Conceito de Direitos Fundamentais
Dificuldades de conceituação em razão:
• Perspectiva histórica e social em que são observados;
• Fundamento absoluto sobre o qual respaldá-los;
• Mutabilidade histórica dos Direitos Fundamentais;
• A existência de direitos diversos e muitas vezes até
mesmo conflitantes entre si;
• Preocupação filosófica, sociológica e política, e não
apenas jurídica
• Diferença entre Direitos do Homem, Direitos Humanos e
Direitos Fundamentais
Distinção entre:
Direitos do Homem (concepção jusnaturalista)
Direitos Humanos (previsão em tratados internacionais)
Direitos Fundamentais (previsão de determinado ordenamento-jurídico)
Conceito de Direitos Fundamentais
José Afonso da Silva
“aquelas prerrogativas e instituições que o ordenamento
jurídico concretiza em garantia de uma convivência digna,
livre e igual de todas as pessoas. No qualificativo
fundamentais acha-se a indicação de que se trata de
situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se
realiza, não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive” (p.
163-164, 1992)
Jorge Miranda
“os direitos ou as posições jurídicas subjetivas das pessoas
enquanto tais, individual ou institucionalmente consideradas,
assentes na Constituição, seja na Constituição formal, seja
na Constituição material”
Konrad Hesse
“aqueles que visam à criação e manutenção dos
pressupostos elementares de uma vida na
liberdade e na dignidade humana”
“são aqueles que o direito vigente qualifica como
tais”
Carl Schmitt
“são aqueles que recebem da Constituição um
grau mais elevado de garantia ou de segurança,
ou são imutáveis ou de mudança dificultada.”
Ingo Wolfgang Sarlet
“os direitos fundamentais, ao menos de forma geral, podem
ser considerados concretizações das exigências do princípio
da dignidade da pessoa humana.”
(SARLET, Ingo Wolfgang. Eficácia dos Diretos Fundamentais. .
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p.110.)
Segundo Bobbio:
"quanto mais aumentam os poderes dos
indivíduos, tanto mais diminuem as
liberdades dos mesmos indivíduos." (1992,
p. 21)
Conceito e Natureza de Direitos Fundamentais
DIREITOS FUNDAMENTAIS:
são aqueles considerados indispensáveis à pessoa,
necessários para assegurar a todos uma existência digna,
livre e igual (Direito à vida, liberdade, igualdade, etc).
Não basta o Estado reconhecê-los formalmente
(Título II CF/88).
O Estado deve buscar concretizá-los.
Conceito e Natureza de Direitos Fundamentais
Direitos Fundamentais são direitos da pessoa, direitos que a
pessoa possui em face do Estado.
Posição jurídica subjetiva das pessoas enquanto consagrada
na CF/88.
Não excluem quaisquer outros constantes nas leis e regras
de Direito Internacional.
Conceito e Natureza de Direitos Fundamentais
Sistemática adotada pela CF/88: termo “Direitos Fundamentais” é
gênero, abrangendo as seguintes espécies:
• Direitos individuais
• Direitos Coletivos
• Direitos Sociais
• Direitos Difusos
• Direitos Políticos
CF/88 inseriu os “Direitos Fundamentais” antes da organização do
Estado, tutelou os direitos coletivos e difusos, impôs deveres ao
lado dos direitos individuais.
Concepção Histórica e Evolução
dos Direitos Fundamentais
Magna Charta Libertatum
Assinada pelo rei João Sem-Terra (Inglaterra, 1215). Documento que foi impostoao Rei pelos barões feudais ingleses, traz previsão de habeas corpus, o tribunaldo Júri, o devido processo legal, a anterioridade tributária, etc.
Revolução Gloriosa e Bill of Rights
(Inglaterra - 1688, entrando em vigor em 1689)
Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia e
Independência das 13 Colônias (1776)
Constituição Federal dos Estados Unidos da América
(assinada pela última colônia em 1787)
Revolução Francesa (1789)
“popularizou” a defesa dos direitos dos cidadãos, como demonstra a declaração de 1791 (Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão).
Concepção Histórica e Evolução
dos Direitos Fundamentais
2 Fundamentos filosófico-jurídicos
Estado de Direito
• Submissão (dos governantes e doscidadãos) ao império da lei;
• Separação de poderes;
• Garantia dos direitos fundamentais
• Segurança Jurídica (previsibilidade)
Dignidade humana.
Concepção Histórica e Evolução
dos Direitos Fundamentais
ESTADO LIBERAL
“Tal como o conceito de Constituição, o conceito de direitos fundamentais surge
indissociável da ideia de Direito liberal. Daí que se carregue das duas
características identificadoras da ordem liberal: a postura individualista abstracta
de (no dizer de Radbruch) um “indivíduo sem individualidade”; e o primado da
liberdade, da segurança e da propriedade, complementadas pela resistência à
opressão. Apesar de todos os direitos serem ou deverem ser (por coerência)
direitos de todos, alguns (maxime o sufrágio) são, no século XIX, denegados aos
cidadãos que não possuam determinados requisitos económicos; outros (v. g., a
propriedade) aproveitam sobretudo aos que pertençam a certa classe;e outros
ainda (o direito de associação, em particular de associação sindical) não é sem
dificuldade que são alcançados.” (Jorge Miranda)
“A concepcao liberal do Estado de Direito servira de apoio aos direitos do
homem, convertendo suditos em cidadaos livres” (José Afonso da Silva)
Concepção Histórica e Evolução
dos Direitos Fundamentais
ESTADO SOCIAL
“Contrapostos aos direitos de liberdade são, nesse século e no século XX,
reivindicados (sobretudo, por movimentos de trabalhadores) e
sucessivamente obtidos, direitos económicos, sociais e culturais − direitos
económicos para garantia da dignidade do trabalho, direitos sociais como
segurança na necessidade e direitos culturais como exigência de acesso à
educação e à cultura e em último termo de transformação da condição
operária. Nenhuma Constituição posterior à primeira guerra mundial deixa
de os outorgar, com maior ou menor ênfase e extensão.” Jorge Miranda
Geração/Dimensão dos Direitos Fundamentais
1. Direitos de Primeira Geração (individuais):
– Direitos de liberdade;
– Direitos individuais;
– Direitos políticos;
– Direitos civis;
– Chamados de ‘direitos negativos’ – contra o Estado
Geração/Dimensão dos Direitos Fundamentais
2. Direitos de Segunda Geração (sociais):
- Direitos sociais;
- Direitos coletivos;
- Direitos econômicos.
- Chamados ‘Direitos Positivos’
• Estado Social, Constituição Mexicana de 1917 e Constituição de
Weiman de 1919.
Geração/Dimensão dos Direitos Fundamentais
3. Direitos de Terceira Geração (desenvolvimento):
- Direitos de solidariedade, fraternidade;
- Direitos difusos, ex.: meio ambiente, consumidor.
4. Direitos de Quarta Geração (evolução política):
- Neoliberalismo – Paulo Bonavides
- Direito à Democracia – Pluralismo
- Direito urbanístico
“A Humanidade parece caminhar a todo vapor, depois de haver dado o
seu primeiro e largo passo”
Geração/Dimensão dos Direitos Fundamentais
5. Direitos de Quinta Geração:
Ex.: Biodireito
6. Direitos de Sexta Geração:
Ex.: Direito informático
CRÍTICA: A expressão “Geração de Direitos” pode induzir sucessão
cronológica e uma suposta caducidade dos direitos de gerações
anteriores.
• Há cumulatividade de direitos e não superação de direitos.
