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XIV ENCONTRO NACIONAL DA ABET GRUPO DE TRABALHO 6 SINDICALISMO E OUTRAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO E LUTA DOS TRABALHADORES NEGOCIAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO PARANÁ NO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA Miriam Cipriani Gomes

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XIV ENCONTRO NACIONAL DA ABET

GRUPO DE TRABALHO 6 – SINDICALISMO E OUTRAS FORMAS DEORGANIZAÇÃO E LUTA DOS TRABALHADORES

NEGOCIAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL NOPARANÁ NO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

Miriam Cipriani Gomes

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NEGOCIAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL NOPARANÁ NO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

RESUMO

O setor da construção civil foi fortemente impactado pelos Programas de Aceleração doCrescimento lançados a partir de 2007, mais especialmente o que envolve o Minha Casa,Minha Vida, que instituiu uma política habitacional voltada à população de baixíssima renda.A pesquisa pretende compreender a dinâmica dos trabalhadores do setor da construção civilno Estado do Paraná, no que pertine às condições de trabalho estipuladas nas ConvençõesColetivas de Trabalho a partir desses programas. Nossa hipótese é a de que o momento vividopelo setor foi benéfico aos trabalhadores em suas negociações coletivas de trabalho,ampliando-se salários e conquistas sociais. O objetivo é analisar e responder como e se a novapolítica habitacional refletiu sobre as condições de trabalho dos operários da construção civilenvolvidos no erguimento das edificações. Restringirem-nos a avaliar as condições queenvolvem os peões no Estado do Paraná, sem, contudo, ampliar para outros profissionais quenão compõem a categoria preponderante na construção civil, mas que também se envolvem naedificação, tais como arquitetos, engenheiros, desenhistas técnicos, motoristas, entre outrosprofissionais. Para tanto, delimitaremos o setor e as suas características a partir da pesquisabibliográfica para, depois, analisando as convenções coletivas de trabalho, verificarmos aevolução das condições de trabalho ali pactuadas.

Palavras chave: Construção Civil – Programa Minha Casa, Minha Vida – NegociaçãoColetiva de Trabalho – Condições de Trabalho

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INTRODUÇÃO

O setor da construção civil leve ou de edificações foi fortemente impulsionado pelas

iniciativas do Governo Federal, instituídas a partir dos Programas de Aceleração do

Crescimento e, em especial, pelo eixo Minha Casa, Minha Vida, que tem como objetivo

diminuir o déficit habitacional para a população de baixa renda.

A partir de 2007, o Governo Federal, dando cumprimento à parcela de seu Programa

de Governo, no sentido de retomar o crescimento, porém, com desenvolvimento,

privilegiando o social para enfrentar o desafio histórico de exclusão social de milhares de

brasileiros, implementou programas específicos voltados para a recuperação da infraestrutura

de transportes, energia, revitalização industrial, mobilidade, escolas,, prevenção de áreas de

risco, entre outros.

Inserido na vontade e na necessidade de estimular o crescimento econômico com

desenvolvimento, gerar empregos e reduzir o déficit habitacional, o Governo Federal lançou,

em 2007, o Programa de Aceleração de Crescimento, denominado PAC 1 e em 2010 o PAC2,

no qual inseriu como um de seus eixos o Programa Minha Casa, Minha Vida.

Referido Programa, em junho de 2014, já havia beneficiado 6,4 milhões de pessoas,

com a entrega de 1,7 milhões de moradias, conforme dados divulgados pelo Balanço do PAC

2.

Com o estímulo do Governo Federal, o setor expandiu-se e gerou empregos formais

em todo o Brasil. No Paraná, o setor da construção civil leve, que empregava 64.528

trabalhadores em 2000, passou a empregar 146.059 trabalhadores em 2011.

Nossa pesquisa inicial revela que para além do crescimento no número de empregos

formais, as negociações coletivas de trabalho passaram a demonstrar sensíveis mudanças,

com a melhoria das condições pactuadas.

Não podemos, por hora, afirmar que estas condições tenham-se alterado em razão de

uma ação coletiva dos trabalhadores ou se resultaram apenas da iniciativa patronal de repassar

de modo mais justo os ganhos do capital, mormente porque conhecidamente o setor não é

fortemente impactado pela industrialização ou pelas novas tecnologias, permanecendo um

processo de trabalho artesanal, que tem sido apontado como fator de acumulação.

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DELIMITANDO O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO ÂMBITO NACIONAL E NOÂMBITO ESTADUAL

Entendemos necessário delimitar o que é o setor da construção civil, quais são suas

particularidades, como se apresenta no cenário nacional e no cenário estadual para que

possamos verificar se a instituição dos Programas de Aceleração do Crescimento

determinaram melhorias nas condições de trabalho previstas pelas convenções coletivas de

trabalho no Estado do Paraná.

A delimitação do que é o setor da construção civil é imprescindível para que não

restem dúvidas acerca de nosso objeto, que está centrado nas condições de trabalho de um

segmento específico, que é o da construção de edificações, ou a chamada construção civil

leve.

O setor da construção civil segundo a Classificação Nacional de Atividades

Econômicas (CNAE), divide as empresas em três segmentos. O primeiro segmento é a

construção civil leve, voltada à construção de edificações; o segundo segmento é o da

chamada construção pesada, que envolve as obras de infraestrutura e o terceiro segmento é o

de serviços especializados da construção. (IBGE).

No primeiro segmento estão inseridas a incorporação de empreendimentos

imobiliários, as obras residenciais, as edificações industriais, comerciais e outras edificações

não residenciais, No segundo segmento estão as obras de infraestrutura, tais como a

construção de hidrelétricas, portos, tuneis, canais, barragens, aeroportos, pontes, estradas e

terraplenagem. O terceiro segmento diz respeito aos serviços especializados de construção,

tais como a demolição, a preparação do terreno, a instalação hidráulica, a instalação elétrica,

as obras de acabamento, entre outros serviços específicos para a construção.

Não nos preocuparemos com os dois últimos segmentos do setor, quais sejam: as

obras de infraestrutura ou a chamada construção pesada e o setor de serviços especializados

da construção.

Sabemos que o segmento de construção pesada também recebeu estímulos a partir

dos PACs, que envolvem eixos que requerem grandes obras, tais como os eixos Programa Luz

para todos, Metrô, Recursos Hídricos, Saneamento no PAC 1 e os eixos Transportes, Energia,

Cidade Melhor e Água e Luz para todos no PAC 2.

