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Prezados Colegas, Depois de muito estudo em pesquisa da legislação, conseguimos concluir o Manual Eletrônico sobre a legislação que envolve operações com derivados de petróleo e combustíveis. Foi um longo percurso que envolveu horas de trabalho para consolidar a matéria, que encontrava-se dispersa em diversos diplomas legais. Parabenizo toda a equipe da COPEC pelo resultado obtido, em especial ao colega Tolstoi Seara Nolasco, que capitaneou a elaboração deste Manual. Trata-se de uma legislação complexa que envolve diversas formas de tributação e o objetivo que buscamos foi disponibilizar o conhecimento para todos os colegas interessados na matéria, em especial a DITRI e o CONSEF. Manteremos atualizada as informações sempre que ocorrerem as alterações na legislação. Qualquer dúvida, a equipe da COPEC está às ordens. OLAVO JOSÉ GOUVEIA OLIVA COORDENADOR DA COPEC

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Prezados Colegas,

Depois de muito estudo em pesquisa da legislação, conseguimos concluir o Manual Eletrônico

sobre a legislação que envolve operações com derivados de petróleo e combustíveis.

Foi um longo percurso que envolveu horas de trabalho para consolidar a matéria, que

encontrava-se dispersa em diversos diplomas legais.

Parabenizo toda a equipe da COPEC pelo resultado obtido, em especial ao colega Tolstoi Seara

Nolasco, que capitaneou a elaboração deste Manual.

Trata-se de uma legislação complexa que envolve diversas formas de tributação e o objetivo que

buscamos foi disponibilizar o conhecimento para todos os colegas interessados na matéria, em

especial a DITRI e o CONSEF.

Manteremos atualizada as informações sempre que ocorrerem as alterações na legislação.

Qualquer dúvida, a equipe da COPEC está às ordens.

OLAVO JOSÉ GOUVEIA OLIVA

COORDENADOR DA COPEC

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APRESENTAÇÃO DO MANUAL DE TRIBUTAÇÃO - ICMS: PETRÓLEO, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

Este trabalho é resultado de intensa pesquisa em livros especializados no refino e

processamento de petróleo, gás natural e produção de derivados, conjugado com dados

históricos e estatísticos do segmento de combustíveis - Brasil e resto do mundo,

extraídos de sites das internet e de revistas especializadas.

O Manual está estruturado em 10 módulos, abarcando 15 produtos a seguir listados:

MÓDULO I - petróleo; MÓDULO II - gás natural; MÓDULO III - gás liquefeito derivado

de petróleo (GLP) e gás liquefeito derivado de gás natural (GLGN); MÓDULO IV -

nafta petroquímica; MÓDULO V - gasolina automotiva e gasolina de aviação;

MÓDULO VI - etanol hidratado combustível (AEHC), etanol anidro combustível

(AEAC) e etanol de uso não automotivo; MÓDULO VII - óleo diesel e biodiesel;

MÓDULO VII - querosene de aviação (QAV); MÓDULO IX - óleo combustível; MÓDULO

X - óleos lubrificantes derivados e não derivados de petróleo.

Em todos os módulos é apresentada uma breve exposição técnica de cada produto

seguida das regras de tributação do ICMS mais importantes vigentes no ordenamento

jurídico-tributário da Bahia, nos últimos cinco anos (2009 – 2013).

Os módulos I e II, que tratam respectivamente do petróleo e do gás natural, são os mais

extensos e a base para a compreensão dos demais. Constituem as principais matérias-

primas a partir dos quais são produzidos os derivados: combustíveis, produtos

petroquímicos e lubrificantes.

Em relação aos produtos não derivados de petróleo o manual tratou, de forma mais

detalhada, os biocombustíveis: álcool etanol e biodiesel.

Ao longo da elaboração dos módulos que compõem o presente Manual o trabalho foi

submetido e amplamente discutido com a equipe de auditores fiscais da Coordenação de

Fiscalização de Petróleo e Combustível (COPEC) da Secretaria da Fazenda.

Esperamos que este trabalho possa ser útil a todos que fizerem uso dele, em especial, os

colegas da Secretaria da Fazenda da Bahia das áreas de tributação, fiscalização e

contencioso administrativo.

Imprescindível que a leitura do manual seja complementada com a consulta à legislação

tributária do ICMS citada ao longo do seu texto (convênios, protocolos, regulamentos,

leis e demais normas integrantes do sistema).

Os eventuais erros ou omissões são de inteira responsabilidade do autor.

Salvador/Bahia, dezembro de 2013.

Tolstoi Seara Nolasco

Auditor Fiscal

SAT/COPEC/GEFIS

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MANUAL DE TRIBUTAÇÃO - ICMS: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

Introdução

1 - COMPOSIÇÃO DO PETRÓLEO

O petróleo, em estado natural, é uma

mistura de hidrocarbonetos que são

compostos formados por átomos de

carbono e hidrogênio. Além dos

hidrocarbonetos, o petróleo contém,

em proporções bem menores,

compostos oxigenados, nitrogenados,

sulfurados e metais pesados,

conhecidos como “contaminantes”.

A caracterização mais sumária do óleo

bruto pode ser dada pela equação:

ÓLEO BRUTO = MISTURA DE

HIDROCARBONETOS +

IMPUREZAS (CONTAMINANTES)

Composição básica do petróleo bruto:

a) Carbono: 84%;

b) Hidrogênio: 14%;

c) Enxofre: de 1 a 3% (sulfeto de hidrogênio, sulfetos, dissulfetos, enxofre elementar);

d) Nitrogênio: menos de 1% (compostos básicos com grupos amina);

e) Oxigênio: menos de 1% (encontrado em compostos orgânicos como dióxido de

carbono, fenóis, cetonas e ácidos carboxílicos);

f) Metais: menos de 1% (níquel, ferro, vanádio, cobre, arsênio);

g) Sais: menos de 1% (cloreto de sódio, cloreto de magnésio, cloreto de cálcio).

1.1 – OS HIDROCARBONETOS

Os átomos de carbono podem estar conectados por ligações simples, duplas ou triplas e os

arranjos moleculares são os mais diversos: estruturas lineares, ramificadas ou cíclicas;

saturadas ou insaturadas; alifáticas ou aromáticas.

As principais classes de hidrocarbonetos no petróleo são as seguintes:

a) Parafínicos Normais (alcanos) – ex.: metano (CH4), etano (C2H6), butano (C4H10);

b) Parafínicos Ramificados (isoalcanos) – ex. isobutano, isopentano;

Page 4: Manual Combust Ive Is

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c) Parafínicos Cíclicos (cicloalcanos ou naftênicos) – ex.: ciclopentano, ciclohexano;

d) Aromáticos - ex: benzeno, tolueno, xilenos, naftaleno;

e) Olefinas – ex.: eteno, propeno, buteno, isobutenos.

Os principais constituintes do petróleo cru são os hidrocarbonetos saturados (parafinas,

isoparafinas e naftenos), os hidrocarbonetos aromáticos, as resinas e os asfaltenos. Nos óleos

são encontradas parafinas normais (não ramificadas) com 1 a 45 átomos de carbono. As

parafinas normais (cadeias de carbono sem ramificação) representam entre 15 a 20% do óleo. A

depender do óleo podem variar de 3 a 35%. As parafinas são menos reativas do que os outros

hidrocarbonetos.

As isoparafinas (alcanos ramificados) são importantes na formulação das misturas que

compõem a gasolina, óleo diesel, querosene e lubrificantes.

Os cicloalcanos ou hidrocarbonetos naftênicos apresentam estrutura de cadeia fechada, com

ligações saturadas (simples), e podem aparecer no óleo cru, de forma condensada ou associada a

cadeias de hidrocarbonetos saturados (parafinas ou isoparafinas), ou mesmo, a cadeias de

hidrocarbonetos aromáticos. Em vários tipos de petróleo são encontrados hidrocarbonetos

naftênicos com 1, 2 ou 3 ramificações parafínicas como constituintes principais. Pode-se

encontram ainda compostos naftênicos formados por dois ou mais anéis conjugados ou isolados.

São importantes na composição das misturas de derivados, a exemplo da gasolina, óleo diesel,

querosene e lubrificantes.

Os hidrocarbonetos aromáticos são aqueles que contêm um ou mais anéis benzênicos, com ou

sem ramificações laterais. Seu teor no petróleo pode variar muito, sendo cerca de 20% na nafta e

entre 20 a 50% no querosene. Pode atingir valores bastantes elevados nas frações mais pesadas.

Recebem as denominações de mono, di, tri ou poliaromáticos, dependendo do número de anéis

benzênicos (ou aromáticos) em sua estrutura. Os derivados intermediários de petróleo

(querosene e gasóleo) contêm compostos aromáticos com ramificações na forma de cadeias

parafínicas, a exemplo do metil-tolueno. Podem ser encontrados ainda compostos mistos, que

apresentam núcleos aromáticos e naftênicos, a exemplo do cicloexilbenzeno.

As olefinas, por sua vez, possuem uma ou mais ligações duplas entre átomos de carbono, o que

lhe confere alta instabilidade, pois são hidrocarbonetos mais reativos. Aparecem, com mais

frequência nos derivados e em alguns deles é comum se encontrarem duas duplas ligações,

quando então são designados diolefinas ou dienos. Sua origem vem dos processos físico-

químicos realizados durante o refino, como o craqueamento (quebra de moléculas maiores para

a formação de compostos com moléculas menores). Possuem características e propriedades

diferentes dos hidrocarbonetos saturados (alcanos). Os hidrocarbonetos insaturados com ligação

tripla são chamados de alcinos e não são comuns no petróleo.

Quanto maior o número de carbonos na cadeia, maior será a temperatura de ebulição.

C1 – C4: hidrocarbonetos gasosos – ex.: metano; etano, propano, butano.

C5 – C17: hidrocarbonetos líquidos – ex.: pentano, hexano, heptano, octano etc.;

> C18: hidrocarbonetos. – ex.: n-tricontano (composto com 30 átomos de carbono)

Os cortes de petróleo referentes à nafta apresentam uma pequena proporção de compostos

aromáticos de baixo peso molecular (benzeno, tolueno e xileno).

Dependendo da proporção dos vários tipos de hidrocarbonetos na sua composição, o óleo se

mostra mais adequado para a produção de um ou outro derivado (produto final do uma

refinaria). Por exemplo: a Refinaria REDUC (localizada no município de Duque de Caxias-RJ),

que produz lubrificantes para todo o mercado nacional, importa o petróleo Árabe Leve, que é

um óleo de base parafínica.

Page 5: Manual Combust Ive Is

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1.3 - OS NÃO HIDROCARBONETOS

Além dos hidrocarbonetos o petróleo contém os chamados não hidrocarbonetos, que abrangem:

- substâncias constituídas predominantemente de carbono e hidrogênio, mas que contêm

heteroátomos em suas estruturas. Estas são consideradas contaminantes, em vista dos

efeitos indesejáveis que podem causar: exemplo - emissão de poluentes; redução de

desempenho dos derivados; corrosão nas unidades de processo de refino;

- frações denominadas de asfaltenos e resinas, constituídas de agregados moleculares de

elevada massa molecular, alta complexidade estrutural e teores elevados de heteroátomos

(enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais). Essas frações são os principais constituintes do

asfalto e dos óleos combustíveis pesados.

- contaminantes inorgânicos – água, sais, sulfeto de hidrogênio (H2S). Embora a água e

os sais não sejam componentes intrínsecos do petróleo, sempre o acompanham no

processo de produção.

1.4 - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTAMINANTES

Os chamados “contaminantes” são impurezas dissolvidas no óleo (ou parte integrante do

mesmo), sendo formado por compostos com a presença enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais.

O enxofre (S) é o contaminante de maior predominância no óleo (3º elemento mais abundante),

variando entre 0,5% e 4,0% em massa. Ocorre na forma de mercaptans, sulfetos, polissulfetos,

ácido sulfídrico (H2S), enxofre elementar (muito raro) entre outros compostos.

Os contaminantes sulfurados causam problemas no manuseio (redução de eficiência dos

catalisadores nas refinarias), transporte (corrosão de oleodutos e gasodutos) e no uso dos

derivados (causam poluição ambiental – emissão de gases SOX - óxidos de enxofre), e,

determinam cor e cheiro de produtos finais.

De acordo com o teor de enxofre o óleo é classificado em:

a) óleos doces: apresentam baixo teor de enxofre (menos de 1,0% de sua massa);

b) óleos meio ácidos ou azedos: teor de enxofre entre 1 e 2,5%;

c) óleos ácidos ou azedos: apresentam elevado teor de enxofre (acima de 2,5% de sua

massa).

Os compostos sulfurados se concentram nas frações mais pesadas do petróleo.

Contaminantes nitrogenados - Os óleos têm teor médio de 0,17%, em base mássica, de

compostos nitrogenados (que contêm Nitrogênio - N). Consideram-se como altos os teores

acima de 0,25% em peso. Os compostos nitrogenados se apresentam em sua totalidade na forma

orgânica (piridinas, quinilinas, pirróis, compostos policíclicos etc.). São responsáveis pelo

“envenenamento” dos catalisadores nos processos de refino. Aumentam a capacidade de o óleo

reter água em emulsão. Tornam instáveis os produtos do refino, formando gomas e alterando a

sua coloração. São responsáveis também pela emissão de gases poluentes – NOX. (óxidos de

nitrogênio).

Contaminantes oxigenados - Os compostos oxigenados aparecem na forma complexa, como

ácidos carboxílicos, ácidos naftênicos, fenóis, cresóis, ésteres, aminas, cetonas e

benzofuranos. Tendem também a se concentrar nas frações mais pesadas do petróleo, afetando

a acidez, o odor e a corrosividade dessas frações. Participam em menos de 1% em massa do

peso do óleo bruto.

Contaminantes metálicos - Os compostos metálicos se apresentam sob duas formas básicas:

como compostos organometálicos (integrantes da composição do óleo) ou como sais

inorgânicos de Na (sódio), Ca (cálcio), Mg (magnésio). Estes últimos não fazem parte do

Page 6: Manual Combust Ive Is

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petróleo, mas encontram-se dissolvidos ou dispersos na água emulsionada (água misturada ao

óleo). Os sais são facilmente removidos no processo de dessalgação, a que o óleo é submetido

antes de entrar nas torres de destilação.

A presença de metais (compostos organometálicos) é, em geral, maior nos petróleos com

maiores teores de asfaltenos. Os metais que usualmente contaminam o óleo são: Fe, Zn, Cu,

PB, Mo, As, Mn, Cr, Ni e V. Os dois últimos de maior incidência – os teores de níquel e

vanádio variam no petróleo entre 1mg/kg e 150 mg/kg e entre 1 mg/1.200 mg/kg,

respectivamente, sendo usuais os valores médios de 18 mg/kg para o níquel e de 63 mg/kg para

o vanádio. São responsáveis pelo “envenenamento” dos catalisadores e o vanádio além de

atacar os tubos dos fornos, catalisa a formação de H2SO4 (ácido sulfúrico) em meio aquoso.

1.5 - OUTROS CONTAMINANTES INORGÂNICOS

O petróleo cru, na fase de extração do poço produtor, apresenta também outras impurezas

(águas, argilas, areias, sedimentos), que acompanham o cru nas suas jazidas. Esses

contaminantes externos demandam um processo de separação primário do óleo cru, antes de sua

chegada à refinaria.

2 – ORIGEM DO PETRÓLEO

A origem do petróleo está ligada à decomposição dos

seres que compõem o plâncton – organismos em

suspensão encontrados nas águas doces e salgadas,

tais como: protozoários, celenterados e outros. A

decomposição é causada pela pouca oxigenação e

pela ação de bactérias.

Após a sua decomposição, ao longo de milhões de

anos, esses seres foram se acumulando no fundo de

mares e lagos, sucessivamente pressionados pelos

movimentos da crosta terrestre até se transformarem

nesta substância oleosa que é petróleo.

O petróleo, por sua vez, não permanece na rocha em que foi gerado, mas desloca-se da rocha

matriz até encontrar um terreno apropriado para se concentrar. Estes terrenos são denominados

bacias sedimentares e são formados por camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou

calcários. O petróleo aloja-se ali, ocupando os poros rochosos na forma de “lagos”, as

conhecidas jazidas petrolíferas. Nesse local é encontrado o gás natural, na parte mais alta,

petróleo e água nas partes mais baixas.

Após a extração do petróleo bruto faz-se necessária à separação da água, óleo, gás e sólidos,

processo que ocorre em estações ou na própria unidade de produção. Em seguida ocorre o

processamento e refino da mistura de hidrocarbonetos com vistas à obtenção dos componentes

que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como, combustíveis, lubrificantes,

plásticos, fertilizantes, medicamentos, tintas e tecidos.

3 - CLASSIFICAÇÃO DO PETRÓLEO E SUAS APLICAÇÕES:

a) Petróleos parafínicos: boa qualidade na produção de querosene, óleo diesel e

lubrificantes. Má qualidade para a produção de gasolina.

b) Petróleos aromáticos: boa qualidade na produção de gasolina e solventes. Má

qualidade para a produção de querosene e óleo diesel.

Page 7: Manual Combust Ive Is

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c) Petróleos naftênicos: boa qualidade na produção de gasolina, lubrificantes e asfalto.

Má qualidade para a produção de querosene e óleo diesel.

Petróleo por origem

a) Petróleo baiano – base parafínica;

b) Petróleo árabe – base mista (mistura de hidrocarbonetos parafínicos e naftênicos, com

propriedades intermediárias);

c) Petróleo californiano – base naftênico;

d) Petróleo japonês – base aromática.

4 - REFINO DO PETRÓLEO

4.1 - INTRODUÇÃO - O petróleo, no estado

em que é extraído do solo, tem pouquíssimas

aplicações. Para o aproveitamento energético e

não energético adequado do petróleo deve-se

submetê-lo a processos de separação,

conversão e tratamentos.

Uma refinaria de petróleo pode destinar-se a

dois objetivos básicos:

- produção de combustíveis e

matérias-primas petroquímicas;

- produção de lubrificantes básicos e

parafinas.

O primeiro objetivo constitui a maioria dos casos, vez que a demanda de combustíveis é

muitíssimo maior que a de outros produtos, a exemplo de GLP, gasolina, diesel, querosene, óleo

combustível, entre outros. Todas as refinarias brasileiras encontram-se neste grupo.

O segundo objetivo, constitui-se num grupo minoritário, e visa maximizar a produção de frações

básicas de lubrificantes e parafinas. Estes produtos têm valores agregados cerca de duas a três

vezes maiores que os combustíveis, e conferem alta rentabilidade aos refinadores. No Brasil não

há nenhuma refinaria dedicada exclusivamente à produção de lubrificantes e parafinas. No

entanto, existem conjuntos dentro das refinarias brasileiras que funcionam dedicadas a produzir

esses produtos. É o caso da REDUC-RJ (Refinaria Duque de Caxias), RLAM-BA (Refinaria

Landulpho Alves – Mataripe) e LUBNOR-CE (Lubrificantes Nordeste).

As técnicas de refino mais utilizadas para obtenção dos derivados de petróleo são: a destilação

atmosférica; a destilação a vácuo; o craqueamento térmico; a alquilação; e, o

craqueamento catalítico.

Nas refinarias, o petróleo é submetido a diversos processos pelos quais se obtém grande

diversidade de derivados: GLP – Gás Liquefeito de Petróleo (gás de cozinha); nafta

petroquímica, gasolina, solventes, óleo diesel, querosene de aviação, óleo combustível,

lubrificantes e asfalto.

4.2 - TIPOS DE PROCESSOS DESENVOLVIDOS EM UMA REFINARIA

Os processos em uma Refinaria podem ser classificados em quatro grandes grupos:

a) processos de separação;

b) processos de conversão;

c) processos de tratamento;

d) processos auxiliares

Page 8: Manual Combust Ive Is

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Passaremos a analisar a seguir cada um desses processos.

4.3 - PROCESSOS DE SEPARAÇÃO: têm por objetivo fracionar o petróleo ou outra corrente

intermediária empregando um processo físico de separação (temperatura, pressão e

solubilidade), escolhido de acordo com as propriedades da corrente que se deseja fracionar. A

propriedade mais comumente utilizada é a diferença nos ponto de ebulição dos componentes da

carga ou a diferença de solubilidade desses componentes em um solvente.

Não há reações químicas nesses processos. Todas as moléculas presentes na corrente de carga

da unidade estão presentes no somatório das correntes de saídas, sendo teoricamente possível

reconstituir a carga a partir dos produtos.

TIPOS DE PROCESSOS DE SEPARAÇÃO:

Destilação: é o processo básico de separação do petróleo. As frações presentes no petróleo são

separadas com base na diferença de suas temperaturas de ebulição. As operações de destilação

são realizadas em equipamentos específicos, designados por torres (ou colunas) de destilação.

Comumente, há dois tipos principais de unidades de destilação nas refinarias de petróleo.

Unidade de destilação atmosférica: fraciona o petróleo em correntes de GLP,

naftas, querosene, gasóleos atmosféricos e resíduo atmosférico (RAT). Estas

correntes, na maior das vezes, necessitam passar por processos adicionais de

tratamento e estabilização antes de serem enviadas aos tanques de

armazenamento.

Unidade de destilação a vácuo: fraciona a corrente menos volátil. Tem como

carga o RAT (Resíduo Atmosférico). Produz gasóleos de vácuo e o resíduo de

vácuo (RV).

Os agentes responsáveis pelas operações de destilação são físicos, por ação de energia (na forma

de modificações de temperatura e/ou pressão).

As primeiras refinarias construídas no mundo eram na verdade destilarias, porque as diferentes

propriedades do petróleo não eram conhecidas.

A destilação pode ser feita em várias etapas e em diferentes níveis de pressão, conforme o

objetivo que se deseje.

O petróleo cru, antes de ingressar na torre destilação atmosférica é pré-aquecido e passa por um

processo de dessalinização para a remoção de sais, água e suspensões de partículas sólidas. A

destilação atmosférica ocorre a uma temperatura máxima de 400 ºC para evitar a formação

indesejável de produtos de craqueamento térmico (quebra de moléculas constituintes do

petróleo cru).

Em condições de pressão próxima à atmosférica, obtém-se óleo diesel, querosene e nafta pesada

como produtos laterais de uma torre de destilação. Nafta leve e GLP são produtos de topo.

Como produto de fundo, obtém o resíduo atmosférico (RAT), que serve de carga para o

processo de destilação a vácuo, de onde se podem extrair frações importantes.

a) destilação;

b) desfaltação

c) extração de aromáticos;

d) desparafinação

e) adsorção de n-parafinas

Page 9: Manual Combust Ive Is

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O RAT é um corte de alto peso molecular, que é usado como corrente de alimentação da seção

de destilação a vácuo, em que se trabalha a pressões subatmosféricas com o objetivo de gerar

óleos lubrificantes básicos e gasóleos para carga da unidade de craqueamento catalítico

(processo de conversão que será tratado abaixo, no item 4.5.4).

O produto de fundo da destilação a vácuo é composto de hidrocarbonetos de elevado peso

molecular e impurezas, podendo ser comercializado como óleo combustível ou asfalto.

Fluxograma simplificado dos processos destilação atmosférica e a vácuo que compõem o

esquema de refino do petróleo

Pe Petróleo Tratado

0

Torre de Destilação Atmosférica

Gás Combustível GLP Naftas Querosene Gasóleos Atmosféricos

RAT

Processos adicionais de tratamento e estabilização. Misturas (Blends) com outras correntes RAT – Resíduo Atmosférico

Tanques de

Armazenamento de combustíveis

Torre de Destilação a Vácuo

Petróleo Cru Tratado

Gasóleos de Vácuo: leve e pesado Resíduo de Vácuo

Petróleo Cru Tratado

Óleo + Pesado

Correntes de outros processos: desfaltação, UFCC (craqueamento catalítico), Hidrocraqueamento etc.

Óleo

Combustível

Asfalto

Corrente do processo da

Unidade de coqueamento

retardado (UCR)

Page 10: Manual Combust Ive Is

8

Outra representação ilustrativa do refino do petróleo via processo de destilação

atmosférica (destilação fracionada)

No esquema acima, o petróleo cru (ou bruto) entra em uma fornalha (caldeira), onde é aquecido.

A seguir passa para a torre de destilação à pressão atmosférica, onde são separadas as várias

frações (gases, nafta, gasolina, querosene, gasóleo ou diesel, óleo lubrificante, gasóleo pesado).

O resíduo da torre de destilação atmosférica (o RAT) é reaquecido e vai para uma segunda torre

de destilação a vácuo (destilação a pressão reduzida), de onde saem vários óleos lubrificantes

(frações mais pesadas) e o resíduo final, que é o asfalto (betume).

Representação ilustrativa do processo de refino por destilação a vácuo

No esquema acima os produtos resultantes da destilação a vácuo são o gasóleo leve de vácuo

(GLO), o gasóleo pesado de vácuo (GPO) e o resíduo de vácuo (RV). Em regra o GLO (gasóleo

leve) segue para hidrotratamento (para compor os pool’s de diesel e gasolina).

Page 11: Manual Combust Ive Is

9

O GPO (gasóleo pesado) segue para hidrotratamento, hidrocraqueamento ou para craqueamento

catalítico (processos de conversão).

O Resíduo de Vácuo (RV) é destinado para as unidades de viscorredução, de coqueamento, de

produção de betume ou para o pool de escuros da refinaria (óleo combustível, por exemplo).

4.4 - OUTROS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO IMPORTANTES (ESQUEMAS

SIMPLIFICADOS)

4.4. 1 - Processo de Desfaltação a solvente

O objetivo desse processo é recuperar do RV (Resíduo de Vácuo) uma fração mais leve e com

menor teor de contaminantes – o óleo desfaltado (ODES). Neste processo é gerado também o

resíduo asfáltico (asfalto).

A desfaltação é um processo baseado na diferença de solubilidade entre as frações ODES e

Resíduo Asfáltico. Utiliza como solvente principalmente o propano líquido a alta pressão como

agente de extração. São usados também o butano e o pentano.

O ODES pode ser carga da unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) ou do

hidrocraqueamento [que são processos de conversão], elevando a geração de combustíveis.

Pode ser também carga da unidade de lubrificantes, dando origem aos óleos básicos

lubrificantes, elevando assim a rentabilidade do refino.

O Resíduo Asfáltico (RASF) pode ser usado na formulação de cimento asfáltico de petróleo

(CAP) ou diluído com correntes mais leves para compor o óleo combustível.

Esquema representativo do processo de desfaltação que usa o propano com solvente.

4.4.2 - Processo de extração de aromáticos (desaromatização)

Este processo tem duas aplicações principais:

- A recuperação dos compostos aromáticos de uma corrente de nafta proveniente de uma

unidade de reforma catalítica (URC), rica em hidrocarbonetos aromáticos leves, ou seja,

benzeno, tolueno e xilenos (BTXs), os quais são importantes matérias-primas para

indústria de segunda geração petroquímica, podendo atingir preços de mercado superiores

Page 12: Manual Combust Ive Is

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ao da nafta. A corrente desaromatizada, após remoção do solvente, pode ser

comercializado como nafta petroquímica; utilizada na formulação de gasolina; ou ainda

fracionada para a produção de solventes parafínicos (ex. o n-hexano).

- A remoção de aromáticos das frações lubrificantes (desaromatização), com o objetivo de

aumentar o índice de viscosidade do produto. Neste caso o produto principal do processo

é o óleo desaromatizado, sujeito ainda a posterior processamento. O subproduto é o

extrato aromático, um material viscoso, que pode ser usado como óleo extensor de

borracha sintética, ser adicionado ao óleo combustível ou ainda ser componente da carga

da unidade de coqueamento retardado (processo de conversão).

Neste processo são utilizados solventes. Na extração de aromáticos da nafta de reforma

catalítica (processo de conversão), os solventes mais utilizados são o tetraetilenoglicol, a n-

metilpirrolidona (NMP), o sulfonale ou a n-formilmorfolina (NMF). No processo de

desaromatização se emprega como solvente o furfural, a n-metilpirrolidona (NMP) ou o fenol,

esse último em desuso.

Esquema representando o processo de Desaromatização para a produção de óleos lubrificantes

Esquema representando o processo de recuperação de aromáticos visando à produção de

aromáticos leves (Benzeno, Tolueno e Xileno - BTX), destinados à indústria petroquímica.

Page 13: Manual Combust Ive Is

11

4.4.3 - Processo de desparafinação

Este processo visa à produção de óleos básicos lubrificantes via redução do teor de

hidrocarbonetos parafínicos de cadeia linear (n-parafinas), ou pouco ramificada e de alta mossa

molar. Conferem ao óleo lubrificante ponto de fluidez. A remoção é feita com o uso de

solventes a baixas temperaturas. O solvente mais utilizado, em nível mundial, é constituído de

uma mistura de metiletilcetona (MEC) e tolueno. No Brasil atualmente é utilizado um solvente

puro, metilisobutilcetona (MIBC).

O processo produz as seguintes correntes: o óleo desparafinado e a parafina oleosa.

O óleo desparafinado passa por um processo de recuperação do solvente e é enviado ao

processo de hidrotratamento. A parafina oleosa pode ter dois destinos:

- sofrer posterior processamento, com o propósito de produzir parafinas comerciais;

- ser adicionado ao gasóleo que será processado no craqueamento catalítico ou no

hidrocraqueamento (processos de conversão)

Esquema representando a desparafinação que tem como carga o Óleo Desaromatizado – integrante da Unidade de produção de lubrificantes. 4.4.4 - Processo de desoleificação

Este processo é empregado para a purificação da parafina oleosa. Consiste na remoção de:

- compostos parafínicos com pontos de fusão entre -3ºC e 30ºC, os quais não se

enquadram nem como óleo lubrificante nem como parafina dura;

- fração oleosa ocluída nos cristais de parafina.

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Esse processo é realizado a temperaturas positivas (em torno de 20ºC), visando especificar a

parafina quanto ao ponto de fusão, penetração e teor de óleo.

Os produtos obtidos na desoleificação são:

- a parafina dura, que, depois dessa operação, é processada na unidade de

hidrotratamento, onde, por fim, é especificada nos requisitos de cor e teores de

contaminantes, principalmente de compostos aromáticos (as parafinas duras são

utilizadas, por exemplo, na produção de velas);

- a parafina mole, produto mais nobre, que por se tratar de um gasóleo, normalmente é

enviada à unidade de craqueamento catalítico depois da remoção do solvente (MIBC).

Esta pode ainda ser aproveitada para a produção de óleos, geleias, vaselinas e outros

produtos farmacêuticos.

Esquema representando o processo de desoleificação a MIBC, que tem como carga a parafina

oleosa.

4.4.5 - Processo de adsorção de n-parafinas

É um processo de separação que visa, principalmente, a remoção de hidrocarbonetos parafínicos

lineares contidos na fração de querosene obtido na destilação. Tais hidrocarbonetos embora

configurem excelente qualidade ao querosene de iluminação, são prejudiciais ao querosene de

aviação, por elevarem seu ponto de congelamento, quando presentes em teores elevados.

O processo de baseia na adsorção das cadeias lineares presentes no querosene através de sua

passagem em fase gasosa por um leito de peneira molecular que captura as n-parafinas,

permitindo a passagens dos demais compostos presentes no querosene. Os hidrocarbonetos

adsorvidos são removidos do leito com auxílio de um diluente e passam pelas seguintes etapas:

Page 15: Manual Combust Ive Is

13

separação do diluente, hidrotratamento (para redução dos teores de aromáticos e de enxofre) e

fracionamento em uma coluna de destilação para a obtenção da fração de interesse.

As n-parafinas removidas são valiosas matérias-primas para a indústria petroquímica,

especificadamente para a produção de detergentes biodegradáveis.

As n-parafinas são hidrocarbonetos de 10 a 13 átomos de carbono que entram na fabricação do

produto conhecido como LAB (linear alquibenzeno), que é intermediário petroquímico básico

para a produção do LAS (linear alquibenzenossulfonado), o precursor do tensoativo mais

utilizado na formulação de detergentes (o LASNa - linear alquibenzenossulfonado de sódio).

* Fluxograma representando o processo de adsorção de n-parafinas.

Frações de querosene de destilação

*Processo de

Adsorção de n-parafinas

Querosene de aviação

de melhor qualidade

n-parafinas

Matéria-prima da

indústria de

detergentes

biodegradáveis

Page 16: Manual Combust Ive Is

14

4.5 - PROCESSOS DE CONVERSÃO NO REFINO DE PETRÓLEO

Esse grupo de processos se distingue dos processos físicos de

separação por temperatura, pressão e solubilidade, por promoverem

reações químicas com o objetivo de obter misturas de

hidrocarbonetos de possuam maior interesse econômico. As reações

químicas são promovidas mediante ação conjugada da temperatura e

da pressão, na presença do meio reacional conveniente. Em muitos

casos são empregados catalisadores específicos para cada tipo de

reação, que são substâncias que possuem ação determinante no

aumento da velocidade com que as reações ocorrem. Os processos

que fazem uso dos catalisadores são conhecidos como processos

catalíticos, em oposição aos não catalíticos ou térmicos, nos quais as

reações ocorrem sob efeito apenas das condições adequadas de

temperatura, pressão e tempo de reação.

Através do processo de craqueamento (cracking, em inglês), as frações mais pesadas (moléculas

maiores) do petróleo são transformadas (quebradas) em frações mais leves (moléculas menores),

por aquecimento (craqueamento térmico) e por aquecimento e catalisadores (craqueamento

catalítico).

O craqueamento é um processo complexo. A quebra de um alcano de molécula grande produz

vários compostos de moléculas menores – alcanos “leves” e “médios”, alcenos, inclusive

carbono e hidrogênio – que são separados posteriormente. Desse processo se originam inúmeros

produtos que servem como matéria-prima para outras indústrias. Por exemplo: com o C2H4

(eteno) é fabricado o polietileno, um dos plásticos mais usados no mundo.

Outro processo de refino aplicado sobre as frações mais pesadas do petróleo, originárias da

destilação atmosférica e da destilação a vácuo, é a reforma catalítica (reforming, em inglês).

Através da reforma catalítica (aquecimento das frações mais pesadas com catalisadores

apropriados), há a transformação de hidrocarbonetos de cadeia normal em hidrocarbonetos

ramificados, cíclicos e aromáticos, contendo em geral o mesmo número de átomos de carbono.

Esse processo é muito importante para melhorar, por exemplo, a qualidade da gasolina

automotiva, pois os hidrocarbonetos ramificados, cíclicos e aromáticos melhoram a desempenho

dessa fração do petróleo nos motores ciclo Otto (motores à gasolina e etanol).

Nos processos de craqueamento as reações podem produzir moléculas menores quando ocorre

quebra das moléculas da carga: este é o objetivo dos processos de coqueamento retardado e do

craqueamento catalítico fluido (FCC).

Pode ser, porém, que o interesse seja de criar moléculas maiores a partir da combinação de

moléculas menores, como é o caso da alquilação catalítica.

Além desses dois casos podem também ocorrer mudanças no arranjo interno da molécula, sem

quebra ou aumento da cadeia carbônica, como nas reações de isomerização.

Os processos de conversão são, geralmente, de elevada rentabilidade, principalmente quando

transformam frações de baixo valor comercial (gasóleos de vácuo e resíduos), em outras de

maior valor (GLP, naftas, querosene, óleo diesel, lubrificantes ou petroquímicos básicos). São

classificados como “processos de fundo de barril”, porque permitem maior aproveitamento do

petróleo, com mínima produção de óleo combustível e asfalto. Apesar da implantação de

unidades de conversão exigir investimentos elevados, o tempo de retorno do capital investido

nos processos de conversão é baixo comparativamente aos processos de separação física.

Page 17: Manual Combust Ive Is

15

Esquema representando os processos de conversão Térmicos e Catalíticos. Passaremos a analisar cada um dos principais processos de conversão nas linhas abaixo.

PROCESSOS TÉRMICOS DE CONVERSÃO

4.5.1 - Craqueamento térmico

É o mais antigo dos processos de conversão. Seu aparecimento data do início século XX quando

a indústria automobilística viveu a sua primeira fase de crescimento, tendo uma importância

relevante na produção de gasolina até o início dos anos de 1950, quando entrou em

obsolescência em virtude da substituição pelo processo de craqueamento catalítico fluido

(FCC). Esse processo tem por finalidade quebrar moléculas presentes no gasóleo de vácuo ou

no resíduo atmosférico por meio de elevadas temperaturas (até 500ºC) e pressões de 1,5 Mpa

(Megapascal) a 2,0 Mpa, visando produzir frações combustíveis líquidas, principalmente GLP,

gasolina e diesel. Gera os seguintes subprodutos: gás combustível e óleo residual, utilizado

como óleo combustível. Ocorre também a formação de coque (produto sólido de cor negra e

forma aproximadamente granular – que é composto essencialmente de carbono sólido com

teores variáveis de impurezas).

Uma variante desse processo de operação ainda hoje viável é o processo de craqueamento

térmico brando (CTB) cujo objetivo é maximizar diesel, em vez de gasolina e GLP. A formação

de coque é reduzida, possibilitando maiores ganhos.

Esquema representando o processo de craqueamento térmico

Page 18: Manual Combust Ive Is

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4.5.2 - Viscorredução

Este processo tem por objetivo reduzir, através da ação térmica, a viscosidade de um resíduo

que será usado como óleo combustível, por meio da quebra de suas moléculas mais pesadas,

tornando desnecessária a adição de frações intermediárias para a redução da viscosidade.

As condições operacionais são brandas em relação às do craqueamento térmico convencional,

para evitar a formação excessiva de coque.

Ocorre formação de uma quantidade de hidrocarbonetos na faixa do diesel e do gasóleo que, não

sendo removidos, entrem como diluentes do resíduo processado, reduzindo sua viscosidade. Gás

combustível, GLP e nafta também são produzidos, porém em menor escala.

Trata-se também de um processo obsoleto, em função do alto custo operacional e baixa

rentabilidade.

Esquema representando a viscorredução, que hoje se encontra obsoleto.

4.5.3 - Coqueamento retardado (UCR)

A unidade de coqueamento retardado (UCR) tem como carga principal um resíduo,

normalmente de vácuo que, submetido à alta temperatura (485ºC) por um pequeno intervalo de

tempo, é craqueado, ou seja, sofre uma intensa quebra de moléculas de alta massa molecular,

produzindo gases (GLP e gás de refinaria), naftas, gasóleos e coque. O objetivo da unidade

UCR é converter resíduos de petróleo em unidades de maior valor agregado.

As principais vantagens desse processo são:

- aumento da conversão de petróleos pesados, agregando valor a petróleos nacionais;

- aumento da produção de óleo diesel;

Page 19: Manual Combust Ive Is

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- consumo do resíduo de vácuo, base para a formulação do óleo combustível, cuja

demanda tende a se reduzir cada vez mais;

- aumento da margem de refino das refinarias;

- tecnologia em constante evolução, desde 1920.

O coque de petróleo é um produto que passou a ser do maior interesse, a dependendo de sua

qualidade, associada ao teor de asfaltenos e aromáticos da carga, a exemplo do coque agulha.

Esse produto encontra aplicação como combustível (na indústria de cimento e na indústria

siderúrgica), e como matéria-prima para a obtenção de eletrodos.

A crise do petróleo na década de 1970 trouxe uma crescente importância para esse processo,

uma vez que ele transforma uma fração de baixo valor agregado, o resíduo de vácuo (RV), em

outras, de maiores valores comerciais, como o GLP, a nafta e o óleo diesel.

Existem hoje várias unidades de coqueamento retardado (UCR) de médio e grande portes

instaladas nas refinarias brasileiras.

O projeto de uma unidade de coqueamento pode visar à produção máxima de determinado corte,

segundo a aplicação correta de níveis de pressão, temperatura e reciclos.

Esquema representando uma unidade de coqueamento retardado (UCR)

PROCESSOS DE CONVERSÃO CATALÍTICOS

4.5.4 - Craqueamento catalítico em leito fluidizado (FCC – Fluid Catalystic Cracking)

O FCC é considerado primordialmente um processo de quebra molecular, tendo como principal

carga gasóleos produzidos na unidade de destilação a vácuo. Pode-se ainda usar como carga

adicional o óleo desfaltado. Por meio de severas condições de temperatura, em presença de

catalisador, as moléculas da carga são descompostas em outras mais simples, produzindo gás

combustível, GLP, nafta, gasóleo leve e óleo decantado (fração residual). As reações geram

também coque, que se deposita no catalisador, e é queimado na etapa de regeneração do mesmo.

Page 20: Manual Combust Ive Is

18

O catalisador empregado nesse processo é constituído por um pó fino de alta área superficial, à

base de sílica (SiO2) e alumina (Al2O3).

Há projetos que contemplam a utilização do RAT (resíduo atmosférico) como carga, desde que

a carga combinada atenda aos limites do projeto da unidade quanto ao teor de asfaltenos e de

metais.

O desenvolvimento do FCC de seu um pouco antes da 2ª Guerra Mundial, devido à grande

necessidade dos aliados de suprir suas tropas com gasolina e produtos petroquímicos.

O FCC tem alto rendimento em GLP e gasolina, de melhor qualidade (alta octanagem), obtida

na faixa de 50% a 60% em volume da carga processada.

Apesar do alto investimento de instalação requerido, o FCC é extremamente atrativo, em face

do alto rendimento em frações leves, de alto valor comercial. Além disso, o tempo de retorno do

empreendimento é muito baixo.

Esquema representando o processo geral de tratamento catalítico, onde se destaca a produção de

GLP e Nafta de Craqueamento, destinada ao pool de gasolina. Há também produção de diesel (óleo

leve/LCO).

4.5.5 - Hidrocraqueamento catalítico (HCC - Hydrocatalytic Cracking)

O HCC é um processo que consiste na quebra de moléculas existentes na carga, em presença de

hidrogênio, por ação conjugada do catalisador, em altas temperaturas e pressões. Ao mesmo

tempo em que ocorrem quebras, acontecem reações de hidrogenação das moléculas.

Page 21: Manual Combust Ive Is

19

A presença do hidrogênio tem a finalidade de reduzir a deposição de coque sobre o catalisador,

hidrogenar os compostos aromáticos polinucleados, facilitando a sua decomposição e

hidrogenar olefinas e diolefinas que se formam no processo de craqueamento, aumentando a

estabilidade dos produtos finais.

As severas condições possibilitam também a hidrogenação dos compostos dos compostos de

enxofre e nitrogênio, os eliminado dos produtos finais.

O HCC é um processo que concorre com o FCC pela carga do gasóleo de vácuo. Sua grande

vantagem é a versatilidade do processo que permite operar com cargas que variam desde naftas

até gasóleos pesados, maximizando a fração que se deseja (nafta petroquímica, QAV –

querosene de aviação, óleo diesel, gasolina ou lubrificantes).

O processo tem alto rendimento na produção de gasolina de boa octanagem e óleo diesel.

Ocorre também a produção de uma quantidade volumosa da fração GLP. Além disso, o HCC

complementa o FCC, com a conversão de cargas que não podem ser tratadas neste processo

(resíduos de vácuo, gasóleos de reciclo, extratos aromáticos, dentre outras).

A grande desvantagem do processo consiste nas elevadas pressões e temperaturas reacionais que

obrigam a ter equipamentos de grande porte, com metalurgia dispendiosa. Também há a

necessidade de implantação, em paralelo, de uma unidade de geração de hidrogênio, capaz de

suprir as reações de hidrocraqueamento (processo intensivo em consumo de hidrogênio) e de

recuperação de enxofre. A unidade de HCC demanda um elevado investimento.

Os catalisadores empregados em HCC: óxido de níquel-molibdênio (NiO-MoO) ou óxidos de

níquel-tungstênio (NiO-WO3), sobre um suporte de sílica-alumina (SiO2-Al2O3).

Os processos são semelhantes entre si e podem funcionar segundo a natureza da carga e o

objetivo da produção. Pode-se trabalhar visando à maximização de cortes de GLP, gasolina,

querosene de jato ou diesel.

Esquema representando o processo de hidrocraqueamento catalítico (HCC), em duas etapas.

Como variante do processo de HCC temos o processo de Hidrocraqueamento Catalítico

Brando (MHC – Mild Hydrocatalytic Cracking), que opera em condições bem mais suaves,

principalmente em relação à pressão.

Page 22: Manual Combust Ive Is

20

O processo é vantajoso por permitir a produção de grandes volumes de óleo diesel sem gerar

grandes quantidades de gasolina, a partir de uma carga de gasóleo convencional. É um processo

também de elevado investimento, sendo um pouco mais barato que o HCC.

4.5.6 - Alquilação ou alcoilação catalítica

É um processo que se baseia na junção de duas moléculas leves para a formação de uma terceira

de maior cadeia. Na indústria do petróleo essa rota é usada desde 1932 para a produção de

gasolina de elevado número de octano, a partir de componentes presentes no GLP. O tipo de

catalisador utilizado depende da tecnologia empregada, e os mais utilizados são os catalisadores

de caráter ácido, como o ácido fluorídrico (HF) ou o ácido sulfúrico (H2SO4).

O processo envolve a utilização de uma isoparafina, geralmente o isobutano, presente no GLP,

combinado a olefinas, tais como o propeno, os butenos e os pentenos.

O produto principal (alquilado) é encaminhado para a formulação de gasolina de aviação ou da

gasolina automotiva de elevado número de octano. A unidade também produz em menor

quantidade, nafta pesada, propano e n-butano de alta pureza, que podem ser vendidos

separadamente para usos especiais ou incorporados ao GLP. No que se refere à produção de

gasolina de elevado número de octano, pode-se dizer que este é um processo largamente

utilizado em países cuja demanda por gasolina é elevada e, onde se tem disponibilidade de GLP,

matéria-prima essencial do processo.

Permite a síntese de compostos intermediários de grande importância petroquímica, como o etil-

benzeno (para a produção de poliestireno), o isopropil-benzeno (para produzir fenol e acetona) e

o dodecil-benzeno (matéria-prima de detergentes).

Esquema representando o processo de alquilação catalítica

4.5.7 - Reforma ou reformação catalítica

O processo tem por objetivo transformar uma nafta rica em hidrocarbonetos parafínicos ou

naftênicos em outra, rica em hidrocarbonetos aromáticos (nafta de reforma). O processo foi

desenvolvido em 1940 e emprega alta temperatura (em torno de 500ºC), pressões que variam

Page 23: Manual Combust Ive Is

21

dependendo da tecnologia empregada e um catalisador à base de metais nobres (ex. platina,

rênio, ródio ou germânico).

O processo pode ter dois objetivos: a produção de gasolina de elevado número de octano ou a

produção de hidrocarbonetos aromáticos leves (benzeno, tolueno e xilenos).

O principal produto do processo é a nafta rica em hidrocarbonetos aromáticos (nafta reformada),

mas o processo gera também em menores quantidades, gás combustível, GLP, coque e uma

corrente rica em hidrogênio (insumo para as unidades de hidrotratamento).

No cenário atual existe uma crescente necessidade de melhoria da gasolina, em termos de

redução do teor de enxofre e de olefinas. As naftas disponíveis para a formulação de gasolinas

com baixos teores desses componentes são:

- as naftas destiladas, dessulfurizadas, de baixo número de octano e baixo teor de

olefinas;

- a nafta oriunda da UFCC (nafta craqueada), que passa por um processo de

hidrodessulfurização seletiva, de forma a ter baixo teor de enxofre e elevado número de

octano (alto teor de olefinas);

- a nafta produzida na unidade de coqueamento retardado (nafta de coqueamento) que

depois de hidrotratada possui baixo teores de enxofre e olefinas e baixo número de

octano.

É nesse cenário que se justifica o investimento em unidades de reforma catalítica, pois a nafta

reformada, de alto número de octano, permite que a refinaria formule gasolina com baixo teores

de enxofre e de olefinas, mantendo-se o número de octano requerido para os motores do ciclo

Otto (motores a gasolina e etanol).

Esquema representando o processo de reforma catalítica

5 - PROCESSOS DE TRATAMENTO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO

INTRODUÇÃO - Esses processos são utilizados para melhorar a qualidade dos derivados. São

conhecidos também como processos de acabamento. Assim como os processos de conversão,

Page 24: Manual Combust Ive Is

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eles são de natureza química, embora seus objetivos não sejam provocar profundas

modificações nas frações, mas sim eliminar os contaminantes presentes e estabilizar

quimicamente o produto acabado.

As quantidades e os tipos de impurezas existentes nos produtos são bastantes variáveis,

diferindo conforme o tipo de petróleo e o processo que os produziu. Pode-se se afirmar que a

quantidade de impurezas é significadamente maior nas frações mais pesadas do petróleo,

dificultando a sua remoção.

Para as frações mais leves são empregados processos de tratamento chamados de convencionais

que não requerem condições operacionais severas e são relativamente simples em termos de

equipamentos e de operação. Esses processos são usados principalmente para a redução do teor

de enxofre dessas frações e a consequente eliminação da corrosividade. Nessa categoria estão os

processos de tratamento com aminas e os tratamentos cáusticos, quando aplicados ao gás

combustível e ao GLP.

Para a adequação das frações leves e médias (naftas, querosene e diesel) ou pesadas (gasóleos,

lubrificantes, resíduos) os tratamentos convencionais mostram-se ineficazes para a remoção dos

contaminantes. É necessário lançar mão dos processos de hidrotratamento ou de

hidroacabamento, de maior eficiência, mas que operam em condições mais severas de

temperatura e pressão, apresentando custos operacionais mais elevados e necessitando de

maiores investimentos. Em função das exigências ambientais, que implicam em expressiva

redução dos contaminantes nos derivados, esses processos tornam-se imprescindíveis ao refino

moderno.

