Direito Administrativo
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros
doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.
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Sumrio
1. Noes Introdutrias .............................................................................................. 2
2. Concurso Pblico .................................................................................................... 2
2.1 Direito nomeao fora do nmero de vagas ................................................... 2
2.2 Investidura no cargo de tabelio ....................................................................... 2
2.3 Clusula de Barreira (RE 635739) ....................................................................... 6
2.4 Contratao temporria de servidores (RE 658026) .......................................... 9
2.5 Mandado de segurana contra limite de idade em concurso pblico ............... 11
2.6 Exame Psicotcnico ......................................................................................... 11
2.7 Eliminao do candidato na fase de investigao social ................................... 12
3. Improbidade Administrativa ................................................................................. 13
3.1 Indisponibilidade de bens (REsp 1.176.440)..................................................... 13
3.2 Reduo da multa de ofcio em sede de apelao (REsp 1.293.624) ................ 13
3.3 Prtica de ato de improbidade por particular .................................................. 14
3.4 Improbidade administrativa e a smula vinculante 13 (REsp 1.193.248) ......... 16
4. Interveno do Estado na propriedade ................................................................. 17
4.1 Reserva florestal no regularizada no clculo da produtividade do imvel ...... 17
4.2 Divergncia entre a rea registrada e a rea real (REsp 1.286.886).................. 17
5. Responsabilidade Civil do Estado (AgRg no RE 435.444) ........................................ 19
6. Aposentadorias e Penses .................................................................................... 20
6.1 Aposentadoria especial do servidor pblico .................................................... 20
6.2 Reviso do benefcio previdencirio (Pet 9.156) .............................................. 20
7. Contratos Administrativos (REsp 1.352.497) ......................................................... 21
8. Processo Administrativo ....................................................................................... 22
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Professor: Isabela Ferrari
E-mail: [email protected]
1. Noes Introdutrias
importante ressaltar a importncia do estudo da jurisprudncia no mbito dos
concursos pblicos, mostrando-se necessrio, ao menos, a anlise dos informativos do ano
corrente bem como do ano anterior ao concurso almejado.
Desde 2013 o STF e o STJ dividem seus informativos por assunto, o que facilita o
estudo. O aconselhvel que a partir deste momento os informativos sejam estudados
medida que so disponibilizados no stio do tribunal superior.
Por fim, o estudo da jurisprudncia similar ao da lei, ou seja, indispensvel a sua
reviso.
2. Concurso Pblico
2.1 Direito nomeao fora do nmero de vagas
O Supremo vem reiterando uma jurisprudncia j sedimentada no sentido de que o
candidato aprovado fora do nmero de vagas previsto no edital no tem direito subjetivo
nomeao, mas mera expectativa de direito. Acrescenta, ainda, que a prorrogao do prazo
de validade do concurso pblico ato discricionrio da Administrao Pblica, que tambm
poder optar pela realizao de novo concurso.
2.2 Investidura no cargo de tabelio
O art. 236, 3, CRFB exige que seja realizado concurso pblico de provas e ttulos
para investidura no cargo de tabelio. Porm, na prtica, muitos substitutos de tabelio
foram alados condio de tabelio e essa investidura sem concurso foi questionada no
STF.
Art. 236. Os servios notariais e de registro so exercidos em carter privado, por
delegao do Poder Pblico.
3 - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso pblico de
provas e ttulos, no se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de
concurso de provimento ou de remoo, por mais de seis meses.
O Supremo entendeu, em compasso com o dispositivo constitucional supra, que o
substituto no tem direito adquirido investidura na titularidade de cartrio se a vaga
surgiu aps o advento da Constituio Federal de 1988.
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Com esse entendimento, o STF afastou a tese de que somente com a edio da lei
8.935/94, que rege a disposio dos cartrios, o art. 236, 3, CRFB passaria a ter eficcia.
Trata-se na verdade de norma autoaplicvel, eficaz, portanto, desde a edio da
Constituio de 1988.
No primeiro semestre desse ano, no julgamento do MS 26860/DF, o Supremo
acrescentou, ainda, que se esse substituto for investido aps o advento da CRFB/88, dever
perder a funo assim que o erro for percebido. Portanto, adotando o posicionamento de
Celso Antonio Bandeira de Melo, nessas hipteses no ser aplicvel o prazo do art.54 da lei
9.784/99, na medida em que estar-se- diante de uma inconstitucionalidade flagrante.
Art. 54. O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favorveis para os destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada m-f.
Convm ressaltar que o princpio da confiana legtima no impede que essa situao
seja reparada na medida em que ele s pode ser aplicado naquelas situaes em que o
administrado no deu ensejo quela irregularidade, o que no pode ser entendido nestes
casos.
E a declarao da vacncia desse cargo dever ser feita pelo presidente do Tribunal
de Justia daquela unidade federativa porque a ele compete a fiscalizao dos cartrios e
dos servios notariais e de registro em geral (RE 336739/SC). Nestes casos, a vacncia ser
declarada sem a necessidade de instaurao de processo administrativo.
ED: serventia extrajudicial e concurso pblico
Por reputar ausentes os pressupostos de embargabilidade, o Plenrio rejeitou embargos
de declarao e manteve o entendimento firmado no sentido de no haver direito
adquirido do substituto, que preencheu os requisitos do art. 208 da Constituio
pretrita, investidura na titularidade de cartrio, quando a vaga tenha surgido aps a
promulgao da Constituio de 1988, a qual exige expressamente, no seu art. 236, 3,
a realizao de concurso pblico de provas e ttulos para o ingresso na atividade notarial
e de registro. Inicialmente, a Corte denegou pedido de sobrestamento do feito para que
fosse apreciado, em conjunto, com a ADI 4.300/DF. O ora embargante arguia a
ocorrncia de conexo por prejudicialidade, uma vez que na mencionada ao direta
questiona-se a legitimidade constitucional do modo de atuar do Conselho Nacional de
Justia - CNJ no tocante a questo dos cartrios brasileiros. A Ministra Rosa Weber
(relatora) destacou anterior deferimento de pleito formulado pela mesma parte para
que os embargos apenas fossem examinados aps o julgamento do MS 26.860/DF, que
versaria o mesmo tema do presente processo. Salientou sua perplexidade diante de
requerimento manifestado da tribuna, para que o feito fosse analisado anteriormente ao
aludido MS 26.860/DF. O Ministro Joaquim Barbosa (Presidente) observou que, dessa
maneira, estar-se-ia sempre fazendo remisso a outro processo. Em seguida, o Tribunal
aduziu que o acrdo impugnado no padeceria de quaisquer dos vcios que
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autorizariam a oposio de embargos declaratrios. Consignou tratar-se de tentativa de
rediscusso da matria. Asseverou que, no obstante a Ministra Rosa Weber tivesse
adotado, no MS 26.860/DF, tese consentnea defendida pelo ora embargante, haveria
distino entre mrito da causa e mrito do recurso. Afirmou que o mrito do recurso em
debate diria respeito presena, ou no, de vcios ensejadores de embargos de
declarao. O Colegiado reiterou, ainda, a inocorrncia de omisso em torno dos temas
relativos decadncia para a Administrao Pblica e aos princpios constitucionais da
segurana jurdica e da boa-f, devidamente analisados e afastados.
