MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA - 5ª REGIÃO
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) FEDERAL RELATOR(A) E DEMAIS INTEGRANTES DA QUARTA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO.
PROCESSO Nº : 2009.85.00.005598-7 AC 526323 - SEAPELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALAPELANTE : TELEMAR NORTE LESTE S/AAPELADO : OS MESMOSRELATOR : DESEMBARGADORA FEDERAL MARGARIDA CANTARELLI
PARECER Nº 2769/2011
CONSTITUCIONAL. PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INSTALAÇÃO DE TELEFONES DE USO PÚBLICO ADAPTADOS PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS. DECRETOS NºS 4.769/2003 E 5.296/2004. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDE-RAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. NÃO OBSERVÂNCIA DO LIMITE MÍNIMO DE 2% (DOIS POR CENTO) DE ADAPTAÇÃO DOS TUP´S. NÃO CONCESSÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCOS EM FAVOR DO MINISTTÉRIO PÚBLICO. APELAÇÕES CÍVEIS.
- Ministério Público Federal é legitimado a propor ação civil pública em defesa dos direitos coletivos dos portadores de necessidades especiais porque a matéria envolve parcela da delegação federal. Competência da Justiça Federal. - A adaptação de Telefones de Uso Público – TUP's é feita mediante solicitação dos portadores de necessidades especiais ou por seus representantes.- Ministério Público pode requerer administrativamente a adaptação dos TUP's, em uma representação sui generis. - A Telemar deixou de cumprir o disposto nos Decretos nºs 4.769/2003 e 5.296/2004 e, por não reconhecer a representação administrativa do Ministério Público, deixou de adaptar os TUP's . - Juízo a quo julgou procedente o pedido formulado na ação e condenou a ré à adaptação dos TUP's conforme requerido. Entretanto, não concedeu em favor do Ministério Público os honorários advocatícios.- Em função de expressa disposição legal e entendimento jurisprudencial, não cabe honorários advocatícios em favor do Ministério Público.- Parecer pelo não provimento do recursos interpostos.
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I- FATOS
Trata-se de apelações cíveis interpostas pelo MINISTÉRIO
PÚBLICO FEDERAL e pela TELEMAR NORTE LESTE S/A, tendo em vista a sentença de fls.
303-342, da lavra do MM. Juiz Federal Substituto da 1ª Vara da Seção Judiciária de
Sergipe, que julgou procedente a pretensão formulada contra a Telemar Norte Leste,
em sede de Ação Civil Pública proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e o
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE.
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e o MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ESTADO DE SERGIPE ingressaram em juízo requerendo o que se segue:
“a) a confirmação da tutela antecipada por meio de sentença;
b) Que seja a Ré condenada na obrigação de fazer consistente na instalação de telefones de uso público adaptados para deficientes auditivos e da fala no âmbito do território do Sergipe, no limite que estabelece a legislação pertinente em vigor, isto é, de pelo menos dois por cento do total de telefones de uso públicos existentes no Estado;
c) Que seja assegurada a colocação de, no mínimo, um telefone adaptado para portador de deficiência auditiva e da fala em cada município do Estado ainda não contemplado com esse equipamento, no prazo de sete dias, conforme determina do art. 10, parágrafo único do Decreto 4769/03, que aprova o Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público;
e) Que a Ré seja compelida a garantir o acesso gratuito ao serviço 142, de imediato;
f) Que a Ré seja compelida a fixar instruções claras e precisas sobre a utilização dos aludidos aparelhos quando da instalação;
g) Que a Ré seja condenada a implantar sistema que garanta o fornecimento do número de protocolo quando das reclamações ou solicitações junto à concessionário no prazo de 15 dias;
h) Que seja estipulada multa diária na importância de R$1.000,00 (hum mil reais) pelo descumprimento das obrigações acima requeridas;
i) Que a ANATEL seja intimada a integrar o feito, bem como informar as sanções aplicadas à TELEMAR pela infração ao Contrato de Concessão e a Lei 9.472/97, conforme Relatório de Fiscalização nº0129/2008/UO081
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[...]”
Às folhas 28-52, foi concedida parcialmente a antecipação dos
efeitos da tutela.
A Telemar interpôs agravo de instrumento com efeito
suspensivo (fls. 71-86) contra tal decisão.
