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1Farmacêutica, MSc em Ciências Farmacêuticas, Departamento de Fisiologia, Universidade Federal de Sergipe, 49100-
000, São Cristóvão-SE, Brasil, [email protected] 2Farmacêutica, Mestranda em Ciências Farmacêuticas, Departamento de Fisiologia, Universidade Federal de Sergipe,
49100-000, São Cristóvão-SE, Brasil, [email protected] 3Professora Dra., Departamento de Fisiologia, Universidade Federal de Sergipe, 49100-000, São Cristóvão-SE, Brasil,
[email protected] 4Professor Dr., Departamento de Fisiologia, Universidade Federal de Sergipe, 49100-000, São Cristóvão-SE, Brasil,
ERYTHRINA VELUTINA WILLD. FABACEAE: UMA REVISÃO.
Clara Raissa de França Rocha e Lopes1; Tamires Cardoso Lima
2; Rogéria de Souza Nunes
3;
Damião Pergentino de Sousa4
RESUMO
A proposta desta revisão de literatura foi reunir os dados referentes aos estudos com a
espécie Erythrina velutina Willd (mulungu), contribuindo para futuras investigações que podem
resultar em uso clínico. As informações foram coletadas em diversos bancos de dados científicos
utilizando palavras-chave representativas. Os estudos publicados sobre a espécie estão relacionados
à atividade fitoquímica, farmacológica, toxicológica e antimicrobiana. A revisão mostra a
importância de Erythrina velutina Willd como planta medicinal e a comprovação científica de
algumas de suas propriedades terapêuticas atribuídas pela população.
Unitermos: Mulungu, Plantas medicinais, Produtos naturais.
ERYTHRINA VELUTINA WILLD. FABACEAE: A REVIEW.
ABSTRACT
The proposal of this literature review was to collect data related to studies from the species
Erythrina velutina Willd (mulungu), contributing to future investigations that may result in clinical
use. The data were obtained from various scientific databases using representative keywords. The
studies published of the species are related to phytochemical, pharmacological, toxicological, and
antimicrobial activities. The review shows the importance of Erythrina velutina Willd as a
medicinal plant and some scientific evidence of its therapeutic properties attributed by the
population.
Uniterms: Mulungu, Medicinal plants, Natural products.
INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre plantas medicinais representa muitas vezes o único recurso empregado
por muitas comunidades para o tratamento e a cura de enfermidades (Maciel et al., 2002). Segundo
Mahady (2001), nota-se nos últimos anos um interesse crescente por fármacos e medicamentos de
origem vegetal, principalmente porque as plantas medicinais representam uma reserva praticamente
inexplorada de substâncias úteis à humanidade. Os estudos com extratos vegetais continuarão a ser
o alvo de muitos pesquisadores das diversas áreas biológicas, uma vez que muitos dos
medicamentos disponíveis hoje no mercado são de origem vegetal ou foram sintetizados utilizando
substâncias naturais bioativas como protótipos (Tulp & Bohlin, 2002).
A família Fabaceae (Leguminosae) é considerada uma das maiores famílias botânicas, sendo
constituída por 32 tribos, com cerca de 650 gêneros que englobam aproximadamente 18000
espécies (Polhil & Raven, 1981). Essa família encontra-se distribuída nas regiões temperadas, frias
e tropicais. Vários gêneros, inclusive Erythrina, têm importante representatividade nessa família
(Cronquist, 1981).
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O gênero Erythrina é muito conhecido, ocorrendo nas regiões tropicais e subtropicais do mundo.
O mesmo possui cerca de 110 espécies, das quais 70 são nativas da América (Vasconcelos et al.,
2003). No Brasil são encontradas cerca de 12 espécies (EPAMIG, 1993), sendo as duas principais a
Erythrina velutina, originária do Nordeste e a Erythrina mulungu, nativa do Sudeste (Neill, 1988).