Teoria Objetiva dos Direitos Fundamentais
• Direitos de Primeira Geração:
– Ostentam uma subjetividade;
– Direitos de resistência ou de oposição perante o Estado;
– Direitos negativos (políticos,civis, liberdade)
• Direitos de Segunda Geração:
- Direitos que exigem do Estado prestações materiais nem sempre
resgatáveis por limitação de meios ou recursos por parte do Estado.
- Primeiramente, tiveram juridicidade questionada, sua eficácia era
considerada duvidosa.
Teoria Objetiva dos Direitos Fundamentais
Pensava-se:
• Direitos de Primeira Geração – aplicabilidade imediata;
• Direitos de Segunda Geração – aplicabilidade mediata; dependem de
ações.
Hoje:
• Todos os Direitos Fundamentais têm aplicabilidade imediata (Art. 5º §
1º - CF/88).
• Os Direitos Fundamentais são auto-aplicáveis, não dependem de
ações do legislador para serem exercidos, exceto se a CF/88 assim o
prever.
Teoria Objetiva dos Direitos Fundamentais
• Afasta a subjetividade, sobretudo dos Direitos Fundamentais de 1ª
Geração;
• Os Direitos Fundamentais passam a ter dimensão objetiva;
• Garantia contra arbitrariedades do Estado;
• Garantias institucionais como abertura de caminho para a
universalidade concreta desses direitos. (Art. 5º, LVIII a LXIII CF/88)
• CF/88 Rol NÃO Taxativo dos Direitos Fundamentais → Art. 5º, § 2º
CF/88.
Direito Fundamental:
Norma de conteúdo declaratório
Garantia Fundamental:
Norma de conteúdo assecuratório (assegura direito que se possui)
Ex.: Liberdade de Locomoção (direito de ir e vir e ficar) tem comogarantia o Habeas Corpus (visa assegurar a liberdade de locomoção.
Onde encontramos
direitos e garantias fundamentais?
• CF/88
• Individuais e coletivos (art. 5º da CF)
• Sociais (Art. 6º ao 11 da CF)
• Direitos de Nacionalidade (art. 12 a 13)
• Direitos Políticos (art. 14 e 15)
• Todo texto constitucional
• Encontramos também nos tratados internacionais que o Brasil subscreveu/integra
Tratados Internacionais sobre Direitos Fundamentais
Em regra, os Tratados Internacionais são incorporados no ordenamento
jurídico como normas infraconstitucionais.
O Art. 5º, §2º, em regra, não confere aos direitos individuais
reconhecidos em Tratados supremacia sobre as normas
constitucionais.
EXCEÇÃO: será incorporado como normas constitucionais se
preenchidos simultaneamente (art. 5º, § 3º):
a) Requisito material (conteúdo de Direitos Humanos) +
b) Requisito Formal (aprovado semelhante à Emenda Constitucional: 2
turnos, maioria 3/5. Art. 60, § 2º).
Ex.: Decreto Legislativo 186/08 (Tratado sobre Portadores de
Necessidades Especiais).
Tribunal Penal Internacional
Art. 5º, § 4º: Tribunal Penal Internacional: Tribunal permanente, com
atribuição para julgar indivíduos (ONU) que cometeram crimes contra
a humanidade, crimes de guerra e genocídio.
• Competência subsidiária do Tribunal Penal Internacional: Só julgará
se o Estado não o fizer → Extensão da Jurisdição Nacional
• Penas: Reclusão de até 30 anos ou prisão perpétua
• Como fica a vedação do art. 5º, XLVII, b?
• Para Bittencourt, o dispositivo fere cláusula pétrea → Pena máxima
de 30 anos.
• Para F. Capez a tipificação é de Dir. Internacional Público → Estado
não julgou → Permite prisão perpétua.
Características dos Direitos Fundamentais
a) Historicidade:
Os Direitos Fundamentais são produtos da evolução histórica.
Surgem dos conflitos/contradições da sociedade.
Primeiras limitações ao poder do Estado: Carta Magna -
Inglaterra/1215 → Reconhecia direito aos barões e restringia o
poder do monarca.
Revoluções Francesa/Americana – Século XVIII → Editados os
primeiros enunciados de direitos individuais – Declaração da
Virgínia de 1776 e Declaração dos Direitos do Homem de 1789.
Características dos Direitos Fundamentais
b) Universalidade:
Todas as pessoas têm Direitos Fundamentais que devem
ser respeitados.
Características dos Direitos Fundamentais
d) Limitabilidade
Os Direitos Fundamentais não são absolutos, podendo ser limitados
quando houver colisão aparente entre eles.
Ex: Princípio da ponderação:
• Direito da informação x liberdade de imprensa
• Direito de Imagem x Intimidade
• Direito à vida x Dignidade/Integridade
Características dos Direitos Fundamentais
e) Inalienabilidade:
• Os Direitos Fundamentais são intransferíveis.
Ex: cessão de uso de imagem.
f) Irrenunciabilidade:
• Não se pode renunciar o exercício dos Direitos Fundamentais.
• Renúncia é ato jurídico unilateral de abdicação de direitos.
Ex: abrir mão do direito ao nome.
Características dos Direitos Fundamentais
g) Imprescritibilidade:
• Os Direitos Fundamentais não deixam de ser exigíveis em
razão da falta do uso.
• A não-defesa não significa a supressão do direito.
• Ex. Jornal publica a imagem na cena do crime.
Características dos Direitos Fundamentais
h) Constitucionalização
i) Aplicação Imediata?
j) Vinculabilidade do:
• Porder Executivo
• Poder Legislativo
• Poder Judiciário
Funções dos Direitos Fundamentais
Direitos de Defesa
Direitos de Prestação
Direitos de Prestação Jurídica
Direitos de Prestação Material
Direitos de Participação
#Ambivalência dos Direitos Fundamentais#
Dimensões dos Direitos Fundamentais
Dimensão Subjetiva
- Possibilidade de dar causa a uma pretensão de dar ou fazer,
buscar um direito;
- Produzir efeitos sobre certas relações jurídicas
- Âmbito de discussão do direito
- Exigência de uma ação negativa ou positiva
Dimensões dos Direitos Fundamentais
Dimensão Objetiva
- Dir. Fundam. como princípio básico
- Limite e diretriz da atuação estatal
- Dir. Fundam. como bem a ser tutelado e fomentado
- Implicam num dever
- Reforçar a Dimensão Subjetiva
“Não só intervir no bem, mas garantir efetividade”
(Paulo Gonet)
Titularidade dos Direitos Fundamentais
Todos os seres humanos!
Pessoa Jurídica é titular?
Ex.: Nestlé
Pessoa Jurídica do Estado?
Ex.: INSS ou Prefeitura
#Limitação em relações especiais de sujeição#
Destinatários dos Direitos Individuais e Coletivos
Art. 5º, caput: Destinatários são os brasileiros natos ou naturalizados e
estrangeiros residentes no país.
E os estrangeiros não residentes ?
E os Apátridas?
• Apátridas: pessoas que não possuem pátria. Ex: filho de um casal
originário de país que só adota o critério da territorialidade, nascido
no estrangeiro em um país que só reconhece a consangüinidade –
ele não possuirá a nacionalidade dos genitores, nem do país em que
nasceu.
• Todas as pessoas são titulares de Direitos Fundamentais
Eficácia dos Direitos Fundamentais
• Eficácia vertical – Estado x Particular : aplicação dos direitos
fundamentais nas relações Estado e particular. Ex.: isonomia
concursos públicos.
• Eficácia horizontal – Particular x Particular
As pessoas são completamente livres para contratar ou há limites ético-
jurídicos nas relações privadas?
Em uma entrevista de emprego o particular deve contratar,
necessariamente, o candidato melhor qualificado?
