Carboxiterapia no tratamento de atrofia linear cutânea
Viviane Nascimento Silva1
Dayana Priscila Maia Meija2
Pós-graduação em Fisioterapia em Dermato Funcional – Faculdade FAIPE
Resumo As estrias são alterações cutâneas, definidas como cicatrizes lineares visíveis que se dispõem
paralelamente umas as outras, podendo ser raras ou numerosas e indicam uma lesão na pele,
pois ocorre um desequilíbrio elástico localizado. Acomete uma grande parte da população,
são frequentemente observadas em homens e mulheres, porém esse problema dermatológico é
mais comum no sexo feminino. Há o rompimento das fibras elásticas da derme. Há evidências
que o seu aparecimento seja multifatorial, não somente fatores mecânicos e
endocrinológicos, mas também predisposição genética e familiar. Inicialmente elas surgem
escuras e posteriormente clareiam com o passar do tempo, as lesões são geralmente
paralelas, mas podem surgir em sentidos diferentes, tanto na horizontal, quanto na vertical.
Esta revisão bibliográfica descreveu a utilização do recurso: carboxiterapia, buscou-se por
meio de livros e artigos científicos com a finalidade de relatar a eficácia desse recurso na
restauração do aspecto da pele estriada. Neste trabalho, demonstra-se que a utilização de
recurso terapêutico objetiva a melhora do aspecto físico e psicológico de pacientes
acometidos pelas estrias.
Palavras-chave: Estrias; Carboxiterapia; Atrofia linear cutânea; Dióxido de carbono.
1. Introdução
As estrias são classificadas como uma atrofia adquirida, e possuem várias outras
denominações decorrentes de diferentes idiomas, prováveis etiologias e aspecto macroscópico
da pele: vergetures, atrophoderme strieé, macules atrophiques lineaires, striae distensae,
strech maks, lash marks, striae albicantes,striae gravidarum, striae infectiosae, estrias atróficas
e víbices. Seu aspecto linear, algo sinuosa, em estrias de um ou mais milímetros de largura, a
princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas). Raras ou
numerosas, dispõem-se paralelamente uma às outras e perpendicularmente às linhas de fenda
da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado, caracterizando, portanto, uma lesão
da pele. As estrias são ditas atróficas pelas características que apresentam, já que atrofia é a
diminuição de espessura da pele, decorrente da redução do número e volume de seus
elementos e é representada por adelgaçamento, pregueamento, secura, menor elasticidade,
rarefação dos pêlos.
Vários tratamentos são utilizados para as estrias, mais iremos abordar somente um: a
carboxiterapia obtendo um melhor resultado, se podemos acabar com as estrias, ou somente
atenuar sua aparência. A carboxiterapia é uma técnica nova utilizada nas disfunções
dermatológicas e estéticas, caracteriza-se pelo uso terapêutico do gás carbônico medicinal
com 99,9% de pureza administrado de forma subcutânea (percutânea) tendo como objetivo
1Pós Graduando em Fisioterapia Dermato-funcional
2 Orientadora: Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Bioética e Direito em Saúde. Doutoranda em Saúde Pública.
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uma vasodilatação periférica e melhora da oxigenação tecidual, provoca um processo, e
consequentemente a pele responde com edema e hiperemia a fim de aumentar a replicação
dos fibroblastos e produção de colágeno e elastina, e ainda aumenta a nutrição local, esse
método provoca uma pequena agressão na epiderme sobre as estrias. Esse trabalho foi
proposto com a finalidade de realizar uma revisão de literatura sobre o método de
carboxiterapia no tratamento para as estrias, com o intuito de esclarecer e fornecer mais fontes
de pesquisa para fisioterapeutas, haja vista a escassez de artigos que relatam o aludido
assunto.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Sistema Tegumentar
O tegumento recobre toda a superfície do corpo e é constituído por uma porção epitelial, a
epiderme, e uma porção conjuntiva, a derme. E em continuidade com a derme está à
hipoderme, tela subcutânea, que embora tenha a mesma origem e morfologia da derme não
faz parte da pele, a qual é formada apenas por duas camadas (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
2.2 Pele
A pele é composta de três camadas principais: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo.
Cada camada possui características e funções específicas. No futuro, o estudo desses
componentes tenderá a conduzir a uma melhor compreensão do envelhecimento da pele e dos
efeitos dos produtos tópicos sobre a função biológica da pele (BAUMANN, 2004).
É composta de duas camadas principais: a epiderme, camada superficial composta de células
epiteliais intimamente unidas e a derme, camada mais profunda composta por tecido
conjuntivo denso irregular. Apresenta múltiplas funções, entre as quais a proteção contra
agentes físicos, químicos e biológicos do ambiente, e ser relativamente impermeável, graças à
camada de queratina (córnea) que recobre a epiderme (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
A pele é formada por tecidos de origem ectodérmica e mesodérmica que se arranjam em três
camadas distintas: a epiderme, a derme e a hipoderme. Esta última não é considerada por
muitos autores como parte integrante da pele, embora seja estudada dentro do sistema
tegumentar (KEDE, SABATOVICH, 2004).
2.3 Epiderme
É a camada mais superficial da pele. Ela é muito importante do ponto de vista cosmético
porque é essa camada que dá à pele sua textura e umidade e contribui para a sua cor. Se a
superfície da epiderme for seca ou áspera, a pele parece envelhecida (BAUMANN, 2004).