Apresentou contestação juntada às fls. 91-187, alegando, em
preliminar, a ilegitimidade do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e a incompetência da
Justiça Federal. Além disso, afirmou que a decisão que antecipou os efeitos da tutela
violou o princípio da inércia por que deferiu pleito mais amplo do que foi pedido.
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL apresentou réplica à
contestação (fls. 190-192).
Acerca do agravo de instrumento interposto pela Telemar, o
TRF da 5ª Região indeferiu a liminar (fls. 199-202).
A Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), às fls.
205-223, requereu a sua intervenção anômala.
A Telemar pediu a reconsideração da decisão que indeferiu o
pedido de liminar. O TRF da 5ª Região reconsiderou a decisão (fls. 231-233),
suspendendo os efeitos da decisão agravada.
O Ministério Público Estadual apresentou réplica à contestação
(fls. 238-240).
Em sentença de fls. 303-342, o Juízo a quo determinou o que se
segue:
1) que a Oi Telemar - Norte Leste Participações S/A, incluindo eventual sucessora, instale nos locais solicitados pelos usuários, seus representantes,
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incluindo o Ministério Público Federal e Estadual ou em lugares próximos, telefones de uso públicos – TUP's adaptados para deficientes auditivos e da fala ou de locomoção no âmbito do território do Estado Sergipe, no limite estabelecido na legislação em vigor, ou seja, de no mínimo 2% (dois por cento) ou outro percentual, caso sobrevenha alteração legislativa ou regulamentar, do total de telefones públicos existentes no Estado de Sergipe, observando-se, ainda, a colocação de no mínimo, um telefone adaptado para portador de deficiência auditiva e da fala e outro de locomoção em cada município do Estado, ainda não contemplado por esse equipamento, no prazo de 90 (noventa) dias;
2) o acesso gratuito ao serviço 142 aos deficientes auditivos e de fala, no prazo de 15 (quinze) dias;
3) a fixação de instruções claras e precisas sobre a utilização dos aludidos aparelhos quando de sua instalação, consoante o modelo já aprovado pela ANATEL;
4) que seja fornecido o número de protocolo previamente ao atendimento, preferencialmente por sistema eletrônico, no prazo de 30 (trinta) dias;
5) seja enviado, a critério do usuário, para email, mensagem para celular ou informação na fatura, o número do protocolo, a data de atendimento e o tempo de duração, no prazo de 60 (sessenta) dias.
Ademais, fixou multa diária correspondente a R$500,00
(quinhentos reais) para o caso de descumprimento das medidas determinadas, a
incidir automaticamente após o decurso do prazo sem cumprimento, o que deve ser
revertido em favor do Fundo a que se refere o art. 13 da Lei nº 7.347/85.
Por fim, condenou a ré ao pagamentos das custas e sem
pagamento de honorários advocatícios, argumentando que se destinam a remunerar o
advogado e que a Carta Magna veda expressamente a percepção de honorários pelos
membros do Ministério Público.
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, irresignado parcialmente
com a r. sentença, interpôs recurso de apelação (fls. 352-361), alegando, em síntese,
que por força do art. 128, §5º, II, a, da Constituição da República, não existe vedação
à destinação de verba honorária ao ente federativo em cujo orçamento figuram os
valores destinados ao custeio do Ministério Público respectivo. A lei veda tão-
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somente a percepção de verba honorária por parte dos membros do Ministério
Público.
Igualmente irresignada, a Telemar Norte Leste S/A apelou (fls.
364 - 391) da r. sentença alegando a incompetência do Juízo e a ilegitimidade ativa
do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, tendo em vista não participar da ação civil
pública ente com foro na Justiça Federal.
Ademais, alegou que foram instaurados dois processos
administrativos, um no MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL e outro no MINISTÉRIO
PÚBLICO FEDERAL e, durante o trâmite de tais procedimentos, a Telemar procurou
sempre atender as solicitações feitas e instalou o aparelhos onde os proprietários,
possuidores ou gestores permitiam e apresentavam ou providenciavam as condições
técnicas para a instalação.
Informou que todas as listas e solicitações realizadas pelos
Conselhos e/ou Associações representativas de portadores de deficiência foram
atendidas, mas, não obstante o cumprimento deste acordo, o Ministério Público
exigiu que fossem instalados aparelhos em todos os municípios, embora em momento
algum os Conselhos e/ou Associações representativas tenham exigido a instalação em
todos os municípios.
