MISSÃO SALESIANA DE MATO GROSSO – MANTENEDORA
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PAGAMENTO DE JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO: UM ESTUDO DE CASO
NA CECRES – SP
PAYMENT OF INTEREST ON EQUITY: A CASE STUDY IN CECRES – SP
Adm. Esp. Luiza dos Santos Oliveira – [email protected]
Prof. Orientador Me. Irso Tófoli – Unisalesiano Lins – [email protected]
Profª. Ma. Jovira Maria Sarraceni – Unisalesiano Lins - [email protected]
RESUMO
Oriundos das transações financeiras e de crédito cooperativo, os juros sobre o capital próprio são consequências de taxas que excedem aos custos totais e representam um numerário a ser devolvido ao capital social ao fim de cada exercício social na proporcionalidade e limites legais preestabelecidos. A opção pelo pagamento de juros proporciona benesses à cooperativa e ao associado, bem como, figura em uma estratégia fiscal a ser considerada. No decorrer deste trabalho é apresentada a CECRES, unidade de Lins-SP, com o objetivo de levantar através da pesquisa de campo realizada no período de fevereiro a outubro de 2014, os aspectos voltados para a formação, a política estratégica de geração e de distribuição dos juros sobre capital próprio adotada pela cooperativa , bem como o procedimento de pagamento destes excedentes de capital utilizados, assim como, rateio e métodos de devolução. Palavras - chave: Juros sobre capital próprio. Cooperativismo de crédito. Gerenciamento de spreads.
INTRODUÇÃO
Em razão de uma série de fenômenos econômicos e financeiros advindos da
abertura de mercado, as organizações foram incitadas a repensar sua forma de
atuação no ambiente econômico em que se inserem, sendo motivadas a gerirem seus
negócios com uma visão que ultrapassa o ponto de vista individual, mas que envolve
a construção de uma gestão coletiva, que consegue sustentar sua estrutura, e ter um
desempenho econômico e financeiro positivo em prol de todos os envolvidos.
Neste cenário, as cooperativas de crédito ganharam notoriedade e deixaram de
participar da economia de forma secundária, pois seu modelo de gestão mostrou-se
como uma das opções mais ajustadas no suprimento destas novas necessidades
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organizacionais, passando a ser considerado um dos mais bem estruturados sistema
de crédito.
Seu modelo de gestão permite o fortalecimento da sociedade e promove nos
cooperados a assertividade de um investimento que gera real retorno financeiro,
aliado a uma estrutura, onde sua concepção e ações oportunizam com
desenvolvimento e a transparência na gestão.
De acordo com Cattani (2003), as cooperativas de crédito são constituídas para
prestar serviços de caráter financeiro-bancário aos associados e à comunidade onde
atuam. Podendo, quando bem administradas, apresentar resultados positivos, sobras,
ou juros sobre capital próprio, que posteriormente retornam aos sócios.O resultado
dos excedentes de capital é representado pelos investimentos que os associados
injetam na cooperativa e que são revertidos aos mesmos.
Neste encadeamento, o superávit gerado nas operações com os cooperados
denomina-se sobras ou juros sobre capital próprio que posteriormente e
proporcionalmente às operações que as deram origem devem ser-lhes pagas
adicionalmente.
Para Barroso (2009), o padrão de distribuição de sobras está correlacionado
ao nível de desempenho das cooperativas, pois quando os gestores decidem pela
distribuição de sobras como forma de atrair os cooperados o resultado é a melhoria
do desempenho da sociedade cooperativa como um todo.
No entanto, o pagamento destes resultados excedentes não deve ocorrer de
modo aleatório, visto que sua distribuição é regulamentada pelo Art. 7 da Lei 130/2009
que veda as cooperativas de distribuir qualquer espécie de benefício às quotas-parte
do capital, excetuando-se remuneração anual limitada ao valor da taxa referencial do
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais.
Assim, o planejamento de políticas de formação e de gerenciamento dos
spreads de capital cooperativo é essencial e deve considerar as regulamentações
legais e prover o direcionamento das cooperativas de crédito aos objetivos dos
diversos cooperados de forma que garanta atender a contento os tomadores como
também remunerar os aplicadores dentro de um percentual satisfatório.