O gênero Erythrina engloba plantas que são popularmente conhecidas como “mulungu”,
“canivete”, “suínã”, “sananduva”, “pau-imortal” ou “muchocho” (Corrêa, 1952). O nome Erythrina
vem do grego "erythros", que significa vermelho, em alusão à cor de suas flores. O epíteto
específico “velutina” vem do latim, devido ao fato da folha apresentar indumento de delicados e
macios pelos (Carvalho, 2008).
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados da presente revisão foram coletados usando os bancos de dados científicos Web of
Science, Science Direct e Chemical Abstract. Os artigos incluídos nesta revisão foram publicados
em revistas indexadas, reconhecidas nacional e internacionalmente. As principais revistas utilizadas
foram: Revista Brasileira de Famacognosia, Journal of Ethnopharmacology, Journal of Natural
Products, Química Nova, Planta Medica, Biological and Pharmaceutical Bulletin, Phytomedicine,
Phytochemistry entre outras. Foram usados como descritores: Erythrina, Erythrina velutina,
mulungu, atividade ansiolítica, atividade antimicrobiana, Fabaceae e plantas medicinais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aspectos gerais de Erythrina velutina Willd
A espécie E. velutina (Figura 1) é uma árvore de grande porte, decídua, que mede cerca de 8 a
12 m de altura, com tronco de 40-70 cm de diâmetro; possui fruto do tipo legume, flores de
coloração vermelha e folhas alternadas compostas e trifolioladas, sustentadas por pecíolo de 6-14
cm; folíolos cartáceos, com face ventral apenas pulverulenta e dorsal de cor verde mais clara
revestida por densa pilosidade feltrosa, de 6-12 cm de comprimento por 5-14 cm de largura
(Lorenzi, 1998).
Segundo a classificação taxonômica, a espécie pertence ao Reino-Plantae, Filo-Magnoliophyta,
Classe-Magnoliopsida, Ordem-Fabales, Família-Fabaceae (Leguminosae-Papilionoideae),
Subfamília-Faboideae. Tem como sinonímias científicas Erythrina aculeatissima Desf., Erythrina
splendida Diels, Corallodendrum velutinum (Willd.) Kuntze e Chirocalyx velutinus Walp. (Lorenzi
e Matos, 2002). Floresce de agosto a dezembro e os frutos amadurecem em janeiro e fevereiro
(Joly, 2002).
FIGURA 1 - Erythrina velutina Willd. (Fabaceae) FONTE: Lopes (2010)
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A planta em estudo é característica de várzeas úmidas e beira de rios da caatinga da região semi-
árida do Nordeste brasileiro. É também encontrada na orla marítima de Pernambuco e na floresta
latifoliada de Minas Gerais e São Paulo (Lorenzi, 1998).
Segundo Lorenzi (1998) a E. velutina é conhecida popularmente por: “mulungu”, “suínã”,
“canivete” e “corticeira”. De acordo com EPAMIG (1993) essa espécie pode ter várias
denominações, dependendo do país onde a mesma é encontrada: “mulungu-da-catinga”, “mulungu”,
“pau-de-coral”, “sanaduí”, “sananduva”, “suínã”, “suinan” (Brasil), “arbe à coral” (Guiana
Francesa), “bucare”, “pinon da costa” e “pinon espinosa” (Cuba), “bucare” e “peonita” (Venezuela),
“cay-boung” (Conchinchina), “chocho” e “coral” (Colômbia), “coral bean tree” (Inglaterra),
“imortelle” (Martinica) e “poró blanco” (Costa Rica).
A madeira da E. velutina é leve, macia e pouco resistente aos agentes decompositores. É
empregada na confecção de tamancos, jangadas, brinquedos e caixotaria. A árvore é extremamente
ornamental, principalmente quando em flor, e isto tem estimulado seu uso no paisagismo,
principalmente na arborização de ruas, jardins e alamedas. A árvore também é utilizada como cerca
viva pela facilidade com que as estacas são espetadas no próprio local (Lorenzi, 1998).
A casca e os frutos dessa espécie são empregados na medicina popular em algumas regiões do
Nordeste, embora a eficácia e a segurança do seu uso ainda não tenham sido comprovadas
cientificamente. São atribuídas às preparações de sua casca propriedades sudorífica, calmante,
emoliente e peitoral. Ao seu fruto seco foi atribuída ação anestésica local quando usado na forma de
cigarro como odontálgico (Carvalho, 2008).
