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ALBÉZIO DE MELO FARIAS EDUARDO GOMES DE FIGUEIREDO PEDRO EURICO DE BARROS E SILVA
EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 13ª VARA CRIMINAL DA
CAPITAL
PROCESSO Nº 0048784-74.2011.8.17.0001
FABRICIO BARROS DE SOUZA, brasileiro, solteiro, profissional autônomo, filho de Flávio
Vicente de Souza e Maria José Barros Gomes, portador da cédula de identidade
número 8.387.072 – SDS-PE, residente e domiciliado na Rua 14 de Março, nº 45, bairro
de Roda de Fogo , Cidade do Recife, Capital do Estado de Pernambuco, CEP.
52.090-099, neste ato representado pelos seus procuradores judiciais in fine
subscritos, constituído nos termos do apenso instrumento de mandato (Doc. 01),
constante no rodapé da presente peça, local onde recebe comunicações e
correspondências de estilo, vem a devida vênia de V.Exa, com fundamento no art.
5º, LXV e LXVI da Constituição Federal, requerer o
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE
levada a efeito pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
I – EXÓRDIO
O requerente foi detido volta das 14 horas do dia 23 de agosto do corrente ano,
pela suposta prática conduta tipificada no art. 158 do CPB (extorsão).
Compulsando as peças informativas do flagrante, elaborado pela Delegacia
Policial da 1ª Circunscrição – Recife Antigo. Verifica-se através do depoimento da
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suposta vítima MARCELO EURICO DA ROCHA a total inexistência de qualquer
conduta de violência ou grave ameaça praticada pelo acusado, a saber:
QUE na tarde de hoje estacionou seu veículo na Rua da Moeda
neste bairro do Recife Antigo, em área de zona azul, contudo,
logo que desceu do veículo um flanelinha aproximou-se e
mandou retirar o veículo pois aquela era área dele e se quisesse
ficar teria que pagar R$ 2,00 (dois reais); QUE tentou argumentar
de que ele não tinha o direito de fazer aquilo e disse ser policial
civil e que ele teria que lhe respeitar. QUE nesse momento o
flanelinha (FABRICIO BARROS DE SOUZA) disse que não lhe
interessava se ele, vítima, era policial civil ou se era policial
militar, ele era dono da área, além de tratá-lo com palavras de
baixo calão; (DEPOIMENTO VÍTIMA MARCELO EURICO DA
ROCHA, fl. 05 do caderno flagrancial.
Observa-se no auto de prisão em flagrante que nenhuma das testemunhas
apresentadas acompanharam a narrada tentativa de extorsão, resultando nas
declarações do policial civil e vítima, como único “meio probante”, de sorte,
ilatório, para a incorreta tipificação penal por parte da ilustre delegada de titular,
Sylvana Lellis, fl. 01 do caderno.
O acusado, de 21 anos, primário e sem antecedentes trabalha como flanelinha
para garantir o sustento de sua família. Tem contra si, tão somente um abuso de
autoridade que precisa ser combatido neste exame das peças de flagrante.
II – DAS ARBITRARIDADES E NULIDADES DO FLAGRANTE
Não exaustivo, confrontando-se as versões apresentadas pela vítima com a do
imputado FABRICIO BARROS DE SOUZA, verifica-se que os fatos narrados remetem
exclusivamente a interpretação legal de conduta típica do artigo, 146 do Código
Penal Brasileiro, CONSTRANGIMENTO ILEGAL, AMEAÇA, INJURIA ou DIFAMAÇÂO,
não autorizadora da prisão em flagrante.
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro
meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Por esta leitura, verifica-se que o indicado dispositivo legal existe para proteger a
autodeterminação das pessoas, a liberdade que elas têm não serem obrigadas a
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fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de Lei. Definição jurídica
perfeitamente aplicável ao caso em exame. Sendo o sujeito passivo qualquer
pessoa que tenha autodeterminação, e que se veja forçada a realizar ou a ser
abster de determinada conduta pela ação do agente.
O agente pode ser qualquer pessoa que impeça o exercício da liberdade individual
de outrem.
O núcleo do tipo penal é evitar uma conduta lícita utilizando vis corporalis ou vis
compulsiva (violência corporal e ameaça, respectivamente), bem como qualquer
outro meio que venha a impedir ou dificultar a resistência da vítima.
A violência pode ser dirigida à própria vítima, à terceiros ou a objetos, desde que
efetivamente impeçam a lícita realização ou abstenção pretendida pela vítima.
No caso em exame inexite prova material para caracterização de vantagem
economica, pois não foi apreendido o indicado cartão de zona azul, muito menos
qualquer valor decorrente da suposta ação.
Inexiste materialidade para a combatida tipificação.
Como narrado em seu depoimento o acusado afirma ser guardador de carros e
mantem sua família de uma forma dígna, e não deve ser penalizado por trabalhar
informalmente.
O flagrante demonstra em sua totalidade excessos, arbitrariedades e ausência de
cumprimento de formalidades legaisl
No mais, poderia ainda a vítima clamar pela representação contra o acusado no
crime de ameaça, injúria ou difamação. Todas, matérias de Termo circunstanciado
de Ocorrencia (TCO) , jamais justificando-se a prisão em flagrante do acusado.
