informação para a comunidade proporcionando a consulta e o empréstimo de um acervo bibliográfico sobre temáticas ambientais em formato papel ou em formato digital e um espaço expositivo localizado no Núcleo Central de Salselas, local de apoio à visitação da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo (PPAA). Dispõe também de materiais lúdicos/pedagógicos que permitem apren-der brincando e ainda materiais de apoio aos participantesnas saídas de campo, como guias de campo, lupas de bolso, binóculos e telescópio.A paisagem nordestina resultou de um diálogo permanente com a natureza, do qual de-pendia, em muitos casos, a sobrevivência da comunidade, fosse na prática de uma agri-cultura de subsistência, da pesca, da caça, etc.No concelho de Macedo de Cavaleiros, para além da área da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, área vocacionada por excelência para a preservação da natureza, encontra-se ainda uma vasta área classificada como Rede Natura 2000 (Sítios do Ro-meu, Nogueira, Sabor e Maças), constituindo cerca de 25% da área do concelho. Desta, destaca-se o Sítio de Morais, pela presença da flora endémica associadas às rochas ul-trabásicas.A Ecoteca elabora em conjunto com a autarquia o plano anual de actividades dirigidas à comunidade escolar, que é articulado com as escolas.De um modo geral, procura-se proporcionar experiências de aprendizagem signifi-cativas, que incentivem comportamentos sustentáveis, de acordo com os seguintes objectivos:

· Promover e Incentivar a Educação Ambiental para a sustentabilidade e a aprendiza-gem de saberes e conceitos relativos ao Ambiente;

· Apoiar a realização de projectos escolares inseridos no domínio da educação Am-biental para a sustentabilidade;

· Estimular a criação de redes de escolas que estimulem projectos de Educação am-biental para a sustentabilidade aos níveis local, regional e nacional, criando meca-nismos que facilitem a colaboração permanente dos professores e educadores na dinamização desses projectos em pareceria com outras entidades;

· Apoiar a realização e a promoção de projectos de Educação Ambiental para a sus-tentabilidade, desenvolvidos por Organizações Não Governamentais,

· Integrar nas actividades a desenvolver os objectivos, os conceitos e as noções constantes dos Planos Curriculares dos vários anos de escolaridade;

Educação Ambiental

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O Projecto educativo da Ecoteca engloba 3 sub-projectos seleccionados quer pela perti-nência dos temas face à crise ambiental global, quer pela sua importância local ou regio-nal: Resíduos com valor, Biodiversidades e Alterações Climáticas. Do Projecto Resíduos com valor, faz parte actividade “Escolas que dão valor ao lixo”, em que cada escola participante se compromete a efectuar a separação dos resíduos. Às escolas que se inscrevem, são lhes distribuídos ecopontos, sacos diferenciadores e é assegurada a recolha de resíduos por funcionários da autarquia. Cada um dos três projectos, é enriquecido por acções de sensibilização, de formação e mostras ou momentos de partilha das experiências com a comunidade escolar ou com a restante comunidade.Projecto Resíduos com valor

Projecto Biodiversidades

Projecto Alterações Climáticas

Mostra de Espantalhos e dos Pinheiros de Lata Ateliers de reciclagem e de reutilização de materiais

Observação de aves Jogos didácticas e saídas de campo temáticas

Acções de formação para docentes e alunos acerca das aplicações das energias renováveis

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

A actividade designada por o “Dia da Ciência” tem um carácter transversal a todos os projectos e visa proporcionar às crianças do 1º ciclo e pré-escolar a compreensão fácil dos factos científicos, pela via experimental. O critério de selecção das experiências é o das suas potencialidades no desenvolvimento de uma atitude científica perante as ques-tões quotidianas. Os aspectos essenciais focados são as características dos materiais (ar, água, solo) e o modo como se comportam quando interagem uns com os outros. Evidenciam-se, pela via experimental, as consequências da poluição das águas pelos óleos, da poluição do ar e as funções da floresta na protecção do solo da erosão, entre outras. Pretende-se que as crianças executem as actividades experimentais, podendo guardar alguns materiais, para mais tarde, as poderem repetir, visando a criação de uma consciência ecológica permanente, duradoura e activa.

Todas as actividades têm um carácter interactivo, sendo por isso avaliadas, com recurso a diferentes instrumentos de avaliação, destinados aos professores e outros aos alunos. Mediante essa avaliação, são progressivamente, introduzidas melhorias e alterações, na prossecução das actividades, no sentido de uma maior eficiência pedagógica.

Um das prioridades da Ecoteca é a divulgação e apoio à concretização dos projectos nacionais e internacionais das ONGA`s , tais como por exemplo: o Projecto Eco-Escolas, Jovens-Reporteres do Ambiente, Projecto-Rios, Comemoração de Efemérides, entre ou-tros, que cada vez mais se consolidam na região e no concelho.

Promoção da floresta Desfile de Carnaval temático Puzzle Gigante acercadas Alterações Climáticas

Actividades experimentais acerca da água, ar e solo

Educação Ambiental

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As temáticas do plano anual de actividades destinado à comunidade escolar são replica-das e reajustadas para a comunidade em geral. Pretende-se implementar o princípio 10 da Declaração do Rio sobre o ambiente, motivando a mudança de comportamentos e a cons-trução colectiva do desenvolvimento sustentável através da realização de mini-cursos temáticos, saídas de campo, ateliers ou acções de formação. Os desafios da Ecoteca são a evolução das suas actividades, a melhoria permanente das estratégias a implementar, a consolidação das metodologias de avaliação e a concretização plena dos objectivos que se propõe alcançar.Eugénia GonçaloProfessora Requisitada na Ecoteca de Macedo de [email protected]

Projecto Rios, Eco-escolas e FAPAS

S A I D A S D E C A M P O

Saída de Campo

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Maciço de Morais

Eurico Pereira (LNEG e FEUP)

Rua da Amieira s/n, Apartado 1089, 4466 -956 S. Mamede Infesta; email: [email protected])

O Maciço de Morais é uma singularidade geológica. No entanto, não é um caso isolado na geologia da Península Ibérica. Em conjunto com os maciços de Cabo Ortegal, Ordenes e faixa de Malpica-Tui, da Galiza, os maciços de Bragança e Morais, do NE de Trás-os-Montes, enceram os elementos fundamentais de uma orogenia, isto é, do processo con-ducente à edificação de uma Cadeia de Montanhas. No caso vertente, trata-se da Cadeia Orogénica Varisca que, na Europa, se estende dos montes Urais até à Ibéria.

A formação de uma Cadeia de Montanhas, a exemplo da moderna Cadeia Alpina, repre-senta a etapa final de um ciclo geológico com duração de muitos milhões de anos (Ma). Este ciclo inicia-se com a ruptura de um continente e abertura de um oceano. Enquanto perdura o oceano acumula sedimentos oriundos da erosão dos continentes que o margi-nam. Mas os oceanos são efémeros, têm limites de expansão e fecham, a crusta oceânica então formada é destruída e, na etapa final, os continentes que marginavam o oceano coli-dem. Verifica-se então a edificação da Cadeia Orogénica. Esta nova Cadeia de Montanhas engloba testemunhos de ambos os continentes, retalhos da crusta oceânica não destruída e os sedimentos acumulados na bacia oceânica, ora deformados e metamorfisados. Todos estes elementos foram amalgamados na constituição de um supercontinente.

Findo um ciclo, outro pode ter início. O Ciclo Varisco iniciou-se ca de 545 Ma no período Câmbrico e a Cadeia Varisca foi edificada entre 390-300 Ma, no período Devónico-Car-bonífero. Deu origem ao supercontinente Pangeia que ca de 250 Ma, no início do período Triassico, começa a desmembrar-se para dar lugar ao Ciclo Alpino, formação da Cadeia Alpina e posterior abertura do Atlântico.

Neste contexto, qual é a singularidade geológica do Maciço de Morais? É o facto de en-cerrar um fragmento completo da Cadeia Varisca. O Maciço de Morais está conformado ao empilhamento de três unidades de envergadura litosférica (placas ou microplacas), separadas entre si por grandes acidentes tectónicos:

i) A Unidade Inferior é representativa da margem do continente Gondwana;

ii) A Unidade Intermédia representa um fragmento completo de crusta oceânica (Oceano de Galiza e Trás-os-Montes);

iii) A Unidade Superior consta de um fragmento completo de crusta continental, isto é, do continente situado na margem do oceano oposta ao Gondwana

O que hoje se conhece é que estas Unidades são fragmentos dos continentes Gondwana e Laurentia-Baltica e, bem assim, do oceano maior Rehic, situado entre estes continentes, ou seja, as grandes placas intervenientes na Orogenia Varisca.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Percursos Caretos

http://caretosdepodence.no.sapo.ptwww.azibo.org

“Interrompendo os longos silêncios de cada Inverno, como que saindo secretos e imprevisíveis das xistosas paredes de Podence, surgem silvando os «Caretos» e seus frenéticos chocalhos bem cruzados nas franjas coloridas de grossas mantas. É o tempo do demónio, bicho ou macho, já que múltiplas são as metamorfoses des-te mascarado de Inverno”.

Paulo Raposo, antropólogo

Este percurso tem início numa viagem ao simbolismo dos Caretos, através de uma visita à Casa do Careto, inaugurada em Fevereiro de 2004, em Podence. O espaço é composto por uma sala de exposições com telas da Graça Morais e de Balbina Mendes e fotografias de António Afonso e Francisco Salgueiro, algumas publicações, as máscaras e demais in-dumentárias; salão multiusos para a realização de vários eventos, seminários, exposições e reuniões e a tasquinha regional “O Careto”, onde se pode almoçar e jantar.

Os Caretos usam máscaras rudimentares feitas de couro, madeira ou de vulgar latão, onde sobressai o nariz pontiagudo e uma paleta cromática de cores fortes: vermelho, pre-to, amarelo, ou verde. Tons que também predominam nas suas vestes: fatos elaborados a partir de colchas franjados de lã vermelha, verde e amarela. O traje incluiu ainda os chocalhos à cintura e bandoleiras com campainhas e um pau que os apoia nas correrias e saltos.

O Domingo Gordo e a terça-feira de Carnaval são os dias da folia dos Caretos, que sur-gem em bandos de todos os cantos da aldeia de Podence, em frenéticas correrias, “assal-tando” transeuntes e adegas. As marafonas são os únicos seres que os Caretos respeitam nas suas tropelias, gritarias e chocalhadas. As raparigas solteiras, principal alvo destes bandos mascarados, levam-nos a trepar muros e varandas para as “chocalhar”. Ainda não há muitos anos, as pessoas punham trancas às portas e janelas, receando ataques ao fumeiro.

Abandonada a aldeia, predomina o habitat agrícola, com destaque para as hortas nas proximidades da aldeia, os pomares depois as vinhas, os olivais e mais longe pequenas searas e alguns castanheiros. Nos limites das pequenas e médias propriedades, ocorrem muros de xistos- nalguns casos cobertos por silvas, promessas de amoras, ou por madres-silvas. Estes xistos escondem e abrigam uma biodiversidade considerável, quer ao nível da avifauna, quer dos anfíbios e répteis. Este percurso permite o contacto com as áreas mais humanizadas da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, mas nem por isso, me-nos interessantes. Desde o início do percurso, os valores naturais da Paisagem Protegida, estimulam o caminhante e a actividade agrícola, ainda assente em bases tradicionais, parece colaborar com a preservação da biodiversidade. É frequente observar a cegonha-branca, melros, poupas, alvéolas –brancas e cartaxos. A abundância de água favorece também a ocorrência de anfíbios, mamíferos e sobretudo de uma avifauna aquática como o invernante corvo-marinho, o mergulhão-de-crista e os patos-reais.