MS 28279 ED/DF, rel. Min. Rosa Weber, 2.4.2014. (MS-28279)
(Informativo 741, Plenrio)
Serventia extrajudicial e concurso pblico - 5
Inexiste direito adquirido efetivao na titularidade de cartrio quando a vacncia do
cargo ocorre na vigncia da Constituio de 1988, que exige a submisso a concurso
pblico, de modo a afastar a incidncia do art. 54 da Lei 9.784/1999 (O direito da
Administrao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorveis
para os destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada m-f) a situaes flagrantemente inconstitucionais. Ao ratificar
essa diretriz firmada no MS 28.279/DF (DJe de 29.4.2011), o Tribunal, em concluso de
julgamento, denegou mandado de segurana em que se pleiteava a declarao de
insubsistncia de resoluo do Conselho Nacional de Justia - CNJ por meio da qual
determinara a imediata desconstituio da outorga de titularidade de serventia
extrajudicial aos impetrantes. Tratava-se de substitutos efetivados entre 1992 e 1994
por ato do Tribunal de Justia do Estado de Mato Grosso do Sul, com fundamento no, ora
revogado, art. 31 do ADCT da Constituio da mesma unidade federativa , sem prvia
aprovao em concurso pblico, em serventias cujas vacncias ocorreram
posteriormente atual Constituio v. Informativo 659. Por conseguinte, o Colegiado
declarou o prejuzo dos agravos regimentais interpostos da deciso que indeferira a
medida liminar. Destacou que o art. 236, 3, da CF (Art. 236. Os servios notariais e de
registro so exercidos em carter privado, por delegao do Poder Pblico. ... 3 - O
ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso pblico de provas e
ttulos, no se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso
de provimento ou de remoo, por mais de seis meses) seria norma constitucional
autoaplicvel. Assim, rejeitou tese de que somente com a edio da Lei 8.935/1994
que regulamenta o art. 236 da CF, ao dispor sobre servios notariais e de registro a
referida norma teria conquistado plena eficcia. Aduziu, ademais, que o aludido preceito
condicionaria o ingresso na atividade notarial e de registro aprovao em concurso
pblico de provas e ttulos. Ponderou que os princpios republicanos da igualdade, da
moralidade e da impessoalidade deveriam nortear a ascenso s funes pblicas.
MS 26860/DF, rel. Min. Luiz Fux, 2.4.2014. (MS-26860) (Informativo 741, Plenrio)
Serventia extrajudicial e concurso pblico - 6
Sob o ngulo do princpio da confiana, consectrio da segurana jurdica do Estado de
Direito, a Corte acentuou que o mencionado postulado pressuporia, desde a origem,
Direito Administrativo
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situao a que o administrado no teria dado ensejo. Registrou que nas hipteses em
que o exerccio do direito calcar-se-ia em inconstitucionalidade flagrante, seria evidente
a ausncia de boa-f, requisito indispensvel para a incidncia do princpio da proteo
da confiana. Frisou que o prazo decadencial basear-se-ia na ausncia de m-f. O
Ministro Roberto Barroso acompanhou a concluso, porm, por fundamento diverso.
Salientou que a situao dos autos no versaria sobre vcio banal de ilicitude, mas sobre
inconstitucionalidade, causa de invalidade mais grave do sistema jurdico. Afirmou que,
paralelamente tcnica da modulao temporal da declarao de inconstitucionalidade,
seria possvel a fixao, nesses casos, de um marco final para a desconstituio de
efeitos jurdicos. Ponderou pela incidncia do maior prazo previsto no Cdigo Civil, qual
seja, vinte anos no cdigo de 1916 e dez anos no vigente. Tendo isso em conta, assentou
que no se verificaria a decadncia no tocante aos atos questionados. Vencidos a
Ministra Rosa Weber e o Ministro Marco Aurlio, que concediam a segurana.
Observavam que o CNJ teria cassado atos praticados por tribunal de justia h mais de
dez anos. Alm disso, realavam no estar descaracterizada a boa-f dos impetrantes.
Por fim, o Tribunal reiterou a autorizao aos relatores para decidirem
monocraticamente sobre o tema.
MS 26860/DF, rel. Min. Luiz Fux, 2.4.2014. (MS-26860)
(Informativo 741, Plenrio)
Serventia extrajudicial: oitiva de titular efetivado e declarao de nulidade - 7
A 1 Turma, por maioria, negou provimento a recurso extraordinrio em que se discutia
a declarao de nulidade de ato do Presidente do Tribunal de Justia do Estado de Santa
Catarina, que efetivara, em 15.6.1990, o recorrente na titularidade de cartrio sem
concurso pblico, consoante o art. 14 do ADCT da Constituio da mencionada unidade
federativa. Na origem, tratava-se de mandado de segurana impetrado contra o ato
mediante o qual, em 12.2.1998, o Presidente daquela Corte afastara a aludida outorga
da delegao, sem oitiva do interessado, tendo em conta a inconstitucionalidade
assentada, com eficcia retroativa, do citado artigo (ADI 363/SC, DJU de 3.5.1996), e o
deferimento de medida cautelar, com efeitos ex tunc, na ADI 1.573/SC (DJU de
5.9.1997). Alegava o recorrente: a) a inobservncia do devido processo legal; e b) a
incompetncia da autoridade para emanar a deciso hostilizada, que caberia ao Poder
Executivo. Alm disso, apontava infringncia Constituio (art. 2; art. 5, LIV e LV; e
art. 236, caput e 1) v. Informativos 668 e 706.
RE 336739/SC, rel. orig. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, 6.5.2014.
(RE-336739)
(Informativo 745, 1 Turma)
Serventia extrajudicial: oitiva de titular efetivado e declarao de nulidade - 8
A Turma consignou que o acrdo recorrido estaria de acordo com a diretriz
jurisprudencial do STF. Aduziu que a mens legislatoris dos artigos 14, 15 e 39, 2, da
Lei 8.935/1994 (Lei dos Cartrios) apontaria que a autoridade competente para proceder
declarao de vacncia seria a judicial, mais especificamente o Presidente do tribunal
de justia da respectiva unidade da Federao. Isto porque, ante a ausncia de meno
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expressa e tendo o legislador ordinrio federal condicionado a delegao para os
exerccios das atividades notariais prvia aprovao em concurso pblico de provas e
ttulos realizado pelo Poder Judicirio (Lei 8.935/1994, artigos 14 e 15), supor-se-ia que a
declarao de vacncia dessa serventia incumbiria ao prprio Poder Judicirio. Ressaltou
que o Supremo teria fixado entendimento segundo o qual a investidura para o exerccio
dos servios notariais e de registro, aps o advento da CF/1988, dependeria de prvia
habilitao em concurso pblico (CF, art. 37, II). Sublinhou que o art. 22, XXV, da CF
que atribui Unio competncia para legislar sobre registros pblicos , c/c o art. 236
1, da CF que outorga lei regulamentar as atividades dos notrios e dos oficiais de
registro , indicaria inexoravelmente que a competncia para regular e disciplinar a
autoridade competente para declarar a vacncia de serventias extrajudiciais recairia
sobre a Unio. Essa concluso levaria ao afastamento, com declarao incidental de
inconstitucionalidade formal, da LC 183/1999, do Estado de Santa Catarina, por
usurpao de competncia legislativa privativa da Unio para legislar sobre registros
pblicos. Por fim, reputou que, uma vez comprovado que o ato de habilitao teria
ocorrido em desacordo com o aludido imperativo constitucional, no se cogitaria de
instaurao de processo administrativo queles que se encontrassem nessa situao.