Expôs ainda que o percentual de 2% (dois por cento), conforme
dispõe a legislação, é um limite máximo, não devendo necessariamente ser esgotado
de forma imediata, como propôs o magistrado. Continuou, arguindo que para atender
a determinação dos Ministérios Públicos, foram realizadas diligências e constatou-se
que quase a totalidade dos locais visitados não apresentava condições técnicas para a
instalação dos aparelhos ou o possuidor, gestor ou proprietário não tinha interesse na
instalação ou proibia o acesso.
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Ainda, tentou demonstrar que, com base no art. 10, § único do
Dec. 4.769/2003, os portadores de necessidades especiais poderão solicitar
diretamente, ou por meio de representante, a instalação dos aparelhos adaptados.
Ocorre que tal representação deve ser entendida de maneira restrita, não tendo o
Ministério Público tal legitimidade.
Afirma que houve o cumprimento da obrigação legal, na
medida em que a Telemar atendeu a todas as solicitações feitas pelas entidades
representativas dos portadores de necessidades especiais, não podendo agora o
Ministério Público pretender a instalação de TUP´s em locais onde sequer se sabe se
há portadores de necessidades especiais.
A Telemar reiterou a contestação à veracidade das informações
contidas nos documentos de fls. 267-269 e 271-273. Além disso, apresenta dados
fornecidos pela ANATEL, sobre os quais conclui que Sergipe supera as necessidades
dos usuários e que o percentual de TUP´s adaptados está condicionado à demanda.
Afirma que o Juízo a quo condicionou a adaptação dos TUP´s
ao fornecimento da infraestrutura pela concessionária, contrariando o que havia
decidido quando da concessão da liminar, quando a infraestrutura caberia ao titular
do imóvel.
Por derradeiro, alega que a decisão é ultra e extra petita, por ter
determinado que a ré fosse compelida a enviar, a critério do usuário, por e-mail,
mensagem para celular ou informação na fatura, o número do protocolo, a data do
atendimento e o tempo da duração, tendo em vista que o pedido se limitou a requerer
que a ré fosse condenada a implantar um sistema que garantisse o fornecimento do
número do protocolo de reclamações ou solicitações. Salientou que a ANATEL já
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prevê a forma pela qual a informação deverá ser prestada ao consumidor, dentre elas
o fornecimento por telefone do protocolo e da gravação da conversa, se solicitada.
Inovando, portanto, o magistrado a quo.
Em seguida, a Telemar Norte Leste S/A apresentou
contrarrazões, às fls. 411-419, por meio da qual sustentou a impossibilidade de
condenação em honorários advocatícios em favor do Ministério Público.
Posteriormente, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL apresentou
contrarrazões (fls. 445 - 451) ao recurso de apelação interposto pela Telemar, por
meio do qual se pronunciou acerca da legitimidade do MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL e a consequente competência da Justiça Federal. Além disso, reiterou os
argumentos apresentados quando da contestação.
É o relatório, passo a opinar.
II- DISCUSSÃO
A controvérsia posta no recurso delimita a análise aos seguintes
aspectos: se o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL é legitimado a propor a ação civil
pública em análise; em o sendo, se cabe condenação em honorários em seu favor,
uma vez que foi vencedor; quem pode requerer a adaptação do Terminal de Uso
Público; se a Telemar cumpriu as obrigações previstas no art. 10, parágrafo único do
Dec. nº 4.769/2003 e no art. 49, I, a, do Dec. nº 5.296/2004; a quem cabe a
responsabilidade acerca dos custos para instalação dos TUP´s adaptados; e se a
decisão do magistrado a quo foi ultra e extra petita.
II.1 DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E DA COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL
Como é cediço, o Ministério Público detém a atribuição para
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promover a ação civil pública para a proteção dos interesses difusos e coletivos, nos
termos do inciso III do art. 129 da Constituição Federal, abaixo transcrito:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:(...)III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
Observa-se que a ação civil pública aqui
em questão pretende defender os interesses das pessoas
portadoras de deficiência, com fulcro nos arts. 1º e 5º da
Constituição da República, bem como nos Decretos nº
4.769/2003 e nº 5.296/2004. Evidencia-se, portanto, o propósito
em defender, no caso sub examine, direitos difusos.
