Prezados Colegas,
Depois de muito estudo em pesquisa da legislação, conseguimos concluir o Manual Eletrônico
sobre a legislação que envolve operações com derivados de petróleo e combustíveis.
Foi um longo percurso que envolveu horas de trabalho para consolidar a matéria, que
encontrava-se dispersa em diversos diplomas legais.
Parabenizo toda a equipe da COPEC pelo resultado obtido, em especial ao colega Tolstoi Seara
Nolasco, que capitaneou a elaboração deste Manual.
Trata-se de uma legislação complexa que envolve diversas formas de tributação e o objetivo que
buscamos foi disponibilizar o conhecimento para todos os colegas interessados na matéria, em
especial a DITRI e o CONSEF.
Manteremos atualizada as informações sempre que ocorrerem as alterações na legislação.
Qualquer dúvida, a equipe da COPEC está às ordens.
OLAVO JOSÉ GOUVEIA OLIVA
COORDENADOR DA COPEC
APRESENTAÇÃO DO MANUAL DE TRIBUTAÇÃO - ICMS: PETRÓLEO, NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
Este trabalho é resultado de intensa pesquisa em livros especializados no refino e
processamento de petróleo, gás natural e produção de derivados, conjugado com dados
históricos e estatísticos do segmento de combustíveis - Brasil e resto do mundo,
extraídos de sites das internet e de revistas especializadas.
O Manual está estruturado em 10 módulos, abarcando 15 produtos a seguir listados:
MÓDULO I - petróleo; MÓDULO II - gás natural; MÓDULO III - gás liquefeito derivado
de petróleo (GLP) e gás liquefeito derivado de gás natural (GLGN); MÓDULO IV -
nafta petroquímica; MÓDULO V - gasolina automotiva e gasolina de aviação;
MÓDULO VI - etanol hidratado combustível (AEHC), etanol anidro combustível
(AEAC) e etanol de uso não automotivo; MÓDULO VII - óleo diesel e biodiesel;
MÓDULO VII - querosene de aviação (QAV); MÓDULO IX - óleo combustível; MÓDULO
X - óleos lubrificantes derivados e não derivados de petróleo.
Em todos os módulos é apresentada uma breve exposição técnica de cada produto
seguida das regras de tributação do ICMS mais importantes vigentes no ordenamento
jurídico-tributário da Bahia, nos últimos cinco anos (2009 – 2013).
Os módulos I e II, que tratam respectivamente do petróleo e do gás natural, são os mais
extensos e a base para a compreensão dos demais. Constituem as principais matérias-
primas a partir dos quais são produzidos os derivados: combustíveis, produtos
petroquímicos e lubrificantes.
Em relação aos produtos não derivados de petróleo o manual tratou, de forma mais
detalhada, os biocombustíveis: álcool etanol e biodiesel.
Ao longo da elaboração dos módulos que compõem o presente Manual o trabalho foi
submetido e amplamente discutido com a equipe de auditores fiscais da Coordenação de
Fiscalização de Petróleo e Combustível (COPEC) da Secretaria da Fazenda.
Esperamos que este trabalho possa ser útil a todos que fizerem uso dele, em especial, os
colegas da Secretaria da Fazenda da Bahia das áreas de tributação, fiscalização e
contencioso administrativo.
Imprescindível que a leitura do manual seja complementada com a consulta à legislação
tributária do ICMS citada ao longo do seu texto (convênios, protocolos, regulamentos,
leis e demais normas integrantes do sistema).
Os eventuais erros ou omissões são de inteira responsabilidade do autor.
Salvador/Bahia, dezembro de 2013.
Tolstoi Seara Nolasco
Auditor Fiscal
SAT/COPEC/GEFIS
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MANUAL DE TRIBUTAÇÃO - ICMS: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
Introdução
1 - COMPOSIÇÃO DO PETRÓLEO
O petróleo, em estado natural, é uma
mistura de hidrocarbonetos que são
compostos formados por átomos de
carbono e hidrogênio. Além dos
hidrocarbonetos, o petróleo contém,
em proporções bem menores,
compostos oxigenados, nitrogenados,
sulfurados e metais pesados,
conhecidos como “contaminantes”.
A caracterização mais sumária do óleo
bruto pode ser dada pela equação:
ÓLEO BRUTO = MISTURA DE
HIDROCARBONETOS +
IMPUREZAS (CONTAMINANTES)
Composição básica do petróleo bruto:
a) Carbono: 84%;
b) Hidrogênio: 14%;
c) Enxofre: de 1 a 3% (sulfeto de hidrogênio, sulfetos, dissulfetos, enxofre elementar);
d) Nitrogênio: menos de 1% (compostos básicos com grupos amina);
e) Oxigênio: menos de 1% (encontrado em compostos orgânicos como dióxido de
carbono, fenóis, cetonas e ácidos carboxílicos);
f) Metais: menos de 1% (níquel, ferro, vanádio, cobre, arsênio);
g) Sais: menos de 1% (cloreto de sódio, cloreto de magnésio, cloreto de cálcio).
1.1 – OS HIDROCARBONETOS
Os átomos de carbono podem estar conectados por ligações simples, duplas ou triplas e os
arranjos moleculares são os mais diversos: estruturas lineares, ramificadas ou cíclicas;
saturadas ou insaturadas; alifáticas ou aromáticas.
As principais classes de hidrocarbonetos no petróleo são as seguintes:
a) Parafínicos Normais (alcanos) – ex.: metano (CH4), etano (C2H6), butano (C4H10);
b) Parafínicos Ramificados (isoalcanos) – ex. isobutano, isopentano;
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c) Parafínicos Cíclicos (cicloalcanos ou naftênicos) – ex.: ciclopentano, ciclohexano;
d) Aromáticos - ex: benzeno, tolueno, xilenos, naftaleno;
e) Olefinas – ex.: eteno, propeno, buteno, isobutenos.
Os principais constituintes do petróleo cru são os hidrocarbonetos saturados (parafinas,
isoparafinas e naftenos), os hidrocarbonetos aromáticos, as resinas e os asfaltenos. Nos óleos
são encontradas parafinas normais (não ramificadas) com 1 a 45 átomos de carbono. As
parafinas normais (cadeias de carbono sem ramificação) representam entre 15 a 20% do óleo. A
depender do óleo podem variar de 3 a 35%. As parafinas são menos reativas do que os outros
hidrocarbonetos.
As isoparafinas (alcanos ramificados) são importantes na formulação das misturas que
compõem a gasolina, óleo diesel, querosene e lubrificantes.
Os cicloalcanos ou hidrocarbonetos naftênicos apresentam estrutura de cadeia fechada, com
ligações saturadas (simples), e podem aparecer no óleo cru, de forma condensada ou associada a
cadeias de hidrocarbonetos saturados (parafinas ou isoparafinas), ou mesmo, a cadeias de
hidrocarbonetos aromáticos. Em vários tipos de petróleo são encontrados hidrocarbonetos
naftênicos com 1, 2 ou 3 ramificações parafínicas como constituintes principais. Pode-se
encontram ainda compostos naftênicos formados por dois ou mais anéis conjugados ou isolados.
São importantes na composição das misturas de derivados, a exemplo da gasolina, óleo diesel,
querosene e lubrificantes.
Os hidrocarbonetos aromáticos são aqueles que contêm um ou mais anéis benzênicos, com ou
sem ramificações laterais. Seu teor no petróleo pode variar muito, sendo cerca de 20% na nafta e
entre 20 a 50% no querosene. Pode atingir valores bastantes elevados nas frações mais pesadas.
Recebem as denominações de mono, di, tri ou poliaromáticos, dependendo do número de anéis
benzênicos (ou aromáticos) em sua estrutura. Os derivados intermediários de petróleo
(querosene e gasóleo) contêm compostos aromáticos com ramificações na forma de cadeias
parafínicas, a exemplo do metil-tolueno. Podem ser encontrados ainda compostos mistos, que
apresentam núcleos aromáticos e naftênicos, a exemplo do cicloexilbenzeno.
As olefinas, por sua vez, possuem uma ou mais ligações duplas entre átomos de carbono, o que
lhe confere alta instabilidade, pois são hidrocarbonetos mais reativos. Aparecem, com mais
frequência nos derivados e em alguns deles é comum se encontrarem duas duplas ligações,
quando então são designados diolefinas ou dienos. Sua origem vem dos processos físico-
químicos realizados durante o refino, como o craqueamento (quebra de moléculas maiores para
a formação de compostos com moléculas menores). Possuem características e propriedades
diferentes dos hidrocarbonetos saturados (alcanos). Os hidrocarbonetos insaturados com ligação
tripla são chamados de alcinos e não são comuns no petróleo.
Quanto maior o número de carbonos na cadeia, maior será a temperatura de ebulição.
C1 – C4: hidrocarbonetos gasosos – ex.: metano; etano, propano, butano.
C5 – C17: hidrocarbonetos líquidos – ex.: pentano, hexano, heptano, octano etc.;
> C18: hidrocarbonetos. – ex.: n-tricontano (composto com 30 átomos de carbono)
Os cortes de petróleo referentes à nafta apresentam uma pequena proporção de compostos
aromáticos de baixo peso molecular (benzeno, tolueno e xileno).
Dependendo da proporção dos vários tipos de hidrocarbonetos na sua composição, o óleo se
mostra mais adequado para a produção de um ou outro derivado (produto final do uma
refinaria). Por exemplo: a Refinaria REDUC (localizada no município de Duque de Caxias-RJ),
que produz lubrificantes para todo o mercado nacional, importa o petróleo Árabe Leve, que é
um óleo de base parafínica.
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1.3 - OS NÃO HIDROCARBONETOS
Além dos hidrocarbonetos o petróleo contém os chamados não hidrocarbonetos, que abrangem:
- substâncias constituídas predominantemente de carbono e hidrogênio, mas que contêm
heteroátomos em suas estruturas. Estas são consideradas contaminantes, em vista dos
efeitos indesejáveis que podem causar: exemplo - emissão de poluentes; redução de
desempenho dos derivados; corrosão nas unidades de processo de refino;
- frações denominadas de asfaltenos e resinas, constituídas de agregados moleculares de
elevada massa molecular, alta complexidade estrutural e teores elevados de heteroátomos
(enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais). Essas frações são os principais constituintes do
asfalto e dos óleos combustíveis pesados.
- contaminantes inorgânicos – água, sais, sulfeto de hidrogênio (H2S). Embora a água e
os sais não sejam componentes intrínsecos do petróleo, sempre o acompanham no
processo de produção.
1.4 - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTAMINANTES
Os chamados “contaminantes” são impurezas dissolvidas no óleo (ou parte integrante do
mesmo), sendo formado por compostos com a presença enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais.
O enxofre (S) é o contaminante de maior predominância no óleo (3º elemento mais abundante),
variando entre 0,5% e 4,0% em massa. Ocorre na forma de mercaptans, sulfetos, polissulfetos,
ácido sulfídrico (H2S), enxofre elementar (muito raro) entre outros compostos.
Os contaminantes sulfurados causam problemas no manuseio (redução de eficiência dos
catalisadores nas refinarias), transporte (corrosão de oleodutos e gasodutos) e no uso dos
derivados (causam poluição ambiental – emissão de gases SOX - óxidos de enxofre), e,
determinam cor e cheiro de produtos finais.
De acordo com o teor de enxofre o óleo é classificado em:
a) óleos doces: apresentam baixo teor de enxofre (menos de 1,0% de sua massa);
b) óleos meio ácidos ou azedos: teor de enxofre entre 1 e 2,5%;
c) óleos ácidos ou azedos: apresentam elevado teor de enxofre (acima de 2,5% de sua
massa).
Os compostos sulfurados se concentram nas frações mais pesadas do petróleo.
Contaminantes nitrogenados - Os óleos têm teor médio de 0,17%, em base mássica, de
compostos nitrogenados (que contêm Nitrogênio - N). Consideram-se como altos os teores
acima de 0,25% em peso. Os compostos nitrogenados se apresentam em sua totalidade na forma
orgânica (piridinas, quinilinas, pirróis, compostos policíclicos etc.). São responsáveis pelo
“envenenamento” dos catalisadores nos processos de refino. Aumentam a capacidade de o óleo
reter água em emulsão. Tornam instáveis os produtos do refino, formando gomas e alterando a
sua coloração. São responsáveis também pela emissão de gases poluentes – NOX. (óxidos de
nitrogênio).
Contaminantes oxigenados - Os compostos oxigenados aparecem na forma complexa, como
ácidos carboxílicos, ácidos naftênicos, fenóis, cresóis, ésteres, aminas, cetonas e
benzofuranos. Tendem também a se concentrar nas frações mais pesadas do petróleo, afetando
a acidez, o odor e a corrosividade dessas frações. Participam em menos de 1% em massa do
peso do óleo bruto.
Contaminantes metálicos - Os compostos metálicos se apresentam sob duas formas básicas:
como compostos organometálicos (integrantes da composição do óleo) ou como sais
inorgânicos de Na (sódio), Ca (cálcio), Mg (magnésio). Estes últimos não fazem parte do
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petróleo, mas encontram-se dissolvidos ou dispersos na água emulsionada (água misturada ao
óleo). Os sais são facilmente removidos no processo de dessalgação, a que o óleo é submetido
antes de entrar nas torres de destilação.
A presença de metais (compostos organometálicos) é, em geral, maior nos petróleos com
maiores teores de asfaltenos. Os metais que usualmente contaminam o óleo são: Fe, Zn, Cu,
PB, Mo, As, Mn, Cr, Ni e V. Os dois últimos de maior incidência – os teores de níquel e
vanádio variam no petróleo entre 1mg/kg e 150 mg/kg e entre 1 mg/1.200 mg/kg,
respectivamente, sendo usuais os valores médios de 18 mg/kg para o níquel e de 63 mg/kg para
o vanádio. São responsáveis pelo “envenenamento” dos catalisadores e o vanádio além de
atacar os tubos dos fornos, catalisa a formação de H2SO4 (ácido sulfúrico) em meio aquoso.
1.5 - OUTROS CONTAMINANTES INORGÂNICOS
O petróleo cru, na fase de extração do poço produtor, apresenta também outras impurezas
(águas, argilas, areias, sedimentos), que acompanham o cru nas suas jazidas. Esses
contaminantes externos demandam um processo de separação primário do óleo cru, antes de sua
chegada à refinaria.
2 – ORIGEM DO PETRÓLEO
A origem do petróleo está ligada à decomposição dos
seres que compõem o plâncton – organismos em
suspensão encontrados nas águas doces e salgadas,
tais como: protozoários, celenterados e outros. A
decomposição é causada pela pouca oxigenação e
pela ação de bactérias.
Após a sua decomposição, ao longo de milhões de
anos, esses seres foram se acumulando no fundo de
mares e lagos, sucessivamente pressionados pelos
movimentos da crosta terrestre até se transformarem
nesta substância oleosa que é petróleo.
O petróleo, por sua vez, não permanece na rocha em que foi gerado, mas desloca-se da rocha
matriz até encontrar um terreno apropriado para se concentrar. Estes terrenos são denominados
bacias sedimentares e são formados por camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou
calcários. O petróleo aloja-se ali, ocupando os poros rochosos na forma de “lagos”, as
conhecidas jazidas petrolíferas. Nesse local é encontrado o gás natural, na parte mais alta,
petróleo e água nas partes mais baixas.
Após a extração do petróleo bruto faz-se necessária à separação da água, óleo, gás e sólidos,
processo que ocorre em estações ou na própria unidade de produção. Em seguida ocorre o
processamento e refino da mistura de hidrocarbonetos com vistas à obtenção dos componentes
que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como, combustíveis, lubrificantes,
plásticos, fertilizantes, medicamentos, tintas e tecidos.
3 - CLASSIFICAÇÃO DO PETRÓLEO E SUAS APLICAÇÕES:
a) Petróleos parafínicos: boa qualidade na produção de querosene, óleo diesel e
lubrificantes. Má qualidade para a produção de gasolina.
b) Petróleos aromáticos: boa qualidade na produção de gasolina e solventes. Má
qualidade para a produção de querosene e óleo diesel.
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c) Petróleos naftênicos: boa qualidade na produção de gasolina, lubrificantes e asfalto.
Má qualidade para a produção de querosene e óleo diesel.
Petróleo por origem
a) Petróleo baiano – base parafínica;
b) Petróleo árabe – base mista (mistura de hidrocarbonetos parafínicos e naftênicos, com
propriedades intermediárias);
c) Petróleo californiano – base naftênico;
d) Petróleo japonês – base aromática.
4 - REFINO DO PETRÓLEO
4.1 - INTRODUÇÃO - O petróleo, no estado
em que é extraído do solo, tem pouquíssimas
aplicações. Para o aproveitamento energético e
não energético adequado do petróleo deve-se
submetê-lo a processos de separação,
conversão e tratamentos.
Uma refinaria de petróleo pode destinar-se a
dois objetivos básicos:
- produção de combustíveis e
matérias-primas petroquímicas;
- produção de lubrificantes básicos e
parafinas.
O primeiro objetivo constitui a maioria dos casos, vez que a demanda de combustíveis é
muitíssimo maior que a de outros produtos, a exemplo de GLP, gasolina, diesel, querosene, óleo
combustível, entre outros. Todas as refinarias brasileiras encontram-se neste grupo.
O segundo objetivo, constitui-se num grupo minoritário, e visa maximizar a produção de frações
básicas de lubrificantes e parafinas. Estes produtos têm valores agregados cerca de duas a três
vezes maiores que os combustíveis, e conferem alta rentabilidade aos refinadores. No Brasil não
há nenhuma refinaria dedicada exclusivamente à produção de lubrificantes e parafinas. No
entanto, existem conjuntos dentro das refinarias brasileiras que funcionam dedicadas a produzir
esses produtos. É o caso da REDUC-RJ (Refinaria Duque de Caxias), RLAM-BA (Refinaria
Landulpho Alves – Mataripe) e LUBNOR-CE (Lubrificantes Nordeste).
As técnicas de refino mais utilizadas para obtenção dos derivados de petróleo são: a destilação
atmosférica; a destilação a vácuo; o craqueamento térmico; a alquilação; e, o
craqueamento catalítico.
Nas refinarias, o petróleo é submetido a diversos processos pelos quais se obtém grande
diversidade de derivados: GLP – Gás Liquefeito de Petróleo (gás de cozinha); nafta
petroquímica, gasolina, solventes, óleo diesel, querosene de aviação, óleo combustível,
lubrificantes e asfalto.
4.2 - TIPOS DE PROCESSOS DESENVOLVIDOS EM UMA REFINARIA
Os processos em uma Refinaria podem ser classificados em quatro grandes grupos:
a) processos de separação;
b) processos de conversão;
c) processos de tratamento;
d) processos auxiliares
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Passaremos a analisar a seguir cada um desses processos.
4.3 - PROCESSOS DE SEPARAÇÃO: têm por objetivo fracionar o petróleo ou outra corrente
intermediária empregando um processo físico de separação (temperatura, pressão e
solubilidade), escolhido de acordo com as propriedades da corrente que se deseja fracionar. A
propriedade mais comumente utilizada é a diferença nos ponto de ebulição dos componentes da
carga ou a diferença de solubilidade desses componentes em um solvente.
Não há reações químicas nesses processos. Todas as moléculas presentes na corrente de carga
da unidade estão presentes no somatório das correntes de saídas, sendo teoricamente possível
reconstituir a carga a partir dos produtos.
TIPOS DE PROCESSOS DE SEPARAÇÃO:
Destilação: é o processo básico de separação do petróleo. As frações presentes no petróleo são
separadas com base na diferença de suas temperaturas de ebulição. As operações de destilação
são realizadas em equipamentos específicos, designados por torres (ou colunas) de destilação.
Comumente, há dois tipos principais de unidades de destilação nas refinarias de petróleo.
Unidade de destilação atmosférica: fraciona o petróleo em correntes de GLP,
naftas, querosene, gasóleos atmosféricos e resíduo atmosférico (RAT). Estas
correntes, na maior das vezes, necessitam passar por processos adicionais de
tratamento e estabilização antes de serem enviadas aos tanques de
armazenamento.
Unidade de destilação a vácuo: fraciona a corrente menos volátil. Tem como
carga o RAT (Resíduo Atmosférico). Produz gasóleos de vácuo e o resíduo de
vácuo (RV).
Os agentes responsáveis pelas operações de destilação são físicos, por ação de energia (na forma
de modificações de temperatura e/ou pressão).
As primeiras refinarias construídas no mundo eram na verdade destilarias, porque as diferentes
propriedades do petróleo não eram conhecidas.
A destilação pode ser feita em várias etapas e em diferentes níveis de pressão, conforme o
objetivo que se deseje.
O petróleo cru, antes de ingressar na torre destilação atmosférica é pré-aquecido e passa por um
processo de dessalinização para a remoção de sais, água e suspensões de partículas sólidas. A
destilação atmosférica ocorre a uma temperatura máxima de 400 ºC para evitar a formação
indesejável de produtos de craqueamento térmico (quebra de moléculas constituintes do
petróleo cru).
Em condições de pressão próxima à atmosférica, obtém-se óleo diesel, querosene e nafta pesada
como produtos laterais de uma torre de destilação. Nafta leve e GLP são produtos de topo.
Como produto de fundo, obtém o resíduo atmosférico (RAT), que serve de carga para o
processo de destilação a vácuo, de onde se podem extrair frações importantes.
a) destilação;
b) desfaltação
c) extração de aromáticos;
d) desparafinação
e) adsorção de n-parafinas
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O RAT é um corte de alto peso molecular, que é usado como corrente de alimentação da seção
de destilação a vácuo, em que se trabalha a pressões subatmosféricas com o objetivo de gerar
óleos lubrificantes básicos e gasóleos para carga da unidade de craqueamento catalítico
(processo de conversão que será tratado abaixo, no item 4.5.4).
O produto de fundo da destilação a vácuo é composto de hidrocarbonetos de elevado peso
molecular e impurezas, podendo ser comercializado como óleo combustível ou asfalto.
Fluxograma simplificado dos processos destilação atmosférica e a vácuo que compõem o
esquema de refino do petróleo
Pe Petróleo Tratado
0
Torre de Destilação Atmosférica
Gás Combustível GLP Naftas Querosene Gasóleos Atmosféricos
RAT
Processos adicionais de tratamento e estabilização. Misturas (Blends) com outras correntes RAT – Resíduo Atmosférico
Tanques de
Armazenamento de combustíveis
Torre de Destilação a Vácuo
Petróleo Cru Tratado
Gasóleos de Vácuo: leve e pesado Resíduo de Vácuo
Petróleo Cru Tratado
Óleo + Pesado
Correntes de outros processos: desfaltação, UFCC (craqueamento catalítico), Hidrocraqueamento etc.
Óleo
Combustível
Asfalto
Corrente do processo da
Unidade de coqueamento
retardado (UCR)
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Outra representação ilustrativa do refino do petróleo via processo de destilação
atmosférica (destilação fracionada)
No esquema acima, o petróleo cru (ou bruto) entra em uma fornalha (caldeira), onde é aquecido.
A seguir passa para a torre de destilação à pressão atmosférica, onde são separadas as várias
frações (gases, nafta, gasolina, querosene, gasóleo ou diesel, óleo lubrificante, gasóleo pesado).
O resíduo da torre de destilação atmosférica (o RAT) é reaquecido e vai para uma segunda torre
de destilação a vácuo (destilação a pressão reduzida), de onde saem vários óleos lubrificantes
(frações mais pesadas) e o resíduo final, que é o asfalto (betume).
Representação ilustrativa do processo de refino por destilação a vácuo
No esquema acima os produtos resultantes da destilação a vácuo são o gasóleo leve de vácuo
(GLO), o gasóleo pesado de vácuo (GPO) e o resíduo de vácuo (RV). Em regra o GLO (gasóleo
leve) segue para hidrotratamento (para compor os pool’s de diesel e gasolina).
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O GPO (gasóleo pesado) segue para hidrotratamento, hidrocraqueamento ou para craqueamento
catalítico (processos de conversão).
O Resíduo de Vácuo (RV) é destinado para as unidades de viscorredução, de coqueamento, de
produção de betume ou para o pool de escuros da refinaria (óleo combustível, por exemplo).
4.4 - OUTROS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO IMPORTANTES (ESQUEMAS
SIMPLIFICADOS)
4.4. 1 - Processo de Desfaltação a solvente
O objetivo desse processo é recuperar do RV (Resíduo de Vácuo) uma fração mais leve e com
menor teor de contaminantes – o óleo desfaltado (ODES). Neste processo é gerado também o
resíduo asfáltico (asfalto).
A desfaltação é um processo baseado na diferença de solubilidade entre as frações ODES e
Resíduo Asfáltico. Utiliza como solvente principalmente o propano líquido a alta pressão como
agente de extração. São usados também o butano e o pentano.
O ODES pode ser carga da unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) ou do
hidrocraqueamento [que são processos de conversão], elevando a geração de combustíveis.
Pode ser também carga da unidade de lubrificantes, dando origem aos óleos básicos
lubrificantes, elevando assim a rentabilidade do refino.
O Resíduo Asfáltico (RASF) pode ser usado na formulação de cimento asfáltico de petróleo
(CAP) ou diluído com correntes mais leves para compor o óleo combustível.
Esquema representativo do processo de desfaltação que usa o propano com solvente.
4.4.2 - Processo de extração de aromáticos (desaromatização)
Este processo tem duas aplicações principais:
- A recuperação dos compostos aromáticos de uma corrente de nafta proveniente de uma
unidade de reforma catalítica (URC), rica em hidrocarbonetos aromáticos leves, ou seja,
benzeno, tolueno e xilenos (BTXs), os quais são importantes matérias-primas para
indústria de segunda geração petroquímica, podendo atingir preços de mercado superiores
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ao da nafta. A corrente desaromatizada, após remoção do solvente, pode ser
comercializado como nafta petroquímica; utilizada na formulação de gasolina; ou ainda
fracionada para a produção de solventes parafínicos (ex. o n-hexano).
- A remoção de aromáticos das frações lubrificantes (desaromatização), com o objetivo de
aumentar o índice de viscosidade do produto. Neste caso o produto principal do processo
é o óleo desaromatizado, sujeito ainda a posterior processamento. O subproduto é o
extrato aromático, um material viscoso, que pode ser usado como óleo extensor de
borracha sintética, ser adicionado ao óleo combustível ou ainda ser componente da carga
da unidade de coqueamento retardado (processo de conversão).
Neste processo são utilizados solventes. Na extração de aromáticos da nafta de reforma
catalítica (processo de conversão), os solventes mais utilizados são o tetraetilenoglicol, a n-
metilpirrolidona (NMP), o sulfonale ou a n-formilmorfolina (NMF). No processo de
desaromatização se emprega como solvente o furfural, a n-metilpirrolidona (NMP) ou o fenol,
esse último em desuso.
Esquema representando o processo de Desaromatização para a produção de óleos lubrificantes
Esquema representando o processo de recuperação de aromáticos visando à produção de
aromáticos leves (Benzeno, Tolueno e Xileno - BTX), destinados à indústria petroquímica.
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4.4.3 - Processo de desparafinação
Este processo visa à produção de óleos básicos lubrificantes via redução do teor de
hidrocarbonetos parafínicos de cadeia linear (n-parafinas), ou pouco ramificada e de alta mossa
molar. Conferem ao óleo lubrificante ponto de fluidez. A remoção é feita com o uso de
solventes a baixas temperaturas. O solvente mais utilizado, em nível mundial, é constituído de
uma mistura de metiletilcetona (MEC) e tolueno. No Brasil atualmente é utilizado um solvente
puro, metilisobutilcetona (MIBC).
O processo produz as seguintes correntes: o óleo desparafinado e a parafina oleosa.
O óleo desparafinado passa por um processo de recuperação do solvente e é enviado ao
processo de hidrotratamento. A parafina oleosa pode ter dois destinos:
- sofrer posterior processamento, com o propósito de produzir parafinas comerciais;
- ser adicionado ao gasóleo que será processado no craqueamento catalítico ou no
hidrocraqueamento (processos de conversão)
Esquema representando a desparafinação que tem como carga o Óleo Desaromatizado – integrante da Unidade de produção de lubrificantes. 4.4.4 - Processo de desoleificação
Este processo é empregado para a purificação da parafina oleosa. Consiste na remoção de:
- compostos parafínicos com pontos de fusão entre -3ºC e 30ºC, os quais não se
enquadram nem como óleo lubrificante nem como parafina dura;
- fração oleosa ocluída nos cristais de parafina.
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Esse processo é realizado a temperaturas positivas (em torno de 20ºC), visando especificar a
parafina quanto ao ponto de fusão, penetração e teor de óleo.
Os produtos obtidos na desoleificação são:
- a parafina dura, que, depois dessa operação, é processada na unidade de
hidrotratamento, onde, por fim, é especificada nos requisitos de cor e teores de
contaminantes, principalmente de compostos aromáticos (as parafinas duras são
utilizadas, por exemplo, na produção de velas);
- a parafina mole, produto mais nobre, que por se tratar de um gasóleo, normalmente é
enviada à unidade de craqueamento catalítico depois da remoção do solvente (MIBC).
Esta pode ainda ser aproveitada para a produção de óleos, geleias, vaselinas e outros
produtos farmacêuticos.
Esquema representando o processo de desoleificação a MIBC, que tem como carga a parafina
oleosa.
4.4.5 - Processo de adsorção de n-parafinas
É um processo de separação que visa, principalmente, a remoção de hidrocarbonetos parafínicos
lineares contidos na fração de querosene obtido na destilação. Tais hidrocarbonetos embora
configurem excelente qualidade ao querosene de iluminação, são prejudiciais ao querosene de
aviação, por elevarem seu ponto de congelamento, quando presentes em teores elevados.
O processo de baseia na adsorção das cadeias lineares presentes no querosene através de sua
passagem em fase gasosa por um leito de peneira molecular que captura as n-parafinas,
permitindo a passagens dos demais compostos presentes no querosene. Os hidrocarbonetos
adsorvidos são removidos do leito com auxílio de um diluente e passam pelas seguintes etapas:
13
separação do diluente, hidrotratamento (para redução dos teores de aromáticos e de enxofre) e
fracionamento em uma coluna de destilação para a obtenção da fração de interesse.
As n-parafinas removidas são valiosas matérias-primas para a indústria petroquímica,
especificadamente para a produção de detergentes biodegradáveis.
As n-parafinas são hidrocarbonetos de 10 a 13 átomos de carbono que entram na fabricação do
produto conhecido como LAB (linear alquibenzeno), que é intermediário petroquímico básico
para a produção do LAS (linear alquibenzenossulfonado), o precursor do tensoativo mais
utilizado na formulação de detergentes (o LASNa - linear alquibenzenossulfonado de sódio).
* Fluxograma representando o processo de adsorção de n-parafinas.
Frações de querosene de destilação
*Processo de
Adsorção de n-parafinas
Querosene de aviação
de melhor qualidade
n-parafinas
Matéria-prima da
indústria de
detergentes
biodegradáveis
14
4.5 - PROCESSOS DE CONVERSÃO NO REFINO DE PETRÓLEO
Esse grupo de processos se distingue dos processos físicos de
separação por temperatura, pressão e solubilidade, por promoverem
reações químicas com o objetivo de obter misturas de
hidrocarbonetos de possuam maior interesse econômico. As reações
químicas são promovidas mediante ação conjugada da temperatura e
da pressão, na presença do meio reacional conveniente. Em muitos
casos são empregados catalisadores específicos para cada tipo de
reação, que são substâncias que possuem ação determinante no
aumento da velocidade com que as reações ocorrem. Os processos
que fazem uso dos catalisadores são conhecidos como processos
catalíticos, em oposição aos não catalíticos ou térmicos, nos quais as
reações ocorrem sob efeito apenas das condições adequadas de
temperatura, pressão e tempo de reação.
Através do processo de craqueamento (cracking, em inglês), as frações mais pesadas (moléculas
maiores) do petróleo são transformadas (quebradas) em frações mais leves (moléculas menores),
por aquecimento (craqueamento térmico) e por aquecimento e catalisadores (craqueamento
catalítico).
O craqueamento é um processo complexo. A quebra de um alcano de molécula grande produz
vários compostos de moléculas menores – alcanos “leves” e “médios”, alcenos, inclusive
carbono e hidrogênio – que são separados posteriormente. Desse processo se originam inúmeros
produtos que servem como matéria-prima para outras indústrias. Por exemplo: com o C2H4
(eteno) é fabricado o polietileno, um dos plásticos mais usados no mundo.
Outro processo de refino aplicado sobre as frações mais pesadas do petróleo, originárias da
destilação atmosférica e da destilação a vácuo, é a reforma catalítica (reforming, em inglês).
Através da reforma catalítica (aquecimento das frações mais pesadas com catalisadores
apropriados), há a transformação de hidrocarbonetos de cadeia normal em hidrocarbonetos
ramificados, cíclicos e aromáticos, contendo em geral o mesmo número de átomos de carbono.
Esse processo é muito importante para melhorar, por exemplo, a qualidade da gasolina
automotiva, pois os hidrocarbonetos ramificados, cíclicos e aromáticos melhoram a desempenho
dessa fração do petróleo nos motores ciclo Otto (motores à gasolina e etanol).
Nos processos de craqueamento as reações podem produzir moléculas menores quando ocorre
quebra das moléculas da carga: este é o objetivo dos processos de coqueamento retardado e do
craqueamento catalítico fluido (FCC).
Pode ser, porém, que o interesse seja de criar moléculas maiores a partir da combinação de
moléculas menores, como é o caso da alquilação catalítica.
Além desses dois casos podem também ocorrer mudanças no arranjo interno da molécula, sem
quebra ou aumento da cadeia carbônica, como nas reações de isomerização.
Os processos de conversão são, geralmente, de elevada rentabilidade, principalmente quando
transformam frações de baixo valor comercial (gasóleos de vácuo e resíduos), em outras de
maior valor (GLP, naftas, querosene, óleo diesel, lubrificantes ou petroquímicos básicos). São
classificados como “processos de fundo de barril”, porque permitem maior aproveitamento do
petróleo, com mínima produção de óleo combustível e asfalto. Apesar da implantação de
unidades de conversão exigir investimentos elevados, o tempo de retorno do capital investido
nos processos de conversão é baixo comparativamente aos processos de separação física.
15
Esquema representando os processos de conversão Térmicos e Catalíticos. Passaremos a analisar cada um dos principais processos de conversão nas linhas abaixo.
PROCESSOS TÉRMICOS DE CONVERSÃO
4.5.1 - Craqueamento térmico
É o mais antigo dos processos de conversão. Seu aparecimento data do início século XX quando
a indústria automobilística viveu a sua primeira fase de crescimento, tendo uma importância
relevante na produção de gasolina até o início dos anos de 1950, quando entrou em
obsolescência em virtude da substituição pelo processo de craqueamento catalítico fluido
(FCC). Esse processo tem por finalidade quebrar moléculas presentes no gasóleo de vácuo ou
no resíduo atmosférico por meio de elevadas temperaturas (até 500ºC) e pressões de 1,5 Mpa
(Megapascal) a 2,0 Mpa, visando produzir frações combustíveis líquidas, principalmente GLP,
gasolina e diesel. Gera os seguintes subprodutos: gás combustível e óleo residual, utilizado
como óleo combustível. Ocorre também a formação de coque (produto sólido de cor negra e
forma aproximadamente granular – que é composto essencialmente de carbono sólido com
teores variáveis de impurezas).
Uma variante desse processo de operação ainda hoje viável é o processo de craqueamento
térmico brando (CTB) cujo objetivo é maximizar diesel, em vez de gasolina e GLP. A formação
de coque é reduzida, possibilitando maiores ganhos.
Esquema representando o processo de craqueamento térmico
16
4.5.2 - Viscorredução
Este processo tem por objetivo reduzir, através da ação térmica, a viscosidade de um resíduo
que será usado como óleo combustível, por meio da quebra de suas moléculas mais pesadas,
tornando desnecessária a adição de frações intermediárias para a redução da viscosidade.
As condições operacionais são brandas em relação às do craqueamento térmico convencional,
para evitar a formação excessiva de coque.
Ocorre formação de uma quantidade de hidrocarbonetos na faixa do diesel e do gasóleo que, não
sendo removidos, entrem como diluentes do resíduo processado, reduzindo sua viscosidade. Gás
combustível, GLP e nafta também são produzidos, porém em menor escala.
Trata-se também de um processo obsoleto, em função do alto custo operacional e baixa
rentabilidade.
Esquema representando a viscorredução, que hoje se encontra obsoleto.
4.5.3 - Coqueamento retardado (UCR)
A unidade de coqueamento retardado (UCR) tem como carga principal um resíduo,
normalmente de vácuo que, submetido à alta temperatura (485ºC) por um pequeno intervalo de
tempo, é craqueado, ou seja, sofre uma intensa quebra de moléculas de alta massa molecular,
produzindo gases (GLP e gás de refinaria), naftas, gasóleos e coque. O objetivo da unidade
UCR é converter resíduos de petróleo em unidades de maior valor agregado.
As principais vantagens desse processo são:
- aumento da conversão de petróleos pesados, agregando valor a petróleos nacionais;
- aumento da produção de óleo diesel;
17
- consumo do resíduo de vácuo, base para a formulação do óleo combustível, cuja
demanda tende a se reduzir cada vez mais;
- aumento da margem de refino das refinarias;
- tecnologia em constante evolução, desde 1920.
O coque de petróleo é um produto que passou a ser do maior interesse, a dependendo de sua
qualidade, associada ao teor de asfaltenos e aromáticos da carga, a exemplo do coque agulha.
Esse produto encontra aplicação como combustível (na indústria de cimento e na indústria
siderúrgica), e como matéria-prima para a obtenção de eletrodos.
A crise do petróleo na década de 1970 trouxe uma crescente importância para esse processo,
uma vez que ele transforma uma fração de baixo valor agregado, o resíduo de vácuo (RV), em
outras, de maiores valores comerciais, como o GLP, a nafta e o óleo diesel.
Existem hoje várias unidades de coqueamento retardado (UCR) de médio e grande portes
instaladas nas refinarias brasileiras.
O projeto de uma unidade de coqueamento pode visar à produção máxima de determinado corte,
segundo a aplicação correta de níveis de pressão, temperatura e reciclos.
Esquema representando uma unidade de coqueamento retardado (UCR)
PROCESSOS DE CONVERSÃO CATALÍTICOS
4.5.4 - Craqueamento catalítico em leito fluidizado (FCC – Fluid Catalystic Cracking)
O FCC é considerado primordialmente um processo de quebra molecular, tendo como principal
carga gasóleos produzidos na unidade de destilação a vácuo. Pode-se ainda usar como carga
adicional o óleo desfaltado. Por meio de severas condições de temperatura, em presença de
catalisador, as moléculas da carga são descompostas em outras mais simples, produzindo gás
combustível, GLP, nafta, gasóleo leve e óleo decantado (fração residual). As reações geram
também coque, que se deposita no catalisador, e é queimado na etapa de regeneração do mesmo.
18
O catalisador empregado nesse processo é constituído por um pó fino de alta área superficial, à
base de sílica (SiO2) e alumina (Al2O3).
Há projetos que contemplam a utilização do RAT (resíduo atmosférico) como carga, desde que
a carga combinada atenda aos limites do projeto da unidade quanto ao teor de asfaltenos e de
metais.
O desenvolvimento do FCC de seu um pouco antes da 2ª Guerra Mundial, devido à grande
necessidade dos aliados de suprir suas tropas com gasolina e produtos petroquímicos.
O FCC tem alto rendimento em GLP e gasolina, de melhor qualidade (alta octanagem), obtida
na faixa de 50% a 60% em volume da carga processada.
Apesar do alto investimento de instalação requerido, o FCC é extremamente atrativo, em face
do alto rendimento em frações leves, de alto valor comercial. Além disso, o tempo de retorno do
empreendimento é muito baixo.
Esquema representando o processo geral de tratamento catalítico, onde se destaca a produção de
GLP e Nafta de Craqueamento, destinada ao pool de gasolina. Há também produção de diesel (óleo
leve/LCO).
4.5.5 - Hidrocraqueamento catalítico (HCC - Hydrocatalytic Cracking)
O HCC é um processo que consiste na quebra de moléculas existentes na carga, em presença de
hidrogênio, por ação conjugada do catalisador, em altas temperaturas e pressões. Ao mesmo
tempo em que ocorrem quebras, acontecem reações de hidrogenação das moléculas.
19
A presença do hidrogênio tem a finalidade de reduzir a deposição de coque sobre o catalisador,
hidrogenar os compostos aromáticos polinucleados, facilitando a sua decomposição e
hidrogenar olefinas e diolefinas que se formam no processo de craqueamento, aumentando a
estabilidade dos produtos finais.
As severas condições possibilitam também a hidrogenação dos compostos dos compostos de
enxofre e nitrogênio, os eliminado dos produtos finais.
O HCC é um processo que concorre com o FCC pela carga do gasóleo de vácuo. Sua grande
vantagem é a versatilidade do processo que permite operar com cargas que variam desde naftas
até gasóleos pesados, maximizando a fração que se deseja (nafta petroquímica, QAV –
querosene de aviação, óleo diesel, gasolina ou lubrificantes).
O processo tem alto rendimento na produção de gasolina de boa octanagem e óleo diesel.
Ocorre também a produção de uma quantidade volumosa da fração GLP. Além disso, o HCC
complementa o FCC, com a conversão de cargas que não podem ser tratadas neste processo
(resíduos de vácuo, gasóleos de reciclo, extratos aromáticos, dentre outras).
A grande desvantagem do processo consiste nas elevadas pressões e temperaturas reacionais que
obrigam a ter equipamentos de grande porte, com metalurgia dispendiosa. Também há a
necessidade de implantação, em paralelo, de uma unidade de geração de hidrogênio, capaz de
suprir as reações de hidrocraqueamento (processo intensivo em consumo de hidrogênio) e de
recuperação de enxofre. A unidade de HCC demanda um elevado investimento.
Os catalisadores empregados em HCC: óxido de níquel-molibdênio (NiO-MoO) ou óxidos de
níquel-tungstênio (NiO-WO3), sobre um suporte de sílica-alumina (SiO2-Al2O3).
Os processos são semelhantes entre si e podem funcionar segundo a natureza da carga e o
objetivo da produção. Pode-se trabalhar visando à maximização de cortes de GLP, gasolina,
querosene de jato ou diesel.
Esquema representando o processo de hidrocraqueamento catalítico (HCC), em duas etapas.
Como variante do processo de HCC temos o processo de Hidrocraqueamento Catalítico
Brando (MHC – Mild Hydrocatalytic Cracking), que opera em condições bem mais suaves,
principalmente em relação à pressão.
20
O processo é vantajoso por permitir a produção de grandes volumes de óleo diesel sem gerar
grandes quantidades de gasolina, a partir de uma carga de gasóleo convencional. É um processo
também de elevado investimento, sendo um pouco mais barato que o HCC.
4.5.6 - Alquilação ou alcoilação catalítica
É um processo que se baseia na junção de duas moléculas leves para a formação de uma terceira
de maior cadeia. Na indústria do petróleo essa rota é usada desde 1932 para a produção de
gasolina de elevado número de octano, a partir de componentes presentes no GLP. O tipo de
catalisador utilizado depende da tecnologia empregada, e os mais utilizados são os catalisadores
de caráter ácido, como o ácido fluorídrico (HF) ou o ácido sulfúrico (H2SO4).
O processo envolve a utilização de uma isoparafina, geralmente o isobutano, presente no GLP,
combinado a olefinas, tais como o propeno, os butenos e os pentenos.
O produto principal (alquilado) é encaminhado para a formulação de gasolina de aviação ou da
gasolina automotiva de elevado número de octano. A unidade também produz em menor
quantidade, nafta pesada, propano e n-butano de alta pureza, que podem ser vendidos
separadamente para usos especiais ou incorporados ao GLP. No que se refere à produção de
gasolina de elevado número de octano, pode-se dizer que este é um processo largamente
utilizado em países cuja demanda por gasolina é elevada e, onde se tem disponibilidade de GLP,
matéria-prima essencial do processo.
Permite a síntese de compostos intermediários de grande importância petroquímica, como o etil-
benzeno (para a produção de poliestireno), o isopropil-benzeno (para produzir fenol e acetona) e
o dodecil-benzeno (matéria-prima de detergentes).
Esquema representando o processo de alquilação catalítica
4.5.7 - Reforma ou reformação catalítica
O processo tem por objetivo transformar uma nafta rica em hidrocarbonetos parafínicos ou
naftênicos em outra, rica em hidrocarbonetos aromáticos (nafta de reforma). O processo foi
desenvolvido em 1940 e emprega alta temperatura (em torno de 500ºC), pressões que variam
21
dependendo da tecnologia empregada e um catalisador à base de metais nobres (ex. platina,
rênio, ródio ou germânico).
O processo pode ter dois objetivos: a produção de gasolina de elevado número de octano ou a
produção de hidrocarbonetos aromáticos leves (benzeno, tolueno e xilenos).
O principal produto do processo é a nafta rica em hidrocarbonetos aromáticos (nafta reformada),
mas o processo gera também em menores quantidades, gás combustível, GLP, coque e uma
corrente rica em hidrogênio (insumo para as unidades de hidrotratamento).
No cenário atual existe uma crescente necessidade de melhoria da gasolina, em termos de
redução do teor de enxofre e de olefinas. As naftas disponíveis para a formulação de gasolinas
com baixos teores desses componentes são:
- as naftas destiladas, dessulfurizadas, de baixo número de octano e baixo teor de
olefinas;
- a nafta oriunda da UFCC (nafta craqueada), que passa por um processo de
hidrodessulfurização seletiva, de forma a ter baixo teor de enxofre e elevado número de
octano (alto teor de olefinas);
- a nafta produzida na unidade de coqueamento retardado (nafta de coqueamento) que
depois de hidrotratada possui baixo teores de enxofre e olefinas e baixo número de
octano.
É nesse cenário que se justifica o investimento em unidades de reforma catalítica, pois a nafta
reformada, de alto número de octano, permite que a refinaria formule gasolina com baixo teores
de enxofre e de olefinas, mantendo-se o número de octano requerido para os motores do ciclo
Otto (motores a gasolina e etanol).
Esquema representando o processo de reforma catalítica
5 - PROCESSOS DE TRATAMENTO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO
INTRODUÇÃO - Esses processos são utilizados para melhorar a qualidade dos derivados. São
conhecidos também como processos de acabamento. Assim como os processos de conversão,
22
eles são de natureza química, embora seus objetivos não sejam provocar profundas
modificações nas frações, mas sim eliminar os contaminantes presentes e estabilizar
quimicamente o produto acabado.
As quantidades e os tipos de impurezas existentes nos produtos são bastantes variáveis,
diferindo conforme o tipo de petróleo e o processo que os produziu. Pode-se se afirmar que a
quantidade de impurezas é significadamente maior nas frações mais pesadas do petróleo,
dificultando a sua remoção.
Para as frações mais leves são empregados processos de tratamento chamados de convencionais
que não requerem condições operacionais severas e são relativamente simples em termos de
equipamentos e de operação. Esses processos são usados principalmente para a redução do teor
de enxofre dessas frações e a consequente eliminação da corrosividade. Nessa categoria estão os
processos de tratamento com aminas e os tratamentos cáusticos, quando aplicados ao gás
combustível e ao GLP.
Para a adequação das frações leves e médias (naftas, querosene e diesel) ou pesadas (gasóleos,
lubrificantes, resíduos) os tratamentos convencionais mostram-se ineficazes para a remoção dos
contaminantes. É necessário lançar mão dos processos de hidrotratamento ou de
hidroacabamento, de maior eficiência, mas que operam em condições mais severas de
temperatura e pressão, apresentando custos operacionais mais elevados e necessitando de
maiores investimentos. Em função das exigências ambientais, que implicam em expressiva
redução dos contaminantes nos derivados, esses processos tornam-se imprescindíveis ao refino
moderno.
5.1 - TRATAMENTOS CONVENCIONAIS
5.1.1 - Tratamento com aminas
É um processo específico de remoção de H2S (gás sulfídrico) de frações leves do petróleo, como
o gás combustível e o GLP. Desenvolvido em 1930 é ainda largamente utilizado hoje.
Dependendo da amina é também removido o CO2 que eventualmente esteja presente na corrente
gasosa. As aminas de maior utilização são a monoetanolamina (MEA), a dietanolamina (DEA) e
a metildietanolamina (MDEA).
