UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA DA BAHIA
DEIR NAZARETH ANDRADE COSTA DA SILVA
A VIABILIDADE DO USO DO BAMBU “BAMBUSA VULGARIS”
COMO ENTRAMADO NAS CONSTRUÇÕES EM TAIPA
Salvador, BA
2010
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DEIR NAZARETH ANDRADE COSTA DA SILVA
A VIABILIDADE DO USO DO BAMBU “BAMBUSA VULGARIS”
COMO ENTRAMADO NAS CONSTRUÇÕES EM TAIPA.
Projeto de pesquisa apresentado a Escola Politécnica no programa de pós-
graduação em Engenharia Ambiental Urbana, da Universidade Federal da Bahia,
como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Sandro Fábio César
Co-orientador: Prof. Dr. Aníbal Coelho da Costa
Salvador, BA
2010
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TERMO DE APROVAÇÃO
DEIR NAZARETH ANDRADE COSTA DA SILVA
A VIABILIDADE DO USO DO BAMBU “BAMBUSA VULGARIS”
COMO ENTRAMADO NAS CONSTRUÇÕES EM TAIPA
Projeto de pesquisa submetido em satisfação parcial dos requisitos do grau de
Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.
Banca Examinadora
Sandro Fabio César (Orientador)
___________________________________________________
Doutor em Engenharia de Produção - Universidade Federal de Santa Catarina -
UFSC
Rita Dione Araújo Cunha
___________________________________________________
Doutora em Engenharia de Produção – Universidade Federal de Santa Catarina -
UFSC
Emerson de Andrade M. Ferreira
__________________________________________________
Doutor em Engenharia Civil - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo - USP
Data da Defesa: ______/_____/_______
Salvador, BA
2010
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PROJETO DE PESQUISA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Engenharia Ambiental Urbana
LINHA DE PESQUISA: Produção e Gestão do Ambiente Construído
ÁREA TEMÁTICA: Gestão de produção de materiais e serviços na indústria da
construção.
FORMULAÇÃO DO TEMA DE PESQUISA
IDENTIFICAÇÃO DO TEMA: Estudo do bambu como material para construções de
baixo impacto ambiental.
TÍTULO DO PROJETO: A viabilidade do uso do bambu “Bambusa Vulgaris” como
entramado nas construções em taipa.
DADOS
NOME: Deir Nazareth Andrade Costa da Silva
ENDEREÇO: Av. Paulo VI, 2240 Apto 302, Itaigara.
TELEFONE: 3358-5939 / 9977-5800
EMAIL: [email protected], [email protected]
INSTITUIÇÃO DE ORIGEM: Engenharia Civil – UFBA
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RESUMO
Este projeto apresenta estudo sobre o uso do bambu em construções feitas com a
técnica construtiva da taipa1, analisando a viabilidade econômica do uso de
materiais alternativos, visando construções mais sustentáveis. No Brasil a espécie
de bambu bambusa vulgaris é facilmente encontrada nas áreas urbana e rural, isto
facilita a obtenção desta matéria prima de baixo custo. Todavia este material
necessita de maior estudo para ser empregado como material de construção. O
bambu foi proposto para substituir o entramado tradicional de madeira da taipa, pois
este material é mais abundante e de menor impacto ambiental, tornando-a mais
sustentável. O uso do bambu na taipa de mão diminui o impacto sobre as florestas
de madeiras de espécies nativas, por ser este uma gramínea, que pode ser colhida
em três anos e, portanto com tempo menor de renovação quando comparado com a
madeira. Serão realizados ensaios em câmara aceleradora de envelhecimento para
avaliar o comportamento do bambu dentro da terra, quanto à umidade e
durabilidade. A modulação dos painéis também é objeto de estudo deste trabalho,
propondo módulos de entramados em bambu para agilizar a construção da taipa.
Será também estudado o custo dos painéis comparados ao preço de painéis em
alvenaria de bloco.
PALAVRAS CHAVE
Construções sustentáveis, durabilidade, modulação, custo.
1 - Parede feita de barro ou de cal e areia com enxaiméis e fasquias de madeira; tabique, estuque,taipal, pau-a-pique, extraído do dicionário Aurélio.
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ABSTRACT
This project presents a study on the use of bamboo in buildings made of the
construction technique of “taipa”1, analyzing the economic feasibility of using
alternative materials in order to more sustainable buildings. In Brazil, the bamboo
species Bambusa vulgaris is easily found in urban and rural areas, it facilitates the
achievement of this raw material at low cost. However this material requires further
study to be used as building material. Bamboo has been proposed to replace the
traditional wooden entramado of “taipa”, because this material is more abundant and
less environmental impact, making it more sustainable. The use of bamboo in the
“taipa” of hand decreases the impact on forests of wood from native forests, because
this is a grass that can be harvested in three years and therefore with less time for
renewal when compared to wood. Tests will be conducted in camera accelerated
aging to evaluate the behavior of bamboo in the ground, as the moisture and
durability. The modulation of the panels is also the subject of this work, proposing
modules entramados bamboo to expedite the construction of mud. Will also study the
cost of the panels compared to the price of panels in masonry block.
KEYWORDS
Sustainable construction, durability, modulation, cost.
1 - Wall made of clay or lime and sand with enxaiméis and carpentry of wood, paneling, stucco, taipal,stick-to-peak, extracted from dictionaries Aurélio.
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ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1-CASA POPULAR EM TAIPA DE BAMBU REBOCADO – ANGOLA..............................22
FIGURA 2: ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA EM TERRA - TAIPA DE PILÃO - ESCOLA DE ARTES
PLÁSTICAS DE OAXACA – MÉXICO, ARQ. MAURÍCIO ROCHA .............................23
FIGURA 3 -CASA DE BARRO E BAMBU EM ZONA RURAL -COLÔMBIA ..................................25
FIGURA 4 – CASAS POPULARES FEITAS DE BAMBU - COSTA RICA.....................................29
FIGURA 5 - PONTE CONSTRUÍDA POR SIMON VÉLEZ ........................................................30
FIGURA 6 – CASA COM ESTRUTURA EM BAMBU E PREENCHIMENTO EM TERRA ...................32
FIGURA 7 – CASARÃO ANTIGO CONSTRUÍDO EM TAIPA – MOGI DAS CRUZES – S.P ............33
FIGURA 8– CASA DE TAIPA - BOA VISTA DO TUPIM – BA, 2009 .......................................34
FIGURA 9 - ARMADURA DE PAINEL DE FECHAMENTO EM BAMBU. .......................................35
FIGURA 10 – APLICAÇÃO NO ENTRAMADO E ENCHENDO AS PAREDES................................38
FIGURA 11 – CASA COM AMPLIAÇÃO EM TAIPA COMPARADA A CASARIO EM TAIPA DE PILÃO,
CENTRO HISTÓRICO DE SANTANA DE PARNAÍBA (SP)......................................39
FIGURA 12- CASAS COM ESTRUTURA EM BAMBU- MANAUS. .............................................39
FIGURA 13 – PAREDES EM TAIPA...................................................................................40
FIGURA 14 – CENTRO DE EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE - CES – ALFAVILLE, SÃO PAULO
...................................................................................................................40
FIGURA 15 – PAREDES EM BAMBU SENDO EXECUTADAS NO CES.....................................41
FIGURA 16 - PISANDO O BARRO E BARREANDO OS PAINÉIS ..............................................42
FIGURA 17 – CENTRO CULTURAL MAX FEFFER – OBRA DA ARQUITETA LEIKO MOTOMURA.43
FIGURA 18– CASARÕES DE CACHOEIRA - BAHIA.............................................................45
FIGURA 19 – PROPOSTA DE MÓDULO FECHADO PARA O ENTRAMADO DA TAIPA.................52
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FIGURA 20 – DETALHE DO MÓDULO BASE DE ESQUADRIAS E MÓDULO TOPO DA ESQUADRIA 53
FIGURA 21 – PROPOSTAS DE COMBINAÇÃO DE MÓDULOS DE BAMBU PARA O ENTRAMADO DA
TAIPA...........................................................................................................54
FIGURA 22 - CÂMARA CLIMÁTICA DE TESTE TIPO 3423/16(KPK 200) ...............................57
FIGURA 23 – DESENHO E ENTRAMADO DE BAMBU EXECUTADO EM LABORATÓRIO PARA
PREENCHIMENTO DA TAIPA. ...........................................................................58
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ÍNDICE DE QUADROS
QUADRO 1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS NO USO DO BAMBU......................................24
QUADRO 2 – DISTRIBUIÇÃO DO BAMBU NO MUNDO..........................................................25
QUADRO 3- UTILIZAÇÃO DO BAMBU EM DIFERENTES IDADES ............................................26
QUADRO 4 – APLICAÇÃO DO BAMBU NAS CONSTRUÇÕES.................................................27
QUADRO 5 – ESPÉCIES DE BAMBU EXÓTICAS MAIS COMUNS NO BRASIL ............................34
QUADRO 6 - ESPÉCIES NATIVAS CONHECIDAS ................................................................35
QUADRO 7 – COMPARATIVO DE SISTEMAS DE VEDAÇÃO PARA ESTRUTURA DE PILAR VIGA ..44
QUADRO 8 - MODELO DO QUESTIONÁRIO .......................................................................48
QUADRO 9- TERMOS EMPREGADOS NA COORDENAÇÃO MODULAR SEGUNDO A NBR 5731
(1982) ........................................................................................................51
QUADRO 10 – TIPOS DE MÓDULOS DE BAMBU ................................................................53
QUADRO 11 – CONCEITOS DE DURABILIDADE E OUTROS .................................................55
QUADRO 12 - AMOSTRAS DE PAINÉIS DE TAIPA E BAMBU A SEREM ENSAIADAS NO 1º CICLO 58
QUADRO 13 - AMOSTRAS DE PAINÉIS DE TAIPA E BAMBU A SEREM ENSAIADAS NO 2º CICLO 60
QUADRO 14 – TEMPERATURAS MÁXIMAS - ESTAÇÃO LENÇÓIS .........................................61
QUADRO 15– TEMPERATURAS MÍNIMAS - ESTAÇÃO LENÇÓIS...........................................61
QUADRO 16 – UMIDADE RELATIVA MÁXIMA E MÍNIMA - ESTAÇÃO LENÇÓIS.........................61
QUADRO 17 - CICLO 1 - TEMPERATURA E UMIDADE A SEREM ENSAIADOS ........................62
QUADRO 18– TOTAL DE CICLOS ....................................................................................62
QUADRO 19 - ANÁLISE DA TERRA QUANTO À RACHADURA................................................63
QUADRO 20 - ANÁLISE DE RESULTADOS DE ENSAIO DE COMPRESSÃO...............................64
QUADRO 21- PAINEL DE BAMBU BAMBUSA VULGARIS E TERRA - PROTÓTIPO (M²)...............65
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QUADRO 22- REVESTIMENTO DO PAINEL COM TERRA CAL E AREIA – PROTÓTIPO (M²).........65
QUADRO 23 – ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS ARGAMASSA MISTA C/CAL HID.1:2:8
E=9CM (M²)..................................................................................................65
QUADRO 24– CHAPISCO PAREDES INTERNAS E EXTERNAS COM ARGAMASSA 1:3 E=5MM(M²)
...................................................................................................................66
QUADRO 25– EMBOÇO/MASSA ÚNICA PARA PAREDE EXTERNA COM ARGAMASSA (M²) ........66
QUADRO 26– ORÇAMENTO DE MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS ......................................67
QUADRO 27– CRONOGRAMA 2009 ...............................................................................67
QUADRO 28 – CRONOGRAMA 2010...............................................................................67
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ÍNDICE DE SIGLAS
ABC Terra = Associação Brasileira dos Construtores com Terra – SP
ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas
BITEC 2004 = Bolsas de Iniciação Tecnológica
CES = Centro de Educação e Sustentabilidade – Alfaville - SP
CNPq = Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico
CRIS = Centro de Referências e Integração em Sustentabilidade – SP
DNER = Departamento Nacional de Estradas e Rodagem
EBIOBAMBU = Escola de Bioarquitetura e Centro de Pesquisa e Tecnologia
Experimental em Bambu – Mauá – Rio de Janeiro
ELECS 2009 = V Encontro Nacional e o III Encontro Latino Americano sobre
Edificações e Comunidades Sustentáveis (ENECS e ELECS
2009)
FAPESB = Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
FAU, USP = Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP
FINEP = Financiadora de Estudos e Projetos
Grupo HABIS = Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade – USP
GAIA EDUCACION = Global Ecovillage Educators for a Sustainable Earth
IPEN – USP = Mestrado em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear –
Materiais
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I.S.O. = Organização Internacional de Normalização
MEAU = Mestrado em Engenharia Ambiental
MST = Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra
NOCMAT = Conferência Brasileira sobre Materiais e Tecnologias não
convencionais na Construção Ecológica e Sustentável.
ONU = Organização das Nações Unidas.
PINI = Produção e disponibilização de informações e sistemas de
apoio para a indústria da construção civil e editora técnica.