Seria, ademais, irrelevante o lapso temporal em que exercidas as atividades. Vencidos os
Ministros Marco Aurlio (relator) e Rosa Weber, que davam provimento ao recurso.
RE 336739/SC, rel. orig. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, 6.5.2014.
(RE-336739)
(Informativo 745, 1 Turma)
2.3 Clusula de Barreira (RE 635739)
Segundo o Supremo a clusula de barreira constitucional.
As regras restritivas em concurso pblico se dividem em dois tipos: clusulas
eliminatrias e clusulas de barreira.
As clusulas eliminatrias so aquelas que trazem requisitos que no sendo
preenchidos vo implicar na eliminao do candidato por desempenho insuficiente.
Exemplo: na prova da magistratura necessrio acertar no mnimo 50% das questes
de cada grupo e 60% do total da prova. Caso o candidato no alcance esse mnimo, ele ser
eliminado.
J a clusula de barreira vai trazer uma limitao para o nmero de candidatos que
podero se submeter fase subsequente daquele concurso.
Exemplo: o nmero de candidatos que poder fazer a segunda fase da magistratura
federal no poder ser superior a 400.
Clusula de barreira no viola a isonomia e esta justificada na discricionariedade da
Administrao Pblica.
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Concurso pblico e clusula de barreira - 1
constitucional a regra denominada clusula de barreira, inserida em edital de
concurso pblico, que limita o nmero de candidatos participantes de cada fase da
disputa, com o intuito de selecionar apenas os concorrentes mais bem classificados para
prosseguir no certame. Essa a concluso do Plenrio, que proveu recurso extraordinrio
no qual se discutia a legitimidade da aludida clusula luz do princpio da isonomia.
Preliminarmente, a Corte rejeitou questo de ordem, suscitada da tribuna, no sentido de
que a matria dos autos estaria alegadamente contida no RE 608.482/RN, com
repercusso geral reconhecida. A respeito, o Tribunal afirmou tratar-se de temas
distintos. No mrito, o Colegiado explicou que o crescente nmero de candidatos ao
ingresso em carreira pblica provocaria a criao de critrios editalcios que
restringissem a convocao de concorrentes de uma fase para outra dos certames. Nesse
sentido, as regras restritivas subdividir-se-iam em eliminatrias e clusulas de
barreira. As eliminatrias preveriam, como resultado de sua aplicao, a eliminao do
candidato do concurso por insuficincia em algum aspecto de seu desempenho. Reputou
comum a conjuno, com esta, da clusula de barreira, que restringiria o nmero de
candidatos para a fase seguinte do certame, para determinar que, no universo de
pessoas no excludas pela regra eliminatria, participaria da etapa subsequente apenas
nmero predeterminado de concorrentes, de modo a contemplar apenas os mais bem
classificados. Assinalou que estas regras no produziriam eliminao por insuficincia de
desempenho, mas estipulariam um corte deliberado no nmero de concorrentes que
poderiam participar de fase posterior. Asseverou que o acrdo recorrido registrara que
esse corte premeditado de classificados violaria o princpio da isonomia, porque todos os
que tivessem obtido notas mnimas nas fases anteriores seriam tratados indevidamente
de forma diferenciada, uns aptos a participar da fase subsequente, outros no. No
ponto, o Pleno consignou que nem todas as distines implicariam quebra de isonomia,
postulado que demandaria tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais.
Sublinhou jurisprudncia no sentido de estar justificado o tratamento desigual entre
candidatos de concursos pblicos, a concretizar esse princpio.
RE 635739/AL, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2014. (RE-635739)
(Informativo 736, Plenrio, Repercusso Geral)
Concurso pblico e clusula de barreira - 2
O Colegiado frisou, ainda, que haveria intrnseca relao entre a isonomia e a
impessoalidade na realizao de concurso pblico, que poderia ser definido como um
conjunto de atos administrativos concatenados, com prazo preestabelecido para sua
concluso, destinado a selecionar, entre vrios candidatos, os que melhor atendessem
ao interesse pblico, considerada a qualificao tcnica dos concorrentes. Sob esse
aspecto, o concurso pblico objetivaria selecionar os mais preparados para ocupar
determinado cargo, e a impessoalidade significaria buscar critrio meritrio, que no
distinguisse atributos meramente subjetivos. Pontuou que regras diferenciadoras de
candidatos em concursos pblicos tambm poderiam estar justificadas em razo da
necessidade da Administrao de realizar o concurso de maneira eficaz. Assim, a
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delimitao de nmero especfico de candidatos seria fator imprescindvel para a
realizao de determinados certames, luz da exigncia constitucional de eficincia.
Analisou que, no caso concreto, a clusula de barreira estipulada utilizara-se, como
discrmen, do desempenho meritrio dos concorrentes nas etapas anteriores do
concurso, o que estaria de acordo com os propsitos constitucionais. O Tribunal destacou
que as clusulas de barreira, de modo geral, elegeriam critrios diferenciadores de
candidatos em perfeita consonncia com a Constituio, luz do art. 37, caput e II.
Apontou que essas regras no constituiriam apenas medida operacional fundada em
questes financeiras, mas tambm levariam em conta a limitao de recursos humanos
presente na maioria dos concursos. Elucidou que o estabelecimento do nmero de
candidatos aptos a participar de determinada etapa de concurso pblico tambm
passaria pelo critrio de convenincia e oportunidade da Administrao, e no infringiria
o princpio da isonomia quando o critrio de convocao fosse vinculado ao desempenho
do concorrente em etapas anteriores. Acresceu que decises judiciais ampliadoras do rol
de participantes em determinada etapa de certame, no af de atender isonomia,
desrespeitariam o postulado, porque ensejariam a possvel preterio de candidatos
mais bem classificados.
RE 635739/AL, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2014. (RE-635739)
(Informativo 736, Plenrio, Repercusso Geral)
Concurso pblico e clusula de barreira - 3
Em seguida, por deciso majoritria, o Plenrio deliberou no modular os efeitos da
deciso proferida no extraordinrio. No ponto, o Ministro Teori Zavascki ponderou que,
no obstante o recorrido tivesse sido empossado em cargo pblico por fora de deciso
cautelar, no se poderia retirar de provimentos dessa natureza sua precariedade.
Acrescentou que o candidato, investido no cargo nessa condio, no poderia
desconhecer esse fato. Ponderou, entretanto, que deveriam ser assegurados os
vencimentos j percebidos e as vantagens do cargo at a deciso final. A Ministra
Crmen Lcia assinalou que a situao precria estaria fundada no descumprimento da
regra do edital, que submeteria todos os candidatos, indistintamente. Vencidos os
Ministros Roberto Barroso e Luiz Fux, que modulavam os efeitos da deciso para,
embora endossar a tese jurdica firmada pelo Tribunal, no decretar a exonerao do
recorrido. Assinalavam que ele j se encontraria no exerccio do cargo h mais de oito
anos, por deciso judicial. Acresciam que ele teria sido investido dentro do nmero de
vagas previstas no edital. Destacavam, ainda, os princpios da segurana jurdica e da
confiana.
RE 635739/AL, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2014. (RE-635739)
(Informativo 736, Plenrio, Repercusso Geral)
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2.4 Contratao temporria de servidores (RE 658026)
Neste recurso extraordinrio, o STF analisou a constitucionalidade de uma lei que
permitia o ingresso de professores na rede pblica estadual quando houvesse vagas em
aberto.