A grande vantagem desse processo consiste na capacidade de regenerar a amina e o produto
dessa regeneração é uma corrente de gás ácido, rica em H2S, aproveitada para a produção de
enxofre em uma unidade de recuperação de enxofre (URE).
A presença desse tipo de tratamento é obrigatório junto às unidades de FCC, coqueamento
retardado e hidroprocessamento, onde são geradas correntes gasosas com elevadas
concentrações de H2S, sendo imperiosa a sua redução.
Esquema representando o tratamento DEA de uma corrente de GLP ácido
23
5.1.2 - Tratamento cáustico
O objetivo desse tratamento é a eliminação de compostos ácidos de enxofre, tais como o H2S e
os mercaptanos (RSH) de baixa massa molecular, presentes principalmente no gás combustível
e no GLP, utilizando uma solução aquosa de soda cáustica (NaOH). Compostos sulfurados
diferentes desses mencionados não podem ser removidos por esta rota.
Uma das desvantagens do processo é o elevado consumo de soda cáustica, que mesmo sendo
um insumo de baixo custo, a depender do teor de contaminantes e da vazão da carga processada,
pode se constituir num fator de elevado custo operacional. Por isso é utilizado apenas para as
frações leves pouco contaminadas ou como pré-tratamento de outros processos.
Para reduzir o consumo de soda e a geração de soda gasta, o tratamento cáustico regenerativo é
usado quando o teor de mercaptanos na carga é elevado. Nessa versão do tratamento, aplicado
ao GLP, à nafta e ao querosene, os mercaptanos (RSH) são transformados em dissulfetos,
regenerando a soda cáustica, que, então, é reutilizada no tratamento. O tratamento cáustico
regenerativo é também conhecido como tratamento MEROX. Utiliza um catalisador
organometálico (ftalcianina de cobalto) em leito fixo ou dissolvido na solução cáustica, de
forma a extrair as mercaptanas dos derivados e oxidá-las a dissulfetos.
Esquema representando o Tratamento Cáustico Regenerativo (Tratamento MEROX) a correntes
de GLP e Nafta
5.2 - PROCESSOS DE HIDROTRATAMENTO (HDT)
Além da redução do teor de enxofre, o hidrotratamento (HDT) pode ser utilizado para a redução
de hidrocarbonetos olefínicos (estabilização) e aromáticos (aumento do número de cetano no
óleo diesel) e para a redução de outros contaminantes como o nitrogênio, o oxigênio e os
metais, dependendo do tipo de carga e do objetivo do tratamento.
O processo foi desenvolvido na década de 1920, na Alemanha, mas sua viabilidade industrial
para tratamento de derivados de petróleo se tornou mais expressiva a partir de 1950, com a
disponibilidade de hidrogênio, subproduto da reforma catalítica.
O uso intensivo de processos de hidrotratamento foi impulsionado nos últimos anos devido a
três fatores:
24
- primeiro fator, a pressão da sociedade para a melhoria da qualidade do ar, exigindo
derivados, principalmente gasolina e óleo diesel, com menores teores de enxofre, para
menor emissão de poluentes (SOX);
- segundo fator, a constatação da descoberta de petróleos cada vez mais pesados, com
teores mais elevados de contaminantes, que estão sendo processados nas refinarias
mundiais;
- terceiro fator, é o custo da geração do hidrogênio que se tornou menor nos dias de hoje
devido à maior escala das atuais plantas de geração de hidrogênio e ao uso do gás natural
como matéria-prima, em substituição à nafta.
O processo de HDT abaixo é descrito para óleos lubrificantes básicos, mas pode ser aplicado
aos demais derivados do petróleo, desde a nafta até as frações residuais.
Os catalisadores empregados no processo de HDT possuem alta atividade e vida útil, sendo
baseados principalmente em óxidos ou sulfetos de Ni, Co, Mo, W ou Fe. O suporte do
catalisador, geralmente a alumina, não deve apresentar característica ácida, a fim de se evitarem
as indesejáveis reações de craqueamento.
Esquema representando um processo de hidrotratamento de óleo desparafinado, gerando corrente de óleo
hidrotratado que se destinará a produção de óleos lubrificantes básicos.
6 - PROCESSOS AUXILIARES
São os que se destinam a fornecer insumos à
operação de outros processos, ou aqueles cujo
objetivo e o de tratar correntes efluentes das
operações industriais. Abaixo faremos um
descritivo desses processos de forma resumida.
6.1 - Processo de geração de hidrogênio
Processo que tem se tornado cada vez mais
presente nas refinarias na medida em que tem
crescido a importância das unidades de HDT
25
(hidrotratamento). Sua missão e suprir de hidrogênio essas unidades, complementando o
hidrogênio gerado pela reforma catalítica. O processo mais usual consiste na reação química de
hidrocarbonetos com vapor d’água (processo denominado como reforma a vapor). Essa
reação ocorre à elevada temperatura (+ de 800ºC), com auxílio de catalisadores a base de níquel.
As correntes de hidrocarbonetos mais utilizadas são: gás natural, gás combustível, GLP ou nafta
(hidrocarbonetos leves), sendo preferível o gás natural por sua maior disponibilidade.
6.2 - Processo de recuperação de enxofre
O objetivo da unidade de recuperação de enxofre (URE) é produzir enxofre na sua forma
elementar (S), a partir de uma corrente de gás rica em gás sulfídrico (H2S). O processo consiste
na oxidação parcial do gás sulfídrico com o ar, gerando enxofre e água. A reação é feita em duas
etapas: uma térmica (temperatura maior que 1000 ºC) e outra catalítica (temperatura menor que
300 ºC). O gás ácido é oriundo de diversas fontes:
- gás combustível e GLP oriundos do craqueamento catalítico e do coqueamento
retardado, que possuem altos teores de H2S, o qual é removido pelo tratamento com
aminas, gerando gás ácido;
- as demais frações de petróleo, ao passarem pelo HDT (hidrotratamento), geram gás de
refinaria (por craqueamento), e também H2S, que depois de tratado com aminas, gera gás
ácido;
- a unidade de tratamento de águas ácidas gera como subproduto o gás ácido, neste caso
contaminado com amônia.
6.3 Unidade de águas ácidas
Numa refinaria de petróleo a água (na forma líquida ou a vapor) é muito utilizada para
purificação de alguma corrente e resfriamento. A água em contado com o petróleo, derivados e
seus contaminantes fica “poluída”, gerando as águas ácidas.
São exemplos de unidades geradoras águas ácidas: a destilação, o hidrotratamento, o FCC
(craqueamento catalítico em leito fluidizado) e o coqueamento retardado.
Nas unidades de águas ácidas faz-se a retificação da água com o uso de vapor d’água em
diferentes níveis de pressão, produzindo duas correntes gasosas: uma rica em amônia, que deve
ser queimada em um incinerador de amônia; outra rica em H2S, que contém contaminação
também de amônia (até 10% em volume), que é encaminhada diretamente à unidade de
recuperação de enxofre (URE). A água tratada pode ser reutilizada em novos processos.
7 – BREVE HISTÓRIA DO PETRÓLEO
Desde a antiguidade o petróleo já era
conhecido pelo homem. Mas a sua
exploração comercial e refino se tornou
comercialmente relevante no séc. XIX,
primeiramente com a produção de
querosene, em substituição ao óleo de
baleia, utilizado na iluminação e depois,
com o advento dos motores de combustão
interna (motores ciclo Otto), o produto
derivado de maior relevância passou a ser a
gasolina.
26
Ao se produzir querosene e gasolina, descobriu-se utilidade também para as frações mais
pesadas do petróleo, então residual, como combustível para as caldeiras das indústrias e óleo de
combustão para embarcações. Assim surgiu o uso comercial do óleo combustível.
O óleo diesel só veio a encontrar mercado consumidor, a partir de 1919, com aperfeiçoamento,
nos Estados Unidos, dos motores que operavam no ciclo Diesel, inventado na Alemanha.
Em 1939, Hans von Ohain desenvolveu na Alemanha a primeira turbina de aviação que usava
gasolina como combustível. Todavia, em 1941, em vista da escassez desse derivado, em função
da 2ª guerra mundial, o inglês Frank Whittle, desenvolveu uma turbina de aviação que utilizava
querosene como combustível. Nasceu assim o querosene de aviação, que posteriormente sofreu
algumas alterações para atender às rígidas especificações de segurança de vôo.
No Brasil os primeiros automóveis chegaram logo no início do séc. XX e a distribuição de
derivados teve início em 1912, através de empresas multinacionais (Standart Oil, futura Esso,
seguida da Shell, Texaco e Atlantic).
Na década de 1930 a indústria de petróleo no Brasil passou por vários avanços: formulação de
lubrificantes pela Esso (1930); fundação da Companhia Brasileira de Petróleo (1931); início da
operação Destilaria RioGrandense (1934) e de sua sucessora a Refinaria Ipiranga (1937); a
partida da refinaria Matarazzo em São Caetano do Sul-SP (1936); a criação do Conselho
nacional de Petróleo – CNP (1938). Na década de 1940, duas pequenas unidades em Aratu e
Candeias produziam gasolina, óleo diesel e querosene de iluminação, a partir de petróleo
produzidos na Bahia. Em 1945 e 1946, respectivamente, foram dadas concessões para a
construção de suas refinarias, no Rio de Janeiro: Refinaria de Manguinhos e outra em Capuava-
SP (Refinaria União). Durante a gestão do CNP, iniciou a construção da refinaria de Mataripe,
que entrou em operação em 1950. Em 1952, foi concedida a licença para a construção de uma
refinaria em Manaus-AM.
Porém, foi na década de 1950, que a indústria de refino no Brasil experimentou maior impulso
com os seguintes eventos:
- ampliação da refinaria de Mataripe;
- construção da primeira refinaria de grande porte em Cubatão, que entrou em operação
em 1955;
- estabelecimento do monopólio da União Federal sobre as atividades integrantes da
indústria do petróleo, em 3 de outubro de 1953, sancionado pela Lei Federal nº 2.004,
com a previsão de criação de uma empresa estatal para a execução desse monopólio;
- nascimento da empresa Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, em 1954, que ao ser
constituída, recebeu do CNP os campos de petróleo do recôncavo baiano, as refinarias de
Mataripe-Ba e Cubatão-SP, a Frota Nacional de Petroleiros. E os bens da
Superintendência de Industrialização do Xisto.
Desde 1980, com o crescimento do mercado, o aumento das exigências em relação à qualidade
dos produtos e as descobertas de petróleos nacionais, as refinarias sofreram ampliações de
capacidade e cresceram em complexidade.
As grandes alterações pelas quais passou o setor energético nacional, a partir da década de 1980,
foram as seguintes:
- o petróleo e seus derivados representam atualmente no Brasil a maior fonte primária de
energia, em torno de 50,6%;
- os petróleos importados foram sendo substituídos por petróleo nacionais, tendo o Brasil
atingindo a autossuficiência na produção em 2005;
27
- no setor de transportes brasileiro, o óleo diesel se fixou como o principal combustível,
em função da maior participação do modal rodoviário, com redução, em termos
comparativos da gasolina, que passou a ser substituída parcialmente por combustíveis
alternativos (etanol e gás natural veicular – GNV);
- o gás liquefeito de petróleo (GLP) substitui em grande parte o consumo de lenha como
combustível doméstico e acompanhou o crescimento da população brasileira.
Atualmente o Brasil dispõe 13 (treze) refinarias, sendo 10 (dez) pertencentes à Petrobras e 3
(três) privadas.
As refinarias sob controle da Petrobras são as seguintes: REPLAN – Refinaria Paulínea-SP;
RLAM – Refinaria Landulpho Alves-BA; REVAP – Refinaria Henrique Lage-SP; REDUC –
Refinaria Duque de Caxias-RJ; REPAR – Refinaria Presidente Getúlio Vargas-PR; REFAP –
Refinaria Alberto Pasqualini-RS; RPBC – Refinaria Presidente Bernardes-SP; REGAP –
Refinaria Gabriel Passos-MG; RECAP – Refinaria de Capuava-SP; REMAN – Refinaria Isaac
Sabbá-AM; RPCC – Refinaria Potiguar Clara Camarão-RN; LUBNOR – Lubrificantes
Nordeste-CE.
A RLAM – Refinaria Landulpho Alves, localizada no município de São Francisco do Conde-
BA, entrou em operação em 17 de setembro de 1950, voltada para o processamento do óleo
altamente parafínico recém-descoberto no Recôncavo Baiano. Foi incorporada à Petrobras em
1954. Sua capacidade de processamento seria ainda duplicada em 1954, ampliada em 1959 e
novamente em 1960, quando entraram em operação as unidades de produção de lubrificantes e
parafinas. Essa refinaria, em 2010, possuía capacidade de processamento de cerca de 44.000
m3/d. É a segunda maior brasileira e a principal unidade da região Nordeste, abastecendo o
mercado com combustíveis e suprindo o pólo petroquímico de Camaçari como matérias-primas.
Destaca-se também com a principal produtora de parafinas do país.
Refinarias privadas: Refinaria de Petróleo Riograndense-RS, sob controle acionário da
Petrobras, Ultrapar e Brasken; Refinaria de Manguinhos-RJ; Univen Refinaria-SP.
Em construção: RNEST (Refinaria do Nordeste, posteriormente batizada de Refinaria Abreu
Lima), no estado de Pernambuco; COMPERJ (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
Em fase de projeto: Refinaria Premium I, no estado do Maranhão e Refinaria Premium II, no
estado do Ceará.
8 – MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE PETRÓLEO
Em 2012, a produção mundial de óleo aumentou em 1,9 milhão de barris diários, mais que o
dobro do crescimento do consumo. Décimo terceiro colocado, o Brasil foi responsável por 2,7%
de todo o petróleo produzido no período. Veja, a seguir, quem lidera, no ano 2012, e os números
comparativos com o ano de 2011.
PAIS
PARTICIPAÇÃO 2012
(MILHÕES POR DIA) 2011
(MILHÕES POR DIA VARIAÇÃO (2011-2012)
1º Arábia Saudita 13,3% 11,530 11,144 3,7%
2º Rússia 12,8% 10,643 10,510 1,2%
3º Estados Unidos 9,6% 8,905 7,868 13,9%
4º China 5,0% 4,155 4,074 2,0%
5º Canadá 4,4% 3,741 3.526 6,8%
6º Irã 4,2% 3,680 4,358 -16,2%
7º Emirados Árabes Unidos
3,7% 3,380 3,319 1,6%
8º Kuwait 3,7% 3,127 2,880 8,9%
9º Iraque 3,7% 3,115 2,801 11,2%
10º México 3,5% 2,911 2,940 -0,7%
11º Venezuela 3,4% 2,725 2,766 -1,5%
12º Nigéria 2,8% 2,417 2,460 -1,9%
28
13º Brasil 2,7% 2,149 2,193 -2,0%
14º Noruega 2,1% 1,916 2,040 -7,0%
15º Angola 2,1% 1,784 1,726 3,4%
16º Catar 2,0% 1,966 1,836 6,3%
17º Cazaquistão 2,0% 1,728 1,758 -1,6%
18º Argélia 1,8% 1,667 1,684 -0,9%
19º Líbia 1,7% 1,509 0,479 215,1%
20º Colômbia 1,2% 0,944 0,920 3,2%
Fonte: http://exame.abril.com.br/
9 – PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO BRASIL POR UNIDADE FEDERADA
Na tabela abaixo estão listados, por unidade federada, os 9 maiores produtores de petróleo do
Brasil e a produção em barris, para o ano de 2012 (petróleo extraído de terra e mar):
Unidade Federada Produção (em milhões de
barris/ano)
1º) Rio de Janeiro 561,5
2º) Espírito Santo 113,1
3º) Rio Grande do Norte 21,7
4º) Bahia 16,0
5º) Sergipe 17,7
6º) Amazonas 12,3
7º) São Paulo 10,9
8º) Ceará 2,4
9º) Alagoas 1,7
Fonte: ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
10 – OUTROS DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE O PETRÓLEO
10.1 - OS 5 (CINCO) MAIORES EXPORTADORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE
BARRIS/DIA (ANO DE 2009).
PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA
(2009)
Arábia Saudita 7,322
Rússia 7,194
Irã 2,486
Emirados Árabes 2,303
Noruega 2,132 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A
10.2 – OS 5 (CINCO) MAIORES CONSUMIDORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE
BARRIS/DIA (ANO DE 2010)
PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA
(2010)
Estados Unidos 19,180
China 9,392
Japão 4,452
Índia 3,116
Rússia 3,038
Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A
29
Observação: O Brasil é o 7º maior consumidor de petróleo do mundo, com 2,560 milhões de
barris/dia.
10.3 – OS 5 (CINCO) MAIORES IMPORTADORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE
BARRIS/ANO (ANO DE 2009)
PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA
(2009)
Estados Unidos 9,631
China 4,328
Japão 4,235
Alemanha 2,323
Índia 2,235 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A
10.4 – AS 5 (CINCO) MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEO, EM BILHÕES DE BARRIS
DE ÓLEO EQUIVALENTE (ANO DE 2011)
PAÍSES BILHÕES DE BARRIS DE
ÓLEO EQUIVALENTE (2011)
Venezuela 296,5
Arábia Saudita 265,4
Canadá 175,2
Irã 151,2
Iraque 153,1
Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A
Observação: O Brasil apresenta a 14ª maior reserva do mundo de petróleo, com 15,1 bilhões de
barris equivalentes de óleo em 2011.
30
RESUMO TRIBUTAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES –
DERIVADOS E NÃO DERIVADOS DE PETRÓLEO.
UM POUCO DA HISTÓRIA DA TRIBUTAÇÃO DO PETRÓLEO E
COMBUSTÍVEIS DERIVADOS NO BRASIL Remonta à Constituição de 1934, o primeiro
regramento atinente à tributação específica de
combustíveis. No art. 6º da Carta Magna de 34
foi expressamente conferida competência à
União para instituir imposto sobre consumo de
quaisquer mercadorias, exceto combustíveis de
motor à explosão. Aos Estados foi outorgada a
competência privativa de instituição do imposto
de consumo sobre combustíveis destinados a uso
em motores à explosão.
A Constituição de 10 de novembro de 1937, também denominada de Constituição Polaca, pois
institucionalizou o regime de exceção implantado por Getúlio Vargas, pouco modificou o
sistema estabelecido na Carta de 34, mas foi retirada dos Estados a competência privativa para
tributar o consumo de combustíveis de motor à explosão, ficando na esfera de atribuição de
União instituir imposto de consumo sobre quaisquer mercadorias.
Com a redemocratização do país, após a segunda guerra mundial, foi promulgada a Constituição
de 1946. No art. 15, inc. III, da referida Carta Magna, foi estabelecida a seguinte regra:
“Art. 15 - Compete à União decretar impostos sobre:
III – produção, comércio, distribuição e consumo, e bem assim importação e
exportação de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos de qualquer origem ou
natureza”.
No parágrafo segundo do citado dispositivo da Lei Maior de 46 ficou estabelecido que o tributo
ali previsto teria a forma de imposto único, que incidiria sobre cada espécie de produto, sendo
que da renda resultante, 60% (sessenta por cento) seriam entregues aos Estados, Distrito Federal
(DF) e Municípios, proporcionalmente à sua superfície, população, consumo e produção, nos
termos e para os fins estabelecidos em lei federal.
Ainda na vigência da CF/46, e após o golpe militar de 1964, foi aprovada a Emenda
Constitucional nº 18/65, que promoveu alterações significativas no sistema tributário nacional.
Os impostos foram classificados em função da base econômica sob a qual incidiam: comércio
exterior, patrimônio e renda, produção e circulação e os impostos especiais.
A tributação das operações sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de
combustíveis e lubrificantes líquidos e gasosos de qualquer origem ou natureza foi inserido no
rol dos impostos especiais, juntamente com energia elétrica e minerais do País, de competência
da União, sendo adotada a sistemática de incidência única sobre uma dentre as operações
previstas na Emenda Constitucional (Art. 16, inc. I e o correspondente parágrafo único). Ficou
mantida a distribuição de 60% do imposto arrecadado sobre combustíveis e lubrificantes para
distribuição aos Estados, DF e Municípios.
Na vigência da CF de 1967 foi prevista, no art. 22, inc. VIII, a competência da União para
decretar impostos sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de
lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos, na sistemática também de incidência única
31
sobre uma dentre as operações ali listadas e com a exclusão de taxação das mesmas operações
por quaisquer outros tributos. No tocante ao ICM estadual, foi criada a incidência tão somente
nas operações de distribuição ao consumidor final de lubrificantes e combustíveis líquidos
utilizados por veículos rodoviários, cuja receita seria aplicada exclusivamente em investimentos
rodoviários, tendo sido esta a primeira tentativa do Governo em destinar recursos da tributação
de combustíveis e lubrificantes para rodovias. Todavia, o Ato Complementar nº 40/1968,
revogou esta previsão de incidência do ICM estadual.
Na divisão do bolo do imposto de competência da União, previsto na CF de 1967, incidente
sobre operações com combustíveis e lubrificantes, quarenta por cento (40%) foi destinado à
distribuição entre Estados, DF e Municípios.
A referida sistemática de tributação dos combustíveis e lubrificantes, contida na Carta de 1967,
foi mantida na Constituição de 1969, com a menção expressa de não incidência de qualquer
outro tributo sobre as operações com os referidos produtos.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi extinto o imposto único da União
sobre operações com combustíveis e lubrificantes. Instituído nesta Carta o ICMS com
incidência sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e comunicações. No conceito de operações com mercadorias se
encontram inseridas as operações com petróleo, combustíveis líquidos e gasosos e lubrificantes,
derivados ou não de petróleo.
Foi também inserida na Carta de 1988 a competência para os municípios instituírem o imposto
de vendas a varejo sobre combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel (IVVC), regra que
vigorou de 1989 a 1995. Após a edição da Emenda Constitucional nº 03/93, esta competência
foi revogada, com efeitos a partir de 1º janeiro de 1996.
Atualmente, além do ICMS estadual, a Constituição da República autoriza, no que se refere à
tributação por via de impostos, a incidência sobre combustíveis e derivados de petróleo tão
somente dos impostos vinculados ao comércio exterior. Esses tributos são de competência da
União e incidem sobre as operações de exportação e de importação.
Além do ICMS somente o Imposto de Importação vem sem utilizado para incidência nas
operações com petróleo, combustíveis e lubrificantes dele derivados. O Imposto de Importação
tem por base de cálculo o valor aduaneiro, denominado CIF, que inclui os custos com seguro e
frete. A alíquota deste imposto pode ser alterada por meio de Decreto Presidencial, conforme
previsto no art. 153 da CF/88. A alíquota do imposto de importação é determinado no âmbito do
Mercosul, por meio da Tarifa Externa Comum - TEC, com a possibilidade dos países-membro
aplicarem alíquotas diferentes para alguns produtos. Em relação aos derivados de petróleo a
alíquota tem sido mantida em zero. O álcool por sua vez tem a alíquota provisoriamente zerada,
mas pode ser alterada para 20%, que é o valor previsto na TEC.
A Constituição, apesar de delimitar “numerus clausus” os impostos que podem incidir sobre
combustíveis e lubrificantes, não vedou, entretanto, a incidência de outros tributos sobre as
operações com os citados produtos, a exemplo do que ocorre com as contribuições federais.
Assim, no exercício desta competência, a União, através da Emenda Constitucional nº 33/2001,
inclui no texto da CF/88 as regras básicas que regulam a CIDE - Combustíveis, uma
contribuição de intervenção no domínio econômico, incidente sobre as atividades de importação
ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool
combustível. A CIDE - combustíveis foi instituída pela Lei nº 10.336/01, com as alíquotas
diferenciadas por produto e estabelecidas por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o
disposto no art. 150, III, “b” (princípio da anterioridade).
32
Também incide sobre as operações com combustíveis e derivados de petróleo o PIS
(Contribuição do Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social), que são contribuições sociais de competência da União
previstas, respectivamente, nos arts. 239 e 195, I, “b”, da Constituição.
As citadas contribuições foram inseridas no ordenamento pátrio pelas Leis Complementares nº
7/70 (PIS) e nº 70/91 (COFINS). Tiveram seus regramentos básicos unificados pela Lei nº
9.718/98.
A base de cálculo das duas contribuições é o faturamento.
Neste Manual abordaremos tão somente a tributação do petróleo e combustíveis à luz da
legislação do ICMS em vigor no Estado da Bahia nos últimos 5 (cinco) anos.
33
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO PETRÓLEO NO ICMS
DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 1009 A 2013 (últimos 05 anos).
Atualizado até a alteração nº 19 do RICMS/12 (Decreto nº 14.812/13).
Introdução: No texto das páginas acima fizemos uma breve abordagem dos aspectos técnicos
relacionados à composição, produção e refino do petróleo. Acrescentamos também algumas
informações históricas e dados econômicos da produção mundial e nacional para melhor ilustrar
a importância do petróleo na matriz energética contemporânea. A seguir passaremos a tratar das
principais regras de tributação do ICMS vigentes na legislação do Estado da Bahia, incidentes
sobre as operações com petróleo. Para o Auditor Fiscal, na condição de operador do Direito
Tributário, a compreensão do contexto técnico, social, político e econômico onde irá
desempenhar a sua atividade é fundamental para que as regras de tributação sejam
adequadamente interpretadas e aplicadas.
PRINCIPAIS DISPOSIÇÕES DA LEGISLAÇÃO DO ICMS VIGENTE NO
ESTADO DA BAHIA
1 – Da incidência Na entrada, no território do Estado, de petróleo, quando não destinado à comercialização,
industrialização, produção, geração ou extração
Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96).
Observação importante 1: Na operação interestadual com petróleo não há incidência do ICMS,
deslocando-se toda a tributação para a unidade federada de destino, por força de norma
constitucional contida no art. 155, § 2º, inc. X, letra “b” , conforme se verá no item 3, abaixo. A
LC 87/96 normatiza esta incidência no art. 2º, § 1º, inc. III
Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de petróleo
contém um benefício fiscal para a unidade federada de destino e não para o consumidor ou
destinatário final da mercadoria. A não incidência prevista na norma é apenas parcial e alcança tão
somente a operação interestadual relativa ao petróleo. Toda a tributação, portanto, é deslocada para
a unidade federada de destino, onde se dará o consumo final do produto ou se seus derivados
(princípio da tributação no destino).
34
2 – Do momento da ocorrência do fato gerador
Por ocasião da entrada, no território do Estado, de petróleo oriundo de outra unidade da
Federação, quando não destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou
extração.
Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96).
3 – Não Incidência
Operação interestadual quando o petróleo é destinado à comercialização, industrialização,
produção, geração ou extração, em outra unidade da Federação.
Base Legal: Art. 6º, inc. III, “b”, do RICMS/97(5). Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96) (6).
Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais
com petróleo e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados têm por fonte
originária as disposições da Constituição Federal: art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”.
Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de
petróleo, conforme já frisado no item 1 acima, é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada
para unidade federada de destino onde se verificará a comercialização ou industrialização
subseqüente do produto ou de seus derivados. Objetiva a norma em questão eliminar a
possibilidade de arrecadação do ICMS incidente sobre as operações interestaduais com petróleo
para as unidades onde se localizam os poços produtores. O legislador prestigiou a arrecadação
do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do Estado(s) produtor(es), dado ser grande
o número de unidades federadas consumidoras e poucas as unidades onde se localiza a
produção.
4 – Da importação
O ICMS importação é devido por ocasião da entrada do petróleo no estabelecimento importador
e não no desembaraço aduaneiro, como nas demais mercadorias. Aplica-se ao caso a regra do
diferimento, contida no art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97, efeitos até 31/03/2012, com a
seguinte redação:
Art. 343. É diferido o lançamento do ICMS incidente:
(...)
XXXIII - nas entradas decorrentes de importação do exterior de óleos
brutos de petróleo – NCM 2709.00.10, para o momento em que ocorrer a
entrada dos produtos no estabelecimento do importador neste estado;
IMPORTANTE: a partir de 01/04/2012, com a entrada em vigor do novo Regulamento do
ICMS (RICMS/12), o diferimento nas importações de petróleo passou a ser regido pelo art.
286, § 2º, II, com a seguinte redação:
Art. 286. É diferido o lançamento do ICMS:
(...)
35
§ 2º As hipóteses de diferimento previstas neste artigo encerram na saída
subsequente da mercadoria ou do produto resultante de sua
industrialização, exceto em relação às hipóteses a seguir indicadas, cujo
encerramento ocorrerá na entrada dos produtos no estabelecimento:
(...)
II - nas entradas decorrentes de importação do exterior de óleos brutos de petróleo
- NCM 2709.00.10;
O tratamento dado pelo RICMS/97 às importações de petróleo foi mantido no RICMS/12.
Base legal: Art. 572 do RICMS/97. Art. 332, inc. IV, do RICMS/12. (Regras atinentes ao
momento do recolhimento do ICMS-importação, modificadas pelas regras referentes ao
diferimento na importação de petróleo – vide item 6).
5 – Da exportação
Não incide ICMS na operação que destine petróleo ao exterior.
Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96) .
Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o
exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: 1art. 155,
§ 2º, inc. X, letra “a”.
6 – Do diferimento
6.1 - Ocorre diferimento do lançamento e do pagamento do ICMS nas sucessivas saídas internas
de petróleo em estado bruto do estabelecimento extrator para o estabelecimento refinador para o
momento em que ocorrer a saída a qualquer título. Este diferimento foi temporariamente
revogado, com a criação da regra de isenção, que vigorou entre 1º de janeiro de 2013 e 31
de março de 2013, por força do Decreto nº 14.209, de 14/11/12. O diferimento foi
restabelecido pelo Decreto nº 14.372, de 28/03/13, DOE de 29/03/13, efeitos a partir de 1º/04/13. Vide
observações abaixo.
Base Legal: art. 343, inc. XXIX c/c art. 511, inc. I, do RICMS/97. Art. 286, inc. XIII, do
RICMS/12.
Observação importante 1. O diferimento citado no item 6.1 foi revogado pelo Decreto nº
14.209, de 14 de novembro de 2012, com efeitos a partir de 1º janeiro de 2013. Trata-se do
diferimento nas operações internas de petróleo, do estabelecimento extrator para o
estabelecimento refinador. Essa operação passou a ser isenta – vide item 7, abaixo)
Observação importante 2. Caso a saída resultante do petróleo ou dos produtos resultantes
do refino seja isenta ou não tributada pelo ICMS, o contribuinte responsável deverá
1 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a)
sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;
36
efetuar o pagamento do imposto diferido, nas operações verificadas antes de 1º de janeiro
de 2013, referente à entrada do petróleo no estabelecimento, conforme determina a regra
contida no 2art. 347, I e § 2º, do RICMS/97 e o
3art. 286, § 12, do RICMS/12 . Ocorre a
dispensa do pagamento do imposto diferido se a saída subsequente for para exportação do
petróleo ou dos produtos resultantes do refino – 4art. 347, § 3º, I e II , do RICMS/97 e
5art.
286, § 13, I, do RICMS/12 (hipótese de manutenção de crédito do ICMS).
Observação importante 3 – A partir de 1º/04/13, foi o restabelecida a regra de diferimento
nas sucessivas saídas internas de petróleo em estado bruto do estabelecimento extrator
para o estabelecimento refinador, por força do Decreto nº 14.372, de 28/03/13, DOE de 29/03/13.
6.2 – Ocorre diferimento do lançamento e do pagamento do ICMS nas entradas decorrentes de
importação de óleos brutos de petróleo NCM 2709.00.10, para o momento em que ocorrer a
entrada do produto no estabelecimento importador. Nesta hipótese o pagamento do imposto é
deslocado para o momento da entrada no estabelecimento importador e não no desembaraço
aduaneiro da mercadoria.
Base Legal: art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97. Art. 286, inc. XVIII c/c o respectivo § 2º, inc.
II, do RICMS/12.
6.3 – Também ocorre diferimento nas saídas internas de bens e mercadorias entre
estabelecimentos de empresa:
a) refinadora de petróleo;
b) fabricante de produtos petroquímicos básicos (central petroquímica).
A mencionada hipótese de diferimento, em relação ao petróleo, alcança as operações com o
produto já processado ou tratado, ou suas frações e derivados, nas saídas internas entre
estabelecimentos que operem na atividade de refino ou de fabricação de produtos petroquímicos
básicos, a exemplo da nafta petroquímica e aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos).
Base Legal: art. 286, inc. LX, do RICMS/12. Decreto nº 14.550/13, de 19/06/13, DOE de
20/06/13, efeitos a partir de 01/07/13, para “saídas internas de bens e mercadorias de estabelecimento
refinador de petróleo para as bases de distribuição pertencentes à mesma empresa.” Decreto nº 14.681,
de 30/07/13, DOE de 31/07/13, efeitos a partir de 01/08/13, que incluiu as operações entre
estabelecimentos de centrais petroquímicas.
2 Art. 347. O ICMS será lançado pelo responsável: I - uma vez ocorrido o momento previsto como termo final do diferimento, ainda que a operação que
encerrar o diferimento seja isenta ou não tributada; § 2º Nas hipóteses em que o termo final do diferimento corresponda à operação de saída amparada por isenção ou não incidência, caberá ao contribuinte que promover esta saída efetuar o lançamento do imposto até então diferido, cuja base de cálculo equivalerá ao preço de aquisição da mercadoria entrada no estabelecimento, incluídas as despesas acessórias, ressalvada a hipótese do parágrafo seguinte. 3 Art. 286. É diferido o lançamento do ICMS: § 12. Nas hipóteses em que o termo final do diferimento corresponda à operação de saída amparada por isenção
ou não incidência, caberá ao contribuinte que promover esta saída efetuar o lançamento do imposto até então diferido, cuja base de cálculo equivalerá ao preço de aquisição da mercadoria entrada no estabelecimento, incluídas as despesas acessórias, ressalvada a hipótese do § 13 deste artigo. 4 Art. 347. O ICMS será lançado pelo responsável: § 3º É dispensado o lançamento do imposto cujo lançamento tenha sido diferido, relativamente às entradas:
I - quando o termo final do diferimento for o momento da saída subseqüente da mercadoria ou do produto dela resultante, no caso de: a) mercadoria que venha a ser exportada para o exterior com observância dos arts. 581, 582 e 583; b) mercadoria destinada à utilização como matéria-prima ou qualquer outro insumo a ser empregado diretamente na fabricação de produtos industrializados que venham a ser exportados para o exterior com não-incidência do imposto, nos termos dos arts. 581, 582 e 583; c) insumo empregado na fabricação de produto cuja operação de saída venha a ocorrer com isenção ou não-incidência, nas hipóteses em que houver expressa autorização de manutenção do crédito, no caso de a industrialização ser feita por conta do estabelecimento industrializador adquirente dos produtos com diferimento; d) mercadorias de que trata o inciso LXXIII do art. 343, quando a saída subseqüente for alcançada com isenção. e) mercadorias de que trata o inciso XIV do caput do art. 343, quando a saída subseqüente da mercadoria ou do produto resultante da industrialização for desonerada do ICMS; II - de leite no estabelecimento, nas hipóteses do § 1º do art. 466; 5 Art. 286. É diferido o lançamento do ICMS: § 13. É dispensado o lançamento do imposto diferido: I - quando a operação de saída subsequente venha a
ocorrer com não-incidência, isenção ou redução de base de cálculo, nas hipóteses em que houver expressa autorização de manutenção do crédito;
37
7 – Da isenção
Isenção do ICMS, entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de março de 2013, nas saídas internas de
petróleo, efetuadas por estabelecimento extrator com destino a estabelecimento refinador. A
isenção vigorou, portanto, por prazo determinado (efeitos temporários).
Base Legal: art. 265, inc. CIV, do RICMS/12 (Decreto nº 14.209, de 14 de novembro de 2012,
alteração nº 6 ao RICMS/12). Dispositivo revogado pela alteração nº 12, do RICMS/12,
através do Dec. nº 14.372, de 28/03/2013, com efeitos a partir de 01/04/2013 – DOE de
29/03/2013.
8 – Do estorno de crédito fiscal em relação às operações com petróleo
A legislação do ICMS do Estado da Bahia passou a exigir o estorno dos créditos fiscais, a partir
de 01/04/2011, em relação às entradas de petróleo, bem como de mercadorias e serviços
utilizados na sua produção (extração) ou embalagem, quando ocorresse operação de saída
daquele produto ou de seus derivados, para outra unidade da Federação, destinados à
comercialização, industrialização, produção, geração ou extração, com não-incidência do
imposto, nos termos das alíneas “b” e “c” do inciso III do art. 6º, do RICMS/97 Vide
observações abaixo quanto ao regime de estorno de crédito.
Observações importantes: evolução histórica da questão do estorno de crédito com
petróleo:
Observação 1: Até 31/03/11, o regime de diferimento vigente, no RICMS/97, admitia a
manutenção total dos créditos fiscais das mercadorias e serviços utilizados na extração do
petróleo, nas saídas subsequentes do produto ou de seus derivados sem incidência ou com
isenção do ICMS;
Observação 2: A partir do Decreto nº 12.537, de 30/12/10 (alteração nº 142, ao RICMS/97),
com efeitos a partir de 1º/04/2011, portanto, ainda na vigência do RICMS/97, foi abolida a
manutenção de crédito fiscal, mencionada na “Observação 1 acima, nas operações subseqüentes,
com petróleo ou seus derivados sem incidência ou com isenção do ICMS;
Observação 3: Com a entrada em vigor do RICMS/12 (Dec. nº 13.780/12), a regra que aboliu a
manutenção do crédito fiscal, contida no RICMS/97 a partir da edição do Decreto nº 12.537/10,
não foi reproduzida, mas a possibilidade de manutenção de créditos de ICMS conforme regime
anterior vigente até 31/03/11 não foi expressamente prevista no novo Regulamento.
Observação 4: A partir de 1º/01/2013, o RICMS/12, via Decreto nº 14.209/12 – alteração nº 6 –
estabeleceu a isenção nas saídas internas de petróleo, efetuadas por estabelecimento extrator
com destino a estabelecimento refinador (art. 265, inc. CIV, do RICMS/12), com a
correspondente vedação de manutenção dos créditos fiscais das mercadorias e serviços
utilizados na extração do petróleo, nas saídas subsequentes do produto ou de seus derivados sem
incidência ou com isenção do ICMS.
Observação 5: A isenção mencionada na “Observação 4” acima, vigorou entre 1º/01/2013 e
31/03/2013, sendo revogada pelo Dec. 14.372/13, de 28/03/13, DOE de 29/03/13. Foi
restabelecido o diferimento, pelo citado Decreto, mas sem previsão de manutenção de créditos
fiscais de ICMS nas operações com mercadorias e serviços utilizados na extração do petróleo,
com saídas subsequentes não tributadas pelo imposto.
38
Base Legal: as mencionadas nas “Observações de 1 a 5” contidas no quadro acima.
9 – Da base de cálculo
9.1 – Entrada de petróleo de outro Estado (para consumo ou uso final): Quando o petróleo não
for destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou extração, a base de
cálculo, no Estado de destino, é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base
de cálculo da operação.
Em relação ao petróleo que é matéria-prima que serve à produção de diversos derivados, dentre
eles, gasolina, óleo diesel, querosene de aviação e nafta, a destinação direta para consumo ou
uso final é hipótese pouco provável de se verificar na prática.
Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97 c/c com o art. 52. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96), c/c § 1º, inc. I.
9.2 – Entrada de petróleo de outro Estado (para fins de comercialização ou
industrialização/refino): O mais provável é ocorrer a remessa de petróleo de uma unidade
federada para outra, para fins de comercialização ou industrialização/refino no destino. Nesta
situação, a tributação é também integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo
incidência de ICMS na operação de origem. A base de cálculo é o valor da operação com a
inclusão do ICMS na própria base de cálculo da operação.
Base Legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97 c/c com o art. 52. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96), c/c o §
1º, inc. I.
9.3 - Base de cálculo na importação de petróleo do exterior: Nesta hipótese verifica-se o
diferimento do ICMS - importação para o momento da entrada no estabelecimento do
importador (art. 343, XXXIII, do RICMS/97 e art. 286, inc. XVIII c/c o respectivo § 2º, inc. II,
do RICMS/12).
A base de cálculo será o valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS,
acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à
importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes + despesas
aduaneiras + demais tributos incidentes), somando-se também a estes as despesas até a entrada
no estabelecimento importador, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo.
Base Legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra
“b” .
9.4 – Base de cálculo no encerramento do diferimento por ocasião da saída petróleo a qualquer
título, inclusive dos produtos dele derivados:
Trata-se da hipótese de diferimento contemplada no art. art. 343, inc. XXIX, do RICMS/97 e no
art. 286, inc. XIII, do RICMS/12. Esse diferimento, conforme já destacado acima, no item 6.1,
foi temporariamente revogado pelo Decreto nº 14.209, de 14 de novembro de 2012, com efeitos
entre 1º janeiro de 2013 a 31 março de 2013. O imposto diferido pago por ocasião da saída do
petróleo ou de seus derivados engloba tanto a operação anterior (alcançada pelo diferimento),
como as subseqüentes.
Base legal: Art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 23, inc. I, letra “a” (Lei nº 7.014/96).
39
10 – Da alíquota
17% (dezessete por cento), nas operações interestaduais que destinem petróleo a este estado
(hipótese tributação no destino) e na importação. Observar que as operações de importação são
alcançadas pelo diferimento, com encerramento no momento da entrada no estabelecimento do
importador (itens 5.2, acima). Em relação ao petróleo extraído no território baiano (operações
internas), observar o período em que se deu a operação para se verificar a aplicabilidade da
regra de diferimento (item 6, acima) ou a regra da isenção (item 7, acima).
Base legal: art. 50, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 15, inc. I (Lei nº 7.014/96).
40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,
processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]
André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA
/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –
Rio de Janeiro: Interciência, 2012;
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,
especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e
Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:
http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).
5 – O PETRÓLEO – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro / Daniel
Yergin – São Paulo; tradução de Leila Marina U. Di Natale Maria Christina e outros,
Ed. Paz e Terra, 2012
6 - www.anp.gov.br (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis);
7 - http://exame.abril.com.br/ (Revista Exame)
8 – www.petrobras.com.br (Petrobras S/A)
9 - pt.wikipedia.org/wiki/Petróleo (Wikipedia, a enciclopédia livre).
1
MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
1 - INTRODUÇÃO
O gás natural (GN) é um combustível
fóssil constituído por uma mistura incolor,
inodora (sem cheiro) e de queima mais
limpa que os demais combustíveis fósseis,
composto de hidrocarbonetos leves, que à
temperatura ambiente e pressão atmosférica,
permanece em estado gasoso.
Ele é encontrado em reservatórios
subterrâneos, tanto em terra quanto em mar,
sendo considerável o número de
reservatórios que contém gás natural
associado ao petróleo, especialmente no Brasil. Nestes casos, o gás recebe a designação
de gás natural associado. Quando o reservatório contém pouca ou nenhuma quantidade
de petróleo o gás natural é dito não associado.
Assim como o petróleo, o GN resulta da degradação da matéria orgânica, fósseis de
animais e plantas pré-históricas, sendo retirado da terra através de perfurações.
2 - COMPOSIÇÃO
Em estado bruto, conforme encontrado na natureza, o gás natural é composto
principalmente por metano (CH4), mas pode apresentar proporções de etano (C2H6),
propano, butano, hidrocarbonetos mais pesados e também baixos teores de CO2, N2, H2S
e outros compostos de enxofre, água, ácido clorídrico, metanol e impurezas. A
composição química do gás natural depende da sua origem, grau de associação ao óleo
cru e extensão do tratamento a que ele é posteriormente submetido.
2
Para o gás natural explorado na Bahia, por exemplo, a porcentagem volumétrica (ou
quantidade de matéria) para todos os componentes, segundo Martins Vaz e outros, é a
representada na tabela abaixo:
Composição
(% vol.)
Bahia
C1 81,14
C2 11,15
C3 3,06
C4 1,39
C5 0,72
C6+ 0,30
N2 1,43
CO2 0,81
H2S
(mg/m3)
7,60
Obs.: Essa composição pode variar a partir do reservatório onde o gás em encontrado.
É importante não confundir o gás natural (formado principalmente por metano CH4),
com gás liquefeito de petróleo (GLP), que é uma das frações obtidas nas refinarias de
petróleo (formado principalmente por propano - C3H8 e butano - C4H10). O GN, por
exemplo, por ser mais leve que o ar, não se acumula nos ambientes após vazamento,
dissipando-se no ar. O GLP, por conter hidrocarbonetos mais pesados que o ar (maior
densidade) tende a se acumular nos ambientes fechados, aumentando o risco de
explosões.
3 – ALGUNS DADOS INTERESSANTES SOBRE A INDÚSTRIA DO GÁS
NATURAL
3.1 – MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL: No quadro abaixo apresentamos a
participação do Gás natural na Matriz Energética Mundial, em torno de 23% no ano de
2007.
Fonte: Curso de Refino de Petróleo, Gás, Petroquímica e Biodiesel. Profs. Afonso Avelino e
Alexandre Gurgel. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
3
3.2 – MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA: A participação do Gás Natural na
Matriz Energética Brasileira, no ano de 2010, era em torno de 10,2%.
Petróleo e derivados 38,50%
Derivados de cana- de-açúcar 17,70%
Hidráulica 14,20%
Gás Natural 10,20%
Lenha e Carvão Vegetal 9,50%
Carvão Mineral e derivados 5,10%
Outros Renováveis 3,40%
Urânio e derivados 1,40%
Fonte: MME – Ministério das Minas e Energia
3.3. – RESERVAS MUNDIAIS DE GN - As reservas mundiais provadas de GN em
2010 foram mensuradas em 187 trilhões de metros cúbicos (m3). A participação relativa
dos principais países em 2010 é a da tabela abaixo, indicando que as maiores reservas se
encontram no leste Europeu (especialmente na Rússia) e no Oriente Médio (destaques
para Catar e o Irã).
Países Participação % Reservas em
Trilhões/m3
Rússia 24% 44,76
Catar 16% 29,92
Irã 14% 26,18 Fonte: BP Statistical Review e ANP
O Brasil, em 2010, ocupava a 34ª posição, com reservas de 423 bilhões de metros
cúbicos (m3).
3.4 – MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE GN: Os cinco maiores produtores de
Gás Natural (seco) – 2010 – 50% da produção mundial está concentrada nestes cinco
países.
Países Produção em bilhões m3
Estados Unidos 611,0
Rússia 588,9
Canadá 159,8
Irã 135,5
Catar 116,7 Fonte: BP Statistical Review e ANP
4
O Brasil ocupava em 2010 a 25ª posição de maior produtor de GN Seco, com 14,4
bilhões de metros cúbicos (m3).
3.5 – MAIORES CONSUMIDORES MUNDIAIS DE GN EM 2010 (em bilhões de
m3): o consumo de GN em 2010 foi da ordem de 3,1 trilhões de metros cúbicos (m
3),
Apresentamos abaixo os cinco maiores consumidores.
Países Consumo em bilhões m3
Estados Unidos 646,7
Rússia 406,1
Irã 139,5
China 105,40
Japão 93,0 Fonte: BP Statistical Review e ANP
O Brasil ocupava, em 2010, a 32ª posição, na escala de consumo de GN, representando
apenas 0,8% do total mundial, algo em torno de 24,8 bilhões de metros cúbicos.
3.6 – MAIORES RESERVAS DE GN NO BRASIL: Em 2010, as 5 (cinco) maiores
reservas de GN, em m3, por unidades da federação brasileira são as indicadas no quadro
abaixo:
Estado Bilhões/m3 Participação percentual
Rio de Janeiro 220,5 52,1%
Amazonas 55,9 13,4%
São Paulo 49,3 11,7%
Espírito Santo 44,6 10,5%
Bahia 33,4 7,9% Fonte: ANP
3.7 - MAIORES PRODUTORES DE GN NO BRASIL (2010)
Estado Milhões/m3 Local da produção
Rio de Janeiro 10.132,2 mar
Amazonas 3.857,9 terra
Bahia 3.399,4 terra/mar
Espírito Santo 2.701,1 terra/mar
Sergipe 1.101,8 terra/mar Fonte: ANP
3.8 – IMPORTAÇÕES DE GN NO BRASIL – PRINCIPAIS PAÍSES (2010)
País de Origem SITUAÇÃO DO PRODUTO Quant. Milhões/m3
Bolívia GN 9.820
Trinidad Tobago GNL 880
Nigéria GNL 869
Catar GNL 635
Peru GNL 154 Fonte: ANP
5
A produção de gás natural (GN) no Brasil teve início em 1954 na Bahia sendo seu
consumo concentrado na região do recôncavo baiano. Até a década de 1980 a produção
concentrou-se basicamente na região Nordeste, com destaque para os Estados da Bahia,
Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte. A partir de década de 1980, há uma mudança
do eixo de produção do Nordeste para a região Sudeste, mais precisamente para o
Estado do Rio de Janeiro em razão da descoberta de reservas de gás e petróleo na Bacia
de Campos.
