ANÁLISE DA LOGÍSTICA REVERSA PÓS-
CONSUMO DE ÓLEOS VEGETAIS E PNEUS NA
CIDADE DE MARÍLIA/SP
Vania Erica Herrera (UNIV EM)
Marlene de Fatima Campos Souza (UNIVEM)
Glaucia Aparecida Benhossi Dilelli (UNIVEM)
Bruna Vieira Bosco (UNIVEM)
Eduardo Merlo Leme da SilvA (UNIVEM)
O presente trabalho tem como objetivo de estudo a “Logística Reversa Pós-
Consumo de Óleos e Pneus na Cidade de Marília/SP”. Os assuntos
relacionados à preservação ambiental estão ganhando força no mercado
brasileiro, a fim de diminuir os impactos que os produtos pós-consumo
causam no meio ambiente as empresas, fabricantes e revendedoras estão
inserindo na organização em paralelo com a logística empresarial, a logística
reversa de pós-consumo, que tem como objetivo o descarte apropriado do
produto no fim de sua vida útil. Perante tais afirmações e ao aumento do
consumo de alguns materiais como óleos e pneus, o presente trabalho traz os
conceitos de logística e seus tipos, enfatizando a logística reversa pós-
consumo na cidade de Marília/SP, que devido ao aumento da população e,
conseqüentemente, do consumo vem tratando o descarte dos resíduos
sólidos como prioridade no que diz respeito ao meio ambiente. Resultado
disto são parcerias com empresas privadas e prefeituras que realizam o
recolhimento correto de óleos e pneus na cidade, onde os mesmo são
transformados em novos produtos ou reaproveitados como novas fontes de
energia.
Palavras-chave: Logística reversa pós-consumo; óleo de cozinha; pneus.
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1. Introdução
O descarte incorreto dos resíduos sólidos traz inúmeras conseqüências ao meio ambiente que
atingem direta e indiretamente, o homem. Os óleos vegetais e pneus são grandes vilões do
meio ambiente, visto que um litro de óleo é capaz de contaminar milhares de litros de água,
enquanto o pneu com o acúmulo de água pode propagar insetos transmissores de doenças.
Desta forma, os assuntos relacionados ao meio ambiente estão cada vez mais sendo discutidos
em todo o mundo. Muitas leis estão surgindo para que os impactos ambientais sejam
diminuídos e que os resíduos, fundamentalmente os sólidos, tenham um destino adequado.
Os resíduos urbanos devem ter uma disposição adequada, por meio de uma coleta seletiva que
deve contar com a iniciativa da poder público e com a participação efetiva da população na
disposição adequada dos produtos para posterior coleta. Isso deve acontecer também com
óleos comestíveis usados e pneus, ambos objetos de estudo do presente trabalho.
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo pesquisar na teoria e na prática como são
feitos os descartes de óleo vegetal comestível já utilizados e pneus na cidade de Marília, os
impactos do descarte incorreto no meio ambiente e como serem reutilizados, baseando-se no
tema Logística Reversa Pós-Consumo.
2. Os resíduos sólidos, a logística reversa pós-consumo e o lixo no Brasil
2.1 Os resíduos sólidos e a logística reversa pós-consumo
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente (1993, p.15) a palavra resíduo também é derivada do
latim e significa “aquilo que resta de qualquer substância”, e foi acrescentado a palavra
sólido, discernindo assim dos resíduos líquidos que são impelidos nos esgotos ou das
emissões de gases poluentes.
Ainda de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente (1993, p. 15) os resíduos sólidos podem
ser definidos como “material inútil, indesejável ou descartado, com conteúdo líquido
insuficiente [...] resultantes de atividades da comunidade, sejam eles de origem doméstica,
hospitalar, comercial, de serviços, de varrição e industrial”. A partir dessa definição
caracteriza-se o lixo em diversas formas: comercial, doméstico, industrial, hospitalar, de
varredura, agrícola, mineração, etc.
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Para Dornier al. (2000, p. 39) a Logística Reversa (LR) é definida como a logística moderna,
onde foram incluídos fluxos antes desconhecidos. A logística moderna abrange os fluxos de
retorno dos produtos a serem reparados, aos produtos com pouco ou nenhum uso que são
devolvidos e aos que necessitam ser reciclados.