No que tange, mais precisamente, à
legitimidade do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em propor a
ação civil pública ora analisada, decorre que por força do art. 3º
da Lei nº 7.853/1989:
Artigo 3º - As ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal; por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência. (grifos nossos)
Ademais, conforme bem aduziu o TRF da
5ª Região ao examinar o agravo de instrumento interposto pela
Telemar (AGTR102598-SE):
“Se a questão posta em juízo envolve parcela da delegação federal, encontrando-se sujeita à regulamentação e fiscalização pela ANATEL, atingindo também interesses de pessoa portadora de deficiência, evidencia-se a legitimidade do MPF.”
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Por derradeiro, sendo o MINISTÉRIO
PÚBLICO FEDERAL legitimado a propor a presente ação, decorre
a competência da Justiça Federal para processar e julgar tal
feito. Neste sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça:
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL E JUSTIÇA ESTADUAL. AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. EXPLORAÇAO DE BINGO. CONTINÊNCIA. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Havendo continência entre duas ações civil públicas, movidas pelo Ministério Público, impõe-se a reunião de ambas, a fim de evitar julgamentos conflitantes, incompatíveis entre si. 2. A competência da Justiça Federal, prevista no art. 109 , I, da Constituição , tem por base um critério subjetivo, levando em conta, não a natureza da relação jurídica litigiosa, e sim a identidade dos figurantes da relação processual. Presente, no processo, um dos entes ali relacionados, a competência será da Justiça Federal, a quem caberá decidir, se for o caso, a legitimidade para a causa. 3. É da natureza do federalismo a supremacia da União sobre Estados-membros, supremacia que se manifesta inclusive pela obrigatoriedade de respeito às competências da União sobre a dos Estados. Decorre do princípio federativo que a União não está sujeita à jurisdição de um Estado-membro, podendo o inverso ocorrer, se for o caso. 4. Em ação proposta pelo Ministério Público Federal, órgão da União, somente a Justiça Federal está constitucionalmente habilitada a proferir sentença que vincule tal órgão, ainda que seja sentença negando a sua legitimação ativa. E enquanto a União figurar no pólo passivo, ainda que seja do seu interesse ver-se excluída, a causa é da competência da Justiça Federal, a quem cabe, se for o caso, decidir a respeito do interesse da demandada (súmula 150/STJ). 5. Conflito conhecido e declarada a competência do Juízo Federal. (grifos nossos)(STJ – C.C. nº 40.534 - RJ (2003/0185926-2). Rel. Ministro Teori Albino Zavascki. 1ª Turma. Data de julgamento: 17/05/2004)
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÕES CIVIS PÚBLICAS PROPOSTAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E ESTADUAL. CONSUMIDOR. CONTINÊNCIA ENTRE AS AÇÕES. POSSIBILIDADE DE PROVIMENTOS JURISDICIONAIS CONFLITANTES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.1. A presença do Ministério Público federal, órgão da União, na relação jurídica processual como autor faz competente a Justiça
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Federal para o processo e julgamento da ação (competência "ratione personae") consoante o art. 109, inciso I, da CF⁄88.2. Evidenciada a continência entre a ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal em relação a outra ação civil pública ajuizada na Justiça Estadual, impõe-se a reunião dos feitos no Juízo Federal. 3. Precedentes do STJ: CC 90.722⁄BA, Rel. Ministro José Delgado, Relator p⁄ Acórdão Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJ de 12.08.2008; CC 90.106⁄ES, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJ de 10.03.2008 e CC 56.460⁄RS, Relator Ministro José Delgado, DJ de 19.03.2007.4. DECLARAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL DA 15ª VARA CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA O JULGAMENTO DE AMBAS AÇÕES CIVIS PÚBLICAS.5. CONFLITO DE COMPETÊNCIA JULGADO PROCEDENTE. (grifos nossos)(STJ – C.C. nº 112.137-SP (2010⁄0089748-7). Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino. Segunda Seção. Data de julgamento: 24.11.2010.)
II.2 DA CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
A Constituição da República, em seu art. 128, § 5º, II, “a”, é
clara no sentido de que não cabe aos membros dos Ministério Público a percepção de
honorários advocatícios, nos seguintes termos:
Art. 128. O Ministério Público abrange: § 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: II - as seguintes vedações:a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; (grifos nossos).
