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pesquisa experimental
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Universidade de São Paulo
Escola de Comunicações e Artes Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCOM)
Disciplina: Comunicação Pública e Política: perspectivas teóricas e metodológicas Profª Drª Heloiza Matos e Nobre Estudante: Cristina Paloschi Uchôa de Oliveira – nº USP 3472117
Tradução livre:
BUCY e HOLBERT, Erick P. e R. Lance (org.). The Sourcebook for Policital Communication Research: Methods, Measures, and Analytical Techniques. Taylor & Francis: Nova Iorque e Londres, 2011. Cap. 10 (pp. 165-193)
O rosto como foco da Comunicação Política
Perspectivas evolucionárias e método etológico Patrick A. Stewart Department of Political Science University of Arkansas
Frank K. Salter Max Planck Research Group for Human Ethology Andechs, Alemanha
Marc Mehu Swiss Centre for Affective Sciences University of Geneva, Genebra, Suíça O significado do rosto para a comunicação política tem sido apreciado há tempo tanto por profissionais
quanto por comentaristas, com o rosto expressando não apenas experiência emocional imediata e ato
comportamental, mas também refletindo um traço de personalidade. Indivíduos competem por posições
de poder e exercem influência em muito por causa de sua habilidade de se comunicar não verbalmente,
especialmente por meio do rosto. A comunicação não verbal indica que líderes possuem as qualidades
requeridas para que os membros de um grupo cedam controle a eles e que eles têm a capacidade de liderar
o grupo em efetivamente enfrentar obstáculos. Por sua parte, a mídia de massa opera como um
intermediário entre um líder político e seus/suas seguidores/as presumidos/as , com o oferecimento de um
contato face-a-face virtual que remonta às raízes evolutivas do processo de tomada de decisão em grupos
pequenos.
A importância de líderes provocarem as paixões de seus seguidores é conhecida desde pelo menos
Aristóteles (Arnhart, 1981), enquanto o estudo sistemático do rosto e como ele comunica intenções
emocionais tem sido feito desde o tempo de Charles Darwin (Darwin, 1872/1998). No entanto, a pesquisa
experimental sistemática do potencial da face para afetar a comunicação política encontra suas raízes
apenas pouco mais de um quarto de século atrás, com estudos de Friedman e colegas analisando o
impacto de expressões faciais de apresentadores de jornais ao discutir candidaturas presidenciais ao longo
de campanhas políticas (Friedman, DiMatteo, & Mertz, 1980; Friedman, Mertz, & DiMatteo, 1980) e sua
influência nos resultados eleitorais (Mullen et al., 1986). No mesmo período, o Comitê de Estudo
Experimental do Comportamento Social e Político (Committee for the Experimental Study of Social and
Political Behavior) da Dartmouth College (daqui por diante, chamado de “Grupo de Darthmouth”) por
meio de sua agenda de pesquisa sistemática, considerou como espectadores reagiam às expressões faciais
de líderes políticos em uma série de experimentos realizados por mais de uma década (Masters, 1989a;
Masters, Sullivan, Lanzetta, McHugo, & Englis, 1986; McHugo, Lanzetta, Sullivan, Masters, & Englis,
1985; Sullivan & Masters, 1988). Do mesmo modo, o livro editado de Ellyson e Dovidio (1985) oferece
uma primeira referência para entender como abordar o estudo da comunicação política não verbal, por
meio da consideração de como a exposição comportamental não verbal se relaciona com a dominância de
poder ao longo das diferentes culturas, eras e espécies.
Um dos mais importantes indicadores de status de um político como um candidato sério é a atenção, ou o
“face time” (tempo de exibição de seu rosto) que consegue na mídia de massa. Essa dominância visual é
bem estabelecida como um indicador de status não apenas com humanos, mas com qualquer espécie
animal em que há uma estrutura social hierárquica (Chance, 1967; De Waal, 1982; Eibl-Eibesfeldt, 1989;
Mazur, 2005; Salter, 1995; Turner, 1997). Para ser escolhido como líder, a pessoa deve parecer e agir
como um líder viável; isso, por seu turno, é condicionado por haver outros indivíduos dando atenção.