Do início de década de 1970 até a década de 1980 não havia uso comercial para o gás
natural extraído na Bacia de Campos. Esse gás era na sua totalidade reinjetado,
queimado ou consumido na própria unidade produtora. A evolução da oferta de gás
natural no Brasil é relativamente recente. Em 1970 representava apenas 0,1% da matriz
energética nacional. Na década de 1980, com a construção da rede de gasodutos e as
descobertas das reservas de petróleo e gás, situadas na Bacia de Campos, é que a oferta
desse energético se intensificou.
As reservas provadas brasileiras passaram de 16,5 bilhões de metros cúbicos (BMC),
em 1964, para 52,5, em 1980. Em 2010, as reservas provadas totalizaram 423 BMC.
Segundo, Almeida e Ferraro, em 2010, 75% da produção de GN derivou de poços
associados (petróleo + gás). Por sua vez 74% de tiveram origem no mar e 25% em terra.
Para suprir a demanda de energia, o Brasil ainda necessita importar gás natural. Através
do gasoduto Brasil–Bolívia (GASBOL), construído em parceria pelos dois países, a
Bolívia fornece gás natural para várias cidades do Centro-Sul brasileiro. O gás boliviano
é transportado no território brasileiro pela Companhia Transportadora de Gás Boliviano
(TBG), empresa especial criada para este fim, por meio do gasoduto Bolívia-Brasil e
entregue às companhias energéticas dos Estados de São Paulo (2), Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
O gás natural é um ótimo combustível, tanto pelo seu alto poder calorífico como pelo
fato de ser menos poluente do que os derivados do petróleo. É também um ótimo ponto
de partida para a indústria petroquímica, já que contém menos impurezas do que o
petróleo.
As necessidades de GN do país são complementadas com importação de GNL (gás
natural liquefeito), conforme detalhado na tabela constante do item 3.8.
4 - PRODUÇÃO
No Brasil, grande parte da produção de gás natural (atividade de upstream) é originário
de reservas associadas a óleo cru, localizadas no mar. As bacias sedimentares brasileiras
em regra apresentam óleo e gás associados.
6
As ilustrações acima representam, respectivamente, um reservatório produtor de gás associado
(óleo + gás) e um reservatório de gás não associado (pequena quantidade de óleo).
Ao ser produzido o gás natural passa inicialmente por vasos separadores, que são
equipamentos projetados para retirar a água (umidade), os hidrocarbonetos que
estiverem em estado líquido e partículas sólidas. Se houver contaminação por
compostos de enxofre, o gás é enviado às unidades de dessulfurização, onde este
contaminante é retirado.
Após a dessulfurização, uma parte do gás, (cerca de 18%) é utilizada no próprio sistema
de produção, em processos conhecidos como reijenção e gás lift, com a finalidade de
aumentar a recuperação do petróleo do reservatório.
Em relação ao gás enviado para processamento é feita a separação de seus componentes
em produtos especificados e prontos para utilização.
5 - PROCESSAMENTO DO GÁS NATURAL
Consiste em uma sequência de operações
com o objetivo de separar as frações
mais pesadas de maior valor econômico.
Gera-se outro gás, de menor valor
energético, denominado “gás residual”.
O gás residual é composto basicamente
de metano e etano, que juntos
correspondem a 75% em peso do gás
natural. Quando do seu processamento o
gás natural é submetido a um conjunto
de operações com o intuito de reduzir ou
remover os contaminantes. Essa sequência operacional é denominada de processamento
primário.
Durante o processamento, o gás natural segue para unidades industriais, conhecidas
como UPGN (Unidades de Processamento de Gás Natural), onde ocorre a sua
desidratação e fracionamento, gerando as seguintes correntes:
7
Metano e etano, que formam o gás processado ou residual;
Propano e butano, que formam o GLP (gás de cozinha);
Um produto na faixa da gasolina (pentano e hidrocarbonetos superiores),
denominado C+
5 ou gasolina natural.
Na UPGN vários produtos podem ser obtidos em estado líquido, a exemplo do líquido
de gás natural (LGN), formado por propano e hidrocarbonetos superiores. Pode-se
também optar em produzir etano líquido, além de LGN ou se processar a separação do
LGN em GLP e C+
5.
A figura abaixo apresenta um esquema simplificado de uma UPGN com representação
das suas principais correntes de produtos:
A escolha do melhor processo a ser empregado em uma UPGN depende, em termos
econômicos, de três fatores principais:
Composição do gás;
Pressão disponível;
Recuperações almejadas.
De uma maneira geral, o processamento do gás natural envolve três conjuntos básicos
de processos: a) a recuperação de hidrocarbonetos líquidos; b) a desidratação; e, c) a
remoção de gases ácidos (contaminantes).
As especificações do GN para consumo são estabelecidas na Portaria nº 41, de
15/04/1998, emitida pela ANP.
8
6 - UTILIZAÇÕES DO GÁS NATURAL
O gás natural (GN) é o combustível fóssil de
maior crescimento na matriz energética mundial
atual, apresentando grandes vantagens de
utilização, como combustão limpa, eficiente,
manutenção econômica e não poluidor do meio
ambiente.
O GN disponibilizado para comercialização
encontra as mais variadas utilizações dadas pelos
consumidores finais. A utilização mais difundida
é como combustível para a produção de energia térmica em fornos e caldeiras na
indústria em geral. Outras utilizações: uso automotivo; geração de energia elétrica;
uso domiciliar e comercial; matéria-prima da indústria petroquímica etc.
a) Aplicações industriais em geral: este bloco congrega todas as aplicações do GN
nos ramos da indústria: alimentos e bebidas, cimento, cerâmica, têxtil, ferro gusa
e aço, ferro-ligas, mineração/pelotização, química, papel e celulose etc. Destaca-
se o uso do GN como combustível para e geração de força motriz, para
aquecimento direto, para a geração de calor necessário ao desencadeamento de
reações químicas e em reatores de processo de climatização de ambientes. O GN
vem sem utilizado como combustível em substituição a uma variedade de outros
combustíveis alternativos como madeira, carvão, óleo combustível, diesel, GLP,
nafta e energia elétrica. O GN proporciona uma combustão limpa e isenta de
agentes poluidores e é ideal para os processos que exigem a queima em contato
com o produto final, como ocorre na indústria de cerâmica e na fabricação de
vidro e cimento.
b) Aplicações na indústria do petróleo: utilizado para injeção nos reservatórios para
aumentar o fator de recuperação do petróleo (gás lift); como combustível para a
geração de energia térmica e energia elétrica em plataformas e unidades de
produção em terra; e para alimentar motores visando o escoamento do gás
natural produzido.
c) Aplicações comerciais: aquecimento de água, condicionamento de ar e
aquecimento de ambientes. Combustível para a coação em restaurantes e hotéis;
em pequenos fornos de panificadoras e lavanderias existentes em instalações
comerciais ou hospitalares.
d) Aplicações automotivas: combustível veicular em carros de passeio e ônibus
urbano. Caracteriza-se como opção técnica e economicamente viável de
substituição do etanol e gasolina para os veículos de passeio. Também pode ser
usado em veículos pesados, movidos a diesel, como caminhões e ônibus de
transporte urbano. O GN reduz fortemente a emissão de resíduos de carbono, o
que melhora a qualidade do ar, reduz os custos de manutenção e aumenta a vida
útil do motor – gera uma considerável economia para os usuários.
e) Utilização no setor energético: esta é a área de atividade que o GN ganha mais
mercado no mundo. As aplicações dizem respeito à queima do gás em motores e
9
turbinas para o acionamento de geradores elétricos. O GN é também utilizado
em sistemas de cogeração de energia, que é a produção sequencial de mais de
uma forma útil de energia, a partir de um mesmo energético. Ex.: um sistema
acionado por turbina a gás que gera energia elétrica e térmica, a qual pode ser
utilizada em sistemas industriais de diversas formas.
f) Utilização como matéria-prima direta: utilização como redutor siderúrgico em
companhias siderúrgicas e como matéria-prima em processos de transformação
química, principalmente para a produção de metanol e na indústria de
fertilizantes, para a produção de amônia e ureia. O GN é também utilizado no
segmento de produção de polietilenos de várias densidades, em que, por meio de
processo de pirólise, o etano, previamente separado do gás é transformado em
eteno, matéria-prima básica para a produção de polietilenos.
g) Utilização domiciliar: destaca-se a cocção de alimentos, o aquecimento
ambiental (é um significativo mercado nos países de clima frio), a refrigeração, a
iluminação em locais onde não há outro tipo de energia. Substitui o consumo de
energia elétrica para o aquecimento de água e ambientes; substitui o GLP em
fogões e aquecedores domiciliares.
Observação interessante: A utilização do GN em substituição aos combustíveis
derivados de petróleo, como diesel, gasolina, óleo combustível e GLP, tem
proporcionado, segundo Martins Vaz e outros, uma economia média de divisas da
ordem de US$ 15 milhões por dia, atingindo a substituição de um volume diário de
cerca de 260 mil barris equivalentes de petróleo (bep/d).
Participação em porcentagem em abril de 2007 (uso do gás natural)
Utilização Porcentual
Combustível 66%
Domiciliar 2%
Redutor Siderúrgico 2%
Automotivo 5%
Térmicas 25%
Tabela: Utilização de GN no Brasil. Fonte: Relatório de Gás Natural & Energia. Petrobras. Dados
referentes a abril de 2007.
10
7 - BREVE HISTÓRIA DO GÁS NATURAL
Nos seus primórdios o gás era
manufaturado a partir do carvão (fim do
séc. XVIII). O carvão era submetido ao
vapor d’água em alta temperatura,
provocando uma reação química na qual o
hidrogênio da água se combinava com o
carbono do carvão. Em 1812 foi criada a
1ª empresa de gás manufaturado do
mundo: a London and Westmister Gas Light and Coke Company, que oferecia serviço
de iluminação pública a gás. Em 1816 foi criada a 1ª empresa de gás americana (Light
Company of Baltimore). As empresas de iluminação pública difundiram-se rapidamente
nos principais centros urbanos do sec. XIX em função dos seus baixos custos em
relação à tecnologia de iluminação existente que empregava o óleo de baleia como
combustível.
A medida que a tecnologia do gás manufaturado se difundiu, as prefeituras começaram
a entrar no negócio, comprando empresas privadas ou criando novas empresas. No
início do séc. XX a principal aplicação do gás manufaturado era a iluminação pública.
Outras aplicações foram desenvolvidas em menor proporção a exemplo do fogão a gás e
aquecedores. A partir do final do sec. XIX a iluminação a gás começou a enfrentar a
forte concorrência da iluminação elétrica. A invenção da “camisa de gás” proporcionou
aumento na eficiência energética e de qualidade da iluminação dos lampiões. Esse
invento deu sobrevida de décadas à indústria de gás manufaturado. Outra matéria-prima
utilizada para a produção de gás manufaturado era a nafta.
A Indústria do Gás Manufaturado (IGN), a partir do carvão ou da nafta, prosperou no
Reino Unido até os anos 50. Coma crise do carvão e a forte concorrência da eletricidade
e dos derivados de petróleo, a indústria do gás manufaturado entrou em declínio nos
anos 40 e 50. Com a descoberta do gás natural mais barato no Mar do Norte, as
autoridades energéticas do Reino Unido decidiram converter toda a indústria do gás
manufaturado para o gás natural.
Nos E.U.A a história do gás natural começou em 1821, quando uma jazida de gás foi
descoberta por acidente perto de uma aglomeração urbana (em Fredonia, estado de
Nova York). Todavia, durante quase todo o séc. XIX, apenas o gás manufaturado se
difundiu nas cidades americanas para uso na iluminação pública (a maioria explorada
por empresas privadas).
O Gás Natural (GN), já no final do séc. XIX era utilizado apenas quando encontrado
próximo aos centros de consumo, dada a existência de vários problemas não resolvidos
no transporte do gás. Inicialmente o gás era distribuído em tubulações de madeira. Com
o tempo essas tubulações foram substituídas por tubos de ferro fundido ou forjado e
cobre. Uma inovação importante foi o processo de produção de dutos de aço, sem
costura. As reservas de GN eram rapidamente exauridas devido ao grande desperdício.
Na década de 1930 gasodutos de longa distância começaram a se difundir no mercado
americano. Em 1955, cerca de 250.000 km de gasodutos de transporte já haviam sido
11
construídos. Mas apenas em 1935 a venda de GN ultrapassou o gás manufaturado, para
o mercado industrial e residencial (aquecimento doméstico).
A dinâmica da evolução da IGN foi tradicionalmente dependente da indústria do
petróleo, uma vez que o preço do petróleo era essencial para a determinação da
viabilidade de construção da infraestrutura para o transporte e distribuição gás. Em
1950, os E.U.A consumiram cerca de 90% de todo o gás comercializado no mundo. Por
outro lado, grande parte do gás associado era queimado. Mesmo nos anos 70, na época
do choque do petróleo, cerca de 60% do GN no Oriente Médio era queimado. Procurar
petróleo e encontrar gás era considerado um fracasso.
A relação entre os mercados de óleo e gás obedecia a seguinte lógica – a dinâmica do
primeiro determinava a do 2º. Durante o período do petróleo barato, o mercado de gás
só se desenvolveu rapidamente nos países onde havia uma conjunção de oferta a baixo
custo próxima a mercados consumidores. O padrão tradicional da IGN começou a se
alterar com os choques do petróleo que forçaram os países importadores de petróleo a
reorientaram suas políticas energéticas. Essa reorientação contemplou a busca e o
desenvolvimento de novas reservas de gás visando reduzir a dependência do petróleo
importado através de investimentos na cadeia de gasodutos e em GNL (gás natural
liquefeito).
8 - PANORAMA MUNDIAL DA INDÚSTRIA DE GÁS NATURAL (IGN)
Até 1970, a IGN era muito pouco
internacionalizada e apenas 4% do gás
consumido era comercializado no mercado
internacional. A busca de diversificação da
matriz energética pelos países importadores e
a redução de custos de transporte permitiram
uma crescente internacionalização do mercado
de gás natural, acarretando um gradual e
progressivo deslocamento do papel assumido
pelo petróleo no séc. XX.
Fatores que influenciaram na mudança de padrão de concorrência no mercado de gás
depois das crises do petróleo: a) mudanças no contexto geopolítico internacional (ex.
situações de beligerância e de instabilidade política no Oriente Médio); b) as novas
tecnologias de produção, de transporte e de uso do gás natural; c) as novas políticas
ambientais; e, d) a introdução de concorrência nos mercados de gás mais maduros.
O GN é responsável por cerca de 24% do consumo primário de energia do mundo.
Grande parte do aumento do consumo de gás aconteceu em função da entrada do gás
natural na produção de eletricidade, com a difusão das turbinas a gás em ciclo
combinado (TGCC).
9 - A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE GÁS NATURAL (IGN)
O GN não fez parte das prioridades políticas da política energética nacional até o final
dos anos 80. O desenvolvimento tardio da IGN se deve, em parte, à baixa
12
disponibilidade de reservas até os anos 80 e à própria desestruturação da indústria de
gás manufaturado. A utilização do GN esteve diretamente associada ao surgimento,
ainda no sec. XIX, às redes de distribuição de gás. Naquela época o gás era
manufaturado a partir de carvão e sua finalidade precípua era a alimentação dos
lampiões de rua para iluminação pública – isto até 1930. Ao longo da primeira metade
do sec. XX, o gás canalizado foi substituído, progressivamente, pela eletricidade na
iluminação pública e, mais tarde, pela entrada do GLP como fonte de energia para
cocção. Houve uma desativação da maior parte dos sistemas de gás canalizado, e apenas
Rio de Janeiro e São Paulo mantiveram suas empresas de distribuição até os anos 80.
Dois fatores favoreceram a inflexão dessa dinâmica: a) as descobertas de gás associado
na Bacia de Campos; e, b) a Constituição promulgada em 1988. As descobertas
viabilizaram a construção do gasoduto Rio-São Paulo e sinalizaram uma nova
perspectiva na expansão da oferta do produto. Já a CF/88 estabeleceu o reconhecimento
do poder concedente dos estados da Federação com relação à distribuição de gás
canalizado*.
*... Estabelece a CF/88, em seu art. 25, § 2º: “Cabe aos Estados explorar
diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma
da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação” (§ 2º com
redação determinada pela EC nº 5, de 15 de agosto de 1995).
O principal consumidor de gás natural é a própria Petrobras, utilizando o GN nas suas
unidades industriais e nas operações de reinjeção buscando ampliar os níveis de
recuperação de óleos nos reservatórios.
A partir da década de 1990 a IGN adquiriu um novo status na política energética
nacional em função de dois fatores: a) a descoberta de reservas importantes na Bacia de
Campos, seguida do aumento da produção de gás associado; b) o avanço das
negociações a partir de 1994 para a importação de 30 milhões de m3/dia de gás da
Bolívia.
As reformas setoriais, o programa de privatização dos anos 90 e o agravamento da
situação da geração hidroelétrica que promoveu a instituição do Programa Prioritário de
Termoelétricas (PPT), favoreceu, no Brasil, o aumento do consumo de GN. A Petrobras,
buscando preservar as vantagens econômicas da integração vertical das atividades ao
longo da cadeia, adquiriu participações na maior parte das empresas estaduais e
consolidou sua posição dominante na cadeia produtiva de gás, via aquisição de ativos e
a internacionalização de suas atividades até o segmento upstream boliviano. .
10 - O INÍCIO DAS OPERAÇÕES DO GASBOL, EM 1999 (GASODUTO
BOLÍVIA - BRASIL)
O Gasoduto Bolívia-Brasil, também conhecido como Gasbol, é uma via de transporte
de gás natural entre a Bolívia e o Brasil com 3.150 quilômetros de extensão, sendo
2.593 em território brasileiro (trecho administrado pela TBG) e 557 em território
boliviano (trecho administrado pela GTB).
A construção, funcionamento e comércio do gás é regido pelo acordo Tratado de La Paz
redigido em 1996. E começou a ser construído em 1997, iniciando sua operação em
13
1999. Mas esteve plenamente operativo somente em 2010, com o objetivo de que o gás
natural chegue a 15% de todo o consumo energético brasileiro. O então presidente
Fernando Henrique Cardoso teve grande empenho para a realização do projeto e
inaugurou as primeiras etapas.
O gasoduto tem seu início na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra e seu fim na
cidade gaúcha de Canoas, atravessando também os estados de Mato Grosso do Sul, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, passando por cerca de quatro mil
propriedades em 135 municípios.
Em São Paulo, o traçado acompanha o rio Tietê, chegando a Campinas, onde se
encontram as indústrias que, em 1999, foram as empresas pioneiras na utilização do gás
natural boliviano. O trajeto é estratégico, pois passa por uma área responsável por 71%
do consumo energético brasileiro, 82% da produção industrial do país e 75% do PIB.
Até a construção do gasoduto, terminado em 2010, no estado de São Paulo, somente a
capital e alguns municípios adjacentes faziam uso do gás natural nacional, extraído das
plataformas submarinas de Campos (no Rio de Janeiro) e de Santos, no litoral paulista.
Este sistema já se encontra conectado ao duto do gás boliviano através de uma conexão
nas cercanias do Vale do Paraíba. O gás natural de Campos, após alimentar alguns
municípios na área de São José dos Campos, é direcionado à rede paulista pelos dutos
que correm paralelamente à via Dutra e o de Santos sobe a Serra do Mar, em direção à
zona industrial da região metropolitana. Em novembro de 2008, na cidade de Gaspar,
em Santa Catarina, houve um rompimento do gasoduto em decorrência das enchentes
ocorridas na região do Vale do Itajaí.
Em 2006 o presidente boliviano Evo Morales declara o Decreto Supremo, em que
impõe regras para os hidrocarbonetos, todos os derivados de petróleo extraídos no país.
O decreto transfere a propriedade das reservas para a Bolívia e aumenta os impostos
sobre a produção de 50% para 82%, entre outros tópicos.
O gás era extraído na Bolívia em campos anteriormente explorados por multinacionais
como PETROBRÁS, Repsol YPF, British Gas e British Petroleum e a Total. Estas
tiveram recuo em seus lucros e provocaram intensas críticas internacionais e discussões
diplomáticas.
Linha de Gasodutos no território brasileiro, incluído o GASBOL
14
O GASENE -Gasoduto Sudeste/Nordeste (linha vermelha acima), é formado por três
gasodutos: Gasoduto Cabiúnas-Vitória (GASCAV), Gasoduto Cacimbas-Vitória e
Gasoduto Cacimbas-Catu (GASCAC), totalizando 1.371 km de dutos. Segundo a
Petrobras a movimentação inicial esperada de gás no GASENE é de 10 milhões de
m³/dia, chegando a 20 milhões de m³/dia em 2015. De acordo com a Petrobras, o projeto
vai suprir o déficit na oferta de gás para a Região Nordeste, aumentar a distribuição do
gás da Bolívia e criar novos mercados, além de permitir a exploração comercial das
reservas atuais e futuras das Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo.
Em decorrência do aumento da oferta de GN, foi possível o lançamento da PPT
(Programa Prioritário das Térmicas) e o estímulo à demanda para fins de consumo
industrial e veicular (GNV). No período de 1995-2000, o consumo total cresceu a uma
taxa anual de 12,4% ao ano. Já no quinquênio seguinte, entre 2000-2005 a demanda
cresceu a um ritmo de 13,6% ao ano. Esse crescimento expressivo viabilizou a
otimização de uso do gasoduto. Em 2004 surgiram os primeiros sinais de problemas
quanto á segurança de abastecimento. Com a seca do Nordeste as termoelétricas ali
localizadas não puderam ser despachadas devidamente por problemas de falta de gás.
Dá a necessidade de interconexão dos gasodutos sudeste e nordeste. Apesar da
coerência desta decisão as condições de suprimento, a médio prazo, passaram a ser mais
dependentes das importações da Bolívia (que passaram a enfrentar restrições políticas),
das importações de GNL e da entrada em operação das reservas encontradas na Bacia de
Santos e do Espirito Santo.
11 - GÁS NATURAL NA BAHIA
A atividade de distribuição de gás natural
canalizado na Bahia é desempenhada pela
Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás,
concessionária estadual . Essa Companhia é uma
empresa de economia mista, controlada pelo
Governo do Estado, vinculada à Secretaria de
Infraestrutura. Tem como acionistas o Estado da
Bahia, a Gaspetro, subsidiária da Petrobras, e a
Bahiapart, empresa do grupo Mitsui Gás e
Energia do Brasil. Foi criada em 26 de fevereiro de 1991 e iniciou suas operações em
agosto de 1994. Desde então, é responsável pelo armazenamento e distribuição de Gás
Natural canalizado em toda a Bahia, tendo concessão para atuar neste Estado por 50
anos.
A Bahia é uma grande produtora de Gás Natural, fator que fortalece o mercado local,
com reservas da ordem de 32 bilhões de m³ de gás, localizadas próximas dos centros de
abastecimento. O gás natural representa 15% da matriz energética do Estado, sendo
utilizado nos segmentos industrial, automotivo, comercial, residencial e cogeração de
energia.
Atualmente, o volume de gás produzido na Bahia é de 6,3 milhões de m³/dia, parte
dessa produção é enviada para os Estados de Sergipe e Alagoas, parte consumida pela
Bahiagás e outra parte pela Petrobras.
15
Até maio de 2009, a Bahiagás atingiu a marca de 569 km de gasodutos construídos,
permitindo o atendimento não só na capital baiana e região metropolitana, como
também em cidades do interior do Estado.
A Bahiagás em 2008 realizou a distribuição de 4,3 milhões de m³/dia. No segundo
semestre de 2009, mesmo em meio à crise econômica mundial, a companhia recuperou
o volume de vendas alcançando uma média de 3,8 milhões de m³/dia no mês de
novembro, chegando próximo ao recorde conquistado no ano anterior (2008).
A Bahiagás é a maior distribuidora de gás do Norte-Nordeste possuindo mais de 50%
do mercado regional e ocupando a quarta posição no país em volume de gás distribuído,
ficando atrás apenas das companhias do Rio de Janeiro e São Paulo.
O Brasil, com sua imensa extensão territorial, é detentor de grandes reservas de
Gás Natural. As pesquisas atuais demonstram os seguintes dados de reservas já
descobertas:
a) 185 trilhões de m³ estão distribuídos pelo globo terrestre sendo as maiores
reservas situadas na Europa e países da Ex-URSS e no Oriente Médio;
b) A América Latina possui 7 trilhões de m³ e deste total 364 bilhões de m³ estão
distribuídos em reservas brasileiras;
c) A Bahia possui 32 bilhões de m³, correspondendo a 63% das reservas do
Nordeste e 9% das reservas do Brasil;
d) A participação do Gás Natural na Matriz Energética Brasileira de Gás Natural é
de 9% e, dentro deste cenário, a Bahia representa 14,5%.
12 - UTILIZAÇÃO DO GN NA INDÚSTRIA DA BAHIA
Na indústria, o Gás Natural é utilizado como combustível para fornecimento de calor,
como matéria-prima em vários setores, tais como: químicos, petroquímico, metalúrgico,
plástico, cerâmico, farmacêutico, têxtil, borracha e pneus, na geração de eletricidade e,
mais recentemente, em projetos de cogeração de alta eficiência energética.
O gás natural é responsável por 26% da matriz energética industrial da Bahia,
representando uma das maiores médias do Brasil.
Em todo o Estado, 94 indústrias consomem 2,5 milhões de m³/dia do gás natural
distribuído pela Bahiagás. 65% deste volume são destinados ao Polo Industrial de
Camaçari, maior complexo Industrial Integrado do Hemisfério Sul.
A Bahiagás está consolidada nesse segmento, principalmente nas áreas do Polo
Petroquímico de Camaçari, Centro Industrial de Aratu, Distrito Industrial de
Alagoinhas, Arembepe, Catu, Candeias, Salvador, Feira de Santana, Pojuca, Vera Cruz,
Dias D’Ávila, Simões Filho e do Litoral Norte.
Atualmente, o segmento industrial é responsável por 91% do consumo de gás natural
comercializado pela Bahiagás.
16
Utilização do Gás Natural Canalizado no segmento industrial:
a) Como matéria-prima (petroquímicas e indústrias de fertilizantes);
b) Como redutor siderúrgico (indústrias siderúrgicas);
c) Como combustível (geração de calor);
d) Na cogeração (geração de energia elétrica e vapor).
Vantagens da utilização de Gás Natural Canalizado para a Indústria
a) Reduz os poluentes, devido às baixas emissões de compostos nitrogenados e de
monóxido de carbono, contribuindo para a melhoria do meio ambiente;
b) Aumenta a vida útil dos equipamentos devido ao baixo percentual de gases
ácidos e compostos de enxofre;
c) Elimina a estocagem de combustíveis e desativa os equipamentos de
combustíveis líquidos, como bombas, tanques e aquecedores;
d) Reduz as intervenções de manutenção e da limpeza das áreas de queima e de
trabalho, diminuindo o custo operacional;
e) Melhora o rendimento térmico devido à ausência de resíduos de queima;
f) Aumenta a precisão de regulagem de chama devido à estabilidade da
composição do Gás Natural;
g) É pago após o consumo.
13 - UTILIZAÇÃO DO GN NAS ATIVIDADES COMERCIAIS – BAHIA
Na capital baiana, a Bahiagás começou a operar no fornecimento do Gás
Natural Canalizado para os estabelecimentos comerciais localizados nas áreas da Pituba
e Imbuí. Com a expansão da malha de distribuição intensificada em 2008, a companhia
passou também a atender outros bairros da cidade como Itaigara, Iguatemi, Rio
Vermelho, Amaralina, Cidade Jardim, Ogunjá e ao longo das avenidas ACM, Bonocô e
Paralela.
A aplicação do Gás Natural no comércio traz muitas vantagens:
a) Melhoria do rendimento dos equipamentos, além de liberação de espaços
importantes com a diminuição expressiva das áreas de risco;
b) Praticidade do uso, com segurança e assistência técnica permanente 24 horas por
dia;
c) Pagamento após o consumo do Gás Natural;
d) Fornecimento contínuo, gerando maior comodidade e não requerendo
reabastecimento;
17
e) Maior segurança devido à propriedade do Gás Natural de ser mais leve que o ar,
o que lhe permite escapar para a atmosfera em caso de vazamentos.
O Gás Natural aumenta significativamente a rentabilidade quanto à qualidade dos
serviços de um empreendimento comercial. Hotéis, shoppings, hospitais,
supermercados, motéis e restaurantes são exemplos de consumidores potenciais do Gás
Natural. Confira outros estabelecimentos comerciais.
A seguir a relação de alguns equipamentos a gás natural que podem ser usados por
estabelecimentos comerciais: Aquecedores de água; Caldeiras; Fornos; Fritadeiras;
Fogões; Secadoras; Geradores de energia elétrica; Máquinas de absorção; Ar-
condicionado; Refrigeradores com motores a gás.
14 - UTILIZAÇÃO DO GN EM RESIDÊNCIAS – BAHIA
Em Salvador, a Bahiagás já gás natural canalizado para residências e estabelecimentos
comerciais situados nos bairros da Pituba, Itaigara, Iguatemi, Imbuí, Rio Vermelho,
Amaralina, Cidade Jardim, Ogunjá e ao longo das avenidas ACM, Bonocô e Paralela.
Foram realizadas obras de adensamento e implantação de rede distribuidora no Horto
Florestal, Vasco da Gama, Garibaldi, Cidade Jardim, Candeal, Alto do Parque e na Rua
Fonte do Boi, no Rio Vermelho. A meta da companhia é popularizar o uso do
combustível em moradias, restaurantes, shoppings, bares, hospitais, supermercados,
hotéis e escritórios.
Com o aquecimento do mercado imobiliário e a modernização dos projetos residenciais,
a Bahiagás expandiu, em 2008, o número de contratações, passando de 3.300 mil para,
aproximadamente, 26 mil residências e estabelecimentos comerciais.
Vantagens de uso do Gás Natural em residências:
a) É um combustível ecologicamente correto, pois praticamente elimina a emissão
de compostos poluentes pesados na atmosfera.
b) É mais seguro, já que é mais leve que o ar e em caso de vazamento se dissipa
rapidamente.
18
c) Proporciona maior comodidade e tranquilidade, pois seu fornecimento
canalizado é contínuo e não há preocupações com trocas ou armazenamentos de
botijões.
d) Não há armazenamento de botijões e cilindros, aumentando o espaço útil da
cozinha e, em caso de condomínio, da área útil de lazer.
Com praticidade, segurança e modernidade, o Gás Natural pode ser usado em
residências para climatização de ambientes, aquecimento de água e cocção de
alimentos. Além disso, o mercado brasileiro já dispõe de modernos eletrodomésticos
que são movidos pela energia gerada pelo Gás Natural, como lavadoras de roupas,
secadora, fornos etc.
Os eletrodomésticos convencionais podem sofrer conversões e adaptações nas
instalações internas para uso do Gás Natural.
Exemplo de situações em que ocorre a utilização do Gás Natural nas residências:
a) Climatização de ambiente: centrais de ar condicionado e de aquecimento.
b) Cozinha e banheiro: água quente em pia, banheira e chuveiro, forno/fogão e
geladeira a gás.
c) Área de serviço e recreação: churrasqueira a gás, piscina, sauna, lava-roupa com
água quente, secadora e tanque de água quente.
15 - USO DO GN NO SETOR AUTOMOTIVO (GNV) - BAHIA
A Bahiagás iniciou a sua operação no setor automotivo em 1994, fornecendo Gás
Natural Veicular (GNV) para o posto Gasforte, em Catu. A demanda pelo GNV foi
crescendo, principalmente devido à procura do combustível pelos taxistas, principais
usuários do GNV.
Naquela época, existiam muitos problemas: poucos postos comercializavam o GNV e
os pontos de abastecimento eram distantes do principal local de trabalho dos taxistas.
No setor de Gás Natural Veicular (GNV), a BAHIAGÁS é a líder em vendas no
Nordeste, com média de 232 mil m³/dia em 2009. Este segmento responde por mais de
9% do gás natural comercializado pela empresa e atende a uma frota de
aproximadamente 70 mil veículos, através dos 75 postos que comercializam o GNV.
O Gás Natural Veicular (GNV) é o mesmo Gás Natural utilizado na indústria,
residências e estabelecimentos comerciais. A única diferença é a pressão, muito superior
àquela utilizada em indústrias e residências.
É um combustível limpo, atóxico e não irritante, sua queima é mais limpa que a da
gasolina, do álcool e do diesel, fator que proporciona redução da emissão de poluentes
na atmosfera, atendendo aos controles de poluição que são cada vez mais rigorosos.
O GNV proporciona uma economia de cerca de 60% nos gastos com combustíveis. Os
mais beneficiados são os usuários que rodam mais de 100 km por dia, pois conseguem
recuperar o investimento da conversão em poucos meses.
19
Vantagens do GNV (Gás Natural Veicular):
a) é mais seguro quanto ao manuseio, já que a temperatura de ignição é superior;
b) o abastecimento é feito sem contato com o ar, evitando possibilidades de
combustão;
c) tem menor densidade que o ar, se dissipando facilmente em caso de vazamento;
d) armazenamento em cilindros resistentes até mesmo ao impacto de projéteis de
armas de fogo;
e) aumento do intervalo das trocas de óleo e das velas de ignição;
f) aumento da vida útil do motor;
g) economia de até 60% nos gastos com combustível.
20
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO GÁS NATURAL NO ESTADO DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA:ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº 14.812/13
INTRODUÇÃO
Aplica-se ao Gás Natural - GN o regime de Substituição Tributária, previsto no Conv.
ICMS 110/07, com margens de valor adicionado ou PMPF, definidas no Ato Cotepe nº
21/08. Não se aplica o regime de antecipação quando o produto foi utilizado como
matéria-prima ou para queima na em atividade industrial. De igual forma não há
substituição tributária quando o GN for para uso ou consumo final. Vislumbramos a
possibilidade de tributação antecipada do GN quando o mesmo for destinado à revenda
nos postos de combustíveis, para abastecimento da frota de veículos, na forma de GNV.
Por não ser combustível derivado diretamente do petróleo o GN se submete ao regime
de tributação igual às demais mercadorias nas operações interestaduais (incidência do
ICMS na unidade federada de origem e na unidade federada de destino).
Há redução da base de cálculo nas operações internas. As sucessivas saídas internas de
GN destinado à produção de energia elétrica em termoelétricas são diferidas, para o
momento em que ocorrer a saída da energia elétrica. São também diferidas as operações
de entrada de gás natural liquefeito (GNL) importado, quando destinado a terminal de
regaseificação e a operação de saída subsequente desse produto.
1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.1 - RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS
São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, nas operações internas, a
distribuidora de gás natural (concessionária estadual) e o Importador.
Nas operações interestaduais a responsabilidade por substituição é definida pelo Conv.
ICMS 110/07. Este convênio, que é de natureza autorizativa, remete à legislação de
cada unidade federada a definição do contribuinte substituto nas operações com gás
natural.
21
Base legal: Cláusula primeira do Conv. ICMS 110/07. Art. 512-A, inc. I, letra “d” e inc.
II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do
ICMS: Art. 8º, inc. III, da Lei nº 7.014/96.
1.2 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.2.1 - Operação promovida pela concessionária estadual distribuidora: PMPF (a partir
de 1º/01/12). Valor da operação + MVA respectiva (operações até 31/12/11).
1.2.2 - Operação promovida pelo importador: PMPF (a partir de 1º/01/12). Valor da
mercadoria constante do documento de importação, que não pode ser inferior ao valor
que serviu de base de cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores
correspondentes a tributos, inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e
outros encargos devidos pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em
Ato Cotepe operações até 31/12/11).
1.2.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, sem
PMPF ou sem adição de MVA.
1.3 – VALOR DO PREÇO MÉDIO PONDERADO A CONSUMIDOR PARA O GÁS
NATURAL (PMPF) E MVA’s
1.3.1 - A partir de 1º/01/2012 a base de cálculo da ST do Gás Natural é R$ 1,6650/m³.
Base legal: Ato Cotepe /PMPF nº 24, de 22/12/2011, efeitos a partir de 1º de janeiro de
2012. Art. 512-B, inc. X, do RICMS/97 e art. 289, § 8º, do RICMS/12.
1.3.2 – Até 31/12/2011 a base de cálculo – ST do Gás Natural era composta pelo valor
da operação + MVA, conforme tabela abaixo:
MVA – OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO, EM
QUE O PRODUTO TENHA POR DESTINO A BAHIA (com a inclusão da CIDE e das
contribuições do PIS/COFINS)
PERÍODO INTERNA INTERESTADUAL e
IMPORTAÇÃO
1º/01/09 a 31/12/11 178,18% 178,18%
Fonte normativa: Art. 512-B, inc. VII, letra “a”, item 1 (operações internas e
interestaduais) e letra “b”, item 1 (operações de importação), do RICMS/97.
1.3.3 – Para o Gás Natural Veicular (GNV) a MVA aplicável, antes da instituição do
PMPF (item 1.3.1), era a discriminada na tabela abaixo:
MVA – OPERAÇÕES INTERNAS, INCLUSIVE IMPORTAÇÃO, COM GNV (com a
inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS):
Há duas MVA’s nas operações internas com GNV, no período de 1º/01/2009 a
31/12/2011, conforme abaixo
22
PERÍODO INTERNA SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO
1º/01/09 a 31/12/11 203,53% PRODUTOR NACIONAL DE
COMBUSTÍVEIS
1º/01/09 a 31/12/11 178,18% CONCESSIONÁRIA
DISTRIBUIDORA
Fonte normativa: Art. 512-B, inc. II e inc. VII, letra “a”, item 1, letra “b”, item 1, do
RICMS/97.
Observação: na Bahia o substituto tributário é a concessionária estadual distribuidora
do produto - BAHIAGÁS.
2 – BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
2.1 - A base de cálculo é o valor da operação praticado pelo estabelecimento de
concessionária estadual distribuidora.
2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de
importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto
de importação, com a inclusão do próprio ICMS.
2.3 – O Gás Natural é tributado nas operações interestaduais, seguindo o mesmo regime
das demais mercadorias: a) tributação na origem e no destino, quando o produto for
remetido para comercialização ou industrialização; b) tributação só na origem quando o
produto se destinar a consumo final.
Base legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, incisos I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23,
inc. I, letras “a” e “b”, da Lei nº 7.014/96.
3 - PRAZOS DE RECOLHIMENTO DO ICMS (SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA)
3.1 – Prazo de recolhimento nas operações internas - ST: dia 15 do mês subsequente
nas operações de saídas – Base legal: art. 126, inc. I, do RICMS/97 e art. 332, inc.
XIII, do RICMS/12;
3.2 – Prazo de recolhimento nas operações interestaduais – ST: até o 10º (décimo) dia
subseqüente ao término do período de apuração em que tiver ocorrido a operação,
a crédito da unidade federada em cujo território se encontra estabelecido o
destinatário das mercadorias – Base legal: cláusula décima sexta do Conv. ICMS
110/07;
3.3 – Prazo de recolhimento nas operações de importação: pagamento do imposto por
ocasião do desembaraço aduaneiro, salvo hipótese de diferimento prevista no
RICMS (vide item 5.2 abaixo) – Base legal: art. 572 do RICMS/97 e art. 332, inc. IV,
do RICMS/12.
4 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO
23
É reduzida a base de cálculo nas operações com Gás Natural (GN), no Estado da Bahia,
em 29,4117%, que resulta numa carga tributária de 12% (doze por cento).
Base legal: art. 81, do RICMS/97 e art. 268, inc. III, do RICMS/12 (Convênios ICMS
18/92, 89/94 e 151/94).
5 – DIFERIMENTO
5.1 É diferido o ICMS nas sucessivas saídas internas de GN utilizado na produção de
energia elétrica em usinas termoelétricas. O lançamento do imposto diferido é
dispensado quando a saída da energia elétrica for isenta, não tributadas ou com redução
de base cálculo.
Base legal: art. 343, inc. LIX e § 6º, do RICMS/97 e art. 268, inc. XXXII e § 13, inc. V,
do RICMS/12.
5.2 – É diferido o ICMS nas entradas de Gás Natural Liquefeito (GNL) importado do
exterior destinado a terminal de regaseificação, bem como a saída subsequente do
produto importado.
Base legal: Art. 343, inc. LXXXV, do RICMS/97 – efeitos a partir de 19/11/11, por
força do Dec. nº 13.439/11 (alteração nº 150, ao RICMS/97). Art. 286, inc. LV, do
RICMS/12.
4 – ALÍQUOTAS
4.1 – Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento) nas operações internas e de
importação do exterior.
4.2 – Alíquota efetiva de 12% (doze por cento) nas operações internas e de
importação, considerando a redução de base de cálculo de 29,4117%. Observar que as
operações de importação de GNL são diferidas até a saída subsequente do produto
regaseificado.
4.3 – Alíquota de 12% (doze por cento) nas operações interestaduais, nas operações de
remessa de gás natural para outra unidade da Federação.
Base legal: Art. 51-A, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, inc. I, letra “a” (Lei nº 7.014/96).
Observação importante: Por disposição expressa da Resolução nº 13/2012, do Senado
Federal, não se aplica a alíquota de 4% nas operações interestaduais com gás natural
importado.
24
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,
processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]
André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:
LTC, 2012.
2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA
/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –
Rio de Janeiro: Interciência, 2012.
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,
especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:
LTC, 2012.
4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e
Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:
http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).
5 – TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL / Célio Eduardo Martins
Vaz, João Luiz Ponce Maia, Walmir Gomes dos Santos. – 1ª ed. - São Paulo: Blücher,
2008.
6 – INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL: fundamentos técnicos e econômicos / Edmar
Fagundes de Almeida, Marcelo Colomer Ferraro – Rio de Janeiro: Synergia: FAPERJ
IE/UFRJ: UFF, 2013.
7 - www.anp.gov.br (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
8 – www.petrobras.com.br (Petrobras S/A).
9 – www.bahiagas.com.br (Companhia de Gás da Bahia).
10 – .mme.gov.br/ (MME – Ministério das Minas e Energia)
11 - www.bp.com/statisticalreview (Statistical Review of World Energy 2010).
1
MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
GLP – Gás Liquefeito Derivado de Petróleo NCM 2711.19.1
1 - INTRODUÇÃO
Define-se Gás Liquefeito de Petróleo
(GLP), também conhecido com gás de
cozinha, a mistura formada, em sua
quase totalidade, por hidrocarbonetos de
três a quatro átomos de carbono que,
embora, gasosos nas condições
ambientais, pode ser liquefeita por
pressurização. Quando liquefeito o GLP
ocupa 0,4% do seu volume no estado
gasoso. Botijões de 13 kg contendo GLP
2 - COMPOSIÇÃO
Os principais hidrocarbonetos parafínicos constituintes do GLP são: C3H6 (propano);
C4H10 (butanos – normal e iso), propeno e butenos (normal, iso, cis e trans). Além
desses hidrocarbonetos o GLP pode conter ainda etano e pentanos em reduzidas
porcentagens.
Tabela 1 - Exemplo de constituição do GLP (livro Farah, pág. 156)
Hidrocarboneto Valor médio % em volume
Etano 1,3
Propano 22,5
Propeno 16,1
n-Butano 12,6
Isobutano 14,7
Buteno-1 8,2
Cisbuteno-2 6,4
Transbutano-2 8,1
Isobuteno 9,6
Pentanos e mais pesados 0,6
2
Nota-se, na tabela acima, o predomínio absoluto dos hidrocarbonetos e três e quatro
átomos de carbono que, em média, atingem 98% em volume do GLP.
O GLP é incolor e, em regra, inodoro (sem cheiro). Para que sejam facilmente
identificados vazamentos de GLP, lhe são adicionados compostos odorizantes à base de
enxofre que lhe conferem odor característico, facilmente perceptível pelo olfato
humano.
A facilidade de liquefação do GLP em
relação aos outros combustíveis gasosos
lhe dá um diferencial, pois viabiliza a
sua distribuição em botijões para o
consumidor.
As especificações dos gases liquefeitos
de petróleo são definidas pela ANP
(Resolução nº 18, de 02/09/2004, DOU
de 06/09/2004).
Taques de armazenamento de GLP
3 - PRINCIPAIS APLICAÇÕES DOS
GASES LIQUEFEITOS DE
PETRÓLEO Chama decorrente da combustão do GLP
A principal aplicação do GLP é na
cocção (cozimento) de alimentos, que
corresponde a cerca de 90% da demanda
brasileira do produto. Pode ser também
utilizado como matéria-prima na
petroquímica, na fabricação de borracha,
polímeros e éteres e como combustível industrial para segmentos especiais, como as
indústrias de vidro, cerâmica e alimentícia. O GLP é também utilizado como
combustível automotivo em máquinas empilhadeiras, que trabalham em ambientes
fechados, e é aplicado ainda como combustível para tratamento térmico e na
galvanização.
Algumas aplicações requerem produtos com maiores teores de propano ou butano. Para
atender a todos os segmentos, além do GLP, são comercializados no Brasil os seguintes
hidrocarbonetos gasosos na faixa de três a quatro átomos de carbono: propano
comercial; propano especial e, butano comercial e butano desodorizado. O propano
e o butano são utilizados como propulsores para sprays aerossóis, especialmente após o
banimento dos CFCs (clorofluorcarboneto, clorofluorcarbonato) que atacam a camada
de ozônio. O propano, por sua vez, é utilizado na mistura denominada MGR (mixed gás
refrigerant), que é fundamental para liquefação do gás natural (GNL) em processos
industriais, onde a refrigeração necessária.
4 - PRODUÇÃO
3
Conforme já foi abordado nos módulos
anteriores (Módulos I e II), o GLP pode ser
produzido a partir do petróleo ou do gás
natural (GN).
O GLP produzido a partir do GN se dá
através de processos químicos que ocorrem
nas UPGN’s (Unidades de Processamento de
Gás Natural). Esse GLP é também
denominado GLGN (gás liquefeito derivado
de gás natural).
Para o gás derivado diretamente do petróleo
(GLP-P) destaca-se o processo de
craqueamento catalítico fluido (FCC) pela
quantidade produzida.
Os principais processos de produção de GLP
e GLGN no Brasil são os seguintes:
Destilação atmosférica: ao separar o
petróleo em frações com
temperaturas crescentes de ebulição,
a fração mais leve e o gás
combustível (constituído
principalmente de metano e etano).
A fração seguinte é o GLP, que,
usualmente, representa de 1% a 3%
do petróleo;
Fracionamento do gás natural: a maior parte do gás natural (até 90%) é metano.
No entanto, ele contém compostos mais pesados como propano, butanos e outros
hidrocarbonetos parafínicos mais pesados. O fracionamento do gás natural gera
com subprodutos o GLGN (1% a 13% - que tem a mesma composição do GLP),
e o líquido de gás natural (LGN – que contém C+5 - componente da gasolina).
Craqueamento catalítico fluido (FCC): nele as frações pesadas do petróleo são
transformadas em frações mais leves como o GLP, naftas e gasóleos. O FCC é
responsável por mais de 80% da produção de GLP no Brasil.
4
Abaixo o esquema gráfico representando os principais processos de produção de
GLP existentes no Brasil
5
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO GLP NO ICMS DA BAHIA.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº 14.812/13)
PRODUTO: GÁS LIQUEFEITO DERIVADO DE PETRÓLEO – GLP – NCM
2711.19.1
O Gás Liquefeito Derivado de Petróleo (GLP) é basicamente uma mistura de propano e
butanos, extraído do petróleo, na faixa de destilação de até 28 ºC. Aplica-se ao mesmo
no regime de Substituição Tributária, com margens de valor adicionado, definidas no
Ato Cotepe nº 21/08.