Pode-se dividir a Logística Reversa em pós-consumo e pós-venda. A LR pós-consumo são
canais de distribuição reversos que, após finalizada a utilidade original do produto, esse volta
para o ciclo produtivo de alguma forma. A LR pós-venda são também canais de distribuição
reversos, porém esses produtos retornam ao ciclo produtivo com pouco ou nenhum uso,
devido a problemas relacionados à qualidade em geral ou a processos comerciais entre
empresas. (LEITE, 2009, p. 8).
2.2 Estatísticas de lixo no Brasil
Segundo ABRELP (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais) a geração de resíduos sólidos no Brasil cresceu 4,1% de 2012 para 2013, índice
superior a taxa de crescimento populacional que correspondeu a 3,7%. A figura 11 demonstra
a quantidade de resíduos gerados no ano de 2013.
Mesmo com a preocupação por parte dos municípios de destinarem de maneira correta os
materiais inservíveis, o descarte incorreto dos mesmos ainda é um problema, de acordo com a
ABRELP, em 2013 foram descartados incorretamente 28,8 milhões de toneladas de resíduos.
Pode-se entender por descarte incorreto aterros e lixões que não possuem nenhum sistema de
preservação ambiental.
Ainda de acordo com a ABRELP, em 2013 foram coletados mais de 117 mil toneladas por dia
de resíduos de construções e demolições, um aumento em torno de 4,6% referente a 2012. A
região sudeste foi a maior responsável pelo descarte desses materiais, totalizando 61.487
toneladas/dia. Outro ponto tratado é o descarte de resíduos da saúde pública, a coleta destes
materiais pela maioria dos municípios é parcial, visto que os mesmos só dão destino correto
aos materiais utilizados pelas redes públicas de saúde, como consequência se tem o
desconhecimento de dados referente à quantidade gerada e reciclada, a figura a seguir é um
demonstrativo parcial da reciclagem desses materiais no Brasil.
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3. Procedimentos metodológicos
O presente trabalho tem como base a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar
maior compreensão do que esta sendo investigado, permitindo traçar de forma precisa o
problema a ser estudado. (ACEVEDO E NOHARA, 2007, p. 46)
Porém, a pesquisa exploratória abrange outros tipos de pesquisa, pois a mesma não formula
hipóteses, com isso o trabalho tem como base a pesquisa de estudo de caso que de acordo com
Acevedo e Nohara (2007, p. 50), é caracterizada pela profunda análise de um ou mais objetos.
Esta pesquisa compreende o planejamento, técnicas de coleta e as abordagens da análise de
dados diante de acontecimentos contemporâneos baseando-se em um conjunto de
procedimentos predeterminados.
Tais metodologias serão necessárias para a análise da problemática em questão, ou seja, a
análise da Logística Reversa Pós-Consumo de óleos de cozinha e pneus na cidade de
Marília/SP.
Para a realização do presente trabalho, foram realizadas pesquisas e entrevistas com o
Secretário do Meio Ambiente de Marília, com a representante de ONG, com empresas de
pneus e pesquisas em sítios de busca sobre os assuntos trabalhados neste trabalho.
4. A logística reversa de pneus e óleos na cidade de Marilia/SP
4.1 A Cidade de Marília
Marília possui aproximadamente 223.454 habitantes nos 249 bairros da cidade, entres os
1.194 quilômetros quadrados. A cidade é conhecida como a capital nacional do alimento
devido à grande concentração de indústrias alimentícias instaladas na cidade. (PREFEITURA
MUNICIPAL DE MARÍLIA)
4.2 Resíduos na cidade de Marília/SP
De acordo com o atual Secretário do Meio Ambiente de Marília, por meio de entrevista para
este trabalho, a Prefeitura do Município recolhe diariamente 170 toneladas de lixo. O descarte
dos rejeitos foi terceirizado recentemente pela prefeitura do município, sendo a empresa
Monte Azul de Araçatuba responsável por encaminhar os rejeitos para aterros fora do
município, visto que na cidade não existe espaço suficiente para instalação de aterros que se
enquadram nas obrigações ambientais.