Oportuno salientar ainda, que inobstante o erro de tipificação e de procedimento
por parte da respeitável delegada, haja vista que todas as condutas acima
analisadas refletem crimes de menor potencial ofensivo, o flagrante encontra-se
faltamente prejudicado, pois inexiste nota de culpa, tão pouco comunicação à
família, e ainda, somente foi protocolado perante o distribuidor deste forum após 48
h (quarenta e oito) horas do ocorrido.
Art. 306. Dentro em 24 (vinte e quatro) horas depois da prisão, será
dada ao preso nota de culpa assinada pela autoridade, com o motivo
da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Parágrafo único. O preso passará recibo da nota de culpa, o qual será
assinado por duas testemunhas, quando ele não souber, não puder ou
não quiser assinar.
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Está, assim, o ACUSADO, sofrendo coação por parte da Autoridade Policial, uma
vez que o mesmo não se enquadra em nenhuma das hipóteses do art. 302 do
Código de Processo Penal.
De tal entendimento não discrepam nossos tribunais, senão vejamos:
“Prisão em flagrante – Inocorrência – Agente que
não foi surpreendido cometendo a infração penal,
nem tampouco perseguido imediatamente após
sua prática, não sendo encontrado, ademais, em
situação que autorizasse presunção de ser o seu
autor.” (TJSP – Câm. Crim. h.c. nº 128260, em 3.2.76,
Rel. Des. Humberto da Nova – RJTJESP 39/256)
Segundo Ada Pellegrini Grinover, Antonio Scarance Fernandes e Antonio Magalhães
Gomes Filho, “é pressuposto essencial da busca que a autoridade, com base em
elementos concretos, possa fazer um juízo positivo, embora provisório, da existência
dos motivos que possibilitem a diligência. Deve dispor de elementos informativos
que lhe façam acreditar estar presente a situação legal legitimadora da sua
atuação” (in As Nulidades no Processo Penal. 7 ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2001, p. 171).
III - O RELAXAMENTO DA PRISÃO DEVIDO À NULIDADE NO FLAGRANTE
É visível o equívoco da autoridade policial. Em primeiro lugar, porque houve erro de
tipificação, e ainda o caderno flagrancial encontra-se desacompanhado das
peças obrigatórias tais como nota de culpa e comunicação à família.
Além de cristalizar-se flagrante de crime de menor potencial ofensivo, indicamos
ainda o descumprimento do prazo legal de 24 horas, indicado no art. 306 do CPP.
Assim, como não foi verificada a prática de qualquer conduta típica pelo
requerente que justifique o seu acautelamento. E sob esta mira, sendo ilegal,
portanto, a prisão em flagrante, merecendo imediato relaxamento.
A Constituição Federal, no art. 5º, inc. LXV garante que “a prisão ilegal será
imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”.
IV - DA LIBERDADE PROVISÓRIA
Caso V. Exa. entenda pela legalidade da prisão em flagrante, ainda assim deverá o
requerente ser posto em liberdade, em razão da inocorrência de qualquer das
hipóteses autorizadoras da prisão preventiva, consoante o parágrafo único do art.
310 do CPP.
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O dispositivo citado contém a seguinte redação:
“Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de
prisão em flagrante que o agente praticou o fato,
nas condições do art. 19, I, II e III, do Código Penal,
poderá, depois de ouvir o Ministério Público,
conceder ao réu liberdade provisória, mediante
termo de comparecimento a todos os atos do
processo, sob pena de revogação.
Parágrafo único. Igual procedimento será adotado
quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em
flagrante, a inocorrência de qualquer das
hipóteses que autorizam a prisão preventiva (arts.
311 e 312).”
Do art. 312 do CPP infere-se que a prisão preventiva pode ser decretada para
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
ou para assegurar a aplicação da lei penal, “quando houver prova da existência
do crime e indício suficiente de autoria” (art. 312, CPP).
A isso alia-se o fato de que o requerente não tem antecedentes criminais, conforme
se depreende da consulta ao JUDWIN anexa, possui residência fixa e ocupação
não defesa em lei.
VIII – DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, forte nos motivos de fato e direito até então expostos, o
requerente pede o recebimento da presente peça por V. Exa. para,
alternativamente:
a) Declarar a nulidade do auto de prisão em flagrante lavrado contra o
requerente, por omissão de formalidade essencial do ato, conforme art. 564,
inc. IV, do CPP, proporcionando sua liberação imediata;
b) Relaxar a prisão do requerente, com amparo no art. 5º, inc. LXV, da
Constituição Federal, porquanto manifestamente ilegal ante a ocorrência de
erro de tipificação pela autoridade policial, sendo cristalina que a suposta
conduta narrada, não se atendo ao mérito processual, insculpe conduta
típica do artigo 146 do CPP, passível de pena de detenção de 3 mese a 1
anos e multa, jamais justificando sua prisão em flagrante, sob pena de
configuração de abuso de autoridade, conforme previsão do art. 4º, “d”, da
Lei 4.898/65;
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c) Alternativamente, não sendo este o entendimento de V.Exa., requer que se
digne conceder a liberdade provisória do requerente, ante a inexistência de
motivos autorizadores da decretação da prisão preventiva, consoante o
disposto no art. 310 do CPP.
Nestes termos, pede deferimento.
Recife, 26 de agosto de 2011.
Eduardo Gomes de Figueiredo
OAB-PE nº 27.762
Pedro Eurico de Barros e Silva
OAB-PE 4.469-D