Dominância visual é a chave para candidatos se comunicarem não verbalment e sua capacidade de
liderança ao público, sendo o elemento não verbal uma forma mais provável de afetar a resposta
emocional de espectadores do que a mesma informação transmitida apenas via áudio, em formato escrito
ou em cobertura noticiosa (Exline, 1985; Patterson, Churchill, Burger, & Powell, 1992; Schubert, 1998).1
O rosto é uma fonte de informação especialmente importante não apenas devido a ser o lugar onde os
estímulos de cheiro, gosto, visão e escuta são recebidos, mas também por estar sempre visível e
oferecendo informação, seja verbal ou não verbal, mesmo em repouso. O rosto oferece informação por
diferentes propriedades..2 A primeira prioriedade, estrutura morfológica, é estática, como o tamanho, a
forma, a localização de caracteres faciais, seus contornos, oferece informação sobre a identidade e
atratividade de um indivíduo. A estrutura morfológica é afetada por sinais naturais (slow signs) como
rugas e inchaços, que dão informações sobre idade, e sinais artificiais (artificial signs) , como cosméticos,
tatuagens, piercings e cirurgias plásticas, destinadas a mudar os sinais naturais. O grande foco deste
capítulo é a propriedade dos sinais rápidos (rapid signs) , nos quais mudanças no tônus muscular, fluxo
sanguíneo e temperatura da pele afetam as apresentações do rosto que comunicam estado emocional e
intenções comportamentais (Cohn & Ekman, 2005; Schmidt & Cohn, 2001).3
Portanto, este capítulo foca no rosto como o componente-chave da comunicação política, enfatizando
expressões flexíveis e momentâneas e que podem sinalizar um traço comportamental, por uma
perspectiva etológica. Especificamente, consideramos o principal enquadramento teórico compreender as
relações de dominação entre líderes e seguidores e como a comunicação não verbal desempenha um p apel
nelas. Particulamente, focamos em categorias -chave de comportamentos de expressão da face. Na
sequência, analisamos uma sequência estendida de estudos experimentais publicados que consideram a
influência do comportamento não verbal de políticos, sobre temas de pesquisas em termos de estímulos,
medidas e pesquisa subjetiva. Seguimos com sugestões para pesquisas futuras, novamente, em termos de
estímulos, medidas e temas antes de oferecer comentários conclusivos.
QUESTÕES E MÉTODOS EVOLUCIONISTAS
Nos primeiros estudos de comunicação política sobre expressões faciais, e os desenvolvidos com
inspiração neles, a chave era a apreciação da importância da teoria evolucionária para entender constantes
no comportamento político e uma interdisciplinaridade largamente assentada nas ciências naturais.
Espécies de mamíferos não humanos, especialmente primatas, ofereceram insights e ainda apresentam
modelos de comportamento para atividades políticas humanas. Essa perspectiva “biobehaviorista”
(biocomportamentalista) deriva fortemente da etologia clássica e difere das perspectivas tradicionais que
focam principalmente nas influências próximas sobre o comportamento político por meio da consideração
de quatro diferente tipos de questões. Essas questões são separadas, ainda que não mutuamente
excludentes, e consideram não apenas causalidades próximas, pela observação do comportamento de
indivíduos, mas também causalidades últimas, que consideram tanto os níveis de comportamento
individual quanto populacional (Lehner, 1996).
Esses quarto tipo de questões sobre comportamento foram apresentadas pelo etologista Niko Tinbergen
em seu trabalho seminal, um paper de 1963, que tratava de causalidades próximas, desenvolvimento
ontogenético, raízes filofenéticas e causalidades últimas (Barrett, Dunbar, & Lycett, 2002; Lehner, 1996;
Tinbergen, 1963). Os dois primeiros consideram causalidades aproximadas (“proximal”) do
comportamento individual. Causalidades primeiras (“proximate”) consideram o que motiva um
indivíduo a se comportar de uma maneira específica num determinado momento, a partir de perguntas
relativas aos mecanismos que produzem diferentes tipos de comportamento. Desenvolvimento
ontogenético observa as raízes do desenvolvimento e do comportamento ao longo do tempo de vida de
um indivíduo; em outras palavras, verifica se existem tendências inatas na criação ou no desenvolvimento
de um indivíduo ao longo de sua vida que desencadeiam comportamentos específicos. Tanto fatores
ambientais quanto internos são considerando ontogenia, embora ambos estejam interligados e sejam
difíceis de separar, especialmente porque a ontogenia se opera ao longo da trajetória de vida de um
indivíduo (embora com o desenvolvimento mais importante ocorrendo no início da vida).
