Transcript
Page 1: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 1/86

 Penny JordanUma noite de amor

 Sabrina 388

Um doce momento... Jane e Scott estavammarcados por toda a vida!

Um amor antigo, uma paixĂŁo adolescente. Seria possĂ­vel reviver o passado? 

O coração de Jane, perdido de amor, clamava para que

ela se atirasse nos braços de Scott. As carícias deletransformavam em cinzas o passado que ela lutava paraesquecer.

 Aquele encontro teria que seria o recomeço de um amorcorroĂ­do pela separação e pelo tempo. Mas será que Scott 

 pensava assim? Ou aquela noite nĂŁo passava de umadiversĂŁo? 

Copyright: Penny JordanTĂ­tulo original: "What you made me" 

 Publicado originalmente em 1984 pela Mills & Boon Ltd., Londres, InglaterraTradução: Orivan Pavan PalumboCopyright para a lĂ­ngua portuguesa: 1986 Nova Cultural — SĂŁo Paulo — Caixa Postal 2372 Esta obra foi composta na Linoart Ltda. e impressa na DivisĂŁo Gráfica da

 Editora Abril S.A. Foto da capa: Keystone

 Digitalização e revisĂŁo: Márcia Goto

Page 2: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 2/86

CAPĂŤTULO I 

O olhar cansado de Jane percorreu as caixas empilhadase os sacos de papel. Uma ponta de melancolia lhe apertou ocoração. Então aquilo era tudo o que havia restado dossessenta anos de vida de tia Mary? Pobre Mary Cromwell. . .Vivera tão sozinha que nem mesmo Jane sabia muita coisa arespeito dela, a não ser o que revelava um velho álbum de

 fotografias amarelecidas. Mas fora por causa de tia Mary que Jane voltara ao

vilarejo de Garston. Afinal, era sua única parenta, e nãohesitara em prestar-lhe ajuda nos últimos dias de vida. UmaVida solitária, estranha, que Jane nunca entendera bem.

Com um suspiro, ela se levantou e apanhou uma dasrevistas de motociclismo de Simon, seu filho. Com apenas dez anos de idade, o garoto era apaixonado por motocicletas etinha um grande interesse por mecânica e computação. Mas

 parecia nĂŁo dar muita importância a horários, pois já passava das cinco e ele ainda nĂŁo havia chegado, emborativesse ordem de retornar Ă s quatro. Isso atrapalhava os

 planos de Jane, que havia planejado voltar para Londres logo

após o chá. Onde estaria Simon? Que menino! Não passaramais do que uma semana em Garston e já fizera muitosamigos. Na certa devia ter saído com eles. Aliás, váriosgarotos tinham ido procurá-lo pela manhã.

 Jane sorriu, ao pensar que, nesse ponto, era muitodiferente do filho. Tinha poucos amigos e, embora algumas

 pessoas na vila se lembrassem dela, o Ăşnico que a visitou foi ovelho padre! Seu temperamento era mais parecido com o detia Mary, que, bastante reservada, passara a vida na casa que

 pertencia aos Garston. Como a propriedade ficasse longe davila, ela nunca tivera muito contato com os moradores e permanecia sozinha a maior parte do tempo. Exatamentecomo havia acontecido com Jane, no tempo em que haviamorado lá.

 Ela agora compreendia como devia ter sido difĂ­cil para tia Mary arcar com a responsabilidade de criar uma sobrinharebelde de catorze anos, chocada com a morte sĂşbita dos pais,assassinados num ataque terrorista. Acostumada Ă s regaliasque a vida de filha de diplomata lhe proporcionava, Jane

demorou a aceitar as mudanças que o destino lhe reservara.Teve que abandonar a escola particular e se contentar com as

Page 3: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 3/86

duas apĂłlices de seguro que seu pai lhe deixara. Naquela Ă©poca, tia Mary era professora e governanta de

 Edward Garston, e por isso tinha permissĂŁo para viver na propriedade da famĂ­lia, da qual cuidava como se fosse sua. E,

como os Garston fossem muito ricos, nĂŁo se opuseram a que Jane fosse morar lá depois da morte dos pais. Ela se lembrava bem do luxo em que vivia a famĂ­lia

Garston, dona de muitas terras e de uma bela residência. Mascom o tempo, toda essa riqueza se perdeu e só restaram ochalé onde morava tia Mary e a antiga mansão da fazenda.

 Depois disso, mais uma tragĂ©dia abalou a vida dos Garston: Edward morreu num acidente de carro e sua herança passou para um primo, Scott.

 Jane nunca se esquecera do dia em que Scott e a mĂŁechegaram Ă  propriedade. O pai do rapaz era considerado aovelha negra da famĂ­lia e na vila corria um boato que diziaque o velho Garston, avĂ´ de Scott, havia jurado nĂŁo lhe passara herança. Naquela Ă©poca, Scott tinha vinte anos e, embora

 Jane passasse a maior parte do tempo em Oxford, estudando,lembrava-se de o ter observado algumas vezes, durante as

 fĂ©rias. Ele vivia em sua moto barulhenta, o que deixava o avĂ´muito irritado. Jeffrey Garston nĂŁo sĂł havia permitido a vindada nora e do neto como tambĂ©m depositara todas as suas

esperanças nele. E era obrigado a engolir as excentricidadesde Scott, que nĂŁo se cansava de trabalhar para recuperar a fortuna perdida.

 Por onde ele andaria agora? Jane recebera uma carta detia Mary, informando que o velho Garston havia morrido logodepois de sua partida e que o neto fechara a mansĂŁo e partira.Tal notĂ­cia a surpreendera, pois Scott sempre pareceraobstinado em fazer da propriedade um impĂ©rio comercial.Comentou isso na resposta que enviou Ă  tia, contando tambĂ©m

sobre o nascimento de Simon. E a partir daí não houve maiscorrespondência. Uma sobrinha solteira, com um filho, eraalgo incompreensível para o rígido código moral da velhasenhora puritana. Foi por isso que, durante onze anos, umanão soube da outra, até que a doença de tia Mary as uniunovamente.

 Jane sorriu, ao pensar que, quando Simon nascera, sermĂŁe solteira ainda era um escândalo. PorĂ©m, hoje em dia, eraum fato tĂŁo normal e corriqueiro que ninguĂ©m mais seabalava com ele. Nem mesmo os filhos dessas mulheres tinham

 problemas com isso, já que com a maioria dos coleguinhasacontecia a mesma coisa. No caso de Simon, mais da metade

Page 4: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 4/86

de seus amigos de escola moravam somente com a mĂŁe. Pensando naquela Ă©poca, Jane olhou-se no espelho e fez 

uma careta. Como havia sido infantil, inocente! Tinhadezessete anos quando concebera Simon e era muito imatura.

 Mas nĂŁo fazia mal. Tinha aprendido a lição e agora, aos vintee oito anos, se tornara uma mulher madura e esperta, queaprendera a viver pelo caminho mais difĂ­cil.

O que ela nĂŁo notou, ao observar a prĂłpria imagem, foram as linhas do rosto, bem mais acentuadas, e um ar dereserva que lhe tirava um pouco o brilho dos olhos e escondiaseus sentimentos mais verdadeiros.

Quando partira de Garston, Jane tinha cabeloscurtos,pois a tia achava que era mais decente. Agora, noentanto, costumava prendĂŞ-los num coque, que combinavamelhor com a figura de secretária eficiente do sr. Nigel 

 Barnes, diretor da Merrit Plastics. Mas, quando ela soltava ocoque, os cabelos loiros lhe caĂ­am sobre os ombros, formandoondas macias e sedosas que chamavam a atenção de qualquer

 pessoa. AtĂ© nesse ponto ela e Simon eram diferentes. O menino

tinha belos cabelos pretos e por isso dificilmente alguém osveria, num olhar menos observador, como mãe e filho. Simonhavia herdado quase tudo do pai, temperamento, cabelos,

altura, ombros largos. Aos dez anos, aparentava treze e estavaamadurecendo rapidamente. Depressa demais, talvez. Exatamente o oposto do que acontecera com Jane.

 Ela suspirou e voltou a prestar atenção ao espelho.Vestida com um jeans desbotado e uma velha camiseta que lherealçava o corpo esbelto, e com um simples rabo-de-cavalo,

 Jane parecia ser a irmĂŁ mais velha de Simon, nĂŁo sua mĂŁe. Principalmente porque ele era quatro centĂ­metros mais alto.

 Pensando no filho, ela começou a ficar preocupada. Por

onde andaria? Só Deus poderia saber. Simon era umsonhador. Uma vez envolvido com uma tarefa, esquecia-se dotempo. Que ele era extremamente inteligente, já havia sidoafirmado com ênfase pelo diretor da escola, que o consideravaum pequeno gênio. Para o velho professor, era uma pena o

 fato de Simon estudar num colĂ©gio que nĂŁo lhe daria chances para explorar todos os seus dotes. No entanto, embora sendomuito bom com as mĂŁos, em assuntos mecânicos oumatemáticos, Simon enfrentava dificuldades com o inglĂŞs e asmatĂ©rias da área de ciĂŞncias humanas.

— Sem uma nota sete, no mínimo, ele nunca chegará auma universidade — comentava o diretor. — Uma escola

Page 5: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 5/86

 particular talvez resolvesse o problema, mas elas cobrammuito caro. Outra alternativa seria um colĂ©gio menor,numa cidade do interior, onde o professor pode dedicar maisatenção ao aluno.

 Infelizmente, as duas sugestões estavam fora decogitação. O salário de Jane era bom, mas nĂŁo o suficiente para pagar uma escola particular. Morar em Londressignificava ter muitas despesas. Se ela arrumasse mais umemprego, seria possĂ­vel pĂ´r Simon num bom colĂ©gio, porĂ©misso a faria ficar longe do filho por muito tempo. Jane nĂŁotinha muitas alternativas. Fazia o papel de mĂŁe e pai aomesmo tempo. Tinha que trabalhar para sustentar a si mesmae a Simon. NĂŁo havia como fugir disso.

O barulho de um carro que se aproximava afastou aqueles pensamentos. Aquilo era estranho, pois, segundo o padre,aquela estrada nĂŁo era usada desde que uma grande empresade computação, a Computex, comprara a propriedade dosGarston. Essa notĂ­cia, aliás, a surpreendera muito, porque a

 fazenda ficava muito distante dos centros mais desenvolvidos. Na certa, Scott devia tĂŞ-la vendido depois de se recusar acasar-se com Mary Tatlow, filha de um milionário que poderiasalvar as finanças da famĂ­lia Garston. Pelo menos era esse odesejo do avĂ´ de Scott.

 Afastando as lembranças da mente, Jane debruçou-s na janela e viu, com espanto, um enorme Rolls-Royce descendo aestrada. Havia marcas de uma batida recente no pára-lama e,a julgar pelo estrago, o conserto ser is terrivelmente caro. Masisso nĂŁo devia ser problema para o dono de um carro comoaquele. Fosse como fosse, fato era que o luxuoso veĂ­culo

 parava em frente Ă  casa e Jane via, surpresa, Simon sair dedentro dele.

 Assustada, desceu a escada rapidamente, imaginando o

que o filho poderia estar fazendo num Rolls-Royce. Dequalquer maneira, o menino havia ignorado todos osconselhos maternos, no sentido de evitar caronas de estranhos.

 Ao sair para o jardim, ela notou que Simon estava quietoe bastante pálido. Nesse momento, outra porta do carro seabriu e um homem caminhou na direção dos dois. O coraçãode Jane disparou.

— Scott!— Jane! Que surpresa! Quer dizer então que esse mocinho

aĂ­ Ă© seu filho? 

 Scott parou ao lado de Simon, encarando-o como seestivesse observando as diferenças entre mĂŁe e filho. Depois

Page 6: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 6/86

olhou para Jane e se dirigiu para a porta, entrando no chalĂ©. Ela se surpreendeu com Scott. Onze anos o haviam

transformado bastante, e o mais impressionante era a falta de prazer e de calor que os olhos transmitiam. As pupilas bem

azuis, que costumavam mostrar brilho e vida, agora pareciamcheias de frieza e desprezo.Quanto tempo se passara depois do Ăşltimo encontro... Ele

devia estar com trinta e cinco anos. Trajava um ternoelegante, feito sob medida, que combinava com o Rolls-Royceestacionado em frente à casa. É, aquele Scott não tinha nada aver com o que usava jeans desbotados, cabelos longos emdesalinho e cuja expressão era sempre aberta e bem-humorada.

 Jane sentiu uma tristeza infinita, ao observá-lo. Fitaraqueles olhos era como admirar uma paisagem de gelo. Masos traços marcantes nĂŁo haviam mudado muito. Ele sempre

 fora um homem atraente e, embora o tempo houvesse lhe dado feições mais austeras, nĂŁo o modificara tanto. O rosto, queacusava a descendĂŞncia espanhola por parte da mĂŁe, agoratinha algumas rugas e estava mais arrogante.

— Simon, por onde andou? Eu o avisei que queria partircedo.

 Jane dirigiu-se ao filho controlando a raiva e esperando

que Scott nĂŁo percebesse como estava irritada. Olhou para Simon e viu em seus olhos verdes um ar de culpa. Foi o quebastou para que o remorso a dominasse imediatamente. E teria sido mais doce para com o filho se Scott nĂŁo interviesse:

— Eu sei onde ele esteve: invadindo propriedade alheia. Entrou na Computex; pilotou uma motocicleta sem ter idadenem autorização para isso. E o que Ă© pior: bateu no meu carro.

 Atordoada com a notĂ­cia, Jane olhou pela janela paraobservar de novo o pára-lama totalmente amassado.

— Oh, Simon! Como pĂ´de. .. fazer uma coisa dessas? â€” Juro que foi sem querer, mĂŁezinha... A moto estavaquebrada e ajudei a consertá-la. EntĂŁo Tommy Hargreavesdisse que, se eu quisesse, poderia dar uma voltinha.

O menino lançou um olhar a Scott. A mĂŁe sentiu pena. Pobre Simon... o que Scott devia ter lhe dito para que estivessetĂŁo assustado? E a batida? Certamente, o dano nĂŁo foracausado somente pela moto.

— Tommy disse que sempre usa aquela estrada... —continuou o garoto. — Eu avisei que não tinha carta de

motociclista, mas ele respondeu que nĂŁo havia problema. AĂ­,entĂŁo. . .

Page 7: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 7/86

— . . .então você atravessou a passagem, saindoinesperadamente de trás das árvores, e quase foi atropelado

 por mim, que estava indo para casa. Se eu nĂŁo tivessedesviado a tempo, agora seria um menino morto.

 As palavras de Scott foram reveladoras. Ele havia ditoque estava indo para casa, e isso significava que voltara aviver em Garston. Dissera tambĂ©m que desviara o carro e,

 portanto, nĂŁo devia ter colidido com a moto. Jane abraçou o filho, acariciando-o. Ele parecia um

garotinho frágil e amedrontado.— Foi um acidente, mãe. Tentei explicar, mas o senhor ...

senhor...— Scott Garston. Vejo que não contou muito a seu filho

sobre sua vida, Jane. Por quĂŞ?  Ela ignorou a pergunta.— VocĂŞ disse que desviou a tempo, o que significa que nĂŁo

 foi Simon quem amassou o carro, certo? â€” Certo, mas duvido que a polĂ­cia o julgue inocente.Ele

estava dirigindo sem licença e em propriedade particular. Issovai lhe custar alguns milhares de libras.

 Jane nĂŁo acreditou estar ouvindo aquilo tudo. Milhares delibras! Como Scott poderia ser cruel a ponto de lhe arrancaratĂ© o Ăşltimo centavo? Ele havia jurado vingança, há onze

anos, e ela apenas rira, pois nunca poderia imaginar o que o futuro lhe reservava. Será que ele se lembrava da distantetarde de verĂŁo em que Jane comunicara que iria embora? 

 Ao fitá-lo, ela percebeu que Scott se lembrava, sim, e que a faria pagar por aquilo.

 Afinal, há muito tempo, ambos haviam se apaixonado:um romance adolescente para ela; para ele um amor de verĂŁo.

 No entanto, Jane ferira o orgulho masculino, quando disseraadeus, e as palavras de Scott mostravam que ele ainda nĂŁo a

 perdoara.— Scott... Jane se aproximou dele e notou que nada que dissesse o

 faria esquecer o passado. Scott parecia querer mantĂŞ-lo vivo;queria puni-la e talvez tivesse razĂŁo. Ela havia jurado amoreterno, porĂ©m logo percebera que se enganara e dissera-lheque amava outro homem. Ele tinha o direito de estarressentido.

— MĂŁe. . . A voz preocupada de Simon interrompeu os pensamentos

de Jane. Ele parecia sentir a tensão que pairava no ar.— Suba, querido. Você ainda não fez as malas e quero

Page 8: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 8/86

 partir o mais breve possĂ­vel.Visivelmente contrariado, o garoto se retirou. EntĂŁo, Jane

encarou Scott e começou, com voz firme e controlada:— Sinto muito pelo que aconteceu. Estamos aqui há pouco

tempo e Simon não conhece a região. Tenho certeza de que elenão sabia que estava invadindo uma propriedade particular.— O que está tentando dizer? Que ele se enganou? Qual é a

idade dele? Doze? Treze? â€” Dez — respondeu ela, irritada. Afinal, Scott sabia

 perfeitamente a idade de Simon.— Ele parece bem mais velho. O juizado de menores daqui 

é bastante conservador, principalmente em se tratando dedanos à propriedade privada. Além do carro, haverá umamulta por invasão.

— Invasão! Foi um acidente!— Você conseguirá provar o que está dizendo? Posso

inclusive declarar que foi proposital. Sabe, pensei que vocĂŞnunca fosse voltar. Imaginei que seu amante a tivesse levado

 para algum lugar bonito. Sul da França, vocĂŞ disse. . . Quantotempo ele levou para perceber que nĂŁo a amava? NĂŁo muito, a

 julgar pela rapidez com que a abandonou. No Natal ele jáestava de volta a Woolverton e na primavera casou-se com

 Mary Tatlow. Sua tia Mary ficou muito desapontada, sabe? 

 Disse que nunca mais queria vĂŞ-la. EntĂŁo, por que vocĂŞ voltou? â€” Porque nĂŁo me achei no direito de abandoná-laquando soube que estava doente!

— NĂŁo minta! VocĂŞ nunca soube o que Ă© lealdade! Por queagora vem posar de boazinha? 

O tom de Scott era gelado. Jane nĂŁo sabia o que doĂ­amais, se eram as palavras ou o modo como eram ditas.

— Scott, eu...— Você o quê? Errou? Quando descobriu isso? Quando

Geoff recusou-se a casar por causa do filho que vocĂŞcarregava? Ora. . . foi atĂ© engraçado, sabe? Ainda posso ouvi-la falar, com uma voz toda melosa, que havia outro. Disse quenĂŁo poderia se casar comigo porque amava outro, certo? 

 Depois, claro, de ter dito que esperava um filho dele. VocĂŞ faz idĂ©ia do que isso representou para mim? Desafiei meu avĂ´ porsua causa. Estava preparado para deixar Garston e desistir detudo. PorĂ©m, para vocĂŞ, eu nĂŁo valia nada, valia? Quandodescobriu que meu avĂ´ me deserdaria, se nos casássemos,

 fugiu com Geoff Rivers. Contou-lhe que havia feito amor

comigo? Ou ele nĂŁo se importava? Afinal, ele a deixou, nĂŁo foi? Quando fiquei sabendo disso, me senti vingado!

Page 9: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 9/86

— Posso imaginar.. . Jane parecia calma, mas estava pálida como cera. A força

daquele ódio a atingia como um punhal, despertando-lhelembranças de fatos que ela preferia esquecer.

— Sabe, Jane, até hoje não consigo entender por que vocêse entregou a mim. Se fosse virgem, teria conseguido mais deGeoff.

— NĂŁo quero falar sobre isso. Ela sentia-se muito mal. Estava perdendo o controle e nĂŁo

queria se lembrar de mais nada.— Então quer falar de quê? De como vai pagar o conserto

do meu carro? Meu carro, Jane, nĂŁo da Computex... Ah, sim, aComputex Ă© minha. Como vĂŞ, consegui algo, afinal. Se tivesse

 ficado comigo, hoje seria uma mulher rica. Meu avĂ´ me ajudouum pouco e, com alguma sorte, reergui a fazenda. Apenasimagine como as coisas seriam se vocĂŞ nĂŁo tivesse fugido:madame Jane, a senhora de tudo! De mim e de Garston. Diga-me, o que valia mais para vocĂŞ? Eu ou a propriedade? 

— Nenhum dos dois!— Ah, é claro!.Eu estava me esquecendo de Geoff. .. Como

me iludi! VocĂŞ se divertiu, sua leviana, deixando-me pensarque me amava enquanto. . .

— Scott. . . com relação ao carro, sinto muito, mas não

tenho dinheiro para pagar o conserto.— Oh, mas que azar o seu. . . EntĂŁo o que sugere que eu faça? Que simplesmente esqueça? 

 Ela fez que nĂŁo com a cabeça, desolada.— VocĂŞ já me custou muito. Agora chegou a minha vez e

vou recuperar tudo. VocĂŞ se divertiu muito Ă s minhas custas, Jane, e desta vez eu vou rir por Ăşltimo!

— Ouça, você não pode usar meu filho como instrumentoda sua vingança. Não é justo. Não é direito.

— Quem disse que vou usar o garoto? É vocĂŞ quem vai  pagar, e, se nĂŁo puder ser em dinheiro, será de alguma outra forma.

 Ao ouvir Scott pronunciar essas palavras, Jane sentiu umtorpor envolvĂŞ-la. Nada parecia racional e era impossĂ­vel ignorar o Ăłdio do antigo namorado. Sabia que ele possuĂ­a

 poder suficiente para prejudicar Simon. Tinha que fazĂŞ-lo parar com aquilo, a qualquer custo.

— Scott, por favor. . .— Por favor o quê? Quer que eu perdoe seu filho? Muito

bem. . . mas quero algo em troca.— O quĂŞ? 

Page 10: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 10/86

— VocĂŞ trabalha como secretária em Londres, nĂŁo Ă©?  Jane ficou perplexa. Como Scott podia saber tanto a seu

respeito? â€” Peça demissĂŁo e venha trabalhar para mim, aqui em

Garston.— Como sua secretária? â€” Exatamente. E mais alguns serviços.— Nunca!Um silĂŞncio terrĂ­vel tomou conta dos dois. Momentos

depois, ele sentenciou:— Pense de novo. Esperei com ansiedade por uma

oportunidade como esta. Quero humilhá-la da mesmamaneira como fui humilhado e não deixarei escapar estachance. O sacrifício será seu. Não me importa se envolverá seu

 filho tambĂ©m.— NĂŁo posso trabalhar para vocĂŞ e. . . e. . .— Dormir comigo? Claro que pode. NĂŁo foi assim com

Geoff? VocĂŞ trabalhava para ele, quando começaram a dormir juntos, nĂŁo Ă©? Quero sua resposta, e agora, caso contráriolevarei Simon Ă  polĂ­cia e farei uma ocorrĂŞncia.

— NĂŁo faça isso comigo! Preciso conversar com Simon! NĂŁo posso decidir tudo assim, Ă s pressas!

— Pode e vai. Se o garoto não conhece a mãe que tem, está

na hora de saber. NĂŁo venha me dizer que Geoff foi o Ăşltimohomem de sua vida. Uma mulher que tinha dois amantes aomesmo tempo nunca. . .

 Jane levantou a mĂŁo para dar-lhe um tapa, mas Scott oevitou a tempo. Segurou-a, fazendo-a gemer de dor.

— Decida-se. Ou vem para mim e faz tudo o que eu quiser,ou mando seu filho para a polícia.

 Ela percebeu que nĂŁo tinha escolha. Seu silĂŞncioconfirmou sua submissĂŁo e, ao fitar os olhos de Scott, Jane

notou o triunfo da vingança tĂŁo esperada. Que fazer agora?  Revoltar-se contra ele? De que adiantaria? Afinal, uma pessoadura, fria, que falava calmamente em vingança e parecia nĂŁoconhecer o significado de palavras como "pena" e"compaixĂŁo", nĂŁo a ouviria nunca.

 Mas tudo tem seu lado positivo, e Jane considerou que, se ficasse, conseguiria esclarecer o passado. Ia fazer Scott entender que nĂŁo fora sua intenção magoá-lo, mas ajudá-lo.Tendo essa esperança em mente, disse-lhe, devagar:

— Muito bem... se Ă© isso que vocĂŞ quer, ficaremos. Terei 

que encontrar um lugar para morar e uma escola para Simon.— Qual é o problema com a escola local? Não é boa o

Page 11: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 11/86

suficiente para seu filho? Ora, nĂŁo me aborreça. NĂŁo se preocupe com a casa. VocĂŞs vĂŁo morar comigo. — Já iasaindo, quando se voltou e disse com ironia: — Isso vai causarum comentário dos diabos lá na vila. Mas nĂŁo será nada,

comparado Ă  confusĂŁo que vocĂŞ causou quando fugiu comGeoff. — Por um momento, ele pareceu estar vivendo cenas deonze anos atrás. Seu rosto transmitia amargura e tristeza. —Voltarei amanhĂŁ para levá-los para casa. NĂŁo tente fugir. Irei atrás e nĂŁo serei generoso, de maneira alguma.

Quando Simon desceu, Scott já tinha ido embora. Janesorriu para o filho e abraçou-o, com o coração doendo.

— Ele se foi? â€” Sim, querido.— E ele nĂŁo sabe? O tom de voz do menino era intrigante.— Sabe o quĂŞ? â€” Que Ă© meu pai. VocĂŞ nĂŁo lhe contou que Ă© meu pai? 

 Li no meu registro de nascimento, há algum tempo. Nunca liguei os fatos atĂ© virmos para cá. SĂł se ouve Scott Garston isso, Scott Garston aquilo. . .

 Jane empalideceu. Simon estivera muitas vezes na vila,mas ela nunca poderia imaginar que fosse fazer umadescoberta dessas.

— Me conte tudo, mamãe. .. por favor.Uma lágrima rolou pelo rosto cansado de Jane. Ela deviaexplicar ao filho, principalmente agora que iriam viver ali. Oh,

 por que concordara com tamanho absurdo? Talvez porqueainda fosse tola o suficiente para acreditar em contos de fadas,em finais felizes para tristes histĂłrias de amor.

 Sentou-se, perdida em pensamentos, sem responder Ă sindagações do menino. Quando deixara Garston, havia juradoque esqueceria Scott... Mas.. . será que tinha conseguido? Por

que nĂŁo se relacionara mais com homem algum? Por quetremera tanto, quando o ex-namorado aparecera? Será queainda o amava? 