Eficácia dos Direitos Fundamentais
• Caso Lüth (1958):
Lüth (judeu, presidente do clube de imprensa) boicotou um filme (Amada
Imortal) dirigido por um cineasta (Veit Harlan) que defendia nazismo na
época do holocausto. Sentindo-se prejudicado, Veit Harlan, juntamente com
os empresários que investiram no filme, ingressaram com ação judicial
alegando que a atividade de Eric Lüth violava o Código Civil Alemão.
Sustentaram que todo aquele que causa prejuízo deve cessar o ato danoso
e reparar os danos causados. A tese prevaleceu em todas as instâncias
ordinárias. Eric Lüth não se conformou. Ora, pensava ele, a Lei Fundamental
alemã não garante a liberdade de expressão? Por que eu estou sendo
punido, já que eu nada mais fiz do que manifestar uma opinião? E, com base
nisso, recorreu para a Corte Constitucional alemã. O Tribunal Constitucional
Alemão julgou procedente as alegações de Lüth, afirmando que naquele
caso concreto deveria preponderar a liberdade de expressão.
Eficácia dos Direitos Fundamentais
• Conclusões:
a) Os direitos fundamentais não se aplicam somente nas relações
Estado x Indivíduo, mas também nas relações Indivíduo x Indivíduo.
b) numa relação entre particulares havendo colisão entre os direitos
fundamentais deve-se resolver o conflito através da técnica da
ponderação ou balanceamento.
Os direitos fundamentais foram concebidos originariamente como
instrumento de proteção dos indivíduos contra opressão do Estado,
mas hoje também são uma ferramenta de conformação que orienta
as relações entre os particulares.
Sujeito Passivo de Direitos Fundamentais
PODER PÚBLICO (ESTADO)
PARTICULARES
Eficácia Imediata e direta dos direitos fundamentais
- Desfrutando poder social
- Em situação de supremacia de fato ou de direito (§1º, art. 5º)
Teoria da eficácia mediata ou indireta
- Maior densidade ao princípio da autonomia da vontade e do livre
desenvolvimento da personalidade
- Indevida intromissão do Estado na vida privada
EXEMPLOS.:
Interpretação de clausulas gerais/ conceitos jurídicos indeterminados/
Ampla defesa para punição de integrante de entidade privada
Limitações aos Direitos Fundamentais
Nascem da existência de outros direitos/princípios que podem conflitar entre si, apontando-se assim para a necessidade de se observar e definir onde, quando e como um direito fundamental
sofrerá limitações
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), em seu artigo 29, § 2º,
enuncia que:
“no exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às
limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem, e de satisfazer às
justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
democrática.”
Limitações aos Direitos Fundamentais
Segundo Canotilho verificam-se limitações:
quando se define o seu próprio âmbito de incidência, delimitando-se
o seu objeto e conteúdo principais, quando se configuram restrições
constitucionais diretas ou imediatas, diretamente estabelecidas pelas
normas constitucionais;
através de leis restritivas, originárias da autorização constitucional
para que o legislador defina ou moldure os contornos do direito;
através do exame do caso concreto, pelo qual o Judiciário buscará
uma solução para o conflito.
Limitações aos Direitos Fundamentais
Algumas Limitações:
Liberdade de expressão
Proibição ao anonimato (Art. 5º, IV)
Respeito a valores éticos e sociais (Art. 220, §3º, II)
Propriedade
Função Social
Licitude de sua utilização
Requisição
Limitações aos Direitos Fundamentais
Para desvendar quais os limites ou limitações que os
direitos fundamentais podem sofrer, faz-se necessário
compreender:
Âmbito de Proteção
“Parcela da realidade definida pelo constituinte como objeto
especial de proteção”
Limitações aos Direitos Fundamentais
Âmbito de Proteção
Irá apontar qual o objeto e bem protegido por um
Direito Fundamental
Amplitude dessa proteção
Quais restrições da CF/88 e reservas legais de índole
restritiva
Contra que tipo de agressão ou restrição se dá essa
proteção
Limitações aos Direitos Fundamentais
Âmbito de Proteção
“Quanto mais amplo o âmbito de proteção, mais
restrições existirão para o Estado frente ao particular”
“Quanto menos amplo o âmbito de proteção, menores
serão as possibilidades de conflito entre o Estado e os
particulares/indivíduo”
E quem determina o âmbito de proteção?
Limitações aos Direitos Fundamentais
Poder Legislativo
Definição em alguns casos, do âmbito de proteção ,
amplitude e conformação, exercício do seu poder de
conformação.
Poder Executivo
Implementação de Políticas Públicas, vinculação à lei ou
discricionariedade administrativa (oportunidade e
conveniência)
Poder Judiciário
Controle judicial de atos administrativos e
constitucionalidade das normas, análise do caso concreto
Obs.: Há competência do STF para tal delimitação?
Limitações aos Direitos Fundamentais
Poder de Conformação do Legislativo
Não é uma faculdade/poder ilimitado de dispor dos
direitos fundamentais;
Não pode haver a aniquilação da efetiva proteção;
Especificação da amplitude da proteção e sua
adequação a realidade social;
Estabelecer restrições ao exercício de certos direitos;
“Direitos, lieberdades, poderes e garantias são
passíveis de limitações ou restrições”
Limitações aos Direitos Fundamentais
Restrições Diretamente Constitucionais (expressas)
Restrições Indiretamente Constitucionais (cláusulas
de reserva)
Restrições Implícitas
Limitações aos Direitos Fundamentais
Limites Imanentes (Limites dos Limites)
Permanentes, inseparáveis de um ser
Balizam a ação do legislador quando este restringe
direitos fundamentais
Limitam o limitador e impedem a anulação de direitos
Decorrem da atenção a:
Proteção ao Núcleo Essencial
Direito Fundamental Limites e Restrições
Âmbito de ProteçãoLimites Imanentes
Núcleo Essencial de um Direito Fundamental
Direito Fundamental
Núcleo Essencial de um Direito Fundamental
Espaço de livre intervenção estatal;
Insuscetível de limitação
Identificado - ponderação entre meios e fins (proporcionalidade)
A ser definido casuisticamente
Insuscetível de restrição ou redução
Observação no tocante à Limitação dos Direitos Fundamentais
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE (VEDAÇÃO AO EXCESSO)
VEDAÇÃO A RETRIÇÕES CASUÍSTICAS
Conflitos entre Direitos Fundamentais
• Técnicas:
a) Harmonização ou concordância prática: é a tentativa de
harmonizar os interesses em jogo. Há um pequeno sacrifício de um
direito em favor de outro que também merece ser tutelado.
• Ex: assassinato de militar na Alemanha: 5 pessoas condenadas a
prisão perpétua e 1 pessoa condenada a reclusão por 6 anos. Uma
produtora de filmes resolve fazer um documentário sobre o caso,
utilizando a imagem dos assassinos. A pessoa que estava detida iria
ser libertada e alegou a divulgação do filme iria prejudicar a sua
ressocialização. O filme foi feito, mas sem a imagem/nomes
verdadeiros.
Eficácia dos Direitos Fundamentais
• Técnicas:
b) Ponderação de valores: prevalência de um direito sobre o outro. A
ponderação deve ser proporcional (atingir o fim almejado); ser
suficiente para proteger o direito fundamental escolhido de modo
que as vantagens superem as desvantagens (proteção ao núcleo
essencial dos Direitos Fundamentais).
• A Lei não pode restringir um direito a tal ponto que afete seu
conteúdo mínimo essencial.
Ex: Lei de crimes hediondos previa cumprimento da pena integralmente
em regime fechado. O STF entendeu que a progressão de regime
visa à ressocialização.