No decorrer do trabalho é apresentada a Cecres – Cooperativa deCooperativa
de Economia e Crédito Mútuo dos Empregados e Servidores da Sabesp e Empresas
de Saneamento Ambiental do Estado São Paulo, unidade estabelecida em Lins – SP,
cenário do desenvolvimento desta pesquisa.
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A Cecres, uma das cooperativas de estrutura e capital mais consolidados no
mercado do cooperativismo crédito brasileiro, diferencia-se em sua atuação, por
carregar em seu cerne a racionalidade técnica e financeira direcionada à assistência
educacional do cooperado, de modo a garantir a saúde de suas finanças pessoais e
o incentivo à poupança.
Neste âmbito, o processo operacional creditício da Cecres se volta para a
orientação do cooperado através do conhecimento e incentivo a hábitos que valorizam
a adequada aplicação dos recursos financeiros próprios e que promovam seu manejo
de forma responsável.
OBJETIVOS
Com o propósito de verificar a importância do pagamento de juros ao Capital
Social nas Cooperativas de Crédito, sua formação e gerenciamento, foi realizada uma
pesquisa de campo na empresa CECRES - Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo
dos Empregados e Servidores da Sabesp, localizada na Rua Tenente Florêncio Pupo
Netto, 300 - Jardim Americano - Lins - SP. Com isto, buscou-se sanar o seguinte
questionamento: como são tomadas as decisões de distribuição dos excedentes do
Capital Social de Cooperativas de Crédito provenientes do juro sobre capital próprio?
METODOLOGIA
Para a realização da pesquisa utilizou-se das seguintes metodologias:
a) Estudo de Caso – realizado a fim de analisar aspectos voltados para a
oferta de créditos disponibilizados pela cooperativa, bem como o
procedimento de pagamento de excedente de juros utilizados.
b) Método de Observação Sistemática: foram observados, analisados e
acompanhados os procedimentos aplicados às políticas de concessão
de créditos, análise de riscos, indexadores inflacionários e método de
devolução dos excedentes de capital. Tais ações foram executadas a
fim de oferecer suporte para o desenvolvimento do estudo de caso.
c) Método Histórico: levantamento de dados e informações relevantes
sobre o contexto histórico da empresa, bem como, sua posição no
mercado atual com a finalidade de propiciar melhor conhecimento do
ambiente empresarial estudado.
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1 COOPERATIVAS DE CRÉDITO E DE ECONOMIA E DE CRÉDITO
MÚTUO
As cooperativas de crédito são instituições financeiras em que predominam
aspectos sociais, em razão do acesso mais democrático ao crédito e da prática de
taxas de juros mais competitivas que outras instituições financeiras do mercado,
inclusive do que os bancos comerciais. (GONÇALVES, CIRINO, BRAGA, 2008)
São associações autônomas de pessoas que se unem, voluntariamente, para
satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por
meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente administrada.
Estas cumprem o papel de intermediar as atividades financeiras de seus associados,
objetivando promover a captação de recursos financeiros para financiar suas
atividades econômicas, a administração de suas poupanças e a prestação dos
serviços de natureza bancária por eles demandada. (SCHARDONG, 2003)
As cooperativas de economia e de crédito mútuo, por sua vez, possuem o
quadro social formado por pessoas físicas e excepcionalmente por pessoas jurídicas
que na forma da lei, se constituem como micro e pequenas empresas e que possuem
as atividades que correlacionam com as dos associados, inclusive às sem fins
lucrativos, excetuando as de gestão da cooperativa de crédito. (FULGÊNCIO, 2007)
1.1 A Cecres
A Cecres denominada de Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos
Empregados e Servidores da Sabesp e Empresas de Saneamento Ambiental do
Estado de São Paulo foi constituída em 12 de junho de 1985, por apenas 30
cooperados, que descontentes com as grandes transformações e inseguranças
políticas e socioeconômicas da época se uniram na tentativa de alcançar mais
qualidade de vida e tranquilidade financeira. (CECRES, 2014a)
Naquela época, os trinta empregados ingressantes não previam que daquela
união originaria uma das maiores instituições financeira de sociedade de pessoas, de
natureza civil e sem fins lucrativos - a CECRES, um negócio que daria certo e que
atenderia muito além de seu objetivo inicial – o de suprir às necessidades dos
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funcionários da Sabesp, oferecendo linhas de crédito com juros e benefícios mais
acessíveis. (CECRES, 2014a)
O sucesso da cooperativa era notável, sua aceitação no mercado era uma
crescente, o que favoreceu maior abrangência de mercado e fez com que o Banco
Central do Brasil, após criteriosa análise, permitisse sua expansão e abertura
estatutária para todo saneamento básico e ambiental do Estado de São Paulo.