Oh, quanto sofrera há onze anos! Mas quem sabe agoraconseguiria fazĂŞ-lo esquecer a amargura e o ressentimento? Talvez Scott se apaixonasse novamente... Por que nĂŁo? Umaesperança animou-lhe o coração, e ela olhou para Simon, queinsistia:

— Vamos, mãezinha, me conte tudo. Quero toda ahistória.

— Está bem. Era uma vez...

Page 12: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 12/86

CAPĂŤTULO II 

 Há mais de onze anos, tudo parecera um conto de fadas. Eles eram dois jovens solitários que haviam se conhecido e seapaixonado sem reservas, partilhando pensamentos econfissões. Jane se lembrava muito bem de quando conhecera

 Scott. Ela estudava no jardim e ele passeava por ali,observando-a de quando em quando, atĂ© que resolveu ir ao seuencontro e se apresentar. A conversa fluĂ­ra naturalmente eeles logo descobriram um interesse mĂştuo pela Renascença.

 Fora o suficiente para que Scott a convidasse para uma visitaĂ  biblioteca dos Garston. Lá poderiam pesquisar a histĂłria dovelho Abbey, vĂ­tima da reforma religiosa de Henrique VIII. E,aos poucos, a amizade que se iniciara de forma tĂŁo romântica

 foi cedendo lugar Ă  paixĂŁo e ao amor.O primeiro beijo fora dado por ela e os fizera tremer de

emoção. Jane tomara a iniciativa de tocá-lo e abraçá-lo;queria sentir a pele queimada de sol, os músculos rígidos. Noentanto, Scott não ousara tocá-la, embora parecesse sentirvontade de fazê-lo.

— Eu te amo.

 Ela nĂŁo se lembrava quem dissera aquelas palavras primeiro, mas sabia que haviam soado como uma lindacanção. Sabia tambĂ©m que a solidĂŁo em que ambos viviamintensificara aquele amor. Um relacionamento profundo semostrara inevitável.

 Scott a pedira em casamento antes mesmo de terem feitoamor pela primeira vez. Era o que Jane queria, casar-se comele e viver em Garston.

 Afinal, desde o princĂ­pio, Scott deixara claro que gostava

de Garston e que pretendia lutar pela recuperação da propriedade, que herdara de forma tĂŁo trágica. Dissera quetinha planos, esperanças e que contava com a ajuda danamorada para realizá-los.

 Jane logo conheceu a mĂŁe dele, Eva Garston, com quemsimpatizou de imediato. Desde a morte do marido, a boasenhora dependera da ajuda financeira do sogro, sem a qual nĂŁo teria sequer mandado o filho estudar na universidade.

"É, contado desse jeito, tudo parece mesmo um conto de fadas", pensou Jane, enquanto observava o rostinho de Simon,

que ouvia, fascinado, a histĂłria que a mĂŁe lhe contava. Ele parecia entender que Jane guardara com carinho, atravĂ©s dos

Page 13: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 13/86

anos, aquelas lembranças bonitas, recusando-se a esquecê-lase encontrando nelas o conforto nos vários momentos difíceisque enfrentara: a chegada a Londres, a falta de dinheiro, onascimento de Simon na Casa da Mãe Solteira...

 Naquela Ă©poca era mais fácil conseguir um emprego. Coma ajuda das voluntárias da Casa, Jane aprendera taquigrafiae datilografia. Depois que Simon nascera, encontrara umtrabalho no qual subira rapidamente, melhorando de posto ede salário.

— Por que ele nĂŁo se casou com vocĂŞ, mamĂŁe? Por minhacausa? 

Os olhos do menino transmitiam aflição.— Não foi nada disso, meu bem. Scott queria se casar

antes mesmo de vocĂŞ nascer. Se soubesse que era seu pai, nadao teria impedido de se casar comigo. .. mas eu lhe disse quevocĂŞ era filho de outra pessoa.

 Ao ver a dor que essa afirmação causou em Simon, elatentou logo explicar:

— Foi para o bem de Scott. O avô não gostava muitodele. . . Se tivesse ficado comigo, provavelmente teria perdidoa herança. E ele amava tanto Garston.. .

— Mais do que a vocĂŞ, mĂŁe? â€” NĂŁo. Apenas de outra maneira. Havia tambĂ©m um

 problema com Eva. Ela sofria de artrite e precisava submeter-se a uma cirurgia delicada para voltar a andar. Teria queesperar muito tempo para ser operada num hospital pĂşblico,mas o avĂ´ de Scott havia prometido pagar as despesas de umaclĂ­nica particular. E entĂŁo o velho descobriu o nosso namoro emandou me chamar.

 Ao se lembrar daquele dia, as cenas começaram a vir Ă memĂłria de Jane. A mensagem do velho chegara logo apĂłs ocafĂ© da manhĂŁ, e tia Mary de imediato repreendera a

sobrinha, embora nĂŁo soubesse do que se tratava. Ela nĂŁosabia do namoro de Jane e concluĂ­ra que o motivo do chamadoseria alguma pequena transgressĂŁo da jovem, como andar debicicleta perto da mansĂŁo ou da entrada principal.

 Decididamente, Jeffrey Garston era um homem antiquado e preconceituoso. Uma das condições impostas para que tia Mary ocupasse o chalĂ© era a de que ela e a sobrinha seutilizassem do caminho secundário. Aquilo serviria paracolocá-las no devido lugar.

Com um suspiro, Jane se lembrou de que fora conduzida Ă 

biblioteca. O fato de estar sozinha com o velho a incomodava. Jeffrey sempre a deixara nervosa. Ele era baixo, magro e

Page 14: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 14/86

tinha cabelos muito brancos. Os olhos eram parecidos com osdo neto, embora fossem frios, severos. Ele nĂŁo a convidara

 para sentar nem tivera qualquer outro gesto amistoso. Para ganhar coragem e enfrentar Jeffrey, Jane começou

a pensar na primeira vez que fizera amor com Scott. Lembroucom detalhes do quarto dele, da linda paisagem que sedescortinava da janela. . . Era como se isso a fizesse mais forte

 perante o velho. EntĂŁo continuou a recordar, e veio-lhe Ă mente o brilho apaixonado dos olhos de Scott, o beijo aomesmo tempo selvagem e doce que trocaram, o abraçoapertado, os corpos colados que procuraram a cama. . .

 Suados, enlouquecidos de paixĂŁo, os dois haviam seentregado sem reservas Ă s belezas e aos prazeres do amor.

 Naqueles momentos mágicos nĂŁo existiam regras moraisconservadoras, nem medo, nem repressĂŁo. Naquelesmomentos, o mundo era deles, sĂł deles, que se uniram emgritos roucos, quando o orgasmo os abençoou.

— Agora você terá que se casar comigo, Jane. .. E sua tianão poderá dizer não.

 Palavras doces, ditas num instante doce... Jane jamais seesqueceria delas. Estava enlevada com essas recordações,quando a voz de Simon a trouxe de volta Ă  realidade:

— Continue, mamãe, por favor. O que aconteceu na

biblioteca, com o velho Garston? â€” Ele me disse que desejava um bom casamento para Scott, de preferĂŞncia com a filha de um amigo muito rico quehavia prometido salvar as finanças da fazenda, caso as duas

 famĂ­lias se unissem. Scott nĂŁo conhecia nada a respeitodaqueles planos, mas o avĂ´ sabia quanto seu neto amava a

 fazenda e tinha certeza de que, se eu nĂŁo estivesse lá paraatrapalhar, tudo daria certo.

— Mas por que você concordou? Por que não contou tudo

a meu pai?  Seria difĂ­cil explicar a Simon como ela havia se sentido ao pensar que seria a causa da infelicidade de Scott.

— Tente entender, filho. Seu pai sempre quis ficar comigo. Desde o inĂ­cio do nosso namoro, ele dizia isso. Mas a situaçãoera muito delicada. A mĂŁe de Scott era doente, o avĂ´ vivia

 fazendo ameaças. Naquela Ă©poca, eu nĂŁo sabia que estavagrávida e pensei que nĂŁo valia a pena, para ele, jogar tudo

 fora por mim, . . Ao ouvir isso, Simon perguntou. . .

— Se vocĂŞ soubesse a meu respeito, teria mudado deidĂ©ia ? 

Page 15: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 15/86

Concluindo que o menino não havia se convencido, apesardas explicações, Jane se aproximou dele, segurou-lhe as mãose resolveu que seria melhor contar toda a verdade:

— Não foi bem assim. Scott não acreditaria em mim, se eu

simplesmente dissesse que não o amava mais . . .Foi quandodescobri que estava grávida. Fiquei desesperada, pois sabiaque, se ele soubesse que era o pai, nunca me deixaria partir.

 Mas veja bem: Scott havia acabado de se formar e ainda pretendia estudar computação. EntĂŁo . . . entĂŁo eu lhe disseque a criança nĂŁo era dele.

O rosto de Simon ficou branco, e, naquele momento, Jane percebeu como o preço daquela decisĂŁo havia sidotremendamente alto. Ainda podia se lembrar de como foradolorosa a conversa que tivera com Scott. . .

— Pare com isso, Jane! Não venha dizer que já estácansada de mim. . . Sei que me ama e que quer ser minhamulher!

— Pois você está enganado. Já estou farta de você e de suaquerida Garston!

— Deus, você não sabe o que está dizendo!— Claro que sei! — afirmara Jane, buscando forças para

lançar o argumento final: — Você não tem sido meu únicocompanheiro, ultimamente, sabe? Foi apenas o primeiro.

— É mentira!— Não é não!— Então prove!

 A voz de Scott transmitia toda a dor e a agonia que arevelação lhe havia causado. Ah, se ele soubesse que umaoutra revelação, bem pior, estava por vir. . .

— Ouça, tive um caso com outra pessoa e acabei engravidando.

— 0 quê? Por favor, diga que é mentira!

— Mas Ă© verdade.— Quem Ă© ele, Jane? O primeiro nome que lhe viera Ă  cabeça fora o de Geoff 

 Rivers, um garotĂŁo metido a galĂŁ que desfilava pela cidadecom seu carro de luxo e era filho de um poderoso homem denegĂłcios.

— Geoff? Jane, como vocĂŞ pĂ´de fazer isso? â€” Foi fácil...

 Se naquela hora Scott tivesse percebido que ela estavamentindo e dissesse que tinha certeza de que era o Ăşnico

homem de sua vida. . . No entanto, nĂŁo havia sido assim. Ele a encarara

Page 16: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 16/86

 friamente, dizendo:— Fico enojado sĂł em pensar que quase abandonei tudo

 por vocĂŞ!— Bem, parece que foi melhor para todos, nĂŁo Ă©? Afinal,

eu achava que você era uma pessoa divertida, mas narealidade é um chato.— Divertido? Foi por isso que saiu com Rivers? Por

diversão? Por que não lhe conta a respeito do bebê? Acho queele não vai achar muita graça nisso!

 Sem dizer mais nada, Scott saĂ­ra, sem olhar para trás. Nomesmo dia, mais tarde, Jane recebera um envelope comquinhentas libras dentro. Sentira náuseas; rasgara as notas eas enviara de volta ao remetente. Em seguida, arrumara asmalas e partira, deixando um bilhete para a tia. Nunca maisencontrara ninguĂ©m de Garston.

— VocĂŞ realmente o amava, mĂŁe? Simon continuava pálido e confuso.

— Demais. Jane o acariciou. Percebia que, se ele nĂŁo podia conhecer

o significado de uma famĂ­lia completa, pelo menos teria oconforto de saber que fora concebido num momento de amor.

— Foi por isso que o deixei. Porque o amava demais. E elesabia, quando veio me procurar. Estava zangado porque

 pensava que eu o havia traĂ­do...— Mas vocĂŞ nĂŁo o traiu, e ele nĂŁo se casou com a tal  Mary. Foi o Rob Harrison quem me contou. Estávamosconversando a respeito dele quando Rob mencionou o nome de

 Scott, e eu o reconheci. Queria saber mais e... Jane sentiu-se angustiada. Simon ficara sabendo por

conta prĂłpria quem era seu pai e, mesmo assim, nunca haviatocado no assunto.

— VocĂŞ ainda o ama, mĂŁe? 

 Ela sentiu uma ponta de esperança naquela pergunta e fez que nĂŁo com a cabeça, dizendo que já fazia muito tempo quetudo acontecera e que as coisas haviam mudado.

O menino insistiu:— Talvez ele ainda ame você. Não é casado. E se você lhe

contasse a meu respeito? â€” NĂŁo adianta, Simon. Ele nĂŁo acreditaria em mim. Está

mudado e agora me odeia.— Mas quer que fiquemos aqui. Eu ouvi quando ele disse...— Isso não significa que me ame. Eu o magoei muito,

quando parti. Você sabe que muitas pessoas, ao se sentiremmagoadas, fazem de tudo para se vingar. É isso o que ele quer.

Page 17: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 17/86

— Se ele deseja machucá-la, Ă© porque nunca amou vocĂŞ. Pronto, Simon havia tocado na ferida mais profunda

de Jane, ferida que havia doído bastante, quando elaouvira as insinuações e os ataques de Scott. Será que ele a

amara tĂŁo intensamente quanto dizia? Ou simplesmente tinhaconfundido os prĂłprios sentimentos Fosse como fosse, isso nĂŁo importava agora. Tudo nĂŁo

 passava de lembranças; o homem gentil e carinhoso que Janeconhecera nĂŁo existia mais.

— Oh, Simon! Se vocĂŞ nĂŁo tivesse pilotado aquelamoto, nĂŁo terĂ­amos que ficar aqui. O que esteve fazendo? 

— Consegui consertá-la e, como recompensa, Tommydisse que eu podia dar uma volta nela. Afirmou que ninguĂ©musava aquela estrada e que nĂŁo havia problemas. Tentei recusar, mas me chamaram de maricas. . .

 Dizendo isso, encolheu os ombros, aborrecido. Janesorriu. Ele crescera muito, nos Ăşltimos meses, e as roupas queusava, apesar de novas, já estavam pequenas.

— Eu gostaria de ficar aqui, mĂŁe.— NĂŁo temos muitas opções, querido. Precisamos ficar.— Por que será que ele nos quer aqui? 

 Jane poderia ter respondido que era para humilhá-la e fazĂŞ-la sofrer, mas preferiu nĂŁo atormentar o filho com esse

tipo de preocupação. Simon estava fascinado com os acontecimentos. Descobrirquem era seu pai o deixara emocionado demais, e Jane achousensato aconselhar-lhe para que nĂŁo se entusiasmasse muito eque nĂŁo comentasse nada a respeito. Com ninguĂ©m. Seria

 para seu prĂłprio bem.— MamĂŁe, vocĂŞ acha que ele nĂŁo vai me querer? É.. . seria

difícil fazer o garoto entender.— Não sei, meu bem. Mas acho melhor esquecermos o

 passado.— Eu nĂŁo sou passado. Estou vivo e tenho um pai.— Simon...— Oh, está bem. NĂŁo direi mais nada. Vou dormir.

 Enquanto ele subia para o quarto, lágrimas rolaram pelas faces de Jane. Bom Deus, será que ficar em Garston seria bom para Simon? Mas nĂŁo havia opções. Ela sabia que, se tentasse partir, Scott nĂŁo teria escrĂşpulos em levar o caso adiante. Seria impossĂ­vel pagar os danos do carro. Mas seria ainda pior ver Simon preso numa casa de recuperação de menores.

 Jane levantou-se cedo, pois nĂŁo conseguira dormir. Resolveu escrever algumas cartas. Poderia alugar o

Page 18: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 18/86

apartamento de Londres com certa facilidade, mas... porquanto tempo? Não fazia idéia das intenções de Scott.

 No fundo, o fato de Simon ter descoberto tudo e haverdeixado claro que gostaria de ter um relacionamento com o

 pai pesava em sua decisĂŁo. No entanto, ela nĂŁo alimentava ilusões de que a vida ali seria fácil. Quando Scott soubesse sobre o filho, na certa iriarejeitá-lo. Mas nĂŁo era justo negar a Simon a chance de falar

 francamente com o pai. Quem sabe a revelação fizesse de Scott um homem menos amargurado? 

 Foi pensando nisso que Jane pegou o velho telefone dochalĂ© e ligou para o patrĂŁo. Com o coração apertado, explicouque nĂŁo iria voltar e, como esperava, ouviu-o dizer que nĂŁoaceitava o pedido de demissĂŁo. Mas acabou convencendo-o, aoafirmar que havia outras secretárias na firma com capacidade

 para ocupar a vaga.— VocĂŞ Ă© a melhor secretária que já tive — murmurou ele,

quando Jane disse que decidira ficar em Yorkshire —, mas, seestá mesmo decidida a não voltar. . .

— Simon quer ficar aqui e, como já lhe disse, surgiu umaboa proposta de emprego...

— Na Computex, não é? É uma excelente firma. Tem sedado muito bem e recentemente conseguiu ganhar duas

concorrĂŞncias. Com quem vocĂŞ disse que vai trabalhar?  Jane nĂŁo havia dito com quem, mas sabia que sir Nigel era um homem que nĂŁo se convencia tĂŁo facilmente.

— Com Scott Garston.— Sei, sei... Ele é o presidente da empresa, o cérebro que

conduz a companhia. Acho que o encontrei uma vez. Alto,moreno, esperto como uma raposa, mas um tanto triste. EunĂŁo gostaria de ser inimigo dele, portanto Ă© melhor deixarvocĂŞ livre. , . NĂŁo quero que Scott declare guerra Ă  minha

 Merrit Plastics. Jane riu do comentário, sir Nigel era um homem famoso pela perspicácia com que conduzia os negĂłcios e ela duvidavade que alguĂ©m ousaria tentar passá-lo para trás. Muito menos

 Scott, que já tinha trabalho demais com a Computex. Aliás,agora que o primeiro choque havia passado, ela se lembravade mais detalhes a respeito da companhia. Lera uma longareportagem num jornal especializado, certa vez, embora nĂŁotivesse nenhuma referĂŞncia a Scott.

 Perdida em pensamentos, Jane disse adeus a sir Nigel e

desligou o telefone. Nesse instante, viu Simon descer. Ainda parecia pálido, cansado, e evitou o olhar da mĂŁe enquanto

Page 19: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 19/86

 preparava um prato de flocos de milho.— Quer dizer entĂŁo que vamos mesmo ficar, nĂŁo Ă©? —

disse, com um certo ar de censura, demonstrando ter ouvido aconversa.

— NĂŁo era isso que vocĂŞ queria? Terei que ligar para asua escola. Ainda bem que estamos no meio do ano. Vou procurar o diretor do colĂ©gio daqui para saber se há umavaga para vocĂŞ.

— Onde iremos morar? Aqui?  Ela deu uma olhada no chalĂ© e sentiu o coração bater

mais forte. Seria capaz de convencer Scott a deixá-los ali? Nomesmo instante, ouviu um carro estacionando. Dessa vez nãoera um Rolls-Royce, mas uma linda Ferrari. Era Scott.

— NĂŁo está se lembrando desse carro? — perguntou ele friamente, quando Jane lhe abriu a porta. — Geoff Riverstinha um igual, nĂŁo tinha? Causava mais impressĂŁo do que amoto, meu Ăşnico transporte, naquela Ă©poca. VocĂŞ deveria ter

 ficado comigo, querida. Ao ver Simon, parou de falar e o encarou. Jane aproveitou

a pausa para sugerir:— Estávamos pensando em ficar aqui no chalé.

GostarĂ­amos de saber se vocĂŞ nos autoriza a ocupá-lo. Ele deu um sorriso irĂ´nico e disse em voz baixa, para que

o menino nĂŁo ouvisse:— Por quĂŞ? Para receber seus amantes discretamente?  NĂŁo. Já prometi este lugar para outra pessoa e, alĂ©m disso,quero vocĂŞ perto de minhas vistas.

— Bem, se você já se comprometeu com outros ... tudobem.

— Vocês morarão comigo, na sede da fazenda. Vim buscá-los, aliás.

— Mamãe, terminei o café. Vou arrumar minhas coisas.

— Seu filho nĂŁo se parece muito com Geoff Rivers, nĂŁo Ă©? â€” ironizou Scott. — Ele era loiro como vocĂŞ, se nĂŁo me engano. Já parou para pensar que poderĂ­amos ter tido um bebĂŞ? MasvocĂŞ nĂŁo queria um filho meu, queria? Eu nĂŁo podia ofereceras mesmas coisas que Geoff oferecia, mas nunca a teriaabandonado.

— Seu avô o teria deserdado.— Acha que eu estava preocupado com isso? Eu te amava

demais. De qualquer maneira, não teria feito diferençaalguma. Parti logo depois que você se foi e o velho me

deserdou do mesmo jeito. — Ao ver a expressão dela, riu comironia. — Tive que comprar Garston da National Trust.

Page 20: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 20/86

 Ficaram agradecidos por terem se livrado da fazenda. NĂŁo Ă©velha o suficiente para ter valor histĂłrico, mas dá muitadespesa.

— Para onde vocĂŞ foi, quando. . . saiu daqui? 

 Nem ela mesma entendeu por que fizera a pergunta. Parecia masoquismo.— Para os Estados Unidos. Tinha um padrinho lá, que me

emprestou dinheiro para iniciar um negĂłcio. Eu havia pensado em levá-la comigo. Aliás, tinha tudo planejado. OemprĂ©stimo daria para a operação de minha mĂŁe, que iriamorar com uma amiga; nĂłs viverĂ­amos nos Estados Unidos.

 Eu sabia que, no final das contas, vovĂ´ nĂŁo me deixariaGarston. Logo que percebeu o quanto eu queria a fazenda,tratou de me afastar dela. — Respirou fundo, antes decontinuar: — Eu costumava pensar que nĂŁo tinha nada de

 parecido com o velho, mas, quando vocĂŞ me enganou, aprendi como o veneno penetra na alma de um homem, corroendo-lheas entranhas com a amargura. VocĂŞ me puniu afastando-medaquilo que eu mais queria. Tome cuidado, pois ainda nĂŁodescobri do que vocĂŞ mais gosta, Jane.

— Deus, você é cruel!— Você me tornou assim, mocinha. Sente-se orgulhosa de

sua obra? Dá para perceber que você, e somente você, é a

responsável pelo que sou hoje? Quando a vi partir, eu nĂŁo possuĂ­a nada. . . Ri muito, quando soube que Geoff tinha secasado com outra mulher. Consegue imaginar? 

— Eu. . . consigo. Jane estava ao mesmo tempo assustada e revoltada com

as mudanças que haviam se operado nele. Sentia medo equeria protestar, dizendo-lhe que não fosse assim tão amargo;que ela havia feito aquilo única e exclusivamente por amor.

O que havia saĂ­do errado? O velho Garston estava tĂŁo

confiante em que o neto se casaria com Mary que Jane sofriasĂł em pensar que havia desistido de tudo por nada. Talvez, se fosse mais madura na Ă©poca, tivesse percebido que Scott nuncase submeteria Ă s vontades do avĂ´. Mas nĂŁo passava de umaadolescente amedrontada... E se imaginara uma heroĂ­nasonhadora, que sacrifica a prĂłpria felicidade pela do amante.

 PorĂ©m, tudo o que fizera fora sacrificar a ambos. . . nĂŁo, aostrĂŞs, pensou, lembrando do rostinho infeliz de Simon.

— Terei que entrar em contato com a escola de Simon ealugar meu apartamento. Já liguei para o meu patrão, mas. . .

— Você poderá tomar todas as providências lá de casa. Eua levarei até a escola hoje à tarde. O menino poderá ir

Page 21: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 21/86

conosco. Ele sabe de quem Ă© filho?  A pergunta a atordoou. Vários segundos se passaram atĂ©

que recuperasse o fôlego. Em seguida afirmou:— Sim, ele sabe.

— E a perdoou? Afinal, Simon e eu temos algo em comum:você enganou a nós dois."Você tem mais coisas em comum com ele do que

imagina", pensou Jane, com tristeza, enquanto Simon descia.Quando saíram em direção ao carro, os olhos do garoto

brilharam.— Posso dar uma olhada na máquina? Como Ă© que Scott nĂŁo notara a semelhança entre ele e o

 filho? Quanto tempo passaria atĂ© que aquele pesadeloacabasse? 

— Pode olhar, mas não toque nele. Não quero que odestrua. — Depois encarou Jane e disse, com voz gelada: —

 Bem, se estĂŁo prontos, partimos. Mandarei alguĂ©m vir buscaro resto das coisas depois.

0 jeito era seguir em frente. Simon ficara simplesmente fascinado pela Ferrari e nĂŁo se cansava de admirar asmodernas linhas aerodinâmicas, enquanto bombardeava Scott com perguntas sobre cada detalhe do painel e do desempenho.

 De certa forma, a tagarelice do filho agradava a Jane, pois

 prendia a atenção de Scott. Aliviada, ela percebeu que nenhumdos dois notou que sua tensĂŁo aumentava Ă  medida quevislumbrava a entrada principal da casa, rodeada de árvores,e, mais adiante, a fachada.

 A mansĂŁo nĂŁo havia mudado. As paredes externascontinuavam ornadas com pedras cinzentas, as janelas comvista para as colinas ainda eram brancas e as duas alaslaterais que saĂ­am do bloco principal mantinham-se intactas.

 As janelas abertas deixavam que uma leve brisa agitasse

as cortinas. Jane pensou em fazer algum comentário arespeito de como estava emocionada, mas Scott se antecipou,dizendo que lutara muito para reaver a mansão que nuncaesquecera. Fora ele quem mandara reabrir as alas que agoraabrigavam o escritório central e os aposentos dos hóspedes.Também construíra salas de recreação e descanso. Comrelação ao bloco central, permanecera destinado àacomodação do proprietário.

 Novamente sem saber por quĂŞ, ela fez outra pergunta:— VocĂŞ vive aĂ­ sozinho? 

— NĂŁo, minha mĂŁe e uma governanta moram comigo. Jane nĂŁo soube explicar o motivo, mas sentiu-se aliviada.

Page 22: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 22/86

 EntĂŁo nĂŁo havia outra mulher na vida dele!

CAPĂŤTULO III 

— Por aqui. Scott os guiou atravĂ©s da área em frente ao hall e indicou

a porta Ă  direita. Simon ficara para trás e parecia um tantodecepcionado. Pobre criança... O que esperava queacontecesse? Que o pai o reconhecesse como seu filho? 