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Assim, a coleta de lixo na cidade é feita por caminhões compactadores e funcionários da
prefeitura. Os resíduos recolhidos são levados até a cidade de Avencas – SP onde é feito o
transbordo (passagem do lixo de caminhões de coletas para containers). Tais containers são
encaminhados para as cidades de Piratininga ou Quatá onde existem aterros sanitários
licenciados e apropriados para o descarte de todo o lixo orgânico recolhido.
De acordo com dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), na cidade de
Marília no ano de 2013, 97,4% da população possuíam os serviços de coleta de lixo, enquanto
2% da população enterravam ou queimava o lixo produzido e 0,6% descartavam a céu aberto.
Para o Secretário do Meio Ambiente de Marília, as políticas de resíduos sólidos implantadas
na cidade são as mesmas nacionais, que de acordo com o Ministério do Meio Ambiente se
encontra na Lei nº 12.305/10.
Com relação a futuras políticas na cidade, destaca que esta em elaboração um plano que visa
parcerias com empresas para o recolhimento dos resíduos sólidos. Hoje a cidade enfrenta
problemas com resíduos sólidos da construção civil, visto que o município não possui lugares
apropriados para o descarte. Por outro lado, para o descarte de óleos e pneus já existem
centros de recolhimentos adequados e parcerias de empresas com a prefeitura do município,
assunto este que será tratado nos tópicos seguintes.
4.3 Pneus
Em 26 de Agosto de 1999 foi aprovada a Resolução do CONAMA nº 258/99, que fixa metas
e obriga os fabricantes e revendedores de pneus inservíveis a derem destino certo aos
mesmos.
O Artigo 3 da legislação esclarece a quantidade de pneus a serem recicladas:
IV - a partir de 1o de janeiro de 2005:
a) para cada quatro pneus novos fabricados no País ou pneus novos
importados, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as
empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final a cinco
pneus inservíveis;
b) para cada três pneus reformados importados, de qualquer tipo, as
empresas importadoras deverão dar destinação final a quatro pneus
inservíveis.
Em março de 2007, os grandes fabricantes de pneus Bridgestone, Goodyear, Michelin e Pirelli
criarem em parceria a Reciclanip. Hoje presente em todo o Brasil a empresa tem como
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trabalho a coleta e recolhimento de pneus inservíveis, a fim de dar destino certo ao material.
(RECICLANIP)
De acordo com dados da ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) no ano de
2013 o volume de produção de pneus chegou a 68,8 milhões, onde 183 mil toneladas de pneus
inservíveis foram recicladas. Já nos nove primeiros meses de 2014 foram coletados 334 mil
toneladas de pneus para a reciclagem. (RECICLANIP)
Os pneus inservíveis possuem dois destinos, as cimenteiras que os utiliza como combustível
alternativo através do co-processamento ou a trituração, que transforma a borracha triturada
em matéria prima para outros produtos.
Além da Anip que atua contra os atos ilegais no que se referem a não realização da reciclagem
do material e a Reciclanip que faz o recolhimento a reciclagem de pneus inservíveis no Brasil,
existem outras empresas que fazem o reaproveitamento do material, é o caso do polo do pneu
localizado no estado do Paraná, onde se concentram maior parte das empresas
recauchutadoras de pneus do país devido ao grande número de frota de veículos de transportes
de cargas presente no estado. Outra empresa responsável pelo recolhimento e destino
adequado de pneus inservíveis é a AREBOP (Associação Nacional das Empresas de
Reciclagem de Pneus e Artefatos de Borracha), que tem como atividade a reciclagem da
borracha a fim de transformá-la em matéria prima para outros produtos.
4.3.1 Reciclagem de pneus da cidade de Marília
O descarte irregular de pneus pode causar sérios riscos ao meio ambiente e a saúde humana,
visto que o produto possui em sua composição elementos e materiais capazes de contaminar
água e solo, além de que seu tempo de decomposição equivalente a 600 anos. (COMPAM)
A prefeitura do município concluirá em 2015 o Plano Municipal de Resíduos Sólidos que visa
o descarte correto do lixo do município, com a finalidade de criar quatro EcoPontos até 2015,
a cidade já pode contar com o EcoPonto de recolhimento de pneus inservíveis.