A não-progressão do regime poderia ferir o princípio da individualização
da pena (Art. 5, XLV)
Direito à Vida
Direito à vida
• Principal direito individual.
• O exercício dos demais direitos depende de sua existência. Inclui o
direito de:
• Nascer
• Permanecer vivo
• Defender a própria vida
Direito à Vida
Direito à vida
• A CF/88 não define quando começa a vida – Art. 2º CC.
Qual o momento inicial da vida?
• Com a concepção?
• D.I.U (dispositivo intrauterino), pílula seriam abortivos
• Com a nidação?
• Desta forma o aborto seria inconstitucional em todas as suas formas.
Direito à Vida
Aborto
• A realização do aborto é admitida em duas hipóteses: risco de vida
para gestante e gravidez resultante de estupro. (Art. 128 CP).
• STF: Discussão de aborto de fetos anencefálicos (sem cérebro).
Caso Gabriela, 18 anos, grávida → TJ/RJ autorizou o aborto. STJ
cassou a decisão. Mérito a ser julgado peloSTF.
• PONDERAÇÃO: vida extra-uterina inviável x Liberdade/Autonomia
privada/dignidade da mulher.
Direito à Vida
Pesquisa com células tronco
• Lei 11.05/05: autorizou pesquisa com células-tronco (células de
embrião que conseguem se transformar em qualquer tecido do
organismo) caso os embriões sejam inviáveis ou estejam congelados
há mais de 3 anos.
• PGR ingressou com Adin – embrião congelado é uma vida a
caminho?
• STF definiu que a Lei era constitucional: Proteção jurídica do
nascituro pode variar conforme a evolução da sua complexidade
biológica.
Direito à Vida
Pena de morte
• Vedada pela CF/88, salvo em caso de guerra declarada (Art. 5º,
XIVII) . Guerra da pena de morte é declarada pelo Presidente da
República contra país estrangeiro (Art. 84 XIX). Não basta estado de
guerra civil!
Diminui a criminalidade? E se houver erro judiciário?
CP Militar tipifica crimes de guerra:
Traição Favorecimento Fuga Espionagem
A pena de morte será executada por fuzilamento. (Art. 56 CPM)
Direito à Vida
Pena de morte
• Curiosidade: Último cidadão executado no Brasil (fonte: Wikipedia)
Manuel da Mota Coqueiro entrou para a história como o último indivíduo condenado
à pena de morte no Brasil, acusado de mandar matar Francisco Bennedito da
Silva e sua família.
Após sua execução em 6 de março de 1885 por enforcamento, foi descoberta sua
inocência, fato que fez com que o então imperador Dom Pedro II convertesse
todas as sentenças de morte em prisão perpétua. A sua execução ocorreu às 2
horas da tarde e, ao ser indagado por sua última vontade, gritou com voz
trêmula que era inocente e jogou uma maldição sobre a cidade, que "teria 100
anos de atraso pela injustiça que estava sendo feita a ele".
Após isso, seu corpo foi posto a pender no vazio e, como não se ouviu seu pescoço
quebrar, o carrasco subiu nele colocando os pés em seus ombros e forçou até
que se ouvisse o alto estalar da coluna vertebral se rompendo.
Direito à Vida
Venda de órgãos
• CF/88 veda comercialização de órgãos e tecidos (Art. 199, §
4º) Respeito ao corpo humano Bens fora do comércio
Lei 9.434/97: autoriza doação de órgãos após a morte
• A doação de sangue/órgãos/tecidos em vida é válida.
Direito à integridade física e moral
Direito à integridade física (Art. 5º, III, XLII, XLIX CF/88)
• Não basta garantir o direito à vida, deve-se assegurá-lo com
qualidade e dignidade.
• É proibida a tortura no Brasil.
• Direito à integridade moral (art. 5º, V, X)
Auto-estima, reputação social e pessoal e social são protegidos.
Aspectos imateriais: honra, moral, imagem
Direito à autonomia da vontade
Respeito à autonomia da vontade
• Faculdade de tomar decisões de acordo com seus interesses e
preferências. Direito de autodeterminação (religiosa, profissional,
associação, etc).
• EUA, 1965: caso Griswold x Connecticut o Estado não pode proibir a
venda de anticoncepcionais. Os casais são livres para fazer o
planejamento familiar. Art. 226, §7º.
• EUA, 2003: Laurence x Texas foi anulada a Lei que punia
criminalmente o homossexualismo. A sexualidade é opção íntima.
• O Estado, ao limitar a autonomia, deve observar a legalidade (Art. 5º, II).
Contravenções que não afetam bens/pessoas (vadiagem/mendicância,
Art. 59 LCP), no âmbito da autonomia da vontade são vistos com
desconfiança.
Direito à igualdade ou isonomia
Direito à igualdade ou isonomia
• Art. 5º caput “Todos são iguais perante a Lei” c/c Art. 5º, I; Art. 3º, III;
Art. 5º, XLII.
• Dever ético-jurídico de respeito ao outro → vedações de
discriminações absurdas.
• O princípio é lesado quando o elemento discriminador não se
encontra a serviço de uma finalidade.
Direito à igualdade ou isonomia
• Princípio da Igualdade opera em 3 planos:
a) Frente ao Legislador/Executivo na edição de atos normativos (impede a
criação de tratamentos diferenciados a pessoas que estão em situações
idênticas – igualdade na lei).
b) Frente ao aplicador da Lei (aplicar as normas legais de maneira igualitária.
Igualdade perante a lei – proibição de tratamento seletivo ou discriminatório).
Tratamentos normativos diferenciados são compatíveis com a CF/88 quando há
uma finalidade proporcional ao fim visado (políticas afirmativas).
c) Frente ao particular (não pode praticar atos preconceituosos, sob pena de
responsabilidade civil e penal. Dever de não discriminar) Ex: Demissão de
portador de HIV, crime de racismo, etc.
Direito à igualdade ou isonomia
Há dois tipos de discriminação:
• Discriminação negativa – desrespeita/preconceito
Prejudica quem precisa de ajuda estatal e beneficia quem não precisa
dessa ajuda
• Discriminação positiva – dever de igualizar
Adoção de medidas afirmativas para ajudar pessoas em desvantagem.
CF/88 proíbe discriminação desproporcional.
Tratamento desigual deve ser justificado, pautado na proporcionalidade.
Lei pode estabelecer discriminações desde que justificadas.
Ex.: idades diferentes para aposentadoria de homens e de mulheres.
Direito à igualdade ou isonomia
Exemplos:
Súmula STF 683: limite de idade para inscrição em concurso público é
legítimo quando justificada pela natureza do cargo.
• STF: no concurso para escrivão de polícia (cargo administrativo) , é
desproporcional exigir altura mínima, exigível para agente de polícia.
• Mulheres nas forças armadas.
• “Igualdade não é dar a cada um na razão do que vale, mas a atribuir
o mesmo a todos, como se todos equivalessem.” Rui Barbosa.
Direito à igualdade ou isonomia
• Proteção da igualdade:
- Dever de respeito (Estado não pode discriminar);
- Dever de proteção (Estado não permite que particulares
discriminem);
- Dever de promoção (Estado adota medidas compensatórias para
permitir que grupos desfavorecidos socialmente possam concorrer
em igualdade de condições).
Direito à igualdade ou isonomia
Exemplos de ações afirmativas:
• Percentual de vagas para deficientes em concursos;
• 30% dos membros de partidos políticos devem ser do sexo feminino;
• Cotas para negros em universidades;
• Meia-entrada para estudantes;
• Transporte gratuito para idosos;
• Isenção de IPI na compra de carros por deficientes.
• Discriminação positiva é permitida para compensar desigualdades
sociais, ajudando os menos favorecidos a ascender socialmente.