 Fora uma pena Simon ter encontrado sua certidĂŁo denascimento. Jane culpou-se por ter colocado no documento onome de Scott. No entanto, estivera tĂŁo desconsolada, depoisdo nascimento do bebĂŞ, tĂŁo solitária, que acabara dando onome do verdadeiro pai automaticamente, sem pensar no que

 fazia.Uma vez dentro da mansĂŁo, com Scott descrevendo o tipo

de trabalho da companhia, a atitude de Simon mudou. Embora os antigos e vazios aposentos tivessem sido

transformados num escritório de luxo, Jane não conseguiaafastar as imagens do passado. Foi com uma sensação deirrealidade que viu uma recepcionista sorridente dar-lhes as

boas-vindas e que seguiu Scott pelos outros escritĂłrios. Enquanto isso, Simon, atento, fazia várias perguntas. Scott chegou a observar, sorrindo:

— Ele Ă© extremamente esperto. Jane sentiu-se orgulhosa e começou a ter esperanças de

que os dois podiam se dar muito bem. Mais animada,ouviu Scott explicar:

— É aqui que o trabalho pesado Ă© feito. Era uma sala muito grande, que ocupava todo o segundo

andar, cheia de computadores, terminais e equipamentosmodernos. Para Simon, aquilo tudo era uma verdadeiramaravilha; ele ficou tão fascinado que acabou chamando aatenção de dois jovens operadores.

— É aqui que testamos o equipamento, que, aliás, nĂŁo Ă© produzido aqui. A fabricação se dá em nossa indĂşstria, pertode York.

 Durante a explicação, Simon interrompeu Scott váriasvezes, com perguntas a que ele respondeu com entusiasmo. Osdois acabaram se envolvendo numa discussĂŁo tĂ©cnica demais

 para o gosto de Jane.— Parece que seu filho se interessa por esse tipo de

Page 23: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 23/86

assunto, nĂŁo Ă©? — comentou Scott, enquanto Simon ia ver de perto os terminais.

— Ele se interessa por qualquer coisa que se podedesmontar e montar novamente — comentou ela, lembrando-

se da primeira vez que encontrara a televisĂŁo transformadaem peças e parafusos. Scott comentou que aquela qualidade nĂŁo devia ter sido

herdada de Geoff Rivers, um playboy que sĂł soubera gastar oque o pai ganhara. Antes que Jane pudesse dizer algo, elecompletou:

— Vamos deixar Simon aqui enquanto lhe mostro meuescritório.

 Ela esperava algo mais luxuoso do que vira atĂ© ali, porĂ©m, para seu espanto, o escritĂłrio de Scott era quase monástico, naaparĂŞncia. Havia uma sala contĂ­gua, que dali em diante seriao local de trabalho de Jane.

— Minha ex-secretária nĂŁo agĂĽentou o isolamento e preciso de alguĂ©m experiente, de confiança. Viajo com freqĂĽĂŞncia para o exterior e vocĂŞ cuidará das coisas quando euestiver fora.

— Acha que serei capaz?  Havia um tom de provocação na pergunta, que foi 

respondida de forma contundente:

— Você deve ser muito eficiente. Trabalhou para si Nigel,um dos maiores empresários do país. Não acho que ele acontrataria só para decorar o ambiente.

— Por quanto tempo pretende me manter aqui? AtĂ©encontrar outra secretária? 

 A observação tinha a intenção de deixar claro que elaestava ali contra a vontade.

— Você vai ficar o tempo que eu quiser. E lembre-se, Jane:enquanto estiver aqui, fará tudo o que eu mandar. É parte do

trato.O que ele teria em mente? Perguntava-se Jane, enquantoexaminava a sala de jantar da diretoria e a sala deconferências. Na noite anterior, quando recebera o ultimato,notara que Scott a olhara como se pudesse enxergar-lhe aalma. Pensou que ele a desejasse de uma forma estranha eselvagem, mas agora já não estava tão certa. Parecia que elequeria humilhá-la da mesma maneira que acreditava ter sidohumilhado.

— Vou mostrar-lhe a outra sala. Por aqui.

Um longo corredor ligava as duas alas. As portas queantes davam para o bloco principal agora estavam trancadas,

Page 24: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 24/86

de modo a manter a privacidade dos aposentos pessoais de Scott.

— VocĂŞ já havia planejado isso tudo, quando partiu paraos Estados Unidos? 

— Absolutamente. Eu nĂŁo estava em condições de planejarcoisa alguma. SĂł sentia muita dor pelo que vocĂŞ tinha me feito. A idĂ©ia sĂł surgiu quando vovĂ´ faleceu, e concluĂ­ que teria umachance de comprar Garston. Os negĂłcios iam muito bem, massomente há dois anos foi que consegui dinheiro para reaver a

 propriedade. Haviam alcançado a porta no fim do corredor e ele a

abriu. A passagem, muito estreita, fez Jane esbarrar no braçode Scott e aquele contato a deixou arrepiada. Foi entĂŁo que elase deu conta de quanto o desejava, e essa descoberta a fez sentir medo.

0 que haveria de errado com ela? NĂŁo tinha maisdezessete anos. Conhecera muitos homens sensuais eatraentes, desde que deixara Garston, mas nenhum

 provocara-lhe tantas emoções como Scott. Mesmo há onzeanos,quando o amara, havia sido diferente. Agora era umamulher que conhecia o prĂłprio corpo e sabia o quesignificavam aquelas sensações. Pudera captar, naquelecontato sutil, toda a masculinidade e a sensualidade de Scott.

 Imaginou, de imediato, como seria um reencontro amoroso. Otempo provocara mudanças fĂ­sicas nele. NĂŁo era mais umrapaz, e sim, um homem. Como seria fazer amor com o Scott de agora? 

 Jane censurou-se. Devia parar com aquelas fantasias. Oque estaria acontecendo? Teria ficado louca? Se ele soubesse oque pensava, ficaria tremendamente satisfeito. O negĂłcio de

 Scott eram os computadores, nĂŁo a sedução. Se ela se sentiadaquele jeito, que arcasse com a culpa. Afinal, ele nĂŁo havia

 feito nada para deixá-la excitada, e Jane compreendeu que, senĂŁo quisesse se magoar, deveria manter distância. Ficou em silĂŞncio enquanto observava a ala esquerda,

onde Scott mandara construir cinco suítes para hóspedes, umaimensa sala de jantar e um grande aposento de estar, comgrandes sofás confortáveis e uma televisão.

 No tĂ©rreo, situavam-se os salões de prática esportiva,uma quadra de squash, uma sala de bilhar e uma piscinaaquecida. No lado de fora havia quadras de tĂŞnis.

— Num lugar isolado como este não é fácil manter o ritmo

de trabalho e, por isso, algumas melhorias são necessárias.Claro que estas instalações vêm a calhar, quando se trata de

Page 25: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 25/86

entreter compradores em potencial. Estamos trabalhandonum novo tipo de computador que pretendemos lançar nomercado, e tudo é válido para provocar boa impressão.

— Onde Simon e eu ficaremos? — perguntou Jane, ao

entrar no complexo esportivo. A luz do sol, que banhava o local, cegou-a por ummomento, e ela teria perdido o equilĂ­brio, se Scott nĂŁo asegurasse. Ao tocá-la, os dedos dele aqueceram a pele fina e a

 fizeram estremecer.— FicarĂŁo na casa, comigo. Por aqui.O hall de entrada se parecia com o que Jane conhecera,

embora agora o assoalho estivesse muito bem encerado e olugar se encontrasse todo decorado com flores. As portas Ă direita e Ă  esquerda levavam respectivamente Ă  sala de

 pinturas e Ă  biblioteca. No fundo havia uma passagem quedava na sala de jantar, ao lado da cozinha.

— Acabei com todas aquelas pequenas salas e modernizei a cozinha. Ficou bem melhor, distribuĂ­do assim.

— VocĂŞ disse que sua mĂŁe mora aqui? â€” Sim. Eu precisava de alguĂ©m para organizar o lado

doméstico da casa, embora mamãe sempre diga que devo mecasar. Ela reclama do trabalho, mesmo tendo Claire paraajudá-la.

— Ela foi operada? â€” Foi. Vejo que isso a preocupa. . . Foi por isso que vocĂŞcorreu para Geoff Rivers? Será que a idĂ©ia de ter uma sograinválida e um marido desempregado a assustou demais? 

— Está tudo acabado, Scott. Gostaria que aceitasse arealidade, para seu próprio bem.

— Para o "seu" bem, vocĂŞ quer dizer. Como se sente,sabendo que está sob meu poder, depois de ter me destruĂ­do? 

 NĂŁo está apavorada? Pense no que posso fazer . ..

— NĂŁo sei e nĂŁo me interessa. NĂŁo tenho culpa se vocĂŞ Ă©vingativo. Ele a segurou pelos ombros e fez com que se virasse,

encarando-o. Jane viu um par de olhos tristes, mas nem porisso menos rancorosos. Era o mesmo olhar que a perseguiraaqueles anos todos, o olhar do dia do adeus.

— Ora, não me venha com essa, sua mundana falsa! Porque acha que carrego este rancor?!

 Enquanto gritava, sacudiu-a com violĂŞncia e a empurroucontra a parede, com tamanha força que lhe arrancou um

gemido.— Machucou-se? Não sinta pena de si mesma. Não sou

Page 26: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 26/86

mais o namoradinho tolo que vocĂŞ enganou com facilidade,usando sua fala macia. Sinto prazer em causar-lhe dor...

 Em seguida, subiram, e Scott mostrou qual seria o quartode Jane, que nĂŁo sentiu a mĂ­nima vontade de entrar. Nada

havia mudado. O aposento permanecera exatamente igual aoque fora antes; era o quarto dele.O olhar de Jane logo se dirigiu para a cama. A cama de

 Scott. . . Estremeceu, relembrando o passado. Scott beijando-a.Tirando sua roupa. Fazendo amor com ela e acariciando seucorpinho com a boca e as mĂŁos. . .

— Mas este é o seu quarto!— Ah, então você se lembra, não é? Pensei que tivesse

andado por tantos quartos que nem reconhecesse este aqui. . . Sim, era meu quarto. Depois que vocĂŞ se foi, nunca maisconsegui dormir aqui. A simples lembrança de tĂŞ-la trazido aeste lugar e sentido seu corpo junto ao meu me fazia mal.Tinha sido tudo apenas uma grande mentira, encenada poruma farsante que pensou estar trocando a virgindade por um

 futuro cheio de luxo e que fugiu quando descobriu que meu avĂ´me deserdaria se ficasse comigo. O velho me contou a conversaque teve com vocĂŞ, como aceitou o dinheiro dele, dizendo queiria procurar outro amante. AlguĂ©m rico o bastante parasustentar suas ambições sujas e imorais. O velho riu de mim,

quando respondi que era tudo mentira. Aqui, neste quarto, elearrasou com meu orgulho. E vocĂŞ confirmou tudo. Dá paraentender por que nĂŁo consegui mais dormir aqui? 

— Scott, eu... Ele a ignorou.— Mas você vai dormir aqui, Jane, e, quando o fizer,

estarei rezando para que os fantasmas do passado venhamvisitá-la. Eu nĂŁo possuĂ­a nada alĂ©m do amor que tinha porvocĂŞ. Agora quero que fique desesperada de desejo. Percebecomo aprendi muitas coisas nos Estados Unidos? 

 Ela nĂŁo iria reagir como Scott esperava. NĂŁo choraria ou perderia a calma. NĂŁo participaria daquela cena absurda. Foi muito difĂ­cil atravessar a porta, rumo Ă  janela, e dizer:

— Se este Ă© meu quarto, onde fica o de Simon? â€” No andar de cima.

 Nisso, ela notou uma porta na parede ao lado.— Oh, claro, ia me esquecendo — continuou Scott. —

 Aquela porta dá para o meu quarto. Está vendo como nĂŁoestou tĂŁo longe? E nĂŁo se preocupe, pois tenho a chave. É comoeu disse: enquanto estiver aqui, fará tudo o que eu quiser.

— Não vou dormir com você, Scott. Pode tirar isso dacabeça.

Page 27: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 27/86

— Não quero discutir esse assunto. Bem, agora vou para omeu escritório. Pode usar o resto do dia para se instalar. O

 jantar Ă© Ă s oito.— Posso usar o telefone? 

— Para quĂŞ? — Scott se mostrou irritado. — A quem querchamar? Um de seus amantes? â€” A escola de Simon.

 Jane sentia que as forças a abandonavam e se esforçou para nĂŁo explodir de raiva e tensĂŁo.

— Muito bem. Já falei com o Dr. Philipps e ele concordouem receber Simon como aluno. Não há dúvidas de que logodescobrirão a verdade sobre a paternidade dele. Não se podeesconder muita coisa, num lugar como este.

 Aquela foi a gota d'água; ela perdeu o controle. Com araiva estampada no rosto, Jane se dirigiu a Scott e disse-lhe:

— Se você fizer algo contra meu filho, esteja certo de que omatarei. Nem que seja com minhas próprias mãos! Podetentar me punir quanto quiser, mas fique longe dele!

— Qual Ă© o problema? Ele nĂŁo sabe quem Ă© o pai? â€” Sim, sabe!— EntĂŁo com o que se preocupa? Se ele sabe sobre Geoff 

 Rivers, deve ter ouvido falar que Ă© casado e que tem duas filhas. NĂŁo que passe muito tempo com elas, claro. .

 Jane ainda estava perto de Scott, quando ele agarrou seus pulsos e os apertou.— Se ousar me ameaçar novamente, as conseqĂĽĂŞncias vĂŁo

ser duras. . . Ela ia perguntar quais seriam essas conseqĂĽĂŞncias

quando entrou em pânico. Ele lhe prendera os braços com umadas mãos e com a outra puxara-lhe o cabelo para trás, demodo que o mínimo movimento com a cabeça lhe seriadoloroso.

 Scott parecia um louco, ansiando por ver o medo que Janese recusava a mostrar.— Bem, acho que a julguei mal. Talvez o que realmente lhe

agrade seja isso. . . Sexo misturado com violência. É assim,não é? Então você gostará disso.

 NĂŁo houve como evitar que ele lhe cobrisse a boca com umbeijo que mais parecia um castigo. Jane logo sentiu o gosto dosangue que lhe escorria dos lábios, devido a uma mordida de

 Scott. Aquele gesto ameaçou estragar para sempre toda abeleza do amor que ambos um dia sentiram e as esperanças de

um reencontro feliz. No entanto, por mais contraditĂłrio que parecesse, aquele

Page 28: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 28/86

beijo estava carregado de erotismo, de desejo. Jane, em vez dese sentir humilhada, percebeu que uma chama de sensualidadequeimava seu corpo. Nunca experimentara uma sensaçãocomo aquela. Nem mesmo quando fizera amor com Scott, onze

anos atrás.— Lembre-se do motivo pelo qual está aqui, Jane. Minha paciĂŞncia tem limites e, a nĂŁo ser que eu esteja errado, achoque vocĂŞ gosta de ser maltratada.

 Disse isso e saiu, batendo a porta. Jane se recusou a chorar ou a fazer qualquer coisa que

desse vazĂŁo a seus sentimentos. Meia hora depois, mais calma,decidiu procurar Simon. Havia providenciado o envio dos

 pertences pessoais que estavam em Londres e o aluguel doapartamento. O diretor da escola de Simon aprovara os

 planos de transferĂŞncia e agora tudo o que ela tinha a fazerera convencer-se de que jamais, nem por um segundo, haviasentido qualquer coisa que nĂŁo fosse repulsa e horror por

 Scott. Mas tudo isso ficou relegado a um segundo plano, quando

ela saiu em busca do filho e nĂŁo o encontrou. Um dos homensda sala de computadores disse-lhe que Simon havia ido Ă 

 procura de Scott.— Pergunte a Hank Brierly, o assistente pessoal de Scott.

Talvez ele saiba. É ali, no fim do corredor. Hank era um americano quarentĂŁo, bastante amável. Aoser apresentado Ă  nova secretária de Scott, comentou:

— Bem, bem, as coisas estão melhorando. Seu filho? Não,não o vi. Pode ser que esteja com Scott, embora ele não tenhamuito tempo para crianças. Alguém ou alguma coisa causou-lhe muitos tormentos em relação a famílias e crianças, hámuito tempo. Acho que ele ainda não se recuperou do trauma.

Quando Jane se aproximou do escritĂłrio de Scott, ouviu

vozes lá dentro e, na pressa de encontrar Simon, não esperouautorização; simplesmente bateu à porta e entrou. Uma loiraalta e esguia, com cabelos longos, encontrava-se ao lado damesa dele. Embora não tivesse certeza, Jane poderia jurar que

 Scott estivera acariciando a mĂŁo da jovem, que nĂŁo devia termais que dezoito ou dezenove anos. Uma estranha emoçãoapoderou-se de seu coração. CiĂşme? Mas por que sentiriaciĂşme? 

Os dois a encararam, com cara de poucos amigos. Seriadesnecessário descrever o olhar de Scott. Era uma mistura de

observação e satisfação malĂ©fica, devidamente escondidas pela fria máscara que as ocultava.

Page 29: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 29/86

— Não me recordo de ter dado permissão para alguémentrar. Que quer? — O tom da voz era insolente.

— Procuro por Simon. Parece que se perdeu e pensei em procurá-lo aqui. . .

— Ele queria ver a Ferrari e eu lhe disse que poderia, massem se encostar nela, Ă© claro. De qualquer maneira, da prĂłxima vez que resolver invadir meu escritĂłrio, espere porminha permissĂŁo.

 Foi a careta da jovem que feriu o orgulho de Jane. Elahavia sido colocada no devido lugar e sentiu-se muito mal.Voltou para a sala de Hank Brierly.

— Scott lhe fez um sermão, não foi? — perguntou ele.— Quase isso. É que havia alguém com ele. Bati à porta,

mas acho que ninguém ouviu.— Ele estava acompanhado, é? Deve ser Cora Laine, filha

de Buck Laine. Scott quer que ele compre a nova linha na qual estamos trabalhando. O investimento do projeto foi alto e, se

 Buck o aprovar, muitos outros seguirĂŁo o exemplo. Mas, comoele ainda nĂŁo está totalmente convencido, suspeito que Scott ande querendo namorar Cora.

— Ela Ă© jovem. . . e bonita, nĂŁo? â€” TambĂ©m Ă© muito perigosa e nada inocente, como

aparenta ser. Ela quer Scott e, a menos que eu esteja

enganado, ele descobrirá que vender computadores para Buck Laine significa vender-se para a pequena Cora. Essas coisasacontecem.

— Acha que ele seria capaz disso? â€” Do quĂŞ? De ir para a cama com ela apenas para

conseguir um contrato? NĂŁo sei. Scott Ă© inteligente o bastante para saber que, uma vez fisgado, será difĂ­cil se livrar do anzol. Ela quer casamento e Scott parece ser o escolhido.

— Ele me contou que a mãe acha que deve se casar . . .

— Duvido que Cora seja o tipo que a velha tem em mente. Provavelmente, dona Eva estava pensando numa esposa que fosse capaz de quebrar a concha em que o filho se meteu etorná-lo humano novamente. Bem, agora Ă© melhor voltar aotrabalho. Em hipĂłtese alguma nosso patrĂŁo ficaria contente,se nos visse conversando a respeito dele.

O tom daquela conversa fora amistoso, porém Jane aindaestava nervosa.

— Está certo, claro. Mas preciso encontrar Simon.— Qual a idade dele? 

— Dez anos.— Dez? Mas você é jovem demais para ter um filho com

Page 30: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 30/86

essa idade!— Pois é.. .

 Ela sorriu para o americano e, pensativa, foi procurar o filho. Era irĂ´nico imaginar que os mesmos interesses que o

menino herdara do pai acabaram por colocá-los naquelasituação. Jane se perguntou quando partiriam, quandoacabaria aquele tormento, e não encontrou resposta.

 Lembrou-se da cena que interrompera no escritĂłrio. 0 que Scott sentiria por Cora Laine? Atração? Ou simplesmente aestaria usando? Hank dissera que ela queria casamento. . .Ora, mas o que importava isso? NĂŁo era de sua conta.

 Jane nĂŁo desceu para o jantar. Dirigiu-se Ă  cozinha econvenceu a Sra. Robinson, a cozinheira, a deixá-la tomar umchá ali mesmo, com Simon. Logo apĂłs, levou o filho para oquarto dele, onde ficaram assistindo televisĂŁo atĂ© que eladecidiu voltar ao seu quarto.

 Ao entrar, checou a tranca da porta ao lado. Estava fechada. Scott deveria estar em outro lugar.

O quarto tinha um banheiro privativo. Depois de tertomado banho, Jane foi direto para a cama, sem ler, como decostume. O dia havia sido quente, tão quente que ela nãochegou a vestir a camisola; deitou-se apenas com as roupas debaixo, cobrindo-se com um lençol.

 Disposta a nĂŁo relembrar tudo o que no passado haviaacontecido naquele lugar, fechou os olhos e começou a respirar profundamente, tentando relaxar. Quando eslava quase pegando no sono, despertou.

 Algo fez com que seu coração disparasse e sua boca ficasse seca. Imediatamente pensou ter ouvido um chamado de Simon, mas lembrou-se de que seria impossĂ­vel ouvi-lo, poisele estava em outro andar.

— EntĂŁo está acordada, hein? 

 A voz veio do canto e a fez levantar-se, assustada,deixando o lençol cair.— Scott? â€” Eu mesmo. Por quĂŞ? Quem vocĂŞ esperava? Hank? Ele

mora na vila.— O que está fazendo aqui? 

 Ele nĂŁo respondeu; começou a caminhar na direção dacama. A luz do luar, que entrava pela janela aberta, revelavaos contornos do corpo másculo e bem-feito, cheirando asabonete.

— Scott, o que está fazendo? â€” Pensei que estivesse claro que vou para a cama com

Page 31: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 31/86

você...— Mas eu não quero!— Nem eu. O tipo de relacionamento que teremos exclui o

 prazer de dormirmos juntos. SĂł quero satisfazer as minhas

necessidades.— Por Deus, Scott, você não pode fazer isso comigo!— Posso. E acho que você estava esperando por mim. Caso

contrário, por que estaria sem camisola? Você sabia o queestava fazendo, quando aceitou agir a meu modo. Hoje precisode uma mulher.

— Procure por Cora, então! — retrucou ela, entre furiosa ehorrorizada. — Estou certa de que ela gostaria de fazer amorcom você!

— Sem dúvida, se eu estivesse disposto a aceitar o preço.Cora deseja se casar. Quanto a você, não está em posição deexigir nada. Não se preocupe, não vou lhe fazer mal. Só querome divertir com seu corpo. . . Você vai gostar.

— Eu grito! Ele tirou o roupĂŁo e mostrou todo seu corpo a ela.— Vá em frente! NinguĂ©m a ouvirá. MamĂŁe dorme no

andar de cima, assim como a governanta e Simon. Naverdade, acho que eu me divertiria mais se vocĂŞ gritasse. Estacena a faz lembrar algo? Deitada na minha cama: oferecendo-

se a mim?  Antes que ela pudesse evitar, Scott afastou as cobertas eestudou o corpo feminino e sensual.

— Eu não quero me lembrar de nada! — Jane controlavaas lágrimas. — Você está destruindo aquelas recordações!

— Não se pode destruir o que foi apenas ilusão. Não tenteme enganar de novo.

 Num segundo, ele já estava na cama, pronto a fazer amor. E nĂŁo havia nada que Jane pudesse fazer para evitá-lo.

— É desse jeito que vocĂŞ quer se vingar? Usando meucorpo? ' â€” Isso Ă© apenas o começo, o lado particular da vingança,

a ponta de iceberg. O resto virá com o tempo. Fui humilhadodemais, Jane, e quero que nĂŁo se esqueça disso. Mas. . . porque acha que nĂŁo vai gostar? 

— Como posso, quando vocĂŞ faz isso sĂł para me ferir? â€” Oh, Ă© fácil. Vou tentar ser o melhor possĂ­vel. Quero que

se derreta em meus braços e me implore que a possua. Nãovou ficar satisfeito enquanto isso não acontecer.

Page 32: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 32/86

CAPĂŤTULO IV 

— Scott, não faça isso! Por favor, não!

— NĂŁo foi o que vocĂŞ me disse há onze anos. Ele a puxou para mais perto com a mesma fĂşria selvagemcom que a havia abraçado e beijado Ă  tarde. O medo tomouconta de Jane, que tentava escapar a todo custo.

— Você não é mais o mesmo homem! — gritou, ofegante.— Isto é estupro!

Os dentes de Scott pareciam os de um lobo prestes aatacar sua presa.

— Não, não é. E você me deve isto. Noite após noite,semana após semana, mês após mês, sonhei em tê-la em meusbraços. Durante onze anos, sua imagem me torturou. Nuncaconsegui ter outro relacionamento. Com mulher alguma. Vocêé responsável por isso e agora vai me pagar!

— Pare com isso! Jane tinha que fazĂŞ-lo cair na realidade e convencĂŞ-lo de

que aquilo seria uma loucura. O Scott que ela amara nuncaagiria daquela maneira; nĂŁo poderia estar definitivamenteenterrado, substituĂ­do por aquele monstro perigoso.

— Fique quieta, bonequinha. Nós já nos amamos antes,

lembra-se? â€” Mas nĂŁo somos mais os mesmos, Scott!— O que está tentando me dizer? Que tem remorsos? Pois

saiba que nĂŁo vai escapar assim. Me diga uma coisa:enquanto fazia amor com Geoff, vocĂŞ. . . pensava em mim? 

 Pensou em mim, quando estava dando Ă  luz? Simon poderiater sido nosso filho!

Como ele poderia ser tĂŁo cego? Jane esperara tanto que Scott voltasse a procurá-la.. . que lhe pedisse para ficar. .

Tivera esperanças de que ele nĂŁo acreditasse nas mentiras que fora forçada a dizer e que, de alguma maneira, descobrisseque ela nunca seria capaz de amar outro homem. . . PorĂ©m, arealidade fora diferente. Scott nunca mais a procurara.

 Era possĂ­vel que seu comportamento tivesse provocadoinsegurança em Scott e destruĂ­do sua vida afetiva. Afinal, ele aamara intensamente. Agora nĂŁo havia mais o que fazer. . . anĂŁo ser chorar. E Jane sentiu lágrimas rolando por seu rosto.Virou a cabeça rapidamente, mas, mesmo assim, ele a viuchorando. E deu uma sonora gargalhada.

— Lágrimas! VocĂŞ tambĂ©m chorou quando fizemosamor pela primeira vez, lembra-se? 

Page 33: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 33/86

Uma tremedeira incontrolável se apossou dela e Scott riunovamente.