Há redução da base de cálculo nas operações internas. Por ser combustível derivado de
petróleo, as operações interestaduais com GLP não são tributadas pelo ICMS, na
unidade federada de origem do produto. Assim dispõe o art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”,
da Constituição Federal, o art. 3º, inc. III, da lei estadual nº 7.014/96 e o RICMS/97 –
art. 6º, inc. III, letra “b”. Essa matéria não é tratada no RICMS/12, visto que o
regramento se encontra expresso na CF/88, na Lei Complementar 87/96 e na lei estadual
do ICMS (Lei nº 7.014/96).
As operações interestaduais com GLP, para fins comercialização ou consumo, não são
tributadas na unidade federada de origem por se tratar de produto derivado de petróleo.
Toda a tributação é deslocada para a unidade federada de destino da mercadoria. O
recolhimento do imposto se faz pelo regime da Substituição Tributária, de
responsabilidade do estabelecimento industrial refinador, importador ou remetente da
mercadoria, conforme disposição do Conv. ICMS 110/07.
Vejamos abaixo as principais regras de tributação aplicáveis ao GLP.
1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.1. – RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS
São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST:
a) Industrial Refinador, nas operações internas;
b) Importador;
c) Remetente do produto nas operações interestaduais, inclusive quando o produto
se destinar a uso ou consumo final (diferencial de alíquotas).
6
Base legal: Art. 512-A, inc. I, letra “a”, item 4; inc.II; e, inc. III c/c § 1º, inc. II, do
RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna).
Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa
disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual).
Observação importante: no caso de importação o recolhimento do imposto devido por
substituição tributária será efetuado pelo importador, na ocasião do desembaraço
aduaneiro ou na entrega da mercadoria, se esta ocorrer antes.
Base legal: art. 512-A, § 2º, do RICMS/97. Cláusula segunda do Conv. ICMS 110/07
c/c o art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das
contribuições do PIS/COFINS)
MVA – OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUIAS EM QUE O PRODUTO
TENHA POR DESTINO A BAHIA
PERÍODO INTERNA INTERESTADUAL
1º/01/09 até hoje 98,32% 138,97%
Base legal: Ato Cotepe nº 21/2008 c/c com art. 512-B, inc. II, do RICMS/97 e Anexo I,
do RICMS/12.
MVA – OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO EM QUE O PRODUTO TENHA POR
DESTINO A BAHIA
PERÍODO INTERNA INTERESTADUAL
1º/01/09 até hoje 120,39% 150,45%
Base legal: Ato Cotepe nº 21/2008 c/c o art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97 e Anexo I, do
RICMS/12.
1.3 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.3.1 - Operação promovida pelo industrial refinador para fins de revenda: Preço
unitário praticado pelo Substituto (Refinaria) na Unidade, acrescido de frete, seguro,
tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário +
MVA fixada em Ato Cotepe.
Base legal: Art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Cláusula oitava do Convênio ICMS
110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.3.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do
documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de
cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,
inclusive ICMS - importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos
pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.
Base legal: Art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do Conv. ICMS
110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.3.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, com a
inclusão do ICMS na própria base de cálculo, sem adição de MVA.
7
Base legal: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv. ICMS
110/07.
2 – BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
2.1 - A base de cálculo é o preço unitário praticado pelo estabelecimento industrial
refinador com a inclusão do ICMS (cálculo por dentro).
Base legal: Art. 56, inc. I , c/c o art. 52, do RICMS/97. Sem correspondência na
RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I e § 1º, inc. I, da Lei
nº 7.014/96.
2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de
importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto
de importação, com a inclusão do próprio ICMS.
Base legal: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.
3 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO
É reduzida a base de cálculo nas operações com GLP no Estado da Bahia, em
29,4117%, que resulta numa carga tributária de 12% (doze por cento).
Base legal: art. 81, do RICMS/97 e art. 268, inc. III, do RICMS/12 (Convênios ICMS
112/89, 92/90, 80/91, 148/92 e 124/93).
4 – ALÍQUOTAS
4.1 – Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento) nas operações internas de
importação do exterior;
4.2 – Alíquota efetiva de 12% (doze por cento), nas operações internas e de importação,
considerando a redução de base de cálculo de 29,4117%, tratada no item 3 acima.
Base legal: Art. 50, inc. I, letras “a” e “c”, do RICMS/97. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 15, inc. I, letras “a” e “c”, da
Lei nº 7.014/96.
8
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO GLGN NO ICMS DA BAHIA.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº 14.812/13)
PRODUTO: GÁS LIQUEFEITO DERIVADO DE GÁS NATURAL - GLGN –
NCM 2711.11.19.1
O Gás Liquefeito Derivado de Gás Natural (GLGN) tem a mesma composição do GLP,
derivado de petróleo (basicamente uma mistura de propano e butanos), porém, o GLGN
é gerado a partir do processamento do gás natural extraído da natureza (associado ou
não associado a jazidas de petróleo), com a retirada de algumas frações mais pesadas
(C3 e C4).
O produto se submete ao mesmo regime de tributação de gás liquefeito derivado de
petróleo (GLP). Aplica-se ao mesmo o regime de Substituição Tributária, com margens
de valor adicionado, definidas no Ato Cotepe nº 21/08. Há redução da base de cálculo
nas operações internas.
Por não ser combustível derivado de petróleo o GLGN se submete ao regime de
tributação igual às demais mercadorias nas operações interestaduais (incidência do
ICMS na unidade federada de origem e na unidade federada de destino).
Vejamos abaixo as principais regras de tributação aplicáveis ao GLP.
1.– SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.1 – RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS
São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, o Produtor Nacional de
Combustíveis (ou seja, o industrial que processa o GLGN) e o Importador.
Base legal: Art. 512-A, inc.I, letra “a”, item 4; inc. II; e, inc. III c/c § 1º, inc. III, do
RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna).
Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa
disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual).
1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVAS com a inclusão da CIDE e das
contribuições do PIS/COFINS)
9
MVA’s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM
GLGN PARA O TERRITÓRIO DO ESTADO DA BAHIA, ATÉ 15/06/2012
PERÍODO OP.
INTERNA
OP.
INTERESTADUAL
OP. IMPORTAÇÃO
1º/01/09 a 15/06/12 ALIQ. 17% ALIQ.
7%
ALÍQ.
12%
98,32% 109,60% 98,32% 98,32%
Base legal: Art. 512-B, inc. VII, letra “a”, itens 2 e 3 e letra “b”, item 2, do
RICMS/97 e o Anexo I, RICMS/12, item 16.5 (redação dada pelo Dec. 14.33, de
15/06/12, efeitos a partir de 16/06/12).
MVA’s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM
GLGN DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA, A PARTIR DE 16/06/2012
PERÍODO OP. INTERNA OP. INTERESTADUAL
16/06/12 até
hoje
ALIQ. 17%
ALIQ. 7% ALÍQ. 12%
98,32% - produtor
nacional;
120,39% - importador
109,60% - produtor
nacional
132,91% -
importador
98,32% - produtor
nacional;
120,39% -
importador
Base legal: Anexo I, RICMS/12, item 16.5 (redação dada pelo Dec. 14.33, de
15/06/12, efeitos a partir de 16/06/12).
1.3 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.3.1 - Operação promovida pelo produtor nacional para fins de revenda: Preço unitário
praticado pelo Substituto (Produtor Nacional) na Unidade + MVA.
Base legal: Art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Cláusula oitava do Convênio ICMS
110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.3.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do
documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de
cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,
inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo
importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.
Base legal: Art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do Conv. ICMS
110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.3.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação sem adição
de MVA.
Base legal: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv. ICMS
110/07.
2 – BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
2.1 - A base de cálculo é o preço unitário praticado pelo estabelecimento do produtor
nacional.
Base legal: Art. 56, inc. I. Sem correspondência na RICMS/12. Matéria tratada na lei
estadual do ICMS - art. 17, inc. I, da Lei nº 7.014/96.
10
2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de
importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto
de importação, com a inclusão do próprio ICMS.
Base legal: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.
2.3 – O GLGN é tributado nas operações interestaduais, seguindo o mesmo regime das
demais mercadorias: a) tributação na origem e no destino, quando o produto for
destinado para comercialização ou industrialização; b) tributação só na origem quando o
produto se destinar a consumo final.
2.4 – Nas operações interestaduais com GLGN, quando misturado ao GLP, os
estabelecimentos industriais e importadores deverão identificar a quantidade deste
produto e de GLP (derivado de petróleo), por operação, tendo por referência a média
ponderada do dos três meses que antecedem o mês imediatamente anterior ao da
realização das operações, indicando no campo da nota fiscal de saída o percentual de
GLGN na quantidade total de saída (com base na média ponderada acima citada). O
importador, por ocasião do desembaraço aduaneiro, deverá, quando emitir a NF de
Entrada, indicar se o produto é derivado de gás natural ou de petróleo. Relativamente à
quantidade proporcional de GLGN deverá destacar a base de cálculo e o ICMS devido
sobre a operação própria, bem como o devido por substituição tributária, incidente na
operação.
2.5 - O contribuinte que realizar operações interestaduais com GLGN e GLP deverá
calcular o percentual de cada produto nas operações de entrada, considerando a média
ponderada dos três últimos meses que antecedem o mês imediatamente anterior ao da
realização das operações. Para efeito de cálculo do imposto devido à unidade federada
de destino, deverá ser usado o percentual de GLGN calculada na forma acima descrita.
No campo “informações complementares” da NF deverá constar o percentual de cada
produto, os valores da base de cálculo, do ICMS normal e do devido por ST, incidente
na operação relativamente à quantidade proporcional de GLGN.
2.6 - A distribuidora (contribuinte substituído) que promover operação com GLGN
recebido diretamente do produtor industrial com ICMS recolhido por ST, em relação à
operação interestadual que realizar deverá elaborar relatórios de acordo com os modelos
e na forma previstas no Protocolo ICMS 197/10, para que seja efetuado o repasse do
imposto devido à unidade federada de destino. Se o valor do imposto a ser repassado for
maior que o retido originalmente, a distribuidora deverá fazer a complementação. Caso
contrário, se o valor a ser repassado for inferior ao retido na origem, caberá o
ressarcimento da parcela excedente.
2.7 - Responde perante à unidade federada destinatária o contribuinte remetente de
GLGN e GLP, pelo imposto devido e acréscimos legais, nas hipóteses de entrega das
informações fora do prazo estabelecido ou no caso de falta de entrega de informações
ou sua apresentação com dados falsos ou inexatos.
2.8 - Para efeitos do Protocolo ICMS 197/10, distribuidor é aquele com tal definido pela
ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), e, equiparam-se às
11
refinarias de petróleo ou sua bases, as unidades de processamento de gás natural
(UPGN’s) e as centrais de processamento de matéria-prima petroquímica (CPQ’s).
Base Legal: Protocolo ICMS 197/10.
Observação: O Protocolo ICMS 197/10 passou a produzir efeitos a partir de
1º/02/2011. Os Estados signatários do acordo sãos os seguintes: AC, AL, AM, BA, CE,
MA, MT, MS, PA, PR, PE, RJ, RN, RS, RO, SC, SE e TO. Antes de 1º/02/2011, o
controle das operações interestaduais com GLGN e GLP eram regidas pelo Protocolo
ICMS 33/03, vigente entre 1º/01/2004 e 31/01/2011.
3 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO
É reduzida a base de cálculo nas operações com GLGN no Estado da Bahia, em
29,4117%, que resulta numa carga tributária de 12% (doze por cento).
Base legal: art. 81, do RICMS/97 e art. 268, inc. III, do RICMS/12 (Convênios ICMS
112/89, 92/90, 80/91, 148/92 e 124/93).
4 – ALÍQUOTAS
4.1 – Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento) nas operações internas de
importação do exterior;
4.2 – Alíquota efetiva de 12% (doze por cento), nas operações internas e de importação,
considerando a redução de base de cálculo de 29,4117%.
4.3 – Alíquotas de 12% (unidades federadas das regiões N, NE e CO e estado do ES) ou
7% (unidades federadas das regiões S e SE, exclusive estado do ES), nas remessas
interestaduais com destino ao território da Bahia.
7.4 – 4% nas remessas interestaduais de GLGN quando o produto tiver origem em
operação de importação.
Base legal: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução
do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.
12
TEXTO PARA LEITURA
GLP-P e GLP-GN – distinções importantes para a
tributação do ICMS
Por Elizabeth Cunha Bonaparte, advogada tributarista
É tema polêmico a diferenciação, para efeitos de tributação do ICMS, entre o GLP-P
(derivado do petróleo) e o GLP-GN (derivado do gás natural).
Desde 1999, com o Convênio ICMS no. 03/99 (revogado pelo Convênio ICMS no. 110/07),
não havia essa diferenciação nas operações interestaduais do GLP.
Assim, a totalidade do ICMS era recolhido pela refinaria para o Estado de consumo, pelo
regime de substituição tributária, aplicando-se a regra da imunidade constitucional do
ICMS nas operações interestaduais (art. 115, parágrafo 2°, inciso X, alínea b, da CF/88).
No entanto, a Emenda Constitucional no. 33, de 11/12/2001, incluiu o § 4º no artigo 155,
da CF/88, determinando o seguinte:
I – nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, o imposto
caberá ao Estado onde ocorrer o consumo;
II – nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados,
e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será
repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma
proporcionalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias;
III – nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e
combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o
imposto caberá ao Estado de origem;
Assim, nas operações interestaduais realizadas com o GLP-GN, derivado do gás natural,
deverá incidir a regra geral de tributação do ICMS, ou seja, o ICMS será repartido entre o
Estado de origem e o Estado de destino (CF/88, inciso II, § 4º, artigo 155)
Ressalte-se, no entanto, que a definição da composição do GLP, se é derivado de gás
natural ou de petróleo, é exclusividade do produtor ou do importador. Nesse sentido, em
2003, os Estados produtores de gás natural firmaram, nos termos do CONFAZ,
o Protocolo ICMS 33/03, cuja cláusula segunda estabelece os seguintes procedimentos
para apuração do valor do ICMS devido ao Estado produtor:
1. deverá ser identificada a quantidade de saída de GLP-GN e de GLP-P, por operação,
proporcionalmente à participação de cada produto no somatório do estoque inicial e nas
13
quantidades produzidas ou importadas tendo como referência o mês imediatamente
anterior;
2. deverá constar no corpo da Nota Fiscal o percentual de GLP-GN na quantidade total de
saída, obtido de acordo com o item acima;
3. relativamente à quantidade proporcional de GLP-GN, deverá constar no corpo da Nota
Fiscal, de forma destacada, a base de cálculo e o ICMS devido sobre a operação própria,
bem como o devido por substituição tributária, incidentes na operação.
Fonte do texto: http://elizabethbonaparte.com/cfb/?tag=glp-p
14
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,
processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]
André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA
/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –
Rio de Janeiro: Interciência, 2012;
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,
especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e
Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:
http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).
5 - http://elizabethbonaparte.com/cfb/?tag=glp-p
1
MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
1 - Introdução
A nafta (do árabe, naft) é um derivado de
petróleo utilizado principalmente como matéria-
prima da indústria petroquímica (“nafta
petroquímica” ou “nafta não-energética”), na
produção de eteno e propeno, além de outras
frações líquidas, como benzeno, tolueno e
xilenos.
A nafta petroquímica é um líquido incolor, com
faixa de destilação próxima à da gasolina. Este
derivado é utilizado como matéria-prima pelas três Centrais Petroquímicas existentes no
Brasil - Braskem (Bahia e Rio Grande do Sul) e Petroquímica União (São Paulo), que o
processam obtendo como produtos principais, eteno, propeno, butadieno e correntes
aromáticas.
A Petrobras é a única produtora de nafta petroquímica no Brasil, atendendo
parcialmente à procura nacional com produção própria e com importações. As Centrais
Petroquímicas realizam importações por conta própria, para complementar suas
necessidades.
A maior parte da NAFTA utilizada como matéria-prima petroquímica no Brasil é
produzida na unidade de destilação atmosférica. Essa corrente pode ser carga do
processo de pirólise para a produção de olefinas leves ou pode ser usada para a
produção de compostos aromáticos por reforma catalítica. Quanto mais parafínica for a
NAFTA, melhor será para a pirólise, e quanto mais naftênica, melhor para a reforma
catalítica. Outras possíves correntes de NAFTA PETROQUÍMICA para uso na unidade
de pirólise são: o rafinado da unidade de recuperação de aromáticos (URA) e as
correntes de NAFTA produzidas em unidades de hidrocraquamento (HCC) e GLT (gas
to liquid – processo que transforma correntes de gases em hidrocarbonetos líquidos,
através do processo Fischer Tropsch).
A nafta petroquímica é predominantemente originária do processo de destilação
atmosférica (nafta DD – destilação direta), e difere das naftas que compõem a gasolina
automotiva, pois este último derivado resulta da mistura de diversas correntes oriundas
de diferentes processos de refino. As naftas da gasolina diferem entre si pelos tipos e
2
porcentagem de hidrocarbonetos que contêm, o que faz variar a constituição da
gasolina. A gasolina apresenta em sua composição hidrocarbonetos parafínicos (normais
e ramificados) naftênicos, aromáticos e olefínicos, na faixa de C5 a C12, originados de
diversos processos de refino, a exemplo da destilação, craqueamento catalítico, reforma
catalítica, aquilação, isomerização, hidrocraqueamento catalítico, coqueamento
retardado. Os processos de reforma catalítica, aquilação e hidrocraqueamento
favorecem a produção de gasolina automotiva, pois aumentam a quantidade de octanas
deste derivado.
2 - PETROQUÍMICA E PROCESSOS PETROQUÍMICOS
A petroquímica é o setor industrial responsável
pela transformação de produtos do
processamento do petróleo e do gás natural em
bens de consumo e industrais para finalidades
diversas. Exemplos: filmes, potes, fibras e
embalagens.
2.1 - Visão Geral da Petroquímica Brasileira
A cadeia petroquímica é organizada em
produtores de primeira, segunda e terceira
geração com base na fase de transformação de várias matérias-primas ou insumos
petroquímicos. Representa a transformação de subprodutos do refino do petróleo bruto,
principalmente a nafta, em bens de consumo e industriais, utilizados para diversas
finalidades. Outra matéria-prima de grande importância na indústria petroquímica é o
gás natural.
No Brasil, a nafta é a principal matéria-prima da cadeia petroquímica, seguida do gás
natural. A Petrobras é praticamente a única produtora de nafta e gás natural no Brasil,
atendendo parte da demanda nacional com produção própria e com importações. Seu
monopólio foi quebrado em 2002 e desde então, as centrais petroquímicas começaram a
importar nafta por conta própria, para complementar suas necessidades.
A nafta e/ou gás natural passam inicialmente por um processo chamado craqueamento,
que resulta nos petroquímicos básicos, tais como eteno, propeno e aromáticos. O tipo de
matéria-prima empregado tem rendimentos variados e determina um mix diferenciado
de produtos.
3
2.2 - Produtores de Primeira Geração
Os produtores de primeira geração do Brasil, denominados "craqueadores", fracionam
ou "craqueiam" a nafta (subproduto do processo de refino de petróleo) ou o gás natural,
seus principais insumos, transformando-os em petroquímicos básicos. Os craqueadores
compram nafta da Petrobras, principalmente, e também de outros fornecedores no
exterior. Os craqueadores de base gás têm seu insumo fornecido pela Petrobrás. Os
petroquímicos básicos produzidos pelas unidades de craqueamento de nafta incluem:
Olefinas, principalmente eteno, propeno e butadieno; e
Aromáticos, tais como benzeno, tolueno e xilenos.
A Braskem tornou-se a única empresa brasileira de 1ª geração, com quatro unidades de
craqueamento. Os petroquímicos básicos são vendidos a produtores de segunda geração,
promovendo a integração da cadeia.
Os petroquímicos básicos, que apresentam forma gasosa ou líquida, são transportados
por meio de dutos às unidades dos produtores de segunda geração, em geral localizadas
próximo às unidades de craqueamento, para passarem por processamento adicional.
2.3 - Produtores de Segunda Geração
Os produtores de segunda geração processam os petroquímicos básicos comprados das
unidades de craqueamento de nafta, produzindo petroquímicos intermediários, que
incluem:
Polietileno, poliestireno e EDC/PVC (produzidos a partir do eteno);
Polipropileno e acrilonitrila (produzidos a partir do propeno);
4
Cumeno e etilbenzeno (produzidos a partir do benzeno);
Polibutadieno (produzido a partir do butadieno).
Os petroquímicos intermediários são produzidos na forma sólida em "pallete" de
plástico ou em pó e transportados, principalmente, por caminhões aos produtores de
terceira geração que, em geral, não ficam situados próximo aos produtores de segunda
geração. A Braskem é a única petroquímica integrada de primeira e segunda geração de
resinas termoplásticas no Brasil.
2.4 - Produtores de Terceira Geração
Os produtores da terceira geração, denominados transformadores, compram os
petroquímicos intermediários dos produtores de segunda geração e os transformam em
produtos finais, incluindo:
Plásticos (produzidos a partir de polietileno, polipropileno e PVC);
Fibras acrílicas (produzidas a partir de acrilonitrila);
Nylon (produzido a partir de fenol no Brasil);
Elastômeros (produzidos a partir de butadieno);
Embalagens descartáveis (produzidas a partir de poliestireno e polipropileno).
Os produtores de terceira geração fabricam vários bens de consumo e industriais,
inclusive recipientes e materiais de embalagem, tais como sacos, filmes e garrafas,
tecidos, detergentes, tintas, autopeças, brinquedos e bens de consumo eletrônicos.
Existem mais de 11.500 produtores de terceira geração em atividade no Brasil.
Devido à grande importância da redução de resíduos sólidos gerados, a reciclagem de
plásticos é considerada a quarta geração da indústria petroquímica.
3 – OUTRAS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA INDÚSTRIA
PETROQUÍMICA
3.1 - GÁS NATURAL (GN):
a) Metano: principal constituinte do
gás natural é matéria-prima para a
produção de metanol e amônia,
que são produtos petroquímicos
básicos;
b) Etano: é a matéria´prima mais
valorizada quando se deseja
produzir eteno com uma mínima
geração de coprodutos;
c) Propano e butano (principais gases constituintes do GLP): podem ser
craqueados a olefinas, e o butano pode ser desidrogenado para a produção de
butadieno. O valor final dos produtos é muito superior ao do GLP;
5
d) Nafta derivada de GN (C5+): fração correspondente à nafta, denominada
líquido de gás natutal (LGN), tem alto teor de compostos parafínicos e baixo
teor de enxofre, o que torna excelente carga para a produção de olefinas.
Onde existe grande disponibilidade de GN, a indústria petroquímica se desenvolve em
torno dessa fonte de matéria-prima, como ocorre nos Estados Unidos e no Oriente
Médio.
3.2 - FRAÇÕES DO REFINO DO PETRÓLEO
Diversas frações do refino do petróleo podem ser
também usadas como matérias-primas para a indústria
petroquímica. São eles:
a) Gás de refinaria: sua principal utilização é
como gás combustível na refinaria. No caso de
haver excedente desse gás, seus constuintes
podem ser separados e aproveitados pela
indústria petroquímica. O eteno e o propeno (em
pequena quantidade) podem ser utilizados
diretamente como petroquímicos básicos e o etano pode ser utilizado como
carga na unidade de pirólise a vapor para a produção de eteno.
b) GLP: o propeno presente no GLP gerado na unidade de craquamento catalítico
fluidico (UFCC) pode ser encaminhado para uma unidade de recuperação de
propeno onde se obtem um produto de alta pureza, de alto valor agregado e de
elevada demanda no mercado.
c) Querosene: As parafinas linerares presentes no querosene (C10 a C13) são
matérias-primas para a produção do LAB (linear alquilbenzeno), intermediário
para a fabricação do LASNa (linear alquilbenzeno sulfonado de sódio), principal
constituinte dos detergentes biodegradáveis.
d) Matérias-primas alternativas: pode-se citar o etanol para a geração de eteno; a
glicerina, subproduto da produção do biodiesel, para a produção de propeno; e
os açúcares para a produção de ácidos e alcoóis. Existem ainda processos
desenvolvidos para produção de petroquímicos a partir de acetileno, gerado em
grande quantidade na indústria do carvão.
4 - PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE PETROQUÍMICOS BÁSICOS A PARTIR
DA NAFTA PETROQUÍMICA
As naftas petroquímicas são utilizadas em processos
de obtenção de diversos insumos para a produção de
plásticos, borrachas, corantes e outros produtos. Os
principais processos que as utilizam são as seguintes:
4.1 – Pirólise - Reforma térmica por vapor d’água.
Este processo consiste no craquamento térmico de
6
cargas líquidas e gasosas, na presença de vapor d’água, a altas temperaturas (> 700 ºC)
em pressões relativamente baixas (< kPa – quilopascal), gerando os seguintes produtos:
hidrogênio, metano, eteno, propeno, butenos, butadienos e hidrocarbonetos mais
pesados (C5+); o eteno é o principal produto. Para esse processo são desejadas naftas
com elevados teores parafínico, acima de 75%, para facilitar o craqueamento.
4.2 – Reforma catalítica - Por esse processo, a nafta é transformada em compostos
aromáticos por um conjunto de reações de desidrogenação e ciclização, ocorrendo um
ligeiro craqueamento que conduz à produção de propano e butano, gases que formam o
GLP. A carga do processo é a nafta de destilação ou a nafta de coqueamento, após
hidrotratamento, rica em hidrocarbonetos saturados, os quais são convertidos,
catalicamente, em aromáticos, a exemplo de benzeno, tolueno e xilenos (entre 40% e
65%). Para esse processo, não se necessita de nafta de teores tão elevados de
parafínicos, podendo se situar abaixo de 75%. Quanto mais hidrocarbonetos saturados
com seis ou mais atómos de carbono houver na nafta, maior será o rendimento de
aromáticos, mantidas constantes as demais condições.
As especificações da nafta petroquímica são definidas por negociação entre fornecedor
e usuário.
7
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA NAFTA NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
1 – Da incidência
Verifica-se a incidência nas operações de saídas internas e interestaduais. Na
importação a incidência se dá na entrada da nafta território nacional.
Importante observar que o Estado da Bahia, nas operações internas e de importação
adota o diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações com nafta,
com se verá no item 6.
Por sua vez, as operações interestaduais são tributadas normalmente pelas alíquotas
incidentes em função do estado de origem ou de destino (vide itens 11 e 12).
Base legal: art. 1º, inc. I e § 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 1º, inc. I e art. 2º, inc. V, (Lei
nº 7.014/96).
2 – Do momento da ocorrência do fato gerador
Nas operações internas e interestaduais por ocasião da saída do produto do
estabelecimento remetente. Na importação por ocasião da entrada no território nacional.
Observar as regras de diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações
internas e de importação (item 6).
Base legal: art. 2º, incs. I e XI do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, incs. I e IX (Lei nº 7.014/96).
3 – Da não incidência
Inexiste regra específica de não incidência em relação às operações com nafta.
8
4 – Da importação
O ICMS importação é devido por ocasião da entrada da nafta no estabelecimento
importador e não no desembaraço aduaneiro, como se verifica com a maior parte das
mercadorias. Aplica-se ao caso as regras de diferimento do lançamento e do pagamento
do ICMS descritas abaixo, no item 6.
Base legal: Art. 572 do RICMS/97. Art. 332, inc. IV, do RICMS/12
Observação Importante: a partir de 15/11/2013 é assegurado ao estabelecimento
refinador de petróleo a manutenção integral do crédito fiscal nas entradas decorrentes de
importação do exterior de nafta, utilizada como insumo na produção de combustíveis
(gasolina ou diesel), cujas saídas interestaduais sejam amparadas pela imunidade (desde
que o crédito seja apropriado no mês em que ocorrer o recolhimento do imposto).
Base legal: Art. 277-C, do RICMS/12 – dispositivo acrescentado pela alteração nº 19,
do RICMS, com efeitos a partir da publicação no DOE (15/11/2013).
5 – Da exportação
Não incide ICMS na operação que destine nafta ao exterior.
Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).
6 – Do diferimento (RICMS/97)
6.1– Nas entradas decorrentes de importação do exterior para o momento da entrada do
produto no estabelecimento importador situado neste Estado
Base legal: Art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09)
6.2– Dispensa do lançamento e pagamento de 60% (sessenta por cento) do ICMS
diferido relativamente à importação de nafta para utilização em processo de
industrizalição;
Base legal: Art. 347, § 9º, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09)
Observação importante: O § 9º foi revogado pelo Decreto nº 11807, de 27/10/09 -
DOE de 28/10/09, efeitos a partir de 01/11/09. A redação do § 9º do art. 347 foi
dada pela Alteração nº 82 (Decreto nº 10174, de 01/12/06. DOE de 02 e 03/12/06),
efeitos de 02/12/06 a 31/10/09:
"§ 9º É dispensado o lançamento e o pagamento de 60% (sessenta por cento) do valor
do imposto diferido, relativamente às entradas da mercadoria de que trata a alínea
“a” do inciso XXXIII do art. 343, para utilização em processo de industrialização."
6.3 Prazo de recolhimento do ICMS diferido. O pagamento do imposto nas operações
de saída de nafta quando não aplicável o diferimento ou encerrado o benefício, será
o mesmo prazo assinalado para o recolhimento do ICMS das operações próprias do
responsável.
9
Base Legal: Art. 348, § 3º, inc. V, do RICMS/97.
7 – Do diferimento (RICMS/12)
Também ocorre diferimento nas saídas internas de bens e mercadorias entre
estabelecimentos de empresa fabricante de produtos petroquímicos básicos (central
petroquímica).
A mencionada hipótese de diferimento, em relação à nafta, alcança as operações com o
produto já processado ou tratado, ou suas frações e derivados, nas saídas internas entre
estabelecimentos que operem na atividade de fabricação de produtos petroquímicos
básicos, eteno, propeno e aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos).
Base Legal: art. 286, inc. LX, do RICMS/12. Alteração promovida pelo Decreto nº
14.681/13, de 30/07/13, DOE de 31/07/13, efeitos a partir de 01/08/13, para “saídas
internas de bens e mercadorias entre estabelecimentos pertencentes à mesma empresa,
fabricantes de produtos petroquímicos básicos.” (centrais petroquímicas).
8 - Do diferimento (Decreto nº 11.807/09)
8.1 – Nas entradas decorrentes de importação de nafta do exterior, para o momento da
entrada da mercadoria no estabelecimento do importador (efeitos de 1º/11/2009 a
31/03/2011)
Base legal: art. 2º do Decreto nº 11.807/09 (efeitos de 1º/11/2009 a 31/03/2011)
8.2 - Dispensa do lançamento e pagamento de 65,88% (sessenta e cinco e oitenta e oito
décimos por cento) do ICMS diferido relativamente à importação de nafta, quando não
se aplicar o diferimento previsto no inc. XIII do “caput”, do art. 2º, do Decreto Estadual
nº 6.734/97, desde que o produto seja utilizado pelo importador em processo de
industrialização;
Base legal: art. 2º, parágrafo único do Decreto nº 11.807/09 (efeitos de 1º/11/2009 a
31/03/2011)
8.3 – Nas entradas decorrentes de importação do exterior e nas operações internas com
nafta para o momento em que ocorrer a saída dos produtos resultantes da
industrialização.
Alguns produtos resultantes da industrialização da nafta: os gases eteno e propeno que
são utilizados, por exemplo, como matérias-primas na indústria de plásticos. Produtos
líquidos, a exemplo do benzeno, tolueno e xilenos, utilizados como solventes e na
produção de colas.
Base legal: art. 3º do Decreto nº 11.807/09 (efeitos a partir de 1º/04/2011)
10
8.4 - Observação importante: para a fruição do tratamento tributário previsto no
Decreto nº 11.807/09 o contribuinte que adquirir nafta para elaborar produtos
petroquímicos básicos deverá celebar termo de acordo com a Secretaria da Fazenda se
comprometendo a:
I – realizar investimentos em implatação, ampliação po modernização de linhas
de produção;
II – gerar novos empregos;
III – manter logística de aquisição do produto;
IV – utilizar créditos fiscais acumulados de ICMS existentes na escrita fiscal, a
partir dos efeitos do tratamento tributário previsto no art. 3º do Decreto nº
11.807/09, obervando condiçoes e limites acordados.
9 – Da isenção
Inexiste regra específica de isenção em relação às operações com nafta.
10 – Da base de cálculo
10.1 – Base de cálculo nas operações de saída:
A base de cálculo nas operações de saídas interestaduais de nafta é o valor da operação.
Observar em relação às operações internas com nafta que o lançamento e o pagamento
do ICMS é diferido para o momento da saída dos produtos resultantes da
industrialização (art. 3º, do Decreto nº 11.807/09, com efeitos a partir de 1º/04/2011):
neste caso o ICMS da nafta será recolhido sobre o valor da operação de saída dos
produtos resultantes. Se estes produtos forem exportados, haverá a imunidade do ICMS,
com dispensa do pagamento do imposto diferido.
Nas operações de saídas internas não alcançadas pelo diferimento (anteriores a
1º/04/2011), a base de cálculo é o valor da operação.
10.2 - Base de cálculo na importação de nafta do exterior:
Nesta hipótese verifica-se o diferimento do ICMS - importação para o momento da
entrada no estabelecimento do importador (art. 343, XXXIII, do RICMS/97 – efeitos até
31/10/09 e art. 2º, do Decreto nº 11.807/09 – efeitos de 1º/11/09 a 31/03/2011).
A base de cálculo será o valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS,
acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à
importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes +
despesas aduaneiras + demais tributos incidentes) somando-se a estes também as
despesas até a entrada no estabelecimento importador.
Observar em relação às hipóteses de importação de nafta elencadas acima as dispensas
parciais de lançamento e pagamento do ICMS diferido, elencadas nos itens 6.2 e 7.2
acima.
11
A partir de 1º/04/2011, com o encerramento da fase de diferimento do ICMS -
importação da nafta para a saída dos produtos resultantes da sua industrialização, a base
de cálculo será o valor da saída desses produtos.
Base Legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, incisos I e II, do RICMS/97. Sem
correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc.
VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letras “a” e “b”.
11 – Das reduções de base de cálculo
Redução de base de cálculo na operação interna que destine o produto a contribuinte
que o utilize na produção de produtos petroquímicos básicos, de forma que a carga
tributária incidente corresponda aos seguintes percentuais:
a. 10% nas operações internas realizadas até março de 2010
b. 8% nas operações internas realizadas de abril a setembro de 2010;
c. 5,5% nas operações internas realizadas de outubro de 2010 a março de
2011.
Base legal: art. 1º, incs. I, II e III, do Decreto nº 11.807/09.
12 - Alíquotas
12.1 – 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de importação de nafta.
12.2 - Alíquotas de 12% (unidades federadas das regiões N, NE e CO e estado do ES)
ou 7% (unidades federadas das regiões S e SE, exclusive estado do ES), nas remessas
interestaduais com destino ao território da Bahia.
12.3 – 12% (doze por cento), nas operações interestaduais, em que ocorre a saída do
produto da Bahia com destino a contribuintes do imposto localizados em outras
unidades da Federação.
12.4 – 4% nas operações interestaduais originado de importação.
Observar que as operações de importação através da Bahia são alcançadas pelo
diferimento do lançamento e pagamento do ICMS, para o momento da saída dos
produtos resultantes da industrialização, a partir de 1º/04/2011 (item 8.3, acima).
Base legal: art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96).
Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.
12
13 - Informação adicional
Tratamento tributário dispensado à nafta petroquímica nas operações
interestaduais de acordo com o STF. O Supremo Tribunal Federal (STF), no Recurso
Extraordinário (RE) nº 193.074-RS, Relator Min. Ilmar Galvão, decidiu que a nafta
petroquímica não está excluída da incidência do ICMS, na forma prevista na alínea “b”,
do inciso X, do § 2º, do art. 155 da Constituição, visto que este subproduto, derivado do
refino de petróleo, não se encontra incluso no conceito de combustível líquido ou
gasoso dele derivado.
Em decorrência desse entendimento firmado pelo STF, as operações interestaduais com
nafta seguem, no ICMS, o regime de tributação das demais mercadorias. A arrecadação
do imposto é compartilhada entre os Estados de origem e de destino do produto.
13
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,
processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]
André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:
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2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA
/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –
Rio de Janeiro: Interciência, 2012;
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,
especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e
Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:
http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).
5 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Nafta_(combustível); 6 - http://www.braskem.com.br/
7 - www.stf.gov.br
MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL. NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
PERÍODO DE ABRAGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
MÓDULO V
GASOLINA AUTOMOTIVA (NCM 2710.15.5)
1 - INTRODUÇÃO
A gasolina automotiva é um
combustível derivado de petróleo
destinado a uso preponderante para a
combustão em motores do Ciclo
Otto (motores a explosão acionados
por centelha).
O motor a combustão interna
conhecido como Otto foi
desenvolvido em 1876 pelo inventor
alemão Nikolaus Otto. A indústria
do petróleo (especificadamente nos
E.U.A) já tinha cerca de 50 anos
quando o primeiro Ford Modelo T
entrou em linha de produção, em
1908. Este é o marco para o crescimento da indústria do automóvel, que cresceu junto
com a produção de gasolina e o consequente desenvolvimento do refino. O principal
produto do refino no início do séc. XX era o querosene para iluminação, sendo a
gasolina um subproduto mais leve do processamento do petróleo cru (muito volátil para
uso em lamparinas). Com a expansão da eletricidade, as vendas de gasolina superaram
as de querosene em 1911.
Os motores a gasolina (Otto) evoluíram em consonância com as especificações da
gasolina, ou seja, o motor Otto foi aprimorado de acordo com o combustível disponível
no mercado e a gasolina foi gradativamente especificada para melhorar o desempenho
de motores Otto. No final do séc. XX a parceria gasolina-motor tornou-se um
triunvirato, devido às preocupações ambientais, quando gasolina e motores também
evoluíram para atender às demandas de qualidade ambiental e não apenas de
performance.
A gasolina é constituída basicamente por hidrocarbonetos parafínicos, olefínicos,
naftênicos e aromáticos, apresentando faixa de destilação entre 30 ºC e 220 ºC , sendo a
maior parte das cadeias de 5 a 10 átomos de carbono. Além de hidrocarbonetos a
gasolina contém também, em menor proporção, produtos oxigenados e compostos à
base de enxofre e nitrogênio.
A gasolina é formada por naftas oriundas de diversos processos de refino do petróleo
que contêm diferentes teores de hidrocarbonetos. Essas correntes são misturadas
(blends) em proporções adequadas visando conferir requisitos de qualidade para a
utilização em motores automotivos. A sua formulação pode demandar a utilização de
diversas correntes nobres oriundas do petróleo como a nafta DD (produto obtido a partir
da destilação direta do petróleo); a nafta craqueada, (gerada a partir de quebra de
moléculas de hidrocarbonetos mais pesados - gasóleos); nafta reformada (obtida por
processo que aumenta a quantidade de substâncias aromáticas); a nafta de coque,
(originária do processo de coqueamento); e a nafta alquilada (resultante do processo que
produz iso-parafinas de alta octanagem a partir de isobutanos e olefinas) etc. Quanto
maior a octanagem (número de moléculas com octanos), maior será a resistência do
produto a detonação espontânea no motor.
Constituintes Processo de Obtenção
Faixa de
ebulição
(°C)
Índice de Octano
Motor (Clear)
Butano destilação e processos de transformação - 101
Isopentano destilação, processos de transformação,
isomerização 27 75
Alcoilada Alcoilação 40 – 150 90 – 100
Nafta leve de destilação Destilação 30 – 120 50 – 65
Nafta pesada de destilação Destilação 90 – 220 40 – 50
Hidrocraqueada Hidrocraqueamento 40 – 220 80 – 85
Craqueada cataliticamente craqueamento catalítico 40 – 220 78 – 80
Polímera polimerização de olefinas 60 – 220 80 – 100
Craqueada termicamente coqueamento retardo 30 – 150 70 – 76
Reformada reforma catalítica 40 – 220 80 – 85
* A tabela acima mostra os principais constituintes da gasolina, como de suas
propriedades e processos de obtenção.
Toda gasolina automotiva deve atender a diversos requisitos de qualidade, entre eles:
a) Vaporizar-se adequadamente para garantir o bom funcionamento de motor desde
a partida até a operação a plena carga;
b) Entrar em combustão somente a partir da ignição pela centelha, sem haver
combustão espontânea, de forma a aumentar o rendimento do motor e não o
danificar.
c) Não produzir resíduos por oxidação ou na combustão, evitando formação de
depósitos no interior do motor;
d) Produzir queima limpa, com baixa emissão de poluentes;
e) Ser estável nas condições de armazenamento, não formando goma ou depósitos;
f) Não ser corrosiva, para evitar desgastes nos componentes do motor;
g) Garantir a segurança no manuseio e transporte.
2 - NÚMERO DE OCTANO (NO)
No motor ciclo Otto quando há a detonação ocorre a liberação de energia mais rápida do
que na combustão normal, causando oscilações de pressão na câmara que não são
absorvidas pelo pistão, podendo, em certos casos, ocasionar danos mecânicos. A chama
gerada a partir da centelha produzida pela vela deve se propagar uniformemente por
toda a mistura ar-combustível. O NO mede a qualidade antidetonante da gasolina e
representa a porcentagem volumétrica de iso-octano (2,2,4-trimentilpentano), adotado
como padrão 100, em uma mistura de n-heptano, padrão zero, que queima por
detonação com a mesma intensidade sonora produzida pela amostra. Quanto maior o
percentual de iso-octano melhor a performance da gasolina no motor ciclo Otto.
3 – PRODUÇÃO A Petrobras, empresa petrolífera brasileira, produz
diversos tipos de gasolina utilizando tecnologia própria,
fabricando as variadas frações de petróleo constituintes
da gasolina e misturando-as entre si e com os aditivos,
através de formulações convenientemente definidas para
atender aos requisitos de qualidade do produto.
Estas gasolinas possuem aditivos que visam a melhorar a
performance do combustível, nomeadamente:
a. detergente: visa a reduzir os depósitos no sistema de injecção e no motor de forma a melhorar a combustão;
b. inibidor de corrosão: agente que visa a proteger as zonas de circulação de combustível de forma a reduzir a corrosão provocada;
c. desemulsificante: promove a separação da água no sistema de distribuição e armazenagem do combustível, de forma a diminuir a corrosão daí resultante;
d. agente veículo (solvente sintético): por ser estável a altas temperaturas, provoca resíduos diminutos durante a combustão que se realiza na câmara de combustão do motor.
O grande crescimento da produção de gasolina, motivado pelo desenvolvimento da
indústria automobilística, foi possível não só através do refino, mas também de
processos de transformação de frações pesadas, que fazem aumentar o rendimento total
do produto em relação ao petróleo.
4 - TIPOS DE GASOLINA AUTOMOTIVA
As diversas tecnologias utilizadas nos motores do ciclo Otto apresentam diferenças que
implicam em requisitos de qualidades diferentes do combustível. Os principais são:
a) Qualidade antidetonante: diferentes projetos de motores exigem diferentes
qualidades antidetonantes da gasolina;
b) Uso de aditivos: a tecnologia de injeção eletrônica acarreta um maior nível de
exigência de estabilidade da gasolina do que na injeção mecânica. Por isso,
aditivos controladores de depósitos são empregados na formulação de gasolinas
para veículos com injeção eletrônica.
Assim, os tipos de gasolinas, no Brasil, se diferenciam pela qualidade antidetonante e
pela presença ou não de aditivos controladores de depósitos, conforme tabela abaixo:
TIPOS DE GASOLINA
TIPO ADITIVOS QUALIDADE
ANTIDETONANTE
Comum Antioxidante IAD = 87
Aditivada Antioxidante e detergente
(controlador de depósitos)
IAD = 87
Premium Antioxidante e detergente
(controlador de depósitos)
IAD = 91
No Brasil também é comercializado um produto superior à gasolina Premium, a
gasolina Podium (Petrobras), com IAD de 95 e teor de enxofre máximo de 30 mg/kg.
As diferentes correntes de nafta destinadas à produção de gasolina são misturadas na
área final da refinaria, onde é ainda colocado um aditivo antioxidante, produzindo-se a
gasolina A (gasolina sem etanol). Na base das distribuidoras de combustíveis ou na
Refinaria, são adicionados os corantes, demais aditivos e etanol anidro, na proporção
definida na legislação vigente, gerando a gasolina C. A proporção da mistura etanol
anidro/gasolina se encontra demonstrada na tabela inserida no item 4 abaixo.
5 – GASOLINA ADITIVIDA
A gasolina aditivada, disponível em alguns postos revendedores, é uma gasolina comum
acrescentada de aditivos detergentes-dispersantes. Esses aditivos têm como finalidade a
limpeza do sistema de alimentação de combustível, incluindo linha de combustível,
bomba, galeria de combustível, injetores e válvulas de admissão. Seu uso permite que o
motor opere nas condições especificadas pelo fabricante por mais tempo, o que reduz
consumo e emissões e aumenta o intervalo entre manutenções. Ao contrário do que se
pensa, a gasolina aditivada não aumenta a octanagem do combustível. As gasolinas de
alta octanagem são chamadas, genericamente, de “gasolinas premium”.
6 – GASOLINA ADULTERADA
A gasolina adulterada é caracterizada pela adição irregular de qualquer matéria com
vistas à obtenção de lucro e sem recolhimento dos impostos. Ela recebe elementos que a
diferenciam da gasolina comum, como o dióxido de enxofre e solventes.
7 – GASOLINA C
A gasolina automotiva comercializada nos
postos revendedores varejistas em todo
território brasileiro é a do tipo C, resultante da
mistura (gasolina “A” + álcool anidro). A
gasolina “A” é a produzida nas refinarias. O
álcool anidro é o etanol isento de água (H2O).
A mistura do álcool anidro à gasolina “A”
aumenta a octnagem deste produto, ou seja,
funciona como elemento antidenotante no
motor a explosão. Os antidetonantes são
compostos que reagem com os produtos
químicos na gasolina e que queimam muito rapidamente, para evitar "batidas do motor".
Os principais antidetonantes são o chumbo tetraetila, o etanol, o cloreto de etileno, o
metil-tecbutil-éter. A adição do álcool anidro à gasolina melhora a performance do
motor do carro e reduz o efeito poluente da gasolina.
A mistura Gasolina “A”/álcool anidro é realizada na distribuidora de combustíveis, em
proporção definida em Portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA). Nos últimos 5 (cinco) anos os percentuais da mistura se encontram
demonstrados no quadro abaixo:
Portaria do MAPA % Mistura Etanol/Gasolina Período de Vigência
Portaria nº 143/2007 25% 01/07/2007 a 31/01/2010
Portaria nº 7/2010 20% 01/02/2010 a 01/05/2010
Portaria nº 7/2010 25% 02/05/2010 a 30/09/2011
Portaria nº 678/2011 20% 01/10/2010 a 30/04/2013
Portaria nº 105/2013 25% 01/05/2013 até hoje
Por fim, as especificações da gasolina comercial, ou seja, do produto a ser
comercializado para o consumidor final, são disciplinadas pela ANP (Resolução nº 38,
de 09/12/2009, DOU, de 10/12/2009).
8 – CONSUMO DE GASOLINA C E PARTICIPAÇÃO NA ARRECADAÇÃO
DO ICMS DO ESTADO DA BAHIA
Segundo dados do Sindicom/ANP (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de
Combustíveis e de Lubrificantes/Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis), o volume de vendas de Gasolina C, em 2012, nos postos
revendedores, em bilhões de litros, foi de 39,3. No ano de 2011, o volume de vendas
correspondeu a 35,1 bilhões de litros. Houve, portanto, um incremento de
aproximadamente 12% no consumo de gasolina C no Brasil.
Por sua vez, tomando-se por referência os dados do PGM, ferramenta de planejamento e
gerenciamento de mercado da Secretaria da Fazenda da Bahia, a gasolina representou,
entre janeiro e junho de 2012, cerca de 23,4% da arrecadação do segmento de
combustíveis do Estado, algo em torno 339 milhões de reais, englobando o ICMS
próprio e a substituição tributária.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
1. Da incidência
1.1 – Nas saídas de gasolina automotiva nas operações internas promovidas por estabelecimento
industrial refinador, Central Petroquímica (CPQ) ou formulador de combustíveis.
Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei do ICMS: art. 1º, inc. I (Lei nº 7.014/96).
1.2 - Na entrada, no território do Estado, de gasolina originária de outra unidade da Federação,
quando não destinado a comercialização ou industrialização.
Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96).
1.3 – Nas operações de importação de gasolina e nas hipóteses de arrematação ou aquisição em
licitação pública em caso de apreensão e abandono do produto.
Base legal: art. 1º, § 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. V (Lei nº 7.014/96).
2 – Do momento da ocorrência do fato gerador
2.1 - Por ocasião da saída da gasolina automotiva do estabelecimento industrial refinador,
CPQ ou formulador de combustíveis.
Base Legal: art. 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. I (Lei nº 7.014/96).
2.2 - Por ocasião da entrada da gasolina automotiva originária de outro Estado, não
destinada a comercialização ou industrialização (tributação no destino).
Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96).
2.3 Por ocasião do desembaraço aduaneiro na hipótese de importação de gasolina
automotiva do exterior.
Base Legal: art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. XI (Lei nº 7.014/96).
2.4 Por ocasião da arrematação ou aquisição em licitação pública de gasolina automotiva
apreendida ou abandonada
Base Legal: art. 2º, inc. XII, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. X (Lei nº 7.014/96).
3 – Da não incidência
3.1 - Não incide ICMS nas saídas para exportação, direta ou indireta, de gasolina
automotiva.
Base legal: art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).
Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o
exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: art. 155,
§ 2º, inc. X, letra “a”1.
3.2 – Não incide ICMS nas operações de saídas interestaduais de gasolina (combustível
líquido derivado de petróleo) .
Base legal: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96).
Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais com
combustíveis líquidos e gasosos, derivados de petróleo têm por fonte originária as disposições
da Constituição Federal: art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”.2
Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de gasolina
automotiva é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada para unidade federada de destino
onde se verificará a comercialização e consumo subseqüente do produto. Objetiva a norma em
questão excluir a incidência do ICMS das operações na unidade federada de origem da gasolina.
O legislador prestigiou a arrecadação do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do(s)
Estado(s) produtor(es), dado ser grande o número de unidades federadas consumidoras e poucas
as unidades onde se localiza a produção.
4 – Da substituição tributária (sujeição passiva)
4.1 Operações internas
1 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II
atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;
2 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II
atenderá ao seguinte: X - não incidirá: b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
A responsabilidade pelo recolhimento do imposto por substituição tributária da gasolina
automotiva, nas operações internas, desde a produção até o consumo, é do estabelecimento
industrial refinador ou do estabelecimento formulador de combustíveis.
O industrial refinador é aquele que opera o processamento e o refino do petróleo com vistas à
obtenção dos componentes que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como,
combustíveis, a exemplo da gasolina automotiva, lubrificantes etc.
É também estabelecimento industrial a Central Petroquímica (CPQ), que no processo de
fabricação de produtos químicos, a partir da nafta, gere como subproduto, correntes de
hidrocarbonetos que após serem misturadas resultam na produção de combustíveis líquidos
derivados de petróleo, a exemplo da gasolina. A Braskem, localizada na Bahia, é uma das
Centrais Petroquímicas em operação no Brasil.
O formulador de combustíveis é definido no art. 2º, parágrafo único, da Lei Federal nº
10.336/2001, nos seguintes termos:
... considera-se formulador de combustível líquido, derivados de petróleo e derivados de
gás natural, a pessoa jurídica, conforme definido pela Agência Nacional do Petróleo
(ANP) autorizada a exercer, em Plantas de Formulação de Combustíveis, as seguintes
atividades:
I - aquisição de correntes de hidrocarbonetos líquidos;
II - mistura mecânica de correntes de hidrocarbonetos líquidos, com o objetivo de obter
gasolinas e diesel;
III - armazenamento de matérias-primas, de correntes intermediárias e de combustíveis
formulados;
IV - comercialização de gasolinas e de diesel; e
V - comercialização de sobras de correntes.
Por sua vez, correntes de hidrocarbonetos são líquidos derivados de petróleo e os
hidrocarbonetos líquidos derivados de gás natural utilizados em mistura mecânica para a
produção de gasolinas ou de diesel, de conformidade com as normas estabelecidas pela ANP
(Agência Nacional de Petróleo).
Base legal (sujeição passiva por ST nas operações internas): art. 512-A, inc. I,letra “a”, do
RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art.
8º, inc. IV (Lei nº 7.014/96).
4.2 – Operações interestaduais
A adoção do regime de substituição tributária em operações interestaduais depende de acordos
específicos celebrados entre os Estados interessados. Assim dispõe o art. 9º, caput, da Lei
Complementar 87/96 e o art. 10, caput, da Lei do ICMS do Estado da Bahia (Lei nº 7.014/96).
Em relação à gasolina e os demais combustíveis líquidos e gasosos, derivados ou não de
petróleo, a ST interestadual é regrada pelas disposições do Convênio ICMS 110/07.
O citado Convênio estabelece, em sua cláusula primeira, que os Estados e o DF, quando
destinatários, ficam autorizados a atribuir ao remetente de combustíveis, derivados ou não de
petróleo, a condição de sujeito passivo por substituição. Sendo Convênio ICMS 110/07, de
natureza autorizativa, cabe à legislação de cada unidade federada definir o contribuinte que
integrará o pólo passivo da ST.
Para a gasolina automotiva, o substituto tributário de toda a cadeia de circulação da mercadoria,
da produção até o consumo, no Estado da Bahia, é o industrial refinador; o formulador de
combustíveis ou a central petroquímica que produzir a gasolina.
A gasolina automotiva originária de outro Estado da Federação com destino à Bahia deverá ter o
ICMS retido ou recolhido pelo estabelecimento refinador ou uma de suas bases. Nesta hipótese,
não haverá tributação sobre a gasolina automotiva no Estado de origem e o recolhimento será
efetuado integralmente para o Estado da Bahia.
De forma diversa, nas operações de remessa de gasolina automotiva da Bahia para outra
unidade da Federação, não haverá incidência neste Estado e o imposto será integralmente
recolhido para o Estado de destino, atribuída a responsabilidade ao industrial refinador ou suas
bases ou o estabelecimento de formulador de combustíveis.
Todavia, as operações de comercialização de gasolina automotiva são realizadas pelas
distribuidoras, que recebem o produto da refinaria ou se duas bases, na operação anterior de
aquisição com o ICMS já retido por ST. Neste caso as distribuidoras informam à refinaria ou
uma de suas bases para que esta processe o repasse do imposto ao Estado de destino do produto.
Em relação ao imposto já recolhido anteriormente haverá o ressarcimento, caso a base de
cálculo seja inferior.
Base legal (sujeição passiva por ST nas operações interestaduais): art. 512-A, inc. III, letra “a”,
do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS:
art. 10, “caput” e correspondente § 2º (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira do Conv. ICMS
110/07.
]
Observação importante: Em razão da mistura (Gasolina A + álcool anidro = Gasolina C), o
ICMS do álcool anidro é apurado e recolhido de forma englobada com o ICMS-ST da Gasolina.
O detalhamento desta apuração será melhor explicado no item nº ...., abaixo, que tratar da base
de cálculo da ST da gasolina automotiva.
5 – Do diferimento Inexiste regra específica de diferimento do ICMS em relação às operações com gasolina
automotiva.
6 – Da isenção Inexiste regra específica de isenção do ICMS em relação às operações com gasolina automotiva.
7 – Da importação As operações de importação de gasolina são tributadas pelo ICMS devendo o imposto ser
recolhido por ocasião do desembaraço aduaneiro da mercadoria.
Obs.: a PETROBRAS possui regime especial para não recolher o ICMS/Importação no
desembaraço aduaneiro.
Base legal: art. 1º § 2º, inc. V e art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 2º, inc. V e art. 4º, inc. IX (Lei nº
7.014/96).
8 – Da exportação
Não incide ICMS na operação que destine gasolina automotiva para o exterior.
Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).
9 – Da base de cálculo
9.1 - OPERAÇOES PRÓPRIAS
9.1.1 – Entrada de gasolina de outro Estado (para consumo final):
Nesta situação, a tributação é integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo
incidência de ICMS no Estado de origem da gasolina. A operação rege-se pelas regras da ST e a
base de cálculo é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo da
operação, sem adição de MVA. A responsabilidade pelo recolhimento do imposto é deslocada
para o remetente do produto, ainda que localizado em outra unidade da Federação, nos termos
da cláusula primeira e § 1º, inc. IV, do Conv. ICMS 110/07.
Observação importante: se a operação interestadual de gasolina para consumo final for
realizada por distribuidor de combustíveis, este deverá informar, via o SCANC, para que o
imposto seja repassado ao Estado de destino do produto, seguido a sistemática prevista no
Capítulo V, do Conv. ICMS 110/07, que trata “dos procedimentos da refinaria de petróleo ou
suas bases”.
Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira e § 1º, inc. IV, do
Conv. ICMS 110/07.
9.1.2 - Base de cálculo na importação de gasolina do exterior:
O valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS, acrescido de todas as despesas
que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à importação (valor do documento de
importação + impostos federais incidentes + despesas aduaneiras + demais tributos incidentes).
Base legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra
“b”.
9.1.4 – Base de cálculo - saídas de gasolina nas operações internas
Trata-se das operações próprias promovidas pelo industrial refinador, estabelecimento
formulador ou estabelecimento de central petroquímica. A base de cálculo da operação própria é
o valor da mesma.
Observação importante: por ser a gasolina, produto enquadrado na ST, a operação de
importação se sujeita também ao pagamento antecipado do ICMS por ocasião do
desembaraço aduaneiro. O assunto será tratado quando da análise da base de cálculo da ST
(item 9.2.3)
Base legal: art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na lei estadual do ICMS: art. 17, inc. I (Lei nº 7.014/96)
9.2 - BASE DE CÁLCULO SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA – operações que destinem o
produto para comercialização
9.2.1 – Operações internas
O valor da operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros
encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados, do percentual de MVA de
78,60% (Ato COTEPE nº 21/08)
Base legal: art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96), Anexo I do RICMS/12.
9.2.2 – Operações interestaduais
Nesta hipótese o imposto é devido ao Estado de destino da gasolina automotiva. A BC é o da
operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros encargos
transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados do percentual de MVA de 144,66 % (Ato
COTEPE nº 21/08)
Base legal: cláusula oitava, do Conv. ICMS 110/07
9.2.3 – Operações de importação
O montante formado pelo valor da mercadoria constante no documento de importação, que não
poderá ser inferior ao valor que serviu de base de cálculo para o Imposto de Importação,
acrescido dos valores correspondentes a tributos, inclusive o ICMS devido pela importação,
contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo importador, adicionados do
percentual de MVA de 78,60% (Ato COTEPE nº 21/08). Para efeitos de tributação pelo ICMS,
a importação é também uma operação interna.
Base legal: art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96) e Anexo I do RICMS/12.
9.3 – TABELA COM MARGENS DE VALOR AGREGADO PARA A GASOLINA (MVA’s
com a inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS)
OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA
PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS
01/01/09 até hoje 78,60% 144,66% Ato Cotepe MVA 21/2008
OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA
PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS
01/01/09 até hoje 166,72% 265,37% Ato Cotepe MVA 21/2008
Observação importante: considera-se operação interna, para efeito de aplicação de
alíquotas, o abastecimento de combustíveis em veículos de fora do Estado em
trânsito pelo território baiano.
10 – DA SOLIDARIEDADE NA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA DA GASOLINA
AUTOMOTIVA
É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto e demais acréscimos devidos pelo
contribuinte de direito:
10.1 – o contribuinte destinatário de mercadorias enquadradas no regime de substituição
tributária por antecipação, em virtude de convênio ou protocolo, oriundas de outra unidade da
Federação, quando o remetente não possua inscrição estadual ativa como substituto tributário:
(regra com efeitos a partir de 31/03/2010 – Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela Lei nº
11.899/10).
10.2 – o contribuinte substituído localizado em outra unidade da Federação que remeter
combustíveis derivados do petróleo, biodiesel B100 e álcool etílico anidro combustível para este
Estado, em relação ao recolhimento do imposto devido por substituição tributária, se a operação
não tiver sido informada ao responsável pelo repasse, conforme determinado em acordo
interestadual: (regra com efeitos a partir de 29/12/10, em relação aos combustíveis
derivados de petróleo, a exemplo da gasolina – Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela
Lei nº 12.040/10).
Base legal: Matéria sem correspondência no RICMS/97 e no RICMS/12. Matéria tratada na lei
estadual do ICMS: art. 6º, incisos XV e XVII (Lei nº 7.014/96).
11 – Alíquotas 25% (vinte e cinco por cento) nas operações relativas à gasolina automotiva.
Adicional de 2% (dois por cento) para o Fundo Estadual de Combate e Erradicação à pobreza.
Base legal:Art. 51, inc. II, letra “e” e art. 51-A, inc. II do RICMS/97. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 16, inc. II, letra “e” e art. 16-A,
“caput” (Lei nº 7.014/96).
Observação importante: considera-se operação interna, para efeito de aplicação de
alíquotas, o abastecimento de combustíveis em veículos de fora do Estado em trânsito pelo
território baiano.
GASOLINA DE AVIAÇÃO - GAV– NCM 2710.12.51
A gasolina de aviação é usada exclusivamente em
aviões de pequeno porte que possuem motores com
ignição por centelha. As especificações de qualidade
são determinadas pela Agência Nacional de Petróleo
(ANP), definidas pela ASTM. (VIDE RESOLUÇÃO ANP
Nº 5, DE 3.2.2009 - DOU 4.2.2009)
A gasolina de aviação (GAV ou AVGAS-100)
apresenta propriedades, requisitos de desempenho e
cuidados diferenciados das demais gasolinas. Por
conter chumbo tetratila em sua composição, o seu uso
é proibido em veículos automotivos. Em todo o processo de manuseio, transporte e
armazenamento da GAV são usados equipamentos exclusivos para o produto, sendo o
sistema periodicamente inspecionado para garantir que esteja meticulosamente limpo e
isento de qualquer possibilidade de contaminação.
O mercado brasileiro de gasolina de aviação é abastecido pela Petrobrás, que produz
esse derivado numa instalação bastante complexa, projetada e construída para esse fim.
Segundo o esquema apresentado no livro FUNDAMENTOS DO REFINO DE
PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA / Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio
Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. – Rio de Janeiro: Interciência, 2012, às
páginas 190 a 224, a gasolina de aviação é produzida na Refinaria Presidente Bernardes,
localizada no município de Cubatão-SP, pertencente à Petrobras.
O monitoramento constante do produto inclui a drenagem diária do tanque de
armazenamento e das unidades abastecedoras, filtragem do produto antes do
abastecimento (filtro micrômetro) e inspeção periódica dos respectivos filtros.
REGIME DE TRIBUTAÇÃO DA GAV NO ICMS DA BAHIA
1 – A gasolina de aviação (GAV) é um produto combustível derivado de petróleo,
destinada a uso em aeronaves com motor do ciclo Otto (acionado por centelha). Em
geral é utilizada em aeronaves de pequeno porte, movidos à hélice, que não trafegam em
elevadas altitudes. A gasolina não é um combustível adequado para aeronaves de grande
porte, por ser suscetível de congelar a baixas temperaturas. Por isso as aeronaves de
grande porte utilizam o querosene de aviação (QAV), que se mantém líquido e com boa
fluidez a temperaturas negativas.
2 – A GAV segue o mesmo regime de tributação da gasolina automotiva, com regime
de tributação normal e antecipado no estabelecimento industrial refinador, ressalvadas
as diferenças apontadas nos itens 3, 4 e 5, abaixo.
3 – À GAV não é adicionado etanol anidro.
4 - Este produto foi tributado à alíquota de 17% (dezessete por cento) de 2007 até
31/03/2012 (durante a vigência do RICMS/97, aprovado pelo Dec. nº 6.284/97).
5 - A partir de 1º/04/2012, a Gasolina de Aviação – GAV, passou a ser tributada à
alíquota de 25% (vinte e cinco por cento), com o adicional de 2% (dois por cento) para
o Fundo Estadual de Combate e Erradicação à Pobreza - a partir da vigência do
RICMS/12, aprovado pelo Dec. nº 13.780/12 – 1º/04/2012). Alíquota efetiva: 27%.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,
processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]
André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA
/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –
Rio de Janeiro: Interciência, 2012;
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,
especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e
Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:
http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).
5 - http://pt.wikipedia.org/wiki/gasolina; 6 - http://www.anp.gov.br
7 – http://www.sindicom.com.br
1
MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
MÓDULO VI ÁLCOOL ANIDRO
ÁLCOOL HIDRATADO COMBUSTÍVEL E
ÁLCOOL PARA OUTROS FINS
1 – INTRODUÇÃO
O etanol (álcool etílico), CH3CH2OH, é um
líquido incolor, inflamável, com um odor
característico. Pertence a um grupo de
compostos químicos cujas moléculas contêm
um grupo hidroxila (-OH), ligado a um
carbono (grupo álcoois).
A palavra álcool deriva do arábico al-kuhul,
que refere-se a um fino pó de antimônio,
produzido pela destilação do antimônio, e
usado como maquiagem para os olhos. Os alquimistas medievais ampliaram o uso do
termo para referir-se a todos os produtos da destilação e isto levou ao atual significado da
palavra. O ponto de fusão do etanol sólido é de–114.1°C, e de ebulição e de 78.5°C. É
menos denso que a água: 0,789 g/mL a 20°C. É utilizado como fluído em termômetros,
principalmente para temperaturas baixas, uma vez que o mercúrio congela a – 40 ºC.
Existem basicamente 3 (três) processos utilizados para a fabricação do etanol: a
fermentação de carboidratos (o mais comum no Brasil), a hidratação do etileno, e a
redução do acetaldeído (normalmente preparado pela hidratação do acetileno).
O etanol é produzido desde a antiguidade pela fermentação de açúcares. Todas as bebidas
alcoólicas e mais da metade do etanol industrial ainda é feito por este processo.
Uma enzima, a zimase, é responsável pela conversão dos açúcares em álcool e gás
carbônico, conforme representação química abaixo.
C6H12O6 2 CH3CH2OH + 2 CO2
2
2 - A PRODUÇÃO DO ETANOL POR FERMETAÇÃO DE CARBOIDRATOS
A cana-de-açúcar é cultivada por meio do
sistema de rebrotamento, no qual o
primeiro corte é feito 18 meses após o
plantio e os demais anualmente, por um
período de quatro a cinco anos, com
redução gradual do rendimento.
Depois de cortada, a cana inteira é levada
para a usina, onde é lavada e esmagada,
para extrair o caldo, sendo este
processado para a obtenção do álcool.
Resumidamente temos:
a. tratamento: é a neutralização e a esterilização do caldo para que possa receber
o fermento (leveduras, ou seja, organismos microbiológicos que se alimentam
da glicose do caldo e expelem o álcool);
b. fermentação: é a fase em que os açúcares do caldo são transformados em
álcool, sendo que o teor alcoólico gira em torno de 7% a 10%; nessa fase tem-se
o vinho.
c. destilação: o vinho é aquecido e o álcool é recolhido pela utilização dos
diferentes pontos de ebulição das substâncias presentes nas chamadas colunas de
destilação.
O processo será descrito abaixo, de forma sucinta:
A - Extração do Caldo A fabricação, tanto do álcool como do açúcar, começa pela extração do caldo,
que se realiza pelo processo de moagem.
Porém, antes, a cana-de-açúcar passa por um processo de lavagem, a fim de
eliminar as impurezas, facilitando as etapas seguintes de fabricação.
A cana é levada por uma esteira de ferro a um conjunto de facas, que corta em
pedacinhos, em seguida a mesma esteira leva para o desfibrador, onde deixa
totalmente triturada.
A cana triturada passa por separador magnético, a fim de separar pedaços de
ferros e metais, que por ventura esteja misturado.
Em seguida essa cana triturada passa por um conjunto de rolos que são
denominados ternos, onde extrai todo o caldo existente na cana.
O caldo extraído passa por uma peneira vibratória, para retirar todos os
bagacilhos, em seguida o caldo é bombeado para um tanque pulmão, de onde
será enviado para o tratamento de caldo.
B - Produção de Energia Elétrica
3
Através da queima do bagaço da cana realizado nas caldeiras, é possível que
seja gerado calor. Este calor transformará nas caldeiras a água em vapor.
Parte do vapor é enviado aos turbo geradores encarregados de produzir
energia elétrica que será utilizada em todo o parque industrial podendo até
futuramente seu excedente ser comercializado. O bagaço excedente é
comercializado para outras indústrias que o utiliza em várias atividades.
C - Tratamento do Caldo O objetivo do tratamento de caldo é eliminar todas as impurezas, que seriam
prejudiciais as outras etapas do processo. Consiste de uma série de
operações: peneiramento, calagem, aquecimento, decantação e filtração.
Depois do caldo peneirado é adicionado Cal. Certos não açúcares, sob a ação
da cal, se tornam insolúveis, sendo eliminado pela filtração. Outros sob ação
combinada da cal e do calor são decompostos e os produtos de decomposição
são eliminados parcialmente. Outra função da cal é neutralizar os ácidos
livres presentes, para que não invertam a sacarose quando se aplica calor.
O aquecimento esteriliza o caldo, eliminando certas bactérias. Este
aquecimento não deverá ser inferior a 90oC. Nem superior a 105
oC. Sob pena
de sofrerem perturbações desfavoráveis na composição do líquido em
tratamento.
O caldo peneirado caleado e aquecido vai para o decantador ou clarificador.
O objetivo desta etapa do tratamento é evitar impurezas, como terra,
fragmentos de bagacilhos e outros elementos estranhos que venham perturbar
a fermentação.
O caldo clarificado entra em um conjunto de evaporadores de múltiplo efeito
para a retirada da maior parte da água nele encontrado, tornando-se xarope.
Este xarope é bombeado aos tachos de cozimento para a cristalização do
açúcar e transforma-se em massa cozida que são os cristais de açúcar
envolvidos em uma película de açúcar não cristalizado (mel). Tanto na
evaporação do caldo como no cozimento é utilizado vapor como fonte de
calor.
D - Centrifugação do Açúcar Na centrifugação é separado da massa cozida o mel e o açúcar. O mel com o
mínimo de sacarose possível é enviado para a fabricação do álcool, e o açúcar
propriamente dito, é enviado ao secador de açúcar. Na etapa de secagem, o
açúcar passa pelo secador para que seja retirada dos cristais toda umidade
neles contida. Assim o açúcar poderá ser armazenado e enviado ao cliente sem
que haja perda na qualidade.
Depois desta etapa o caldo de cana denomina de mosto o qual é enviado para
o processo de fermentação.
E - Fermentação
4
É na fermentação que ocorre a
transformação do açúcar em álcool. Este
processo acorre nas dornas com à ação de
organismos vivos denominados Leveduras
(Sacharomyces cerevisiae) os quais
através de reações transformam os
açúcares em álcool. O resultado desta
transformação é o vinho fermentado onde
estão contidas as leveduras, o álcool e
outros resíduos. Após a fermentação, a
levedura é separada do vinho através do processo de centrifugação, para ser
reutilizada. A Levedura ou fermento, com uma concentração de aproximadamente
60%, é enviado às cubas de tratamento onde recebe nutrientes para se fortalecer
e ser novamente utilizado na fermentação.
F- Destilação
O vinho com pequena quantidade de levedura irá para as colunas de destilação,
que através de aquecimento e evaporação separam o álcool, e em seguida o
álcool é concentrado e purificado atingindo os padrões normativos do mercado.
A vinhaça é um subproduto resultante da destilação do vinho e ela é um
importante fertilizante, pois é rica em água, matéria orgânica, nitrogênio,
potássio e fósforo, e é utilizada na lavoura como adubo da cana.
Além da produção de Açúcar e de Álcool outros derivados também são
produzidos tais como: Bagaço Hidrolizado, Vinhaça Concentrada, Melaço, Óleo
Fusel, Levedura.
3 - Derivados processo industrial de produção de álcool
Bagaço de Cana – são as fibras resultantes da
extração do caldo da cana-de-açúcar. É
utilizado para gerar o vapor das caldeiras.
Serve também como ração animal depois de
hidrolisado.
Vinhaça Concentrada– é o resíduo líquido
da transformação do açúcar em álcool (vinho
centrifugado). Com ela se faz a adubação da
lavoura de cana-de-açúcar.
Melaço – subproduto do açúcar obtido através da centrifugação. É um dos componentes
utilizado na fermentação para a fabricação do álcool.
Óleo Fusel – líquido viscoso extraído em pequena quantidade no processo de destilação do
álcool, empregado na indústria química e na indústria de cosméticos.
5
Levedura – microrganismo responsável pela transformação da sacarose em álcool, obtida
a partir do processo fermentativo. Depois de seca, pode servir como ração animal.
Energia Elétrica – através da queima do bagaço, gera-se o vapor, que se transforma em
energia mecânica e depois em elétrica. A energia obtida aciona os motores elétricos e
ilumina toda indústria.
4 - ABAIXO REPRODUZIMOS UM FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DE ÁLCOOL ANIDRO
(CEDIDO PELA USINA DA AGROVALE EM JUAZEIRO-BA)
6 – ALGUNS DADOS SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO DE ETANOL
O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, o maior exportador mundial, e é
considerado o líder internacional em matéria de biocombustíveis e a primeira economia em
ter atingido um uso sustentável dos biocombustíveis.
Os principais países produtores de etanol são: Brasil (que se utiliza principalmente da
cana-de-açúcar); Estados Unidos (que se utilizam do milho, através de um processo de
moagem seca); Canadá (trigo e milho); China (mandioca); Índia (cana e melaço); e,
Colômbia (cana e óleo de palma). Desses principais países produtores, Brasil e Estados
Unidos são os que se destacam, sendo responsáveis pela produção de 85% do etanol
6
mundial (o Brasil produziu 21,5 bilhões de litros e os EUA, 24,5 bilhões, na safra ocorrida
no primeiro semestre de 2009). O terceiro colocado é a China, com 2,7% de participação
nesse mercado. Em quarto lugar se encontra a União Européia, com 2,5%.
Juntos, Brasil e Estados Unidos lideram a produção do etanol e foram responsáveis em
2008 por 89% da produção mundial e quase 90% do etanol combustível. Em 2008 a
produção brasileira foi de 24,5 bilhões de litros, equivalente ao 37,3% da produção
mundial de etanol. A indústria brasileira de etanol tem 30 anos de história e o país usa
como insumo agrícola a cana-de-açúcar. Além disso, por regulamentação do Governo
Federal, toda a gasolina comercializada no país é misturada com 25% de etanol.
A evolução dos percentuais de mistura etanol/gasolina se encontram detalhados na tabela
constante da fl. 12 deste módulo.
Desde julho de 2009 circulam no país mais de 8 milhões de veículos, automóveis e
veículos comerciais leves, que podem rodar com 100% de etanol ou qualquer outra
combinação de etanol e gasolina, e são chamados popularmente de carros "flex".
Segundo dados do SINDICOM (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de
Combustíveis e de Lubrificantes) e da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis), o volume de vendas de etanol hidratado no Brasil, promovidas pelos
postos revendedores, entre 2008 e 2012, apresentou os seguintes números (em bilhões de
litros):
2008 2009 2010 2011 2012
13,1 16,2 14,9 10,7 9,7
A queda no consumo de etanol hidratado no Brasil se deu principalmente em razão da
perda de competitividade deste produto em relação à gasolina. A política de preços desse
derivado de petróleo adotado pelo governo federal, através da Petrobras, desestimulou o
consumo de etanol, pois o abastecimento com o combustível renovável só é vantajosa se a
relação preço etanol/preço gasolina for superior a 0,7.
7
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÁLCOOL ANIDRO NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS).
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
ÁLCOOL ETANOL ANIDRO (AEAC – NCM 2207.10.90)
O álcool etanol anidro é um combustível renovável, obtido a partir da fermentação
alcoólica de açúcares e amidos, que apresenta um elevado poder antidetonante. Por essa
razão é misturado à Gasolina Pura (Gasolina “A”), produzida na refinaria, para formar a
Gasolina C. Possui teor alcoólico de no mínimo 99,3º INPM, ou seja, cada litro dever
conter não menos de 993 ml de etanol para 7 ml de água.
TRIBUTAÇÃO PELO ICMS - ALCOOL ETÍLICO ANIDRO COMBUSTÍVEL
(AEAC)
OPERAÇÕES INTERESTADUAIS E OPERAÇÕES INTERNAS
1 - Diferimento – nas operações internas e interestaduais com AEAC, quando destinado a
distribuidora de combustíveis, para o momento em que ocorrer a saída da gasolina
resultante da mistura com o AEAC. (Convênio ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima
Primeira).
2 - Pagamento: o pagamento do imposto diferido deverá ser efetuado de uma só vez,
englobadamente com o imposto retido por substituição tributária incidente sobre as
operações com gasolina, até o consumidor final.
2.1 - Se a operação diferida com o AEAC for interna o ICMS diferido será recolhido, de
forma englobada, com a operação de saída da gasolina C (mistura da Gasolina A com
AEAC)
2.2 - Na hipótese de operação interestadual com AEAC deverá ser observado o seguinte –
a) o ICMS incidente sobre a operação será devido ao Estado de origem do AEAC;
b) para o cálculo da parcela do imposto incidente sobre o AEAC destinado à
unidade federada remetente desse produto, o programa de computador adotará
8
como base de cálculo o valor total da operação, nele incluído o respectivo
ICMS e sobre este valor aplicará a alíquota interestadual correspondente (Conv.
ICMS 110/07 -Cláusula vigésima quinta, § 6º).
3 – Encerramento do diferimento: a saída isenta ou não tributada do AEAC, inclusive
para a ZFM (Zona Franca de Manaus) e para áreas de livre comércio. Nesta hipótese a
distribuidora de combustíveis deverá efetuar o pagamento do imposto diferido à unidade
federada remetente do AEAC.
4 – Obrigações das Distribuidoras de Combustíveis: na remessa interestadual de
AEAC a distribuidora de combustíveis, destinatária do AEAC, deverá:
4.1 – registrar os dados relativos à operação no SCANC (anexos IV, V e VIII –
cláusula vigésima quinta);
4.2 – identificar o sujeito passivo por ST que tenha retido anteriormente o imposto
relativo à gasolina “A”, com base na proporção da sua participação no somatório
das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês, relativamente à
gasolina “A” adquirida diretamente de sujeito passivo por substituição tributária
(operação de compra direta na Refinaria ou suas bases – 1ª operação);
4.3 – identificar também os demais fornecedores de gasolina “A”, quantificando a
proporção das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês
(operação de compra em outras distribuidoras – 2ª operação);
4.4 – enviar as informações eletronicamente , nos prazos fixados em Ato COTEPE
para:
4.4.1 – a unidade federada de origem;
4.4.2 – a unidade federada de destino;
4.4.3 – o fornecedor do combustível;
4.4.4. – a refinaria de petróleo ou suas bases.
4.5 – Com base nas informações prestadas pelo contribuinte, o programa de
computador aprovado pela Comissão Técnica Permanente do ICMS –
COTEPE/ICMS (§ 2º, da Cláusula Vigésima Terceira), gerará os relatórios nos
modelos previstos (os denominados “Anexos”) e efetuará o cálculo da parcela do
imposto incidente sobre o AEAC destinado à unidade federada remetente desse
produto – regra contida na Cláusula Vigésima Quinta, inc. II. Será efetuado
também no Programa de computador o cálculo do estorno de crédito previsto no §
10, da Cláusula Vigésima Primeira (inc. III, da Cláusula Vigésima Quinta).
4.6 – O pagamento (repasse) do imposto para a unidade federada de origem do
AEAC será efetuado pela refinaria de petróleo ou sua base, que tenha efetuado a
retenção do ICMS relativo à Gasolina “A”, até o 10º dia do mês subsequente
àquele em que tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao valor do
imposto ao que foi efetivamente retido e ao relativo à operação própria.
9
4.7 - No caso de operações interestaduais promovidas por contribuintes que já
tenham recebido o imposto retido da mistura gasolina “A” + AEAC, em operação
anterior (a chamada 2ª operação), o pagamento do ICMS diferido (repasse), será
provisionado pela refinaria ou sua bases, para ser realizado até o 20º dia do mês
subsequente àquele em que tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao
valor ao efetivamente recolhido à unidade federada de destino da gasolina “C”. A
UF de destino tem até o 18º dia do mês seguinte para verificar a ocorrência do
efetivo pagamento e manifestar-se sobre a dedução da parcela do AEAC.
(Conv. ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima Primeira, § 4º, § 5º, incisos I e II e §
6º).
5 – Do estorno de crédito
Os contribuintes que efetuarem operações interestaduais com gasolina resultante da
mistura de AEAC com aquele produto deverão efetuar o estorno de crédito do imposto
correspondente ao volume de AEAC contido na mistura. Esse estorno será efetivado pelo
recolhimento do valor correspondente ao ICMS diferido que será apurado com base no
valor unitário médio e na alíquota média ponderada das entradas de AEAC ocorridas no
mês.
Base legal: §§ 10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Conv. ICMS 110/07.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI 4171) É CONTESTADA A
CONSTITUCIONALIDADE DO ESTORNO DE CRÉDITO NAS OPERAÇÕES COM GASOLINA “C”,
RESULTANTE DA MISTURA COM O ÁLCOOL ANIDRO.
1 – Requerente: Conselho Nacional de Comércio (CNC);
2 – Requerido: Conselho Nacional de Política Fazendária;
3 – Dispositivos questionados: §§ 10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Convênio ICMS nº
110, de 28 de setembro de 2007, com a redação alterada pelo Conv. ICMS 101, de 30 de julho de
2008 e pelo Conv. 136, de 05 de dezembro de 2008 (aditamento da petição inicial em relação às
operações com biodiesel B100).
4 – A autora afirmou que os preceitos hostilizados impõem “às distribuidoras de combustíveis o
dever de estorno do ICMS recolhido por substituição tributária, quando estas efetuarem operações
interestaduais, com gasolina misturada ao AEAC, nas quais não há creditamento do imposto”.
Haveria no caso uma dupla tributação, em ofensa à legislação de regência do ICMS.
5 – Afirmou também que os dispositivos questionados estabeleceram a criação de um novo tributo,
o que ofenderia: a) o princípio da legalidade (art. 150, I, da CF); b) o princípio da não
cumulatividade (art. 155, § 2º, da Carta Magna); c) o regime constitucional da destinação da
arrecadação do ICMS para o Estado de destino, nas operações com petróleo e derivados (art. 155, §
4º, inc. I, da Lei Maior); e, d) o princípio da capacidade contributiva (art. 145, § 1º, da CF), por
aumento da carga tributária nas operações com AEAC.
6 – Os estados prestaram informações (Manifestação da Bahia)
7 – A AGU se manifestou pela improcedência do pedido. (Manifestação da AGU)
8 - A PGR se manifestou também pela improcedência do Pedido.
9 – A Relatora, Ministra Ellen Gracie julgou o pedido procedente.
10
10 – Divergiram o Ministro Luiz Fux e a Ministra Carmen Lúcia.
11 – Pediu vistas o Ministro Ricardo Lewandowski.
6 – DO ALCOOL ANIDRO PARA OUTROS FINS (ANTECIPAÇÃO PARCIAL –
APLICAÇÃO DAS REGRAS DO PROTOCOLO ICMS 17/04)
O álcool anidro originário de outra unidade da federação, destinado estabelecimentos
comerciais ou industriais, para outros fins, que a não a mistura na gasolina “A”, se submete
ao regramento do Protocolo ICMS 17/04, que estabelece o pagamento do ICMS -
antecipação parcial antes da realização da operação de saída da mercadoria (cláusula
sexta do Protocolo ICMS 17/04).
6.1 - Nas operações originárias de Estados signatários do Protocolo ICMS 17/04, o
imposto deve ser recolhido de forma antecipada, antes da saída da mercadoria, sobre o
valor da operação, antes de iniciada a remessa. A GNRE (guia nacional de recolhimento de
tributos estaduais), comprovando o pagamento antecipado do imposto, deverá acompanhar
a mercadoria no trânsito. Caso o remetente não efetue o pagamento do ICMS, o
destinatário deverá proceder ao pagamento do tributo por ocasião da passagem da
mercadoria pela primeira repartição fiscal do percurso.
Base legal: clausula terceira c/c a clausula quarta (segunda parte), do Protocolo ICMS
17/04.
6.2 – Nas operações originárias de Estados não signatários do Protocolo ICMS 17/04, o
imposto também deve ser recolhido de forma antecipada, antes da saída da mercadoria, de
responsabilidade do remetente, sobre o valor da operação, antes da saída da mercadoria. A
GNRE, comprovando o pagamento antecipado do imposto, deverá acompanhar a
mercadoria no trânsito. Caso o remetente não efetue o pagamento, o destinatário deverá
pagar o imposto por ocasião da passagem da mercadoria pela primeira repartição fiscal do
percurso.
Base legal: clausula quarta do Protocolo ICMS 17/04.
6.3 – O pagamento antecipado do imposto, se aplica também às operação internas, com
álcool anidro para outros fins, antes da saída da mercadoria do estabelecimento remetente
(Usina) para estabelecimento industrial ou comercial localizado no território baiano.
Base legal: clausula segunda do Protocolo ICMS 17/04.
Observação: O pagamento do ICMS antecipado nas operações com álcool anidro não se
aplica aos estabelecimentos industriais que tenham autorização do Diretor da DAT, após
parecer técnico da COPEC. Nesta hipótese o ICMS será recolhido no dia 25 do mês
seguinte à entrada da mercadoria no estabelecimento credenciado.
7 - LEGISLAÇÃO INTERNA (disposições do RICMS/97 e RICMS/2012)
A legislação interna reproduz as mesmas regras do Conv. ICMS 110/07. Diferimento do
imposto nas operações com AEAC, quando o produto for destinado a distribuidora de
11
combustíveis, para o momento em que ocorrer a saída da gasolina resultante da mistura
com o AEAC.
Tributação normal, com recolhimento antecipado do imposto, a quando o álcool anidro for
destinado a outros fins.
Base Legal:
RICMS/97: Art. 343, inc. XXIX e art. 511, RICMS/97. RICMS/12: Art. 286, inc. XIV, §§
7º, 8º e 9º.
8 – DA SOLIDARIEDADE
É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto o contribuinte substituto que
realizar operação interestadual com AEAC se a operação não tiver sido informada ao
responsável pelo repasse ao estado de origem do álcool (capítulos III e IV do Conv.
ICMS 110/07).
Base legal: art. 39, inc. XIV, do RICMS/97 (Conv. 110/07 – cláusula trigésima). Sem
correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 6º, inc.
XVII (Lei nº 7.014/96).
9 – DAS ALÍQUOTAS
9.1 - 25% (vinte e cinco por cento) nas operações internas, com adicional de 2% para o
fundo de pobreza;
9.2 - 12% (doze por cento) nas operações interestaduais de álcool anidro produzido no
Brasil;
9.3 - 4% (quatro por cento) nas operações interestaduais com álcool anidro importado do
exterior;
9.4 - 17% (dezessete por cento) nas operações internas que destine álcool anidro para
outros fins.
Base legal: Art. 15, inc. II, da Lei nº 7.014/96 (alíquota interestadual de 12%); Art. 16, inc.
II, letra “e”, c/c o “caput” do art. 16-A (alíquota interna de 25% e adicional de 2%, para o
fundo de pobreza).
10 - DISPENSA DE HABILITAÇÃO PARA OPERAR NO REGIME DE
DIFERIMENTO
É dispensada a habilitação para operar no regime de diferimento aos estabelecimentos de
distribuidoras de combustíveis, adquirentes ou destinatários do AEAC.
Base Legal: Art. 344, inc. VII, do RICMS/97. Art. 287, § 1º, inc. V, letra “b”, do
RICMS/12
11 - EXPORTAÇÃO DE AEAC
É dispensado o pagamento do imposto diferido na operação de exportação de AEAC, cuja
operação anterior tenha sido processada ao amparo do regime de diferimento.
12
Base legal: Art. 460, do RICMS/97;
12 - ENCERRAMENTO DO DIFERIMENTO – AEAC NÃO DESTINADO À
MISTURA COM A GASOLINA
A saída isenta ou não tributada do AEAC, inclusive para a ZFM e para áreas de livre
comércio: nesta hipótese a distribuidora de combustíveis deverá efetuar o pagamento do
imposto diferido à unidade federada remetente do AEAC.
Base legal: Art. 286, § 9º, do RICMS/12
13 - MISTURA GASOLINA AUTOMOTIVA/ÁLCOOL ANIDRO
A TABELA ABAIXO APRESENTA EM ORDEM CRONOLÓGICA, DESDE JULHO DE 2OO7 OS
PERCENTUAIS DE MISTURA DO ETANOL ANIDRO NA GASOLINA.
NORMAS PERCENTUAIS INTERVALO TEMPORAL
Portaria do MAPA % Mistura Etanol/Gasolina Período de Vigência
Portaria nº 143/2007 25% 01/07/2007 a 31/01/2010
Portaria nº 7/2010 20% 01/02/2010 a 01/05/2010
Portaria nº 7/2010 25% 02/05/2010 a 30/09/2011
Portaria nº 678/2011 20% 01/10/2010 a 30/04/2013
Portaria nº 105/2013 25% 01/05/2013 até hoje
*Fonte: MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
13
14
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÁLCOOL HIDRATADO COMBUSTÍVEL NO
ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS).
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
PRODUTO: ÁLCOOL ETÍLICO HIDRATADO COMBUSTÍVEL - AEHC (NCM
2207.10)
O álcool etílico hidratado combustível (AEHC) é utilizado para a queima direta nos
motores ciclo Otto, tendo as mesmas características do álcool anidro, diferindo deste por
teor alcoólico especificado entre 92,6º e 93,8º INPM, ou seja, cada litro do produto contém
entre 926 e 938 ml de álcool e 74 e 62 ml de água. O AEHC funciona com substituto da
gasolina nos motores de combustão interna ciclo Otto.
Com o desenvolvimento da tecnologia flex os veículos podem ser abastecidos com AEHC
e gasolina C em qualquer proporção. O consumidor pode optar também em utilizar
somente gasolina ou álcool.
1– SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.1- RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS
1.1.1 2009 até 14/12/2012 – a distribuidora de combustíveis, assim definida pela
ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás, Combustíveis e Biocombustíveis).
1.1.2 a partir de 15/12/2012 até hoje – o remetente ou alienante da mercadoria
(aquele que promover a 1ª operação no território ou para o território da Bahia –
Lei Estadual nº 12.605/12, que promoveu alteração na Lei nº 7.014/96).
15
1.2 - MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das
contribuições do PIS/COFINS)
OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA
PERÍODO
OP.
INTERNAS
OPERAÇÕES INTERESTADUAIS
ALÍQ. 7% ALIQ. 12% ALIQ 4%
ORIGINADO DE
IMPORTAÇÃO
01/01/09 a 31/12/10 31,69% 63,30% 54,53% - 01/01/11 a 15/02/13* 31,69% 51,21% 43,07% - 16/02/13 até hoje** 31,69% 51,21% 43,07% 56,08%
* Ato Cotepe MVA modificador: 11/2010
**Ato Cotepe MVA modificador: 01/2013
1.3 - PREÇOS MÉDIOS PONDERADOS A CONSUMIDOR PARA O AEHC (PMPF’s)
OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA
PERÍODO VALOR DO PMPF ATO COTEPE MODIFICADOR
01/05/08 a 15/06/09 R$ 1,8000/litro 08/2008
16/06/09 a 31/12/10 R$ 2,0000/litro 11/2009
01/01/11 até hoje R$ 2,2500qlitro 24/2010
1.4 - BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.4.1 - A regra nº 1 da base de cálculo do ICMS-ST é a seguinte: utilização do preço
máximo ou único de venda a consumidor fixado por autoridade competente. O PMPF
se enquadra nesta categoria.
1.4.2 - O PMPF para o AEHC passou a valer a partir de 16/08/04 (Ato Cotepe PMPF nº
31/2004).
1.4.3 - Com a alteração nº 140 ao RICMS/97 (via Dec. nº 12.470/10), efeitos a partir de
23/11/10, a BC-ST do AEHC poderia ser: o valor da operação + MVA ou o PMPF, o
que fosse maior (art. 512-B, § 1º-A, do RICMS/97).
1.4.4 - Essa regra foi reproduzida no RICMS/12, no art. 289, § 9º (Dec. nº 13.780/12), e
posteriormente revogada, pela alteração nº 09 (Dec. nº 14.254/12), efeitos a partir de
29/12/2012.
1.4.5 - Conclusões que podem ser tiradas das disposições acima transcritas
(PERÍODO 2009-2013)
i) até 22/11/2010: a BC-ST para o AEHC era o PMPF;
ii) entre 23/11/2010 e 28/12/2012: a BC-ST para o AEHC poderia ser o PMPF ou o
valor da operação + MVA, o que fosse maior;
iii) a partir de 29/12/2012: a BC-ST do AEHC passou a ser somente o PMPF.
16
1.5 - MOMENTO DO PAGAMENTO DO ICMS-ST NAS OPERAÇÕES COM AEHC
1.5.1 – O imposto a ser recolhido pelo regime da ST, nas operações com etanol
combustível hidratado, até 14/12/2012, deveria ser efetuado antes das saídas mercadorias,
podendo o contribuinte, mediante autorização competente, recolher o ICMS-ST até o dia
15 do mês subseqüente ao das operações, sendo que:
1.5.1.1 – em operações promovidas por indústrias, mediante autorização do Diretor
da DAT do domicílio fiscal, após parecer técnico da COPEC;
1.5.1.2 – em operações promovidas por distribuidoras de combustíveis, mediante
autorização da COPEC.
1.5.2 – A partir de 15/12/2012, a obrigação de retenção nas operações internas e
interestaduais com álcool hidratado carburante, passou a ser de responsabilidade do
estabelecimento remetente da mercadoria. Nas operações internas, o pagamento do ICMS-
ST poderá ser feito até o dia 15 do mês subsequente ao da saída do AEHC, conforme
disposto no art. 332, inc. XIII, alínea “a”, do RICMS/12.
1.5.3 – Nas operações interestaduais, se o remetente for inscrito, o ICMS-ST deverá vir
destacado no corpo da nota fiscal, situação em que o imposto deverá ser recolhido até o dia
10 do mês subsquente ao da operação (Cláusula Décima sexta, do Conv. ICMS 110/07, c/c
o § 6º, do art. 289. do RICMS/12).
1.5.4 – Nas operações interestaduais, se o remetente não for inscrito, a GNRE, com a
quitação do recolhimento do imposto deverá acompanhar a nota fiscal que acobertar o
trânsito do AEHC.
1.5.5 - O distribuidor de combustíveis, até 15/12//2012, submetido a Regime Especial de
Fiscalização e Pagamento do ICMS, era obrigado a efetuar o pagamento do ICMS-ST
antes do início da operação com AEHC, hipótese em que o posto revendedor varejista
assumia a condição de responsável solidário caso adquirisse AEHC com nota fiscal
desacompanhada do respectivo documento de arrecadação, conforme disposição contida no
art. 6º, inc. XVI, da Lei nº 7.014/96. A partir de 15/12/2012, a sistemática criada pelo
Regime Especial de Fiscalização e a solidariedade decorrente foram derrogadas, em função
da mudança da sujeição passiva por ST para o remetente da mercadoria.
2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
2.1 - A base de cálculo da operação própria com AEHC, nos últimos cinco anos (2009-
2013) é a reproduzida na tabela abaixo:
PERÍODO BASE DE CÁLCULO ATO NORMATIVO Até 30/03/12 Valor da operação ou pauta
fiscal, o que for maior
RICMS/97 – art. 515-B
De 01/04/12 a 14/12/12* Valor da operação RICMS/12
A partir de 15/12/12 até hoje Valor da operação ou pauta
fiscal, o que for maior
Lei nº 12.605/12 (acrescentou o
inc. V-A, ao art. 19, da Lei nº
7.014/96).
17
*A regra prevista no RICMS/97, de prevalência do valor da operação ou da pauta fiscal, o que fosse
maior, não foi reproduzida no RICMS/12. Somente com a Lei nº 12.605/12, foi re-introduzida na
legislação essa possibilidade quanto à BC das operações normais com AEHC.