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Também sabemos que o segmento de serviços especializados para a construção,

como são os serviços de instalações hidráulicas, elétrica, paisagismos, foram fortemente

impactados, naturalmente em razão do aumento de demanda nos dois primeiros segmentos.

Ficaremos restritos ao primeiro segmento, da construção civil leve, em que são

comuns as empresas construtoras de pequeno porte, com menos de cem empregados.1 São

essas as empresas que promovem as edificações residenciais e que se envolvem diretamente

com o eixo Minha Casa, Minha Vida, inserido no segundo Programa de Aceleração do

Crescimento.

Globalmente, a construção civil representa 9% do PIB mundial e é o maior

empregador industrial na maioria dos países, somando em torno de 7% de todos os empregos.

(MAIA, 2014, p. 23).

No Brasil, o setor da construção representou 5,7% do PIB para o ano de 2012, com

7,8 milhões de pessoas ocupadas no ano de 2011, o que representou 8,5% de toda a população

ocupada no país. O faturamento anual gira em torno de R$ 180 bilhões. (DIEESE, 2013, p. 7).

No Paraná, dados da RAIS – Relação Anual de Informações Sociais contabilizaram

para o setor como um todo, ou seja, englobando todos os segmentos, 159.760 (cento e

cinquenta e nove mil, setecentos e sessenta) trabalhadores formais, sendo que na construção

leve foram contabilizados 61.501 (sessenta e um mil, quinhentos e um) trabalhadores formais

para o ano de 2013.

No ano de 2014, a FETRACONSPAR - Federação dos Trabalhadores nas Indústrias

da Construção e do Mobiliário do Estado do Paraná contabilizou 106.323 trabalhadores

formalmente empregados.

Os dados da RAIS e da FETRACONSPAR consideram apenas os trabalhadores

formalmente empregados, quer seja, com registro de seus contratos em CTPS – Carteira de

Trabalho e Previdência Social. Assim, em âmbito nacional, os dados indicaram 3.094.153

(três milhões, noventa e quatro mil e cento e cinquenta e três) empregados em todo o setor,

sendo que destes, 1.150.056 (hum milhão, cento e cinquenta mil e cinquenta e seis) estão

inseridos no segmento da construção leve.

Significa que quase 38% de todos os empregados da construção concentram-se no

segmento leve ou de edificações, sendo o restante dividido entre os outros segmentos.

1 Dados de 2011 revelam que de cento e noventa e cinco mil empresas formais de construção civil, 97,6%tinham menos de cem empregados, sendo que 94,8% empregavam até cinquenta pessoas, 77,2% empregavamaté dez pessoas e apenas 0,3% empregavam mais de 500 pessoas (Valor econômico, 26.03.2013. Construtorasde pequeno porte são maioria)

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Devemos esclarecer que a divisão do setor na construção, para efeito da RAIS é

distinta da adotada pelo CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Como já

foi mencionado, pela CNAE o setor abrange três segmentos: construção leve, construção

pesada e serviços especializados.

Para a RAIS, porém, o setor divide-se em: (i) incorporação de empreendimentos

imobiliários; (ii) construção de edifícios; (iii) construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas

e obras de arte especiais; (iv) obras de infraestrutura para energia elétrica, telecomunicações,

água, esgoto e transporte por dutos; (v) construção de outras obras de infraestrutura; (vi)

demolição e preparação de terreno; (vii) instalações elétricas, hidráulicas e outras instalações

em construções; (viii) obras de acabamento e (ix) outros serviços especializados para

construção.

No que tange ao Estado do Paraná, a tabela a seguir demonstra a evolução do número

de trabalhadores formalmente empregados no setor e no segmento da construção civil leve:

TABELA 01 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOESTADO DO PARANÁ NO SETOR E NO SEGMENTO DA CONSTRUÇÃO LEVE

ANO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 01Setor 64528 63377 60408 55012 55481 56391 65655 76800 97194 112059 136051 146059 161211 159676

Construçãoleve

48200 47667 48095 43327 44478 44479 29668 34620 43106 45778 60805 64577 65292 61501

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, 2014.Elaboração: GOMES, M.C.

Observa-se da análise da tabela, que após três anos da implantação do PAC em 2007,

o número de empregos formais na construção civil no Paraná cresceu 90,17%.

Segundo o DIEESE, em seu estudo sobre o setor, o melhor desempenho foi

alcançado em 2010, em que a taxa de crescimento foi medida em 11,6%, decorrente da

combinação de fatores como o aumento de crédito, a queda nas taxas de juros, os programas

de investimento público, a redução de impostos, o aumento na renda dos ocupados e o

aumento da massa salarial. (DIEESE, 2012, p. 7).

Em agosto de 2014, em ranking elaborado pela revista O Empreiteiro, divulgado pelo

SINDUSCON/PR, verificamos que das cinquenta maiores indústrias de construção civil

brasileiras, apenas cinco tem como atividade exclusiva a construção leve. As demais exercem

atividades nos três segmentos do setor.

Descrevemos o ranking, a partir da maior para a menor, indicando a UF de origem,

os segmentos em que atuam e o número de empregados que possuem, na tabela seguinte.

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TABELA 02 – RANKING DAS CINQUENTA MAIORES INDÚSTRIAS NOSETOR:

Posição Indústria Estado Segmento Número de Empregados1 Norberto Odebrechet RJ ABCDEFHIJKLMNOPQRTUV 125.7502 Andrade Gutierrez MG ABCDEFGIJKMNO 14.4003 OAS SP ABCDEGHIJKMNOPQRTUV 122.3834 Camargo Corrêa SP ABCDEFGHIJKMNOQT 32.5245 Queiroz Galvão RJ ABCDEGIMO 16.8946 Galvão Engenharia RJ ABCDEGHIJKMO 5.0217 Construcap SP ABCDEFGHIJKLMNOPQRTUV 6.6018 MRV Engenharia MG OS 19.0759 Racional Engenharia SP LQTUV 652