— Claro que uma mulher nunca esquece o primeiroamante. Mesmo uma mulher da sua laia. Duvido que se lembre

do que fiz! — Curvou a cabeça numa encenação mesquinha e fingiu tentar confortá-la. Enxugou as lágri1 mas com a bocaquente. Uma das mĂŁos segurava o rosto de Jane e a outra amantinha deitada. — VocĂŞ se deu com tanta inocĂŞncia. . . Pelomenos foi o que pensei, e me senti culpado. Quando chorou,tambĂ©m senti vontade de chorar. A idĂ©ia de tĂŞ-la machucadome arrasou. Eu poderia ter parado, mas vocĂŞ nĂŁo me deixaria.

 Simplesmente agarrou meu pescoço e sussurrou que sĂłhaveria dor na primeira vez, que haveria outras vezes. Eudevia ter adivinhado.

— Adivinhado o quĂŞ? â€” Que eu nĂŁo participaria dessas outras vezes.

 Jane tentou escapar, humilhada, mas ele foi mais rápido esegurou-a pelos pulsos.

— Você disse que era por amor. . . Eu apenas estava nahora e no lugar certos, não é? Se na época eu fosse um poucomais maduro, teria percebido que você estava apenas curiosa,nada mais. Mas não, fui tolo o suficiente para pensar que

 poderĂ­amos ser eternos namorados!

— Scott, poderíamos discutir este assunto por mil anos enada se alteraria. . .— Concordo.O tom de voz era sarcástico, os olhos, observadores. Ela já

se acostumara Ă  escuridĂŁo do quarto e podia enxergar aslinhas do corpo e a pele macia de Scott. Era inevitável recordar como o havia tocado, com timidez, preocupação eadoração; como aquele corpo estremecera de prazer,enquanto fora acariciado por ela. Agora, ao contrário, ele

tinha pleno controle da situação e um estúpido desejo devingança.— Abra os olhos, Jane. Quero vê-los enquanto a beijo.

 Beijou-a sem encontrar resistĂŞncia. Queria que elalutasse, mas Jane resolveu nĂŁo fazer isso. Iria simplesmente

 ficar quieta e esperar que ele tivesse um pouco de bom sensoantes que fosse tarde demais.

 No entanto, a prática se mostrou mais difĂ­cil do que ateoria. Quando Scott percebeu que o beijo selvagem nĂŁo

 provocou nenhuma reação, mudou de tática.

 Jane se surpreendeu. Teria sido fácil nĂŁo reagir Ă violĂŞncia, mas era impossĂ­vel nĂŁo corresponder ao beijo suave

Page 34: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 34/86

que lhe provocava sensações maravilhosas. Mesmo assim, elatentou fugir uma última vez. Empurrou-o, querendo que ele se

 zangasse, que a machucasse, sĂł assim conseguiria dizer nĂŁo.— Fique quieta, senĂŁo vou machucá-la!

 Ela sentiu o hálito quente no rosto e virou a cabeçadepressa, para nĂŁo sentir aquele calor. Desesperada, arqueouo corpo, tentando se livrar do peso dele, e desferiu-lhe algunssocos. Depositou naqueles gestos toda a mágoa que acumularadesde que o. reencontrara.

 Scott, pego de surpresa, vacilou por alguns segundos, maslogo subjugou-a novamente e a manteve presa Ă  cama.

— Não conseguirá lutar comigo e vencer. Vá em frente,sequiser, e saiba que vou reagir. — Rindo, completou:— Vocênão é mais criança, Jane. Sabe muito bem o mal que mecausou. Hoje sou um homem destruído, e tenha certeza de quea culpa é sua. Por muito pouco eu poderia sentir grande

 prazer em machucá-la, fĂ­sica e emocionalmente. Quando umhomem Ă© traĂ­do pela mulher que ama, se torna muitoestranho. Eu sentiria intensa satisfação, vendo-a sofrer.

— Quer dizer. . . fazer amor contra minha vontade? Por Deus, como haviam chegado Ă quele ponto? 0 que aconteceraao homem gentil e Ă  garota inocente que correspondera tĂŁodocemente aos clamores do amor? Como podiam ter se

transformado em seres capazes de se agredir fisicamente? â€” O passado acabou, Scott. VocĂŞ tem que enxergar quenĂŁo ganhará nada, agindo assim. . . Por favor, seja razoável. ..

— Eu serei. Farei o que qualquer homem razoável fariaem minha posição.

 Dizendo isso, admirou o corpo de Jane, que agoraaparecia por inteiro, completamente descoberto. A luz 

 prateada da lua a iluminava, ressaltando as curvas bem-

 feitas. Ela sempre fora uma mulher um tanto tĂ­mida e outrora Scott respeitara essa timidez.. Agora, no entanto, eradiferente. NĂŁo havia respeito algum no olhar que devorava osseios rijos.

— Lembra-se de como vocĂŞ costumava gostar, quando eu fazia isso? 

Curvou-se sobre ela e começou a beijar-lhe os seios. Nomesmo instante, Jane sentiu-se arrastar por uma onda dedesejo, algo incontrolável, poderoso.

 Desde que Scott a acariciara daquela maneira, há onzeanos, ela nunca mais recebera carinhos tĂŁo Ă­ntimos. NĂŁo

Page 35: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 35/86

conhecera outros homens. Por isso, seu corpo estremeceu de prazer.

— Algumas coisas nĂŁo mudaram, hein? — murmurou Scott, baixinho.

 A despeito da suavidade da voz, os olhos estavam gĂ©lidos. Ele acariciava com o polegar o bico de um dos seios e esperavaa reação de Jane.

 E a reação veio, tomando conta do corpo dela de uma forma louca, nunca experimentada. Nem mesmo quandoamara Scott sentira febre tĂŁo ardente. Os onze anos em que

 ficara sĂł explodiam de uma vez.— Se nĂŁo parar com isso agora mesmo, eu o odiarei para

sempre! Palavras desesperadas sĂł serviram para excitá-lo ainda

mais.— Pode odiar. O ódio é um afrodisíaco poderoso. O que

odeia mais, Jane? Isto?  Soltou-lhe o pulso e correu-lhe a mĂŁo pelo corpo atĂ©

chegar aos quadris. Ela lutava desesperadamente para nãoreagir, para não excitá-lo ainda mais.

 Mas isso era quase impossĂ­vel. As mĂŁos que aacariciavam minavam suas Ăşltimas resistĂŞncias. Jane sesentia traĂ­da pelo prĂłprio corpo, que ardia de paixĂŁo.

 Ela fechou os lábios com força. O que estava acontecendoera algo muito simples: apesar de todas as mudanças, toda ador, Scott ainda a excitava, e nada modificaria aquilo. Nada.

Tentando manter o corpo rígido, ela ainda bradou:— Não toque em mim!— Antes que a noite termine, você estará implorando para

que eu faça muito mais do que apenas tocar. Ela percebeu que de nada adiantaria qualquer esforço

 para desencorajá-lo. Seria inĂştil lutar contra os beijos, agora

doces, e contra as carĂ­cias que já nĂŁo eram violentas. EntĂŁo Jane desistiu de lutar. Scott estava certo: ela aindao queria intensamente. Estava excitadĂ­ssima.

— VocĂŞ me deseja, Jane. . . Era uma afirmação, e nĂŁo uma pergunta. Scott 

acariciava-lhe os cabelos, dando-lhe beijos alucinantes nocanto da boca, no pescoço, passando a língua quente nosmamilos, esperando pacientemente o momento em que ela nãoagüentasse mais e cedesse à força do desejo.

— Scott!

O nome soou como um grito desesperado. Ela agarrou osombros largos e puxou-o para mais perto. Num impulso louco,

Page 36: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 36/86

 passou a lĂ­ngua pelo peito musculoso, saboreando a pelequente e macia.

 Nesse momento, Scott parou de acariciá-la.— Se vocĂŞ me quer, por que nĂŁo vai adiante? NĂŁo Ă© mais

uma criança tĂ­mida. NinguĂ©m precisa lhe ensinar como seexcita um homem. Por um momento, Jane voltou a si e, percebendo isso,

 Scott reiniciou o ataque de carĂ­cias. Era impossĂ­vel resistir. Ela respirou profundamente e deu um pequeno gemido, aosentir os seios apalpados novamente. O quarto pareceuescurecer e girar Ă  sua volta; um calor que ardia como febretomara, conta de seu corpo. Quase sem notar, ela tocou eacariciou o ventre de Scott, descendo para as coxas.

— Jane! Aquele foi o estopim de uma histĂłria triste, mas

carregada de paixĂŁo. Ela se esqueceu de todas as ameaças de Scott. Tinha em mente apenas que se entregava a ele, seu primeiro e Ăşnico amor.

 Suas bocas se uniram num beijo selvagem. O prazer eratĂŁo intenso que Jane gritou, cravando as unhas nas costaslargas de Scott:

— Oh, por favor!...— Por favor o quĂŞ? 

— Faça amor comigo. . . Ela nĂŁo tinha consciĂŞncia do que acabara de dizer nem dobrilho triunfante que surgiu nos olhos de Scott. Chegou mais

 perto dele e esfregou-se em seu corpo com movimentossinuosos e sensuais. Queria senti-lo com toda intensidade.

 Desejava que ele preenchesse o vazio que a atormentava.Quando foi possuĂ­da, sentiu uma dor que a deixou tensa,

mas que logo foi substituĂ­da por prazer. Aos poucos, os doiscorpos assumiram o ritmo alucinante do amor.

 Jane nunca experimentara prazer igual. Gritou, aoatingir o ĂŞxtase, e ficou tremendo de emoção, o corpo molhadode suor. Scott fez menção de sair, mas foi retido por umabraço. Logo adormeceram.

 Ao acordar, no dia seguinte, a fria realidade se abateusobre Jane. NĂŁo teve que abrir os olhos para saber que haviaoutra pessoa na cama.

— Ah, finalmente vocĂŞ acordou! Jane olhou para Scott com olhos sonolentos. Parecia

inacreditável, mas havia acontecido: eles tinham feito amor de

novo, onze anos depois da primeira vez. E ela se lembrava decada detalhe da noite anterior, cada gesto, cada palavra. Ao

Page 37: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 37/86

sentar, percebeu que estava nua e cobriu-se depressa.— Tarde demais para ter vergonha, não acha? — zombou

 Scott.— O que vocĂŞ está fazendo aqui? Pensei tĂŞ-lo ouvido dizer

que nĂŁo dormiria comigo.— Acabei achando que seria melhor ficar. E espreguiçou-se como um gato, revelando o corpo

musculoso.Que horas seriam? Há tempo que Jane não dormia tão

 profundamente.— EntĂŁo vocĂŞ resolveu ficar. . . Bem, aĂ­ está sua vingança.

 Acabou. Simon e eu partimos hoje.— Acabou? Oh, nĂŁo, minha cara. 0 que aconteceu na noite

 passada foi apenas o começo, e nĂŁo adianta dizer que nĂŁogostou.

 Ela ficou confusa, Ă  procura de uma saĂ­da. Aqueletratamento era intolerável. NĂŁo permitiria que Scott mandasse em sua vida e usasse seu corpo como bementendesse. Queria encontrar um jeito de acabar com aarrogância dele e resolveu feri-lo:

 __ Sabe, me diverti muito, ontem Ă  noite. Fingi que vocĂŞera Geoff. . . como da outra vez.

— O quĂŞ? 

 Ele ficou tĂŁo furioso que apertou os ombros de Jane atĂ©que ela gritasse.— Sua. . . sua. . .

 A porta se abriu e chamou a atenção do casal. Era Simonque entrava. Embora morrendo de sono, se surpreendeu, aover que Scott estava ao lado de sua mĂŁe.

— Mamãe...— Simon!

 Jane queria abraçá-lo, mas nĂŁo podia, pois estava

despida. Scott simplesmente ficou assistindo Ă  cena.— Simon, meu querido. . . Ao ver a expressĂŁo desolada do menino, Scott resolveu

contornar a situação:— Ouça, se você descer e falar com a sra. Robinson, ela lhe

 preparará um bom cafĂ© da manhĂŁ. A sugestĂŁo fez com que Simon saĂ­sse, fechando a porta.

 Fora humilhante e doloroso demais.— Como vocĂŞ pĂ´de ser tĂŁo cruel? NĂŁo viu que ele estava

chocado? 

— Tenho pena dele, sabe? Certamente, não é a primeiravez que a encontra na cama com um homem. Ele já está com

Page 38: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 38/86

dez anos, e você não ficou sozinha durante todo esse tempo,embora o "show" de ontem tenha sido convincente. Deveriaguardá-lo para os que a conhecem menos do que eu.

 Essas observações, para Jane, eram como chicotadas.

Talvez Scott se sentisse bem, agindo assim. Ela entendia oressentimento daquele homem obcecado pela vingança, masnão podia deixar de se sentir magoada. O nascimento de

 Simon fora algo delicado e causara muitas complicações. Meses se passaram, atĂ© que ela ficasse boa novamente.

— Em todo caso — estava dizendo Scott —, é melhor queele se acostume, pois vai me ver aqui muitas vezes,

 Jane sentiu um gosto amargo na garganta. Aquilo parecia um pesadelo horrĂ­vel. Sabia das intenções de Scott nanoite anterior, mas havia sido fraca e sucumbira. Ainda oamaria? 

— Bem, são oito horas. Se pretende estar no escritório àsnove, é melhor se levantar.

— Então saia!— Não esqueça que sou o patrão e não tenho horário. Este

 problema Ă© seu. Estou bem aqui. Jane encarou-o com rancor e levantou-se, caminhando

até o armário. Scott observava-lhe o corpo bem-feito, agoramuito mais sensual do que há onze anos.

Um incomodo silêncio pairava entre eles. Scott aadmirava, sem desviar os olhos. Uma estranha sensaçãoatravessou-lhe o corpo. Ele a queria! Conhecendo a própriavulnerabilidade, ela se vestiu rapidamente.

— Quer dizer que esteve pensando em Geoff Rivers, nanoite passada? Mas quem a possuiu fui eu. . .

— Pois é, mas saiba que as fantasias são um poderosoestimulante...

— O que quer dizer cora isso? 

 Jane viu que a porta do banheiro estava aberta. EntĂŁoaproximou-se dela e disse:— Quero dizer que fiquei imaginando o tempo todo que

era Geoff quem me tocava. Antes que Scott respondesse, ela já se trancara no

banheiro. Tomou um banho e concluiu que ainda amavaaquele homem, apesar de tudo. Quisera fazer amor com ele e,se Simon nĂŁo tivesse entrado naquele momento, teria repetidoa dose.

Quando saiu, ele já não estava mais no quarto e a porta

de comunicação fora trancada. Preocupada, ela desceu, pensando em Simon, que lanchava na sala de refeições.

Page 39: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 39/86

— MamĂŁe. . . __ Sim, meu bem?   __ Por que temos que morar aqui? PoderĂ­amos ter

 ficado no chalĂ©.

— Porque o sr. Garston quis assim — retrucou ela,tentando parecer natural. Mas ficou sem graça ao notar que o filho nĂŁo acreditara. — Simon, nĂŁo estamos aqui por escolha prĂłpria. VocĂŞ sabe como Ă©. Se o acidente nĂŁo tivesseacontecido. . .

 Mordeu os lábios e calou-se. NĂŁo seria bom culpá-lo peloque acontecera.

— Por que ele estava na sua cama, nesta manhĂŁ? VocĂŞcontou a meu respeito? 

— Não. Oh, querido. . . Tenho que trabalhar.Conversaremos mais tarde. Dê-me um beijo e um abraço bem

 forte.— VocĂŞ ainda o ama, mamĂŁe? 

 Simon nĂŁo conseguia olhá-la nos olhos; mantinha aatenção concentrada no chĂŁo, e Jane suspirou. O queresponderia a ele? Sempre tentara ser franca com o filho, masagora descobria que vivera num mundo de fantasias.

— Sim. . . sim, Simon, eu o amo. Mas nĂŁo vamos falarnisso agora, certo? 

— Ele ainda está zangado? â€” Sim, Simon, está. E por isso estava em meu quarto.Quer me punir porque. . .

— Porque vocĂŞ o deixou? â€” Sim. Mas nĂŁo pense mais nisso. Ouça, logo iremos Ă 

escola para conhecer o diretor, certo? â€” UĂ©... a escola nĂŁo está fechada, nas fĂ©rias? Foi Scott 

quem me disse. . .— Scott? Sr. Garston seria mais educado.

— Ele Ă© meu pai! Jane estava perdendo o controle da situação.— Tenho que trabalhar, Simon. Vejo vocĂŞ na hora do

almoço. O que vai fazer? â€” Vou ficar na sala de computadores. Scott deixou. Sabe,

mamĂŁe. . . eu gosto dele, mesmo que ele nĂŁo goste de vocĂŞ.

CAPĂŤTULO V 

 Jane mergulhou de corpo e alma no trabalho para ver se

Page 40: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 40/86

conseguia esquecer os problemas que a atormentavam. Porsorte, havia muita coisa a fazer, muitos arquivos para colocarem ordem, correspondĂŞncia para ser posta em dia, enfim,tarefas que ocupariam seu tempo e sua mente.

 Hank fora ao seu encontro e ensinara-lhe como manejaros novos instrumentos com os quais teria que trabalhar. Eleestava elogiando a facilidade com que Jane aprendia, quando

 Scott entrou na sala, pedindo-lhe que fosse fazer algumasanotações. Ela percebeu no olhar triste um certo brilho, algoestranho. . . O que seria? CiĂşme? NĂŁo, impossĂ­vel. Talvez desconfiança, talvez raiva, talvez ressentimento. Ou todasessas coisas juntas. Fosse como fosse, Jane compreendeu queseria difĂ­cil, quase impossĂ­vel, trabalhar para ele.

 Ao meio-dia, a porta do corredor abriu-se e Cora Laineentrou, trajando uma sofisticada roupa de linho, sĂłbriademais para sua idade. Assim como era sĂłbrio o penteado queusava, em contraste com a maquilagem carregada. Ela sedirigiu a Jane dizendo que nĂŁo havia necessidade de seranunciada, pois estava sendo esperada por Scott. Em seguida,abriu a porta e falou:

— Sou eu, querido. Vim buscá-lo para o almoço. Conversei com papai hoje pela manhĂŁ e ele está ansioso para vĂŞ-lo.

 Será que o pai de Cora estaria tĂŁo entusiasmado por um

casamento com a filha? Jane duvidava e, ao pensar nisso,sentiu náuseas. NĂŁo suportaria, se isso acontecesse. NĂŁo levantou o olhar quando ouviu a porta se abrir,mas

 pĂ´de adivinhar que Scott estava abraçando Cora. Segurou amuito custo as lágrimas e deu-se conta de que seu amor por eleera maior do que imaginava. Amargurada, repreendeu-se.

 NĂŁo devia sentir ciĂşme daquele homem, nĂŁo podia estarapaixonada de novo! Isso seria sua ruĂ­na!

 Mas, por mais que se censurasse, que se obrigasse a pĂ´r os

 pĂ©s no chĂŁo, meia hora mais tarde ainda nĂŁo conseguira seconcentrar no que estava fazendo. O ciĂşme a corroĂ­a. Arrancou o papel da máquina de escrever, praguejando. Hankentrou exatamente quando ela jogava a folha amassada nalixeira e comentou:

— NĂŁo fique nervosa. NĂŁo vale a pena. Ouça, que tal almoçar comigo? O restaurante da vila tem uma comida muitoboa!

— Sinto, mas não posso. Prometi a Simon que almoçariacom ele.

— Bom garoto, o seu. Tentou ser útil, lá na sala decomputadores. Tem uma cabeça muito boa. Dave, o nosso

Page 41: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 41/86

técnico, ficou impressionado.— É verdade. Computadores e motocicletas são as

 paixões dele.— Os mesmos gostos de Scott, sabia? Por falar nele . . .

onde está? â€” Foi almoçar com Cora.— É. . . ela deve ter ouvido dizer que o melhor caminho

 para o coração de um homem Ă© o estĂ´mago. Acho que Ă© a primeira vez que essa menina encontra alguĂ©m que resiste aosdĂłlares do papai todo-poderoso. Foi muito mimada, sempreteve o que quis e acha que o dinheiro compra tudo. . . e a todos.O pai Ă© viĂşvo e a adora.

— VocĂŞ nĂŁo parece gostar muito dela, nĂŁo Ă©? â€” Por Deus, ela sĂł tem dezoito anos e age como se tivesse

trinta! Se ela nĂŁo parar de brincar com certas coisas, vai acabar se machucando.

— Isso o preocupa?  A pergunta fez Hank corar.— De certa forma, sim. Talvez eu seja um tolo, por pensar

assim, mas acho que ela quer Scott e nĂŁo vai sossegarenquanto nĂŁo o tiver.

— Bem, mas você mesmo disse que ele não pensa emcasamento. . .

— Não, mas é um homem como outro qualquer e conheceo raciocínio de Cora. Provavelmente, acha que a distânciaentre o quarto e o altar é muito curta. Não esqueça que ele

 precisa do contrato com o velho e a menina poderá usar issocomo argumento.

 Jane saiu do escritĂłrio com a cabeça doendo. Trabalharabastante durante a manhĂŁ e, assim que parara, os problemasvoltaram a preocupá-la. Agora, por exemplo, teria queenfrentar Simon e responder a um verdadeiro interrogatĂłrio.

 Pensara nas respostas que lhe daria ao entrar na cozinha. Foi recebida com um sorriso pela sra. Robinson. Qual seria aopiniĂŁo da cozinheira a respeito de sua presença na casa? 

 Nenhum dos outros empregados morava lá. Será que correraalgum boato na vila? 

— O jovem Simon está lá fora com a sra. Garston. Achoque se encontram no jardim. Ela gosta muito daquele lugar, équente e aconchegante. É o dia de folga da governanta e

 parece que seu filho e a sra. Garston se deram muito. É sempreassim; o jovem e o velho se entendem. Se nĂŁo for incomodo,

gostaria que os chamasse para o almoço. Hoje temos salmão,o prato favorito do pessoal da casa.

Page 42: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 42/86

— Salmão? Simon adora!— Bem, então o que está esperando? Vá chamá-lo! — O

sorriso animado e bondoso da sra. Robinson funcionou comoum consolo para o coração magoado de Jane. Sentindo-se

mais reconfortada com aquela demonstração de afeto esimpatia, ela tratou de ir ao jardim. Ao atravessar o pátio dos fundos, que no passado

abrigara os estábulos e agora servia de garagem, encantou-secom as reformas. A bagunça e a sujeira de outrora haviamcedido lugar à ordem e à limpeza. Um caminho bem cuidadolevava ao bosque, o velho bosque que Jane percorrera diversasvezes ao lado de Scott, em dias mais felizes. Ah, se ela pudesse

 fazer o tempo parar. . . Voltar ao passado, há exatamente onzeanos. . . Deus, como tudo seria diferente! Como tudo podia tersido diferente! Mas a dura realidade era outra e estava ali, Ă sua frente. NĂŁo havia outro jeito senĂŁo encará-la.

 Por isso, Jane continuou caminhando com passos firmes,atĂ© chegar ao jardim, onde encontrou Eva Garston sentadanum velho tronco de árvore, que fazia as vezes de banco, econversando, toda animada, com Simon. Quando os dois aviram, acenaram-lhe e sorriram.

— Jane, que bom revê-la! Sente-se ao meu lado e diga-mecomo tem passado. Faz tanto tempo que você nos deixou. . .

— Onze anos para ser mais exata, sra. Garston. Masvamos deixar essa conversa para depois. A sra. Robinson estános esperando com uma travessa cheia de salmão.

— SalmĂŁo? Oba, mamĂŁe, que bom! Jane sorriu do entusiasmo do filho, mas logo depois

sentiu-se envergonhada, ao notar a maneira pensativa como Eva a observava. Sempre gostara da mĂŁe de Scott e sempre fora solidária com seu sofrimento por viver sob o jugo do velho Jeffrey. Afinal, ele nĂŁo aprovara o casamento do segundo filho

nem a carreira que seguira. Era fácil imaginar a vida difĂ­cil que Eva havia levado, embora aquele doce ar de serenidadenunca tivesse abandonado seu rosto. Ela pensava nissoquando viu Simon ajudando a avĂł a se levantar. No mesmoinstante, seu peito se encheu de .emoção.

— VocĂŞ tem um filho muito bom e muito charmoso, Jane. Meus parabĂ©ns.

— Mãe, a sra. Garston estava me falando a respeito daoperação que fez e das articulações de plástico que foramcolocadas no corpo dela!

— Ora, nĂŁo Ă© tĂŁo impressionante assim, mas, graças a Deus, as dores se foram. — Sorriu com bondade e comentou,

Page 43: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 43/86

 fitando Jane: — Scott me disse que vocĂŞ será a novasecretária.

— Por algum tempo. O diretor da escola de Simon achaque o ambiente de um colégio pequeno lhe fará bem, e quando

 Scott me ofereceu o emprego. . . Embora Eva tivesse aceitado a explicação com facilidade, Jane notou que ela olhava com insistĂŞncia para Simon,durante o almoço, como se suspeitasse de algo. Perguntoucomo havia sido a vida em Londres e educadamente evitou

 fazer alusões ao pai de Simon. Com certeza, Scott lhe contarasobre Geoff.

— A senhora deve se orgulhar de Scott. Ele se deu muitobem no que se propôs fazer.

— É verdade, mas eu gostaria de vê-lo feliz, não apenasrico. Como mãe, você deve entender.

— Sim, entendo. . . — disse Jane, pensativa, olhando paraos cabelos de Simon. Iguais aos do pai.

 A tarde transcorreu sem maiores problemas. Scott apareceu no escritĂłrio Ă s trĂŞs horas e logo encheu Jane detrabalho. Ela, no entanto, nĂŁo reclamou; ficou contente por semanter bastante ocupada. A Ăşnica coisa que a atormentou foi o cheiro do perfume de Cora, que impregnara a jaqueta dele.

 No jantar conheceu a governanta, que pareceu ser uma

 pessoa simpática.— Simon e Jane ficarĂŁo na mansĂŁo enquanto ela estivertrabalhando aqui. Isso simplifica as coisas — explicou Scott.

— É bom ter um rosto jovem por aqui — comentou Evagentilmente. — Gostei da nossa conversa de hoje, Simon.Talvez pudéssemos conversar novamente amanhã.

— Se quiser, tudo bem. Posso lhe ensinar um jogo queconheço. Que tal hoje Ă  noite? 

— Gostaria muito. Quando começamos? 