PSH = Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social
PUC = Pontifícia Universidade Católica
REDEBAMBU = Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Bambu
TCPO = Tabela de Composições de Preços para Orçamentos da PINI
TIBÁ = Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura
UFBA = Universidade Federal da Bahia
USP = Universidade de São Paulo
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SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO..................................................................................................... 15
2 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA........................................................................ 17
3 – HIPÓTESES........................................................................................................ 17
4 - OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS .............................................................. 17
4.1 – Objetivo Geral .................................................................................................. 17
4.2 – Objetivos Específicos ....................................................................................... 17
5 – JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 18
5.1 - Encadeamento do trabalho com projetos anteriores do MEAU ........................ 19
5.2 – Limitações do tema espaciais e temporais....................................................... 20
5.3 - Áreas que não serão trabalhadas, dado a escassez de recursos e de tempo .. 20
5.4 – Limitações do Tema / Fatores Adversos ........................................................ 20
5.5 - Possíveis conclusões........................................................................................ 21
6 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 21
6.1 - Trabalhos relacionados com a pesquisa na área.............................................. 21
6.2 - Trabalhos relacionados com a pesquisa no mundo .......................................... 23
6.3 - Trabalhos relacionados com a pesquisa no Brasil............................................ 32
6.4 - Trabalhos relacionados com a pesquisa na Bahia e na UFBA ......................... 45
7 - METODOLOGIA .................................................................................................. 46
7.1 – Metodologia 1................................................................................................... 46
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14
7.1.1 - Entrevista ....................................................................................................... 46
7.1.2 – Painéis modulados ........................................................................................ 49
7.1.3 - Análise e métodos – Metodologia 1 ............................................................... 54
7.2 - Metodologia 2 ................................................................................................... 54
7.2.1 – Durabilidade e ensaio de envelhecimento acelerado .................................... 55
7.2.2 – Análises e métodos – Metodologia 2............................................................. 61
7.3 – Metodologia 3................................................................................................... 64
7.3.1 - Análise do custo do painel comparando com alvenaria de bloco................... 64
7.3.2 - Análise e métodos - Metodologia 3 ................................................................ 65
7.4 - Forma de coleta dos dados............................................................................... 66
7.5 - Viagens e contatos a serem mantidos .............................................................. 66
7.6 - Orçamento/ Materiais........................................................................................ 67
REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 68
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1 - INTRODUÇÃO
Com a evolução o homem se deparou com um grande problema a ser resolvido,
desenvolvimento ou sustentabilidade? A globalização trouxe o aumento do consumo
de recursos naturais e consequentemente a degradação ambiental colocando em
risco todas as espécies do planeta.
No mundo todo existe hoje uma preocupação muito grande com a questão ambiental
mais somam-se a ela problemas sociais como a fome e a miséria (QUEIROZ ;
CAPELLO; WENZEL, 2007).
A crescente escassez mundial de madeira de qualidade está levando à exploração
irracional das últimas reservas florestais naturais, que certamente trarão
conseqüências desastrosas ao ambiente e a economia do setor florestal, além da
busca de matéria prima renovável e ecologicamente correta (BERNDSEN,
CASAGRANDE JR, 2006).
A substituição da madeira pelo bambu apresenta várias vantagens. Um fator
importante é que a extração do bambu não desmata, pois novos colmos se
reproduzirão após a colheita não sendo necessário replantá-lo. No Brasil o uso do
bambu nas construções ainda é incipiente, sendo necessário mais estudo,
importação de tecnologia, e principalmente, plantio das espécies mais apropriadas à
construção. Um dos maiores entraves à divulgação da importância do bambu junto à
comunidade refere-se à falta de produtores de muda das principais espécies com
potencial comercial para os agricultores, que seriam os principais fornecedores de
matéria prima industrial (PEREIRA; BERALDO, 2007). Por outro lado existe
abundância da espécie bambusa vulgaris, sendo muitas vezes considerado mato, e
arrancado nas limpezas de terrenos.
Devido à falta de informação e conhecimento defasado no Brasil sobre a técnica de
construir com terra existe um preconceito muito grande com essa arquitetura,
restringindo seu conhecimento à cultura herdada de cada geração. Por conta disso
as construções vem sendo demolidas e erroneamente consideradas insalubres,
porém o uso correto das técnicas construtivas, com acompanhamento técnico e
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16
devido revestimento das construções, resulta em qualidade de vida e baixo custo
proporcionando solução para habitação popular.
Com a industrialização, as construções em terra e bambu foram sendo desprezadas
e associadas a doenças, pobreza e insalubridade. Hoje, a construção com terra é
muito associada à doença de chagas, transmitida pelo barbeiro. De acordo com
Figueiredo; Casbur (2006), em estudo publicado na Revista de Sociedade Brasileira
de Medicina Tropical sobre o Trypanosama Cruzi, o estado do Paraná ocupa o 4º
lugar no Brasil quanto ao número estimado de pacientes com a doença de chagas
sendo que nos municípios investigados não foram encontradas casas construídas
com barro, pois esta não é uma técnica culturalmente usada na região, mostrando
que a construção em terra não está vinculada ao barbeiro, e sim os espaços criados
para alojar o inseto.
A proposta da pesquisa a ser desenvolvida é melhorar a técnica construtiva
tradicional da taipa com a substituição do entramado de madeira pelo de bambu da
espécie bambusa vulgaris, estudando a durabilidade do bambu dentro da taipa,
propondo a construção do entramado através de módulos facilitando e agilizando a
construção e comparando e analisando os custos destes painéis com painéis em
alvenaria de bloco.
Neste projeto a primeira parte consiste na introdução da pesquisa, mostrando a
importância do uso do bambu e da terra como materiais sustentáveis, seguida da
formulação do problema e objetivos gerais e específicos, logo após segue-se a
justificativa do uso do bambu como entramado para a taipa. Na revisão bibliográfica
descreve-se sobre o desenvolvimento de trabalhos sobre o tema nesta área de
atuação, no mundo, na Bahia e na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Na
Metodologia, dividida em três etapas, descreve-se os métodos a serem utilizados,
que serão entrevista, modulação, ensaios em câmara climatizada e construção de
painel para apropriação de índices de custo com suas respectivas análises. Em
seguida apresenta-se o cronograma e referencias bibliográficas.
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17
2 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Como aprimorar a técnica construtiva tradicional da taipa substituindo entramado de
madeira artesanal por entramado modulado feito com bambu da espécie bambusa
vulgaris, visando o uso de práticas ambientais mais adequadas como a taipa de mão
e a preservação do meio ambiente?
3 – HIPÓTESES
• A construção modular da estrutura de bambu para o entramado da taipa agiliza a
construção com essa técnica.
• O bambu da espécie bambusa vulgaris utilizado como entramado da taipa resiste
à umidade e a degradação biológica feita por brocas devido a proteção da terra.
• O custo do painel de taipa é menor do que o painel convencional.
4 - OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
4.1 – Objetivo Geral
Verificar a viabilidade do uso do bambu da espécie bambusa vulgaris na
construção em taipa substituindo o entramado por módulos em bambu, para
aumentar a sustentabilidade desta técnica buscando maior agilidade na construção e
maior preservação do meio ambiente. Este projeto será executado no laboratório de
solos da Escola Politécnica e nos municípios de Mucugê e Boa Vista do Tupim, em
comunidades carentes, no estado da Bahia, Brasil.
4.2 – Objetivos Específicos
• Objetivo Específico 1: Executar entramados em módulos de bambu para casas
de taipa com o intuito de agilizar e simplificar a produção desta técnica.
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18
• Objetivo Específico 2: Analisar e comparar a durabilidade do bambu dentro da
taipa utilizando ensaio de envelhecimento acelerado, comparando painéis de
bambu preenchidos com terra, painéis de bambu revestidos com terra, esterco de
gado e palha de bambu, e por fim estes mesmos painéis de bambu revestidos
com reboco de terra cal e areia.
• Objetivo Específico 3: Comparar e avaliar o custo de painel em taipa de bambu
com painel de alvenaria de bloco.
5 – JUSTIFICATIVA
A questão da habitação de interesse social exige além de abordagem
socioeconômica, aspectos tecnológicos e estudo de materiais e técnicas construtivas
alternativas e diversificadas. Entretanto, para a população que constrói com a taipa é
inviável o aperfeiçoamento da técnica, o que merece a atenção de pesquisadores
para um trabalho que atenda estas necessidades, coletando dados para transformá-
los em informações que permitam uma transferência desta técnica construtiva de
forma mais correta (BOTTARI, 1999). Além disso, neste tipo de construção o
material é todo reintegrado ao meio ambiente, não gera resíduo e não necessita de
aterros sanitários.
O estudo do tema pode contribuir para a captação de recursos, planejamento,
controle e implantação de projetos pilotos que utilizem o bambu e a terra como
alternativa para construção de moradias no campo, onde uma grande maioria da
população, principalmente no Nordeste, constrói com a taipa. As restrições culturais
podem ser superadas através da oferta de assessoria técnica e elaboração de
cartilhas ensinando a técnica de construção para as populações envolvidas.
A construção com o bambu deve ser acompanhada de plantações dos mesmos ao
longo dos rios, preferencialmente de espécies já existentes na região. No caso da
não existência do bambu na região, devera ser feito anteriormente o estudo da
inclusão de espécies exóticas, e o seu impacto ambiental. Essa proposta será
inicialmente aplicada em regiões onde já ocorra o bambu, partindo daí para novas
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propostas com o plantio de áreas com espécies de bambu mais apropriadas para a
construção, como a espécie guadua angustifólia. Como proposta para trabalhos
futuros sugere-se que sejam realizados estudos de viabilidade das diferentes
culturas de bambu como fonte de insumo para a produção de moradias. As matas de
bambu existentes no Brasil podem ser consideradas nos estudos de viabilidade,
avaliando-se a disponibilidade atual e a disponibilidade potencial, considerando-se a
produtividade estimada de bambu a partir da seleção da espécie, taxa de
crescimento, tempo de colheita, entre outros fatores.
A substituição da madeira pelo bambu apresenta várias vantagens, o bambu absorve
carbono da atmosfera e propicia o reflorestamento, pois possui rápido crescimento e
alta resistência. Graças ao seu rápido crescimento fixa mais carbono do que
qualquer árvore, combatendo o efeito estufa, protege contra erosões, pode ser
plantado em terrenos acidentados e áreas degradadas, pois não requer solo com
alta fertilidade, desenvolve-se em áreas onde outras plantas não se desenvolveriam.
5.1 - Encadeamento do trabalho com projetos anteriores do MEAU
Segundo Araújo (2007), estudar outro material como o bambu, que possa a vir
substituir a madeira na confecção da vedação vertical de casas feitas com taipa
poderá contribuir tanto para a diminuição da devastação das matas, quanto para um
novo tipo de vedação. Além do mais toda essa infra-estrutura é realizada no local,
portanto economiza combustível, minimizando a poluição, a terra já existe no entorno
do canteiro; o bambu é plantável em qualquer região. A técnica do pau a pique
apresenta como vantagens o uso só da mão de obra (mutirão ou adjutório)
isolamento térmico e rapidez. Porém desmancha com a chuva e instala o barbeiro se
não rebocado. O uso da madeira nas casas de taipa é extrativista, geralmente o
próprio morador constrói sua casa e retira a madeira para compor o painel,
provocando desmatamento, principalmente das matas ciliares, promovendo
degradação do ambiente e maior evaporação das águas dos rios. O uso do bambu
na confecção do entramado evita esse desmatamento, já que o bambu é uma
gramínea e pode ser inclusive utilizado para recuperação de área degradada e
recomposição de matas ciliares.
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5.2 – Limitações do tema espaciais e temporais
O trabalho inicialmente será desenvolvido no laboratório de madeiras e de solos da
Escola Politécnica onde serão feitos protótipos com vários tipos de painéis em taipa
e bambu para estudo da durabilidade do bambu dentro da taipa com o método de
envelhecimento acelerado. Após esta etapa serão feitas entrevistas no município de
Mucugê e Boa Vista do Tupim na Bahia, em locais onde a taipa é executada para
avaliação e novas propostas para o método executivo da construção. Serão feitos
estudos sobre modulação, propondo a execução do entramado em módulos para
agilidade na execução do entramado da taipa. O trabalho será desenvolvido no ano
de 2010.
5.3 - Áreas que não serão trabalhadas, dado a escassez de recursos e de
tempo
• Estudo dos diversos tipos de tratamento do bambu, limitando-se ao que já foi
utilizado no bambusa vulgaris, e escolhendo na literatura publicada um
tratamento natural adequado para os protótipos de painéis.
• Estudo das diversas conexões para união das peças do bambu na construção de
casas, limitando-se ao mais adequado para o projeto desenvolvido.
• Estudo das diversas técnicas de construção com o barro, limitando-se a taipa.
• Estudo da taxonomia do bambu.