10 ARG MG ABCDEIKOPQRST 3.57611 Carioca Engenharia RJ ABCDEFGHIKMOPQSTU 3.00012 Direcional Engenharia MG OPQRSV 15.11913 Mendes Junior SP ABCDEFGHIJKMNOPQRTUV 8.99814 Método Engenharia SP AJLOPQTUV 66115 Construtora Barbosa Mello MG ABCEHIKMNOQT 5.58516 Eztec SP PQS 36417 Constran SP ABCDEIJKMNO 1.40018 Wtorre Engenharia SP ADOPQRSTU 94119 Via Engenharia DF ACIJMOPQRSTU 3.08120 Hochtief do Brasil SP BLPQTUV 54621 Techint Engenharia e Construção SP BFGK 22.00022 Moura Dubeux Engenharia PE QSV 6.50023 Rio Verde Engenharia SP DHJOPQRSTUV 2.56724 C.R. Almeida PR ABCDEIJKLMNOQ 2.52625 Encatso Construções SP ABCIJKOR 1.52026 S.A. Paulista SP ABCDIJ 1.50627 Paranasa MG HPQRSTUV 3.50028 Construtora Aterpa M. Martins MG O 16729 Thá Engenharia PR PQRSTUV 66530 Plaenge PR PQS 1.406

31 Integral Engenharia MG ABCDEIKLNOTU4.119

32 Toniolo, Busnello RS ABCDEIJMO 2.95833 Mascarenhas Barbosa Roscoe MG ABHI 2.59334 Bueno Netto Construções SP PQRSTUV 26535 Marquise CE ABDGIJOPQESTUV -36 Sertenge RJ ADOPQRSTUV 7.38637 J. Malucelli Construtora PR BEIN 2.03738 Leão Engenharia SP ABIJOR 2.12939 Cowan MG ABCEIJKMO 2.14640 Emccamp Residencial MG PRS 1.26941 EMSA GO ABIKNO 2.44342 Matec Engenharia SP PQTUV 43543 Joaõ Fortes Engenharia RJ PQRSU 951

44Pacaembu Empreendimentos e

ConstruçõesSP R 359

45 A. Yoshi Engenharia PR PQS 2.48846 Patrimar MG PQ 38147 Pernambuco Construtora PE ABCDIMOPQRSTUV 2.64048 TODA SP QTU 43249 CESBE PR ABCEIJNOPQTUV 3.00050 U & M Mineração e Construção RJ ABDEHIJO 1.066

Fonte: Câmara Brasileira da Indústria da ConstruçãoElaboração: GOMES. M.C. (05.07.2015)

Convém saber que as atividades exercidas são classificadas segundo as letras do

alfabeto, com a correspondência constante da tabela abaixo:

TABELA 03 – INDICAÇÃO DAS ATIVIDADES EXERCIDAS PELASCINQUENTA MAIORES INDÚSTRIAS DO SETOR, APONTADAS NA TABELA 02.

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Código alfabético AtividadeA Obras rodoviáriasB Usinas hidrelétricas e barragensC TúneisD Obras portuáriasE Obras ferroviáriasF Usinas nuclearesG PlataformasH Instalações petrolíferasI Pontes e viadutosJ AeroportosK Oleodutos e gasodutosL TelecomunicaçõesM Obras metroviáriasN Linhas de transmissãoO Obras de saneamentoP Edifícios residenciaisQ Edifícios comerciaisR Condomínios residenciaisS IncorporaçõesT Edificações para fábricasU Shopping centersV Hotéis.

Pela descrição da tabela, observamos que somente cinco empresas entre as cinquenta

maiores exercem atividade exclusiva na construção civil leve, sendo que das cinco, duas são

paranaenses; a A. Yoshi Engenharia Ltda, estabelecida na cidade de Maringá e a Plaenge

Empreendimentos Ltda, estabelecida na cidade de Londrina.

Segundo dados da CBIC, o Brasil possuía em 2013, 223 mil estabelecimentos de

construção civil. No Estado do Paraná, no mesmo ano, estavam estabelecidas 20.583

indústrias de construção civil, sendo 4.042 em Curitiba (CBIC, 2014).

Elaborando-se a classificação por segmentos de atividade econômica de acordo com

a CNAE 2, obtemos os números constantes da seguinte tabela:

TABELA 04. – QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DEATIVIDADE ECONÔMICA

Local Incorporações Construçãode edifícios

Construçãode rodovias

Obras deInfraestrutura

Outras obrasde

infraestrutura

Demoliçãoe

preparaçãode terreno

Instaçãoelétrica ehidráulica

Obras deacabamento

Outrosserviços

especializadosTotal

Paraná 1.410 8.639 710 299 895 871 2.049 2.370 3.3.40 20.583Região

Sul 4.627 23.494 1.986 779 2.189 2.438 5.874 5.768 7.789 54.944

Brasil 16.913 97.410 8.060 4.086 13.206 9.234 24.769 22.629 27.466 223.773

Fonte: CBIC 2014Elaboração: GOMES, M.C.

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Considerando-se a evolução a partir de 2000 e até 2013, houve um crescimento de

64,5% no número de empresas no segmento da construção civil leve, impulsionado pelos

estímulos do Governo Federal através de programas específicos, adotados para a geração de

empregos e redução do déficit habitacional.

Conforme Maia, (2014, p.24) existe sempre uma forte ligação entre as políticas

econômicas e os ciclos de produção na indústria da construção, uma vez que em momentos de

expansão, este é o setor que “puxa” a economia como um todo.

Já a FETRACONSPAR contabilizou, para janeiro de 2015, um total de 8.420

indústrias de construção civil leve no Estado do Paraná. Em seu levantamento, apresentado no

XXIV Seminário de Dirigentes Sindicais da Construção e do Mobiliário do Estado do Paraná,

realizado entre 26 e 29 de janeiro, a entidade apurou que dessas, 3.939 empresas possuíam até

dez empregados e 4.481 empresas possuíam mais de dez empregados, totalizando 106.323

trabalhadores. (FETRACONSPAR, 2015).

Embora os dados apontem uma forte expansão no setor e no segmento da construção

civil leve, seja quanto ao crescimento do número de empresas, seja quanto ao crescimento no

número de empregos formais, o DIEESE apurou, no ano de 2012, que a informalidade ainda

era predominante e que a participação de trabalhadores por conta própria chegou a alcançar

3,2 milhões de pessoas, o que correspondeu a 42% do total de ocupados. Além disso, o

DIEESE apurou que 1,7 milhões de pessoas trabalhavam sem registro em CTPS, o que

totalizava uma participação superior a 60% dos ocupados no setor. 2

Ao lado dessa informalidade, o órgão também concluiu pelo avanço na contratação

formal. Entre 2009 e 2011 o número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 24,7%,

contra um crescimento de 8,5% de trabalhadores por conta própria. (DIEESE, 2013, p. 12).

