BLOCO I: Princípios gerais de protecção das culturas
Módulo 1
Boas Práticas Fitossanitárias
CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE
ÉVORA
União europeia
Fundo social europeu
BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA
Prática em que os tratamentos fitossanitários realizados a plantas ou a produtos vegetais
com produtos fitofarmacêuticos sào efectuados em conformidade com as condições
homologadas e são seleccionados, doseados e aplicados de modo a garantir uma eficácia
aceitável com o mínimo de quantidade necessária e atendendo aos condicionalismos
locais e às possibilidades de controlo cultural e biológico.
É utilizar os produtos fitofarmacêuticos da melhor forma, sem por em causa o
aplicador, a eficácia do produto, o ambiente e as espécies não visadas. Para isso a
melhor forma de o conseguir é aplicá-lo de acordo com o rótulo.
Conjunto de recomendações gerais e específicas (por cultura) sobre as melhores práticas de protecção e que orientam a decisão sobre a necessidade de utilizar PF. de quando e de como os utilizar, de modo a assegurar a sua utilização segura e eficaz.
Princípios gerais
Identificação dos organismos a combater e respectivos limiares de intervenção
Análise e selecção dos meios de luta (cultural, biológico, química, biotécnica...)
No caso da luta quimica, seguir as preconizações do rótulo
Assegurar as condições de segurança para o aplicador, consumidor e ambiente e
espécies não visadas
EFICÁCIA
A eficácia é medida tendo em conta os efeitos positivos e negativos
de um PF e corresponde à fitotoxicidade de um PF sobre o agente
biológico a combater.
ou seja,
ser eficaz é conseguir atingir um dado objectivo !
A eficácia biológica conseguida com um
determinado produto depende de:
a aplicação garantir a correcta
distribuição e deposição do
produto no alvo visado
O produto ser o indicado para o objectivo pretendido
a aplicação ser realizada na altura correcta
Produto
Timing Aplicação
• O inimigo de cultura atingiu o Nível Económico de Ataque
• Modo de acção do PF
• Condições meteorológicas
• TIMING DA APLICAÇÃO
• O inimigo de cultura atingiu o Nível Económico de Ataque
• Modo de acção do PF
• Condições meteorológicas
• Precipitação
•Temperatura
• Vento
• Humidade Relativa
• TIMING DA APLICAÇÃO
• Precipitação
A ocorrência de precipitação pouco tempo após o tratamento
pode originar diminuição de eficácia
Em geral é necessário que nas 2-3 horas após o tratamento não
ocorra precipitação para que os PFs sistémicos penetrem nos
tecidos vegetais e os protectores adiram à superfície foliar
• Condições meteorológicas
• Temperatura
Temperatura mínima: temperaturas demasiado baixas podem
diminuir a actividade dos PFs aplicados ou provocar
fitotoxicidade
Temperatura máxima: depende do tipo de aplicação (tamanho da
gota versus risco de evapotranspiração) e do produto
usado
• Condições meteorológicas
Ex: observe o movimento do fumo como indicador das condições de
vento
Inversão Turbulento Neutro
• Condições meteorológicas
O vento pode ser um factor limitante da aplicação de PFs devido ao
risco de deslocamento da nuvem de pulverização (perdas por drift)
Em geral recomenda-se que:
Parar a aplicação quando a velocidade do vento for superior a 5 m/s
• Vento
Timing da aplicação/Condições meteorológicas/Vento
sinais visíveis descrição velocidade do vento pulverização
fumo sobe na vertical calmo < 0.5 m/s (< 2
km/h; 1.2 mph) média ou grosseira
o movimento do fumo
mostra a direcção do
vento
vento fraco 0.5-0.9 m/s (2-3.2 km/h;
1.2 - 2 mph) boas condições para pulverizar
ouve-se a folhagem brisa leve 0.9-1.8 m/s (3.2 -6.5
km/h; 2-4 mph) Ideal para pulverizar
Folhas e pequenos galhos em constante movimento
brisa suave 1.8 -2.7 m/s (6.5 - 9.6
km/h; 4-6 mph)
Risco acrescido de deriva; evitar pulverizar herbicida
Os ramos pequenos brisa
moderada 2.7 — 4.0 m/s (9.6 -14.5
km/h; 6- 9 mph) Não aconselhável
• CULTURA VISADA
• Diferentes culturas exigem diferentes tecnologias de aplicação
Ex: superfície cerosa, folhas com inserção perpendicular, alvo encoberto, copa densa
• TIMING DA APLICAÇÃO
• CULTURA VISADA
• QUALIDADE DA APLICAÇÃO
• Evitar a deriva da pulverização (drift)
• Evitar o escorrimento da pulverização (run-off)
• Quantidade de produto depositada no alvo visado
QUALIDADE DA APLICAÇÃO - Evitar a deriva da pulverização (drift)
Há que minimizar a deposição de pulverização sobre alvos não visados!