• Estudo dos tipos de solo a serem utilizados, limitando-se a análise das
características geotécnicas da amostra utilizada em laboratório.
5.4– Limitações do Tema / Fatores Adversos
• Tipo de terra encontrada nos locais onde serão feitos os painéis – podem não
servir para a taipa (correção)
• Recortar as variáveis a serem analisadas no ensaio com a câmara climatizada
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5.5 - Possíveis conclusões
A revisão bibliográfica mostra a viabilidade do uso do bambu e da terra nas
construções. O bambu pode ser usado como estrutura para taipa e como compósito
na terra para confecção do enchimento, gerando mais leveza e diminuindo a
retratabilidade da taipa. A intenção é estudar a viabilidade do uso do bambu na taipa
estudando aplicações do bambusa vulgaris na construção sustentável.
6 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Trabalhos relacionados com a pesquisa na área, no mundo, no país, na Bahia e
na UFBA
6.1 - Trabalhos relacionados com a pesquisa na área
Atualmente tem aumentado o interesse na investigação de novos materiais
alternativos para o uso na construção civil, com o objetivo de tornar a sociedade, e
as construções nela inserida, mais sustentáveis.
Sartori; Pinho (2006), dizem que a consciência social da finitude dos recursos
naturais é a fonte desse interesse. A atual crise ambiental, para ser superada, exige
um novo olhar, uma nova trilha, uma diferente direção.
Os processos de transformação e de transporte até o local de consumo dos
materiais devem ser incluídos nas avaliações de impacto ambiental das diversas
alternativas tecnológicas para a construção. O uso de material local, como o barro e
o bambu, dispensa o transporte por longas distâncias e contribuem na produção de
construções ambientalmente mais adequadas. As construções com terra reduzem a
demanda de cimento que hoje promove 8% do aquecimento do planeta, assim como
minimiza o transporte, 80% do aquecimento da atmosfera se origina do petróleo
(MACUL; PRADO, 2006a).
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22
Segundo Guillaud (1987) a arquitetura de terra articula o saber, as praticas populares
e as tecnologias inovadoras mais modernas, representando um enorme potencial
energético na virada do milênio.
Trabalhando com materiais disponíveis, como a terra e o bambu, reduz-se
diretamente a compra de produtos e elementos externos, fator proibitivo para a
maioria da população carente. Segundo Troles (2007), materiais como a terra crua,
bambu e fibras vegetais diversas representam uma excelente alternativa nas
construções sustentáveis em relação aos materiais industrializados. Suas técnicas
de utilização ganharam os espaços acadêmicos onde se propagam e se
aperfeiçoam. Na Figura 1 um exemplo da técnica bem aplicada para população
carente.
Figura 1-Casa Popular em taipa de bambu rebocado – Angola
Fonte: duarteemangola.blogspot.com, acessado em: 15/10/2009
Para Dethier (1993), a Arquitetura de Terra implica em uma série de economias de
energias: pouco ou nenhum transporte, podendo variar de 5 a 50% dos custos e
garantindo a conservação dos equilíbrios ecológicos, o que é uma vantagem
importante já que as energias utilizadas no setor da construção, das obras públicas e
da habitação, podem representar em um país até 25% do consumo nacional. Na
Figura 2 exemplo da aplicação da terra em arquitetura contemporânea.
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23
Figura 2: Arquitetura Contemporânea em terra - taipa de pilão -Escola de Artes Plásticas de Oaxaca – México, Arq. Maurício Rocha
fonte: http://ocepaeaarquiteturaemterra.blogspot.com/2009/09/doenca-de-chagas-mito-e-realidade.html acessado em 18/12/2009
6.2 - Trabalhos relacionados com a pesquisa no mundo
O volume mundial da produção de madeira é hoje muito pequeno em relação a
necessidade real de consumo. Isso mostra a importância de desenvolvimento de
novos processos, novas tecnologias, com técnicos bem preparados para aproveitar
novos recursos disponíveis.
A substituição da madeira pelo bambu mostra um novo caminho que precisa ser
mais explorado. O bambu, porém, apresenta algumas desvantagens, abaixo Quadro
1 com vantagens e desvantagens do uso do bambu:
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Fonte:http://www.usp.br/fau/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aut0221/Trabalhos_Finais_2007/U
so_do_Bambu_na_Arquitetura.pdf, acessado em: 20/11/2009
Nos países asiáticos e orientais o bambu é largamente usado na construção civil.
Existem várias espécies de bambu que podem ser usados na construção civil, o mais
usado e com várias obras importantes é o bambu da espécie Guadua Angustifólia,
muito usado na Colômbia, país onde a construção com bambu é difundida e
largamente utilizada inclusive com o uso da terra nas construções. Na Figura 3, casa
construída com terra e bambu da espécie guadua em zona rural da Colômbia.
Quadro 1 – Vantagens e desvantagens no uso do Bambu
Desvantagens
• Em contato permanente com o solo, eleapodrece e é atacado por insetos.• Depois de cortado, o bambu sofre ataque deinsetos e pode deteriorar-se rapidamente,então é preciso fazer o tratamento logo emseguida ao corte.
• Devido ao seu perfil circular, criar juntas éum tanto difícil e obtém-se geometrias nadaconvencionais nos nós.
• As fibras do bambu só crescem no sentidolongitudinal, tendo este fato bastante impactona resistência de cargas transversais, já quenão há fibras neste sentido.
• Por ser um material natural, possuivariações de diâmetro, comprimento equalidade de acordo com o clima.
• Há contração no bambu depois de seco epode ocorrer problemas estruturais, sobretudocomo reforço estrutural em concreto.
Vantagens
•O eucalipto leva 23 anos para chegar à fasemadura e o pinheiro 21; já o bambu levaapenas 3 anos, e regenera-se semnecessidade de replantio.• Ideal para matas ciliares, o bambu é o primeiropasso para construir florestas. Nasce tanto emterreno seco quanto úmido.
• Resistência física e mecânica (mais forteque o aço), beleza visual, facilidade demanuseio e tratamento (fibras verticaisenquanto na madeira são trançadas).
• O bambu é um ótimo seqüestrador decarbono.
• Gera 30% mais oxigênio que as árvores
•É necessária uma menor área de cultivopara se construir uma casa em bambu,comparada com uma de madeira.
•Crescimento anual em biomassa de 10-30%
comparado com 2-5% de árvores.
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Figura 3 -Casa de barro e bambu em zona rural -Colômbia
Fonte: www-users.rwth-achen.de/.../bauwerke.html - Construcciónes de Jörg Stamm, acessado em16/10/2007
Segundo Adams (1997), o arquiteto Oscar Hidalgo tem dedicado sua vida à pesquisa
de bambu, e a ensinar ao mundo sobre as ilimitadas possibilidades desta planta.
Espantado com a sua integridade estrutural e possibilidades estéticas, ele se
dedicou a um programa de investigação que o levou para a Ásia, Costa Rica, Brasil e
em outros lugares para estudar esta planta e criar estruturas experimentais.
Há mais de 1600 espécies de bambu, sendo esta a maior das gramíneas. Na
América do Norte existem apenas três espécies nativas de bambu ao contrário das
440 espécies nativas da América Latina. Abaixo no Quadro 2 percentual de
distribuição das espécies de bambu no mundo.
Quadro 2 – Distribuição do bambu no mundo
64 % das espécies são nativas do sudeste da Ásia.33% das espécies crescem na América Latina3% das espécies restantes crescem na África e Oceania.
Fonte: Adams, 1997
Para selecionar colmos para a construção é muito importante saber a idade do colmo
(Quadro 3) para que este tenha maior resistência. Ainda segundo Adams (1997) a
altura pode ser determinada nas espécies com mais de cinco centímetros de
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diâmetro, multiplicando-se a circunferência de base por 58,2. Se o bambu tem uma
relação inferior a 58,2 o bambu é de qualidade inferior.
Quadro 3- Utilização do bambu em diferentes idades
Fonte: Adams, 1997
Na Colômbia, os melhores exemplares de Guadua Angustifolia crescem em altitudes
entre 900 a 1800 m. No Equador, a mesma espécie tem características de
resistência muito menores. Para estruturas mais duradouras, é importante tratar o
bambu contra a deterioração e insetos. Um método natural para a cura do bambu é
cortar o bambu e deixar em pé na touceira em cima de uma pedra em torno de um
mês. As folhas são deixadas e o amido continua a ser removido. Quando bambu é
curado ao ar livre é melhor manter na vertical. Uma vez que o bambu é curado
deverá ser imerso na água por aproximadamente quatro semanas. Outros tipos de
tratamento podem ser feitos com uso de produtos químicos, mas deve-se antes
analisar o prejuízo para o meio ambiente. Pode ser tratado com a imersão de uma
solução 0,3% de soda cáustica. Outra maneira de tratar o bambu é usar uma solução
de 3 a 10% de bórax e ácido bórico que é introduzido ao bambu usando um
compressor de ar para criar 20 a 30 libras de pressão. O bambu é deixado em um
declive ligeiro com a base mais próxima ao reservatório (embora também seja
possível fazê-lo em outra direção) e os produtos químicos gradualmente movem-se
através do sistema vascular. Para o bambu usado em estrutura é importante perfurar
o septo, pois é a parte crucial do bambu em relação a sua resistência. Para evitar
problemas, é importante que o bambu esteja seco antes de ser utilizado na
construção. O bambu pode ser aplicado de diversas maneiras em construções
conforme Quadro 4 abaixo:
<30 dias é bom para comer
6-9 meses para cestas
2-3 anos para as placas de bambu ou lâminas
3-6 anos para a construção
> 6 anos de bambu gradualmente perde força até 12 anos
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Quadro 4 – Aplicação do bambu nas construções
A resistência à tração do bambu recomenda esse material para o desenvolvimento das pontes:
CHINA - Os chineses inventaram pontes suspensas utilizando bambu para atravessar rios. Usando a
parte exterior do bambu, quatro vezes mais forte que o interior, são criados cabos de tensão de até
120 metros de comprimento.
INDIA - Pontes de bambu também foram construídas na Índia
PERU - Utilizadas pelos Incas antes da colonização dos espanhois.
COLOMBIA - Pontes foram criadas usando este material com tração de até 3.200 kg/cm2 com a
espécie Guadua.
Gabiões, barragens de rios e córregos, onde uma longa cesta de bambu é cheia com pedras em cada
extremidade.
Em invenções: O bambu foi usado para construir barcos e zepelins.
Na aeronáutica, os primeiros elementos estruturais de pipas e aviões foram construídos utilizando o
material que é leve e extremamente forte. Um aeroplano feito inteiramente de bambu foi construído
nas Filipinas.
Na China foi usado em seus aviões durante a Segunda Guerra Mundial.
No Brasil temos o primeiro avião construído com bambu por Santos Dumont.
O bambu tem uma longa história de utilização em edifícios, sendo comum à arquitetura vernácula da
China, Sudeste Asiático e América Central e do Sul.
Em Hong Kong, todos os andaimes para a construção de rodovias é construído de bambu e
amarradas com tiras de bambu com apenas 1 mm de espessura.
Permite ser utilizado como canos de água.
Como o bambu é extremamente flexível a partir de 6 a 12 meses de idade, ele pode ser usado para
criar uma série de formas curvas.
Na Índia, foram desenvolvidos telhados em forma curva chamados Chocals.
Cúpulas de bambu foram construídas na Nova Guiné.
O arquiteto Gernot Minke da Alemanha desenvolveu um arco de catenária com tiras de bambu
laminadas.
Na China é usado em coberturas: extremidades são cobertas com telhas redondas.
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Nas Filipinas, os telhados de encravamento são de bambu.
Domos geodésicos são feitos com bambu, como para habitações temporárias de emergência para os
sem abrigo em caso de terremotos, inundações, etc.
Utilização de bambu para reforçar o concreto.
Tanques podem ser feitos através da aplicação de argamassa em cestas de bambu que podem ser
usados para banheiros, armazenamento de água ou barcos.
Lajes de concreto com preenchimento em bambu são feitas utilizando cestas de bambu para
preencher os espaços vazios. Tecidos de malha de bambu com 6" são usados para reforçar uma laje
de concreto de 5".
Fonte: Adams (2009)
O bambu é único, pois é forte em tensão e compressão. Embora a resistência à
tração permaneça a mesma em toda a idade da planta, aumenta a resistência à
compressão quando envelhece. Existe alguma controvérsia em determinar
protocolos de teste adequados, pois é importante que o bambu tenha pelo menos
três anos, e o teste deve ocorrer em um pedaço de bambu com um total de dois
entrenós e nós intactos. Algumas pesquisas de teste não utilizaram esses critérios e,
portanto, os resultados não são tão úteis.
Existem certas limitações do uso do bambu na construção civil. O seu interior com
amido é atraente para os insetos. Além disso, o bambu tem um revestimento liso e
impermeável, que não pode ser pintado. Na verdade, o tipo de bambu utilizado na
construção, pode afetar significativamente a longevidade dos edifícios.