Em seu estudo setorial o DIEESE (2013, p.. 13) destaca que o trabalho por conta

própria é mais frequente na construção civil leve e menos na construção pesada, o que atribui

à maior especialização e maior dificuldade de aquisição de maquinário e instrumentos neste

último segmento.

2 O DIEESE levantou os dados para o setor, sem distinguir os três segmentos que a CNAE adota.

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AS SINGULARIDADES DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL – O PROCESSO DETRABALHO

A indústria da construção civil está inserida em um grande macrocomplexo, com

intrínsecas relações com os mais diversos grupos de atividades econômicas, em que se

estabelecem relações com os setores de extração, de transformação, de comércio e de

serviços.

Librelotto (2005, p. 126) elabora um quadro detalhado dessas relações, que inclui nos

variados setores da economia os seguintes subsetores ou segmentos:

Na indústria extrativista: A extração de madeira, a extração de minerais não

metálicos e a extração de minerais metálicos.

Na indústria e comércio de produtos em natura e transformação: o comércio

atacadista de produtos em natura, não orgânicos, químicos e petroquímicos, siderurgia de

cobre, siderurgia de alumínio, siderurgia de aço com a produção de cerâmica, pisos e azulejos,

louças sanitárias, vidro plano, cimento, concreto, fibrocimento, gesso, estuque, cal virgem,

tintas e vernizes, fibras têxteis, impermeabilizantes e solventes, tubos e conexões, materiais

elétricos, portas e esquadrias, metais sanitários, vergalhões, estruturas metálicas. Os

desdobramentos da transformação são as esquadrias e as estruturas de madeiras, os artigos de

carpintaria e casas de madeiras pré-fabricadas, madeira laminada ou chapa de madeira

compensada, transformação de areia e pedra, artefatos de tapeçaria.

Segundo a autora, todas essas atividades resultam no comércio varejista de materiais

de construção, serviços auxiliares de construção (arquitetura, engenharia, projetos),

administração, serviço bancários, alojamento e alimentação, aluguel de máquinas e

equipamentos e intermediação financeira.

Essa descrição aponta para uma vasta e notável articulação intersetorial,

(OLIVEIRA, 2010, p. 43) formando uma cadeia produtiva que vai desde a extração de

matéria em natura, passando pela transformação, pelo comércio e finalmente à construção

para, depois, o produto final ingressar no mercado através da comercialização das unidades

construídas.

No que tange ao setor de edificações, o processo se desenvolve em diversas fases,

que têm início com a pesquisa de mercado, passando pela etapa de execução (etapa no

canteiro, em que são empregados os recursos humanos envolvidos na construção) e,

finalmente, a comercialização.

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Embora o setor tenha uma importante participação na economia brasileira,

caracteriza-se como um dos menos desenvolvidos e mais tradicionais, não apenas da indústria

brasileira, mas da indústria mundial. (NASCIMENTO e SANTOS, 2003, p. 70).

Segundo Maia (2014, p. 24) as empresas seguem um complexo processo de

planejamento, cuja característica é a produção descontínua de bens heterogêneos e altamente

diferenciados. A produção, além de descontínua, dá-se em lugares (canteiros de obras) e

circunstâncias diversas, com métodos não sujeitos, em geral, à mecanização, embora

elementos pré-fabricados sejam usados em algumas etapas.

A construção civil não possui características homogêneas e nem seriadas de

produção. Seu produto final não é um bem produzido em série e em linha mecanizada e

programada.

O processo produtivo é influenciado por fatores climáticos, uma vez que os serviços

de edificação são realizados a céu aberto. Para além do clima, que interfere diretamente na

continuidade do processo, uma complexa rede de participantes influencia o curso do processo,

tais como o cliente, o construtor, o financiador, o projetista, o trabalhador e a participação de

diversas e diferentes empresas em um mesmo local, misturados aos trabalhadores por conta

própria, que fazem pequenos serviços. (NEVES, 2014, p. 20).

Analisando as particularidades deste segmento, Bogado (2010, p. 28), afirma que as

condições de trabalho caracterizam-se pela alta rotatividade dos operários, recursos humanos

despreparado e desqualificado, regime intensivo de subcontratação, instalações provisórias

inapropriadas e exposição às intempéries com riscos à segurança e à saúde dos trabalhadores.

Sem dúvida, uma das principais características do segmento é a quase total

impossibilidade de padronização, por ser, ainda, uma atividade manufatureira, dependente, em

grande medida, da habilidade humana.

A base técnica do trabalho ainda tem o caráter da manufatura. Incorpora

conhecimento técnico e científico que independe do saber do trabalhador, bastante

desqualificado. Além disso, realizado em etapas, a construção proporciona o conhecimento de

uma parcela pequena da obra..

Ao estudar as características do segmento na América Latina, Bogado (2010, p.41)

destaca como principais particularidades o baixo nível de polivalência dos recursos humanos,

sobretudo devido aos antiquados convênios laborais; a ausência de métodos de melhoria

contínua; o alto nível de dependência de fatores climatológicos, a contratação de pessoal

temporário pouco identificado com a empresa e o escasso nível de capacitação; a falta de

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aplicação de ferramentas e instrumentos para o controle e redução de desperdícios e, por fim;

a administração mediante gestão de controle, em lugar de uma gestão participativa.

Segundo Oliveira, (2010, p. 52), o setor encontra enormes dificuldades em se

modernizar, em especial quanto à gestão dos recursos humanos, em decorrência da baixa

qualificação dos trabalhadores. Estas dificuldades permitem identificar as diferenças que a

construção civil apresenta em relação a outros segmentos, em que a industrialização e a

automação predominam, eliminando empregos ou requalificando os trabalhadores.

Analisando a temática do trabalho nos estudos sobre a construção civil, Farah (1994,

p. 12) reconhece que o debate não diz respeito às implicações da automação, mas que são

relevantes as questões teóricas de fundo, referente à relação entre a acumulação do capital e o

processo de trabalho.

Não caberia neste trabalho explorar as tendências desses estudos, bastando por

enquanto esclarecer que chamam a atenção para o fato de a acumulação vir se dando através

da “manutenção de uma produção manufatureira, mão-de-obra intensiva, baseada, em grande

parte, no controle do processo de trabalho pelos trabalhadores” (FARAH, 1994, p. 13).