Os dias que se seguiram nĂŁo foram diferentes desse. E,embora tudo parecesse calmo, Jane sentia tensĂŁo no ar. Scott nĂŁo fizera novas tentativas de entrar em seu quarto ou detocá-la. Andava distante. Ă€s vezes jantava com todos, emborasaĂ­sse com freqĂĽĂŞncia com Cora Laine. Simon passava a maior

 parte do tempo com Eva. As aulas haviam começado e ele parecia estar se adaptando bem Ă  nova escola. No entanto, devez em quando, se mostrava aborrecido.

— O que há, querido? — Jane perguntou-lhe, uma noite,depois de ajeitá-lo na cama.

— É aquela Cora Laine, mamãe. Estão dizendo lá naescola que ela vai se casar com papai.

Page 44: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 44/86

 Jane suspirou. Simon resolvera se referir a Scott daquelamaneira — papai —, mesmo contra a vontade dela.

 NĂŁo adiantava repreendĂŞ-lo nem usar qualquer tipo deargumento. Ele nĂŁo se convencia. Respondia que Scott era

mesmo seu pai e que nĂŁo pretendia tratá-lo como um simplesdesconhecido. Nesses momentos, Jane amaldiçoava o dia em que pusera

os pés em Garston novamente. Se não tivesse voltado, nadadaquilo teria acontecido. No mais, se alguém ali não tinhaculpa nenhuma do que andava ocorrendo, esse alguém era

 Simon. Por isso, Jane lhe sorriu e disse:— Querido, em primeiro lugar, nĂŁo se importe com o que

dizem na escola. Namorar, sair junto, nĂŁo significa casar. AlĂ©m disso, Scott Ă© um homem livre e pode fazer o que bementender. Em segundo lugar, tome cuidado para que ninguĂ©mo ouça chamá-lo de pai.

— Por quĂŞ? VocĂŞ acha que ele nĂŁo me aceitaria, sesoubesse? 

— Oh, meu amor, tenho certeza que sim. Mas Scott nãoacreditaria em mim, mesmo que eu jurasse.

— Ele ainda dorme com vocĂŞ? â€” NĂŁo.— MamĂŁe. . . nĂŁo quero que ele se case com Cora. NĂŁo

gosto dela e, alĂ©m disso. . .— AlĂ©m disso?. . .O coração lhe doĂ­a, pela tristeza do filho. Ele amava Scott 

e não aceitava a idéia de vê-lo casado com outra mulher quenão fosse a própria mãe.

 Jane tinha as mesmas preocupações. O ciĂşme aatormentava. Mas o pior era aquela maldita sensação derejeição que se apossara dela depois da primeira noite. Scott nĂŁo a procurara mais, o que significava que nĂŁo a queria.

 Amargurada, afastou esses pensamentos e acariciourostinho de Simon.— Durma, meu bem. AmanhĂŁ vai se sentir melhor. Deu-

lhe um beijo na testa, apagou a luz e saiu. Foi até a sala deestar, onde Eva assistia televisão.

— VocĂŞ parece cansada, minha filha — disse a boasenhora, ao vĂŞ-la entrar. — Meu filho está sobrecarregandovocĂŞ de trabalho? 

— Não é bem isso. Ê que estou preocupada com Simon.— Entendo. É muito difícil criar um filho sozinha. Sabe, ele

se parece muito com o pai. — Olhou para Jane, que sentia a pulsação acelerada, e completou: — Ele Ă© filho de Scott, nĂŁo Ă©? 

Page 45: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 45/86

 Se parece muito com ele, quando tinha essa idade. Scott nĂŁosabe. . . a respeito de Simon. Ele acha que... que...

 Jane nĂŁo agĂĽentou. Começou a chorar.— Oh. . . pobre menina!

 Eva a abraçou com ternura, confortando-lhe a dor e odesespero.— Sinto muito, sra. Garston. . . Perdi o controle.— Entendo. Meu filho Ă© demonĂ­aco, Ă s vezes, e sei que

 jamais a perdoou pelo que aconteceu no passado. Admito queme surpreendi e fiquei preocupada, quando ele me disse quevocĂŞ viria para cá. Scott se tornou tĂŁo amargo. .. Claro quenĂŁo desconfia que sei de tudo. Os filhos sempre acham que asmĂŁes sĂŁo cegas. No meu caso, ele se acostumou a achar que eudevo me manter longe de qualquer problema. Mas o sextosentido materno me ajuda a descobrir tanta coisa.. . Porexemplo: no instante em que vi Simon, soube que era meuneto.

— Scott pensa que ele é filho de Geoff. . .— É mesmo? E por quê? Conte-me, por favor.Conversar com alguém sobre aquele assunto era

reconfortante, e Eva Garston parecia disposta a ouvi-la comatenção.

— A senhora sabe que o velho Jeffrey sempre detestou

 Scott. Detestava tambĂ©m o pai dele, por tĂŞ-lo abandonado.Quando descobriu que o neto gostava de Garston, decidiu usara senhora contra ele.

— Eu sei, querida. E, quando Scott me contou que vocêviria para cá, achei que ele estava sendo tão cruel quanto oavô.

— Sim, mas o que eu poderia fazer? Depois desse tempotodo... No fundo, eu ainda o amo.

— E também o amava, quando decidiu, abandonar

Garston por achar que isso seria melhor para ele, estou certa? â€” Sim. Eu era jovem, romântica e cheia de ilusões. Nuncame ocorreu que Jeffrey havia mentido e que Scott nĂŁo ia secasar com Mary. Pensei ter tomado a melhor decisĂŁo.

— VocĂŞs dois caĂ­ram direitinho na armadilha... Minha pobre criança, Jeffrey jamais teve intenções de deixar herançaalguma para o neto. Quando Scott lhe informou que nĂŁo secasaria com Mary, ele quase enlouqueceu de raiva. SĂł pensavaem magoá-lo.

— Assim como Scott quer me magoar.

— Exatamente. Tenho me preocupado muito com isso, principalmente depois que descobri que Simon Ă© meu neto. Se

Page 46: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 46/86

 Scott soubesse...— Ele nĂŁo acreditaria.— Possivelmente nĂŁo. Sabe que está pensando em se casar

com Cora Laine? 

— Sim, e Simon ficou muito infeliz com isso. Eu não querialhe contar nada sobre o pai, mas, quando viemos para cá, eleouviu falar de Scott e. . . bem, acabou descobrindo tudo. Tenho

 feito o possĂ­vel para nĂŁo magoá-lo. Simon ainda Ă© umacriança e acho que está muito ressentido, muito chocado com averdade. Ele adora o pai.

— Percebi.— Scott ameaçou informar a polícia sobre o acidente com

a moto, se eu tentar partir. Há ainda o conserto do carro, parao qual não tenho dinheiro.

— Eu teria o maior prazer em lhe emprestar o dinheiro,mas acho que não adiantaria.

— É, não faria diferença alguma. Cheguei à conclusão deque a única atitude a tomar é deixá-lo levar a vingançaadiante e esperar que isso limpe o coração de Scott.

— Deus! Como você o ama!— Muito. Só notei isso quando o vi novamente. Bem, mas

devo me preocupar com meu filho. A senhora promete que nĂŁocontará nada a Scott sobre Simon? 

— Acredito não ter esse direito. Contudo, ele é o pai e, sevocê lhe explicasse. . .— 0 que ele faria? Apenas me toleraria! Não. Na hora

certa partiremos.— E Simon, concordará em partir? 

 Jane nĂŁo contou a Simon que Eva havia descoberto Ă­<verdade. No entanto, a cada dia o menino ficava mais li gadoa Scott, que, por sua vez, respondia pacientemente a todas assuas perguntas. Pelo menos era bom ver que ele nĂŁo incluĂ­ra

 Simon na sua dolorosa vingança.— Scott está se apegando a seu filho, Jane. Engraçadocomo os dois se parecem, nĂŁo? — comentou Hank, um dia.

— É, eles tĂŞm interesses parecidos — disse ela,desconversando. — Alguma novidade a respeito do contratocom os americanos? 

— NĂŁo, nenhuma. Parece que as negociações esbarramnos interesses pessoais de Cora. Ela vem fazendo o possĂ­vel 

 para retardar as coisas, com a intenção de ganhar tempo e fisgar Scott.

 Jane suspirou, desanimada. NĂŁo tinha dĂşvidas de queCora Laine acabaria vitoriosa, e isso a machucava muito

Page 47: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 47/86

Cora, aliás, já havia feito reclamações sobre Simon. Queixara-se de que ele vivia pendurado em Scott, dissera que Jane deviaarranjar-lhe um pai para que isso não acontecesse mais edivertia-se ao contar que na vila corriam boatos sobre um

homem que abandonara Jane para se casar com outra. Preocupada, ela se perguntava o que mais andariamdizendo. E suspeitava que Cora andava muito perto dedescobrir a verdade, pois fazia tudo para manter Scott afastado da sala de Jane, indo ao escritĂłrio várias vezes pordia.

Certa tarde, depois do expediente, Jane encontrou Simonchutando pedras no pátio, as mãos nos bolsos e o rosto

 fechado.— Que tal nadar um pouco, querido? 

 Simon adorava ficar na piscina interna. No entanto,apenas deu de ombros, sem responder.

— Eu ia sair com Scott, mamãe. . . ele prometeu! Mas elaveio e o levou embora. Odeio essa Cora!

— Oh, Simon, tente entender! Ela quer ficar junto de Scott assim como vocĂŞ quer. Adultos gostam de ficar sĂłs,

de vez em quando.— EstĂŁo namorando, nĂŁo Ă©? VĂŁo se casar? â€” NĂŁo sei. Isso nĂŁo Ă© da nossa conta.

 Simon ficou furioso e bradou:— É da minha conta sim! Ele Ă© meu pai! Jane nĂŁo estava disposta a levar a discussĂŁo adiante e por

isso resolveu se afastar. Jantou sozinha e se enfiou na cama,exausta. Mas ouviu quando Scott voltou e percebeu que eramadrugada. EntĂŁo passou o resto da noite em claro, chorandoe se perguntando o que havia realmente entre ele e Cora.

O mĂŞs passou voando e o clima ia ficando cada vez maisquente. Certa tarde, depois do expediente, Jane resolveu nadar

um pouco. Ia pegar os trajes de banho quando ouviu a voz de Simon, vindo da garagem. Havia outras vozes no que pareciaser uma discussĂŁo. Imediatamente, ela se dirigiu ao pátio eteve uma desagradável surpresa, ao ver Scott e Simon de umlado da Ferrari e Cora do outro. A garota se mostrava furiosa.

— Scott, pelo amor de Deus, livre-se dessa droga demenino! Se gosta tanto de crianças, tenha um filho! Estoucerta de que é capaz e não precisaria procurar muito paraencontrar uma mulher com quem dividir a cama!

— Ele não precisa procurar ninguém — retrucou Simon,

calmamente. — Já divide a cama com minha mãe e vai secasar com ela.

Page 48: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 48/86

— Simon!Chocada, Jane não conseguiu fazer mais do que chamar o

 filho, que correu para seus braços.— Ah, entĂŁo Ă© verdade! Ouvi comentários na vila, mas

 pensei que Scott fosse um homem de bom senso! Bem,queridinho, fique com ela. Mas lembre-se de quanto lhe custouesta escolha. Acabou de perder um bom contrato.

 Saiu apressada em direção Ă  casa, antes que Scott fizessealgo.

— Droga, Jane, vocĂŞ já acabou comigo uma vez! Pretende fazer isso de novo?! Pois saiba que eu nĂŁo deixarei!

— Não me culpe, Scott. Você podia ter negado tudo e, noentanto, não o fez. Mas não se preocupe, ainda há tempo.Vamos, corra até ela e negue!

— Você pagará por isso, pode ter certeza!— O que quer que eu faça? Que mande Simon pedir

desculpas? Ele nos viu na cama, nĂŁo se esqueça.— Mas eu nunca disse que me casaria com vocĂŞ. E 

suponho que andou enganando seu filho a nosso respeito. Bem,vou lhe dizer uma coisa. .

— Quem vai falar sou eu! Sua preciosa Cora quer se casarcom você e se dispõe a usar o poder do pai para comprá-lo! Váatrás dela e a convença de que foi tudo um terrível engano!

Que foi uma explosĂŁo de um garoto ciumento que se apegoudemais a um homem que nĂŁo dá a mĂ­nima importância aossentimentos dos outros! Vamos, corra! 0 que está esperando? 

 Nesse instante, ouviram o barulho de um carro seafastando. Era Cora, que deixava a propriedade.

— Tem idĂ©ia do prejuĂ­zo que me deu, Jane? Percebe que posso perder tudo? Eu te odeio, sabe? Odeio! — E retirou-se.

 Na manhĂŁ seguinte, Simon estava tĂŁo desanimado quenem saiu da cama.

— NĂŁo se preocupe. Ficarei com ele — assegurou Eva.— Sabe o que aconteceu? â€” Mais ou menos. Scott comentou que Cora saiu daqui 

como louca e que poderíamos dar adeus ao contrato com osamericanos. Disse também que Simon fez uma cena.

— Meu filho ficou com ciúme de Cora. Ciúme e raiva. Elasempre o tratou muito mal.

 Embora nĂŁo quisesse admitir, Jane esperava que Simonafirmasse ser filho de Scott, durante a discussĂŁo da tardeanterior. NĂŁo era justo que a culpa da perda do contrato

recaísse sobre eles. Scott poderia ter ido atrás de Cora e ter-lhecontado uma história qualquer. Era o que a moça queria, e ele

Page 49: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 49/86

sabia disso. No entanto, tudo o que fizera fora ficar e acusar Jane. Por quĂŞ? Será que a vingança valia mais que umcontrato milionário e uma bela mulher? 

CAPĂŤTULO VI 

— Que confusĂŁo a de ontem Ă  noite, hein? — brincou Hank, entrando na sala de Jane.

— Já ficou sabendo do que aconteceu? As notíciasvoam, aqui...

— Pois é. Cora entrou no bar da cidade feito um furacão econtou tudo. Estava furiosa.

 Jane suspirou, descobriu a máquina de escrever e olhouatentamente para Hank.

— Você parece ter ficado contente com a briga. . . Oumuito me engano ou seu interesse por Cora não é apenascomercial, mas afetivo.

— Está insinuando que, com Scott fora do caminho, ascoisas ficarão mais fáceis para mim? Pode ser. Cora voltará

 para casa em dois dias e me ofereci para acompanhá-la.Consegui convencĂŞ-la de que Ă© frágil e precisa de alguĂ©m para

ajudá-la. Tenho férias vencidas e posso deixar o escritório poruns tempos, porque o serviço está adiantado. Bem, mas émelhor eu ir esvaziar minha escrivaninha, se quiser partirdepressa. Até logo.

 Jane sorriu para o animado Hank e voltou ao trabalho. Mal tinha começado a datilografar alguns pedidos quando otelefone tocou.

— Computex, bom dia;— Jane, minha cara, como vai? 

 Era a voz de sir Nigel, e ela ficou surpresa. Por que estariatelefonando? â€” Que prazer ouvi-lo! A que devo a honra? â€” Acho que tenho um pequeno negĂłcio para o seu novo

 patrĂŁo, minha cara. O sheikh Raschid veio do Qatar edemonstrou interesse em equipar a polĂ­cia de seu paĂ­s comcomputadores modernos. Seria o primeiro de uma sĂ©rie de

 pedidos. Ele me solicitou que indicasse um fornecedor e pensei imediatamente em Scott Garston, que tem boa reputação e

 possui um projeto revolucionário, nĂŁo Ă©? Ele está? 

— No momento não.— Sei, sei. . . Bem, Raschid só ficará uma semana em

Page 50: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 50/86

 Londres, o que nĂŁo nos dá muito tempo. Diga a Scott que metelefone, quando voltar. Pensei em marcar um encontro e levar

 Raschid atĂ© aĂ­. Aliás, ele mandou lembranças para vocĂŞ.O charmoso árabe fora muito galante, na Ăşltima vez que

se encontraram, e ela achara interessante.a maneira comohaviam flertado.— Darei o recado assim que Scott chegar, sir.— Então adeus. Até a vista.O resto do dia transcorreu normalmente e, quando Jane

 parou de trabalhar, no fim da tarde, ainda nĂŁo havia sinal de Scott. Aliviada, ela caminhou atĂ© o jardim e ficou admirandoas velhas árvores, cujas folhas uma leve brisa agitava. Sentia-se covarde por nĂŁo ter procurado Simon e mais uma vez 

 pensou que, pelo bem do filho, devia partir o mais depressa possĂ­vel. Teria que dizer isso a Scott e aquele talvez fosse omomento propĂ­cio, pois, apĂłs a cena1 da noite anterior, elehaveria de compreender que mantĂŞ-los ali podia ser atĂ©arriscado.

 A atitude de Simon fora natural, levando em consideraçãoas circunstâncias. O menino nĂŁo queria ver o pai casado comoutra, principalmente com Cora, que nĂŁo escondia o fato denĂŁo gostar nem dele nem de sua amizade com Scott. Elasentia-se ameaçada, e Simon percebera isso, a ponto de usar

uma arma fatal contra a moça: confirmar suas suspeitas,mesmo passando dos limites, ao afirmar que Scott e Jane iamse casar. Mas isso também era compreensível. Na suacabecinha inocente e em seu coração puro, não havia razão

 para que seus pais vivessem separados. Ah, se ele soubessecomo os motivos dos adultos podiam ser diferentes. . .

 Eva saĂ­ra para jantar as amigas. Era uma pessoa muitobenquista na vizinhança, ao contrário do que acontecera como velho Jeffrey, que nunca fora muito popular na regiĂŁo. Jane

suspeitava de que devia haver alguma verdade nos rumoresque diziam ter ele sofrido o ataque cardĂ­aco fatal emconseqĂĽĂŞncia do sucesso do neto. Teria imaginado que Scott compraria Garston? Talvez. De qualquer forma, manter a

 propriedade funcionando exigia j muito esforço e gastosimensos, e por isso Scott estava \ tĂŁo ansioso para vender onovo computador. Jane se culpava por haver sido, mesmoindiretamente, a responsável pela perda do contrato. Cora nacerta convenceria o pai a nĂŁo fazer negĂłcio com a Computex.

 Jane pensava nisso quando viu o carro de Scott 

estacionado no lado de fora da mansĂŁo. Perguntou-se se elehaveria encontrado Cora, na tentativa de fazĂŞ-la mudar de

Page 51: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 51/86

idéia. Contudo, a única coisa que a faria voltar atrás seriauma aliança de casamento, e Scott não estava preparado paraoferecer-lhe isso.

 Subiu a escada e encontrou Simon deitado. Resolveu

conversar com ele.— Concorda que foi muito rude, ontem Ă  noite, e errou aodizer tudo aquilo, filho? 

— Mas é verdade! Ele estava em sua cama, e eu vi!Segurando-lhe as mãos, Jane continuou:

— Mas não é verdade que vamos nos casar. Você sabe.— Bem, eu não quero que ele se case com Cora. O que

acontecerá agora, mamĂŁe? â€” Primeiro vocĂŞ vai pedir desculpas a Sco. . . ao sr.

Garston. Cora partirá amanhĂŁ, portanto nĂŁo haverá tempo para se desculpar com ela.

 Havia situações nas quais a falta de um pai tornava tudomuito difĂ­cil, e essa era uma delas. Embora Janecompreendesse as razões de Simon, devia fazĂŞ-lo entender queagira de modo errado.

— Scott. . . quer dizer. . . o sr. Garston nos mandaráembora? 

— Não sei, filho. Vamos esperar. De qualquer forma,umdia partiremos.

— Quero que lhe conte a meu respeito. Esse era o ponto-chave da questĂŁo, e Jane nĂŁo sabia o que fazer. Em outras circunstâncias pediria conselhos a Eva, masnesse caso sabia que ela recomendaria que a verdade fossedita.

— Simon, sei como se sente, acredite-me, mas nĂŁo posso fazer isso. NĂŁo agora.

— Por quê? Ele é meu pai e quero ficar. Não tenho culpa sevocê mentiu para ele.

 NĂŁo havia jeito de contra-argumentar. Como explicar acomplexidade do mundo dos adultos a uma criança? O queaconteceria, se ele resolvesse procurar Scott e contar-lhe tudo? 

 Provavelmente seria rejeitado e ficaria arrasado.— Simon, nĂŁo posso dizer nada enquanto estivermos aqui,

 pois nĂŁo seria justo para ninguĂ©m. Tente entender. Faz poucotempo que vocĂŞ descobriu a identidade de seu pai e ele nĂŁosabe sequer que tem um filho. Acho bom que sinta carinho pelosr. Garston e queira ficar aqui, mas isso sĂł irá lhe fazer mal.

 Portanto, quando voltarmos para casa, escreverei uma carta

explicando tudo. Agora me prometa que nĂŁo dirá nenhuma palavra sobre esse assunto para ninguĂ©m.

Page 52: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 52/86

 Aquilo era chantagem emocional, mas nĂŁo havia outrasaĂ­da.

— Certo, mamĂŁe, mas vocĂŞ tem de prometer que vai escrever.

— Prometo. Que tal jantarmos agora? â€” NĂŁo estou com fome. Jane compreendeu que Simon a estava punindo com

aquela atitude, mas era apenas uma criança inocente eassustada. Por isso, antes de sair do quarto, beijou-lhe a testae observou-lhe o corpinho. Ele se parecia muito com o pai.

 Sorriu, acenou-lhe e ganhou o corredor. Ouviu barulhonos aposentos de Scott e se lembrou do recado de sir Nigel.

 Resolveu falar com ele e bateu Ă  porta.Ouviu Scott dizer que a porta estava aberta e entrou, mas

não ninguém no quarto. Então escutou a voz dele, que vinhado banheiro:

— O que deseja, sra. Robinson? â€” NĂŁo Ă© a sra. Robinson, Scott. Sou eu. Ele se dirigiu a

 Jane, surpreso:— Ora, mas que surpresa agradável! Que aconteceu? 

Cansou-se de sua cama solitária? Ou o jovem Simon conseguiuconvencê-la de que deve se casar comigo? Se é isso, acho queestá onze anos atrasada. Sinto muito.

— Vim apenas dar um recado de sir Nigel. Ele pediu quevocê lhe telefonasse.— E por quê? Não vá me dizer que a quer de volta... Jane

assustou-se, ao vĂŞ-lo aproximar-se, com um brilho estranho noolhar. Deu um passo atrás, nervosa, sentindo um agradável aroma de sabonete. Será que Scott nĂŁo percebia o domĂ­nio queexercia sobre ela? Seu coração batia mais forte e o desejo,

 pouco a pouco, começou a dominá-la. Tentando se recompor,disfarçar, ela comentou:

— Sir Nigel tem um cliente interessado em seu novocomputador e quer conversar a respeito...— É mesmo? E acaso você tem algo a ver com isso? Quer

recompensar a perda do contrato americano? â€” Claro que nĂŁo! Acha que tenho esse poder? Ora,

 francamente! A idĂ©ia Ă© de sir Nigel, que apenas pensou em fazer uma gentileza para outro empresário. Ele nĂŁo Ă©interesseiro como vocĂŞ.

 Scott segurou-lhe o braço e ficou tĂŁo perto que ela pĂ´desentir o calor que emanava de sua pele. Jane tentou dar um

 passo atrás e manter-se a uma distância segura, mas foi impedida.

Page 53: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 53/86

— Sabe, mocinha, acho que sir Nigel não conhece averdadeira Jane e não sabe que ela se vende pela propostamais alta.

— Você se esqueceu de que estava disposto a se vender

 para garantir o contrato com os americanos? Quanto a mim,nĂŁo tive escolha. VocĂŞ me obrigou a ficar, o que Ă© bemdiferente. Agora, se me disser que seu amor por Cora Ă©verdadeiro, entĂŁo retiro o que disse.

— Amor? Esta é uma emoção que você não é capaz deentender. Uma vez me falou que o amor é para os tolos e os

 fracos, lembra-se? Diga-me francamente, já amou alguĂ©m? Jáconseguiu dar algo mais do que o prĂłprio corpo? 

 Jane soltou-se, indignada. Já nĂŁo agĂĽentava mais ocomportamento neurĂłtico de Scott. Encarou-o com firmeza erespondeu:

— Como ousa falar-me tal absurdo? Claro que amei! Amo Simon e. ..

— Ama o pai dele, não é? No entanto, foi abandonada comuma criança para criar, não foi? Geoff não a amou osuficiente...

— Sim, eu amei o pai de Simon e, se quer a verdade, aindao amo!

 Parou de falar abruptamente, pois percebeu que as

afirmações que fizera a levariam para um terreno perigoso. Mas era muito tarde para reparar o que dissera e mais ainda para continuar fingindo. A raiva de Scott provocara-lhe umaexplosĂŁo que rompera as fronteiras da razĂŁo.

— Você ainda o quer, não? Azar seu, pois vai ter que ficarcomigo.

 E se aproximou de novo, abraçando-a e acariciando-lheos cabelos, o pescoço, os ombros. Jane sentiu a excitaçãoaumentar e pediu, num sussurro:

— Scott, nĂŁo faça isso.. . por favor...— Quietinha, moça... a nĂŁo ser que queira me ver mais zangado. E colou os lábios nos dela, num beijo selvagem masque tinha um quĂŞ de ternura. Ou seria impressĂŁo? NĂŁo, nĂŁoera. Jane podia sentir que, apesar da dor e do ressentimento,

 Scott, talvez sem perceber, imprimia Ă quele beijo umasuavidade inesperada.

 Assustada com isso, ela tentou nĂŁo corresponder e permaneceu com o corpo tenso, rĂ­gido. Ele notou que nadaconseguiria e começou a massagear-lhe a nuca e as costas,

 provocando-lhe arrepios. Um calor que aquecia a pele eminava as resistĂŞncias foi aos poucos substituindo a tensĂŁo de

Page 54: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 54/86

 Jane.— Eu te quero e vocĂŞ tambĂ©m me quer, mesmo que finja

que nĂŁo. As palavras a atingiram no coração, lembrando-a de

coisas que ela queria a todo custo esquecer. Foi impossĂ­vel evitar que doces recordações a envolvessem num manto decarinho, de amor. Quantas coisas bonitas os dois haviamvivido juntos, compartilhado. .. Quantos momentos de loucura,de entrega total, de sonho e de magia. . .

 NĂŁo, nĂŁo se esquece a felicidade. E Jane percebeu que issoa tornava perigosamente vulnerável. No fundo, guardava aesperança de poder reviver todos aqueles momentosencantados. . . os melhores de sua vida solitária.