A deriva da pulverização significa:
• Contaminação do ambiente e do
aplicador
• baixo rácio dose aplicada/depósito no
alvo visado
A deriva da pulverização pode ser mantida
sob controlo através do uso de tecnologia
"low drift" ( por ex. bicos low drift e
deflectores para direccionar o fluxo de ar)
Bicos anti-
deriva
Pulverizador anti-deriva
pomares/vinhas: Pulverizador que
recolhe a calda que não atinge o alvo;
Há que minimizar a quantidade de calda que não atinge o alvo visado!
A deriva de pulverização pode
ser minimizada:
Boas condições de pulverização
Velocidade de vento < 3 m/s
Temperatura < 25 °C
QUALIDADE DA APLICAÇÃO - Evitar o escorrimento da pulverização (run-off)
O escorrimento conduz a:
baixo rácio dose aplicada/depósito
no alvo visado
Resultado típico:
Protecção
insuficiente
Quantidade
excessiva
Seleccione o tamanho dos bicos de modo a aplicar um volume de pulverização abaixo do
ponto de run-off
Tamanho da gota - Cobertura - Actividade - Drift
Melhor
controlo da
deriva de
pulverização
Melhor
actividade
biológica
QUALIDADE DAAPUCAÇÃO
Quantidade de produto depositada no alvo visado
Quanto mais produto atinge o alvo - maior a eficiência em termos de custo!
Evaporação
Deriva da pulverização
Contaminação do
operador
Perdas para o solo
Perdas para o solo
Conseguir uma boa cobertura do alvo visado com um depósito uniforme é desejável
mas nem sempre possível
QUALIDADE DA APLICAÇÃO
Quantidade de produto depositada e sua distribuição
A quantidade de produto depositada por unidade de superfície e o padrão de distribuição
são factores chave para a obtenção de uma eficácia elevada
Um depósito
uniforme conduz
a uma protecção
melhor e mais
robusta
VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA APLICAÇÃO Papel hidrosensivel (PHS)
Monitorizar o depósito da pulverização
PHS antes de ser pulverizado
PHS após ser pulverizado
Antes de iniciar a pulverização coloque pedaços
de PHS em pontos importantes para o tratamento
Densidade de gotas (nº gotas/cm2) vs diâmetro das gotas
O mesmo volume de calda com coberturas diferentes
Maior nº de gotas mas de menor tamanho significa também um maior
potencial para haver deriva da pulverização
VMD1300
um n =
800
VMD 5300
um n = 13
VMD 2700
um n =
100
Relação entre Volume e VMD*
Volume VMD (um)
Alto Volume > 300
Médio Volume 201 - 300
Baixo Volume 101 -200
Muito Baixo Volume 70-100
Ultra Baixo Volume < 70
Relação entre o tamanho e a densidade das gotas
um Uso N° mínimo de gotas/cm2
150-250 fungiddas 50-70
200-300 Insecticidas 20-30
200-600 Herbicidas 20-40
Classificação dos volumes de calda por tipo de cultura (litros)
Culturas Alto
Volume
Médio
Volume
Baixo
Volume
Muito Baixo
Volume
Ultra Baixo
Volume
Arbóreas e Arbustivas >1000 500-1000 200-500 5-200 <5
Baixas >700 200-700 50-200 5-50 <5
QUALIDADE DA APLICAÇÃO Para obter uma
aplicação correcta é necessário
verificação e manutenção regular de bicos, filtros, manómetro, bomba,...
maquinaria equipada de acordo com o uso pretendido
• Equipamento calibrado
Calibração do caudal, velocidade, fluxo de ar: volume de ar, velocidade e
direcção, etc. de forma a optimizar o depósito da pulverização no alvo
visado
• Equipamento adequado e com manutenção adequada
• Dose de PF e volume de pulverização correctos
De acordo com a cultura, estado fenológico, equipamento de pulverização e
condicionalismos locais
REGRAS GERAIS PARA OBTER UMA BOA APLICAÇÃO DE PFs
• Ler o rótulo (...é um documento legal)
• Aplicar as doses recomendadas
• Adaptar os volumes de calda ao equipamento a à dimensão do alvo
• Evitar o escorrimento da pulverização (run-off)
• Evitar a deriva da pulverização (drift). Parar de pulverizar se a velocidade do vento atingir
valores superiores a 3-5 m/s
• monitorizar a distribuição da pulverização com papel hidrosensível
QUALIDADE DA APLICAÇÃO
Uma correcta aplicação é um pré-requisito para a obtenção do melhor resultado uma vez
que:
• A qualidade da aplicação é um factor limitante do desempenho do produto
• A existência de gotas que não atingem o alvo visado
- são gotas a menos no controlo
- podem ter um impacto indesejável no ambiente
- economicamente desvantajoso para o agricultor
RESUMINDO
- Não é BPF utilizar doses mais elevada que a estabelecida pelo sistema de
homologação:
- Não é BPF utilizar volumes muito elevados ou muito reduzidos, em relação ao
estabelecido nos rótulos com vista à redução do escorrimento ao mínimo possível
protegendo assim as águas, o solo e a fauna sem por em causa a eficácia.