De acordo com o Secretário do Meio Ambiente, Mascarin, a frota de veículos esta crescendo
muito e consequentemente o número de pneus inservíveis também. Ao todo são recolhidos na
cidade 15.000 pneus por mês. Inúmeros problemas são causados pelo descarte incorreto do
material, sendo que o maior é o acumulo de água dentro dos pneus, o que dissemina o
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mosquito da dengue e outros insetos, além da demora na decomposição que prejudica o meio
ambiente.
A fim de amenizar tais problemas a Prefeitura do Município de Marília, em parceria com a
empresa Reciclanip criou um Eco Ponto de coleta de pneus inservíveis na cidade, conhecido
como Reversa Pneus.
De acordo com o proprietário da empresa Reversa Pneus, Edmilson Ferreira, os pneus
recolhidos pela empresa em sua grande maioria são descartados por borracharias, sendo
também recolhidos pneus de empresas privadas, da prefeitura do município e de
consumidores.
Os pneus descartados no EcoPonto são recolhidos pela empresa Reciclanip e encaminhados
para São Paulo, onde existe a usina de reciclagem que faz a trituração da borracha para servir
de matéria prima para outros produtos, já os pneus em piores estados são encaminhados ao
Grupo Votorantim, que é responsável pela incineração do produto e reaproveitamento como
combustível alternativo.
Os centros automotivos de trocas de pneus na cidade dão destino diferente ao material, de
acordo com Dalan, gerente da empresa Caiado Pneus de Marília, são coletados por mês 300
pneus que são encaminhados a fabrica GoodYear em São Paulo para a reciclagem correta,
sendo que os mesmo não voltam como pneus novos. A empresa participa do programa de Sele
Verde, que visa o trabalho de responsabilidade ambiental, dando descarte correto aos pneus
usados por meio de empresas de recolhimento certificadas pelo Ibama.
A empresa Odair Pneus de Marília recolhe por mês aproximadamente 100 pneus, sendo muito
deles levados por clientes. Os pneus coletados na empresa são destinados a empresa Neto
Pneus de Marília, que de acordo com Neto, proprietário da empresa, são recolhidos
aproximadamente 200 pneus de carro e 100 de caminhões por mês sendo os mesmo
encaminhados á Reversa Pneus de Marília.
4.4 Óleo de cozinha
De acordo com Leite et al (2011, p. 4) o óleo vegetal é uma substância antiga utilizada pelo
homem, produzido por meio de sementes de plantas como soja, algodão, amendoim, girassol,
canola, gergelin, palmiste, copra, linhaça e mamona, sendo que a principal fonte de óleo
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comestível é a soja. Dados da Abiove (2014) apontam que em setembro de 2014 foram
consumidos no Brasil 399.000 litros de óleo bruto e refinado.
4.4.1 Reciclagem do óleo de cozinha
Segundo a Ecóleo - Associação Brasileira para Sensibilização, Coleta e Reciclagem de
Resíduos de Óleo Comestível, apenas 1% do óleo consumido no País é reciclado, o restante
ainda é descartado incorretamente.
Após a utilização do óleo de cozinha grande parte da população o descarta indevidamente na
pia, no lixo ou no ralo, causando problemas ambientais e problemas na infra-estrutura das
cidades. O óleo de cozinha é insolúvel, desse modo se despejado na água, como em rios, lagos
e mares, forma uma camada impermeável na superfície, dificultando assim a oxigenação e
prejudicando a vida aquática; se descartado na rede de esgoto tende a se aderir às paredes de
tubulação e reter resíduos sólidos, acarretando obstrução das tubulações, refluxo do esgoto ou
até infiltrações do esgoto no solo, poluindo lençóis freáticos; se o óleo ingressa em sistemas
de tratamentos de esgoto dificulta e encarece o tratamento do mesmo; entre outros problemas.