 E foi em nome dessas lembranças que ela fechou os olhos ese deixou envolver pela paixĂŁo. Era impossĂ­vel resistir aoamor que sentia por Scott e que ficara sufocado em seucoração por longos, intermináveis anos.

— Jane... A voz era sensual, rouca; os lábios quentes percorriam os

ombros macios, o pescoço, o colo, o vale entre os seios. Osdedos hábeis desciam aos quadris, procuravam as coxas

 firmes, a carne quente.. . Jane gemeu e deixou-se acariciar com loucura. Apoiou o

corpo contra a parede e, de olhos fechados, experimentou assensações mágicas que os dedos e a boca de Scott provocavamem seu corpo sedento. 0 clímax se aproximava e ela se coloumais às mãos fortes, ao braço musculoso que a enlouquecia,esfregando-se nele, até que um grito abafado lhe escapou doslábios.

 Abriu os olhos lentamente e viu que Scott estava maisexcitado que nunca. Preparava-se para satisfazĂŞ-lo quandoalguĂ©m bateu Ă  porta:

— Trouxe seu chá, sr. Garston. Jane se recompĂ´s rapidamente e atravessou a porta quedava para o seu quarto, trancando-a em seguida. Deitada,tentou controlar-se e esquecer o que acabava de acontecer.

 Desejara-o e teria feito amor, se a sra. Robinson nĂŁo os tivesseinterrompido.

Cobriu o rosto com as mĂŁos, querendo parar de tremer.Como as coisas haviam tomado aquele rumo? Scott era comouma droga pesada, contra a qual nĂŁo podia lutar. Bastaraestarem no mesmo quarto para que o desejo explodisse; e,

quando ele a tocara, Jane ficara com o corpo em chamas. Oque aconteceria, se Scott descobrisse que ainda era amado? 

Page 55: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 55/86

 Por ela e por Simon?  Resolveu tomar um banho frio para acalmar a paixĂŁo que

ainda ardia dentro dela, mas tudo o que conseguiu foi ficarainda mais excitada. ImpossĂ­vel tirar do corpo o calor de

 Scott. SĂł ele a satisfazia, ninguĂ©m mais. E o que era aquilosenĂŁo um louco, insano amor? 

CAPĂŤTULO VII 

 No sábado, Jane acordou cedo. Prometera levar SimonatĂ© a cidade e aproveitaria o passeio para fazer algumascompras, inclusive roupas para enfrentar o forte calordaquela Ă©poca do ano. Tentou se lembrar das cores prediletasde Scott e pensou em comprar saias e blusas provo cantesnesses tons, mas depois mudou de idĂ©ia. Chegou mesmo a secensurar por isso. 0 que pretendia, afinal? Conquistar umhomem que jamais a perdoaria? Ou, pior que isso, um homemque nem sequer a queria? 

Tomou um banho bem demorado para acalmar o desejoque lhe ardia no corpo. Sua pele ainda guardava c toque dasmãos, dos lábios de Scott. No entanto, ele jamais poderia saber

que Jane ainda o amava, porque, a sim, sua vingança seriabem mais cruel. E ela já nĂŁo agĂĽentava mais tanta humilhação. Se

 pudesse, fugiria dali para sempre. Mas nĂŁo podia. Tinha que ficar e se submeter aos caprichos do homem que ela mesmatransformara num monstro.

 Jane refletiu sobre o quanto Scott devia ter sofrido t comocentralizara todas as suas energias nos 'negĂłcios NĂŁo era

 para menos que se tornara um empresário bem sucedido.

 Naqueles anos todos, nĂŁo pensara em outra coisa a nĂŁo ser notrabalho. NĂŁo se casara, nĂŁo se apaixonara, nĂŁo conhecera oardor do desejo. Tampouco conhecera a felicidade.

 Scott era um homem amargurado. E Jane agora sabiaque tambĂ©m era responsável por isso. Há onze anos tomarauma decisĂŁo que, segundo julgara, sĂł iria lhe fazer bem, e, noentanto, apenas lhe causara muita dor, muito ressentimento.

 Ela suspirou, desanimada. Nesse instante, a porta seabriu e Simon entrou, afobado.

— Mamãe, os ônibus só saem de duas em duas horas. Se

não se apressar, perderemos o próximo.Tomaram o café da manhã a sós, pois Eva ainda estava

Page 56: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 56/86

deitada. Jane achou bom, pois não vinha gostando daquele arde família que se formava a cada refeição. Sabia que, quando

 fosse embora, Simon sentiria falta daquele ambiente que, no fundo, nĂŁo passava de um joguinho de faz-de-conta.

O Ă´nibus saiu com dez minutos de atraso. Na estrada paraYork passaram por muitos lugarejos interessantes, mas Simon parecia cada vez mais aborrecido.

— Se estivéssemos na Ferrari de Scott, já teríamoschegado há horas!

— NĂŁo deve chamá-lo assim, filho.— Como quer que eu o chame entĂŁo, de papai? â€” NĂŁo, de sr. Garston.— E por que essa formalidade toda? Ele Ă© meu amigo e

gosta de mim. . . Será que Simon sabia como a fizera sentir-se culpada? 

 Jane tentou se concentrar na paisagem. Se ao menos pudessem fugir de Garston. . . AĂ­ sim, saberia como lidar como problema. Scott tinha que deixá-la partir. Conversaria comele.

 No momento, atĂ© agora, todas as tentativas de tocar noassunto haviam fracassado. Uma vez, ela o seguira atĂ© a

 piscina, na esperança de ter uma conversa particular. Mas,quando Scott se aproximara, sensações indescritĂ­veis a

dominaram, e de forma tĂŁo intensa que nĂŁo a deixaram nem falar. Perdida em pensamentos, Jane nem notou que a

velocidade do Ă´nibus diminuĂ­a pouco a pouco e que o veĂ­culo parava junto a uma plataforma de estação rodoviária.

— MĂŁe, chegamos! Venha! A voz de Simon soou tĂŁo animada que ela sorriu, bem-

humorada.— Estou indo, meu bem, estou indo.

 Passaram a manhĂŁ visitando a cidade. E a Ăşnicamudança que Jane viu nela foram lojas e butiques novas.— Compras! — reclamava Simon. — Temos mesmo que

 fazĂŞ-las? Posso ir atĂ© o mosteiro e esperá-la?  Jane ficou com pena do filho. Afinal, nĂŁo tinham muito

tempo, pois voltariam no ônibus das três. Como Simon fossebastante esperto para não se perder, ela resolveu deixá-lo

 fazer seu prĂłprio programa enquanto se entregava Ă scompras.

 Esteve em trĂŞs lojas, antes de encontrar o que procurava:

uma saia branca que lhe ressaltasse a cintura e os quadris.Comprou uma blusa bordada para usar com a saia e

Page 57: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 57/86

experimentou um vestido de algodão que á vendedora lhemostrara. Azul-pastel e lilás mesclados num moderno desenho.Um estilo simples mas sedutor.

— É muito decotado. . . Acho que não vou ter coragem de

usar.— Oh, não é tanto assim — contestou a vendedora. —Olhe-se no espelho e veja como caiu bem.

 Jane a seguiu distraĂ­da. E levou um susto quando viu Scott entrar na butique, acompanhado por Simon.

— Achei que a encontrarĂ­amos aqui. Ele a analisou de forma tĂŁo maliciosa que ela nĂŁo o

encarou.— Obrigada, mas não ficarei com este vestido — disse

 Jane Ă  vendedora, louca para sair logo dali e saber o que Scott  fazia junto com Simon.

— Oh, mas. . .— Acho que você deve comprá-lo.

 Jane se virou, surpresa. Desde quando Scott davaopiniões sobre seu jeito de se vestir? 

— Gosto dele, mamĂŁe. Deixa vocĂŞ tĂŁo linda. . . A vozinha de Simon tinha um tom sincero, e Jane

compreendeu que não podia desapontá-lo. Aliás, também nãoqueria desapontar o homem que amava. Quando Scott olhara

 para o decote, ela sentira-se com dezessete anos novamente,loucamente apaixonada por alguĂ©m que a amava e a queria. Emocionada, acabou comprando o vestido.

 Ao saĂ­rem da loja, Scott contou que tinha negĂłcios aresolver em York e que vira Simon sem querer.

— Ele me disse que você estava fazendo compras eimaginei encontrá-la numa dessas lojas. Esta é a parte maissofisticada da cidade e tem roupas muito bonitas.

 Ela tentou ignorar Scott e dirigiu-se a Simon:

— Suponha que eu tivesse ido Ă  sua procura e nĂŁo oencontrasse, querido. Já imaginou o que aconteceria? â€” VocĂŞ deve culpar a mim — interveio Scott. — Se eu

soubesse que viriam a York, teria oferecido uma carona. Deus, como ele soava educado, civilizado! Uma pantera

tentando convencer a vítima de que não é mais perigosa doque um gato doméstico. . .

— Simon me disse que vocĂŞs ainda nĂŁo almoçaram. — Sem esperar resposta, colocou as mĂŁos nos ombros dela e osgirou para o outro lado da rua. — Por que nĂŁo me

acompanham? Poderíamos almoçar juntos.— Obrigada, mas não queremos.

Page 58: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 58/86

— Mas, mĂŁe. . . eu quero! Pronto, lá vinha Simon com mais uma das suas.— Ora, Jane, nĂŁo seja uma estraga-prazeres. Simon disse

que visitou o mosteiro de ponta a ponta. Deve estar faminto.

 NĂŁo era justo que Scott usasse o garoto daquela maneira. Mas tambĂ©m nĂŁo seria justo privar Simon da companhia do pai. E, bem no fundo, Jane tambĂ©m morria de vontade deestar com ele. Assim, pouco depois entravam num restauranteaconchegante e luxuoso.

— Ah, sr. Garston, que prazer revê-lo! — cumprimentou omaitre. — Acompanhe-me, por favor. Quer a mesa de sempre,suponho.

Tantas gentilezas faziam supor que Scott fosse freqĂĽentador assĂ­duo do lugar. E, por isso, sem saber bem porque, Jane ficou sem graça. Para disfarçar a timidez começou aolhar Ă  sua volta e reparou no ambiente elegante, com paredesespelhadas e mĂłveis em cana-da-Ă­ndia. E plantas, muitas

 plantas. E flores. Havia tambĂ©m algumas mesas reservadas. Foram

levados para uma dessas mesas.Quem mais Scott teria levado ali? Cora? Ao lembrar-se da

americana, Jane sentiu uma angĂşstia muito forte. Foi umsentimento tĂŁo profundo que ela empalideceu e suas pernas

 ficaram trĂŞmulas.— Algum problema?  A voz de Scott soou tĂŁo gentil que Jane se surpreendeu.

 Aliás, nos Ăşltimos dias ele vinha agindo dessa maneira. Simpático, atencioso demais. Como se estivesse se preparando para agarrar a presa.

— É apenas o calor. Já estou melhor. Mentira. NĂŁo estava melhor coisa nenhuma. Seu coração

chegava a doer, de tão sufocado, e a respiração saía ofegante,

difícil. Nas mãos, um suor frio mostrou-lhe que não devia sedeixar afetar tanto assim por aquela situação ou acabariadoente. Ou louca.

 Jane nem sequer prestou atenção ao prato que pediu;disse o primeiro nome que leu no cardápio. E se forçou acomer apenas para afastar o mal-estar e a vertigem.

 Simon parecia nĂŁo perceber seu desespero e conversavaalegremente com Scott. Estava ansioso pela atenção do pai equeria aproveitar a ocasiĂŁo. Como reagiria quando tudoestivesse terminado e voltassem para Londres? 

Contra a vontade, Jane acabou tendo que aceitar umacarona atĂ© Garston, devido Ă  insistĂŞncia de Simon. Pior: foi 

Page 59: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 59/86

obrigada a ocupar o banco da frente. Nervosa, não conseguiuajustar o cinto de segurança, e Scott, que estava observando,curvou-se sobre ela e terminou de prendê-lo.

 Assim que Jane olhou aquela cabeleira negra,

 praticamente em seu colo, uma onda de desejo se apoderoudela. Sentiu vontade de tocá-lo, dizer-lhe o quanto o amava. . . SĂł que nĂŁo podia fazer isso. EntĂŁo se limitou a ouvir

 Simon, que falava sobre computadores, com grande familiaridade. Igualzinho ao pai. E bem diferente da mĂŁe, quese interessa mais por artes em geral e literatura em particular.

 Assim, embalada pela voz do filho, pelo calor e pelorelaxamento da tensĂŁo por que passara momentos atrás, Janeacabou adormecendo. SĂł despertou quando Simon, sorrindo, achamou:

— Ei, mamĂŁe, acorde! Ela abriu os olhos e viu que haviam chegado a Garston.

 Por quanto tempo dormira? Morreu de vergonha quando percebeu que apoiara a cabeça no ombro de Scott. Havia seencostado nele enquanto dormia.

— Desculpe-me. Tomei vinho demais no almoço. Scott, que atĂ© entĂŁo observava um luxuoso carro estava

estacionado no pátio, virou-se para ela e, ignorando suas palavras, comentou:

— Parece que temos visitas. Um velho amigo seu, aliás. É melhor cumprimentá-lo.Quando Jane ia responder que nĂŁo tinha idĂ©ia de quem

 poderia ser, percebeu o ar irĂ´nico de Scott, que já colocara obraço sobre seu ombro e apertava-o com certa força.

— Por aqui. Simon, ao seu lado, assistia Ă  cena, perplexo. A porta da

sala foi aberta e Jane viu três pessoas ali dentro: Eva e maisum casal. O coração de Jane quase parou, quando ela

reconheceu Geoff Rivers.— Uma surpresa e tanto, não? — perguntou Scott,sarcástico.

 Eva tratou de quebrar o gelo:— Aqui está ela, Geoff. Acredita em mim agora? â€” Jan, minha querida!Geoff era a Ăşnica pessoa, alĂ©m de sir Nigel, que a

chamava daquele jeito. Adotara o apelido durante as poucassemanas em que haviam trabalhado juntos.

— Mary, esta é Jane — continuou Geoff, dirigindo-se à

esposa. — Trabalhou para mim durante algumas semanas. Acho que foi há mais de dez anos. ..

Page 60: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 60/86

 Scott inclinara a cabeça para ela, murmurando baixinho:— Veja como ele nem se lembra direito do que houve entre

vocĂŞs! NĂŁo Ă© capaz nem de dizer quando foi. Quanto a mim,me recordo de tudo, Jane.

 Ela conhecera Mary Tatlow, esposa de Geoff, apenas por fotografias. A moça sempre aparecia no jornal da cidade.Como seria, se Mary estivesse sendo apresentada como esposade Scott? A mĂŁe dos filhos dele? Jane empalideceu, sĂł ao

 pensar nisso.— Prazer em vĂŞ-la — dizia Mary. — Oh, este deve ser

 Simon, nĂŁo Ă©? â€” Eva nos contou a respeito dele — acrescentou Geoff,

reparando na cor dos cabelos do menino.— Devo dizer que ele é muito frio — Scott sussurrou junto

ao ouvido de Jane. — NĂŁo deixou transparecer nada quando foi apresentado ao filho. Duvido que conte algo a Mary sobre Simon. NĂŁo tenciona assumi-lo.

— Vendo que me desaprova tanto, estou surpresa ao notarque perdoa meu filho.

— Ah, mas Simon nĂŁo Ă© responsável pelos erros da mĂŁe. AlĂ©m disso, gosto dele. NĂŁo se sente culpada por nĂŁo sercasada? Certamente houve pretendentes. . .

— Sim, houve, mas nenhum estava à altura do pai de

 Simon. Foi a vez de Scott empalidecer, dando um sorriso amarelo. Por pouco nĂŁo perdeu a compostura e armou uma feiadiscussĂŁo com Jane.

— Estou surpreso pelo fato de minha mĂŁe convidar Geoff  para vir aqui quando sabe que.. .

— Que ele Ă© o pai de meu filho? Mas qual Ă© o problema?  Está com ciĂşme porque a criança nĂŁo Ă© sua? 

 Por um segundo, o tempo pareceu parar. Jane e Scott se

olharam nos olhos de uma forma estranha, diferente.— CiĂşme? Ora, nĂŁo diga tolices! Sabe... uma vez pensei emtĂŞ-la como esposa, e isso mostra como a amei. Mas amei alguĂ©m que nĂŁo existia. Amei uma farsante, uma mentirosa.

 NĂŁo, eu nĂŁo gostaria que vocĂŞ fosse mĂŁe do meu filho. Agradeço a Deus por tĂŞ-la tirado do meu caminho a tempo.

 Dizendo isso, deu-lhe as costas e deixou-a. Jane nĂŁo sabiao que fazer. Conhecia a dor e a humilhação, mas aquilo erademais!

Queria subir e trancar-se no quarto, mas nĂŁo conseguia

se mover. As vozes dos outros soavam distantes, como se tudo fizesse parte de um pesadelo, nĂŁo da realidade.

Page 61: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 61/86

— MamĂŁe... vocĂŞ está bem?  Ela esqueceu as preocupações por um segundo e encarou

o filho. Pelo bem dele, tinha que se recompor.— Estou bem, querido, fique sossegado.

 Eva dirigira-lhe a palavra, oferecendo uma xĂ­cara de chá. Jane aceitou na hora. Estava tremendo muito e o lĂ­quidoquente lhe faria bem.

— Bem, Jan, foi muito bom vĂŞ-la de novo. Faça-nos umavisita. O convite vale para vocĂŞ tambĂ©m, Simon. Logo Jamesestará de volta e vocĂŞs dois vĂŁo se dar bem. Quantos anos tem? 

— Dez.— Bem, James está com nove. É apenas um ano mais

novo. Ela nunca contara nada a Geoff a respeito de Scott e de

 Simon, porĂ©m notou como o olhar dele ia de um a outro.— Bem, se algum dia se cansar daqui, saiba que sempre

encontrará um lugar na nossa famĂ­lia. AtĂ© a prĂłxima. Scott apertou o pulso de Jane e sussurrou ao seu ouvido:— E nĂłs sabemos qual será o preço, nĂŁo Ă©? Ou vocĂŞ pensa

que Geoff fez o convite a troco de nada? â€” Isso nĂŁo pode continuar assim, Scott. Deve deixar-nos

 partir. Simon. . .— Simon o quĂŞ? Tem medo de que ele descubra que tipo de

 pessoa Ă© a mĂŁe? â€” Ele está se apegando a vocĂŞ — respondeu ela, calando-se quando Eva e o menino se aproximaram. — Conversaremosdepois.

— Tem certeza de que quer conversar? Ou Geoff a deixoucom vontade de algo que só um homem pode dar?...

 Jane achou melhor nĂŁo responder. Tudo o que dissesse sĂł faria piorar as coisas.

 Na segunda-feira, ela retornou ao trabalho preocupada

em convencer Scott a deixá-la partir. Ouvira-o ao telefone comsir Nigel, quando entrara com a correspondência.— Oh, sim, estou certo de que está ansiosa por vê-lo. Até

logo. — Desligou e olhou para Jane. — Era seu antigo patrĂŁo. Ele e o sheikh Raschid chegarĂŁo na quarta-feira.

O telefone tocou de novo e Jane se retirou sem um; palavra. Teria que adiar de novo a conversa. Ao entrar em suasala, encontrou Hank, que parecia desanimado;

— Pelo seu jeito, já vi que não conseguiu dobrar Cora...— Tem razão, Jane. Ela ainda está zangada, mas acho

que chego lá. Jane, entĂŁo, contou-lhe sobre a visita do sheikh e ele

Page 62: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 62/86

assoviou, impressionado.— Ótimo! Ele pode oferecer um contrato bem melhor do

que o do pai de Cora. Teremos que fazer figa... Mas o que hácom você hoje? Parece cansada...

 Antes que ela pudesse responder, Scott abriu a porta echamou:— Hank, quero que venha atĂ© aqui. Sempre matando o

tempo com minha secretária, hein? Traga-nos café, Jane.O mau humor de Scott era tão evidente que Hank se

surpreendeu.— O que há de errado com ele hoje? â€” Quem Ă© que pode saber? — respondeu Jane. E foi buscar

o cafĂ©. Depois do almoço, Jane os encontrou novamente. Hank

aparentava cansaço e Scott estava carrancudo.— Deus do céu, o chefe está terrível! O que será que

aconteceu? Nunca o vi assim! Jane balançou a cabeça, dando a entender que nĂŁo sabia

de nada. E, como precisasse de algumas coisas que estavam nasala de computadores, pediu a Hank que atendesse ostelefonemas enquanto ia buscá-las.

— Scott me disse que pretende nadar, hoje. Acho que querdescarregar o mau humor. Você não saberia dizer o que

houve, saberia?  Seu olhar era amistoso, e Jane sentiu vontade de chorar.Tentou evitar, mas era tarde.

— Oh, Jane. .. Vamos, chore. Desabafe. — Dizendo isso,deu-lhe um abraço fraternal. — Quer contar-me o que houve? 

— Não — respondeu ela, sentindo-se tola.— Suponho que não seja nada relacionado com a

semelhança entre Simon e uma certa pessoa... Jane ia responder quando ouviu a porta se abrir. Era

 Scott.— PerdĂŁo se atrapalhei algo, mas acontece que este Ă© meuescritĂłrio e nĂŁo quero este tipo de cena aqui.

 NinguĂ©m respondeu Ă  provocação.— Voltei para pedir-lhe que verifique com a sra. Robinson

se os aposentos de sir Nigel e do sheikh estĂŁo preparados. E, Hank, eu apreciaria se restringisse suas atividades pessoais aoseu tempo livre. — Dizendo isso, saiu em direção ao jardim.

— A culpa é minha, Hank. Eu não devia ter-medescontrolado.

— Bem, se essa foi uma amostra do que tem passado, meadmiro de que não tenha se descontrolado antes. Quer

Page 63: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 63/86

desabafar?  Agradecendo, ela respondeu que nĂŁo. Aquilo nĂŁo poderia continuar. Tinha que convencer Scott 

de que seria melhor para todos se ela fosse embora. Antes que

mudasse de idĂ©ia, foi atrás dele. Encontrou-o na piscina. Scott nadava bem. O estilo borboleta lhe ressaltava osmĂşsculos firmes das costas. O coração de Jane disparou.Tentando manter o controle, ela o esperou na borda da

 piscina. Por um instante, pensou que seria ignorada, mas nĂŁo foi.

— O que houve? Hank nĂŁo a quer mais? â€” Scott, quero conversar sobre Simon. Ele está se

apegando muito a vocĂŞ, que nĂŁo faz nada para evitar isso. Sei que quer me magoar, mas, por favor, poupe meu filho.

— Foi por isso que veio conversar comigo?  Saiu da piscina e segurou-a. Jane quase perdeu a

respiração, ao vê-lo totalmente nu.— Scott!Conseguiu desvencilhar-se dele e correu em direção à

 porta da casa. Estava em pânico. Deus, como ele podia sercruel e tratá-la daquela forma.

Tudo o que Scott desejava era saciar sua sede devingança. Ela, ao contrário, só tinha uma coisa a oferecer: seu

imenso, louco amor. E isso ele nĂŁo queria.

CAPĂŤTULO VIII 

— A que horas sir Nigel disse que chegaria? — perguntou Scott, consultando o relĂłgio.

 Jane, que sabia da importância daquela visita para futuro

da companhia, tratou de acalmá-lo:— Quatro horas. Falta mais de uma hora. Você gostará desir Nigel. É um homem muito simpático, muito generoso .. .

— VocĂŞ fala como se sentisse algo especial por ele. Estoucerto? 

 Jane nĂŁo lhe deu atenção, mas nĂŁo pĂ´de deixar de notarum tom estranho, diferente, em sua voz. CiĂşme? NĂŁo, nĂŁo era

 possĂ­vel. Mas poderia jurar que Scott nĂŁo dissera aquilo comindiferença, porĂ©m com ressentimento. As palavras estavamcarregadas com outro tipo de emoção, algo muito forte e

sincero que ele não fora capaz de esconder.— Sabe, Jane, não acredito que sir Nigel venha me

Page 64: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 64/86

 procurar assim, sem mais nem menos. Ainda acho que ele querajudar a consertar o que vocĂŞ estragou: o contrato com osamericanos.

— E por que ele faria isso? 

— Imagino que sinta alguma coisa por vocĂŞ... Talvez queira recompensá-la por, digamos, "serviços prestados". . . Jane resolveu ignorar a provocação. Seria difĂ­cil 

convencer Scott de que sir Nigel era um cavalheiro e só queriaajudar outro empresário.

 Seu antigo patrĂŁo era uma das pessoas mais simpáticasque conhecera. Simpático demais para ser presidente de umimpĂ©rio multimilionário,

— Ele leu a respeito de seu novo computador muito antesde eu vir para cá. E se interessou pelo assunto.

 NĂŁo houve resposta.— Scott, quando vai me deixar partir? â€” Logo que puder. Como secretária vocĂŞ me custa muito

 pouco e, se eu nĂŁo conseguir esse contrato...— Mas se conseguir, deixará? â€” Por que está tĂŁo ansiosa? O que quer mais? Está atĂ©

mesmo perto de Geoff...— Você sabe por que quero ir. Já lhe disse. Estou

 preocupada com Simon, que está se apegando demais a vocĂŞ.

— Isso acontece porque ele precisa de um pai. Quanto amim, gosto dele e pretendo ajudá-lo. — Olhou-a, pensativo, e perguntou: — Quem lhe contou a verdade sobre o pai? 

— Bem, coloquei o nome na certidão de nascimento e ele aencontrou. Simon sabe... ou melhor, entende. ..

— ... que a mĂŁe dele foi apenas um passatempo para seu pai? É isso que ele sabe e entende? 

 Jane ficou furiosa, ao ouvir afirmações tĂŁo irĂ´nicas.— Simon sabe que amei o pai dele!

— Ah, Ă©? E o menino tambĂ©m o ama, mesmo sabendo que foi abandonado?  Lágrimas, culpa, medo, ressentimento e desejo invadiram

 Jane, quando ela percebeu como Scott estava indignado porcausa de Simon. Isso provava que ele o amava, mesmoignorando que era o pai. Será que, se soubesse, continuarianutrindo esse sentimento? E será que acreditaria nisso? 

 Suspirando, Jane explicou:— AtĂ© pouco tempo, eu nĂŁo sabia que Simon havia

descoberto a identidade do pai. Naturalmente, ele quis saber a

verdade e respondi a todas as perguntas com honestidade. NĂŁo permitiria que meu filho acreditasse que tinha sido

Page 65: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 65/86

concebido sem amor. Ele entende que, se as circunstânciastivessem sido diferentes, seu pai não o deixaria. Além disso,acho que ele o ama.