A epiderme é formada pelas células epiteliais, ceratinócitos, onde reside uma das principais
defesas do órgão contra a penetração de produtos exteriores. Integradas na epiderme
encontram-se ainda os melanócitos, as células de Langherans que constituem a primeira linha
de identificação imunitária das substâncias que franqueiam a epiderme e células sensoriais
denominadas células de Merkel (TOMA, 2004).
As camadas da epiderme recebem suas denominações de acordo com essas características
típicas. Por exemplo, a primeira camada é a camada basal, porque está localizada na base da
epiderme. As células basais soam de forma cubóide.
As células basais unem-se com outras células basais e às células espinhosas sobrejacentes por
meio de desmossomos para formar a membrana basal. Esses ceratinócitos basais contêm as
ceratinas 5 e 14 e mutações resultam em uma doença hereditária chamada edermólise bolhosa
simples. Admite-se que as ceratinas 5 e 14 estabeleçam um citoesqueleto que permite a
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flexibilidade das células. Esta flexibilidade permite às células moverem-se para fora da
camada basal e migrarem superficialmente, desse modo sofrendo o processo de ceratinização.
As células basais são responsáveis pela manutenção da epiderme, por meio da renovação
contínua da população celular. Da camada basal, 10% das células são células-tronco, 50% são
células amplificadoras e 40% são células pós-mitóticas que se movem superficialmente para
se tornarem células suprabasais. Vale notar que as células basais produzem antígenos
penfigóides bolhosos, os quais são proteínas que podem conduzir ao desenvolvimento da
doença penfigóide bolhoso, se o corpo produzir anticorpos correspondentes (BAUMANN,
2004).
A camada seguinte é a camada espinhosa que tem de cinco a dez camadas de células basais à
custa de um citoplasma amplo e eosinofílico, de formato poliédrico. Esta camada é assim
denominada devido ao aspecto celular periférico que parece emitir espinhos considerados,
antes da microscopia eletrônica, como comunicações intercelulares, mas que foram
identificados como desmossomas, responsáveis pela grande coesão celular dos epitélios,
resistentes a grandes trações e pressões. Os desmossomas não são estruturas fixas,
demonstrado pela diferente velocidade de progressão de queratinócitos, quando marcados pela
tiamina triatiada (KEDE; SABATOVICH, 2004).
A camada mais superficial da epiderme é o estrato córneo (EC) ou camada córnea. Os
ceratinócitos que residem nessa camada são os mais maduros e completaram o processo de
ceratinização. Esses ceratinócitos não possuem organelas, e a sua disposição assemelha-se a
uma parede de tijolos. O EC é composto de corneócitos ricos em proteínas, incluídos em uma
matriz lipídica em bicamada disposta à maneirade “tijolos e argamassa”. Os “tijolos” são
compostos pelos ceratinócitos, e a “argamassa” é composta pelo conteúdo expelido dos
grânulos lamelares, incluindo lipídios e proteínas. O estrato córneo é descrito como a
“camada morta” de células porque estas células não demonstram síntese de proteína e não
respondem à sinalização celular. A camada córnea funciona como uma barreira protetora.
Uma das suas funções protetoras é evitar perda de água trans-epidérmica (PATE). Os
aminoácidos e seus metabólitos, que são subprodutos formados da decomposição da filagrina,
constituem uma substância conhecida como fator hidratante natural (NMF- natural
moisturizing factor). O NMF localizado intracelularmente e lipídios liberados pelos grânulos
lamelares, localizados extracelularmente, desempenham um papel importante na hidratação,
elasticidade e flexibilidade da pele.
A camada lúcida é constituída por várias camadas de células, achatadas e intimamente
ligadas, das quais a maioria apresenta limites indistintos e perde todas as suas inclusões
citoplasmáticas, exceto as fibrilas de queratina e algumas gotículas de eleidina. Esta é
transformada em queratina assim que as células desta camada tornam-se parte da camada
córnea. A camada lúcida é mais proeminente em áreas de pele espessa e pode estar ausente
em outros locais. Não é observada com facilidade. Quando visível, tem o aspecto de uma
linha clara, brilhante e homogênea; daí sua denominação (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Na camada granulosa os ceratinócitos habitam a principal camada viável da epiderme. Os
“grânulos” representam grânulos ceratoialinos, os quais contêm profilagrina, o percursor da
filagrina. As filagrinas cruzam com filamentos de ceratina, proporcionando resistência e
estrutura. As proteínas do envelope de células cornificadas (involucrina, seratolina,
pancornulina e loricrina) são cruzadas nessa camada com a enzima transglutaminase cálcio-
dependente para formar o envelope celular. As células granulares exibem propriedades
anabólicas como a síntese de filagrina, proteínas cornificadas do envelope celular e ceratinas
de alto peso molecular. Elas também mostram eventos catabólicos, como a dissolução dos
núcleos e organelas celulares. (BAUMANN, 2004).