5.1 - TRATAMENTOS CONVENCIONAIS

5.1.1 - Tratamento com aminas

É um processo específico de remoção de H2S (gás sulfídrico) de frações leves do petróleo, como

o gás combustível e o GLP. Desenvolvido em 1930 é ainda largamente utilizado hoje.

Dependendo da amina é também removido o CO2 que eventualmente esteja presente na corrente

gasosa. As aminas de maior utilização são a monoetanolamina (MEA), a dietanolamina (DEA) e

a metildietanolamina (MDEA).

A grande vantagem desse processo consiste na capacidade de regenerar a amina e o produto

dessa regeneração é uma corrente de gás ácido, rica em H2S, aproveitada para a produção de

enxofre em uma unidade de recuperação de enxofre (URE).

A presença desse tipo de tratamento é obrigatório junto às unidades de FCC, coqueamento

retardado e hidroprocessamento, onde são geradas correntes gasosas com elevadas

concentrações de H2S, sendo imperiosa a sua redução.

Esquema representando o tratamento DEA de uma corrente de GLP ácido

Page 25: Manual Combust Ive Is

23

5.1.2 - Tratamento cáustico

O objetivo desse tratamento é a eliminação de compostos ácidos de enxofre, tais como o H2S e

os mercaptanos (RSH) de baixa massa molecular, presentes principalmente no gás combustível

e no GLP, utilizando uma solução aquosa de soda cáustica (NaOH). Compostos sulfurados

diferentes desses mencionados não podem ser removidos por esta rota.

Uma das desvantagens do processo é o elevado consumo de soda cáustica, que mesmo sendo

um insumo de baixo custo, a depender do teor de contaminantes e da vazão da carga processada,

pode se constituir num fator de elevado custo operacional. Por isso é utilizado apenas para as

frações leves pouco contaminadas ou como pré-tratamento de outros processos.

Para reduzir o consumo de soda e a geração de soda gasta, o tratamento cáustico regenerativo é

usado quando o teor de mercaptanos na carga é elevado. Nessa versão do tratamento, aplicado

ao GLP, à nafta e ao querosene, os mercaptanos (RSH) são transformados em dissulfetos,

regenerando a soda cáustica, que, então, é reutilizada no tratamento. O tratamento cáustico

regenerativo é também conhecido como tratamento MEROX. Utiliza um catalisador

organometálico (ftalcianina de cobalto) em leito fixo ou dissolvido na solução cáustica, de

forma a extrair as mercaptanas dos derivados e oxidá-las a dissulfetos.

Esquema representando o Tratamento Cáustico Regenerativo (Tratamento MEROX) a correntes

de GLP e Nafta

5.2 - PROCESSOS DE HIDROTRATAMENTO (HDT)

Além da redução do teor de enxofre, o hidrotratamento (HDT) pode ser utilizado para a redução

de hidrocarbonetos olefínicos (estabilização) e aromáticos (aumento do número de cetano no

óleo diesel) e para a redução de outros contaminantes como o nitrogênio, o oxigênio e os

metais, dependendo do tipo de carga e do objetivo do tratamento.

O processo foi desenvolvido na década de 1920, na Alemanha, mas sua viabilidade industrial

para tratamento de derivados de petróleo se tornou mais expressiva a partir de 1950, com a

disponibilidade de hidrogênio, subproduto da reforma catalítica.

O uso intensivo de processos de hidrotratamento foi impulsionado nos últimos anos devido a

três fatores:

Page 26: Manual Combust Ive Is

24

- primeiro fator, a pressão da sociedade para a melhoria da qualidade do ar, exigindo

derivados, principalmente gasolina e óleo diesel, com menores teores de enxofre, para

menor emissão de poluentes (SOX);

- segundo fator, a constatação da descoberta de petróleos cada vez mais pesados, com

teores mais elevados de contaminantes, que estão sendo processados nas refinarias

mundiais;

- terceiro fator, é o custo da geração do hidrogênio que se tornou menor nos dias de hoje

devido à maior escala das atuais plantas de geração de hidrogênio e ao uso do gás natural

como matéria-prima, em substituição à nafta.

O processo de HDT abaixo é descrito para óleos lubrificantes básicos, mas pode ser aplicado

aos demais derivados do petróleo, desde a nafta até as frações residuais.

Os catalisadores empregados no processo de HDT possuem alta atividade e vida útil, sendo

baseados principalmente em óxidos ou sulfetos de Ni, Co, Mo, W ou Fe. O suporte do

catalisador, geralmente a alumina, não deve apresentar característica ácida, a fim de se evitarem

as indesejáveis reações de craqueamento.

Esquema representando um processo de hidrotratamento de óleo desparafinado, gerando corrente de óleo

hidrotratado que se destinará a produção de óleos lubrificantes básicos.

6 - PROCESSOS AUXILIARES

São os que se destinam a fornecer insumos à

operação de outros processos, ou aqueles cujo

objetivo e o de tratar correntes efluentes das

operações industriais. Abaixo faremos um

descritivo desses processos de forma resumida.

6.1 - Processo de geração de hidrogênio

Processo que tem se tornado cada vez mais

presente nas refinarias na medida em que tem

crescido a importância das unidades de HDT

Page 27: Manual Combust Ive Is

25

(hidrotratamento). Sua missão e suprir de hidrogênio essas unidades, complementando o

hidrogênio gerado pela reforma catalítica. O processo mais usual consiste na reação química de

hidrocarbonetos com vapor d’água (processo denominado como reforma a vapor). Essa

reação ocorre à elevada temperatura (+ de 800ºC), com auxílio de catalisadores a base de níquel.

As correntes de hidrocarbonetos mais utilizadas são: gás natural, gás combustível, GLP ou nafta

(hidrocarbonetos leves), sendo preferível o gás natural por sua maior disponibilidade.

6.2 - Processo de recuperação de enxofre

O objetivo da unidade de recuperação de enxofre (URE) é produzir enxofre na sua forma

elementar (S), a partir de uma corrente de gás rica em gás sulfídrico (H2S). O processo consiste

na oxidação parcial do gás sulfídrico com o ar, gerando enxofre e água. A reação é feita em duas

etapas: uma térmica (temperatura maior que 1000 ºC) e outra catalítica (temperatura menor que

300 ºC). O gás ácido é oriundo de diversas fontes:

- gás combustível e GLP oriundos do craqueamento catalítico e do coqueamento

retardado, que possuem altos teores de H2S, o qual é removido pelo tratamento com

aminas, gerando gás ácido;

- as demais frações de petróleo, ao passarem pelo HDT (hidrotratamento), geram gás de

refinaria (por craqueamento), e também H2S, que depois de tratado com aminas, gera gás

ácido;

- a unidade de tratamento de águas ácidas gera como subproduto o gás ácido, neste caso

contaminado com amônia.

6.3 Unidade de águas ácidas

Numa refinaria de petróleo a água (na forma líquida ou a vapor) é muito utilizada para

purificação de alguma corrente e resfriamento. A água em contado com o petróleo, derivados e

seus contaminantes fica “poluída”, gerando as águas ácidas.

São exemplos de unidades geradoras águas ácidas: a destilação, o hidrotratamento, o FCC

(craqueamento catalítico em leito fluidizado) e o coqueamento retardado.

Nas unidades de águas ácidas faz-se a retificação da água com o uso de vapor d’água em

diferentes níveis de pressão, produzindo duas correntes gasosas: uma rica em amônia, que deve

ser queimada em um incinerador de amônia; outra rica em H2S, que contém contaminação

também de amônia (até 10% em volume), que é encaminhada diretamente à unidade de

recuperação de enxofre (URE). A água tratada pode ser reutilizada em novos processos.

7 – BREVE HISTÓRIA DO PETRÓLEO

Desde a antiguidade o petróleo já era

conhecido pelo homem. Mas a sua

exploração comercial e refino se tornou

comercialmente relevante no séc. XIX,

primeiramente com a produção de

querosene, em substituição ao óleo de

baleia, utilizado na iluminação e depois,

com o advento dos motores de combustão

interna (motores ciclo Otto), o produto

derivado de maior relevância passou a ser a

gasolina.

Page 28: Manual Combust Ive Is

26

Ao se produzir querosene e gasolina, descobriu-se utilidade também para as frações mais

pesadas do petróleo, então residual, como combustível para as caldeiras das indústrias e óleo de

combustão para embarcações. Assim surgiu o uso comercial do óleo combustível.

O óleo diesel só veio a encontrar mercado consumidor, a partir de 1919, com aperfeiçoamento,

nos Estados Unidos, dos motores que operavam no ciclo Diesel, inventado na Alemanha.

Em 1939, Hans von Ohain desenvolveu na Alemanha a primeira turbina de aviação que usava

gasolina como combustível. Todavia, em 1941, em vista da escassez desse derivado, em função

da 2ª guerra mundial, o inglês Frank Whittle, desenvolveu uma turbina de aviação que utilizava

querosene como combustível. Nasceu assim o querosene de aviação, que posteriormente sofreu

algumas alterações para atender às rígidas especificações de segurança de vôo.

No Brasil os primeiros automóveis chegaram logo no início do séc. XX e a distribuição de

derivados teve início em 1912, através de empresas multinacionais (Standart Oil, futura Esso,

seguida da Shell, Texaco e Atlantic).

Na década de 1930 a indústria de petróleo no Brasil passou por vários avanços: formulação de

lubrificantes pela Esso (1930); fundação da Companhia Brasileira de Petróleo (1931); início da

operação Destilaria RioGrandense (1934) e de sua sucessora a Refinaria Ipiranga (1937); a

partida da refinaria Matarazzo em São Caetano do Sul-SP (1936); a criação do Conselho

nacional de Petróleo – CNP (1938). Na década de 1940, duas pequenas unidades em Aratu e

Candeias produziam gasolina, óleo diesel e querosene de iluminação, a partir de petróleo

produzidos na Bahia. Em 1945 e 1946, respectivamente, foram dadas concessões para a

construção de suas refinarias, no Rio de Janeiro: Refinaria de Manguinhos e outra em Capuava-

SP (Refinaria União). Durante a gestão do CNP, iniciou a construção da refinaria de Mataripe,

que entrou em operação em 1950. Em 1952, foi concedida a licença para a construção de uma

refinaria em Manaus-AM.

Porém, foi na década de 1950, que a indústria de refino no Brasil experimentou maior impulso

com os seguintes eventos:

- ampliação da refinaria de Mataripe;

- construção da primeira refinaria de grande porte em Cubatão, que entrou em operação

em 1955;

- estabelecimento do monopólio da União Federal sobre as atividades integrantes da

indústria do petróleo, em 3 de outubro de 1953, sancionado pela Lei Federal nº 2.004,

com a previsão de criação de uma empresa estatal para a execução desse monopólio;

- nascimento da empresa Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, em 1954, que ao ser

constituída, recebeu do CNP os campos de petróleo do recôncavo baiano, as refinarias de

Mataripe-Ba e Cubatão-SP, a Frota Nacional de Petroleiros. E os bens da

Superintendência de Industrialização do Xisto.

Desde 1980, com o crescimento do mercado, o aumento das exigências em relação à qualidade

dos produtos e as descobertas de petróleos nacionais, as refinarias sofreram ampliações de

capacidade e cresceram em complexidade.

As grandes alterações pelas quais passou o setor energético nacional, a partir da década de 1980,

foram as seguintes:

- o petróleo e seus derivados representam atualmente no Brasil a maior fonte primária de

energia, em torno de 50,6%;

- os petróleos importados foram sendo substituídos por petróleo nacionais, tendo o Brasil

atingindo a autossuficiência na produção em 2005;

Page 29: Manual Combust Ive Is

27

- no setor de transportes brasileiro, o óleo diesel se fixou como o principal combustível,

em função da maior participação do modal rodoviário, com redução, em termos

comparativos da gasolina, que passou a ser substituída parcialmente por combustíveis

alternativos (etanol e gás natural veicular – GNV);

- o gás liquefeito de petróleo (GLP) substitui em grande parte o consumo de lenha como

combustível doméstico e acompanhou o crescimento da população brasileira.

Atualmente o Brasil dispõe 13 (treze) refinarias, sendo 10 (dez) pertencentes à Petrobras e 3

(três) privadas.

As refinarias sob controle da Petrobras são as seguintes: REPLAN – Refinaria Paulínea-SP;

RLAM – Refinaria Landulpho Alves-BA; REVAP – Refinaria Henrique Lage-SP; REDUC –

Refinaria Duque de Caxias-RJ; REPAR – Refinaria Presidente Getúlio Vargas-PR; REFAP –

Refinaria Alberto Pasqualini-RS; RPBC – Refinaria Presidente Bernardes-SP; REGAP –

Refinaria Gabriel Passos-MG; RECAP – Refinaria de Capuava-SP; REMAN – Refinaria Isaac

Sabbá-AM; RPCC – Refinaria Potiguar Clara Camarão-RN; LUBNOR – Lubrificantes

Nordeste-CE.

A RLAM – Refinaria Landulpho Alves, localizada no município de São Francisco do Conde-

BA, entrou em operação em 17 de setembro de 1950, voltada para o processamento do óleo

altamente parafínico recém-descoberto no Recôncavo Baiano. Foi incorporada à Petrobras em

1954. Sua capacidade de processamento seria ainda duplicada em 1954, ampliada em 1959 e

novamente em 1960, quando entraram em operação as unidades de produção de lubrificantes e

parafinas. Essa refinaria, em 2010, possuía capacidade de processamento de cerca de 44.000

m3/d. É a segunda maior brasileira e a principal unidade da região Nordeste, abastecendo o

mercado com combustíveis e suprindo o pólo petroquímico de Camaçari como matérias-primas.

Destaca-se também com a principal produtora de parafinas do país.

Refinarias privadas: Refinaria de Petróleo Riograndense-RS, sob controle acionário da

Petrobras, Ultrapar e Brasken; Refinaria de Manguinhos-RJ; Univen Refinaria-SP.

Em construção: RNEST (Refinaria do Nordeste, posteriormente batizada de Refinaria Abreu

Lima), no estado de Pernambuco; COMPERJ (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

Em fase de projeto: Refinaria Premium I, no estado do Maranhão e Refinaria Premium II, no

estado do Ceará.

8 – MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE PETRÓLEO

Em 2012, a produção mundial de óleo aumentou em 1,9 milhão de barris diários, mais que o

dobro do crescimento do consumo. Décimo terceiro colocado, o Brasil foi responsável por 2,7%

de todo o petróleo produzido no período. Veja, a seguir, quem lidera, no ano 2012, e os números

comparativos com o ano de 2011.

PAIS

PARTICIPAÇÃO 2012

(MILHÕES POR DIA) 2011

(MILHÕES POR DIA VARIAÇÃO (2011-2012)

1º Arábia Saudita 13,3% 11,530 11,144 3,7%

2º Rússia 12,8% 10,643 10,510 1,2%

3º Estados Unidos 9,6% 8,905 7,868 13,9%

4º China 5,0% 4,155 4,074 2,0%

5º Canadá 4,4% 3,741 3.526 6,8%

6º Irã 4,2% 3,680 4,358 -16,2%

7º Emirados Árabes Unidos

3,7% 3,380 3,319 1,6%

8º Kuwait 3,7% 3,127 2,880 8,9%

9º Iraque 3,7% 3,115 2,801 11,2%

10º México 3,5% 2,911 2,940 -0,7%

11º Venezuela 3,4% 2,725 2,766 -1,5%

12º Nigéria 2,8% 2,417 2,460 -1,9%

Page 30: Manual Combust Ive Is

28

13º Brasil 2,7% 2,149 2,193 -2,0%

14º Noruega 2,1% 1,916 2,040 -7,0%

15º Angola 2,1% 1,784 1,726 3,4%

16º Catar 2,0% 1,966 1,836 6,3%

17º Cazaquistão 2,0% 1,728 1,758 -1,6%

18º Argélia 1,8% 1,667 1,684 -0,9%

19º Líbia 1,7% 1,509 0,479 215,1%

20º Colômbia 1,2% 0,944 0,920 3,2%

Fonte: http://exame.abril.com.br/

9 – PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO BRASIL POR UNIDADE FEDERADA

Na tabela abaixo estão listados, por unidade federada, os 9 maiores produtores de petróleo do

Brasil e a produção em barris, para o ano de 2012 (petróleo extraído de terra e mar):

Unidade Federada Produção (em milhões de

barris/ano)

1º) Rio de Janeiro 561,5

2º) Espírito Santo 113,1

3º) Rio Grande do Norte 21,7

4º) Bahia 16,0

5º) Sergipe 17,7

6º) Amazonas 12,3

7º) São Paulo 10,9

8º) Ceará 2,4

9º) Alagoas 1,7

Fonte: ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

10 – OUTROS DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE O PETRÓLEO

10.1 - OS 5 (CINCO) MAIORES EXPORTADORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE

BARRIS/DIA (ANO DE 2009).

PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA

(2009)

Arábia Saudita 7,322

Rússia 7,194

Irã 2,486

Emirados Árabes 2,303

Noruega 2,132 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A

10.2 – OS 5 (CINCO) MAIORES CONSUMIDORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE

BARRIS/DIA (ANO DE 2010)

PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA

(2010)

Estados Unidos 19,180

China 9,392

Japão 4,452

Índia 3,116

Rússia 3,038

Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A

Page 31: Manual Combust Ive Is

29

Observação: O Brasil é o 7º maior consumidor de petróleo do mundo, com 2,560 milhões de

barris/dia.

10.3 – OS 5 (CINCO) MAIORES IMPORTADORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE

BARRIS/ANO (ANO DE 2009)

PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA

(2009)

Estados Unidos 9,631

China 4,328

Japão 4,235

Alemanha 2,323

Índia 2,235 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A

10.4 – AS 5 (CINCO) MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEO, EM BILHÕES DE BARRIS

DE ÓLEO EQUIVALENTE (ANO DE 2011)

PAÍSES BILHÕES DE BARRIS DE

ÓLEO EQUIVALENTE (2011)

Venezuela 296,5

Arábia Saudita 265,4

Canadá 175,2

Irã 151,2

Iraque 153,1

Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A

Observação: O Brasil apresenta a 14ª maior reserva do mundo de petróleo, com 15,1 bilhões de

barris equivalentes de óleo em 2011.

Page 32: Manual Combust Ive Is

30

RESUMO TRIBUTAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES –

DERIVADOS E NÃO DERIVADOS DE PETRÓLEO.

UM POUCO DA HISTÓRIA DA TRIBUTAÇÃO DO PETRÓLEO E

COMBUSTÍVEIS DERIVADOS NO BRASIL Remonta à Constituição de 1934, o primeiro

regramento atinente à tributação específica de

combustíveis. No art. 6º da Carta Magna de 34

foi expressamente conferida competência à

União para instituir imposto sobre consumo de

quaisquer mercadorias, exceto combustíveis de

motor à explosão. Aos Estados foi outorgada a

competência privativa de instituição do imposto

de consumo sobre combustíveis destinados a uso

em motores à explosão.

A Constituição de 10 de novembro de 1937, também denominada de Constituição Polaca, pois

institucionalizou o regime de exceção implantado por Getúlio Vargas, pouco modificou o

sistema estabelecido na Carta de 34, mas foi retirada dos Estados a competência privativa para

tributar o consumo de combustíveis de motor à explosão, ficando na esfera de atribuição de

União instituir imposto de consumo sobre quaisquer mercadorias.

Com a redemocratização do país, após a segunda guerra mundial, foi promulgada a Constituição

de 1946. No art. 15, inc. III, da referida Carta Magna, foi estabelecida a seguinte regra:

“Art. 15 - Compete à União decretar impostos sobre:

III – produção, comércio, distribuição e consumo, e bem assim importação e

exportação de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos de qualquer origem ou

natureza”.

No parágrafo segundo do citado dispositivo da Lei Maior de 46 ficou estabelecido que o tributo

ali previsto teria a forma de imposto único, que incidiria sobre cada espécie de produto, sendo

que da renda resultante, 60% (sessenta por cento) seriam entregues aos Estados, Distrito Federal

(DF) e Municípios, proporcionalmente à sua superfície, população, consumo e produção, nos

termos e para os fins estabelecidos em lei federal.

Ainda na vigência da CF/46, e após o golpe militar de 1964, foi aprovada a Emenda

Constitucional nº 18/65, que promoveu alterações significativas no sistema tributário nacional.

Os impostos foram classificados em função da base econômica sob a qual incidiam: comércio

exterior, patrimônio e renda, produção e circulação e os impostos especiais.

A tributação das operações sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de

combustíveis e lubrificantes líquidos e gasosos de qualquer origem ou natureza foi inserido no

rol dos impostos especiais, juntamente com energia elétrica e minerais do País, de competência

da União, sendo adotada a sistemática de incidência única sobre uma dentre as operações

previstas na Emenda Constitucional (Art. 16, inc. I e o correspondente parágrafo único). Ficou

mantida a distribuição de 60% do imposto arrecadado sobre combustíveis e lubrificantes para

distribuição aos Estados, DF e Municípios.

Na vigência da CF de 1967 foi prevista, no art. 22, inc. VIII, a competência da União para

decretar impostos sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de

lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos, na sistemática também de incidência única

Page 33: Manual Combust Ive Is

31

sobre uma dentre as operações ali listadas e com a exclusão de taxação das mesmas operações

por quaisquer outros tributos. No tocante ao ICM estadual, foi criada a incidência tão somente

nas operações de distribuição ao consumidor final de lubrificantes e combustíveis líquidos

utilizados por veículos rodoviários, cuja receita seria aplicada exclusivamente em investimentos

rodoviários, tendo sido esta a primeira tentativa do Governo em destinar recursos da tributação

de combustíveis e lubrificantes para rodovias. Todavia, o Ato Complementar nº 40/1968,

revogou esta previsão de incidência do ICM estadual.

Na divisão do bolo do imposto de competência da União, previsto na CF de 1967, incidente

sobre operações com combustíveis e lubrificantes, quarenta por cento (40%) foi destinado à

distribuição entre Estados, DF e Municípios.

A referida sistemática de tributação dos combustíveis e lubrificantes, contida na Carta de 1967,

foi mantida na Constituição de 1969, com a menção expressa de não incidência de qualquer

outro tributo sobre as operações com os referidos produtos.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi extinto o imposto único da União

sobre operações com combustíveis e lubrificantes. Instituído nesta Carta o ICMS com

incidência sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e comunicações. No conceito de operações com mercadorias se

encontram inseridas as operações com petróleo, combustíveis líquidos e gasosos e lubrificantes,

derivados ou não de petróleo.

Foi também inserida na Carta de 1988 a competência para os municípios instituírem o imposto

de vendas a varejo sobre combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel (IVVC), regra que

vigorou de 1989 a 1995. Após a edição da Emenda Constitucional nº 03/93, esta competência

foi revogada, com efeitos a partir de 1º janeiro de 1996.

Atualmente, além do ICMS estadual, a Constituição da República autoriza, no que se refere à

tributação por via de impostos, a incidência sobre combustíveis e derivados de petróleo tão

somente dos impostos vinculados ao comércio exterior. Esses tributos são de competência da

União e incidem sobre as operações de exportação e de importação.

Além do ICMS somente o Imposto de Importação vem sem utilizado para incidência nas

operações com petróleo, combustíveis e lubrificantes dele derivados. O Imposto de Importação

tem por base de cálculo o valor aduaneiro, denominado CIF, que inclui os custos com seguro e

frete. A alíquota deste imposto pode ser alterada por meio de Decreto Presidencial, conforme

previsto no art. 153 da CF/88. A alíquota do imposto de importação é determinado no âmbito do

Mercosul, por meio da Tarifa Externa Comum - TEC, com a possibilidade dos países-membro

aplicarem alíquotas diferentes para alguns produtos. Em relação aos derivados de petróleo a

alíquota tem sido mantida em zero. O álcool por sua vez tem a alíquota provisoriamente zerada,

mas pode ser alterada para 20%, que é o valor previsto na TEC.

A Constituição, apesar de delimitar “numerus clausus” os impostos que podem incidir sobre

combustíveis e lubrificantes, não vedou, entretanto, a incidência de outros tributos sobre as

operações com os citados produtos, a exemplo do que ocorre com as contribuições federais.

Assim, no exercício desta competência, a União, através da Emenda Constitucional nº 33/2001,

inclui no texto da CF/88 as regras básicas que regulam a CIDE - Combustíveis, uma

contribuição de intervenção no domínio econômico, incidente sobre as atividades de importação

ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool

combustível. A CIDE - combustíveis foi instituída pela Lei nº 10.336/01, com as alíquotas

diferenciadas por produto e estabelecidas por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o

disposto no art. 150, III, “b” (princípio da anterioridade).

Page 34: Manual Combust Ive Is

32

Também incide sobre as operações com combustíveis e derivados de petróleo o PIS

(Contribuição do Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para o

Financiamento da Seguridade Social), que são contribuições sociais de competência da União

previstas, respectivamente, nos arts. 239 e 195, I, “b”, da Constituição.

As citadas contribuições foram inseridas no ordenamento pátrio pelas Leis Complementares nº

7/70 (PIS) e nº 70/91 (COFINS). Tiveram seus regramentos básicos unificados pela Lei nº

9.718/98.

A base de cálculo das duas contribuições é o faturamento.

Neste Manual abordaremos tão somente a tributação do petróleo e combustíveis à luz da

legislação do ICMS em vigor no Estado da Bahia nos últimos 5 (cinco) anos.

Page 35: Manual Combust Ive Is

33

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO PETRÓLEO NO ICMS

DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 1009 A 2013 (últimos 05 anos).

Atualizado até a alteração nº 19 do RICMS/12 (Decreto nº 14.812/13).

Introdução: No texto das páginas acima fizemos uma breve abordagem dos aspectos técnicos

relacionados à composição, produção e refino do petróleo. Acrescentamos também algumas

informações históricas e dados econômicos da produção mundial e nacional para melhor ilustrar

a importância do petróleo na matriz energética contemporânea. A seguir passaremos a tratar das

principais regras de tributação do ICMS vigentes na legislação do Estado da Bahia, incidentes

sobre as operações com petróleo. Para o Auditor Fiscal, na condição de operador do Direito

Tributário, a compreensão do contexto técnico, social, político e econômico onde irá

desempenhar a sua atividade é fundamental para que as regras de tributação sejam

adequadamente interpretadas e aplicadas.

PRINCIPAIS DISPOSIÇÕES DA LEGISLAÇÃO DO ICMS VIGENTE NO

ESTADO DA BAHIA

1 – Da incidência Na entrada, no território do Estado, de petróleo, quando não destinado à comercialização,

industrialização, produção, geração ou extração

Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96).

Observação importante 1: Na operação interestadual com petróleo não há incidência do ICMS,

deslocando-se toda a tributação para a unidade federada de destino, por força de norma

constitucional contida no art. 155, § 2º, inc. X, letra “b” , conforme se verá no item 3, abaixo. A

LC 87/96 normatiza esta incidência no art. 2º, § 1º, inc. III

Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de petróleo

contém um benefício fiscal para a unidade federada de destino e não para o consumidor ou

destinatário final da mercadoria. A não incidência prevista na norma é apenas parcial e alcança tão

somente a operação interestadual relativa ao petróleo. Toda a tributação, portanto, é deslocada para

a unidade federada de destino, onde se dará o consumo final do produto ou se seus derivados

(princípio da tributação no destino).

Page 36: Manual Combust Ive Is

34

2 – Do momento da ocorrência do fato gerador

Por ocasião da entrada, no território do Estado, de petróleo oriundo de outra unidade da

Federação, quando não destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou

extração.

Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96).

3 – Não Incidência

Operação interestadual quando o petróleo é destinado à comercialização, industrialização,

produção, geração ou extração, em outra unidade da Federação.

Base Legal: Art. 6º, inc. III, “b”, do RICMS/97(5). Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96) (6).

Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais

com petróleo e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados têm por fonte

originária as disposições da Constituição Federal: art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”.

Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de

petróleo, conforme já frisado no item 1 acima, é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada

para unidade federada de destino onde se verificará a comercialização ou industrialização

subseqüente do produto ou de seus derivados. Objetiva a norma em questão eliminar a

possibilidade de arrecadação do ICMS incidente sobre as operações interestaduais com petróleo

para as unidades onde se localizam os poços produtores. O legislador prestigiou a arrecadação

do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do Estado(s) produtor(es), dado ser grande

o número de unidades federadas consumidoras e poucas as unidades onde se localiza a

produção.

4 – Da importação

O ICMS importação é devido por ocasião da entrada do petróleo no estabelecimento importador

e não no desembaraço aduaneiro, como nas demais mercadorias. Aplica-se ao caso a regra do

diferimento, contida no art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97, efeitos até 31/03/2012, com a

seguinte redação:

Art. 343. É diferido o lançamento do ICMS incidente:

(...)

XXXIII - nas entradas decorrentes de importação do exterior de óleos

brutos de petróleo – NCM 2709.00.10, para o momento em que ocorrer a

entrada dos produtos no estabelecimento do importador neste estado;

IMPORTANTE: a partir de 01/04/2012, com a entrada em vigor do novo Regulamento do

ICMS (RICMS/12), o diferimento nas importações de petróleo passou a ser regido pelo art.

286, § 2º, II, com a seguinte redação:

Art. 286. É diferido o lançamento do ICMS:

(...)

Page 37: Manual Combust Ive Is

35

§ 2º As hipóteses de diferimento previstas neste artigo encerram na saída

subsequente da mercadoria ou do produto resultante de sua

industrialização, exceto em relação às hipóteses a seguir indicadas, cujo

encerramento ocorrerá na entrada dos produtos no estabelecimento:

(...)

II - nas entradas decorrentes de importação do exterior de óleos brutos de petróleo

- NCM 2709.00.10;

O tratamento dado pelo RICMS/97 às importações de petróleo foi mantido no RICMS/12.

Base legal: Art. 572 do RICMS/97. Art. 332, inc. IV, do RICMS/12. (Regras atinentes ao

momento do recolhimento do ICMS-importação, modificadas pelas regras referentes ao

diferimento na importação de petróleo – vide item 6).

5 – Da exportação

Não incide ICMS na operação que destine petróleo ao exterior.

Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96) .

Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o

exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: 1art. 155,

§ 2º, inc. X, letra “a”.

6 – Do diferimento

6.1 - Ocorre diferimento do lançamento e do pagamento do ICMS nas sucessivas saídas internas

de petróleo em estado bruto do estabelecimento extrator para o estabelecimento refinador para o

momento em que ocorrer a saída a qualquer título. Este diferimento foi temporariamente

revogado, com a criação da regra de isenção, que vigorou entre 1º de janeiro de 2013 e 31

de março de 2013, por força do Decreto nº 14.209, de 14/11/12. O diferimento foi

restabelecido pelo Decreto nº 14.372, de 28/03/13, DOE de 29/03/13, efeitos a partir de 1º/04/13. Vide

observações abaixo.

Base Legal: art. 343, inc. XXIX c/c art. 511, inc. I, do RICMS/97. Art. 286, inc. XIII, do

RICMS/12.

Observação importante 1. O diferimento citado no item 6.1 foi revogado pelo Decreto nº

14.209, de 14 de novembro de 2012, com efeitos a partir de 1º janeiro de 2013. Trata-se do

diferimento nas operações internas de petróleo, do estabelecimento extrator para o

estabelecimento refinador. Essa operação passou a ser isenta – vide item 7, abaixo)

Observação importante 2. Caso a saída resultante do petróleo ou dos produtos resultantes

do refino seja isenta ou não tributada pelo ICMS, o contribuinte responsável deverá

1 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a)

sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o

aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;

Page 38: Manual Combust Ive Is

36

efetuar o pagamento do imposto diferido, nas operações verificadas antes de 1º de janeiro

de 2013, referente à entrada do petróleo no estabelecimento, conforme determina a regra

contida no 2art. 347, I e § 2º, do RICMS/97 e o

3art. 286, § 12, do RICMS/12 . Ocorre a

dispensa do pagamento do imposto diferido se a saída subsequente for para exportação do

petróleo ou dos produtos resultantes do refino – 4art. 347, § 3º, I e II , do RICMS/97 e

5art.

286, § 13, I, do RICMS/12 (hipótese de manutenção de crédito do ICMS).

Observação importante 3 – A partir de 1º/04/13, foi o restabelecida a regra de diferimento

nas sucessivas saídas internas de petróleo em estado bruto do estabelecimento extrator

para o estabelecimento refinador, por força do Decreto nº 14.372, de 28/03/13, DOE de 29/03/13.

6.2 – Ocorre diferimento do lançamento e do pagamento do ICMS nas entradas decorrentes de

importação de óleos brutos de petróleo NCM 2709.00.10, para o momento em que ocorrer a

entrada do produto no estabelecimento importador. Nesta hipótese o pagamento do imposto é

deslocado para o momento da entrada no estabelecimento importador e não no desembaraço

aduaneiro da mercadoria.

Base Legal: art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97. Art. 286, inc. XVIII c/c o respectivo § 2º, inc.

II, do RICMS/12.

6.3 – Também ocorre diferimento nas saídas internas de bens e mercadorias entre

estabelecimentos de empresa:

a) refinadora de petróleo;

b) fabricante de produtos petroquímicos básicos (central petroquímica).

A mencionada hipótese de diferimento, em relação ao petróleo, alcança as operações com o

produto já processado ou tratado, ou suas frações e derivados, nas saídas internas entre

estabelecimentos que operem na atividade de refino ou de fabricação de produtos petroquímicos

básicos, a exemplo da nafta petroquímica e aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos).

Base Legal: art. 286, inc. LX, do RICMS/12. Decreto nº 14.550/13, de 19/06/13, DOE de

20/06/13, efeitos a partir de 01/07/13, para “saídas internas de bens e mercadorias de estabelecimento

refinador de petróleo para as bases de distribuição pertencentes à mesma empresa.” Decreto nº 14.681,

de 30/07/13, DOE de 31/07/13, efeitos a partir de 01/08/13, que incluiu as operações entre

estabelecimentos de centrais petroquímicas.

2 Art. 347. O ICMS será lançado pelo responsável: I - uma vez ocorrido o momento previsto como termo final do diferimento, ainda que a operação que

encerrar o diferimento seja isenta ou não tributada; § 2º Nas hipóteses em que o termo final do diferimento corresponda à operação de saída amparada por isenção ou não incidência, caberá ao contribuinte que promover esta saída efetuar o lançamento do imposto até então diferido, cuja base de cálculo equivalerá ao preço de aquisição da mercadoria entrada no estabelecimento, incluídas as despesas acessórias, ressalvada a hipótese do parágrafo seguinte. 3 Art. 286. É diferido o lançamento do ICMS: § 12. Nas hipóteses em que o termo final do diferimento corresponda à operação de saída amparada por isenção

ou não incidência, caberá ao contribuinte que promover esta saída efetuar o lançamento do imposto até então diferido, cuja base de cálculo equivalerá ao preço de aquisição da mercadoria entrada no estabelecimento, incluídas as despesas acessórias, ressalvada a hipótese do § 13 deste artigo. 4 Art. 347. O ICMS será lançado pelo responsável: § 3º É dispensado o lançamento do imposto cujo lançamento tenha sido diferido, relativamente às entradas:

I - quando o termo final do diferimento for o momento da saída subseqüente da mercadoria ou do produto dela resultante, no caso de: a) mercadoria que venha a ser exportada para o exterior com observância dos arts. 581, 582 e 583; b) mercadoria destinada à utilização como matéria-prima ou qualquer outro insumo a ser empregado diretamente na fabricação de produtos industrializados que venham a ser exportados para o exterior com não-incidência do imposto, nos termos dos arts. 581, 582 e 583; c) insumo empregado na fabricação de produto cuja operação de saída venha a ocorrer com isenção ou não-incidência, nas hipóteses em que houver expressa autorização de manutenção do crédito, no caso de a industrialização ser feita por conta do estabelecimento industrializador adquirente dos produtos com diferimento; d) mercadorias de que trata o inciso LXXIII do art. 343, quando a saída subseqüente for alcançada com isenção. e) mercadorias de que trata o inciso XIV do caput do art. 343, quando a saída subseqüente da mercadoria ou do produto resultante da industrialização for desonerada do ICMS; II - de leite no estabelecimento, nas hipóteses do § 1º do art. 466; 5 Art. 286. É diferido o lançamento do ICMS: § 13. É dispensado o lançamento do imposto diferido: I - quando a operação de saída subsequente venha a

ocorrer com não-incidência, isenção ou redução de base de cálculo, nas hipóteses em que houver expressa autorização de manutenção do crédito;

Page 39: Manual Combust Ive Is

37

7 – Da isenção

Isenção do ICMS, entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de março de 2013, nas saídas internas de

petróleo, efetuadas por estabelecimento extrator com destino a estabelecimento refinador. A

isenção vigorou, portanto, por prazo determinado (efeitos temporários).

Base Legal: art. 265, inc. CIV, do RICMS/12 (Decreto nº 14.209, de 14 de novembro de 2012,

alteração nº 6 ao RICMS/12). Dispositivo revogado pela alteração nº 12, do RICMS/12,

através do Dec. nº 14.372, de 28/03/2013, com efeitos a partir de 01/04/2013 – DOE de

29/03/2013.

8 – Do estorno de crédito fiscal em relação às operações com petróleo

A legislação do ICMS do Estado da Bahia passou a exigir o estorno dos créditos fiscais, a partir

de 01/04/2011, em relação às entradas de petróleo, bem como de mercadorias e serviços

utilizados na sua produção (extração) ou embalagem, quando ocorresse operação de saída

daquele produto ou de seus derivados, para outra unidade da Federação, destinados à

comercialização, industrialização, produção, geração ou extração, com não-incidência do

imposto, nos termos das alíneas “b” e “c” do inciso III do art. 6º, do RICMS/97 Vide

observações abaixo quanto ao regime de estorno de crédito.

Observações importantes: evolução histórica da questão do estorno de crédito com

petróleo:

Observação 1: Até 31/03/11, o regime de diferimento vigente, no RICMS/97, admitia a

manutenção total dos créditos fiscais das mercadorias e serviços utilizados na extração do

petróleo, nas saídas subsequentes do produto ou de seus derivados sem incidência ou com

isenção do ICMS;

Observação 2: A partir do Decreto nº 12.537, de 30/12/10 (alteração nº 142, ao RICMS/97),

com efeitos a partir de 1º/04/2011, portanto, ainda na vigência do RICMS/97, foi abolida a

manutenção de crédito fiscal, mencionada na “Observação 1 acima, nas operações subseqüentes,

com petróleo ou seus derivados sem incidência ou com isenção do ICMS;

Observação 3: Com a entrada em vigor do RICMS/12 (Dec. nº 13.780/12), a regra que aboliu a

manutenção do crédito fiscal, contida no RICMS/97 a partir da edição do Decreto nº 12.537/10,

não foi reproduzida, mas a possibilidade de manutenção de créditos de ICMS conforme regime

anterior vigente até 31/03/11 não foi expressamente prevista no novo Regulamento.

Observação 4: A partir de 1º/01/2013, o RICMS/12, via Decreto nº 14.209/12 – alteração nº 6 –

estabeleceu a isenção nas saídas internas de petróleo, efetuadas por estabelecimento extrator

com destino a estabelecimento refinador (art. 265, inc. CIV, do RICMS/12), com a

correspondente vedação de manutenção dos créditos fiscais das mercadorias e serviços

utilizados na extração do petróleo, nas saídas subsequentes do produto ou de seus derivados sem

incidência ou com isenção do ICMS.

Observação 5: A isenção mencionada na “Observação 4” acima, vigorou entre 1º/01/2013 e

31/03/2013, sendo revogada pelo Dec. 14.372/13, de 28/03/13, DOE de 29/03/13. Foi

restabelecido o diferimento, pelo citado Decreto, mas sem previsão de manutenção de créditos

fiscais de ICMS nas operações com mercadorias e serviços utilizados na extração do petróleo,

com saídas subsequentes não tributadas pelo imposto.

Page 40: Manual Combust Ive Is

38

Base Legal: as mencionadas nas “Observações de 1 a 5” contidas no quadro acima.

9 – Da base de cálculo

9.1 – Entrada de petróleo de outro Estado (para consumo ou uso final): Quando o petróleo não

for destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou extração, a base de

cálculo, no Estado de destino, é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base

de cálculo da operação.

Em relação ao petróleo que é matéria-prima que serve à produção de diversos derivados, dentre

eles, gasolina, óleo diesel, querosene de aviação e nafta, a destinação direta para consumo ou

uso final é hipótese pouco provável de se verificar na prática.

Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97 c/c com o art. 52. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96), c/c § 1º, inc. I.

9.2 – Entrada de petróleo de outro Estado (para fins de comercialização ou

industrialização/refino): O mais provável é ocorrer a remessa de petróleo de uma unidade

federada para outra, para fins de comercialização ou industrialização/refino no destino. Nesta

situação, a tributação é também integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo

incidência de ICMS na operação de origem. A base de cálculo é o valor da operação com a

inclusão do ICMS na própria base de cálculo da operação.

Base Legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97 c/c com o art. 52. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96), c/c o §

1º, inc. I.

9.3 - Base de cálculo na importação de petróleo do exterior: Nesta hipótese verifica-se o

diferimento do ICMS - importação para o momento da entrada no estabelecimento do

importador (art. 343, XXXIII, do RICMS/97 e art. 286, inc. XVIII c/c o respectivo § 2º, inc. II,

do RICMS/12).

A base de cálculo será o valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS,

acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à

importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes + despesas

aduaneiras + demais tributos incidentes), somando-se também a estes as despesas até a entrada

no estabelecimento importador, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo.

Base Legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra

“b” .

9.4 – Base de cálculo no encerramento do diferimento por ocasião da saída petróleo a qualquer

título, inclusive dos produtos dele derivados:

Trata-se da hipótese de diferimento contemplada no art. art. 343, inc. XXIX, do RICMS/97 e no

art. 286, inc. XIII, do RICMS/12. Esse diferimento, conforme já destacado acima, no item 6.1,

foi temporariamente revogado pelo Decreto nº 14.209, de 14 de novembro de 2012, com efeitos

entre 1º janeiro de 2013 a 31 março de 2013. O imposto diferido pago por ocasião da saída do

petróleo ou de seus derivados engloba tanto a operação anterior (alcançada pelo diferimento),

como as subseqüentes.

Base legal: Art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 23, inc. I, letra “a” (Lei nº 7.014/96).

Page 41: Manual Combust Ive Is

39

10 – Da alíquota

17% (dezessete por cento), nas operações interestaduais que destinem petróleo a este estado

(hipótese tributação no destino) e na importação. Observar que as operações de importação são

alcançadas pelo diferimento, com encerramento no momento da entrada no estabelecimento do

importador (itens 5.2, acima). Em relação ao petróleo extraído no território baiano (operações

internas), observar o período em que se deu a operação para se verificar a aplicabilidade da

regra de diferimento (item 6, acima) ou a regra da isenção (item 7, acima).

Base legal: art. 50, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 15, inc. I (Lei nº 7.014/96).

Page 42: Manual Combust Ive Is

40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012;

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 – O PETRÓLEO – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro / Daniel

Yergin – São Paulo; tradução de Leila Marina U. Di Natale Maria Christina e outros,

Ed. Paz e Terra, 2012

6 - www.anp.gov.br (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis);

7 - http://exame.abril.com.br/ (Revista Exame)

8 – www.petrobras.com.br (Petrobras S/A)

9 - pt.wikipedia.org/wiki/Petróleo (Wikipedia, a enciclopédia livre).

Page 43: Manual Combust Ive Is

1

MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

1 - INTRODUÇÃO

O gás natural (GN) é um combustível

fóssil constituído por uma mistura incolor,

inodora (sem cheiro) e de queima mais

limpa que os demais combustíveis fósseis,

composto de hidrocarbonetos leves, que à

temperatura ambiente e pressão atmosférica,

permanece em estado gasoso.

Ele é encontrado em reservatórios

subterrâneos, tanto em terra quanto em mar,

sendo considerável o número de

reservatórios que contém gás natural

associado ao petróleo, especialmente no Brasil. Nestes casos, o gás recebe a designação

de gás natural associado. Quando o reservatório contém pouca ou nenhuma quantidade

de petróleo o gás natural é dito não associado.

Assim como o petróleo, o GN resulta da degradação da matéria orgânica, fósseis de

animais e plantas pré-históricas, sendo retirado da terra através de perfurações.

2 - COMPOSIÇÃO

Em estado bruto, conforme encontrado na natureza, o gás natural é composto

principalmente por metano (CH4), mas pode apresentar proporções de etano (C2H6),

propano, butano, hidrocarbonetos mais pesados e também baixos teores de CO2, N2, H2S

e outros compostos de enxofre, água, ácido clorídrico, metanol e impurezas. A

composição química do gás natural depende da sua origem, grau de associação ao óleo

cru e extensão do tratamento a que ele é posteriormente submetido.

Page 44: Manual Combust Ive Is

2

Para o gás natural explorado na Bahia, por exemplo, a porcentagem volumétrica (ou

quantidade de matéria) para todos os componentes, segundo Martins Vaz e outros, é a

representada na tabela abaixo:

Composição

(% vol.)

Bahia

C1 81,14

C2 11,15

C3 3,06

C4 1,39

C5 0,72

C6+ 0,30

N2 1,43

CO2 0,81

H2S

(mg/m3)

7,60

Obs.: Essa composição pode variar a partir do reservatório onde o gás em encontrado.

É importante não confundir o gás natural (formado principalmente por metano CH4),

com gás liquefeito de petróleo (GLP), que é uma das frações obtidas nas refinarias de

petróleo (formado principalmente por propano - C3H8 e butano - C4H10). O GN, por

exemplo, por ser mais leve que o ar, não se acumula nos ambientes após vazamento,

dissipando-se no ar. O GLP, por conter hidrocarbonetos mais pesados que o ar (maior

densidade) tende a se acumular nos ambientes fechados, aumentando o risco de

explosões.

3 – ALGUNS DADOS INTERESSANTES SOBRE A INDÚSTRIA DO GÁS

NATURAL

3.1 – MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL: No quadro abaixo apresentamos a

participação do Gás natural na Matriz Energética Mundial, em torno de 23% no ano de

2007.

Fonte: Curso de Refino de Petróleo, Gás, Petroquímica e Biodiesel. Profs. Afonso Avelino e

Alexandre Gurgel. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Page 45: Manual Combust Ive Is

3

3.2 – MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA: A participação do Gás Natural na

Matriz Energética Brasileira, no ano de 2010, era em torno de 10,2%.

Petróleo e derivados 38,50%

Derivados de cana- de-açúcar 17,70%

Hidráulica 14,20%

Gás Natural 10,20%

Lenha e Carvão Vegetal 9,50%

Carvão Mineral e derivados 5,10%

Outros Renováveis 3,40%

Urânio e derivados 1,40%

Fonte: MME – Ministério das Minas e Energia

3.3. – RESERVAS MUNDIAIS DE GN - As reservas mundiais provadas de GN em

2010 foram mensuradas em 187 trilhões de metros cúbicos (m3). A participação relativa

dos principais países em 2010 é a da tabela abaixo, indicando que as maiores reservas se

encontram no leste Europeu (especialmente na Rússia) e no Oriente Médio (destaques

para Catar e o Irã).

Países Participação % Reservas em

Trilhões/m3

Rússia 24% 44,76

Catar 16% 29,92

Irã 14% 26,18 Fonte: BP Statistical Review e ANP

O Brasil, em 2010, ocupava a 34ª posição, com reservas de 423 bilhões de metros

cúbicos (m3).

3.4 – MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE GN: Os cinco maiores produtores de

Gás Natural (seco) – 2010 – 50% da produção mundial está concentrada nestes cinco

países.

Países Produção em bilhões m3

Estados Unidos 611,0

Rússia 588,9

Canadá 159,8

Irã 135,5

Catar 116,7 Fonte: BP Statistical Review e ANP

Page 46: Manual Combust Ive Is

4

O Brasil ocupava em 2010 a 25ª posição de maior produtor de GN Seco, com 14,4

bilhões de metros cúbicos (m3).

3.5 – MAIORES CONSUMIDORES MUNDIAIS DE GN EM 2010 (em bilhões de

m3): o consumo de GN em 2010 foi da ordem de 3,1 trilhões de metros cúbicos (m

3),

Apresentamos abaixo os cinco maiores consumidores.

Países Consumo em bilhões m3

Estados Unidos 646,7

Rússia 406,1

Irã 139,5

China 105,40

Japão 93,0 Fonte: BP Statistical Review e ANP

O Brasil ocupava, em 2010, a 32ª posição, na escala de consumo de GN, representando

apenas 0,8% do total mundial, algo em torno de 24,8 bilhões de metros cúbicos.

3.6 – MAIORES RESERVAS DE GN NO BRASIL: Em 2010, as 5 (cinco) maiores

reservas de GN, em m3, por unidades da federação brasileira são as indicadas no quadro

abaixo:

Estado Bilhões/m3 Participação percentual

Rio de Janeiro 220,5 52,1%

Amazonas 55,9 13,4%

São Paulo 49,3 11,7%

Espírito Santo 44,6 10,5%

Bahia 33,4 7,9% Fonte: ANP

3.7 - MAIORES PRODUTORES DE GN NO BRASIL (2010)

Estado Milhões/m3 Local da produção

Rio de Janeiro 10.132,2 mar

Amazonas 3.857,9 terra

Bahia 3.399,4 terra/mar

Espírito Santo 2.701,1 terra/mar

Sergipe 1.101,8 terra/mar Fonte: ANP

3.8 – IMPORTAÇÕES DE GN NO BRASIL – PRINCIPAIS PAÍSES (2010)

País de Origem SITUAÇÃO DO PRODUTO Quant. Milhões/m3

Bolívia GN 9.820

Trinidad Tobago GNL 880

Nigéria GNL 869

Catar GNL 635

Peru GNL 154 Fonte: ANP

Page 47: Manual Combust Ive Is

5

A produção de gás natural (GN) no Brasil teve início em 1954 na Bahia sendo seu

consumo concentrado na região do recôncavo baiano. Até a década de 1980 a produção

concentrou-se basicamente na região Nordeste, com destaque para os Estados da Bahia,

Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte. A partir de década de 1980, há uma mudança

do eixo de produção do Nordeste para a região Sudeste, mais precisamente para o

Estado do Rio de Janeiro em razão da descoberta de reservas de gás e petróleo na Bacia

de Campos.