Mas a medida deve ser provisória, para que não gere dependência e
comodismo.
Direito à Liberdade
Direito à Liberdade
“Liberdade: palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém
que explique e ninguém que não entenda.” Cecília Meirelles.
Relacionada com a autonomia da vontade.
a) Liberdade de Locomoção – Art. 5º, XV, LXI CF/88
• Direito de ir e vir e permanecer.
• Violação do Direito de Locomoção: remédio constitucional é o
Habeas Corpus Art. 5º, LXVIII.
• Locomoção não é um direito absoluto, pode ser limitado. Ex: sinais
de trânsito, interdição de ruas.
Direito à Liberdade
b) Liberdade Religiosa
• A Constituição Imperial de 1824 estabelecia a religião católica como
religião oficial.
• Constituição de 1891 – Brasil é um país laico, não possui religião
oficial. (vide Art. 19, I CF/88)
• Liberdade de crença: Art. 5º, VI: Estado não deve intrometer nas
crenças pessoais, nem pautar suas decisões por razões religiosas.
• O Preâmbulo da CF/88 menciona Deus! Mas isso não significa que o
ateu/agnóstico não está tutelado!
Direito à Liberdade
A Questão do Crucifixo na Alemanha:
Em 10 de agosto de 1995, Corte Suprema anunciava que a presença de
crucifixos nas paredes das salas de aula fere o princípio da liberdade
religiosa na Alemanha. O conflito sobre o crucifixo começara em fevereiro
de 1991. Um casal, cuja filha de dez anos freqüentava uma escola em
Bruckmühl, na Baviera, prestou queixa à direção do colégio. O motivo: o
crucifixo sobre o quadro negro. Afinal, a filha deveria ser educada numa
perspectiva ideológica neutra, argumentaram os pais. A direção não aceitou
a justificativa e manteve a cruz. O casal levou o caso ao Tribunal
Administrativo de Regensburg. O requerimento foi rejeitado. Os pais da
menina recorreram. Mais de quatro anos depois, o Tribunal Federal
Constitucional declarou que a instalação de crucifixos nas salas de aula das
escolas públicas fere a Lei Fundamental. "O uso de crucifixos nas salas de
aula ultrapassa o limite da orientação ideológica e religiosa na escola",
sentenciou a corte suprema da Alemanha.
Direito à Liberdade
• CNJ (2007): símbolos religiosos em Fóruns, Tribunais, escolas e
repartições públicas não fere separação Estado x Igreja.
• Os símbolos são parte da cultura brasileira, sem potencial lesivo
para outras religiões.
• Aguardamos decisão do STF: se ele seguir a laicidade à risca, o STF
deve proibir as cruzes, pois o mesmo tratamento não é dado a outras
religiões.
Direito à Liberdade
c) Liberdade de profissão – Art. 5º, XIII C/C 170, Parágrafo único
• Direito de escolher a atividade profissional, ressalvadas as
exigências legais. Ex.: médico (CRM), advogado (OAB), engenheiro
(CREA).
• As leis estaduais não podem criar restrições ao exercício das
atividades profissionais. Tem que ser sempre lei federal (Art. 22,
XVI).
• Decisão do STF suspendeu a exigência de diploma para jornalista
alegou-se que a atividade não requer qualificações técnicas
específicas para a proteção da coletividade.
Direito à Liberdade
d) Liberdade de Associação e de Reunião (Art. 5º, XVI, XVII, XVIII,
XIX, XX)
• O Estado não deve, em princípio, interferir na liberdade de escolha
das relações pessoais e na rede de relacionamento.
• O direito de associação tem dupla dimensão:
• Positiva direito de associar
• Negativa direito de não se associar ou de ser obrigado a filiar-se.
• A Constituição só tutela as associações lícitas e pacíficas (sem
armas).
Direito à Liberdade
d) Liberdade de Associação e de Reunião
“Lealdade, respeito, e solidariedade acima de tudo ao Partido (...)
Aquele que estiver em Liberdade "bem estruturado" mas esquecer de
contribuir com os irmãos que estão na cadeia, serão condenados à
morte sem perdão.
O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a
semente do Comando se espalhou por todos os Sistemas
Penitenciários (...). Em coligação com o Comando Vermelho - CV e
PCC iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço
armado será o Terror "dos Poderosos" opressores e tiranos.”
• O PCC que controla o crime organizado em São Paulo não pode
invocar a liberdade de reunião para justificar sua existência.
Direito à Liberdade
d) Liberdade de Associação e de Reunião
• Art. 5º, XVI: “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;”
• Liberdade de reunião ligada a valores democráticos, já que a
vontade política se forma também através de manifestações
públicas.
Direito à Liberdade
e) Liberdade de Expressão (Art. 5º, IV, IX)
• Livre circulação de idéias (discursos, arte, desenhos, sátiras, etc)
• Regime Militar → havia censura → CF/88 busca evitá-la (Art. 220, § 1º,
2º )
• Tem que atender uma finalidade social (STF autorizou sátiras e humor
em época de eleição)
• Queimar a bandeira nacional nos EUA é visto como liberdade de
expressão.
• No Brasil, é contravenção (Lei 5.700/71, Art. 31) usar a bandeira como
roupa, revestimentos, mas esta norma não tem eficácia social.
Direito à Liberdade
e) Liberdade de Expressão (Art. 5º, IV, IX)
• A liberdade de expressão alcança também a publicidade de
produtos, mas o Estado pode também restringir a publicidade.
Art. 220, §3º, I, II e §4º CF/88.
• Lei 9.294/96 trata da publicidade de cigarros e bebidas alcoólicas.
• STF cedeu ao lobby das cervejeiras ao considerar como ‘bebida
alcoólica’ apenas aquelas com teor de álcool superior a 13 graus
Gay-Lussac.
• O Estado restringe a circulação/comercialização de material
pornográfico (Lei 8.069/90, Art. 78), a fim de proteger o público
infantil.
Direito à Liberdade
e) Liberdade de Expressão (Art. 5º, IV, IX)
• Partido Nazista, Ku-Klux-Klan → incitação ao ódio racial. Suprema
Corte Americana entende que os atos desses partidos/associações são
protegidos pela liberdade de expressão.
• Brasil → Esses tipos de partidos/associações ferem a igualdade e
dignidade humana → a liberdade de expressão deve engrandecer a
democracia.
Direito à Liberdade
e) Liberdade de Expressão
• Art. 5º, XIV “é assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional” – SIGILO DA FONTE.
• O jornalista não pode ser obrigado a informar suas fontes e o seu
silêncio não pode ser sancionado. Visa assegurar a liberdade de
imprensa.
Direitos da Personalidade
01. Honra, Imagem, Privacidade, Intimidade:
• Estado não deve se intrometer, indevidamente, na vida pessoal dos
indivíduos. Direito de buscar a tranqüilidade, de não ter a vida íntima
devassada.
• Art. 5º, IV: LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO
• Vedado o anonimato, em decorrência da responsabilização por
danos causados e, inclusive, por ser assegurado o direito de
resposta
• Pseudônimo ≠ anonimato.
Direitos da Personalidade
• Art. 5º, V: DIREITO DE RESPOSTA
• Direito de resposta objetiva permitir, no mesmo espaço onde foi publicada
a ofensa, o direito de a vítima manifestar sua versão para os fatos.
• Às vezes, o mero direito de resposta não recompõe a reputação da
vítima. CF/88 previu indenização por dano moral, material ou à imagem.
• Dano moral: aquele que causa sofrimento ou impacto negativo sobre sua
reputação (honra objetiva) ou auto-estima (honra subjetiva).