— É mesmo? Pois não me pareceu assim. Simon

 praticamente nem olhou para Geoff, quando ele esteve aqui. Na realidade, quem o visse pensaria que o menino gosta maisde mim do que do pai. É por isso que está tĂŁo ansiosa por tirá-lo daqui? Isso nĂŁo lhe prova nada? VocĂŞ o privou de amor,

 Jane. E ele poderia ter sido nosso filho...— E se fosse? â€” Se tivesse sido, vocĂŞ teria o conforto de saber que ele

cresceria num ambiente familiar sadio. Com amor esegurança. Já passei por isso, lembra-se? Perdi meu pai aosquinze anos e foi terrível.

O som do telefone interrompeu a conversa, o que sĂł fez aumentar a ansiedade de Jane. Estivera perto, muito perto derevelar a verdade. Deus, como a vida se tornara complicada!

 E como seria bom se a identidade do pai de Simon continuasseguardada a sete chaves em seu coração! Notara o modo como

 Eva olhava o menino.Quanto tempo levaria para Scott descobrir? 

 Preocupada, tentou concentrar-se de novo no trabalho. Eram pouco mais de quatro horas quando sir Nigel 

chegou em seu Rolls-Royce prateado. Desceu, bem vestidocomo sempre, e deu um sorriso largo ao ver Jane.— Que bom vê-la de novo! Ah, e deixe-me cumprimentar

 Scott Garston! Prazer em conhecĂŞ-lo. Afinal, tenhoacompanhado o progresso de sua companhia. Permita-meapresentar-lhe Raschid. Sheikh Raschid, Scott Garston. Jane,minha cara, venha cumprimentar o sheikh.

 Ignorando o olhar furioso de Scott, ela atendeu aoconvite. Sir Nigel induzira Scott a uma conversa particular e

ambos estavam de costas. Dessa maneira, ele não presenciou ocontentamento de Raschid ao reconhecê-la.— Ah, sim, é a linda e charmosa ex-secretária de sir Nigel,

não é? Notei que o escritório dele estava bem menos bonito,sem a sua agradável presença. . .

 Ela gostava do sheikh e sabia que, alĂ©m do charme, eletinha um caráter nobre e bondoso.

 Depois dos cumprimentos iniciais, os hĂłspedes foramconhecer seus aposentos e as demais instalações da

 propriedade.

— Lugar agradável, este. Me faz pensar em sair de Londres e instalar a firma no campo. VocĂŞ Ă© feliz aqui? 

Page 66: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 66/86

 Era sir Nigel quem perguntava, admirando a fazenda da janela do quarto. Ele era astuto demais para nĂŁo ter percebidoque a antiga secretária perdera peso e que olheiras haviamsurgido em seu rosto.

— Simon está muito contente.— Sei. . . Devo dizer que fiquei mais que surpreso, quandovocĂŞ insistiu em ficar aqui. Pensei que estivesse satisfeitaconosco. De qualquer forma, como vai o jovem Simon? 

— Está na escola agora. Voltará em breve.— Pode parecer estranho, mas tão logo coloquei os meus

olhos sobre Scott, notei que se parece muito com seu filho.Tarde demais para esconder o choque. Ela quase

desmaiou.— Sir Nigel, eu...— Não precisa dizer nada. Em primeiro lugar, eu devia

ter ficado calado. Jane sabia que o antigo patrĂŁo nĂŁo seria indiscreto.— Scott nĂŁo sabe. .. sobre Simon.— NĂŁo direi uma palavra, minha cara. Prometo.

 Incomoda-se de conversar a esse respeito?  Jane entĂŁo resumiu a histĂłria, concluindo que tudo

evoluĂ­a para uma verdadeira farsa. Se os fatos continuassemse desenrolando daquela maneira, em breve Scott seria o Ăşnico

a não saber que era o pai de Simon. Tais pensamentos foramreforçados quando sir Nigel comentou:— Entendo por que você não quer dizer nada, mas acho

que nĂŁo vai conseguir manter esse segredo por muito tempo. Está na cara que o garoto Ă© dele. Scott deve ser cego.

— É que ele só enxerga o que quer. Seria muitoembaraçoso, se a verdade viesse à tona agora. Scott se sentiriamoralmente responsável por Simon.

— Bem, sempre haverá um lugar para você em minha

empresa. Se quiser voltar, Jane, Ă© sĂł me dizer. Agora vou vercomo Raschid está. Vejo-a no jantar? â€” NĂŁo sei.

 Scott nĂŁo lhe dissera nada a respeito de sua participaçãono jantar e, como secretária, ela nĂŁo poderia esperar que fosseincluĂ­da. EntĂŁo resolveu pedir Ă  sra. Robinson que lhe servisseo jantar no quarto.

 Saiu da cozinha e encontrou Simon, que subia apressado aescada. O cabelo curto e a pele bronzeada lhe davam umaaparĂŞncia bem mais saudável do que quando chegara a

Garston.— Oi, mĂŁe! Viu Scott? 

Page 67: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 67/86

— O sr. Garston está recebendo convidados. Por favor,lembre-se de que estamos aqui porque trabalho na Computex,

 porque. . . Parou de falar ao ver a expressĂŁo de euforia no rosto de

 Simon, que vira Scott se aproximando.— Oi, garotĂŁo, como foi a escola hoje?  Ele acariciou os cabelos desalinhados do menino. E Jane

compreendeu que, a cada demonstração de afeto, ficava maisdifícil partir.

— Aborrecida, como sempre. Eu gosto é de mexer comcomputadores.

— Calma! Você chega lá. Agora me deixe falar com suamãe. Jane, parece que o sheikh ficará desapontado, se vocênão jantar conosco.

— Quem lhe disse isso? â€” NĂŁo importa. Acontece que o sheikh Ă© nosso convidado e

um cliente em potencial. Portanto. . . Será que Scott esperava que ela simplesmente obedecesse,

mesmo nĂŁo a querendo por lá? Será que nĂŁo percebia que acada confronto seu coração se magoava? Ou Scott fazia tudode propĂłsito? A suspeita a fez sentir-se mal. Ele nuncaesqueceria aquele desejo de vingança? 

— Sinto muito. Já tenho planos para esta noite — disse

ela, fria e serena.— A sra. Robinson me contou seus planos. Mas estou certode que, dadas as circunstâncias, Simon nĂŁo se importará decomer sozinho. Certo, garotĂŁo? 

— Certo.O menino aceitaria qualquer pedido de Scott, e ele sabia

disso.—Ótimo. Jane, ficarei agradecido se você jantar conosco.

 Ela fez que sim com um gesto de cabeça e subiu para se

arrumar. Tomou um banho demorado e passou no corpo todoum creme que deixava sua pele macia como cetim. Depoiscolocou um discreto mas sensual perfume francês e foi sevestir. Escolheu um vestido cujo decote acentuado reforçava as

 formas dos seios. NĂŁo tinha mangas e a barra ficava doisdedos acima do joelho. 0 estilo ousado dava a Jane umaaparĂŞncia sofisticada. Depois calçou um par de sandálias desalto alto e, para completar, colocou um fino cordĂŁo de ourotrançado no pescoço e um par de brincos de diamantes, jĂłiasque pertenceram a sua mĂŁe.

 Estava pronta. A pele sedosa, envolvida no suave odor de perfume, lhe dava um ar sensual; os seios redondos e firmes,

Page 68: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 68/86

bem marcados pelo corte do vestido, a deixavam provocante.Contra a própria vontade, começou a imaginar a suave

massagem que Scott lhe fizera no busto. Esfregou as mĂŁos novestido e experimentou um forte calor que vinha de dentro.

 Sete horas! Tinha trinta minutos para fazer a maquilagem. Seria simples e delicada, porĂ©m sensual. Uma sombra emtom pastel, rĂ­mel e batom vermelho.

 A lycra acentuava suas formas de maneira contundente. Escovou os cabelos finos e abundantes. Sete e vinte cinco. Devia descer.

 Deu uma Ăşltima olhada no espelho. Que Scott reprovasse,se quisesse. PaciĂŞncia.

 NĂŁo foi a primeira a chegar. Eva já estava lá,conversando com sir Nigel, e sorriu ao vĂŞ-la entrar.

— Jane querida, você está linda!— Ambas estão encantadoras — elogiou o visitante. —

  Raschid ficará maravilhado. Sabe, ele nĂŁo gostou, quandosoube que vocĂŞ nĂŁo trabalhava mais comigo.

 Ela riu, ao ver o espanto de Eva.— Sossegue. Sou sensĂ­vel demais para fazer parte de um

harém. . .— É mesmo, chérie? — perguntou Raschid, entrando na

sala e juntando-se ao grupo. — Pois comete uma injustiça. Se

 fosse comigo para o Qatar, seria a Ăşnica mulher da minhavida. Ah, Jane, mil e uma noites de prazer nĂŁo seriamsuficientes para que eu lhe provasse o que sinto! Eu. . .

 Jane ria das extravagâncias do sheikh quando sentiu umarrepio na espinha. Scott chegara.

— Ah, vejo que meu anfitrião não concorda em que eumonopolize sua secretária. Não imagino por quê.

 Ela respondeu, bem-humorada:— Provavelmente porque desaprova os costumes dos

sheiks árabes. . .— Vestida como está, quem resistiria? Este tecido — disse Raschid, tocando no vestido — oculta e revela ao mesmotempo. Prometendo e recusando.

 Riu quando ela corou.— A inocĂŞncia Ă© muito rara, hoje em dia, mesmo no meu

 paĂ­s. O que eu nĂŁo daria para ver sua pele excitada pelos prazeres do amor, pequena Jane! Seus olhos sĂŁo negros comoas noites de veludo do deserto! Mas vejo seu patrĂŁoaproximar-se e sei que deseja conversar sobre coisas,

digamos, mais materiais. Raschid acertara. Scott veio direto na direção dela.

Page 69: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 69/86

 Admirava-lhe o corpo, vasculhando seus segredos, e, aocontrário do sheikh, parecia considerar o vestido maisrevelador do que outra coisa.

Uma forte onda de calor se apoderou dela, que sentiu as

 pernas bambas. Deixou-os a sĂłs, mas nĂŁo sem antes receberum olhar fulminante de Scott, que ouvira parte da conversa. Por que ele sempre pensava o pior a seu respeito? 

 Embora a comida estivesse Ăłtima, Jane quase nĂŁo comeu. E nĂŁo se divertiu muito. Esteve desconcertada a maior partedo tempo, devido aos constantes e provocadores olhares de

 Scott.Com relação ao sheikh, ela o sabia apaixonado por uma

mulher de sua terra natal, que estudava em Paris. Ela queriadiplomar-se antes de se casar. E Raschid, ao mesmo tempo queaprovava tal determinação, também a desaprovava, conformedissera a Jane na última vez que haviam se encontrado.

— Você possui um modo de induzir o mais reservadocoração a se abrir chérie — dissera. — E, por causa disso, étremendamente perigosa.

— Seus segredos estão seguros comigo.— Ah, sim, eu sei. Chegará o dia no qual um homem não

revelará somente seus segredos e sua dor, mas também seucoração.

Contudo, o Ăşnico coração que Jane desejava era feito de pedra. Uma pedra fria e dura.Quando o jantar acabou, Raschid sentou-se no sofá em

 frente Ă  lareira, ao lado de Eva e sir Nigel. Jane fora providenciar o cafĂ© e já o estava apanhando, quando notouque Scott estava atrás dela.

— Parece que sir Nigel gosta muito de vocĂŞ. É por isso queestá ansiosa para partir? Ele lhe ofereceu emprego? 

— Você sabe por que quero partir. Mas não pretendo falar

nisso agora. Percebi como Raschid ficou impressionado com ocomputador...— Pois Ă©. Ele já fez um pedido.— Grande o suficiente para substituir o do pai de Cora? â€” Para que quer saber? Com certeza, nĂŁo espera que eu

acredite que se sente culpada pela perda do contrato, nĂŁo Ă©? Tristeza novamente. Nada do que ela dissesse ou fizesse

lhe agradaria. Suspirando, Jane deu uma breve olhada nasala e viu que os outros estavam conversando com entusiasmo.

 EntĂŁo percebeu que podia falar francamente com Scott.

— Você sabe por que quero deixar Garston. O que temacontecido conosco prova que é melhor enterrar o passado.

Page 70: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 70/86

Com este novo contrato, a Computex se estabilizará e nĂŁo precisará de uma secretária que ganha pouco.

 Dessa feita, a reação foi inesperada:— Muito bem, entĂŁo. Assim que o contrato estiver

assinado, vocĂŞ poderá partir. Para dizer a verdade, quando for firmado, haverá muito trabalho e eu nĂŁo terei tempo para...

— Tirar proveito da situação na qual me colocou? â€” Isso mesmo. — E Scott voltou para a sala.

 Para Jane, o resto da noite passou num segundo. Percebera que Scott uma ou duas vezes olhara em sua direção. PorĂ©m disfarçava quando ela o encarava. Ele haviaconcordado com sua partida mais facilmente do que Janeesperara. Aquilo significava que o Ăłdio estaria diminuindo ouque ele se cansara de atormentá-la? 

— Querida, sente-se bem?  Era Eva, e se mostrava preocupada. Pobre senhora...Queria tĂŁo desesperadamente um final feliz para aquela

histĂłria. . . Jane lhe confessara que ainda amava Scott. E nada poderia destruir aquele amor. SĂł que ele era impossĂ­vel!

CAPĂŤTULO IX 

— Honestamente, Scott, não sei o que há de errado comvocê. Acabou de dizer que conseguiu o contrato. Raschid jáestá preparando os documentos. Aliás, ele é um homem muitocharmoso e meu coração até bateu mais depressa, ao vê-lo.

 Duvido que exista uma mulher capaz de permanecerindiferente aos galanteios do sheikh por muito tempo — disse

 Eva.

 Scott permanecia quieto.— NĂŁo entendo por que nĂŁo está radiante. Deveria levar Jane para comemorar. Afinal, se nĂŁo fosse pelo contato comsir Nigel. . .

— Isso não foi importante. Há muito sir Nigel acompanhaos progressos que estão surgindo. É quase um hobby — disse

 Jane. Mas Scott interveio:— MamĂŁe está certa.

 Jane encarou-o, sentindo o coração tomado pelo desejo. O

rosto de Scott, recém-barbeado, provocava-lhe uma vontadeimensa de tocá-lo. Seu amor aumentava a cada dia, assim

Page 71: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 71/86

como o medo de trair-se, demonstrando os sentimentos.— Vamos sair e comemorar — disse Scott. — De qualquer

maneira, estou em débito por todo o trabalho que Jane temrealizado. Ela vai nos deixar em breve, mamãe. . . portanto,

levá-la para jantar também terá um caráter de despedida.Uma voz ecoou dentro de Jane, dizendo que nãosuportaria aquilo. Lutando contra a forte vontade de negar oconvite, ela sorriu forçadamente.

— É muita gentileza sua.— Muito bem, prepararei tudo. Sairemos à noite. Por que

nĂŁo usa o vestido que colocou na outra noite? Ficou muito bemem vocĂŞ.

 Assim que ele saiu, Jane refletiu sobre as Ăşltimas palavras. Ouvira bem? Scott lhe fizera um elogio? 

— Oh, Jane, estou tão contente por você ter aceitado oconvite dele! — disse Eva.

— Pois não se alegre muito. Isso não adiantaránada.Ouviu o que ele disse? Logo partirei.

— Mas você o ama!— Demais, e por isso mesmo não posso ficar. Você |

também sabe que ele me odeia.— Talvez o que eu vá dizer seja um pouco duro, mas. . .

 Bom, amor e Ăłdio Ă s vezes caminham tĂŁo juntos que nĂŁo se

 podem distinguir. Lembre-se de que Scott acha que temmotivos para odiá-la, embora se sinta muito atraĂ­do por vocĂŞ. NĂŁo sou ingĂŞnua. Simon me contou a respeito de tĂŞ-lo visto emseu quarto. E ele nĂŁo estaria lá, se nĂŁo a quisesse.

— Ele encara o sexo como uma forma de me punir. ..— É mesmo? Pois ele pode ter convencido a si mesmo e a

você de que o motivo é esse, mas a mim não engana. Dê-lheuma chance, por favor. . . É tudo o que peço. Quebre asbarreiras e dê-lhe uma oportunidade de fazer o mesmo.

Quebrar as barreiras... Se Jane fizesse isso, estaria procurando problemas. Mesmo assim, enquanto se preparava para o jantar, sentiu-se excitada. NĂŁo se lembrava de ficardaquele jeito desde o verĂŁo em que se apaixonara por Scott:um tremor no estĂ´mago, o coração batendo tĂŁo forte que

 podia ouvi-lo. . . O vestido verde lhe delineava o corpo,deixando-o sedutor. Todavia, ela nĂŁo acreditava que umareaproximação verdadeira fosse uma simples questĂŁo deoportunidade. Será que Eva via naquele jantar uma chance? 

Terminou de se aprontar e esperou no quarto até o relógioapontar sete e meia.

Page 72: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 72/86

 Scott estava esperando no andar tĂ©rreo e mostrava umcharme irresistĂ­vel. NĂŁo disse nenhuma palavra, enquanto alevou para o carro. Abriu-lhe a porta com cortesia e deixouescapar um comentário:

— Vejo que colocou o vestido...— É o Ăşnico adequado que tenho. Ele ligou o carro e logo deixavam a mansĂŁo, envolvidos

num silĂŞncio incomodo. Scott a levou a um restaurante em York. Estacionou o

carro e então lhe deu o braço para ajudá-la a descer, enquantoabria a porta.

 A decoração do lugar era elegante e Jane prendeu arespiração ao notar que as mesas tinham detalhes em verde enegro, como seu vestido. Uma sombra de desapontamento adominou ao pensar se aquilo seria proposital. Mas... o queesperara, afinal? Que ele tivesse feito a sugestĂŁo por tergostado do vestido? 

Uma vez acomodados, ela relaxou um pouco e, depois deter conversado por alguns minutos, percebeu que Scott aencorajava a falar, fazendo um esforço sutil para não deixar oassunto morrer ou ficar monótono. Então esqueceu o

 problema que enfrentava e sucumbiu ao imenso prazer detrocar impressões e idĂ©ias com ele. Enquanto isso, lembrava-se

de como o conhecera e as recordações a levaram a concluirque a necessidade que tinha daquele homem não seriasatisfeita apenas com um jantar e um bom papo. Ela queriatudo: a companhia, a conversa, a compreensão e o desejo queexistiram um dia. Queria o amor dele.

— Algo errado, Jane? â€” NĂŁo... tudo bem.— EntĂŁo, o que fará, quando deixar Garston? â€” Eu... nĂŁo sei.

 Baixou o olhar para que ele nĂŁo lhe notasse a tristeza 100 E depois disso nĂŁo conseguiu mais conversar nem ficar Ă vontade; sĂł sentia um desejo imenso de chorar.

 Já era tarde quando saĂ­ram do restaurante. Scott quasenĂŁo tocara no vinho, mas Jane tomara algumas taças e talvez essa fosse a razĂŁo do calor que sentira ao apertar o cinto desegurança. NĂŁo estava acostumada a beber tanto; porĂ©m teveque admitir que o vinho lhe proporcionara um efeito

 fantástico. Pelo menos, fizera-a esquecer a angĂşstia quesentira durante a noite inteira. EntĂŁo, com uma sensação

gostosa a lhe dominar os sentidos, adormeceu.— Chegamos.

Page 73: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 73/86

 A voz de Scott a acordou e ela desencostou a cabeça doombro largo, murmurando:

— PerdĂŁo por ter feito isso. Scott permaneceu indiferente ao pedido de desculpas e

deu a volta ao carro para abrir-lhe a porta.— Venha, eu a acompanharei até o quarto para tercerteza de que não dormirá pelo caminho.

 A mansĂŁo estava Ă s escuras, completamente em silĂŞncio, e Jane atĂ© levou um susto, quando Scott acendeu as luzes dohall.

— Vamos. Pegou-a pelo braço e a guiou atĂ© a escada. Ignorando o

bom senso, que dizia ser melhor soltar-se, Jane deixou-seacompanhar, sem se importar se o gesto era impessoal ou nĂŁo.

 Pararam em frente Ă  porta do quarto e ele a abriu. Nessemomento, ela sentiu a cabeça girar e se apoiou em Scott, que asegurou nos braços e a carregou para dentro, fechando a

 porta em seguida. Acendeu uma luz fraca e estudou-lhe o rosto.— NĂŁo Ă© nada, nĂŁo se preocupe. Apenas tomei muito

vinho... Logo passa.— Pois eu preferiria que não passasse. Quero você assim,

bem relaxada.. . bonita. .. pronta para ser amada.

— Oh, Scott... eu te desejo tanto. . . As palavras soaram inesperadas e nenhum dos doisacreditou no que ouvira. Ele apenas a encarou, e de repentetornou-se imperativo que ao menos uma vez se tentasseapagar o passado. Ela se moveu suavemente na direção do ex-namorado.

— Jane!O nome parecia um brado de desespero. Scott a envolveu

nos braços e ela pôde sentir ã força da paixão que os unia.

 EntĂŁo todas as promessas que fizera foram esquecidas numbeijo ardente. Havia desejo e necessidade na forte pressĂŁo dos lábios de

 Scott contra os dela, mas havia tambĂ©m um doce traço doamante de outrora, e por isso nĂŁo houve jeito de resistir Ă sedução.

— Jane. . . Tantas vezes desejei que você estivesse aqui,como agora. ..

 Ela podia jurar que a voz de Scott estava carregada deemoção, e sussurrava palavras que se tornaram um murmĂşrio

contra sua pele macia. Contudo, mesmo sabendo que não eraamor o que ele queria, era impossível rejeitá-lo. Algo mais

Page 74: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 74/86

 poderoso do que bom senso e orgulho pulsava dentro dela,uma emoção incontida, combinando amor, remorso ecompaixĂŁo pela agonia que ele cultivava durante aqueles anostodos.

 As mĂŁos de Jane tocaram os cabelos dele, acariciando-lhea nuca. A textura da pele de Scott despertou um desejo tĂŁogrande que acabou com as Ăşltimas resistĂŞncias dela.

— Seu cheiro e sua aparĂŞncia me deixaram louco, lá norestaurante. Como poderia me concentrar na comida, quandotudo o que queria experimentar era vocĂŞ? 

Uma das mĂŁos acariciava os cabelos dela, enquanto aoutra encontrava as formas suaves dos seios, tocando-os comternura. 0 polegar brincava com os bicos, sob o tecido macio.

— Lembra-se da primeira vez, Jane? Eu tirei suas roupas .. . Agora quero que se dispa para mim.

Olhou-a nos olhos sem imaginar o conflito que lhetorturava o coração. Ela queria atender-lhe o pedido, mais doque qualquer outra coisa no mundo, porém necessitava dasegurança de sentir-se amada.

— NĂŁo posso. Por um momento, ele pareceu hesitar, mas depois disse

suavemente:— EntĂŁo terei de fazĂŞ-lo, nĂŁo terei? 

O sussurro contra a curva do pescoço causou-lhe arrepiosde prazer. 0 corpo inteiro de Jane tremeu, quando ele desatouo colchete que segurava o vestido, que lhe escorregou pelosombros num movimento gracioso e a deixou nua e vulnerável.

 Instintivamente, ela cruzou os braços sobre os seios, provocando um breve sorriso em Scott.

— Se eu não a conhecesse bem, diria que continua tãotímida como antes.

 Dizendo isso, segurou-lhe os pulsos, puxando-os

gentilmente, até que ela descruzasse os braços e mostrasse obusto.— Jane... eu te quero tanto!...

 As palavras saĂ­ram rasgadas da garganta. Scott a soltoue percorreu-lhe o corpo com as mĂŁos, como se fosse um cegoque tentasse adivinhar-lhe as formas pelo tato.

 Ao ser tocada, Jane sentiu que jamais poderia negar algoĂ quele homem. Ali estava Scott, seu amante, o Ăşnico que asatisfizera, o Ăşnico a quem amara mais que a tudo, no mundo,mais que a si mesma. Ela lhe murmurou o nome, enquanto as

mãos experientes deslizavam por suas costas até alcançarem acalcinha, a última barreira que o separava do corpo ardente.

Page 75: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 75/86

 Jane correspondia Ă s carĂ­cias com loucura. Mexia osquadris, colocava as mĂŁos por dentro da jaqueta de Scott parasentir-lhe o calor, enquanto o amor que tentara esconder portanto tempo explodia com furor.

— Meu Deus! VocĂŞ tem idĂ©ia do que está me fazendo, Jane? Coloque seu corpo contra o meu. .. assim. .. Scott gemeu, arrancando a camisa sem desabotoá-la, e

abraçou Jane, apertando-se contra ela.O contato da pele e dos pêlos negros estimulou o prazer

que Jane sentia nos seios, fazendo-a esfregar-se nele de modoa prolongar e aumentar a pressĂŁo erĂłtica.

— NĂŁo faça isso... A afirmação de Scott aumentou o delĂ­rio, fazendo-o parar

de beijá-la no pescoço. Admirou-lhe o corpo bem-feito e entãocontinuou:

— ...porque me dá vontade de... Sem terminar de falar, mordiscou-lhe os bicos dos seios,

 passando a lĂ­ngua molhada e quente em volta atĂ© arrancarum gemido profundo da amante, que por sua vez se entregoucompletamente aos beijos e carĂ­cias que recebia. Aquelaatitude certamente demonstrava o amor que sentia por ele.

 Ambos estavam cegos, surdos e mudos para tudo o que nĂŁo serelacionasse com o desejo que nutriam um pelo outro.

 NĂŁo houve nenhum protesto por parte de Jane, quandoela se viu carregada para a cama. Em seguida, ele se ajoelhoua seu lado e lambeu-lhe o ventre, os quadris, as coxas. As mĂŁosnĂŁo respeitavam as fronteiras do corpo e a deixavam perdidade desejo.

Os beijos dele queimavam a pele de Jane, e seus próprioslábios, quentes, ficavam secos de paixão, ao tocar-lhe o corpo.O único obstáculo que retardava o gosto de senti-lo por inteiroeram as roupas. Novamente, como se tivesse lido seus

 pensamentos, Scott a ajudou a tirá-las, sussurrando palavrasde amor. Quando finalmente se viu nu, pediu a Jane quebeijasse, que tocasse de todas as maneiras o membro rijo dedesejo, e gritou de prazer quando ela o fez.