O Supremo entendeu pela inconstitucionalidade da lei, justificando que qualquer lei
que traga hipteses abrangentes e genricas de contratao temporria sem concurso
pblico viola o art.37, IX, CFRB. Aduziu que como o referido dispositivo traz uma exceo,
dever ser interpretado restritivamente.
Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte: (Redao
dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998)
IX - a lei estabelecer os casos de contratao por tempo determinado para atender a
necessidade temporria de excepcional interesse pblico;
O STF estabeleceu que para se enquadrar na hiptese excepcional dever preencher
alguns requisitos, quais sejam: a) previso legal; b) contratao por tempo determinado; c)
necessidade temporria de interesse pblico; d) interesse pblico excepcional.
Por fim, O Supremo destacou que se houver meios ordinrios disposio da
Administrao Pblica para atender aquele interesse pblico excepcional, ela no poder se
valer da contratao temporria.
Contratao temporria de servidor pblico sem concurso - 1
inconstitucional lei que institua hipteses abrangentes e genricas de contrataes
temporrias sem concurso pblico e tampouco especifique a contingncia ftica que
evidencie situao de emergncia. Essa a concluso do Plenrio ao prover, por maioria,
recurso extraordinrio no qual se discutia a constitucionalidade do art. 192, III, da Lei
509/1999, do Municpio de Bertpolis/MG (Art. 192 - Consideram-se como necessidade
temporria de excepcional interesse pblico as contrataes que visem a: ... III - suprir
necessidades de pessoal na rea do magistrio). Prevaleceu o voto do Ministro Dias
Toffoli (relator). Ponderou que seria indeclinvel a observncia do postulado
constitucional do concurso pblico (CF, art. 37, II). Lembrou que as excees a essa regra
somente seriam admissveis nos termos da Constituio, sob pena de nulidade. Citou o
Enunciado 685 da Smula do STF ( inconstitucional toda modalidade de provimento
que propicie ao servidor investir-se, sem prvia aprovao em concurso pblico
destinado ao seu provimento, em cargo que no integra a carreira na qual
anteriormente investido). Apontou que as duas principais excees regra do concurso
pblico seriam referentes aos cargos em comisso e contratao de pessoal por tempo
determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico
(CF, art. 37, II, in fine, e IX, respectivamente). Destacou que, nesta ltima hiptese,
deveriam ser atendidas as seguintes condies: a) previso legal dos cargos; b) tempo
Direito Administrativo
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determinado; c) necessidade temporria de interesse pblico; e d) interesse pblico
excepcional. Afirmou que o art. 37, IX, da CF deveria ser interpretado restritivamente, de
modo que a lei que excepcionasse a regra de obrigatoriedade do concurso pblico no
poderia ser genrica, como no caso. Frisou que a existncia de meios ordinrios, por
parte da Administrao, para atender aos ditames do interesse pblico, ainda que em
situao de urgncia e de temporariedade, obstaria a contratao temporria. Alm
disso, sublinhou que a justificativa de a contratao de pessoal buscar suprir deficincias
na rea de educao, ou de apenas ser utilizada para preencher cargos vagos, no
afastaria a inconstitucionalidade da norma. No ponto, asseverou que a lei municipal
regulara a contratao temporria de profissionais para realizao de atividade
essencial e permanente, sem que fossem descritas as situaes excepcionais e
transitrias que fundamentassem esse ato, como calamidades e exoneraes em massa,
por exemplo.
RE 658026/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 9.4.2014. (RE-658026) (Informativo 742, Plenrio,
Repercusso Geral)
Contratao temporria de servidor pblico sem concurso - 2
O Ministro Teori Zavascki corroborou o carter genrico da norma ao autorizar a
dispensa de concurso pblico para suprir necessidade de contratao na rea de
magistrio, e realou que remanesceria a possibilidade de a Administrao contratar
dessa forma, desde que justificadamente, o que no seria o caso. O Ministro Marco
Aurlio aduziu que a Constituio Estadual proibiria esse tipo de contratao genrica,
no tocante ao magistrio. Vencido, em parte, o Ministro Roberto Barroso, que dava
parcial provimento ao recurso para conferir interpretao conforme a Constituio
norma adversada, no sentido de que as contrataes temporrias referidas somente
pudessem ocorrer no prazo de doze meses, contados do encerramento do ltimo
concurso destinado a preencher os cargos cujas atribuies devessem ser exercidas
excepcionalmente por contratados temporrios. Ressaltava que, na rea do magistrio,
deveria haver a possibilidade de reposio temporria de profissionais, sob pena de se
deixar alunos sem assistncia durante determinado perodo. Em seguida, o Colegiado
deliberou, por deciso majoritria, modular os efeitos da deciso, no sentido de manter
os contratos firmados at a data do julgamento. Observou, entretanto, que a durao
desses contratos no poderia ultrapassar doze meses, nos termos do art. 192, 1, II, da
referida lei municipal. Alm disso, vedou a contratao realizada nos termos do art. 193
do mesmo diploma. Destacou, ainda, que a modulao atingiria apenas os contratos que
no fossem nulos por outro motivo alm do discutido no recurso. Vencido o Ministro
Marco Aurlio, que no modulava os efeitos da deciso.
RE 658026/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 9.4.2014. (RE-658026)
(Informativo 742, Plenrio, Repercusso Geral)
Direito Administrativo
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2.5 Mandado de segurana contra limite de idade em concurso pblico
O STJ vem entendendo que o prazo decadencial do mandado de segurana que vem
impugnar limitao de idade para concurso pblico se inicia no momento em que o indivduo
prejudicado toma conhecimento da sua excluso no certame em razo da idade.
A jurisprudncia antiga do STJ entendia que o termo inicial do prazo decadencial do
mandado de segurana dava-se do lanamento do edital do concurso que previa esta
limitao da idade.
A fundamentao baseada no princpio ou teoria da actio nata que prev que os
termos iniciais dos prazos prescricionais e decadenciais vo se iniciar quando da efetiva
leso ao direito.
Primeira Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANA CONTRA LIMITE DE IDADE EM
CONCURSO PBLICO.
O prazo decadencial para impetrar mandado de segurana contra limitao de idade em
concurso pblico conta-se da cincia do ato administrativo que determina a eliminao
do candidato pela idade, e no da publicao do edital que prev a regra da limitao.
Precedentes citados: AgRg no AREsp 258.950-BA, Segunda Turma, DJe 18/3/2013; AgRg
no AREsp 259.405-BA, Primeira Turma, DJe 18/4/2013. AgRg no AREsp 213.264-BA, Rel.
Min. Benedito Gonalves, julgado em 5/12/2013 (Informativo n 0533).
2.6 Exame Psicotcnico
O STJ entende que pode ser efetuado o exame psicotcnico, desde que atendidos
trs requisitos mnimos. A saber: a) ele deve estar previsto na lei especfica daquele
concurso; b) devem ser estabelecidos critrios objetivos para o exame; c) deve haver
possibilidade de recurso para o candidato reprovado.
No AgRg no REsp 1.414.990, o STJ diferenciou o exame psicotcnico do exame
mdico para ingresso em cargo pblico federal, aduzindo que no ser necessria a previso
deste exame na lei especfica do concurso, eis que ele j possui previso legal na lei 8.112/90
nos arts. 5 e 14.
Art. 5o So requisitos bsicos para investidura em cargo pblico:
VI - aptido fsica e mental.
Art. 14. A posse em cargo pblico depender de prvia inspeo mdica oficial.
Pargrafo nico. S poder ser empossado aquele que for julgado apto fsica e
mentalmente para o exerccio do cargo.