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2.4 Derme
A derme é uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre o qual se apoia a epiderme,
comunicando esta com a hipoderme. A derme está conectada com a fáscia dos músculos
subjacentes por uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a hipoderme. Na derme situa-se as
fibras elásticas e reticulares, bem como muitas fibras colágenas, e elas são supridas por vasos
sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Também contém glândulas especializadas e órgãos do
sentido. A derme apresenta variação considerável de espessura nas diferentes partes do corpo,
sendo que sua espessura média é de aproximadamente 2 milímetros. Sua superfície externa é
extremamente irregular, observando-se papilas dérmicas (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
A derme situa-se entre a epiderme e a gordura subcutânea. Uma vez que ela é responsável
pela espessura da pele, desempenha um papel-chave na aparência cosmética. A espessura da
derme varia nas diferentes partes do corpo, e duplica entre as idades de 3 e 7 anos e
novamente na puberdade. Com o envelhecimento, essa camada básica diminui de espessura e
hidratação. A derme, que é cheia de nervos, vasos sanguíneos e glândulas sudoríparas,
consiste principalmente em colágeno. A parte mais superior dessa camada, que se situa
embaixo da epiderme, é conhecida como derme papilar, e a parte inferior é conhecida como
derme reticular (BAUMANN, 2004).
2.4.1 Camada Papilar
A camada papilar é delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo, e assim denominada
porque as papilas dérmicas constituem sua parte mais importante (saliências que acompanham
as reentrâncias correspondentes da epiderme). Admitem alguns que a função das papilas é
aumentar a zona de contato derme-epiderme, trazendo maior resistência à pele. Esta camada
estende-se pouco abaixo das bases da papila, onde se une à camada reticular. Muitas papilas
contêm alas capilares, outras contêm receptores sensoriais especializados que reagem a
estímulos externos, como mudança de temperatura e pressão (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
2.4.2 Fibroblastos
Os fibroblastos são particularmente ativos durante o processo de reparação. A atividade
fibroblástica é influenciada por vários fatores, tais como regimes dietéticos e níveis de
hormônio esteroide. Na deficiência em vitamina C existe uma dificuldade na formação do
colágeno (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Os fibroblastos retêm a capacidade de se dividirem e assim como o tecido epitelial, o
conjuntivo também é capaz de se regenerar. Na estria, esta célula está quiescente, entretanto o
estímulo elétrico de baixa intensidade mostrou-se eficiente para aumentar a sua replicação
bem como das fibras e substâncias produzidas por ela mesma. No tocante à
neovascularização, os efeitos da inflamação aguda e da corrente contínua se somam,
promovendo um leve edema e uma hiperemia bastante pronunciada. A regeneração propicia
o retorno de todas as funções inerentes à pele, inclusive a sensitiva, que normalmente se
encontra diminuída e, neste caso, especificamente, a sensibilidade dolorosa, pois à medida
que ocorre a regeneração a sensibilidade tende a chegar a níveis próximos do normal
(BORGES, 2010).
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2.4.3 Fibras elásticas
São delgadas, sem estriações longitudinais, ramificando-se de forma semelhante a uma rede
de malhas irregulares. De cor amarelada, têm como componente principal a elastina, uma
escleroproteína muito mais resistente do que o colágeno, e a microfibrila elástica, formada por
uma glicoproteína especializada. Estas fibras cedem facilmente a trações mínimas, porém
retornam facilmente à sua forma original, tão logo cessem as forças deformantes. Suportam
grandes trações (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
2.4.4 Fibras colágenas
As fibras colágenas são as mais frequentes do tecido conjuntivo, sendo constituídas por uma
escleroproteína denominada colágeno, que proporciona o arcabouço celular para todos os
organismos pluricelulares (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
As fibras de colágeno são sempre vistas no estado final, maduro, em contraste com a elastina,
cujas fibras não-maduras são vistas na derme superficial e cujas fibras mais maduras são
vistas na camada mais profunda da derme. Cada tipo de colágeno é composto de três cadeias.
O colágeno é sintetizado nos fibroblastos e uma forma precursora chamada pró-colágeno. Os
resíduos de prolina na cadeia do pró-colágeno são convertidos em hidroxiprolina pela enzima
prolil hidroxilase. Essa reação requer a presença de Fe++, ácido ascórbico (vitamina C) e α-
cetoglutarato. Os resíduos de lisina na cadeia do pró-colágeno também são convertidos em
hidroxilisina; nesse caso, pela enzima lisil hidroxilase. Essa reação também exige a presença
de Fe++, àcido ascórbico e α-cetoglutarato. É interessante assinalar que uma deficiência de
vitamina C, que é essencial para a ocorrência dessas reações, leva ao escorbuto, uma doença
caracterizada por produção diminuída de colágeno (BAUMANN, 2004).
2.5 Hipoderme
Segundo Guirro e Guirro (2004), o tecido sobre o qual a pele repousa, formado por tecido
conjuntivo que varia do tipo frouxo ou adiposo ao denso nas várias localizações e nos
diferentes indivíduos. A hipoderme conecta frouxamente a pele e a fáscia dos músculos
subjacentes, o que permite aos músculos contraírem-se sem repuxar a pele. A hipoderme
(hipo = abaixo de ) não faz parte da pele, mas é importante porque fixa a pele à estruturas
subjacentes, sendo também conhecida como tela subcutânea, tecido subcutâneo ou fáscia
superficial. Dependendo da região em estudo e do grau de nutrição do organismo, a
hipoderme pode ter uma camada variáel de tecido adiposo, sendo que nele se deposita a maior
parte dos lipídios nas pessoas obesas. Como os mamíferos consomem energia de modo
contínuo, mas se alimenta com intermitência, entende-se a importância de um reservatório de
energia, representado pelo tecido adiposo. A distribuição da gordura não é uniforme em todas
as regiões do corpo. Nos indivíduos normais, algumas regiões nunca acumulam gordura,
como a pálpebra, a cicatriz umbilical a região esternal, o pênis, e as dobras articulares. Em
outras regiões pelo contrário, há maior acumulo de tecido adiposo: a porção proximal dos
membros, a parede abdominal, especialmente as porções laterais.