2.2. - Na tabela abaixo se encontra discriminada a evolução da pauta fiscal para o AEHC
PERÍODO PAUTA FISCAL ATO NORMATIVO De 29/06/07 a 30/11/10 R$ 1,00/litro Instr. Normativa nº 34/2007
01/12/10 até hoje R$ 1,50/litro Instr. Normativa nº 56/2010
2.3 - MOMENTO DO PAGAMENTO DO ICMS DA OPERAÇÃO PRÓPRIA – AECH
2.3.1 – Até 14/12/2012, o recolhimento do ICMS próprio, nas saídas internas e
interestaduais de AEHC, deveria ser efetuado por ocasião da saída da mercadoria, devendo
ser observado:
2.3.1.1 – o DAE devidamente quitado deveria acompanhar a mercadoria na
respectiva circulação;
2.3.1.2 – o nº de autenticação bancária do DAE deveria ser indicado no campo
“informações adicionais” da nota fiscal de saída e o nº desta no campo
“informações complementares” do respectivo DAE;
2.3.1.3 – A obrigação de pagamento antecipado do ICMS próprio não era aplicável
às distribuidoras de combustíveis, como tais definidas pela ANP, desde que
autorizadas pela COPEC
2.3.2 – A partir de 15/12/2012, a operação própria promovida pelo estabelecimento
remetente do álcool combustível hidratado continuou a ser exigido de forma antecipada,
antes da circulação da mercadoria (art. 332, inc. V, letras “i” e “j”, do RICMS/12)
2.3.3 – Depois da alteração nº 10, ao RICMS/12, promovida pelo Dec. 14.295, de
31/01/013, efeitos a partir de 01/02/2013, o recolhimento do imposto da operação própria
com AEHC, poderá ser efetuado no dia 9 do mês subseqüente, desde que o contribuinte
seja autorizado pela repartição fiscal a que estiver vinculado.
3 – ANTECIPAÇÃO PARCIAL DO ICMS PARA O AEHC
3.1 – RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
3.1.1 – Exigência de antecipação parcial para o AEHC, nas operações originárias de Estado
signatário do Protocolo ICMS 17/04, de forma antecipada, de responsabilidade do
remetente – pagamento antes da saída da mercadoria, via GNRE;
3.1.2 - Exigência de antecipação parcial para o AEHC, por solidariedade, nas operações
originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04 quando o remetente não efetuar
o pagamento antecipado do imposto, atribuindo-se responsabilidade ao adquirente para
pagar o ICMS antes da entrada da mercadoria no território baiano;
18
3.1.3 – Exigência de antecipação parcial para o AEHC, nas operações originárias de Estado
não signatário do Protocolo ICMS 17/04, de responsabilidade do adquirente antes da
entrada da mercadoria no território baiano
3.1.4 – Após a publicação da Lei nº 12.605/12, efeitos a partir de 15/12/2012, a
antecipação parcial para o AEHC deixou d existir, pois esta norma atribuiu
responsabilidade por substituição tributária (ST), ao remetente da mercadoria (aquele que
promovesse a primeira operação no território ou para o território da Bahia). Com isso o
Protocolo ICMS 17/04 se encontra parcialmente revogado, nas disposições atinentes ao
AEHC.
3.1.5 -Tabela Antecipação Parcial do AEHC (período 2009 a 2012)
PERÍODO RESPONSÁLVEL
TRIBUTÁRIO
ATO NORMATIVO
Até 14/12/2012 REMETENTE Protocolo ICMS 17/2004
Até 14/12/2012 ADQUIRENTE
(estabelecimento comercial ou
industrial) – nas remessas de
Estado signatário do Protoc.
ICMS 17/04, quando o
remetente não efetuar o
pagamento antecipado do
imposto
Art. 515-D, do RICMS/97
Art. 296, “caput”, do RICMS/12
Até 14/12/2012 ADQUIRENTE
(estabelecimento industrial ou
comercial) – nas remessas de
Estado não signatário do Protoc.
ICMS 17/04
Art. 515-S, do RICMS/97
Art. 296, “caput”, do RICMS/12
A partir de 15/12/2012 Inexigibilidade da antecipação
parcial nas operações com
AEHC
Lei nº 12.605/12
3.2 – BASE DE CÁLCULO DO ICMS ANTECIPAÇÃO PARCIAL
As especificadas no item 2 deste módulo, acima.
3.3 – MOMENTO DO PAGAMENTO DO ICMS ANTECIPAÇÃO PARCIAL DO AEHC
(EFEITOS ATÉ 15/12/2012)
3.3.1 – Nas operações originárias de unidade federada signatária do Protocolo ICMS
17/04: antes da saída da mercadoria, devendo a GNRE, com a quitação do imposto, de
responsabilidade do remetente, acompanhar a nota fiscal;
3.3.2 – Nas operações originárias de unidade federada signatária do Protocolo ICMS
17/04, quando o remetente não efetuar o pagamento antecipado do imposto: antes da
entrada do AEHC no Estado da Bahia, sendo a obrigação de responsabilidade do
adquirente, por solidariedade.
19
3.3.3 – Nas operações originárias de unidade federada não signatária do Protocolo ICMS
17/04: antes da entrada do AEHC no Estado da Bahia, de responsabilidade do contribuinte
adquirente.
4 – ALÍQUOTAS
4.1 Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de
importação do exterior, com o adicional de 2% (dois por cento) para o Fundo Estadual de
Combate e Erradicação à Pobreza. Alíquota interna efetiva: 19% (dezenove por cento).
4.2 - Alíquota de 12% (doze por cento) nas remessas para fora do Estado, com origem no
território da Bahia;
4.3 – Alíquota de 7% (sete por cento), nas operações originárias do Sul e Sudeste, exceto
ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia;
4.4 – Alíquota de 12% (doze por cento), nas operações originárias do Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, inclusive ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia.
4.5 - Alíquota de 4% nas remessas interestaduais de etanol hidratado quando o produto
tiver origem em operação de importação.
Fonte Normativa: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução
do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.
20
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÁLCOOL (ETANOL) DESTINADO A
OUTROS FINS NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS).
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
PRODUTO: ÁLCOOL (ETANOL) PARA OUTROS FINS, TRANSPORTADO A
GRANEL (USO NÃO AUTOMOTIVO) - (NCM 2207.10)
1– SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
O etanol transportado a granel, para outros fins (uso não automotivo), se encontra no
regime de substituição/antecipação tributária, com o encerramento das fases subsequentes
de tributação, tão somente nas operações internas.
1.1 - RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS
1.1.1 - A responsabilidade pelo recolhimento do imposto, nas operações internas, é do
estabelecimento remetente que promover a primeira operação no território da Bahia.
1.1.2 – No caso de aquisição em outra unidade federada, cabe a antecipação tributária total,
na entrada, com a dedução, a título de crédito, do ICMS incidente na origem e do ICMS
pago a título de antecipação parcial pelo responsável;
1.1.3 – No caso de importação a responsabilidade é do contribuinte importador.
1.1.4 – Não há a obrigatoriedade de se fazer a retenção por ST/antecipação total se o etanol
de uso não automotivo for destinado a indústria para fins de utilização como matéria-
prima.
1.1.5 – o Pagamento do ICMS-ST deve ser efetuado antes da saída da mercadoria ou da
entrada do álcool proveniente de outra unidade federada no território baiano, salvo
estabelecimentos de distribuidoras, autorizados pela COPEC, conforme tabela abaixo:
21
PRAZO DE RECOLHIMENTO DO ICMS-ST PARA CONTRIBUINTES
CREDENCIADOS
PRAZO FONTE NORMATIVA DISPOSITIVO
Dia 15 do mês subsequente RICMS/97 – até 31/03/12 Art. 126, inc. IV
Dia 09 do mês subsequente RICMS/12 – até hoje Art. 332, § 5º
1.2 - BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.2.1 - A base de cálculo da ST nas operações com álcool (etanol), transportado a granel,
para outros fins (uso não automotivo), nos últimos 5 anos (2009 a 2013), é a pauta fiscal ou
o valor da operação + MVA (fixada em ATO COTEPE), prevalecendo o que for maior,
conforme tabelas abaixo (Art. 61, inc. X, do RICMS/97):
TABELA: PAUTA FISCAL – OPERAÇÕES SUJEITAS À SUBSTITUIÇÃO
TRIBUTÁRIA – ÁLCOOL PARA OUTROS FINS, VENDIDO A GRANEL (USO NÃO
AUTOMOTIVO)
PERÍODO PAUTA FISCAL ATO NORMATIVO
11/06/08 a 09/06/09 R$ 1,80/litro Instr. Normativa nº 20/2008
10/06/09 a 27/02/13 R$ 2,00/litro Instr. Normativa nº 56/2010
28/02/2013 até hoje R$ 2,25/litro Instr. Normativa nº 09/2013
1.2.2 - Com a entrada em vigor do RICMS/12 (efeitos a partir de 1º/04/12), a base de
cálculo do ICMS-ST para o etanol para outros fins, transportado a granel (uso não
automotivo), passou a ser somente a pauta fiscal (art. 289, § 11, inc. III, do RICMS/12 –
APLICAÇÃO TÃO SOMENTE DA TABELA: “PAUTA FISCAL – OPERAÇÕES
SUJEITAS À SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA – ÁLCOOL PARA OUTROS FINS,
VENDIDO A GRANEL - USO NÃO AUTOMOTIVO”).
2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
2.1 - A base de cálculo da operação própria com álcool (etanol), transportado a granel, para
outros fins (uso não automotivo), nos últimos cinco anos (2009-2013) é o valor da
operação ou a pauta fiscal, prevalecendo o que for maior.
2.2 - Tabela com a evolução da pauta fiscal, nas operações internas, reproduzida abaixo:
PAUTA FISCAL – OPERAÇÕES PRÓPRIAS E ANTECIPAÇÃO PARCIAL –
ÁLCOOL PARA OUTROS FINS, VENDIDO A GRANEL (USO NÃO AUTOMOTIVO)
PERÍODO PAUTA FISCAL ATO NORMATIVO
29/06/07 a 30/11/10 R$ 1,00/litro Instr. Normativa nº 34/2007
01/02/10 até hoje R$ 1,50/litro Instr. Normativa nº 56/2010
22
3 – ANTECIPAÇÃO PARCIAL DO ICMS PARA O ETANOL, TRANSPORTADO A
GRANEL, PARA OUTROS FINS (USO NÃO AUTOMOTIVO)
3.1 – RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
3.1.1 – Exigência de antecipação parcial para o Etanol destinado a outros fins, nas
operações originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04, de responsabilidade
do remetente – pagamento antes da saída da mercadoria, via GNRE;
3.1.2 - Exigência de antecipação parcial para o Etanol destinado a outros fins, por
solidariedade, nas operações originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04
quando o remetente não efetuar o pagamento antecipado do imposto: responsabilidade do
adquirente, antes da entrada da mercadoria no território baiano;
3.1.3 – Exigência de antecipação parcial para o Etanol destinado a outros fins, nas
operações originárias de Estado não signatário do Protocolo ICMS 17/04, de
responsabilidade do adquirente antes da entrada da mercadoria no território baiano.
3.2 – BASE DE CÁLCULO DO ICMS ANTECIPAÇÃO PARCIAL
As especificadas no item 2 deste estudo.
4 – ALÍQUOTAS
4.1 – ALÍQUOTA INTERNA: alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas
operações internas e de importação do exterior. Alíquota interna efetiva: 17% (dezessete
por cento).
4.2 – ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS:
4.2.1 - Alíquota de 12% (doze por cento) nas remessas para fora do Estado, com origem no
território da Bahia;
4.2.2. – Alíquota de 7% (sete por cento), nas operações originárias do Sul e Sudeste, exceto
ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia;
4.2.3 – Alíquota de 12% (doze por cento), nas operações originárias do Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, inclusive ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia.
4.2.4 – Alíquota de 4% nas remessas interestaduais de etanol para outros fins quando o
produto tiver origem em operação de importação.
Fonte Normativa: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução
do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.
23
BIBIOGRAFIA CONSULTADA E SITE VISITADOS
1 – 202 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE BIOCOMBUSTÍVEIS: Abordagem
econômica, politica e científica em um texto avançado para conhecer, decidir e pesquisar
sobre biocombustíveis / Luiz Vicente Gentil – Brasília: SENAC – DF, 2011.
2– www.stf.gov.br;
3– www.anp.gov.br;
4 – www.sindicom.com.br;
5 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Álcool_combustível
1
MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, NAFTA PETROQUÍMICA,
COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
PARTE I
OLEO DIESEL – NCM/SH 2710.29.2
Figura 1 – amostra de óleo diesel
1 - INTRODUÇÃO
O óleo diesel é um combustível de origem fóssil,
derivado de petróleo, constituído por
hidrocarbonetos de 10 a 25 átomos de carbono com
faixa de destilação situada entre 150 ºC e 400 ºC,
que apresenta um conjunto de propriedades que
permite a sua adequada utilização,
majoritariamente, em veículos movidos por motores que funcionam segundo o ciclo
Diesel. O diesel, assim como a gasolina, é na verdade uma mistura (pool) de centenas de
compostos químicos.
Recebeu este nome em homenagem ao engenheiro alemão Rudolf Diesel que inventou
um meio mecânico para explorar a reação química originada da mistura de óleo e de
oxigênio presente no ar.
Esse combustível destaca-se como o mais usado no país, principalmente no setor
rodoviário, em função da matriz de transporte brasileira. O óleo diesel comercializado
no Brasil recebe a adição de biodiesel por força de lei federal, em porcentagem definida
e regulamentada pela ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis.
2 - CONSTITUIÇÃO
Os hidrocarbonetos parafínicos são os constituintes do óleo diesel que apresentam as
melhores características de combustão, e inversamente, os aromáticos são os
hidrocarbonetos menos desejáveis, por apresentarem baixa qualidade de ignição no
motor diesel. Os hidrocarbonetos naftênicos estão presentes no óleo diesel em
quantidades importantes, não trazendo, entretanto impactos positivos ou negativos no
que diz respeito à qualidade. As proporções destas diferentes classes de hidrocarbonetos
no diesel é que definirá a sua qualidade.
2
A composição média e máxima em volume (% vol) de hidrocarbonetos presentes no
óleo diesel obtido por destilação direta é a seguinte:
a) Parafínicos: entre 30% a 62% em volume;
b) Naftênicos: entre 45% a 71% em volume;
c) Aromáticos: entre 20% a 45% em volume.
Além dos hidrocarbonetos, pode ocorrer no óleo diesel a presença de compostos de
enxofre, de nitrogênio e de oxigênio. Os compostos de enxofre causam corrosão e
contribuem para o aumento da emissão de gases poluentes, prejudiciais ao meio-
ambiente e à saúde humana. Os compostos de nitrogênio provocam instabilidade no
combustível e também são responsáveis pela emissão de poluentes (óxidos de
nitrogênio – Nox). Os compostos de oxigênio conferem acidez e corrosividade ao
produto.
Normalmente o diesel é um combustível mais “pesado” que a gasolina: a cadeia
carbônica do diesel apresenta de 10 a 25 átomos; já a cadeia carbônica da gasolina, varia
de 4 a 12 átomos.
3 - UTILIZAÇÃO
O óleo diesel é utilizado principalmente em motores automotivos de combustão interna
por compressão. Pode ainda ser utilizado como combustível para máquinas agrícolas,
ferroviárias, marítimas e para aquecimento doméstico.
O motor Ciclo Diesel foi inventado pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel, em 1892, e é
considerado uma das máquinas mais versáteis quanto ao uso de combustíveis. A
máquina diesel é bastante flexível quanto ao tipo de combustível utilizado, podendo ela
operar com uma ampla faixa de produtos, desde o gás natural até os óleos pesados, com
as devidas adaptações. Atualmente outros combustíveis não derivados de petróleo
podem ser utilizados nos motores diesel, tais como os biocombustíveis, que foram os
primeiros combustíveis a serem usados por Rudolf Diesel, quando inventou esta
máquina.
O óleo diesel, de acordo com sua aplicação, é comercializado como:
Rodoviário;
Marítimo;
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autoriza a
utilização do óleo diesel para outras aplicações, denominado off road, e prevê sua futura
regulamentação. Assim dispõe a Resolução ANP nº 42, no art. 16:
"Art. 16. O uso de óleo diesel para fins ferroviários, agropecuários, industrial e
geração de energia elétrica está autorizado até que se estabeleça especificação
para uso não rodoviário (off road)."
3
3.1 - ÓLEO DIESEL RODOVIÁRIO
Figura 2: veículo abastecido com óleo diesel
O óleo diesel rodoviário é classificado como do
tipo A (sem adição de biodiesel) ou do tipo B
(com adição de biodiesel). A Resolução da ANP
nº 42, no art. 3º, apresenta a seguinte
nomenclatura para o óleo diesel rodoviário:
"Art. 3º Fica estabelecido, para feitos desta Resolução, que os óleos diesel A e B deverão apresentar as seguintes nomenclaturas, conforme o teor máximo de enxofre: a) Óleo diesel A S50 e B S50: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 50 mg/kg. b) Óleo diesel A S500 e B S500: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 500 mg/kg. c) Óleo diesel A S1800 e B S1800: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 1800 mg/kg."
TIPOS DE ÓLEO DIESEL AUTOMOTIVO
Figura 3 – Diesel S-50
Em função de diferentes exigências regionais
relativas ao meio ambiente e para atender aos
requisitos dos diversos motores, existem
atualmente no Brasil, os seguintes tipos de óleo
diesel:
Comum: atende às especificações da ANP, que abrange três tipos de produtos,
diferenciados pelo teor de enxofre, densidade, faixa final de destilação e número
de cetano, características que influem nas emissões atmosféricas. Esses produtos
são, pelas especificações vigentes em 2012. O S50, o S500 e o S1800, cujos
teores máximos de enxofre são, respectivamente, de 50 mg/kg, 500 mg/kg e
1800 kg/kg. A utilização de cada um deles depende da localidade de consumo
(interior e metropolitano) e da tecnologia do motor.
Aditivado: qualquer dos produtos anteriores com a adição de um pacote de
aditivos;
Óleo diesel Podiumr: produto exclusivo da Petrobras Distribuidora com elevado
número de cetano e formulação específica de aditivos;
Óleo diesel padrão: utilizado por montadoras, fabricantes de motores e pelos
órgãos responsáveis por sua instalação, em ensaios de avaliação de consumo e
de emissões de poluentes para motores Diesel.
Nas distribuidoras, o óleo diesel pode receber aditivos tais como:
a) biocidas: usado a fim de reduzir o crescimento de microrganismos;
b) antiespumante: usado com o fim de reduzir a formação de espuma quando do
reabastecimento do veículo, proporciona maior rapidez no enchimento do
tanque;
4
c) melhorador do número de cetano: Substâncias do tipo alquilnitratos são usadas
com o fim de melhorar o número de cetano, o que facilita a autoignição.
d) Melhorador de lubricidade: forma uma película protetora que reduz o contato
entre as superfícies metálicas do motor a diesel;
e) Melhorador de escoamento a frio: interagem com os cristais de parafinas
formados no óleo diesel, em baixas temperaturas, reduzindo os efeitos de
obstrução e de restrição do fluxo.
3.2 - ÓLEO DIESEL MARÍTIMO
Também ocorrem subdivisões no caso do óleo diesel marítimo de forma a se dispor da
qualidade requerida pelo usuário. São encontrados os seguintes tipos, comercializados
no país ou destinados à exportação. Todos os tipos de diesel utilizados em embarcações
devem conservar como especificação um alto ponto de fulgor (no mínimo 60°C), a fim
de prevenir explosões nos porões das embarcações.
Ponto de fulgor: a temperatura mais baixa (inicial) na qual um derivado de petróleo
gerará vapor suficiente de forma que a mistura ar-vapor acima da superficie do liquido
propagará uma chama a partir de fonte de ignição.
Óleo Diesel Marítimo comercial - Destinado a motores diesel é utilizado em
embarcações marítimas. Difere do óleo diesel automotivo comercial
principalmente pela necessidade de se especificar a característica de ponto de
fulgor relacionada a maior segurança deste produto em embarcações marítimas.
6.2.2 – Óleo Diesel Especial para a Marinha / Ártico: São produzidos para
atender necessidades militares, e apresentam maior rigidez quanto às
características de ignição, de volatilidade, de escoamento a baixas temperaturas
e de teor de enxofre. Sendo, portanto, vantajoso em condições adversas na
utilização em embarcações militares, ou outras, nas baixas temperaturas da
Antartida.
No Brasil, em torno de 73% do óleo diesel produzido é destinado ao transporte
rodoviário. O setor agropecuário consome cerca de 17% da produção. Algo em torno de
3% é alocado para a produção de eletricidade. Os setores da indústria e de transporte
ferroviário absorvem cada um, 2% da produção.
A demanda brasileira de óleo diesel é cerca de 35% do petróleo processado, podendo
alcançar 45% nos meses de pico de consumo, que correspondem à colheita da safra
agrícola.
Segundo dados do SINDICOM (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de
Combustíveis e de Lubrificantes), e da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis), o volume de vendas de óleo diesel no Brasil, entre 2008 e
2012, nos postos revendedores (em bilhões de litros), é o da tabela abaixo:
2008 2009 2010 2011 2012
25,2 25,2 27,7 29,4 31,7
5
4 - MUDANÇA DE PADRÃO DO ÓLEO DIESEL UTILIZADO NO
BRASIL
Em outubro de 2009 foi publicada a Resolução 6, de 16 de setembro de 2009, do
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabelecendo o mínimo de 5% de
adição de biodiesel ao óleo diesel mineral comercializado ao consumidor final . O B5,
que estava previsto em lei para começar a vigorar em 2013, passou a ser obrigatório em
todo o território brasileiro a partir de 1º de janeiro de 2010 (esse assunto será tratado
com maiores detalhes neste Manual na parte relativa ao Biodiesel – 2ª parte).
Através do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores
(PROCONVE), criado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), foi
estabelecido níveis de emissões veiculares mais baixos a serem atingidos na
homologação de veículos automotores, movidos a diesel. Esses veículos requerem uma
tecnologia mais sofisticada nos motores e necessitam do uso do Arla 32 no sistema
catalítico relacionado a emissão de gases de escapamento. Essas inovações, para o
correto funcionamento, implicam que os veículos sejam abastecidos com óleo diesel
com baixo teor de enxofre (Diesel S-10).
O Diesel S-10 passou a estar disponível no mercado, a partir de 1º/01/2013, para uso em
veículos leves e pesados, fabricados a partir de 2012, com as novas tecnologias, a
exemplo do uso do Arla 32 no sistema de gases de escapamento. Os veículos com data
de fabricação anterior a 2012 poderão também ser abastecidos com o Diesel S-10.
O Diesel S-10 é o óleo com o teor de enxofre máximo de 10 mg/kg (ou partes por
milhão, ppm). Tem o número de cetano de 48, contra 42 do diesel S-500/1800 e 46 do
Diesel S-50. O número de cetano mede a qualidade de ignição do combustível – quanto
maior o número de cetanos maior a qualidade do diesel para fins de combustão.
O Arla 32 é abreviação de “Agente Redutor Líquido de Óxidos de Nitrogênio (Nox)
Automotivo”. O nº 32 refere-se ao nível de concretação da solução (32,5%), em água
desmineralizada (solução aquosa de uréia). Atua nos sistemas de exaustão com agente
redudor das emissões de óxidos de nitrogênio (Nox). É uma solução não inflamável, não
tóxica e não explosiva. Não é nocivo ao meio ambiente e está classificado na categoria
de fluidos transportáveis de baixo risco.
A Petrobras Distribuidora comercializa esse produto na sua rede de postos com a marca
“Flua Petrobras”. O Arla 32 reage com os óxidos de nitrogênio (Nox), transformando-os
em vapor d’água e nitrogênio (gás). É um agente redutor de até 98% de emissões de
Nox (óxidos de nitrogênio).
A partir de 1º janeiro de 2014, o óleo diesel de teor de enxofre 1800mg/kg (S1800) será
integralmente substituído pelo de 500mg/kg (S500);
A partir de 1º janeiro de 2016, o óleo diesel de teor de enxofre 500mg/kg (S500) será
integralmente substituído pelo de 50mg/kg (S50).
6
5 - PRODUÇÃO
5.1 - A produção de óleo diesel, no Brasil e no mundo, é baseada principalmente no
processo de destilação, a partir de cortes de gasóleos atmosféricos, leve e pesado,
seguido de hidrodessulfurização (processo que reduz os teores de enxofre no diesel).
Figura 4: No esquema representado acima, o óleo diesel é uma fração retirada da destilação do petróleo
cru, situado na faixa entre 150 ºC a 360 ºC. É o processo básico de uma refinaria de petróleo para a
produção de combustíveis e demais derivados
A partir do refino do petróleo obtém-se, pelo processo inicial de destilação atmosférica,
entre outras, as frações denominadas de óleo diesel leve e óleo diesel pesado, básicas
para a produção de óleo diesel. A elas podem ser agregadas outras frações como a nafta,
o querosene e o gasóleo leve de vácuo, resultando no produto conhecido como óleo
diesel. A incorporação dessas frações e de outras obtidas por outros processos de refino,
a exemplo das citadas no subitem 5.2 (abaixo), dependerá da demanda global de
derivados de petróleo no mercado consumidor.
5.2 - A produção de óleo diesel é complementada por frações (cargas) de outros
processos, como:
a) Coqueamento Retardado: a partir, por exemplo, da carga (ou resíduo)
originária da destilação a vácuo (destilação a baixa pressão), as moléculas de
cadeia aberta de carbono, submetidas a condições severas de operação, são
craqueadas e as moléculas aromáticas polinucleadas, resinas e asfaltenos são
coqueadas, produzindo-se gases, nafta, diesel, gasóleo e, principalmente,
coque de petróleo (material componente dos eletrodos na indústria de produção
de alumínio e na metalurgia em geral). A crise do petróleo tornou o
coqueamento um processo importante, pois, nele, frações depreciadas (resíduos
7
do processo de destilação), são transformadas em outras de maior valor
comercial, como GLP, nafta, diesel e gasóleo.
b) Craqueamento Catalítico (FCC – FLUID CATALYTIC CRACKING):
processo químico de transformação de frações de petróleo pesadas em outras
mais leves, através da quebra (cracking, em inglês) das moléculas dos
constituintes com a utilização de catalisadores. Os constituintes das frações mais
pesadas, quando submetidas a condições bastantes severas de pressão e
temperatura, na presença do catalisador, é decomposto em várias frações mais
leves, produzindo gás combustível, GLP, gasolina (nafta), gasóleo leve (óleo
leve ou diesel de craqueamento) e gasóleo pesado de craqueamento (óleo
decantado ou óleo combustível).
Outros processos podem ser utilizados para a produção de óleo diesel, a exemplo do
hidrocraqueamento brando, que permite a produção de grandes volumes de óleo
diesel sem gerar grandes quantidades de gasolina, a partir de uma carga de gasóleo
convencional.
8
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÓLEO DIESEL NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
Introdução: O regime de tributação do óleo diesel, no ICMS, apresenta alguns
aspectos que são comuns a todos os combustíveis derivados de petróleo (ex. tributação
de toda a cadeia de circulação concentrada no estabelecimento refinador; não
incidências nas saídas interestaduais etc.). Todavia, há regras aplicáveis ao diesel, no
sistema de normas do ICMS, que são bem específicas em razão deste produto
representar um dos insumos mais importantes do segmento de transporte rodoviário de
cargas e passageiros (ex. Reduções de base de cálculo, isenções para a atividade
pesqueira etc).
A seguir passaremos a detalhar as principais regras incidentes nas operações com óleo
diesel e as respectivas fontes normativas.
1. Da incidência
1.1 – Nas saídas de óleo diesel nas operações internas promovidas por estabelecimento
industrial refinador de combustíveis.
Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei do ICMS: art. 1º, inc. I (Lei nº 7.014/96).
1.2 - Na entrada, no território do Estado, de óleo diesel originário de outra unidade da
Federação, quando não destinado a comercialização ou industrialização.
Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96).
1.3 – Nas operações de importação de óleo diesel e nas hipóteses de arrematação ou aquisição
em licitação pública em caso de apreensão e abandono do produto.
9
Base legal: art. 1º, § 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. V (Lei nº 7.014/96).
2 – Do momento da ocorrência do fato gerador
2.1 - Por ocasião da saída do óleo diesel do estabelecimento industrial refinador de
combustíveis.
Base Legal: art. 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. I (Lei nº 7.014/96).
2.2 - Por ocasião da entrada do óleo diesel originário de outro Estado, não destinado a
comercialização ou industrialização (tributação no destino).
Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96).
2.3 Por ocasião do desembaraço aduaneiro na hipótese de importação de óleo diesel do
exterior.
Base Legal: art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. XI (Lei nº 7.014/96).
2.4 Por ocasião da arrematação ou aquisição em licitação pública de óleo diesel apreendido
ou abandonado
Base Legal: art. 2º, inc. XII, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. X (Lei nº 7.014/96).
3 – Da não incidência
3.1 - Não incide ICMS nas saídas por exportação, direta ou indireta, de óleo diesel.
Base legal: art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).
Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o
exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: art. 155,
§ 2º, inc. X, letra “a”1.
1 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II
atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;
10
3.2 - Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de óleo diesel destinada a abastecer
embarcações e aeronaves de bandeira estrangeira, aportadas no país.
Base legal: Conv. ICM 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv. ICMS 124/93.
3.3 – Não incide ICMS nas operações de saídas interestaduais de óleo diesel (combustível
líquido derivado de petróleo).
Base legal: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96).
Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais com
combustíveis líquidos e gasosos, derivados de petróleo têm por fonte originária também as
disposições da Constituição Federal: art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”.2
Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de óleo
diesel é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada para unidade federada de destino onde se
verificará a comercialização e consumo subseqüente do produto. Objetiva a norma em questão
excluir a incidência do ICMS das operações na unidade federada de origem da gasolina. O
legislador prestigiou a arrecadação do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do(s)
Estado(s) produtor(es), dado ser grande o número de unidades federadas consumidoras e poucas
as unidades onde se localiza a produção.
4 – Da substituição tributária (sujeito passivo na ST)
4.1 Operações internas
A responsabilidade pelo recolhimento do imposto por substituição tributária do óleo diesel, nas
operações internas, desde a produção até o consumo, é do estabelecimento industrial refinador.
O industrial refinador é aquele que opera o processamento e o refino do petróleo com vistas à
obtenção dos componentes que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como,
combustíveis, a exemplo do óleo diesel.
O óleo diesel é produzido através da formulação de diversas correntes de hidrocarbonetos. As
correntes de hidrocarbonetos são líquidos derivados de petróleo e derivados de gás natural,
utilizados em mistura mecânica, para a produção de combustíveis e demais derivados, de
conformidade com as normas estabelecidas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo).
O enquadramento do óleo diesel no regime de ST, nas operações internas, decorre de
disposições, combinadas, da lei estadual do imposto e do RICMS.
2 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II
atenderá ao seguinte: X - não incidirá: b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
11
Base legal (sujeição passiva por ST nas operações internas): art. 512-A, inc. I,letra “a”, do
RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art.
8º, inc. IV, letra “a” (Lei nº 7.014/96).
Base legal (enquadramento do produto no regime da ST nas operações internas): art. 8º, inc. II e
do Anexo I, item 29, da Lei nº 7.014/96. Art. 512-A, inc. I, letra a, item 2 e Anexo 88, item ....,
do RICMS/97. Art. 289 (caput) e Anexo I, item ......., do RICMS/12
4.2 – Operações interestaduais
A adoção do regime de substituição tributária em operações interestaduais depende de acordos
específicos celebrados entre os Estados interessados. Assim dispõe o art. 9º, caput, da Lei
Complementar 87/96 e o art. 10, caput, da Lei do ICMS do Estado da Bahia (Lei nº 7.014/96).
Em relação ao óleo diesel a ST interestadual é regrada pelas disposições do Convênio ICMS
110/07.
O citado Convênio estabelece, em sua cláusula primeira, que os Estados e o DF, quando
destinatários, ficam autorizados a atribuir ao remetente de combustíveis, derivados ou não de
petróleo, a condição de sujeito passivo por substituição. Sendo Convênio ICMS 110/07, de
natureza autorizativa, coube à legislação de cada unidade federada definir o contribuinte que
integrará o pólo passivo da ST.
Para o óleo diesel, o substituto tributário de toda a cadeia de circulação da mercadoria, da
produção até o consumo, no Estado da Bahia, é o industrial refinador.
O óleo diesel originário de outro Estado da Federação com destino à Bahia deverá ter o ICMS
retido ou recolhido pelo estabelecimento refinador ou uma de suas bases localizadas na unidade
federada remetente. Nesta hipótese, não haverá tributação sobre a operação com óleo diesel no
Estado de origem e o recolhimento será efetuado integralmente para o Estado da Bahia.
De forma diversa, nas operações de remessa de óleo diesel originárias na Bahia para outra
unidade da Federação, não haverá incidência neste Estado e o imposto será integralmente
recolhido (repassado), para o Estado de destino, atribuída a responsabilidade da obrigação
tributária ao industrial refinador ou suas bases.
As operações interestaduais de comercialização de óleo diesel são realizadas pelas
distribuidoras de combustíveis, assim definidas pela ANP, que recebem o produto da refinaria
ou se duas bases, na operação anterior de aquisição, com o ICMS já retido por ST. Neste caso as
distribuidoras informam à refinaria ou uma de suas bases, via SCANC (Sistema de Captação e
Auditoria dos Anexos de Combustíveis) para que esta processe o repasse do imposto ao Estado
de destino do produto.
Caso o valor do imposto retido na origem seja inferior ao que deverá ser repassado à unidade
federada de destino, caberá à distribuidora fazer a complementação do ICMS, correspondente à
diferença entre o valor repassado pela refinaria e o devido à UF de destino, através de
recolhimento via GNRE, até o dia 10 do mês subsequente à apuração (Cláusula décima sexta do
Conv. ICMS 110/07).
12
Caso o valor do imposto retido na origem seja superior ao que deverá ser repassado à unidade
federada de destino, terá a distribuidora o direito ao ressarcimento do ICMS, correspondente à
diferença entre o valor repassado pela refinaria e o que foi recolhido para o Estado da Bahia.
Base legal (sujeição passiva por ST nas operações interestaduais): art. 512-A, inc. III, letra “a”,
do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS:
art. 10, “caput” e correspondente § 2º (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira do Conv. ICMS
110/07.
Observação importante: Em razão da mistura (óleo diesel + biodiesel = Diesel B5), o ICMS do
biodiesel é apurado e recolhido, de forma englobada com o ICMS-ST da operação com óleo
diesel. O detalhamento desta apuração será melhor explicado no subitem nº 10.2 abaixo, que
trata da base de cálculo da ST do óleo diesel.
5 – Do diferimento
Diferimento, até 15/11/2013, nas sucessivas saídas de óleo diesel destinado à produção de
energia elétrica por usinas termoelétricas. Encerramento do diferimento quando da saída
da energia elétrica gerada, do estabelecimento gerador ou da concessionária ou
permissionária de serviços públicos de distribuição para consumidor final.
Base legal: Art. 343, inc. LIX c/c o § 6º, do RICMS/97. Art. 286, inc. XXXII, c/c § 13, inc.
V e § 17, do RICMS/12.
Observação importante 1: o diferimento para óleo diesel destinado à produção de energia
elétrica nas Termoelétricas alcançava desde a saída promovida pela refinaria, sendo que:
a) a distribuidora deveria ser credenciada pela COPEC;
b) emissão de NF demonstrando que a operação não foi onerada com ICMS;
c) cada distribuidora deveria enviar à refinaria uma relação mensal com as notas fiscais
das operações com ICMS diferido, com indicação das quantidades e destinatários;
d) a refinaria, de posse dos dados acima, deveria fornecer à distribuidora a mesma
quantidade de óleo diesel, indicando no corpo da NF: “mercadoria destinada a
termoelétrica nos termos( dispositivo do RICMS).
Observação importante 2: este diferimento, em relação ao óleo diesel, foi revogado pela
alteração nº 19, ao RICMS/12 (dec. nº 21.288/13, com efeitos a partir 15/11/13).
6 – Da isenção
6.1 – Operações de saídas de distribuidoras de combustíveis, como tal definida pela ANP,
desde que previamente credenciadas pela SEFAZ-Ba, no fornecimento de óleo diesel a ser
consumido por embarcações pesqueiras nacionais que estejam registradas no órgão
controlador ou responsável pelo setor.
Base legal: Convênio ICMS 58/96 e Protocolo 08/96. Decreto Estadual nº 11.070/2008 (a
partir de 28/05/2008). RICMS/97: art. 21, inc. IV – até 27/05/2008.
13
6.2 – Operações de saídas de óleo diesel (combustível) para abastecimento de embarcações
nacionais com destino ao exterior.
Base legal: Convênio ICMS 84/90 (prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv. ICMS
151/94). Art. 21, inc. I, do RICMS/97. Art. 265, inc. XX, do RICMS/12.
7 – Da importação As operações de importação de óleo diesel são tributadas pelo ICMS devendo o imposto ser
recolhido por ocasião do desembaraço aduaneiro da mercadoria.
Obs.: a PETROBRAS possui regime especial para recolher o ICMS-importação de
combustíveis por ocasião do desembaraço aduaneiro
Base legal: art. 1º § 2º, inc. V e art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 2º, inc. V e art. 4º, inc. IX (Lei nº
7.014/96).
8 – Da exportação
Não incide ICMS na operação que destine óleo diesel para o exterior.
Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).
9 – Da redução de base de cálculo 9.1 – Redação com efeitos a partir de 1º/01/13 - É reduzida a base de cálculo do ICMS nas
operações internas com óleo diesel de forma que a carga tributária incidente corresponda a 17%.
(efeitos a partir de 1º/01/13 – Dec. Estadual nº 14.242, DOE, de 15 e 16/12/2012 – alteração nº
7 do RICMS/12).
Base legal: art. 268, inc. XXIII, do RICMS/12.
Exceção à regra da redução da base de cálculo, com carga tributária de 17%:
I) as operações internas de óleo diesel efetuadas por distribuidoras ou TRR (transportador
revendedor retalhista), destinadas a empresas de serviço de transporte urbano ou metropolitano,
para abastecimento de seus veículos, a base de cálculo poderá ser reduzida de forma que a carga
tributária incidente corresponda a 15%.
II) Condições para a fruição do benefício pelas empresas de transporte urbano e metropolitano:
a) celebração de termo de acordo;
b) fixação de cota para a redução da carga tributária em função da média de consumo
Base legal - § 7º, do art. 268, do RICMS/12.
14
9.2 - Redação anterior do RICMS, vigente entre 20/09/2003 e 31/12/2013: É reduzida a base
de cálculo do ICMS nas operações internas com óleo diesel em 40%, de forma que a carga
tributária incidente corresponda a 15%.
Base legal: Art. 87, inc. XIX, do RICMS/97. Art. 268, inc. XXIII, do RICMS/12.
10 – Da base de cálculo
10.1 - OPERAÇOES PRÓPRIAS
10.1.1 – Entrada de óleo diesel de outro Estado (para consumo final):
Nesta situação, a tributação é integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo
incidência de ICMS no Estado de origem do óleo diesel. A operação rege-se pelas regras da ST
e a base de cálculo é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo da
operação, sem adição de MVA. A responsabilidade pelo recolhimento do imposto é deslocada
para o remetente do produto, ainda que localizado em outra unidade da Federação, nos termos
da cláusula primeira e § 1º, inc. IV, do Conv. ICMS 110/07.
Observação importante: se a operação interestadual de óleo diesel para consumo final for
realizada por distribuidor de combustíveis, este deverá informar, via o SCANC, para que o
imposto seja repassado ao Estado de destino do produto, seguido a sistemática prevista no
Capítulo V, do Conv. ICMS 110/07, que trata “dos procedimentos da refinaria de petróleo ou
suas bases”.
Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira e § 1º, inc. IV, do
Conv. ICMS 110/07.
10.1.2 - Base de cálculo da operação própria na importação de óleo diesel do exterior:
O valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS, acrescido de todas as despesas
que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à importação (valor do documento de
importação + impostos federais incidentes + despesas aduaneiras + demais tributos incidentes).
Base legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra
“b”.
Observação importante: por ser o óleo diesel produto enquadrado na ST, a operação de
importação se sujeita também ao pagamento antecipado do ICMS por ocasião do
desembaraço aduaneiro. O assunto será tratado quando da análise da base de cálculo da ST
(item 9.2.3)
15
10.1.4 – Base de cálculo - saídas de óleo diesel nas operações internas para fins de
comercialização
Trata-se das operações próprias promovidas pelo industrial refinador. A base de cálculo da
operação própria é o valor da mesma (preço de partida estabelecido pela Refinaria).
Base legal: art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada
na lei estadual do ICMS: art. 17, inc. I (Lei nº 7.014/96)
10.2 - BASE DE CÁLCULO SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA – aplicável às operações que
destinem o produto para comercialização
10.2.1 – Operações internas
O valor da operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros
encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados, do percentual de MVA de
31,79% (Ato COTEPE nº 21/08)
Base legal: art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96), Anexo I do RICMS/12.
10.2.2 – Operações interestaduais
Nesta hipótese o imposto é devido ao Estado de destino do óleo diesel. A BC é o da operação
acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou
cobrados do destinatário, adicionados do percentual de MVA de 55,05 % (Ato COTEPE nº
21/08)
Base legal: cláusula oitava, do Conv. ICMS 110/07
10.2.3 – Operações de importação – B.C. da substituição tributária
O montante formado pelo valor da mercadoria constante no documento de importação, que não
poderá ser inferior ao valor que serviu de base de cálculo para o Imposto de Importação,
acrescido dos valores correspondentes a tributos, inclusive o ICMS devido pela importação,
contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo importador, adicionados do
percentual de MVA de 31,79% (Ato COTEPE nº 21/08). Para efeitos de tributação pelo ICMS,
a importação é também uma operação interna.
Base legal: art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96) e Anexo I do RICMS/12.
Observação importante: considera-se operação interna o abastecimento de
combustíveis em veículos de fora do Estado em trânsito pelo território baiano.
Exemplo - veículo com placa de outra unidade federada, em trânsito pelo território
baiano, que abasteça com diesel em posto varejista localizado neste estado, não
enseja direito de repasse do imposto via SCANC para a unidade de origem do
veículo.
16
Observação importante: Na importação deverá ser observado o princípio do destino físico, ou
seja, o ICMS para o Estado onde se dará a efetiva entrada do produto, ainda que o desembaraço
aduaneiro se dê em território de outra unidade federada.
10.2.4 - TABELA COM A EVOLUÇÃO DAS MARGENS E VALOR AGREGADO DE
OLEO DIESEL, ESTABELECIDAS NO ATO COTEPE 21/2008 (MVA’s com a inclusão
da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS)
OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS QUE DESTINEM O PRODUTO
PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA
PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS
01/08/08 a 31 a 31/01/09 27,84% 50,40%
01/02/09 a 15/02/13* 31,79% 55,05%
16/02/13 até hoje** 31,79% 58,79%
Fontes Normativas: *Ato Cotepe MVA modificador: 01/2009
**Ato Cotepe MVA modificador: 01/2013
OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO QUE DESTINEM O PRODUTO PARA O
TERRITÓRIO DA BAHIA
PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS
01/08/08 a 31 a 31/01/09 86,16% 135,65%
01/02/09 a 15/02/13* 31,79% 55,05%
16/02/13 até hoje** 31,79% 58,79%
* Ato Cotepe MVA modificador: 01/2009
**Ato Cotepe MVA modificador: 01/2013
11 – DA SOLIDARIEDADE NAS OPERAÇÕES SUBMETIDAS AO REGIME
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA COM ÓLEO DIESEL
É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto e demais acréscimos devidos pelo
contribuinte de direito:
11.1 – o contribuinte destinatário de mercadorias enquadradas no regime de substituição
tributária por antecipação, em virtude de convênio ou protocolo, oriundas de outra unidade da
Federação, quando o remetente não possua inscrição estadual ativa como substituto tributário:
(regra com efeitos a partir de 31/03/2010 – Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela Lei nº
11.899/10).
11.2 – o contribuinte substituído localizado em outra unidade da Federação que remeter
combustíveis derivados de petróleo para este Estado, em relação ao recolhimento do imposto
devido por substituição tributária, se a operação não tiver sido informada ao responsável pelo
repasse (estabelecimento refinador ou suas bases), conforme determinado em acordo
interestadual: (regra com efeitos a partir de 29/12/10, em relação aos combustíveis
derivados de petróleo, a exemplo do óleo diesel – Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela
Lei nº 12.040/10).
17
Base legal: Matéria sem correspondência no RICMS/97 e no RICMS/12. Matéria tratada na lei
estadual do ICMS: art. 6º, incisos XV e XVII (Lei nº 7.014/96).
12 – Das alíquotas 12.1 alíquota de 25% (vinte e cinco por cento) nas operações internas, inclusive importação,
relativas a óleo diesel.
Observação 1: as operações interestaduais não são tributadas, em face da imunidade prevista no
art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”, da CF/88 – não há, portanto, aplicação de alíquotas nas remessas
interestaduais de óleo diesel. O ICMS, nas operações interestaduais, deverá ser repessado
integralmente para o UF de destino, via SCANC).
Observação 2: considera-se operação interna o abastecimento de combustíveis em veículos de
fora do Estado em trânsito pelo território baiano.
Observação 3: O óleo diesel foi excluído da incidência da alíquota de 2%, destinada ao fundo
de combate e erradicação à pobreza, por força no disposto no art. 15, da Lei Estadual nº
8.534/03.
Observação 4: as operações com óleo diesel têm o benefício da redução da base de cálculo do
ICMS – ver item 9 acima e respectivas observações.
18
PARTE II
BIODIESEL – NCM/SH 3826
1 - INTRODUÇÃO
O aumento do consumo dos derivados de
petróleo, a provável redução de suas reservas,
a fragilidade das relações internacionais
envolvendo os principais países produtores e
as preocupações ambientais e climáticas
relacionadas com a emissão de gases de efeito
estufa, a exemplo do CO2, têm direcionado os
países a desenvolver programas alternativos
de produção de energia, a partir de
biocombustíveis, direcionados ao segmento
de transporte.
No Brasil, ao longo das quatro últimas décadas, foram adotados dois programas que
assumiram importância fundamental nesse cenário de desenvolvimento de fontes
alternativas de energia: a) o Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL - 1975) e,
mais recentemente, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB -
2005).
Através do PNPB, o Governo Federal organizou a cadeia produtiva do biodiesel, definiu
as linhas de financimanrto, estruturou a base tecnológica, definiu os marcos regulatórios
e estabeleceu as diretrizes do programa.
O PNPB foi concebido, tendo por principal diretriz, a promoção da inclusão social e a
redução das disparidades regionais, garantindo espaço para a agricultura familiar.
Assim, as empresas de produção de biodiesel e que apoiam a agricultura familiar, obtêm
uma certificação, o “Selo Combustível Social” . O Selo é concedido aos produtores que
comprarem matéria-prima da agricultura familar em percentual mínimo de 15%, para
aquisições provenintes das regiões norte e centro-oeste; 30% para as aquisições
originárias das regiões sul, sudeste e nordeste. Essas empresas têm as alíquotas do
PIS/PASEP e COFINS reduzidas e acessos a melhores condições de financiamento
junto ao BNDES e instituições financeiras credenciadas (Banco da Amazônia, Banco do
Nordeste do Brasil e Banco do Brasil). Outra exigência é que sejam feitos contratos
entre as indústrais e os agricultores familiaes, estipulando prazoz, valores de compra,
critérios de reajuste de preços e condições de entrega de matéria-prima.
O Selo Social tenta evitar que o mercado de biodiesel seja dominado apenas por um
produto (por exemplo, a soja) e, consequentemente, pelas regiões que tradicionalmente
são grandes produtoras.
A ANP realiza, desde 2005, os leilões de biodiesel, onde refinarias compram o biodiesel
para misturá-lo ao óleo diesel derivado de petróleo. No sistema de leilões e releilões, o
produtor de biodiesel vende para a PETROBRAS (leilão), que vende para as
distribuidoras (releilão), que depois diluem o biodiesel em B5 e levam até os postos de
combustíveis.
19
Na formação do preço do biodiesel, o óleo ou a gordura utilizados na sua formulação
respondem por 80 a 85% do preço final do combustível. Os outros 20% correspondem
ao custo do processo, incluindo aí outros insumos (produtos químicos, energia, água,
vapor) e salários e encargos de funcionários.