Centenaro (2009) utilizou o extrato etanólico e respectivas frações (hexânica, clorofórmica e
acetato de etila) da casca de E. velutina em ensaio alelopático com as sementes de Lactuca sativa.
Observou que, com exceção da fração acetato de etila, o extrato etanólico e demais frações foram
capazes de influenciar a germinação e crescimento das sementes de L. sativa.
ESTUDOS FITOQUÍMICOS
Em 1877, teve início o estudo do gênero Erythrina devido à descoberta da ação farmacológica
do extrato das sementes da E. americana, por Dominguez e Altamirano (Hargreaves et al., 1974).
Após essa descoberta, os extratos de diferentes espécies de Erythrina passaram a ter seus perfis
fitoquímicos e farmacológicos pesquisados.
As plantas do gênero Erythrina são a principal fonte dos alcalóides tetracíclicos do tipo eritrina,
os quais foram originalmente identificados em 1937 por Folkers e Major, através da investigação
química das sementes da E. americana Mill. Os mesmos isolaram a eritroidina, a qual apresentava
atividade paralisante semelhante a d-tubocurarina (Nkengfack et al., 1994). Também foram isolados
desse gênero alguns alcalóides que não apresentam o esqueleto eritrínico: a orientalina, N-
noorientalina, protosinomenina, N-norprotosinomenina, isoboldina, eribidina, scourelina,
coreximina, hipaforina e colina (Flausino-Junior, 2006).
Além dos alcalóides descritos anteriormente, foram isoladas outros compostos de diferentes
espécies do gênero Erythrina: a erisotrina, erisodina, erisovina, eritralina, erisopina, erisonina,
erisopitina, eritratina, hipaforina (GhosaL et al, 1972), (+)-16β-D-lucoerisopina e (+)-15β-D-
glicoerisopina (Wanjala; Majinda, 2000), flavonas e isoflavonas preniladas (vogelina A, vogelina B,
vogelina C, vogelina H, vogelina I e vogelina J) (Waffo et al., 2006; Atindehou et al., 2002), 10-
hidroxi-11-oxierisotrina (Tanaka et al., 2008), (+)-11α-hidroxi-eritravina, (+)-eritravina e (+)-α-
hidroxi-erisotrina (Flausino et al., 2007).
Da espécie E. velutina foi isolado a (+)-eritralina e (+)-eritratina (Tabela 1) (Amer et al., 1991).
Por meio do fracionamento em coluna cromatográfica da fração acetato de etila obtida das cascas de
E. velutina foram isolados a erivelutinona (2’,4’-dihidroxi-6-prenil-7-metoxi-isoflavanona) como
uma goma marrom-amarelada e a 4’-O-metil-sigmoidina (Tabela 1) (Da-Cunha, 1996). Também
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foram identificados a homoesperitina e faseolidina, sendo que aquela ainda não havia sido isolada
de uma espécie da família Fabaceae (Tabela 1) (Rabelo et al., 2001).
Virtuoso et al. (2005) realizaram um estudo com o extrato etanólico da casca da E. velutina. A
análise do cromatograma da fração hexânica obtida no cromatógrafo a gás evidenciou a presença do
benzenol, ácido cinâmico, acetato de tocoferol, α-amirina, estigmasterol, β-amirina, β-sitosterol e
lupeol (Tabela 1). Do extrato metanólico das sementes da E. velutina foi isolado a hipaforina, um
alcalóide indólico (Ozawa et al., 2008). Em 2009, Ozawa et al. isolaram das sementes um novo
alcalóide: o N- óxido de erisodina, além de outros compostos já isolados como a eritralina, 8-oxo-
eritralina, erisotrina, erisodina, erisovina, glicoerisodina, hipaforina e erimelantina (Tabela 1). Das
cascas do caule de E. velutina foi isolado por Cabral (2009) um triterpeno do tipo oleanano (3β-
eritrodiol), isolado pela primeira vez na espécie em estudo; um alcalóide do tipo eritrínico
(erisovina) e três flavonóides: um pterocarpano (faseolidina), uma flavona prenilada (4’-O-metil-
sigmoidina B) e um isoflavonóide glicosilado (7-O-[α-ramnopiranosil-β-glicopiranosideo]-
genisteina), sendo este último composto relatado pela primeira vez no gênero Erythrina. LOPES
(2010) isolou o ácido nicotínico a partir do extrato metanólico das folhas de E. velutina (Tabela 1).