Saída de Campo

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Visita à Albufeira do Aziboordenamento, fauna e flora, conservação, turismo

(Percurso Pedestre)

Manuel José Serra de Sousa CardosoIPB-ESABragança

A Albufeira do Azibo veio, desde há quase trinta anos, mudar de forma drástica uma pai-sagem constituída por linhas de água e correspondentes galerias ripícolas de freixos, choupos e salgueiros, cercadas de lameiros, hortas, sobreiros e carvalhos, onde havia ainda alguns olivais encaixados e vinhas cujo vinho ainda hoje se recorda com saudades. Mas a Albufeira do Azibo veio também fazer outra coisa: veio trazer água a um território que a carecia quase em absoluto, com um clima de extremos, “nove meses de Inverno e três de Inferno”.

Estes 400ha de espelho de água, correspondentes a 56 milhões de metros cúbicos, vie-ram impor um novo ordenamento do território que traduz esta mudança ocorrida pela exis-tência de água e por todos os que sobre ela criaram as suas expectativas: os que a vêem como local de fruição lúdica e turística; como local de pesca; como elemento essencial para a agricultura; como bem de consumo doméstico e industrial.

Existe hoje uma múltipla perspectiva sobre a existência deste espaço esquecendo muitos que o que parece Natureza e um lago aprazível é, sim, uma obra do Homem construí-da para satisfazer necessidades sentidas que veio criar uma nova paisagem com novos ecossistemas e com novas necessidades.

Este sentimento (de que está aqui um bem precioso, a água) veio aliar-se ao de um outro bem precioso, a paisagem criada pela mesma água e pelo seu entorno. Por isso, com o passar dos anos, a população sentiu que havia que preservar este novo bem, aliás, estes novos bens. Que haveria que fazer do seu uso um uso ordenado, que compatibilizasse expectativas na sua fruição.

Esse sentimento, contudo, teria e tem que ter uma forma de expressão coerente com o facto de que se trata de um bem escasso num ambiente frágil e de equilíbrio mais frágil ainda. Um pequeno excesso em qualquer um dos usos é, sempre, aqui um grande exces-so que pode comprometer todo o equilíbrio. 56 milhões de metros cúbicos é muito pouco. 410ha é muito pouco para haver capacidade de resistir a choques ou extremos.

Daí que a Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, legalmente existente desde 1999, com os seus cerca de 4000ha, que este ano comemora os 10 anos de existência, deva compatibilizar e reflectir, no seu plano de ordenamento (que está em conclusão e para depois ser legalmente homologado) todas estas diferentes perspectivas e usos.

O passeio à borda de água desde a Praia da Fraga da Pegada até ao Parque de Merendas permite ter uma visão resumida mas abrangente da realidade do Azibo na sua multiplicida-de. E despertar o apetite para um dia voltar.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Visita à aldeia e ao Museu Rural de Salselas

António Cravo

O Museu de Salselas é etnográfico na sua essência. A aldeia é um núcleo básico do rura-lismo, o contexto natural duma cultura etnográfica local e a célula essencial da civilização rural.

Os traços principais da exposição permanente deste museu apresentam, sumariamente, os dois, maiores aspectos do núcleo humano de qualquer aldeia transmontana; o Universo do Homem e a Sociedade.

O primeiro é representado pelos objectos que este homem camponês foi criando, para melhor se inteirar do seu universo envolvente, num determinado tempo e espaço e outros mostram práticas do pedido de protecção ao sobrenatural.

O outro aspecto desta comunidade rural é também outro universo, representado neste museu por outro conjunto de objectos que traduzem os seus hábitos de relações sociais: familiares e comunitários; e a arte que tem nascido duma intuição popular.

Finalmente, aqui se representam também objectos que nos indicam a transição do Mundo Rural para a Civilização Industrial, onde se enquadra o modelo aldeão salselense.

Saída de Campo

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τϕ - Associação Terras Quentes

Visita à Sala Museu de Arqueologia de Macedo de Cavaleiros

Carlos Alberto Santos MendesPresidente da Associação de Defesa do Património do Concelho de Macedo de Cavaleiros “Terras Quentes”.

E-mail: [email protected] site: www.terrasquentes.com.pt.

A Sala-Museu de Arqueologia do Município de Macedo de Cavaleiros, foi inaugurada em 6 de Dezembro de 2003 e integra o espólio mais significativo de 8 dos 15 arqueosítios intervencionados pela Associação Terras Quentes.

A exposição está disposta por ordem cronológica, indo desde o período Neolítico até à Idade Média, donde se salienta pelo seu valor científico, o Povoado da Primeira Idade do Bronze, da Fraga dos Corvos, único sítio na Península Ibérica onde o visitante tem a oportunidade de tomar conhecimento dos primeiros artefactos em bronze binário, assim como todo o processo de fabrico.

Estão representados dois povoados romanizados, dos 31 referenciados no Concelho. O Povoado Romanizado do Cramanchão com um espólio riquíssimo, advindo das suas tro-cas comerciais (linho) com Itália. Por outro lado o Castro Romanizado da Terronha de Pinhovelo, com registo da Idade do Ferro é, até ao momento, o maior, espacialmente im-plantado (com cerca de 3ha) existente e trabalhado em todo o distrito de Bragança.

O Povoado Mineiro do Bovinho é, também, um raro registo de extracção mineira na região por outro lado, o Forno Romano de Salselas é um dos quatro existentes na Península Ibé-rica no seu estilo construtivo sendo, sem dúvida, o mais bem preservado.

O visitante poderá, ainda, apreciar os treze painéis gravados da Fraga da Pegada, com inscrições que vão desde a Idade do ferro até à contemporaneidade, bem como o inédito método construtivo da Necrópole medieval do Sobreirinho.

C A R T A Z E S

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Cartazes

Percurso Interpretativo em Salreu - Baixo Vouga LagunarLucília Guedes

FAPAS (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens), Rua Alexandre Herculano, 371, 4ºDtº, PortoTelef: 22 2002472 | Fax: 22 2087455 | E-mail: [email protected]

Os objectivos deste Percurso Interpretativo são:• promover os valores culturais e naturais da área, incluindo a estrutura e a dinâmica de uma

zona húmida.• compreender o impacto das acções antropogénicas no ecossistema, nomeadamente os

efeitos de uma gestão inadequada daquele espaço.• incentivar a adopção de comportamentos que conduzam a uma conservação activa do meio.Paralelamente, pretende-se:• promover capacidades necessárias que permitam um relacionamento objectivo com a re-

alidade.• desenvolver capacidades sensoriais e perceptivas que permitam uma melhor apreciação

do meio.• superar o desfasamento existente entre os conhecimentos ensinados na escola e no meio.• Permitir aos docentes, no futuro, terem um papel activo na preparação e no desenrolar de

uma actividade semelhante com os alunos.O Baixo Vouga Lagunar faz parte da Ria de Aveiro, que, por sua vez, está integrada num corredor de zonas húmidas ao longo de todo o litoral oeste, que fazem do nosso país parte importante de um corredor Norte-Sul, que liga a Europa e a África, onde se localizam locais de nidificação e Invernada de numerosas espécies migradoras. Além disso está ligada, tal como outras zonas húmidas a actividades económicas de relevante significado no contexto nacional. É tradicionalmente importante a extracção do sal e a pesca nestas áreas.O FAPAS (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens), desde 1992 que acompanha grupos de alunos, de professores e de escuteiros, a Salreu, no Baixo Vouga Lagunar, numa perspectiva de Educação Ambiental sobre o Ambiente.Salreu é uma zona plana, de fácil acesso, tendo por perto o comboio, e uma zona que não oferece perigo. O objectivo na saída de campo é “Ler” o meio ambiente, ou seja, aprender um conjunto de relações sociais e processos naturais, captando as dinâmicas de interacção entre as dimensões naturais, culturais e sociais. Para se atingir esse objectivo, não chega observar passivamente o meio envolvente, mas “educar” o olhar, aprender a ler e compreender o que se passa à nossa volta.A metodologia inclui, antes da visita, acções de formação aos professores coordenadores do grupo, para que eles também possam colaborar activamente no processo; a distribuição de material informativo, o preenchimento de fichas, antes e depois da visita, e, no local, a passagem por pontos definidos como importantes (pontos críticos/problemáticos e também as paisagens mais bonitas e agradáveis), para a compreensão sócio-ambiental do local. No regresso há a discussão das observações de campo realizadas pelo grupo e na escola, a exposição de fotografias, o artigo no jornal da escola, as consultas bibliográficas, valorizan-do o património ambiental de Salreu identificado e priorizado pelo grupo. A visita tem início junto do antigo local de nidificação das andorinha - das - barreiras, e cons-ta de vários pontos de paragem em alguns dos quais, se realizam algumas actividades

• Antigo local de nidificação de andorinha-das-barreiras• Ninhos de andororinha-dos-beirais• Cais de Salreu• Plataformas artificiais para cegonha-branca• Campos de arroz• Vegetação ripícola• Bocage

• Espécies infestantes• Área de Sapal e Caniçal• Trilho de lontra• Esteiro de Salreu

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Autores: Andreia Gouveia, Fernanda Saraiva, Luísa Rodrigues, Silvia Morim

O CMIA é um espaço criado para o desenvolvimento de acções de sensibilização ambien-tal e monitorização de diversos descritores ambientais, procurando gerir esta informação de forma a contribuir para a melhoria do ambiente a nível regional.

As diversas actividades realizadas, como exposições temáticas, actividades didácticas e pedagógicas, actividades de monitorização no exterior e nolaboratório, palestras, confe-rências, cursos e workshops, procuram contribuir para a tarefa de sensibilização e educa-ção ambiental dos cidadãos, no sentido da promoção da qualidade ambiental, tendo como visitantes as escolas, universidades, imprensa regional e nacional e público em geral.

O CMIA realiza também a monitorização da qualidade bacteriológica e físico-química da água balnear de 8 praias pertencentes ao concelho de Vila do Conde, em conjunto com a Delegação de Saúde de Vila do Conde. E a monitorização bacteriológica e físico - química do Rio Ave, Rio Este e ribeiras a sul do concelho, a fim de avaliar a situação actual relati-vamente à qualidadedas águas analisando no laboratório os coliformes totais, coliformes fecais, Escheríchia colie enterococos fecais, e in situ os nitratos, nitritos, fosfatos, pH, condutividade , oxigénio dissolvido e temperatura da água.

Os grupos escolares participam nesta acção de monitorização da qualidade da água du-rante a oficina “Aprender com a água”. A actividade tem como objectivo estabelecer com os visitantes um compromisso permanente com a conservação da natureza, partindo da compreensão integrada das complexas relações entre os seres vivos, nomeadamente o ser humano, com o ambiente, e sensibilizá-los para a necessidade de proteger os recur-sos hídricos e a biodiversidade.