Na construção de bambu, as articulações são difíceis de fazer. Em estruturas
geodésicas de bambu, as articulações são formadas através da criação de "retalhos"
no final do colmo de bambu por incisão radial.
Muitos dos problemas associados com o bambu podem ser atenuados através da
criação de laminados de tiras de bambu. Estas são formadas simplesmente dividindo
o comprimento do colmo em tiras individuais, que são posteriormente laminados em
conjunto para criar uma série de produtos. Atualmente produtos laminados de bambu
incluem execução de pisos que estão sendo particularmente bons para o tráfego
pesado.
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Não há limites à utilização do bambu laminado também chamado de Plyboo em
alusão ao laminado de madeira plywood. Ele pode ser usado para cadeiras e outros
móveis, pratos e utensílios. Na verdade ele pode ser usado apenas como madeira
laminada, com a vantagem de que laminados de bambu são muito mais leves. Para
criar as tiras usadas para laminação, a parte interior macia do bambu é removida,
deixando o exterior para a laminação. Há muitas maneiras do design utilizar o
bambu, com marcenaria adequada. Na América Latina, as espécies mais
valorizadas para a construção são a Bicor Guadua angustifólia, Guadua castilla e
Cebola Guadua. Para criar efeitos especiais o bambu pode ser dobrado ou esticado
por aquecimento e comprimido até esfriar.
O método de construção em bambu mais comum nas zonas rurais na América do
Sul são plataformas com diagonais de reforço nas paredes. Algumas casas
construídas com esta técnica são feitas em ladeiras íngremes e tem cinco andares.
Por causa da dificuldade de nivelar as dimensões variadas do bambu, a madeira é
freqüentemente usada para as vigas.
Sistemas de casas pré-fabricadas de bambu utilizam painéis construídos
antecipadamente, resultando em maior rapidez de construção. Este sistema permite
aos proprietários construírem suas próprias casas. Em um programa de construção
de casas pré-fabricadas na Costa Rica (Figura 4), Oscar Hidalgo em parceria com o
governo, onde este concedeu o piso, o telhado e as instalações hidráulicas,
construiu em seguida os painéis de bambu pré-fabricados para estas moradias.
Figura 4 – Casas populares feitas de Bambu - Costa Rica
fonte:http://www.usp.br/fau/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aut0221/Trabalhos_Finais_
2007/Uso_do_Bambu_na_Arquitetura.pdf, acessado em: 05/01/2010
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Além de Oscar Hidalgo, há uma série de outros arquitetos importantes projetando e
construindo com bambu na América do Sul. Incluem-se entre estes o recentemente
falecido arquiteto Carlos Vergara de Cali, que fez casas inteiramente de bambu. Ele
criou um sistema multi-coluna, onde as cargas são transportadas pelo septo do
bambu. Ele também usou parafusos através de nós de concreto para criar
articulações. Ele foi capaz de atingir vãos de até 24 metros, com suas técnicas.
Jorge Arcila de Marizales fez uma série de "casas empilhadas" e está escrevendo
uma história de bambu na América.
O bambu pode ser usado para criar grandes extensões, isto é evidenciado no
trabalho do arquiteto colombiano Simon Vélez. Vãos de 3,5 metros (11 pés) são
facilmente possíveis em estruturas simples, usando bambu de 12 centímetros de
diâmetro (Figura 5). Ele construiu um conjunto extraordinário de estruturas de bambu
que tem projetos variados. Nestes projetos Vélez usa um sistema único de parafusos
e concreto nos entrenós para criar articulações extremamente fortes, o que lhe
permitiu criar grandes vãos de até 7 metros.
Velez cria detalhes com peças metálicas feitas sobre medida. Essas peças são
únicas da arquitetura de Simón Vélez. Porém o avanço e as possibilidades que
brindam esses descobrimentos são de todos (MARTI, 2009).
Figura 5 - Ponte construída por Simon Vélez
Fonte: recooperar.blogspot.com/, acessado em 12/12/2009
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Na América do Norte, Doug La Barre criou uma unidade fabril para a criação de
madeira laminada de Guadua importados. A empresa Trus & Joist também está
fazendo um trabalho de criação de adesivos não tóxicos para o bambu laminado.
Na Colômbia muitos arquitetos novos cometeram erros evitáveis. É importante que
as extremidades das articulações sejam cortadas muito curtas e que todas as
ligações usem o concreto para encher os entrenós / sistema de parafuso. Além
disso, as colunas devem ser levantadas acima do nível do piso. Multi-colmos, ou
seja, vigas com vários colmos devem ser feitas de colmos de mesmo diâmetro. Em
climas temperados é melhor usar o menor bambu. Se a estrutura está protegida, ela
irá durar mais tempo. Os bambus mais fortes são Phyll. Bambusoides e Phyll.
mequinods.
Simon Velez na sua construção tem desenvolvido com intuição as capacidades do
bambu. Oscar Hidalgo sabe que muitos arquitetos não têm os mesmos anos de
experiência que ele tem, e por isso quer estabelecer normas para as características
mecânicas do bambu. Muito trabalho neste sentido tem sido feito por Jules Jannson,
que tem feito investigações e testes na Holanda.
Outro grande problema é que em muitos lugares o bambu está desaparecendo, tal
como outros recursos florestais do mundo. No Brasil havia 85.000 quilometros
quadrados de bambu, em 1976, enquanto em 1983 havia apenas 32.000 quilômetros
quadrados. Teme-se que dentro de uma década toda a floresta de bambu no Brasil
acabará. O Guadua é uma das espécies ameaçadas, porque só cresce em latitudes
tropicais. Mas esta situação é comum em todo o mundo.
O maior problema que afeta a adoção da arquitetura de bambu em áreas que têm
uma história vernacular da construção com este material é a percepção de que ele é
considerado "habitação dos pobres". Na Índia, as castas mais ricas usam a pedra
para a construção, as castas do meio, a madeira, e apenas as castas mais baixas
utilizam o bambu. Graças a Velez, no entanto, o bambu começa a tornar-se um
material de construção escolhido pelos ricos. Oscar acredita que se os pobres virem
pessoas ricas usando o bambu, eles também usarão.
Uma tecnologia desenvolvida por Hidalgo é deformar o bambu jovem e criar arcos.
Uma fôrma de madeira e compensado com um arco predeterminado é colocado
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sobre um broto de bambu. Quando o bambu cresce, ela assume a forma do arco, de
forma permanente.
"Você pode fazer qualquer tipo de construção quando você deforma o bambu", diz
Hidalgo. "Para fazer uma curva de feixe laminado pode-se gastar US $ 25.000, mas,
para criar o equivalente em bambu custaria apenas US $ 100."
"A coisa mais cara é a forma", diz Hidalgo. “Mas quando você tem uma forma que
você pode definir podem-se criar muitos arcos por um preço muito baixo”
6.3 - Trabalhos relacionados com a pesquisa no Brasil
Junto à escassez de alimentos, a falta de habitação é um dos problemas mais
cruciais sobre a terra. Para minimizar esta situação e tornar possível a construção de
mais casas, especialmente para famílias de baixa renda, é necessário examinar
todos os materiais disponíveis locais que podem ser utilizados para a construção. O
bambu, sisal e fibras de coco são materiais que estão disponíveis em abundância no
Brasil e não são utilizados na construção civil (GHAVAMI et all, 1998)
Segundo Valenciano (2004) a utilização de materiais alternativos vem se tornando
freqüente em construções, dada a sua boa aceitação, menores custos e facilidades
de uso. Existe uma grande variedade de produtos desta natureza sendo testados,
como os mostrados na Figura 6 abaixo:
Figura 6 – Casa com estrutura em bambu e preenchimento em terra
Fonte: http://www.analitica.com, acessado em 15/12/2009
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No Brasil a pouca utilização do bambu tem motivos históricos e culturais, pois apesar
de ter em abundância a madeira, inicialmente seguiu-se a tradição dos seus
colonizadores, que construíam basicamente com terra e pedras, principalmente na
região Nordeste ficando o seu uso mais restrito ao interior, onde os índios
construíam o pau-a-pique. Posteriormente foi usado em cúpulas e estruturas das
igrejas e casarões do período colonial.
A construção com terra foi trazida para o Brasil pelos portugueses e muitas
edificações do nosso patrimônio histórico foram executadas com essas técnicas até
meados do século passado (Figura 7), algumas perduram até hoje com excelente
estado de conservação.
Figura 7 – Casarão antigo construído em taipa – Mogi das Cruzes – S.P
Fonte: www.campograndems.net, acessado em 15/12/2009
Porém essa técnica tradicional de construir foi se perdendo com a industrialização, e
hoje está ligada a insalubridade e a pobreza. Existe uma carência muito grande de
moradias no Brasil, cerca de 7,2 milhões de famílias são desabrigadas, além disso,
existem milhões de moradias impróprias ou precárias no Nordeste (Figura 8), por
falta de programas de financiamento, em regiões onde não existe renda suficiente
para o investimento (MACUL; PRADO, 2006b).
O desenvolvimento sustentável capaz de promover distribuição de renda com
respeito ao meio ambiente deve ser o objetivo a ser alcançado. (TEIXEIRA, A. A.
2006)
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Figura 8– Casa de Taipa - Boa Vista do Tupim – BA, 2009
A questão socioeconômica não deve ser a única a ser estudada, optar pelos estudos
de materiais e técnicas construtivas alternativas e diversificadas pode ser a opção
para o déficit habitacional do país, barateando o investimento e sugerindo novas
maneiras de construir, como por exemplo, a auto-gestão com repasse de recursos
financeiros diretamente da prefeitura ou governo para associações comunitárias com
o aporte de assessoria técnica, orçamento participativo ou a construção através de
mutirão, diz Troles (2007). Contudo existe um grande preconceito na população de
baixa renda em relação a esses materiais e técnicas alternativas. No Brasil, o bambu
já começa a ser utilizado como material diferenciado em decoração de interiores e
mesmo na construção de casas de luxo, com isso vislumbra-se uma melhor
aceitação do produto e conseqüentemente o desenvolvimento do mercado,
necessitando assim de maior diversidade e estudos científicos sobre o tema.
No Brasil, a maioria das espécies de bambus foi trazida pelos portugueses na época
da colonização. Os portugueses introduziram a maioria das espécies tropicais
exóticas conforme Quadro 5 abaixo:
Quadro 5 – Espécies de bambu exóticas mais comuns no Brasil
Bambusa vulgaris (bambu-verde)Bambusa vulgaris variedade wittata(bambu imperial)Bambusa tuldoides (bambu comum)
Dendrocalamus gigantes (bambu gigante ou bambu balde)e Dendrocalamus latiflonnus.
Fonte: Costa, 2004
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As espécies nativas de bambus crescem associadas com a floresta no Brasilconforme Quadro 6:
Quadro 6 - Espécies nativas conhecidas
Cambaúba (região Centro e Norte de Minas Gerais)Cana-Brava (região de Minas Gerais, município de Uberaba)Taboca, Cana-Brava-do-Mato, Ubá (região de Pernambuco)Taquara (região de Minas Gerais no Triângulo Mineiro e Goiás)Taquaruçú (região da Amazônia e Mato Grosso do Sul).
Fonte: Costa, 2004
A Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro desenvolve pesquisas
com o bambu em alguns núcleos de trabalho. O engenheiro e professor Khosrow
Ghavammi orienta pesquisas científicas com materiais que possam ser encontrados
em nosso território. Ele procura incorporar os exemplos bem sucedidos de outras
culturas. Soluções encontradas na China para casas populares e para pontes de
bambu utilizadas por mais de 500 anos e ainda castelos persas, são fonte de
inspiração para o núcleo de pesquisa. No Brasil, invenções como a de Santos
Dumont, que construiu 14 aviões em bambu, são consideradas os primórdios da
utilização do material no país.
Hoje já existem estudos feitos no Brasil com painéis para a construção civil usando o
bambu como estrutura (Figura 9), mas a maioria são preenchidos com argamassa de
cimento. Alguns construtores que pesquisam e aplicam o bambu como estrutura nas
construções como Cardoso (2006), usam também aditivos na argamassa para dar
leveza e resistência, como o próprio bambu triturado, raspas de borracha e sisal.
Figura 9 - Armadura de painel de fechamento em bambu.
Fonte: Cardoso, 2006
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Com a criação da Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Bambu
(REDEBAMBU) o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) apóia projetos de pesquisa e desenvolvimento que buscam a inovação e a
difusão de conhecimento ambiental e de tecnologias de utilização dos bambus nos
setores da construção civil, da indústria de móveis e de outros artefatos. O território
brasileiro abriga grande diversidade de gêneros e de espécies de bambus, muitos
deles não encontrados em nenhuma outra parte, e tem no Acre uma das maiores
florestas contínuas de bambu nativo no mundo. Apenas na costa da Bahia, na região
da Mata Atlântica, foram encontrados 22 gêneros e 62 espécies de bambus. Essa
diversidade está ameaçada de extinção pela ocupação desordenada do espaço, a
expansão da lavoura cacaueira e a retirada ilegal de madeira.