Do início de década de 1970 até a década de 1980 não havia uso comercial para o gás

natural extraído na Bacia de Campos. Esse gás era na sua totalidade reinjetado,

queimado ou consumido na própria unidade produtora. A evolução da oferta de gás

natural no Brasil é relativamente recente. Em 1970 representava apenas 0,1% da matriz

energética nacional. Na década de 1980, com a construção da rede de gasodutos e as

descobertas das reservas de petróleo e gás, situadas na Bacia de Campos, é que a oferta

desse energético se intensificou.

As reservas provadas brasileiras passaram de 16,5 bilhões de metros cúbicos (BMC),

em 1964, para 52,5, em 1980. Em 2010, as reservas provadas totalizaram 423 BMC.

Segundo, Almeida e Ferraro, em 2010, 75% da produção de GN derivou de poços

associados (petróleo + gás). Por sua vez 74% de tiveram origem no mar e 25% em terra.

Para suprir a demanda de energia, o Brasil ainda necessita importar gás natural. Através

do gasoduto Brasil–Bolívia (GASBOL), construído em parceria pelos dois países, a

Bolívia fornece gás natural para várias cidades do Centro-Sul brasileiro. O gás boliviano

é transportado no território brasileiro pela Companhia Transportadora de Gás Boliviano

(TBG), empresa especial criada para este fim, por meio do gasoduto Bolívia-Brasil e

entregue às companhias energéticas dos Estados de São Paulo (2), Paraná, Santa

Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

O gás natural é um ótimo combustível, tanto pelo seu alto poder calorífico como pelo

fato de ser menos poluente do que os derivados do petróleo. É também um ótimo ponto

de partida para a indústria petroquímica, já que contém menos impurezas do que o

petróleo.

As necessidades de GN do país são complementadas com importação de GNL (gás

natural liquefeito), conforme detalhado na tabela constante do item 3.8.

4 - PRODUÇÃO

No Brasil, grande parte da produção de gás natural (atividade de upstream) é originário

de reservas associadas a óleo cru, localizadas no mar. As bacias sedimentares brasileiras

em regra apresentam óleo e gás associados.

Page 48: Manual Combust Ive Is

6

As ilustrações acima representam, respectivamente, um reservatório produtor de gás associado

(óleo + gás) e um reservatório de gás não associado (pequena quantidade de óleo).

Ao ser produzido o gás natural passa inicialmente por vasos separadores, que são

equipamentos projetados para retirar a água (umidade), os hidrocarbonetos que

estiverem em estado líquido e partículas sólidas. Se houver contaminação por

compostos de enxofre, o gás é enviado às unidades de dessulfurização, onde este

contaminante é retirado.

Após a dessulfurização, uma parte do gás, (cerca de 18%) é utilizada no próprio sistema

de produção, em processos conhecidos como reijenção e gás lift, com a finalidade de

aumentar a recuperação do petróleo do reservatório.

Em relação ao gás enviado para processamento é feita a separação de seus componentes

em produtos especificados e prontos para utilização.

5 - PROCESSAMENTO DO GÁS NATURAL

Consiste em uma sequência de operações

com o objetivo de separar as frações

mais pesadas de maior valor econômico.

Gera-se outro gás, de menor valor

energético, denominado “gás residual”.

O gás residual é composto basicamente

de metano e etano, que juntos

correspondem a 75% em peso do gás

natural. Quando do seu processamento o

gás natural é submetido a um conjunto

de operações com o intuito de reduzir ou

remover os contaminantes. Essa sequência operacional é denominada de processamento

primário.

Durante o processamento, o gás natural segue para unidades industriais, conhecidas

como UPGN (Unidades de Processamento de Gás Natural), onde ocorre a sua

desidratação e fracionamento, gerando as seguintes correntes:

Page 49: Manual Combust Ive Is

7

Metano e etano, que formam o gás processado ou residual;

Propano e butano, que formam o GLP (gás de cozinha);

Um produto na faixa da gasolina (pentano e hidrocarbonetos superiores),

denominado C+

5 ou gasolina natural.

Na UPGN vários produtos podem ser obtidos em estado líquido, a exemplo do líquido

de gás natural (LGN), formado por propano e hidrocarbonetos superiores. Pode-se

também optar em produzir etano líquido, além de LGN ou se processar a separação do

LGN em GLP e C+

5.

A figura abaixo apresenta um esquema simplificado de uma UPGN com representação

das suas principais correntes de produtos:

A escolha do melhor processo a ser empregado em uma UPGN depende, em termos

econômicos, de três fatores principais:

Composição do gás;

Pressão disponível;

Recuperações almejadas.

De uma maneira geral, o processamento do gás natural envolve três conjuntos básicos

de processos: a) a recuperação de hidrocarbonetos líquidos; b) a desidratação; e, c) a

remoção de gases ácidos (contaminantes).

As especificações do GN para consumo são estabelecidas na Portaria nº 41, de

15/04/1998, emitida pela ANP.

Page 50: Manual Combust Ive Is

8

6 - UTILIZAÇÕES DO GÁS NATURAL

O gás natural (GN) é o combustível fóssil de

maior crescimento na matriz energética mundial

atual, apresentando grandes vantagens de

utilização, como combustão limpa, eficiente,

manutenção econômica e não poluidor do meio

ambiente.

O GN disponibilizado para comercialização

encontra as mais variadas utilizações dadas pelos

consumidores finais. A utilização mais difundida

é como combustível para a produção de energia térmica em fornos e caldeiras na

indústria em geral. Outras utilizações: uso automotivo; geração de energia elétrica;

uso domiciliar e comercial; matéria-prima da indústria petroquímica etc.

a) Aplicações industriais em geral: este bloco congrega todas as aplicações do GN

nos ramos da indústria: alimentos e bebidas, cimento, cerâmica, têxtil, ferro gusa

e aço, ferro-ligas, mineração/pelotização, química, papel e celulose etc. Destaca-

se o uso do GN como combustível para e geração de força motriz, para

aquecimento direto, para a geração de calor necessário ao desencadeamento de

reações químicas e em reatores de processo de climatização de ambientes. O GN

vem sem utilizado como combustível em substituição a uma variedade de outros

combustíveis alternativos como madeira, carvão, óleo combustível, diesel, GLP,

nafta e energia elétrica. O GN proporciona uma combustão limpa e isenta de

agentes poluidores e é ideal para os processos que exigem a queima em contato

com o produto final, como ocorre na indústria de cerâmica e na fabricação de

vidro e cimento.

b) Aplicações na indústria do petróleo: utilizado para injeção nos reservatórios para

aumentar o fator de recuperação do petróleo (gás lift); como combustível para a

geração de energia térmica e energia elétrica em plataformas e unidades de

produção em terra; e para alimentar motores visando o escoamento do gás

natural produzido.

c) Aplicações comerciais: aquecimento de água, condicionamento de ar e

aquecimento de ambientes. Combustível para a coação em restaurantes e hotéis;

em pequenos fornos de panificadoras e lavanderias existentes em instalações

comerciais ou hospitalares.

d) Aplicações automotivas: combustível veicular em carros de passeio e ônibus

urbano. Caracteriza-se como opção técnica e economicamente viável de

substituição do etanol e gasolina para os veículos de passeio. Também pode ser

usado em veículos pesados, movidos a diesel, como caminhões e ônibus de

transporte urbano. O GN reduz fortemente a emissão de resíduos de carbono, o

que melhora a qualidade do ar, reduz os custos de manutenção e aumenta a vida

útil do motor – gera uma considerável economia para os usuários.

e) Utilização no setor energético: esta é a área de atividade que o GN ganha mais

mercado no mundo. As aplicações dizem respeito à queima do gás em motores e

Page 51: Manual Combust Ive Is

9

turbinas para o acionamento de geradores elétricos. O GN é também utilizado

em sistemas de cogeração de energia, que é a produção sequencial de mais de

uma forma útil de energia, a partir de um mesmo energético. Ex.: um sistema

acionado por turbina a gás que gera energia elétrica e térmica, a qual pode ser

utilizada em sistemas industriais de diversas formas.

f) Utilização como matéria-prima direta: utilização como redutor siderúrgico em

companhias siderúrgicas e como matéria-prima em processos de transformação

química, principalmente para a produção de metanol e na indústria de

fertilizantes, para a produção de amônia e ureia. O GN é também utilizado no

segmento de produção de polietilenos de várias densidades, em que, por meio de

processo de pirólise, o etano, previamente separado do gás é transformado em

eteno, matéria-prima básica para a produção de polietilenos.

g) Utilização domiciliar: destaca-se a cocção de alimentos, o aquecimento

ambiental (é um significativo mercado nos países de clima frio), a refrigeração, a

iluminação em locais onde não há outro tipo de energia. Substitui o consumo de

energia elétrica para o aquecimento de água e ambientes; substitui o GLP em

fogões e aquecedores domiciliares.

Observação interessante: A utilização do GN em substituição aos combustíveis

derivados de petróleo, como diesel, gasolina, óleo combustível e GLP, tem

proporcionado, segundo Martins Vaz e outros, uma economia média de divisas da

ordem de US$ 15 milhões por dia, atingindo a substituição de um volume diário de

cerca de 260 mil barris equivalentes de petróleo (bep/d).

Participação em porcentagem em abril de 2007 (uso do gás natural)

Utilização Porcentual

Combustível 66%

Domiciliar 2%

Redutor Siderúrgico 2%

Automotivo 5%

Térmicas 25%

Tabela: Utilização de GN no Brasil. Fonte: Relatório de Gás Natural & Energia. Petrobras. Dados

referentes a abril de 2007.

Page 52: Manual Combust Ive Is

10

7 - BREVE HISTÓRIA DO GÁS NATURAL

Nos seus primórdios o gás era

manufaturado a partir do carvão (fim do

séc. XVIII). O carvão era submetido ao

vapor d’água em alta temperatura,

provocando uma reação química na qual o

hidrogênio da água se combinava com o

carbono do carvão. Em 1812 foi criada a

1ª empresa de gás manufaturado do

mundo: a London and Westmister Gas Light and Coke Company, que oferecia serviço

de iluminação pública a gás. Em 1816 foi criada a 1ª empresa de gás americana (Light

Company of Baltimore). As empresas de iluminação pública difundiram-se rapidamente

nos principais centros urbanos do sec. XIX em função dos seus baixos custos em

relação à tecnologia de iluminação existente que empregava o óleo de baleia como

combustível.

A medida que a tecnologia do gás manufaturado se difundiu, as prefeituras começaram

a entrar no negócio, comprando empresas privadas ou criando novas empresas. No

início do séc. XX a principal aplicação do gás manufaturado era a iluminação pública.

Outras aplicações foram desenvolvidas em menor proporção a exemplo do fogão a gás e

aquecedores. A partir do final do sec. XIX a iluminação a gás começou a enfrentar a

forte concorrência da iluminação elétrica. A invenção da “camisa de gás” proporcionou

aumento na eficiência energética e de qualidade da iluminação dos lampiões. Esse

invento deu sobrevida de décadas à indústria de gás manufaturado. Outra matéria-prima

utilizada para a produção de gás manufaturado era a nafta.

A Indústria do Gás Manufaturado (IGN), a partir do carvão ou da nafta, prosperou no

Reino Unido até os anos 50. Coma crise do carvão e a forte concorrência da eletricidade

e dos derivados de petróleo, a indústria do gás manufaturado entrou em declínio nos

anos 40 e 50. Com a descoberta do gás natural mais barato no Mar do Norte, as

autoridades energéticas do Reino Unido decidiram converter toda a indústria do gás

manufaturado para o gás natural.

Nos E.U.A a história do gás natural começou em 1821, quando uma jazida de gás foi

descoberta por acidente perto de uma aglomeração urbana (em Fredonia, estado de

Nova York). Todavia, durante quase todo o séc. XIX, apenas o gás manufaturado se

difundiu nas cidades americanas para uso na iluminação pública (a maioria explorada

por empresas privadas).

O Gás Natural (GN), já no final do séc. XIX era utilizado apenas quando encontrado

próximo aos centros de consumo, dada a existência de vários problemas não resolvidos

no transporte do gás. Inicialmente o gás era distribuído em tubulações de madeira. Com

o tempo essas tubulações foram substituídas por tubos de ferro fundido ou forjado e

cobre. Uma inovação importante foi o processo de produção de dutos de aço, sem

costura. As reservas de GN eram rapidamente exauridas devido ao grande desperdício.

Na década de 1930 gasodutos de longa distância começaram a se difundir no mercado

americano. Em 1955, cerca de 250.000 km de gasodutos de transporte já haviam sido

Page 53: Manual Combust Ive Is

11

construídos. Mas apenas em 1935 a venda de GN ultrapassou o gás manufaturado, para

o mercado industrial e residencial (aquecimento doméstico).

A dinâmica da evolução da IGN foi tradicionalmente dependente da indústria do

petróleo, uma vez que o preço do petróleo era essencial para a determinação da

viabilidade de construção da infraestrutura para o transporte e distribuição gás. Em

1950, os E.U.A consumiram cerca de 90% de todo o gás comercializado no mundo. Por

outro lado, grande parte do gás associado era queimado. Mesmo nos anos 70, na época

do choque do petróleo, cerca de 60% do GN no Oriente Médio era queimado. Procurar

petróleo e encontrar gás era considerado um fracasso.

A relação entre os mercados de óleo e gás obedecia a seguinte lógica – a dinâmica do

primeiro determinava a do 2º. Durante o período do petróleo barato, o mercado de gás

só se desenvolveu rapidamente nos países onde havia uma conjunção de oferta a baixo

custo próxima a mercados consumidores. O padrão tradicional da IGN começou a se

alterar com os choques do petróleo que forçaram os países importadores de petróleo a

reorientaram suas políticas energéticas. Essa reorientação contemplou a busca e o

desenvolvimento de novas reservas de gás visando reduzir a dependência do petróleo

importado através de investimentos na cadeia de gasodutos e em GNL (gás natural

liquefeito).

8 - PANORAMA MUNDIAL DA INDÚSTRIA DE GÁS NATURAL (IGN)

Até 1970, a IGN era muito pouco

internacionalizada e apenas 4% do gás

consumido era comercializado no mercado

internacional. A busca de diversificação da

matriz energética pelos países importadores e

a redução de custos de transporte permitiram

uma crescente internacionalização do mercado

de gás natural, acarretando um gradual e

progressivo deslocamento do papel assumido

pelo petróleo no séc. XX.

Fatores que influenciaram na mudança de padrão de concorrência no mercado de gás

depois das crises do petróleo: a) mudanças no contexto geopolítico internacional (ex.

situações de beligerância e de instabilidade política no Oriente Médio); b) as novas

tecnologias de produção, de transporte e de uso do gás natural; c) as novas políticas

ambientais; e, d) a introdução de concorrência nos mercados de gás mais maduros.

O GN é responsável por cerca de 24% do consumo primário de energia do mundo.

Grande parte do aumento do consumo de gás aconteceu em função da entrada do gás

natural na produção de eletricidade, com a difusão das turbinas a gás em ciclo

combinado (TGCC).

9 - A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE GÁS NATURAL (IGN)

O GN não fez parte das prioridades políticas da política energética nacional até o final

dos anos 80. O desenvolvimento tardio da IGN se deve, em parte, à baixa

Page 54: Manual Combust Ive Is

12

disponibilidade de reservas até os anos 80 e à própria desestruturação da indústria de

gás manufaturado. A utilização do GN esteve diretamente associada ao surgimento,

ainda no sec. XIX, às redes de distribuição de gás. Naquela época o gás era

manufaturado a partir de carvão e sua finalidade precípua era a alimentação dos

lampiões de rua para iluminação pública – isto até 1930. Ao longo da primeira metade

do sec. XX, o gás canalizado foi substituído, progressivamente, pela eletricidade na

iluminação pública e, mais tarde, pela entrada do GLP como fonte de energia para

cocção. Houve uma desativação da maior parte dos sistemas de gás canalizado, e apenas

Rio de Janeiro e São Paulo mantiveram suas empresas de distribuição até os anos 80.

Dois fatores favoreceram a inflexão dessa dinâmica: a) as descobertas de gás associado

na Bacia de Campos; e, b) a Constituição promulgada em 1988. As descobertas

viabilizaram a construção do gasoduto Rio-São Paulo e sinalizaram uma nova

perspectiva na expansão da oferta do produto. Já a CF/88 estabeleceu o reconhecimento

do poder concedente dos estados da Federação com relação à distribuição de gás

canalizado*.

*... Estabelece a CF/88, em seu art. 25, § 2º: “Cabe aos Estados explorar

diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma

da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação” (§ 2º com

redação determinada pela EC nº 5, de 15 de agosto de 1995).

O principal consumidor de gás natural é a própria Petrobras, utilizando o GN nas suas

unidades industriais e nas operações de reinjeção buscando ampliar os níveis de

recuperação de óleos nos reservatórios.

A partir da década de 1990 a IGN adquiriu um novo status na política energética

nacional em função de dois fatores: a) a descoberta de reservas importantes na Bacia de

Campos, seguida do aumento da produção de gás associado; b) o avanço das

negociações a partir de 1994 para a importação de 30 milhões de m3/dia de gás da

Bolívia.

As reformas setoriais, o programa de privatização dos anos 90 e o agravamento da

situação da geração hidroelétrica que promoveu a instituição do Programa Prioritário de

Termoelétricas (PPT), favoreceu, no Brasil, o aumento do consumo de GN. A Petrobras,

buscando preservar as vantagens econômicas da integração vertical das atividades ao

longo da cadeia, adquiriu participações na maior parte das empresas estaduais e

consolidou sua posição dominante na cadeia produtiva de gás, via aquisição de ativos e

a internacionalização de suas atividades até o segmento upstream boliviano. .

10 - O INÍCIO DAS OPERAÇÕES DO GASBOL, EM 1999 (GASODUTO

BOLÍVIA - BRASIL)

O Gasoduto Bolívia-Brasil, também conhecido como Gasbol, é uma via de transporte

de gás natural entre a Bolívia e o Brasil com 3.150 quilômetros de extensão, sendo

2.593 em território brasileiro (trecho administrado pela TBG) e 557 em território

boliviano (trecho administrado pela GTB).

A construção, funcionamento e comércio do gás é regido pelo acordo Tratado de La Paz

redigido em 1996. E começou a ser construído em 1997, iniciando sua operação em

Page 55: Manual Combust Ive Is

13

1999. Mas esteve plenamente operativo somente em 2010, com o objetivo de que o gás

natural chegue a 15% de todo o consumo energético brasileiro. O então presidente

Fernando Henrique Cardoso teve grande empenho para a realização do projeto e

inaugurou as primeiras etapas.

O gasoduto tem seu início na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra e seu fim na

cidade gaúcha de Canoas, atravessando também os estados de Mato Grosso do Sul, São

Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, passando por cerca de quatro mil

propriedades em 135 municípios.

Em São Paulo, o traçado acompanha o rio Tietê, chegando a Campinas, onde se

encontram as indústrias que, em 1999, foram as empresas pioneiras na utilização do gás

natural boliviano. O trajeto é estratégico, pois passa por uma área responsável por 71%

do consumo energético brasileiro, 82% da produção industrial do país e 75% do PIB.

Até a construção do gasoduto, terminado em 2010, no estado de São Paulo, somente a

capital e alguns municípios adjacentes faziam uso do gás natural nacional, extraído das

plataformas submarinas de Campos (no Rio de Janeiro) e de Santos, no litoral paulista.

Este sistema já se encontra conectado ao duto do gás boliviano através de uma conexão

nas cercanias do Vale do Paraíba. O gás natural de Campos, após alimentar alguns

municípios na área de São José dos Campos, é direcionado à rede paulista pelos dutos

que correm paralelamente à via Dutra e o de Santos sobe a Serra do Mar, em direção à

zona industrial da região metropolitana. Em novembro de 2008, na cidade de Gaspar,

em Santa Catarina, houve um rompimento do gasoduto em decorrência das enchentes

ocorridas na região do Vale do Itajaí.

Em 2006 o presidente boliviano Evo Morales declara o Decreto Supremo, em que

impõe regras para os hidrocarbonetos, todos os derivados de petróleo extraídos no país.

O decreto transfere a propriedade das reservas para a Bolívia e aumenta os impostos

sobre a produção de 50% para 82%, entre outros tópicos.

O gás era extraído na Bolívia em campos anteriormente explorados por multinacionais

como PETROBRÁS, Repsol YPF, British Gas e British Petroleum e a Total. Estas

tiveram recuo em seus lucros e provocaram intensas críticas internacionais e discussões

diplomáticas.

Linha de Gasodutos no território brasileiro, incluído o GASBOL

Page 56: Manual Combust Ive Is

14

O GASENE -Gasoduto Sudeste/Nordeste (linha vermelha acima), é formado por três

gasodutos: Gasoduto Cabiúnas-Vitória (GASCAV), Gasoduto Cacimbas-Vitória e

Gasoduto Cacimbas-Catu (GASCAC), totalizando 1.371 km de dutos. Segundo a

Petrobras a movimentação inicial esperada de gás no GASENE é de 10 milhões de

m³/dia, chegando a 20 milhões de m³/dia em 2015. De acordo com a Petrobras, o projeto

vai suprir o déficit na oferta de gás para a Região Nordeste, aumentar a distribuição do

gás da Bolívia e criar novos mercados, além de permitir a exploração comercial das

reservas atuais e futuras das Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo.

Em decorrência do aumento da oferta de GN, foi possível o lançamento da PPT

(Programa Prioritário das Térmicas) e o estímulo à demanda para fins de consumo

industrial e veicular (GNV). No período de 1995-2000, o consumo total cresceu a uma

taxa anual de 12,4% ao ano. Já no quinquênio seguinte, entre 2000-2005 a demanda

cresceu a um ritmo de 13,6% ao ano. Esse crescimento expressivo viabilizou a

otimização de uso do gasoduto. Em 2004 surgiram os primeiros sinais de problemas

quanto á segurança de abastecimento. Com a seca do Nordeste as termoelétricas ali

localizadas não puderam ser despachadas devidamente por problemas de falta de gás.

Dá a necessidade de interconexão dos gasodutos sudeste e nordeste. Apesar da

coerência desta decisão as condições de suprimento, a médio prazo, passaram a ser mais

dependentes das importações da Bolívia (que passaram a enfrentar restrições políticas),

das importações de GNL e da entrada em operação das reservas encontradas na Bacia de

Santos e do Espirito Santo.

11 - GÁS NATURAL NA BAHIA

A atividade de distribuição de gás natural

canalizado na Bahia é desempenhada pela

Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás,

concessionária estadual . Essa Companhia é uma

empresa de economia mista, controlada pelo

Governo do Estado, vinculada à Secretaria de

Infraestrutura. Tem como acionistas o Estado da

Bahia, a Gaspetro, subsidiária da Petrobras, e a

Bahiapart, empresa do grupo Mitsui Gás e

Energia do Brasil. Foi criada em 26 de fevereiro de 1991 e iniciou suas operações em

agosto de 1994. Desde então, é responsável pelo armazenamento e distribuição de Gás

Natural canalizado em toda a Bahia, tendo concessão para atuar neste Estado por 50

anos.

A Bahia é uma grande produtora de Gás Natural, fator que fortalece o mercado local,

com reservas da ordem de 32 bilhões de m³ de gás, localizadas próximas dos centros de

abastecimento. O gás natural representa 15% da matriz energética do Estado, sendo

utilizado nos segmentos industrial, automotivo, comercial, residencial e cogeração de

energia.

Atualmente, o volume de gás produzido na Bahia é de 6,3 milhões de m³/dia, parte

dessa produção é enviada para os Estados de Sergipe e Alagoas, parte consumida pela

Bahiagás e outra parte pela Petrobras.

Page 57: Manual Combust Ive Is

15

Até maio de 2009, a Bahiagás atingiu a marca de 569 km de gasodutos construídos,

permitindo o atendimento não só na capital baiana e região metropolitana, como

também em cidades do interior do Estado.

A Bahiagás em 2008 realizou a distribuição de 4,3 milhões de m³/dia. No segundo

semestre de 2009, mesmo em meio à crise econômica mundial, a companhia recuperou

o volume de vendas alcançando uma média de 3,8 milhões de m³/dia no mês de

novembro, chegando próximo ao recorde conquistado no ano anterior (2008).

A Bahiagás é a maior distribuidora de gás do Norte-Nordeste possuindo mais de 50%

do mercado regional e ocupando a quarta posição no país em volume de gás distribuído,

ficando atrás apenas das companhias do Rio de Janeiro e São Paulo.

O Brasil, com sua imensa extensão territorial, é detentor de grandes reservas de

Gás Natural. As pesquisas atuais demonstram os seguintes dados de reservas já

descobertas:

a) 185 trilhões de m³ estão distribuídos pelo globo terrestre sendo as maiores

reservas situadas na Europa e países da Ex-URSS e no Oriente Médio;

b) A América Latina possui 7 trilhões de m³ e deste total 364 bilhões de m³ estão

distribuídos em reservas brasileiras;

c) A Bahia possui 32 bilhões de m³, correspondendo a 63% das reservas do

Nordeste e 9% das reservas do Brasil;

d) A participação do Gás Natural na Matriz Energética Brasileira de Gás Natural é

de 9% e, dentro deste cenário, a Bahia representa 14,5%.

12 - UTILIZAÇÃO DO GN NA INDÚSTRIA DA BAHIA

Na indústria, o Gás Natural é utilizado como combustível para fornecimento de calor,

como matéria-prima em vários setores, tais como: químicos, petroquímico, metalúrgico,

plástico, cerâmico, farmacêutico, têxtil, borracha e pneus, na geração de eletricidade e,

mais recentemente, em projetos de cogeração de alta eficiência energética.

O gás natural é responsável por 26% da matriz energética industrial da Bahia,

representando uma das maiores médias do Brasil.

Em todo o Estado, 94 indústrias consomem 2,5 milhões de m³/dia do gás natural

distribuído pela Bahiagás. 65% deste volume são destinados ao Polo Industrial de

Camaçari, maior complexo Industrial Integrado do Hemisfério Sul.

A Bahiagás está consolidada nesse segmento, principalmente nas áreas do Polo

Petroquímico de Camaçari, Centro Industrial de Aratu, Distrito Industrial de

Alagoinhas, Arembepe, Catu, Candeias, Salvador, Feira de Santana, Pojuca, Vera Cruz,

Dias D’Ávila, Simões Filho e do Litoral Norte.

Atualmente, o segmento industrial é responsável por 91% do consumo de gás natural

comercializado pela Bahiagás.

Page 58: Manual Combust Ive Is

16

Utilização do Gás Natural Canalizado no segmento industrial:

a) Como matéria-prima (petroquímicas e indústrias de fertilizantes);

b) Como redutor siderúrgico (indústrias siderúrgicas);

c) Como combustível (geração de calor);

d) Na cogeração (geração de energia elétrica e vapor).

Vantagens da utilização de Gás Natural Canalizado para a Indústria

a) Reduz os poluentes, devido às baixas emissões de compostos nitrogenados e de

monóxido de carbono, contribuindo para a melhoria do meio ambiente;

b) Aumenta a vida útil dos equipamentos devido ao baixo percentual de gases

ácidos e compostos de enxofre;

c) Elimina a estocagem de combustíveis e desativa os equipamentos de

combustíveis líquidos, como bombas, tanques e aquecedores;

d) Reduz as intervenções de manutenção e da limpeza das áreas de queima e de

trabalho, diminuindo o custo operacional;

e) Melhora o rendimento térmico devido à ausência de resíduos de queima;

f) Aumenta a precisão de regulagem de chama devido à estabilidade da

composição do Gás Natural;

g) É pago após o consumo.

13 - UTILIZAÇÃO DO GN NAS ATIVIDADES COMERCIAIS – BAHIA

Na capital baiana, a Bahiagás começou a operar no fornecimento do Gás

Natural Canalizado para os estabelecimentos comerciais localizados nas áreas da Pituba

e Imbuí. Com a expansão da malha de distribuição intensificada em 2008, a companhia

passou também a atender outros bairros da cidade como Itaigara, Iguatemi, Rio

Vermelho, Amaralina, Cidade Jardim, Ogunjá e ao longo das avenidas ACM, Bonocô e

Paralela.

A aplicação do Gás Natural no comércio traz muitas vantagens:

a) Melhoria do rendimento dos equipamentos, além de liberação de espaços

importantes com a diminuição expressiva das áreas de risco;

b) Praticidade do uso, com segurança e assistência técnica permanente 24 horas por

dia;

c) Pagamento após o consumo do Gás Natural;

d) Fornecimento contínuo, gerando maior comodidade e não requerendo

reabastecimento;

Page 59: Manual Combust Ive Is

17

e) Maior segurança devido à propriedade do Gás Natural de ser mais leve que o ar,

o que lhe permite escapar para a atmosfera em caso de vazamentos.

O Gás Natural aumenta significativamente a rentabilidade quanto à qualidade dos

serviços de um empreendimento comercial. Hotéis, shoppings, hospitais,

supermercados, motéis e restaurantes são exemplos de consumidores potenciais do Gás

Natural. Confira outros estabelecimentos comerciais.

A seguir a relação de alguns equipamentos a gás natural que podem ser usados por

estabelecimentos comerciais: Aquecedores de água; Caldeiras; Fornos; Fritadeiras;

Fogões; Secadoras; Geradores de energia elétrica; Máquinas de absorção; Ar-

condicionado; Refrigeradores com motores a gás.

14 - UTILIZAÇÃO DO GN EM RESIDÊNCIAS – BAHIA

Em Salvador, a Bahiagás já gás natural canalizado para residências e estabelecimentos

comerciais situados nos bairros da Pituba, Itaigara, Iguatemi, Imbuí, Rio Vermelho,

Amaralina, Cidade Jardim, Ogunjá e ao longo das avenidas ACM, Bonocô e Paralela.

Foram realizadas obras de adensamento e implantação de rede distribuidora no Horto

Florestal, Vasco da Gama, Garibaldi, Cidade Jardim, Candeal, Alto do Parque e na Rua

Fonte do Boi, no Rio Vermelho. A meta da companhia é popularizar o uso do

combustível em moradias, restaurantes, shoppings, bares, hospitais, supermercados,

hotéis e escritórios.

Com o aquecimento do mercado imobiliário e a modernização dos projetos residenciais,

a Bahiagás expandiu, em 2008, o número de contratações, passando de 3.300 mil para,

aproximadamente, 26 mil residências e estabelecimentos comerciais.

Vantagens de uso do Gás Natural em residências:

a) É um combustível ecologicamente correto, pois praticamente elimina a emissão

de compostos poluentes pesados na atmosfera.

b) É mais seguro, já que é mais leve que o ar e em caso de vazamento se dissipa

rapidamente.

Page 60: Manual Combust Ive Is

18

c) Proporciona maior comodidade e tranquilidade, pois seu fornecimento

canalizado é contínuo e não há preocupações com trocas ou armazenamentos de

botijões.

d) Não há armazenamento de botijões e cilindros, aumentando o espaço útil da

cozinha e, em caso de condomínio, da área útil de lazer.

Com praticidade, segurança e modernidade, o Gás Natural pode ser usado em

residências para climatização de ambientes, aquecimento de água e cocção de

alimentos. Além disso, o mercado brasileiro já dispõe de modernos eletrodomésticos

que são movidos pela energia gerada pelo Gás Natural, como lavadoras de roupas,

secadora, fornos etc.

Os eletrodomésticos convencionais podem sofrer conversões e adaptações nas

instalações internas para uso do Gás Natural.

Exemplo de situações em que ocorre a utilização do Gás Natural nas residências:

a) Climatização de ambiente: centrais de ar condicionado e de aquecimento.

b) Cozinha e banheiro: água quente em pia, banheira e chuveiro, forno/fogão e

geladeira a gás.

c) Área de serviço e recreação: churrasqueira a gás, piscina, sauna, lava-roupa com

água quente, secadora e tanque de água quente.

15 - USO DO GN NO SETOR AUTOMOTIVO (GNV) - BAHIA

A Bahiagás iniciou a sua operação no setor automotivo em 1994, fornecendo Gás

Natural Veicular (GNV) para o posto Gasforte, em Catu. A demanda pelo GNV foi

crescendo, principalmente devido à procura do combustível pelos taxistas, principais

usuários do GNV.

Naquela época, existiam muitos problemas: poucos postos comercializavam o GNV e

os pontos de abastecimento eram distantes do principal local de trabalho dos taxistas.

No setor de Gás Natural Veicular (GNV), a BAHIAGÁS é a líder em vendas no

Nordeste, com média de 232 mil m³/dia em 2009. Este segmento responde por mais de

9% do gás natural comercializado pela empresa e atende a uma frota de

aproximadamente 70 mil veículos, através dos 75 postos que comercializam o GNV.

O Gás Natural Veicular (GNV) é o mesmo Gás Natural utilizado na indústria,

residências e estabelecimentos comerciais. A única diferença é a pressão, muito superior

àquela utilizada em indústrias e residências.

É um combustível limpo, atóxico e não irritante, sua queima é mais limpa que a da

gasolina, do álcool e do diesel, fator que proporciona redução da emissão de poluentes

na atmosfera, atendendo aos controles de poluição que são cada vez mais rigorosos.

O GNV proporciona uma economia de cerca de 60% nos gastos com combustíveis. Os

mais beneficiados são os usuários que rodam mais de 100 km por dia, pois conseguem

recuperar o investimento da conversão em poucos meses.

Page 61: Manual Combust Ive Is

19

Vantagens do GNV (Gás Natural Veicular):

a) é mais seguro quanto ao manuseio, já que a temperatura de ignição é superior;

b) o abastecimento é feito sem contato com o ar, evitando possibilidades de

combustão;

c) tem menor densidade que o ar, se dissipando facilmente em caso de vazamento;

d) armazenamento em cilindros resistentes até mesmo ao impacto de projéteis de

armas de fogo;

e) aumento do intervalo das trocas de óleo e das velas de ignição;

f) aumento da vida útil do motor;

g) economia de até 60% nos gastos com combustível.

Page 62: Manual Combust Ive Is

20

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO GÁS NATURAL NO ESTADO DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA:ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº 14.812/13

INTRODUÇÃO

Aplica-se ao Gás Natural - GN o regime de Substituição Tributária, previsto no Conv.

ICMS 110/07, com margens de valor adicionado ou PMPF, definidas no Ato Cotepe nº

21/08. Não se aplica o regime de antecipação quando o produto foi utilizado como

matéria-prima ou para queima na em atividade industrial. De igual forma não há

substituição tributária quando o GN for para uso ou consumo final. Vislumbramos a

possibilidade de tributação antecipada do GN quando o mesmo for destinado à revenda

nos postos de combustíveis, para abastecimento da frota de veículos, na forma de GNV.

Por não ser combustível derivado diretamente do petróleo o GN se submete ao regime

de tributação igual às demais mercadorias nas operações interestaduais (incidência do

ICMS na unidade federada de origem e na unidade federada de destino).

Há redução da base de cálculo nas operações internas. As sucessivas saídas internas de

GN destinado à produção de energia elétrica em termoelétricas são diferidas, para o

momento em que ocorrer a saída da energia elétrica. São também diferidas as operações

de entrada de gás natural liquefeito (GNL) importado, quando destinado a terminal de

regaseificação e a operação de saída subsequente desse produto.

1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.1 - RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS

São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, nas operações internas, a

distribuidora de gás natural (concessionária estadual) e o Importador.

Nas operações interestaduais a responsabilidade por substituição é definida pelo Conv.

ICMS 110/07. Este convênio, que é de natureza autorizativa, remete à legislação de

cada unidade federada a definição do contribuinte substituto nas operações com gás

natural.

Page 63: Manual Combust Ive Is

21

Base legal: Cláusula primeira do Conv. ICMS 110/07. Art. 512-A, inc. I, letra “d” e inc.

II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do

ICMS: Art. 8º, inc. III, da Lei nº 7.014/96.

1.2 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.2.1 - Operação promovida pela concessionária estadual distribuidora: PMPF (a partir

de 1º/01/12). Valor da operação + MVA respectiva (operações até 31/12/11).

1.2.2 - Operação promovida pelo importador: PMPF (a partir de 1º/01/12). Valor da

mercadoria constante do documento de importação, que não pode ser inferior ao valor

que serviu de base de cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores

correspondentes a tributos, inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e

outros encargos devidos pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em

Ato Cotepe operações até 31/12/11).

1.2.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, sem

PMPF ou sem adição de MVA.

1.3 – VALOR DO PREÇO MÉDIO PONDERADO A CONSUMIDOR PARA O GÁS

NATURAL (PMPF) E MVA’s

1.3.1 - A partir de 1º/01/2012 a base de cálculo da ST do Gás Natural é R$ 1,6650/m³.

Base legal: Ato Cotepe /PMPF nº 24, de 22/12/2011, efeitos a partir de 1º de janeiro de

2012. Art. 512-B, inc. X, do RICMS/97 e art. 289, § 8º, do RICMS/12.

1.3.2 – Até 31/12/2011 a base de cálculo – ST do Gás Natural era composta pelo valor

da operação + MVA, conforme tabela abaixo:

MVA – OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO, EM

QUE O PRODUTO TENHA POR DESTINO A BAHIA (com a inclusão da CIDE e das

contribuições do PIS/COFINS)

PERÍODO INTERNA INTERESTADUAL e

IMPORTAÇÃO

1º/01/09 a 31/12/11 178,18% 178,18%

Fonte normativa: Art. 512-B, inc. VII, letra “a”, item 1 (operações internas e

interestaduais) e letra “b”, item 1 (operações de importação), do RICMS/97.

1.3.3 – Para o Gás Natural Veicular (GNV) a MVA aplicável, antes da instituição do

PMPF (item 1.3.1), era a discriminada na tabela abaixo:

MVA – OPERAÇÕES INTERNAS, INCLUSIVE IMPORTAÇÃO, COM GNV (com a

inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS):

Há duas MVA’s nas operações internas com GNV, no período de 1º/01/2009 a

31/12/2011, conforme abaixo

Page 64: Manual Combust Ive Is

22

PERÍODO INTERNA SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO

1º/01/09 a 31/12/11 203,53% PRODUTOR NACIONAL DE

COMBUSTÍVEIS

1º/01/09 a 31/12/11 178,18% CONCESSIONÁRIA

DISTRIBUIDORA

Fonte normativa: Art. 512-B, inc. II e inc. VII, letra “a”, item 1, letra “b”, item 1, do

RICMS/97.

Observação: na Bahia o substituto tributário é a concessionária estadual distribuidora

do produto - BAHIAGÁS.

2 – BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

2.1 - A base de cálculo é o valor da operação praticado pelo estabelecimento de

concessionária estadual distribuidora.

2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de

importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto

de importação, com a inclusão do próprio ICMS.

2.3 – O Gás Natural é tributado nas operações interestaduais, seguindo o mesmo regime

das demais mercadorias: a) tributação na origem e no destino, quando o produto for

remetido para comercialização ou industrialização; b) tributação só na origem quando o

produto se destinar a consumo final.

Base legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, incisos I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23,

inc. I, letras “a” e “b”, da Lei nº 7.014/96.

3 - PRAZOS DE RECOLHIMENTO DO ICMS (SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA)

3.1 – Prazo de recolhimento nas operações internas - ST: dia 15 do mês subsequente

nas operações de saídas – Base legal: art. 126, inc. I, do RICMS/97 e art. 332, inc.

XIII, do RICMS/12;

3.2 – Prazo de recolhimento nas operações interestaduais – ST: até o 10º (décimo) dia

subseqüente ao término do período de apuração em que tiver ocorrido a operação,

a crédito da unidade federada em cujo território se encontra estabelecido o

destinatário das mercadorias – Base legal: cláusula décima sexta do Conv. ICMS

110/07;

3.3 – Prazo de recolhimento nas operações de importação: pagamento do imposto por

ocasião do desembaraço aduaneiro, salvo hipótese de diferimento prevista no

RICMS (vide item 5.2 abaixo) – Base legal: art. 572 do RICMS/97 e art. 332, inc. IV,

do RICMS/12.

4 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO

Page 65: Manual Combust Ive Is

23

É reduzida a base de cálculo nas operações com Gás Natural (GN), no Estado da Bahia,

em 29,4117%, que resulta numa carga tributária de 12% (doze por cento).

Base legal: art. 81, do RICMS/97 e art. 268, inc. III, do RICMS/12 (Convênios ICMS

18/92, 89/94 e 151/94).

5 – DIFERIMENTO

5.1 É diferido o ICMS nas sucessivas saídas internas de GN utilizado na produção de

energia elétrica em usinas termoelétricas. O lançamento do imposto diferido é

dispensado quando a saída da energia elétrica for isenta, não tributadas ou com redução

de base cálculo.

Base legal: art. 343, inc. LIX e § 6º, do RICMS/97 e art. 268, inc. XXXII e § 13, inc. V,

do RICMS/12.

5.2 – É diferido o ICMS nas entradas de Gás Natural Liquefeito (GNL) importado do

exterior destinado a terminal de regaseificação, bem como a saída subsequente do

produto importado.

Base legal: Art. 343, inc. LXXXV, do RICMS/97 – efeitos a partir de 19/11/11, por

força do Dec. nº 13.439/11 (alteração nº 150, ao RICMS/97). Art. 286, inc. LV, do

RICMS/12.

4 – ALÍQUOTAS

4.1 – Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento) nas operações internas e de

importação do exterior.

4.2 – Alíquota efetiva de 12% (doze por cento) nas operações internas e de

importação, considerando a redução de base de cálculo de 29,4117%. Observar que as

operações de importação de GNL são diferidas até a saída subsequente do produto

regaseificado.

4.3 – Alíquota de 12% (doze por cento) nas operações interestaduais, nas operações de

remessa de gás natural para outra unidade da Federação.

Base legal: Art. 51-A, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, inc. I, letra “a” (Lei nº 7.014/96).

Observação importante: Por disposição expressa da Resolução nº 13/2012, do Senado

Federal, não se aplica a alíquota de 4% nas operações interestaduais com gás natural

importado.

Page 66: Manual Combust Ive Is

24

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012.

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012.

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012.

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 – TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL / Célio Eduardo Martins

Vaz, João Luiz Ponce Maia, Walmir Gomes dos Santos. – 1ª ed. - São Paulo: Blücher,

2008.

6 – INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL: fundamentos técnicos e econômicos / Edmar

Fagundes de Almeida, Marcelo Colomer Ferraro – Rio de Janeiro: Synergia: FAPERJ

IE/UFRJ: UFF, 2013.

7 - www.anp.gov.br (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).

8 – www.petrobras.com.br (Petrobras S/A).

9 – www.bahiagas.com.br (Companhia de Gás da Bahia).

10 – .mme.gov.br/ (MME – Ministério das Minas e Energia)

11 - www.bp.com/statisticalreview (Statistical Review of World Energy 2010).

Page 67: Manual Combust Ive Is

1

MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

GLP – Gás Liquefeito Derivado de Petróleo NCM 2711.19.1

1 - INTRODUÇÃO

Define-se Gás Liquefeito de Petróleo

(GLP), também conhecido com gás de

cozinha, a mistura formada, em sua

quase totalidade, por hidrocarbonetos de

três a quatro átomos de carbono que,

embora, gasosos nas condições

ambientais, pode ser liquefeita por

pressurização. Quando liquefeito o GLP

ocupa 0,4% do seu volume no estado

gasoso. Botijões de 13 kg contendo GLP

2 - COMPOSIÇÃO

Os principais hidrocarbonetos parafínicos constituintes do GLP são: C3H6 (propano);

C4H10 (butanos – normal e iso), propeno e butenos (normal, iso, cis e trans). Além

desses hidrocarbonetos o GLP pode conter ainda etano e pentanos em reduzidas

porcentagens.

Tabela 1 - Exemplo de constituição do GLP (livro Farah, pág. 156)

Hidrocarboneto Valor médio % em volume

Etano 1,3

Propano 22,5

Propeno 16,1

n-Butano 12,6

Isobutano 14,7

Buteno-1 8,2

Cisbuteno-2 6,4

Transbutano-2 8,1

Isobuteno 9,6

Pentanos e mais pesados 0,6

Page 68: Manual Combust Ive Is

2

Nota-se, na tabela acima, o predomínio absoluto dos hidrocarbonetos e três e quatro

átomos de carbono que, em média, atingem 98% em volume do GLP.

O GLP é incolor e, em regra, inodoro (sem cheiro). Para que sejam facilmente

identificados vazamentos de GLP, lhe são adicionados compostos odorizantes à base de

enxofre que lhe conferem odor característico, facilmente perceptível pelo olfato

humano.

A facilidade de liquefação do GLP em

relação aos outros combustíveis gasosos

lhe dá um diferencial, pois viabiliza a

sua distribuição em botijões para o

consumidor.

As especificações dos gases liquefeitos

de petróleo são definidas pela ANP

(Resolução nº 18, de 02/09/2004, DOU

de 06/09/2004).

Taques de armazenamento de GLP

3 - PRINCIPAIS APLICAÇÕES DOS

GASES LIQUEFEITOS DE

PETRÓLEO Chama decorrente da combustão do GLP

A principal aplicação do GLP é na

cocção (cozimento) de alimentos, que

corresponde a cerca de 90% da demanda

brasileira do produto. Pode ser também

utilizado como matéria-prima na

petroquímica, na fabricação de borracha,

polímeros e éteres e como combustível industrial para segmentos especiais, como as

indústrias de vidro, cerâmica e alimentícia. O GLP é também utilizado como

combustível automotivo em máquinas empilhadeiras, que trabalham em ambientes

fechados, e é aplicado ainda como combustível para tratamento térmico e na

galvanização.

Algumas aplicações requerem produtos com maiores teores de propano ou butano. Para

atender a todos os segmentos, além do GLP, são comercializados no Brasil os seguintes

hidrocarbonetos gasosos na faixa de três a quatro átomos de carbono: propano

comercial; propano especial e, butano comercial e butano desodorizado. O propano

e o butano são utilizados como propulsores para sprays aerossóis, especialmente após o

banimento dos CFCs (clorofluorcarboneto, clorofluorcarbonato) que atacam a camada

de ozônio. O propano, por sua vez, é utilizado na mistura denominada MGR (mixed gás

refrigerant), que é fundamental para liquefação do gás natural (GNL) em processos

industriais, onde a refrigeração necessária.

4 - PRODUÇÃO

Page 69: Manual Combust Ive Is

3

Conforme já foi abordado nos módulos

anteriores (Módulos I e II), o GLP pode ser

produzido a partir do petróleo ou do gás

natural (GN).

O GLP produzido a partir do GN se dá

através de processos químicos que ocorrem

nas UPGN’s (Unidades de Processamento de

Gás Natural). Esse GLP é também

denominado GLGN (gás liquefeito derivado

de gás natural).

Para o gás derivado diretamente do petróleo

(GLP-P) destaca-se o processo de

craqueamento catalítico fluido (FCC) pela

quantidade produzida.

Os principais processos de produção de GLP

e GLGN no Brasil são os seguintes:

Destilação atmosférica: ao separar o

petróleo em frações com

temperaturas crescentes de ebulição,

a fração mais leve e o gás

combustível (constituído

principalmente de metano e etano).

A fração seguinte é o GLP, que,

usualmente, representa de 1% a 3%

do petróleo;

Fracionamento do gás natural: a maior parte do gás natural (até 90%) é metano.

No entanto, ele contém compostos mais pesados como propano, butanos e outros

hidrocarbonetos parafínicos mais pesados. O fracionamento do gás natural gera

com subprodutos o GLGN (1% a 13% - que tem a mesma composição do GLP),

e o líquido de gás natural (LGN – que contém C+5 - componente da gasolina).

Craqueamento catalítico fluido (FCC): nele as frações pesadas do petróleo são

transformadas em frações mais leves como o GLP, naftas e gasóleos. O FCC é

responsável por mais de 80% da produção de GLP no Brasil.

Page 70: Manual Combust Ive Is

4

Abaixo o esquema gráfico representando os principais processos de produção de

GLP existentes no Brasil

Page 71: Manual Combust Ive Is

5

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO GLP NO ICMS DA BAHIA.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº 14.812/13)

PRODUTO: GÁS LIQUEFEITO DERIVADO DE PETRÓLEO – GLP – NCM

2711.19.1

O Gás Liquefeito Derivado de Petróleo (GLP) é basicamente uma mistura de propano e

butanos, extraído do petróleo, na faixa de destilação de até 28 ºC. Aplica-se ao mesmo

no regime de Substituição Tributária, com margens de valor adicionado, definidas no

Ato Cotepe nº 21/08.

Há redução da base de cálculo nas operações internas. Por ser combustível derivado de

petróleo, as operações interestaduais com GLP não são tributadas pelo ICMS, na

unidade federada de origem do produto. Assim dispõe o art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”,

da Constituição Federal, o art. 3º, inc. III, da lei estadual nº 7.014/96 e o RICMS/97 –

art. 6º, inc. III, letra “b”. Essa matéria não é tratada no RICMS/12, visto que o

regramento se encontra expresso na CF/88, na Lei Complementar 87/96 e na lei estadual

do ICMS (Lei nº 7.014/96).

As operações interestaduais com GLP, para fins comercialização ou consumo, não são

tributadas na unidade federada de origem por se tratar de produto derivado de petróleo.