Investigações como a de Leite (2012, p. 105) apontam que no Brasil, embora a

pujança econômica do setor, predominam a precarização laboral e a degradação subjetiva dos

trabalhadores, fazendo do processo de trabalho um gerador de mais-valia.

Observa-se, por fim, que o setor da construção civil leve é diferenciado em razão das

suas diversas singularidades. Apresenta-se como um dos setores mais relevantes da economia

nacional, absorvendo mão de obra desqualificada e gerando um efeito multiplicador e

estimulante para muitos outros setores e contribuindo para a redução do déficit habitacional

que assola o país.

É um setor fortemente impactado pelos PAC’s do Governo Federal e a construção

civil leve recebeu estímulos excepcionais com o MCMV.

Pretendemos verificar se a expansão do setor, em decorrência dos programas do

Governo Federal promoveram alterações nas condições de trabalho estipuladas nas

convenções coletivas no Estado do Paraná

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AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO ESTADODO PARANÁ

Contextualizamos o objeto de pesquisa – as condições de trabalho no segmento da

construção civil atualmente, bem como a análise das condições de trabalho ao longo do

período de 2000 a 2014, através das convenções coletivas de trabalho celebradas pelas

entidades patronal e profissional, tendo como pano de fundo as ações governamentais que

estimularam a construção de moradias.

Verificaremos a singularidade de um canteiro de obras, ambiente de trabalho que se

distingue do tradicional setor fabril, comercial ou de serviços, em que os peões laboram a céu

aberto, porém protegidos (ou escondidos) pelos tapumes. Pretendemos analisar quais são as

práticas no canteiro, como funciona a hierarquia na obra e como o controle exercido pode

influenciar no modo de ação coletiva, impedindo ou facilitando a exposição das demandas.

Analisaremos, mas não de modo exaustivo, o perfil dos trabalhadores do setor,

ocupado de modo predominante (62,5%) por chefes de família. (DIEESE, 2013, p. 15).

Aqui também analisaremos como se verifica a relação entre os trabalhadores e sua

entidade de classe, em que medida o sindicato consegue apreender as demandas nos canteiros

e se essas demandas são transmitidas e atendidas pelo sindicato patronal.

Nossa intenção é verificar se as melhoras decorrem de um protagonismo dos

trabalhadores, que teriam sentido o bom momento no setor e, em decorrência, ampliado a sua

pauta de reivindicações ou se este panorama mais favorável decorreu apenas da transferência

parcial dos ganhos do capital, distribuindo-se com mais justiça a renda obtida no setor.

Para tanto, vamos expor o resultado de nossas pesquisas, consistentes em

questionários a serem respondidos pelos trabalhadores e pelos dirigentes sindicais, bem como

pela análise das pautas de reivindicações apresentadas à negociação em comparação às

convenções coletivas celebradas.

Os questionários a serem aplicados aos trabalhadores possuem basicamente três

objetivos: (i) avaliar como os trabalhadores percebem e vivenciam as suas condições de

trabalho; (ii) avaliar como os trabalhadores se relacionam com a sua entidade sindical e, (iii)

avaliar as condições de vida desses trabalhadores.

Como a nossa hipótese é a de que houve uma melhora das condições de trabalho

previstas nas convenções coletivas, estamos trabalhando com operários formalmente inseridos

no processo produtivo. Excluímos de nosso estudo os trabalhadores informais e os

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trabalhadores por conta própria, ou seja, aqueles que não possuem vínculo de emprego com as

construtoras.

Nossas análises iniciais sobre as convenções coletivas de trabalho já demonstram

sensíveis melhoras em seus conteúdos.

Quando da implantação do PAC 1 em 2007, as diversas categorias que compõem o

quadro de trabalhadores na construção civil possuíam pisos que foram gradualmente

elevando-se até 2014, conforme veremos nas tabelas descritivas de valores.

Importante, antes, porém, entendermos como as Convenções Coletivas de Trabalho

especificam categoria, funções e atribuições dos trabalhadores envolvidos na obra.

Para tanto, elaboramos a tabela abaixo:

TABELA N. 05 – INDICATIVA DAS CATEGORIAS, FUNÇÕES EATRIBUIÇÕES:

Categoria Funções Qualificação exigida

Servente e Ajudante Servente e Auxiliar de ServenteNão exigível, executa qualquertarefa de ajuda aos profissionais

Meio Profissional

Relativo conhecimento, sem acapacidade, produtividade e

desembaraço do profissional massempre sob sua orientação

Profissional

Pedreiro, Carpinteiro, Armador,Encanador, Eletricista, Pintor,

Solador, Azulejista, Almoxarife,Apontador, Guincheiro,

Calceteiro, Cozinheiro, Montadorde Guindaste, Montador de

Estrutura Metálica, Operador deEquipamento de Terraplenagem,Bate-estacas, Perfurador de Solo,

Colocador de Placa de Gesso

Amplo conhecimento do ofício,realiza as tarefas com

desembaraço e produtividade

Contra-mestre ouFeitor

Contra-mestre ou feitor

Reúne as condições técnicasnecessárias para trabalhar

diretamente com o mestre deobras

Meste de Obras Mestre de ObrasReúne as condições técnicas para

coordenar as atividadesprodutivas

Fonte: SINDUSCON

Elaboração: GOMES, M;C, 2015

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TABELA N. 06 – DESCRIÇÃO DOS PISOS POR CATEGORIAS NA CCT2007/2008:

Categoria Valor/horaServente R$ 2,50

Meio Profissional R$ 2,71Profissional R$ 3,50

Contra-mestre R$ 3,87Mestre de Obras R$ 5,15

Fonte: SINDUSCON PRElaboração: GOMES, M.C. Trabalho apresentado à disciplina Teoria Sociológica doTrabalho, UFPR, 2013.

Na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de 2013 os pisos salariais passaram a ter

os seguintes valores, constantes da tabela seguinte:

TABELA N. 07 – DESCRIÇÃO DOS PISOS POR CATEGORIA NA CCT2013/2014:

Categoria Valor/horaServente R$ 4,45

Meio Profissional R$ 4,82Profissional R$ 6,28

Contra-mestre R$ 8,70Mestre de Obras R$ 12,00

Fonte: SINDUSCON PRElaboração: GOMES, M.C. Trabalho apresentado à disciplina Teoria Sociológica doTrabalho, UFPR, 2013.

