LENDAS DE
MATOSINHOS
Lendas de Matosinhos
Índice
Conteúdos
Págs.
Lenda do Homem da
Maça………………………………………………….3
Lenda do Sr. de Matosinhos…………………………………..
…………….5
Lenda de Santiago e Caio - - - Portugal…………..
……………..……8
Lenda do “Sol na
Caixa”…………………………………………….…………10
Lenda das Fanecas do Três FFF…ou
Quatro…………..13
Lenda dos dois
Amigos…………………………………………………………16
Bibliografia……………………………..
…………………………………………………18
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Figura 1 – Imagem do
“Homem da Maça”.
Lendas de Matosinhos
Lenda do Homem da Maça
O Povo chamou-lhe "Homem
da Maça", fundamentado na história
de um mocetão que vindo de maçar o
linho, se viu perseguido por um
animal feróz. Vencendo-o com a
maça de maçar o linho, ficou no
imaginário popular como um
casamenteiro, a quem as donzelas e
os casais recorrem para o casamento
ou para conseguir um filho varão. Esta lenda faz parte da
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Lendas de Matosinhos
tradição da Romaria a S. Brás e do "Homem da Maça" -
que se festeja a 2 e 3 de Fevereiro e no domingo seguinte.
De manhã são as cerimónias religiosas, de tarde é o povo
anónimo que, desde Matosinhos às freguesias limítrofes,
acorre ao arraial.
"Antigamente é que era", repetem ainda hoje as pessoas
que marcam encontro na romaria. No tempo em que tudo se
processava a pé, vinha-se até S. Brás em rusgas e grupos de
algazarra, para fazer, sobretudo a juventude, a tradicional
romaria a S. Brás e ao "Homem da Maça", que ,para o
povo, tudo era o mesmo. E cantava-se:
Meu rico S. Brás da Maça
A vós me vou abraçar.
Arranjai-me um namorado;
Solteira, quero casar.
Mandaste-me esperar
Na capela de S. Brás;
Esperei e não vieste,
Tens palavra de rapaz
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Lendas de Matosinhos
Lenda do Sr. de Matosinhos
Na praia de Matosinhos, deram-se factos
extraordinários, ao alvorecer do cristianismo na Península.
Por esse tempo vivia solitário, numa herdade do seu tio
Camaliel, próximo a Jerusalém, o piedoso Nicodemus, hábil
escultor de imagens. Empregando o seu tempo neste mister,
estava ele executando uma escultura, que retratasse a efígie de
Jesus, quando o zelo farisaico o perseguiu. Como artista e
como cristão preferiu confiar o seu trabalho
ao mar, do que vê--lo sacrificado nas fogueiras
dos seus perseguidores.
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Figura 2 – Imagem do Monte de S. Brás.
Figura 4 – Imagem do
Padrão.
Lendas de Matosinhos
Assim fez. O mar recebeu a imagem de Jesus e as
ondas a trouxeram até Matosinhos, já assinalado pela
conversão de Cavo Pallantiano, depondo-o respeitosamente no
sítio de Espinheiro, onde em memória do facto se levantou o
Padrão que ainda se vê na
estrada do molhe, a sul do Porto de Leixões.
A escultura, porém, estava incompleta quando o artista foi
perseguido... Continua a lenda, dizendo que a custo pôde
Nicodemus concluir o braço que faltava à imagem.
Quando o conseguiu, estava enclausurado
numa prisão a cujas muralhas vinham
bater as ondas do mar. Nicodemus disse
então, atirando ao mar a sua obra:
“Braço, vai unir-te ao corpo a que
pertences”. Ainda, segundo esta lenda,
este período durou uns largos cinquenta
anos, de modo a que a imagem foi adorada incompleta por esse
espaço de tempo, pois, por mais braços que lhe adaptassem,
nenhum se conseguiu fazer aderir ao corpo venerado. Um dia,
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Figura 3 – Imagem do
Senhor de Matosinhos.
Lendas de Matosinhos
porém, andava na praia uma pobre mulher apanhando algas
secas para alimentar o lume, e aconteceu encontrar um
objecto, que lhe pareceu bom para queimar. Chegando a casa
deitou-o à fogueira, mas logo esse objecto saltou para fora. A
mulher tinha uma filha muda que, ao ver o facto estranho,
miraculosamente falou pela primeira vez na sua vida.
“Não teime em deitar ao lume esse pedaço de madeira” -
observou a rapariga - “Porque esse é o braço que falta ao
Senhor Bom Jesus de Bouças”. Correu logo a notícia e foi
adaptar-se o braço à imagem. Era tal e qual. Ajustou ao
tronco, como se nunca ali tivesse faltado. É deste milagre que
data a grande romaria ao Espírito Santo de Matosinhos.