Toda a tributação é deslocada para a unidade federada de destino da mercadoria. O

recolhimento do imposto se faz pelo regime da Substituição Tributária, de

responsabilidade do estabelecimento industrial refinador, importador ou remetente da

mercadoria, conforme disposição do Conv. ICMS 110/07.

Vejamos abaixo as principais regras de tributação aplicáveis ao GLP.

1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.1. – RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS

São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST:

a) Industrial Refinador, nas operações internas;

b) Importador;

c) Remetente do produto nas operações interestaduais, inclusive quando o produto

se destinar a uso ou consumo final (diferencial de alíquotas).

Page 72: Manual Combust Ive Is

6

Base legal: Art. 512-A, inc. I, letra “a”, item 4; inc.II; e, inc. III c/c § 1º, inc. II, do

RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna).

Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa

disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual).

Observação importante: no caso de importação o recolhimento do imposto devido por

substituição tributária será efetuado pelo importador, na ocasião do desembaraço

aduaneiro ou na entrega da mercadoria, se esta ocorrer antes.

Base legal: art. 512-A, § 2º, do RICMS/97. Cláusula segunda do Conv. ICMS 110/07

c/c o art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das

contribuições do PIS/COFINS)

MVA – OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUIAS EM QUE O PRODUTO

TENHA POR DESTINO A BAHIA

PERÍODO INTERNA INTERESTADUAL

1º/01/09 até hoje 98,32% 138,97%

Base legal: Ato Cotepe nº 21/2008 c/c com art. 512-B, inc. II, do RICMS/97 e Anexo I,

do RICMS/12.

MVA – OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO EM QUE O PRODUTO TENHA POR

DESTINO A BAHIA

PERÍODO INTERNA INTERESTADUAL

1º/01/09 até hoje 120,39% 150,45%

Base legal: Ato Cotepe nº 21/2008 c/c o art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97 e Anexo I, do

RICMS/12.

1.3 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.3.1 - Operação promovida pelo industrial refinador para fins de revenda: Preço

unitário praticado pelo Substituto (Refinaria) na Unidade, acrescido de frete, seguro,

tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário +

MVA fixada em Ato Cotepe.

Base legal: Art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Cláusula oitava do Convênio ICMS

110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.3.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do

documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de

cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,

inclusive ICMS - importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos

pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.

Base legal: Art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do Conv. ICMS

110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.3.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, com a

inclusão do ICMS na própria base de cálculo, sem adição de MVA.

Page 73: Manual Combust Ive Is

7

Base legal: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv. ICMS

110/07.

2 – BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

2.1 - A base de cálculo é o preço unitário praticado pelo estabelecimento industrial

refinador com a inclusão do ICMS (cálculo por dentro).

Base legal: Art. 56, inc. I , c/c o art. 52, do RICMS/97. Sem correspondência na

RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I e § 1º, inc. I, da Lei

nº 7.014/96.

2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de

importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto

de importação, com a inclusão do próprio ICMS.

Base legal: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.

3 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO

É reduzida a base de cálculo nas operações com GLP no Estado da Bahia, em

29,4117%, que resulta numa carga tributária de 12% (doze por cento).

Base legal: art. 81, do RICMS/97 e art. 268, inc. III, do RICMS/12 (Convênios ICMS

112/89, 92/90, 80/91, 148/92 e 124/93).

4 – ALÍQUOTAS

4.1 – Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento) nas operações internas de

importação do exterior;

4.2 – Alíquota efetiva de 12% (doze por cento), nas operações internas e de importação,

considerando a redução de base de cálculo de 29,4117%, tratada no item 3 acima.

Base legal: Art. 50, inc. I, letras “a” e “c”, do RICMS/97. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 15, inc. I, letras “a” e “c”, da

Lei nº 7.014/96.

Page 74: Manual Combust Ive Is

8

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO GLGN NO ICMS DA BAHIA.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº 14.812/13)

PRODUTO: GÁS LIQUEFEITO DERIVADO DE GÁS NATURAL - GLGN –

NCM 2711.11.19.1

O Gás Liquefeito Derivado de Gás Natural (GLGN) tem a mesma composição do GLP,

derivado de petróleo (basicamente uma mistura de propano e butanos), porém, o GLGN

é gerado a partir do processamento do gás natural extraído da natureza (associado ou

não associado a jazidas de petróleo), com a retirada de algumas frações mais pesadas

(C3 e C4).

O produto se submete ao mesmo regime de tributação de gás liquefeito derivado de

petróleo (GLP). Aplica-se ao mesmo o regime de Substituição Tributária, com margens

de valor adicionado, definidas no Ato Cotepe nº 21/08. Há redução da base de cálculo

nas operações internas.

Por não ser combustível derivado de petróleo o GLGN se submete ao regime de

tributação igual às demais mercadorias nas operações interestaduais (incidência do

ICMS na unidade federada de origem e na unidade federada de destino).

Vejamos abaixo as principais regras de tributação aplicáveis ao GLP.

1.– SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.1 – RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS

São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, o Produtor Nacional de

Combustíveis (ou seja, o industrial que processa o GLGN) e o Importador.

Base legal: Art. 512-A, inc.I, letra “a”, item 4; inc. II; e, inc. III c/c § 1º, inc. III, do

RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna).

Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa

disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual).

1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVAS com a inclusão da CIDE e das

contribuições do PIS/COFINS)

Page 75: Manual Combust Ive Is

9

MVA’s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM

GLGN PARA O TERRITÓRIO DO ESTADO DA BAHIA, ATÉ 15/06/2012

PERÍODO OP.

INTERNA

OP.

INTERESTADUAL

OP. IMPORTAÇÃO

1º/01/09 a 15/06/12 ALIQ. 17% ALIQ.

7%

ALÍQ.

12%

98,32% 109,60% 98,32% 98,32%

Base legal: Art. 512-B, inc. VII, letra “a”, itens 2 e 3 e letra “b”, item 2, do

RICMS/97 e o Anexo I, RICMS/12, item 16.5 (redação dada pelo Dec. 14.33, de

15/06/12, efeitos a partir de 16/06/12).

MVA’s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM

GLGN DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA, A PARTIR DE 16/06/2012

PERÍODO OP. INTERNA OP. INTERESTADUAL

16/06/12 até

hoje

ALIQ. 17%

ALIQ. 7% ALÍQ. 12%

98,32% - produtor

nacional;

120,39% - importador

109,60% - produtor

nacional

132,91% -

importador

98,32% - produtor

nacional;

120,39% -

importador

Base legal: Anexo I, RICMS/12, item 16.5 (redação dada pelo Dec. 14.33, de

15/06/12, efeitos a partir de 16/06/12).

1.3 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.3.1 - Operação promovida pelo produtor nacional para fins de revenda: Preço unitário

praticado pelo Substituto (Produtor Nacional) na Unidade + MVA.

Base legal: Art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Cláusula oitava do Convênio ICMS

110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.3.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do

documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de

cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,

inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo

importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.

Base legal: Art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do Conv. ICMS

110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.3.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação sem adição

de MVA.

Base legal: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv. ICMS

110/07.

2 – BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

2.1 - A base de cálculo é o preço unitário praticado pelo estabelecimento do produtor

nacional.

Base legal: Art. 56, inc. I. Sem correspondência na RICMS/12. Matéria tratada na lei

estadual do ICMS - art. 17, inc. I, da Lei nº 7.014/96.

Page 76: Manual Combust Ive Is

10

2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de

importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto

de importação, com a inclusão do próprio ICMS.

Base legal: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.

2.3 – O GLGN é tributado nas operações interestaduais, seguindo o mesmo regime das

demais mercadorias: a) tributação na origem e no destino, quando o produto for

destinado para comercialização ou industrialização; b) tributação só na origem quando o

produto se destinar a consumo final.

2.4 – Nas operações interestaduais com GLGN, quando misturado ao GLP, os

estabelecimentos industriais e importadores deverão identificar a quantidade deste

produto e de GLP (derivado de petróleo), por operação, tendo por referência a média

ponderada do dos três meses que antecedem o mês imediatamente anterior ao da

realização das operações, indicando no campo da nota fiscal de saída o percentual de

GLGN na quantidade total de saída (com base na média ponderada acima citada). O

importador, por ocasião do desembaraço aduaneiro, deverá, quando emitir a NF de

Entrada, indicar se o produto é derivado de gás natural ou de petróleo. Relativamente à

quantidade proporcional de GLGN deverá destacar a base de cálculo e o ICMS devido

sobre a operação própria, bem como o devido por substituição tributária, incidente na

operação.

2.5 - O contribuinte que realizar operações interestaduais com GLGN e GLP deverá

calcular o percentual de cada produto nas operações de entrada, considerando a média

ponderada dos três últimos meses que antecedem o mês imediatamente anterior ao da

realização das operações. Para efeito de cálculo do imposto devido à unidade federada

de destino, deverá ser usado o percentual de GLGN calculada na forma acima descrita.

No campo “informações complementares” da NF deverá constar o percentual de cada

produto, os valores da base de cálculo, do ICMS normal e do devido por ST, incidente

na operação relativamente à quantidade proporcional de GLGN.

2.6 - A distribuidora (contribuinte substituído) que promover operação com GLGN

recebido diretamente do produtor industrial com ICMS recolhido por ST, em relação à

operação interestadual que realizar deverá elaborar relatórios de acordo com os modelos

e na forma previstas no Protocolo ICMS 197/10, para que seja efetuado o repasse do

imposto devido à unidade federada de destino. Se o valor do imposto a ser repassado for

maior que o retido originalmente, a distribuidora deverá fazer a complementação. Caso

contrário, se o valor a ser repassado for inferior ao retido na origem, caberá o

ressarcimento da parcela excedente.

2.7 - Responde perante à unidade federada destinatária o contribuinte remetente de

GLGN e GLP, pelo imposto devido e acréscimos legais, nas hipóteses de entrega das

informações fora do prazo estabelecido ou no caso de falta de entrega de informações

ou sua apresentação com dados falsos ou inexatos.

2.8 - Para efeitos do Protocolo ICMS 197/10, distribuidor é aquele com tal definido pela

ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), e, equiparam-se às

Page 77: Manual Combust Ive Is

11

refinarias de petróleo ou sua bases, as unidades de processamento de gás natural

(UPGN’s) e as centrais de processamento de matéria-prima petroquímica (CPQ’s).

Base Legal: Protocolo ICMS 197/10.

Observação: O Protocolo ICMS 197/10 passou a produzir efeitos a partir de

1º/02/2011. Os Estados signatários do acordo sãos os seguintes: AC, AL, AM, BA, CE,

MA, MT, MS, PA, PR, PE, RJ, RN, RS, RO, SC, SE e TO. Antes de 1º/02/2011, o

controle das operações interestaduais com GLGN e GLP eram regidas pelo Protocolo

ICMS 33/03, vigente entre 1º/01/2004 e 31/01/2011.

3 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO

É reduzida a base de cálculo nas operações com GLGN no Estado da Bahia, em

29,4117%, que resulta numa carga tributária de 12% (doze por cento).

Base legal: art. 81, do RICMS/97 e art. 268, inc. III, do RICMS/12 (Convênios ICMS

112/89, 92/90, 80/91, 148/92 e 124/93).

4 – ALÍQUOTAS

4.1 – Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento) nas operações internas de

importação do exterior;

4.2 – Alíquota efetiva de 12% (doze por cento), nas operações internas e de importação,

considerando a redução de base de cálculo de 29,4117%.

4.3 – Alíquotas de 12% (unidades federadas das regiões N, NE e CO e estado do ES) ou

7% (unidades federadas das regiões S e SE, exclusive estado do ES), nas remessas

interestaduais com destino ao território da Bahia.

7.4 – 4% nas remessas interestaduais de GLGN quando o produto tiver origem em

operação de importação.

Base legal: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução

do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.

Page 78: Manual Combust Ive Is

12

TEXTO PARA LEITURA

GLP-P e GLP-GN – distinções importantes para a

tributação do ICMS

Por Elizabeth Cunha Bonaparte, advogada tributarista

É tema polêmico a diferenciação, para efeitos de tributação do ICMS, entre o GLP-P

(derivado do petróleo) e o GLP-GN (derivado do gás natural).

Desde 1999, com o Convênio ICMS no. 03/99 (revogado pelo Convênio ICMS no. 110/07),

não havia essa diferenciação nas operações interestaduais do GLP.

Assim, a totalidade do ICMS era recolhido pela refinaria para o Estado de consumo, pelo

regime de substituição tributária, aplicando-se a regra da imunidade constitucional do

ICMS nas operações interestaduais (art. 115, parágrafo 2°, inciso X, alínea b, da CF/88).

No entanto, a Emenda Constitucional no. 33, de 11/12/2001, incluiu o § 4º no artigo 155,

da CF/88, determinando o seguinte:

I – nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, o imposto

caberá ao Estado onde ocorrer o consumo;

II – nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados,

e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será

repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma

proporcionalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias;

III – nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e

combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o

imposto caberá ao Estado de origem;

Assim, nas operações interestaduais realizadas com o GLP-GN, derivado do gás natural,

deverá incidir a regra geral de tributação do ICMS, ou seja, o ICMS será repartido entre o

Estado de origem e o Estado de destino (CF/88, inciso II, § 4º, artigo 155)

Ressalte-se, no entanto, que a definição da composição do GLP, se é derivado de gás

natural ou de petróleo, é exclusividade do produtor ou do importador. Nesse sentido, em

2003, os Estados produtores de gás natural firmaram, nos termos do CONFAZ,

o Protocolo ICMS 33/03, cuja cláusula segunda estabelece os seguintes procedimentos

para apuração do valor do ICMS devido ao Estado produtor:

1. deverá ser identificada a quantidade de saída de GLP-GN e de GLP-P, por operação,

proporcionalmente à participação de cada produto no somatório do estoque inicial e nas

Page 79: Manual Combust Ive Is

13

quantidades produzidas ou importadas tendo como referência o mês imediatamente

anterior;

2. deverá constar no corpo da Nota Fiscal o percentual de GLP-GN na quantidade total de

saída, obtido de acordo com o item acima;

3. relativamente à quantidade proporcional de GLP-GN, deverá constar no corpo da Nota

Fiscal, de forma destacada, a base de cálculo e o ICMS devido sobre a operação própria,

bem como o devido por substituição tributária, incidentes na operação.

Fonte do texto: http://elizabethbonaparte.com/cfb/?tag=glp-p

Page 80: Manual Combust Ive Is

14

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012;

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 - http://elizabethbonaparte.com/cfb/?tag=glp-p

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1

MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

1 - Introdução

A nafta (do árabe, naft) é um derivado de

petróleo utilizado principalmente como matéria-

prima da indústria petroquímica (“nafta

petroquímica” ou “nafta não-energética”), na

produção de eteno e propeno, além de outras

frações líquidas, como benzeno, tolueno e

xilenos.

A nafta petroquímica é um líquido incolor, com

faixa de destilação próxima à da gasolina. Este

derivado é utilizado como matéria-prima pelas três Centrais Petroquímicas existentes no

Brasil - Braskem (Bahia e Rio Grande do Sul) e Petroquímica União (São Paulo), que o

processam obtendo como produtos principais, eteno, propeno, butadieno e correntes

aromáticas.

A Petrobras é a única produtora de nafta petroquímica no Brasil, atendendo

parcialmente à procura nacional com produção própria e com importações. As Centrais

Petroquímicas realizam importações por conta própria, para complementar suas

necessidades.

A maior parte da NAFTA utilizada como matéria-prima petroquímica no Brasil é

produzida na unidade de destilação atmosférica. Essa corrente pode ser carga do

processo de pirólise para a produção de olefinas leves ou pode ser usada para a

produção de compostos aromáticos por reforma catalítica. Quanto mais parafínica for a

NAFTA, melhor será para a pirólise, e quanto mais naftênica, melhor para a reforma

catalítica. Outras possíves correntes de NAFTA PETROQUÍMICA para uso na unidade

de pirólise são: o rafinado da unidade de recuperação de aromáticos (URA) e as

correntes de NAFTA produzidas em unidades de hidrocraquamento (HCC) e GLT (gas

to liquid – processo que transforma correntes de gases em hidrocarbonetos líquidos,

através do processo Fischer Tropsch).

A nafta petroquímica é predominantemente originária do processo de destilação

atmosférica (nafta DD – destilação direta), e difere das naftas que compõem a gasolina

automotiva, pois este último derivado resulta da mistura de diversas correntes oriundas

de diferentes processos de refino. As naftas da gasolina diferem entre si pelos tipos e

Page 82: Manual Combust Ive Is

2

porcentagem de hidrocarbonetos que contêm, o que faz variar a constituição da

gasolina. A gasolina apresenta em sua composição hidrocarbonetos parafínicos (normais

e ramificados) naftênicos, aromáticos e olefínicos, na faixa de C5 a C12, originados de

diversos processos de refino, a exemplo da destilação, craqueamento catalítico, reforma

catalítica, aquilação, isomerização, hidrocraqueamento catalítico, coqueamento

retardado. Os processos de reforma catalítica, aquilação e hidrocraqueamento

favorecem a produção de gasolina automotiva, pois aumentam a quantidade de octanas

deste derivado.

2 - PETROQUÍMICA E PROCESSOS PETROQUÍMICOS

A petroquímica é o setor industrial responsável

pela transformação de produtos do

processamento do petróleo e do gás natural em

bens de consumo e industrais para finalidades

diversas. Exemplos: filmes, potes, fibras e

embalagens.

2.1 - Visão Geral da Petroquímica Brasileira

A cadeia petroquímica é organizada em

produtores de primeira, segunda e terceira

geração com base na fase de transformação de várias matérias-primas ou insumos

petroquímicos. Representa a transformação de subprodutos do refino do petróleo bruto,

principalmente a nafta, em bens de consumo e industriais, utilizados para diversas

finalidades. Outra matéria-prima de grande importância na indústria petroquímica é o

gás natural.

No Brasil, a nafta é a principal matéria-prima da cadeia petroquímica, seguida do gás

natural. A Petrobras é praticamente a única produtora de nafta e gás natural no Brasil,

atendendo parte da demanda nacional com produção própria e com importações. Seu

monopólio foi quebrado em 2002 e desde então, as centrais petroquímicas começaram a

importar nafta por conta própria, para complementar suas necessidades.

A nafta e/ou gás natural passam inicialmente por um processo chamado craqueamento,

que resulta nos petroquímicos básicos, tais como eteno, propeno e aromáticos. O tipo de

matéria-prima empregado tem rendimentos variados e determina um mix diferenciado

de produtos.

Page 83: Manual Combust Ive Is

3

2.2 - Produtores de Primeira Geração

Os produtores de primeira geração do Brasil, denominados "craqueadores", fracionam

ou "craqueiam" a nafta (subproduto do processo de refino de petróleo) ou o gás natural,

seus principais insumos, transformando-os em petroquímicos básicos. Os craqueadores

compram nafta da Petrobras, principalmente, e também de outros fornecedores no

exterior. Os craqueadores de base gás têm seu insumo fornecido pela Petrobrás. Os

petroquímicos básicos produzidos pelas unidades de craqueamento de nafta incluem:

Olefinas, principalmente eteno, propeno e butadieno; e

Aromáticos, tais como benzeno, tolueno e xilenos.

A Braskem tornou-se a única empresa brasileira de 1ª geração, com quatro unidades de

craqueamento. Os petroquímicos básicos são vendidos a produtores de segunda geração,

promovendo a integração da cadeia.

Os petroquímicos básicos, que apresentam forma gasosa ou líquida, são transportados

por meio de dutos às unidades dos produtores de segunda geração, em geral localizadas

próximo às unidades de craqueamento, para passarem por processamento adicional.

2.3 - Produtores de Segunda Geração

Os produtores de segunda geração processam os petroquímicos básicos comprados das

unidades de craqueamento de nafta, produzindo petroquímicos intermediários, que

incluem:

Polietileno, poliestireno e EDC/PVC (produzidos a partir do eteno);

Polipropileno e acrilonitrila (produzidos a partir do propeno);

Page 84: Manual Combust Ive Is

4

Cumeno e etilbenzeno (produzidos a partir do benzeno);

Polibutadieno (produzido a partir do butadieno).

Os petroquímicos intermediários são produzidos na forma sólida em "pallete" de

plástico ou em pó e transportados, principalmente, por caminhões aos produtores de

terceira geração que, em geral, não ficam situados próximo aos produtores de segunda

geração. A Braskem é a única petroquímica integrada de primeira e segunda geração de

resinas termoplásticas no Brasil.

2.4 - Produtores de Terceira Geração

Os produtores da terceira geração, denominados transformadores, compram os

petroquímicos intermediários dos produtores de segunda geração e os transformam em

produtos finais, incluindo:

Plásticos (produzidos a partir de polietileno, polipropileno e PVC);

Fibras acrílicas (produzidas a partir de acrilonitrila);

Nylon (produzido a partir de fenol no Brasil);

Elastômeros (produzidos a partir de butadieno);

Embalagens descartáveis (produzidas a partir de poliestireno e polipropileno).

Os produtores de terceira geração fabricam vários bens de consumo e industriais,

inclusive recipientes e materiais de embalagem, tais como sacos, filmes e garrafas,

tecidos, detergentes, tintas, autopeças, brinquedos e bens de consumo eletrônicos.

Existem mais de 11.500 produtores de terceira geração em atividade no Brasil.

Devido à grande importância da redução de resíduos sólidos gerados, a reciclagem de

plásticos é considerada a quarta geração da indústria petroquímica.

3 – OUTRAS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA INDÚSTRIA

PETROQUÍMICA

3.1 - GÁS NATURAL (GN):

a) Metano: principal constituinte do

gás natural é matéria-prima para a

produção de metanol e amônia,

que são produtos petroquímicos

básicos;

b) Etano: é a matéria´prima mais

valorizada quando se deseja

produzir eteno com uma mínima

geração de coprodutos;

c) Propano e butano (principais gases constituintes do GLP): podem ser

craqueados a olefinas, e o butano pode ser desidrogenado para a produção de

butadieno. O valor final dos produtos é muito superior ao do GLP;

Page 85: Manual Combust Ive Is

5

d) Nafta derivada de GN (C5+): fração correspondente à nafta, denominada

líquido de gás natutal (LGN), tem alto teor de compostos parafínicos e baixo

teor de enxofre, o que torna excelente carga para a produção de olefinas.

Onde existe grande disponibilidade de GN, a indústria petroquímica se desenvolve em

torno dessa fonte de matéria-prima, como ocorre nos Estados Unidos e no Oriente

Médio.

3.2 - FRAÇÕES DO REFINO DO PETRÓLEO

Diversas frações do refino do petróleo podem ser

também usadas como matérias-primas para a indústria

petroquímica. São eles:

a) Gás de refinaria: sua principal utilização é

como gás combustível na refinaria. No caso de

haver excedente desse gás, seus constuintes

podem ser separados e aproveitados pela

indústria petroquímica. O eteno e o propeno (em

pequena quantidade) podem ser utilizados

diretamente como petroquímicos básicos e o etano pode ser utilizado como

carga na unidade de pirólise a vapor para a produção de eteno.

b) GLP: o propeno presente no GLP gerado na unidade de craquamento catalítico

fluidico (UFCC) pode ser encaminhado para uma unidade de recuperação de

propeno onde se obtem um produto de alta pureza, de alto valor agregado e de

elevada demanda no mercado.

c) Querosene: As parafinas linerares presentes no querosene (C10 a C13) são

matérias-primas para a produção do LAB (linear alquilbenzeno), intermediário

para a fabricação do LASNa (linear alquilbenzeno sulfonado de sódio), principal

constituinte dos detergentes biodegradáveis.

d) Matérias-primas alternativas: pode-se citar o etanol para a geração de eteno; a

glicerina, subproduto da produção do biodiesel, para a produção de propeno; e

os açúcares para a produção de ácidos e alcoóis. Existem ainda processos

desenvolvidos para produção de petroquímicos a partir de acetileno, gerado em

grande quantidade na indústria do carvão.

4 - PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE PETROQUÍMICOS BÁSICOS A PARTIR

DA NAFTA PETROQUÍMICA

As naftas petroquímicas são utilizadas em processos

de obtenção de diversos insumos para a produção de

plásticos, borrachas, corantes e outros produtos. Os

principais processos que as utilizam são as seguintes:

4.1 – Pirólise - Reforma térmica por vapor d’água.

Este processo consiste no craquamento térmico de

Page 86: Manual Combust Ive Is

6

cargas líquidas e gasosas, na presença de vapor d’água, a altas temperaturas (> 700 ºC)

em pressões relativamente baixas (< kPa – quilopascal), gerando os seguintes produtos:

hidrogênio, metano, eteno, propeno, butenos, butadienos e hidrocarbonetos mais

pesados (C5+); o eteno é o principal produto. Para esse processo são desejadas naftas

com elevados teores parafínico, acima de 75%, para facilitar o craqueamento.

4.2 – Reforma catalítica - Por esse processo, a nafta é transformada em compostos

aromáticos por um conjunto de reações de desidrogenação e ciclização, ocorrendo um

ligeiro craqueamento que conduz à produção de propano e butano, gases que formam o

GLP. A carga do processo é a nafta de destilação ou a nafta de coqueamento, após

hidrotratamento, rica em hidrocarbonetos saturados, os quais são convertidos,

catalicamente, em aromáticos, a exemplo de benzeno, tolueno e xilenos (entre 40% e

65%). Para esse processo, não se necessita de nafta de teores tão elevados de

parafínicos, podendo se situar abaixo de 75%. Quanto mais hidrocarbonetos saturados

com seis ou mais atómos de carbono houver na nafta, maior será o rendimento de

aromáticos, mantidas constantes as demais condições.

As especificações da nafta petroquímica são definidas por negociação entre fornecedor

e usuário.

Page 87: Manual Combust Ive Is

7

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA NAFTA NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

1 – Da incidência

Verifica-se a incidência nas operações de saídas internas e interestaduais. Na

importação a incidência se dá na entrada da nafta território nacional.

Importante observar que o Estado da Bahia, nas operações internas e de importação

adota o diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações com nafta,

com se verá no item 6.

Por sua vez, as operações interestaduais são tributadas normalmente pelas alíquotas

incidentes em função do estado de origem ou de destino (vide itens 11 e 12).

Base legal: art. 1º, inc. I e § 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 1º, inc. I e art. 2º, inc. V, (Lei

nº 7.014/96).

2 – Do momento da ocorrência do fato gerador

Nas operações internas e interestaduais por ocasião da saída do produto do

estabelecimento remetente. Na importação por ocasião da entrada no território nacional.

Observar as regras de diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações

internas e de importação (item 6).

Base legal: art. 2º, incs. I e XI do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, incs. I e IX (Lei nº 7.014/96).

3 – Da não incidência

Inexiste regra específica de não incidência em relação às operações com nafta.

Page 88: Manual Combust Ive Is

8

4 – Da importação

O ICMS importação é devido por ocasião da entrada da nafta no estabelecimento

importador e não no desembaraço aduaneiro, como se verifica com a maior parte das

mercadorias. Aplica-se ao caso as regras de diferimento do lançamento e do pagamento

do ICMS descritas abaixo, no item 6.

Base legal: Art. 572 do RICMS/97. Art. 332, inc. IV, do RICMS/12

Observação Importante: a partir de 15/11/2013 é assegurado ao estabelecimento

refinador de petróleo a manutenção integral do crédito fiscal nas entradas decorrentes de

importação do exterior de nafta, utilizada como insumo na produção de combustíveis

(gasolina ou diesel), cujas saídas interestaduais sejam amparadas pela imunidade (desde

que o crédito seja apropriado no mês em que ocorrer o recolhimento do imposto).

Base legal: Art. 277-C, do RICMS/12 – dispositivo acrescentado pela alteração nº 19,

do RICMS, com efeitos a partir da publicação no DOE (15/11/2013).

5 – Da exportação

Não incide ICMS na operação que destine nafta ao exterior.

Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).

6 – Do diferimento (RICMS/97)

6.1– Nas entradas decorrentes de importação do exterior para o momento da entrada do

produto no estabelecimento importador situado neste Estado

Base legal: Art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09)

6.2– Dispensa do lançamento e pagamento de 60% (sessenta por cento) do ICMS

diferido relativamente à importação de nafta para utilização em processo de

industrizalição;

Base legal: Art. 347, § 9º, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09)

Observação importante: O § 9º foi revogado pelo Decreto nº 11807, de 27/10/09 -

DOE de 28/10/09, efeitos a partir de 01/11/09. A redação do § 9º do art. 347 foi

dada pela Alteração nº 82 (Decreto nº 10174, de 01/12/06. DOE de 02 e 03/12/06),

efeitos de 02/12/06 a 31/10/09:

"§ 9º É dispensado o lançamento e o pagamento de 60% (sessenta por cento) do valor

do imposto diferido, relativamente às entradas da mercadoria de que trata a alínea

“a” do inciso XXXIII do art. 343, para utilização em processo de industrialização."

6.3 Prazo de recolhimento do ICMS diferido. O pagamento do imposto nas operações

de saída de nafta quando não aplicável o diferimento ou encerrado o benefício, será

o mesmo prazo assinalado para o recolhimento do ICMS das operações próprias do

responsável.

Page 89: Manual Combust Ive Is

9

Base Legal: Art. 348, § 3º, inc. V, do RICMS/97.

7 – Do diferimento (RICMS/12)

Também ocorre diferimento nas saídas internas de bens e mercadorias entre

estabelecimentos de empresa fabricante de produtos petroquímicos básicos (central

petroquímica).

A mencionada hipótese de diferimento, em relação à nafta, alcança as operações com o

produto já processado ou tratado, ou suas frações e derivados, nas saídas internas entre

estabelecimentos que operem na atividade de fabricação de produtos petroquímicos

básicos, eteno, propeno e aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos).

Base Legal: art. 286, inc. LX, do RICMS/12. Alteração promovida pelo Decreto nº

14.681/13, de 30/07/13, DOE de 31/07/13, efeitos a partir de 01/08/13, para “saídas

internas de bens e mercadorias entre estabelecimentos pertencentes à mesma empresa,

fabricantes de produtos petroquímicos básicos.” (centrais petroquímicas).

8 - Do diferimento (Decreto nº 11.807/09)

8.1 – Nas entradas decorrentes de importação de nafta do exterior, para o momento da

entrada da mercadoria no estabelecimento do importador (efeitos de 1º/11/2009 a

31/03/2011)

Base legal: art. 2º do Decreto nº 11.807/09 (efeitos de 1º/11/2009 a 31/03/2011)

8.2 - Dispensa do lançamento e pagamento de 65,88% (sessenta e cinco e oitenta e oito

décimos por cento) do ICMS diferido relativamente à importação de nafta, quando não

se aplicar o diferimento previsto no inc. XIII do “caput”, do art. 2º, do Decreto Estadual

nº 6.734/97, desde que o produto seja utilizado pelo importador em processo de

industrialização;

Base legal: art. 2º, parágrafo único do Decreto nº 11.807/09 (efeitos de 1º/11/2009 a

31/03/2011)

8.3 – Nas entradas decorrentes de importação do exterior e nas operações internas com

nafta para o momento em que ocorrer a saída dos produtos resultantes da

industrialização.

Alguns produtos resultantes da industrialização da nafta: os gases eteno e propeno que

são utilizados, por exemplo, como matérias-primas na indústria de plásticos. Produtos

líquidos, a exemplo do benzeno, tolueno e xilenos, utilizados como solventes e na

produção de colas.

Base legal: art. 3º do Decreto nº 11.807/09 (efeitos a partir de 1º/04/2011)

Page 90: Manual Combust Ive Is

10

8.4 - Observação importante: para a fruição do tratamento tributário previsto no

Decreto nº 11.807/09 o contribuinte que adquirir nafta para elaborar produtos

petroquímicos básicos deverá celebar termo de acordo com a Secretaria da Fazenda se

comprometendo a:

I – realizar investimentos em implatação, ampliação po modernização de linhas

de produção;

II – gerar novos empregos;

III – manter logística de aquisição do produto;

IV – utilizar créditos fiscais acumulados de ICMS existentes na escrita fiscal, a

partir dos efeitos do tratamento tributário previsto no art. 3º do Decreto nº

11.807/09, obervando condiçoes e limites acordados.

9 – Da isenção

Inexiste regra específica de isenção em relação às operações com nafta.

10 – Da base de cálculo

10.1 – Base de cálculo nas operações de saída:

A base de cálculo nas operações de saídas interestaduais de nafta é o valor da operação.

Observar em relação às operações internas com nafta que o lançamento e o pagamento

do ICMS é diferido para o momento da saída dos produtos resultantes da

industrialização (art. 3º, do Decreto nº 11.807/09, com efeitos a partir de 1º/04/2011):

neste caso o ICMS da nafta será recolhido sobre o valor da operação de saída dos

produtos resultantes. Se estes produtos forem exportados, haverá a imunidade do ICMS,

com dispensa do pagamento do imposto diferido.

Nas operações de saídas internas não alcançadas pelo diferimento (anteriores a

1º/04/2011), a base de cálculo é o valor da operação.

10.2 - Base de cálculo na importação de nafta do exterior:

Nesta hipótese verifica-se o diferimento do ICMS - importação para o momento da

entrada no estabelecimento do importador (art. 343, XXXIII, do RICMS/97 – efeitos até

31/10/09 e art. 2º, do Decreto nº 11.807/09 – efeitos de 1º/11/09 a 31/03/2011).

A base de cálculo será o valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS,

acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à

importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes +

despesas aduaneiras + demais tributos incidentes) somando-se a estes também as

despesas até a entrada no estabelecimento importador.

Observar em relação às hipóteses de importação de nafta elencadas acima as dispensas

parciais de lançamento e pagamento do ICMS diferido, elencadas nos itens 6.2 e 7.2

acima.

Page 91: Manual Combust Ive Is

11

A partir de 1º/04/2011, com o encerramento da fase de diferimento do ICMS -

importação da nafta para a saída dos produtos resultantes da sua industrialização, a base

de cálculo será o valor da saída desses produtos.

Base Legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, incisos I e II, do RICMS/97. Sem

correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc.

VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letras “a” e “b”.

11 – Das reduções de base de cálculo

Redução de base de cálculo na operação interna que destine o produto a contribuinte

que o utilize na produção de produtos petroquímicos básicos, de forma que a carga

tributária incidente corresponda aos seguintes percentuais:

a. 10% nas operações internas realizadas até março de 2010

b. 8% nas operações internas realizadas de abril a setembro de 2010;

c. 5,5% nas operações internas realizadas de outubro de 2010 a março de

2011.

Base legal: art. 1º, incs. I, II e III, do Decreto nº 11.807/09.

12 - Alíquotas

12.1 – 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de importação de nafta.

12.2 - Alíquotas de 12% (unidades federadas das regiões N, NE e CO e estado do ES)

ou 7% (unidades federadas das regiões S e SE, exclusive estado do ES), nas remessas

interestaduais com destino ao território da Bahia.

12.3 – 12% (doze por cento), nas operações interestaduais, em que ocorre a saída do

produto da Bahia com destino a contribuintes do imposto localizados em outras

unidades da Federação.

12.4 – 4% nas operações interestaduais originado de importação.

Observar que as operações de importação através da Bahia são alcançadas pelo

diferimento do lançamento e pagamento do ICMS, para o momento da saída dos

produtos resultantes da industrialização, a partir de 1º/04/2011 (item 8.3, acima).

Base legal: art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96).

Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.

Page 92: Manual Combust Ive Is

12

13 - Informação adicional

Tratamento tributário dispensado à nafta petroquímica nas operações

interestaduais de acordo com o STF. O Supremo Tribunal Federal (STF), no Recurso

Extraordinário (RE) nº 193.074-RS, Relator Min. Ilmar Galvão, decidiu que a nafta

petroquímica não está excluída da incidência do ICMS, na forma prevista na alínea “b”,

do inciso X, do § 2º, do art. 155 da Constituição, visto que este subproduto, derivado do

refino de petróleo, não se encontra incluso no conceito de combustível líquido ou

gasoso dele derivado.

Em decorrência desse entendimento firmado pelo STF, as operações interestaduais com

nafta seguem, no ICMS, o regime de tributação das demais mercadorias. A arrecadação

do imposto é compartilhada entre os Estados de origem e de destino do produto.

Page 93: Manual Combust Ive Is

13

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012;

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Nafta_(combustível); 6 - http://www.braskem.com.br/

7 - www.stf.gov.br

Page 94: Manual Combust Ive Is

MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL. NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRAGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

MÓDULO V

GASOLINA AUTOMOTIVA (NCM 2710.15.5)

1 - INTRODUÇÃO

A gasolina automotiva é um

combustível derivado de petróleo

destinado a uso preponderante para a

combustão em motores do Ciclo

Otto (motores a explosão acionados

por centelha).

O motor a combustão interna

conhecido como Otto foi

desenvolvido em 1876 pelo inventor

alemão Nikolaus Otto. A indústria

do petróleo (especificadamente nos

E.U.A) já tinha cerca de 50 anos

quando o primeiro Ford Modelo T

entrou em linha de produção, em

1908. Este é o marco para o crescimento da indústria do automóvel, que cresceu junto

com a produção de gasolina e o consequente desenvolvimento do refino. O principal

produto do refino no início do séc. XX era o querosene para iluminação, sendo a

gasolina um subproduto mais leve do processamento do petróleo cru (muito volátil para

uso em lamparinas). Com a expansão da eletricidade, as vendas de gasolina superaram

as de querosene em 1911.

Os motores a gasolina (Otto) evoluíram em consonância com as especificações da

gasolina, ou seja, o motor Otto foi aprimorado de acordo com o combustível disponível

no mercado e a gasolina foi gradativamente especificada para melhorar o desempenho

de motores Otto. No final do séc. XX a parceria gasolina-motor tornou-se um

triunvirato, devido às preocupações ambientais, quando gasolina e motores também

evoluíram para atender às demandas de qualidade ambiental e não apenas de

performance.

A gasolina é constituída basicamente por hidrocarbonetos parafínicos, olefínicos,

naftênicos e aromáticos, apresentando faixa de destilação entre 30 ºC e 220 ºC , sendo a

Page 95: Manual Combust Ive Is

maior parte das cadeias de 5 a 10 átomos de carbono. Além de hidrocarbonetos a

gasolina contém também, em menor proporção, produtos oxigenados e compostos à

base de enxofre e nitrogênio.

A gasolina é formada por naftas oriundas de diversos processos de refino do petróleo

que contêm diferentes teores de hidrocarbonetos. Essas correntes são misturadas

(blends) em proporções adequadas visando conferir requisitos de qualidade para a

utilização em motores automotivos. A sua formulação pode demandar a utilização de

diversas correntes nobres oriundas do petróleo como a nafta DD (produto obtido a partir

da destilação direta do petróleo); a nafta craqueada, (gerada a partir de quebra de

moléculas de hidrocarbonetos mais pesados - gasóleos); nafta reformada (obtida por

processo que aumenta a quantidade de substâncias aromáticas); a nafta de coque,

(originária do processo de coqueamento); e a nafta alquilada (resultante do processo que

produz iso-parafinas de alta octanagem a partir de isobutanos e olefinas) etc. Quanto

maior a octanagem (número de moléculas com octanos), maior será a resistência do

produto a detonação espontânea no motor.

Constituintes Processo de Obtenção

Faixa de

ebulição

(°C)

Índice de Octano

Motor (Clear)

Butano destilação e processos de transformação - 101

Isopentano destilação, processos de transformação,

isomerização 27 75

Alcoilada Alcoilação 40 – 150 90 – 100

Nafta leve de destilação Destilação 30 – 120 50 – 65

Nafta pesada de destilação Destilação 90 – 220 40 – 50

Hidrocraqueada Hidrocraqueamento 40 – 220 80 – 85

Craqueada cataliticamente craqueamento catalítico 40 – 220 78 – 80

Polímera polimerização de olefinas 60 – 220 80 – 100

Craqueada termicamente coqueamento retardo 30 – 150 70 – 76

Reformada reforma catalítica 40 – 220 80 – 85

* A tabela acima mostra os principais constituintes da gasolina, como de suas

propriedades e processos de obtenção.

Toda gasolina automotiva deve atender a diversos requisitos de qualidade, entre eles:

Page 96: Manual Combust Ive Is

a) Vaporizar-se adequadamente para garantir o bom funcionamento de motor desde

a partida até a operação a plena carga;

b) Entrar em combustão somente a partir da ignição pela centelha, sem haver

combustão espontânea, de forma a aumentar o rendimento do motor e não o

danificar.

c) Não produzir resíduos por oxidação ou na combustão, evitando formação de

depósitos no interior do motor;

d) Produzir queima limpa, com baixa emissão de poluentes;

e) Ser estável nas condições de armazenamento, não formando goma ou depósitos;

f) Não ser corrosiva, para evitar desgastes nos componentes do motor;

g) Garantir a segurança no manuseio e transporte.

2 - NÚMERO DE OCTANO (NO)

No motor ciclo Otto quando há a detonação ocorre a liberação de energia mais rápida do

que na combustão normal, causando oscilações de pressão na câmara que não são

absorvidas pelo pistão, podendo, em certos casos, ocasionar danos mecânicos. A chama

gerada a partir da centelha produzida pela vela deve se propagar uniformemente por

toda a mistura ar-combustível. O NO mede a qualidade antidetonante da gasolina e

representa a porcentagem volumétrica de iso-octano (2,2,4-trimentilpentano), adotado

como padrão 100, em uma mistura de n-heptano, padrão zero, que queima por

detonação com a mesma intensidade sonora produzida pela amostra. Quanto maior o

percentual de iso-octano melhor a performance da gasolina no motor ciclo Otto.

3 – PRODUÇÃO A Petrobras, empresa petrolífera brasileira, produz

diversos tipos de gasolina utilizando tecnologia própria,

fabricando as variadas frações de petróleo constituintes

da gasolina e misturando-as entre si e com os aditivos,

através de formulações convenientemente definidas para

atender aos requisitos de qualidade do produto.

Estas gasolinas possuem aditivos que visam a melhorar a

performance do combustível, nomeadamente:

a. detergente: visa a reduzir os depósitos no sistema de injecção e no motor de forma a melhorar a combustão;

b. inibidor de corrosão: agente que visa a proteger as zonas de circulação de combustível de forma a reduzir a corrosão provocada;

c. desemulsificante: promove a separação da água no sistema de distribuição e armazenagem do combustível, de forma a diminuir a corrosão daí resultante;

d. agente veículo (solvente sintético): por ser estável a altas temperaturas, provoca resíduos diminutos durante a combustão que se realiza na câmara de combustão do motor.

O grande crescimento da produção de gasolina, motivado pelo desenvolvimento da

indústria automobilística, foi possível não só através do refino, mas também de

Page 97: Manual Combust Ive Is

processos de transformação de frações pesadas, que fazem aumentar o rendimento total

do produto em relação ao petróleo.

4 - TIPOS DE GASOLINA AUTOMOTIVA

As diversas tecnologias utilizadas nos motores do ciclo Otto apresentam diferenças que

implicam em requisitos de qualidades diferentes do combustível. Os principais são:

a) Qualidade antidetonante: diferentes projetos de motores exigem diferentes

qualidades antidetonantes da gasolina;

b) Uso de aditivos: a tecnologia de injeção eletrônica acarreta um maior nível de

exigência de estabilidade da gasolina do que na injeção mecânica. Por isso,

aditivos controladores de depósitos são empregados na formulação de gasolinas

para veículos com injeção eletrônica.

Assim, os tipos de gasolinas, no Brasil, se diferenciam pela qualidade antidetonante e

pela presença ou não de aditivos controladores de depósitos, conforme tabela abaixo:

TIPOS DE GASOLINA

TIPO ADITIVOS QUALIDADE

ANTIDETONANTE

Comum Antioxidante IAD = 87

Aditivada Antioxidante e detergente

(controlador de depósitos)

IAD = 87

Premium Antioxidante e detergente

(controlador de depósitos)

IAD = 91

No Brasil também é comercializado um produto superior à gasolina Premium, a

gasolina Podium (Petrobras), com IAD de 95 e teor de enxofre máximo de 30 mg/kg.

As diferentes correntes de nafta destinadas à produção de gasolina são misturadas na

área final da refinaria, onde é ainda colocado um aditivo antioxidante, produzindo-se a

gasolina A (gasolina sem etanol). Na base das distribuidoras de combustíveis ou na

Refinaria, são adicionados os corantes, demais aditivos e etanol anidro, na proporção

definida na legislação vigente, gerando a gasolina C. A proporção da mistura etanol

anidro/gasolina se encontra demonstrada na tabela inserida no item 4 abaixo.

5 – GASOLINA ADITIVIDA

A gasolina aditivada, disponível em alguns postos revendedores, é uma gasolina comum

acrescentada de aditivos detergentes-dispersantes. Esses aditivos têm como finalidade a

limpeza do sistema de alimentação de combustível, incluindo linha de combustível,

bomba, galeria de combustível, injetores e válvulas de admissão. Seu uso permite que o

motor opere nas condições especificadas pelo fabricante por mais tempo, o que reduz

consumo e emissões e aumenta o intervalo entre manutenções. Ao contrário do que se

pensa, a gasolina aditivada não aumenta a octanagem do combustível. As gasolinas de

alta octanagem são chamadas, genericamente, de “gasolinas premium”.

Page 98: Manual Combust Ive Is

6 – GASOLINA ADULTERADA

A gasolina adulterada é caracterizada pela adição irregular de qualquer matéria com

vistas à obtenção de lucro e sem recolhimento dos impostos. Ela recebe elementos que a

diferenciam da gasolina comum, como o dióxido de enxofre e solventes.

7 – GASOLINA C

A gasolina automotiva comercializada nos

postos revendedores varejistas em todo

território brasileiro é a do tipo C, resultante da

mistura (gasolina “A” + álcool anidro). A

gasolina “A” é a produzida nas refinarias. O

álcool anidro é o etanol isento de água (H2O).

A mistura do álcool anidro à gasolina “A”

aumenta a octnagem deste produto, ou seja,

funciona como elemento antidenotante no

motor a explosão. Os antidetonantes são

compostos que reagem com os produtos

químicos na gasolina e que queimam muito rapidamente, para evitar "batidas do motor".

Os principais antidetonantes são o chumbo tetraetila, o etanol, o cloreto de etileno, o

metil-tecbutil-éter. A adição do álcool anidro à gasolina melhora a performance do

motor do carro e reduz o efeito poluente da gasolina.

A mistura Gasolina “A”/álcool anidro é realizada na distribuidora de combustíveis, em

proporção definida em Portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA). Nos últimos 5 (cinco) anos os percentuais da mistura se encontram

demonstrados no quadro abaixo:

Portaria do MAPA % Mistura Etanol/Gasolina Período de Vigência

Portaria nº 143/2007 25% 01/07/2007 a 31/01/2010

Portaria nº 7/2010 20% 01/02/2010 a 01/05/2010

Portaria nº 7/2010 25% 02/05/2010 a 30/09/2011

Portaria nº 678/2011 20% 01/10/2010 a 30/04/2013

Portaria nº 105/2013 25% 01/05/2013 até hoje

Por fim, as especificações da gasolina comercial, ou seja, do produto a ser

comercializado para o consumidor final, são disciplinadas pela ANP (Resolução nº 38,

de 09/12/2009, DOU, de 10/12/2009).

8 – CONSUMO DE GASOLINA C E PARTICIPAÇÃO NA ARRECADAÇÃO

DO ICMS DO ESTADO DA BAHIA

Segundo dados do Sindicom/ANP (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de

Combustíveis e de Lubrificantes/Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Page 99: Manual Combust Ive Is

Biocombustíveis), o volume de vendas de Gasolina C, em 2012, nos postos

revendedores, em bilhões de litros, foi de 39,3. No ano de 2011, o volume de vendas

correspondeu a 35,1 bilhões de litros. Houve, portanto, um incremento de

aproximadamente 12% no consumo de gasolina C no Brasil.

Por sua vez, tomando-se por referência os dados do PGM, ferramenta de planejamento e

gerenciamento de mercado da Secretaria da Fazenda da Bahia, a gasolina representou,

entre janeiro e junho de 2012, cerca de 23,4% da arrecadação do segmento de

combustíveis do Estado, algo em torno 339 milhões de reais, englobando o ICMS

próprio e a substituição tributária.

Page 100: Manual Combust Ive Is

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

1. Da incidência

1.1 – Nas saídas de gasolina automotiva nas operações internas promovidas por estabelecimento

industrial refinador, Central Petroquímica (CPQ) ou formulador de combustíveis.

Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei do ICMS: art. 1º, inc. I (Lei nº 7.014/96).

1.2 - Na entrada, no território do Estado, de gasolina originária de outra unidade da Federação,

quando não destinado a comercialização ou industrialização.

Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96).

1.3 – Nas operações de importação de gasolina e nas hipóteses de arrematação ou aquisição em

licitação pública em caso de apreensão e abandono do produto.

Base legal: art. 1º, § 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. V (Lei nº 7.014/96).

2 – Do momento da ocorrência do fato gerador

2.1 - Por ocasião da saída da gasolina automotiva do estabelecimento industrial refinador,

CPQ ou formulador de combustíveis.

Base Legal: art. 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. I (Lei nº 7.014/96).

2.2 - Por ocasião da entrada da gasolina automotiva originária de outro Estado, não

destinada a comercialização ou industrialização (tributação no destino).

Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96).

Page 101: Manual Combust Ive Is

2.3 Por ocasião do desembaraço aduaneiro na hipótese de importação de gasolina

automotiva do exterior.

Base Legal: art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. XI (Lei nº 7.014/96).

2.4 Por ocasião da arrematação ou aquisição em licitação pública de gasolina automotiva

apreendida ou abandonada

Base Legal: art. 2º, inc. XII, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. X (Lei nº 7.014/96).

3 – Da não incidência

3.1 - Não incide ICMS nas saídas para exportação, direta ou indireta, de gasolina

automotiva.