 Jane sentiu que entrava em terreno desconhecido. Ambosestavam envolvidos num paixĂŁo impetuosa, uma necessidade

 febril que cada um alimentava no outro, um desejo alĂ©m das palavras. Ela sabia que fora o amor que a incitara e serecusava a questionar qual fora o motivo de Scott. Talvez aquele fosse o caminho pelo qual a verdade surgiria.

 A boca de Scott queimava-lhe a pele, fazendo-a ficar cadavez mais excitada. Ela passava as mĂŁos pelas costas do

Page 76: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 76/86

companheiro com muito carinho, arrancando-lhe gemidos de prazer e palavras ininteligĂ­veis que podiam significar muitascoisas.

— Jane!

 Se nĂŁo o conhecesse bem, ela diria que aquela exclamaçãoestava impregnada do mais profundo amor. Os olhos delebrilhavam, suplicantes, e mostravam uma emoção pura,cristalina.

— VocĂŞ Ă© tĂŁo linda... muito mais do que eu me lembrava. Sonhei tanto com isso...

 Lambeu-lhe novamente os seios, atĂ© que ela arqueasse ocorpo e lhe agarrasse os cabelos numa tentativa de prolongarao máximo aquela sensação, mas Scott tinha outras intençõese, assim, passou delicadamente a lĂ­ngua pelo corpo todo. NĂŁoera sangue o que corria pelas veias de Jane, e sim, fogo.

— E mais isso...Os dedos de Scott brincaram gentilmente entre as coxas,

 provocando reações que atĂ©-entĂŁo ela desconhecia. Mas tal sensação nĂŁo foi nada, comparada com o que Jane sentiuquando a boca viril a tocou com muita intimidade. Ela quaseenlouqueceu, ao perceber que ele nĂŁo pretendia parar.

— Scott, por favor... Ele logo entendeu o significado daquele apelo. Sabia o

quanto a companheira ardia de desejo, queria ser possuĂ­da. E entĂŁo, quando Jane o sentiu dentro de si, percebeu que aqueleato estava carregado de afeto. Seria possĂ­vel? 

0 mundo explodiu em mil pedaços de prazer e os doiscorpos ficaram repletos de langor. Depois, esgotada, ela seaninhou nos braços do amante e adormeceu.

 Ao acordar, no dia seguinte, Jane sentiu-seagradavelmente sonolenta. Scott dormia a seu lado eaparentava tranqĂĽilidade. Na noite anterior, ela quase se

convencera de que ele a amava. No entanto, a idĂ©ia agora lhe parecia louca. Aquela noite fora resultado de um estadoanormal de ânimos do qual, sem sombra de dĂşvida, ele searrependeria assim que acordasse e a encontrasse a seu lado.

 Jane concluiu que nĂŁo suportaria ver nos olhos dele assombras da raiva, da rejeição. Devia partir antes que Scott acordasse e a fria realidade estragasse a doce lembrança doamor. Rapidamente levantou-se da cama. Aquela seria aĂşltima chance que teria de observá-lo daquela maneira. Elehavia sido tĂŁo gentil... Talvez estivesse errada em partir.. .

Ora, não era nada daquilo! Não ouvira palavras de amorou de conciliação. A ternura que sentira não passava de fruto

Page 77: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 77/86

da própria imaginação. Ela estivera sonhando, só isso.Vestiu-se com cuidado para não acordar Scott. Tinha que

avisar Simon de que partiriam sem demora. Simon... Como elereagiria? Saiu do quarto e se dirigiu Ă  escada, sem hesitar.

— Jane?  Embora nĂŁo quisesse, ela se voltou, ao ouvir a voz masculina e sonolenta que a chamara.

— Aonde vai?  A expressĂŁo de Scott era de irritação.— Vou acordar Simon e avisá-lo de que partiremos. Este

era o nosso trato, lembra-se? VocĂŞ nĂŁo concordou que partĂ­ssemos apĂłs a assinatura do contrato? Para dizer averdade, ontem celebramos a minha partida.

— Acha mesmo? Para vocĂŞ, a noite que passamos nĂŁosignificou nada? 

 Ele se aproximara bastante e Jane compreendeu que, se fosse tocada, nĂŁo conseguiria mais ocultar seu amor. Por isso,afastou-se, sem notar a escada atrás de si.

— Cuidado!O aviso foi dado tarde demais. Ela já havia pisado em

 falso e teria rolado degraus abaixo se Scott nĂŁo a agarrasse pelo braço. No mesmo instante, ouviram um grito; era Simon,que presenciara a cena e estava furioso.

— Solte minha mĂŁe! VocĂŞ a está machucando! Ela abriu a boca para explicar que era um engano, porĂ©mnĂŁo teve tempo.

— Eu te odeio! — gritou o menino, cheio de raiva e deamargura. — Antes eu nunca tivesse encontrado aquelacertidão! Você é meu pai e... eu te odeio!

 Simon correu na direção da mĂŁe, que estava prestes a perder os sentidos. Scott a soltara, completamente chocado. Em seguida, tudo começou a girar e Jane desmaiou, rolando

 pela escada.— VocĂŞ matou minha mĂŁe! Jane abriu os olhos. Acabara de ter um sonho

desagradável, mas o que estaria Eva fazendo em seu quarto? Olhou pela janela, viu o sol forte e sentiu um arrepio naespinha.

— NĂŁo foi um sonho, foi ? Eu realmente rolei pela escada e Simon.. .

 Eva fez um sinal para que ela nĂŁo falasse e levantou-se dacadeira.

— Vou procurar Scott, minha querida. Ele mandou que ochamasse assim que você recobrasse os sentidos. Não há nada

Page 78: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 78/86

errado. Não quebrou nenhum osso, mas o dr. Forbes achoumelhor lhe dar um tranqüilizante. Disse que foi um choquemuito forte, e o pobre Simon estava praticamente histérico.

— Simon!

— Ele está bem, junto com Scott. Vou chamá-lo.— Não, por favor. Não quero vê-lo ainda.— Sinto muito, mas, quanto mais cedo você resolver isso,

melhor. Nesse instante, Scott surgiu pela porta interna que levava

a seu quarto. Usava jeans e uma camisa branca. Pareciacansado e cabisbaixo, mas trazia na mente um propĂłsito: nĂŁoa deixaria partir em hipĂłtese alguma.

— Simon está na cozinha, mamĂŁe. Por que nĂŁo desce ealmoça com ele? 

 Aproximou-se da cama e sentou-se numa cadeira.— Jane, acho que temos muito que conversar. E, antes que

comece a mentir, saiba que já me contaram quase tudo. Levantou-se e foi atĂ© a janela, as mĂŁos nos bolsos, a

respiração difícil.— Meu filho! Você me privou de meu próprio filho! Por

 Deus, por quĂŞ? Sabia que eu queria me casar. Sabia que acriança era minha e me enganou. Por quĂŞ? 

— Sua mĂŁe nĂŁo explicou? 

— Contou uma história maluca a respeito de meu avô lhedizer que queria me ver casado com Mary Tatlow, mas nãoacho que seja verdade. Você sabia que eu te amava.

— E tambĂ©m amava Garston. Eu tinha dezessete anos, Scott. Estava apaixonada e era uma idealista inocente. NĂŁoentende que eu queria o melhor para vocĂŞ? NĂŁo poderiasuportar a idĂ©ia de que um dia se arrependeria de ter secasado comigo e desistido de Garston. Quando eu lhe disse quenĂŁo poderia me casar, vocĂŞ simplesmente aceitou sem discutir.

.. Nunca tentou me fazer mudar de idéia.— Ora, você me disse que havia outro homem!— Mas não havia.

 Ele se levantou, vermelho de emoção.— Ouça, eu me prontifiquei a me casar mesmo com vocĂŞ

mesmo estando vocĂŞ grávida de outro. E recebi um nĂŁo comoresposta. Agora diga-me a verdade... Geoff foi. . . seu amante? 

 Ela nĂŁo queria recordar o passado e as pessoas quehaviam feito parte desse passado. Em algum lugar docaminho, tudo se perdera, o amor, a inocĂŞncia, o altruĂ­smo...

— NĂŁo, nunca, mas foi a Ăşnica maneira que encontrei  para convencer vocĂŞ de que tudo havia acabado entre nĂłs.

Page 79: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 79/86

— E deu resultado. Nunca lhe ocorreu que haveria umcaminho mais limpo? Foi como um veneno lento, que mematava aos poucos. Só não sucumbi por completo porqueachei que tinha que lhe mostrar que você escolhera o homem

errado.— Já faz muito tempo. Talvez agora você entenda por queeu estava tão ansiosa para levar Simon embora. Quando vim,não sabia que ele já descobrira a identidade do pai.

— Ele me disse que eu nĂŁo tenho culpa de nada... que foi vocĂŞ quem decidiu nos afastar.

— Eu não queria que nosso filho se sentisse rejeitado.— Muito engraçado de sua parte!— Foi por isso que Simon sentiu tanto ciúme de Cora.— Entendo...— Acho que devemos partir o mais depressa possível.— Partir? Oh, vocês não partirão, a não ser que queira ir

sem Simon. Tivemos uma longa conversa, esta manhĂŁ. Elequer ficar comigo.

— Mas...— O que foi? Será boazinha de novo e irá deixá-lo passar

as férias aqui? Era isso o que ia dizer? Não é o suficiente,minha cara. Todos nós gostamos dele e queremos suacompanhia.

— Você não pode fazer isso, Scott! O lugar dele é ao meulado!— Ao nosso lado.— Não sei o que está sugerindo, mas saiba...— Estou sugerindo que façamos o que devíamos ter feito

há onze anos. Vamos nos casar e dar ao nosso filho uma famĂ­lia. Este Ă© um dĂ©bito que devemos saldar. Sabemos como Ă©duro crescer sem pai nem mĂŁe; portanto, nĂŁo me diga que eleĂ© feliz.

— Quer dizer que esse será o motivo do nosso casamento? â€” Existe outro melhor? NĂŁo acha que Ă© nosso dever? NĂŁoacha que ele tem direito a ser feliz? PoderĂ­amos atĂ© brigar pela

 posse do menino, mas nĂŁo quero submetĂŞ-lo a isso.— AtĂ© hoje, vocĂŞ nem ligava para Simon, e agora...— Se eu tivesse conhecido a verdade, nĂŁo estarĂ­amos nesta

situação. Se soubesse que o filho era meu, teríamos nos casadode qualquer maneira. Você acreditou mesmo que meu avô

 poderia dirigir minha vida? Acreditou que eu me casaria comoutra, se amava vocĂŞ? 

— Você mudou tanto, Scott... Não acho que posso aceitá-lo agora, mesmo pelo bem de Simon. Nada restou do homem

Page 80: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 80/86

que conheci.— Nada restou porque você o destruiu. Roubou meu

coração e jogou-o fora. Acha que alguĂ©m sofre sem setransformar? 

— Não posso me casar com você!— Pode e vai. Para dizer a verdade, já falei com sir Nigel eele aprova nossos planos. Não vou discutir mais. Ou você secasa comigo ou teremos que levar o problema ao tribunal.Tenho mais condições de ganhar a causa. E lembre-se de que

 Simon quer ficar comigo. Pense bem.— Quero vĂŞ-lo.— Ele está muito aborrecido. Poderá encontrá-lo mais

tarde. O dr. Forbes aconselhou que descansasse. Descansar? Como poderia, apĂłs ter recebido aquela

notícia? De todos os absurdos que ouvira até então, aquele nacerta era o maior. Jane não queria se casar com Scott, pois,mesmo sendo o pai de Simon, era-lhe um estranho.

 Debatendo-se naquele dilema de difĂ­cil solução, ela tomouum calmante e adormeceu.

 Já estava escuro quando acordou novamente. Eva,sentada a seu lado, sorriu com doçura, ao vĂŞ-la abrir os olhos.

— Você deve estar com fome. Pedirei à sra. Robinson paratrazer sua refeição.

— NĂŁo, prefiro conversar. Scott quer se casar comigo.— Sim, eu sei. Ele me procurou pela manhĂŁ, apĂłs ter i conversado com Simon. Foi um choque bastante forte. Sei quevocĂŞ agiu com a melhor das intenções, mas ele sofreu muito,quando foi abandonado. A descoberta de que vocĂŞ lhe ocultouo prĂłprio filho.. .

— NĂŁo entendo por que ele quer ficar com Simon. Sequeria filhos, por que nĂŁo se casou? 

— Talvez nunca tenha encontrado a pessoa certa. Mas !

vocĂŞ nunca imaginou que ele quereria o filho, quando soubessea verdade? â€” Ao ponto de tirá-lo de mim atravĂ©s da Justiça? â€” Jane, minha querida, Scott mudou muito, depois que

você o deixou e o avô o deserdou. Ele tem carregado umcomplexo de rejeição por muitos anos. Tinha apenas vinteanos, quando a conheceu, e era bastante imaturo. Ficou muitomagoado. Você me disse, quando chegou aqui, que ainda oama... E, além do mais, Simon é meu único neto.

 Jane nĂŁo estava disposta a se casar com alguĂ©m que i nĂŁo

a amava. Contudo, foi Simon quem decidiu por ela. Asnecessidades do filho estavam acima de tudo. No dia |

Page 81: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 81/86

seguinte, ainda de cama, recebeu a visita dele.— Vai se casar, entĂŁo? â€” É o que vocĂŞ deseja? â€” Sim. Podemos ficar aqui para sempre, com Sc... com

 papai. Oh, mĂŁe, podemos? O que fazer? Scott sabia como ela era vulnerável, em' setratando de Simon, e nĂŁo hesitaria em usar essa arma.

 PorĂ©m Jane teria que deixar claro que aquele casamentoseria apenas um negĂłcio e mais nada. NĂŁo haveria mais noitesde paixĂŁo. Nunca mais.

CAPĂŤTULO X 

 Eles se casaram uma semana mais tarde. Mas nadamudaria entre os dois. A pedido de Jane, os quartos separadosseriam mantidos e a relação seria estritamente platĂ´nica. Asduras conseqĂĽĂŞncias das regras que a princĂ­pio ela pretenderaassumir doĂ­am muito.

Qual seria o temor dele? Expor-se demais?  Simon estava vivendo num paraĂ­so e nĂŁo perdia uma

oportunidade para ficar junto ao pai. Olhar os dois;

conversando, Simon ouvindo enquanto Scott falava, deixava Jane muito solitária e com uma ponta de ciĂşme. Os doishaviam formado um cĂ­rculo fechado, no qual nĂŁo havia espaço

 para ela. Eva tambĂ©m estava contente e se mostrava satisfeita em

 passar o comando da casa para a nora, e Scott nĂŁo se opĂ´s Ă smudanças que Jane quis fazer na ala residencial. A princĂ­pio,ela pensou que haveria muito tempo ocioso, mas logo percebeuque seus dias seriam facilmente preenchidos; havia o jardim

 para cuidar e uma sĂ©rie de almoços de negĂłcios que precisavam de cuidados especiais. Duas semanas apĂłs o casamento, foram convidados para

um jantar por Geoff e Mary Rivers. Enquanto se preparava, Jane ouviu a porta do quarto de

 Scott se abrir. Embora relutante, estava preparada para fazertodo o esforço possĂ­vel a fim de tornar o casamento umsucesso, no sentido contratual. Estavam casados e, pelo bemdo filho, deveriam ser vistos juntos em pĂşblico.

 Naquela noite ela usava um vestido novo, verde, que lhe

caĂ­a muito bem. Aplicou uma leve maquilagem para esconderas olheiras que surgiram depois do casamento, juntamente

Page 82: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 82/86

com uma queda do peso. Ficou um pouco preocupada com essaconstatação, pois a tendência de uma esposa feliz é engordarum pouquinho, no início. Quando Scott entrou, ela já estava

 pronta. Ele usava um smoking preto e uma camisa de seda

branca. Parecia cansado, com rugas de preocupação na testa.Talvez aquela fantasia de casamento estivesse lhe fazendo mal.— Pronta? — Pareceu um pouco surpreso ao ouvir que

sim. Em seguida, entregou-lhe uma caixinha violeta quecontinha um par de brincos de brilhantes.

— Notei que não possui nada parecido e pensei quegostaria da lembrança. Não lhe dei nenhum presente decasamento.

— Oh, Scott, sĂŁo maravilhosos! Para os prĂłprios ouvidos de Jane sua voz soou artificial.

 NĂŁo lhe saĂ­a da cabeça a idĂ©ia de que, como esposa de Scott Garston, deveria usar jĂłias que causassem boa impressĂŁo.

 Dirigiram-se em silĂŞncio Ă  casa dos Rivers. Foram muitobem recebidos e Geoff abriu um champanhe em homenagemaos convidados.

— É claro que não ficamos totalmente surpresos, pois eraóbvio que Simon é filho de Scott.

 Jane corou e ficou satisfeita, quando o marido lhe apertoua mĂŁo com ternura.

— Teríamos nos casado há onze anos, se não fosse pelainterferência de meu avô.— Ele era terrível, não era? — Mary interveio. — Parece

que sugeriu a papai que nos casássemos, nĂŁo Ă© Scott?  A pergunta foi feita de modo natural, deixando claro que

 Mary nĂŁo sabia que aquele havia sido o motivo de todo odrama. Os olhos de Jane lacrimejaram. Quantas vezesafirmara a si mesma que nĂŁo haveria reconciliação? 

 Afastando tais pensamentos, tentou se concentrar na

conversa da mesa de jantar e sentiu-se aliviada quandochegou a hora de ir embora. Scott nada disse, durante o caminho de volta, e, quando

chegaram, reclamou de dores na nuca.— É tensão. Tenho estado muito preocupado com a falta

de pedidos, mas acho que o contrato do Qatar tirará adiferença. Gostaria de um drinque? 

— NĂŁo, obrigada. Receava ficar na intimidade da biblioteca. Ele deixara

bem claro, desde o casamento, que o que acontecera atĂ© ali 

havia sido uma aberração, uma forma de abrandar a dor quesofrera. Agora que sabia a verdade sobre Simon e sobre a

Page 83: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 83/86

separação, nĂŁo nutria mais aquele desejo de vingança. Jane já havia se despido e escovava os cabelos, quando a

 porta interna se abriu. Ao ver o reflexo dele no espelho, abriu bem os olhos.

 Estava sem a casaca e parecia muito perigoso.— Scott? â€” NĂŁo se preocupe, pois nĂŁo vim reclamar meus direitos

de marido. É esta maldita tensão. Se não me livrar dela,acordarei com torcicolo. Pensei que pudesse me fazer umamassagem na nuca. Não consigo alcançá-la.

 Jane queria recusar. Sua boca estava seca. Como se eletivesse lido os pensamentos dela, continuou:

— Não estou pedindo para fazer amor, portanto não meolhe desse jeito.

— Eu. . . eu.. . Dirigindo-se para a cama, Scott tirou a camisa, jogou-a

no chĂŁo e deitou-se de bruços. Tinha certeza de que ela omassagearia. Contudo, Jane tinha vontade de recusar. Masqual desculpa daria? Que estava com medo de tocá-lo porque oamava? Que, se o tocasse, teria de entregar-se a ele, pois nĂŁoresistiria ao apelo de seu corpo? 

— Apague a luz, por favor. Me ofusca os olhos. Atendeu ao pedido dele. A penumbra que ficou deixava o

ambiente romântico e com uma aura sensual. Os músculosestavam rijos, sob a pele seca. Pegou uma loção e passou-a nocorpo de Scott, umedecendo-lhe as costas com movimentos

 firmes e agradáveis. Vagarosamente, uma ponta de excitação foi tomando conta dela.

— Melhorou? â€” Jane, por que sente tanta aversĂŁo em me tocar? 

 A pergunta pegou-a de surpresa e ela colocou a loção devolta no criado-mudo.

— Eu...— Tem medo de que aconteça alguma coisa? â€” NĂŁo quero falar sobre isso.— Concordo. Seria uma perda de tempo conversar

quando existem outros meios de comunicação.Virou-se rapidamente e puxou-a para perto, silenciando

os primeiros protestos com um beijo longo e doce, pasmando alíngua no contorno dos lábios de Jane.

— Scott, nĂŁo faça isso. Sem dar-lhe ouvidos, continuou a acariciar aquela pele

sedosa, provocando nela uma onda de prazer.— Por que está fazendo isso comigo, Scott? 

Page 84: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 84/86

Tentou desvencilhar-se dele, porĂ©m com pouca convicção.— Simon merece uma irmĂŁ, ou um irmĂŁo, nĂŁo concorda? â€” Scott, nĂŁo!— Sim!

 A boca de Scott, antes provocadora e doce, agora ansiava por carinhos, exigia mais. Um prazer louco fazia suas lĂ­nguas procurarem aumentar a excitação, fazendo Jane esquecer deque jurara nunca mais fazer amor. Seus corpos foramentrando num ritmo alucinante e faminto que prenunciavauma explosĂŁo de prazer. As roupas que ainda restavam foramsendo tiradas e jogadas ao chĂŁo.

 Ele a acariciou com delicadeza, porĂ©m, quando ela estavatotalmente entregue, afastou-a com um gesto firme.

— Pensei que nĂŁo me quisesse!— O que vocĂŞ quer de mim? Que me arraste a seus pĂ©s? 

 Por favor, Scott, nĂŁo posso suportar isso! Fechou os olhos e sentiu as lágrimas que escorriam pelo

rosto.— Você ainda me quer, Jane. Sinto que ainda me ama.— Não! — mentiu, tentando se afastar.— Diga a verdade. Você me ama. Diga... confesse... — A

mĂŁo dele cobriu um dos seios, enquanto a boca mordiscava o pescoço, descendo para os ombros. — Diga que me ama. Diga..

. Jane. Ela queria negar, mas nĂŁo conseguiu.— Eu te amo Scott, amo muito... — disse, liberando uma

torrente de paixĂŁo que fez seu corpo vibrar de tanta emoção. Rolaram pela cama, as mĂŁos buscando contatos mais

Ă­ntimos. A explosĂŁo veio depois do ritmo alucinante doscorpos. O gozo que se seguiu deixou os dois relaxados, masunidos.

— Jane.

 Ela nĂŁo queria abrir os olhos, embora tivesse certeza deque ele sabia que estava acordada. O quarto estava escuro.— Por que fingiu nĂŁo me amar mais? â€” NĂŁo fingi.— Acabou de fazĂŞ-lo.— Como poderia amar um homem que desejava me

magoar? O Scott que nunca amei... Entendo a sua amargura por ter se sentido enganado, mas seu Ăłdio pareceu tĂŁo grandeque nĂŁo adiantaria contar a verdade a vocĂŞ.

Um profundo tremor lhe percorreu o corpo, ao sentir o

calor da pele dele.— Me convenci de que te odiava. Era a única maneira de

Page 85: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 85/86

nĂŁo enlouquecer. Fiquei doente de ciĂşme, a ponto de perder acapacidade de raciocinar. NĂŁo conseguia encarar Simon semme recordar de nosso passado e de como vocĂŞ tinha dito que eunĂŁo significava nada, porque amava Geoff. Mas, naquela

noite, depois de termos jantado... você queria partir na manhãseguinte, sem dizer nada.— Você estava dormindo. Queria contar a Simon. O nosso

acordo...— Por que fez amor comigo naquela noite? Ela não

encontrou uma explicação.— Ainda me ama. Minha mãe me contou, embora eu não

acreditasse. NĂŁo pude. Como me amaria, depois de tudo o que fiz a vocĂŞ? Deveria me odiar.

— Do mesmo modo que me odeia?  A frase foi dura, mas já havia sido dita.— Do modo que tentei odiar. Eu te amo, Jane.

 Por um momento, ela pensou que o coração havia paradode bater e recomeçara desordenadamente. Estariaimaginando coisas? 

— Sempre tive ciúme. Quando outro homem seaproximava de você, eu... Por que acha que inventei umadesculpa para obrigá-la a ficar aqui, quando o racional seriadeixar você partir? Parecia claro que não sentia nada por

mim.— Mas eu nĂŁo sabia.. . As lágrimas haviam cessado e ele lhe colocou os dedos na

boca macia.— Que eu te amo? — Scott a interrompeu.— Pensei que estivesse apenas querendo me atormentar e

me seduzir.Corou um pouco, ao lembrar de como estiveram querendo

 fugir de uma realidade que seus corpos insistiam em mostrar.

— Atormentar? — Tem alguma idĂ©ia da agonia que passei, tendo-a em meus braços, enquanto vocĂŞ correspondiaaos meus apelos sem me amar? Pura tortura. Sua atitudearrasou com meu orgulho e me machucou demais. Deu-me seucorpo, mas sempre manteve algo escondido.

 A voz dele estava cheia de dor.— Eu tive que fazĂŞ-lo. NĂŁo podia mostrar que te

amava.— Então me deixou acreditar que fazia amor comigo mas

 pensava em Geoff. Meu Deus, vocĂŞ me fez perder a cabeça.

— Desculpe-me...— Foi muito cruel de sua parte. Ninguém gosta de ser

Page 86: Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan

http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 86/86

usado como objeto. Isso gela qualquer um.— Não tinha notado. — Ela disse isto com sinceridade.— Você estava me deixando louco. Na noite do jantar

 pensei que estivesse maluco. Estava determinado a fazer vocĂŞ

admitir que me queria. NĂŁo, que me amava! Somente a mim. E aĂ­ decidi forçá-la a se casar comigo. Uma vez casados, seriamais fácil quebrar o gelo, fazĂŞ-la admitir seus reaissentimentos e, desse modo, abrir o caminho para que eu fizesseo mesmo.

— Ambos cometemos erros, Scott. Imaginei que tivesseagido da melhor maneira, pois sabia como amava este lugar.

— Não mais do que você. Quando descobri a verdade, nãoconsegui entender qual havia sido a minha falha. Duranteonze anos, eu a considerei uma mulher traidora e falsa. Diganovamente que me ama.

— Te amarei sempre. — Isto soou como uma doce cançãode primavera.

— Te amo tanto, Jane. . . Não imagina quanto. Todosesses anos desejando ter você em meus braços... Deveria terconfiado mais em você e percebido a trapaça de meu avô. Me

 perdoa?  Essas palavras foram acompanhadas pelas batidas dos

dois corações apaixonados, num crescendo incrível.

— Só se você me perdoar também — respondeu ela,abrindo os braços num quente e longo abraço de perdão ereencontro. Mais tarde teriam tempo suficiente para cicatrizaras feridas ainda profundas.

 Scott abaixou a cabeça e deu-lhe um beijo cheio deternura.

— Um novo começo. Hoje enterramos o passado,concorda? 

— Concordo. Ame-me Scott. De todas as maneiras que eu

 jamais sonhei.— 0 prazer será todo meu...Seu? Pensei que seria nosso!