O CNPq aprovou propostas para a REDEBAMBU financiadas com recursos de até
R$ 1,8 milhões. Concorreram pesquisadores, professores e especialistas com
vínculo empregatício com instituições de ensino superior, centros e institutos de
pesquisa e desenvolvimento públicos e privados. Foram criadas dez linhas de
pesquisas, a atitude do governo federal de investir em pesquisa de bambu foi um
grande incentivo para o desenvolvimento do bambu no Brasil. O desafio é mostrar
que o dinheiro investido está sendo bem aplicado e que vale a pena continuar
investindo em pesquisa.
Por outro lado o governo federal investe no Programa de Subsídio à Habitação de
Interesse Social – PSH. São inúmeros os municípios que estão utilizando o recurso
com o objetivo de substituir as casas de taipa e erradicar o barbeiro. Entretanto,
apesar de louvar-se o trabalho das prefeituras que através desse programa
proporciona casa mais digna às suas populações, mostra-se um erro no enfoque da
questão. Eliminar as precárias edificações em pau-a-pique é uma ação fácil e
proporciona enorme visibilidade. Pensa-se que se está atuando corretamente, mas é
uma ação simplória. Ao invés da necessária e eficaz educação sanitária. Não é a
técnica construtiva em taipa de mão (aquela que feita em sua integra proporcionará
abrigo seguro), ou o material terra utilizado na edificação que implicam na infestação
e instalação dos triatomíneos. São as frestas e a alimentação disponíveis,
independentemente do material e técnicas construtivas (ORTIZ, 2009).
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Segundo Tinoco (2007) as taipas de mão e de pilão são técnicas herdadas dos
colonizadores, escravos e imigrantes e ainda são empregadas, nas suas variações,
em diversas regiões brasileiras com as seguintes vantagens:
1. A terra crua regula a umidade ambiental: o barro possui a capacidade de absorver
e perder mais rapidamente a umidade que os demais materiais de construção;
2. A terra armazena calor: como outros materiais densos como as alvenarias de
pedra, o barro armazena o calor durante sua exposição aos raios solares e perde-o
lentamente quando a temperatura externa estiver baixa;
3. As construções com terra crua economizam muita energia e praticamente não
contaminam o ambiente, pois para prepará-las necessita-se de 1 a 2% da energia
despendida com uma construção similar com concreto armado ou tijolos cozidos;
4. O processo é totalmente reciclável: as construções com solo podem ser demolidas
e reaproveitadas múltiplas vezes. Basta fragmentar e voltar ao processo de preparo
da massa de terra.
Ainda segundo Tinoco (2007) a taipa é um material apaixonante. Tem uma nobreza
histórica. As casas e igrejas coloniais brasileiras foram feitas de taipa de pilão, há
ainda hoje na Alemanha casas em taipa construídas no século 13.
A técnica vem sendo conservada pela tradição oral, mantendo seu conhecimento no
meio rural, com perdas de suas características, qualidades e possibilidades futuras.
O preconceito alimentado pelas políticas de erradicação somado à industrialização
da construção civil determinaram o declínio deste tradicional processo de
construção, que foi definitivamente atingido pela má escolha dos materiais, e no
progressivo abandono e esquecimento das práticas de sua feitura. Com ela morrem
também outras técnicas associadas como a fundição manual.
Embora seja uma técnica que resiste até a terremotos, Segundo Tinoco (2007) a
taipa resiste pelos que nela vivem e não possuem outras escolhas. Se escolha
tivessem, certamente ela já teria desaparecido. Apenas em alguns casos a taipa é
percebida como a escolha ideal. Como os índios e negros de antigamente ela se
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refugia nos grotões, resiste e se preserva no meio da caatinga brava e teimosa
enquanto arquitetura do possível com seus belos detalhes construtivos (Figura 10).
Figura 10 – Aplicação no entramado e enchendo as paredes
Fonte: http://www.ceci-br.org/ceci/br/noticias/299-e-feito-de-taipa-uma-viagem-de-prospeccao-e-sensibilizacao-cultural.html, acessado em: 16/12/2009
Com o desenvolvimento de novos materiais e novas tecnologias construtivas, as
técnicas tradicionais como as de arquitetura de terra crua foram esquecidas. Mas
deve-se ter em mente que além de se investir no futuro, em novas tecnologias, deve-
se resgatar as técnicas tradicionais aproveitando as experiências comprovadas pelo
uso e senso comum da população. Ou seja, é importante resgatar as técnicas
tradicionais usadas empiricamente e melhora-las modernizando-as (Figura 11)
através de novas tecnologias adquiridas com o conhecimento científico (LOPES,
2002).
Hoje já existe alguma evolução na forma de construir com pau-a-pique. As madeiras
deixaram de ser fixadas no solo, pelo fato de apodrecerem rapidamente, suas
amarrações passaram ser feitas com outros materiais como fibra vegetal e arame
galvanizado. Mais recentemente, no Chile tem surgido construções utilizando uma
variação desta técnica, que é chamada de quincha metálica ou tecnobarro, onde a
madeira da "gaiola" é substituída por malha de ferro, preenchida com barro através
de equipamento apropriado.
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Figura 11 – Casa com ampliação em taipa comparada a casario em taipa de pilão, Centro Histórico de
Santana de Parnaíba (SP).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Taipa, acessado em: 17/12/2009
Algumas iniciativas de construir com sustentabilidade começam a acontecer, uma vila
ecológica foi construída para a comunidade científica da Reserva Florestal Adolpho
Ducke, em Manaus. Nas casas de 43 m², bambus estruturam as paredes, que
posteriormente foram preenchidas com barro. O Projeto CasaEco foi coordenado pelo
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e financiado pela Financiadora de Estudos
e Projetos (FINEP) e pelo Programa de Tecnologia de Habitação. O trabalho ficou
pronto em julho de 2007 e será modelo para mutirões habitacionais (Figura 12).
Figura 12- Casas com estrutura em bambu- Manaus.
Fonte: Revista Arquitetura & Construção - 10/2006, Bambuzal Bahia -Bolet im 024–julho de2007.
Segundo Van Lengen (2004) ao construir paredes de pau a pique ou taipa é
recomendável que as fundações subam 30 cm acima do solo, podendo ser de pedra
ou tijolos e se possível impermeabilizadas, com isso o bambu ou madeira ficam
protegidos da umidade (Figura 13). Também é importante que as juntas das
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40
fundações com as paredes e das paredes com as janelas e com as portas sejam
impermeabilizadas e ajustadas por encaixes para dificultar a passagem da água. As
esquinas e coroamentos devem ser reforçados com bambu.
Figura 13 – Paredes em taipa
Fonte: Van Lengen, 2004
Outro exemplo no Brasil de iniciativas de construções com o bambu e a terra fica
localizado no condomínio AlphaVille Burle Marx, em São Paulo, o Centro de
Educação e Sustentabilidade (CES) tem uma área construída de 288 m2 e foi
construído em 2008 (Figura 14). A iniciativa foi fruto da parceria entre a Fundação
Alphaville, Alphaville e Urbanismo, a prefeitura de Santana do Parnaíba e o Centro
de Referências e Integração em Sustentabilidade (CRIS), que integrou uma equipe
multidisciplinar nas áreas de bioconstrução, manejo de água e energia renovável em
uma recente iniciativa de construção sustentável.
Figura 14 – Centro de Educação e sustentabilidade - CES – Alfaville, São Paulo
Fonte: http://crisfundacaoalphavilleces.blogspot.com/ acessado em 12/12/2009
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41
Antes e durante toda a implantação foram oferecidas oficinas sobre técnicas
sustentáveis que contou com o apoio do Global Ecovillage Educators for a
Sustainable Earth (GAIA EDUCATION) para esse trabalho. O GAIA foi criado pelos
profissionais de Findhorn Ecovillage que está ligado à Organização das Nações
Unidas (ONU).
Para realizar esta bioconstrução foi necessária uma avaliação profunda do entorno,
foi estudado muito bem o espaço da construção e opto-se pelos materiais de acordo
com as características climáticas do local. Essa análise possibilitou a escolha de
materiais como o bambu, a terra, pedras e madeiras, além dos vários tipos de
resíduos, como serragem, palha de arroz, lascas de madeira, ou ainda garrafas,
vidros e outros.
Considerar a cultura do lugar e o perfil da mão-de-obra existente é fundamental para
construir algo mais próximo da paisagem e gerar renda.
Na construção do CES foram utilizadas três espécies de bambu: o Bambu Giganteus
(Gigante), cujas peças de 12 m de comprimento dão sustentação para o telhado
inteiro; o Bambu phyllostachys pubescen, utilizado nas triangulações espaciais e os
Bambus phyllostachys áurea chamado de Bambu-Mirim, utilizados em outras
estruturas. A construção com bambu no Centro foi realizada por Roberto Harris
(ZUMM) e sua equipe (Figura15).
Figura 15 – Paredes em bambu sendo executadas no CES
Fonte: http://crisfundacaoalphavilleces.blogspot.com/ acessado em 12/12/2009
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42
Os painéis foram feitos de terra e bambu (Figura 16) pelos arquitetos Fernando
Cesar Negrini Minto membro pesquisador da Rede Ibero-americana Pro-terra, sócio
fundador do ABCterra e pesquisador do grupo de estudos 'Culturas Construtivas',
pelo CNPQ, na FAU - USP e Thomas Alexander Burtscher, arquiteto, com mestrado
em arquitetura sustentável pela Universidade de Genebra.
Figura 16 - Pisando o barro e barreando os painéis
Fonte: http://crisfundacaoalphavilleces.blogspot.com/ acessado em 12/12/2009
A Bioconstrução representa uma quebra de paradigma em relação aos modelos
lineares de construção. Optar por esse novo modelo, mais holístico e sistêmico,
requer uma mudança nos hábitos de consumo e na visão de mundo da sociedade.
Exatamente por integrar homem e natureza é que a bioconstrução significa uma
solução sustentável para implantação de moradias mais saudáveis e de baixo
impacto. (NOGUEIRA, 2009)
Outra prova de novas soluções tecnológicas do bambu no Brasil, encontra-se no
Centro Cultural Max Feffer em Pardinho, interior de São Paulo, inaugurado em
dezembro de 2008. A obra foi projetada pela arquiteta Leiko Motomura que tem um
currículo de obras sustentáveis de alta qualidade.
O Centro Cultural é sede do projeto de eco-desenvolvimento da região: Ecopolo
Rede de Desenvolvimento Sustentável Municipal, administrado pelo instituto
Jatobás. Este centro é considerado o primeiro espaço cultural ambientalmente
sustentável do Brasil (VIERNES, 2009).
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Figura 17 – Centro Cultural Max Feffer – Obra da arquiteta Leiko Motomura
Fonte: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/amima-arquitetura-centro-cultural-28-07-2009.html,acessado em: 28/02/2010
Essas obras (Figura 17) são um marco importante no Brasil porque servem de
referência para a população carente desmistificar o uso do bambu na construção de
suas casas. Pesquisadores de São Paulo estudando sobre os diversos tipos de
fechamentos de casas populares elaboraram quadro comparativo, em que seriam
listadas as alternativas existentes para vedação e comparado com diversas variáveis
de acordo com o tempo de execução, custos e princípios da sustentabilidade, no
assentamento rural Sepé -Tiaraju, no município de Serra Azul em SP onde vivem 77
famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em condições
precárias. Em 2006, essas famílias foram beneficiadas com um recurso federal para
construção de suas casas. Destas famílias, três optaram pelo uso do sistema
estrutural pilar-viga com madeiras roliças. Esse sistema permitiria efetuar a etapa de
vedação posteriormente. No entanto, iniciou-se uma discussão no grupo sobre esse
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tipo de vedação, pois algumas famílias desejavam utilizar materiais alternativos e
outras tinham certa descrença nessas técnicas e preferiam o bloco cerâmico.
A elaboração do Quadro 7 teve a intenção de mostrar às pessoas as diversas
opções ajudando na análise comparativa e na tomada de decisões baseado nas
necessidades de cada família.
Nesse quadro comparativo foram identificadas 12 variáveis, de fácil compreensão
para pessoas de diferentes graus de escolaridade, que representassem a opinião
das famílias do assentamento rural. Essas variáveis foram utilizadas para avaliar seis
tipos de vedação. Com a análise da literatura técnica e científica sobre o tema, as
pesquisas do Grupo Habis, consulta a pesquisadores e profissionais da área de
construção, foram levantados os dados necessários para preencher o quadro
comparativo (INO, 2009).
Quadro 7 – Comparativo de sistemas de vedação para estrutura de pilar viga
Fonte: Ino et all, 2009
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45
Bezerra (2009) fez um estudo sobre a aplicação do barro e da taipa como matérias
alternativas, que prezam por conceitos como qualidade e funcionalidade, de forma
menos onerosa objetivando a redução dos custos das habitações populares e
observando a natureza como recurso. Foi comprovada a possível aplicação do barro
e da borra de plástico triturada em uma estrutura feita de madeira oriunda do
reflorestamento. E como forma de baratear ainda mais a obra foi indicado um tipo de
telha reciclada que permite o isolamento térmico. Este trabalho foi reconhecido em
primeiro lugar pelo prêmio BITEC 2004 paraibano.