Moraes et al. (1996) extraíram lectina das sementes de E. velutina e demonstrou seu efeito
indutor na migração de neutrófilos na cavidade peritoneal e bolsa de ar dorsal de ratos. As lectinas
são proteínas de natureza não-imunoglobulínica capazes de reconhecimento específico e ligação
reversível a carboidratos.
Em trabalho realizado com o extrato aquoso das folhas de E. velutina, Carvalho et al. (2009)
constataram a presença de compostos de diferentes classes químicas tais como alcalóides,
catequinas, esteróides, flavonóis, flavonas, flavonóides, fenóis, saponinas, taninos, triterpenóides e
xantonas.
TABELA 1 – Estrutura química dos compostos isolados de E. velutina
O
O
N
H3CO
(+)-eritralina
O
O
N
H3CO
HO
(+)-eritratina
OH3CO
O
OH
OH
Erivelutinona
OHO
OOH
OCH3
OH
4’-O-metil-sigmoidina
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TABELA 1 – Continuação
NH
COO
N(CH3)3
-
+
Hipaforina
N
O
HO
H3CO
H3CO
N-óxido de erisodina
OH
O
Ácido cinâmico
OH
Benzenol
CH3
CH3
CH3
CH3
CH3
H
CH3
HHO
H3C CH3
α-amirina
HO
H3C
CH3
H
H
CH3
CH3
CH3
CH3 CH3
CH3
H
β-amirina
N
H3CO
H3CO
H3CO
Eritralina
N
H3CO
HO
H3CO
Erisovina
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TABELA 1 – Continuação
N
NH3CO2C
H3CO
Erimelantina
N
H3CO
H3CO
H3CO
O
8-oxo-eritralina
N
H3CO
H3CO
H3CO
Erisotrina
N
HO
H3CO
H3CO
Erisodina
N
OH
OH
HH
H
Ácido nicotínico
N
GluO
H3CO
H3CO
Glicoerisodina
CH3 CH3
CH2
CH3
CH3
H
CH3
HHO
OH
CH3H3C
3β-eritrodiol
CH3
CH3
HO
H3C
Estigmasterol
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TABELA 1 – Continuação
CH3
CH3
HO
H3C
β-sitosterol
CH2
H3C
CH3H
CH3
H
CH3
H
CH3
HCH3H3C
HO
Lupeol
O
OO
Acetato de tocoferol
H
H
H
O
HO
H
H
HO
H3C
O
HO
H
H
HOH
O
O O
OH OOH
OH
OH
7-O-[α-ramnopiranosil-β-glicopiranosideo]-genisteina
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ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS
Os diversos trabalhos reportados na literatura atribuem diferentes atividades farmacológicas a
espécie E. velutina em vários modelos animais realizados in vivo.
Segundo Barros (1970), o extrato aquoso e etanólico das cascas de E. velutina utilizados em
testes farmacológicos na concentração de 1:1 apresentaram resultados significativos. No extrato
etanólico aplicado em gatos, foram reportados sintomas tais como depressão da respiração e da
pressão sanguínea. Para o extrato aquoso observou-se estímulo respiratório. Quando ambos os
extratos foram utilizados em sapos, observou-se depressão da atividade do músculo cardíaco e
inibição das contrações musculares induzidas em uma preparação de músculo abdominal de sapo. Já
em coelhos, observou-se inibição da motilidade e tônus de uma preparação de duodeno para ambos
os extratos e forte atividade inibidora de contrações uterinas induzidas por ocitocina.