A inspeo clnica tambm no pode se confundir com o teste fsico que dever estar
previsto na lei especfica do concurso.
Direito Administrativo
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Segunda Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. EXAME PSICOLGICO EM CONCURSO PBLICO.
admitida a realizao de exame psicotcnico em concursos pblicos se forem atendidos
os seguintes requisitos: previso em lei, previso no edital com a devida publicidade dos
critrios objetivos fixados e possibilidade de recurso. Precedentes citados do STF: MS
30.822-DF, Segunda Turma, DJe 26/6/2012; e AgRg no RE 612.821-DF, Segunda Turma,
DJe 1/6/2011. RMS 43.416-AC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/2/2014
(Informativo n 0535).
Segunda Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. EXAME MDICO PARA INGRESSO EM CARGO PBLICO.
O candidato a cargo pblico federal pode ser eliminado em exame mdico admissional,
ainda que a lei que discipline a carreira no confira carter eliminatrio ao referido
exame. Isso porque a inspeo de sade exigncia geral direcionada a todos os cargos
pblicos federais (arts. 5, VI, e 14 da Lei 8.112/1990), da a desnecessidade de constar
expressamente na lei que disciplina a carreira da qual se pretende o ingresso. Ademais, a
referida inspeo clnica no se confunde com o teste fsico ou psicolgico, os quais so
exigncias especficas para o desempenho de determinados cargos e, portanto, devem
possuir previso legal em lei especfica. Precedente citado: REsp 944.160-DF, Quinta
Turma, DJe 6/12/2010. AgRg no REsp 1.414.990-DF, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 3/4/2014 (Informativo n 0538).
2.7 Eliminao do candidato na fase de investigao social
O STJ, no julgamento do AgRg no RMS 39589, entendeu que na fase de investigao
social o simples fato de haver uma instaurao de Inqurito Policial ou uma ao penal em
curso contra o candidato no poder levar a sua eliminao do concurso pblico. Isso em
razo do princpio da presuno de inocncia.
Segunda Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. INVESTIGAO SOCIAL EM CONCURSO PBLICO.
Na fase de investigao social em concurso pblico, o fato de haver instaurao de
inqurito policial ou propositura de ao penal contra candidato, por si s, no pode
implicar a sua eliminao. A eliminao nessas circunstncias, sem o necessrio trnsito
em julgado da condenao, viola o princpio constitucional da presuno de inocncia.
Precedentes citados do STF: ARE 754.528 AgR, Primeira Turma, DJe 28/8/2013; e AI
769.433 AgR, Segunda Turma, DJe 4/2/2010; precedentes citados do STJ: REsp
1.302.206-MG, Segunda Turma, DJe 4/10/2013; EDcl no AgRg no REsp 1.099.909-RS,
Quinta Turma, DJe 13/3/2013 e AgRg no RMS 28.825-AC, Sexta Turma, DJe 21/3/2012.
AgRg no RMS 39.580-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 11/2/2014
(Informativo n 0535).
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3. Improbidade Administrativa
3.1 Indisponibilidade de bens (REsp 1.176.440)
Neste julgado, o STJ entendeu que o juiz pode determinar o bloqueio de um valor
superior ao pedido pelo Ministrio Pblico ou pelo ente pblico na petio inicial da ao de
improbidade. Houve uma flexibilizao do princpio do pedido por conta do poder
acautelatrio do juiz, visando eficcia final do processo.
Impende averbar, o art.7 da lei 8.429/92 permite o ato constritivo quando o ato
praticado gerar rejuzo ao errio ou enriquecimento ilcito. Mas a jurisprudncia do STJ vem
rechaando o entendimento de que o valor bloqueado deve ser proporcional ao valor do
dano causado ou do enriquecimento ilcito. Para o STJ, alm desses valores, a
indisponibilidade dos bens pode abranger tambm o valor da multa civil, aplicada ao agente
como sano autnoma.
Art. 7 Quando o ato de improbidade causar leso ao patrimnio pblico ou ensejar
enriquecimento ilcito, caber a autoridade administrativa responsvel pelo inqurito
representar ao Ministrio Pblico, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Pargrafo nico. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recair sobre
bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acrscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilcito.
No bastasse, os bens adquiridos antes da pratica do ato de improbidade tambm
podero ser atingidos pela pena de indisponibilidade dos bens.
Primeira Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. BLOQUEIO DE BENS EM VALOR
SUPERIOR AO INDICADO NA INICIAL DA AO DE IMPROBIDADE.
Em ao de improbidade administrativa, possvel que se determine a indisponibilidade
de bens (art. 7 da Lei 8.429/1992) inclusive os adquiridos anteriormente ao suposto
ato de improbidade em valor superior ao indicado na inicial da ao visando a garantir
o integral ressarcimento de eventual prejuzo ao errio, levando-se em considerao, at
mesmo, o valor de possvel multa civil como sano autnoma. Isso porque a
indisponibilidade acautelatria prevista na Lei de Improbidade Administrativa tem como
finalidade a reparao integral dos danos que porventura tenham sido causados ao
errio. REsp 1.176.440-RO, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 17/9/2013
(Informativo n 0533).
3.2 Reduo da multa de ofcio em sede de apelao (REsp 1.293.624)
No julgamento deste recurso o STJ entendeu que a multa aplicada em 1 instancia no
bojo do processo de improbidade poder ser reduzida de ofcio pelo tribunal caso ela se
mostre excessiva ou desproporcional. Quer dizer que o tribunal poder reduzir o valor dessa
multa ainda que no haja pedido do apelante.
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Primeira Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. REDUO DO VALOR DE MULTA POR
ATO DE IMPROBIDADE EM APELAO.
O tribunal pode reduzir o valor evidentemente excessivo ou desproporcional da pena de
multa por ato de improbidade administrativa (art. 12 da Lei 8.429/1992), ainda que na
apelao no tenha havido pedido expresso para sua reduo. O efeito devolutivo da
apelao, positivado no art. 515 do CPC, pode ser analisado sob duas ticas: em sua
extenso e em profundidade. A respeito da extenso, leciona a doutrina que o grau de
devolutividade definido pelo recorrente nas razes de seu recurso. Trata-se da
aplicao do princpio tantum devolutum quantum appellatum, valendo dizer que,
nesses casos, a matria a ser apreciada pelo tribunal delimitada pelo que submetido
ao rgo ad quem a partir da amplitude das razes apresentadas no recurso. Assim, o
objeto do julgamento pelo rgo ad quem pode ser igual ou menos extenso
comparativamente ao julgamento do rgo a quo, mas nunca mais extenso. Apesar da
regra da correlao ou congruncia da deciso, prevista nos artigos 128 e 460 do CPC,
pela qual o juiz est restrito aos elementos objetivos da demanda, entende-se que, em se
tratando de matria de direito sancionador e revelando-se patente o excesso ou a
desproporo da sano aplicada, pode o Tribunal reduzi-la, ainda que no tenha sido
alvo de impugnao recursal. REsp 1.293.624-DF, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho,
julgado em 5/12/2013 (Informativo n 0533).
3.3 Prtica de ato de improbidade por particular
Como o ato de improbidade deve ser praticado por um agente pblico, no h a
possibilidade de ser ajuizada ao de improbidade apenas em face do particular. O art.3 da
lei 8.429/92 prev que o particular que concorrer para a prtica do ato de improbidade
dever tambm responder por ele, porm, juntamente com o agente pblico.