O centro tem também um papel activo na Educação Ambiental, com a realização e pre-paração de conteúdos e actividades pedagógicas subordinadas ao tema da exposição trimestral para diferentes públicos - alvo. Participação ainda no Projecto Rios que tem como principal objectivo concretizar um plano de adopção de um troço de um rio ou de uma linha de água de menor dimensão, aprendendo a valorizar a sua importância, imple-mentando uma rede nacional através da observação, monitorização, vigilância, visando a conservação.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

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Cartazes

Arsénio na água de consumo humano em Portugal Continental

Maria de Fátima Saavedra Barroso

Instituto de Ciências Biomédicas Abel SalazarUniversidade do Porto

ResumoO objectivo deste poster tem como base a preocupação com a qualidade da água de consumo humano, a sua contaminação com arsénio acima dos valores paramétricos ad-mitidos pelo Decreto-lei 306/2007 de 27 de Agosto que veio substituir o Decreto-Lei n.º 243/2001, de 5 de Setembro e que impõem como valor máximo admissível de 10 micro-gramas por litro de arsénio nas águas de consumo humano.

Pretende-se elucidar a natureza do arsénio, as causas da sua origem, o seu aparecimento no meio ambiente, e em particular nas águas de consumo humano e a sua distribuição em Portugal.

O arsénio é um elemento, que quando surge na água, é em geral devido às características dos solos, ou seja, tem uma causa natural. No entanto também pode ter origem antropo-genica, devido às indústrias e às explorações mineiras que se encontram desactivadas, e que foram abandonadas sem que se tivessem tomado precauções em relação a este problema e outros.

O risco de concentrações maiores de arsénio é maior em águas de origem subterrânea do que em águas de origem superficial como as de origem de lagos e rios, a água utilizada para consumo humano tem quase toda a sua origem de águas superficiais, só em anos de seca que se utiliza aguas de origem subterrânea.

Existe um interesse contínuo em monitorizar a qualidade da água de consumo humano, em particular dos níveis de arsénio presentes na água, para eliminar o risco envolvido, em função da população exposta, da existência de grupos particularmente vulneráveis (crian-ças, mulheres, grávidas, idosos, doentes crónicos) do tempo de exposição, consoante se trate de um risco curto, médio ou de longo prazo. De forma a desencadear medidas adequadas que conduzam à eliminação ou minimização dos potenciais efeitos na saúde da população envolvida.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Turismo Patrimonial: Perspectiva Ecológica

João NascimentoEscola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

[email protected]

Ana LopesEscola Superior de Educação comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda

[email protected]

Emanuel de Castro RodriguesEscola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda

[email protected]

ResumoNa actualidade o turismo que conhecemos como fortemente massificado, além das enor-mes fontes económicas que gera, relaciona-se ainda com a ocupação desordenada dos territórios e a poluição, que consequentemente se associa à destruição das características e patrimónios naturais e culturais de cada local.

O turismo patrimonial procura na sua essência educar os cidadãos para a necessidade de preservar e interpretar o património natural e cultural, como um bem do qual podemos usufruir e devemos respeitar, uma vez que se tratam de elementos transmissores da iden-tidade e autenticidade de cada região e consequentemente da sua população, reflexo das vivências socioculturais com o meio envolvente.

Presentemente, as sociedades modernas são caracterizadas por consumistas e capita-listas, onde o que importa é obter elevados rendimentos financeiros e de preferência o mais rápido possível, desrespeitando a natureza e todo o ambiente sociocultural de cada região.

Em muitas situações verifica-se uma substituição do turismo sustentável pela quantida-de de turistas perspectivando uma obtenção mais rápida de contrapartidas monetárias. Desta forma, o essencial da sustentabilidade desta actividade económica deixa de existir causando danos irremediáveis, quer no território, quer na própria identidade dos lugares, materializada nos diferentes elementos patrimoniais existentes.

A importância de educar as pessoas, especialmente as crianças, uma vez que serão elas os principais prejudicados do uso excessivo e desorientado da natureza ao longo dos tempos, resido no processo de consciencialização para a necessidade de olhar pelo meio ambiente de forma activa, tendo a educação ambiental um papel fundamental, aliando-se a várias actividades de animação turística e educativa, onde se torna possível aprender e exprimir sentimentos de solidariedade para com o ambiente.

Neste sentido, é urgente introduzir “novas” práticas turísticas, onde o turista se possa envolver activamente com meio natural e sentir os territórios, bem como, observar as histórias e vivências socioculturais características de cada local, desviando-se assim do turismo de massas, dos locais paradisíacos, para um turismo rural e responsável, e eco-logicamente sustentável.

As potencialidades e particularidades que nos oferecem o turismo natural e cultural em zonas rurais, são inquestionáveis, dada a sua variedade e possibilidade de contacto com o meio e com as gentes, assim, o homem deve manter-se participativo e zelar pela quali-

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Cartazes

dade ambiental, proteger todo o património histórico, modos de vida e costumes sociocul-turais dos espaços, procurando manter “vivos” os traços que identificam e caracterizam as pessoas e os territórios.

O Turismo Patrimonial Força destruidora dos recursos internos

dos territórios ou factor de desenvolvimento sustentável?

Premissas da animação

turística:

• Território;

Acção Concertada entre:

• Agentes económicos;

• População local;Identidade

 

Território;

• População;

• Recursos endógenos.

• População local;

• Poder político.

           

Turismo Patrimonial

Património Natural

Centros Educativos

Património Cultural

Turismo Natural Turismo Cultural

Desenvolvimento local

            

Quintas Pedagógicas

Recriação Histórica

Perspectiva Ecológica

Actualmente, as sociedades globais e capitalistas devem ter uma

preocupação em educar as gerações futuras e sensibilizar os adultos,

através de programas e acções educativo-ambientais que coloquem os

cidadãos em contacto directo com a Natureza, melhorando a capacidade

de interpretar o território e todos os recursos a ele associados.

João Nascimento, Ana Lopes, Emanuel Castro

Instituto Politécnico da Guarda Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Departamento Municipal de Ambiente e SalubridadeJulho/2008 - Setembro/2009

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Cartazes

A influência da Horticultura Terapêutica emdoentes com Paramiloidose

Projecto de Educação Ambiental desenvolvido noMunicípio de Esposende no ano de 2005.

Marisa Duarte; [email protected]; Mariana Cruz;[email protected]; Joana Costa; [email protected].

A Horticultura Terapêutica (HT) traduz um processo de terapia que através de ferramentas como as plantas e a possível prática de actividades horticulturais, permite um contacto directo e a percepção dos nossos sentidos. Deste modo o processo de terapia menciona-do poderá ser descrito por um processo que aplica e utiliza as plantas e actividades com objectivos muito específicos, melhorar o ajuste social, educacional, psicológico e físico das pessoas nos seus diversos contextos e realidades. A HT pode de facto ser aplicada em indivíduos com diferentes tipos de patologia, idade, sexo, condição social e mesmo naqueles que já estão na fase de recuperação de uma doença, tornando-se desta forma numa terapia atractiva e de fácil administração no futuro.

Esta terapia foi utilizada no caso de estudo com doentes portadores de paramiloidose (do-ença dos pézinhos) – Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF), nome científico, doença hereditária que atinge homens e mulheres em idade jovem (entre os 25 e os 35 anos) e conduz à morte dez a quinze anos após os primeiros sintomas.

Foram estabelecidos como principais objectivos do projecto, objectivos de carácter tera-pêutico, pedagógico, social, comunitário e financeiro. Como uma das metodologias de referência usadas, destaca-se a Educação Ambiental enquanto promotora de adopção de comportamentos e atitudes de preservação e conservação da natureza, permitindo a sua percepção e apreensão directa e contribuindo com um compromisso activo e continuado da acção em diferentes frentes e públicos-alvo.

o projecto possibilitou a todos os membros do grupo: percepção e aceitação das suas limitações e necessidades; participação de forma activa e motivadora nas acções de Edu-cação Ambiental propostas, visando o contacto com os materiais de trabalho, de forma a acolherem os benefícios da HT (como é o caso da reabilitação física, resultando numa melhoria da coordenação, contrapeso e força).

Conclui-se que a Educação Ambiental surge no processo não como uma acção alterna-tiva, mas como base motivadora para as restantes acções, possibilitando a partilha de conhecimentos e a motivação à acção humana.

Palavras-chave: Horticultura Terapêutica, Educação Ambiental, acção humana, plantas, reabilitação física.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

A Educação Ambiental como Prioridade de Acção

Roldão, Mariana (Engenheira do Ambiente) – [email protected]; Gonçalo, Eugénia (Ecoteca de Macedo de Cavaleiros) – [email protected]; Martins, João (Escola Superior de Educação Instituto Piaget) – Joã[email protected]; Silva, Ana Cristina (Engenheira do Ambiente) – cris.ana.silva@gmail.

com; Teiga, Céu – (Médica) – [email protected]; Gusmão, Joana (Bióloga) – [email protected]

Palavras-Chave: São Tomé e Príncipe; Educação; Ambiente; Crianças.A cultura ocidental dominante caracteriza-se por ser uma cultura essencialmente antropo-cêntrica e que se manifesta numa consciência ecológica focada no Homem, expressa na protecção da Terra visando o seu bem-estar económico. A exploração e rentabilização da natureza são tomadas numa visão economicista já que o Homem é visto sobretudo como Homo economicus. Neste contexto, a educação ambiental possui um papel fundamental na construção de cidadãos civicamente conscientes e ambientalmente responsáveis. A sensibilidade ambiental é uma componente relevante do comportamento ambiental pois contribui para a construção de uma cidadania responsável frente ao ambiente, justifican-do-se assim, a necessidade de investir na educação dos jovens. Não é apenas importante existirem experiências na natureza mas, experiências que sociabilizem as pessoas em formas positivas de a interpretar. O encontro de estratégias para a implementação das actividades procurou envolver algumas etapas fundamentais, como a leitura e compreen-são da paisagem, a decoração do espaço e a sociabilização intrínseca. Na Roça de São João (dia 23 Julho) e Fundação da Criança (dia 28 Julho) realizaram-se actividades, en-quadradas no Seminário Internacional de Educação Ambiente Turismo e Desenvolvimento Comunitário realizado em São Tomé e Príncipe, em 2008, com o objectivo de interacção e integração da comunidade infantil local nos conceitos de biodiversidade, preservação e conservação do meio ambiente e assim conseguir introduzir uma linguagem ambiental. Este conjunto de actividades resultou num atelier, integralmente espontâneo, onde houve apreensão e reconhecimento dos recursos existentes pelas crianças, através de jogos estratégicos, do movimento corporal e das acções realizadas ao ar livre, tendo sempre presente o respeito pela condição humana.

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Cartazes

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Câmara Municipal de Vila do Conde

SERVIÇOS DE QUALIDADE AMBIENTAL

A organização dos Serviços de Qualidade Ambiental da Câmara Municipal de Vila do Con-de reflecte uma visão integrada do ambiente, abrangendo domínios como a água, o ar, o ruído, os resíduos, a energia e a educação e formação ambiental. Esta última, alimentada pelos conhecimentos adquiridos pela intervenção em várias áreas, é desenvolvida, em de-terminadas situações, com o recurso a parcerias da qual se refere como exemplo aquela estabelecida com o FAPAS.

A actividade dos Serviços de Qualidade Ambiental tem passado também por um intenso trabalho com as Escolas do Concelho, traduzindo-se em acções de informação, ciclos de palestras e exposições temáticas, concursos, projectos e campanhas ambientais.