As duas últimas questões se identificam fatores de causas últimas, com o entendimento de que questões
respondidas no nível um de análise podem não criar uma base válida para generalização para outro nível
(Peterson & Somit, 1982). A terceira questão considera como o comportamento se desenvolve numa
espécie ao longo de sua história e analisa suas raízes filogenéticas ao considerar diferenças de
comportamento entre várias espécies que com vínculos próximos. Causalidades últimas dizem respeito à
causa funcional de um comportamento em termos de como ele promove a passagem dos genes de um
indivíduo para futuras gerações (Barrett et al., 2002; Lehner, 1996; Tinbergen, 1963).4
QUESTÕES METODOLÓGICAS A capacidade de responder cada uma dessas quatro questões postas é limitada pelas ferramentas que
podem ser usadas em termos de planejamento de pesquisa e pelos parâmetros utilizados. Seja como for,
um necessário primeiro passo para compreender o comportamento humano e observá -lo e medi-lo. Como
afirmado por Tinbergen “[C]ontempt for simple observation is a lethal trait in any science...” (1963, p.
412) [desprezo pela simples observação é um traço letal em qualquer ciência...]. Na sequência disso está a
experimentação de testar o quanto mudanças nos parâmetros podem influenciar a ocorrência de t ipos
específicos de comportamento. Ambas estas abordagens têm limitações, que incluem o efeito da
observação no comportamento, seja no campo ou no laboratório, saber o que medir e empregar a métrica
própria, escolher uma amostra com números adequados, e observar comportamentos por uma quantidade
suficiente de tempo e em condições que permitam verificar eventos recorrentes e ambientes que podem
influenciar resultados (Peterson & Somit, 1982).
Outras dificuldades dizem respeito a limitações éticas quando da experimentação em humanos. Dado que
o maior esforço de pesquisa se direciona a aferir uma “natureza humana” permitindo inferências a serem
feitas sobre todos os humanos, experimentos “verdadeiros” que alterem o “comportamento humano” são
raros.5 Em vez disso, a grande maioria de experimentos tenta alterar a informação contextual / ambiental.
Além disso, enquanto as questões de validade interna, com base em como um projeto de pesquisa está
configurado e realizado, são sempre pontos de preocupação, a maior crítica de estudos experimentais é
sobre sua validade externa (Barrett et al., 2002; Hansen & Pfau, this volume); em outras palavras, podem
os resultados ser aplicados ao “mundo real” com credibilidade? Questões específicas dizem respeito se as
pessoas vão fazer o que declaram em entrevistas ou escrevem em questionários ou se a lista de assuntos
tem diversidade suficiente para refletir diferenças. Isto pode causar estragos na validade externa dos
resultados.
Portanto, a maioria das pesquisas, predominantemente experimentais, consideram causalidades próximas
para entender por que as pessoas tomam as decisões que tomam. Contudo, tanto estudos de observação
quanto pesquisas experimentais considerando mudanças de desenvolvimento ao longo da experiência de
vida de um indivíduo (ontogenética) e comparações entre espécies (filogenética), especialmente com
primatas socializados próximos a humanos, são muito úteis para a compreensão de comportamento. No
primeiro caso há um entendimento de como indivíduos interagem com seu ambiente e mudam no
desenvolvimento de modos (Panksepp, 1998). No último, primatas sociais como bonobos (Pan paniscus)
e chimpanzés (Pan troglodytes) são vistos como espécies tão próximas a fornecer insight para o
comportamento que podem ter herdado de um ancestral comum (Chance, 1967; De Waal, 1982; Eibl-
Eibesfeldt, 1989; Parr, Waller, & Fugate, 2005; Preushoft & Van Hooff, 1997; Van Hooff &Preushoft,
2003; Waller & Dunbar, 2005).