(CECRES, 2014a)
O êxito alcançado e a forte aceitação de seus serviços financeiros no mercado
viabilizaram a expansão da empresa por outras regiões do Brasil, que passou também
a operar nas cidades de Franca, Botucatu, Itapetininga, Presidente Prudente e Lins
através de PACs (Postos Avançados Cecres), facilitando e promovendo maior rapidez
nas transações e intermediações financeiras com a sede. (RODRIGUES; PAIVA,
2005)
Atualmente, a CECRES opera como cooperativa de economia e crédito mútuo
para todos os funcionários cooperados das empresas de Saneamento Ambiental do
Estado de São Paulo e empresas conveniadas, no entanto, a maior laboração dos
seus serviços financeiros e bancários estão concentrados na Sabesp (Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo), empresa fundadora da Cecres, a qual
trata-se de uma empresa de economia mista. (CECRES, 2014b)
Nos dias atuais, a CECRES destaca-se no seu mercado de atuação, pois
conseguiu se posicionar de forma sólida e inteligente, sendo contemplada como uma
instituição consolidada e referência no mercado cooperativo de economia e crédito
mútuo, principalmente por manter uma postura de respeito e ser reconhecida por seus
cooperados como uma das melhores soluções econômica e financeira para a
valorização dos seus recursos monetários. (CECRES, 2014a)
2 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO
Os juros sobre capital próprio são proventos que o acionista recebe da empresa
e diferente dos dividendos não são pagos de acordo com o desempenho da empresa
no período. São pagamentos baseados em reservas de lucros, nos resultados
apresentados em anos anteriores, mas que ficaram retidos na empresa. (RUIZ, 2003)
Para Vieira (2011), os juros sobre capital próprio podem ser conceituados como
uma remuneração monetária aos investidores, acionistas ou associados de uma
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empresa, onde estes recebem um valor em dinheiro proporcional ao número de ações
ou quotas-partes que detém.
2.1 Limite legal de distribuição dos juros sobre capital próprio nas
cooperativas de crédito
De acordo com a Lei Complementar 130 de 2009 a distribuição dos juros
captados através das transações do crédito cooperativo passou a ser orientada pelo
que vem especificado nos artigos dispostos na íntegra a seguir:
a) Art. 7o - É vedado distribuir qualquer espécie de benefício às quotas-
parte do capital, excetuando-se remuneração anual limitada ao valor da
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic
para títulos federais.
b) Art. 8o - Compete à assembléia geral das cooperativas de crédito
estabelecer a fórmula de cálculo a ser aplicada na distribuição de sobras
e no rateio de perdas, com base nas operações de cada associado
realizadas ou mantidas durante o exercício, observado o disposto no art.
7o desta Lei Complementar.
c) Art. 9o - É facultado às cooperativas de crédito, mediante decisão da
assembléia geral, compensar, por meio de sobras dos exercícios
seguintes, o saldo remanescente das perdas verificadas no exercício
findo.
d) Parágrafo único. Para o exercício da faculdade de que trata o caput
deste artigo, a cooperativa deve manter-se ajustada aos limites de
patrimônio exigíveis na forma da regulamentação vigente, conservando
o controle da parcela correspondente a cada associado no saldo das
perdas retidas.
e) Art. 10º - A restituição de quotas de capital depende, inclusive, da
observância dos limites de patrimônio exigíveis na forma da
regulamentação vigente, sendo a devolução parcial condicionada, ainda,
à autorização específica do conselho de administração ou, na sua
ausência, da diretoria.
