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Universidade Federal de Viçosa Departamento de Solos centro de tecnologias alternativas ZONADAMATA Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata Manejando agroecossistemas Manejando agroecossistemas Prof Prof a Irene Maria Cardoso Irene Maria Cardoso

Apresentação Irene Cardoso cba agroecologia 2013

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Universidade Federal de ViçosaDepartamento de Solos

centro detecnologiasalternativas

ZONA DA MATA

Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata

Manejando agroecossistemasManejando agroecossistemas

ProfProfaa Irene Maria Cardoso Irene Maria Cardoso

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1. Biodiversidade, solos e conhecimento.2. A matriz agrícola e os ecossistemas.3. Um pouco de nossa experiência.

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Biodiversidade Solos

Construção coletiva dos Saberes

Agroecologia

A biodiversidade é importante para produzir os serviços ambientais (“as bondades da natureza”), incluindo a qualidade dos solos. Solo de qualidade é a base para o desenvolvimento dos agroecossistemas saudáveis. A biodiversidade precisa ser estudada e manejada, e para isto o conhecimento do agricultor pode-se associar ao conhecimento científico.

Manejo agroecológico dos agroecossistemas

Água

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1. Por que a biodiversidade é importante?

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A auto-regulação e a sustentabilidade dos agroecossistemas dependem da biodiversidade. Biodiversidade: cria interações complexas entre solos, plantas e animais. Destas interações resultam vários benefícios:

Cobertura do solo e proteção contra ventos: conservação dos solo e água.Promove a ciclagem dos nutrientes.Melhora o uso dos recursos locais (melhor uso do P do solo, da polinização, do controle biológico).Produção permanente e diversificada de alimentos (para a família, animais domésticos e selvagens e mercado).

Altieri, 2004

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A biodiversidade tem um papel no funcionamento dos agroecossistemas - serviços do ecossistemas (Costanza et al., 1997).

Os grupos funcionais (plantas, decompositores, engenheiros do ecossistema, herbívoros, micro-simbiontes, polinizadores, transformadores, parasitas e predadores) estimulam os processos ecológicos e por isto são responsáveis pelos serviços dos ecossistemas (Swift et al., 2004).

Biodiversidade funcional

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Serviços dos ecossistemas (bondades) e agricultura

Embora a agricultura possa ser beneficiada pela biodiversidade, a agricultura afeta negativamente a biodiversidade mais do que se beneficia dela.

Práticas incentivadas pelas políticas agrícolas (revolução-verde), cujo enfoque principal foi o aumento da produção agrícola, via intensificação dos processos de produção.

Esta intensificação levou a um crescente uso de insumos externos ao agroecossistemas (fertilizantes e agrotóxicos por exemplo) em substituição ao uso da biodiversidade como “provedora” dos serviços ambientais.

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Os serviços dos agroecossistemas (as bondades) dependem em grande parte da biodiversidade associada (Perfecto and Vandermeer, 2008).

As árvores, especialmente devido a multifuncionalidade, favorece muito a biodiversidade associada.

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2. Por que o solo é importante?

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Solo morto, comida morta! Solo tem que ter qualidade:

“Alimente o seu solo se você quer ter uma planta sadia!”“Cuide do solo e as plantas serão saudáveis!”

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Como consequência de sua gênese tropical, são em geral

solos profundos;baixa disponibilidade de nutrientes (por quilo de solo); baixa CTC; grande capacidade de fixação de fósforo; ácidos e altos níveis de alumínio trocável; friáveis, susceptíveis a erosão (devido a estrutura).

Ou seja, são solos muito intemperizados e lixiviados.

SOLOS TROPICAIS

Como lidamos e como devemos lidar com os nossos solos?

Solos ruins, fracos, pobres e mal falados!

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Os solos profundos, fruto do intemperismo, podem ser melhor explorados no espaço e no tempo, utilizando sistemas diversificados – imitando a natureza.

- Por que a nossa referência de análise de solos é 20 cm?

a) Profundidade dos solos e nutrientes: : buscar onde está!

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Por que as árvores são importantes?

- Melhor uso do ambiente do solo em profundidade.

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b) Atividade biológica. Baixa disponibilidade de nutrientes, dependemos da atividade biológica para ciclar os nutrientes, por exemplo, disponibilizando o fósforo e fixando o nitrogênio.

Plantas com capacidades distintas de se associarem aos microrganismos e de liberarem substâncias químicas, criando rizosferas diferentes.

Espécies diferentes desempenham papéis diferentes. Algumas fixam nitrogênio da atmosfera outras exploram melhor o solo.

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Os solos tropicais podem ser considerados uma grande reserva de fósforo do mundo (Resende, 1997).

Um hectare de solo brasileiro (20 cm de profundidade):1.800 kg de P2O5, em sua maioria fixado

Plantas, como o guandu (cajan cajanus) podem disponibilizar o fósforo fixado, utilizando para isto mecanismos especiais como a liberação de certos ácidos orgânicos (Ae et al., 1990).

Fazer parcerias com os organismos do solo! O segredo é o mutirão!

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c) Matéria orgânica. Para isto são necessárias entradas constantes de material orgânico no solo (alimentar os microrganismos, complexar o alumínio, estruturar os solos, melhorar a infiltração e retenção de água, proteger o solo das chuvas e sol intenso).

Produção Destruição

Matéria orgânica nos trópicos

A matéria orgânica deve ser produzida no local, utilizando plantas com o objetivo de produção de biomassa.

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Bagaço de cana-de-açúcar energia/ biocombustível!

Palha de café

Pó de rochas: quanto perde como resíduos de pedras ornamentais?