ABORDAGEM ETOLÓGICA SOBRE EXPRESSÕES FACIAIS DE EMOÇÃO
Os seres humanos são uma espécie socialmente instável em que os indivíduos apresentam um forte desejo
dominar socialmente os outros, mas desistem da oportunidade em nome de impedir os outros de dominá-
los. Assim, enquanto se tornam estabelecidas relações com fortes dominâncias hierárquicas, nas quais
líderes exercem poder coercitivo para produzir submissão pela prática do “classifique -e-arquive” (rank-
and-file) (Somit & Peterson, 1997), também parece haver um ímpeto de compensação no sentido de uma
“anti-hierarquia” na qual o igualitarismo reina (Boehm, 1999). Especificamente, existe um receio de que
líderes ultrapassem seus limites de controle e uma série de grupos conta com sanções sociais em resposta
a líderes que tentem exercer sua autoridade para além das normas do grupo (Boehm, 1999). Aqueles que
desejam se tornar líderes devem comunicar a “ausência de arrogância, de autoritarismo, de ostentação e
indiferença pessoal” (p. 69) e “defender uma combinação de não-aggressividade, generosidade e emoções
amigáveis” (p. 234). Portanto, líderes potenciais devem exibir não só a habilidade de dominar outros, seja
em resposta a ameaças internas à paz do grupo ou ameaças externas a seu bem-estar, mas também a
capacidade de arregimentar membros para o grupo.
O comportamento de expressões faciais de líderes, e daqueles que esperam vestir o manto da liderança,
então deve ser capaz de comunicar tanto traços agonísticos quanto hedonísticos.
Entretanto, circunstâncias determinam que tipo de comportamento de aparência é apropriado e deve
predominar (Bucy, 2000; Bucy & Bradley, 2004; Bucy & Grabe, 2008; Bucy & Newhagen, 1999).
Pesquisas etológicas sobre figures políticas desenvolvidas pelo Grupo de Darthmouth (Lanzetta et al.,
1985; Masters, 1989b; Masters, Sullivan, Lanzetta, McHugo, & Englis, 1986) e elaboradas por Salter
(1995) sugerem uma tipologia de aparências emocionais baseadas tanto em se a circunstância social é
competitiva ou não competitiva e a posição no ranking ocupada pelo sujeito que aparenta.
Especificamente, existe a expectativa de que indivíduos dominantes manifestem comportamento
raivoso/ameaçador em situações agonísticas/competitivas, enquanto indivíduos submissos apresentem
medo e sucumbam.
A habilidade de sinalizar ameaça e sumissão pelas respectivas partes beneficiadas t anto por assegurar
ordem social e a ausência de perigo de danos sérios ou morte, que ocorreria a nenhuma ou ambas as
partes se a expressão do comportamento não fosse codificada ou interpretada com sucesso. Nessas
situações não competitivas nas quais indivíduos se afiliam ao grupo, indivíduos dominantes em geral
apresentam taxas mais altas de felicidade/reafirmação, enquanto membros do grupo de status mais baixos
evitam o conflito potencial e/ou interação social a partir da exibição de taxas mais altas de
comportamento triste/apaziguado, ambos contra um contexto de impacto neutro (Salter, 2007/1995, p.
145). Tal comportamento aparente beneficia os membros do grupo por meio do fortalecimento de
coalizões a partir de exibições compartilhadas de não competitividade e afinidades pessoais. Entretanto,
na medida em que líderes ou concorrentes a posições de liderança apresentam comportamento de
submissão ou resignação, haverá um enfraquecimento concomitante das atribuições de seu papel (Bucy &
Bradley, 2004; Bucy & Grabe, 2008).
Uma característica interessante das abordagens etológicas e outras evolucionárias é sua ênfase em
comportamentos universais. Isso melhora as perspectivas de descobrir princípios da comunicação
presentes em todas as culturas. Salter (2007/1995) ressalta um ponto quando define categorias de
observação de comportamento não verbal em seu estudo sobre hierarquias de comando. Por exemplo,
dominação é uma coisa que frequentemente foi associada a movimentos tranquilos e relaxados (e.g.,
Knipe & Maclay, 1972). Mas há exceções, e a associação da dominação tanto com comportamentos
aparentes brutos e suaves, agressivos e afiliativos sugere que liderança pode requerer habilidade para
combinar ou misturar diferentes sinais gestuais de uma maneira funcional. Em particular, líderes
mostram-se com habilidades sociais para selecionar comportamentos não verbais apropriados em
encontros agonísticos e afiliativos (de Waal, 1982; Sapolsky, 1990; Tiedens & Fragale, 2003).
