Veja um exemplo de Introdução:
“No último ano, o Brasil foi palco de inúmeros
protestos populares. O País vinha enfrentando
uma série de problemas políticos, econômicos e
sociais que culminaram com o aumento das
passagens de ônibus em diversas capitais.
Embora tenham sido alvo de críticas no início, os
manifestantes continuaram nas ruas e fizeram
com o que o mês de junho de 2013 se tornasse um
marco histórico”.
O principal cuidado que você deve ter ao escrever
a introdução do seu texto é não misturar os
assuntos. A pluralidade de ideias deixa o texto
poluído e o leitor confuso. E ainda: não mencione
nenhum fato na introdução que não será
explorado ao longo do texto. Foque na sua tese
principal.
É recomendável evitar períodos longos no
primeiro parágrafo. O espaço para produzir
orações mais longas é o desenvolvimento. E
mesmo assim, esse recurso deve ser usado com
bastante critério.
DESENVOLVIMENTO
Essa parte da sua redação pode ser resumida em
uma única palavra: argumentação. É aqui que as
informações mais polêmicas devem aparecer.
Nesse espaço, você também pode dar voz a visões
opostas sobre o assunto.
Tudo o que foi levantado na introdução deve ser
discutido aqui. Meu conselho é que você reserve
ao menos dois parágrafos para que todos os dados
e referências fiquem claras para o
leitor. Desenvolva uma ideia diferente para cada
parágrafo.
A violência e a depredação do patrimônio público eram
as principais críticas em relação aos manifestantes.
Diversas agências bancárias e bens públicos foram
depredados, o que, para muitas pessoas, legitimou as
ações repressivas da polícia. Mas a postura dos
policiais foi amplamente condenada na mídia
internacional e pelos setores considerados de esquerda.
A partir daí, o número de manifestantes cresceu ainda
mais. Dentre as inúmeras reivindicações estava o
próprio direito à manifestação. As marchas deram
propulsão a uma série de protestos nacionais que
reverberam até os dias de hoje”.
Como os parágrafos de desenvolvimento são mais
longos, se você não estiver atento, corre o risco de
repetir informações – o que acarreta na perda de
pontos. O mesmo erro pode ocorrer na ânsia em
convencer o leitor sobre os seus argumentos.
Outro cuidado importante é em relação aos exemplos.
Eles devem ser bastante representativos para situar o
leitor e estabelecer a comunicação. Imagine que seus
exemplos são uma espécie de pontos luminosos do seu
texto. Eles devem ser claros o bastante para dar ainda
mais legitimidade aos seus argumentos.
CONCLUSÃO
Se a palavra-chave do desenvolvimento é
argumentação, no último parágrafo o termo que
você deve ter em mente é solução. Você levantou
uma determinada questão ao longo do texto,
certo? Agora é a hora de apresentar as possíveis
saídas para o problema.
“Ao que tudo indica, os brasileiros vão seguir com
as manifestações até que suas exigências sejam
atendidas. Trata-se de um momento político
delicado. A melhor forma de o governo lidar com
essa situação é através do diálogo. As revoltas que
surgiram em função da repressão sofrida pelos
manifestantes mostram que a diplomacia é
sempre a melhor forma de estabelecer uma
conversa coerente e que gere resultado. Ao mesmo
tempo, é imprescindível prestar contas e apontar
melhorias para a situação atual”.
1. Introdução (4 a 6 linhas) – Tema + 2
argumentos, um em cada parágrafo;
2. Desenvolvimento do 1º parágrafo (8 a 12
linhas) – Desenvolvimento do 1º argumento;
3. Desenvolvimento do 2º parágrafo (8 a 12
linhas) – Desenvolvimento do 2º argumento;
4. Conclusão (4 a 6 linhas).
O preconceito racial está chegando ao fim?