Base legal: art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).

Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o

exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: art. 155,

§ 2º, inc. X, letra “a”1.

3.2 – Não incide ICMS nas operações de saídas interestaduais de gasolina (combustível

líquido derivado de petróleo) .

Base legal: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96).

Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais com

combustíveis líquidos e gasosos, derivados de petróleo têm por fonte originária as disposições

da Constituição Federal: art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”.2

Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de gasolina

automotiva é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada para unidade federada de destino

onde se verificará a comercialização e consumo subseqüente do produto. Objetiva a norma em

questão excluir a incidência do ICMS das operações na unidade federada de origem da gasolina.

O legislador prestigiou a arrecadação do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do(s)

Estado(s) produtor(es), dado ser grande o número de unidades federadas consumidoras e poucas

as unidades onde se localiza a produção.

4 – Da substituição tributária (sujeição passiva)

4.1 Operações internas

1 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II

atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;

2 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II

atenderá ao seguinte: X - não incidirá: b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;

Page 102: Manual Combust Ive Is

A responsabilidade pelo recolhimento do imposto por substituição tributária da gasolina

automotiva, nas operações internas, desde a produção até o consumo, é do estabelecimento

industrial refinador ou do estabelecimento formulador de combustíveis.

O industrial refinador é aquele que opera o processamento e o refino do petróleo com vistas à

obtenção dos componentes que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como,

combustíveis, a exemplo da gasolina automotiva, lubrificantes etc.

É também estabelecimento industrial a Central Petroquímica (CPQ), que no processo de

fabricação de produtos químicos, a partir da nafta, gere como subproduto, correntes de

hidrocarbonetos que após serem misturadas resultam na produção de combustíveis líquidos

derivados de petróleo, a exemplo da gasolina. A Braskem, localizada na Bahia, é uma das

Centrais Petroquímicas em operação no Brasil.

O formulador de combustíveis é definido no art. 2º, parágrafo único, da Lei Federal nº

10.336/2001, nos seguintes termos:

... considera-se formulador de combustível líquido, derivados de petróleo e derivados de

gás natural, a pessoa jurídica, conforme definido pela Agência Nacional do Petróleo

(ANP) autorizada a exercer, em Plantas de Formulação de Combustíveis, as seguintes

atividades:

I - aquisição de correntes de hidrocarbonetos líquidos;

II - mistura mecânica de correntes de hidrocarbonetos líquidos, com o objetivo de obter

gasolinas e diesel;

III - armazenamento de matérias-primas, de correntes intermediárias e de combustíveis

formulados;

IV - comercialização de gasolinas e de diesel; e

V - comercialização de sobras de correntes.

Por sua vez, correntes de hidrocarbonetos são líquidos derivados de petróleo e os

hidrocarbonetos líquidos derivados de gás natural utilizados em mistura mecânica para a

produção de gasolinas ou de diesel, de conformidade com as normas estabelecidas pela ANP

(Agência Nacional de Petróleo).

Base legal (sujeição passiva por ST nas operações internas): art. 512-A, inc. I,letra “a”, do

RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art.

8º, inc. IV (Lei nº 7.014/96).

4.2 – Operações interestaduais

A adoção do regime de substituição tributária em operações interestaduais depende de acordos

específicos celebrados entre os Estados interessados. Assim dispõe o art. 9º, caput, da Lei

Complementar 87/96 e o art. 10, caput, da Lei do ICMS do Estado da Bahia (Lei nº 7.014/96).

Em relação à gasolina e os demais combustíveis líquidos e gasosos, derivados ou não de

petróleo, a ST interestadual é regrada pelas disposições do Convênio ICMS 110/07.

O citado Convênio estabelece, em sua cláusula primeira, que os Estados e o DF, quando

destinatários, ficam autorizados a atribuir ao remetente de combustíveis, derivados ou não de

petróleo, a condição de sujeito passivo por substituição. Sendo Convênio ICMS 110/07, de

natureza autorizativa, cabe à legislação de cada unidade federada definir o contribuinte que

integrará o pólo passivo da ST.

Page 103: Manual Combust Ive Is

Para a gasolina automotiva, o substituto tributário de toda a cadeia de circulação da mercadoria,

da produção até o consumo, no Estado da Bahia, é o industrial refinador; o formulador de

combustíveis ou a central petroquímica que produzir a gasolina.

A gasolina automotiva originária de outro Estado da Federação com destino à Bahia deverá ter o

ICMS retido ou recolhido pelo estabelecimento refinador ou uma de suas bases. Nesta hipótese,

não haverá tributação sobre a gasolina automotiva no Estado de origem e o recolhimento será

efetuado integralmente para o Estado da Bahia.

De forma diversa, nas operações de remessa de gasolina automotiva da Bahia para outra

unidade da Federação, não haverá incidência neste Estado e o imposto será integralmente

recolhido para o Estado de destino, atribuída a responsabilidade ao industrial refinador ou suas

bases ou o estabelecimento de formulador de combustíveis.

Todavia, as operações de comercialização de gasolina automotiva são realizadas pelas

distribuidoras, que recebem o produto da refinaria ou se duas bases, na operação anterior de

aquisição com o ICMS já retido por ST. Neste caso as distribuidoras informam à refinaria ou

uma de suas bases para que esta processe o repasse do imposto ao Estado de destino do produto.

Em relação ao imposto já recolhido anteriormente haverá o ressarcimento, caso a base de

cálculo seja inferior.

Base legal (sujeição passiva por ST nas operações interestaduais): art. 512-A, inc. III, letra “a”,

do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS:

art. 10, “caput” e correspondente § 2º (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira do Conv. ICMS

110/07.

]

Observação importante: Em razão da mistura (Gasolina A + álcool anidro = Gasolina C), o

ICMS do álcool anidro é apurado e recolhido de forma englobada com o ICMS-ST da Gasolina.

O detalhamento desta apuração será melhor explicado no item nº ...., abaixo, que tratar da base

de cálculo da ST da gasolina automotiva.

5 – Do diferimento Inexiste regra específica de diferimento do ICMS em relação às operações com gasolina

automotiva.

6 – Da isenção Inexiste regra específica de isenção do ICMS em relação às operações com gasolina automotiva.

7 – Da importação As operações de importação de gasolina são tributadas pelo ICMS devendo o imposto ser

recolhido por ocasião do desembaraço aduaneiro da mercadoria.

Obs.: a PETROBRAS possui regime especial para não recolher o ICMS/Importação no

desembaraço aduaneiro.

Base legal: art. 1º § 2º, inc. V e art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 2º, inc. V e art. 4º, inc. IX (Lei nº

7.014/96).

Page 104: Manual Combust Ive Is

8 – Da exportação

Não incide ICMS na operação que destine gasolina automotiva para o exterior.

Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).

9 – Da base de cálculo

9.1 - OPERAÇOES PRÓPRIAS

9.1.1 – Entrada de gasolina de outro Estado (para consumo final):

Nesta situação, a tributação é integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo

incidência de ICMS no Estado de origem da gasolina. A operação rege-se pelas regras da ST e a

base de cálculo é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo da

operação, sem adição de MVA. A responsabilidade pelo recolhimento do imposto é deslocada

para o remetente do produto, ainda que localizado em outra unidade da Federação, nos termos

da cláusula primeira e § 1º, inc. IV, do Conv. ICMS 110/07.

Observação importante: se a operação interestadual de gasolina para consumo final for

realizada por distribuidor de combustíveis, este deverá informar, via o SCANC, para que o

imposto seja repassado ao Estado de destino do produto, seguido a sistemática prevista no

Capítulo V, do Conv. ICMS 110/07, que trata “dos procedimentos da refinaria de petróleo ou

suas bases”.

Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira e § 1º, inc. IV, do

Conv. ICMS 110/07.

9.1.2 - Base de cálculo na importação de gasolina do exterior:

O valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS, acrescido de todas as despesas

que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à importação (valor do documento de

importação + impostos federais incidentes + despesas aduaneiras + demais tributos incidentes).

Base legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra

“b”.

9.1.4 – Base de cálculo - saídas de gasolina nas operações internas

Trata-se das operações próprias promovidas pelo industrial refinador, estabelecimento

formulador ou estabelecimento de central petroquímica. A base de cálculo da operação própria é

o valor da mesma.

Observação importante: por ser a gasolina, produto enquadrado na ST, a operação de

importação se sujeita também ao pagamento antecipado do ICMS por ocasião do

desembaraço aduaneiro. O assunto será tratado quando da análise da base de cálculo da ST

(item 9.2.3)

Page 105: Manual Combust Ive Is

Base legal: art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na lei estadual do ICMS: art. 17, inc. I (Lei nº 7.014/96)

9.2 - BASE DE CÁLCULO SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA – operações que destinem o

produto para comercialização

9.2.1 – Operações internas

O valor da operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros

encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados, do percentual de MVA de

78,60% (Ato COTEPE nº 21/08)

Base legal: art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96), Anexo I do RICMS/12.

9.2.2 – Operações interestaduais

Nesta hipótese o imposto é devido ao Estado de destino da gasolina automotiva. A BC é o da

operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros encargos

transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados do percentual de MVA de 144,66 % (Ato

COTEPE nº 21/08)

Base legal: cláusula oitava, do Conv. ICMS 110/07

9.2.3 – Operações de importação

O montante formado pelo valor da mercadoria constante no documento de importação, que não

poderá ser inferior ao valor que serviu de base de cálculo para o Imposto de Importação,

acrescido dos valores correspondentes a tributos, inclusive o ICMS devido pela importação,

contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo importador, adicionados do

percentual de MVA de 78,60% (Ato COTEPE nº 21/08). Para efeitos de tributação pelo ICMS,

a importação é também uma operação interna.

Base legal: art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96) e Anexo I do RICMS/12.

9.3 – TABELA COM MARGENS DE VALOR AGREGADO PARA A GASOLINA (MVA’s

com a inclusão da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS)

OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA

PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS

01/01/09 até hoje 78,60% 144,66% Ato Cotepe MVA 21/2008

OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA

PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS

01/01/09 até hoje 166,72% 265,37% Ato Cotepe MVA 21/2008

Observação importante: considera-se operação interna, para efeito de aplicação de

alíquotas, o abastecimento de combustíveis em veículos de fora do Estado em

trânsito pelo território baiano.

Page 106: Manual Combust Ive Is

10 – DA SOLIDARIEDADE NA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA DA GASOLINA

AUTOMOTIVA

É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto e demais acréscimos devidos pelo

contribuinte de direito:

10.1 – o contribuinte destinatário de mercadorias enquadradas no regime de substituição

tributária por antecipação, em virtude de convênio ou protocolo, oriundas de outra unidade da

Federação, quando o remetente não possua inscrição estadual ativa como substituto tributário:

(regra com efeitos a partir de 31/03/2010 – Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela Lei nº

11.899/10).

10.2 – o contribuinte substituído localizado em outra unidade da Federação que remeter

combustíveis derivados do petróleo, biodiesel B100 e álcool etílico anidro combustível para este

Estado, em relação ao recolhimento do imposto devido por substituição tributária, se a operação

não tiver sido informada ao responsável pelo repasse, conforme determinado em acordo

interestadual: (regra com efeitos a partir de 29/12/10, em relação aos combustíveis

derivados de petróleo, a exemplo da gasolina – Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela

Lei nº 12.040/10).

Base legal: Matéria sem correspondência no RICMS/97 e no RICMS/12. Matéria tratada na lei

estadual do ICMS: art. 6º, incisos XV e XVII (Lei nº 7.014/96).

11 – Alíquotas 25% (vinte e cinco por cento) nas operações relativas à gasolina automotiva.

Adicional de 2% (dois por cento) para o Fundo Estadual de Combate e Erradicação à pobreza.

Base legal:Art. 51, inc. II, letra “e” e art. 51-A, inc. II do RICMS/97. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 16, inc. II, letra “e” e art. 16-A,

“caput” (Lei nº 7.014/96).

Observação importante: considera-se operação interna, para efeito de aplicação de

alíquotas, o abastecimento de combustíveis em veículos de fora do Estado em trânsito pelo

território baiano.

Page 107: Manual Combust Ive Is

GASOLINA DE AVIAÇÃO - GAV– NCM 2710.12.51

A gasolina de aviação é usada exclusivamente em

aviões de pequeno porte que possuem motores com

ignição por centelha. As especificações de qualidade

são determinadas pela Agência Nacional de Petróleo

(ANP), definidas pela ASTM. (VIDE RESOLUÇÃO ANP

Nº 5, DE 3.2.2009 - DOU 4.2.2009)

A gasolina de aviação (GAV ou AVGAS-100)

apresenta propriedades, requisitos de desempenho e

cuidados diferenciados das demais gasolinas. Por

conter chumbo tetratila em sua composição, o seu uso

é proibido em veículos automotivos. Em todo o processo de manuseio, transporte e

armazenamento da GAV são usados equipamentos exclusivos para o produto, sendo o

sistema periodicamente inspecionado para garantir que esteja meticulosamente limpo e

isento de qualquer possibilidade de contaminação.

O mercado brasileiro de gasolina de aviação é abastecido pela Petrobrás, que produz

esse derivado numa instalação bastante complexa, projetada e construída para esse fim.

Segundo o esquema apresentado no livro FUNDAMENTOS DO REFINO DE

PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA / Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio

Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. – Rio de Janeiro: Interciência, 2012, às

páginas 190 a 224, a gasolina de aviação é produzida na Refinaria Presidente Bernardes,

localizada no município de Cubatão-SP, pertencente à Petrobras.

O monitoramento constante do produto inclui a drenagem diária do tanque de

armazenamento e das unidades abastecedoras, filtragem do produto antes do

abastecimento (filtro micrômetro) e inspeção periódica dos respectivos filtros.

REGIME DE TRIBUTAÇÃO DA GAV NO ICMS DA BAHIA

1 – A gasolina de aviação (GAV) é um produto combustível derivado de petróleo,

destinada a uso em aeronaves com motor do ciclo Otto (acionado por centelha). Em

geral é utilizada em aeronaves de pequeno porte, movidos à hélice, que não trafegam em

elevadas altitudes. A gasolina não é um combustível adequado para aeronaves de grande

porte, por ser suscetível de congelar a baixas temperaturas. Por isso as aeronaves de

grande porte utilizam o querosene de aviação (QAV), que se mantém líquido e com boa

fluidez a temperaturas negativas.

2 – A GAV segue o mesmo regime de tributação da gasolina automotiva, com regime

de tributação normal e antecipado no estabelecimento industrial refinador, ressalvadas

as diferenças apontadas nos itens 3, 4 e 5, abaixo.

3 – À GAV não é adicionado etanol anidro.

Page 108: Manual Combust Ive Is

4 - Este produto foi tributado à alíquota de 17% (dezessete por cento) de 2007 até

31/03/2012 (durante a vigência do RICMS/97, aprovado pelo Dec. nº 6.284/97).

5 - A partir de 1º/04/2012, a Gasolina de Aviação – GAV, passou a ser tributada à

alíquota de 25% (vinte e cinco por cento), com o adicional de 2% (dois por cento) para

o Fundo Estadual de Combate e Erradicação à Pobreza - a partir da vigência do

RICMS/12, aprovado pelo Dec. nº 13.780/12 – 1º/04/2012). Alíquota efetiva: 27%.

Page 109: Manual Combust Ive Is

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012;

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 - http://pt.wikipedia.org/wiki/gasolina; 6 - http://www.anp.gov.br

7 – http://www.sindicom.com.br

Page 110: Manual Combust Ive Is

1

MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

MÓDULO VI ÁLCOOL ANIDRO

ÁLCOOL HIDRATADO COMBUSTÍVEL E

ÁLCOOL PARA OUTROS FINS

1 – INTRODUÇÃO

O etanol (álcool etílico), CH3CH2OH, é um

líquido incolor, inflamável, com um odor

característico. Pertence a um grupo de

compostos químicos cujas moléculas contêm

um grupo hidroxila (-OH), ligado a um

carbono (grupo álcoois).

A palavra álcool deriva do arábico al-kuhul,

que refere-se a um fino pó de antimônio,

produzido pela destilação do antimônio, e

usado como maquiagem para os olhos. Os alquimistas medievais ampliaram o uso do

termo para referir-se a todos os produtos da destilação e isto levou ao atual significado da

palavra. O ponto de fusão do etanol sólido é de–114.1°C, e de ebulição e de 78.5°C. É

menos denso que a água: 0,789 g/mL a 20°C. É utilizado como fluído em termômetros,

principalmente para temperaturas baixas, uma vez que o mercúrio congela a – 40 ºC.

Existem basicamente 3 (três) processos utilizados para a fabricação do etanol: a

fermentação de carboidratos (o mais comum no Brasil), a hidratação do etileno, e a

redução do acetaldeído (normalmente preparado pela hidratação do acetileno).

O etanol é produzido desde a antiguidade pela fermentação de açúcares. Todas as bebidas

alcoólicas e mais da metade do etanol industrial ainda é feito por este processo.

Uma enzima, a zimase, é responsável pela conversão dos açúcares em álcool e gás

carbônico, conforme representação química abaixo.

C6H12O6 2 CH3CH2OH + 2 CO2

Page 111: Manual Combust Ive Is

2

2 - A PRODUÇÃO DO ETANOL POR FERMETAÇÃO DE CARBOIDRATOS

A cana-de-açúcar é cultivada por meio do

sistema de rebrotamento, no qual o

primeiro corte é feito 18 meses após o

plantio e os demais anualmente, por um

período de quatro a cinco anos, com

redução gradual do rendimento.

Depois de cortada, a cana inteira é levada

para a usina, onde é lavada e esmagada,

para extrair o caldo, sendo este

processado para a obtenção do álcool.

Resumidamente temos:

a. tratamento: é a neutralização e a esterilização do caldo para que possa receber

o fermento (leveduras, ou seja, organismos microbiológicos que se alimentam

da glicose do caldo e expelem o álcool);

b. fermentação: é a fase em que os açúcares do caldo são transformados em

álcool, sendo que o teor alcoólico gira em torno de 7% a 10%; nessa fase tem-se

o vinho.

c. destilação: o vinho é aquecido e o álcool é recolhido pela utilização dos

diferentes pontos de ebulição das substâncias presentes nas chamadas colunas de

destilação.

O processo será descrito abaixo, de forma sucinta:

A - Extração do Caldo A fabricação, tanto do álcool como do açúcar, começa pela extração do caldo,

que se realiza pelo processo de moagem.

Porém, antes, a cana-de-açúcar passa por um processo de lavagem, a fim de

eliminar as impurezas, facilitando as etapas seguintes de fabricação.

A cana é levada por uma esteira de ferro a um conjunto de facas, que corta em

pedacinhos, em seguida a mesma esteira leva para o desfibrador, onde deixa

totalmente triturada.

A cana triturada passa por separador magnético, a fim de separar pedaços de

ferros e metais, que por ventura esteja misturado.

Em seguida essa cana triturada passa por um conjunto de rolos que são

denominados ternos, onde extrai todo o caldo existente na cana.

O caldo extraído passa por uma peneira vibratória, para retirar todos os

bagacilhos, em seguida o caldo é bombeado para um tanque pulmão, de onde

será enviado para o tratamento de caldo.

B - Produção de Energia Elétrica

Page 112: Manual Combust Ive Is

3

Através da queima do bagaço da cana realizado nas caldeiras, é possível que

seja gerado calor. Este calor transformará nas caldeiras a água em vapor.

Parte do vapor é enviado aos turbo geradores encarregados de produzir

energia elétrica que será utilizada em todo o parque industrial podendo até

futuramente seu excedente ser comercializado. O bagaço excedente é

comercializado para outras indústrias que o utiliza em várias atividades.

C - Tratamento do Caldo O objetivo do tratamento de caldo é eliminar todas as impurezas, que seriam

prejudiciais as outras etapas do processo. Consiste de uma série de

operações: peneiramento, calagem, aquecimento, decantação e filtração.

Depois do caldo peneirado é adicionado Cal. Certos não açúcares, sob a ação

da cal, se tornam insolúveis, sendo eliminado pela filtração. Outros sob ação

combinada da cal e do calor são decompostos e os produtos de decomposição

são eliminados parcialmente. Outra função da cal é neutralizar os ácidos

livres presentes, para que não invertam a sacarose quando se aplica calor.

O aquecimento esteriliza o caldo, eliminando certas bactérias. Este

aquecimento não deverá ser inferior a 90oC. Nem superior a 105

oC. Sob pena

de sofrerem perturbações desfavoráveis na composição do líquido em

tratamento.

O caldo peneirado caleado e aquecido vai para o decantador ou clarificador.

O objetivo desta etapa do tratamento é evitar impurezas, como terra,

fragmentos de bagacilhos e outros elementos estranhos que venham perturbar

a fermentação.

O caldo clarificado entra em um conjunto de evaporadores de múltiplo efeito

para a retirada da maior parte da água nele encontrado, tornando-se xarope.

Este xarope é bombeado aos tachos de cozimento para a cristalização do

açúcar e transforma-se em massa cozida que são os cristais de açúcar

envolvidos em uma película de açúcar não cristalizado (mel). Tanto na

evaporação do caldo como no cozimento é utilizado vapor como fonte de

calor.

D - Centrifugação do Açúcar Na centrifugação é separado da massa cozida o mel e o açúcar. O mel com o

mínimo de sacarose possível é enviado para a fabricação do álcool, e o açúcar

propriamente dito, é enviado ao secador de açúcar. Na etapa de secagem, o

açúcar passa pelo secador para que seja retirada dos cristais toda umidade

neles contida. Assim o açúcar poderá ser armazenado e enviado ao cliente sem

que haja perda na qualidade.

Depois desta etapa o caldo de cana denomina de mosto o qual é enviado para

o processo de fermentação.

E - Fermentação

Page 113: Manual Combust Ive Is

4

É na fermentação que ocorre a

transformação do açúcar em álcool. Este

processo acorre nas dornas com à ação de

organismos vivos denominados Leveduras

(Sacharomyces cerevisiae) os quais

através de reações transformam os

açúcares em álcool. O resultado desta

transformação é o vinho fermentado onde

estão contidas as leveduras, o álcool e

outros resíduos. Após a fermentação, a

levedura é separada do vinho através do processo de centrifugação, para ser

reutilizada. A Levedura ou fermento, com uma concentração de aproximadamente

60%, é enviado às cubas de tratamento onde recebe nutrientes para se fortalecer

e ser novamente utilizado na fermentação.

F- Destilação

O vinho com pequena quantidade de levedura irá para as colunas de destilação,

que através de aquecimento e evaporação separam o álcool, e em seguida o

álcool é concentrado e purificado atingindo os padrões normativos do mercado.

A vinhaça é um subproduto resultante da destilação do vinho e ela é um

importante fertilizante, pois é rica em água, matéria orgânica, nitrogênio,

potássio e fósforo, e é utilizada na lavoura como adubo da cana.

Além da produção de Açúcar e de Álcool outros derivados também são

produzidos tais como: Bagaço Hidrolizado, Vinhaça Concentrada, Melaço, Óleo

Fusel, Levedura.

3 - Derivados processo industrial de produção de álcool

Bagaço de Cana – são as fibras resultantes da

extração do caldo da cana-de-açúcar. É

utilizado para gerar o vapor das caldeiras.

Serve também como ração animal depois de

hidrolisado.

Vinhaça Concentrada– é o resíduo líquido

da transformação do açúcar em álcool (vinho

centrifugado). Com ela se faz a adubação da

lavoura de cana-de-açúcar.

Melaço – subproduto do açúcar obtido através da centrifugação. É um dos componentes

utilizado na fermentação para a fabricação do álcool.

Óleo Fusel – líquido viscoso extraído em pequena quantidade no processo de destilação do

álcool, empregado na indústria química e na indústria de cosméticos.

Page 114: Manual Combust Ive Is

5

Levedura – microrganismo responsável pela transformação da sacarose em álcool, obtida

a partir do processo fermentativo. Depois de seca, pode servir como ração animal.

Energia Elétrica – através da queima do bagaço, gera-se o vapor, que se transforma em

energia mecânica e depois em elétrica. A energia obtida aciona os motores elétricos e

ilumina toda indústria.

4 - ABAIXO REPRODUZIMOS UM FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DE ÁLCOOL ANIDRO

(CEDIDO PELA USINA DA AGROVALE EM JUAZEIRO-BA)

6 – ALGUNS DADOS SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO DE ETANOL

O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, o maior exportador mundial, e é

considerado o líder internacional em matéria de biocombustíveis e a primeira economia em

ter atingido um uso sustentável dos biocombustíveis.

Os principais países produtores de etanol são: Brasil (que se utiliza principalmente da

cana-de-açúcar); Estados Unidos (que se utilizam do milho, através de um processo de

moagem seca); Canadá (trigo e milho); China (mandioca); Índia (cana e melaço); e,

Colômbia (cana e óleo de palma). Desses principais países produtores, Brasil e Estados

Unidos são os que se destacam, sendo responsáveis pela produção de 85% do etanol

Page 115: Manual Combust Ive Is

6

mundial (o Brasil produziu 21,5 bilhões de litros e os EUA, 24,5 bilhões, na safra ocorrida

no primeiro semestre de 2009). O terceiro colocado é a China, com 2,7% de participação

nesse mercado. Em quarto lugar se encontra a União Européia, com 2,5%.

Juntos, Brasil e Estados Unidos lideram a produção do etanol e foram responsáveis em

2008 por 89% da produção mundial e quase 90% do etanol combustível. Em 2008 a

produção brasileira foi de 24,5 bilhões de litros, equivalente ao 37,3% da produção

mundial de etanol. A indústria brasileira de etanol tem 30 anos de história e o país usa

como insumo agrícola a cana-de-açúcar. Além disso, por regulamentação do Governo

Federal, toda a gasolina comercializada no país é misturada com 25% de etanol.

A evolução dos percentuais de mistura etanol/gasolina se encontram detalhados na tabela

constante da fl. 12 deste módulo.

Desde julho de 2009 circulam no país mais de 8 milhões de veículos, automóveis e

veículos comerciais leves, que podem rodar com 100% de etanol ou qualquer outra

combinação de etanol e gasolina, e são chamados popularmente de carros "flex".

Segundo dados do SINDICOM (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de

Combustíveis e de Lubrificantes) e da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis), o volume de vendas de etanol hidratado no Brasil, promovidas pelos

postos revendedores, entre 2008 e 2012, apresentou os seguintes números (em bilhões de

litros):

2008 2009 2010 2011 2012

13,1 16,2 14,9 10,7 9,7

A queda no consumo de etanol hidratado no Brasil se deu principalmente em razão da

perda de competitividade deste produto em relação à gasolina. A política de preços desse

derivado de petróleo adotado pelo governo federal, através da Petrobras, desestimulou o

consumo de etanol, pois o abastecimento com o combustível renovável só é vantajosa se a

relação preço etanol/preço gasolina for superior a 0,7.

Page 116: Manual Combust Ive Is

7

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÁLCOOL ANIDRO NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS).

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

ÁLCOOL ETANOL ANIDRO (AEAC – NCM 2207.10.90)

O álcool etanol anidro é um combustível renovável, obtido a partir da fermentação

alcoólica de açúcares e amidos, que apresenta um elevado poder antidetonante. Por essa

razão é misturado à Gasolina Pura (Gasolina “A”), produzida na refinaria, para formar a

Gasolina C. Possui teor alcoólico de no mínimo 99,3º INPM, ou seja, cada litro dever

conter não menos de 993 ml de etanol para 7 ml de água.

TRIBUTAÇÃO PELO ICMS - ALCOOL ETÍLICO ANIDRO COMBUSTÍVEL

(AEAC)

OPERAÇÕES INTERESTADUAIS E OPERAÇÕES INTERNAS

1 - Diferimento – nas operações internas e interestaduais com AEAC, quando destinado a

distribuidora de combustíveis, para o momento em que ocorrer a saída da gasolina

resultante da mistura com o AEAC. (Convênio ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima

Primeira).

2 - Pagamento: o pagamento do imposto diferido deverá ser efetuado de uma só vez,

englobadamente com o imposto retido por substituição tributária incidente sobre as

operações com gasolina, até o consumidor final.

2.1 - Se a operação diferida com o AEAC for interna o ICMS diferido será recolhido, de

forma englobada, com a operação de saída da gasolina C (mistura da Gasolina A com

AEAC)

2.2 - Na hipótese de operação interestadual com AEAC deverá ser observado o seguinte –

a) o ICMS incidente sobre a operação será devido ao Estado de origem do AEAC;

b) para o cálculo da parcela do imposto incidente sobre o AEAC destinado à

unidade federada remetente desse produto, o programa de computador adotará

Page 117: Manual Combust Ive Is

8

como base de cálculo o valor total da operação, nele incluído o respectivo

ICMS e sobre este valor aplicará a alíquota interestadual correspondente (Conv.

ICMS 110/07 -Cláusula vigésima quinta, § 6º).

3 – Encerramento do diferimento: a saída isenta ou não tributada do AEAC, inclusive

para a ZFM (Zona Franca de Manaus) e para áreas de livre comércio. Nesta hipótese a

distribuidora de combustíveis deverá efetuar o pagamento do imposto diferido à unidade

federada remetente do AEAC.

4 – Obrigações das Distribuidoras de Combustíveis: na remessa interestadual de

AEAC a distribuidora de combustíveis, destinatária do AEAC, deverá:

4.1 – registrar os dados relativos à operação no SCANC (anexos IV, V e VIII –

cláusula vigésima quinta);

4.2 – identificar o sujeito passivo por ST que tenha retido anteriormente o imposto

relativo à gasolina “A”, com base na proporção da sua participação no somatório

das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês, relativamente à

gasolina “A” adquirida diretamente de sujeito passivo por substituição tributária

(operação de compra direta na Refinaria ou suas bases – 1ª operação);

4.3 – identificar também os demais fornecedores de gasolina “A”, quantificando a

proporção das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês

(operação de compra em outras distribuidoras – 2ª operação);

4.4 – enviar as informações eletronicamente , nos prazos fixados em Ato COTEPE

para:

4.4.1 – a unidade federada de origem;

4.4.2 – a unidade federada de destino;

4.4.3 – o fornecedor do combustível;

4.4.4. – a refinaria de petróleo ou suas bases.

4.5 – Com base nas informações prestadas pelo contribuinte, o programa de

computador aprovado pela Comissão Técnica Permanente do ICMS –

COTEPE/ICMS (§ 2º, da Cláusula Vigésima Terceira), gerará os relatórios nos

modelos previstos (os denominados “Anexos”) e efetuará o cálculo da parcela do

imposto incidente sobre o AEAC destinado à unidade federada remetente desse

produto – regra contida na Cláusula Vigésima Quinta, inc. II. Será efetuado

também no Programa de computador o cálculo do estorno de crédito previsto no §

10, da Cláusula Vigésima Primeira (inc. III, da Cláusula Vigésima Quinta).

4.6 – O pagamento (repasse) do imposto para a unidade federada de origem do

AEAC será efetuado pela refinaria de petróleo ou sua base, que tenha efetuado a

retenção do ICMS relativo à Gasolina “A”, até o 10º dia do mês subsequente

àquele em que tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao valor do

imposto ao que foi efetivamente retido e ao relativo à operação própria.

Page 118: Manual Combust Ive Is

9

4.7 - No caso de operações interestaduais promovidas por contribuintes que já

tenham recebido o imposto retido da mistura gasolina “A” + AEAC, em operação

anterior (a chamada 2ª operação), o pagamento do ICMS diferido (repasse), será

provisionado pela refinaria ou sua bases, para ser realizado até o 20º dia do mês

subsequente àquele em que tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao

valor ao efetivamente recolhido à unidade federada de destino da gasolina “C”. A

UF de destino tem até o 18º dia do mês seguinte para verificar a ocorrência do

efetivo pagamento e manifestar-se sobre a dedução da parcela do AEAC.

(Conv. ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima Primeira, § 4º, § 5º, incisos I e II e §

6º).

5 – Do estorno de crédito

Os contribuintes que efetuarem operações interestaduais com gasolina resultante da

mistura de AEAC com aquele produto deverão efetuar o estorno de crédito do imposto

correspondente ao volume de AEAC contido na mistura. Esse estorno será efetivado pelo

recolhimento do valor correspondente ao ICMS diferido que será apurado com base no

valor unitário médio e na alíquota média ponderada das entradas de AEAC ocorridas no

mês.

Base legal: §§ 10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Conv. ICMS 110/07.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI 4171) É CONTESTADA A

CONSTITUCIONALIDADE DO ESTORNO DE CRÉDITO NAS OPERAÇÕES COM GASOLINA “C”,

RESULTANTE DA MISTURA COM O ÁLCOOL ANIDRO.

1 – Requerente: Conselho Nacional de Comércio (CNC);

2 – Requerido: Conselho Nacional de Política Fazendária;

3 – Dispositivos questionados: §§ 10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Convênio ICMS nº

110, de 28 de setembro de 2007, com a redação alterada pelo Conv. ICMS 101, de 30 de julho de

2008 e pelo Conv. 136, de 05 de dezembro de 2008 (aditamento da petição inicial em relação às

operações com biodiesel B100).

4 – A autora afirmou que os preceitos hostilizados impõem “às distribuidoras de combustíveis o

dever de estorno do ICMS recolhido por substituição tributária, quando estas efetuarem operações

interestaduais, com gasolina misturada ao AEAC, nas quais não há creditamento do imposto”.

Haveria no caso uma dupla tributação, em ofensa à legislação de regência do ICMS.

5 – Afirmou também que os dispositivos questionados estabeleceram a criação de um novo tributo,

o que ofenderia: a) o princípio da legalidade (art. 150, I, da CF); b) o princípio da não

cumulatividade (art. 155, § 2º, da Carta Magna); c) o regime constitucional da destinação da

arrecadação do ICMS para o Estado de destino, nas operações com petróleo e derivados (art. 155, §

4º, inc. I, da Lei Maior); e, d) o princípio da capacidade contributiva (art. 145, § 1º, da CF), por

aumento da carga tributária nas operações com AEAC.

6 – Os estados prestaram informações (Manifestação da Bahia)

7 – A AGU se manifestou pela improcedência do pedido. (Manifestação da AGU)

8 - A PGR se manifestou também pela improcedência do Pedido.

9 – A Relatora, Ministra Ellen Gracie julgou o pedido procedente.

Page 119: Manual Combust Ive Is

10

10 – Divergiram o Ministro Luiz Fux e a Ministra Carmen Lúcia.

11 – Pediu vistas o Ministro Ricardo Lewandowski.

6 – DO ALCOOL ANIDRO PARA OUTROS FINS (ANTECIPAÇÃO PARCIAL –

APLICAÇÃO DAS REGRAS DO PROTOCOLO ICMS 17/04)

O álcool anidro originário de outra unidade da federação, destinado estabelecimentos

comerciais ou industriais, para outros fins, que a não a mistura na gasolina “A”, se submete

ao regramento do Protocolo ICMS 17/04, que estabelece o pagamento do ICMS -

antecipação parcial antes da realização da operação de saída da mercadoria (cláusula

sexta do Protocolo ICMS 17/04).

6.1 - Nas operações originárias de Estados signatários do Protocolo ICMS 17/04, o

imposto deve ser recolhido de forma antecipada, antes da saída da mercadoria, sobre o

valor da operação, antes de iniciada a remessa. A GNRE (guia nacional de recolhimento de

tributos estaduais), comprovando o pagamento antecipado do imposto, deverá acompanhar

a mercadoria no trânsito. Caso o remetente não efetue o pagamento do ICMS, o

destinatário deverá proceder ao pagamento do tributo por ocasião da passagem da

mercadoria pela primeira repartição fiscal do percurso.

Base legal: clausula terceira c/c a clausula quarta (segunda parte), do Protocolo ICMS

17/04.

6.2 – Nas operações originárias de Estados não signatários do Protocolo ICMS 17/04, o

imposto também deve ser recolhido de forma antecipada, antes da saída da mercadoria, de

responsabilidade do remetente, sobre o valor da operação, antes da saída da mercadoria. A

GNRE, comprovando o pagamento antecipado do imposto, deverá acompanhar a

mercadoria no trânsito. Caso o remetente não efetue o pagamento, o destinatário deverá

pagar o imposto por ocasião da passagem da mercadoria pela primeira repartição fiscal do

percurso.

Base legal: clausula quarta do Protocolo ICMS 17/04.

6.3 – O pagamento antecipado do imposto, se aplica também às operação internas, com

álcool anidro para outros fins, antes da saída da mercadoria do estabelecimento remetente

(Usina) para estabelecimento industrial ou comercial localizado no território baiano.

Base legal: clausula segunda do Protocolo ICMS 17/04.

Observação: O pagamento do ICMS antecipado nas operações com álcool anidro não se

aplica aos estabelecimentos industriais que tenham autorização do Diretor da DAT, após

parecer técnico da COPEC. Nesta hipótese o ICMS será recolhido no dia 25 do mês

seguinte à entrada da mercadoria no estabelecimento credenciado.

7 - LEGISLAÇÃO INTERNA (disposições do RICMS/97 e RICMS/2012)

A legislação interna reproduz as mesmas regras do Conv. ICMS 110/07. Diferimento do

imposto nas operações com AEAC, quando o produto for destinado a distribuidora de

Page 120: Manual Combust Ive Is

11

combustíveis, para o momento em que ocorrer a saída da gasolina resultante da mistura

com o AEAC.

Tributação normal, com recolhimento antecipado do imposto, a quando o álcool anidro for

destinado a outros fins.

Base Legal:

RICMS/97: Art. 343, inc. XXIX e art. 511, RICMS/97. RICMS/12: Art. 286, inc. XIV, §§

7º, 8º e 9º.

8 – DA SOLIDARIEDADE

É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto o contribuinte substituto que

realizar operação interestadual com AEAC se a operação não tiver sido informada ao

responsável pelo repasse ao estado de origem do álcool (capítulos III e IV do Conv.

ICMS 110/07).

Base legal: art. 39, inc. XIV, do RICMS/97 (Conv. 110/07 – cláusula trigésima). Sem

correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 6º, inc.

XVII (Lei nº 7.014/96).

9 – DAS ALÍQUOTAS

9.1 - 25% (vinte e cinco por cento) nas operações internas, com adicional de 2% para o

fundo de pobreza;

9.2 - 12% (doze por cento) nas operações interestaduais de álcool anidro produzido no

Brasil;

9.3 - 4% (quatro por cento) nas operações interestaduais com álcool anidro importado do

exterior;

9.4 - 17% (dezessete por cento) nas operações internas que destine álcool anidro para

outros fins.

Base legal: Art. 15, inc. II, da Lei nº 7.014/96 (alíquota interestadual de 12%); Art. 16, inc.

II, letra “e”, c/c o “caput” do art. 16-A (alíquota interna de 25% e adicional de 2%, para o

fundo de pobreza).

10 - DISPENSA DE HABILITAÇÃO PARA OPERAR NO REGIME DE

DIFERIMENTO

É dispensada a habilitação para operar no regime de diferimento aos estabelecimentos de

distribuidoras de combustíveis, adquirentes ou destinatários do AEAC.

Base Legal: Art. 344, inc. VII, do RICMS/97. Art. 287, § 1º, inc. V, letra “b”, do

RICMS/12

11 - EXPORTAÇÃO DE AEAC

É dispensado o pagamento do imposto diferido na operação de exportação de AEAC, cuja

operação anterior tenha sido processada ao amparo do regime de diferimento.

Page 121: Manual Combust Ive Is

12

Base legal: Art. 460, do RICMS/97;

12 - ENCERRAMENTO DO DIFERIMENTO – AEAC NÃO DESTINADO À

MISTURA COM A GASOLINA

A saída isenta ou não tributada do AEAC, inclusive para a ZFM e para áreas de livre

comércio: nesta hipótese a distribuidora de combustíveis deverá efetuar o pagamento do

imposto diferido à unidade federada remetente do AEAC.

Base legal: Art. 286, § 9º, do RICMS/12

13 - MISTURA GASOLINA AUTOMOTIVA/ÁLCOOL ANIDRO

A TABELA ABAIXO APRESENTA EM ORDEM CRONOLÓGICA, DESDE JULHO DE 2OO7 OS

PERCENTUAIS DE MISTURA DO ETANOL ANIDRO NA GASOLINA.

NORMAS PERCENTUAIS INTERVALO TEMPORAL

Portaria do MAPA % Mistura Etanol/Gasolina Período de Vigência

Portaria nº 143/2007 25% 01/07/2007 a 31/01/2010

Portaria nº 7/2010 20% 01/02/2010 a 01/05/2010

Portaria nº 7/2010 25% 02/05/2010 a 30/09/2011

Portaria nº 678/2011 20% 01/10/2010 a 30/04/2013

Portaria nº 105/2013 25% 01/05/2013 até hoje

*Fonte: MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Page 122: Manual Combust Ive Is

13

Page 123: Manual Combust Ive Is

14

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÁLCOOL HIDRATADO COMBUSTÍVEL NO

ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS).

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

PRODUTO: ÁLCOOL ETÍLICO HIDRATADO COMBUSTÍVEL - AEHC (NCM

2207.10)

O álcool etílico hidratado combustível (AEHC) é utilizado para a queima direta nos

motores ciclo Otto, tendo as mesmas características do álcool anidro, diferindo deste por

teor alcoólico especificado entre 92,6º e 93,8º INPM, ou seja, cada litro do produto contém

entre 926 e 938 ml de álcool e 74 e 62 ml de água. O AEHC funciona com substituto da

gasolina nos motores de combustão interna ciclo Otto.

Com o desenvolvimento da tecnologia flex os veículos podem ser abastecidos com AEHC

e gasolina C em qualquer proporção. O consumidor pode optar também em utilizar

somente gasolina ou álcool.

1– SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.1- RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS

1.1.1 2009 até 14/12/2012 – a distribuidora de combustíveis, assim definida pela

ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás, Combustíveis e Biocombustíveis).

1.1.2 a partir de 15/12/2012 até hoje – o remetente ou alienante da mercadoria

(aquele que promover a 1ª operação no território ou para o território da Bahia –

Lei Estadual nº 12.605/12, que promoveu alteração na Lei nº 7.014/96).

Page 124: Manual Combust Ive Is

15

1.2 - MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das

contribuições do PIS/COFINS)

OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA

PERÍODO

OP.

INTERNAS

OPERAÇÕES INTERESTADUAIS

ALÍQ. 7% ALIQ. 12% ALIQ 4%

ORIGINADO DE

IMPORTAÇÃO

01/01/09 a 31/12/10 31,69% 63,30% 54,53% - 01/01/11 a 15/02/13* 31,69% 51,21% 43,07% - 16/02/13 até hoje** 31,69% 51,21% 43,07% 56,08%

* Ato Cotepe MVA modificador: 11/2010

**Ato Cotepe MVA modificador: 01/2013

1.3 - PREÇOS MÉDIOS PONDERADOS A CONSUMIDOR PARA O AEHC (PMPF’s)

OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS DESTINADAS AO TERRITÓRIO DA BAHIA

PERÍODO VALOR DO PMPF ATO COTEPE MODIFICADOR

01/05/08 a 15/06/09 R$ 1,8000/litro 08/2008

16/06/09 a 31/12/10 R$ 2,0000/litro 11/2009

01/01/11 até hoje R$ 2,2500qlitro 24/2010

1.4 - BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.4.1 - A regra nº 1 da base de cálculo do ICMS-ST é a seguinte: utilização do preço

máximo ou único de venda a consumidor fixado por autoridade competente. O PMPF

se enquadra nesta categoria.

1.4.2 - O PMPF para o AEHC passou a valer a partir de 16/08/04 (Ato Cotepe PMPF nº

31/2004).

1.4.3 - Com a alteração nº 140 ao RICMS/97 (via Dec. nº 12.470/10), efeitos a partir de

23/11/10, a BC-ST do AEHC poderia ser: o valor da operação + MVA ou o PMPF, o

que fosse maior (art. 512-B, § 1º-A, do RICMS/97).

1.4.4 - Essa regra foi reproduzida no RICMS/12, no art. 289, § 9º (Dec. nº 13.780/12), e

posteriormente revogada, pela alteração nº 09 (Dec. nº 14.254/12), efeitos a partir de

29/12/2012.

1.4.5 - Conclusões que podem ser tiradas das disposições acima transcritas

(PERÍODO 2009-2013)

i) até 22/11/2010: a BC-ST para o AEHC era o PMPF;

ii) entre 23/11/2010 e 28/12/2012: a BC-ST para o AEHC poderia ser o PMPF ou o

valor da operação + MVA, o que fosse maior;

iii) a partir de 29/12/2012: a BC-ST do AEHC passou a ser somente o PMPF.

Page 125: Manual Combust Ive Is

16

1.5 - MOMENTO DO PAGAMENTO DO ICMS-ST NAS OPERAÇÕES COM AEHC

1.5.1 – O imposto a ser recolhido pelo regime da ST, nas operações com etanol

combustível hidratado, até 14/12/2012, deveria ser efetuado antes das saídas mercadorias,

podendo o contribuinte, mediante autorização competente, recolher o ICMS-ST até o dia

15 do mês subseqüente ao das operações, sendo que:

1.5.1.1 – em operações promovidas por indústrias, mediante autorização do Diretor

da DAT do domicílio fiscal, após parecer técnico da COPEC;

1.5.1.2 – em operações promovidas por distribuidoras de combustíveis, mediante

autorização da COPEC.

1.5.2 – A partir de 15/12/2012, a obrigação de retenção nas operações internas e

interestaduais com álcool hidratado carburante, passou a ser de responsabilidade do

estabelecimento remetente da mercadoria. Nas operações internas, o pagamento do ICMS-

ST poderá ser feito até o dia 15 do mês subsequente ao da saída do AEHC, conforme

disposto no art. 332, inc. XIII, alínea “a”, do RICMS/12.

1.5.3 – Nas operações interestaduais, se o remetente for inscrito, o ICMS-ST deverá vir

destacado no corpo da nota fiscal, situação em que o imposto deverá ser recolhido até o dia

10 do mês subsquente ao da operação (Cláusula Décima sexta, do Conv. ICMS 110/07, c/c

o § 6º, do art. 289. do RICMS/12).

1.5.4 – Nas operações interestaduais, se o remetente não for inscrito, a GNRE, com a

quitação do recolhimento do imposto deverá acompanhar a nota fiscal que acobertar o

trânsito do AEHC.

1.5.5 - O distribuidor de combustíveis, até 15/12//2012, submetido a Regime Especial de

Fiscalização e Pagamento do ICMS, era obrigado a efetuar o pagamento do ICMS-ST

antes do início da operação com AEHC, hipótese em que o posto revendedor varejista

assumia a condição de responsável solidário caso adquirisse AEHC com nota fiscal

desacompanhada do respectivo documento de arrecadação, conforme disposição contida no

art. 6º, inc. XVI, da Lei nº 7.014/96. A partir de 15/12/2012, a sistemática criada pelo

Regime Especial de Fiscalização e a solidariedade decorrente foram derrogadas, em função

da mudança da sujeição passiva por ST para o remetente da mercadoria.

2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

2.1 - A base de cálculo da operação própria com AEHC, nos últimos cinco anos (2009-

2013) é a reproduzida na tabela abaixo:

PERÍODO BASE DE CÁLCULO ATO NORMATIVO Até 30/03/12 Valor da operação ou pauta

fiscal, o que for maior

RICMS/97 – art. 515-B

De 01/04/12 a 14/12/12* Valor da operação RICMS/12

A partir de 15/12/12 até hoje Valor da operação ou pauta

fiscal, o que for maior

Lei nº 12.605/12 (acrescentou o

inc. V-A, ao art. 19, da Lei nº

7.014/96).

Page 126: Manual Combust Ive Is

17

*A regra prevista no RICMS/97, de prevalência do valor da operação ou da pauta fiscal, o que fosse

maior, não foi reproduzida no RICMS/12. Somente com a Lei nº 12.605/12, foi re-introduzida na

legislação essa possibilidade quanto à BC das operações normais com AEHC.

2.2. - Na tabela abaixo se encontra discriminada a evolução da pauta fiscal para o AEHC

PERÍODO PAUTA FISCAL ATO NORMATIVO De 29/06/07 a 30/11/10 R$ 1,00/litro Instr. Normativa nº 34/2007

01/12/10 até hoje R$ 1,50/litro Instr. Normativa nº 56/2010

2.3 - MOMENTO DO PAGAMENTO DO ICMS DA OPERAÇÃO PRÓPRIA – AECH

2.3.1 – Até 14/12/2012, o recolhimento do ICMS próprio, nas saídas internas e

interestaduais de AEHC, deveria ser efetuado por ocasião da saída da mercadoria, devendo

ser observado:

2.3.1.1 – o DAE devidamente quitado deveria acompanhar a mercadoria na

respectiva circulação;

2.3.1.2 – o nº de autenticação bancária do DAE deveria ser indicado no campo

“informações adicionais” da nota fiscal de saída e o nº desta no campo

“informações complementares” do respectivo DAE;

2.3.1.3 – A obrigação de pagamento antecipado do ICMS próprio não era aplicável

às distribuidoras de combustíveis, como tais definidas pela ANP, desde que

autorizadas pela COPEC

2.3.2 – A partir de 15/12/2012, a operação própria promovida pelo estabelecimento

remetente do álcool combustível hidratado continuou a ser exigido de forma antecipada,

antes da circulação da mercadoria (art. 332, inc. V, letras “i” e “j”, do RICMS/12)

2.3.3 – Depois da alteração nº 10, ao RICMS/12, promovida pelo Dec. 14.295, de

31/01/013, efeitos a partir de 01/02/2013, o recolhimento do imposto da operação própria

com AEHC, poderá ser efetuado no dia 9 do mês subseqüente, desde que o contribuinte

seja autorizado pela repartição fiscal a que estiver vinculado.