2 - O BIODIESEL
O biodiesel é um combustível renovável e biodegradável, obtido comumente a partir da
reação química de lipídios, óleos ou gorduras, de origem animal (e.g., sebo) ou vegetal,
com um álcool (metanol ou etanol), na presença de um catalisador (reação conhecida
como transesterificação). O catalisador é um produto usado para provocar uma reação
química entre o óleo e o álcool (etanol ou metanol). Depois o álcool é separado da
glicerina (glicerol), para ser usada na fabricação de sabonetes e diversos outros
cosméticos.
O biodiesel pode ser obtido também pelos processos de craqueamento e esterificação.
Como regra geral, 1000 kg de óleo vegetal reagem com 100kg de álcool gerando 1000
kg de biodiesel e 100 kg de glicerina.
Figura 1: Esquema representando a produção de óleo diesel a partir de grãos – fontes de origem vegetal.
Figura 2: Esquema representando a reação química que resulta na produção de biodiesel.
Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se pode produzir o biodiesel, tais
como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras.
Segundo a ANP (informações referentes ao mês de setembro 2010), a principal matéria-
prima utilizada para a produção de biodiesel no Brasil é o óleo de soja, que contribui
com 81,36% da produção; em segundo lugar está a gordura bovina com 13,36%, em
terceiro o óleo de algodão com 4,11% e o restante é composto por outros materiais
20
graxos (0,56%): óleo de fritura usado (0,19%), gordura de porco (0,18%), óleo de palma
(0,10%), gordura de frango (0,09%) e óleo de girassol (0,05%).
Gráfico 1: Principais matérias utilizadas na produção de biodiesel no Brasil.
O óleo de soja surgiu como um subproduto do processamento do farelo de soja e,
atualmente, tornou-se um dos líderes mundiais no mercado de óleos vegetais. Pela
importância que o agronegócio da soja representa para o mercado brasileiro, é
relativamente fácil identificar que essa oleaginosa detém o maior potencial para servir
como paradigma no desenvolvimento de um programa nacional de biodiesel.
Devido a sua vasta extensão territorial, o Brasil apresenta uma grande diversidade de
matérias-primas de origem vegetal para a produção de biodiesel.
Como podemos observar na Tabela 1, cada região do país possui diversas opções de
matérias-primas para produção de biodiesel.
Tabela 1: Plantas oleoginosas disponíveis para a produção de biodiesel no Brasil
O nome biodiesel muitas vezes é confundido com a mistura petrodiesel+biodiesel,
disponível nos postos de combustível. A designação correta para a mistura vendida
nestes postos deve ser precedida pela letra B (do inglês Blend). Neste caso, a mistura de
2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2; a mistura de 5% é denominada
de B5, e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.
21
O biodiesel vem sendo pesquisado e já é conhecido desde o início do século passado,
particularmente na Europa. Segundo registros históricos, o Dr. Rudolf Diesel
(engenheiro alemão), desenvolveu o motor diesel, em 1895, tendo levado sua invenção
à mostra mundial em Paris, em 1900, usando óleo de amendoim como combustível.
Apesar de o motor chamado ciclodiesel ter funcionado incialmente com óleo vegetal, os
baixos preços do petróleo acabaram adiando o seu uso. A intensificaçao das pesquisas e
o interesse crescente por combustíveis substitutos do óleo diesel mineral têm sido
crescentes depois dos choques do petróleo. Atualmente a União Européia, em especial a
Alemanha, os Estados Unidos e o Brasil são os maiores mercados mundiais de
biodiesel. A Argentina, grande produtor de oleaginosas, é um importante produtor de
biodiesel.
O Brasil já foi detentor de uma patente para a fabricação de biodoesel, registrada a
partir de estudos, pesquisas e testes desenvolvidos na Universidade Federal do Ceará,
nos anos de 1970. Esta patente acabou expirando, sem que o país adotasse o biodiesel.
Hoje o Brasil conta com uma indústria de biodiesel consolidada, com mais de 50 usinas
aptas a produzir e comercializar biodiesel, com uma capacidade instalada superior a 6
milhões de metros cúbicos.
Esse combustível renovável permite a economia de divisas com a importação de
petróleo e óleo diesel e também reduz a poluição ambiental, além de gerar alternativas
de empregos em áreas geográficas menos atraentes. Desde o início do Programa
Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o Brasil produziu 8,2 milhões de m³
de biodiesel. O Programa, durante os 7 primeiros anos (2005 a 2012), reduziu as
importações de diesel mineral em um montante de US$ 5,3 bilhões, contribuindo
positivamente para a balança comercial brasileira.
3 – MISTURAS DIESEL/BIODIESEL Misturas (composições) de biodiesel e combustível diesel convencional à base de
hidrocarbonetos são os produtos mais comummente distribuídos para uso no mercado
de varejo de combustível diesel. Grande parte do mundo usa um sistema conhecido
como o "fator" B " para indicar a quantidade de biodiesel em qualquer mistura de
combustível:
Biodiesel a 100% é referido como B100, enquanto Biodiesel a 20% é rotulado B20 Biodiesel a 5% é rotulado B5 Biodiesel a 2% é rotulado B2
No Brasil atualmente o biodiesel é vendido nos postos misturado ao biodiesel na proporção de 5% /95%, em volume. A mistura é denominada de óleo diesel B5. O biodiesel funciona, neste caso, como um aditivo. (vide a evolução no tempo das proporções de mistura diesel/biodiesel no item 5 deste manual de biodiesel, abaixo.)
22
4 – PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS O diesel mineral e o biodiesel têm características muito parecidas no que diz respeito a
aspectos físico-químicos, como densidade e poder calorífico, conforme se pode ver na
tabela abaixo .
Tabela 2 - Fontes: Petrobras e TecPar
Pelo fato do tamanho das cadeias de carbono serem semelhantes os dois produtos
apresentam características também semelhantes quanto ao poder calorífico e quanto ao
número de cetano.
O poder calorífico nos dá a idéia da energia contida no combustível que é liberada no
processo de combustão do motor. O poder calorífico do biodiesel é de cerca de 37,27
MJ/L (megajoules/litro). Esta é 9% inferior ao óleo diesel derivado de petróleo.
Já o número de cetano é uma característica especialmente importante para motores ciclo
diesel, onde a combustão é acionada por compressão (ao contrário do motor ciclo Otto –
que utiliza gasolina - onde existe uma centelha para ignição). Sendo assim, quanto
maior o índice de cetano do combustível maior sua resistência à detonação, o que
explica o porquê da melhora da qualidade do diesel convencional quando se adiciona
uma proporção de biodiesel. Como o biodiesel possui um número de cetano superior, a
mistura eleva o número de cetano do diesel mineral.
O biodiesel tem propriedades lubrificantes melhores que o diesel mineral,
proporcionando menor desgaste do sistema de combustíveis, aumento da vida útil do
equipamento e melhoria da combustão quando misturado ao óleo mineral.
As diferenças entre os dois combustíveis só se acentuam de forma relevante quando
incluímos na comparação elementos poluentes. Conforme detalhado na Tabela 2, a
emissão de CO2 (principal gás associado ao efeito estufa) é sempre positiva na
utilização do diesel mineral enquanto o biodiesel mantém um balanço equilibrado dada
sua característica de renovabilidade. Quando analisamos o teor de enxofre, que é um
23
elemento altamente poluente e corrosivo, o biodiesel também apresenta grande
vantagem em relação ao diesel mineral - tem praticamente nenhum conteúdo de
enxofre, e é frequentemente utilizado como aditivo para óleo diesel com ultrabaixo teor
de enxofre (Ultra-Low Sulfur Diesel, ULSD) de combustível, porque confere a este,
melhores características de lubricidade.
As diversas propriedades acima mencionadas são dependentes da matéria-prima
utilizada no processo de produção do biodiesel. Por exemplo: o biodiesel produzido a
partir do óleo de mamona é mais viscoso do que aquele produzido a partir de óleo de
soja.
Quanto à apararência o biodiesel é um líquido que varia de cor - entre dourado e
castanho escuro - dependendo da matéria-prima utilizada na sua produção. O odor é
parecido com o do óleo vegetal de origem. É imiscível com água, tem um alto ponto de
ebulição e baixa pressão de vapor. O ponto de inflamação de biodiesel (> 130°C,>
266°F) é significativamente mais alto que o do diesel de petróleo (64 C, 147 F) ou
gasolina (-45°C, -52°F). O biodiesel tem uma densidade de ~0,88 g/cm³, menor do que
a da água.
5 - ASPECTOS ECONÔMICO-LEGAIS DO BIODIESEL
NO BRASIL
A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, dispôs sobre a introdução do biodiesel na
matriz energética brasileira. Esta norma fixou em 5%, em volume, o percentual mínimo
obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final,
em qualquer parte do território nacional. O prazo estabelecido na norma legal, para a
obrigatoridade da mistura em 5%, foi de 8 (oito) anos após a sua publicação, sendo
fixado em 3 anos, o prazo para introdução do percentual mínimo obrigatório
intermediário de 2% de adição de biodiesel ao diesel mineral. Os prazos para o
atendimento do percentual mínimo obrigatório poderiam ser reduzidos em Resolução do
Conselho Nacional de Política Energética – CNPE, órgão integrante da estrutura do
Ministério das Minas e Energia, observados os critérios definidos na Lei.
De acordo com a Lei 11.097/05, o biodiesel necessário ao atendimento dos percentuais
de adição ao óleo diesel mineral, teriam que ser processados, preferencialmente, a partir
de matérias-primas produzidas por agricultor familiar (individualmente ou por
cooperativas).
O Decreto Federal nº 5.448, de 20 de maio 2005, autorizou a adição de 2%, em
volume, de biodiesel ao diesel de origem fóssil a ser comercializado com consumidor
final, em qualquer parte do território nacional, com vigência da norma até que o
percentual de 2% se tornasse obrigatório. O referido Decreto estabeleceu também que a
adição de biodiesel ao diesel fóssil poderia ser superior a 2%, mediante prévia
autorização da ANP, quando o combustível resultante da mistura fosse destinado a:
a) Frotas veiculares cativas ou especiais;
b) Transporte aquaviário ou ferroviário;
c) Geração de energia elétrica;
d) Processo industrial específico.
24
A Resolução CNPE nº 3, de 23 de setembro de 2005, reduziu o prazo para o
atendimento do percentual mínimo intermediário de 2%, em volume, com início em
1º/01/2006. A citada Resolução estabeleceu também que as aquisições de biodiesel,
junto a produtores detentores do selo “Combustível Social”, seriam feitas por
intermédio de leilões públicos, realizados pela ANP.
A Resolução CNPE nº 3/2005 teve a sua vigência extendida até 13 de janeiro de 2008.
A partir de 14 de janeiro de 2008 passou a ser obrigatória a mistura de 2% de biodiesel
no diesel fóssil, em volume, por força do estabelecido na Lei nº 11.097/05.
Em outubro de 2009, foi editada a Resolução CNPE nº 6, de 16/09/09, estabelecendo o
mínimo de 5%, em volume, de adição de biodiesel ao óleo diesel mineral,
comercializado a consumidor final, em todo o território nacional. O B5 que estava
previsto na Lei nº 11.097/05 para começar a ser obrigatório a partir de 2013, passou a
sê-lo, em todo território nacional, a partir de 1º de janeiro de 2010.
A tabela 3, abaixo, apresenta um resumo da evolução da evolução da mistura
diesel/biodiesel no Brasil desde a implementação do PNPB (Programa Nacional de
Produção e Uso do Biodiesel)
Tabela 3: RESUMO DA EVOLUÇÃO DA MISTURA DIESEL/BIODIESEL NO BRASIL
% MISTURA VIGÊNCIA OBRIGATORIEDADE ATOS NORMATIVOS
2% (B2) 1º/01/06 a 13/01/08 NÃO Lei Federal nº 11.097/05
Dec. Federal nº 5.448/05
Resolução CNPE* nº 03/05
2% (B2) 14/01/08 a 30/06/08 SIM Lei Federal nº 11.097/05
3% (B3) 1º/07/08 a 30/06/09 SIM Resolução CNPE* nº 02/08
4% (B4) 1º/07/09 a 31/12/09 SIM Resolução CNPE* nº 02/09
5% (B5) 1º/01/2010 até hoje SIM Resolução CNPE* nº 06/09
*CNPE: Conselho Nacional de Política Energética – órgão do Ministério das Minas e Energia
Há um aspecto importante a ser considerado no programa de produção de biodiesel
desenvolvido no Brasil. O óleo derivado de fontes renováveis é mais caro que o diesel
derivado de petróleo. A obrigatoriedade da mistura é que sustenta o setor. Se o biodiesel
fosse mais competitivo, deixaria de ser apenas mais um complemento do diesel mineral
e passaria a exercer um papel mais importante na matriz energética brasileira.
A Petrobras por sua vez, acaba de certa forma subsidiando a produção de biodiesel
Brasil, por ser esta a empresa onde são concentradas as compras, via leilões, de grande
parte do biodiesel que é repassado para as distribuidoras, visando a posterior formulação
do B5, via mistura diesel/biodiesel.
25
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO BIODIESEL NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
1 - INTRODUÇÃO
O biodiesel é um produto complementar do óleo diesel derivado de petróleo, destinado
a compor, atualmente, a mistura B5. Esta mistura proporciona melhora de desempenho
dos motores ciclo Diesel e redução da emissão de gases poluentes. O uso do biodiesel
traz também vantagens econômicas e ecológicas, pois torna o país menos dependente
das importações de petróleo e de diesel mineral, incentiva a produção agrícola interna e
reduz a emissão de gases causadores do efeito estufa. Por essas razões, as etapas
intermediárias de circulação do biodiesel, envolvendo a produção e processamento
desse combustível, são incentivadas, deslocando-se toda a tributação do ICMS para o as
operações em que o produto é comercializado misturado ao óleo diesel mineral.
A seguir passaremos a detalhar as principais regras incidentes nas operações com
biodiesel B100 e as respectivas fontes normativas.
2 – DIFERIMENTO
2.1 – Diferimento nas operações internas – as operações internas com B100 são diferidas
quando o produto é destinado à distribuidora de combustíveis, assim definida pela ANP, para o
momento em que ocorrer a saída da mistura com óleo diesel fóssil (B5).
Base legal: Art. 511, inc. II, letra “a”, do RICMS/97. Art. 286, inc. XIV, do RICMS/12.
2.2 – Diferimento nas operações interestaduais – as operações interestaduais com biodiesel
B100 também são diferidas, nas remessas do produto à distribuidora de combustíveis, assim
definida pela ANP. Nesta hipótese o ICMS será recolhido em favor da unidade federada de
origem do B100, a partir das informações prestadas no SCANC pela distribuidora adquirente do
produto.
Base legal: Convênio ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima Primeira – redação promovida
pelo Conv. ICMS 136, de 05/12/2008, com efeitos a partir de 1º de janeiro de 2009).
2.3 – Pagamento do ICMS diferido:
26
2.3.1 - Se a operação diferida com o Biodiesel B-100 for interna o ICMS diferido será
recolhido, de forma englobada, com a operação de saída do Diesel misturado (B2 ou B5)
2.3.2 - Na hipótese de operação interestadual com B100 deverá ser observado o seguinte –
a) o ICMS incidente sobre a operação será devido ao Estado de origem do B100;
b) para o cálculo da parcela do imposto incidente sobre o B100 destinado à unidade
federada remetente desse produto, o programa de computador adotará como base de
cálculo o valor total da operação, nele incluído o respectivo ICMS e sobre este valor
aplicará a alíquota interestadual correspondente (Conv. ICMS 110/07 -Cláusula
vigésima quinta, § 6º).
Base legal: Art. 511, inc. II, letra “a”, item 1. Art. 286, § 7º, incisos I, II, III e IV, do
RICMS/12.
3 – DO ENCERRAMENTO DO DIFERIMENTO – B100 NÃO DESTINADO À
MISTURA COM O ÓLEO DIESEL DE ORIGEM FÓSSIL
Outra hipótese que encerra o benefício do diferimento é a saída isenta ou não tributada do
B100, inclusive para a ZFM (Zona Franca de Manaus) e para áreas de livre comércio. Nesta
situação o remetente do B100 deverá efetuar o pagamento do imposto diferido à unidade
federada de sua localização.
Base legal: Art.511, § 6º, do RICMS/97. Art. 286, § 9º, do RICMS/12.
4 – Obrigações das Distribuidoras de Combustíveis nas remessas interestaduais de óleo
diesel misturado com biodiesel.
A distribuidora de combustíveis, destinatária do B100, deverá:
4.1 – registrar os dados relativos à operação no SCANC (anexos IV, V e VIII – cláusula
vigésima quinta);
4.2 – identificar o sujeito passivo por ST que tenha retido anteriormente o imposto
relativo ao óleo diesel fóssil, com base na proporção da sua participação no somatório
das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês, relativamente ao
diesel adquirido diretamente de sujeito passivo por substituição tributária (operação de
compra direta na Refinaria ou suas bases – 1ª operação);
4.3 – identificar também os demais fornecedores de diesel fóssil, quantificando a
proporção das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês (operação
de compra em outras distribuidoras – 2ª operação);
4.4 – enviar as informações eletronicamente , nos prazos fixados em Ato COTEPE para:
4.4.1 – a unidade federada de origem;
4.4.2 – a unidade federada de destino;
4.4.3 – o fornecedor do combustível;
4.4.4. – a refinaria de petróleo ou suas bases.
4.5 – Com base nas informações prestadas pelo contribuinte, o programa de computador
aprovado pela Comissão Técnica Permanente do ICMS – COTEPE/ICMS (§ 2º, da
Cláusula Vigésima Terceira), gerará os relatórios nos modelos previstos (os
27
denominados “Anexos”) e efetuará o cálculo da parcela do imposto incidente sobre o
B100 destinado à unidade federada remetente desse produto – regra contida na
Cláusula Vigésima Quinta, inc. II. Será efetuado também no Programa de
computador o cálculo do estorno de crédito previsto no § 10, da Cláusula Vigésima
Primeira (inc. III, da Cláusula Vigésima Quinta).
4.6 – O pagamento (repasse) do imposto para a unidade federada de origem do B100
será efetuado pela refinaria de petróleo ou sua base, que tenha efetuado a retenção do
ICMS relativo ao óleo diesel fóssil, até o 10º dia do mês subsequente àquele em que
tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao valor do imposto ao que foi
efetivamente retido e ao relativo à operação própria.
4.7 - No caso de operações interestaduais promovidas por contribuintes que já tenham
recebido o imposto retido da mistura Diesel + B100, em operação anterior (a chamada
2ª operação), o pagamento do ICMS diferido (repasse), será provisionado pela
refinaria ou sua bases, para ser realizado até o 20º dia do mês subsequente àquele em
que tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao valor ao efetivamente
recolhido à unidade federada de destino do óleo diesel B5. A UF de destino tem até o
18º dia do mês seguinte para verificar a ocorrência do efetivo pagamento e manifestar-
se sobre a dedução da parcela do AEAC.
(Conv. ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima Primeira, § 4º, § 5º, incisos I e II e § 6º).
5 – Do estorno de crédito
Os contribuintes que efetuarem operações interestaduais com óleo diesel fóssil resultante da
mistura de biodiesel com aquele produto, deverão efetuar estorno o estorno de crédito do
imposto correspondente ao volume de B100 contido na mistura. Esse estorno será efetivado
pelo recolhimento do valor correspondente ao ICMS diferido que será apurado com base no
valor unitário médio e na alíquota média ponderada das entradas de B100 ocorridas no mês. (§§
10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Conv. ICMS 110/07).
Base legal: art. 512-A, § 6º-B, do RICMS/97. O RICMS/12 remete para o regramento existente
no Conv. ICMS 110/07
Vide item 11 abaixo - 11 – ESTORNO DE CRÉDITO NAS OPERAÇÕES COM
BIODIESEL E A ADI 4171
Observação Importante: Haverá tributação normal pelo ICMS quando o biodiesel B100 for
destinado a outros fins. É o que tem ocorrido nas operações de aquisições do produto pela
Petrobras (RLAM – Bahia), nas operações de compra nos leilões promovidos pela ANP. O
biodiesel adquirido pela PETROBRAS tem por destino a revenda subsequente para a
distribuidoras de combustíveis, visando a mistura com o diesel de origem fóssil.
Conforme já foi ressaltado linhas acima, na parte introdutória, o governo federal, através do
programa nacional de produção e uso do biodiesel (PNPB) incentiva e dar preferência ao
biodiesel originário de matérias-primas geradas na agricultura familiar.
A soja é a oleoginosa mais comercializada no programa de incentivo à agricultura familiar
(produtores individuais e cooperativas), representando 96% das transações, seguida por mamona
e dendê.
O mercado de biodiesel no Brasil não é aberto. As vendas são realizadas via leilões promovidos
pela ANP (Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis). As empresas que têm o selo
combustível social têm preferência nesses leilões.
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A PETROBRAS vem participando desses leilões para a aquisição de biodiesel B100. No caso
da Bahia, a refinaria da PETROBRAS vem recebendo o B100 de usinas produtoras para envio,
por conta ordem, às distribuidoras de combustível, visando promover a mistura diesel
fóssil/biodiesel b100, na proporção de 95%/5%.
Na operação de aquisição efetuada pela PETROBRAS/REFINARIA não há o benefício do
diferimento do ICMS, visto que este benefício ocorre somente quando o produto é remetido
diretamente da usina produtora para a distribuidora de combustíveis, assim definida pela ANP.
Assim a PETROBRAS RLAM/BAHIA, apropria créditos de ICMS nestas específicas operações
de aquisição.
Como o Biodiesel B100 é mais caro que o diesel de origem fóssil, a PETROBRAS, por conta
das operações de compra do biodiesel B100, nos leilões, acumula créditos na sua conta corrente
fiscal do ICMS.
6 – DA SOLIDARIEDADE
É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto o contribuinte substituto que realizar
operação interestadual com B100 se a operação não tiver sido informada ao responsável pelo
repasse ao estado de origem do biodiesel (capítulos III e IV do Conv. ICMS 110/07).
Base legal: art. 39, inc. XIV, do RICMS/97 (Conv. 110/07 – cláusula trigésima). Sem
correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 6º, inc. XVII (Lei
nº 7.014/96).
7 – DA BASE DE CÁLCULO ICMS – ST – B100
Em regras a tributação do biodiesel B100 se dá quando da saída deste produto misturado ao óleo
diesel derivado de petróleo, de forma englobada. Nas operações com biodiesel B100 a base de
cálculo do imposto devido por substituição tributária será, na falta do preço máximo ou único de
venda consumidor, fixado pela autoridade competente, o preço praticado nas operações com
óleo diesel acrescidos dos valores correspondentes a frete, seguro, tributos, contribuições ou
outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, acrescido em ambos os casos, do
valor resultante dos percentuais de MVA’s indicadas no ATO COTEPE 21/08 para o óleo
diesel, devendo ser observado:
7.1 – operações internas: na determinação da base de cálculo, a redução referente às operações
com óleo diesel (15% - até 31/12/2012 – 17%, a partir de 01/01/2013);
7.2 – no cálculo do valor do imposto, a alíquota prevista para as operações com óleo diesel
(25%).
Base legal: Art. 512-B, inc. IX, letras “a” e “b”. Art. Art. 289, § 7º, incs. I e II, do RICMS/12.
7.3 – O responsável tributário pelo lançamento e recolhimento do ICMS relativo às operações
com biodiesel é o industrial refinador de combustíveis.
Base legal: Art. 512-A, inc. I, letra “a”, item 5. Clausula primeira, inc. X, do Conv. ICMS
110/07 - Art. Art. 289, § 7º, incs. I e II, do RICMS/12.
9 – DA REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
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Na hipótese de operação interna com B100 não submetida ao regime de diferimento (remessas
para distribuidoras de combustíveis para mistura no diesel fóssil), aplica-se a redução da base de
cálculo do ICMS, quanto ao biodiesel originário da industrialização de grãos, sebo bovino,
sementes e palma, de tal forma que a incidência do imposto resulte numa carga tributária de
12% (Conv. ICMS 113/06 – prorrogado até 31/12/2014).
Observação importante 1: a tributação pela carga de 12% só ocorrerá nas hipóteses em que o
biodiesel não for destinado diretamente à distribuidora de combustíveis para fins de mistura ao
óleo diesel fóssil (derivado de petróleo).
Base legal: Art. 87, inc. XXXII, do RICMS/97. Art. 266, inc. VIII, do RICMS/12.
Observação importante2 : a legislação prevê que os créditos fiscais das operações de aquisições
tributadas dos insumos utilizados para a produção do biodiesel B100 serão mantidos
integralmente.
9 – DAS ALÍQUOTAS
9.1 - 12% (doze por cento) nas operações interestaduais com B100 produzido no Brasil;
9.2 - 4% (quatro por cento) nas operações de importação de B100 originárias do exterior,
quando destinadas posteriormente a outro Estado da Federação;
9.3 - 17% (dezessete por cento) nas operações internas, para qualquer destinação, exceto para
compor a mistura com o diesel mineral (observar a redução de base de cálculo – item 8
acima)
9.4 – 25% (vinte e cinco por cento) nas operações de saídas internas, quando misturado à óleo
diesel derivado de petróleo.
Base legal: Art. 15, inc. II, da Lei nº 7.014/96 (alíquota interestadual de 12%); Art. 16, inc. II,
letra “e”, c/c o “caput” do art. 16-A (alíquota interna de 25% e adicional de 2%, para o fundo de
pobreza).
10 – DA EXPORTAÇÃO DE BIODIESEL B100
10.1 – Não incide ICMS nas operações de exportação de B100 para o exterior.
10.2 - É dispensado o pagamento do imposto diferido na operação de exportação de B100, cuja
operação anterior tenha sido processada ao amparo do regime de diferimento.
Base legal: , Art. 6º, inc. II, c/c o 343, § 1º, do RICMS/97. Art. Art. 286, § 13, inc. I, do
RICMS/12. A imunidade nas operações de exportação é também tratada da Lei do ICMS: Art.
3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).
11 – ESTORNO DE CRÉDITO NAS OPERAÇÕES COM BIODIESEL E A ADI 4171
NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI 4171) É CONTESTADA A
CONSTITUCIONALIDADE DO ESTORNO DE CRÉDITO NAS OPERAÇÕES COM OLEO
DIESEL B5, RESULTANTE DA MISTURA COM O B100.
1 – Requerente: Conselho Nacional de Comércio (CNC);
2 – Requerido: Conselho Nacional de Política Fazendária;
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3 – Dispositivos questionados: §§ 10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Convênio ICMS nº
110, de 28 de setembro de 2007, com a redação alterada pelo Conv. ICMS 101, de 30 de julho
de 2008 e pelo Conv. 136, de 05 de dezembro de 2008 (aditamento da petição inicial em
relação às operações com biodiesel B100).
4 – A autora afirmou que os preceitos hostilizados impõem “às distribuidoras de combustíveis o
dever de estorno do ICMS recolhido por substituição tributária, quando estas efetuarem
operações interestaduais, com óleo diesel misturado ao B100, nas quais não há creditamento do
imposto”. Haveria no caso uma dupla tributação, em ofensa à legislação de regência do ICMS.
5 – Afirmou também que os dispositivos questionados estabeleceram a criação de um novo
tributo, o que ofenderia: a) o princípio da legalidade (art. 150, I, da CF); b) o princípio da não
cumulatividade (art. 155, § 2º, da Carta Magna); c) o regime constitucional da destinação da
arrecadação do ICMS para o Estado de destino, nas operações com petróleo e derivados (art.
155, § 4º, inc. I, da Lei Maior); e, d) o princípio da capacidade contributiva (art. 145, § 1º, da
CF), por aumento da carga tributária nas operações com B100.
6 – Os Estados prestaram informações (Manifestação da Bahia)
7 – A AGU se manifestou pela improcedência do pedido. (Manifestação da AGU)
8 - A PGR se manifestou também pela improcedência do Pedido.
9 – A Relatora, Ministra Ellen Gracie julgou o pedido procedente.
10 – Divergiram o Ministro Luiz Fux e a Ministra Carmen Lúcia – votaram pela
constitucionalidade do Conv. 110/07.
11 – Na sequência do julgamento, o Ministro Ricardo Lewandowski pediu vistas.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,
processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]
André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA
/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –
Rio de Janeiro: Interciência, 2012;
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,
especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e
Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:
http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).
5 - www.anp.gov.br;
6 - www.sindicom.com.br;
7 - .stf.gov.br/ .
MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL,
NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 5 anos).
1 – INTRODUÇÃO
Historicamente, o querosene foi o primeiro
derivado de petróleo de valor comercial,
substituindo o azeite e o óleo de baleia na
iluminação. Passou a ser produzido em
escala industrial em 1859, nos E.U.A,
quando Edwin Drake descobriu petróleo
em Tutsville, Estado da Pensilvânia,
através da instalação de um refinaria
rudimentar.
Utilizado principalmente na iluminação residencial, o querosene foi o derivado mais
importante do petróleo até 1911, quando ocorreu a popularização dos automóveis com
motores a gasolina. A lâmpada incandescente, inventada, em. 1879, por Thomas Edison
reduziu também o consumo de querosene iluminante. Somente em 1939, com o
desenvolvimento dos aviões de propulsão a jato, o querosene voltou a ser amplamente
utilizado como combustível.
O inglês Sir Frank Whittle patenteou em 1929 o motor a jato. No início de suas
pesquisas Sir Frank Whittle considerou a tentativa de empregar o diesel como
combustível, porém conclui que o querosene de iluminação (QI) proporcionava um
menor ponto de congelamento. A partir deste ponto, foram estabelecidos parâmetros
comparativos entre a gasolina e o QI, sob aspectos de desempenho e segurança nas
condições de vôo das aeronaves a jato. Em elevadas altitudes, a gasolina automobilística
causava problemas de funcionamento na turbina, em razão da maior volatilidade nas
condições de baixa pressão. A formação de bolhas durante o escoamento do
combustível, em razão dos componentes mais voláteis encontradas na gasolina,
proporcionava a redução da vida útil dos medidores e das bombas de alimentação do
combustível. Além disso, compostos a base de chumbo (chumbo tetra-etila), que
melhoravam a octanagem da gasolina, causavam desgastes mecânicos e problema de
aquecimento em partes internas do motor.
A queima mais limpa proporcionada pelo querosene, por conter parafinas mais pesadas,
obtidas em cortes de destilados médios, tornou o uso desse derivado o mais adequado ao
abastecimento do motor de jatos. Os componentes do querosene apresentam maior
densidade de energia por volume, maiores quantidades de hidrogênio presentes nas
parafinas e iso-parafinas de cadeias intermediárias e também nas ciclo-parafinas. Isso
contribui para que a combustão do querosene produza menor quantidade de fuligem, por
MÓDULO VIII
QUEROSENE DE AVIAÇÃO (JET FUEL) –NCM 2710.19.1
meio de uma queima mais limpa e aumento da vida útil da câmara de combustão da
turbina das aeronaves, comparativamente à gasolina. O querosene, por sua vez, além de
apresentar menor ponto de congelamento possui maior estabilidade térmica,
propriedades essenciais aos combustíveis de aviação em elevadas altitudes de vôo. Por
essas características e por se apresentar disponível no mercado em grande quantidade,
pois a gasolina passou a ser o produto principal do refino em razão do crescimento da
indústria automobilística, levou o querosene a assumir a condição de principal
combustível para a aviação comercial e militar.
Em 1939, na Alemanha, Hans Von Ohain projetou o primeiro motor de propulsão a jato
movido a hidrogênio. O projeto posteriormente foi alterado para utilizar
hidrocarbonetos líquidos. Em 27 de agosto de 1939, o cientista alemão testou um
modelo Heikel 178 movido a gasolina de aviação.
O modelo de motor a jato desenvolvido por Sir Frank Whittle voou pela primeira vez
em um avião Glosber E28/32, em 14 de maio de 1941. O motor de Whittle usou
querosene iluminante visto que a gasolina estava difícil de ser obtida por causa da 2ª
guerra mundial. O motor de Whittle foi o precursor dos motores a jato desenvolvidos
nos EUA e na Grã-Bretanha. Mais de 70 anos depois do primeiro vôo, o querosene
continua a ser o combustível primário de jatos pelo mundo que move as companhias
aéreas e frotas militares.
O querosene atualmente utilizado como combustível de aviação obedece a
especificações mais rígidas conforme será melhor detalhado nos tópicos abaixo.
Outras aplicações – o querosene também pode ser empregado: a) na iluminação em
lampiões e lamparinas; b) combustível para aquecimento doméstico em regiões frias; c)
veículo para aplicação de inseticidas; d) solvente para a produção de asfaltos diluídos
para pavimentação; e) desengordurante de peles e couros; f) líquido de limpeza; g)
combustível de fogões portáteis.
2 – DEFINIÇÃO
O Querosene de Aviação (QAV) é um derivado de
petróleo de faixa de ebulição compreendida entre 150ºC e
300ºC, com predominância de hidrocarbonetos
parafínicos (hidrocarbonetos de cadeia aberta, simples ou
ramificada), de 9 a 15 átomos de carbono, utilizado em
turbinas aeronáuticas.
O produto apresenta faixa de ebulição intermediária, entre
a gasolina e o óleo diesel e possui hidrocarbonetos de
ponto de ebulição mais elevado que os que constituintes da gasolina de aviação (GAV).
Importante destacar que os combustíveis aeronáuticos devem ter características
específicas, como alta viscosidade energética (peso e volume reduzidos por unidade de
energia – poder calorífico e densidade elevados), permitir potências elevadas, apresentar
volatilidade adequada e baixo ponto de congelamento, não ter água em solução, ser
quimicamente estável e apresentar baixa corrosividade. Para que possam atender a todas
essas especificações geralmente são aditivados (em quantidade e composição sujeitas a
controles).
O QAV, por exemplo, deve permanecer líquido e homogêneo até a zona de combustão
das aeronaves. Deve apresentar resistência química e física às variações de temperatura
e pressão e ter boas características lubrificantes.
Em termos comparativos com o QAV, a Gasolina de Aviação (GAV), é o combustível
de aeronaves com motor convencional - motor aeronáutico acionados por centelha, no
qual pistões, que se movem dentro de cilindros, acionam um eixo, que diretamente ou
através de uma caixa de redução, aciona uma hélice (aviões) ou um rotor (aeronaves de
asas rotativas – ex: helicópteros. A GAV apresenta propriedades, requisitos de
desempenho e cuidados diferenciados das demais gasolinas. Por conter chumbo treta-
etila em sua composição, o seu uso é proibido em veículos automotivos. A GAV possui
um alto número de octanas a fim de que um motor de alta compressão desenvolva sua
força máxima sem detonação prematura (“batida de pino”). Isso permite que sejam
reduzidos o peso de motor da aeronave e o consumo de combustível por “horse power”
(HP) produzido. Este combustível é utilizado em aeronaves de menor porte, a exemplo
de aviões agrícolas.
A porcentagem em volume de hidrocarbonetos presentes neste derivado, obtido por
destilação direta, segundo FARAH, é a seguinte, em média:
Parafínicos: 42%;
Naftênicos: 39%;
Monoaromáticos: 18%;
Diaromáticos: 2,5%.
Além de hidrocarbonetos, pode ocorrer no QAV a presença de compostos de enxofre,
nitrogênio, oxigênio e metais, denominados de “contaminantes”. A quantidade de
“contaminantes” no QAV varia de acordo com o tipo de petróleo processado. Estes
heterocompostos, presentes no QAV, devem ser removidos ao máximo, por trazerem
danos ao sistema de combustíveis e à turbina da aeronave. Os óleos de base parafínica, a
exemplo do óleo baiano, ou de base parafínica-naftênica, com baixo teores de enxofre
são os melhores para produção de QAV. Os óleos ricos em hidrocarbonetos aromáticos
não são adequados para a produção de querosene de aviação.
Esse derivado/combustível é usado na atualidade principalmente nas aeronaves com
motores a turbina, seja jato-puro, turboélices ou turbofans.
MOTOR A TURBINA: o ar que entra na turbina é “acelerado” por meio de uma reação química
(mistura: combustível + oxigênio + ignição). O ar sai a uma velocidade maior, gerando uma
força que “empurra o avião”. A boca da saída da turbina é menor que a boca de absorção do ar.
Com a explosão criada na mistura pela ignição, é gerada uma pressão, que por sua vez gera a
força que faz com que o avião entre em movimento.
Motor Turbina
TURBOÉLICE: é um motor de reação mista (um motor a jato acionando uma hélice). Um
exemplo deste motor é o PT6, que equipa o avião Bandeirante.
Motor Turboélice
TURBOFAN: é um motor utilizado em aeronaves projetadas especialmente para altas
velocidades de cruzeiro, que possuiu um excelente desempenho em altitudes elevadas (entre
10.000 metros e 15.000 metros), apresentando velocidades na faixa de 700km/h até 1.000 km/h.
Praticamente todos os aviões comerciais a jato atualmente são turbofans (são também mais
eficientes e menos ruidosos).
Motor Turfan
O desenvolvimento tecnológico das turbinas de aviação exige que o combustível
destinado a uso em aeronaves apresente facilidade de bombeamento a baixas
temperaturas, facilidade de reacendimento em elevadas altitudes, combustão limpa,
baixa emissão de energia radiante e reduzida tendência de formação de depósitos
(fuligem). Essas características levam à utilização do QAV no abastecimento de
aeronaves comerciais e militares.
3 – PRODUÇÃO
O QAV é produzido por fracionamento do
petróleo, através de destilação a pressão
atmosférica, seguindo de tratamento, o que
confere ao produto qualidade adequada ao seu
bom desempenho.
Pode também ser produzido a partir de
hidrocraqueamento de gasóleo, corrente
derivada do processo de destilação à vácuo.
O QAV originário do processo de destilação direta é submetido a processos de
tratamento para retirada de impurezas (tratamento cáustico regenerativo e
hidrotratamento), em especial, para a redução de compostos sulfurados (à base de
enxofre). Ocorre também processos que têm por objetivo diminuir ou eliminar as
quantidades de compostos diaromáticos e poliaromáticos e de retiradas de
hidrocarbonetos parafínicos normais de cadeia carbônica longa, visto que estes
hidrocarbonetos, aumentam, respectivamente, a quantidade de fuligem na combustão do
QAV e aumentam o ponto de congelamento do derivado.
No Brasil são produzidos dois tipos de querosene de aviação:
O QAV-1 ou JET A-1, de uso geral, com as especificações alinhadas com as
normas internacionais;
Querosene de aviação especial para a Marinha do Brasil, também conhecida
como JP-5, ou combustível aeronaval, de uso específico.
O querosene aditivado possui as mesmas especificações do QAV-1. Porém contém um
ou mais dos seguintes aditivos: anticongelantes , antioxidantes, fungicidas, dissipadores
de cargas eletrostáticas e inibidores de corrosão. Estes aditivos reduzem o risco de
querosene de aviação congelar ou explodir a altas temperaturas, além de outras
propriedades.
Atualmente no Brasil, somente a Petrobras produz combustíveis de aviação que são
vendidos à Companhias Distribuidoras para abastecer aeronaves. O QAV é o
responsável por 99% das vendas de combustíveis de aviação no país. Cerca de 85% do
produto comercializado é produzido nas refinarias da Petrobras. O volume restante é
importado e destina-se, normalmente, às regiões Norte e Nordeste.
O mercado de QAV está fortemente concentrado na região Sudeste, que abriga os
principais aeroportos brasileiros, origem e destino da maior parte dos vôos nacionais e
internacionais, correspondendo à aproximadamente, segundo a ANP, no “Estudo da
Evolução do Mercado de Combustíveis e Derivados 2000 – 2012”, 62,7% das vendas,
seguida do Nordeste (15,7%) e do Centro-Oeste (8,4%). Além da concentração regional,
o setor acompanha a sazonalidade da aviação comercial.
PRODUÇÃO DO QAV NA REFINARIA
Petróleo cru
Esquema representando de forma simplificada os processos de refino que podem produzir o QAV
Destilação Atmosférica
Destilação a
vácuo
Gasóleo de
Vácuo
HCC
QAV
Hidrotratamento
mento Adsorção n-parafinas
Tratamento
cáustico
Regenerativo
4 – UTILIZAÇÃO
O QAV utilizado e classificado em dois tipos: a) combustível para aviação civil
(QAV-1 ou JET A-1) e; b) para aviação militar (JP 5). O QAV militar pode exigir
características de volatilidade e de escoamento mais rigorosos, devido à variação de
pressão e de temperaturas provocadas pelas súbitas decolagens e aterrisagens que
podem ocorrer em aviações militares.
5 – REQUISITOS DE QUALIDADE
Quando utilizado em turbinas aeronáuticas, as
exigências de qualidade do QAV-1 são as seguintes:
a) escoar perfeitamente em baixas temperaturas;
b) ser facilmente nebulizado;
c) vaporizar-se adequadamente no interior da
câmara de combustão da aeronave,
proporcionando chama limpa e com mínima
formação de fuligem;
d) ser estável química e termicamente.
e) proporcionar partidas fáceis e seguras e ter facilidade de reacendimento com o
mínimo de perdas;
f) preservar a integridade dos materiais constituintes das turbinas;
g) não apresentar tendência a solubilizar a água,
h) ser de manuseio seguro.
Em altitudes de 10.000 m, onde as aeronaves atingem velocidade de cruzeiro, a
temperatura é de cerca de -40% (esta temperatura pode ser atingida após 1 hora de voo).
Nessas condições os hidrocarbonetos parafínicos normais presentes no QAV podem
cristalizar. O ponto de congelamento representa a facilidade de cristalização do
combustível, que dificulta o seu escamento a frio. A redução da temperatura também
provoca o aumento da viscosidade do QAV-1, o que pode reduzir o seu fluxo. Daí a
fixação de um limite de viscosidade nas especificações do QAV-1. Além da
cristalização do combustível, as baixas temperaturas promovem a separação da água que
pode estar dispersa no QAV e sua posterior solidificação pode causar riscos de
obstrução de filtros e tubulações.
Para a utilização do QAV em baixas temperaturas é necessário se fazer: i) controle de
teor de hidrocarbonetos parafínicos pesados; b) controle de viscosidade do produto; c)
controle de tolerância à água.
A água no QAV é normalmente oriunda da produção, transporte e estocagem do
produto. Para garantir a qualidade do QAV são efetuados tratamentos regenerativos no
produto na fase de produção, para remoção de água e demais substâncias contaminantes.
Nos aeroportos existem sistemas de purificação e secagem do QAV, efetuados através
de passagem do produto por filtros e tanques de drenagem.
Segundo a Resolução ANP nº 37, de 01/12/2009, ao querosene de aviação são
adicionados os seguintes aditivos (Tabela I, da Resolução, que contém as especificações
do QAV-1):
antioxidantes;
desativador de metal;
dissipador de cargas estáticas;
inibidor de formação de gelo;
detector de vazamentos;
melhorador da lubricidade.
As especificações do Querosene de Iluminação (Q.I.), por sua vez, estão contidas na
Resolução CNP (Conselho Nacional de Petróleo) nº 4, de 09/03/1982.
6 - DIFERENÇA ENTRE O QUEROSENE DE AVIAÇÃO E O QUEROSENE DE
ILUMINAÇÃO (DE USO COMUM)
O QAV é mais puro, mais caro e mais eficiente. O manuseio e o trânsito desse produto é
mais protegido. O querosene de iluminação é muito impuro, mais barato, menos
eficiente e menos protegido.
Estes tipos de querosene devem ser altamente refinados para reduzir o odor e eliminar a
possibilidade de incorporar manchas.
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA NAFTA NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
INTRODUÇÃO: As operações interestaduais com QAV não são tributadas pelo ICMS,
na unidade federada de origem do produto, em razão desse combustível ser derivado de
petróleo. Assim dispõe o art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”, da Constituição Federal, o art.
3º, inc. III, da lei estadual nº 7.014/96 e o RICMS/97 – art. 6º, inc. III, letra “b”. Essa
matéria não é tratada no RICMS/12, visto que o regramento se encontra expresso na
CF/88, na Lei Complementar 87/96 e na lei estadual do ICMS.
As operações interestaduais com QAV, para fins comercialização ou consumo, são
tributadas na unidade federada de destino da mercadoria, e o recolhimento do imposto
se faz pelo regime da Substituição Tributária, de responsabilidade do estabelecimento
industrial refinador, conforme dispõe o Conv. ICMS 110/07. A legislação de cada
unidade federada, por sua vez, pode estabelecer sujeição passiva tributária para outro
contribuinte que faça parte da cadeia de circulação do QAV ou mesmo não enquadrar
esse produto no regime da antecipação tributária total. Os Estados do Rio de Janeiro e
São Paulo, por exemplo, adotam o regime da ST, com responsabilidade tributária
conferida aos distribuidores. O Distrito Federal, por sua vez, não enquadra o QAV na
sistemática da tributação antecipada.
O regime tributário adotado na Bahia para este produto é incidência antecipada do
ICMS, de responsabilidade do estabelecimento refinador industrial. Assim, nas
operações internas, o estabelecimento refinador recolhe o ICMS da operação própria e o
imposto devido sobre as operações subseqüentes, pelo regime da ST. Há também
operações beneficiadas com redução de base de cálculo, isenção e não incidência,
conforme será melhor detalhado nos tópicos abaixo.
1– SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.1- RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS
São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, o Industrial Refinador e o
Importador.
Fonte normativa: art. 512-A, inc. I, letra “a”, item 3, do RICMS/97. Art. 289, § 6º,
do RICMS/12 c/c a cláusula primeira do Conv. ICMS 110/07.
1.2 - MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das
contribuições do PIS/COFINS)
1.2.1 - OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS QUE DESTINEM O
PRODUTO PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA
PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS
01/01/09 até hoje* 30,00% 56,63%
* Fonte Normativa: art. 512-B, inc. V, letra “a”, itens 1 e 2, do RICMS/97 e Anexo
I, item 16.7, do RICMS/12
1.2.2 - OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO QUE DESTINEM O PRODUTO PARA O
TERRITÓRIO DA BAHIA
PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS
01/01/09 até hoje* 84,83% 122,69%
** Fonte Normativa: art. 512-B, inc. V, letra “b”, itens 1 e 2, do RICMS/97 e
Anexo I, item 16.7, do RICMS/12. Ato Cotepe MVA 21/08 (Tabela III)
1.3 - BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.3.1 - Operação promovida pelo industrial refinador para fins de revenda: o valor da
operação, acrescido dos valores correspondentes a frete, seguro, tributos e outros
encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionado do percentual de margem
de valor agregado (MVA) – operações internas.
Fonte Normativa: Art. 512, B, inc. V, letra “a”, itens 1 e 2. Cláusula oitava do
Convênio ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.3.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do
documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de
cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,
inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo
importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.
Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. V, letra “b”, itens 1 e 2, do RICMS/97. Cláusula
oitava, § 1º, do Conv. ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do
RICMS/12.
1.3.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, com a
inclusão do ICMS na própria base de cálculo, sem adição de MVA.
Fonte Normativa: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do
Conv. ICMS 110/07.
2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
2.1 - A base de cálculo da operação própria é o preço unitário praticado pelo
estabelecimento industrial refinador com a inclusão do ICMS (cálculo por dentro).
Fonte Normativa: Art. 56, inc. I , c/c o art. 52, do RICMS/97. Sem correspondência
na RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I e § 1º, inc.
I, da Lei nº 7.014/96.
2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de
importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto
de importação, com a inclusão do próprio ICMS.
Fonte Normativa: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.
Observação: Diferentemente da gasolina e do diesel, cujos preços são controlados no
Brasil, o querosene de aviação (QAV) acompanha a variação de preços do derivado no
mercado externo. O produto é também sensível às variações cambais (cotação do dólar),
sendo comum ocorrer reajustes mensais no preço do QAV.
3 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO
3.1 – Redução de base de cálculo nas operações internas para abastecimento de
aeronaves de pequeno porte (até 120 lugares), de empresas de serviço de transporte
aéreo de passageiros, inscrita no CAD-ICMS da Bahia. Benefício com efeitos até
31/12/2013 (disposição do Dec. Estadual nº 12.249, de 20/12/12, efeitos a partir de
21/12/12).