• Dano material: aquele que causa prejuízo financeiro ou patrimonial.
• Dano a imagem: Indenizável por si só, mesmo que não haja violação à
honra do retratado. Súmula STJ 37: São cumuláveis as indenizações por
dano moral e material decorrentes do mesmo fato.
Direitos da Personalidade
• DIREITO À IMAGEM:
• CF/88 protege a imagem de todas as pessoas de modo geral, mas com
diferentes níveis de intensidade.
• Pessoas famosas, por naturalmente estarem mais expostas, entende-se
que uma foto em local público possa ser publicada livremente, sem o seu
consentimento, desde que não fira a reputação e não tenha fins
lucrativos. Políticos estão sujeitos a maior fiscalização pública, por
exemplo.
Se a matéria em um jornal, p. ex., for falsa, há o direito de resposta +
indenização, independentemente de se demonstrar a má-fé do jornal.
A má-fé é importante para majorar a indenização, mas não é pressuposto
para o reconhecimento do direito à reparação.
Direitos da Personalidade
• Caso Glória Pires e Família
• A atriz Glória Pires e seu marido Orlando Morais (compositor) foram vítimas
de um dos mais lamentáveis boatos no cenário artístico brasileiro. Diversos
meios de comunicação espalharam que o referido casal estaria se separando,
pois a filha da atriz (a também famosa Cléo Pires), na época com apenas
dezesseis anos, estaria tendo um caso com Orlando Morais. A mentira se
espalhou rapidamente, causando um sério constrangimento para a família.
Depois de tudo haver se esclarecido, Glória, Cléo e Orlando ingressaram com
ação de indenização contra os meios de comunicação que espalharam a
notícia e ganharam. A indenização fixada pelo TJRJ foi de R$ 200.000,00
para Glória Pires, R$ 100.000,00 para Orlando Morais e de R$ 300.000,00
para Cléo Pires.
Direitos da Personalidade
• Caso Cássia Kiss
A confusão começou quando a editora Ediouro publicou uma foto da atriz, sem
sua autorização, na capa de duas revistas de palavras-cruzadas. Não era
uma foto constrangedora, mas mesmo assim a atriz ingressou com ação de
indenização, pedindo a reparação dos danos materiais e morais.
O STF concordou com a atriz e reconheceu tanto o dano material quanto o
dano moral.
EMENTA: CONSTITUCIONAL. DANO MORAL: FOTOGRAFIA:
PUBLICAÇÃO NÃO CONSENTIDA: INDENIZAÇÃO: CUMULAÇÃO COM O
DANO MATERIAL: POSSIBILIDADE. Constituição Federal, art. 5º, X. I. Para a
reparação do dano moral não se exige a ocorrência de ofensa à reputação do
indivíduo. O que acontece é que, de regra, a publicação da fotografia de
alguém, com intuito comercial ou não, causa desconforto, aborrecimento ou
constrangimento, não importando o tamanho desse desconforto, desse
aborrecimento ou desse constrangimento. Desde que ele exista, há o dano
moral, que deve ser reparado, manda a Constituição, art. 5º, X. II
Direitos da Personalidade
• 02. Inviolabilidade do sigilo de dados e comunicações
• 2.1. Sigilo de Dados (Art. 5º, X).
• Dados são informações estáticas, como declarações de imposto de
renda, extratos bancários, telefônicos.
• Requisito para a quebra do sigilo de dados: Em tese, seria possível a
quabra sem ordem judicial, já que a CF não a exige. Mas o STF entende
que apenas autoridades judiciárias e CPI’s podem autorizar a quebra.
• As informações obtidas mediante a quebra de sigilo de dados podem ser
usadas para fins não-criminais. Ex.: juiz da vara de execuções pode
quebrar sigilo fiscal ou bancário do devedor.
Direitos da Personalidade
• 02. Inviolabilidade do sigilo de dados e comunicações
• 2.2. Sigilo das Comunicações (Art. 5º, XII).
• Comunicações são informações dinâmicas. Ex: conversas telefônicas,
correspondências, mensagens telegráficas que envolvem mais de uma
pessoa.
• Requisitos para a quebra do sigilo das comunicações: pressupõe
autorização judicial prévia para fins criminais. Entretanto, há julgados que
admitem a interceptação das comunicações escritas por autoridades não-
judiciárias (ex.: violação da correspondência de presos pelo diretor do
presídio, a fim de evitar prática de crimes – Art. 41, XV da LEP).
• A quebra é autorizada para fins criminais, mas, posteriormente, pode ser
utilizada para outros fins → ‘prova emprestada’.
Direitos da Personalidade
• 2.2. Sigilo das Comunicações (Art. 5º, XII).
Quebras do Sigilo:
a) Interceptação telefônica: duas ou mais pessoas conversam ao
telefone e não sabem que a conversa está sendo gravada. ‘Grampo’.
Requisito de validade: ordem judicial fundamentada, para fins criminais.
Ex.: juiz de família não pode autorizar a interceptação telefônica para
elucidar um caso de divórcio.
Lei 9.296/96
b) Interceptação ambiental: duas ou mais pessoas conversam e não
sabem que a conversa está sendo gravada ou filmada.
Requisito de validade: autorização judicial, para fins de investigação de
crimes organizados. Lei 9.034/95.
Direitos da Personalidade
• 2.2. Sigilo das Comunicações (Art. 5º, XII).
Quebras do Sigilo:
c) Gravação telefônica clandestina: duas ou mais pessoas conversam ao
telefone, sendo que uma delas grava a conversa ou consente que
terceiro o faça.
Requisito de validade: em princípio, a conversa pode ser utilizada para fins
não criminais e não é necessária autorização judicial. Ex.: gravação de
conversa de telemarketing.
d) Gravação ambiental clandestina: duas ou mais pessoas conversam,
sendo que uma delas grava/filma a conversa ou consente que terceiro o
faça.
Requisito de validade: não é necessária autorização judicial, e pode ser
utilizada para fins não criminais.
Direito de Propriedade
• Direito de Propriedade (Art. 5º, XXII a XXXI)
• Quando a propriedade é subtraída coercitivamente, o sentimento de
revolta afeta a dignidade do indivíduo.
• Função Social da Propriedade: direito de propriedade não é
absoluto/ilimitado/exclusivo.
• O proprietário deve dar função socioambiental ao seu bem.
Ex: propriedade rural improdutiva pode ser desapropriada para fins de
reforma agrária (Art. 184 CF/88).
Direito de Propriedade
1. Desapropriação:
• É o ato pelo qual o Poder Público toma para si ou transfere para
terceiros bens de particulares, mediante pagamento de justa e prévia
indenização (Art. 5º, XXIV). Hipóteses de desapropriação:
a) Por necessidade pública: emergência; necessidade de realização de
uma atividade essencial do Estado.
b) Por Utilidade Pública: aquela conveniente para a realização de uma
atividade estatal. Decreto-Lei 3.365/41. Ex.: vias públicas, postos de
saúde.
c) Por interesse social: Lei 4.132/62. Aquela conveniente para
progresso social. Ex.: construção de casas populares.
Direito de Propriedade
• Bens que podem ser desapropriados: Bens Móveis, Imóveis, Quotas,
Ações.
• Os únicos bens insuscetíveis de desapropriação são os de caráter
personalíssimo, como o dinheiro.
• Requisitos da indenização:
a) Justa (de forma integral, reparando o prejuízo);
b) Prévia (pagamento feito antes da transferência do bem);
c) Em dinheiro (Exceções: na desapropriação para fins de reforma urbana
Art. 182 § 4º, II o pagamento é feito em títulos da dívida pública; e
desapropriação para fins de reforma agrária Art. 184).
