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Passeio ao Farol Virgínia Woolf Virgínia Woolf Jéssica Simone, Silvana Sabino, Simone Rileide

Passeio ao farol - Virgínia Woolf

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Passeio ao

FarolVirgínia Woolf Virgínia Woolf

Jéssica Simone, Silvana Sabino, Simone Rileide

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Passeio ao Farol• Do título original em Inglês de ‘To the lighthouse’• Publicado em 1927• Passeio ao Farol foi o livro produzido mais rapidamente por

Virgínia. Sua escrita e publicação ocorreu em menos de dois anos.• Os personagens Sr. e Srª Ransey são identificados como seus pais,

os Stephen, já que a própria Virginia o admitiu e acreditava que, ao escrever o livro, eliminava seus fantasmas.

• A obra está contextualizada na época Eduardina da Inglaterra (isto é, a primeira década do século XX, o período logo após a Era Vitoriana) e no período que leva até o fim da primeira guerra.

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Virgínia Virgínia WoolfWoolf

•Nasceu no dia 25 de janeiro de 1882, em Londres,;• Terceira entre os filhos do segundo casamento de seus pais, Julia PrincepsDuckworth e Leslie Stephen. • Cresceu em um ambiente literário, numa família de escritores e advogados – do lado paterno – e aristocratas, sendo alguns franceses – do lado materno;•Nunca aceitou o fato de não poder ir à escola por ser mulher enquanto seus irmãos homens gozavam de uma custosa educação em Cambridge.•Ainda na primeira infância, uma catapora que acometeu todas as crianças da casa a atingiu de maneira particular•Perde a mãe aos treze anos.

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• Participou do chamado grupo de Bloomsbury, que se tornou um elemento decisivo na vida cultural inglesa da primeira metade do século passado, discutindo e divulgando temas como o feminismo, o socialismo e as teorias freudianas.

• Em 10 de agosto de 1912, casa-se com Leonard Woolf.

• Envolveu-se emocionalmente com Violet Dickinson, Katherine Mansfield, mas a amante que a conquistou verdadeiramente foi Vita Sackville-West.

• Anoréxica até a morte• Sofria da doença chamada Maníaco-depressiva

(Bipolar) • Suicidou-se em 1941.

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Virginia buscava a unidade do corpo por meio da escrita, tentando fazer “o sangue correr (por sua pena) de uma ponta a outra sem rupturas”. Cada romance que chegava ao final trazia de volta as dores de cabeça e as vozes injuriosas. Virginia precisava começar a escrever outro para não cair na depressão, perder o corpo: despir-se de seus personagens e do ato de escrever era para ela perder totalmente a proporção do corpo, que só existia materializado em palavras escritas. A leitura, para Virginia, é como a música que libera do caos, como a melodia inesperada de Haydn, que se eleva, em Entre os atos. Sobre isso, ela nos diz: “a música nos desperta, nos revela o escondido e conserta o rachado”. (NATHAN, 1956/1989, p.148).

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“Querido, Tenho certeza de estar ficando louca

novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis e não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Se alguém pudesse me salvar, esse alguém seria você. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais. Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.” (WOOLF, citada por LEHMANN, 1975/1989, p.15).

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Momento Histórico

• Pós Guerra• Grande depressão• Tensões políticas, culminando com a ascensão dos

regimes totalitários em alguns países europeus (sendo que a própria Virginia viveu esse receio por seu marido ser Judeu).

• Surge uma nova sociedade que propicia a literatura de confissão, testemunho da vida íntima e sexual dos casais.

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Modernismo• Liberdade estética• Impressionismo - Um dos métodos para produzir esse

efeito na obra é o da pontuação; nos quais, os pontos-e-virgulas são uma pontuação passe-partout, isolando os fenômenos, mas sem interromper o fio de consciência que são registrados.

“Uma lavadeira com sua cesta; uma gralha; um atiçador incandescente; as flores purpúreas e esverdeadas; um certo sentimento comum que mantinha unido aquele todo.” (WOOLF. 1987. p. 193)

• Fluxo de consciência• Quebra com estética

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• Romance Psicológico e Fechado.