3.2 – A carga tributária incidente deverá corresponder os seguintes percentuais:
3.2.1 – 10% (dez por cento), quando o serviço regular de transporte aéreo de
passageiros for prestado para 4 (quatro) municípios baianos;
3.2.2 – 7% (sete por cento), quando o serviço regular de transporte aéreo de
passageiros for prestado para 5 (cinco) municípios baianos;
3.2.3 – 4% (quatro por cento), quando o serviço regular de transporte aéreo de
passageiros for prestado para 6 (seis) municípios baianos
3.3 – A redução de base de cálculo nas operações internas com QAV é condicionada à
Celebração de Termo de Acordo com a Secretaria da Fazenda da Bahia, através da
COPEC, onde será definido o valor de contribuição ao programa de desenvolvimento
tecnológico, devendo ser atendidas ainda as seguintes exigências:
a) a distribuidora de combustíveis, credenciada pela COPEC, deverá emitir nota
fiscal de venda demonstrando que no preço praticado foi descontado o ICMS
dispensado;
b) enviar uma cópia dessa NF para refinaria para que a próxima saída de QAV
para a distribuidora seja também beneficiada com a redução de base de
cálculo;
c) A Refinaria deverá emitir NF de saída de QAV indicando na respectiva nota
de venda a expressão: “mercadoria destinada à empresa de transporte aéreo
de passageiros nos termos do inc. ......, do art. ..........., do RICMS;
d) para efeitos da norma regulamentar do benefício da redução da base de
cálculo, nas operações com QAV, considera-se serviço de transporte aéreo
aquele que corresponda a voos ou trechos que interliguem dois municípios
do Estado da Bahia.
Fonte normativa do benefício: Art. 81-B, do RICMS/07 (efeitos a partir de
23/11/2010 - Dec. nº 14.470/10, que promoveu a alteração nº 140, ao RICMS/97.
Art. 268, inc. XVIII – efeitos até 31/12/2013 – Dec. nº 14.249/12). Nova redação do
benefício fiscal estabelecida pelo Dec. 14,750/13, conforme observação abaixo.
OBSERVAÇÃO MUITO IMPORTANTE: Com a alteração nº 18 ao
RICMS/12, Dec. Estadual nº 14.750/13, efeitos a partir de 28/09/2013, a redução de
base de cálculo nas operações internas com QAV, destinadas a empresas de
transporte aéreo de passageiros e prevista no art. 168, inc. XVIII, foi estendida até
31/12/14, obedecidas as seguintes condições e percentuais:
1 - 10% (dez por cento), sobre uma cota máxima de consumo mensal, estabelecida em
função das milhas percorridas no Estado, quando o serviço regular de transporte
aéreo de passageiros for prestado para, no mínimo 04 (quatro) Municípios baianos;
2 - 10% (dez por cento), sem estabelecimento de cota máxima de consumo mensal,
quando o serviço regular de transporte aéreo de passageiros for prestado para, no
mínimo, 08 (oito) Municípios baianos;
3 - 12% (doze por cento), sem estabelecimento de cota máxima de consumo mensal,
quando o serviço regular de transporte aéreo de passageiros for prestado para 07
(sete) Municípios baianos;
4 - 14% (catorze por cento), sem estabelecimento de cota máxima de consumo mensal,
quando o serviço regular de transporte aéreo de passageiros for prestado para 06
(seis) Municípios baianos;
Para fruição do benefício, a prestadora de serviço de transporte aéreo deverá celebrar
Termo de Acordo com a Secretaria da Fazenda, representada pelo seu titular, onde
serão definidos:
1 - valor de contribuição a programa de desenvolvimento tecnológico promovido pelo
Estado;
2 - outras condições que a SEFAZ considerar essenciais para fruição deste benefício;
A redução de base de cálculo prevista neste dispositivo alcança desde a saída
promovida pela refinaria, sendo que:
1 - a distribuidora, credenciada pela COPEC, deverá emitir nota fiscal de venda
demonstrando que no preço praticado foi descontado o valor do ICMS dispensado, e
enviar a sua cópia à refinaria para que a sua saída de QAV seja também beneficiada
com redução de base de cálculo;
2 - a refinaria deverá emitir a nota de saída de QAV indicando a respectiva nota
fiscal de venda referida no item 1 e a expressão: “mercadoria destinada a empresa de
serviço de transporte aéreo de passageiros nos termos do inciso XVIII do art. 268 do
RICMS”;
Para efeito de determinação da quantidade de Municípios baianos cujo serviço de
transporte aéreo de passageiros está sendo prestado, somente serão considerados os
vôos ou trechos que interliguem 02 (dois) Municípios do Estado da Bahia.
Para efeitos deste dispositivo que trata do benefício fiscal da redução de base de
cálculo, considera-se ocorrido serviço regular de transporte aéreo de passageiros
quando o serviço for prestado, no mínimo, uma vez por semana para cada município
baiano.
PORTANTO, A REGRA ATUALMENTE VIGENTE PARA A REDUÇÃO DE
CÁLCULO COM QAV É A ESTABELECIDA PELO DEC. Nº 14.750/13, QUE
PROMOVEU A ALTERAÇÃO Nº 18 AO RICMS/12).
4 – ISENÇÃO
São isentas as operações de saída de QAV para abastecimento de aeronaves nacionais
com destino ao exterior.
4.1 – A distribuidora de combustíveis, de posse da documentação que comprove a
realização do vôo internacional, em relação ao QAV recebido com retenção ou
antecipação do imposto, poderá, na forma do art. 300, do RICMS/12, mediante
lançamento no Registro de Apuração do ICMS, no quadro “Crédito do Imposto - Outros
Créditos”, com a expressão “Ressarcimento - substituição tributária”, creditar-se da
parcela do imposto retido, correspondente à operação de saída subsequente do QAV que
vier a realizar com a isenção prevista no art. 265, inciso XXIV, do RICMS/12.
4.2 - Atendidas as exigências previstas acima e na forma do art. 306, do RICMS/12,
poderá ainda, a distribuidora de combustíveis, caso não tenha como compensar o ICMS
creditado, proceder à transferência do saldo credor para outro estabelecimento da
mesma empresa, mediante a emissão de nota fiscal em nome do estabelecimento
destinatário do crédito, na qual serão indicados o valor do saldo a ser transferido, a data
e a expressão: “Transferência de Saldo Credor”.
Fonte Normativa: Conv. ICMS 84/90, prorrogado por prazo indeterminado pelo
Conv. ICMS 151/94. Art. 21, I, do RICMS/97 e art. 265, inc. XX, do RICMS/12.
5 – NÃO INCIDÊNCIA (EQUIPARAÇÃO À EXPORTAÇÃO)
Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de QAV destinado a abastecer
embarcações de bandeira estrangeira, que estejam aportados em solo brasileiro. Nessa
operação não há incidência de ICMS, desde que sejam atendidas as seguintes condições:
a) operação efetuada ao amparo de guia de exportação;
b) adquirente sediado no exterior;
c) pagamento em moeda estrangeira;
d) comprovação de embarque pela autoridade competente.
5.1 - A distribuidora de combustíveis, de posse da documentação que comprove a
efetiva exportação, em relação ao QAV recebido com retenção ou antecipação do
imposto, poderá, na forma do art. 300, do RICMS/12, mediante lançamento no Registro
de Apuração do ICMS, no quadro “Crédito do Imposto - Outros Créditos”, com a
expressão “Ressarcimento - substituição tributária”, creditar-se da parcela do imposto
retido, correspondente à operação de saída subsequente do QAV que vier a realizar com
a isenção prevista no art. 265, inciso XXIV, do RICMS/12.
5.2 - Atendidas as exigências previstas acima e na forma do art. 306, do RICMS/12,
poderá ainda, a distribuidora de combustíveis, caso não tenha como compensar o ICMS
creditado, proceder à transferência do saldo credor para outro estabelecimento da
mesma empresa, mediante a emissão de nota fiscal em nome do estabelecimento
destinatário do crédito, na qual serão indicados o valor do saldo a ser transferido, a data
e a expressão: “Transferência de Saldo Credor”.
Fonte normativa: Conv. ICMS 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo
Conv. ICMS 124/93.
6 – ALÍQUOTAS
4.1 - Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de
importação do exterior.
4.2 - Alíquotas efetivas
a) operações com a redução da base de cálculo: 10% (dez por cento); 7% (sete por
cento) ou 4% ( quatro por cento), nas operações que destinem o produtos para
empresas de transporte aéreo de pequeno porte (vide item 3);
b) operações sem redução de base de cálculo: 17% (dezessete por cento).
Fonte Normativa: art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº
7.014/96).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – FUNDAMENTOS DO REFINO DO PETRÓLEO – TECNOLOGIA E
ECONOMIA. Autores: Alexandre Salem Szklo, Victor Cohen Uller e Marcio
Henrique P. Bonfá. Editora Interciência. 3ª edição – atualizada e ampliada. Rio de
Janeiro. 2012.
2 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS. Diversos autores.
Organizadores: Nilo Índio do Brasil, Maria Adelina Santos Araújo e Elisabeth
Cristina Molina de Sousa. Editora LTC. Rio de Janeiro. 2012.
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS. Autor: Marco Antônio Farah. Editora
LTC. Rio de Janeiro. 2012.
4 – ANP – AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS E
BIOCOMBUSTÍVEIS - Estudo da Evolução do Mercado de Combustíveis e
Derivados 2000 – 2012. Fonte: Internet: www.anp.gov.br/?dw=64307.
5 – O PETRÓLEO – UMA HISTÓRIA MUNDIAL DE CONQUISTAS, PODER
E DINHEIRO. Autor: Daniel Yergin. Editora Paz e Terra. São Paulo. 2012.
1
MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
1 – INTRODUÇÃO
O óleo combustível é utilizado basicamente em duas
atividades fins: a) óleos combustíveis industriais; e b)
óleos combustíveis marítimos (óleos bunkers ou
marine fuel oils - MF)
A RLAM (Refinaria Landulfo Alves - Mataripe),
localizada no Município de São Francisco do Conde-Ba,
segundo o esquema de refino apurado em 2010, pela
ANP é a unidade da Petrobras que apresenta a maior
produção de óleo combustível do país – em torno de 27% do total da refinaria (11.693
m3/dia). Fonte: livro Fundamentos do Refino do Petróleo – Tecnologia e Economia.
Alexandre Salem Szklo e outros, pág. 197, editora Interciência, Rio de janeiro,
2012.
2.– ÓLEOS COMBUSTÍVEIS INDUSTRIAIS
É o combustível mais pesado, aplicado em
diversos setores da indústria, a exemplo de
geração de energia, inclusive energia elétrica em
termoelétricas, metalurgia, papel e celulose, entre
outros. O óleo combustível industrial é o
derivado cuja base é o resíduo de vácuo, ao qual
são adicionados como diluentes: gasóleos
atmosféricos ou de vácuo e frações das unidades
de conversão (óleo leve de reciclo da unidade de
craqueamento catalítico fluido ou gasóleos da
unidade de coqueamento retardado). Na sua
utilização tradicional (geração de energia), o óleo combustível industrial é mantido
aquecido em tanques para favorecer o seu escoamento, seguindo, através do sistema de
filtração, para remoção de sedimentos orgânicos e inorgânicos. A seguir, ele é
novamente aquecido para reduzir sua viscosidade ao valor requerido pelo queimador.
2
Os tipos de óleos combustíveis industriais são classificados por viscosidade, teor de
enxofre e ponto de fluidez. Quanto ao teor de enxofre temos o óleo A (alto teor de
enxofre – ATE, de no máximo 2,5%); e o óleo B (baixo teor de enxofre –BTE, de no
máximo 1%). O consumo de BTE é obrigatório nas regiões definidas como
metropolitanas e nas aplicações em que os gases de combustão têm contato com o
produto, tais como fornos metalúrgicos e fornos para a produção de vidro e cerâmica.
As especificações dos óleos combustíveis industriais são definidas pela ANP (Portaria
nº 80, de 30/04/1999, DOU de 03/05/1999).
3 – ÓLEOS COMBUSTÍVEIS MARÍTIMOS
Combustíveis para navios (óleos bunkers
ou marine fuel oils - MF): apesar de terem
origem no mesmo tipo de matéria-prima
dos óleos combustíveis industriais, ou
seja, são formulados a partir do resíduo de
vácuo da destilação de petróleo, diferem
quanto à sua formulação e especificações.
Os requisitos de qualidade dos óleos tipo
bunker são mais amplos e restritivos do
que os óleos combustíveis, tais como
teores de água, sedimentos e metais. A
viscosidade é menor para facilitar a nebulização e a queima. A qualidade de ignição é
maior, possuindo menor proporção de hidrocarbonetos aromáticos. Quanto ao teor de
enxofre, o Marine Fuel apresenta duas versões; BTE e ATE (alto e baixo teor de
enxofre).
As especificações dos diferentes tipos de óleos combustíveis marítimos oferecidos no
Brasil são definidas pela ANP (Resolução nº 52, de 29/12/2010, DOU de 30/12/2010).
3
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA NAFTA NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.1. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS
São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST nas operações com óleo
combustível, o Industrial Refinador e o Importador.
Fonte normativa: Art. 512-A, inc. I, letra “a”, item 2; inc.II; e, inc. III c/c § 1º, inc.
III, do RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária
interna). Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por
expressa disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária
interestadual).
1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das
contribuições do PIS/COFINS)
OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS QUE DESTINEM O PRODUTO
PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA PERÍODO OP. INTERNA OP. INTERESTADUAL
1º/01/09 até hoje* 31,46% 58,38 *Ato Cotepe MVA 21/08
1.3 – Não há MVA específica para a operação de importação de óleos combustíveis. No
caso de importação pela Bahia, aplica-se a MVA da operação interna. Em caso de
importação por outra unidade federada aplica-se a MVA prevista para as operações
interestaduais.
1.4 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.3.1 - Operação promovida pelo industrial refinador para fins de revenda: Preço
unitário praticado pelo Substituto (Refinaria) na Unidade, acrescido frete, seguro,
tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário +
MVA fixada em Ato Cotepe.
4
Fonte normativa: Art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Cláusula oitava do Convênio
ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.3.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do
documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de
cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,
inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo
importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.
Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do Conv.
ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12
1.3.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, com a
inclusão do ICMS na própria base de cálculo, sem adição de MVA.
Fonte normativa: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv.
ICMS 110/07.
2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
2.1 - A base de cálculo da operação própria é o preço unitário praticado pelo
estabelecimento industrial refinador, com a inclusão do ICMS (cálculo por dentro).
Fonte normativa: Art. 56, inc. I , c/c o art. 52, do RICMS/97. Sem correspondência na
RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I e § 1º, inc. I, da Lei
nº 7.014/96.
2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de
importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto
de importação, com a inclusão do próprio ICMS.
Fonte normativa: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.
3 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO
3.1 - Saídas internas de óleos combustíveis, destinadas a termoelétricas, para a produção
de energia elétrica (contratação energia de reserva e de energia por disponibilidade, nos
termos da legislação federal).
3.2 – Percentuais de redução da base de cálculo:
3.2.1 - tratando-se de óleo combustível com baixo teor de enxofre, do tipo
OCB1 ou OC-CMB, destinado à usina vencedora de leilão de energia nova,
realizado pela ANEEL até 30 de junho de 2008, de tal forma que a
incidência do imposto resulte em uma carga tributária de 12% (doze por
cento);
3.2.2 - tratando-se de óleo combustível com baixo teor de enxofre, do tipo
5
OCB1 ou OC-CMB, ou com alto teor de enxofre, do tipo OCA1, desde que
na sua queima os níveis de emissão de poluentes não sejam superiores aos
previstos para o OCB1 na produção de energia, destinados à usina vencedora
de leilão de energia nova, realizado pela ANEEL no período de 01 de julho
de 2008 até 31 de dezembro de 2008, em 100% (cem por cento).
3.2.3 - A redução de base de cálculo alcança desde a saída promovida pela
refinaria, devendo a distribuidora, credenciada pela COPEC:
a) emitir nota fiscal de venda demonstrando que no preço praticado foi
descontado o valor do ICMS dispensado, e contendo a expressão:
“mercadoria destinada à termoelétrica nos termos do inciso XXXVII do
caput do art. 87 do RICMS”;
b) enviar à refinaria um relatório mensal onde constem os números das notas
fiscais, os destinatários e a quantidade de óleo vendido com redução da base
de cálculo;
3.4 - a refinaria deverá fornecer à distribuidora, com redução de base de
cálculo, a mesma quantidade de óleo combustível indicada no relatório
referido na alínea “b” do inciso I, consignando no corpo da nota fiscal a
expressão: “mercadoria destinada à termoelétrica nos termos do inciso
XXXVII do caput do art. 87 do RICMS/97 ou inciso XXX do caput do art.
268, do RICMS/12.
Fonte normativa: art. 87, inc. XXXVII, do RICMS/97. Art. 268, inc. XXX, do
RICMS/12.
4 – ISENÇÃO
São isentas as operações de saída de óleo combustível para abastecimento de
embarcações nacionais com destino ao exterior.
Fonte Normativa: Conv. ICMS 84/90, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.
ICMS 151/94. Art. 21, I, do RICMS/97 e art. 265, inc. XX, do RICMS/12.
5 – NÃO INCIDÊNCIA (EQUIPARAÇÃO À EXPORTAÇÃO)
Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de óleo combustível destinado a
abastecer embarcações de bandeira estrangeira, que estejam aportados em solo
brasileiro. Nessa operação não há incidência de ICMS, desde que sejam atendidas as
seguintes condições:
a) operação efetuada ao amparo de guia de exportação;
b) adquirente sediado no exterior;
c) pagamento em moeda estrangeira;
d) comprovação de embarque pela autoridade competente.
Fonte normativa: Conv. ICMS 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.
ICMS 124/93.
6
6 – ALÍQUOTAS
6.1 - Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de
importação do exterior.
6.2 - Alíquotas efetivas com a redução da base de cálculo: 12% ou 0%, nas remessas de
óleo combustível para termoelétricas para a produção de energia elétrica (vide item 3,
acima).
Fonte Normativa: Art. 50, inc. I, letras “a” e “c”, do RICMS/97. Sem correspondência
no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 15, inc. I, letras “a” e “c”,
da Lei nº 7.014/96.
OBSERVAÇÃO: não há tributação na unidade federada de origem, nas operações de
remessa interestadual de óleo combustível industrial ou marítimo, por se tratarem de
combustíveis derivados de petróleo.
Fonte normativa: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96).
7
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,
processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]
André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA
/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –
Rio de Janeiro: Interciência, 2012;
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,
especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e
Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:
http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).
5 - www.anp.gov.br
MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)
1 – INTRODUÇÃO
Lubrificantes derivados de petróleo –
NCM 2710.19.3
Lubrificantes não derivados de petróleo –
NCM 3403
Os óleos lubrificantes básicos (óleos básicos
minerais) são frações, compreendidas na
faixa do gasóleo, obtidas em condições
rigorosas de refinação do petróleo e sujeitas a
tratamentos específicos de modo a melhorar
a qualidade do produto final.
Os óleos básicos são utilizados na formulação dos mais diversos tipos de lubrificantes,
em mistura com diversos aditivos, entre eles: detergentes, dispersantes, inibidores de
corrosão, melhoradores de índice de viscosidade, abaixadores do ponto de fluidez,
antioxidantes, antiespumantes e antidesgaste.
Os lubrificantes acabados (óleos básicos + aditivos) são substâncias destinadas,
principalmente, a reduzir o atrito e, consequentemente, o desgaste de peças metálicas
pela formação de uma película sobre as superfícies em contato. Essa película auxilia
ainda no controle da temperatura e na vedação dos componentes dos mais diversos
típicos de máquinas.
Devido à infinidade de tipos de lubrificantes acabados, adequados a cada tipo de
lubrificação, e devido à impossibilidade das refinarias fabricarem cada tipo específico, a
solução encontrada foi a produção de óleos lubrificantes básicos, de diferentes faixas de
viscosidade. Esses cortes, quando combinados adequadamente entre si, e aditivados,
podem cobrir uma vasta gama de aplicações para os óleos lubrificantes acabados,
resolvendo dessa maneira o impasse criado.
2 - CLASSIFICAÇÃO
Conforme a base do petróleo que originou os óleos básicos, pode-se ter lubrificantes de
características parafínicas, naftênicas e mistos.
Petróleos de características aromáticas não são indicados para a produção de
lubrificantes, em face ao mau desempenho destes óleos.
Os óleos de origem naftênica possuem, como principais características, baixos pontos
de fluidez, baixos índices de viscosidade e um elevado poder de solvência. Essas
características permitem sua utilização na formulação de óleos de lavagem (“flushing”),
óleos para compressores frigoríficos e óleos para lubrificação em condições de baixas
temperaturas. Devido a ser um óleo relativamente barato, graças às qualidades nada
excepcionais que apresenta, é utilizado também quando há possibilidades da perda total
do lubrificante durante o processo de lubrificação (ausência de recirculação).
Os óleos de origem parafínica normalmente são de excelente qualidade. Possuem um
alto índice de viscosidade, embora tenham um alto ponto de fluidez e um baixo poder
de solvência, quando comparados com óleos naftênicos. São óleos indicados
principalmente para a formulação de lubrificantes para motores a combustão, óleos para
sistemas hidráulicos, para engrenagem, enfim, óleos para trabalhos em condições
severas (altas temperaturas e altas pressões).
Já o óleo lubrificante mineral de base misto é formulado para atender as características
de lubrificantes conforme necessidade e campo de aplicação: a maioria dos óleos
minerais é misturada com base naftêncio ou parafínico em quantidades variados.
Devido ao grande consumo de óleos automotivos, a estrutura brasileira de refino para a
produção de lubrificantes está baseada em óleos básicos parafínicos. Os óleos
naftênicos, de aplicações bastante restritas, são produzidos na unidade da Petrobras
Lubnor, no Estado do Ceará.
Na RLAM-Ba (Refinaria Ladulpho Alves) e na REDUC-RJ (Refinaria Duque de
Caxias) , segundo os esquemas de refino apresentado no livro FUNDAMENTOS DO
REFINO DO PETRÓLEO – TECNOLOGIA E ECONOMIA, citado na bibliografia,
temos em verdade duas refinarias: uma para aromáticos (destinados à indústria
petroquímica) e combustíveis e outra para lubrificantes e parafinas.
A REDUC-RJ possuiu o maior conjunto para a produção de lubrificantes do país, sendo
responsável por cerca de 80% da produção nacional. A REDUC usa como carga
principal para a produção de óleos básicos lubrificantes o petróleo árabe leve (óleo
predominantemente de base parafínica). O óleo extraído na Bahia é também rico em
hidrocarbonetos parafínicos, portanto, de boa qualidade para a produção de óleos
minerais básicos.
No caso de um motor automotivo são listados os seguintes fatores a serem observados
na formulação dos óleos minerais básicos:
a) temperatura: a temperatura do óleo na partida é baixa e ele deve escoar
perfeitamente para lubrificar todas as partes do motor. Em pleno funcionamento
a temperatura do óleo alcança valores elevados, com redução da viscosidade e
com riscos de romper a película de óleo. Para garantir a lubrificação nas
condições extremas (partida a frio e elevada temperatura em condições de
funcionamento), deve haver a mínima variação da viscosidade do óleo com a
temperatura;
b) regime de lubrificação (hidrodinâmica e limítrofe): na lubrificação
hidrodinâmica as superfícies são separadas por uma película de óleo (o atrito
decorrente é muito baixo). Na lubrificação limítrofe existe contato entre as
superfícies, pois a película do óleo não é suficiente para impedi-lo. Os aditivos
presentes no óleo lubrificante devem atuar no controle do desgaste.
c) meio ambiente – as atuais tecnologias de motores, que controlam as emissões
atmosféricas, levam a uma maior contaminação do lubrificante por fuligem e
produtos da combustão incompleta. Isso resulta no aumento da viscosidade do
óleo lubrificante, além da formação de depósitos por oxidação, que deve ser
controlado pelos aditivos dispersantes usados nas formulações. Também por
restrições ambientais existe uma tendência de aumento do intervalo de troca do
lubrificante, visando o descarte de óleos usados.
3 - REQUISITOS DE QUALIDADE
a) lubrificação: avaliada pela viscosidade adequada para reduzir o atrito e os
desgaste das partes metálicas. A variação da viscosidade com a temperatura deve
ser limitada.
b) escoamento a baixas temperaturas: avaliada pelo ponto de fluidez, que é a
temperatura mínima em que o óleo, submetido a um processo de resfriamento
ainda flui, sob ação da gravidade. Nos lubrificantes automotivos o ponto de
fluidez é significadamente reduzido em relação ao ponto de fluidez do óleo
básico (de -3 ºC até valores inferiores a -30 ºC) pelo uso de aditivos.
c) volatilidade adequada: avaliada pelo ponto de fulgor e pela perda por
evaporação, para reduzir o consumo e o espessamento do óleo.
d) estabilidade a elevadas temperaturas: para evitar o aumento da viscosidade do
óleo e a formação de depósito, são aplicados aos óleos básicos aditivos para
melhorar a estabilidade;
e) poder detergente dispersante: para manter todos os contaminantes presentes
no equipamento e que estão em contato com o óleo (água, fuligem, produtos de
desgaste etc.) dispersos. Esse requisito é típico de um óleo lubrificante de motor
e é atendido pelo pacote de aditivo detergente dispersante empregado;
f) capacidade de separar-se da água: avaliada pela demulsibilidade. Os óleos
para turbinas, hidráulicos e outros óleos industriais podem entrar em contato
com a água, e, nesse caso, uma rápida separação da água passa a ser um fator
preponderante para a sua aplicação.
4 - PRODUÇÃO
Os óleos básicos, para que tenham suas propriedades compatíveis com as de um
lubrificante acabado, devem ser submetidos a várias etapas de refino. Estes processos
são Destilação Atmosférica e a Vácuo, Desasfaltação, Desaromatização,
Desparafinação, e Hidroacabamento (vide o módulo I que trata dos processos de
refino do Petróleo).
a) Destilação a Vácuo: há o fracionamento dos óleos de acordo com a faixa de
viscosidade de cada tipo;
b) Desfaltação: aplicada apenas ao resíduo de vácuo, de onde se recuparam as
frações oleosas nele existentes e se removem as frações asfálticas;
c) Desaromatização: onde são removidos os componentes aromáticos que
contribuem para reduzir o índice de viscosidade do óleo.
d) Desparafinação: para remover os hidrocarbonetos normais parafínicos de
cadeias longas, que aumentam o ponto de fluidez do óleo.
e) Hidroacabamento: para remover contaminantes e estabilizar o óleo
lubrificante.
Uma outra rota de produção de óleo básicos é o hidrorefino. Conduz à produção de
óleos básicos com maior teor de hidrocarbonetos de cadeias saturadas, uma vez que
ocorre a transformação de moléculas aromáticas em saturadas e de n-parafinas em
parafinas ramificadas, na presença de hidrogênio e com o uso de catalisadores especiais,
temperatura, pressão e tempo adequados.
Processo GLT: Um dos focos atuais de desenvolvimento de produção de óleo básicos
está no processamento do gás natural utilizando-se o processo Fisher Tropsch. Essa rota
é chamada genericamente de GLT (Gas to Liquid), e os óleos básicos gerados,
chamados de FTBO (Fischer Tropsch Base Oils), são classificados no grupo de óleos
básicos com as seguintes características: estabilidade à oxidação, ponto de fluidez,
índice de viscosidade e volatilidade próximas aos básicos sintéticos do grupo IV
(polialfaolefinas).
As especificações dos diferentes tipos de óleos lubrificantes básicos oferecidos no
Brasil, de origem nacional ou importado, para comercialização em território nacional
são definidos na Portaria ANP nº 129, de 30/07/1999, publicado no D.O.U de
02/08/1999, republicada no D.O.U de 30/09/1999.
A Portaria ANP nº 130, de 30/09/1999, DOU de 02/08/1999, especifica, por sua vez, os
óleos lubrificantes básicos rerrefinados.
5 - ÓLEOS SINTÉTICOS
São, ao contrário dos óleos minerais, produzidos
artificialmente. Eles possuem, na maioria das vezes, um
bom comportamento de viscosidade-temperatura com
pouca tendência de coqueificação em temperaturas
elevadas, baixo ponto de solidificação em baixas
temperaturas, alta resistência contra temperatura e
influências químicas. Quando falamos em óleos
sintéticos temos de distinguir cinco tipos diferentes:
a) Hidrocarbonetos sintéticos
Entre os hidrocarbonetos sintéticos destacam-se hoje com maior importância de um lado
os polialfaoleofinas (PAO) e os óleos hidrocraqueados. Estes óleos são fabricados a
partir de óleos minerais, porém levam um processo de sintetização, o qual elimina os
radicais livres e impurezas, deixando-os assim mais estáveis à oxidação. Também
consegue-se através desde processo um comportamento excelente em relação a
viscosidade-temperatura. Estes hidrocarbonetos ¨semi-sintéticos¨ atingem IV (Índices de
Viscosidade) até 150.
b) Poliolésteres
Para a fabricação de lubrificantes especiais, fluidos de freios, óleos hidraúlicos e fluídos
de cortes poli-alquileno-glicois, miscível ou não miscível em água.
c) Diésteres
São ligações entre ácidos e álcoois através da perda de água. Certos grupos formam
óleos de éster que são usados para a lubrificação e, também, fabricação de graxas
lubrificantes. Os diésteres estão hoje aplicados em grande escala em todas as turbinas da
aviação civil por resistir melhor a altas e baixas temperaturas e rotações elevadíssimas.
Dos óleos sintéticos eles tem o maior consumo mundial.
d) Óleos de silicone
Os silicones destacam-se pela altíssima resistência contra temperaturas baixas, altas e
envelhecimento, como também pelo seu comportamento favorável quanto ao índice de
viscosidade. Para a produção de lubrificantes destacam-se os fenil-polisiloxanes e
methil-polisiloxanes. Grande importância tem os Fluorsilicones na elaboração de
lubrificantes resistentes a influência de produtos químicos, tais como solventes, ácidos
etc.
f) Poliésteres Perfluorados
Óleos de flúor e fluorclorocarbonos tem uma estabilidade extraordinária contra
influência química. Eles são quimicamente inertes, porém em temperaturas acima de
260°C eles tendem a craquear e liberar vapores tóxicos.
6 - ÓLEOS SEMI-SINTÉTICOS OU DE BASE SINTÉTICA
Empregam mistura em proporções variáveis de básicos minerais e sintéticos, buscando
reunir as melhores propriedades de cada tipo, associando a otimização de custo, uma
vez que as matérias-primas sintéticas possuem custo muito elevado.
7 – INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Óleo lubrificante sendo colocado num motor com o auxílio de um funil.
7.1 - Os óleos lubrificantes podem ser de origem animal ou
vegetal (óleos graxas), derivados de petróleo (óleos minerais)
ou produzidos em laboratório (óleos sintéticos), podendo
ainda ser constituído pela mistura de dois ou mais tipos (óleos
compostos ou semi- sintéticos). Neste trabalho destacamos os
óleos minerais (derivados de petróleo), os óleos sintéticos e os
semi-sintéticos.
7.2 - As principais características dos óleos lubrificantes são: a viscosidade, aferida pelo
índice de viscosidade (IV) e a densidade.
7.2.1 - A Viscosidade mede a dificuldade com que o óleo escorre (escoa); quanto mais
viscoso for um lubrificante (mais grosso), mais difícil de escorrer, portanto será maior a
sua capacidade de manter-se entre duas peças móveis fazendo a lubrificação das
mesmas. A viscosidade dos lubrificantes não é constante, ela varia com a temperatura.
Quando esta aumenta a viscosidade diminui e o óleo escoa com mais facilidade.
7.2.2. - O Índice de Viscosidade (IV) mede a variação da viscosidade com a
temperatura. Quanto maior o IV, menor será a variação de viscosidade do óleo
lubrificante, quando submetido a diferentes valores de temperatura.
7.2.3. - A Densidade indica a massa de um certo volume de óleo a uma certa
temperatura. É importante para indicar se houve contaminação ou deterioração de um
lubrificante.
7.3 - Aditivos: Para conferir, retirar ou melhorar certas propriedades especiais dos
lubrificantes, que não condizem com o desejado, especialmente quando o lubrificante é
submetido a condições severas de trabalho, são adicionados produtos químicos,
chamados aditivos. Os principais tipos de aditivos são: anti-corrosivos, anti-espumantes,
detergente-dispersante, melhoradores do Índice de Viscosidade, agentes de extrema
pressão, etc.
7.4 - Óleos para motores automotivos — classificações Para facilitar a escolha do lubrificante correto para veículos
automotivos várias são as classificações, sendo as principais
SAE e API.
7.4.1 - Classificação SAE: estabelecida pela Sociedade dos
Engenheiros Automotivos dos Estados Unidos, classifica os óleos lubrificantes pela sua
viscosidade, que é indicada por um número. Quanto maior este número, mais viscoso é
o lubrificante e são divididos em três categorias:
Óleos de verão: SAE 20, 30, 40, 50, 60;
Óleos de inverno: SAE 0W, 5W, 10W, 15W, 20W, 25W;
Óleos multiviscosos (inverno e verão): SAE 20W-40, 20W-50, 15W-50.
Observação: a letra "W" vem do inglês "winter", que significa inverno. Quanto maior o
número, maior a viscosidade, para o óleo suportar maiores temperaturas. Graus menores
suportam baixas temperaturas sem se solidificar ou prejudicar a bombeabilidade.
Um óleo do tipo monograu só pode ser classificado em um tipo escala. Já um óleo com
um índice de viscosidade maior pode ser enquadrado nas duas faixas de temperatura,
por apresentar menor variação de viscosidade em virtude da alteração da temperatura.
Desta forma, um óleo multigrau ou multiviscoso SAE 20W40 se comporta a baixa
temperatura como um óleo 20W reduzindo o desgaste na partida do motor ainda frio e
em alta temperatura se comporta como um óleo SAE 40, tendo uma ampla faixa de
utilização.
O lubrificante ideal é aquele que possui menor viscosidade a frio e maior viscosidade
quando submetido a elevadas temperaturas. Exemplo: o óleo lubrificante SAE 5W60 é
melhor que o óleo SAE 20W40, no que se refere ao quesito variação de viscosidade em
função da variação da temperatura.
7.4.2 - Classificação API: desenvolvida pelo Instituto Americano do Petróleo, também
dos Estados Unidos, baseia-se em níveis de desempenho dos óleos lubrificantes, isto é,
no tipo de serviço do qual a máquina estará sujeita. São classificados por duas letras, a
primeira indica o tipo de combustível do motor e a segunda o tipo de serviço.
Para motores de veículos leves (Ciclo Otto) o “S” de Service Station (Postos de Serviço,
Garagem) ou Spark (Faísca / Centelha), e a outra letra define o desempenho.
O óleo SJ é superior ao SH, isto é, o SJ passa em todos os testes que o óleo SH passa, e
em outros que o SH não passa. O Óleo SH por sua vez é superior ao SG, assim
sucessivamente.
O primeiro nível foi o API SA, obsoleto há muito tempo, consistindo em um óleo
mineral puro, sem qualquer aditivação.
No caso de motores a diesel, a classificação é API CI-4, CG-4, CF-4, CF, CE, etc. O
“C” de Commercial (Linha Comercial, Frotas), ou Compression (Compressão).
O API (Instituto Americano do Petóleo) classifica ainda óleos para motores dois tempos
e óleos para transmissão e engrenagens.
Os óleos lubrificantes para motores a gasolina 2 (dois) tempos, como os usados em
motoserras, abrangem 3 (três) níveis de desempenho: API TA, TB e TC.
O API estabelece estes parâmetros de desempenho, através de uma sequência de testes
complexos e específicos, de acordo com metodologias padronizadas pela ASTM
(American Society for Testing and Materials).
O API, por sua vez, não é o único orgão que homologa e testa lubrificantes, temos
também:
ACEA: Association of Constructors of European Automobiles;
ILSAC: International Lubricant Standardisation & Approval Committee;
Montadoras: os fabricantes de veículos e de motores também têm desenvolvido
testes e especificações próprias para lubrificantes. A avaliação de desempenho dos
lubrificantes é uma seqüência de testes de campo e em laboratórios de motores. A
seqüência de testes determina os padrões de condições que os componentes
internos do motor devem apresentar após rodar com o lubrificante em teste.
7.5 - Recomendação de substituição do óleo lubrificante
Como regra geral, óleos para carros do tipo mineral devem ser substituídos a cada
5.000km (uso urbano, misto e rodoviário). Se forem do tipo semi-sintético a cada
7.500Km (uso urbano), 8.500Km (uso misto) e 10.000Km (uso rodoviário) e sintéticos
a cada 7.500Km ou 10.000Km, de acordo com a recomendação do fabricante do veículo
(uso urbano, misto e rodoviário). A cada 6 meses, recomenda-se a troca de óleo, mesmo
não alcançando a quilometragem final anotada. Para não haver esquecimento, é
recomendável colar no pára-brisas, a etiqueta com a anotação da quilometragem no
momento da troca e a quilometragem final, e é interessante usar planilhas de controle ou
simplesmente um aviso no celular. Isso é importante para que o motor esteja sempre
trabalhando na temperatura e com a lubrificação adequada.
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DOS LUBRIFICANTES DERIVADOS DE
PETRÓLEO NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
Lubrificantes derivados de petróleo – NCM 2710.19.3
O grupo 2710, de acordo com a TIPI (Tabela de
Incidência do IPI), compreende os óleos de petróleo
ou de minerais betuminosos, exceto óleos brutos;
preparações não especificadas nem compreendidas
noutras posições, que contenham, como constituintes
básicos, 70% ou mais, em peso, de óleos de petróleo
ou de minerais betuminosos ou de resíduos de óleos.
O subgrupo 2710.19.3 abarca os óleos lubrificantes
derivados de petróleo, com ou sem aditivos.
1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.1. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS
São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, o estabelecimento
Distribuidor de Lubrificantes e o Importador.
Fonte Normativa: Art. 512-A, inc. I, letra “b”, item 2; inc. II; e, inc. III, “b” c/c § 1º, inc.
II, do RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna).
Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa
disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual).
1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das
contribuições do PIS/COFINS)
OPERAÇÕES: INTERNAS, IMPORTAÇÃO E INTERESTADUAIS QUE
DESTINEM O PRODUTO PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA ATÉ 30/04/2013
PERÍODO OP. INTERNA
/IMPORTAÇÃO
OP. INTERESTADUAL
1º/01/09 a 30/04/13* 30,00% 56,63%
*Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. V, letra “a”, itens 1 e 2 e Anexo I, do RICMS/12
(item 16.7).
OPERAÇÕES: INTERNAS, IMPORTAÇÃO E INTERESTADUAIS QUE
DESTINEM O PRODUTO PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA, A PARTIR DE
01/05/2013.
PERÍODO OP. INTERNA
/IMPORTAÇÃO
OP. INTERESTADUAL
1º/05/13 até hoje** 61,31% 94,35%
**Fonte Normativa: Ato Cotepe MVA 04/2013, que alterou o Ato Cotepe nº 21/08 e
Anexo I, do RICMS/12 (item 16.12 – com a redação dada pelo Dec. 14.450/13, efeitos a
partir de 01/05/2013).
1.3 – O Ato Cotepe MVA nº 21/08, com a redação dada pelo Ato Cotepe MVA nº
04/13, prevê a possibilidade de adoção de PMPF nas operações com lubrificantes
derivados de petróleo. Ainda não foi estabelecida valores de PMPF para fins de
substituição tributária. Prevalece, portanto, as margens de valor agregado (MVA’s).
1.4 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.4.1 - Operação promovida pelo distribuidor de lubrificantes: O valor da operação
acrescido de frete, seguro, tributos e outros encargos transferíveis iu cobrados ao
destinatário pelo substituto (Distribuidor) + MVA.
Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. V, letra “a”, do RICMS/97. Cláusula oitava do
Convênio ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.4.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do
documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de
cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,
inclusive ICMS - importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos
pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.
Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. V, letra “b”, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do
Conv. ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.4.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, sem
adição de MVA.
Fonte Normativa: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv.
ICMS 110/07.
2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
2.1 - A base de cálculo da operação própria é o preço unitário praticado pelo
estabelecimento distribuidor. Se a operação for praticado por estabelecimento fabricante
do lubrificante, deverá o ICMS ser incluído na sua própria base de cálculo.
Fonte Normativa: Art. 56, inc. I , c/c o art. 52, do RICMS/97. Sem correspondência na
RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I e § 1º, inc. I, da Lei
nº 7.014/96.
2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de
importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto
de importação, com a inclusão do próprio ICMS.
Fonte Normativa: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.
3 – ISENÇÃO
3.1 São isentas as operações de saída de óleos lubrificantes usados ou contaminados
para estabelecimento re-refinador ou coletor autorizado pela ANP – Agência Nacional
de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. O trânsito das mercadorias até o estabelecimento
re-refinador ou coletor autorizado, deverá ser efetuada com nota fiscal emitida pelo
destinatário, como operação de entrada, dispensando-se o estabelecimento remetente da
emissão de documento fiscal.
Fonte Normativa: Conv. ICMS 03/90, prorrogado até 31/12/14 pelo Conv. ICMS
101/12. Art. 21, inc. II, do RICMS/97 e art. 265, inc. XXIV, do RICMS/12.
3.2 - São isentas as operações de saída de óleo lubrificante derivado de petróleo para
abastecimento de aeronaves e embarcações nacionais com destino ao exterior.
Fonte Normativa: Conv. ICMS 84/90, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.
ICMS 151/94. Art. 21, I, do RICMS/97 e art. 265, inc. XX, do RICMS/12.
4 – NÃO INCIDÊNCIA (EQUIPARAÇÃO À EXPORTAÇÃO)
Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de lubrificantes derivados de
petróleo destinado a abastecer embarcações e aeronaves de bandeira estrangeira, que
estejam aportados em solo brasileiro. Nessa operação não há incidência de ICMS, desde
que sejam atendidas as seguintes condições:
a) operação efetuada ao amparo de guia de exportação;
b) adquirente sediado no exterior;
c) pagamento em moeda estrangeira;
d) comprovação de embarque pela autoridade competente.
Fonte normativa: Conv. ICMS 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.
ICMS 124/93.
5 – ALÍQUOTAS
5.1 - Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de
importação do exterior.
5.2 - Alíquota efetiva : 17% (dezessete por cento).
OBSERVAÇÃO: não há tributação na unidade federada de origem, nas operações de
remessa interestadual de óleo lubrificante derivado de petróleo.
Fonte normativa: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96).
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DOS LUBRIFICANTES NÃO DERIVADOS DE
PETRÓLEO NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)
ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº
14.812/13)
Lubrificantes não derivados de petróleo – NCM 3403
A NCM 3403, de acordo com a TIPI – Tabela de
Incidência do IPI, engloba as preparações
lubrificantes (incluindo os óleos de corte, as
preparações antiaderentes de porcas e parafusos,
as preparações antiferrugem ou anticorrosão e as
preparações para desmoldagem, à base de
lubrificantes) e preparações dos tipos utilizados
para lubrificar e amaciar matérias têxteis, para
untar couros, peles com pelo e outras matérias,
exceto as que contenham, como constituintes de
base, 70% ou mais, em peso, de óleos de petróleo ou de minerais betuminosos.
De acordo com esta classificação todos os lubrificantes sintéticos ou semi-sintéticos,
por exemplo, que contenham com constituinte de base menos de 70%, em peso, de óleo
de petróleo ou de minerais betuminosos, é considerado, para fins tributários, produto
não derivado de petróleo. Da mesma forma os óleos lubrificantes de origem vegetal ou
animal, desde que contenham, na sua formulação, menos de 70%, em peso, de óleo de
petróleo ou de minerais betuminosos.
1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.2. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS
São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, o estabelecimento
Distribuidor de Lubrificantes e o Importador.
Fonte Normativa: Art. 512-A, inc. I, letra “b”, item 2; inc. II; e, inc. III, “b” c/c § 1º, inc.
II, do RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna).
Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa
disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual).
1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das
contribuições do PIS/COFINS)
MVA’s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM
LUBRIFICANTES NÃO DERIVADOS DE PETRÓLEO PARA O TERRITÓRIO DO
ESTADO DA BAHIA, ATÉ 15/06/2012
PERÍODO OP.
INTERNA
OP.
INTERESTADUAL
OP. IMPORTAÇÃO
1º/01/09 a 30/04/13* ALIQ. 17% ALIQ.
7%
ALÍQ.
12%
30,00% 30,00% 30,00% 30,00%
*Fontes normativas: Art. 512-B, inc. VI, letras “a” e “b”, do RICMS/97 e o Anexo I,
RICMS/12 (item 16.8).
MVA’s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM
LUBRIFICANTES NÃO DERIVADOS DE PETRÓLEO DESTINADOS AO
TERRITÓRIO DA BAHIA, A PARTIR DE 01/05/2013
PERÍODO OP. INTERNA OP. INTERESTADUAIS
1º/05/13 até
hoje**
ALIQ. 17%
ALIQ. 7% ALÍQ. 12% ORIGINAD
O DE
IMPORTAÇ
AÕ 4%
61,31% 80,74% 71,03% 86,58%
**Fonte normativa: Ato Cotepe MVA 04/2013, que alterou o Ato Cotepe nº 21/08 e
Anexo I, do RICMS/12 (item 16.12 – com a redação dada pelo Dec. 14.450/13, efeitos a
partir de 01/05/2013)
1.3 – O Ato Cotepe MVA nº 21/08, com a redação dada pelo Ato Cotepe MVA nº
04/13, prevê a possibilidade de adoção de PMPF nas operações com lubrificantes não
derivados de petróleo. Ainda não foi estabelecida valores de PMPF para fins de
substituição tributária. Prevalece, portanto, as margens de valor agregado (MVA’s).
1.4 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
1.4.1 - Operação promovida pelo distribuidor de lubrificantes: O valor da operação
acrescido de frete, seguro, tributos e outros encargos transferíveis ou cobrados ao
destinatário pelo substituto (Distribuidor) + MVA.
Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. VI, letra “a”, do RICMS/97. Cláusula oitava do
Convênio ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.4.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do
documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de
cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,
inclusive ICMS - importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos
pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.
Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. VI, letra “b”, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do
Conv. ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.
1.4.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, sem
adição de MVA.
Fonte Normativa: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv.
ICMS 110/07.
2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
2.1 - A base de cálculo da operação própria é o preço unitário praticado pelo
estabelecimento distribuidor. Se a operação for realizada por estabelecimento fabricante
do lubrificante não derivado de petróleo, base de cálculo será o valor da operação.
Fonte Normativa: Art. 56, inc. I , do RICMS/97. Sem correspondência na RICMS/12.
Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I da Lei nº 7.014/96.
2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de
importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto
de importação, com a inclusão do próprio ICMS.
Fonte Normativa: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.
3 – ISENÇÃO
São isentas as operações de saída de óleo lubrificante não derivado de petróleo para
abastecimento de aeronaves e embarcações nacionais com destino ao exterior.
Fonte Normativa: Conv. ICMS 84/90, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.
ICMS 151/94. Art. 21, I, do RICMS/97 e art. 265, inc. XX, do RICMS/12.
4 – NÃO INCIDÊNCIA (EQUIPARAÇÃO À EXPORTAÇÃO)
Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de lubrificantes não derivados de
petróleo destinado a abastecer embarcações e aeronaves de bandeira estrangeira, que
estejam aportados em solo brasileiro. Nessa operação não há incidência de ICMS, desde
que sejam atendidas as seguintes condições:
a) operação efetuada ao amparo de guia de exportação;
b) adquirente sediado no exterior;
c) pagamento em moeda estrangeira;
d) comprovação de embarque pela autoridade competente.
Fonte normativa: Conv. ICM 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.
ICMS 124/93.
5 – ALÍQUOTAS
5.1 Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de
importação do exterior. Alíquota interna efetiva: 17% (dezessete por cento).
5.2 - Alíquota de 12% (doze por cento) nas remessas para fora do Estado, com origem
no território da Bahia;
5.3 – Alíquota de 7% (sete por cento), nas operações originárias do Sul e Sudeste,
exceto ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia;
5.4 – Alíquota de 12% (doze por cento), nas operações originárias do Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, inclusive ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia.
5.5 – Alíquota de 4% nas remessas interestaduais de óleos lubrificantes não derivados
de petróleo quando o produto tiver origem em operação de importação.
Fonte Normativa: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº
7.014/96). Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de
2013.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,
processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]
André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA
/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –
Rio de Janeiro: Interciência, 2012;
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,
especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e
Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:
http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).
5 – www.anp.gov.br
6 - http://www.lubrificantes.net/
7 - http://www.rodotransporte.com.br.