Os posters em anexo traduzem algumas das iniciativas realizadas. Recentemente elabo-rámos mais três exposições que pretendemos levar às diversas instituições do Concelho : Resíduos Sólidos, Água e Energia e Alterações Climáticas.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

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Cartazes

Estudos de “Entomologia Forense da fauna selvagem”na Região Centro de Portugal:*

Gusmão, J.; Prado e Castro, C. & Rebelo, M.T.Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Campo Grande, Edifício C2, 1149-016 Lisboa

I - Comparação da fauna Diptera sarcosaprófaga em locais diferentes

RESUMONo âmbito da “Entomologia Forense da Fauna Selvagem” procedeu-se ao estudo da diver-sidade de dípteros na decomposição de cadáveres de mamíferos e aves da fauna selva-gem, durante os períodos de Inverno e de Primavera de 2008, nos terrenos do “Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens” (CERVAS), num andar “basal” do PNSE. Comparando a diversidade de famílias de dípteros no povoamento de cadáve-res das referidas classes, com os resultados verificados num estudo com cadáver de porco doméstico (Sus crofa L.), realizado em Coimbra, no período de Maio a Setembro de 2004, é possível constactar uma diferença nas famílias de dípteros que povoam os cadáve-res nos dois condicionalismos referidos, que se traduz na presença das famílias Asilidae, Bibionidae, Chironomidae, Conopidae, Empididae, Lonchopteridae, Rhagionidae, Rhyno-phoridae, Simuliidae, Stratomyiidae, Syrphidae, Ulidiidae, Xylophagidae e Xylomyidae, não referidas no estudo de Coimbra e, por outro lado, na ausência das famílias Camilidae, Carnidae, Drosophilidae, Dryomyzidae, Otitidae, Piophilidae, Plastyomatidae, Sepsidae e Therevidae, referidas nesse mesmo estudo.

II - Comparação da fauna Diptera sarcosaprófaga, em cadáveres de espécies di-ferentes, em épocas diferentes, numa região do “andar basal” do Parque Na-tural da Serra da Estrela.

RESUMONum primeiro painel subordinado ao mesmo título “Estudos de entomologia forense reali-sados na Região Centro de Portugal”, procedeu-se à comparação das famílias de dípteros que povoam os cadáveres, de mamíferos e aves selvagens, durante os períodos de In-verno e de Primavera, de 2008, em Gouveia, nos terrenos do “Centro de Ecologia, Recu-peração e Vigilância de Animais Selvagens” (CERVAS), num andar “basal” do PNSE, com os resultaqdos verificados num estudo com cadáver de porco doméstico (Sus crofa L.), realizado em Coimbra, no período de Maio a Setembro de 2004. No trabalho experimental realizado em Gouveia, a proporção das quatro famílias de dípteros que representam 93% das capturas (Muscidae, Calliphoridae, Anthomyiidae e Fanniidae), para as diferentes es-pécies aqui analizadas (Columba livia, Buteo buteo e Genetta genetta) revela uma pre-dominância da família Muscidae nas capturas associadas a cadáveres de aves, tanto de Inverno como de Primavera, e uma predominância das famílias Fanniidae e Anthomyiidae nas capturas, associadas a cadáveres de mamíferos, na Primavera. A especificidade do processo de decomposição evidencia-se, ainda, no diagrama de ordenação, obtido atra-vés da análise de correspondência, onde se pode verificar: (i) uma agregação por classes (aves vs mamíferos) mais forte que a agregação por época do ano (Inverno vs Primavera); (ii) uma agregação por espécies que se sobrepôe à agregação por classes.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

III - Padrão do processo de decomposição entomológica em cadáveres de aves e de mamíferos, numa região do “andar basal” do Parque Natural da Serra da Estrela

Gusmão, J. & Rebelo, M.T.RESUMOEm dois painéis anteriores, subordinados ao mesmo título (Estudos de entomologia foren-se realisados na Região Centro de Portugal), procedeu-se ao estudo da especificidade das famílias da fauna Diptera que povoa os cadáveres de mamíferos e aves selvagens, em função do local (painel I) e da espécie (painel II). No presente painel, com base na evolução da temperatura corporal registada em cadáveres de Columba livia e de Genetta genetta, em decomposição durante o Inverno e durante a Primavera, de 2008, em Gou-veia, nos terrenos do “Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selva-gens” (CERVAS), num andar “basal” do PNSE, evidencia-se a especificidade do padrão de evolução das temperaturas corporais dos cadáveres em decomposição, em função da espécie onde se incluem, descrevendo-se cinco fases, para Genetta genetta, e quatro para Columba livia.* Trabalho experimental realizado no “Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens” (CERVAS)

Desafio ao Desenvolvimento Sustentável de São Tomé e Príncipe: O caso do Ilhéu das Rolas

Freitas, Mário (Universidade do Minho), Teiga, Pedro (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto); Roldão, Mariana (Engenheira do Ambiente), Moreno, Márcia (Gestora de Projectos), Sobral, Marcela (Educado-

ra e Gestora Ambiental), Gonçalo, Eugénia (Ecoteca de Macedo de Cavaleiros); Gusmão, Joana (Bióloga).

Palavras-Chave: Turismo sustentável; Desenvolvimento Local Sustentável; Educa-ção Ambiental e para o Desenvolvimento Sustentável.Perante a crescente massificação do turismo, nomeadamente em estados insulares ou com vastas regiões costeiras e vocação balnear, com a sua acção predatória e pouco respeitadora do ambiente e de tradições culturais, a preocupação face a grandes problemas ambientais globais impõe-se. No caso de São Tomé e Príncipe e do projecto no Ilhéu das Rolas proposto aquando da implementa-ção do resort Pestana Equador, são flagrantes as falhas, nomeadamente no que diz respeito ao envolvimento comunitário, reabilitação da aldeia local, melhoria de condições de vida das comuni-dades envolvidas, entre outras. Este projecto emerge como resultado do Seminário Internacional Educação, Ambiente, Turismo e Desenvolvimento Comunitário em São Tomé e Príncipe, em 2008, e na sequência da participação dos autores nas actividades no mesmo, pretendendo ser uma contribuição para uma reflexão e resolução da problemática encontrada no ilhéu das Rolas e contribuir positivamente para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe num ambiente sustentável. Os objectivos pretendidos podem ser alcançados através de técnicas de investigação e intervenção de diferentes naturezas, produzindo resultados concretos, quer materiais quer estratégias passíveis de colocar em prática perante a realidade encontrada nesse local. Impondo-se como metodologia, o diagnóstico e identificação de divergências, debate e focalização e convergência.

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Cartazes

Programa Integrado de Educação AmbientalA Água e os Nossos Rios

João L. Roseira, Educação Ambiental; Águas do Douro e Paiva, [email protected]

A empresa Águas do Douro e Paiva, AdDP, tem implementado, pelo 5º ano consecutivo, um Programa Integrado de Educação Ambiental que já mobilizou largos milhares de alunos e professores. Actualmente denominado Projecto “Mil Escolas”, permite a arti-culação e facilidade de manuseamento de ferramentas/recursos existentes em diferentes contextos, capazes de construir e colaborar com educandos e educadores especializados na actividade educacional e dinamização de acções de comunicação e intervenção na área da educação ambiental, no que respeita à sua gestão, planeamento e intervenção/participação directa.Alunos e Professores do 1º e 2º ciclos do ensino básico, da rede pública e privada, dos 20 municípios englobados pela AdDP (Amarante, Arouca, Baião, Castelo de Paiva, Cinfães, Espinho, Felgueiras, Gondomar, Lousada, Maia, Matosinhos, Oliveira de Azeméis, Ovar, Paços de Ferreira, Paredes, Porto, Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Valongo e Vila Nova de Gaia) são o público-alvo do programa. Como principais objectivos, o projecto defende: Reforçar as competências pedagógicas e científicas dos professores; Sensibilizar a comunidade escolar no sentido da adopção de atitudes e comportamentos pró-ambientais; Promover a participação efectiva da comuni-dade escolar na gestão e valorização da água e das zonas ribeirinhas e; Apoiar tecnica-mente alunos e professores na criação e desenvolvimento de projectos próprios. O projecto tem vindo a desenvolver-se durante os anos lectivos: 2004/2005, 2005/2006, 2007/2008 e 2008/2009 com perspectiva contínua de desenvolvimento. Todo o seu pro-cessamento traduz-se na realização de formação pedagógica e específica de Educação Ambiental e Ecossistemas Ribeirinhos, ateliês temáticos, acções de sensibilização, saídas de campo, exposições e palestras, bem como a realização de um evento final caracteri-zado pela respectiva apresentação de todos os trabalhos/projectos desenvolvidos pelas escolas no âmbito do Projecto “Mil Escolas”. A partir do ano lectivo 2008/09 conta com um canal de comunicação específico: Portal www.aguaonline.net.A importância efectiva actual do desenvolvimento de projectos deste carisma, prende-se com inúmeros factores e mais-valias por parte de educadores e educandos, na medida que a sua implementação e prática contribui para: O desenvolvimento de uma consciência crítica para as questões ambientais; Alteração de hábitos pessoais que se tornam prejudi-ciais para o ambiente com vista à adopção de atitudes e comportamentos pró-ambientais por parte dos cidadãos; Entender as modificações que se foram produzindo na percepção global do duo ser humano e ambiente;Reconhecer a Educação Ambiental como promotora do desenvolvimento sustentável; Mo-tivar para novas práticas educativas no sentido da sustentabilidade local e da educação para a cidadania; Desenvolver processos activos e participativos, estimulando a dinâmica de grupo, o espírito de equipa e a participação efectiva da comunidade educativa na pre-paração, implementação, monitorização e avaliação contínua do Programa Integrado de Educação Ambiental; Colocar a temática ambiental como objectivo primeiro da prática da acção humana, entre outras.Palavras-chave: Educação Ambiental, ecossistemas ribeirinhos, escola, água.

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Andorinhas nidificantes do concelho de Seia

Conde, J.; Ferreira, R.; Fonseca, A. & Martins, F.CISE – Centro de Interpretação da Serra da Estrela, rua Visconde de Molelos, 6270-423 Seia

www.cise-seia.org.pt

Em Portugal, nidificam cinco espécies de andorinhas: a andorinha-dos-beirais (Delichon urbica), a andorinha-das-barreiras (Riparia riparia), a andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), a andorinha-daurica (Hirundo daurica) e a andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris). Apesar das andorinhas apresentarem populações abundantes a nível nacional, a destruição de habitats naturais, a diminuição da disponibilidade de alimento causada pela escassez de insectos, consequência da utilização de agro-tóxicos, e as acções de vandalismo sobre os seus ninhos são factores que poderão conduzir à regressão popula-cional destas aves.

Com o objectivo de conhecer a situação deste grupo de aves a nível do concelho de Seia, o Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) desenvolveu de 2004 e 2009 o I Censo de Andorinhas do Concelho de Seia, projecto de educação ambiental que teve por objectivos conhecer a distribuição e o estado de conservação das espécies de andorinhas nidificantes no concelho de Seia e sensibilizar a comunidade escolar para a importância de conservação deste grupo de aves.

A recolha de informação teve por base saídas de campo realizadas com alunos do ensino pré-escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB), circuitos em automóvel nas várias fre-guesias do concelho e no registo de observações ad hoc efectuadas durante visitas efec-tuadas na área. O período dedicado aos levantamentos decorreu, no primeiro ano de 1 de Março a 15 de Julho e nos anos subsequentes de 30 de Março a 15 de Julho, de forma a cobrir a época de nidificação das várias espécies que ocorrem no concelho de Seia.

A determinação das áreas de nidificação das várias espécies baseou-se nos seguintes critérios de observação: i) aves construindo o ninho; ii) ninhos utilizados recentemente; iii) aves adultas a saírem de local onde exista um ninho; iv) ou, juvenis com plumagem incompleta que abandonaram o ninho recentemente. Para o registo dos locais de nidi-ficação recorreu-se à utilização da malha de quadrículas UTM (Sistema Transverso de Mercator) 1x1 km, o que resultou na divisão do concelho numa malha de 495 unidades de distribuição.