• Basicamente, a narrativa divide-se em três partes:

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Fatores Textuais• Somos informados dos fatos por pequenas frases entre parênteses, que

chegam como informes curtos vindos de longe. “(O Sr. Ramsay, andando aos tropeções no corredor, esticou os braços, certa

manhã, mas, como a Sra. Ramsay morrera repentinamente na noite anterior, esticou os braços e eles continuaram esticados.)” (WOOLF, Virginia. 1987. p. 130)

* “O método por ela concebido consistia, normalmente, em escolher um argumento de linhas simples, explorando-o depois com uma técnica impressionista, que aproveitava todos os pormenores, mesmo os mais minuciosos, ordenando-os não uma sequência racional mas conforme iam atravessando o espírito de uma das suas personagens.” (EVANS, Ivan. 1976. p. 325)

• Digressões; “Se Shakespaeare nunca houvesse existido – perguntou-se –seria hoje o mundo

muito diferente do que é? Será que o progresso da civilização depende dos grandes homens? Seria o destino do ser humano médio melhor hoje do que no tempo dos Faraós. Contudo, continuou se indagando, será o destino do ser humano médio o critério para julgarmos a civilização?” (WOOLF. 1987. p. 46,47)

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Temas e Subtemas• A relação conjugal do Sr. e Sra. Ramsay;• A busca masculina por estímulo e renovação de sua

força a partir de sua relação com as mulheres (Charles Tansley);

• A luta para libertar-se da domesticidade da era vitoriana (Lily Briscoe);

• Insegurança do mundo;• O papel da mãe no seio familiar

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Enredo• Na primeira parte do romance, A Janela, um casal de meia-idade, o Sr Ramsay,

professor de filosofia, e sua esposa, se encontram com seus oito filhos e mais 6 hóspede na casa de praia da familia, ao fim do verão. O filho caçula, James, deseja muito ir ao farol, mas o mau tempo impede a viagem e o seu pai não permite. Dentre os hóspedes, se encontra Lily Briscoe, uma pintora moderna. Mrs. Ramsay está constantemente assegurando seu marido de que ele é uma pessoa admirável, um grande filósofo e intelectual.

• O Tempo passa, dez anos se passam sem que ninguém da família visite a casa. O caos invade a casa, enquanto animais e vegetais vão se apoderando do espaço e desmanchando o território humano. Sra Ramsay morreu. A guerra começou. A filha mais velha se casou e morreu durante um parto. Andrew, outro filho, morreu em combate na guerra. Ao fim deste longo período, no entanto, em que a casa quase desaba, a família resolve retornar e toma providências com a casa.

• O tempo agora está bom e o Sr Ramsay quer, enfim, levar James, o filho caçula, ao farol. Enquanto o barco que os leva à ilha do farol se afasta do litoral, Lily tenta retomar a pintura que não havia terminado na primeira parte.

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TempoTempo• Predominantemente Psicológico. “O tempo psicológico caracteriza-se por desobedecer ao

calendário e fluir no interior das personagens, como um eterno presente, um tempo-duração, sem começo, nem meio, nem fim. (...) O tempo psicológico, porque interior, se desenvolveria em círculos ou em espirais, intenso a qualquer ordem, exceto a emprestada pelos próprios fluxos emocionais que lhes estão por natureza vinculados.” (MOISÉS, Massaud. Análise Literária. 17ª. Ed. São Paulo: Cultrix. 1995. p. 130)

“Poderia protestar em voz alta contra as diversões de algum pescador; poderia levantar os braços com exaltação. Ou poderia ficar sentado à cabeceira no mais completo silêncio, durante todo o jantar. Sim, pensou James, enquanto o barco jogava, parado sob o sol quente.” (Woolf. 1987. p. 170)

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Espaço• Predominantemente Fechado.• A maior parte da historia se passa na

mansão. Mesmo na segunda parte, onde o narrador fala sobre o tempo que se passou, ele utiliza-se da descrição da casa enquanto comenta sobre efeitos da guerras, etc. Mesmo na terceira parte, em que ocorre a viagem deles ao farol, a narração faz uma intercalagem com Lilly que está na mansão.