Na avaliação do extrato bruto hidroalcoólico da espécie E. velutina foi mostrada a atividade
espasmolítica, bem como curarizante, antimuscarínica e depressora do sistema nervoso central em
animais de laboratório (Lorenzi & Matos, 2002). Vasconcelos et al. (2003) realizaram um estudo
com o extrato hidroalcoólico das cascas de E. velutina e E. mulungu. Ambas as espécies
apresentaram efeitos antinociceptivos em diferentes modelos experimentais, e os efeitos analgésicos
destas plantas foram independentes do sistema opióide. Em contrapartida, em 2004 esses
pesquisadores avaliaram os efeitos dos mesmos extratos no comportamento de ratos, demonstrando
redução da atividade locomotora após tratamento intraperitoneal (i.p.) no teste do labirinto em cruz
elevado, campo aberto e de coordenação motora (rota rod).
Em 2004, Dantas et al. testaram o extrato aquoso das folhas de E. velutina em roedores e houve
aumento do sono induzido por pentobarbital de maneira dose-dependente, indicando efeito sedativo,
hipnótico e diminuição da atividade motora. Um dos dados mais significativos refere-se à
interferência com os processos mnemônicos em baixas doses. De acordo com o trabalho de
Marchioro et al. (2005), o extrato aquoso das folhas de E. velutina não inibiu o processo
inflamatório no teste do edema de pata. No teste da placa quente não houve diferença estatística na
latência quando comparado ao controle. Porém, tanto no modelo da formalina quanto do ácido
acético, os resultados aproximaram-se dos obtidos por Vasconcelos et al. (2003). Além disso, o
antagonista opióide naloxona reverteu o efeito antinociceptivo do extrato na maior dose.
Ribeiro et al. (2006) pesquisando os efeitos do extrato hidroalcoólico da casca da E. velutina e E.
mulungu em ratos submetidos a modelos animais de ansiedade e depressão, demonstraram efeito do
tipo ansiolítico no labirinto em T similar ao diazepam, controle positivo. O estudo também
demonstrou que, tanto a atividade locomotora no campo aberto como o tempo de imobilidade na
natação forçada não foram alterados em nenhuma das doses após administração aguda ou crônica.
Santos et al. (2007) em trabalho realizado com o extrato aquoso das folhas da E. velutina sobre
o ducto deferente de rato, observaram que o extrato aquoso inibiu as contrações induzidas por
estímulo elétrico de campo de maneira dependente da concentração. Vasconcelos et al. (2007)
pesquisando os efeitos anticonvulsivantes no extrato hidroalcoólico da casca de E. velutina (v.o. e
i.p.) e E. mulungu (i.p.), utilizaram o teste das convulsões induzidas pelo pentilenotetrazol e
estricnina, sugerindo ação depressora do sistema nervoso central. Raupp et al. (2008) utilizando
modelos experimentais de ansiedade em camundongos, sugeriram efeito ansiolítico do extrato
hidroalcoólico da casca da E. velutina quando da sua administração de forma crônica. Ozawa et al.
(2008) avaliaram a atividade hipnótica do alcalóide hipaforina em camundongos utilizando o teste
do tempo de sono. O presente estudo demonstrou o efeito hipnótico da hipaforina.
Teixeira-Silva et al. (2008) avaliaram o efeito do extrato alcoólico das folhas da E. velutina em
modelos animais de ansiedade, memória e epilepsia. Os efeitos observados para o extrato alcoólico
no sistema nervoso dos roedores assemelharam-se ao perfil dos efeitos dos benzodiazepínicos e
podem ser interpretados pela interação do extrato com os sistemas gabaérgicos. Carvalho et al.
(2009) avaliaram o mecanismo de ação do extrato aquoso das folhas da espécie E. velutina em íleo
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isolado de cobaia. O presente estudo demonstrou que o extrato aquoso produziu uma resposta
contrátil de maneira dose-dependente.
Dentre os estudos farmacológicos realizados com E. velutina, foram demonstrados os efeitos
antinociceptivos e depressores do sistema nervoso central. Estes resultados experimentais estão de
acordo com a indicação popular atribuída a planta, considerando que a mesma é utilizada na forma
de chás no combate a insônia e como calmante (Carvalho et al., 2008).