Durante o período de realização dos levantamentos de campo foi possível confirmar a nidificação, na área do concelho de Seia, da totalidade das espécies que se reproduzem em Portugal, salientando-se a detecção de colónias de andorinha-das-barreiras, espécie cuja nidificação no distrito da Guarda era desconhecida até à data de início dos trabalhos deste censo. Para cada uma das espécies descritas, recolheu-se informação relativa à sua distribuição, período de ocorrência (fenologia) no concelho e algumas considerações relativas aos principais factores de ameaça à sua conservação.

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Cartazes

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Contribuição para a conservação de um narciso endémico

Silva, D.1 , Alves, P. 2 , Vicente, J.2, Lomba, A.2 , Honrado, J.2,3

1 Parque Nacional da Peneda-Gerês, Portugal2 Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade

do Porto (CIBIO-UP).3 Faculdade de Ciências, Universidade do Porto (FC-UP).

[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

A conservação in situ de espécies ameaçadas baseia-se na protecção e gestão dos seus habitats naturais. Para este propósito, é extremamente importante um conhecimento de-talhado das espécies, nomeadamente da sua ecologia, do seu estado de conservação e dos factores que ameaçam a sua persistência no território.

Narcissus pseudonarcissus subsp. nobilis (Amaryllidaceae) é um narciso endémico da Pe-nínsula Ibérica, colhido desde o século XI, quer para usos locais, quer para os jardins bri-tânicos e centro-europeus. Presumivelmente, este comércio causou a extinção de muitas populações selvagens. Hoje em dia, esta planta é protegida por leis nacionais e europeias, apesar de considerada “não ameaçada” pelos critérios da lista vermelha da IUCN.

Neste trabalho, apresentam-se os resultados mais significativos de um estudo florístico, ecológico e demográfico das populações de N. pseudonarcissus subsp. nobilis em Portu-gal. A prospecção permitiu localizar sete populações no Noroeste de Portugal, a uma al-titude média de 780 metros, maioritariamente em prados de feno sobre litologia granítica. Os resultados das análises demográficas sugerem que a população com menor número de indivíduos (cerca de 500) poderá estar em stress, o que deverá relacionar-se com o facto de o local ter sido drenado há três anos e estar actualmente a ser cultivado. No que se refere às restantes seis populações, não se identificaram ameaças relevantes a curto prazo, todavia a maior parte delas parece depender do uso contínuo dos prados pelos agricultores.

As análises efectuadas também permitiram identificar padrões ecológicos e florísticos re-lacionados com a distribuição do taxon e detectar, por exemplo, uma correlação positiva entre o número de sementes por cápsula e o teor de matéria orgânica do solo.

Como conclusão, pode afirmar-se que Narcissus pseudonarcissus subsp. nobilis parece estar restrito a uma área de ocupação total menor que 1 km2 em Portugal, estando expos-to aos efeitos das actividades humanas e podendo vir a ficar em perigo de extinção num curto período de tempo. Assim, aplicando os critérios da lista vermelha da IUCN a nível regional, este taxon deverá ser considerado vulnerável (VU – D2) em Portugal.

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Cartazes

Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental

Rua da Argaçosa4900-394 Viana do [email protected]

A T E L I E R S D I D Á T I C O S

Ateliers Didáticos

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Utilização de indicadores de qualidade biológica da água:os macroinvertebrados e os índices bióticos

Teresa Jesus

Faculdade de Ciência e tecnologia, Universidade Fernando Pessoa, Praça 9 de Abril, 349, 4249- 004 Porto, Portugal, Telef: +351 22 5071300; fax: +351 22 5508269 E-mail: [email protected]

Durante muito tempo a água como recurso natural foi considerada como inesgotável, o que levou a que actualmente este mesmo recurso natural seja uma fonte de preocupação para o Homem, que a consome em grandes quantidades para fins domésticos, agrícolas ou industriais. Um dos pontos de partida para resolução do problema é a resposta à ques-tão: o que é a qualidade da água?Esta qualidade pode ser exprimida através de uma combinação de concentrações de substâncias inorgânicas ou orgânicas ou através do estudo da composição de comunida-des que habitam no meio aquático.Os métodos físico-químicos, atribuem valores às diferentes variáveis hidrológicas (velo-cidade da corrente, caudal, nível de água,…), aos parâmetros gerais (temperatura, condu-tividade, oxigénio dissolvido,…), aos nutrientes (compostos azotados, compostos fosfata-dos,…), à matéria orgânica (carbono orgânico total, CQO, CBO, …) e a outras variáveis.Os métodos biológicos têm base no facto de que os animais e os vegetais se associam constituindo biocenoses de acordo com os factores ambientais. Assim, qualquer perturba-ção no meio, provoca uma alteração na estrutura da comunidade. Esta modificação bio-lógica, inclui simultaneamente uma alteração estrutural da comunidade inicial, o aparecer e proliferar de espécies adaptadas a situações particulares e o desaparecimento, mais ou menos rápido, de toda ou de parte da comunidade inicial.A directiva quadro da água introduz o conceito de “estado ecológico” de um ecossistema, que inclui o estudo de um amplo leque de parâmetros e factores de um ecossistema aquá-tico com vista à determinação da “saúde” do sistema. A monitorização de ecossistemas lóticos implica o uso de ferramentas que permitam a obtenção de resultados o mais pre-ciso possível e de fácil interpretação para qualquer pessoa com uma baixa relação custo benefício. Uma dessas ferramentas é o cálculo de índices de qualidade baseados nos diferentes componentes dos ecossistemas: índices de qualidade química da água, índices bióticos, índices sapróbicos, índices de habitat, etc…A utilização de material biológico para avaliação da qualidade da água traz numerosas vantagens:

as respostas biológicas integram um grande número de condições físico-químicas• tem em conta a capacidade que os seres vivos têm de testemunhar uma poluição mais • ou menos recente tem em conta a capacidade dos seres vivos para detectar situações súbitas de poluição • tóxica ou situações intermitentes de poluição orgância moderadaos seres vivos são capazes de detectar mesmo alterações muito subtis •

Pelo contrário, estudo dos factores físico-químicos dá apenas uma imagem instantânea da qualidade da água, e que é parcial, uma vez que depende directamente do número de parâmetros analisados.Dentro dos vários seres vivos que encontramos no meio aquático, os mais utilizados em estudos de qualidade biológica da água são os macroinvertebrados bentónicos, devido às suas características:

colonizadores de todos os tipos de habitat• mobilidade reduzida a algumas dezenas de metros – em presença de uma fonte polui-• dora persistem ou morrem ciclo de vida relativamente longo - cerca de um ano• formam comunidades diversificadas• são geralmente abundantes • têm uma sensibilidade diferencial aos diferentes tipos de poluentes•

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Curso de água: Ponto de amostragem:

Data de amostragem:

Caracterização do sector de amostragemComprimento:

Nº de transectos:

Caracterização do(s) transecto(s):

Transecto 1:

Margem Direita Margem Esquerda

(largura)

(profundidade)

Velocidade da corrente:

Transecto 2:

Margem Direita Margem Esquerda(largura)

(profundidade)

Velocidade da corrente:

Transecto 3:

Margem Direita Margem Esquerda(largura)

(profundidade)

Velocidade da corrente:

Temperatura ambiente: Temperatura da água: pH:

Condutividade: Concentração de oxigénio dissolvido:

Composição do substrato(%):

Lama areia areão cascalhoCalhaus rolados

Pequenos blocos

Grandes blocos

Macrófitas:

% de área ocupada:

Substrato(s) a que estão associadas:

Plantas com raíz com partes não submersas•

Plantas com raíz totalmente submersas•

Plantas com raizes flutuantes •

Plantas flutuantes •

Algas flutuantes •

Algas agregadas ao substrato •

Canópia (% de leito de rio ensombrada):

Categoria piscícola:

Salmonícola •

Ciprinícola •

Tipo de curso de água:

Crenon •

Ritron •

Potamon •

Ateliers Didáticos

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Odor:

Água SubstratoNormalEsgotosPetróleoProdutos químicosPeixesActividade anaeróbicaOutros

Uso das margens (%):

M D M EFlorestaPastagensCampos agrícolasZonas residenciaisZonas comerciaisZonas industriaisOutras

Fontes de poluição:

Ausentes •

Vestígios - Quais?•

Abundantes - Quais?•

Vegetação ripária (%):

M D M EÁrvoresArbustosVegetação herbáceaRelvaAusência de cobertura vegetal

Estado do substrato:

Limpo •

Detritos orgânicos •

Folhas •

Outros •

Tipo de leito:

Consolidado •

Não consolidado •

Artificial •

Estrutura (%):

Poças •

Cascatas •

Rápidos •

Elementos de heterogeneidade (%):

Raízes expostas•

Troncos, ramos caídos•

Folhada acumulada•

Diques naturais•

Côr:

Matérias flutuantes:

Poluição macroscópica:

Turbidez:

Transparente •

Pouco turva •

Turva•

Opaca •

Com côr •

Observações:

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Tabela usada para o cálculo do índice de avaliação visual do habitat em rios de elevado gradiente (EPA, 1999)Curso de água: Ponto de amostragem: Data: / /

Par

âmet

ros

a av

alia

r

Parâmetro do habitatCategorias

Óptimo Sub-óptimo Marginal Pobre

1. Capacidade do substrato para acolher

Mais de 70% de ha-bitat favorável à colo-nização pela epifauna e à utilização pelos peixes; mistura de ramos, troncos sub-mersos, blocos ou outros habitats está-veis e com potencial máximo de coloni-zação (ex: troncos já com um certo tempo de deposição).

40-70% de mistura de habitats estáveis; boas condições para a total colonização; habitat adequado para a manutenção das populações; pre-sença de substrato adicional recente-mente depositado no canal e ainda não completamente apto para a colonização.

20-40% de mistura de habitats estáveis; disponibilidade de habitat inferior ao desejável; substra-to frequentemente removido ou pertur-bado.

Menos de 20% de habitats estáveis; evidente falta de ha-bitats; substrato ine-xistente ou instável.

Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

2. Firmeza do substrato (“embeddedness”)

25% de cascalho, blocos e calhaus ro-lados rodeados por sedimentos finos. Bandas de blocos que criam nichos ecológicos diversifi-cados.

25-50% de cascalho, blocos e calhaus ro-lados rodeados por sedimentos finos.

50-75% de cascalho, blocos e calhaus ro-lados rodeados por sedimentos finos.

Mais de 75% de cas-calho, calhaus rola-dos e blocos rodea-dos por sedimentos finos.

Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

3.Regimes velocidade profundidade

Presentes os quatro regimes de veloci-dade/profundidade ( l e n t o - p ro f u n d o , lento-baixo, rápido-profundo, rápido-baixo).

(lento é menor que 0.3 m/s, profundo é maior que 0.5 m/s).

Apenas 3 dos quatro regimes estão pre-sentes (se falta o re-gime rápido-baixo, a pontuação deve ser inferior do que fal-tando qualquer dos outros regimes).

Apenas 2 dos quatro regimes estão pre-sentes (se falta o re-gime rápido-baixo, a pontuação deve ser inferior do que fal-tando qualquer dos outros regimes).

Prevalência de um único regime (usu-almente o regime lento-profundo).

Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

4.Deposição desedimentos

Pouco ou nenhum aumento da superfí-cie de ilhas e menos de 5% de substrato afectado pela depo-sição de sedimentos.