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp)
A partir dos problemas expostos acima, a Sabesp, em 2007, lançou o Programa de Reciclagem
do Óleo de Fritura (PROL) que visa estimular a reciclagem dos óleos de fritura com o intuito
de diminuir seus impactos ambientais. Para iniciar o projeto, a Sabesp se associou à ONG
Trevo com a pretensão de realizar um piloto somente em uma parte da cidade de São Paulo,
porém, devido ao sucesso alcançado com o PROL a Sabesp resolveu apoiar outros programas
relacionados à reciclagem de óleo, para isso, fez parcerias com Prefeituras e ONGs. (Sabesp,
2014, p. 1-2)
A ONG Trevo, situada na cidade de São Paulo, é uma das precursoras em coleta e reciclagem
de óleos. De acordo com a ONG Trevo, são disponibilizadas bombonas para a população e
containers para as empresas, com um valor simbólico para cobrir os custos da entrega do
material. Dessa forma o óleo usado é despejado nesses recipientes e quando cheios é feita a
coleta. Além disso, a ONG também disponibiliza Ecopontos de coleta pela cidade. Segundo a
Organização, são coletados 250 toneladas de resíduos por mês de estabelecimentos comerciais
e residenciais, sendo destinados a indústria de biodiesel.
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Outra iniciativa de coleta de óleo usado é o Ecoleo - Associação Brasileira para
Sensibilização, Coleta, Reaproveitamento e Reciclagem de Resíduos de Óleo Comestível, que
possui 12 empresas associadas em mais de 60 municípios do Estado de São Paulo, como
também em outros estados do País. Além de catadores que recolhem o óleo usado, o projeto
também incentiva a população a levar o óleo até o posto de reciclagem mais próximo e
despejá-lo em uma bombona e, depois de reciclado, é destinado para a produção de diversos
produtos como sabão, tintas e vernizes, graxa, biodiesel, etc. (ECÓLEO, 2014)
4.4.2 Reciclagem de óleo de cozinha da cidade de Marília
A Prefeitura Municipal de Marília instaurou a Campanha Permanente de Conscientização da
Reciclagem do Óleo Vegetal Comestível, de acordo com a Lei Orgânica do Município (Lei nº
6434/06), conforme disposto nos artigos 1º e 2º:
Art. 1º - Fica instituída a Campanha Permanente de Conscientização da
reciclagem do Óleo Vegetal Comestível no Município de Marília, com a
realização de campanhas publicitárias e distribuição de material informativo.
Art. 2º - O objetivo da presente lei é conscientizar e estimular o munícipe da
importância da reciclagem do óleo vegetal comestível, evitando o seu
despejo diretamente na rede de esgoto.
A partir da campanha citada anteriormente, a Prefeitura de Marília procura oferecer para a
população opções para o descarte do óleo de cozinha. O Secretário do Meio Ambiente,
Leonardo Mascarin, informou que a Prefeitura da cidade disponibiliza pontos de coletas de
óleo de cozinha em escolas municipais, sendo que em três meses o projeto recolheu
aproximadamente 7.500 litros de óleo. O óleo de cozinha recolhido pela Prefeitura de Marília
é destinado para a empresa Óleo Química na cidade de Garça, que o designa para a produção
de biodiesel.
Outra iniciativa de reciclagem de óleo na cidade de Marília é o programa social Irmã Dilma
iniciado pela Paróquia Santa Rita de Cássia. O projeto não possui auxílio de recursos públicos
e foi criado como uma forma de renda para a população do bairro, assim como para minimizar
os impactos ambientais causados pelo descarte incorreto do óleo de cozinha. Tal programa
visa recolher o óleo de cozinha para fabricação de sabão, vender o sabão fabricado e reverter a
renda para a população carente que trabalha no projeto.
Therezinha Couto, a responsável pelo programa, informa que é recolhido por mês em média
200 litros de óleo usado proveniente de estabelecimentos comerciais e residenciais em toda a
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cidade. Segundo Couto, o recolhimento do óleo é feito no lugar onde as pessoas ou empresas
solicitam, ou então deixados em Ecopontos, como na própria Paróquia Santa Rita de Cássia
ou na Associação dos Moradores no bairro Nova Marília.
Ainda de acordo com a entrevistada, o projeto conta com quatro colaboradores que são
responsáveis pelo recolhimento do óleo, pela fabricação do sabão e sua venda. A fabricação
do sabão é feita em um ambiente improvisado e todas as embalagens utilizadas no processo
são cedidas pela comunidade. Para a fabricação do sabão em pedra são utilizados os seguintes
materiais: 5 litros de óleo; 1 kg de soda; 1 litro de água e uma medida de essência e álcool,
para eliminar o cheiro do óleo. O sabão em pedra que resta é transformado em sabão em pó,
pasta ou líquido.