2.2 Formação dos juros sobre o capital próprio na Cecres
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As cooperativas de crédito são capazes de gerarem excedentes de capital ou
sobras quando as suas taxas operacionais sobrepujam aos custos ou quando os seus
associados usufruem ao máximo os serviços que lhes são ofertados.
Para Becho (2005), os resultados positivos ou excedentes das cooperativas
são gerados porque esta objetiva para si apenas a satisfação dos custos
administrativos e operacionais, para atingir um resultado que lhe é compulsório.
Neste enfoque, as atividades operacionais da Cecres que se despontam na
geração de juros ao capital próprio são os empréstimos, os depósitos a vista e a prazo,
e o aumento do patrimônio líquido que também se altera pela admissão de novos
cooperados.
Todavia, na Cecres, a operação que apresenta maior fluxo e demanda são as
carteiras de crédito, essencialmente os empréstimos, estes são concedidos baseados
primeiramente no capital acumulado, ou seja, o cooperado pode solicitar até sete
vezes o valor de capital acumulado, segundo critério, o valor da parcela não pode
ultrapassar 30% do salário do cooperado.
Os empréstimos são solicitados à CECRES, tanto na sede em São Paulo,
quanto nos postos de atendimento ao cooperado (PACs) e via internet.
O fato de a Cecres possuir postos de atendimento (PACs) em ambiente físico
das empresas cooperadas não interfere nas liberações de crédito, pois estas não têm
nenhum vínculo com tais atribuições.
O Serviço Social de cada empresa cooperada pode apenas encaminhar para a
CECRES os casos críticos e urgentes que por estas são avaliados, no entanto,
quando isto ocorre, a liberação é totalmente vinculada aos tramites CECRES e mesmo
nessas condições especiais estas não têm nenhuma autonomia sobre qualquer
liberação.
As empresas cooperadas da Cecres quando apresentarem insuficiência de
capital de giro também se beneficiam dos empréstimos nos mesmos critérios dos
cooperados (pessoa física). Salienta-se que somente as entidades que representam
funcionários são cooperadas, ou seja, as que não têm como objetivo o lucro.
Outra atividade operacional que apresenta tendência a alcançar a mesma
representatividade para a origem dos spreads de capital da Cecres são os depósitos
à vista e a prazo, que além de acrescentarem em volume o capital da cooperativa,
constituem fonte de recursos laboral e de matéria-prima aos tomadores.
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2.3 Política estratégica de geração e de distribuição dos juros sobre capital
próprio da Cecres
A política de geração ou de distribuição dos excedentes dos juros capital
próprio na Cecres é estabelecida mediante estratégias que são definidas conforme
pesquisa das necessidades dos cooperados e do mercado em que a Cecres atua e
fornece serviços caracterizados pelos atos não cooperados.
Após a conclusão da pesquisa e do estudo de seus resultados pela gerência
financeira, tal resultado é levado para a Diretoria para verificação e consideração da
viabilidade ou não de implementação das propostas geradas, momento em que
analisa, efetua os questionamentos e propõe os possíveis ajustes que se fizerem
necessários. Concluída esta etapa, a estratégia de suprimento das necessidades do
mercado é levada para aprovação em assembléia geral ordinária, e a partir de sua
implementação é efetuado o controle para detectar possíveis desvios e efetuar as
correções necessárias.
Desta forma, além de promover a inovação das carteiras de crédito e dos
serviços prestados, promove-se a satisfação geral dos cooperados, que
consecutivamente os adquirem para suprir as necessidades levantadas nas pesquisas
e tais aquisições são fontes formadoras dos juros sobre capital próprio.
2.4 Rateio de distribuição dos juros sobre capital próprio na Cecres
O artigo 24, § 3°, da Lei n° 5.764/71, complementado pela Lei 130/09, proíbe
expressamente a distribuição de qualquer espécie de benefício às quotas partes do
capital, ou a instituição de outras vantagens ou privilégios, entre eles, as sobras,
exceto juros de até o máximo do limite da Taxa Selic ao ano pelas cooperativas de
crédito. Estas sobras devem ser rateadas proporcionalmente à atividade do
cooperado no período ou ao critério estabelecido em estatuto.