Algum aumento de formação de bar-reiras, constituídas, essencialmente, por cascalho, areia ou sedimentos finos; 5-30% do substrato afectado; pequena deposição de sedi-mentos nas poças.

Deposição modera-da de cascalho, areia ou sedimentos finos em faixas novas ou antigas; 30-50% do substrato afectado; deposição de sedi-mento, nas obstru-ções e constrições do canal; deposição moderada de sedi-mento nas poças.

Pesados depósitos de materiais finos au-mentam a formação de barreiras; mais de 50% do subs-trato em mudanças frequentes; quase ausência de poças devido à deposição de sedimentos.

Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

5. Homogeneidade do fluxo de água no canal

A água corre pelos dois lados do canal, podendo apenas uma pequena parte do leito do rio não estar coberta por água.

A água corre por mais de 75% do canal; ou menos de 25% do canal não está co-berto por água.

A água corre por 25-75% do canal, e /ou o substrato encon-tra-se exposto nas zonas de rápidos.

Muito pouca água no leito do rio e a maior parte confinada a poças.

Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Ateliers Didáticos

79

Par

âmet

ros

a av

alia

r

Parâmetro do habitatCategorias

Óptimo Sub-óptimo Marginal Pobre

6. Alteração do canal Canalização débil ou ausente; rio com um padrão normal.

Presente alguma canalização, usual-mente em áreas de pontes; podem exis-tir evidências de ca-nalização antiga (dra-gagens, com idade superior a 20 anos), mas não existir cana-lização recente.

A canalização do rio pode ser extensiva; taludes ou escoras podem estar pre-sentes em ambas as margens; 40-80% do rio corre canalizado ou com interrupções.

Margens limitadas por cimento ou mu-ros; mais de 80% do rio corre canalizado ou com interrupções; os habitats aquáticos estão fortemente al-terados ou inteira-mente removidos

Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

7. Frequência de rápidos Ocurrência relativa-mente frequente de rápidos; razão dis-tância entre rápidos/largura do rio inferior a 7:1 (geralmente 5:7); a variedade de habitats é a chave. Em rios onde os rápi-dos são contínuos a localização de blocos ou outros obstáculos naturais assumem grande importância.

Ocurrência pouco frequente de rápidos; razão distância entre rápidos/largura do rio é de cerca de 7:15.

Rápidos e curvas de rio ocasionais; con-torno do leito do rio pode propiciar al-guns habitats; razão distância entre rápi-dos/largura do rio é 15:25

Geralmente águas calmas ou presença de pequenos rápi-dos; razão distância entre rápidos/largura do rio é superior a 25.

Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

8. Estabilidade das margens (pontuação para cada margem)

Margens estáveis; pouca ou nenhuma evidência de erosão ou de derrocada das margens; fraco po-tencial para proble-mas futuros; menos de 5% das margens com problemas.

Margens modera-damente estáveis; pouca frequência de pequenas área ero-sionais; 5 –30% das margens são áreas de erosão.

Apenas 2 dos quatro regimes estão pre-sentes (se falta o re-gime rápido-baixo, a pontuação deve ser inferior do que fal-tando qualquer dos outros regimes).

Margens instáveis; muitas zonas erodi-das; áreas “feridas “ frequentes; 60-100% das margens têm marcas de erosão.

Pontuação (M.E.) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Pontuação (M.D.) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

9. Corredor ripário (pontuação para cada margem)

Mais de 90% da su-perfície da margem e da zona ripária co-berta por vegetação autóctone, incluindo árvores, vegetação rasteira ou vegeta-ção herbácea; nu-dez do solo mínima ou não evidente; praticamente todas as plantas com um crescimento natural.

70-90% da superfície das margens coberta por vegetação autóc-tone, mas com um dos tipos de plantas mal representado; ruptura evidente da vegetação rasteira, mas que não afecta o seu potencial de crescimento.

50-70% da superfície das margens coberta por vegetação; gran-des manchas sem vegetação; apenas metade do terreno apresenta potencial de crescimento.

Menos de 50% dos terrenos marginais se encontram com cobertura vegetal; grandes espaços sem vegetação; pouca ou nenhuma capacidade de cres-cimento de cobertura vegetal.

Pontuação (M.E.) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Pontuação (M.D.) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

10. Largura do corredor ripário (pontuação

para cada margem)

Largura do corredor ripário maior que 18m; as actividades humanas móveis, campismo, campos agrícolas, pastagens) não têm impacto na área.

Largura do corredor ripário entre 12 e 18m. O impacto de actividade humanas é mínimo.

Largura do corredor ripário entre 6 e 12 m. O impacto das actividades humanas e considerável.

Largura do corredor ripário inferior a 6m; pouca ou nenhuma vegetação ripárica devido a actividades humanas.

Pontuação (M.E.) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Pontuação (M.D.) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

80

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Tabela usada para o cálculo do índice de qualidade do bosque de ribeira (QBR) (munné et al., 1998)Curso de água: Ponto de amostragem: Data: / /

Grau de cobertura da zona ripária Pontuação entre 0 e 25

Pontuação

25 >80% de cobertura vegetal na zona ripária (as plantas anuais não são contabilizadas)10 50-80% de cobertura vegetal na zona ripária5 10-50% de cobertura vegetal na zona ripária0 <10% de cobertura vegetal na zona ripária

+10 se a conectividade entre o bosque de ribeira e o ecossistema florestal adjacente é total+5 se a conectividade entre o bosque de ribeira e o ecossistema florestal adjacente é maior que 50%

-5 se a conectividade entre o bosque de ribeira e o ecossistema florestal adjacente é entre 25 e 50%-10 se a conectividade entre o bosque de ribeira e o ecossistema florestal adjacente é menor que 25%

Estrutura da cobertura vegetal (contabiliza-se toda a zona de ribeira) Pontuação entre 0 e 25

Pontuação

25 cobertura de árvores superior a 75%10 cobertura de árvores entre 50 e 75%, ou cobertura de árvores entre 25 e 50% e de arbustos superior a 25%5 cobertura de árvores inferior a 50% e o resto da cobertura efectuada por arbustos entre os 10 e os 25%0 sem árvores e arbustos abaixo dos 10%

+10 se na zona de inundação a concentração de helófitos ou arbustos é superior a 50%+5 se na zona de inundação a concentração de helófitos ou arbustos é entre 25 e 50%+5 se existe uma boa conexão entre a zona de arbustos e árvores com a zona de bosque adjacente

-5 se existe uma distribuição regular dos pés de árvores e o bosque é superior a 50%-5 se as árvores e os arbustos se distribuem em manchas, sem continuidade-10 Se existe uma distribuição regular das árvores e dos arbustos e o bosque é inferior a 50%

Qualidade da cobertura vegetal (depende do tipo geomorfológico da zona de ribeira) Pontuação entre 0 e 25

Pontuação Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3

25 número de espécies diferentes de árvores autóctones >1 >2 >310 número de espécies diferentes de árvores autóctones 1 2 35 número de espécies diferentes de árvores autóctones - 1 1-20 sem árvores autóctones

+10 se existe uma continuidade da comunidade ao longo do rio uniforme e ocupando mais de 75% da zona de ribeira

+5 se existe uma continuidade da comunidade ao longo do rio uniforme e ocupando entre 50 a 75% da zona de ribeira

+5 se existe uma disposição em galeria das diferentes comunidades+5 se o número de espécies diferentes é: >2 >3 >4

-5 se existem estruturas construídas pelo homem

-5 se existe alguma árvore introduzida isolada

-10 se existem espécies de árvores introduzidas formando comunidades

-10 se existem descargas de efluentes

Grau de naturalidade do canal fluvial Pontuação entre 0 e 25

Pontuação

25 o canal do rio não está modificado10 modificações das zonas adjacentes ao rio com redução do canal5 sinais de alteração e estruturas rígidas intermitentes que modificam o canal do rio0 rio canalizado na totalidade do sector

-10 se existe alguma estrutura sólida dentro do leito do rio-10 se existe alguma represa ou outra infra-estrutura transversal no leito do rio

Ateliers Didáticos

81

Determinação do tipo geomorfológico da zona ripária (munnÉ et al., 1998)(Somar o tipo de desnível da direita e da esquerda da zona de inundação e somar ou retirar segundo os outros atributos)

Pontuação

Tipos de desnível da zona ripária Esquerda Direita

Vertical/côncavo (declive >75%), com uma altura não superada pelas maiores cheias

6 6

Igual mas com um pequeno talude ou zona de inundação periódica

5 5

Declive entre 45 e 75º, em escada ou não. O declive conta-se como o ângulo entre a horizontal e a recta entre a zona de inundação e o último ponto da zona de ribeira.

3 3

Declive entre 20 e 45º, em escada ou não.

2 2

Declive menor que 20º, zona de ribeira uniforme ou plana

1 1

Existência de uma ou mais ilhas no meio do leito do rio

Largura do conjunto superior a 5 m -2 -2

Largura do conjunto entre 1 e 5 m -1 -1

Potencialidade de suportar uma massa vegetal de ribeira. Percentagem de substrato duro com incapacidade para enraizar uma massa vegetal permanente.

>80% Não se pode medir

60-80% +6

30-60% +4

20-30% +2

Pontuação total

Tipo geomorfológico segundo a pontuação

>8 Tipo 1 Ribeiras fechadas, normalmente de cabeceira, com baixa potencialidade de uma zona ripária extensa

5 a 8 Tipo 2 Ribeiras com uma potencialidade intermédia para suportar uma zona de vegetação, zonas médias dos rios

<5 Tipo 3 Ribeiras extensas, nas zonas baixas dos rios, com elevada potencialidade para possuir um bosque extenso

82

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Classes de qualidade da água de acordo com o QBR (munné et al., 1998)Qualidade do bosque de ribeira QBR Côr no mapa

Sem alteração, estado natural 95-100 Azul

Ligeiramente perturbado, boa qualidade 75-90 Verde

Início de alterações importantes, qualidade aceitável 55-70 Amarelo

Fortemente alterado, má qualidade 30-50 Laranja

Degradação extrema, péssima qualidade 0-25 Vermelho

Classes de qualidade da água de acordo com o QBR (munné et al., 1998)I II III

Grupos faunísticosNúmero de unidades

sistemáticas presentes

Número total de unidadessistemáticas presentes

0-1 2-5 6-10 11-15 ≥16

Índice biótico

1. Plecoptera ou HEPTAGENIIDAE1. várias unidades sistemáticas - 7 8 9 10

2. apenas 1 unidade sistemática 5 6 7 8 9

2. Tricópteros com casulo1. várias unidades sistemáticas - 6 7 8 9

2. apenas 1 unidade sistemática 5 5 6 7 8

3. ANCYLIDAE e Ephemeroptera excepto HEPTAGENIIDAE

1. mais de 2 unidades sistemáticas - 5 6 7 8

2. 2 ou menos de 2 unidades sistemáticas 3 4 5 6 7

4. Aphelocheirus ou Odonata ou GAMMARIDAE ou Mollusca (excepto SPHAERIDAE)

Todas as unidades sistemáticasanteriores ausentes

3 4 5 6 7

5. Asellus ou Hirudinea ou SPHAERIDAE ou Hemiptera (excepto Aphelocheirus)

Todas as unidades sistemáticasanteriores ausentes

2 3 4 5 -

6. TUBIFICIDAE ou CHIRONOMIDAE do grupo thummi-plumosus

Todas as unidades sistemáticasanteriores ausentes

1 2 3 - -

7. ERISTALINAE (=SYRPHIDAE)Todas as unidades sistemáticasanteriores ausentes

0 1 1 - -

Limites práticos para identificação dos indivíduos para o cálculo do IBB (De PAUW & VA-NHOOREN, 1983)