Art. 3 As disposies desta lei so aplicveis, no que couber, quele que, mesmo no
sendo agente pblico, induza ou concorra para a prtica do ato de improbidade ou dele
se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
O STJ corroborou com esse entendimento no julgamento do REsp 1.414.669-SP, ao
entender que o mdico que cobra honorrios por procedimento em hospital privado
somente responder por ato de improbidade administrativa se o atendimento tiver sido
custeado pelo sistema nico de sade, pois, caso contrrio, no estaria agindo na condio
de agente pblico.
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA AJUIZADA APENAS EM FACE DE PATICULAR.
No possvel o ajuizamento de ao de improbidade administrativa exclusivamente em
face de particular, sem a concomitante presena de agente pblico no polo passivo da
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demanda. De incio, ressalta-se que os particulares esto sujeitos aos ditames da Lei
8.429/1992 (LIA), no sendo, portanto, o conceito de sujeito ativo do ato de improbidade
restrito aos agentes pblicos. Entretanto, analisando-se o art. 3 da LIA, observa-se que
o particular ser incurso nas sanes decorrentes do ato mprobo nas seguintes
circunstncias: a) induzir, ou seja, incutir no agente pblico o estado mental tendente
prtica do ilcito; b) concorrer juntamente com o agente pblico para a prtica do ato; e
c) quando se beneficiar, direta ou indiretamente do ato ilcito praticado pelo agente
pblico. Diante disso, invivel o manejo da ao civil de improbidade exclusivamente
contra o particular. Precedentes citados: REsp 896.044-PA, Segunda Turma, DJe
19/4/2011; REsp 1.181.300-PA, Segunda Turma, DJe 24/9/2010. REsp 1.171.017-PA, Rel.
Min. Srgio Kukina, julgado em 25/2/2014 (Informativo n 0535).
Primeira Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. AO POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
No comete ato de improbidade administrativa o mdico que cobre honorrios por
procedimento realizado em hospital privado que tambm seja conveniado rede pblica
de sade, desde que o atendimento no seja custeado pelo prprio sistema pblico de
sade. Isso porque, nessa situao, o mdico no age na qualidade de agente pblico e,
consequentemente, a cobrana no se enquadra como ato de improbidade. Com efeito,
para o recebimento de ao por ato de improbidade administrativa, deve-se focar em
dois aspectos, quais sejam, se a conduta investigada foi praticada por agente pblico ou
por pessoa a ele equiparada, no exerccio do munus publico, e se o ato realmente um
ato de improbidade administrativa. Quanto qualidade de agente pblico, o art. 2 da
Lei 8.429/1992 o define como sendo todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remunerao, por eleio, nomeao, designao, contratao
ou qualquer outra forma de investidura ou vnculo, mandato, cargo, emprego ou funo
nas entidades mencionadas no artigo anterior. Vale destacar, na apreciao desse
ponto, que plenamente possvel a realizao de atendimento particular em hospital
privado que seja conveniado ao Sistema nico de Sade SUS. Assim, possvel que o
servio mdico seja prestado a requerimento de atendimento particular e a
contraprestao ao hospital seja custeada pelo prprio paciente suportado pelo seu
plano de sade ou por recursos prprios. Na hiptese em anlise, deve-se observar que
no h atendimento pelo prprio SUS e no h como sustentar que o mdico tenha
prestado os servios na qualidade de agente pblico, pois a mencionada qualificao
somente restaria configurada se o servio tivesse sido custeado pelos cofres pblicos. Por
consequncia, se o ato no foi praticado por agente pblico ou por pessoa a ele
equiparada, no h falar em ato de improbidade administrativa. REsp 1.414.669-SP, Rel.
Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 20/2/2014 (Informativo n 0537).
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3.4 Improbidade administrativa e a smula vinculante 13 (REsp 1.193.248)
O STJ entendeu neste julgado que no configura ato de improbidade administrativa a
contratao por agente poltico de parentes e afins para cargo em comisso, desde que essa
contratao tenha sido realizada em momento que no havia proibio expressa a ela (antes
da edio da Smula Vinculante 13 do STF ou de lei local que vede a contratao).
Smula vinculante 13: A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurdica investido em cargo de direo, chefia ou
assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana ou, ainda, de
funo gratificada na administrao pblica direta e indireta em qualquer dos poderes
da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, compreendido o ajuste
mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal.
Tambm reiterou a necessidade de atentar para o elemento subjetivo, dolo ou culpa,
para caracterizao da improbidade, diferenciando-a assim da ilegalidade. Para o STJ no
qualquer violao lei que vai implicar em ato de improbidade, pois isso resultaria numa
responsabilizao objetiva do agente.
Primeira Turma
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. NO CONFIGURAO DE ATO DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
No configura improbidade administrativa a contratao, por agente poltico, de
parentes e afins para cargos em comisso ocorrida em data anterior lei ou ao ato
administrativo do respectivo ente federado que a proibisse e vigncia da Smula
Vinculante 13 do STF. A distino entre conduta ilegal e conduta mproba imputada a
agente pblico ou privado muito antiga. A ilegalidade e a improbidade no so
situaes ou conceitos intercambiveis, cada uma delas tendo a sua peculiar
conformao estrita: a improbidade uma ilegalidade qualificada pelo intuito malso do
agente, atuando com desonestidade, malcia, dolo ou culpa grave. A confuso conceitual
que se estabeleceu entre a ilegalidade e a improbidade deve provir do caput do art. 11
da Lei 8.429/1992, porquanto ali est apontada como mproba qualquer conduta que
ofenda os princpios da Administrao Pblica, entre os quais se inscreve o da legalidade
(art. 37 da CF). Mas nem toda ilegalidade mproba. Para a configurao de
improbidade administrativa, deve resultar da conduta enriquecimento ilcito prprio ou
alheio (art. 9 da Lei 8.429/1992), prejuzo ao Errio (art. 10 da Lei 8.429/1992) ou
infringncia aos princpios nucleares da Administrao Pblica (arts. 37 da CF e 11 da Lei
8.429/1992). A conduta do agente, nos casos dos arts. 9 e 11 da Lei 8.429/1992, h de
ser sempre dolosa, por mais complexa que seja a demonstrao desse elemento
subjetivo. Nas hipteses do art. 10 da Lei 8.429/1992, cogita-se que possa ser culposa.
Em nenhuma das hipteses legais, contudo, se diz que possa a conduta do agente ser
considerada apenas do ponto de vista objetivo, gerando a responsabilidade objetiva.
Quando no se faz distino conceitual entre ilegalidade e improbidade, ocorre a
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aproximao da responsabilidade objetiva por infraes. Assim, ainda que demonstrada
grave culpa, se no evidenciado o dolo especfico de lesar os cofres pblicos ou de obter
vantagem indevida, bens tutelados pela Lei 8.429/1992, no se configura improbidade
administrativa. REsp 1.193.248-MG, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em
24/4/2014 (Informativo n 0540).
4. Interveno do Estado na propriedade
4.1 Reserva florestal no regularizada no clculo da produtividade do imvel
O art.6 da Lei 8.629/93 traz dois ndices de produtividade, o grau de utilizao da
terra e o grau de eficincia da explorao, que indicam se a propriedade ou no produtiva,
j que a desapropriao de propriedade produtiva vedada no nosso ordenamento.
Art. 6 Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econmica e
racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilizao da terra e de eficincia na
explorao, segundo ndices fixados pelo rgo federal competente.