2.6 Atrofia Linear Cutânea – Estrias
As estrias caracterizam-se por afecções dermatológicas, em sua grande maioria desagradáveis
do ponto de vista estético. São lesões atróficas lineares paralelas, em geral obedecendo às
linhas de clivagem da pele. Inicialmente são eritematovioláceas, para mais tarde se tornarem
esbranquiçadas. Surgem com maior frequência na puberdade e, sobretudo, no sexo feminino.
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Pode ocorrer em pessoas com obesidade grave (striae distensae), no período da gestacional
(striae gravidarun) e nos estados infecciosos (striae infectiosae). Pode estar relacionada ainda
a algum comprometimento hormonal caracterizado pelo aumento de glicocorticoides,
podendo ser evidenciado, por exemplo, na síndrome de cushing e nas corticoterapias
intensivas (gerais ou locais). Podendo ocorrer ainda como uso tópico ou sistêmico de
esteroides, em tumores suprarrenais, em atividades físicas vigorosas ou haja aumento
excessivo de massa muscular, no crescimento intenso e rápido na adolescência (BORGES,
2010).
As atrofias lineares cutâneas, clinicamente, se caracterizam pela morfologia em geral linear,
aspecto atrófico e superfície por vezes discretamente enrugada, com pequenas rugas
transversais ao seu eixo que desaparecem à tração. Inicialmente, são eritematosas, ou mesmo
violáceas. Nessa fase, podem ser discretamente elevadas devido ao edema gerado pelo
processo inflamatório, o que justificaria uma esporádica queixa de prurido. Após meses,
adquirem uma tonalidade branco-nacarada (AZULAY; AZULAY, 2004).
As estrias são disfunções estéticas, cuja etiologia é considerada complexa, não havendo, na
literatura específica, um aprofundamento sobre a certeza de suas causas ou eficácia de
tratamentos sugeridos (BRAVIM e KIMURA, 2007).
As estrias são classificadas como uma atrofia adquirida, e possuem várias outras
denominações decorrentes de diferentes idiomas, prováveis etiologias e aspecto macroscópico
da pele: vergetures, atrophodeme strieé, macules atrophiques lineaires, striae distensae, strech
marks, lash marks, striae albicantes, striae gravidarum, striae infectiosae, estrias atróficas e
víbices. A estria, além de ser desagradável aos olhos do ponto de vista estético, acarreta
grandes problemas emocionais. O fato que não se pode contestar é a grande incidência dessa
afecção, em ambos os sexos, especialmente nas mulheres.
As estrias são inicialmente rosadas, prosseguindo para um tom púrpuro e depois de algum
tempo, apresentam coloração clara ou branca (albas). Sendo as estrias vermelhas diferentes
das albas, pois as primeiras apresentam estado inflamatório e vasodilatação. As albas se
encontram sem inflamação e com aspecto cicatricial, tendo assim aparência esbranquiçada.
É uma atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear, algo sinuosa, em estrias de um ou mais
milímetros de largura, a princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas
(nacaradas). Raras ou numerosas dispõem-se paralelamente umas às outras e
perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado,
caracterizando, portanto, uma lesão da pele. Apresentam um caráter de bilateralidade, isto é,
existe uma tendência da estria distribuir-se simetricamente em ambos os lados.
As estrias são atrofias da pele adquirida devido ao rompimento de fibras elásticas e colágenas,
a princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas), há evidências
que o seu aparecimento seja multifatorial, não somente fatores mecânicos e endocrinológicos,
mas também predisposição genética e familiar, levando ao desequilíbrio das estruturas que
compõem o tecido conjuntivo. Surgem principalmente nas coxas, nádegas, abdômen, mamas
e dorso do tronco (AZEVEDO, TEIXEIRA e SANTOS, 2009).
As estrias são ditas atróficas pelas características que apresentam, já que atrofia é a
diminuição de espessura da pele, decorrente da redução do número e volume de seus
elementos e é representada por adelgaçamento, pregueamento, secura, melhor elasticidade,
rarefação dos pelos (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
As estrias, portanto, são causadas por atrofias tegumentares adquiridas de aspecto linear, de
aparência sinuosa com diâmetro de mais ou menos dois milímetros de largura,
perpendicularmente às linhas de fenda da pele, sendo considerada, principalmente, uma lesão
da pele. As estrias são ditas atróficas, em função de serem causadas pela ruptura das fibras
colágenas e elásticas da pele e, muitas vezes, com perda da coloração no local.
Frequentemente são observadas em indivíduos obesos, durante a gravidez, em conexão com a
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Síndrome de Cushing ou em pacientes tratados com corticóides (RODRIGUES, 2004).