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Figura 5 – Imagem da Romaria ao Senhor de
Matosinhos.
Lendas de Matosinhos
A Lenda de Santiago e Caio – Portugal
No ano de 44 da era de Jesus Cristo, passeava pela
praia de Matosinhos um ilustre cavaleiro da Maia, Caio
Carpo Palenciano, com a sua mulher Claudina e vários
parentes e amigos.
Cavalgava o grupo pelo areal quando alguém vislumbrou
uma barca que se dirigia para norte. Os cavaleiros e as damas
pararam todos para apreciar o ritmo e a beleza da
embarcação, quando inexplicavelmente o cavalo de Caio
galopou para dentro do mar, apesar de este o tentar evitar,
como se fosse obrigado por uma força desconhecida.
Cavalo e cavaleiro imergiram no mar e desapareceram
para ressurgirem perto da barca, para onde subiram cobertos
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Lendas de Matosinhos
de vieiras. Quando perguntaram à tripulação o motivo deste
fenómeno e qual a razão da sua viagem, estes explicaram que
eram discípulos cristãos de um homem chamado Tiago.
Tinham fugido de grandes perseguições, levando o corpo do
seu Mestre para terras de Espanha, onde Tiago tinha
pregado o Evangelho.
Segundo estes homens, o fenómeno ocorrido com Caio e o
seu cavalo poderia ser explicado pelo facto de ele ser um
escolhido de Nosso Senhor. As vieiras eram o sinal de
Santiago que queria ver Caio abraçar a lei de Deus.
Comovido, Caio foi ali mesmo baptizado com água do mar e,
quando voltou para junto dos seus familiares e amigos, a todos
converteu com o extraordinário feito de Santiago.
As vieiras ficaram a fazer parte do brasão da nobre
família Pimentel de Trás-os-Montes, descendentes, segundo
se crê, de Caio Carpo Palenciano.
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Figura 6 – Imagem da Procissão dos Passos.
Lendas de Matosinhos
Lenda do “Sol na Caixa”
A prática de colocar as arcas de pinho a arejar em Leça
da Palmeira, ou como antigamente era conhecida, São
Miguel da Palmeira nasceu a lenda do “Sol na caixa”.
Lendas são contos tradicionais, com origem na imaginação
dos povos através dos tempos, que muitas vezes não se
conjugam com a História e, outras vezes, acabam por
completá-la.
Corre entre o povo
de Leça da Palmeira a
versão de que as leceiras
levavam a sua irritada
ingenuidade até ao ponto de
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Lendas de Matosinhos
suporem ter o poder sobrenatural de guardar o sol durante o
ano, numa caixa de pinho, para que no dia da tradicional
procissão do Senhor dos Passos, ele inundasse de luz, de calor
e de majestade, as ruas atapetadas de verdura, por onde
desfilava o préstito religioso.
Assim sendo, em Leça da Palmeira era muito usual,
em dias de sol, pelo Verão, manterem-se abertas, durante
algumas horas do dia as “tais arcas ou caixas de pinho velho”,
para os panos arejar. Nessa altura, se a madeira das arcas
necessitasse, arrastavam-nas para o quintal ou para a porta da
rua, dependendo da situação, de maneira a apanhar bem o sol
para assoalhar e, depois de bem secas, voltar a utilizar. Desta
forma, surgiu por parte das matosinhenses a crença de que as
raparigas de Leça guardavam o “sol na caixa”, para o
domingo da sua Procissão dos Passos. Para além disso,
zombavam das leceiras por essa exibição. No entanto, estas
não se deixavam vencer.
Nas vésperas da procissão dos Passos, na freguesia,
(quinto domingo da Quaresma) se o tempo se mostrasse mau,
chegavam de imediato as dores de barriga às leceiras, pois se
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Lendas de Matosinhos
chovesse naquele dia tinham de sofrer e ouvir as
matosinhenses.
No dia se o tempo continuasse cinzento, não abriam logo
de manhã as “caixas de pinho” para que o sol saísse, raiasse
de tarde, e assim o préstito pudesse desfilar. As leceiras
sabiam que a lenda não tinha qualquer influência na
meteorologia e aguentavam-se firmes, mas de coração
apertado.
A verdade é que foram raras vezes que a procissão teve
que sair no domingo seguinte ou deixou de sair por causa do
tempo. Quer a procissão dos passos saísse ou não, no dia
seguinte no rio das lavadeiras, havia um espectáculo sem par,
pois as matosinhenses haviam de provocar sempre as leceiras,
mas a certo momento pegavam umas com as outras, chegando
mesmo a vias de facto.