Para Menein e Port ( 2012), os vários critérios a serem analisados conduzem
às cooperativas de crédito a diferentes bases de cálculo e formas de distribuição dos
excedentes entre os associados que operaram no exercício findo, tais como:
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a) somente pelo saldo médio das operações mantidas com a cooperativa
(empréstimos e depósitos, por exemplo);
b) pelos os montantes de juros pagos pelo associado (no caso de
empréstimos) ou de juros recebidos pelo associado (no caso de
depósitos a prazo);
c) de forma proporcional ao spread gerado pela operação realizada pelo
associado.
Ao distribuir juros, a Cecres contempla todos os seus cooperados. As sobras
líquidas, deduzidas as parcelas destinadas aos Fundos Obrigatórios, são distribuídas
aos associados proporcionalmente às operações realizadas com a cooperativa, salvo
deliberação em contrário da Assembléia Geral, sempre respeitada a
proporcionalidade do retorno. Tal metodologia deve sempre ser norteada pelos
requisitos estabelecidos pela política da cooperativa, pelas porcentagens instauradas
no estatuto próprio e dentro do que determina a Lei Complementar 130/2009.
Destarte, visando efetuar o pagamento do juro ao capital social de forma justa
a Cecres rateia proporcionalmente à atividade do cooperado no período ou ao critério
estabelecido em estatuto e assim estipula o montante que cada um deve receber de
acordo com as atividades financeiras realizadas com e na cooperativa.
2.5 Formas de devolução dos juros sobre capital próprio na Cecres
De acordo com Krueger (2003), o pagamento das sobras divisíveis pode ser
devolvido aos cooperados em conta corrente ou em conta de capital, estas formas
denominam-se como método direto ou indireto.
As decisões demandas pelos gestores Cecres em relação à distribuição dos
resultados se dão pelo método indireto. Tão logo a empresa decide sobre as reservas
e provisões indivisíveis, executa-se o rateio da parte devida à intermediação
financeira. Logo após, a porcentagem divisível dos juros sobre capital próprio é
incorporada ao Capital, e por consequência o cooperado passa a ter uma oferta maior
em novos créditos ou serviços.
Nota-se que a estratégia de distribuição dos juros nesta cooperativa é
direcionada ao fortalecimento do capital da cooperativa e manutenção da mesma no
mercado. Assim, sua capacidade de liquidez é preservada e sua missão
organizacional alcançada.
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2.6 Destinações compulsórias estabelecidas legalmente
As sobras apuradas nas cooperativas são obrigatoriamente destinadas à
formação de ao menos dois fundos assistenciais.
Conforme a Lei 5.64/71 e estatuto próprio, a distribuição das sobras apuradas
pelas cooperativas de crédito deve atender as seguintes proporções:
a) cinco por cento (5%) para o FATES: percentual das sobras que ao fim
de cada exercício deve ser somado às receitas de possíveis atos não-
cooperativos e destinadas ao FATES. O valor do FATES quando não
for utilizado dentro de um determinado período fica acumulado para o
próximo.
b) quarenta e cinco por cento (45%) ao fundo de Reserva, ao final de cada
exercício conforme estatuto padrão das cooperativas, este representa o
quanto a cooperativa possui de recursos provenientes de seu resultado
em anos anteriores.
f) cinquenta por cento ( 50%) à disposição da Assembléia Geral Ordinária:
momento em que Conselho de Administração sugere formas de
distribuição das sobras aos associados, proporcionalmente a sua
participação na utilização de produtos e serviços, não ultrapassando o
valor limite da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia – Selic para títulos federais (Lei complementar 130/09)
cabendo aos associados presentes na assembléia geral votar, aceitar a
proposta do conselho, ou ainda sugerir uma mais oportuna.