A atrofia linear cutânea possui várias denominações, decorrentes de diferentes idiomas
prováveis etiologias e aspectos macroscópicos da pele como: Estrias atróficas, Estriae cútis
distensae, Strech marks, Estrias Vergetures, Víbices, Striae albicantes, Striae gravidarum
(MIGUEL, 2004).
O aparecimento de estrias está relacionado a diferentes situações clínicas como, por exemplo,
o crescimento e/ou aumento de peso repentino, gravidez, alterações endocrinológicas,
especialmente as associadas a corticóides e ao estrógeno, exercício vigoroso e algumas
infecções como febre tifóide e hanseníase (MILANI, 2006).
2.7 Etiologia
A etiologia da estria é bastante controversa, existindo portanto três teorias que tentam
justificá-la:
- teoria mecânica
- teoria endocrinológica
- teoria infecciosa
- Teoria Mecânica
A teoria mecânica tem sido comumente aceita, e acredita-se que a excessiva deposição de
gordura no tecido adiposo, especialmente a que ocorrer repentinamente, com subsequente
dano às fibras elásticas e colágenas da pele, seja o principal mecanismo do aparecimento das
estrias, striae distensae. As estrias também são consideradas como sequelas de períodos de
rápidos crescimentos, daí as denominações de strech maks também designadas stricae cútis
distensae ou simplesmente striae distensae. O estiramento da pele, com consequente ruptura
ou perda de fibras elásticas dérmicas, é tido como fator básico da origem das estrias. É deste
modo que os adeptos dessa teoria explicam o seu aparecimento. Com base nestes fatos, eles
afirmam que a distensão abdominal promovida pelo crescimento do feto causa estria na
gestante, assim como o “estirão de crescimento” na puberdade causaria estrias nos
adolescentes, bem como a deposição de gordura no obeso. Não há evidências comprovadas de
que a hidratação da pele por meio de cosméticos possa prevenir o aparecimento de estrias.
(GUIRRO e GUIRRO, 2004).
- Teoria Endocrinológica
Essa teoria demonstra, através de fatos, que a teoria mecânica é muito simplista ao afirmar
que o estiramento da pele, que por crescimento ou deposição de gordura, seja a causa para o
aparecimento das estrias.
A etiologia da estria parece estar relacionada fortemente com as alterações hormonais,
especificamente com os hormônios corticoides. Silva et all. Concordam com essa hipótese,
uma vez que das 102 pacientes avaliadas e tratadas pelas autoras, a maior incidência de
aparecimento das estrias foi na adolescência (45,5%), seguido pela obesidade (30,5%),
gravidez (19,5%) e medicamentos (4,5%).
A origem mais provável das estrias baseia-se na teoria endocrinológica que, conforme foi
visto, postula que um hormônio esteroide está presente de forma atuante em todos os quadros
em que as estrias surgem ( obesidade, adolescência, gravidez), não podendo deixar de ser
mencionado o seu aparecimento com o uso de medicamentos à base de corticoides tópicos ou
não, incluindo anabolizantes. Esse hormônio, denominado de 17- cetosteróide, é o principal
andrógeno adrenal, apresentando ampla ação no tecido conjuntivo, aumentando o catabolismo
proteico, e ainda, atuando sobre a célula formadora das fibras e da substância fundamental
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amorfa, o fibroblasto. Sendo assim, conforme citado anteriormente, as estrias são
classificadas como uma atrofia adquirida, ou seja, diminuição do volume e número dos
elementos da pele (daí seu aspecto em depressão), decorrente da ação hormonal sobre o
fibroblasto (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
- Teoria Infecciosa
Essa teoria não tem muitos adeptos, já que os estudiosos partidários da teoria endocrinológica
conseguem explicar o surgimento das estrias em decorrência do tratamento efetuado à base de
corticoides, sendo o tratamento, portanto, o verdadeiro fator desencadeante do processo de
formação de estrias. Alguns medicamentos podem também promover hiperpigmentação das
estrias, como por exemplo, a bleominicina, um antibiótico e antitumor, que em altas doses
pode promover ainda outros efeitos como: esclerose, gangrena, pregueamento e eritema. A
pigmentação inicial é semelhante à que acontece na Síndrome de Cushing, ou seja, violácea, e
permanece neste estágio por muitos meses. A coloração pode então evoluir para uma
tonalidade marrom-escura, incomum em processos que promovem a pigmentação de estrias,
presente nos casos de Síndrome de Cushing, conforme referido anteriormente e após
processos inflamatórios. (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Fatores como hereditariedade, hormônios da adolescência, crescimento rápido, aumento
exagerado de peso e excesso de musculação, são alguns dos motivos pelos quais as estrias
surgem (MACEDO, 2006).