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Figura 7 – Obelisco de
Matosinhos.
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Lenda das Fanecas dos três FFF…ou quatro
Em 1832,D.Pedro IV conseguiu organizar um exército
disposto a lutar pela liberdade contra o regime absolutista que
tiranizava Portugal sob as ordens do rei D. Miguel.
Tinham previsto desembarcar
na foz do rio Ave, em Vila do
Conde, mas o brigadeiro Cardoso,
comande das forças de D. Miguel,
não consentiu. E assim, as tropas
desembarcaram em Pampelido, no
areal da “Praia dos Ladrões” com
a informação dada por um moço de
bordo a quem o rei confiou as
ordens.
Onde pernoitaram, existia uma taberna na qual um
oficial entrou e perguntou o que havia para comer. O
taberneiro respondeu-lhe que só tinha peixe dos três FFF.
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Figura 9 – Taberna do século XIX.
Lendas de Matosinhos
O oficial de grande bigode bem quis decifrar o significado
de cada um dos três FFF, e não conseguiu. Embasbacado, o
taberneiro respondeu-lhe:”Fanecas, Frescas e Fritas”.
Sorrindo, encomendou e
comeu regaladamente o petisco
e, zombador e divertido, disse
ao taberneiro para acrescentar
mais um F na receita, porque
não tinha trazido dinheiro e
doravante se chamariam fanecas,
fritas, frescas e …fiadas.
Ficando furioso o taberneiro pelo abuso, mas não
querendo irritar o oficial – com humor mal disfarçado
aconselhou-o a pagar quando por ali passasse.
Autoritário e garboso já no terreiro, à porta da venda,
do alto do seu cavalo o oficial disse ao homem: ”Obrigado, mas
não tenciono passar por aqui (…) dado que estás para casar,
aqui tens duas peças de ouro para comprares uns brincos para
a tua noiva. Adeus!”
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Lendas de Matosinhos
No dia seguinte, qual não foi o espanto do taberneiro e
da sua noiva ao ver as tropas partirem em direcção ao Porto,
descobrindo que o oficial das fanecas era o próprio rei D.
Pedro IV.
A partir desse dia, e em sua honra, as fanecas da sua
taberna passaram a ter a chancela e o dito jocoso do rei: -
Fanecas, Frescas, Fritas e…Fiadas.
Lenda dos Dois Amigos15
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O lugar do Ribeirinho era pouco povoado, quase ermo.
Ali viviam dois amigos e colegas de escola, o Serafim, um
franganito e o Grua, forte e alto. Brincavam muito numa
poça de água ali mesmo. Passavam as tardes a testar as
descobertas da leveza da água ou o peso de alguns materiais.
Quando crescerem, cada um seguiu o seu destino
diferente de vida. O Serafim foi para a arte de vedor, instalou-
se em Trás – os - Montes a abrir poços de água e o Grua para
pedreiro onde foi chamado para trabalhar no Brasil por um
seu tio.
Durante muito tempo não se encontraram, mas a
ansiedade era muita e as saudades levava-os a olharem para as
águas de onde viviam e viam reflectida a imagem do amigo.
Nestes momentos mágicos, ambos tinham a mesma ideia de
um dia se encontrarem nas festas do Senhor de Matosinhos.
Então, esse dia chegou e os dois amigos foram
direitinhos ao Ribeirinho, ao sítio da poça da água e lá
estavam os dois. Abraçados, cheios de alegria, concordaram
que para a comemoração daquela união construiriam uma
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Figura 10 – Fonte dos Dois Amigos.
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fonte naquele lugar e logo o Serafim começou à procura das
águas e o Grua da marreta e do ponteiro para trabalhar a
pedra. E assim nasceu a Fonte dos Dois Amigos.
A Fonte dos dois Amigos, datada de 1863, ainda está
no Ribeirinho, na rua que vai dar à Igreja do Senhor de
Matosinhos…a celebrar a amizade de dois meninos.
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Webgrafia
Homem da maça-s.bráswww.centrobispo.org/s_bráshtm
www.g-sat.net/lendas.../lendas-do-homem-maca-292745html
scmmparaiso.blogs.pot.com/…/lenda-do-sr-matosinhos.html
lendasdeportugal.no.sapo.pt/distrito/porto.html
Bibliografia
SILVA, A Cunha; SANTOS, Alfredo, Lendário Matosinhos, Câmara
Municipal de Matosinhos, Maio 2009
SILVA, A Cunha; SANTOS, Alfredo, Lendário Matosinhos, Câmara
Municipal de Matosinhos, Setembro 2009
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Lendas de Matosinhos
Trabalho realizado por
Júlia Oliveira
Orquídea Ferreira
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