Direito de Propriedade
2. Expropriação da propriedade: quando há o cultivo de plantas
psicotrópicas ilegais (Art. 243). Não há indenização.
3. Requisição (Art. 5º, XXV)
4. Pequena propriedade rural (Art. 5º, XXVI)
5. Direitos de Autor (Art. 5º, XXVII)
• Direitos de autor morais direito à paternidade da obra, de
modificar/manter a sua integridade; direitos de autor patrimoniais
(lucro).
• Plágio: divulgação/utilização de obra alheia como se fosse sua.
• Contrafação: reprodução de obra alheia sem autorização.
Direito de Propriedade
6. Direitos Conexos ao Direito de Autor (Art. 5º, XXVIII)
7. Propriedade Industrial (Art. 5º, XXIX)
8. Direito de Herança (Art. 5º, XXX e XXXI)
Segurança Jurídica
• Restrições aos Direitos Fundamentais só são admitidas com a
observância das Garantias Constitucionais:
a) Princípio da inafastabilidade ou do controle do Poder Judiciário (Art.
5°, XXXV): garante a todos o acesso ao Judiciário.
b) Proibição dos Tribunais de Exceção (Art. 5°, XXXVII). Tribunal de
Exceção é aquele criado especialmente para julgar certos crimes ou
pessoas. Ex.: Tribunal de Nuremberg (julgou nazistas após a 2ª
Guerra).
c) Julgamento pelo Tribunal do Júri em Crimes Dolosos contra a vida
(Art. 5°, XXXVIII). Ex.: homicídio, infanticídio, aborto.
Segurança Jurídica
d) Princípio do Juiz Natural (Art. 5°, LIII): objetiva assegurar o julgamento
por um juiz independente e imparcial.
e) Princípio da Anterioridade da Reserva da Lei Penal (Art. 5°, XXXIX).
f) Princípio da Irretroatividade da Lei Penal mais gravosa (Art. 5°, XL).
g) Princípio da personalização da pena (Art. 5°, XLV).
h) Princípio da individualização da pena (Art. 5°, XLVI).
i) Princípio da proibição de certas penas (Art. 5°, XLVII).
Segurança Jurídica
j) Princípios relativos à execução da pena privativa de liberdade (Art. 5°,
XLVIII, XLIX e L): visam, além da punição, promover a
ressocialização.
k) Restrições à extradição de nacionais e estrangeiros (Art. 5°, LI e LII).
Extradição: ato pelo qual um Estado entrega a outro pessoa acusada ou
condenada pela prática de infração penal.
l) Proibição da Prisão Civil por dívidas ( Art. 5°, LXVII).
m) Devido Processo Legal (Art. 5°, LIV): garantia do cidadão contra
atuação arbitrária do Estado.
Segurança Jurídica
n) Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (Art. 5°, LV): a parte
contrária deve ser ouvida. Oportunidade para defesa, exclarecimento
de direitos.
o) Proibição de Provas Ilícitas (Art. 5°, LVI): ex.: confissão obtida
mediante tortura, interceptações telefônicas não autorizadas.
p) Presunção de inocência (Art. 5°, LVII)
q) Proibição da Identificação criminal de pessoa já civilmente identificada
(Art. 5°, LVIII): ex.: processo datiloscópico. Lei 12.037/09
r) Garantia da legalidade e da comunicabilidade das prisões (Art. 5°, LXI
a LXVI)
Direitos Sociais
• Direitos de conteúdo econômico e social visam melhorar as condições
de vida e de trabalho.
• Capitalismo → Aumento dos conflitos capital/trabalho.
• Intervenção do Estado para proteger as pessoas mais fracas
economicamente.
• Prestações positivas do Estado
• Primeiras Constituições a inserirem os direitos sociais → Mexicana
de 1917 e alemã de Weimar 1919.
• Constituição Brasileira de 1934.
Direitos Sociais
• CF/88, Capítulo II, Título II: Art. 6º ao 11. Exemplos:
• Salário mínimo; Férias; Descanso semanal remunerado;
Aposentadoria; Educação
• Classificação – Direitos Sociais relativos à:
a) Trabalhador (Art. 7º ao 11);
b) Seguridade social (Saúde, Previdência social, Assistência social; Art.
193 a 204);
c) Educação, cultura e esporte (Art. 205 a 217);
d) Criança, família, adolescente, idosos, deficientes (Art. 226 a 230).
• Direitos sociais coletivos: Direito de greve (Art. 9º); Participação em
órgãos colegiados (Art. 10); Representação em empresas com mais
de 200 empregados (Art. 11)
Remédios Constitucionais
• Remédios ou Garantias Constitucionais: são os meios para proteção
dos Direitos Fundamentais.
1. Habeas Corpus (Art. 5º, LXVIII)
Direito Tutelado: liberdade de locomoção.
Pode ser usado tanto em questões criminais como civis (prisão
alimentícia).
Restrições: Art. 142, § 2º e 42, §1º → só caberá HC se a sanção for
aplicada por autoridade incompetente, além dos limites legais e em
desacordo com as formalidades legais.
Remédios Constitucionais
1. Habeas Corpus (Art. 5º, LXVIII)
Impetrante (quem ingressa com HC): qualquer pessoa física ou
jurídica. Não se exige capacidade postulatória (advogados).
Paciente (a favor de quem é impetrado o HC): só pessoa física.
Autoridade Coatora: responsável pela coação ilegal.
Habeas Corpus liberatório: constrangimento já existente.
Habeas Corpus preventivo: ameaça ao direito de ir e vir. Salvo-
conduto.
Habeas Corpus de ofício: concedido pela autoridade judicial.
Remédios Constitucionais
2. Mandado de Segurança (Art. 5º, LXIX, LXX e Lei 12.016/09)
Tutela os direitos individuais líquidos e certos quando há ilegalidade ou
abuso de poder.
Direito líquido e certo → aquele que pode ser comprovado de plano, pela
apresentação de documentos.
• Mandado de Segurança Repressivo: Constrangimento ilegal existente
• Mandado de segurança preventivo: iminência do constrangimento
Remédios Constitucionais
2. Mandado de Segurança (Art. 5º, LXIX, LXX e Lei 12.016/09)
Impetrante: pessoa física/jurídica que esteja sofrendo ou na iminência
de sofrer ilegalidade ou abuso de poder.
Legitimidade passiva: autoridade coatora
Prazo para impetrar o MS: 120 dias contados da ciência do ato. Após
esse prazo, cabe ação ordinária.
Remédios Constitucionais
Mandado de Segurança Coletivo (Art. 5º, LXX)
• Proteção de interesses coletivos.
• Legitimidade processual para órgãos coletivos para defesa dos
interesses de seus membros.
• Na petição inicial, não há necessidade de nominar todos os
beneficiários ou de juntar procuração de todos os membros.
Remédios Constitucionais
3. Mandado de Injunção (Art. 5º, LXXI)
• Pressupostos: falta de norma infraconstitucional que inviabilize direitos
inerentes à cidadania, soberania e nacionalidade.
Legitimidade ativa: pessoa física/jurídica titular do direito.
Legitimidade passiva: pessoa/órgão responsável pela omissão
normativa.
Remédios Constitucionais
4. Habeas Data (Art. 5º, LXXII e Lei 9.507/97)
Direito Tutelado: direito à informação
• Entidades governamentais ou privadas de caráter público se recusam
a prestar as informações solicitadas no decurso de mais de 10 dias
ou se recusa a retificar (corrigir) a anotação no decurso de mais de 15
dias.
Legitimidade ativa: qualquer pessoa física ou jurídica nacional ou
estrangeira.
Legitimidade passiva: entidades governamentais ou pessoas jurídicas
de direito privado que mantenham banco de dados aberto ao público.