No entanto, se o resultado for negativo, a Lei nº 5.764/71 apresenta ainda três
ressalvas: em caso de liquidação, os fundos de reserva e FATES são revertidos à
Fazenda Nacional; em caso de apuração de prejuízos, estes serão cobertos com
recursos provenientes do Fundo de Reserva (Reserva Legal) e, sendo este
insuficiente, faz-se o rateio entre os associados, na razão direta dos serviços
usufruídos ou em partes iguais e quando houver resultados oriundos dos atos não-
cooperativos após a dedução dos respectivos tributos, são destinados ao Fundo de
Assistência Técnica, Educacional e Social – FATES.
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2.6.1 Tratamento das sobras e juros sobre capital próprio na Cecres
De acordo com Barroso (2009), os gestores das cooperativas de crédito podem
optar por distribuir as sobras ou juros ao capital próprio mediante três critérios: a
composição de reservas e provisões indivisíveis, o critério de rateio aos cooperados,
e forma efetiva de devolução dos excedentes rateadas, cabendo à cooperativa
estabelecer em estatuto ou definir em assembléia geral o padrão de distribuição dos
excedentes de capital se será através de sobras ou de juros ao capital.
Neste aspecto, a CECRES opta pela devolução dos excedentes através de
juros ao capital social e não como sobras.
Para isso, baseia-se na taxa Selic, conforme estabelecido pela Lei
Complementar nº 130/2009. Caso ocorra excedentes após distribuição dos juros, a
proposta levada para assembléia é a destinação de parte para o FATES, para
utilização no social e parte para Reserva de Contingências conforme percentuais
estabelecidos em lei.
Se ocorrerem prejuízos no decorrer do exercício, a Cecres determina em
estatuto próprio que os mesmos devem ser cobertos com recursos provenientes do
Fundo de Reserva e, se este for insuficiente, cobrir-se-á mediante rateio entre os
associados, na razão direta dos serviços usufruídos.
2.7 Gerenciamento do pagamento de juros sobre capital próprio na Cecres
A maneira como se estabelece o rateio e a distribuição dos juros ao capital
pode impulsionar mais os depósitos ou mais empréstimos nas cooperativas de crédito,
além disso, impacta diferentemente na percepção que os cooperados têm a respeito
do atendimento pela cooperativa de suas demandas.
Tendo em vista a obtenção do equilíbrio entre as tomadas de crédito e a
promoção de maior injeção de capital ou depósitos pelos seus cooperados, as ações
da Cecres neste sentido são estratégicas e orientadas por um planejamento
financeiro.
A Cecres percebe que o perfil de seus aplicadores em sua totalidade é
conservador, e que para os tomadores as taxas de juros cobrados são as mais justas
dentro do mercado financeiro, neste ponto, a Cecres através de um estudo de
viabilidade de crédito, efetua campanhas necessárias para que possa atender suas
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demandas, sempre orientada por um orçamento e fluxo de caixa que garanta atender
a contento os tomadores como também remunerar os aplicadores dentro de um
percentual satisfatório.
2.8 A vantagem do pagamento de juros sobre capital próprio na Cecres
A Cecres compreende que o pagamento de juros sobre capital próprio é
amplamente vantajoso, tanto para a cooperativa, quanto para o cooperado.
O pagamento dos juros sobre capital em dinheiro ao cooperado é visto, como
incentivo contratual para incrementar as operações com a cooperativa e constitui fator
determinante e imprescindível para que os gestores Cecres elaborem as estratégias
gerenciais e operacionais que agreguem valor aos serviços prestados pela
cooperativa, alavanquem os resultados e sua distribuição.
A estratégia de distribuir juros ao capital próprio tem favorecido o crescimento
e estágio de negócios da Cecres, que conquista constantemente maior abrangência
de mercado, bem como, da sua rentabilidade.
A Cecres reconhece nesta técnica um meio de conquistar e de incentivar a
fidelidade dos cooperados, no âmbito de suas cooperativas. Pois sem o pagamento
de juros, não teria os cooperados que são os aplicadores, e que possibilita à Cecres
ter os tomadores de recursos.
Além disso, a escolha da Cecres em optar pelo pagamento de juros em lugar
das sobras denota no cooperado Cecres, a convicção da escolha correta por uma
cooperativa de visão antecipada e estratégica, capaz de assegurar aos mesmos um
ganho extra de capital, através de vantagens tributárias e fiscais. Com isso, a Cecres
facilita a visualização da circulação de riqueza e incentiva o depósito pelo cooperado.