A variação entre o menor e o maior piso em junho de 2013 é de 70%. A variação

anterior era de 69,66%.

Já em 2014, os pisos salariais convencionais passaram e viger com os valores

constantes da tabela abaixo.

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TABELA N. 08 – DESCRIÇÃO DOS PISOS POR CATEGORIA NA CCT2014/2015:

Categoria Valor/horaServente R$ 4,73

Meio Profissional R$ 5,12Profissional R$ 6,67

Contra-mestre R$ 9,29Mestre R$ 12,88

Fonte: SINDUSCON PRElaboração: GOMES, M.C. Trabalho apresentado à disciplina Teoria Sociológica doTrabalho, UFPR, 2013.

Comparando-se os valores dos pisos no período (2007 a 2014) observamos variaçõessignificativas no piso por função, como se observa da tabela em seguida.

TABELA N. 09 – VARIAÇÃO PERCENTUAL ENTRE OS PISOSESTIPULADOS NA CCT 2007/2008 E OS PISOS PREVISTOS PELA CCT 2014/2015:

Função VariaçãoServente 78%

Meio Profissional 77,85%Profissional 94,28%

Contra-mestre 24,80%Mestre de Obras 33,00%

Elaboração: GOMES, M.C. Trabalho apresentado à disciplina Teoria Sociológica doTrabalho, UFPR, 2013.

Observa-se que que o piso dos profissionais, teve a maior variação (para cima), entre

todos os demais que ocupam uma ou outra função.

A melhora, mais acentuada para uns, menos acentuada para outros, é evidente. É

sobre este ponto que dedicaremos parte de nossa investigação, buscando saber se estes ganhos

decorreram de uma ação dos trabalhadores ou da demanda por esses trabalhadores em razão

do aquecimento no setor pelas ações do Governo Federal.

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT,

2014), apontou uma maior demanda por materiais de construção em decorrência, justamente,

do aumento do consumo das famílias por esses insumos. A demanda, segundo a ABRAMAT

também é estimulada pela desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),

medida do Governo Federal adotada a partir de 30.06.20093 e que vem sendo renovada

anualmente.

3 Decreto 6.890, de 29.06.2009, publicado no D.O.U. em 30.06.2009.

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A primeira desoneração decorreu da necessidade de enfrentamento da crise mundial

iniciada em 2008 e vem sendo anualmente prorrogada. Segundo o Sindicato da Indústria da

Construção Civil do Paraná a redução fiscal está vinculada ao compromisso de manutenção

do nível de empregos nos setores beneficiados. (SINDUSCONPR, 2015).

Apenas no ano de 2013, a redução (com itens que passaram a ter sua alíquota

zerada), representou uma renúncia fiscal do Governo Federal que chegou a R$ 375 milhões.

Restritamente ao Estado do Paraná, essas medidas parecem ter surtido efeitos quanto

ao crescimento de empregos formais no setor, conforme se infere da tabela abaixo.

TABELA N. 10 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NACONSTRUÇÃO CIVIL NO ESTADO DO PARANÁ

Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011No. De

Empregos64.528 63.377 60.408 55.012 55.481 56.391 65.655 76.802 97.194 112.059 136.051 146.059

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, 2013Elaboração: GOMES, M.C. Trabalho apresentado à disciplina Teoria Sociológica doTrabalho, UFPR, 2013.

Da análise da tabela, observa-se que após três anos da implantação do PAC 1, em

2007, os empregos formais na construção civil no Paraná tiveram um crescimento de 90,17%.

Considerando-se as admissões e as despedidas, observa-se, como se pode

acompanhar na TABELA N. 11 que mais empregados foram absorvidos do que excluídos no

setor e que no período que antecede a implantação do PAC 1 em 2007, houve variação

negativa (um maior número de desligamentos do que de admissões) em vários anos e que a

partir da implantação do PAC, o número de admissões sempre superou o número de

desligamentos.

A maior diferença foi obtida em 2013, em que houve 19.460 admissões a mais em

comparação ao número de desligamentos, seguida de 2008, em que houve 13.713 demissões a

mais, do que o número de desligamentos.

A tabela a seguir demonstra a evolução das contratações e desligamentos no período

de 2000 a 2013:

TABELA N. 11 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE CONTRATAÇÕES EDESLIGAMENTOS NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO ESTADO DO PARANÁ

Programa Ano Admissões Desligamentos DiferençaAntes do PAC 2000 61.135 61.153 -18Antes do PAC 2001 61.842 68.543 -6.701Antes do PAC 2002 59.297 60.673 -1.378Antes do PAC 2003 53.387 57.290 -3.903

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Antes do PAC 2004 58.484 56.067 +5.742Antes do PAC 2005 56.818 54.727 +2.091Antes do PAC 2006 67.883 61.982 +5.901

PAC 1 2007 79.881 71.870 +8.011PAC 1 2008 102.385 88.682 +13.713PAC 1 2009 107.303 99.032 + 8.271PAC 1 2010 151.404 131.944 +19.460PAC 2 2011 159.412 149.499 +10.913PAC 2 2012 164.473 161.533 +5.940PAC 2 2013 158.210 150.337 +7.873

Fonte: Ministério do Trabalho e EmpregoElaboração: GOMES, M.C. Trabalho apresentado à disciplina Teoria Sociológica doTrabalho, UFPR, 2013.

Outros setores, como o comércio, não demonstraram este percentual de crescimento.

O anuário RAIS do Ministério do Trabalho e Emprego, para o mesmo período, demonstra que

em 2007 contava-se 488.158 comerciários formais. Em 2011 este número cresceu para

622.407. Houve um aumento, porém bem menos significativo, que alcançou 27,50%.

(MTBE, 2014).

Para além da questão salarial, as CCTs contém cláusulas que tem proporcionado

melhorias nas condições sociais dos trabalhadores, reconhecendo conquistas importantes para

o setor.

No primeiro ano de implantação do PAC, 2007, a CCT 2007/2008 previa a

concessão do vale alimentação no valor de R$ 87,00 (oitenta e sete reais). Já a CCT

2013/2014 passou a prever o vale alimentação no valor de R$270,00 (duzentos e setenta

reais). Na CCT 2014/2016 o valor passou a ser de R$ 326,00 (trezentos e vinte e seis reais). O

valor do vale compras hoje é 3,74 (três vírgula setenta e quatro vezes) o valor de 2007.