A lei permite ao proprietrio que no momento do clculo da produtividade da terra
ele exclua aquelas reas inaproveitveis do terreno, como as de reserva florestal, por
exemplo.
Todavia, o STJ entendeu, no julgamento do AgRg no REsp 1.301.751-MT, que essas
reas de reserva florestal somente podero ser excludas se estiverem regularizadas, ou seja,
averbadas no registro imobilirio antes da vistoria.
Segunda Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. CONSIDERAO DE RESERVA FLORESTAL NO CLCULO DA
PRODUTIVIDADE DO IMVEL RURAL PARA FINS DE DESAPROPRIAO.
No se encontrando averbada no registro imobilirio antes da vistoria, a reserva
florestal no poder ser excluda da rea total do imvel desapropriando para efeito de
clculo da produtividade do imvel rural. Precedente citado do STJ: AgRg no AREsp
196.566-PA, Segunda Turma, DJe 24/9/2012. Precedente citado do STF: MS 24.924-DF,
Tribunal Pleno, DJe 4/11/2011. AgRg no REsp 1.301.751-MT, Min. Rel. Herman Benjamin,
julgado em 8/4/2014 (Informativo n 0539).
4.2 Divergncia entre a rea registrada e a rea real (REsp 1.286.886)
O STJ entendeu que se houver disparidade entre a rea registrada e a rea real
apurada pelos peritos da Administrao, sendo aquela menor que esta, o expropriado
somente poder levantar a indenizao referente rea menor e a diferena ser
depositada em juzo. A fundamentao baseada no art.34, DL 3.365/41.
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Art. 34. O levantamento do preo ser deferido mediante prova de propriedade, de
quitao de dvidas fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e publicao de editais,
com o prazo de 10 dias, para conhecimento de terceiros.
Pargrafo nico. Se o juiz verificar que h dvida fundada sobre o domnio, o preo
ficar em depsito, ressalvada aos interessados a ao prpria para disput-lo.
Segunda Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. DIVERGNCIA ENTRE A REA REGISTRADA E A MEDIDA
PELOS PERITOS NO MBITO DE DESAPROPRIAO PARA FINS DE REFORMA AGRRIA.
No procedimento de desapropriao para fins de reforma agrria, caso se constate que a
rea registrada em cartrio inferior medida pelos peritos, o expropriado poder
levantar somente o valor da indenizao correspondente rea registrada, devendo o
depsito indenizatrio relativo ao espao remanescente ficar retido em juzo at que o
expropriado promova a retificao do registro ou at que seja decidida, em ao prpria,
a titularidade do domnio. Essa a interpretao que se extrai do art. 34, caput e
pargrafo nico, do Decreto-lei 3.365/1941, segundo o qual O levantamento do preo
ser deferido mediante prova de propriedade, de quitao de dvidas fiscais que recaiam
sobre o bem expropriado, e publicao de editais, com o prazo de 10 dias, para
conhecimento de terceiros. e Se o juiz verificar que h dvida fundada sobre o domnio,
o preo ficar em depsito, ressalvada aos interessados a ao prpria para disput-lo.
Precedentes citados: REsp 1.321.842-PE, Segunda Turma, DJe 24/10/2013; REsp
596.300-SP, Segunda Turma, DJe 22/4/2008; e REsp 841.001-BA, Primeira Turma, DJ
12/12/2007. REsp 1.286.886-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/5/2014
(Informativo n 0540).
Observao: a professora atentou para o fato de importante dispositivo
constitucional acerca do tema, art.243, ter sido alterado recentemente pela Emenda
Constitucional 81/2014 para incluir o trabalho escravo nas hipteses de desapropriao
confiscatria.
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer regio do Pas onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrpicas ou a explorao de trabalho escravo
na forma da lei sero expropriadas e destinadas reforma agrria e a programas de
habitao popular, sem qualquer indenizao ao proprietrio e sem prejuzo de outras
sanes previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5. (Redao
dada pela Emenda Constitucional n 81, de 2014)
Pargrafo nico. Todo e qualquer bem de valor econmico apreendido em decorrncia
do trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e da explorao de trabalho escravo
ser confiscado e reverter a fundo especial com destinao especfica, na forma da
lei. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 81, de 2014)
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5. Responsabilidade Civil do Estado (AgRg no RE 435.444)
O Supremo decidiu que o art.37, 6, CRFB tambm vai se aplicar aos danos causados
aos prprios agentes pblicos. Aduziu que no pode ser estabelecida uma distino que a
prpria Constituio no fez. Foi a mesma ratio utilizada pelo STF quando ampliou a
abrangncia do referido dispositivo aos terceiros no usurios do servio pblico.
Art.37, 6 - As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadoras
de servios pblicos respondero pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de
dolo ou culpa.
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINRIO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DO ESTADO. DANOS CAUSADOS AOS PRPRIOS AGENTES PBLICOS.
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que excluir da
responsabilidade do Estado os danos causados aos prprios agentes pblicos acabaria
por esvaziar o preceito do art. 37, 6, da Constituio Federal, estabelecendo distino
nele no contemplada. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINRIO 435.444 RIO GRANDE DO SUL
V O T O
O SENHOR MINISTRO LUS ROBERTO BARROSO (Relator):
1. O agravo no deve ser provido. Tal como constatou a deciso agravada, a
responsabilidade do Estado objetiva nos casos de danos resultantes de sua atuao e
experimentados pelos seus prprios agentes.
2. A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que
excluir da responsabilidade do Estado os danos causados aos prprios agentes pblicos
acabaria por esvaziar o preceito do art. 37, 6, da Constituio Federal, estabelecendo
distino nele no contemplada (RE 176.564, Rel. Min. Marco Aurlio). Veja-se a
ementa do julgado:
RESPONSABILIDADE DO ESTADO - NATUREZA - POLICIAIS MILITARES - DILIGNCIA. A
responsabilidade do Estado objetiva, pressupondo nexo de causalidade entre o fato ou
servio que lhe seja prprio e a ausncia de dolo ou mesmo culpa por parte da vtima.
Precedentes: Recursos Extraordinrios ns 179.147, 135.310, 130.764, 109.615 e
140.270, julgados na Segunda (os dois primeiros e o ltimo) e Primeira (o terceiro e
quarto) Turmas, relatados pelos Ministros Carlos Velloso, Maurcio Corra, Moreira
Alves, Celso de Mello e por mim, com acrdos veiculados nos Dirios da Justia de 27 de
fevereiro de 1998 (os dois primeiros), 7 de agosto de 1992, 2 de agosto e 18 de outubro
de 1996, respectivamente. Responde o Estado por dano decorrente de diligncia policial
em que servidor policial militar haja atuado com negligncia, vindo a ser baleado, por
agente que deveria estar sob vigilncia, colega de servio. Hiptese concreta a
extrapolar o risco, simples risco, resultante da atividade policial e a ensejar a
responsabilidade do Estado no que conseqncia lgica inevitvel da noo de Estado
de Direito - Celso Antnio Bandeira de Mello.
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros
doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.
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3. Na mesma linha: AI 473.381-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso; RE 484.829, Rel. Min. Cezar
Peluso; RE 541.749, Rel. Min. Ellen Gracie; RE 432.624, Rel. Min. Cezar Peluso.
4. Diante do exposto, voto pelo desprovimento do agravo regimental.
6. Aposentadorias e Penses
6.1 Aposentadoria especial do servidor pblico
Neste mbito, houve a edio da Smula Vinculante 33 do STF.