6.4 - Trabalhos relacionados com a pesquisa na Bahia e na UFBA
Na Bahia e grande parte do Nordeste o bambu da espécie bambusa vulgaris (bambu
comum) é a espécie mais encontrada. Mas nessa espécie de bambu é preciso usar
algum tipo de tratamento contra os insetos, já que essa é a espécie mais atacada por
ser a que tem mais amido. O objetivo é estudar como este bambu se comporta nas
construções de taipa, já que assim ele estará protegido do ataque dos insetos.
Durante o I Seminário Norte e Nordeste sobre o aproveitamento do bambu realizado
em 2001 em Santo Amaro, com a participação do professor Ghavami, foi identificado
construções em taipa com bambu em casarões com mais de 100 anos (Figura 18),
nas cidade histórica de Cachoeira no interior da Bahia mostrando que essas
construções são viáveis, só dependem da técnica usada.(SENNA, 2008)
Figura 18– Casarões de Cachoeira - Bahia
Fonte:www.defender.org.br, acessado em 28/02/2010
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Araújo (2007) estudou a construção com taipa na região de São Sebastião do Passé
na Bahia e pesquisou a ocorrência da taipa com bambu, mas concluiu que não
existe a cultura de construir com o bambu, apesar de a região ter bastante da
gramínea bambusa vulgaris. Na pesquisa ele constatou que somente 4,17% em um
universo de 24 casas já usou o bambu na taipa, 45,83% conhece quem já usou e
29,17% usaria na sua casa.
A pesquisa bibliográfica mostra como é importante o melhoramento e viabilidade da
construção com taipa e o uso do bambu como entramado, para preservação do meio
ambiente. A seguir métodos estudados para melhoria da construção em taipa e
bambu.
7 - METODOLOGIA
7.1 – Metodologia 1
• Entrevista sobre métodos construtivos da taipa em localidades de Mucugê e Boa
Vista do Tupim, cidades do interior da Bahia, onde existem construções com a
técnica da taipa bem como a espécie de bambu bambusa vulgaris. Para análise
será utilizado método quali-quantitativo para avaliação dos dados coletados e
proposta de melhorias na construção da técnica.
• Proposta de modulação para os painéis, com ênfase nos parâmetros de projeto
considerando a modulação e tipificação.
7.1.1 - Entrevista
Serão feitas entrevistas através de questionários para determinação do método
construtivo utilizado pela população alvo (taipa utilizando a técnica de pau a pique ou
taipa de sopapo). As analises desses materiais serão quali-quantitativas. As
informações serão obtidas através de um roteiro de entrevista constando uma lista
de pontos ou tópicos previamente estabelecidos de acordo com a problemática
central e que deve ser seguida.
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Componentes da interação: o entrevistador; a situação da entrevista; o instrumento
de captação de dados, ou roteiro de entrevista. Nenhum dos elementos “faz sentido”
separado da totalidade. Cada um está “em relação” a um outro, há a tentativa de
captação do real, sem contaminações indesejáveis nem da parte do pesquisador
nem de fatores externos que possam modificar aquele real original.
Marx e a Freud contribuíram decisivamente para a construção metodológica da
pesquisa qualitativa. Mas foi a partir das publicações de Malinowski, que
permaneceu alguns anos convivendo com nativos da Oceania, observando
participativamente o que lá ocorria, que a história da ciência atribuiu-lhe o
pioneirismo na metodologia científica qualitativa, já que ele procurou descrever
sistematicamente como havia obtido seus dados e como ocorria a experiência de
campo.
O objetivo da entrevista é conhecer as habitações em taipa (pau-a-pique)
construídas no interior da Bahia. Foram escolhidas para aplicação da entrevista
localidades próximas às cidades de Boa Vista do Tupim e Mucugê, executadas com
a utilização do barro e madeira extraída do local, diagnosticando aspectos
construtivos e funcionais, e assim estabelecer recomendações específicas para
construções futuras em taipa de bambu. Mais especificamente foram definidos os
seguintes parâmetros para elaboração do questionário baseadas em Barbosa
(2008):
(a) documentar conhecimento prático sobre a matéria prima (bambu), bem como
sobre as técnicas construtivas utilizadas pela comunidade para aplicação na taipa;
(b) aproximar indivíduos do meio acadêmico com os da comunidade pesquisada
promovendo o envolvimento da comunidade acadêmica com os nichos de
necessidades da população – o contexto social aplicado ao binômio “teoria e
prática”;
A Análise Multicritério tem sido aplicada no auxílio de problemas decisórios de
natureza diversa que envolve pontos de vista diferenciados, e por vezes
contraditórios, que impedem a existência de uma solução “ótima” e obriga a procura
de uma solução de “melhor compromisso”. Apresenta ainda outras vantagens que a
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torna um importante instrumento de apoio à decisão, como: permite utilizar vários
critérios sejam qualitativos ou quantitativos e em presença de imprecisão e/ou
incerteza, esses critérios serão utilizados para análise das entrevistas realizadas.
O levantamento será realizado através de questionário, que aborda quatro tópicos
principais: Estrutura; Durabilidade e Custo, conforme Quadro 8. Pretende-se
entrevistar moradores de casas feitas com a técnica de pau-a-pique em localidades
onde exista esse tipo de construção e que tenham o bambu da espécie bambusa
vulgaris disponível. Dessa forma almeja-se colher dados representativos deste
universo, de uma maneira bem distribuída.
Quadro 8 - Modelo do questionário
I – Estrutura
Porque foi escolhido construir com taipa de mão?
Quanto tempo demorou a construção da taipa?
Quantos m2 tem sua casa?
Quantas pessoas ajudaram?
Qual o tipo de madeira usada na taipa da sua casa?
De onde você tirou a madeira?
Já usou o bambu em alguma construção? (cerca, apoio para horta, galpão)
Fez algum tipo de tratamento? Qual?
Usaria o bambu para execução da taipa? Porque?
Conhece alguém que já construiu taipa com bambu?
Como você executa (faz) a fundação quando constrói com taipa?
Como você executa (faz) a estrutura?
Como você executa (faz) o enchimento das paredes?
Como você executa (faz) o reboco?
II – Durabilidade
Quanto tempo de construída tem a sua casa?
Se você fizesse o entramado com bambu em vez de madeira duraria mais? ?menos?
Se você fizesse sua casa com a taipa afastada do chão duraria mais?
III – Custo
Qual o tipo de construção mais barato? a taipa o adobe ou o bloco?
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7.1.2 – Painéis modulados
Essa pesquisa estuda a viabilidade de executar os entramados da taipa em módulos,
facilitando assim a construção das casas quando executadas em maior quantidade,
seja através de iniciativas governamentais como para mutirões, agilizando assim a
construção dos entramados.
Segundo César (2002) para as edificações pequenas pode ser recomendada a
utilização de componentes leves e dimensões adequadas que podem ser
transportados por até dois operários. Esta solução, embora embasada na utilização
da força de trabalho braçal, se associada a um projeto que leva em conta a
simplificação das junções e destas com a estrutura da construção, proporciona
rapidez de montagem e utilização de poucos operários na obra.
Segundo Barth (1997) os fechamentos com painéis pré-moldados representam
grandes possibilidades de composição, permitindo satisfazer as exigências
funcionais e construtivas de uma construção. O autor mostra uma evolução desse
tipo de painéis quanto a soluções construtivas e produção com graus de
industrialização mais elevados e com componentes que incorporam distintos
materiais com objetivo de satisfazer as exigências de projeto de construção e de
fabricação. O desenvolvimento da indústria da construção tem produzido
componentes e elementos mais leves e com maior facilidade de adequação às
exigências dos projetos e das normas através da incorporação de técnicas de
fabricação. Como conseqüência desse processo os fechamentos pré-fabricados
tendem a criar componentes mais leves que facilitam a montagem e permitem o uso
de distintos materiais. Quando estes fechamentos não apresentam função estrutural
permitem maior liberdade no processo de desenho dos painéis.
Bart, 1997 define os conceitos abaixo, utilizados para proposta de painel a ser
executado:
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• Modulação
Nas primeiras obras com componentes pré-fabricados se demonstrou o interesse de
tipificar os elementos pré-fabricados por meio de medidas padrão. Le Corbusier no
livro L’Espirit Nouveau diagnosticou a necessidade de estabelecer padrões para a
construção de casas em série. Entretanto seu sistema apresentava grande
inconveniente, pois as medidas eram fracionadas.
A Organização Internacional de Normalização (I.S.O.) adotou o módulo básico M=10
cm para os países que utilizam o sistema métrico. A escolha desse valor busca
permitir uma relação entre os espaços modulados do projeto e as dimensões dos
componentes, facilitando o uso das seguintes derivações:
Multimodulos: 2M – 3M – 6M – 12M – 15M – 30M e 60M
Submodulos: 1/2M – 1/5M – 1/10M – 1/20M – 1/50M e 1/100M
Os multimodulos podem variar segundo a direção. Nas dimensões verticais se pode
adotar os multimodulos 2M e 3M para permitir as seguintes derivações:
nM = 2M, 24M – 26M – 28M – 30M
nM = 3M, 24M – 27M – 30M
• A tolerância dimensional
Os componentes pré-fabricados devem apresentar um controle dimensional segundo
o tipo de união e acoplamento. A tolerância dimensional do componente é a
diferença entre as dimensões máximas e mínimas admissíveis. O objetivo é servir de
parâmetro para o controle dimensional dos processos de fabricação e dos erros de
posição e montagem.
• Tipificação
Ao projetar uma fachada com pré-fabricados é necessário a seleção de alguns tipos
de composição que se adaptem as exigências e condições específicas do projeto. A
redução do numero de tipos de um modulo pré-fabricado representa facilidades e
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melhorias nos processos de fabricação o que resulta na redução de custos em
função da redução do numero de moldes necessários na escala de produção.
• Parâmetros de projeto
A utilização de estruturas auxiliares para a fixação dos painéis aumenta a
flexibilidade de composição das fachadas podendo facilitar a montagem e simplificar
o sistema de fixação.
Os painéis são classificados quanto a sua geometria: fechados com aberturas para
colocação de esquadrias e abertos para colocação das portas.
Esses painéis devem ser projetados com reforços em seus pontos frágeis e exigem
cuidados no transporte e montagem.
No Brasil estes termos estão definidos na norma técnica - NBR 5731 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 1982 conforme Quadro 9. Nela define-se o
módulo básico igual a 10 cm, conforme especificado pela ISO.
Quadro 9- Termos empregados na coordenação modular segundo a NBR 5731 (1982)
Módulo Unidade básica, “1M” equivalea distância padrão 10 cm.
Multimódulo Múltiplo inteiro do módulo básicoReticulado espacial de referência Reticulado tridimensional formado
por planos ortogonais, configura umamalha espacial com linhas dispostasem distâncias de um módulo (1M),nessa malha serão posicionados oscomponentes de construção.
Medida modular Referente ao tamanho do módulo oumultimódulo, sempre valores inteiros.
Medida modular fracionária Segue a fórmula n M/4.Medida de projeto Determina-se no projeto para
qualquer componente da construção.Zona neutra Zona não modular que separa
reticulados espaciais de referência.
Ajustes modulares Relacionam as medidas de projetocom a medida modular
Fonte : Espíndola, Moraes, 2008
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Segundo Espindola; Moraes (2008) a coordenação modular utiliza um reticulado
espacial de referência estabelecido por medidas modulares. Esse reticulado impõe
como conceito principal o módulo, a unidade básica de medida, que permite a
repetição com compatibilização das formas escolhidas. É um instrumento que auxilia
no dimensionamento, posicionamento e conectividade dos materiais e componentes,
tanto no projeto quanto na execução da construção. O sistema modular é um
diferencial na construção pois estabelece precisão e organização, visando
produtividade, racionalização e qualidade da edificação, minimizando os gastos
oriundos de perdas desnecessárias no processo construtivo.
Para o entramado da taipa estudado são propostos módulos de 90 cm de largura,
por 2,40 m de altura. Na largura essa dimensão foi escolhida por atender ao critério
de multimódulos, e por poder ser carregado até por dois operários (CÉSAR, 2002).