- BPF consiste também na escolha do matenal e das condições de aplicação para
assegurar que a maior parte do produto atinja o alvo com um desperdício mínimo através do
escorrimento para o solo ou do arrastamento pelo vento;
-É BPF a escolha do bico adequado, pressão, velocidade, volume e dimensão das gotas:
- O material de aplicação deve ser correctamente regulado em função do objectivo do
tratamento a fim de que a dose adequada seja bem apiicada. e o seu bom funcionamento
deve igualmente ser regularmente verificado.
RESUMINDO
- Avisar os agricultores (previsto no DL 173/2005) vizinhos em caso de tratamentos com
produtos que. de acordo com o rótulo, são perigosos para as abelhas. Nestes casos, sendo
possível, os tratamentos devem ser feitos em periodos do dia em que habitualmente as
abelhas estão recolhidas em colmeias:
- Colher os produtos após ter decorrido o intervalo de segurança:
- Nunca realizar um tratamento com temperatura demasiado baixas ou demasiado
elevadas. O ideal será tratar quando a temperatura se situar entre os 6 e os 20° C:
- A velocidade do vento é também um factor importante já que diminui os riscos de deriva,
assim, a velocidade do vento deverá situar-se abaixo dos 10 Km/h:
- Refira-se que gotas demasiado pequenas podem ser arrastadas pelo vento até cerca de
17 quilómetros, razão pela qual a pressão de funcionamento deverá ser a adequada:
RESUMINDO
- Seleccionar, de entre os produtos aprovados para a finalidade pretendida, aquele que se
considere mais adequado, no que se refere à eficácia biológica, devendo ser escolhido o
menos tóxico, e cumprindo sempre as intenções do rótulo para a sua utilização:
- Utilizar as concentrações e doses indicadas no rótulo, não as excedendo;
- Seleccionar o EPi de acordo com o recomendado no rótulo do produto e a sua utilização
devida. Esta recomendação é feita em função da toxicidade do produto, do tipo de operação
(manipulação, preparação de calda, aplicação) e do tipo de aplicação (ar livre, estufas,
outros espaços confinados):
- Escolher o momento adequado para as aplicações, tendo em conta a fenologia ou
desenvolvimento da cultura e evitando fazer os tratamentos em condições meteorológicas
adversas tais como. chuva, vento, horas mais quentes do dia:
Gestão de Resistências
Resistência - E a capacidade genética de alguns biótipos de espécies de inimigos das culturas (pragas doenças, infestantes ) que. no âmbito de uma população dessa espécie, sobrevivem a um tratamento pesticida que. em condições normais, combate eficazmente essa espécie
Fungicidas
: Efectuar estratégias preventivas
: Privilegiar produtos que contenham mais que uma substância activa
Alternar produtos fitofarmacêuticos com modo de acção diferentes
Não ultrapassar o número máximo de tratamentos prescritos no rótulo
Respeitar as doses e concentrações recomendadas no rótulo
Garantir uma boa qualidade na aplicação realizando uma boa cobertura de todos os
órgãos da planta.
Gestão de Resistências
Insecticidas
• Adaptar práticas naturais de limitação de pragas (rotação de culturas,
variedades resistentes: destruição de restos de cultura: eliminação dos
hospedeiros das pragas...) e medidas de controlo biológico. sempre que
possível:
• Sempre que possível utilizar produtos selectivos e que não afectem os
auxiliares;
• Respeitar as doses e concentrações recomendadas no rótulo:
• Privilegiar produtos que contenham mais que uma substância activa
• Alternar produtos fitofarmacèuticos com modo de acção diferentes:
• Não ultrapassar o número máximo de tratamentos prescritos no rótulo.
• Garantir uma boa qualidade na aplicação realizando uma boa cobertura de todos os
órgãos da planta
• Controlar a praga no estádio mais sensível:
Tratar apenas quando atingido o nível económico de ataque:
• Sempre que se verifique quebra de eficácia mudar para um produto com outro modo
de acção.
Gestão de Resistências
Herbicidas
• Adoptar a rotação de culturas
• Práticas culturais (utilizar sementes com um elevado grau de pureza, controlo
mecânico...)
• Alternar produtos fitofarmacéuticos com modo de acção diferentes
• Limitar o número de aplicações com herbicidas simples
• Não ultrapassar o número máximo de aplicações prescritas no rótulo • Respeitar as
doses recomendadas no rótulo
• Regular (pressão) e calibrar (volume de calda) adequadamente o equipamento de
pulverização em função das indicações do rótulo
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