Nestes termos, a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS. RECURSOS ESPECIAIS. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. ART. 54 DA LEI Nº 9.784/99. AUSÊNCIA DE
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PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356/STF. APLICAÇÃO DO CDC. POSSIBILIDADE. LIMITES DA COISA JULGADA. COMPETÊNCIA TERRITORIAL DO ÓRGÃO PROLATOR DA DECISÃO. SUCUMBÊNCIA DA PARTE RÉ. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NÃO CABIMENTO. EXERCÍCIO DA FUNÇÃO INSTITUCIONAL DO PARQUET, QUE É FINANCIADO PELOS COFRES PÚBLICOS. DESTINAÇÃO DA VERBA A QUE SE REFERE O CPC, ART. 20. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DA PARTE SUCUMBENTE AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS QUANDO A PARTE ADVERSA É O MINISTÉRIO PÚBLICO.535CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL549.784282356CDCCPC20I. Tendo encontrado motivação suficiente para fundamentar a decisão, não fica o Órgão julgador obrigado a responder, um a um, os questionamentos suscitados pelas partes, mormente se notório o propósito de infringência do julgado.II. A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que as normas legais tidas por violadas não debatidas no Acórdão recorrido devem ser arguidas por meio de Embargos de Declaração, ainda que a contrariedade tenha surgido no julgamento do próprio Acórdão. Assim, incidem as Súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. Precedentes.III. Esta Corte já decidiu que aplica-se o Código de Defesa do Consumidor nas relações jurídicas em que configurada a relação de consumo. Precedente.Código de Defesa do ConsumidorIV. A decisão proferida em ação civil pública fará coisa julgada erga omnes nos limites da competência territorial do órgão prolator, no caso, no Distrito Federal e Territórios. Precedentes da Corte Especial.V. O Ministério Público tem por finalidade institucional a defesa dos interesses coletivos e individuais indisponíveis (CF, art. 127). A Lei 8.906/94, a seu turno, dispõe que os honorários sucumbenciais pertencem aos advogados, constituindo-se direito autônomo (art. 23), determinação que está na base da Súmula STJ/306. Nessa linha, não há título jurídico que justifique a condenação da parte sucumbente à remessa dos honorários para o Estado quando não se verifica a atuação de advogados no pólo vencedor. A par de não exercer advocacia, o Ministério Público é financiado com recursos provenientes dos cofres públicos, os quais são custeados, por entre outras receitas, por tributos que a coletividade já suporta.CF1278.906VI. Nega-se provimento ao Recurso Especial interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS, mantendo a não incidência de honorários, e dá-se parcial provimento ao Recurso Especial da BRASIL TELECOM S/A, restringindo os efeitos da decisão proferida na ação civil pública aos limites da competência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, órgão prolator do julgamento. (grifos nossos)(STJ - 1034012 DF 2008/0040446-4, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento: 22/09/2009, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 07/10/2009)
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Diante do explanado, entende-se ser incabível a condenação da
ré ao pagamento de honorários advocatícios em favor dos MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL e do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE.
II.3 DO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DA RÉ
Resta agora analisar se a Telemar cumpriu as obrigações
previstas no parágrafo único do art. 10, do Dec. nº 4.769/2003 e no art. 49, I, “a”, do
Dec. nº 5.296/2004, bem como o que restou deliberado nas audiências públicas
realizadas entre os Ministérios Públicos, a Telemar, a ANATEL e os Conselhos
Municipal e Estadual das Pessoas com Deficiência.
Dispõem os referidos dispositivos legais:
Decreto 4.769/2003:
Art.10. A partir de 1o de janeiro de 2006, as concessionárias do STFC na modalidade Local devem assegurar que, nas localidades onde o serviço estiver disponível, pelo menos dois por cento dos TUPs sejam adaptados para cada tipo de portador de necessidades especiais, seja visual, auditiva, da fala e de locomoção, mediante solicitação dos interessados, observados os critérios estabelecidos na regulamentação, inclusive quanto à sua localização e destinação.Parágrafo único. Os portadores de necessidades especiais poderão, diretamente, ou por meio de quem os represente, solicitar adaptação dos TUPs, referida no caput, de acordo com as suas necessidades, cujo atendimento deve ser efetivado, a contar do registro da solicitação, no prazo máximo de sete dias. (grifos nossos).