ASPECTOS TOXICOLÓGICOS
Os estudos de genotoxicidade com plantas têm crescido juntamente com o aumento do uso
terapêutico e com o interesse de comprovação da eficácia das mesmas nas mais diversas finalidades
farmacológicas. Isso se deve ao fato de que apesar de muitas plantas utilizadas por um grande
número de pessoas possuírem propriedades farmacológicas, as mesmas também podem causar
alterações no DNA (Varanda, 2006). Apesar da importância, poucos são os estudos toxicológicos
que comprovam a segurança do uso da E. velutina.
Em um estudo de toxicidade aguda pré-clinica realizado com o extrato aquoso das folhas de E.
velutina, Bonfim (2001) demonstrou o caráter possivelmente atóxico do extato, pois todos os
animais sobreviveram à administração de 5g/Kg do extrato. Craveiro et al. (2008) demonstraram
que não houve toxicidade aguda a partir do extrato aquoso de folhas de E. velutina em ratos Wistar
tratados por via oral na dose de 5000 mg/Kg. Não ocorreu óbito de animais e nenhum sinal de
toxicidade foi detectado nas observações comportamentais ou nas autópsias, indicando uma
razoável atoxicidade do extrato.
Oliveira et al. (2008) avaliaram o possível efeito genotóxico do extrato alcoólico das folhas de E.
velutina em ratos por meio do teste do micronúcleo em células hematopoiéticas. Os resultados
obtidos demonstraram que a incidência de eritrócitos policromáticos micronucleados observados
nos tratamentos não diferiu da incidência gerada pela formação espontânea do micronúcleo.
Portanto, a ingestão do extrato das folhas da E. velutina nas concentrações testadas não apresentam
potencial genotóxico.
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA
A atividade antibacteriana da E. velutina é pouco estudada. Virtuoso et al. (2005) realizaram um
estudo preliminar da atividade antibacteriana das cascas de E. velutina, no qual foram utilizados os
métodos de difusão em disco e concentração inibitória mínima para o extrato etanólico bruto e para
a fração hexânica contra oito bactérias patogênicas. Nesse trabalho demonstrou-se a presença de
atividade antibacteriana dos produtos vegetais sobre Streptococcus pyogenes e Staphylococcus
aureus. Nenhuma atividade foi observada sobre as bactérias Staphylococcus epidermidis, Proteus
mirabilis, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli e Salmonella
typhimuriu testadas por difusão em ágar. Foi registrada atividade moderada contra todos os
microorganismos citados acima no teste de concentração inibitória mínima para o extrato bruto e
fração hexânica das cascas de E. velutina.
Lopes (2010), em avaliação preliminar a partir das folhas de E. velutina, demonstrou atividade
antifúngica do produto vegetal pelo método de difusão em ágar. Evidenciou-se que o extrato
metanólico bruto e a fase hexânica apresentaram uma inibição fraca ou parcial, sem halo de inibição
definido, para o Trichophyton rubrum T544. Entretanto, para as demais fases orgânicas não houve
inibição do crescimento de nenhumas das cepas de bactérias e fungos testados.
CONCLUSÃO
Os estudos relatados sobre a E. velutina demonstram que essa espécie é uma fonte de substâncias
biologicamente ativas. Algumas das propriedades indicadas pela população para essa planta foram
compatíveis com estudos realizados em animais de laboratório, dando um suporte científico para o
uso popular da E. velutina. Observou-se também que grande parte dos trabalhos realizados, tanto na
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parte farmacológica como toxicológica, utilizaram somente extratos brutos, sem, no entanto,
verificar os possíveis compostos envolvidos nas atividades obsevadas. Sendo assim, tornam-se
necessários mais estudos pré-clínicos, bem como clínicos direcionados ao isolamento dos princípios
ativos responsáveis pelas propriedades medicinais da E. velutina.
Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer aos nossos órgãos de fomento por sua ajuda inestimável com
nossa pesquisa, que inclui bolsas de pós-graduação e todas as despesas de laboratório: CNPq,
CAPES e FAPITEC.
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