Ex.: SPC, Serasa. É ação gratuita.
Remédios Constitucionais
5. Ação Popular (Art. 5º, LXXIII e Lei 4.717/65)
• Pressupostos: condição de eleitor, lesividade e ilegalidade do ato
Legitimidade ativa: cidadão
Legitimidade passiva: pessoas físicas/jurídicas;
autoridades/administradores/funcionários que concorreram para o ato
lesivo; beneficiários do ato.
Ministério Público: substituto processual.
Garantias Constitucionais
7. Direito de Petição (Art. 5º, XXXIV, ‘a’ e Lei 9.265/96)
• Faculdade de formular pedidos a respeito de informações de interesse
particular, coletivo ou geral. Gratuidade.
8. Direito de Certidão (Art. 5º, XXXIV, ‘b’ e Lei 9.051/95)
Certidão é um documento que comprova a existência de um fato e possui
fé pública.
• Obter do Estado certidão para defesa de direitos ou esclarecimento de
situação de interesse pessoal.
Pedido de Certidão → 15 dias para expedir.
Garantias Constitucionais
9. Ação Civil Pública (Art. 129, III e Lei 7.347/85)
Objeto: proteção dos interesses difusos e coletivos.
Legitimidade Ativa: Ministério Público, Defensoria Pública, União,
Estados, Distrito Federal, Municípios, Associações constituídas há,
pelo menos, 1 ano com finalidade de proteção.
Legitimidade Passiva: Estado, pessoa física, pessoa jurídica.
Direitos da Nacionalidade
Nacionalidade é o vínculo jurídico que se estabelece entre um indivíduo
e o Estado.
Cada Estado define quem são os seus nacionais.
Nacionalidade
(modos de aquisição)
Primária ou Originária
(natos)
Secundária ou Adquirida
(naturalizados)
Jus Soli
Jus Sanguinis
(NASCIMENTO)
ATO DE
VONTADE
Direitos da Nacionalidade
1. Nacionalidade Primária
1.1. Jus Soli:
Determina-se a nacionalidade pelo local do nascimento. Adota-se o critério
da TERRITORIALIDADE.
Adota-se o conceito político de território e não o conceito meramente
geográfico (mar territorial, zona econômica exclusiva, navios e
aeronaves com bandeira nacional).
Jus soli é um critério adotado por países novos, que recebem correntes
imigratórias e têm interesse na absorção dos descendentes dos
imigrantes.
Direitos da Nacionalidade
1. Nacionalidade Primária
1.2. Jus Sanguinis:
Determina-se a nacionalidade pela origem de seus ascendentes. Critério
da CONSAGUINIDADE.
São considerados nacionais todos aqueles que possuem ascendentes da
mesma nacionalidade até certo grau.
A nacionalidade fixa-se no momento do nascimento e não no momento da
concepção.
Direitos da Nacionalidade
1.3. Modos de Aquisição da Nacionalidade Primária Brasileira →
Brasileiros Natos:
a) Art. 12, I, a: Jus Soli. Não importa se o estrangeiro esteja de forma ilegal
ou transitória. Exceção: se os pais forem estrangeiros e pelo menos um
deles estiver a serviço de seu país (embaixadores, cônsules,
diplomatas).
b) Art. 12, I, b: Jus Sanguinis. Um dos pais está a serviço do Estado
Brasileiro (abrange autarquias, empresas públicas, sociedades de
economia mista, etc).
c) Art. 12, I, b: Jus Sanguinis + Registro em Consulado brasileiro no exterior
OU Jus Sanguinis + residência no Brasil com opção pela nacionalidade
brasileira
Direitos da Nacionalidade
2. Nacionalidade Secundária:
Naturalização é o ato pelo qual uma pessoa adquire a nacionalidade de
outro país, mediante requerimento expresso.
É ato pessoal : Não estende efeitos sobre cônjuges e filhos já nascidos.
Modos de Aquisição da Nacionalidade Secundária no Brasil: Art. 12, II
Direitos da Nacionalidade
2.1 Modos de Aquisição da Nacionalidade Secundária no Brasil (Art.
12, II):
a) Art. 12, II, a: Naturalização ordinária.
Preenchidos os requisitos legais, a concessão da nacionalidade depende
de ato discricionário do Chefe do Poder Executivo. Ver também Lei
6.815/80, Art. 112 (Estatuto dos Estrangeiros).
b) Art. 12, II, b: Naturalização extraordinária.
Direito subjetivo do interessado, não sujeito ao poder discricionário do
Chefe do Poder Executivo.
Direitos da Nacionalidade
3. Distinções entre brasileiros natos e naturalizados (Art. 12, § 2°):
Somente a CF pode estabelecer distinções
a) Certos cargos são privativos de brasileiros natos (Art. 12, § 3°).
b) Não se admite extradição de brasileiro nato em hipótese alguma
(Art. 5°, LI).
c) Somente brasileiros natos são indicados para o Conselho da
República (Art. 89, VII).
d) Somente brasileiros natos podem ser proprietários de empresa
jornalística e de radiofusão (Art. 222).
Direitos da Nacionalidade
4. Tratado de Reciprocidade com Portugal (Art. 12, § 1°):
‘Quase nacionalidade’.
Não é um regime de dupla cidadania.
Vínculo histórico Brasil/Portugal.
Português com residência permanente requer concessão dos direitos.
Ex.: cargos, empregos, funções públicas (Art. 37, I).
Decreto 70.391/72
Direitos da Nacionalidade
5. Perda da Nacionalidade (Art. 12, § 4°):
a) Art. 12, §4°, I: Não se aplica ao brasileiro nato. Perda necessária.
Exige processo judicial.
Ex.: traição à pátria, demonstrando o naturalizado vínculos mais fortes
com o país de origem.
b) Art. 12, §4°, II: Perda voluntária. Resulta de processo administrativo,
decisão do Presidente da República. Aplica-se ao brasileiro nato.
Pessoa demonstra falta de vínculo com o Brasil, desapreço.
Direitos Políticos
Direitos políticos (Art. 14 ao 16)
• Cidadania vínculo político participar da vontade política do
Estado.
• Cidadania ativa direito de votar
• Cidadania passiva direito de ser votado (art. 14, §3º)
• Sufrágio direito de eleger e ser eleito
• Voto exercício do direito de sufrágio
• Escrutínio modo de exercício do direito de voto (desde votação até
apuração)
• Direitos políticos negativos impedem a participação do cidadão no
processo político
Direitos Políticos
• Plebiscito (Art. 14, I) consulta ao povo antes da aprovação do ato
legislativo, a fim de verificar a viabilidade da elaboração de um ato.
Ex: Art. 18, §3º e 4º.
• Referendo (Art. 14, II) consulta ao povo, após aprovação do ato
legislativo, a fim de ratificar ou rejeitar a medida aprovada. Ex: Lei
10.826/03 – Estatuto do desarmamento.
• Iniciativa Popular (Art. 14, III) 1% do eleitorado nacional,
distribuídos em, pelo menos, 5 estados-membros
Ver também Art. 29, XIII e Art. 61, §2º
Direitos Políticos
• Perda dos direitos políticos (Art. 15, I e V) privação definitiva
• Suspensão dos direitos políticos (Art. 15, II, III e IV) privação
temporária
• Perda e Suspensão de Direitos Políticos de Parlamentar Art. 55, IV e
§ 3º ; Art. 55, VI e § 2º
• Inelegibilidade impedimento de ser votado
• Inelegibilidade absoluta Art. 14, § 4º
• Inelegibilidade relativa Art. 14, § 5º ao 9º
• Partidos Políticos Art. 17