Decreto 5.296/2004:
Art.49.As empresas prestadoras de serviços de telecomunicações deverão garantir o pleno acesso às pessoas portadoras de deficiência auditiva, por meio das seguintes ações:I-no Serviço Telefônico Fixo Comutado-STFC, disponível para uso do público em geral:a) instalar, mediante solicitação, em âmbito nacional e em locais públicos, telefones de uso público adaptados para uso por pessoas portadoras de deficiência;b) garantir a disponibilidade de instalação de telefones para uso por
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pessoas portadoras de deficiência auditiva para acessos individuais;c) garantir a existência de centrais de intermediação de comunicação telefônica a serem utilizadas por pessoas portadoras de deficiência auditiva, que funcionem em tempo integral e atendam a todo o território nacional, inclusive com integração com o mesmo serviço oferecido pelas prestadoras de Serviço Móvel Pessoal; e
d) garantir que os telefones de uso público contenham dispositivos sonoros para a identificação das unidades existentes e consumidas dos cartões telefônicos, bem como demais informações exibidas no painel destes equipamentos; (grifos nossos)
Depreende-se que cabe à concessionária, no caso a Telemar, em
função de Contrato de Concessão do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC),
celebrado com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), e em função
do previsto nos Decretos acima mencionados, a adaptação de pelo menos 2% (dois
por cento) dos TUP´s, mediante solicitação, para portadores de deficiência visual,
auditiva, da fala e de locomoção.
Ademais, em função do referido contrato, a ré assumiu
igualmente a obrigação de prestar e manter o SFTC, bem como a obrigação de
cumprir as metas de universalização previstas no contrato, conforme bem demonstrou
o Juiz a quo, às fls. 311 – 314.
Observa-se que, não obstante esteja obrigada a adaptar os
TUP's mediante solicitação, é certo que, no mínimo, 2% (dois por cento) dos
Terminais de Uso Público devem ser instalados, haja vista que o serviço deve estar
disponível ao usuário, e, em caso de a demanda da localidade ser superior aos TUP's
adaptados, o percentual de 2% (dois por cento) deverá ser ultrapassado.
Sendo assim, conforme comprovam os documentos anexados
aos autos, a concessionária, além de não ter atendido ao disposto na lei, não cumpriu
integralmente o acordado nas audiências públicas, alegando que a instalação dos
TUP's adaptados deveria ficar condicionada à solicitação do deficiente ou de seu
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representante, e que, por não considerar os Ministérios Públicos em questão
representantes dessa coletividade, providenciou a adaptação dos TUP's apenas nos
locais solicitados com base nas listas apresentadas pelos Conselhos Municipais e
Estaduais de Deficiência, conforme expõe a ré em seu recurso de apelação.
Entretanto, conforme será demonstrado adiante, cabe
igualmente ao Ministério Público solicitar a instalação de TUP's em benefício dos
portadores de necessidades especiais. Neste sentido, as solicitações que foram feitas
pelo Ministério Público e não atendidas pela Telemar, demonstram o não
cumprimento da ré das obrigações que lhe cabem por força dos dispositivos legais já
mencionados.
II.4 QUEM PODE REQUERER ADMINISTRATIVAMENTE A ADAPTAÇÃO DO TUP
Uma interpretação literal do art. 10, parágrafo único do Dec. nº
4.769/03 e do art. 49, I, “a”, do Dec. nº 5.296/04, poderia induzir a errônea conclusão
de que o Ministério Público não poderia requerer em favor das pessoas portadoras de
deficiência a adaptação dos TUP's. Ademais, poderia tal ideia ser corroborada com
uma também interpretação literal do art. 4º, do Dec. nº 5.296/04:
Art.4o O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, os Conselhos Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, e as organizações representativas de pessoas portadoras de deficiência terão legitimidade para acompanhar e sugerir medidas para o cumprimento dos requisitos estabelecidos neste Decreto.
Ocorre que, se o Ministério Público é legitimado para atuar
judicialmente na defesa dos interesses das pessoas portadoras de deficiência, por
força do que dispõe o art. 3º da Lei nº 7.853/891, com mais razão deve ser garantido 1 Artigo 3º - As ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das pessoas
portadoras de deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal; por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência.
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ao portador de necessidades especiais uma representação, sui generis, vale ressaltar,
do Ministério Público em sede administrativa.