Restos de comida

d) Resíduos

Resíduos humanos

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3. Por que o conhecimento do/a agricultor/a é importante?

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O conhecimento local não tem sido historicamente refletido nas pesquisas científicas.

Entretanto, complexa sabedoria sobre o manejo dos agroecossistemas tem sido desenvolvida em vários locais do planeta.

Esta sabedoria deve ter algum valor no manejo sustentável da terra!!!! Podemos jogar este conhecimento fora ????

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O complexo K-C-P (Barrera Bassols & Zinck, Geoderma 111, 2003).

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Visão de mundo (Kosmos), Conhecimento (Corpus) e práticas de manejo (Praxis).

O complexo K–C–P articula sabedoria empírica das pessoas sobre os agro(ecossistemas).

A interação dos três domínios do complexo K–C–P funde características sagradas e seculares, conhecimento e experiências, fatos e valores e matéria e mente.

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3.1. Qual o papel do conhecimento científico/técnico no manejo dos agroecossistemas sustentáveis?

Ajudar a compreender os processos (laboratório, campo, casa de vegetação....).

Sistematizar junto com os agricultores/as suas experiências: extrair lições, generalizar informações.

Analisar e sintetizar as relações e fluxos presentes nos agroecossistemas.

Criar modelos para permitir análises de cenários futuros. Úteis para estudo na escala de paisagens.

Contribuir com informações para o desenho e redesenho dos agroecossistemas.

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Para quem compreende a agroecologia como ciência movimento e prática...

T

P

T

P

P

T

TP

Em movimento...

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Criar ambientes de interação agroecológica: confiança, compartilhar os problemas e as soluções; surgimento das questões de pesquisa; socialização dos resultados.

Pesquisa ação; pesquisa participante etc.

Pesquisa clássica.

Publicar: divulgar os resultados (escala).

Apoiar as instituições dos agricultores (resiliência).

Desenvolvimento de metodologias adequadas (campesino a campesino, análise e desenho de agroecossistemas, etc.).

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Intercâmbios: ambientes de interação agroecológica – baseado na metodologia campesino a campesino

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Identifique agricultores agroecológicos ou com potencial agroecológico.

- indicadores: querer e ter disponibilidade para participar dos processos coletivos.

- “gostar de ouvir o sabiá cantar e de folia de reis”.

Promova os intercâmbios: visita coletiva à uma propriedade; contar a história da família, visitar a propriedade, discutir o observado.

- Nesta visita, valorize primeiro os aspectos positivos.

Sistematize as experiências.

Planeje os próximos passos (encontro de avaliação, seminário, etc...

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Cultura: intermedia a relação do ser humano com a natureza

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Curso de Análise e desenho de sistemas rurais: Professor Pablo Tittonell – Universidade de Wageningen

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Fragmentos envoltos por uma matriz agrícola de monocultura. Está é a realidade da Floresta Atlântica – ponto quente (hotspot) de biodiversidade. Perfecto et al. 2009 (Nature´s Matrix: Linking Agriculture, Conservation and Food Sovereignty).

Café

pastagem

Fragmentos de mata…

4. E os ecossistemas?

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Área Cultivada Arroz (5%)

Café (4%)

Feijão (7%)

Milho (24%)

Soja (35%)

Cana-de-açúcar (12%)

Outros (13%)

IBGE (2007)Monocultura

Monocultura

Agroecologia não combina com monocultura

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5. Um pouco de nossa experiência

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Um dos principais problemas: enfraquecimento dos solos – erosão e nutrientes.

Uma das prioridades: recuperação das terras.

Criação da comissão “terra forte” (agricultores, UFV e CTA).

Uma das sugestões: sistemas agroflorestais;

Implantação participativa

DRP – Diagnóstico Rural Participativo (1993)

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Monitoramento participativo (1996-1999)Sistematização (participativa) das experiências – 2003/ 2004 (Souza, 2006)

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Critérios para a definição de espécies nos SAFs

Biomassa Diversidade de produção

Mão-de-obra

Compatibilidade com o Café

- solo coberto (herbáceas) - quantidade de resíduos

humano criação animal fauna

- aspectos fitossanitários- sistema radicular

- caducifolismo- facilidade de poda- arquitetura dos ramos- aquisição de mudas

- alimento

- madeira/lenha (quantidade e qualidade)

DPS/UFVcentro detecnologiasalternativas

ZONA DA MATA

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Indicadores Convencional Agrofloresta

População de café (árvores/ha) 2.650 2.050

Produtividade (kg/árvore) 0,79 0,62

Preço (R$ saco – 60kg) 120 120

Total (R$/ha) 4.187,00 2.542,00

Custo (R$/ha) 2.300,0 750,00

Lucro (R$/ha) 1.887,00 1.792,001

Custos/lucro (%) 54,93 29,50

Produtos da agrofloresta R$ R$

Mamão (150 árvores) - 112,5

Banana (40 árvores) - 200

Citrus (123 árvores) - 110

Manga, abacate, goiaba, jaca (51 árvores) - 135

Palmito, figo, ameixa (162 árvores) - 144

Outras frutas não comercializadas (114 árvores) -

Maderia não comercializada (51 árvores) - -

Sub-total - 701,502

Total 1.887,00 2.493,503

Comparação entre café convencional (pleno sol) e agroflorestal (Souza et al. 2010)

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Joao do santos

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“Agroecologia: é preciso ter sabedoria para trabalhar e paciência para esperar” Dadinho – agricultor agroecológico – Pedra Dourada, MG

Muito obrigada!

Ministério do Desenvolvimento Agrário