O café da manha, cuja concessão era apenas recomendada em 2007, com a redação

dada pela CCT à cláusula 50ª, passou a ser obrigatória.4

O fornecimento de café da manhã passou a ser obrigatório a partir da CCT de 2011,

através da cláusula decima segunda, com a seguinte redação: Os empregadores fornecerão,

nas obras, aos empregados, CAFÉ DA MANHÃ, nos dias em que houver trabalho,

consistente no mínimo de 1 (um) copo de café com leite (300 ml) e 2 (dois) pães com

margarina, sem que isto se configure integração como salário alimentação, observadas as

4 Cláusula 50ª: Recomenda-se que os empregadores forneçam café da manha aos empregados, nos dias emhouver trabalho, sem que isto se configure obrigatoriedade e tampouco integração como salário alimentação.A título de sugestão, verificadas as condições locais, consistirá em um copo de café da manhã com leite e umpão com margarina, observadas as condições mais favoráveis já praticadas.

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condições mais favoráveis já praticadas, facultando-se a substituição do CAFÉ DA MANHÃ

por tíquete refeição de valor equivalente.

Na CCT vigente para 2014/2016 a concessão de café da manhã permaneceu

obrigatória, na forma estipulada pela cláusula décima5 segunda, tornando-se uma conquista

definitiva dos trabalhadores.

Ainda por força da convenção coletiva de trabalho, todos os trabalhadores têm à

disposição, serviços médicos e odontológicos inteiramente custeados pelo empregador,

através do SECONCI – Serviço Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil.

Este benefício já era previsto mesmo antes da implantação do PAC 1 e vem sendo

renovado a cada negociação coletiva.

Para proporcionar referidos benefícios, os empregadores do setor estão obrigado a

recolher, mensalmente, o correspondente a 1% (um por cento) do valor bruto da folha de

pagamento, inclusive sobre a folha de pagamento do 13º. Salário, não sendo admitida

contribuição inferior ao valor de 15 (quinze) pisos do servente.6

5 Objetivando melhorar as condições nutricionais dos trabalhadores, prioritariamente os de baixa renda, osempregadores, sem que se constitua caráter salarial, remuneratório ou contraprestativo, nos termos da Lei nº6.321/76, regulamentada pelo Decreto nº 5/91, através do Programa de Alimentação do Trabalhador,fornecerão, nas obras, aos empregados, CAFÉ DA MANHÃ, nos dias em que houver trabalho, consistente nomínimo de: 1 (um) copo de café com leite (300 ml) e 2 (dois) pães com margarina, observadas as condiçõesmais favoráveis já praticadas, facultando-se a substituição do CAFÉ DA MANHÃ por tíquete refeição no valorlíquido de, no mínimo, R$ 3,50 por dia.6 CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - CONVÊNIO MÉDICO-ODONTOLÓGICO SECONCI-PR O Serviço Social do Sindicatoda Indústria da Construção Civil - SECONCI-PR, sociedade civil sem fins lucrativos, objetiva a prestação deserviços sociais e, em particular, serviços de assistência preventiva à saúde, medicina ocupacional e segurançano trabalho, aos integrantes das categorias laborais e patronais da indústria da construção civil no Estado doParaná. Parágrafo Primeiro: De acordo com a decisão da Assembleia Geral do Sindicato patronal e com o fim depossibilitar a manutenção e ampliação do SECONCI-PR, os empregadores representados pelo SINDUSCON-PR,estabelecidos em Curitiba e Região Metropolitana, são obrigados a recolher, mensalmente, a contribuiçãoequivalente a 1% (um por cento) do valor bruto das folhas de pagamento de seus empregados, inclusive asfolhas relativas ao 13º salário, respeitada a contribuição mínima correspondente a 15 (quinze) pisos salariais deservente, conforme cláusula terceira desta convenção, em favor do SECONCI-PR - SERVIÇO SOCIAL DOSINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO ESTADO DO PARANÁ. Estes valores poderão seralterados por proposição da Diretoria, mediante aprovação do Conselho Deliberativo e referendo daAssembleia Geral. Em decorrência desta contribuição, ficam assegurados aos empregadores adimplentesserviços de assistência preventiva à saúde, nas áreas médica e odontológica aos seus empregados, limitadosaos serviços disponíveis pela Instituição. Para efeito do cálculo, será considerado o total bruto das folhas depagamento, com Mediador - Extrato Convenção Coletiva Página 6 de 22http://www3.mte.gov.br/sistemas/mediador/Resumo/ResumoVisualizar?NrSolicitacao... 05/08/2014todos osseus componentes, sem descontos ou abatimentos, não sendo permitida nenhuma exclusão, separação,divisão ou distinção entre empregados de obra ou administrativos. Parágrafo Segundo: Objetivando acrescente qualificação e adequação dos empregadores no setor da construção civil às NormasRegulamentadoras, com os consequentes resultados positivos em termos de produtividade, qualidade de vidae diminuição de acidentes do trabalho no setor, estará o SECONCI-PR, opcionalmente, disponibilizando àsmesmas a implementação do Programa de Saúde e Segurança – PSS – para fornecimento de subsídios relativosao atendimento dos Programas Obrigatórios de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO (NR 7), dePrevenção de Riscos Ambientais – PPRA (NR 9) e de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

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É relevante destacar também, que os empregadores são obrigados a contratar seguro

de vida em grupo a favor dos trabalhadores, com as seguintes coberturas, nos termos do

disposto pela cláusula décima quinta da CCT 2014/2016:

Morte por qualquer causa ou invalidez total permanente por acidente ou por doenças:

R$ 18.648,38 (dezoito mil, seiscentos e quarenta e oito reais e trinta e oito centavos);

Morte por qualquer causa do cônjuge: 50% do capital básico.

O trabalhador contribui mensalmente com o valor máximo de R$ 4,47. O aumento do

capital segurado superou 7% em apenas um ano e 57% entre 2007, ano de implantação do

PAC 1 e o ano de 2014.

Considerando-se que a variação do INPC entre os anos de 2007 e 2014 ficou em

46,28 segundo dados do IBGE, o aumento do prêmio segurado superou em mais de 10% a

inflação medida pelo INPC,7 em claro benefício aos trabalhadores.

É possível que a manutenção e até a melhora nas condições pactuadas tenha

resultado não apenas do cenário econômico no setor da construção, como também de uma

ação dos trabalhadores frente aos empregadores, na busca da repartição dos ganhos do capital

de uma forma mais justa e solidária.