Destarte, como bem demonstrou o magistrado a quo, ao lado de
uma associação ou Conselho de Deficiência, deve igualmente ser atribuída ao
Ministério Público a responsabilidade de proteger o interesse dos portadores de
necessidades especiais.
Vale salientar que, no caso em comento, a atuação do
Ministério Público durante as audiências realizadas com a ré, se deu em atividade
conjunta com os Conselhos Municipal e Estadual dos Direitos das Pessoas Portadoras
de Deficiência, sem que qualquer oposição fosse feita por parte da Telemar.
Posto isto, deve-se reconhecer ao Ministério Público, a
possibilidade de requerer a adaptação dos TUP's, em razão da função que lhe assiste
perante o ordenamento pátrio.
II.5 A QUEM CABE A RESPONSABILIDADE ACERCA DOS CUSTOS DE INSTALAÇÃO E
MANUTENÇÃO DO TUP
Por força do que dispõe o art. 1º, § 1º do Dec. nº 4.769/2003,
que aprovou o Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico
Fixo Comutado Prestado no Regime Público - PGMU:
Art.1o Para efeito deste Plano, entende-se por universalização o direito de acesso de toda pessoa ou instituição, independentemente de sua localização e condição sócio-econômica, ao Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC, destinado ao uso do público em geral, prestado no regime público, conforme definição do Plano Geral de Outorgas de Serviço de Telecomunicações Prestado no Regime Público- PGO, aprovado pelo Decreto no 2.534, de 2 de abril de 1998, bem como a utilização desse serviço de telecomunicações em serviços essenciais de interesse público, nos termos do art. 79 da Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997, e mediante o pagamento de tarifas estabelecidas na regulamentação específica.
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§1o Todos os custos relacionados com o cumprimento das metas previstas neste plano serão suportados, exclusivamente, pelas Concessionárias por elas responsáveis, nos termos fixados nos respectivos contratos de concessão. (grifos nossos)
Ademais, conforme bem demonstrou o Juiz a quo, às fls. 332-
336, não há dispositivo legal algum que impute ao usuário a responsabilidade pelos
custos da instalação e infra-estrutura dos telefones de uso público. De outra banda,
além do previsto no dispositivo acima transcrito, consta do Contrato de Concessão
estabelecido entre a Telemar e a ANATEL, segundo Nota Técnica anexada às fls. 20
a 21, em sua cláusula 16.1, que:
Cláusula 16.1. Além das outras obrigações decorrentes deste Contrato e inerentes à prestação do serviço, incumbirá à Concessionária:(...)II – implantar todos os equipamentos e instalações necessários à prestação, continuidade, modernização, ampliação e universalidade do serviço objeto da concessão, dentro das especificações constantes do presente Contrato. (grifos nossos)
Sendo assim, demonstra ser irrazoável a pretensão da ré de que
cabe ao proprietário do imóvel onde se pretende instalar o TUP adaptado, os custos
referentes à instalação e infraestrutura, quando a lei e o contrato ao qual se vincula
determinam que os custos referentes ao cumprimento das Metas de Universalização e
aqueles destinados a implantação dos equipamentos e instalações necessárias cabem
à concessionária do serviço público, que, no caso, é a Telemar.
II.6 DO JULGAMENTO ULTRA E EXTRA PETITA
Por fim, resta analisar a alegação da ré de que o Juízo a quo
julgou ultra e extra petita, quando condenou a Telemar Norte-Leste a enviar, a
critério do usuário, por e-mail, mensagem para celular ou informação na fatura, o
número do protocolo, a data do atendimento e o tempo da duração.
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Observa-se que uma sentença é extra petita quando o
magistrado determina causa diversa daquela proposta na exordial. Será ultra petita,
por sua vez, quando o juiz ao decidir o pedido vai além dele, dando ao autor mais do
que fora pleiteado.
In casu, os Ministérios Públicos requereram que fosse a ré
condenada a implantar um sistema que garantisse o fornecimento do número de
protocolo de reclamações ou solicitações. Deste modo, não determinou como deveria
ser o fornecimento de tais informações, deixando a cargo do Juízo a quo a
determinação de como seria tal sistema, observando por óbvio as disposições legais.