Os tipos de sabão fabricados são em pedra, em pó, em pasta e em líquido. Sendo que o sabão
em pedra é vendido de R$ 0,50 a R$ 1,00, dependendo do tamanho do pedaço, e os sabões em
líquido, pó ou pasta são vendidos por R$ 3,00.
Além dos projetos citados anteriormente, também foram identificados na cidade de Marília os
programas de recolhimento de óleo de cozinha no Supermercado Confiança, no
Supermercado Preço Certo, na Cooperativa dos Cafeicultores e no DAEM (Departamento de
Água e Esgoto de Marília). Todos os estabelecimentos mencionados fazem apenas o
recolhimento do óleo de cozinha e o repassam para empresas que o aproveitarão para
fabricação de diversos produtos, como sabão, tintas, vernizes, graxa, biodiesel, entre outros.
5. Conclusões
As questões ambientais se tornaram nos últimos tempos de suma importância para
populações, empresas e governos em âmbito mundial. Um dos motivos para a crescente
preocupação com tais questões são os problemas gerados pelo consumo excessivo de matérias
primas e a escassez dos recursos do planeta. Além disso, devido a produção de produtos em
alta escala há ainda a preocupação com a disposição final dos resíduos, esses gerados após a
utilização e descarte do produto.
Os resíduos quando eliminados de forma incorreta degradam o meio ambiente e causam
diversos problemas à saúde pública. Os produtos escolhidos para análise no presente trabalho
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foram o óleo de cozinha e os pneus, pois são altamente poluidores do meio ambiente, gerando
diversos problemas ambientais se descartados incorretamente.
O estudo com o óleo de cozinha usado demonstrou que se descartado de forma imprópria
polui a água e o solo, além de causar transtornos a população como, por exemplo, obstrução
das tubulações de esgoto. Da mesma forma os pneus, se descartados indevidamente geram
acúmulo de água em seu interior, com isso há a propagação de insetos malfeitores para a
saúde pública, além de que seu tempo de decomposição de aproximadamente 600 anos e os
materiais de que são formados possuem substâncias que contaminam o solo e a água.
Dessa forma, quando o óleo de cozinha usado retorna ao ciclo produtivo pode-se fabricar
diversos outros produtos como, por exemplo, sabão, tintas, vernizes, graxa, biodiesel, entre
outros. Já o pneu, se reciclado, pode ser triturado e seu material utilizado como matéria-prima
para a produção de asfalto, pisos, forros, grama sintética, bolsas, etc., ou então, se incinerado
pode ser utilizado como combustível alternativo.
Na cidade de Marília, como visto anteriormente, há diversos projetos para o recolhimento de
pneus, como a empresa Reversa Pneus que em parceria com a Reciclanip e a Prefeitura do
Município recolhe e destina corretamente os pneus inservíveis. Já os óleos de cozinha
utilizados, são recolhidos por escolas municipais e encaminhados para empresas de
reciclagem, ou enviados para reutilização do produto no caso do Projeto Irmã Dilma,
iniciativas estas que colocam os resíduos de volta ao processo produtivo.
Porém, a partir do presente trabalho foi verificado que há ineficácia nos programas de
reciclagem oferecidos pela Prefeitura Municipal de Marília, devido a escassez de informação
para a população e a falta de divulgação dos projetos. Assim como os demais projetos de
reciclagem da cidade não possuem divulgação necessária para conscientizar as pessoas quanto
a importância do descarte correto dos resíduos. Foi constatado dificuldade em informações
junto aos órgãos ou empresas competentes pelos projetos, pois, em quase todos os casos,
quando tenta-se contato os funcionários não sabem instruir ou informar o necessário.
Dessa forma, conclui-se que para melhor aproveitamento desses materiais inservíveis é
preciso maior conscientização da população quanto às questões ambientais, assim como
maiores políticas de incentivos da Prefeitura local e empresas para com a divulgação dos
programas de reciclagem e com a utilização dos métodos de Logística Reversa pós-consumo.
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