Na altura a dimensão foi estabelecida conforme código de obra de Salvador, Lei nº
3.903. O módulo será executado com dois montantes de bambu com diâmetro médio
de 4cm e entramado feito de taliscas de bambu cortado em quatro partes iguais
ficando com largura de 3 cm no sentido longitudinal. Abaixo proposta de módulo
fechado conforme figura 19:
Figura 19 – Proposta de Módulo Fechado para o entramado da taipa
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53
Para a composição do fechamento com os módulos de entramado são propostos 3
tipos de módulos quanto a geometria conforme Quadro 10 e Figura 20:
Quadro 10 – Tipos de módulos de bambu
Módulo fechado de 90 cm x 240cm,
Módulo base de esquadrias de 90cm x 90cm
Módulo topo de esquadrias de 30cm x 70, 80 ou 90cm *
*O painel varia na largura de acordo com o tamanho da porta, 60, 70 ou 80 cm, mais 10 cm (batente)
Figura 20 – Detalhe do módulo base de esquadrias e módulo topo da esquadria
Na Figura 21 tem-se as diversas combinações que poderão ser feitas com os
módulos propostos, sendo que a largura desses módulos poderão variar de acordo
com o projeto, obedecendo-se os critérios de modulação, ou seja múltiplos de 10cm.
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Figura 21 – Propostas de combinação de módulos de bambu para o entramado da taipa.
7.1.3 - Análise e métodos – Metodologia 1
Qualitativa – entrevista.
Quantitativa – gráficos, médias, etc.
Pretende-se além da conclusão qualitativa, aplicando método multicritérios como
tabela de pontos negativos e pontos positivos, apresentar os resultados quantitativos
em forma de gráfico estabelecendo pontos para as respostas de cada pergunta do
questionário além de tabela com percentuais das conclusões gerais.
7.2 - Metodologia 2
Executar ensaios de aceleração de tempo com câmara climática de teste tipo
3423/16 (KPK 200) do laboratório de solos da Escola Politécnica, em módulos de
taipa com entramado em bambu bambusa vulgaris em tamanho reduzido. O objetivo
é acelerar as condições de temperatura e umidade simulando a passagem do tempo
para analisar quantitativamente e qualitativamente as amostras em um período
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simulado. A terra será retirada do município de Mucugê e ensaiada no laboratório de
geotecnia da Escola Politécnica para determinação das características geotécnicas
do solo.
7.2.1 – Durabilidade e ensaio de envelhecimento acelerado
Os conceitos mais importantes sobre durabilidade e estudos correlatos foramdefinidos por John (1987) conforme Quadro 11 abaixo:
Quadro 11 – Conceitos de durabilidade e outros
• Durabilidade é a capacidade que um produto possui de manter suas condições de serviço duranteo tempo, para o qual foi projetado e construído. Pode ser avaliada pelo seu tempo de vida em anosou pela sua resistência a agentes que afetem seu desempenho.• Vida útil é o período de tempo que um material, componente construtivo ou edificação, mantémseu desempenho acima dos níveis aceitáveis.• Degradação é o processo no qual um material sofre transformações irreversíveis que implicamperda de qualidade ou valor.• Agentes ou fatores de degradação são ações físicas, químicas, ambientais ou biológicas quecausam degradação do material.• Mecanismos de degradação são as formas como os agentes causam uma seqüência demudanças físicas e/ou químicas que levam a perdas nas propriedades esperadas do material.• Indicadores de degradação são os indicativos utilizados para quantificar os mecanismos dedegradação e são propriedades mensuráveis que expressam a variação do desempenho de umproduto durante seu uso.
Fonte: Jonh (1987)
Estudos de envelhecimento simulado realizado em painéis pré-fabricados usados em
paredes e muros mostram os efeitos do sol e da chuva usando-se câmaras artificiais.
Os ensaios foram conduzidos utilizando-se corpos-de-prova de 300 mm de largura,
400 mm de comprimento e 100 mm de espessura. Foram simulados os efeitos do
umedecimento através de ciclos alternados de molhamento e secagem, consistindo
de exposição, durante três horas, a uma chuva fina, e secagem ao ar, durante uma
hora, a 60 °C, sob luz direta. Os painéis foram submetidos a 100 e 200 ciclos e
posteriormente ensaiados ao cisalhamento (LEE et al. 1990).
Flauzino (1988) mostra as metodologias que vêm sendo utilizadas pelo IPT quanto à
durabilidade dos materiais. Este autor relata que a avaliação da vida útil consiste em
se medir o grau de envelhecimento, ao longo do tempo, de uma característica
relevante do material ou componente, característica esta escolhida de acordo com a
natureza do material e com a função do componente na edificação. O autor relata os
agentes de degradação que afetam a durabilidade dos materiais: agentes
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provenientes da atmosfera, do solo, relativos ao uso e decorrentes do projeto. Estas
metodologias abordam as seguintes etapas: identificação das propriedades e dos
agentes agressivos e determinação do comportamento antes e após exposição ao
envelhecimento natural e/ou acelerado.
Matheus (2002) aplicou ensaios de envelhecimento artificial, realizados em
condições de laboratório, para simular condições ambientais adversas através dos
componentes: luz ultravioleta, calor, umidade e oxigênio que, atuando sobre os
materiais, provocam sua degradação. Com esse tipo de avaliação foi feito um melhor
entendimento do comportamento e do desempenho dos materiais ao longo do
tempo, que aferiu entre outras características, a qualidade do material colocado no
mercado. Não existe um consenso quanto ao envelhecimento artificial, pois alguns
opositores a esse tipo de ensaio argumentam que a diversidade de condições
encontradas na natureza e suas interações com o material são as maiores razões
para a complexidade dos processos de envelhecimento. Desta forma, as condições
escolhidas para a realização do teste em laboratório produzirão apenas algumas
condições peculiares. Porém, os testes de envelhecimento artificial, quando
comparados com aqueles encontrados em campo, em situações reais de uso,
poderão produzir boas correlações que auxiliarão na escolha do tipo adequado de
material que deverá ser utilizado na obra. A temperatura, além de ser a responsável
pela ativação da oxidação, é também responsável pela velocidade da ação de
degradação. Os ensaios desenvolvidos para este caso, também chamados de
envelhecimento acelerado, consistem basicamente em se colocar uma amostra
numa estufa com temperatura controlada. A temperatura é aumentada
gradativamente até que ocorra a deterioração da amostra, definida pela alteração na
aparência, peso, dimensão ou outra propriedade característica do material, segundo
a ASTM D1037.
Segundo Valenciano (2004) a bibliografia afirma que é importante a análise da
durabilidade de materiais em geral e, particularmente, em materiais alternativos de
construção, descrevendo vários procedimentos de ensaios de envelhecimento que
indicam o caminho das pesquisas atuais. As análises de durabilidade em materiais
alternativos encontram-se, ainda, em fase inicial, havendo um longo caminho a ser
percorrido. Ao mesmo tempo, é necessário também incorporar aos estudos as
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57
possíveis correlações entre ensaios destrutivos e não destrutivos, com o objetivo de
se conseguir informações úteis para o melhor entendimento e uso dos materiais de
construção.
Neste estudo os módulos de taipa e bambu serão submetidos a análise e
comparação de durabilidade utilizando ensaio de envelhecimento acelerado com
câmara climática de teste tipo 3423/16(KPK 200) do laboratório de solos da Escola
Politécnica (Figura 22).
Figura 22 - Câmara climática de teste tipo 3423/16(KPK 200)
O objetivo é acelerar as condições de temperatura e umidade, simulando a
passagem do tempo para analisar a degradação do bambu dentro da taipa,
observando quantitativamente e qualitativamente as amostras em um período
simulado.
Para execução dos protótipos em escala reduzida será considerada uma amostra
representativa dos módulos propostos na metodologia 1, ou seja, nesta amostra
serão utilizados dois montantes com o mesmo diâmetro dos montantes do painel em
escala real e o mesmo espaçamento médio entre as taliscas de 14x13 cm.
Para esses módulos, denominados doravante de corpos de prova (CP), serão
executados entramados de bambu no tamanho de 43 x 33 cm com diâmetro médio
de 4cm conforme Figura 23.
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Figura 23 – Desenho e entramado de bambu executado em laboratório para preenchimento da taipa.
A terra será retirada do município de Mucugê e ensaiada no laboratório de solos da
Escola Politécnica para determinação do tipo do solo. Os ensaios serão executados
em dois ciclos. No primeiro ciclo os módulos serão submetidos a câmara climatizada
durante o período de 3 meses e 6 dias (96 dias), em condições extremas de
temperatura e umidade para o verão e inverno. Abaixo Quadro 12 com os módulos a
serem ensaiados no primeiro ciclo:
Quadro 12 - Amostras de painéis de taipa e bambu a serem ensaiadas no 1º ciclo
No de
Corpos
de
Prova
Corpo de Prova MÓDULO
03 CP 01A, B e C BAMBU S/ TRATAMENTO – VO*
03 CP 02 A, B e C BAMBU TRATADO – VO1*
03 CP 03 A, B e C MÓDULO DE TERRA – VO2*
03 CP 04 A, B e C BAMBU S/ TRATAMENTO + TERRA
03 CP 05 A, B e C BAMBU TRATADO + TERRA
03 CPO6 A, B e C BAMBU S/ TRATAM.+ TERRA + REBOCO
03 CP 07 A, B e C BAMBU TRATADO + TERRA + REBOCO
V0/01/02 – Vetor zero utilizado como ponto de partida para comparação dos painéis
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TRATAMENTO: O tratamento escolhido será segundo Pereira e Beraldo (2007),
deixar o bambu na moita após o corte (sem contato com o solo) para retirada da
seiva durante aproximadamente três dias (até cair as folhas), colocar em imersão
durante quatro a sete semanas na água corrente, furando-se o diafragma e secar na
sombra durante três dias, no final secagem com fogo.
REBOCO: Areia + Cal + Terra no traço: 1:1:15, sugerido por Figueiredo e Casbur
(2006)
Esses módulos serão executados para a avaliação e comparação qualitativa dos
diversos modelos quanto a durabilidade do bambu na taipa em relação à umidade,
ao ataque de brocas e resistência do barro à rachaduras. Serão feitos três modelos
exatamente iguais para cada corpo de prova.
No segundo ciclo serão feitas nova bateria de amostras, os corpos de prova serão
feitos um mês antes de serem colocados na câmara climatizada, para que o barro
seque e retraia, dois dias antes da colocação na câmara serão rebocados. Nos
painéis revestidos serão avaliados a durabilidade do bambu dentro da taipa
comparando com os painéis sem reboco. Todos os módulos utilizarão bambu
retirado do meio do colmo para os montantes com diâmetro médio de 6 cm e da
ponta do colmo para as taliscas. Os bambus sem tratamento ficarão expostos
durante 1 mês em média conforme situação real encontrada no campo. Serão
realizados os seguintes ensaios em amostra de solo retirada no município de
Mucugê.
• Caracterização - Limite de Liquidez - LL – NORMA do Departamento Nacional de
Estradas e Rodagem (DNER) ME 122/94;
• Limite de Plasticidade LP - NORMA DNER ME 82/94;
• Granulometria com sedimentação - NORMA DNER ME 051/94;
• Compactação - NORMA DNER ME 129/94;
• Índice de Suporte Califórnia - ISC com energia do Proctor normal NORMA DNER
ME 049/04;
• Equivalente de areia. NORMA DNER ME 054/97.
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60
Pretende-se realizar também ensaios com a metodologia MCT para caracterização
dos solos quanto às peculiaridades de comportamento dos solos tropicais através
dos ensaios:
• Compactação com equipamento Miniatura - NORMA DNER ME 228/94;
• Solos compactados com equipamento miniatura - mini CBR e expansão -
NORMA DNER ME 254/97;
• Solos compactados com equipamento miniatura - determinação da perda de
massa por imersão - NORMA DNER ME 256/97;
Após esse procedimento a terra será corrigida com adição de areia caso necessário
para execução da taipa. Abaixo Quadro 13 com corpos de prova a serem ensaiados
no segundo ciclo.
Quadro 13 - Amostras de painéis de taipa e bambu a serem ensaiadas no 2º ciclo
No de
Corpos
de
Prova
Corpo de
ProvaMÓDULO
03 CP 08 A, B e C BAMBU S/ TRATAMENTO – VO*
03 CP 09 A, B e C BAMBU TRATADO – VO1*
03 CP 10 A, B e C MÓDULO DE TERRA – VO2*
03 CP 11 A, B e C BAMBU S/ TRATAMENTO + TERRA
03 CP 12 A, B e C BAMBU TRATADO + TERRA
03 CP 13 A, B e C BAMBU S/ TRATAM.+ TERRA + REBOCO
03 CP 14 A, B e C BAMBU TRATADO + TERRA + REBOCO
V0/01/02 – Vetor zero utilizado como ponto de partida para comparação dos painéis
Serão realizados ensaios de compressão paralela às fibras de bambu roliço para
análise da resistência à compressão do bambu antes da colocação na câmara e
depois.
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61
7.2.2 – Análises e métodos – Metodologia 2
Qualitativa – Análise visual. Quantitativa – tabelas, gráficos e ensaios. Para o ensaio
na câmara climatizada serão considerados dois grandes ciclos de temperatura
representados pelo inverno e verão, considerando que na área estudada (Bahia)
estas são as duas estações predominantes. Conforme as Normais Climatológicas
(DEPARTAMENTO....,1992) foi considerada a variação de temperatura e umidade
relativa de Lençóis, no período de 1961 a 1990 (30 anos), estação mais próxima da
cidade de Mucugê, local onde será construído protótipo em escala real (1X1) que
servirá de comparação e análise com os módulos ensaiados.