No mundo todo, implantam-se e vigoram políticas mais efetivas
contra a discriminação racial, que, cada vez mais, é punida com
rigor. Será o fim do preconceito no mundo? O fato é que alguns
negros passam a comandar empresas, outros são juízes, atletas de
sucesso, grandes atores ou comunicadores. Em 2008, o salto foi
maior: os norte-americanos elegeram Barack Obama para
presidente da República. No Brasil, dizem que não existe
preconceito, que somos uma sociedade multirracial e unida. Será
mesmo? Obama, Lewis Hamilton, Naomi Campbell, Oprah
Winfrey, o ministro Joaquim Barbosa, a atriz Taís Araújo revelam
um mundo novo sem preconceitos? O que você acha: está acabando
o preconceito aqui e no mundo?
A SOBREVIVÊNCIA DO PRECONCEITO
Quanto aos artistas negros que fazem tanto
sucesso em Hollywood e que parecem servir
de amostra que o preconceito está
acabando, leva a um silogismo onde as
pessoas acreditam que o fato deles estarem
lá significa a derrubada do muro da
intolerância e o fim da imagem do branco
como superior. Como existem personagens
negros, obviamente existirão atores negros,
algo que é tão natural que se torna bizarro
que tais atores sejam utilizados como
símbolos dos novos tempos.
Barack Obama não teve a infância que um
negro pobre teria, cursou universidades
prestigiadas e teve como cartão de acesso ao
mundo dos brancos o fato de sua mãe e avós
maternos serem desta raça. O grande mérito
de Obama foi ter aproveitado as oportunidades
que tinha e conseguir trilhar uma trajetória
política que fizesse com que merecesse uma
vaga na disputa pela Casa Branca.
A escolha dos americanos para presidente da
República mostra que o preconceito existe até
nos dias atuais, pois foi uma eleição que
jamais causaria tanto impacto se o mundo
estivesse realmente amadurecido quanto a
questão racial. Foi um espetáculo midiático,
que transformou um candidato comum em um
arauto dos novos tempos, fazendo com que
parecesse mais um duelo de raças do que um
embate de propostas políticas em uma nação
que depois de tanto controlar o mundo
começou a ter seu brilho apagado.
O preconceito racial sobrevive e somente
com investimentos na área de educação e a
punição para atos discriminatórios podem
diminuir cada vez mais a ideologia racista
predominante. Não é o sucesso de alguns
negros que vai abrir o caminho para os
outros, da mesma maneira que não é
reservando cotas em faculdades, mas sim a
melhoria do ensino público que podem
diminuir a diferença entre a média da
população de quaisquer raça que consiga
atingir o ensino superior.
O fato de muitos negros hoje ocuparem
lugares de destaque não indica que o
preconceito racial está chegando ao fim,
demonstra apenas que o mundo está
abandonando a imagem do negro como
pessoa incapaz de atingir um objetivo. São
pessoas que conseguiram aproveitar as
oportunidades e alcançaram o sucesso,
porém, jamais chegariam aonde estão se
não tivessem algum respaldo financeiro.
COMPETÊNCIAS AVALIADAS
1.Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita.2.0
2.Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das
várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema,
dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-
argumentativo.2.0
3.Selecionar, relacionar, organizar e interpretar
informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um
ponto de vista.2.0
4.Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação.2.0
5.Elaborar a proposta de solução para o problema
abordado, mostrando respeito aos valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.2.0
Total 10.0
TIPOS DE FUGA DO TEMA
– Fuga total: o candidato aborda algo
completamente diferente do que foi proposto, não
chegando nem mesmo a tangenciar o tema.
Geralmente, isso acontece quando as bancas
exibem um texto não-verbal (uma charge, uma
fotografia), e o candidato simplesmente não
consegue interpretar o que está sendo proposto,
ou interpreta de forma equivocada.
– Fuga parcial: O candidato até aborda o que foi
proposto, mas de maneira muito superficial. Ou
ele tangencia o tema, ou o amplia demais, ou o
restringe demais. Esse é o tipo de fuga mais
comum
ASSUNTO: “TERRORISMO”
Assunto como fato específico: “Os ataques ao
Word Trade Center, em Nova York, em 11 de
setembro”
Tema: “A intolerância no mundo contemporâneo.”
Um tema como “a intolerância no mundo
contemporâneo”, é perfeitamente possível falar
sobre terrorismo, e até usar como exemplo os
ataques às torres gêmeas.