Constata-se, conforme aduziu a ré, que segundo dispõem a Lei
nº 9.472/97 e a resolução nº 426/2005, em seus arts. 11, 17, 34, 46 e 97, já existem
meios adequados para a reclamação e a resposta a ser dada ao consumidor. Desse
modo, o juiz ao estabelecer outros meios não julgou ultra e extra petita, mas apenas
criou novas modalidades, quando já existem meios suficientes para prestar as
informações concernentes ao número do protocolo, a data do atendimento e o tempo
da duração, in verbis:
ANEXO À RESOLUÇÃO N.º 426, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2005REGULAMENTO DO SERVIÇO TELEFÔNICO FIXO COMUTADOTÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAISCapítulo IDA ABRANGÊNCIA E OBJETIVOSArt. 1º A prestação do Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do público em geral - STFC é regida pela Lei n.º 9.472, de 16 de julho de 1997, por este Regulamento, por outros Regulamentos específicos e Normas aplicáveis ao serviço, pelos contratos de concessão ou permissão e termos de autorização celebrados entre as Prestadoras e a Anatel.Art. 2º Este Regulamento tem por objetivo disciplinar as condições de prestação e fruição do STFC, prestado em regime público e em regime privado.
Art. 11. O usuário do STFC tem direito:XII - de resposta eficiente e pronta às suas reclamações e correspondências,
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pela prestadora,onforme estabelece o Plano Geral de Metas de Qualidade para o STFC (PGMQ-STFC);
Art. 17. A prestadora deve manter central de informação e de atendimento ao usuário capacitada para receber e processar solicitações e reclamações, funcionando 24 (vinte e quatro) horas por dia.§ 1º As solicitações e reclamações apresentadas pelo usuário devem ser processadas pela prestadora e receber um número de ordem seqüencial que deve ser informado ao usuário, no momento da solicitação, para possibilitar o seu acompanhamento.§ 4º Ao usuário é assegurada a opção de falar diretamente com o atendente em todas as oportunidades de seleção proporcionadas, como uma das alternativas oferecidas pelo atendimento eletrônico, nos termos do PGMQ-STFC. § 5º A prestadora deve providenciar os meios eletrônicos e sistemas necessários para o acesso da Agência, sem ônus, em tempo real, a todos os registros de informações relacionadas às reclamações e solicitações dos usuários registradas na central de informação e de atendimento ao usuário, nas lojas de atendimento e nos PST, na forma adequada à fiscalização da prestação do serviço.§ 6º No atendimento telefônico, as opções relativas a reclamações e solicitações de serviços relacionados ao plano básico de serviço deverão preceder às demais opções. § 7º A prestadora deve manter gravação das chamadas efetuadas por usuário à central
Art. 34. A prestadora deve tornar disponível acesso gratuito à central de informação e de atendimento ao usuário, conforme previsto no PGMQ-STFC.
Art. 46. A prestadora, no ato da contratação, por atendimento pessoal, correio eletrônico ou outras formas similares, deve fornecer ao usuário documentação com informações sobre a fruição do plano de serviço contendo, no mínimo:§ 2º A gravação da chamada telefônica relativa à contratação deve ser mantida, no mínimo, pelo prazo de 12 (doze) meses.Art. 97. A contestação de débitos, em todas as hipóteses, pode ser apresentada pessoalmente pelo usuário, ou por seu representante legal, na forma escrita ou verbal, ou por qualquer meio de comunicação à distância.§ 1º A contestação deve ser processada pela prestadora e receber um número de ordem seqüencial a ser informado ao usuário para possibilitar o acompanhamento de sua solução, inclusive por intermédio da central de informação e de atendimento ao usuário.
Sendo assim, reconhece-se que o magistrado a quo não
incorreu em sentença ultra e extra petita, pois o pedido formulado pelos Ministérios
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Públicos não especificou qual seria o sistema de informações a ser implementado
pela ré, deixando para o julgador estabelecer a modalidade de prestação de
informações além daquelas já previstas pela resolução que regulamenta o serviço
telefônico comutado fixo, devendo-se manter a decisão proferida.
III – CONCLUSÃO
Diante do exposto, opina o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL pelo
não provimento dos recurso de apelação interpostos, com fundamento nos
argumentos expendidos.
Recife, 12 de setembro de 2011.
JOÃO BOSCO ARAUJO FONTES JUNIORProcurador Regional da República
JCAFJ/EMLA
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