Quadro 14 – Temperaturas máximas - Estação Lençóis
TEMPERATURA MÁXIMANos Estações por Estado Verão MÉDIA MÁX
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR83242 Lençóis 30,1 30,1 30,6 30,6 30,7 30,7 30,5
InvernoABR MAI JUN JUL AGO SET
83242 Lençóis 29,4 28,0 26,5 26,5 27,7 29,3 27,9
Fonte: DEPARTAMENTO...,1992
Quadro 15– Temperaturas mínimas - Estação Lençóis
TEMPERATURA MÍNIMANos Estações por Estado Verão MÉDIA MÍN
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR83242 Lençóis 18 18,8 18,9 19,6 19,8 19,9 19,2
InvernoABR MAI JUN JUL AGO SET
83242 Lençóis 19,6 18,3 17,0 16,2 16,5 16,7 17,4
Fonte: DEPARTAMENTO...,1992
Quadro 16 – Umidade relativa máxima e mínima - Estação Lençóis
UMIDADE RELATIVA (%)Nos Estações por Estado Verão MÁX MÍN
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR83242 Lençóis 73,6 74,9 76,2 73,6 73,0 77.6 77,6 73,0
InvernoABR MAI JUN JUL AGO SET MÁX MÍN
83242 Lençóis 80,5 81,4 82,0 79,9 76,2 72,8 82,0 72,8
Fonte: DEPARTAMENTO...,1992
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62
Conforme Quadros 14, 15 e 16, em Lençóis no verão, a média da temperatura
máxima considerada é de 30,5 graus e a média da temperatura mínima de 19,2
graus, no inverno a média da temperatura máxima é de 27,9 graus e a média da
temperatura mínima é de 17,4 graus.
Ainda conforme tabela de variação da umidade relativa de Lençóis no período,
temos no verão a umidade relativa máxima de 77,6% e a mínima de 73,0% e no
inverno a umidade relativa máxima de 82,0% e a mínima de 72,8%. Com isso a cada
ciclo de estação teremos 4 combinações de temperatura e umidade. Cada
combinação será feita em 4 dias. Teremos então 16 dias de verão e 16 dias de
inverno, cada ciclo com 4 combinações. Isso corresponde a um total de 32 dias.
Esses ciclos serão repetidos 3 vezes contabilizando um total de 96 dias conforme
Quadros 17 e 18 abaixo:
Quadro 17 - CICLO 1 - Temperatura e umidade a serem ensaiados
CICLO 1 - Total de 32 dias
Quadro 18– Total de ciclos
CICLO 1 32 DIASCICLO 2 32 DIASCICLO 3 32 DIASCICLO TOTAL 96 DIAS
UMIDADE MÁXIMA 77,6% TEMPERATURA MÁXIMA 30,5º4 DIAS
VERÃO UMIDADE MÍNIMA 73,0% TEMPERATURA MÍNIMA 19,2º4 DIAS
16 DIAS UMIDADE MÁXIMA 77,6% TEMPERATURA MÍNIMA 19,2º4 DIAS
UMIDADE MÍNIMA 73,0% TEMPERATURA MÁXIMA 30,5º4 DIAS
UMIDADE MÁXIMA 82% TEMPERATURA MÁXIMA 27,9º4 DIAS
INVERNO UMIDADE MÍNIMA 72,8% TEMPERATURA MÍNIMA 17,4º4 DIAS
16 DIAS UMIDADE MÁXIMA 82,0% TEMPERATURA MÍNIMA 17,4º4 DIAS
UMIDADE MÍNIMA 72,8% TEMPERATURA MÁXIMA 27,9º
4 DIAS
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63
O Ciclo de 96 dias, denominado anteriormente de primeiro ciclo, será repetido com
novos corpos de prova conforme Quadro 13 acima. Considerando que em 3 meses e
2 dias foi adotado uma situação crítica (maior fadiga) pretende-se comparar esses
resultados com módulos construídos em escala real e expostos a condições normais
de temperatura e umidade descrito na metodologia 3 para avaliação e análise dos
resultados.
Para essa analise serão preenchidas tabelas com percepção visual quanto a
rachadura e aderência da terra ao entramado, com o registro de fotos a cada ciclo de
32 dias conforme Quadro 19.
Quadro 19 - Análise da terra quanto à rachadura.
PERÍODO
CORPOSDE PROVA
INÍCIO 32 DIAS 64 DIAS 96 DIAS
FOTO
RACHADURA (pequena/média/grande)CP 03 A
ADERENCIA (nenhuma/pouca/boa)
FOTO
RACHADURA (pequena/média/grande)CP 03 B..(até CP 14C )
ADERENCIA (nenhuma/pouca/boa)
Para análise quanto à resistência a compressão do entramado de bambu serão
retirados dos entramados dos módulos, corpos de prova para ensaio de compressão
paralela as fibras.
Primeiramente serão feitos corpos de prova dos mesmos colmos utilizados para
confecção dos entramados, que não foram submetidos ao ensaio. Estes serão
ensaiados quanto a resistência a compressão, para comparação com os ensaios dos
corpos de prova retirados dos entramados após o ensaio na câmara climatizada.
Os resultados serão apresentados através de tabelas comparativas e gráficos
considerando as variáveis, umidade (mofo), ataque de insetos (broca), antes e
depois da permanência em câmara aceleradora. Abaixo Quadro 20 que será
preenchido após ensaio de compressão.
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Quadro 20 - Análise de resultados de ensaio de compressão.
PATOLOGIA
ENSAIO A COMPRESSAO DECORPO DE PROVA
ATAQUE DEBROCA(mpa)
ATAQUE DEFUNGO(mpa)
ATAQUE DE BROCA+FUNGO(mpa)
S/ATAQUE DEBROCA+ FUNGO(mpa)
CP 0 ( sem ensaio)
CP 01 A - VO
CP 01 B - VO
CP 01 C – V0... (até CP 14 C )
7.3 – Metodologia 3
Levantamento e apropriação dos índices dos serviços que compõem a construção de
painel em taipa de bambu e da alvenaria de bloco no município de Mucugê para
comparação dos coeficientes dos painéis e avaliação quantitativa dos resultados
através de tabelas e gráficos.
7.3.1 - Análise do custo do painel comparando com alvenaria de bloco
Serão elaboradas composições de custos de painéis em taipa e bambu. Esse estudo
contribui para viabilizar instrumento de planejamento na construção de protótipo de
baixo custo e ambientalmente adequado. A pesquisa bibliográfica realizada
demonstrou que os dados necessários à formulação das composições de custos e
consumo das construções com taipa ainda não foram adequadamente
sistematizados e divulgados. A proposta é quantificar coeficientes de consumo de
protótipo construído em condições controladas para medição dos índices
necessários para a obtenção da composição de custo e de consumo de materiais em
Mucugê no estado da Bahia. Os resultados obtidos serão comparados com os
índices de painel em alvenaria convencional construído nas mesmas condições do
painel protótipo e com os índices oficiais de composição desse painel, considerando
os custos de produção de vedações revestidas a partir dos critérios da Tabela de
Composições de Preços para Orçamentos (TCPO) da Produção e Disponibilização
de Informações e Sistemas de apoio para a indústria da construção civil e editora
técnica (PINI) das edificações habitacionais.
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65
7.3.2 - Análise e métodos - Metodologia 3
• Quantitativa Tabelas e Gráficos, Qualitativa – Entrevista.
Serão preenchidos os quadros 21 e 22 com os coeficientes do protótipo a ser
construído.
Quadro 21- Painel de bambu bambusa vulgaris e terra - protótipo (m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalBambu mBarro m³Arame kgServente h
Total de insumosEncargos de produção (3,42x2,3191) 7,93Total 11,41
Quadro 22- Revestimento do painel com terra cal e areia – protótipo (m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalBarro m³Cal kgAreia kgServente h
Total de insumosEncargos de produção (1,30x2,3191) 3,02Total 4,38
Serão preenchidos quadros com o mesmo modelo dos quadros abaixo com os
coeficientes de painel em alvenaria de bloco a ser construído com as mesmas
condições do protótipo e depois comparado com os coeficientes dos quadros 23, 24
e 25 de alvenaria de blocos conforme TCPO da PINI. Após o preenchimento dos
quadros serão feitos gráficos comparativos com os resultados dos diversos quadros
e suas respectivas conclusões.
Quadro 23 – Alvenaria de blocos cerâmicos argamassa mista c/cal hid.1:2:8 e=9cm (m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalAreia lavada m3 0,00985 33,00 0,33Cal hidrat kg 1,4742 0,43 0,63Cimento kg 1,4742 0,35 0,52Bloco (9x19x39cm) un 13,00 0,55 7,15Pedreiro h 0,66 3,18 2,10Servente h 0,74 1,80 1,33
Total de insumos 12,05Encargos de produção 131,91% 7,95Total 20,00
Fonte: TCPO, 2007
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66
Quadro 24– Chapisco paredes internas e externas com argamassa 1:3 e=5mm(m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalAreia lavada M³ 0,00608 33,00 0,20Cimento KG 2,43 0,35 0,85Pedreiro H 0,10 3,18 0,32Servente H 0,15 1,80 0,27
Total de insumos 1,64Encargos de produção 131,91% 1,37Total 3,01
Fonte: TCPO, 2007
Quadro 25– Emboço/massa única para parede externa com argamassa (m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalAreia Lavada m³ 0,0304 33,00 1,00Cal Hidratada kg 6,075 0,43 2,61Cimento kg 6,075 0,35 2,13Pedreiro h 0,82 3,18 2,61Servente h 0,66 1,80 1,19Total de insumos 10,03Encargos de produção 131,91% 8,80Total 18,83
Fonte: TCPO, 2007
7.4 - Forma de coleta dos dados
Ensaios em laboratório, observação, questionário, formulário, entrevistas, gráficos,
pesquisa bibliográfica na Internet em dissertações, teses, monografias e artigos,
levantamento de dados na construção dos protótipos de painéis com a apropriação
dos serviços executados, com levantamento do tempo de execução de cada serviço
e a quantidade de material utilizado.
7.5 - Viagens e contatos a serem mantidos
Seminários sobre construções com bambu – nacionais e internacionais, seminários
nacionais e internacionais sobre construções com terra. Contatos: Prof. Antonio L.
Beraldo, Prof. Marco A.R. Pereira, Prof. Kosrow Ghavammi, Arquiteto Simon Vélez –
Colômbia, Arq. Edoardo Aranha, Francisco Lima – Ibiosfera, Construtor Ricardo –
Casas de taipa, Laboratório de solos – Politécnica, Laboratório de Madeiras –
Politécnica, Ong Bambuzal Bahia – Arq Virgilio Sena, Ong Bambu Bahia -Wolfgang
F.Reiber, Centro de Planejamento e Intercâmbio de Desenvolvimento Sustentável,
Curso sobre construção sustentável - TIBÁ - http://www.tibarose, Curso sobre
construção em bambu – EBIOBAMBU- http://www.ebiobambu.com.br, etc.
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67
7.6 - Orçamento/ Materiais
Quadro 26– Orçamento de materiais a serem utilizados
MATERIAL DE CONSUMO
PAPEL/CARTUCHO/CD/DVD R$ 200,00SERVIÇOS E ENCARGOSFOTOCÓPIAS/TRANSPORTE/ALIMENTAÇÃO R$ 1.000,00
MATERIAL PERMANENTEPEN DRIVE/MANUTENÇÃO NOTEBOOK R$ 300,00MATERIAIS E EQUIPAMENTOS A SEREM UTILIZADOS
MÃO DE OBRA R$ 500,00CIMENTO/AREIA/BRITA/CAL/TELHA R$ 700,00
PARAFUSOS/ARAMES/SERRA COPO/FURADEIRA R$ 150,00EQUIPAMENTOS P/ENSAIOS / LABORATÓRIO R$ 200,00
TOTAL R$ 3.050,00
8 – CRONOGRAMA
Quadro 27– Cronograma 2009
Quadro 28 – Cronograma 2010
ATIVIDADES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Matérias Obrigatórias (04) X X X X X X X X X X
Pesquisa bibliográfica sobre o tema/
Coleta de dados / Elaboração de
painel
X X X X X X X X X X X X
Projeto de pesquisa X X X X X
Artigos X X X X X X X X X X X X
ATIVIDADES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Matérias Obrigatórias (02) X X X X X X X X X X
Pesquisa bibliográfica sobre o tema/
Coleta de dados / Elaboração de
painéis
X X X X X X X X X X X X
Defesa de Projeto de pesquisa X X X
Tabulação e análise de dados X X X X X X X X X X X X
Artigos X X X X X X X X X X X X
Elaboração da Dissertação
Seminário /Relatório final
X X X X X X X X X X X X
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REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Rodagem, Brasília, DF.
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