3 – ANTECIPAÇÃO PARCIAL DO ICMS PARA O AEHC

3.1 – RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

3.1.1 – Exigência de antecipação parcial para o AEHC, nas operações originárias de Estado

signatário do Protocolo ICMS 17/04, de forma antecipada, de responsabilidade do

remetente – pagamento antes da saída da mercadoria, via GNRE;

3.1.2 - Exigência de antecipação parcial para o AEHC, por solidariedade, nas operações

originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04 quando o remetente não efetuar

o pagamento antecipado do imposto, atribuindo-se responsabilidade ao adquirente para

pagar o ICMS antes da entrada da mercadoria no território baiano;

Page 127: Manual Combust Ive Is

18

3.1.3 – Exigência de antecipação parcial para o AEHC, nas operações originárias de Estado

não signatário do Protocolo ICMS 17/04, de responsabilidade do adquirente antes da

entrada da mercadoria no território baiano

3.1.4 – Após a publicação da Lei nº 12.605/12, efeitos a partir de 15/12/2012, a

antecipação parcial para o AEHC deixou d existir, pois esta norma atribuiu

responsabilidade por substituição tributária (ST), ao remetente da mercadoria (aquele que

promovesse a primeira operação no território ou para o território da Bahia). Com isso o

Protocolo ICMS 17/04 se encontra parcialmente revogado, nas disposições atinentes ao

AEHC.

3.1.5 -Tabela Antecipação Parcial do AEHC (período 2009 a 2012)

PERÍODO RESPONSÁLVEL

TRIBUTÁRIO

ATO NORMATIVO

Até 14/12/2012 REMETENTE Protocolo ICMS 17/2004

Até 14/12/2012 ADQUIRENTE

(estabelecimento comercial ou

industrial) – nas remessas de

Estado signatário do Protoc.

ICMS 17/04, quando o

remetente não efetuar o

pagamento antecipado do

imposto

Art. 515-D, do RICMS/97

Art. 296, “caput”, do RICMS/12

Até 14/12/2012 ADQUIRENTE

(estabelecimento industrial ou

comercial) – nas remessas de

Estado não signatário do Protoc.

ICMS 17/04

Art. 515-S, do RICMS/97

Art. 296, “caput”, do RICMS/12

A partir de 15/12/2012 Inexigibilidade da antecipação

parcial nas operações com

AEHC

Lei nº 12.605/12

3.2 – BASE DE CÁLCULO DO ICMS ANTECIPAÇÃO PARCIAL

As especificadas no item 2 deste módulo, acima.

3.3 – MOMENTO DO PAGAMENTO DO ICMS ANTECIPAÇÃO PARCIAL DO AEHC

(EFEITOS ATÉ 15/12/2012)

3.3.1 – Nas operações originárias de unidade federada signatária do Protocolo ICMS

17/04: antes da saída da mercadoria, devendo a GNRE, com a quitação do imposto, de

responsabilidade do remetente, acompanhar a nota fiscal;

3.3.2 – Nas operações originárias de unidade federada signatária do Protocolo ICMS

17/04, quando o remetente não efetuar o pagamento antecipado do imposto: antes da

entrada do AEHC no Estado da Bahia, sendo a obrigação de responsabilidade do

adquirente, por solidariedade.

Page 128: Manual Combust Ive Is

19

3.3.3 – Nas operações originárias de unidade federada não signatária do Protocolo ICMS

17/04: antes da entrada do AEHC no Estado da Bahia, de responsabilidade do contribuinte

adquirente.

4 – ALÍQUOTAS

4.1 Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de

importação do exterior, com o adicional de 2% (dois por cento) para o Fundo Estadual de

Combate e Erradicação à Pobreza. Alíquota interna efetiva: 19% (dezenove por cento).

4.2 - Alíquota de 12% (doze por cento) nas remessas para fora do Estado, com origem no

território da Bahia;

4.3 – Alíquota de 7% (sete por cento), nas operações originárias do Sul e Sudeste, exceto

ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia;

4.4 – Alíquota de 12% (doze por cento), nas operações originárias do Norte, Nordeste e

Centro-Oeste, inclusive ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia.

4.5 - Alíquota de 4% nas remessas interestaduais de etanol hidratado quando o produto

tiver origem em operação de importação.

Fonte Normativa: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução

do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.

Page 129: Manual Combust Ive Is

20

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÁLCOOL (ETANOL) DESTINADO A

OUTROS FINS NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS).

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

PRODUTO: ÁLCOOL (ETANOL) PARA OUTROS FINS, TRANSPORTADO A

GRANEL (USO NÃO AUTOMOTIVO) - (NCM 2207.10)

1– SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

O etanol transportado a granel, para outros fins (uso não automotivo), se encontra no

regime de substituição/antecipação tributária, com o encerramento das fases subsequentes

de tributação, tão somente nas operações internas.

1.1 - RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS

1.1.1 - A responsabilidade pelo recolhimento do imposto, nas operações internas, é do

estabelecimento remetente que promover a primeira operação no território da Bahia.

1.1.2 – No caso de aquisição em outra unidade federada, cabe a antecipação tributária total,

na entrada, com a dedução, a título de crédito, do ICMS incidente na origem e do ICMS

pago a título de antecipação parcial pelo responsável;

1.1.3 – No caso de importação a responsabilidade é do contribuinte importador.

1.1.4 – Não há a obrigatoriedade de se fazer a retenção por ST/antecipação total se o etanol

de uso não automotivo for destinado a indústria para fins de utilização como matéria-

prima.

1.1.5 – o Pagamento do ICMS-ST deve ser efetuado antes da saída da mercadoria ou da

entrada do álcool proveniente de outra unidade federada no território baiano, salvo

estabelecimentos de distribuidoras, autorizados pela COPEC, conforme tabela abaixo:

Page 130: Manual Combust Ive Is

21

PRAZO DE RECOLHIMENTO DO ICMS-ST PARA CONTRIBUINTES

CREDENCIADOS

PRAZO FONTE NORMATIVA DISPOSITIVO

Dia 15 do mês subsequente RICMS/97 – até 31/03/12 Art. 126, inc. IV

Dia 09 do mês subsequente RICMS/12 – até hoje Art. 332, § 5º

1.2 - BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.2.1 - A base de cálculo da ST nas operações com álcool (etanol), transportado a granel,

para outros fins (uso não automotivo), nos últimos 5 anos (2009 a 2013), é a pauta fiscal ou

o valor da operação + MVA (fixada em ATO COTEPE), prevalecendo o que for maior,

conforme tabelas abaixo (Art. 61, inc. X, do RICMS/97):

TABELA: PAUTA FISCAL – OPERAÇÕES SUJEITAS À SUBSTITUIÇÃO

TRIBUTÁRIA – ÁLCOOL PARA OUTROS FINS, VENDIDO A GRANEL (USO NÃO

AUTOMOTIVO)

PERÍODO PAUTA FISCAL ATO NORMATIVO

11/06/08 a 09/06/09 R$ 1,80/litro Instr. Normativa nº 20/2008

10/06/09 a 27/02/13 R$ 2,00/litro Instr. Normativa nº 56/2010

28/02/2013 até hoje R$ 2,25/litro Instr. Normativa nº 09/2013

1.2.2 - Com a entrada em vigor do RICMS/12 (efeitos a partir de 1º/04/12), a base de

cálculo do ICMS-ST para o etanol para outros fins, transportado a granel (uso não

automotivo), passou a ser somente a pauta fiscal (art. 289, § 11, inc. III, do RICMS/12 –

APLICAÇÃO TÃO SOMENTE DA TABELA: “PAUTA FISCAL – OPERAÇÕES

SUJEITAS À SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA – ÁLCOOL PARA OUTROS FINS,

VENDIDO A GRANEL - USO NÃO AUTOMOTIVO”).

2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

2.1 - A base de cálculo da operação própria com álcool (etanol), transportado a granel, para

outros fins (uso não automotivo), nos últimos cinco anos (2009-2013) é o valor da

operação ou a pauta fiscal, prevalecendo o que for maior.

2.2 - Tabela com a evolução da pauta fiscal, nas operações internas, reproduzida abaixo:

PAUTA FISCAL – OPERAÇÕES PRÓPRIAS E ANTECIPAÇÃO PARCIAL –

ÁLCOOL PARA OUTROS FINS, VENDIDO A GRANEL (USO NÃO AUTOMOTIVO)

PERÍODO PAUTA FISCAL ATO NORMATIVO

29/06/07 a 30/11/10 R$ 1,00/litro Instr. Normativa nº 34/2007

01/02/10 até hoje R$ 1,50/litro Instr. Normativa nº 56/2010

Page 131: Manual Combust Ive Is

22

3 – ANTECIPAÇÃO PARCIAL DO ICMS PARA O ETANOL, TRANSPORTADO A

GRANEL, PARA OUTROS FINS (USO NÃO AUTOMOTIVO)

3.1 – RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

3.1.1 – Exigência de antecipação parcial para o Etanol destinado a outros fins, nas

operações originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04, de responsabilidade

do remetente – pagamento antes da saída da mercadoria, via GNRE;

3.1.2 - Exigência de antecipação parcial para o Etanol destinado a outros fins, por

solidariedade, nas operações originárias de Estado signatário do Protocolo ICMS 17/04

quando o remetente não efetuar o pagamento antecipado do imposto: responsabilidade do

adquirente, antes da entrada da mercadoria no território baiano;

3.1.3 – Exigência de antecipação parcial para o Etanol destinado a outros fins, nas

operações originárias de Estado não signatário do Protocolo ICMS 17/04, de

responsabilidade do adquirente antes da entrada da mercadoria no território baiano.

3.2 – BASE DE CÁLCULO DO ICMS ANTECIPAÇÃO PARCIAL

As especificadas no item 2 deste estudo.

4 – ALÍQUOTAS

4.1 – ALÍQUOTA INTERNA: alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas

operações internas e de importação do exterior. Alíquota interna efetiva: 17% (dezessete

por cento).

4.2 – ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS:

4.2.1 - Alíquota de 12% (doze por cento) nas remessas para fora do Estado, com origem no

território da Bahia;

4.2.2. – Alíquota de 7% (sete por cento), nas operações originárias do Sul e Sudeste, exceto

ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia;

4.2.3 – Alíquota de 12% (doze por cento), nas operações originárias do Norte, Nordeste e

Centro-Oeste, inclusive ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia.

4.2.4 – Alíquota de 4% nas remessas interestaduais de etanol para outros fins quando o

produto tiver origem em operação de importação.

Fonte Normativa: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96). Resolução

do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.

Page 132: Manual Combust Ive Is

23

BIBIOGRAFIA CONSULTADA E SITE VISITADOS

1 – 202 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE BIOCOMBUSTÍVEIS: Abordagem

econômica, politica e científica em um texto avançado para conhecer, decidir e pesquisar

sobre biocombustíveis / Luiz Vicente Gentil – Brasília: SENAC – DF, 2011.

2– www.stf.gov.br;

3– www.anp.gov.br;

4 – www.sindicom.com.br;

5 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Álcool_combustível

Page 133: Manual Combust Ive Is

1

MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, NAFTA PETROQUÍMICA,

COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

PARTE I

OLEO DIESEL – NCM/SH 2710.29.2

Figura 1 – amostra de óleo diesel

1 - INTRODUÇÃO

O óleo diesel é um combustível de origem fóssil,

derivado de petróleo, constituído por

hidrocarbonetos de 10 a 25 átomos de carbono com

faixa de destilação situada entre 150 ºC e 400 ºC,

que apresenta um conjunto de propriedades que

permite a sua adequada utilização,

majoritariamente, em veículos movidos por motores que funcionam segundo o ciclo

Diesel. O diesel, assim como a gasolina, é na verdade uma mistura (pool) de centenas de

compostos químicos.

Recebeu este nome em homenagem ao engenheiro alemão Rudolf Diesel que inventou

um meio mecânico para explorar a reação química originada da mistura de óleo e de

oxigênio presente no ar.

Esse combustível destaca-se como o mais usado no país, principalmente no setor

rodoviário, em função da matriz de transporte brasileira. O óleo diesel comercializado

no Brasil recebe a adição de biodiesel por força de lei federal, em porcentagem definida

e regulamentada pela ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis.

2 - CONSTITUIÇÃO

Os hidrocarbonetos parafínicos são os constituintes do óleo diesel que apresentam as

melhores características de combustão, e inversamente, os aromáticos são os

hidrocarbonetos menos desejáveis, por apresentarem baixa qualidade de ignição no

motor diesel. Os hidrocarbonetos naftênicos estão presentes no óleo diesel em

quantidades importantes, não trazendo, entretanto impactos positivos ou negativos no

que diz respeito à qualidade. As proporções destas diferentes classes de hidrocarbonetos

no diesel é que definirá a sua qualidade.

Page 134: Manual Combust Ive Is

2

A composição média e máxima em volume (% vol) de hidrocarbonetos presentes no

óleo diesel obtido por destilação direta é a seguinte:

a) Parafínicos: entre 30% a 62% em volume;

b) Naftênicos: entre 45% a 71% em volume;

c) Aromáticos: entre 20% a 45% em volume.

Além dos hidrocarbonetos, pode ocorrer no óleo diesel a presença de compostos de

enxofre, de nitrogênio e de oxigênio. Os compostos de enxofre causam corrosão e

contribuem para o aumento da emissão de gases poluentes, prejudiciais ao meio-

ambiente e à saúde humana. Os compostos de nitrogênio provocam instabilidade no

combustível e também são responsáveis pela emissão de poluentes (óxidos de

nitrogênio – Nox). Os compostos de oxigênio conferem acidez e corrosividade ao

produto.

Normalmente o diesel é um combustível mais “pesado” que a gasolina: a cadeia

carbônica do diesel apresenta de 10 a 25 átomos; já a cadeia carbônica da gasolina, varia

de 4 a 12 átomos.

3 - UTILIZAÇÃO

O óleo diesel é utilizado principalmente em motores automotivos de combustão interna

por compressão. Pode ainda ser utilizado como combustível para máquinas agrícolas,

ferroviárias, marítimas e para aquecimento doméstico.

O motor Ciclo Diesel foi inventado pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel, em 1892, e é

considerado uma das máquinas mais versáteis quanto ao uso de combustíveis. A

máquina diesel é bastante flexível quanto ao tipo de combustível utilizado, podendo ela

operar com uma ampla faixa de produtos, desde o gás natural até os óleos pesados, com

as devidas adaptações. Atualmente outros combustíveis não derivados de petróleo

podem ser utilizados nos motores diesel, tais como os biocombustíveis, que foram os

primeiros combustíveis a serem usados por Rudolf Diesel, quando inventou esta

máquina.

O óleo diesel, de acordo com sua aplicação, é comercializado como:

Rodoviário;

Marítimo;

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autoriza a

utilização do óleo diesel para outras aplicações, denominado off road, e prevê sua futura

regulamentação. Assim dispõe a Resolução ANP nº 42, no art. 16:

"Art. 16. O uso de óleo diesel para fins ferroviários, agropecuários, industrial e

geração de energia elétrica está autorizado até que se estabeleça especificação

para uso não rodoviário (off road)."

Page 135: Manual Combust Ive Is

3

3.1 - ÓLEO DIESEL RODOVIÁRIO

Figura 2: veículo abastecido com óleo diesel

O óleo diesel rodoviário é classificado como do

tipo A (sem adição de biodiesel) ou do tipo B

(com adição de biodiesel). A Resolução da ANP

nº 42, no art. 3º, apresenta a seguinte

nomenclatura para o óleo diesel rodoviário:

"Art. 3º Fica estabelecido, para feitos desta Resolução, que os óleos diesel A e B deverão apresentar as seguintes nomenclaturas, conforme o teor máximo de enxofre: a) Óleo diesel A S50 e B S50: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 50 mg/kg. b) Óleo diesel A S500 e B S500: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 500 mg/kg. c) Óleo diesel A S1800 e B S1800: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 1800 mg/kg."

TIPOS DE ÓLEO DIESEL AUTOMOTIVO

Figura 3 – Diesel S-50

Em função de diferentes exigências regionais

relativas ao meio ambiente e para atender aos

requisitos dos diversos motores, existem

atualmente no Brasil, os seguintes tipos de óleo

diesel:

Comum: atende às especificações da ANP, que abrange três tipos de produtos,

diferenciados pelo teor de enxofre, densidade, faixa final de destilação e número

de cetano, características que influem nas emissões atmosféricas. Esses produtos

são, pelas especificações vigentes em 2012. O S50, o S500 e o S1800, cujos

teores máximos de enxofre são, respectivamente, de 50 mg/kg, 500 mg/kg e

1800 kg/kg. A utilização de cada um deles depende da localidade de consumo

(interior e metropolitano) e da tecnologia do motor.

Aditivado: qualquer dos produtos anteriores com a adição de um pacote de

aditivos;

Óleo diesel Podiumr: produto exclusivo da Petrobras Distribuidora com elevado

número de cetano e formulação específica de aditivos;

Óleo diesel padrão: utilizado por montadoras, fabricantes de motores e pelos

órgãos responsáveis por sua instalação, em ensaios de avaliação de consumo e

de emissões de poluentes para motores Diesel.

Nas distribuidoras, o óleo diesel pode receber aditivos tais como:

a) biocidas: usado a fim de reduzir o crescimento de microrganismos;

b) antiespumante: usado com o fim de reduzir a formação de espuma quando do

reabastecimento do veículo, proporciona maior rapidez no enchimento do

tanque;

Page 136: Manual Combust Ive Is

4

c) melhorador do número de cetano: Substâncias do tipo alquilnitratos são usadas

com o fim de melhorar o número de cetano, o que facilita a autoignição.

d) Melhorador de lubricidade: forma uma película protetora que reduz o contato

entre as superfícies metálicas do motor a diesel;

e) Melhorador de escoamento a frio: interagem com os cristais de parafinas

formados no óleo diesel, em baixas temperaturas, reduzindo os efeitos de

obstrução e de restrição do fluxo.

3.2 - ÓLEO DIESEL MARÍTIMO

Também ocorrem subdivisões no caso do óleo diesel marítimo de forma a se dispor da

qualidade requerida pelo usuário. São encontrados os seguintes tipos, comercializados

no país ou destinados à exportação. Todos os tipos de diesel utilizados em embarcações

devem conservar como especificação um alto ponto de fulgor (no mínimo 60°C), a fim

de prevenir explosões nos porões das embarcações.

Ponto de fulgor: a temperatura mais baixa (inicial) na qual um derivado de petróleo

gerará vapor suficiente de forma que a mistura ar-vapor acima da superficie do liquido

propagará uma chama a partir de fonte de ignição.

Óleo Diesel Marítimo comercial - Destinado a motores diesel é utilizado em

embarcações marítimas. Difere do óleo diesel automotivo comercial

principalmente pela necessidade de se especificar a característica de ponto de

fulgor relacionada a maior segurança deste produto em embarcações marítimas.

6.2.2 – Óleo Diesel Especial para a Marinha / Ártico: São produzidos para

atender necessidades militares, e apresentam maior rigidez quanto às

características de ignição, de volatilidade, de escoamento a baixas temperaturas

e de teor de enxofre. Sendo, portanto, vantajoso em condições adversas na

utilização em embarcações militares, ou outras, nas baixas temperaturas da

Antartida.

No Brasil, em torno de 73% do óleo diesel produzido é destinado ao transporte

rodoviário. O setor agropecuário consome cerca de 17% da produção. Algo em torno de

3% é alocado para a produção de eletricidade. Os setores da indústria e de transporte

ferroviário absorvem cada um, 2% da produção.

A demanda brasileira de óleo diesel é cerca de 35% do petróleo processado, podendo

alcançar 45% nos meses de pico de consumo, que correspondem à colheita da safra

agrícola.

Segundo dados do SINDICOM (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de

Combustíveis e de Lubrificantes), e da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis), o volume de vendas de óleo diesel no Brasil, entre 2008 e

2012, nos postos revendedores (em bilhões de litros), é o da tabela abaixo:

2008 2009 2010 2011 2012

25,2 25,2 27,7 29,4 31,7

Page 137: Manual Combust Ive Is

5

4 - MUDANÇA DE PADRÃO DO ÓLEO DIESEL UTILIZADO NO

BRASIL

Em outubro de 2009 foi publicada a Resolução 6, de 16 de setembro de 2009, do

Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabelecendo o mínimo de 5% de

adição de biodiesel ao óleo diesel mineral comercializado ao consumidor final . O B5,

que estava previsto em lei para começar a vigorar em 2013, passou a ser obrigatório em

todo o território brasileiro a partir de 1º de janeiro de 2010 (esse assunto será tratado

com maiores detalhes neste Manual na parte relativa ao Biodiesel – 2ª parte).

Através do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores

(PROCONVE), criado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), foi

estabelecido níveis de emissões veiculares mais baixos a serem atingidos na

homologação de veículos automotores, movidos a diesel. Esses veículos requerem uma

tecnologia mais sofisticada nos motores e necessitam do uso do Arla 32 no sistema

catalítico relacionado a emissão de gases de escapamento. Essas inovações, para o

correto funcionamento, implicam que os veículos sejam abastecidos com óleo diesel

com baixo teor de enxofre (Diesel S-10).

O Diesel S-10 passou a estar disponível no mercado, a partir de 1º/01/2013, para uso em

veículos leves e pesados, fabricados a partir de 2012, com as novas tecnologias, a

exemplo do uso do Arla 32 no sistema de gases de escapamento. Os veículos com data

de fabricação anterior a 2012 poderão também ser abastecidos com o Diesel S-10.

O Diesel S-10 é o óleo com o teor de enxofre máximo de 10 mg/kg (ou partes por

milhão, ppm). Tem o número de cetano de 48, contra 42 do diesel S-500/1800 e 46 do

Diesel S-50. O número de cetano mede a qualidade de ignição do combustível – quanto

maior o número de cetanos maior a qualidade do diesel para fins de combustão.

O Arla 32 é abreviação de “Agente Redutor Líquido de Óxidos de Nitrogênio (Nox)

Automotivo”. O nº 32 refere-se ao nível de concretação da solução (32,5%), em água

desmineralizada (solução aquosa de uréia). Atua nos sistemas de exaustão com agente

redudor das emissões de óxidos de nitrogênio (Nox). É uma solução não inflamável, não

tóxica e não explosiva. Não é nocivo ao meio ambiente e está classificado na categoria

de fluidos transportáveis de baixo risco.

A Petrobras Distribuidora comercializa esse produto na sua rede de postos com a marca

“Flua Petrobras”. O Arla 32 reage com os óxidos de nitrogênio (Nox), transformando-os

em vapor d’água e nitrogênio (gás). É um agente redutor de até 98% de emissões de

Nox (óxidos de nitrogênio).

A partir de 1º janeiro de 2014, o óleo diesel de teor de enxofre 1800mg/kg (S1800) será

integralmente substituído pelo de 500mg/kg (S500);

A partir de 1º janeiro de 2016, o óleo diesel de teor de enxofre 500mg/kg (S500) será

integralmente substituído pelo de 50mg/kg (S50).

Page 138: Manual Combust Ive Is

6

5 - PRODUÇÃO

5.1 - A produção de óleo diesel, no Brasil e no mundo, é baseada principalmente no

processo de destilação, a partir de cortes de gasóleos atmosféricos, leve e pesado,

seguido de hidrodessulfurização (processo que reduz os teores de enxofre no diesel).

Figura 4: No esquema representado acima, o óleo diesel é uma fração retirada da destilação do petróleo

cru, situado na faixa entre 150 ºC a 360 ºC. É o processo básico de uma refinaria de petróleo para a

produção de combustíveis e demais derivados

A partir do refino do petróleo obtém-se, pelo processo inicial de destilação atmosférica,

entre outras, as frações denominadas de óleo diesel leve e óleo diesel pesado, básicas

para a produção de óleo diesel. A elas podem ser agregadas outras frações como a nafta,

o querosene e o gasóleo leve de vácuo, resultando no produto conhecido como óleo

diesel. A incorporação dessas frações e de outras obtidas por outros processos de refino,

a exemplo das citadas no subitem 5.2 (abaixo), dependerá da demanda global de

derivados de petróleo no mercado consumidor.

5.2 - A produção de óleo diesel é complementada por frações (cargas) de outros

processos, como:

a) Coqueamento Retardado: a partir, por exemplo, da carga (ou resíduo)

originária da destilação a vácuo (destilação a baixa pressão), as moléculas de

cadeia aberta de carbono, submetidas a condições severas de operação, são

craqueadas e as moléculas aromáticas polinucleadas, resinas e asfaltenos são

coqueadas, produzindo-se gases, nafta, diesel, gasóleo e, principalmente,

coque de petróleo (material componente dos eletrodos na indústria de produção

de alumínio e na metalurgia em geral). A crise do petróleo tornou o

coqueamento um processo importante, pois, nele, frações depreciadas (resíduos

Page 139: Manual Combust Ive Is

7

do processo de destilação), são transformadas em outras de maior valor

comercial, como GLP, nafta, diesel e gasóleo.

b) Craqueamento Catalítico (FCC – FLUID CATALYTIC CRACKING):

processo químico de transformação de frações de petróleo pesadas em outras

mais leves, através da quebra (cracking, em inglês) das moléculas dos

constituintes com a utilização de catalisadores. Os constituintes das frações mais

pesadas, quando submetidas a condições bastantes severas de pressão e

temperatura, na presença do catalisador, é decomposto em várias frações mais

leves, produzindo gás combustível, GLP, gasolina (nafta), gasóleo leve (óleo

leve ou diesel de craqueamento) e gasóleo pesado de craqueamento (óleo

decantado ou óleo combustível).

Outros processos podem ser utilizados para a produção de óleo diesel, a exemplo do

hidrocraqueamento brando, que permite a produção de grandes volumes de óleo

diesel sem gerar grandes quantidades de gasolina, a partir de uma carga de gasóleo

convencional.

Page 140: Manual Combust Ive Is

8

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO ÓLEO DIESEL NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

Introdução: O regime de tributação do óleo diesel, no ICMS, apresenta alguns

aspectos que são comuns a todos os combustíveis derivados de petróleo (ex. tributação

de toda a cadeia de circulação concentrada no estabelecimento refinador; não

incidências nas saídas interestaduais etc.). Todavia, há regras aplicáveis ao diesel, no

sistema de normas do ICMS, que são bem específicas em razão deste produto

representar um dos insumos mais importantes do segmento de transporte rodoviário de

cargas e passageiros (ex. Reduções de base de cálculo, isenções para a atividade

pesqueira etc).

A seguir passaremos a detalhar as principais regras incidentes nas operações com óleo

diesel e as respectivas fontes normativas.

1. Da incidência

1.1 – Nas saídas de óleo diesel nas operações internas promovidas por estabelecimento

industrial refinador de combustíveis.

Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei do ICMS: art. 1º, inc. I (Lei nº 7.014/96).

1.2 - Na entrada, no território do Estado, de óleo diesel originário de outra unidade da

Federação, quando não destinado a comercialização ou industrialização.

Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96).

1.3 – Nas operações de importação de óleo diesel e nas hipóteses de arrematação ou aquisição

em licitação pública em caso de apreensão e abandono do produto.

Page 141: Manual Combust Ive Is

9

Base legal: art. 1º, § 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. V (Lei nº 7.014/96).

2 – Do momento da ocorrência do fato gerador

2.1 - Por ocasião da saída do óleo diesel do estabelecimento industrial refinador de

combustíveis.

Base Legal: art. 2º, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. I (Lei nº 7.014/96).

2.2 - Por ocasião da entrada do óleo diesel originário de outro Estado, não destinado a

comercialização ou industrialização (tributação no destino).

Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96).

2.3 Por ocasião do desembaraço aduaneiro na hipótese de importação de óleo diesel do

exterior.

Base Legal: art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. XI (Lei nº 7.014/96).

2.4 Por ocasião da arrematação ou aquisição em licitação pública de óleo diesel apreendido

ou abandonado

Base Legal: art. 2º, inc. XII, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. X (Lei nº 7.014/96).

3 – Da não incidência

3.1 - Não incide ICMS nas saídas por exportação, direta ou indireta, de óleo diesel.

Base legal: art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).

Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o

exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: art. 155,

§ 2º, inc. X, letra “a”1.

1 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II

atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;

Page 142: Manual Combust Ive Is

10

3.2 - Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de óleo diesel destinada a abastecer

embarcações e aeronaves de bandeira estrangeira, aportadas no país.

Base legal: Conv. ICM 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv. ICMS 124/93.

3.3 – Não incide ICMS nas operações de saídas interestaduais de óleo diesel (combustível

líquido derivado de petróleo).

Base legal: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96).

Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais com

combustíveis líquidos e gasosos, derivados de petróleo têm por fonte originária também as

disposições da Constituição Federal: art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”.2

Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de óleo

diesel é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada para unidade federada de destino onde se

verificará a comercialização e consumo subseqüente do produto. Objetiva a norma em questão

excluir a incidência do ICMS das operações na unidade federada de origem da gasolina. O

legislador prestigiou a arrecadação do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do(s)

Estado(s) produtor(es), dado ser grande o número de unidades federadas consumidoras e poucas

as unidades onde se localiza a produção.

4 – Da substituição tributária (sujeito passivo na ST)

4.1 Operações internas

A responsabilidade pelo recolhimento do imposto por substituição tributária do óleo diesel, nas

operações internas, desde a produção até o consumo, é do estabelecimento industrial refinador.

O industrial refinador é aquele que opera o processamento e o refino do petróleo com vistas à

obtenção dos componentes que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como,

combustíveis, a exemplo do óleo diesel.

O óleo diesel é produzido através da formulação de diversas correntes de hidrocarbonetos. As

correntes de hidrocarbonetos são líquidos derivados de petróleo e derivados de gás natural,

utilizados em mistura mecânica, para a produção de combustíveis e demais derivados, de

conformidade com as normas estabelecidas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo).

O enquadramento do óleo diesel no regime de ST, nas operações internas, decorre de

disposições, combinadas, da lei estadual do imposto e do RICMS.

2 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II

atenderá ao seguinte: X - não incidirá: b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;

Page 143: Manual Combust Ive Is

11

Base legal (sujeição passiva por ST nas operações internas): art. 512-A, inc. I,letra “a”, do

RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art.

8º, inc. IV, letra “a” (Lei nº 7.014/96).

Base legal (enquadramento do produto no regime da ST nas operações internas): art. 8º, inc. II e

do Anexo I, item 29, da Lei nº 7.014/96. Art. 512-A, inc. I, letra a, item 2 e Anexo 88, item ....,

do RICMS/97. Art. 289 (caput) e Anexo I, item ......., do RICMS/12

4.2 – Operações interestaduais

A adoção do regime de substituição tributária em operações interestaduais depende de acordos

específicos celebrados entre os Estados interessados. Assim dispõe o art. 9º, caput, da Lei

Complementar 87/96 e o art. 10, caput, da Lei do ICMS do Estado da Bahia (Lei nº 7.014/96).

Em relação ao óleo diesel a ST interestadual é regrada pelas disposições do Convênio ICMS

110/07.

O citado Convênio estabelece, em sua cláusula primeira, que os Estados e o DF, quando

destinatários, ficam autorizados a atribuir ao remetente de combustíveis, derivados ou não de

petróleo, a condição de sujeito passivo por substituição. Sendo Convênio ICMS 110/07, de

natureza autorizativa, coube à legislação de cada unidade federada definir o contribuinte que

integrará o pólo passivo da ST.

Para o óleo diesel, o substituto tributário de toda a cadeia de circulação da mercadoria, da

produção até o consumo, no Estado da Bahia, é o industrial refinador.

O óleo diesel originário de outro Estado da Federação com destino à Bahia deverá ter o ICMS

retido ou recolhido pelo estabelecimento refinador ou uma de suas bases localizadas na unidade

federada remetente. Nesta hipótese, não haverá tributação sobre a operação com óleo diesel no

Estado de origem e o recolhimento será efetuado integralmente para o Estado da Bahia.

De forma diversa, nas operações de remessa de óleo diesel originárias na Bahia para outra

unidade da Federação, não haverá incidência neste Estado e o imposto será integralmente

recolhido (repassado), para o Estado de destino, atribuída a responsabilidade da obrigação

tributária ao industrial refinador ou suas bases.

As operações interestaduais de comercialização de óleo diesel são realizadas pelas

distribuidoras de combustíveis, assim definidas pela ANP, que recebem o produto da refinaria

ou se duas bases, na operação anterior de aquisição, com o ICMS já retido por ST. Neste caso as

distribuidoras informam à refinaria ou uma de suas bases, via SCANC (Sistema de Captação e

Auditoria dos Anexos de Combustíveis) para que esta processe o repasse do imposto ao Estado

de destino do produto.

Caso o valor do imposto retido na origem seja inferior ao que deverá ser repassado à unidade

federada de destino, caberá à distribuidora fazer a complementação do ICMS, correspondente à

diferença entre o valor repassado pela refinaria e o devido à UF de destino, através de

recolhimento via GNRE, até o dia 10 do mês subsequente à apuração (Cláusula décima sexta do

Conv. ICMS 110/07).

Page 144: Manual Combust Ive Is

12

Caso o valor do imposto retido na origem seja superior ao que deverá ser repassado à unidade

federada de destino, terá a distribuidora o direito ao ressarcimento do ICMS, correspondente à

diferença entre o valor repassado pela refinaria e o que foi recolhido para o Estado da Bahia.

Base legal (sujeição passiva por ST nas operações interestaduais): art. 512-A, inc. III, letra “a”,

do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS:

art. 10, “caput” e correspondente § 2º (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira do Conv. ICMS

110/07.

Observação importante: Em razão da mistura (óleo diesel + biodiesel = Diesel B5), o ICMS do

biodiesel é apurado e recolhido, de forma englobada com o ICMS-ST da operação com óleo

diesel. O detalhamento desta apuração será melhor explicado no subitem nº 10.2 abaixo, que

trata da base de cálculo da ST do óleo diesel.

5 – Do diferimento

Diferimento, até 15/11/2013, nas sucessivas saídas de óleo diesel destinado à produção de

energia elétrica por usinas termoelétricas. Encerramento do diferimento quando da saída

da energia elétrica gerada, do estabelecimento gerador ou da concessionária ou

permissionária de serviços públicos de distribuição para consumidor final.

Base legal: Art. 343, inc. LIX c/c o § 6º, do RICMS/97. Art. 286, inc. XXXII, c/c § 13, inc.

V e § 17, do RICMS/12.

Observação importante 1: o diferimento para óleo diesel destinado à produção de energia

elétrica nas Termoelétricas alcançava desde a saída promovida pela refinaria, sendo que:

a) a distribuidora deveria ser credenciada pela COPEC;

b) emissão de NF demonstrando que a operação não foi onerada com ICMS;

c) cada distribuidora deveria enviar à refinaria uma relação mensal com as notas fiscais

das operações com ICMS diferido, com indicação das quantidades e destinatários;

d) a refinaria, de posse dos dados acima, deveria fornecer à distribuidora a mesma

quantidade de óleo diesel, indicando no corpo da NF: “mercadoria destinada a

termoelétrica nos termos( dispositivo do RICMS).

Observação importante 2: este diferimento, em relação ao óleo diesel, foi revogado pela

alteração nº 19, ao RICMS/12 (dec. nº 21.288/13, com efeitos a partir 15/11/13).

6 – Da isenção

6.1 – Operações de saídas de distribuidoras de combustíveis, como tal definida pela ANP,

desde que previamente credenciadas pela SEFAZ-Ba, no fornecimento de óleo diesel a ser

consumido por embarcações pesqueiras nacionais que estejam registradas no órgão

controlador ou responsável pelo setor.

Base legal: Convênio ICMS 58/96 e Protocolo 08/96. Decreto Estadual nº 11.070/2008 (a

partir de 28/05/2008). RICMS/97: art. 21, inc. IV – até 27/05/2008.

Page 145: Manual Combust Ive Is

13

6.2 – Operações de saídas de óleo diesel (combustível) para abastecimento de embarcações

nacionais com destino ao exterior.

Base legal: Convênio ICMS 84/90 (prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv. ICMS

151/94). Art. 21, inc. I, do RICMS/97. Art. 265, inc. XX, do RICMS/12.

7 – Da importação As operações de importação de óleo diesel são tributadas pelo ICMS devendo o imposto ser

recolhido por ocasião do desembaraço aduaneiro da mercadoria.

Obs.: a PETROBRAS possui regime especial para recolher o ICMS-importação de

combustíveis por ocasião do desembaraço aduaneiro

Base legal: art. 1º § 2º, inc. V e art. 2º, inc. XI, do RICMS/97. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 2º, inc. V e art. 4º, inc. IX (Lei nº

7.014/96).

8 – Da exportação

Não incide ICMS na operação que destine óleo diesel para o exterior.

Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).

9 – Da redução de base de cálculo 9.1 – Redação com efeitos a partir de 1º/01/13 - É reduzida a base de cálculo do ICMS nas

operações internas com óleo diesel de forma que a carga tributária incidente corresponda a 17%.

(efeitos a partir de 1º/01/13 – Dec. Estadual nº 14.242, DOE, de 15 e 16/12/2012 – alteração nº

7 do RICMS/12).

Base legal: art. 268, inc. XXIII, do RICMS/12.

Exceção à regra da redução da base de cálculo, com carga tributária de 17%:

I) as operações internas de óleo diesel efetuadas por distribuidoras ou TRR (transportador

revendedor retalhista), destinadas a empresas de serviço de transporte urbano ou metropolitano,

para abastecimento de seus veículos, a base de cálculo poderá ser reduzida de forma que a carga

tributária incidente corresponda a 15%.

II) Condições para a fruição do benefício pelas empresas de transporte urbano e metropolitano:

a) celebração de termo de acordo;

b) fixação de cota para a redução da carga tributária em função da média de consumo

Base legal - § 7º, do art. 268, do RICMS/12.

Page 146: Manual Combust Ive Is

14

9.2 - Redação anterior do RICMS, vigente entre 20/09/2003 e 31/12/2013: É reduzida a base

de cálculo do ICMS nas operações internas com óleo diesel em 40%, de forma que a carga

tributária incidente corresponda a 15%.

Base legal: Art. 87, inc. XIX, do RICMS/97. Art. 268, inc. XXIII, do RICMS/12.

10 – Da base de cálculo

10.1 - OPERAÇOES PRÓPRIAS

10.1.1 – Entrada de óleo diesel de outro Estado (para consumo final):

Nesta situação, a tributação é integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo

incidência de ICMS no Estado de origem do óleo diesel. A operação rege-se pelas regras da ST

e a base de cálculo é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo da

operação, sem adição de MVA. A responsabilidade pelo recolhimento do imposto é deslocada

para o remetente do produto, ainda que localizado em outra unidade da Federação, nos termos

da cláusula primeira e § 1º, inc. IV, do Conv. ICMS 110/07.

Observação importante: se a operação interestadual de óleo diesel para consumo final for

realizada por distribuidor de combustíveis, este deverá informar, via o SCANC, para que o

imposto seja repassado ao Estado de destino do produto, seguido a sistemática prevista no

Capítulo V, do Conv. ICMS 110/07, que trata “dos procedimentos da refinaria de petróleo ou

suas bases”.

Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96). Cláusula primeira e § 1º, inc. IV, do

Conv. ICMS 110/07.

10.1.2 - Base de cálculo da operação própria na importação de óleo diesel do exterior:

O valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS, acrescido de todas as despesas

que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à importação (valor do documento de

importação + impostos federais incidentes + despesas aduaneiras + demais tributos incidentes).

Base legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra

“b”.

Observação importante: por ser o óleo diesel produto enquadrado na ST, a operação de

importação se sujeita também ao pagamento antecipado do ICMS por ocasião do

desembaraço aduaneiro. O assunto será tratado quando da análise da base de cálculo da ST

(item 9.2.3)

Page 147: Manual Combust Ive Is

15

10.1.4 – Base de cálculo - saídas de óleo diesel nas operações internas para fins de

comercialização

Trata-se das operações próprias promovidas pelo industrial refinador. A base de cálculo da

operação própria é o valor da mesma (preço de partida estabelecido pela Refinaria).

Base legal: art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na lei estadual do ICMS: art. 17, inc. I (Lei nº 7.014/96)

10.2 - BASE DE CÁLCULO SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA – aplicável às operações que

destinem o produto para comercialização

10.2.1 – Operações internas

O valor da operação acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros

encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionados, do percentual de MVA de

31,79% (Ato COTEPE nº 21/08)

Base legal: art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96), Anexo I do RICMS/12.

10.2.2 – Operações interestaduais

Nesta hipótese o imposto é devido ao Estado de destino do óleo diesel. A BC é o da operação

acrescido dos valores do frete, seguro, tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou

cobrados do destinatário, adicionados do percentual de MVA de 55,05 % (Ato COTEPE nº

21/08)

Base legal: cláusula oitava, do Conv. ICMS 110/07

10.2.3 – Operações de importação – B.C. da substituição tributária

O montante formado pelo valor da mercadoria constante no documento de importação, que não

poderá ser inferior ao valor que serviu de base de cálculo para o Imposto de Importação,

acrescido dos valores correspondentes a tributos, inclusive o ICMS devido pela importação,

contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo importador, adicionados do

percentual de MVA de 31,79% (Ato COTEPE nº 21/08). Para efeitos de tributação pelo ICMS,

a importação é também uma operação interna.

Base legal: art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS: art. 23, inc. II (Lei nº 7.014/96) e Anexo I do RICMS/12.

Observação importante: considera-se operação interna o abastecimento de

combustíveis em veículos de fora do Estado em trânsito pelo território baiano.

Exemplo - veículo com placa de outra unidade federada, em trânsito pelo território

baiano, que abasteça com diesel em posto varejista localizado neste estado, não

enseja direito de repasse do imposto via SCANC para a unidade de origem do

veículo.

Page 148: Manual Combust Ive Is

16

Observação importante: Na importação deverá ser observado o princípio do destino físico, ou

seja, o ICMS para o Estado onde se dará a efetiva entrada do produto, ainda que o desembaraço

aduaneiro se dê em território de outra unidade federada.

10.2.4 - TABELA COM A EVOLUÇÃO DAS MARGENS E VALOR AGREGADO DE

OLEO DIESEL, ESTABELECIDAS NO ATO COTEPE 21/2008 (MVA’s com a inclusão

da CIDE e das contribuições do PIS/COFINS)

OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS QUE DESTINEM O PRODUTO

PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA

PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS

01/08/08 a 31 a 31/01/09 27,84% 50,40%

01/02/09 a 15/02/13* 31,79% 55,05%

16/02/13 até hoje** 31,79% 58,79%

Fontes Normativas: *Ato Cotepe MVA modificador: 01/2009

**Ato Cotepe MVA modificador: 01/2013

OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO QUE DESTINEM O PRODUTO PARA O

TERRITÓRIO DA BAHIA

PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS

01/08/08 a 31 a 31/01/09 86,16% 135,65%

01/02/09 a 15/02/13* 31,79% 55,05%

16/02/13 até hoje** 31,79% 58,79%

* Ato Cotepe MVA modificador: 01/2009

**Ato Cotepe MVA modificador: 01/2013

11 – DA SOLIDARIEDADE NAS OPERAÇÕES SUBMETIDAS AO REGIME

SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA COM ÓLEO DIESEL

É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto e demais acréscimos devidos pelo

contribuinte de direito:

11.1 – o contribuinte destinatário de mercadorias enquadradas no regime de substituição

tributária por antecipação, em virtude de convênio ou protocolo, oriundas de outra unidade da

Federação, quando o remetente não possua inscrição estadual ativa como substituto tributário:

(regra com efeitos a partir de 31/03/2010 – Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela Lei nº

11.899/10).

11.2 – o contribuinte substituído localizado em outra unidade da Federação que remeter

combustíveis derivados de petróleo para este Estado, em relação ao recolhimento do imposto

devido por substituição tributária, se a operação não tiver sido informada ao responsável pelo

repasse (estabelecimento refinador ou suas bases), conforme determinado em acordo

interestadual: (regra com efeitos a partir de 29/12/10, em relação aos combustíveis

derivados de petróleo, a exemplo do óleo diesel – Lei nº 7.014/96 com a redação dada pela

Lei nº 12.040/10).

Page 149: Manual Combust Ive Is

17

Base legal: Matéria sem correspondência no RICMS/97 e no RICMS/12. Matéria tratada na lei

estadual do ICMS: art. 6º, incisos XV e XVII (Lei nº 7.014/96).

12 – Das alíquotas 12.1 alíquota de 25% (vinte e cinco por cento) nas operações internas, inclusive importação,

relativas a óleo diesel.

Observação 1: as operações interestaduais não são tributadas, em face da imunidade prevista no

art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”, da CF/88 – não há, portanto, aplicação de alíquotas nas remessas

interestaduais de óleo diesel. O ICMS, nas operações interestaduais, deverá ser repessado

integralmente para o UF de destino, via SCANC).

Observação 2: considera-se operação interna o abastecimento de combustíveis em veículos de

fora do Estado em trânsito pelo território baiano.

Observação 3: O óleo diesel foi excluído da incidência da alíquota de 2%, destinada ao fundo

de combate e erradicação à pobreza, por força no disposto no art. 15, da Lei Estadual nº

8.534/03.

Observação 4: as operações com óleo diesel têm o benefício da redução da base de cálculo do

ICMS – ver item 9 acima e respectivas observações.

Page 150: Manual Combust Ive Is

18

PARTE II

BIODIESEL – NCM/SH 3826

1 - INTRODUÇÃO

O aumento do consumo dos derivados de

petróleo, a provável redução de suas reservas,

a fragilidade das relações internacionais

envolvendo os principais países produtores e

as preocupações ambientais e climáticas

relacionadas com a emissão de gases de efeito

estufa, a exemplo do CO2, têm direcionado os

países a desenvolver programas alternativos

de produção de energia, a partir de

biocombustíveis, direcionados ao segmento

de transporte.

No Brasil, ao longo das quatro últimas décadas, foram adotados dois programas que

assumiram importância fundamental nesse cenário de desenvolvimento de fontes

alternativas de energia: a) o Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL - 1975) e,

mais recentemente, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB -

2005).

Através do PNPB, o Governo Federal organizou a cadeia produtiva do biodiesel, definiu

as linhas de financimanrto, estruturou a base tecnológica, definiu os marcos regulatórios

e estabeleceu as diretrizes do programa.

O PNPB foi concebido, tendo por principal diretriz, a promoção da inclusão social e a

redução das disparidades regionais, garantindo espaço para a agricultura familiar.

Assim, as empresas de produção de biodiesel e que apoiam a agricultura familiar, obtêm

uma certificação, o “Selo Combustível Social” . O Selo é concedido aos produtores que

comprarem matéria-prima da agricultura familar em percentual mínimo de 15%, para

aquisições provenintes das regiões norte e centro-oeste; 30% para as aquisições

originárias das regiões sul, sudeste e nordeste. Essas empresas têm as alíquotas do

PIS/PASEP e COFINS reduzidas e acessos a melhores condições de financiamento

junto ao BNDES e instituições financeiras credenciadas (Banco da Amazônia, Banco do

Nordeste do Brasil e Banco do Brasil). Outra exigência é que sejam feitos contratos

entre as indústrais e os agricultores familiaes, estipulando prazoz, valores de compra,

critérios de reajuste de preços e condições de entrega de matéria-prima.

O Selo Social tenta evitar que o mercado de biodiesel seja dominado apenas por um

produto (por exemplo, a soja) e, consequentemente, pelas regiões que tradicionalmente

são grandes produtoras.

A ANP realiza, desde 2005, os leilões de biodiesel, onde refinarias compram o biodiesel

para misturá-lo ao óleo diesel derivado de petróleo. No sistema de leilões e releilões, o

produtor de biodiesel vende para a PETROBRAS (leilão), que vende para as

distribuidoras (releilão), que depois diluem o biodiesel em B5 e levam até os postos de

combustíveis.

Page 151: Manual Combust Ive Is

19

Na formação do preço do biodiesel, o óleo ou a gordura utilizados na sua formulação

respondem por 80 a 85% do preço final do combustível. Os outros 20% correspondem

ao custo do processo, incluindo aí outros insumos (produtos químicos, energia, água,

vapor) e salários e encargos de funcionários.

2 - O BIODIESEL

O biodiesel é um combustível renovável e biodegradável, obtido comumente a partir da

reação química de lipídios, óleos ou gorduras, de origem animal (e.g., sebo) ou vegetal,

com um álcool (metanol ou etanol), na presença de um catalisador (reação conhecida

como transesterificação). O catalisador é um produto usado para provocar uma reação

química entre o óleo e o álcool (etanol ou metanol). Depois o álcool é separado da

glicerina (glicerol), para ser usada na fabricação de sabonetes e diversos outros

cosméticos.

O biodiesel pode ser obtido também pelos processos de craqueamento e esterificação.

Como regra geral, 1000 kg de óleo vegetal reagem com 100kg de álcool gerando 1000

kg de biodiesel e 100 kg de glicerina.

Figura 1: Esquema representando a produção de óleo diesel a partir de grãos – fontes de origem vegetal.

Figura 2: Esquema representando a reação química que resulta na produção de biodiesel.

Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se pode produzir o biodiesel, tais

como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras.

Segundo a ANP (informações referentes ao mês de setembro 2010), a principal matéria-

prima utilizada para a produção de biodiesel no Brasil é o óleo de soja, que contribui

com 81,36% da produção; em segundo lugar está a gordura bovina com 13,36%, em

terceiro o óleo de algodão com 4,11% e o restante é composto por outros materiais

Page 152: Manual Combust Ive Is

20

graxos (0,56%): óleo de fritura usado (0,19%), gordura de porco (0,18%), óleo de palma

(0,10%), gordura de frango (0,09%) e óleo de girassol (0,05%).