2.8 Prevalência
As estrias atróficas são encontradas em ambos os sexos, com predominância no feminino,
principalmente a partir da adolescência. A maior incidência de estrias em meninas ocorre
entre doze e quatorze anos, e nos meninos, de doze a quinze anos. Entretanto estrias foram
notadas em todos os grupos etários do experimento. O mesmo autor, em um segundo
experimento, observou no estudo sistemático de cem crianças com até dez anos de idade se as
estrias poderiam estar presentes. Estas observações indicaram que as estrias raramente
ocorrem em crianças normais durante os primeiros cinco anos de vida. Elas não foram
notadas em bebês extremamente obesos e nem em crianças obesas de até seis anos. O período
de surgimento das estrias pode variar. Para Basak, elas ocorrem entre as idades de 10 a 16
anos para o sexo feminino e de 14 a 20 anos para o masculino, sendo que a incidência dentro
desses grupos etários indica um intervalo de 21 a 72% para as meninas e de 6 a 40% para os
meninos. Na mulher adulta saudável a incidência de estrias é 2,5 vezes mais frequente que no
homem nas mesmas condições. A incidência de estrias em homens foi levantada a partir do
exame de 3.278 homens normais das Forças Armadas, onde foi constatado que 361 (11%)
apresentavam a referida afecção. Nenhuma alteração significativa como altura, peso etc. foi
encontrada entre os portadores e os não-portadores. Somente uma pequena porcentagem de
portadores poderia ter possíveis fatores desencadeantes relacionados ao surgimento de estrias,
tais como: ganho ou perda rápida de peso, atividades físicas estressantes ou doenças severas.
Quanto à localização das estrias pode-se observar uma incidência maior nas regiões que
apresentam alterações teciduais como glúteos, seios, abdome, coxas, região lombossacral
(comum em homens), podendo ocorrer também em regiões pouco comuns como a fossa
poplítea, tórax, região ilíaca, antebraço, porção anterior do cotovelo (GUIRRO e GUIRRO,
2004).
A maior prevalência das estrias ocorre na faixa etária dos 14 aos 20 anos (55-65% em
mulheres e 15 – 20% em homens), ou seja, é cerca de três a seis vezes mais frequente em
mulheres do que em homens. Na mulher, as localizações predominantes são nádegas, abdome
e nas mamas, nos homens predominam no dorso, região lombosacra e parte externa das coxas.
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Surgem perpendicularmente ao eixo de maior tensão da pele e acompanham as linhas de
clivagem da pele (linhas de Langer), tendem a simetria e a bilateralidade (KEDE;
SABATOVICH, 2003).
Segundo Brandi et al (2004) destacam que as características físicas negativas associadas ao
acúmulo de gordura têm suscitado maiores pesquisas para determinar os tratamentos mais
favoráveis. As causas mais comuns para o aparecimento das estrias são na adolescência ou
com o aumento de peso, ocasionado com a obesidade.
2.9 Abordagem Terapêutica
2.9.1 Carboxiterapia
Na época a aplicação era feita de forma tópica, sob a forma de banhos secos ou em água
carbônica sendo observada a melhora do fluxo sanguíneo da região (LOPEZ;
WORTHINGTON, 2006).
A carboxiterapia tem a administração de gás carbônico de forma subcutânea é uma técnica
inovadora para o tratamento de estrias, por meio do trauma obtido pelas pontuações da
agulha, somando ao microdeslocamento da pele, gera uma inflamação e vasodilatação local,
com consequente aumento do fluxo vascular, oxigenação tecidual, a micro-circulação,
estimulando a formação de colágeno e de novas fibras elásticas (JAHARA, 2010).
A primeira via de utilização do CO2 foi a percutânea, por meio dos banhos em água
enriquecida com gás carbônico termal ou industrial. A via subcutânea foi utilizada
secundariamente por Wollina et al., que observaram diminuição da infecção local em feridas
crônicas, assim como a antecipação da cicatrização dessas feridas após aplicação do gás
(ABRAMO; TEIXEIRA, 2011).
Em 1777, Pierre Lalouette expôs portadores de úlceras crônicas ao primeiro método de
tratamento sistêmico do gás carbônico. O tratamento era caracterizado pelo uso de uma
cadeira de formigação, que canalizava vapores de combustão de sais mercuriais
(PIAZZOLLA, 2011).
Em 1953, após 20 anos de experiência, o cardiologista Jean Baptiste Romuef publicou os
resultados do uso terapêutico por via subcutânea. O tema permaneceu por quatro décadas no
esquecimento, sendo retomado nas décadas de 1980 e 1990, com alguns trabalhos
direcionados para a cirurgia vascular (FERREIRA, 2012).
Na Alemanha em 87, Grosshans A e Gensch H, abordaram o uso da terapia em tratamentos de
patologias dolorosas em ortopedia e sistema locomotor. Hartman e cols. da Universidade de
Freiburg – Alemanha publicaram em 89, 91 e 97 os resultados positivos do tratamento com
CO2 percutâneo em pacientes com arteriopatia periférica, demonstrando melhora na
claudicação intermitente e descrevendo o mecanismo de ação farmacológico do gás:
vasodilatação e aumento da pressão parcial de oxigênio (PO2) devido a diminuição do local da
afinidade da hemoglobina pelo oxigênio (potencialização do efeito Bohr), resultando em
maior disponibilidade deste para o tecido (LOPEZ, 2005).
O uso do dióxido de carbono (CO2) iniciou com os banhos de água carbonada em piscinas
naturais, há registros da sua utilização terapêutica desde 1151. Estudos comprovam que os
banhos de imersão em água carbonada aumentam o fluxo sanguíneo nas regiões submersas,
quando comparadas a água natural (DURAES, 2012).
A carboxiterapia é utilizada como recurso viável para estrias comparado a outros tratamentos
como eletrolifting, peeling químico e dermotonia que, por meio de um estímulo elétrico,
químico e traumático, respectivamente, provocam um processo inflamatório na estria que
responde com o aparecimento de leve edema e hiperemia, a fim de aumentar a capacidade de
10
replicação dos fibroblastos e, consequentemente, a produção de fibroblastos, elastoblastos e
angioblastos (BORGES, 2010).