Grupo Taxonómico Nível de determinação das Unidades Sistemáticas

Plathelminthes género

Oligochaeta família

Hirudinea género

Mollusca género

Crustacea família

Plecoptera género

Ephemeroptera género

Trichoptera família

Odonata género

Megaloptera género

Hemiptera género

Coleoptera família

Diptera família

CHIRONOMIDAE thummi-plumousus

CHIRONOMIDAE não thummi-plumosus

Hydracarina presença

Ateliers Didáticos

83

Classes de qualidade da água definidas de acordo com o índice biótico belga (De PAUW & VANHOOREN, 1983)

Classe IBB Significado Côr no mapa

I 10-9 Água não poluída Azul

II 8-7 Água ligeiramente poluída Verde

III 6-5 Água moderadamente poluída Amarelo

IV 4-3 Água muito poluída Laranja

V 2-0 Água fortemente poluída Vermelho

Tabela usada para o cálculo do índice de qualidade biológica da água BMWP’(Alba-Tercedor & Sánchez-Ortega, 1988)

Famílias Score

SIPHLONURIDAE, HEPTAGENIIDAE, LEPTOPHLEBIIDAE, POTAMANTHIDAE, EPHEMERIDAE TAENIOPTERYGIDAE, LEUCTRIDAE, CAPNIIDAE, PERLODIDAE, PERLIDAE, CHLOROPERLIDAE PHRYGANEIDAE, MOLANNIDAE, BERAEIDAE, ODONTOCERIDAE, LEPTOCERIDAE, GOERIDAE, LEPIDOSTOMATIDAE, BRACHYCENTRIDAE, SERICOSTOMATIDAE, THREMMATIDAEATHERICIDAE, BLEPHARICERIDAEAPHELOCHEIRIDAE

10

LESTIDAE, CALOPTERYGIDAE, GOMPHIDAE, CORDULEGASTERIDAE, AESHNIDAE, CORDULIIDAE, LIBELLULIDAEPSYCHOMYIIDAE, PHILOPOTAMIDAE, GLOSSOSOMATIDAEASTACIDAE

8

EPHEMERELLIDAE, PROSOPISTOMATIDAENEMOURIDAERHYACOPHILIDAE, POLYCENTROPODIDAE, LIMNEPHILIDAE, ECNOMIDAE

7

NERITIDAE, VIVIPARIDAE, ANCYLIDAE, THIARIDAE, UNIONIDAEHYDROPTILIDAEGAMMARIDAE, ATYIDAE, COROPHIIDAEPLATYCNEMIDIDAE, COENAGRIONIDAE

6

OLIGONEURIIDAE, POLYMITARCIDAEDRYOPIDAE, ELMIDAE, HELOPHORIDAE, HYDROCHIDAE, HYDRAENIDAE, CLAMBIDAEHYDROPSYCHIDAE, HELYCOPSICHIDAETIPULIIDAE, SIMULIIDAEPLANARIIDAE, DUGESIIDAE, DENDROCOELIDAE

5

BAETIDAE, CAENIDAEHALIPLIDAE, CURCULIONIDAE, CHRYSOMELIDAETABANIDAE, STRATIOMYIDAE, EMPIDIDAE, DOLICHOPODIDAE, DIXIDAE, CERATOPOGONIDAE, ANTHOMYIDAE, LIMONIDAE, PSYCHODIDAE, SCIOMYZIDAE, RHAGIONIDAESIALIDAE, PYRALIDAEPISCICOLIDAEHYDRACARINA

4

MESOVELIIDAE, VELIIDAE, HYDROMETRIDAE, GERRIDAE, NEPIDAE, NAUCORIDAE, PLEIDAE, NOTONECTIDAE, CORIXIDAEHELODIDAE, HYDROPHILIDAE, HYGROBIIDAE, DYTISCIDAE, GYRINIDAEVALVATIDAE, HYDROBIIDAE, LYMNAEIDAE, PHYSIDAE, PLANORBIDAE, BITHYNIIDAE, BYTHINELLIDAE, SPHAERIDAEGLOSSIPHONIDAE, HIRUDIDAE, ERPOBDELLIDAEASELLIDAE, Ostracoda

3

CHIRONOMIDAE, CULICIDAE, THAUMALEIDAE, EPHYDRIDAE, CHAOBORIDAE 2

Oligochaeta (todas as famílias)SYRPHIDAE 1

84

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Classes de qualidade da água definidas para os rios mediterrânicos de acordo com o BMWP’ (Alba-Tercedor & Sánchez-Ortega, 1998)

Qualidade biológica da água BMWP’ Côr no mapa

Qualidade biológica da água muito boa >100 AzulEutrofia, água moderadamente poluída 61-100 VerdeÁgua poluída 36-60 AmareloÁgua muito poluída 16-35 LaranjaComunidades aquáticas extremamente pobres <16 Vermelho

Tabela para Cálculo do índice de qualidade biológica da água BMWP’(Alba-Tercedor & Sánchez-Ortega, 1988)Curso de água: Bacia hidrográfica:

Ponto de amostragem: Data: / /

Score Ephem Plecop Odonat Heterop Trichop Coleop Diptera Crust Mollus Outros Score

10

SiphlHeptgLeptophPotamEphem

TaenopLeuctrCapnPerlodPerlidChlorop

Aphel

PhygMolanBeraOdontLeptGoerdLepidBrachSericThremmt

AtherBlepha

8

LestCaloptGomphCordulegAeshCordulLibell

PsychPhilopGlosso

Astc

7 EphemerProso Nemour

EcnRhyacPolycLimnph

6 PlactCoeng Hydroptil Gamm

Atyid

NeritVivipAncylUnionThiar

5 OlignrPolym

HydropsHelycops

DryopElmHelophHydra

TipulSumld

PlanaridDendroDuges

4 BaetiCaen

HalipChrys

TabanStratiEmpidDolichDixidCeratoAnthomLimondPsych

SialidPiscic

3

VeliiMesovelHydromGerridNepidNaucorPleidNotonecCorix

HelodHydrophDytiscGyrinidHygrob

Asell

ValvatHydrobLymnPhysidPlanorbBithySphaer

GlossiHirudErpobd

2ChironCulicThaumalEphydr

1 Syrph Oligo

Score total

Ateliers Didáticos

85

Score = 10

SIPHLONURIDAE HEPTAGENIIDAE

EPHEMERIDAE

TAENIOPTERYGIDAE

POTAMANTHIDAE CHLOROPERLIDAE

PERLODIDAE

CAPNIIDAE

LEUCTRIDAE PHRYGANEIDAE

PERLIDAE LEPTOPHLEBIIDAE

MOLANNIDAE BERAEIDAE

SERICOSTOMATIDAE

BLEPHARICERIDAE

LEPIDOSTOMATIDAE

GOERIDAE LEPTOCERIDAE

ATHERICIDAE

ODONTOCERIDAE

THREMMATIDAE

BRACHYCENTRIDAE APHELOCHEIRIDAE

Score = 8

LESTIDAE CALOPTERYGIDAE GOMPHIDAE AESHNIDAE LIBELLULIDAE CORDULIIDAE

CORDULEGASTERIDAE ASTACIDAE GLOSSOSOMATIDAE PHILOPOTAMIDAEPSYCHOMYIIDAE

86

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Score = 7

EPHEMERELLIDAE LIMNEPHILIDAEPROSOPISTOMATIDAE

POLYCENTROPODIDAE ECNOMIDAE

NEMOURIDAE

RHYACOPHILIDAE

Score = 6

Score = 5

PLANARIIDAE OLIGONEURIIDAEDENDROCOELIDAE

POLYMITARCIDAE

DUGESIIDAE DRYOPIDAE

GAMMARIDAE UNIONIDAE

VIVIPARIDAE

ATYIDAE NERITIDAE

PLATYCNEMIDIDAE HYDROPTILIDAE

ANCYLIDAE

THIARIDAE COENAGRIONIDAE

ELMIDAE

HYDROPSYCHIDAE

HYDRAENIDAE

HELYCOPSICHIDAE TIPULIIDAE

HELOPHORIDAE

SIMULIIDAE

Ateliers Didáticos

87

Score = 4

PISCICOLIDAE SIALIDAE

CERATOPOGONIDAEBAETIDAE

HALIPLIDAE LIMONIDAECAENIDAE

CHRYSOMELIDAE EMPIDIDAE

STRATIOMYIDAEDIXIDAEANTHOMYIDAE

DOLICHOPODIDAE

TABANIDAE

PSYCHODIDAE

Score = 3

ERPOBDELLIDAE ASELLIDAE

LYMNAEIDAE PLANORBIDAE

HELODIDAE

HIRUDIDAE SPHAERIDAE

VALVATIDAE

HYDROBIIDAE

GLOSSIPHONIDAE

PHYSIDAE BITHYNIIDAE

HYGROBIIDAE DYTISCIDAE

88

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Score = 3

GYRINIDAE PLEIDAE

MESOVELIIDAE

HYDROMETRIDAE

HYDROPHILIDAE

GERRIDAE VELIIDAE

NAUCORIDAE

NEPIDAE

CORIXIDAE NOTONECTIDAE

Score = 2

CHIRONOMIDAE

CULICIDAE

CHAOBORIDAE

EPHYDRIDAE

THAUMALEIDAE

Score = 1

SYRPHIDAE Oligochaeta (todas as famílias)

Ateliers Didáticos

89

Oficina de construção de Ninhos Artificiais e Caixas-AbrigoFernando Silva, Sofia Tavares e Daniel Gomes

FAPASRua Alexandre Herculano, 371, 4ºDto; 4000-055 Porto

www.fapas.pt; [email protected]

A inexistência de buracos nas construções urbanas, nos muros, a pressão da indústria e da agricultura tem dificultado a nidificação das aves nas zonas urbanas. Os ninhos-artificiais são assim muito importantes. Atraem as aves e proporcionam locais importantes para a observação da fauna.A madeira continua a ser o melhor material para construir ninhos. A caixa-ninho deve ter um tecto à prova de água,. A entrada deve ser feita na parte mais alta do ninho. Existem dois tipos principais de caixas: umas, são abertas na metade superior da tábua da frente, enquanto que as outras possuem um buraco redondo como entrada.As medidas a utilizar dependem das espécies que se pretendem ajudar. Os valores reco-mendados para algumas espécies podem ser consultados no livro “Casa Ninho”, edição FAPAS.As caixas-ninho devem ser fixadas de modo a beneficiar da maior protecção do vento, luz forte e chuva. Geralmente os ninhos são fixados virados para uma direcção entre o norte e o sudeste. Mas esta regra só se aplica a terrenos abertos. Em florestas densas, outros factores como a inclinação do tronco podem ser mais importantes. Deve-se sempre ver de que lado a água da chuva escorre, pois é o pior lado para fixar os ninhos. O lado mais húmido numa árvore é o lado onde existem mais algas verdes ou musgos. Para dar mais protecção para a entrada do ninho, deve-se inclinar ligeiramente o ninho para a frente.Os ninhos devem ser limpos anualmente, pois podem ficar cheios de parasitas, que são prejudiciais para as aves. Isto só se deve fazer quando as crias saírem do ninho. No entanto, deve-se sempre esperar pelo menos 3 semanas, pois há aves que fazem duas posturas de ovos na mesma estação.A actividade nocturna dos morcegos exige-lhes repouso durante o dia num local abrigado no qual se possam ocultar dos inúmeros predadores que facilmente os capturariam. Como não constroem os seus próprios ninhos ou refúgios, têm que aproveitar a mais pequena oportunidade que se lhes ofereça para se abrigarem. Cerca de metade de morcegos que vivem no nosso País, abriga-se em grutas e minas durante uma grande parte do ano. Outras espécies preferem cavidades nos troncos das árvores. Outras ainda, passam o dia em fendas estreitas, em muros, pontes ou rochedos. Há também espécies que se abrigam em casas, em igrejas ou espaços apertados (entre telhas, etc.)Existem vários factores que tem contribuído para a destruição dos seus locais de abrigo (para mais informações, consultar “Pequeno guia dos Morcegos”, edição FAPAS).Podem-se instalar abrigos artificiais para favorecer a estabilização das populações de morcegos (“Pequeno guia dos Morcegos”, edição FAPAS).