Gráfico 1: Principais matérias utilizadas na produção de biodiesel no Brasil.

O óleo de soja surgiu como um subproduto do processamento do farelo de soja e,

atualmente, tornou-se um dos líderes mundiais no mercado de óleos vegetais. Pela

importância que o agronegócio da soja representa para o mercado brasileiro, é

relativamente fácil identificar que essa oleaginosa detém o maior potencial para servir

como paradigma no desenvolvimento de um programa nacional de biodiesel.

Devido a sua vasta extensão territorial, o Brasil apresenta uma grande diversidade de

matérias-primas de origem vegetal para a produção de biodiesel.

Como podemos observar na Tabela 1, cada região do país possui diversas opções de

matérias-primas para produção de biodiesel.

Tabela 1: Plantas oleoginosas disponíveis para a produção de biodiesel no Brasil

O nome biodiesel muitas vezes é confundido com a mistura petrodiesel+biodiesel,

disponível nos postos de combustível. A designação correta para a mistura vendida

nestes postos deve ser precedida pela letra B (do inglês Blend). Neste caso, a mistura de

2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2; a mistura de 5% é denominada

de B5, e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.

Page 153: Manual Combust Ive Is

21

O biodiesel vem sendo pesquisado e já é conhecido desde o início do século passado,

particularmente na Europa. Segundo registros históricos, o Dr. Rudolf Diesel

(engenheiro alemão), desenvolveu o motor diesel, em 1895, tendo levado sua invenção

à mostra mundial em Paris, em 1900, usando óleo de amendoim como combustível.

Apesar de o motor chamado ciclodiesel ter funcionado incialmente com óleo vegetal, os

baixos preços do petróleo acabaram adiando o seu uso. A intensificaçao das pesquisas e

o interesse crescente por combustíveis substitutos do óleo diesel mineral têm sido

crescentes depois dos choques do petróleo. Atualmente a União Européia, em especial a

Alemanha, os Estados Unidos e o Brasil são os maiores mercados mundiais de

biodiesel. A Argentina, grande produtor de oleaginosas, é um importante produtor de

biodiesel.

O Brasil já foi detentor de uma patente para a fabricação de biodoesel, registrada a

partir de estudos, pesquisas e testes desenvolvidos na Universidade Federal do Ceará,

nos anos de 1970. Esta patente acabou expirando, sem que o país adotasse o biodiesel.

Hoje o Brasil conta com uma indústria de biodiesel consolidada, com mais de 50 usinas

aptas a produzir e comercializar biodiesel, com uma capacidade instalada superior a 6

milhões de metros cúbicos.

Esse combustível renovável permite a economia de divisas com a importação de

petróleo e óleo diesel e também reduz a poluição ambiental, além de gerar alternativas

de empregos em áreas geográficas menos atraentes. Desde o início do Programa

Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o Brasil produziu 8,2 milhões de m³

de biodiesel. O Programa, durante os 7 primeiros anos (2005 a 2012), reduziu as

importações de diesel mineral em um montante de US$ 5,3 bilhões, contribuindo

positivamente para a balança comercial brasileira.

3 – MISTURAS DIESEL/BIODIESEL Misturas (composições) de biodiesel e combustível diesel convencional à base de

hidrocarbonetos são os produtos mais comummente distribuídos para uso no mercado

de varejo de combustível diesel. Grande parte do mundo usa um sistema conhecido

como o "fator" B " para indicar a quantidade de biodiesel em qualquer mistura de

combustível:

Biodiesel a 100% é referido como B100, enquanto Biodiesel a 20% é rotulado B20 Biodiesel a 5% é rotulado B5 Biodiesel a 2% é rotulado B2

No Brasil atualmente o biodiesel é vendido nos postos misturado ao biodiesel na proporção de 5% /95%, em volume. A mistura é denominada de óleo diesel B5. O biodiesel funciona, neste caso, como um aditivo. (vide a evolução no tempo das proporções de mistura diesel/biodiesel no item 5 deste manual de biodiesel, abaixo.)

Page 154: Manual Combust Ive Is

22

4 – PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS O diesel mineral e o biodiesel têm características muito parecidas no que diz respeito a

aspectos físico-químicos, como densidade e poder calorífico, conforme se pode ver na

tabela abaixo .

Tabela 2 - Fontes: Petrobras e TecPar

Pelo fato do tamanho das cadeias de carbono serem semelhantes os dois produtos

apresentam características também semelhantes quanto ao poder calorífico e quanto ao

número de cetano.

O poder calorífico nos dá a idéia da energia contida no combustível que é liberada no

processo de combustão do motor. O poder calorífico do biodiesel é de cerca de 37,27

MJ/L (megajoules/litro). Esta é 9% inferior ao óleo diesel derivado de petróleo.

Já o número de cetano é uma característica especialmente importante para motores ciclo

diesel, onde a combustão é acionada por compressão (ao contrário do motor ciclo Otto –

que utiliza gasolina - onde existe uma centelha para ignição). Sendo assim, quanto

maior o índice de cetano do combustível maior sua resistência à detonação, o que

explica o porquê da melhora da qualidade do diesel convencional quando se adiciona

uma proporção de biodiesel. Como o biodiesel possui um número de cetano superior, a

mistura eleva o número de cetano do diesel mineral.

O biodiesel tem propriedades lubrificantes melhores que o diesel mineral,

proporcionando menor desgaste do sistema de combustíveis, aumento da vida útil do

equipamento e melhoria da combustão quando misturado ao óleo mineral.

As diferenças entre os dois combustíveis só se acentuam de forma relevante quando

incluímos na comparação elementos poluentes. Conforme detalhado na Tabela 2, a

emissão de CO2 (principal gás associado ao efeito estufa) é sempre positiva na

utilização do diesel mineral enquanto o biodiesel mantém um balanço equilibrado dada

sua característica de renovabilidade. Quando analisamos o teor de enxofre, que é um

Page 155: Manual Combust Ive Is

23

elemento altamente poluente e corrosivo, o biodiesel também apresenta grande

vantagem em relação ao diesel mineral - tem praticamente nenhum conteúdo de

enxofre, e é frequentemente utilizado como aditivo para óleo diesel com ultrabaixo teor

de enxofre (Ultra-Low Sulfur Diesel, ULSD) de combustível, porque confere a este,

melhores características de lubricidade.

As diversas propriedades acima mencionadas são dependentes da matéria-prima

utilizada no processo de produção do biodiesel. Por exemplo: o biodiesel produzido a

partir do óleo de mamona é mais viscoso do que aquele produzido a partir de óleo de

soja.

Quanto à apararência o biodiesel é um líquido que varia de cor - entre dourado e

castanho escuro - dependendo da matéria-prima utilizada na sua produção. O odor é

parecido com o do óleo vegetal de origem. É imiscível com água, tem um alto ponto de

ebulição e baixa pressão de vapor. O ponto de inflamação de biodiesel (> 130°C,>

266°F) é significativamente mais alto que o do diesel de petróleo (64 C, 147 F) ou

gasolina (-45°C, -52°F). O biodiesel tem uma densidade de ~0,88 g/cm³, menor do que

a da água.

5 - ASPECTOS ECONÔMICO-LEGAIS DO BIODIESEL

NO BRASIL

A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, dispôs sobre a introdução do biodiesel na

matriz energética brasileira. Esta norma fixou em 5%, em volume, o percentual mínimo

obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final,

em qualquer parte do território nacional. O prazo estabelecido na norma legal, para a

obrigatoridade da mistura em 5%, foi de 8 (oito) anos após a sua publicação, sendo

fixado em 3 anos, o prazo para introdução do percentual mínimo obrigatório

intermediário de 2% de adição de biodiesel ao diesel mineral. Os prazos para o

atendimento do percentual mínimo obrigatório poderiam ser reduzidos em Resolução do

Conselho Nacional de Política Energética – CNPE, órgão integrante da estrutura do

Ministério das Minas e Energia, observados os critérios definidos na Lei.

De acordo com a Lei 11.097/05, o biodiesel necessário ao atendimento dos percentuais

de adição ao óleo diesel mineral, teriam que ser processados, preferencialmente, a partir

de matérias-primas produzidas por agricultor familiar (individualmente ou por

cooperativas).

O Decreto Federal nº 5.448, de 20 de maio 2005, autorizou a adição de 2%, em

volume, de biodiesel ao diesel de origem fóssil a ser comercializado com consumidor

final, em qualquer parte do território nacional, com vigência da norma até que o

percentual de 2% se tornasse obrigatório. O referido Decreto estabeleceu também que a

adição de biodiesel ao diesel fóssil poderia ser superior a 2%, mediante prévia

autorização da ANP, quando o combustível resultante da mistura fosse destinado a:

a) Frotas veiculares cativas ou especiais;

b) Transporte aquaviário ou ferroviário;

c) Geração de energia elétrica;

d) Processo industrial específico.

Page 156: Manual Combust Ive Is

24

A Resolução CNPE nº 3, de 23 de setembro de 2005, reduziu o prazo para o

atendimento do percentual mínimo intermediário de 2%, em volume, com início em

1º/01/2006. A citada Resolução estabeleceu também que as aquisições de biodiesel,

junto a produtores detentores do selo “Combustível Social”, seriam feitas por

intermédio de leilões públicos, realizados pela ANP.

A Resolução CNPE nº 3/2005 teve a sua vigência extendida até 13 de janeiro de 2008.

A partir de 14 de janeiro de 2008 passou a ser obrigatória a mistura de 2% de biodiesel

no diesel fóssil, em volume, por força do estabelecido na Lei nº 11.097/05.

Em outubro de 2009, foi editada a Resolução CNPE nº 6, de 16/09/09, estabelecendo o

mínimo de 5%, em volume, de adição de biodiesel ao óleo diesel mineral,

comercializado a consumidor final, em todo o território nacional. O B5 que estava

previsto na Lei nº 11.097/05 para começar a ser obrigatório a partir de 2013, passou a

sê-lo, em todo território nacional, a partir de 1º de janeiro de 2010.

A tabela 3, abaixo, apresenta um resumo da evolução da evolução da mistura

diesel/biodiesel no Brasil desde a implementação do PNPB (Programa Nacional de

Produção e Uso do Biodiesel)

Tabela 3: RESUMO DA EVOLUÇÃO DA MISTURA DIESEL/BIODIESEL NO BRASIL

% MISTURA VIGÊNCIA OBRIGATORIEDADE ATOS NORMATIVOS

2% (B2) 1º/01/06 a 13/01/08 NÃO Lei Federal nº 11.097/05

Dec. Federal nº 5.448/05

Resolução CNPE* nº 03/05

2% (B2) 14/01/08 a 30/06/08 SIM Lei Federal nº 11.097/05

3% (B3) 1º/07/08 a 30/06/09 SIM Resolução CNPE* nº 02/08

4% (B4) 1º/07/09 a 31/12/09 SIM Resolução CNPE* nº 02/09

5% (B5) 1º/01/2010 até hoje SIM Resolução CNPE* nº 06/09

*CNPE: Conselho Nacional de Política Energética – órgão do Ministério das Minas e Energia

Há um aspecto importante a ser considerado no programa de produção de biodiesel

desenvolvido no Brasil. O óleo derivado de fontes renováveis é mais caro que o diesel

derivado de petróleo. A obrigatoriedade da mistura é que sustenta o setor. Se o biodiesel

fosse mais competitivo, deixaria de ser apenas mais um complemento do diesel mineral

e passaria a exercer um papel mais importante na matriz energética brasileira.

A Petrobras por sua vez, acaba de certa forma subsidiando a produção de biodiesel

Brasil, por ser esta a empresa onde são concentradas as compras, via leilões, de grande

parte do biodiesel que é repassado para as distribuidoras, visando a posterior formulação

do B5, via mistura diesel/biodiesel.

Page 157: Manual Combust Ive Is

25

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO BIODIESEL NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

1 - INTRODUÇÃO

O biodiesel é um produto complementar do óleo diesel derivado de petróleo, destinado

a compor, atualmente, a mistura B5. Esta mistura proporciona melhora de desempenho

dos motores ciclo Diesel e redução da emissão de gases poluentes. O uso do biodiesel

traz também vantagens econômicas e ecológicas, pois torna o país menos dependente

das importações de petróleo e de diesel mineral, incentiva a produção agrícola interna e

reduz a emissão de gases causadores do efeito estufa. Por essas razões, as etapas

intermediárias de circulação do biodiesel, envolvendo a produção e processamento

desse combustível, são incentivadas, deslocando-se toda a tributação do ICMS para o as

operações em que o produto é comercializado misturado ao óleo diesel mineral.

A seguir passaremos a detalhar as principais regras incidentes nas operações com

biodiesel B100 e as respectivas fontes normativas.

2 – DIFERIMENTO

2.1 – Diferimento nas operações internas – as operações internas com B100 são diferidas

quando o produto é destinado à distribuidora de combustíveis, assim definida pela ANP, para o

momento em que ocorrer a saída da mistura com óleo diesel fóssil (B5).

Base legal: Art. 511, inc. II, letra “a”, do RICMS/97. Art. 286, inc. XIV, do RICMS/12.

2.2 – Diferimento nas operações interestaduais – as operações interestaduais com biodiesel

B100 também são diferidas, nas remessas do produto à distribuidora de combustíveis, assim

definida pela ANP. Nesta hipótese o ICMS será recolhido em favor da unidade federada de

origem do B100, a partir das informações prestadas no SCANC pela distribuidora adquirente do

produto.

Base legal: Convênio ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima Primeira – redação promovida

pelo Conv. ICMS 136, de 05/12/2008, com efeitos a partir de 1º de janeiro de 2009).

2.3 – Pagamento do ICMS diferido:

Page 158: Manual Combust Ive Is

26

2.3.1 - Se a operação diferida com o Biodiesel B-100 for interna o ICMS diferido será

recolhido, de forma englobada, com a operação de saída do Diesel misturado (B2 ou B5)

2.3.2 - Na hipótese de operação interestadual com B100 deverá ser observado o seguinte –

a) o ICMS incidente sobre a operação será devido ao Estado de origem do B100;

b) para o cálculo da parcela do imposto incidente sobre o B100 destinado à unidade

federada remetente desse produto, o programa de computador adotará como base de

cálculo o valor total da operação, nele incluído o respectivo ICMS e sobre este valor

aplicará a alíquota interestadual correspondente (Conv. ICMS 110/07 -Cláusula

vigésima quinta, § 6º).

Base legal: Art. 511, inc. II, letra “a”, item 1. Art. 286, § 7º, incisos I, II, III e IV, do

RICMS/12.

3 – DO ENCERRAMENTO DO DIFERIMENTO – B100 NÃO DESTINADO À

MISTURA COM O ÓLEO DIESEL DE ORIGEM FÓSSIL

Outra hipótese que encerra o benefício do diferimento é a saída isenta ou não tributada do

B100, inclusive para a ZFM (Zona Franca de Manaus) e para áreas de livre comércio. Nesta

situação o remetente do B100 deverá efetuar o pagamento do imposto diferido à unidade

federada de sua localização.

Base legal: Art.511, § 6º, do RICMS/97. Art. 286, § 9º, do RICMS/12.

4 – Obrigações das Distribuidoras de Combustíveis nas remessas interestaduais de óleo

diesel misturado com biodiesel.

A distribuidora de combustíveis, destinatária do B100, deverá:

4.1 – registrar os dados relativos à operação no SCANC (anexos IV, V e VIII – cláusula

vigésima quinta);

4.2 – identificar o sujeito passivo por ST que tenha retido anteriormente o imposto

relativo ao óleo diesel fóssil, com base na proporção da sua participação no somatório

das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês, relativamente ao

diesel adquirido diretamente de sujeito passivo por substituição tributária (operação de

compra direta na Refinaria ou suas bases – 1ª operação);

4.3 – identificar também os demais fornecedores de diesel fóssil, quantificando a

proporção das quantidades do estoque inicial e das entradas ocorridas no mês (operação

de compra em outras distribuidoras – 2ª operação);

4.4 – enviar as informações eletronicamente , nos prazos fixados em Ato COTEPE para:

4.4.1 – a unidade federada de origem;

4.4.2 – a unidade federada de destino;

4.4.3 – o fornecedor do combustível;

4.4.4. – a refinaria de petróleo ou suas bases.

4.5 – Com base nas informações prestadas pelo contribuinte, o programa de computador

aprovado pela Comissão Técnica Permanente do ICMS – COTEPE/ICMS (§ 2º, da

Cláusula Vigésima Terceira), gerará os relatórios nos modelos previstos (os

Page 159: Manual Combust Ive Is

27

denominados “Anexos”) e efetuará o cálculo da parcela do imposto incidente sobre o

B100 destinado à unidade federada remetente desse produto – regra contida na

Cláusula Vigésima Quinta, inc. II. Será efetuado também no Programa de

computador o cálculo do estorno de crédito previsto no § 10, da Cláusula Vigésima

Primeira (inc. III, da Cláusula Vigésima Quinta).

4.6 – O pagamento (repasse) do imposto para a unidade federada de origem do B100

será efetuado pela refinaria de petróleo ou sua base, que tenha efetuado a retenção do

ICMS relativo ao óleo diesel fóssil, até o 10º dia do mês subsequente àquele em que

tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao valor do imposto ao que foi

efetivamente retido e ao relativo à operação própria.

4.7 - No caso de operações interestaduais promovidas por contribuintes que já tenham

recebido o imposto retido da mistura Diesel + B100, em operação anterior (a chamada

2ª operação), o pagamento do ICMS diferido (repasse), será provisionado pela

refinaria ou sua bases, para ser realizado até o 20º dia do mês subsequente àquele em

que tenha ocorrido a operação interestadual, limitado ao valor ao efetivamente

recolhido à unidade federada de destino do óleo diesel B5. A UF de destino tem até o

18º dia do mês seguinte para verificar a ocorrência do efetivo pagamento e manifestar-

se sobre a dedução da parcela do AEAC.

(Conv. ICMS 110/07 - Cláusula Vigésima Primeira, § 4º, § 5º, incisos I e II e § 6º).

5 – Do estorno de crédito

Os contribuintes que efetuarem operações interestaduais com óleo diesel fóssil resultante da

mistura de biodiesel com aquele produto, deverão efetuar estorno o estorno de crédito do

imposto correspondente ao volume de B100 contido na mistura. Esse estorno será efetivado

pelo recolhimento do valor correspondente ao ICMS diferido que será apurado com base no

valor unitário médio e na alíquota média ponderada das entradas de B100 ocorridas no mês. (§§

10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Conv. ICMS 110/07).

Base legal: art. 512-A, § 6º-B, do RICMS/97. O RICMS/12 remete para o regramento existente

no Conv. ICMS 110/07

Vide item 11 abaixo - 11 – ESTORNO DE CRÉDITO NAS OPERAÇÕES COM

BIODIESEL E A ADI 4171

Observação Importante: Haverá tributação normal pelo ICMS quando o biodiesel B100 for

destinado a outros fins. É o que tem ocorrido nas operações de aquisições do produto pela

Petrobras (RLAM – Bahia), nas operações de compra nos leilões promovidos pela ANP. O

biodiesel adquirido pela PETROBRAS tem por destino a revenda subsequente para a

distribuidoras de combustíveis, visando a mistura com o diesel de origem fóssil.

Conforme já foi ressaltado linhas acima, na parte introdutória, o governo federal, através do

programa nacional de produção e uso do biodiesel (PNPB) incentiva e dar preferência ao

biodiesel originário de matérias-primas geradas na agricultura familiar.

A soja é a oleoginosa mais comercializada no programa de incentivo à agricultura familiar

(produtores individuais e cooperativas), representando 96% das transações, seguida por mamona

e dendê.

O mercado de biodiesel no Brasil não é aberto. As vendas são realizadas via leilões promovidos

pela ANP (Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis). As empresas que têm o selo

combustível social têm preferência nesses leilões.

Page 160: Manual Combust Ive Is

28

A PETROBRAS vem participando desses leilões para a aquisição de biodiesel B100. No caso

da Bahia, a refinaria da PETROBRAS vem recebendo o B100 de usinas produtoras para envio,

por conta ordem, às distribuidoras de combustível, visando promover a mistura diesel

fóssil/biodiesel b100, na proporção de 95%/5%.

Na operação de aquisição efetuada pela PETROBRAS/REFINARIA não há o benefício do

diferimento do ICMS, visto que este benefício ocorre somente quando o produto é remetido

diretamente da usina produtora para a distribuidora de combustíveis, assim definida pela ANP.

Assim a PETROBRAS RLAM/BAHIA, apropria créditos de ICMS nestas específicas operações

de aquisição.

Como o Biodiesel B100 é mais caro que o diesel de origem fóssil, a PETROBRAS, por conta

das operações de compra do biodiesel B100, nos leilões, acumula créditos na sua conta corrente

fiscal do ICMS.

6 – DA SOLIDARIEDADE

É solidariamente responsável pelo pagamento do imposto o contribuinte substituto que realizar

operação interestadual com B100 se a operação não tiver sido informada ao responsável pelo

repasse ao estado de origem do biodiesel (capítulos III e IV do Conv. ICMS 110/07).

Base legal: art. 39, inc. XIV, do RICMS/97 (Conv. 110/07 – cláusula trigésima). Sem

correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 6º, inc. XVII (Lei

nº 7.014/96).

7 – DA BASE DE CÁLCULO ICMS – ST – B100

Em regras a tributação do biodiesel B100 se dá quando da saída deste produto misturado ao óleo

diesel derivado de petróleo, de forma englobada. Nas operações com biodiesel B100 a base de

cálculo do imposto devido por substituição tributária será, na falta do preço máximo ou único de

venda consumidor, fixado pela autoridade competente, o preço praticado nas operações com

óleo diesel acrescidos dos valores correspondentes a frete, seguro, tributos, contribuições ou

outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, acrescido em ambos os casos, do

valor resultante dos percentuais de MVA’s indicadas no ATO COTEPE 21/08 para o óleo

diesel, devendo ser observado:

7.1 – operações internas: na determinação da base de cálculo, a redução referente às operações

com óleo diesel (15% - até 31/12/2012 – 17%, a partir de 01/01/2013);

7.2 – no cálculo do valor do imposto, a alíquota prevista para as operações com óleo diesel

(25%).

Base legal: Art. 512-B, inc. IX, letras “a” e “b”. Art. Art. 289, § 7º, incs. I e II, do RICMS/12.

7.3 – O responsável tributário pelo lançamento e recolhimento do ICMS relativo às operações

com biodiesel é o industrial refinador de combustíveis.

Base legal: Art. 512-A, inc. I, letra “a”, item 5. Clausula primeira, inc. X, do Conv. ICMS

110/07 - Art. Art. 289, § 7º, incs. I e II, do RICMS/12.

9 – DA REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

Page 161: Manual Combust Ive Is

29

Na hipótese de operação interna com B100 não submetida ao regime de diferimento (remessas

para distribuidoras de combustíveis para mistura no diesel fóssil), aplica-se a redução da base de

cálculo do ICMS, quanto ao biodiesel originário da industrialização de grãos, sebo bovino,

sementes e palma, de tal forma que a incidência do imposto resulte numa carga tributária de

12% (Conv. ICMS 113/06 – prorrogado até 31/12/2014).

Observação importante 1: a tributação pela carga de 12% só ocorrerá nas hipóteses em que o

biodiesel não for destinado diretamente à distribuidora de combustíveis para fins de mistura ao

óleo diesel fóssil (derivado de petróleo).

Base legal: Art. 87, inc. XXXII, do RICMS/97. Art. 266, inc. VIII, do RICMS/12.

Observação importante2 : a legislação prevê que os créditos fiscais das operações de aquisições

tributadas dos insumos utilizados para a produção do biodiesel B100 serão mantidos

integralmente.

9 – DAS ALÍQUOTAS

9.1 - 12% (doze por cento) nas operações interestaduais com B100 produzido no Brasil;

9.2 - 4% (quatro por cento) nas operações de importação de B100 originárias do exterior,

quando destinadas posteriormente a outro Estado da Federação;

9.3 - 17% (dezessete por cento) nas operações internas, para qualquer destinação, exceto para

compor a mistura com o diesel mineral (observar a redução de base de cálculo – item 8

acima)

9.4 – 25% (vinte e cinco por cento) nas operações de saídas internas, quando misturado à óleo

diesel derivado de petróleo.

Base legal: Art. 15, inc. II, da Lei nº 7.014/96 (alíquota interestadual de 12%); Art. 16, inc. II,

letra “e”, c/c o “caput” do art. 16-A (alíquota interna de 25% e adicional de 2%, para o fundo de

pobreza).

10 – DA EXPORTAÇÃO DE BIODIESEL B100

10.1 – Não incide ICMS nas operações de exportação de B100 para o exterior.

10.2 - É dispensado o pagamento do imposto diferido na operação de exportação de B100, cuja

operação anterior tenha sido processada ao amparo do regime de diferimento.

Base legal: , Art. 6º, inc. II, c/c o 343, § 1º, do RICMS/97. Art. Art. 286, § 13, inc. I, do

RICMS/12. A imunidade nas operações de exportação é também tratada da Lei do ICMS: Art.

3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).

11 – ESTORNO DE CRÉDITO NAS OPERAÇÕES COM BIODIESEL E A ADI 4171

NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI 4171) É CONTESTADA A

CONSTITUCIONALIDADE DO ESTORNO DE CRÉDITO NAS OPERAÇÕES COM OLEO

DIESEL B5, RESULTANTE DA MISTURA COM O B100.

1 – Requerente: Conselho Nacional de Comércio (CNC);

2 – Requerido: Conselho Nacional de Política Fazendária;

Page 162: Manual Combust Ive Is

30

3 – Dispositivos questionados: §§ 10 e 11, da cláusula vigésima primeira, do Convênio ICMS nº

110, de 28 de setembro de 2007, com a redação alterada pelo Conv. ICMS 101, de 30 de julho

de 2008 e pelo Conv. 136, de 05 de dezembro de 2008 (aditamento da petição inicial em

relação às operações com biodiesel B100).

4 – A autora afirmou que os preceitos hostilizados impõem “às distribuidoras de combustíveis o

dever de estorno do ICMS recolhido por substituição tributária, quando estas efetuarem

operações interestaduais, com óleo diesel misturado ao B100, nas quais não há creditamento do

imposto”. Haveria no caso uma dupla tributação, em ofensa à legislação de regência do ICMS.

5 – Afirmou também que os dispositivos questionados estabeleceram a criação de um novo

tributo, o que ofenderia: a) o princípio da legalidade (art. 150, I, da CF); b) o princípio da não

cumulatividade (art. 155, § 2º, da Carta Magna); c) o regime constitucional da destinação da

arrecadação do ICMS para o Estado de destino, nas operações com petróleo e derivados (art.

155, § 4º, inc. I, da Lei Maior); e, d) o princípio da capacidade contributiva (art. 145, § 1º, da

CF), por aumento da carga tributária nas operações com B100.

6 – Os Estados prestaram informações (Manifestação da Bahia)

7 – A AGU se manifestou pela improcedência do pedido. (Manifestação da AGU)

8 - A PGR se manifestou também pela improcedência do Pedido.

9 – A Relatora, Ministra Ellen Gracie julgou o pedido procedente.

10 – Divergiram o Ministro Luiz Fux e a Ministra Carmen Lúcia – votaram pela

constitucionalidade do Conv. 110/07.

11 – Na sequência do julgamento, o Ministro Ricardo Lewandowski pediu vistas.

Page 163: Manual Combust Ive Is

31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012;

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 - www.anp.gov.br;

6 - www.sindicom.com.br;

7 - .stf.gov.br/ .

Page 164: Manual Combust Ive Is

MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL,

NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 5 anos).

1 – INTRODUÇÃO

Historicamente, o querosene foi o primeiro

derivado de petróleo de valor comercial,

substituindo o azeite e o óleo de baleia na

iluminação. Passou a ser produzido em

escala industrial em 1859, nos E.U.A,

quando Edwin Drake descobriu petróleo

em Tutsville, Estado da Pensilvânia,

através da instalação de um refinaria

rudimentar.

Utilizado principalmente na iluminação residencial, o querosene foi o derivado mais

importante do petróleo até 1911, quando ocorreu a popularização dos automóveis com

motores a gasolina. A lâmpada incandescente, inventada, em. 1879, por Thomas Edison

reduziu também o consumo de querosene iluminante. Somente em 1939, com o

desenvolvimento dos aviões de propulsão a jato, o querosene voltou a ser amplamente

utilizado como combustível.

O inglês Sir Frank Whittle patenteou em 1929 o motor a jato. No início de suas

pesquisas Sir Frank Whittle considerou a tentativa de empregar o diesel como

combustível, porém conclui que o querosene de iluminação (QI) proporcionava um

menor ponto de congelamento. A partir deste ponto, foram estabelecidos parâmetros

comparativos entre a gasolina e o QI, sob aspectos de desempenho e segurança nas

condições de vôo das aeronaves a jato. Em elevadas altitudes, a gasolina automobilística

causava problemas de funcionamento na turbina, em razão da maior volatilidade nas

condições de baixa pressão. A formação de bolhas durante o escoamento do

combustível, em razão dos componentes mais voláteis encontradas na gasolina,

proporcionava a redução da vida útil dos medidores e das bombas de alimentação do

combustível. Além disso, compostos a base de chumbo (chumbo tetra-etila), que

melhoravam a octanagem da gasolina, causavam desgastes mecânicos e problema de

aquecimento em partes internas do motor.

A queima mais limpa proporcionada pelo querosene, por conter parafinas mais pesadas,

obtidas em cortes de destilados médios, tornou o uso desse derivado o mais adequado ao

abastecimento do motor de jatos. Os componentes do querosene apresentam maior

densidade de energia por volume, maiores quantidades de hidrogênio presentes nas

parafinas e iso-parafinas de cadeias intermediárias e também nas ciclo-parafinas. Isso

contribui para que a combustão do querosene produza menor quantidade de fuligem, por

MÓDULO VIII

QUEROSENE DE AVIAÇÃO (JET FUEL) –NCM 2710.19.1

Page 165: Manual Combust Ive Is

meio de uma queima mais limpa e aumento da vida útil da câmara de combustão da

turbina das aeronaves, comparativamente à gasolina. O querosene, por sua vez, além de

apresentar menor ponto de congelamento possui maior estabilidade térmica,

propriedades essenciais aos combustíveis de aviação em elevadas altitudes de vôo. Por

essas características e por se apresentar disponível no mercado em grande quantidade,

pois a gasolina passou a ser o produto principal do refino em razão do crescimento da

indústria automobilística, levou o querosene a assumir a condição de principal

combustível para a aviação comercial e militar.

Em 1939, na Alemanha, Hans Von Ohain projetou o primeiro motor de propulsão a jato

movido a hidrogênio. O projeto posteriormente foi alterado para utilizar

hidrocarbonetos líquidos. Em 27 de agosto de 1939, o cientista alemão testou um

modelo Heikel 178 movido a gasolina de aviação.

O modelo de motor a jato desenvolvido por Sir Frank Whittle voou pela primeira vez

em um avião Glosber E28/32, em 14 de maio de 1941. O motor de Whittle usou

querosene iluminante visto que a gasolina estava difícil de ser obtida por causa da 2ª

guerra mundial. O motor de Whittle foi o precursor dos motores a jato desenvolvidos

nos EUA e na Grã-Bretanha. Mais de 70 anos depois do primeiro vôo, o querosene

continua a ser o combustível primário de jatos pelo mundo que move as companhias

aéreas e frotas militares.

O querosene atualmente utilizado como combustível de aviação obedece a

especificações mais rígidas conforme será melhor detalhado nos tópicos abaixo.

Outras aplicações – o querosene também pode ser empregado: a) na iluminação em

lampiões e lamparinas; b) combustível para aquecimento doméstico em regiões frias; c)

veículo para aplicação de inseticidas; d) solvente para a produção de asfaltos diluídos

para pavimentação; e) desengordurante de peles e couros; f) líquido de limpeza; g)

combustível de fogões portáteis.

2 – DEFINIÇÃO

O Querosene de Aviação (QAV) é um derivado de

petróleo de faixa de ebulição compreendida entre 150ºC e

300ºC, com predominância de hidrocarbonetos

parafínicos (hidrocarbonetos de cadeia aberta, simples ou

ramificada), de 9 a 15 átomos de carbono, utilizado em

turbinas aeronáuticas.

O produto apresenta faixa de ebulição intermediária, entre

a gasolina e o óleo diesel e possui hidrocarbonetos de

ponto de ebulição mais elevado que os que constituintes da gasolina de aviação (GAV).

Importante destacar que os combustíveis aeronáuticos devem ter características

específicas, como alta viscosidade energética (peso e volume reduzidos por unidade de

energia – poder calorífico e densidade elevados), permitir potências elevadas, apresentar

volatilidade adequada e baixo ponto de congelamento, não ter água em solução, ser

quimicamente estável e apresentar baixa corrosividade. Para que possam atender a todas

essas especificações geralmente são aditivados (em quantidade e composição sujeitas a

controles).

Page 166: Manual Combust Ive Is

O QAV, por exemplo, deve permanecer líquido e homogêneo até a zona de combustão

das aeronaves. Deve apresentar resistência química e física às variações de temperatura

e pressão e ter boas características lubrificantes.

Em termos comparativos com o QAV, a Gasolina de Aviação (GAV), é o combustível

de aeronaves com motor convencional - motor aeronáutico acionados por centelha, no

qual pistões, que se movem dentro de cilindros, acionam um eixo, que diretamente ou

através de uma caixa de redução, aciona uma hélice (aviões) ou um rotor (aeronaves de

asas rotativas – ex: helicópteros. A GAV apresenta propriedades, requisitos de

desempenho e cuidados diferenciados das demais gasolinas. Por conter chumbo treta-

etila em sua composição, o seu uso é proibido em veículos automotivos. A GAV possui

um alto número de octanas a fim de que um motor de alta compressão desenvolva sua

força máxima sem detonação prematura (“batida de pino”). Isso permite que sejam

reduzidos o peso de motor da aeronave e o consumo de combustível por “horse power”

(HP) produzido. Este combustível é utilizado em aeronaves de menor porte, a exemplo

de aviões agrícolas.

A porcentagem em volume de hidrocarbonetos presentes neste derivado, obtido por

destilação direta, segundo FARAH, é a seguinte, em média:

Parafínicos: 42%;

Naftênicos: 39%;

Monoaromáticos: 18%;

Diaromáticos: 2,5%.

Além de hidrocarbonetos, pode ocorrer no QAV a presença de compostos de enxofre,

nitrogênio, oxigênio e metais, denominados de “contaminantes”. A quantidade de

“contaminantes” no QAV varia de acordo com o tipo de petróleo processado. Estes

heterocompostos, presentes no QAV, devem ser removidos ao máximo, por trazerem

danos ao sistema de combustíveis e à turbina da aeronave. Os óleos de base parafínica, a

exemplo do óleo baiano, ou de base parafínica-naftênica, com baixo teores de enxofre

são os melhores para produção de QAV. Os óleos ricos em hidrocarbonetos aromáticos

não são adequados para a produção de querosene de aviação.

Esse derivado/combustível é usado na atualidade principalmente nas aeronaves com

motores a turbina, seja jato-puro, turboélices ou turbofans.

MOTOR A TURBINA: o ar que entra na turbina é “acelerado” por meio de uma reação química

(mistura: combustível + oxigênio + ignição). O ar sai a uma velocidade maior, gerando uma

força que “empurra o avião”. A boca da saída da turbina é menor que a boca de absorção do ar.

Com a explosão criada na mistura pela ignição, é gerada uma pressão, que por sua vez gera a

força que faz com que o avião entre em movimento.

Motor Turbina

Page 167: Manual Combust Ive Is

TURBOÉLICE: é um motor de reação mista (um motor a jato acionando uma hélice). Um

exemplo deste motor é o PT6, que equipa o avião Bandeirante.

Motor Turboélice

TURBOFAN: é um motor utilizado em aeronaves projetadas especialmente para altas

velocidades de cruzeiro, que possuiu um excelente desempenho em altitudes elevadas (entre

10.000 metros e 15.000 metros), apresentando velocidades na faixa de 700km/h até 1.000 km/h.

Praticamente todos os aviões comerciais a jato atualmente são turbofans (são também mais

eficientes e menos ruidosos).

Motor Turfan

O desenvolvimento tecnológico das turbinas de aviação exige que o combustível

destinado a uso em aeronaves apresente facilidade de bombeamento a baixas

temperaturas, facilidade de reacendimento em elevadas altitudes, combustão limpa,

baixa emissão de energia radiante e reduzida tendência de formação de depósitos

(fuligem). Essas características levam à utilização do QAV no abastecimento de

aeronaves comerciais e militares.

3 – PRODUÇÃO

O QAV é produzido por fracionamento do

petróleo, através de destilação a pressão

atmosférica, seguindo de tratamento, o que

confere ao produto qualidade adequada ao seu

bom desempenho.

Pode também ser produzido a partir de

hidrocraqueamento de gasóleo, corrente

derivada do processo de destilação à vácuo.

O QAV originário do processo de destilação direta é submetido a processos de

tratamento para retirada de impurezas (tratamento cáustico regenerativo e

hidrotratamento), em especial, para a redução de compostos sulfurados (à base de

enxofre). Ocorre também processos que têm por objetivo diminuir ou eliminar as

quantidades de compostos diaromáticos e poliaromáticos e de retiradas de

hidrocarbonetos parafínicos normais de cadeia carbônica longa, visto que estes

Page 168: Manual Combust Ive Is

hidrocarbonetos, aumentam, respectivamente, a quantidade de fuligem na combustão do

QAV e aumentam o ponto de congelamento do derivado.

No Brasil são produzidos dois tipos de querosene de aviação:

O QAV-1 ou JET A-1, de uso geral, com as especificações alinhadas com as

normas internacionais;

Querosene de aviação especial para a Marinha do Brasil, também conhecida

como JP-5, ou combustível aeronaval, de uso específico.

O querosene aditivado possui as mesmas especificações do QAV-1. Porém contém um

ou mais dos seguintes aditivos: anticongelantes , antioxidantes, fungicidas, dissipadores

de cargas eletrostáticas e inibidores de corrosão. Estes aditivos reduzem o risco de

querosene de aviação congelar ou explodir a altas temperaturas, além de outras

propriedades.

Atualmente no Brasil, somente a Petrobras produz combustíveis de aviação que são

vendidos à Companhias Distribuidoras para abastecer aeronaves. O QAV é o

responsável por 99% das vendas de combustíveis de aviação no país. Cerca de 85% do

produto comercializado é produzido nas refinarias da Petrobras. O volume restante é

importado e destina-se, normalmente, às regiões Norte e Nordeste.

O mercado de QAV está fortemente concentrado na região Sudeste, que abriga os

principais aeroportos brasileiros, origem e destino da maior parte dos vôos nacionais e

internacionais, correspondendo à aproximadamente, segundo a ANP, no “Estudo da

Evolução do Mercado de Combustíveis e Derivados 2000 – 2012”, 62,7% das vendas,

seguida do Nordeste (15,7%) e do Centro-Oeste (8,4%). Além da concentração regional,

o setor acompanha a sazonalidade da aviação comercial.

PRODUÇÃO DO QAV NA REFINARIA

Petróleo cru

Esquema representando de forma simplificada os processos de refino que podem produzir o QAV

Destilação Atmosférica

Destilação a

vácuo

Gasóleo de

Vácuo

HCC

QAV

Hidrotratamento

mento Adsorção n-parafinas

Tratamento

cáustico

Regenerativo

Page 169: Manual Combust Ive Is

4 – UTILIZAÇÃO

O QAV utilizado e classificado em dois tipos: a) combustível para aviação civil

(QAV-1 ou JET A-1) e; b) para aviação militar (JP 5). O QAV militar pode exigir

características de volatilidade e de escoamento mais rigorosos, devido à variação de

pressão e de temperaturas provocadas pelas súbitas decolagens e aterrisagens que

podem ocorrer em aviações militares.

5 – REQUISITOS DE QUALIDADE

Quando utilizado em turbinas aeronáuticas, as

exigências de qualidade do QAV-1 são as seguintes:

a) escoar perfeitamente em baixas temperaturas;

b) ser facilmente nebulizado;

c) vaporizar-se adequadamente no interior da

câmara de combustão da aeronave,

proporcionando chama limpa e com mínima

formação de fuligem;

d) ser estável química e termicamente.

e) proporcionar partidas fáceis e seguras e ter facilidade de reacendimento com o

mínimo de perdas;

f) preservar a integridade dos materiais constituintes das turbinas;

g) não apresentar tendência a solubilizar a água,

h) ser de manuseio seguro.

Em altitudes de 10.000 m, onde as aeronaves atingem velocidade de cruzeiro, a

temperatura é de cerca de -40% (esta temperatura pode ser atingida após 1 hora de voo).

Nessas condições os hidrocarbonetos parafínicos normais presentes no QAV podem

cristalizar. O ponto de congelamento representa a facilidade de cristalização do

combustível, que dificulta o seu escamento a frio. A redução da temperatura também

provoca o aumento da viscosidade do QAV-1, o que pode reduzir o seu fluxo. Daí a

fixação de um limite de viscosidade nas especificações do QAV-1. Além da

cristalização do combustível, as baixas temperaturas promovem a separação da água que

pode estar dispersa no QAV e sua posterior solidificação pode causar riscos de

obstrução de filtros e tubulações.

Para a utilização do QAV em baixas temperaturas é necessário se fazer: i) controle de

teor de hidrocarbonetos parafínicos pesados; b) controle de viscosidade do produto; c)

controle de tolerância à água.

A água no QAV é normalmente oriunda da produção, transporte e estocagem do

produto. Para garantir a qualidade do QAV são efetuados tratamentos regenerativos no

produto na fase de produção, para remoção de água e demais substâncias contaminantes.

Nos aeroportos existem sistemas de purificação e secagem do QAV, efetuados através

de passagem do produto por filtros e tanques de drenagem.

Segundo a Resolução ANP nº 37, de 01/12/2009, ao querosene de aviação são

adicionados os seguintes aditivos (Tabela I, da Resolução, que contém as especificações

do QAV-1):

Page 170: Manual Combust Ive Is

antioxidantes;

desativador de metal;

dissipador de cargas estáticas;

inibidor de formação de gelo;

detector de vazamentos;

melhorador da lubricidade.

As especificações do Querosene de Iluminação (Q.I.), por sua vez, estão contidas na

Resolução CNP (Conselho Nacional de Petróleo) nº 4, de 09/03/1982.

6 - DIFERENÇA ENTRE O QUEROSENE DE AVIAÇÃO E O QUEROSENE DE

ILUMINAÇÃO (DE USO COMUM)

O QAV é mais puro, mais caro e mais eficiente. O manuseio e o trânsito desse produto é

mais protegido. O querosene de iluminação é muito impuro, mais barato, menos

eficiente e menos protegido.

Estes tipos de querosene devem ser altamente refinados para reduzir o odor e eliminar a

possibilidade de incorporar manchas.

Page 171: Manual Combust Ive Is

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA NAFTA NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

INTRODUÇÃO: As operações interestaduais com QAV não são tributadas pelo ICMS,

na unidade federada de origem do produto, em razão desse combustível ser derivado de

petróleo. Assim dispõe o art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”, da Constituição Federal, o art.

3º, inc. III, da lei estadual nº 7.014/96 e o RICMS/97 – art. 6º, inc. III, letra “b”. Essa

matéria não é tratada no RICMS/12, visto que o regramento se encontra expresso na

CF/88, na Lei Complementar 87/96 e na lei estadual do ICMS.

As operações interestaduais com QAV, para fins comercialização ou consumo, são

tributadas na unidade federada de destino da mercadoria, e o recolhimento do imposto

se faz pelo regime da Substituição Tributária, de responsabilidade do estabelecimento

industrial refinador, conforme dispõe o Conv. ICMS 110/07. A legislação de cada

unidade federada, por sua vez, pode estabelecer sujeição passiva tributária para outro

contribuinte que faça parte da cadeia de circulação do QAV ou mesmo não enquadrar

esse produto no regime da antecipação tributária total. Os Estados do Rio de Janeiro e

São Paulo, por exemplo, adotam o regime da ST, com responsabilidade tributária

conferida aos distribuidores. O Distrito Federal, por sua vez, não enquadra o QAV na

sistemática da tributação antecipada.

O regime tributário adotado na Bahia para este produto é incidência antecipada do

ICMS, de responsabilidade do estabelecimento refinador industrial. Assim, nas

operações internas, o estabelecimento refinador recolhe o ICMS da operação própria e o

imposto devido sobre as operações subseqüentes, pelo regime da ST. Há também

operações beneficiadas com redução de base de cálculo, isenção e não incidência,

conforme será melhor detalhado nos tópicos abaixo.

1– SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.1- RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS

São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, o Industrial Refinador e o

Importador.

Fonte normativa: art. 512-A, inc. I, letra “a”, item 3, do RICMS/97. Art. 289, § 6º,

do RICMS/12 c/c a cláusula primeira do Conv. ICMS 110/07.

Page 172: Manual Combust Ive Is

1.2 - MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das

contribuições do PIS/COFINS)

1.2.1 - OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS QUE DESTINEM O

PRODUTO PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA

PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS

01/01/09 até hoje* 30,00% 56,63%

* Fonte Normativa: art. 512-B, inc. V, letra “a”, itens 1 e 2, do RICMS/97 e Anexo

I, item 16.7, do RICMS/12

1.2.2 - OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO QUE DESTINEM O PRODUTO PARA O

TERRITÓRIO DA BAHIA

PERÍODO OP. INTERNAS OP. INTERESTADUAIS

01/01/09 até hoje* 84,83% 122,69%

** Fonte Normativa: art. 512-B, inc. V, letra “b”, itens 1 e 2, do RICMS/97 e

Anexo I, item 16.7, do RICMS/12. Ato Cotepe MVA 21/08 (Tabela III)

1.3 - BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.3.1 - Operação promovida pelo industrial refinador para fins de revenda: o valor da

operação, acrescido dos valores correspondentes a frete, seguro, tributos e outros

encargos transferíveis ou cobrados do destinatário, adicionado do percentual de margem

de valor agregado (MVA) – operações internas.

Fonte Normativa: Art. 512, B, inc. V, letra “a”, itens 1 e 2. Cláusula oitava do

Convênio ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.3.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do

documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de

cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,

inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo

importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.

Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. V, letra “b”, itens 1 e 2, do RICMS/97. Cláusula

oitava, § 1º, do Conv. ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do

RICMS/12.

1.3.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, com a

inclusão do ICMS na própria base de cálculo, sem adição de MVA.

Fonte Normativa: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do

Conv. ICMS 110/07.

2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

2.1 - A base de cálculo da operação própria é o preço unitário praticado pelo

estabelecimento industrial refinador com a inclusão do ICMS (cálculo por dentro).

Page 173: Manual Combust Ive Is

Fonte Normativa: Art. 56, inc. I , c/c o art. 52, do RICMS/97. Sem correspondência

na RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I e § 1º, inc.

I, da Lei nº 7.014/96.

2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de

importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto

de importação, com a inclusão do próprio ICMS.

Fonte Normativa: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.

Observação: Diferentemente da gasolina e do diesel, cujos preços são controlados no

Brasil, o querosene de aviação (QAV) acompanha a variação de preços do derivado no

mercado externo. O produto é também sensível às variações cambais (cotação do dólar),

sendo comum ocorrer reajustes mensais no preço do QAV.

3 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO

3.1 – Redução de base de cálculo nas operações internas para abastecimento de

aeronaves de pequeno porte (até 120 lugares), de empresas de serviço de transporte

aéreo de passageiros, inscrita no CAD-ICMS da Bahia. Benefício com efeitos até

31/12/2013 (disposição do Dec. Estadual nº 12.249, de 20/12/12, efeitos a partir de

21/12/12).

3.2 – A carga tributária incidente deverá corresponder os seguintes percentuais:

3.2.1 – 10% (dez por cento), quando o serviço regular de transporte aéreo de

passageiros for prestado para 4 (quatro) municípios baianos;

3.2.2 – 7% (sete por cento), quando o serviço regular de transporte aéreo de

passageiros for prestado para 5 (cinco) municípios baianos;

3.2.3 – 4% (quatro por cento), quando o serviço regular de transporte aéreo de

passageiros for prestado para 6 (seis) municípios baianos

3.3 – A redução de base de cálculo nas operações internas com QAV é condicionada à

Celebração de Termo de Acordo com a Secretaria da Fazenda da Bahia, através da

COPEC, onde será definido o valor de contribuição ao programa de desenvolvimento

tecnológico, devendo ser atendidas ainda as seguintes exigências:

a) a distribuidora de combustíveis, credenciada pela COPEC, deverá emitir nota

fiscal de venda demonstrando que no preço praticado foi descontado o ICMS

dispensado;

b) enviar uma cópia dessa NF para refinaria para que a próxima saída de QAV

para a distribuidora seja também beneficiada com a redução de base de

cálculo;

c) A Refinaria deverá emitir NF de saída de QAV indicando na respectiva nota

de venda a expressão: “mercadoria destinada à empresa de transporte aéreo

de passageiros nos termos do inc. ......, do art. ..........., do RICMS;

Page 174: Manual Combust Ive Is

d) para efeitos da norma regulamentar do benefício da redução da base de

cálculo, nas operações com QAV, considera-se serviço de transporte aéreo

aquele que corresponda a voos ou trechos que interliguem dois municípios

do Estado da Bahia.

Fonte normativa do benefício: Art. 81-B, do RICMS/07 (efeitos a partir de

23/11/2010 - Dec. nº 14.470/10, que promoveu a alteração nº 140, ao RICMS/97.

Art. 268, inc. XVIII – efeitos até 31/12/2013 – Dec. nº 14.249/12). Nova redação do

benefício fiscal estabelecida pelo Dec. 14,750/13, conforme observação abaixo.