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Foco Narrativo• O Romance é narrado predominantemente

através dos fluxos de consciência.• Segundo Coelho de Carvalho (1881. p. 51), esse

termo consiste na “(...) especialização de um determinado modo de foco narrativo. Poderíamos definir o método como a apresentação idealmente exata, não analisada, do que se passa na consciência de um ou mais personagens”

• Na literatura, este termo denomina as técnicas literárias nas quais há uma tentativa de representação dos processos mentais e dos pensamentos dos personagens, tais como ocorreriam em suas mentes.

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• Esta representação é feita a partir do Monólogo Interior Orientado – Uma representação do conteúdo e processos psíquicos da personagem, em que a presença do autor é mais evidente, servindo como guia na apresentação destes conteúdos e processos mentais da personagem. O autor, no Monólogo Interior Orientado, serve de mediador entre a psique da personagem e o leitor.

“Mas seria um erro – pensou, ao reconstituir sua imagem ao saírem juntos de braço dado, ela com o xale verde, ele com a gravata esvoaçante, indo até além da estufa – tentar simplificar o relacionamento de ambos. Não havia monotonia na felicidade – ela com seus ímpetos e sua rapidez; ele com seus frêmitos e sua nostalgia.” (WOOLF. 1987. p. 200)

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Personagens

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Articulação

Cultural

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• Alusão à Grande Guerra; *“Preocupa-se particularmente com o problema dos ricos e

dos pobres: as coisas que vira pessoalmente ali em Londres, quando visitara viúvas e esposas dedicadas, munidas de uma bolsa, um caderno de notas e um lápis, apontando salários e despesas, emprego e desemprego, em colunas cuidadosamente dispostas para esse fim.” (WOOLF. 1987. p. 14)

*“(Uma granada detonou. Vinte ou trinta foram estraçalhados na França, entre eles Andrew Ramsay, que felizmente teve morte instantânea.)”

(p. 135)• Feminismo e papel da mulher; * Virginia luta contra todos os preconceitos que na virada do

século limitavam a atividade intelectual das mulheres, filhas da era vitoriana. O Feminismo de Virginia implica o alargamento, não a rejeição, da sabedoria doméstica historica e tradicionalmente cultivada pelas mulheres.

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* Ela via o casamento como uma instituição patriarcal abominável ao mesmo tempo que o considerava uma relação essencial por representar comunhão entre duas pessoas;

* O preço que a Srª Ramsay pagou por seu grande empenho com o lar foi a própria vida.

* Ao terminar a pintura do quadro, Lily prova para Charles que ele está errado ao dizer que ‘Mulheres não escrevem. Mulheres não pintam’.

“Era Charles Tansley que costumava dizê-lo – lembrou-se: as mulheres não sabem pintar, não sabem escrever.” (WOOLF. 1987. P. 162)

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Considerações Finais A leitura de Passeio ao Farol não só

contribui para conhecer a forma de escrita de Virginia Woolf, mas também nos faz realizar uma viagem introspectiva em nós mesmos e nas nossas relações afetivas. Através de um romance repleto de representações psicológicas, refletimos sobre a alma humana, seus desejos, medos e afetos.

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Referências• http://www.autores.com.br/2010080438434/literatura/ensaios/

virginia-woolf-uma-literatura-lirica-feminista-historica-e-social.html• http://www.telunb.com.br/mulhereliteratura/anais/wp-content/

uploads/2012/01/maria_aparecida_oliveira.pdf• http://biblioteca.folha.com.br/1/noticias/2003080201.html

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Referências Bibliográficas• CAMARGO, Mônica Hermini de. Versões do Feminismo: Virginia

Woolf e a estética feminista. USP. São Paulo, 2001.• CECCON, Vera Lima. Virginia Woolf e Gilles Deleuze: alguns

contrapontos. UFRJ.• CARVALHO, Alfredo Leme Coelho de. Foco narrativo e fluxo de

consciência: questões de teoria literária. São Paulo: Pioneira, 1981. 630.

• COUTINHO, Afrânio. Notas de Teoria Literária. Rio de janeiro: Civilização Brasileira. 1976.

• EVANS, Ifor. História da Literatura Inglesa. Trad. A. Nogueira Santos. Lisboa: Edições 70, 1976.

• MIRANDA, Elizabeth da Rocha. Virginia Woolf: entre sonhos. UVA• SILVA, Rosângela Neres. Portas cerradas, janelas abertas: as

vozes femininas de Passeio ao farol. UEPB.