90

L I S T A D E P A R T I C I P A N T E S

Lista de Participantes

91

ParticipantesAbílio José Afonso Lopes LucasAgrupamento de Escolas de Pardilhó

Alda da Cruz Martins MesquitaADERE

Alda Maria C. R. Gomes BarrosEscola Secundária de Ponte de Lima

Alexandra Maria Morais Monteiro Casanova

Ana Cristina Monteiro GouveiaEscola Evaristo Nogueira

Ana Daniela Ferreira Pinto SampaioFaculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

Ana Isabel Jervis Freitas Macedo da CunhaEstação do Litoral da Aguda

Ana Josefa Linhares

Ana Luísa LerenoEscola E.B. 2.3 da Maia

Ana Maria Correia de AlmeidaEscola E.B. 2.3 Sophia de Mello Breyner

Ana Maria Santos da ConceiçãoCâmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa

Ana Paula Ferreira de OliveiraEscola E.B. 2.3 c/ Sec.undária PAMF

Ana Raquel Fernandes Pires LopesASPEA

Ana Sofia Lino VazFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Ana Sofia Monteiro MoreiraEscola Evaristo Nogueira- S. Romão

Ana Sofia Sousa de Araújo SoaresFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

André Neves CarvalhoFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Andreia Filipa Cabral de MeloFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Andreia Monteiro GouveiaCMIA de Vila do Conde

Andreia Sofia Fernandes ConstanteEscola Secundária de Paredes

Ângela Cristina Rey Soares FerreiraEscola Secundária Camilo Castelo Branco

Ângela M.ª dos Santos Gama SilvaAgrupamento de Escolas D. Afonso III - Vinhais

Antónia Maria MoraisMunicípio de Macedo de Cavaleiros

António Augusto EstevesEscola Básica do 2.º e 3º ciclo de Florbela Espanca

António Fernando Simões CardosoInstituto Pedro Hispano

António José Gomes nstituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade

António M.U.N. BrandãoUniversidade de-Trás-os-Montes e Alto Douro

António Manuel Mendes Branco

António Martins(Alberto Praça???)

Carla Alves PereiraTurimontesinho

Carla Isabel Mota Silva RibeiroEscola Secundária de Cinfães

Carla Maria Marques de Freitas

Carla Sofia Ferreira Brito

Carla Sónia Freitas Pereira

Carlos Filipe Lopes CarvalhoFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Carlos José Magalhães e SilvaFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Cátia Sofia dos Santos MatosFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Célia Maria Rodrigues da CostaEscola Secundária Emídio Garcia

Clara Sofia Rodrigues FerreiraEscola E.B. 2.3 Dairas

Cláudia MarquesQuercus

Cristiana Marina Pinto Nunes Monteiro

Cristina Alexandra Rocha Alves CorreiaMunicípio de Macedo de Cavaleiros

92

X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Cristina MachadoParque Natural da Peneda do Gerês

Cristina Maria Cortez DuarteEscola Secundária Padrão da Légua

Cristina Santos Pinho

Daniela Maria Pires Teles

Diana Maria Silva Chaves de Almeida

Diana Rafaela Geraldes Teles Dias

Dinis Alberto PeixeiroParque Natural da Peneda do Gerês

Elisabete Isabel Moreira PereiraInstituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade

Elisabete Pinto Machado

Elisabete Sofia Coelho

Ernestina Maria dos Santos FalcãoEscola Secundária Henrique Medina

Eugénia Maria Cordeiro AlmeidaEscola E.B. 2.3 Sophia de Mello Breyner

Eunice Rodrigues de Freitas PintoDirecção Regional do Ambiente - Madeira

Fernanda SaraivaCMIA

Fernando Bernardino Moreira Monteiro

Fernando Miguel Monteiro AndradeEscola E.B. 2 .3 Dairas

Filipa Isabel Nunes Ferreira

Francisco Anastácio de Abreu e LimaFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Gabriel Esteves Gama GonçalvesFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Helena Sofia Viana dos SantosFAPAS

Hugo Renato Vilaça GomesGNR Prado

Irene Fernanda Nogueira de LimaEscola E.B. 2.3 Cego do Maio

Isabel Maria Albuquerque Costa LimaEscola E.B. 1.2.3 Fragoso

Isabel Maria de Lima FernandesEscola Secundária D. Dinis

Isabel Maria Pereira DomingosEscola Secundária António Nobre

Ivete da Conceição de Sá GeraldesEscola E.B. 2.3 do Sabugal

Ivone M.ª Martins GonçalvesEscola E.B. 2.3 da Maia

Joana da Silva MendesFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Joana de Melo Gaspar Costa

Joana Filipa Madureira Gaifém

Joana Filipa Martinho da CostaUniversidade de Coimbra

Joana Gomes Campos

Joana Lima Aguiar

Joana Maria Ribeiro da Costa

Joana Mesquita EstevesEscola Superior de Educação de Viana do Castelo

Joana Santos Silva

João Carlos Luís FerreiraEscola E.B. 1. Pardilhó

João Luís RoseiraAguas do Douro e Paiva

João Oliveira Garcia

Joaquim Conceição Silva Machado Henriques

Joaquim Manuel Malvar AzevedoEscola E.B. 2.3 Gondifelos

José Alberto M. Loureiro S. Pereira

José António da Silva

José Cândido Correia Santos

José Manuel Gonçalves PereiraEscola E.B. 2.3 Dairas

José Manuel RibeiroInstituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade

José Pedro dos Santos Moreira

José Pedro Fernandes AndradeFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

José Urbano LealAzórica

Lista de Participantes

93

Juliana Correia de CarvalhoUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Lídia Sofia de Freitas Santos

Lilia Maria Af. Magalhães Rodrigues

Liliana Andreia Camilo FerreiraFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Liliana Vasconcelos

Lucinda João Carpinteiro

Madalena MartinsQuercus

Manuel Faria CastroAzórica

Marcela Jesus Cunha OliveiraFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Maria Alice Braga Fernandes Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade

Maria Cândida PiresEscola E.B. 2.3 D. António Ferreira Gomes

Maria Conceição S. Gonçalves Xavier

Maria Cristina S. R. M. OliveiraAgrupamento de Escolas de Esgueira

Maria da Conceição Marcos P. Régua

Maria da Conceição RéguaInstituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade

Maria da Graça Morais CostaParque Nacional da Peneda do Gerês

Maria de Fátima Carvalhas FernandezColégio da Nossa Srª da Apresentação -Vagos

Maria de Fátima Oliveira SimõesInstituto Pedro Hispano

Maria de Fátima Saavedra BarrosoICBAS

Maria do Céu Lopes de PinhoColégio da Nossa Sr.ª da Apresentação

Maria do Rosário Catarino LopesEscola Secundária de Estarreja

Maria dos Anjos PereiraInstituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade

Maria dos Anjos VianaEscola E.B. 2.3 de Paranhos

Maria Elisa Pereira da Conceição

Maria Elisabete Paiva Castro Carvalho

Maria Helena Padrão Matos EstevesEscola Florbela Espanca

Maria Inês M. Rio Fernandes

Maria João de Carvalho GomesEscola Basica e Secundária Gonçalves Zarco

Maria João Ribeiro de Oliveira RochaEscola Evaristo Nogueira

Maria José Garcia Fernandes

Maria José Pinto de FreitasEscola Secundária Emídio Garcia

Maria Lúcia da Silva Antão

Maria Luísa M. Santos CatarinoEscola Secundária José Estêvão

Maria Manuela da C. Braga FerrazEscola Secundária H. Medina

Maria Manuela Marques RoseiraEscola Secundária Almeida Garrett

Maria Paula Fernandes AlvesAgrupamento de Escolas D. Afonso III de Vinhais

Mariana Vieira Pereira

Mário José Vaz AlmendraMunicípio de Macedo de Cavaleiros

Marta Pascoal

Mónica Emília Rodrigues CandosoEscola Secundária de Arouca

Mónica Reis SilvaEscola E.B. 2+3 de Valadares

Myrian Kanoun-BouléDepartamento de Botânico da Universidade de Coimbra

Natália Conceição Nogueira PereiraEscola Secundária António Nobre

Natasha Alves Silva

Norberto Xavier Santos e SilvaFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Paula Alves DieguesTurimontesinho

Paula Cristina da Costa Gil Caldas

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X Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Paula Cristina Loureiro S. Castello BrancoEscola E.B. 2.3 da Junqueira

Paula Cristina Silva LimaEscola P.M. Capela

Paula Maria Simões Gomes

Paulo Jorge da Silva Ribeiro

Paulo José Nascimento SobrinhoEscola E.B. 2.3 Luciano Cordeiro

Pedro Calado MartinsFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Pedro Daniel Vieira CostaFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Pedro DesidérioCâmara Municipal de Lisboa

Pedro Filipe Marques Isidoro

Pedro Jorge Lobo Martins CoelhoFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Pedro Miguel da Costa RibeiroFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Pedro Miguel Nunes FragueiroMunicípio de Lamego

Regina Maria Mesquita Gomes

Ricardo MarquesQuercus

Rosa Amélia Teixeira Coelho

Rosa Maria Pinheiro Gaspar TrindadeEscola Evaristo Nogueira

Rosa Maria Valente Costa Pinto

Rosana Martins Afonso

Ruben Manuel Moreno MirandaÁgua de Trás-os-Montes e Alto Douro

Sandra Cristina de A. OliveiraEscola E.B. 2.3 de Valadares

Sandra M. E. Borges Oliveira

Sandra Margarida Marques VieiraSiMLis

Sandra Mónica A. Araújo

Sandra Soares PinheiroCâmara Municipal de Lisboa

Ségolène Sauret

Sérgio Pedro Monteiro Ribeiro

Sílvia Maria FranciscoColégio da Nossa Sr.ª da Apresentação

Sofia Magalhães NorbertoCâmara Municipal de Lisboa

Sónia Isabel Tomé PiresEscola Básica n.º2 e JI n.º 1

Stéphanie Ferreira

Susana M.ª Ferreira SantosColégio da Nossa Sr.ª da Apresentação

Susana Maria Cunha EstevénsEscola E.B. 2.3 da Maia

Susana Maria Teixeira Abrantes

Susana Paula Pereira Tavares de MeloColégio da Nossa Sr.ª da Apresentação

Tânia Isabel Boto SérgioFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Telma Sofia Fontes MendesMunicípio de Leiria

Telmo José Afonso

Teresa Maria Saavedra da CostaCâmara Municipal de Vila Real

Vânia Alexandra Coelho

Vitor Hugo Nunes Lousa