Se o candidato se restringir a falar somente disso,
estará tangenciando e, assim, fugindo parcialmente
ao tema, pois há várias outras causas para a
intolerância no mundo em que vivemos.
DICAS PARA NÃO FUGIR DO TEMA
Segmente a proposta e identifique todas as
suas solicitações;
Estruture o texto que irá escrever
Identifique onde cada trecho da proposta é
respondido em sua redação
Certifique-se de que você progrediu para
uma conclusão
Ao terminar, identifique a síntese de sua
redação. Ela atende à proposta?
A liberdade nos permite escolher nossos hábitos,
crenças e modos de viver a vida. Quem faz a escolha
de acender um cigarro exerce esse direito, mas pode
violar a liberdade de pessoas que optam por uma vida
saudável e sem vícios.
O cigarro funciona como uma fuga, além [. Além] de
não trazer benefícios para o corpo humano, é utilizado
apenas como forma de relaxamento ou como um modo
de se inserir [inserir-se] em um grupo social.
Mesmo com a conscientização em propagandas e no
verso das carteiras de cigarro, é imenso o número de
usuários, e novos adeptos surgem a cada ano. O
governo gasta muito para recuperar a saúde dessas
pessoas, mas ironicamente também lucra com os
impostos pela venda. O ideal seria conscientizar os
jovens desde a infância, para que na idade adulta
possam ter hábitos mais saudáveis, passando este
pensamento para seus filhos e assim criando um
ciclo que levaria a diminuição do número de
fumantes.
A integração entre as pessoas é muito importante, é o que nos
leva a evoluir. O convívio deve ser harmônico, não podemos
isolar quem fuma, mas sim criar locais adequados para o fumo.
Em festas, se o ambiente é fechado, deveria ter [haver] uma sala
mais isolada para os fumantes, que depois retornariam para o
ambiente com os demais. É muito difícil sair para se divertir,
principalmente à noite, e não encontrar nenhum fumante. Nesse
caso é necessário encontrar alguma solução, nos demais o
governo deve fiscalizar rigorosamente, como no trabalho e em
restaurantes.
Assim como aumentou a fiscalização quanto ao consumo de
bebidas alcoólicas por motoristas, que causam mortes nas
estradas, o governo e a própria população devem fiscalizar e
conscientizar os fumantes, para evitar doenças respiratórias e
outros males derivados deste hábito.
Combate ao fumo: autoritarismo ou dever do governo?
Foi aprovada, no dia 7 de maio de 2009, pelo governador de São
Paulo, uma lei antifumo válida para todo o Estado. A partir de 7
de agosto, está proibido fumar cigarros, cachimbos ou charutos
em todos os lugares públicos fechados ou semifechados. Só será
possível fumar no próprio carro, dentro de casa ou no meio da
rua, desde que não haja tetos, toldos, ou guarda-sóis. Essa lei,
aplaudida por muitas entidades e autoridades ligadas à saúde, é
também criticada com violência por pessoas que a consideram
radical e autoritária, pois tiraria do cidadão boa parte de sua
liberdade, que passa a ser vigiada, e o livre-arbítrio para fumar
ou não. Como você se posiciona diante dessa questão?
A redação fugiu ao tema, que é: "Combate ao
fumo: autoritarismo ou dever do governo?".
O autor deste texto nada argumentou sobre o
suposto autoritarismo ou dever do governo.
Apenas disse, no penúltimo parágrafo, de
passagem, que o governo "deve fiscalizar
rigorosamente".
1. No primeiro parágrafo, há um erro de pontuação. Deve-se
começar nova ideia com novo período. Assim: "O cigarro
funciona como uma fuga. Além de não trazer benefícios para o
corpo humano...".
2. Em dois momentos, levando em consideração suas ideias, o
autor deixou de paragrafar corretamente. No terceiro
parágrafo, depois de falar sobre gastos do governo, deveria ter
aberto um novo parágrafo para iniciar a ideia de
"conscientização dos jovens desde a infância".
3. O mesmo lapso de paragrafação ocorre no quarto parágrafo:
depois de falar sobre a "integração das pessoas", o autor deveria
abrir novo parágrafo para desenvolver o assunto "É muito
difícil sair e não encontrar nenhum fumante".