Os benefícios gerados pela carboxiterapia seriam atribuídos a vasodilatação arteriolar,
neoangiogênese, potencialização do efeito Bohr, aumento da velocidade microcirculatória e
ativação de barorreceptores cutâneos provocados pela aplicação do gás (SILVA, 2009).
A carboxiterapia é uma técnica nova utilizada nas disfunções dermatológicas e estéticas.
Caracteriza-se pelo uso terapêutico do gás carbônico medicinal com 99,9% de pureza
administrado de forma subcutânea tendo como objetivo uma vasodilatação periférica e
melhora do oxigênio tecidual (BORGES, 2010). De acordo com o autor, ele afirma que nas
estrias, o gás carbônico provoca um processo inflamatório, que responde com o aparecimento
de um leve edema e hiperemia, a fim de aumentar a capacidade de replicação dos fibroblastos
e, consequentemente a produção de fibras colágenas e elásticas na pele estriada.
Os resultados da carboxiterapia são relativamente rápidos. Estudos revelam que se podem
notar os efeitos depois da quarta apliação, sendo que o tratamento inicial costuma ser de 10
aplicações até o desaparecimento da lesão, geralmente com frequência de duas a três vezes
por semana. Além disso, a pessoa pode retornar às suas atividades normais ao final de cada
sessão. A execução do método é não cirúrgica. Do ponto da aplicação, o dióxido de carbono
se difunde facilmente em tecidos adjacentes (DOMINGUES, 2006).
Sua utilização iniciou-se na década de 1930, na Estação Thermal de Royat, na França, onde a
carboxiterapia era denominada terapia com gás carbônico. Foi quando começou a ser estudada
na forma de balnearioterapia, em que pessoas de toda Europa migravam ao Spy de Royat para
realizar tratamento de arteriopatias obliterantes e em feridas, posteriormente, utilizavam-se
câmaras de gás, por meio do usopercutâneo do gás até chegar forma injetável do gás.
Descrevemos o Co2 como sendo um gás inodoro, incolor e atóxico. O gás carbônico não
provoca embolia gasosa, pois trabalhamos com um volume máximo seguro e, além disso, a
partir do momento em que o gás é injetado, vai sendo rapidamente absorvido e eliminado pela
respiração. A carboxiterapia chegou ao Brasil no início desse século e foi direcionada à área
da estética (gordura localizada, celulite, flacidez e estria). Atualmente, também é utilizada
como coadjuvante no tratamento de cicatrizes estéticas, na cicatrização de úlceras, em casos
de pós-lipospiração, alopecias, psoríases, microvarizes, olheiras, acúmulo de edemas em
pálpebras, sequela de queimados etc (BORGES, 2010).
Ação no tecido conjuntivo: na carboxiterapia temos o trauma mecânico ocasionado pela
agulha e o trauma provocado pelo gás. Um processo inflamatório irá ocorrer seguido de todas
as etapas inerentes a ele. Como resultado teremos a proliferação de fibroblastos com posterior
síntese de colágeno, elastina e vasos sanguíneos (BORGES, 2010).
Os efeitos obtidos pela carboxiterapia são em decorrência da ação vasomotora do gás
carbônico que atua, sobretudo, na microcirculação vascular do tecido conectivo, promovendo
uma vasodilatação e um aumento da drenagem veno-linfática (LOPEZ, 2005).
2.9.2 Técnica de Aplicação
O efeito terapêutico da carboxiterapia depende do local anatômico onde vai ser aplicado o gás
carbônico. Precisamos traçar objetivos de tratamentos antes de iniciarmos as aplicações. A
técnica envolve diferentes volumes de gás, com fluxos e frequências individuais para cada
disfunção estética. O procedimento de carboxiterapia requer um equipamento próprio, que
possua controle de fluxo e volume total injetado, cilindro de gás carbônico puro medicinal,
equipo carboxi com filtro biológico e agulha descartável de 0,30 x 13 mm ou 30 G 1∕2 (agulha
de insulina). Antes de iniciar o tratamento, todas as informações devem ser fornecidas ao
paciente sobre a técnica com relação ao seu mecanismo de ação e verificar se ele mesmo
possui sinais de contraindicações severas. Ele também deverá ser questionado quanto aos seus
11
objetivos específicos, evitando assim conflitos com o profissional com relação a expectativas
irrealistas no decorrer das sessões.
O paciente deverá adotar uma posição confortável com a área a ser tratada exposta e livre de
qualquer pressão como vestimentas apertadas. Deve-se realizar a assepsia com álcool 70% ou
solução alcoólica com Clorexidine a 0,5% onde serão realizadas as punturas. As áreas a serem
tratadas deverão ser demarcadas com lápis ou caneta demográfica com o paciente de pé. É
comum ocorrer perda do corte da agulha durante o procedimento, para isso basta trocar as
agulhas quantas vezes forem necessárias, isso deixa a aplicação mais confortável para o
paciente (BORGES, 2004).