OBSERVAÇÃO MUITO IMPORTANTE: Com a alteração nº 18 ao

RICMS/12, Dec. Estadual nº 14.750/13, efeitos a partir de 28/09/2013, a redução de

base de cálculo nas operações internas com QAV, destinadas a empresas de

transporte aéreo de passageiros e prevista no art. 168, inc. XVIII, foi estendida até

31/12/14, obedecidas as seguintes condições e percentuais:

1 - 10% (dez por cento), sobre uma cota máxima de consumo mensal, estabelecida em

função das milhas percorridas no Estado, quando o serviço regular de transporte

aéreo de passageiros for prestado para, no mínimo 04 (quatro) Municípios baianos;

2 - 10% (dez por cento), sem estabelecimento de cota máxima de consumo mensal,

quando o serviço regular de transporte aéreo de passageiros for prestado para, no

mínimo, 08 (oito) Municípios baianos;

3 - 12% (doze por cento), sem estabelecimento de cota máxima de consumo mensal,

quando o serviço regular de transporte aéreo de passageiros for prestado para 07

(sete) Municípios baianos;

4 - 14% (catorze por cento), sem estabelecimento de cota máxima de consumo mensal,

quando o serviço regular de transporte aéreo de passageiros for prestado para 06

(seis) Municípios baianos;

Para fruição do benefício, a prestadora de serviço de transporte aéreo deverá celebrar

Termo de Acordo com a Secretaria da Fazenda, representada pelo seu titular, onde

serão definidos:

1 - valor de contribuição a programa de desenvolvimento tecnológico promovido pelo

Estado;

2 - outras condições que a SEFAZ considerar essenciais para fruição deste benefício;

A redução de base de cálculo prevista neste dispositivo alcança desde a saída

promovida pela refinaria, sendo que:

1 - a distribuidora, credenciada pela COPEC, deverá emitir nota fiscal de venda

demonstrando que no preço praticado foi descontado o valor do ICMS dispensado, e

enviar a sua cópia à refinaria para que a sua saída de QAV seja também beneficiada

com redução de base de cálculo;

2 - a refinaria deverá emitir a nota de saída de QAV indicando a respectiva nota

Page 175: Manual Combust Ive Is

fiscal de venda referida no item 1 e a expressão: “mercadoria destinada a empresa de

serviço de transporte aéreo de passageiros nos termos do inciso XVIII do art. 268 do

RICMS”;

Para efeito de determinação da quantidade de Municípios baianos cujo serviço de

transporte aéreo de passageiros está sendo prestado, somente serão considerados os

vôos ou trechos que interliguem 02 (dois) Municípios do Estado da Bahia.

Para efeitos deste dispositivo que trata do benefício fiscal da redução de base de

cálculo, considera-se ocorrido serviço regular de transporte aéreo de passageiros

quando o serviço for prestado, no mínimo, uma vez por semana para cada município

baiano.

PORTANTO, A REGRA ATUALMENTE VIGENTE PARA A REDUÇÃO DE

CÁLCULO COM QAV É A ESTABELECIDA PELO DEC. Nº 14.750/13, QUE

PROMOVEU A ALTERAÇÃO Nº 18 AO RICMS/12).

4 – ISENÇÃO

São isentas as operações de saída de QAV para abastecimento de aeronaves nacionais

com destino ao exterior.

4.1 – A distribuidora de combustíveis, de posse da documentação que comprove a

realização do vôo internacional, em relação ao QAV recebido com retenção ou

antecipação do imposto, poderá, na forma do art. 300, do RICMS/12, mediante

lançamento no Registro de Apuração do ICMS, no quadro “Crédito do Imposto - Outros

Créditos”, com a expressão “Ressarcimento - substituição tributária”, creditar-se da

parcela do imposto retido, correspondente à operação de saída subsequente do QAV que

vier a realizar com a isenção prevista no art. 265, inciso XXIV, do RICMS/12.

4.2 - Atendidas as exigências previstas acima e na forma do art. 306, do RICMS/12,

poderá ainda, a distribuidora de combustíveis, caso não tenha como compensar o ICMS

creditado, proceder à transferência do saldo credor para outro estabelecimento da

mesma empresa, mediante a emissão de nota fiscal em nome do estabelecimento

destinatário do crédito, na qual serão indicados o valor do saldo a ser transferido, a data

e a expressão: “Transferência de Saldo Credor”.

Fonte Normativa: Conv. ICMS 84/90, prorrogado por prazo indeterminado pelo

Conv. ICMS 151/94. Art. 21, I, do RICMS/97 e art. 265, inc. XX, do RICMS/12.

5 – NÃO INCIDÊNCIA (EQUIPARAÇÃO À EXPORTAÇÃO)

Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de QAV destinado a abastecer

embarcações de bandeira estrangeira, que estejam aportados em solo brasileiro. Nessa

operação não há incidência de ICMS, desde que sejam atendidas as seguintes condições:

a) operação efetuada ao amparo de guia de exportação;

b) adquirente sediado no exterior;

c) pagamento em moeda estrangeira;

d) comprovação de embarque pela autoridade competente.

Page 176: Manual Combust Ive Is

5.1 - A distribuidora de combustíveis, de posse da documentação que comprove a

efetiva exportação, em relação ao QAV recebido com retenção ou antecipação do

imposto, poderá, na forma do art. 300, do RICMS/12, mediante lançamento no Registro

de Apuração do ICMS, no quadro “Crédito do Imposto - Outros Créditos”, com a

expressão “Ressarcimento - substituição tributária”, creditar-se da parcela do imposto

retido, correspondente à operação de saída subsequente do QAV que vier a realizar com

a isenção prevista no art. 265, inciso XXIV, do RICMS/12.

5.2 - Atendidas as exigências previstas acima e na forma do art. 306, do RICMS/12,

poderá ainda, a distribuidora de combustíveis, caso não tenha como compensar o ICMS

creditado, proceder à transferência do saldo credor para outro estabelecimento da

mesma empresa, mediante a emissão de nota fiscal em nome do estabelecimento

destinatário do crédito, na qual serão indicados o valor do saldo a ser transferido, a data

e a expressão: “Transferência de Saldo Credor”.

Fonte normativa: Conv. ICMS 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo

Conv. ICMS 124/93.

6 – ALÍQUOTAS

4.1 - Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de

importação do exterior.

4.2 - Alíquotas efetivas

a) operações com a redução da base de cálculo: 10% (dez por cento); 7% (sete por

cento) ou 4% ( quatro por cento), nas operações que destinem o produtos para

empresas de transporte aéreo de pequeno porte (vide item 3);

b) operações sem redução de base de cálculo: 17% (dezessete por cento).

Fonte Normativa: art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº

7.014/96).

Page 177: Manual Combust Ive Is

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – FUNDAMENTOS DO REFINO DO PETRÓLEO – TECNOLOGIA E

ECONOMIA. Autores: Alexandre Salem Szklo, Victor Cohen Uller e Marcio

Henrique P. Bonfá. Editora Interciência. 3ª edição – atualizada e ampliada. Rio de

Janeiro. 2012.

2 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS. Diversos autores.

Organizadores: Nilo Índio do Brasil, Maria Adelina Santos Araújo e Elisabeth

Cristina Molina de Sousa. Editora LTC. Rio de Janeiro. 2012.

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS. Autor: Marco Antônio Farah. Editora

LTC. Rio de Janeiro. 2012.

4 – ANP – AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS E

BIOCOMBUSTÍVEIS - Estudo da Evolução do Mercado de Combustíveis e

Derivados 2000 – 2012. Fonte: Internet: www.anp.gov.br/?dw=64307.

5 – O PETRÓLEO – UMA HISTÓRIA MUNDIAL DE CONQUISTAS, PODER

E DINHEIRO. Autor: Daniel Yergin. Editora Paz e Terra. São Paulo. 2012.

Page 178: Manual Combust Ive Is

1

MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

1 – INTRODUÇÃO

O óleo combustível é utilizado basicamente em duas

atividades fins: a) óleos combustíveis industriais; e b)

óleos combustíveis marítimos (óleos bunkers ou

marine fuel oils - MF)

A RLAM (Refinaria Landulfo Alves - Mataripe),

localizada no Município de São Francisco do Conde-Ba,

segundo o esquema de refino apurado em 2010, pela

ANP é a unidade da Petrobras que apresenta a maior

produção de óleo combustível do país – em torno de 27% do total da refinaria (11.693

m3/dia). Fonte: livro Fundamentos do Refino do Petróleo – Tecnologia e Economia.

Alexandre Salem Szklo e outros, pág. 197, editora Interciência, Rio de janeiro,

2012.

2.– ÓLEOS COMBUSTÍVEIS INDUSTRIAIS

É o combustível mais pesado, aplicado em

diversos setores da indústria, a exemplo de

geração de energia, inclusive energia elétrica em

termoelétricas, metalurgia, papel e celulose, entre

outros. O óleo combustível industrial é o

derivado cuja base é o resíduo de vácuo, ao qual

são adicionados como diluentes: gasóleos

atmosféricos ou de vácuo e frações das unidades

de conversão (óleo leve de reciclo da unidade de

craqueamento catalítico fluido ou gasóleos da

unidade de coqueamento retardado). Na sua

utilização tradicional (geração de energia), o óleo combustível industrial é mantido

aquecido em tanques para favorecer o seu escoamento, seguindo, através do sistema de

filtração, para remoção de sedimentos orgânicos e inorgânicos. A seguir, ele é

novamente aquecido para reduzir sua viscosidade ao valor requerido pelo queimador.

Page 179: Manual Combust Ive Is

2

Os tipos de óleos combustíveis industriais são classificados por viscosidade, teor de

enxofre e ponto de fluidez. Quanto ao teor de enxofre temos o óleo A (alto teor de

enxofre – ATE, de no máximo 2,5%); e o óleo B (baixo teor de enxofre –BTE, de no

máximo 1%). O consumo de BTE é obrigatório nas regiões definidas como

metropolitanas e nas aplicações em que os gases de combustão têm contato com o

produto, tais como fornos metalúrgicos e fornos para a produção de vidro e cerâmica.

As especificações dos óleos combustíveis industriais são definidas pela ANP (Portaria

nº 80, de 30/04/1999, DOU de 03/05/1999).

3 – ÓLEOS COMBUSTÍVEIS MARÍTIMOS

Combustíveis para navios (óleos bunkers

ou marine fuel oils - MF): apesar de terem

origem no mesmo tipo de matéria-prima

dos óleos combustíveis industriais, ou

seja, são formulados a partir do resíduo de

vácuo da destilação de petróleo, diferem

quanto à sua formulação e especificações.

Os requisitos de qualidade dos óleos tipo

bunker são mais amplos e restritivos do

que os óleos combustíveis, tais como

teores de água, sedimentos e metais. A

viscosidade é menor para facilitar a nebulização e a queima. A qualidade de ignição é

maior, possuindo menor proporção de hidrocarbonetos aromáticos. Quanto ao teor de

enxofre, o Marine Fuel apresenta duas versões; BTE e ATE (alto e baixo teor de

enxofre).

As especificações dos diferentes tipos de óleos combustíveis marítimos oferecidos no

Brasil são definidas pela ANP (Resolução nº 52, de 29/12/2010, DOU de 30/12/2010).

Page 180: Manual Combust Ive Is

3

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA NAFTA NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.1. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS

São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST nas operações com óleo

combustível, o Industrial Refinador e o Importador.

Fonte normativa: Art. 512-A, inc. I, letra “a”, item 2; inc.II; e, inc. III c/c § 1º, inc.

III, do RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária

interna). Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por

expressa disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária

interestadual).

1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das

contribuições do PIS/COFINS)

OPERAÇÕES INTERNAS E INTERESTADUAIS QUE DESTINEM O PRODUTO

PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA PERÍODO OP. INTERNA OP. INTERESTADUAL

1º/01/09 até hoje* 31,46% 58,38 *Ato Cotepe MVA 21/08

1.3 – Não há MVA específica para a operação de importação de óleos combustíveis. No

caso de importação pela Bahia, aplica-se a MVA da operação interna. Em caso de

importação por outra unidade federada aplica-se a MVA prevista para as operações

interestaduais.

1.4 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.3.1 - Operação promovida pelo industrial refinador para fins de revenda: Preço

unitário praticado pelo Substituto (Refinaria) na Unidade, acrescido frete, seguro,

tributos, contribuições e outros encargos transferíveis ou cobrados do destinatário +

MVA fixada em Ato Cotepe.

Page 181: Manual Combust Ive Is

4

Fonte normativa: Art. 512-B, inc. II, do RICMS/97. Cláusula oitava do Convênio

ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.3.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do

documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de

cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,

inclusive ICMS-importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos pelo

importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.

Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. IV, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do Conv.

ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12

1.3.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, com a

inclusão do ICMS na própria base de cálculo, sem adição de MVA.

Fonte normativa: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv.

ICMS 110/07.

2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

2.1 - A base de cálculo da operação própria é o preço unitário praticado pelo

estabelecimento industrial refinador, com a inclusão do ICMS (cálculo por dentro).

Fonte normativa: Art. 56, inc. I , c/c o art. 52, do RICMS/97. Sem correspondência na

RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I e § 1º, inc. I, da Lei

nº 7.014/96.

2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de

importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto

de importação, com a inclusão do próprio ICMS.

Fonte normativa: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.

3 – REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO

3.1 - Saídas internas de óleos combustíveis, destinadas a termoelétricas, para a produção

de energia elétrica (contratação energia de reserva e de energia por disponibilidade, nos

termos da legislação federal).

3.2 – Percentuais de redução da base de cálculo:

3.2.1 - tratando-se de óleo combustível com baixo teor de enxofre, do tipo

OCB1 ou OC-CMB, destinado à usina vencedora de leilão de energia nova,

realizado pela ANEEL até 30 de junho de 2008, de tal forma que a

incidência do imposto resulte em uma carga tributária de 12% (doze por

cento);

3.2.2 - tratando-se de óleo combustível com baixo teor de enxofre, do tipo

Page 182: Manual Combust Ive Is

5

OCB1 ou OC-CMB, ou com alto teor de enxofre, do tipo OCA1, desde que

na sua queima os níveis de emissão de poluentes não sejam superiores aos

previstos para o OCB1 na produção de energia, destinados à usina vencedora

de leilão de energia nova, realizado pela ANEEL no período de 01 de julho

de 2008 até 31 de dezembro de 2008, em 100% (cem por cento).

3.2.3 - A redução de base de cálculo alcança desde a saída promovida pela

refinaria, devendo a distribuidora, credenciada pela COPEC:

a) emitir nota fiscal de venda demonstrando que no preço praticado foi

descontado o valor do ICMS dispensado, e contendo a expressão:

“mercadoria destinada à termoelétrica nos termos do inciso XXXVII do

caput do art. 87 do RICMS”;

b) enviar à refinaria um relatório mensal onde constem os números das notas

fiscais, os destinatários e a quantidade de óleo vendido com redução da base

de cálculo;

3.4 - a refinaria deverá fornecer à distribuidora, com redução de base de

cálculo, a mesma quantidade de óleo combustível indicada no relatório

referido na alínea “b” do inciso I, consignando no corpo da nota fiscal a

expressão: “mercadoria destinada à termoelétrica nos termos do inciso

XXXVII do caput do art. 87 do RICMS/97 ou inciso XXX do caput do art.

268, do RICMS/12.

Fonte normativa: art. 87, inc. XXXVII, do RICMS/97. Art. 268, inc. XXX, do

RICMS/12.

4 – ISENÇÃO

São isentas as operações de saída de óleo combustível para abastecimento de

embarcações nacionais com destino ao exterior.

Fonte Normativa: Conv. ICMS 84/90, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.

ICMS 151/94. Art. 21, I, do RICMS/97 e art. 265, inc. XX, do RICMS/12.

5 – NÃO INCIDÊNCIA (EQUIPARAÇÃO À EXPORTAÇÃO)

Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de óleo combustível destinado a

abastecer embarcações de bandeira estrangeira, que estejam aportados em solo

brasileiro. Nessa operação não há incidência de ICMS, desde que sejam atendidas as

seguintes condições:

a) operação efetuada ao amparo de guia de exportação;

b) adquirente sediado no exterior;

c) pagamento em moeda estrangeira;

d) comprovação de embarque pela autoridade competente.

Fonte normativa: Conv. ICMS 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.

ICMS 124/93.

Page 183: Manual Combust Ive Is

6

6 – ALÍQUOTAS

6.1 - Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de

importação do exterior.

6.2 - Alíquotas efetivas com a redução da base de cálculo: 12% ou 0%, nas remessas de

óleo combustível para termoelétricas para a produção de energia elétrica (vide item 3,

acima).

Fonte Normativa: Art. 50, inc. I, letras “a” e “c”, do RICMS/97. Sem correspondência

no RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 15, inc. I, letras “a” e “c”,

da Lei nº 7.014/96.

OBSERVAÇÃO: não há tributação na unidade federada de origem, nas operações de

remessa interestadual de óleo combustível industrial ou marítimo, por se tratarem de

combustíveis derivados de petróleo.

Fonte normativa: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96).

Page 184: Manual Combust Ive Is

7

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012;

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 - www.anp.gov.br

Page 185: Manual Combust Ive Is

MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2013 (últimos 05 anos)

1 – INTRODUÇÃO

Lubrificantes derivados de petróleo –

NCM 2710.19.3

Lubrificantes não derivados de petróleo –

NCM 3403

Os óleos lubrificantes básicos (óleos básicos

minerais) são frações, compreendidas na

faixa do gasóleo, obtidas em condições

rigorosas de refinação do petróleo e sujeitas a

tratamentos específicos de modo a melhorar

a qualidade do produto final.

Os óleos básicos são utilizados na formulação dos mais diversos tipos de lubrificantes,

em mistura com diversos aditivos, entre eles: detergentes, dispersantes, inibidores de

corrosão, melhoradores de índice de viscosidade, abaixadores do ponto de fluidez,

antioxidantes, antiespumantes e antidesgaste.

Os lubrificantes acabados (óleos básicos + aditivos) são substâncias destinadas,

principalmente, a reduzir o atrito e, consequentemente, o desgaste de peças metálicas

pela formação de uma película sobre as superfícies em contato. Essa película auxilia

ainda no controle da temperatura e na vedação dos componentes dos mais diversos

típicos de máquinas.

Devido à infinidade de tipos de lubrificantes acabados, adequados a cada tipo de

lubrificação, e devido à impossibilidade das refinarias fabricarem cada tipo específico, a

solução encontrada foi a produção de óleos lubrificantes básicos, de diferentes faixas de

viscosidade. Esses cortes, quando combinados adequadamente entre si, e aditivados,

podem cobrir uma vasta gama de aplicações para os óleos lubrificantes acabados,

resolvendo dessa maneira o impasse criado.

Page 186: Manual Combust Ive Is

2 - CLASSIFICAÇÃO

Conforme a base do petróleo que originou os óleos básicos, pode-se ter lubrificantes de

características parafínicas, naftênicas e mistos.

Petróleos de características aromáticas não são indicados para a produção de

lubrificantes, em face ao mau desempenho destes óleos.

Os óleos de origem naftênica possuem, como principais características, baixos pontos

de fluidez, baixos índices de viscosidade e um elevado poder de solvência. Essas

características permitem sua utilização na formulação de óleos de lavagem (“flushing”),

óleos para compressores frigoríficos e óleos para lubrificação em condições de baixas

temperaturas. Devido a ser um óleo relativamente barato, graças às qualidades nada

excepcionais que apresenta, é utilizado também quando há possibilidades da perda total

do lubrificante durante o processo de lubrificação (ausência de recirculação).

Os óleos de origem parafínica normalmente são de excelente qualidade. Possuem um

alto índice de viscosidade, embora tenham um alto ponto de fluidez e um baixo poder

de solvência, quando comparados com óleos naftênicos. São óleos indicados

principalmente para a formulação de lubrificantes para motores a combustão, óleos para

sistemas hidráulicos, para engrenagem, enfim, óleos para trabalhos em condições

severas (altas temperaturas e altas pressões).

Já o óleo lubrificante mineral de base misto é formulado para atender as características

de lubrificantes conforme necessidade e campo de aplicação: a maioria dos óleos

minerais é misturada com base naftêncio ou parafínico em quantidades variados.

Devido ao grande consumo de óleos automotivos, a estrutura brasileira de refino para a

produção de lubrificantes está baseada em óleos básicos parafínicos. Os óleos

naftênicos, de aplicações bastante restritas, são produzidos na unidade da Petrobras

Lubnor, no Estado do Ceará.

Na RLAM-Ba (Refinaria Ladulpho Alves) e na REDUC-RJ (Refinaria Duque de

Caxias) , segundo os esquemas de refino apresentado no livro FUNDAMENTOS DO

REFINO DO PETRÓLEO – TECNOLOGIA E ECONOMIA, citado na bibliografia,

temos em verdade duas refinarias: uma para aromáticos (destinados à indústria

petroquímica) e combustíveis e outra para lubrificantes e parafinas.

A REDUC-RJ possuiu o maior conjunto para a produção de lubrificantes do país, sendo

responsável por cerca de 80% da produção nacional. A REDUC usa como carga

principal para a produção de óleos básicos lubrificantes o petróleo árabe leve (óleo

predominantemente de base parafínica). O óleo extraído na Bahia é também rico em

hidrocarbonetos parafínicos, portanto, de boa qualidade para a produção de óleos

minerais básicos.

No caso de um motor automotivo são listados os seguintes fatores a serem observados

na formulação dos óleos minerais básicos:

a) temperatura: a temperatura do óleo na partida é baixa e ele deve escoar

perfeitamente para lubrificar todas as partes do motor. Em pleno funcionamento

a temperatura do óleo alcança valores elevados, com redução da viscosidade e

Page 187: Manual Combust Ive Is

com riscos de romper a película de óleo. Para garantir a lubrificação nas

condições extremas (partida a frio e elevada temperatura em condições de

funcionamento), deve haver a mínima variação da viscosidade do óleo com a

temperatura;

b) regime de lubrificação (hidrodinâmica e limítrofe): na lubrificação

hidrodinâmica as superfícies são separadas por uma película de óleo (o atrito

decorrente é muito baixo). Na lubrificação limítrofe existe contato entre as

superfícies, pois a película do óleo não é suficiente para impedi-lo. Os aditivos

presentes no óleo lubrificante devem atuar no controle do desgaste.

c) meio ambiente – as atuais tecnologias de motores, que controlam as emissões

atmosféricas, levam a uma maior contaminação do lubrificante por fuligem e

produtos da combustão incompleta. Isso resulta no aumento da viscosidade do

óleo lubrificante, além da formação de depósitos por oxidação, que deve ser

controlado pelos aditivos dispersantes usados nas formulações. Também por

restrições ambientais existe uma tendência de aumento do intervalo de troca do

lubrificante, visando o descarte de óleos usados.

3 - REQUISITOS DE QUALIDADE

a) lubrificação: avaliada pela viscosidade adequada para reduzir o atrito e os

desgaste das partes metálicas. A variação da viscosidade com a temperatura deve

ser limitada.

b) escoamento a baixas temperaturas: avaliada pelo ponto de fluidez, que é a

temperatura mínima em que o óleo, submetido a um processo de resfriamento

ainda flui, sob ação da gravidade. Nos lubrificantes automotivos o ponto de

fluidez é significadamente reduzido em relação ao ponto de fluidez do óleo

básico (de -3 ºC até valores inferiores a -30 ºC) pelo uso de aditivos.

c) volatilidade adequada: avaliada pelo ponto de fulgor e pela perda por

evaporação, para reduzir o consumo e o espessamento do óleo.

d) estabilidade a elevadas temperaturas: para evitar o aumento da viscosidade do

óleo e a formação de depósito, são aplicados aos óleos básicos aditivos para

melhorar a estabilidade;

e) poder detergente dispersante: para manter todos os contaminantes presentes

no equipamento e que estão em contato com o óleo (água, fuligem, produtos de

desgaste etc.) dispersos. Esse requisito é típico de um óleo lubrificante de motor

e é atendido pelo pacote de aditivo detergente dispersante empregado;

f) capacidade de separar-se da água: avaliada pela demulsibilidade. Os óleos

para turbinas, hidráulicos e outros óleos industriais podem entrar em contato

com a água, e, nesse caso, uma rápida separação da água passa a ser um fator

preponderante para a sua aplicação.

Page 188: Manual Combust Ive Is

4 - PRODUÇÃO

Os óleos básicos, para que tenham suas propriedades compatíveis com as de um

lubrificante acabado, devem ser submetidos a várias etapas de refino. Estes processos

são Destilação Atmosférica e a Vácuo, Desasfaltação, Desaromatização,

Desparafinação, e Hidroacabamento (vide o módulo I que trata dos processos de

refino do Petróleo).

a) Destilação a Vácuo: há o fracionamento dos óleos de acordo com a faixa de

viscosidade de cada tipo;

b) Desfaltação: aplicada apenas ao resíduo de vácuo, de onde se recuparam as

frações oleosas nele existentes e se removem as frações asfálticas;

c) Desaromatização: onde são removidos os componentes aromáticos que

contribuem para reduzir o índice de viscosidade do óleo.

d) Desparafinação: para remover os hidrocarbonetos normais parafínicos de

cadeias longas, que aumentam o ponto de fluidez do óleo.

e) Hidroacabamento: para remover contaminantes e estabilizar o óleo

lubrificante.

Uma outra rota de produção de óleo básicos é o hidrorefino. Conduz à produção de

óleos básicos com maior teor de hidrocarbonetos de cadeias saturadas, uma vez que

ocorre a transformação de moléculas aromáticas em saturadas e de n-parafinas em

parafinas ramificadas, na presença de hidrogênio e com o uso de catalisadores especiais,

temperatura, pressão e tempo adequados.

Processo GLT: Um dos focos atuais de desenvolvimento de produção de óleo básicos

está no processamento do gás natural utilizando-se o processo Fisher Tropsch. Essa rota

é chamada genericamente de GLT (Gas to Liquid), e os óleos básicos gerados,

chamados de FTBO (Fischer Tropsch Base Oils), são classificados no grupo de óleos

básicos com as seguintes características: estabilidade à oxidação, ponto de fluidez,

índice de viscosidade e volatilidade próximas aos básicos sintéticos do grupo IV

(polialfaolefinas).

As especificações dos diferentes tipos de óleos lubrificantes básicos oferecidos no

Brasil, de origem nacional ou importado, para comercialização em território nacional

são definidos na Portaria ANP nº 129, de 30/07/1999, publicado no D.O.U de

02/08/1999, republicada no D.O.U de 30/09/1999.

A Portaria ANP nº 130, de 30/09/1999, DOU de 02/08/1999, especifica, por sua vez, os

óleos lubrificantes básicos rerrefinados.

Page 189: Manual Combust Ive Is

5 - ÓLEOS SINTÉTICOS

São, ao contrário dos óleos minerais, produzidos

artificialmente. Eles possuem, na maioria das vezes, um

bom comportamento de viscosidade-temperatura com

pouca tendência de coqueificação em temperaturas

elevadas, baixo ponto de solidificação em baixas

temperaturas, alta resistência contra temperatura e

influências químicas. Quando falamos em óleos

sintéticos temos de distinguir cinco tipos diferentes:

a) Hidrocarbonetos sintéticos

Entre os hidrocarbonetos sintéticos destacam-se hoje com maior importância de um lado

os polialfaoleofinas (PAO) e os óleos hidrocraqueados. Estes óleos são fabricados a

partir de óleos minerais, porém levam um processo de sintetização, o qual elimina os

radicais livres e impurezas, deixando-os assim mais estáveis à oxidação. Também

consegue-se através desde processo um comportamento excelente em relação a

viscosidade-temperatura. Estes hidrocarbonetos ¨semi-sintéticos¨ atingem IV (Índices de

Viscosidade) até 150.

b) Poliolésteres

Para a fabricação de lubrificantes especiais, fluidos de freios, óleos hidraúlicos e fluídos

de cortes poli-alquileno-glicois, miscível ou não miscível em água.

c) Diésteres

São ligações entre ácidos e álcoois através da perda de água. Certos grupos formam

óleos de éster que são usados para a lubrificação e, também, fabricação de graxas

lubrificantes. Os diésteres estão hoje aplicados em grande escala em todas as turbinas da

aviação civil por resistir melhor a altas e baixas temperaturas e rotações elevadíssimas.

Dos óleos sintéticos eles tem o maior consumo mundial.

d) Óleos de silicone

Os silicones destacam-se pela altíssima resistência contra temperaturas baixas, altas e

envelhecimento, como também pelo seu comportamento favorável quanto ao índice de

viscosidade. Para a produção de lubrificantes destacam-se os fenil-polisiloxanes e

methil-polisiloxanes. Grande importância tem os Fluorsilicones na elaboração de

lubrificantes resistentes a influência de produtos químicos, tais como solventes, ácidos

etc.

f) Poliésteres Perfluorados

Óleos de flúor e fluorclorocarbonos tem uma estabilidade extraordinária contra

influência química. Eles são quimicamente inertes, porém em temperaturas acima de

260°C eles tendem a craquear e liberar vapores tóxicos.

6 - ÓLEOS SEMI-SINTÉTICOS OU DE BASE SINTÉTICA

Empregam mistura em proporções variáveis de básicos minerais e sintéticos, buscando

reunir as melhores propriedades de cada tipo, associando a otimização de custo, uma

vez que as matérias-primas sintéticas possuem custo muito elevado.

Page 190: Manual Combust Ive Is

7 – INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Óleo lubrificante sendo colocado num motor com o auxílio de um funil.

7.1 - Os óleos lubrificantes podem ser de origem animal ou

vegetal (óleos graxas), derivados de petróleo (óleos minerais)

ou produzidos em laboratório (óleos sintéticos), podendo

ainda ser constituído pela mistura de dois ou mais tipos (óleos

compostos ou semi- sintéticos). Neste trabalho destacamos os

óleos minerais (derivados de petróleo), os óleos sintéticos e os

semi-sintéticos.

7.2 - As principais características dos óleos lubrificantes são: a viscosidade, aferida pelo

índice de viscosidade (IV) e a densidade.

7.2.1 - A Viscosidade mede a dificuldade com que o óleo escorre (escoa); quanto mais

viscoso for um lubrificante (mais grosso), mais difícil de escorrer, portanto será maior a

sua capacidade de manter-se entre duas peças móveis fazendo a lubrificação das

mesmas. A viscosidade dos lubrificantes não é constante, ela varia com a temperatura.

Quando esta aumenta a viscosidade diminui e o óleo escoa com mais facilidade.

7.2.2. - O Índice de Viscosidade (IV) mede a variação da viscosidade com a

temperatura. Quanto maior o IV, menor será a variação de viscosidade do óleo

lubrificante, quando submetido a diferentes valores de temperatura.

7.2.3. - A Densidade indica a massa de um certo volume de óleo a uma certa

temperatura. É importante para indicar se houve contaminação ou deterioração de um

lubrificante.

7.3 - Aditivos: Para conferir, retirar ou melhorar certas propriedades especiais dos

lubrificantes, que não condizem com o desejado, especialmente quando o lubrificante é

submetido a condições severas de trabalho, são adicionados produtos químicos,

chamados aditivos. Os principais tipos de aditivos são: anti-corrosivos, anti-espumantes,

detergente-dispersante, melhoradores do Índice de Viscosidade, agentes de extrema

pressão, etc.

7.4 - Óleos para motores automotivos — classificações Para facilitar a escolha do lubrificante correto para veículos

automotivos várias são as classificações, sendo as principais

SAE e API.

7.4.1 - Classificação SAE: estabelecida pela Sociedade dos

Engenheiros Automotivos dos Estados Unidos, classifica os óleos lubrificantes pela sua

viscosidade, que é indicada por um número. Quanto maior este número, mais viscoso é

o lubrificante e são divididos em três categorias:

Óleos de verão: SAE 20, 30, 40, 50, 60;

Óleos de inverno: SAE 0W, 5W, 10W, 15W, 20W, 25W;

Page 191: Manual Combust Ive Is

Óleos multiviscosos (inverno e verão): SAE 20W-40, 20W-50, 15W-50.

Observação: a letra "W" vem do inglês "winter", que significa inverno. Quanto maior o

número, maior a viscosidade, para o óleo suportar maiores temperaturas. Graus menores

suportam baixas temperaturas sem se solidificar ou prejudicar a bombeabilidade.

Um óleo do tipo monograu só pode ser classificado em um tipo escala. Já um óleo com

um índice de viscosidade maior pode ser enquadrado nas duas faixas de temperatura,

por apresentar menor variação de viscosidade em virtude da alteração da temperatura.

Desta forma, um óleo multigrau ou multiviscoso SAE 20W40 se comporta a baixa

temperatura como um óleo 20W reduzindo o desgaste na partida do motor ainda frio e

em alta temperatura se comporta como um óleo SAE 40, tendo uma ampla faixa de

utilização.

O lubrificante ideal é aquele que possui menor viscosidade a frio e maior viscosidade

quando submetido a elevadas temperaturas. Exemplo: o óleo lubrificante SAE 5W60 é

melhor que o óleo SAE 20W40, no que se refere ao quesito variação de viscosidade em

função da variação da temperatura.

7.4.2 - Classificação API: desenvolvida pelo Instituto Americano do Petróleo, também

dos Estados Unidos, baseia-se em níveis de desempenho dos óleos lubrificantes, isto é,

no tipo de serviço do qual a máquina estará sujeita. São classificados por duas letras, a

primeira indica o tipo de combustível do motor e a segunda o tipo de serviço.

Para motores de veículos leves (Ciclo Otto) o “S” de Service Station (Postos de Serviço,

Garagem) ou Spark (Faísca / Centelha), e a outra letra define o desempenho.

O óleo SJ é superior ao SH, isto é, o SJ passa em todos os testes que o óleo SH passa, e

em outros que o SH não passa. O Óleo SH por sua vez é superior ao SG, assim

sucessivamente.

O primeiro nível foi o API SA, obsoleto há muito tempo, consistindo em um óleo

mineral puro, sem qualquer aditivação.

No caso de motores a diesel, a classificação é API CI-4, CG-4, CF-4, CF, CE, etc. O

“C” de Commercial (Linha Comercial, Frotas), ou Compression (Compressão).

O API (Instituto Americano do Petóleo) classifica ainda óleos para motores dois tempos

e óleos para transmissão e engrenagens.

Os óleos lubrificantes para motores a gasolina 2 (dois) tempos, como os usados em

motoserras, abrangem 3 (três) níveis de desempenho: API TA, TB e TC.

O API estabelece estes parâmetros de desempenho, através de uma sequência de testes

complexos e específicos, de acordo com metodologias padronizadas pela ASTM

(American Society for Testing and Materials).

O API, por sua vez, não é o único orgão que homologa e testa lubrificantes, temos

também:

Page 192: Manual Combust Ive Is

ACEA: Association of Constructors of European Automobiles;

ILSAC: International Lubricant Standardisation & Approval Committee;

Montadoras: os fabricantes de veículos e de motores também têm desenvolvido

testes e especificações próprias para lubrificantes. A avaliação de desempenho dos

lubrificantes é uma seqüência de testes de campo e em laboratórios de motores. A

seqüência de testes determina os padrões de condições que os componentes

internos do motor devem apresentar após rodar com o lubrificante em teste.

7.5 - Recomendação de substituição do óleo lubrificante

Como regra geral, óleos para carros do tipo mineral devem ser substituídos a cada

5.000km (uso urbano, misto e rodoviário). Se forem do tipo semi-sintético a cada

7.500Km (uso urbano), 8.500Km (uso misto) e 10.000Km (uso rodoviário) e sintéticos

a cada 7.500Km ou 10.000Km, de acordo com a recomendação do fabricante do veículo

(uso urbano, misto e rodoviário). A cada 6 meses, recomenda-se a troca de óleo, mesmo

não alcançando a quilometragem final anotada. Para não haver esquecimento, é

recomendável colar no pára-brisas, a etiqueta com a anotação da quilometragem no

momento da troca e a quilometragem final, e é interessante usar planilhas de controle ou

simplesmente um aviso no celular. Isso é importante para que o motor esteja sempre

trabalhando na temperatura e com a lubrificação adequada.

Page 193: Manual Combust Ive Is

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DOS LUBRIFICANTES DERIVADOS DE

PETRÓLEO NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

Lubrificantes derivados de petróleo – NCM 2710.19.3

O grupo 2710, de acordo com a TIPI (Tabela de

Incidência do IPI), compreende os óleos de petróleo

ou de minerais betuminosos, exceto óleos brutos;

preparações não especificadas nem compreendidas

noutras posições, que contenham, como constituintes

básicos, 70% ou mais, em peso, de óleos de petróleo

ou de minerais betuminosos ou de resíduos de óleos.

O subgrupo 2710.19.3 abarca os óleos lubrificantes

derivados de petróleo, com ou sem aditivos.

1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.1. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS

São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, o estabelecimento

Distribuidor de Lubrificantes e o Importador.

Fonte Normativa: Art. 512-A, inc. I, letra “b”, item 2; inc. II; e, inc. III, “b” c/c § 1º, inc.

II, do RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna).

Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa

disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual).

1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das

contribuições do PIS/COFINS)

OPERAÇÕES: INTERNAS, IMPORTAÇÃO E INTERESTADUAIS QUE

DESTINEM O PRODUTO PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA ATÉ 30/04/2013

PERÍODO OP. INTERNA

/IMPORTAÇÃO

OP. INTERESTADUAL

1º/01/09 a 30/04/13* 30,00% 56,63%

Page 194: Manual Combust Ive Is

*Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. V, letra “a”, itens 1 e 2 e Anexo I, do RICMS/12

(item 16.7).

OPERAÇÕES: INTERNAS, IMPORTAÇÃO E INTERESTADUAIS QUE

DESTINEM O PRODUTO PARA O TERRITÓRIO DA BAHIA, A PARTIR DE

01/05/2013.

PERÍODO OP. INTERNA

/IMPORTAÇÃO

OP. INTERESTADUAL

1º/05/13 até hoje** 61,31% 94,35%

**Fonte Normativa: Ato Cotepe MVA 04/2013, que alterou o Ato Cotepe nº 21/08 e

Anexo I, do RICMS/12 (item 16.12 – com a redação dada pelo Dec. 14.450/13, efeitos a

partir de 01/05/2013).

1.3 – O Ato Cotepe MVA nº 21/08, com a redação dada pelo Ato Cotepe MVA nº

04/13, prevê a possibilidade de adoção de PMPF nas operações com lubrificantes

derivados de petróleo. Ainda não foi estabelecida valores de PMPF para fins de

substituição tributária. Prevalece, portanto, as margens de valor agregado (MVA’s).

1.4 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.4.1 - Operação promovida pelo distribuidor de lubrificantes: O valor da operação

acrescido de frete, seguro, tributos e outros encargos transferíveis iu cobrados ao

destinatário pelo substituto (Distribuidor) + MVA.

Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. V, letra “a”, do RICMS/97. Cláusula oitava do

Convênio ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.4.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do

documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de

cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,

inclusive ICMS - importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos

pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.

Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. V, letra “b”, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do

Conv. ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.4.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, sem

adição de MVA.

Fonte Normativa: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv.

ICMS 110/07.

2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

2.1 - A base de cálculo da operação própria é o preço unitário praticado pelo

estabelecimento distribuidor. Se a operação for praticado por estabelecimento fabricante

do lubrificante, deverá o ICMS ser incluído na sua própria base de cálculo.

Page 195: Manual Combust Ive Is

Fonte Normativa: Art. 56, inc. I , c/c o art. 52, do RICMS/97. Sem correspondência na

RICMS/12. Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I e § 1º, inc. I, da Lei

nº 7.014/96.

2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de

importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto

de importação, com a inclusão do próprio ICMS.

Fonte Normativa: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.

3 – ISENÇÃO

3.1 São isentas as operações de saída de óleos lubrificantes usados ou contaminados

para estabelecimento re-refinador ou coletor autorizado pela ANP – Agência Nacional

de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. O trânsito das mercadorias até o estabelecimento

re-refinador ou coletor autorizado, deverá ser efetuada com nota fiscal emitida pelo

destinatário, como operação de entrada, dispensando-se o estabelecimento remetente da

emissão de documento fiscal.

Fonte Normativa: Conv. ICMS 03/90, prorrogado até 31/12/14 pelo Conv. ICMS

101/12. Art. 21, inc. II, do RICMS/97 e art. 265, inc. XXIV, do RICMS/12.

3.2 - São isentas as operações de saída de óleo lubrificante derivado de petróleo para

abastecimento de aeronaves e embarcações nacionais com destino ao exterior.

Fonte Normativa: Conv. ICMS 84/90, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.

ICMS 151/94. Art. 21, I, do RICMS/97 e art. 265, inc. XX, do RICMS/12.

4 – NÃO INCIDÊNCIA (EQUIPARAÇÃO À EXPORTAÇÃO)

Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de lubrificantes derivados de

petróleo destinado a abastecer embarcações e aeronaves de bandeira estrangeira, que

estejam aportados em solo brasileiro. Nessa operação não há incidência de ICMS, desde

que sejam atendidas as seguintes condições:

a) operação efetuada ao amparo de guia de exportação;

b) adquirente sediado no exterior;

c) pagamento em moeda estrangeira;

d) comprovação de embarque pela autoridade competente.

Fonte normativa: Conv. ICMS 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.

ICMS 124/93.

5 – ALÍQUOTAS

5.1 - Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de

importação do exterior.

5.2 - Alíquota efetiva : 17% (dezessete por cento).

Page 196: Manual Combust Ive Is

OBSERVAÇÃO: não há tributação na unidade federada de origem, nas operações de

remessa interestadual de óleo lubrificante derivado de petróleo.

Fonte normativa: art. 6º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na lei estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96).

Page 197: Manual Combust Ive Is

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DOS LUBRIFICANTES NÃO DERIVADOS DE

PETRÓLEO NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2013 (ÚLTIMOS 05 ANOS)

ATUALIZADO ATÉ A ALTERAÇÃO Nº 19 DO RICMS/12 (DECRETO Nº

14.812/13)

Lubrificantes não derivados de petróleo – NCM 3403

A NCM 3403, de acordo com a TIPI – Tabela de

Incidência do IPI, engloba as preparações

lubrificantes (incluindo os óleos de corte, as

preparações antiaderentes de porcas e parafusos,

as preparações antiferrugem ou anticorrosão e as

preparações para desmoldagem, à base de

lubrificantes) e preparações dos tipos utilizados

para lubrificar e amaciar matérias têxteis, para

untar couros, peles com pelo e outras matérias,

exceto as que contenham, como constituintes de

base, 70% ou mais, em peso, de óleos de petróleo ou de minerais betuminosos.

De acordo com esta classificação todos os lubrificantes sintéticos ou semi-sintéticos,

por exemplo, que contenham com constituinte de base menos de 70%, em peso, de óleo

de petróleo ou de minerais betuminosos, é considerado, para fins tributários, produto

não derivado de petróleo. Da mesma forma os óleos lubrificantes de origem vegetal ou

animal, desde que contenham, na sua formulação, menos de 70%, em peso, de óleo de

petróleo ou de minerais betuminosos.

1 – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.2. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DO ICMS

São responsáveis pela retenção e recolhimento do ICMS-ST, o estabelecimento

Distribuidor de Lubrificantes e o Importador.

Fonte Normativa: Art. 512-A, inc. I, letra “b”, item 2; inc. II; e, inc. III, “b” c/c § 1º, inc.

II, do RICMS/97. Art. 289 c/c o Anexo I do RICMS/12 (substituição tributária interna).

Matéria também tratada no Conv. ICMS 110/07, cláusula primeira, por expressa

disposição do art. 295 do RICMS/12 (substituição tributária interestadual).

Page 198: Manual Combust Ive Is

1.2 – MARGENS DE VALOR AGREGADO (MVA’s com a inclusão da CIDE e das

contribuições do PIS/COFINS)

MVA’s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM

LUBRIFICANTES NÃO DERIVADOS DE PETRÓLEO PARA O TERRITÓRIO DO

ESTADO DA BAHIA, ATÉ 15/06/2012

PERÍODO OP.

INTERNA

OP.

INTERESTADUAL

OP. IMPORTAÇÃO

1º/01/09 a 30/04/13* ALIQ. 17% ALIQ.

7%

ALÍQ.

12%

30,00% 30,00% 30,00% 30,00%

*Fontes normativas: Art. 512-B, inc. VI, letras “a” e “b”, do RICMS/97 e o Anexo I,

RICMS/12 (item 16.8).

MVA’s OPERAÇÕES INTERNAS, INTERESTADUAIS E DE IMPORTAÇÃO COM

LUBRIFICANTES NÃO DERIVADOS DE PETRÓLEO DESTINADOS AO

TERRITÓRIO DA BAHIA, A PARTIR DE 01/05/2013

PERÍODO OP. INTERNA OP. INTERESTADUAIS

1º/05/13 até

hoje**

ALIQ. 17%

ALIQ. 7% ALÍQ. 12% ORIGINAD

O DE

IMPORTAÇ

AÕ 4%

61,31% 80,74% 71,03% 86,58%

**Fonte normativa: Ato Cotepe MVA 04/2013, que alterou o Ato Cotepe nº 21/08 e

Anexo I, do RICMS/12 (item 16.12 – com a redação dada pelo Dec. 14.450/13, efeitos a

partir de 01/05/2013)

1.3 – O Ato Cotepe MVA nº 21/08, com a redação dada pelo Ato Cotepe MVA nº

04/13, prevê a possibilidade de adoção de PMPF nas operações com lubrificantes não

derivados de petróleo. Ainda não foi estabelecida valores de PMPF para fins de

substituição tributária. Prevalece, portanto, as margens de valor agregado (MVA’s).

1.4 – BASE DE CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

1.4.1 - Operação promovida pelo distribuidor de lubrificantes: O valor da operação

acrescido de frete, seguro, tributos e outros encargos transferíveis ou cobrados ao

destinatário pelo substituto (Distribuidor) + MVA.

Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. VI, letra “a”, do RICMS/97. Cláusula oitava do

Convênio ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.4.2 - Operação promovida pelo importador: valor da mercadoria constante do

documento de importação, que não pode ser inferior ao valor que serviu de base de

cálculo para o imposto de importação, acrescido de valores correspondentes a tributos,

Page 199: Manual Combust Ive Is

inclusive ICMS - importação, contribuições, frete, seguro e outros encargos devidos

pelo importador, adicionada da respectiva MVA prevista em Ato Cotepe.

Fonte Normativa: Art. 512-B, inc. VI, letra “b”, do RICMS/97. Clausula oitava, § 1º, do

Conv. ICMS 110/07, c/c a disposição do art. 289, § 6º, do RICMS/12.

1.4.3 - Operação que destine o produto a consumo final: o valor da operação, sem

adição de MVA.

Fonte Normativa: Art. 512-B, § 3º, do RICMS/97. Cláusula décima terceira do Conv.

ICMS 110/07.

2. BASE DE CÁLCULO DA OPERAÇÃO PRÓPRIA

2.1 - A base de cálculo da operação própria é o preço unitário praticado pelo

estabelecimento distribuidor. Se a operação for realizada por estabelecimento fabricante

do lubrificante não derivado de petróleo, base de cálculo será o valor da operação.

Fonte Normativa: Art. 56, inc. I , do RICMS/97. Sem correspondência na RICMS/12.

Matéria tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. I da Lei nº 7.014/96.

2.2 - No caso de importação, a base de cálculo é o valor constante do documento de

importação, que não pode ser inferior ao que serviu de base de cálculo para o imposto

de importação, com a inclusão do próprio ICMS.

Fonte Normativa: Art. 58, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na lei estadual do ICMS - art. 17, inc. VI, da Lei nº 7.014/96.

3 – ISENÇÃO

São isentas as operações de saída de óleo lubrificante não derivado de petróleo para

abastecimento de aeronaves e embarcações nacionais com destino ao exterior.

Fonte Normativa: Conv. ICMS 84/90, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.

ICMS 151/94. Art. 21, I, do RICMS/97 e art. 265, inc. XX, do RICMS/12.

4 – NÃO INCIDÊNCIA (EQUIPARAÇÃO À EXPORTAÇÃO)

Equipara-se à exportação, para efeitos fiscais, a saída de lubrificantes não derivados de

petróleo destinado a abastecer embarcações e aeronaves de bandeira estrangeira, que

estejam aportados em solo brasileiro. Nessa operação não há incidência de ICMS, desde

que sejam atendidas as seguintes condições:

a) operação efetuada ao amparo de guia de exportação;

b) adquirente sediado no exterior;

c) pagamento em moeda estrangeira;

d) comprovação de embarque pela autoridade competente.

Page 200: Manual Combust Ive Is

Fonte normativa: Conv. ICM 12/75, prorrogado por prazo indeterminado pelo Conv.

ICMS 124/93.

5 – ALÍQUOTAS

5.1 Alíquota nominal de 17% (dezessete por cento), nas operações internas e de

importação do exterior. Alíquota interna efetiva: 17% (dezessete por cento).

5.2 - Alíquota de 12% (doze por cento) nas remessas para fora do Estado, com origem

no território da Bahia;

5.3 – Alíquota de 7% (sete por cento), nas operações originárias do Sul e Sudeste,

exceto ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia;

5.4 – Alíquota de 12% (doze por cento), nas operações originárias do Norte, Nordeste e

Centro-Oeste, inclusive ES, que destinem a mercadoria para o território da Bahia.

5.5 – Alíquota de 4% nas remessas interestaduais de óleos lubrificantes não derivados

de petróleo quando o produto tiver origem em operação de importação.

Fonte Normativa: Art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada da lei estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº

7.014/96). Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de

2013.

Page 201: Manual Combust Ive Is

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012;

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 – www.anp.gov.br

6 - http://www.lubrificantes.net/

7 - http://www.rodotransporte.com.br.