A melhoria nas condições dos trabalhadores, obtidas através das cláusulas salariais e

sociais demonstra que o setor da construção civil no Estado do Paraná ficou imune à crise

iniciada em 2008.

Construção Civil – PCMAT (NR 18), mediante as condições estabelecidas em convênio próprio a ser firmadoentre as partes. Parágrafo Terceiro: A contribuição deverá ser recolhida junto à Caixa Econômica Federal até odia 10 (dez) do mês subsequente ao do fato gerador, em guia própria fornecida pelo SECONCI-PR. Osrecolhimentos deverão ser feitos de forma destacada, sendo uma guia para as folhas normais, outra paraparcelas do 13º salário. O recolhimento acima citado refere-se às operações com os empregadores dosmunicípios servidos pelos ambulatórios, postos de serviços ou credenciados pelo SECONCI-PR, já instalados ouque venham a instalar-se na vigência desta convenção. Parágrafo Quarto: O SECONCI-PR promoverá ações defiscalização do cumprimento do disposto nesta cláusula, obrigando-se aos empregadores a fornecer, sempreque solicitado, cópias das folhas de pagamento, das relações de empregados do FGTS e arquivo do sistemaSEFIP da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, para fins de conferência das parcelas recolhidas, sob pena de suspensãoda prestação dos serviços, até que estejam atendidas as obrigações. Parágrafo Quinto: A falta de recolhimentona data do vencimento implicará em atualização monetária do débito até a data do efetivo pagamento. Sobre ovalor devido incidirá multa de 2% (dois por cento). Após 60 (sessenta) dias de atraso, os débitos serão cobradospor um serviço jurídico que acrescentará ao montante atualizado uma taxa de 10% (dez por cento) a título deressarcimento de cobrança. Incorrerá nas mesmas penalidades, a empresa que nas ações de fiscalização, tivercomprovado recolhimento inferior ao efetivamente devido. Parágrafo Sexto: O SECONCI-PR estabelecerá asnormas e condições gerais para a expansão dos credenciamentos médicos, odontológicos e de examescomplementares para atendimento apenas dos trabalhadores, sendo exigida das empresas uma carência de 90(noventa) dias de recolhimentos mensais, sucessivos e ininterruptos. Parágrafo Sétimo: Eventuaiscancelamentos de procedimentos médicos e odontológicos agendados, deverão ser feitos por escrito e comantecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas. As faltas às consultas em que não houver cancelamentoprévio, ensejarão cobrança do valor relativo ao ressarcimento das despesas administrativas correspondentes, aser estabelecido pela direção do SECONCI-PR.7 Ibge.gov.br, acesso em 28.02.2015.

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No ano de 2009, ou seja, logo em seguida à crise, a construção civil foi um dos

setores que mais empregou formalmente, com a criação de 208 mil vagas, ficando atrás

apenas do setor de serviços, que criou 654 mil vagas e para o comércio, que criou 369 mil

vagas, segundo dados das RAIS para aquele ano. (IBGE, 2010).

Moretto e Proni (2012, p. 45) observam que entre as políticas de recuperação

econômica e de enfrentamento da crise, pelo Governo Federal estava a ampliação de

investimentos em obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento,

primordialmente através do MCMV, “que impulsionou o crescimento da construção civil”.

No mesmo sentido, Krein, Santos e Moreto (2013, p. 30), avaliam que após a

economia amargar um processo de deterioração em 2003, a partir de 2004 o PIB cresceu mais

acentuadamente, invertendo a tendência de desestruturação no mundo do trabalho, o que

restou evidente pelos dados mencionados para o Brasil e para o setor da construção civil.

Para os autores, as políticas públicas na promoção do desenvolvimento somadas à

situação externa mais confortável, ao PAC e ao Programa de Desenvolvimento Produtivo,

além dos diversos financiamentos, tiveram impactos positivos sobre o mercado de trabalho,

proporcionando taxas mais elevadas de crescimento e melhorando gradativamente as relações

de trabalho. (KREIN, SANTOS e MORETO, 2013).

O setor cresceu, gerou empregos e as condições de trabalho criadas por fruto do

diálogo entre as entidades sindicais só melhoraram, com a valorização do fator trabalho.

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CONCLUSÕES

Do quadro que se formou no setor da construção civil em razão da implementação

dos Programas de Aceleração do Crescimento e, em particular, do eixo Minha Casa, Minha

Vida, verificou-se uma significativa expansão, com uma maior participação no PIB, com a

geração de empregos formais e com o estímulo para vários outros setores da economia.

Pudemos identificar que o setor da construção civil leve absorve uma enorme

quantidade de trabalhadores desqualificados, gerando empregos diretos e formais, além de

estimular outros inúmeros setores da economia, que se aquecem por consequência, tais como

o de materiais de construção e o de comércio imobiliário. Vimos, também, que o setor se

diferencia de outros, em razão da pouca industrialização e do processo de trabalho ser

mantido em sua forma manufatureira, o que tem sido apontado como um dos fatores de

acumulação de capital.

Esta acumulação decorreria, assim, pela falta de investimento em tecnologia e pela

desnecessidade de requalificação dos trabalhadores...

A análise inicial das convenções coletivas de trabalho celebradas no segmento da

construção civil leve no Estado do Paraná demonstra a elevação dos pisos de todos os

profissionais, bem assim como de benefícios em cláusulas sociais, tais como as que preveem a

concessão de lanche e o seguro de vida.

Não podemos, ainda, afirmar que as melhoras decorreram de um maior protagonismo

das entidades representativas de trabalhadores ou se decorreram apenas da iniciativa patronal,

que é o objeto de nossa pesquisa.

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REFERÊNCIAS

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CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Estabelecimentos naconstrução. Disponível em <http//:www.cbicdados.com.br/menu/empresas-de-construção/estabelecimentos-na-construção>. Acesso em 12 jul. 2015.

DIEESE, Estudo Setorial da Construção 2012. Estudos e Pesquisas, n. 85, maio de 2013.

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Documentos consultados:

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2000;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2001;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2002;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2003;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2004;

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Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2005;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2006;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2007;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2008;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2009;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2010;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2011;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2012

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2013;

Convenção Coletiva de Trabalho. Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civildo Estado do Paraná e Sintracon – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da ConstruçãoCivil de Curitiba e Região Metropolitana – 2014.