3. Metodologia
A metodologia utilizada neste estudo foi à pesquisa bibliográfica, pois a mesma oferece meios
que auxiliam na definição e resolução dos problemas já conhecidos, como também permite
explorar novas terapêuticas da fisioterapia dermatofuncional, como a carboxiterapia; e
analisar sobre o tratamento da atrofia linear cutânea no tratamento com a carboxiterapia
produzindo novas conclusões. Nesta revisão de literatura quantitativa seguiu-se o seguinte
roteiro: foram pesquisadas 25 fontes literárias, compreendidos entre o período de 2003 à
2012, visando um amplo estudo sobre o tratamento de estrias. O material foi organizado e
ordenado de acordo com o seu conteúdo e finalmente permitindo analisar os dados e chegar a
conclusões satisfatórias sobre a técnica de carboxiterapia na atrofia linear cutânea.
Para a busca, foram utilizadas ainda, outras fontes como revistas científicas especializadas,
anais, teses, dissertações e livros relacionados.
Os critérios de inclusão foram artigos que versam: a temática correspondente ao
reconhecimento da fisioterapia dermatofuncional e seus recursos terapêuticos, em foco a
utilização e resultados da carboxiterapia nas patologias da pele, seu histórico e indicações,
bem como estudos a respeito da atrofia linear cutânea e seu tratamento convencional. Dessa
forma, foram incluídos trabalhos com abordagem direta e indireta do tema, incluindo artigos
originais e artigos de revisão.
4. Resultados e Discussão
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de demonstrar a importância da fisioterapia
dermatofuncional com o uso da carboxiterapia no tratamento das estrias, sendo demonstradas
pesquisas científicas que comprovam ou não a eficácia desse recurso.
A fisioterapia dermatofuncional é referida como responsável pela manutenção da integridade
do sistema tegumentar como um todo, incluindo as alterações superficiais da pele. A
responsabilidade do fisioterapeuta está não somente em manter e promover a ótima função
física, mas também o bem estar e a qualidade de vida (MILANI et al., 2006).
A carboxiterapia por ser uma técnica acessível, de ampla indicação terapêutica, baixo custo,
poucos efeitos adversos, e pequeno índice de complicações fatais, fez com que ganhasse
popularidade tornando-a cada vez mais utilizada em patologias inflamatórias e procedimentos
estéticos. (COSTA et al., 2011).
Quanto à incidência, as atrofias lineares cutâneas são encontradas em ambos os sexos. O seu
período de surgimento pode variar, ocorrendo principalmente entre as idades de 10 a 16 anos
para o sexo feminino, onde a incidência dentro desses grupos etários indica um intervalo de
21% a 72% (GUIRRO E GUIRRO, 2004).
Na maior parte das literaturas pesquisadas sobre o processo de reparo tecidual em estrias,
estas são tidas como lesões irreversíveis. Essa irreversibilidade está embasada em exames
12
histológicos, que mostram redução no número e volume dos elementos da pele, com
rompimento de fibras elásticas, pele delgada, redução da espessura da derme, com fibras
colágenas separadas entre si. No centro da lesão há poucas fibras elásticas, enquanto na
periferia estas, encontram-se onduladas e agrupadas (LIMA e PRESSI, 2007).
A carboxiterapia gera inflamação, levando um processo de reparação tecidual
econsequentemente estimula produção de fibroblastos, elastoblastos e angioblastos por meio
do trauma mecânico da agulha e do gás. É indicado para todo tipo de estrias, relata também
que quanto mais tempo permanecer esse eritema a resposta trófica do organismo será melhor.
Não há um volume máximo estipulado para a infusão, deve se respeitar intervalo entre as
sessões de pelo menos 21 dias, pois é o tempo em que o colágeno leva para se formar e
maturar. (SCORZA E JAHARA, 2010).
Conclusão
Nesse estudo observou-se que a carboxiterapia no tratamento da atrofia linear cutânea –
estrias é um método bastante utilizado, apesar de não se ter protocolos definidos são certos
afirmar que o método traz melhora ao aspecto da pele tratada. A carboxiterapia tem sido
bastante eficaz, uma técnica capaz de amenizar a aparência de um tecido estriado ou até
mesmo recuperá-lo. Esses resultados são possíveis devido ao efeito fisiológico do gás dióxido
de carbono no tecido infundido através de uma agulha, estimulando a síntese de colágeno e
elastina, aumentando o aporte sanguíneo e causando um leve processo inflamatório local,
proporcionando ao paciente bem estar físico, psiquicosocial e melhora da autoestima.
No entanto, literaturas variadas identificam a síntese de colágeno como um processo rápido e
harmônico onde, segundo Guirro e Guirro (2004), tem seu inicio com uma lesão intersticial e
se estende até o final da fase de cicatrização, quando ocorre a remodelação dos tecidos.
Para outros autores, observa-se que, na definição geral, as estrias são consideradas alterações
cutâneas, e correspondem a cicatrizes, indicando, frequentemente, uma lesão na pele
(RODRIGUES, 2004).
Atualmente técnicas seguras e efetivas são encontradas no tratamento das estrias recentes ou
tardias, mesmo que os resultados algumas vezes não alcancem um desaparecimento total das
estrias.
Devido a falta de literaturas relacionadas à acupuntura clássica no tratamento de reparo
tecidual das estrias, torna-se difícil afirmar que esta seria a melhor opção de tratamento,
mesmo acreditando em sua eficácia.
É possível reverter o quadro de estrias através da acupuntura, no entanto, constata-se que
existe uma carência significativa de obras que contemplem este objeto de estado.
13
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