Smula Vinculante 33. Aplicam-se ao servidor pblico, no que couber, as regras do
regime geral da previdncia social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40,
4, inciso III da constituio federal, at a edio de lei complementar especfica.
Esse j era o entendimento sedimentado do Supremo, no sentido de que as normas
do regime geral de previdncia social seriam aplicadas por analogia ao servidor pblico no
tocante aposentadoria especial, uma vez que o art.40, 4, CRFB ainda no foi
regulamentado.
PSV: aposentadoria especial de servidor pblico e atividades exercidas em condies
prejudiciais sade ou integridade fsica
O Plenrio acolheu proposta de edio de Smula Vinculante com o seguinte teor:
Aplicam-se ao servidor pblico, no que couber, as regras do Regime Geral de
Previdncia Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, 4, inciso III,
da Constituio Federal, at edio de lei complementar especfica.
PSV 45/DF, 9.4.2014. (PSV-45)
(Informativo 742, Plenrio)
6.2 Reviso do benefcio previdencirio (Pet 9.156)
O art.103 da Lei 8.213/91 prev o prazo de 10 anos para reviso de benefcio
previdencirio dos filiados no Regime Geral de Previdncia Social.
Art. 103. de dez anos o prazo de decadncia de todo e qualquer direito ou ao do
segurado ou beneficirio para a reviso do ato de concesso de benefcio, a contar do
dia primeiro do ms seguinte ao do recebimento da primeira prestao ou, quando for o
caso, do dia em que tomar conhecimento da deciso indeferitria definitiva no mbito
administrativo. (Redao dada pela Lei n 10.839, de 2004)
O STJ entendeu que o dispositivo no poderia ser aplicado por analogia ao servidor
pblico, na medida em que j existe regra especfica que trate do assunto, o art.1 do
Decreto 20.910/32, que estabelece que as dvidas passivas dos entes pblicos vo prescrever
no prazo de 5 anos.
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Art. 1 As dvidas passivas da Unio, dos Estados e dos Municpios, bem assim todo e
qualquer direito ou ao contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a
sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se
originarem.
DIREITO ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIRIO. APLICABILIDADE DO ART. 1 DO DECRETO
20.910/1932 AOS CASOS DE REVISO DE APOSENTADORIA DE SERVIDOR PBLICO.
Nos casos em que o servidor pblico busque a reviso do ato de aposentadoria, ocorre a
prescrio do prprio fundo de direito aps o transcurso de mais de cinco anos e no
de dez anos entre o ato de concesso e o ajuizamento da ao. Trata-se da aplicao
do art. 1 do Decreto 20.910/1932, segundo o qual as dvidas passivas da Unio, dos
Estados e dos Municpios, bem assim todo e qualquer direito ou ao contra a Fazenda
federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos
contados da data do ato ou fato do qual se originarem. A existncia de norma
especfica que regula a prescrio quinquenal, nos feitos que envolvem as relaes de
cunho administrativo tais como aquelas que envolvem a Administrao Pblica e os
seus servidores , afasta a adoo do prazo decenal previsto no art. 103, caput, da Lei
8.213/1991, que dispe sobre os Planos de Benefcios da Previdncia Social. Ressalte-se,
ademais, que os requisitos e critrios fixados para o regime geral de previdncia social
cuja adoo no poder ser diferenciada to somente para efeito de aposentadoria
sero aplicveis aos regimes de previdncia dos servidores pblicos titulares de cargo
efetivo no que couber, conforme determina a redao do art. 40, 12, da CF.
Precedentes citados: AgRg no AREsp 86.525-RS, Primeira Turma, DJe 16/5/2014; e AgRg
no REsp 1.242.708-RS, Segunda Turma, DJe 14/4/2014. Pet 9.156-RJ, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, julgado em 28/5/2014.
7. Contratos Administrativos (REsp 1.352.497)
No julgamento desse recurso, o STJ entendeu que a manuteno do equilbrio
econmico financeiro no poder ser garantida caso o contrato administrativo tenha sido
firmado sem prvio procedimento licitatrio.
DIREITO ADMINISTRATIVO. EQUILBRIO ECONMICO-FINANCEIRO EM CONTRATO DE
PERMISSO DE SERVIO PBLICO.
No h garantia da manuteno do equilbrio econmico-financeiro do contrato de
permisso de servio de transporte pblico realizado sem prvia licitao. Precedentes
citados: AgRg nos EDcl no REsp 799.250-MG, Segunda Turma, DJe 4/2/2010, e AgRg no
Ag 800.898-MG, Segunda Turma, DJe 2/6/2008. REsp 1.352.497-DF, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 4/2/2014.
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doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.
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8. Processo Administrativo
O art.170 da lei 8.112/90 foi declarado inconstitucional pelo Supremo por entender
que como a extino da punibilidade pela prescrio impede a aplicao de qualquer
punio, a anotao dessa punio na ficha funcional do servidor no poderia acontecer.
Aduziu que essa anotao viola o princpio da presuno de inocncia e, por si s, ela
acabaria representando uma punio.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrio, a autoridade julgadora determinar o
registro do fato nos assentamentos individuais do servidor.
Art. 170 da Lei 8.112/1990: registro de infrao prescrita e presuno de inocncia
O art. 170 da Lei 8.112/1990 (Extinta a punibilidade pela prescrio, a autoridade
julgadora determinar o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor)
inconstitucional. Essa a concluso do Plenrio ao conceder mandado de segurana para
cassar deciso do Presidente da Repblica que, embora reconhecendo a prescrio da
pretenso punitiva de infrao disciplinar praticada pelo impetrante, determinara a
anotao dos fatos apurados em assentamento funcional. O Tribunal asseverou que, em
virtude do reconhecimento da extino da punibilidade pela prescrio, obstar-se-ia a
imposio de punio administrativo-disciplinar, tendo em conta que a pretenso
punitiva da Administrao estaria comprometida de modo direto e imediato. Assim,
afirmou que a anotao dessa ocorrncia em ficha funcional violaria o princpio da
presuno de inocncia. Em consequncia, a Corte, por maioria, declarou a
inconstitucionalidade incidental do art. 170 da Lei 8.112/1990. O Ministro Dias Toffoli
(relator) aduziu que o mencionado dispositivo remontaria prtica surgida, em especial,
na Formulao do extinto Departamento de Administrao do Servio Pblico - DASP
(Se a prescrio for posterior instaurao do inqurito, deve-se registrar nos
assentamentos do funcionrio a prtica da infrao apenada). O Ministro Luiz Fux
salientou que o registro, em si, seria uma punio, que acarretaria efeitos deletrios na
carreira do servidor, em ofensa tambm ao princpio da razoabilidade. O Ministro Marco
Aurlio realou, de igual forma, que o aludido artigo discreparia da Constituio sob o
ngulo da razoabilidade. Por sua vez, o Ministro Ricardo Lewandowski acrescentou que o
preceito em questo atentaria contra a imagem funcional do servidor. Vencido o
Ministro Teori Zavascki, que no reputava o art. 170 da Lei 8.112/1990 inconstitucional.
Consignava que a incompatibilidade dependeria da interpretao conferida ao
dispositivo. Aduzia no conflitar com a Constituio o entendimento de que se trataria
de documentao de um fato, ou seja, de que o servidor respondera a um processo e que
a ele no fora aplicada pena em razo da prescrio.
MS 23262/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 23.4.2014. (MS-23262) (Informativo 743, Plenrio)