Notadamente, a partir do aumento das atividades de cooperação dos
cooperados, melhora-se o desempenho da entidade e sua prospecção no mercado,
visto que as cooperativas de crédito devem tornar públicos seus demonstrativos
financeiros ao Banco Central e ao demonstrar relatórios que apresentem capacidade
de liquidez e saúde financeira em sua totalidade, consecutivamente transmitem a
imagem de uma cooperativa confiável, de um investimento rentável e a melhoria do
indicador do desempenho da sociedade cooperativista como um todo.
A cooperativa faz opção pelo pagamento de juros ao capital ao invés de sobras,
pois acredita que por ser uma cooperativa de segmento de capitalização e
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empréstimo, esta é a melhor opção para que suas operações cheguem ao seu ponto
de equilíbrio. E isto representa maior vantagem aos cooperados do que para a Cecres,
pois o excedente quando levados para decisão em AGO, a proposta sempre é para
que parte vá para o “FATES” e parte para Reserva de Contingências, o que não deixa
de ser um beneficio que se reverte para os cooperados.
.
CONCLUSÃO
O pagamento dos excedentes de capital ou spreads cooperativos de crédito é
efetuado levando-se em consideração o atendimento de requisitos e limites legais
específicos para este segmento, bem como, aos parâmetros normativos oriundos do
Banco Central do Brasil, às regras estabelecidas no Sistema Financeiro Nacional, às
normas do Comitê de Pronunciamento Contábil a estas relacionadas e aos critérios
preestabelecidos em estatuto próprio da cooperativa.
No processo de formação, gerenciamento e distribuição dos juros ao capital
próprio das cooperativas de crédito deve-se atentar para o objeto e missão primária
da cooperativa, o conhecimento da atividade operacional que apresenta maior fluxo e
demanda e da atividade que promove margem de contribuição mais vantajosa; o
planejamento financeiro e fluxo de caixa, à metodologia de rateio e de distribuição. É
essencial ainda, que a cooperativa tenha um posicionamento e direcionamento sólido,
cujo modelo de gerenciamento satisfaça globalmente a cooperativa para que ao fim
do exercício remunere os juros ao capital social de forma justa, onde se busca não o
privilégio, mas a geração igualitária de benefícios aos tomadores e aplicadores de
capital, assim como assertivamente faz a Cecres.
Na Cecres, como nas demais cooperativas de crédito, a remuneração dos
excedentes operacionais do cooperativismo de crédito é restringida às proporções
compulsórias de constituição de dois fundos essenciais: o fundo de reserva e o fundo
de assistência técnica, educacional e social; às decisões demandadas em Assembléia
Geral Ordinária e, sobretudo depende da necessidade ou não de capital.
Outro aspecto relevante são as decisões pertinentes à definição da política de
geração dessas sobras ou de distribuição dos excedentes dos juros capital, neste
quesito é importante ponderar a possibilidade da utilização de pesquisas de
satisfação, de mercado ou de perfil dos cooperados, pois estas aumentam a
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assertividade de aquisição do portfólio ofertado e simultaneamente dos resultados
operacionais positivos projetados em um pré-plano. Na CECRES as estratégias são
definidas conforme pesquisa das necessidades da população cooperada, cujas
carteiras de crédito ofertadas trazem intrinsecamente a solução de tais anseios.
Diante do exposto, conclui-se que a pergunta problema foi respondida, pois
com o resultado da pesquisa, pôde – se confirmar que a devolução dos juros ao capital
próprio do cooperativismo de crédito é benéfica e promove a valorização do capital
cooperativo, viabiliza o benefício monetário e fiscal aos cooperados e cooperativas,
devido à dedutibilidade tributária estabelecida por leis próprias deste ramo de
atividade e que o mesmo pode ser efetuado pelo método direto ou indireto,
dependendo da decisão gerencial.
O assunto não está esgotado podendo outros autores aprofundá-lo,
redirecioná-lo ou atualizá-lo.
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