Ao longo dessas linhas, Palagi e seus colegas desenvolveram extensa pesquisa de observação com
bonobos (Palagi, Paoli, & Tarli, 2004), lêmures (Palagi, Paoli, & Tarli, 2005), chimpanzés (Palagi,
Cordoni, & Tarli, 2004), e gorilas (Cordoni, Palagi, & Tarli, 2006), destacando a importância de
reconciliações pós-conflito e consolação pela coesão e harmonia do grupo. O comportamento agonístico é
tipicamente seguido por encontros afiliativos para manter a ordem do grupo. Embora essa pesquisa tenha
se focado em comportamento amplamente definido, express ões faciais de primatas são reconhecidas
como sendo “altamente conservadas”, ou seja, constante em diferentes espécies, ainda que com diferenças
em sua função social, desde pelo menos a obra The Expression of the Emotions in Man and Animals [A
Expressão das Emoções em Homens e Animais] de Darwin (1872/1998) (v. também De Marco, Petit, &
Visalberghi, 2008; Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi,
Valenzano, & Preuschoft, 2006). Comparações cruzadas entre espécies foram complementadas pelo
desenvolvimento de ChimpFACS, uma ferramenta de observação padronizada que permite comparação
estrutural direta de comportamentos de expressões faciais de humanos e chimpanzés com base na
musculatura facial (Parr et al., 2007; Parr, Waller, & Fugate, 2005; Parr, Waller, & Vick, 2007; Vick et
al., 2007).
O rosto, assim, é o primeiro meio de comunicação que tem características universais. Nas diferentes
populações humanas, parece haver um consenso no que diz respeito ao significado emocional atribuído a
expressões faciais particulares (Ekman & Oster, 1979), com os movimentos musculares subjacendo essas
configurações emocionalmente significativas nas regras de aparência, quando uma configuração facial
prototípica e exibida ela tem um significado entre culturas (Marsh, Anger-Elfenbein, &Ambady, 2003).
Scherer e Grandjean (2008) recentemente sugeriram que esse efeito poderia se dare m razão do fato de
que palavras de emoção (assim como componentes de emoção) estão mais prontamente disponíveis para
realizar julgamentos sobre rostos do que outras categorias, como motivos sociais e tendências de ação.
Das seis emoções básicas identificadas por Ekman e outros (Ekman & Friesen, 2003) como presentes em
expressões faciais prototípicas (surpresa, medo, nojo, raiva, felicidade e tristeza), quatro estão
estreitamente ligadas a relações de dominação, enquanto afiliativas (felicidade-reafirmação e tristeza-
resignação) ou agonísticas (raiva-ameaça e medo-evasão).
No entanto, o significado preciso de uma express ão facial geralmente depende do contexto. Por exemplo,
um sorriso pode expressar dominação ao mesmo tempo que sumissão e funcionar como um cumprimento
ou convite a jogar ou interagir socialmente. Um sorriso pode também ser usado instrumentalmente para
comunicar esses significados ainda que o emissor não esteja se sentido feliz. O significado de um sorriso
ou outra expressão facial depende dos interagentes da relação e da configuração social. O sorriso de um
líder pode funcionar para tranquilizar um subordinado de que a punição não está pendente. De um
subordinado, um sorriso é mais provavelmente um sinal de disposição para cooperar (Salter, 2007/1995;
Salter, Grammer, & Rikowski, 2005). Mudanças sutis em sorrisos podem também ser ligados a diferentes
significados, como afiliação entre pares ou rendição a outros com dominância maior, dependendo do
contexto (Mehu, Grammer, & Dunbar, 2007; Mehu & Dunbar, 2008a). Na próxima seção revisitamos a
elaboração de Salter (2007/1995) sobre a tipologia do Grupo de Darthmouth (Masters et al., 1986) para
comportamento de expressão facial, que tem tido suas categorias de observação usadas para estudos de
campo, análise de conteúdos de mídia e experimentos que avaliam a influência da aparência de líderes.
EXPRESSÕES FACIAIS AFILIATIVAS
Comparação de Primatas Em diferentes espécies primatas o espírito afiliativo é sinalizado por postura e olhar variáveis, enquanto
os movimentos corporais são suaves (van Hooff, 1973; de Waal, 1982). A cabeça geralmente se inclina
ou pende para um lado em estado de espírito feliz. No entanto, as aparências faciais são cruciais nas
sociedades primatas para sinalizar as intenções comportamentais e assim moldar as interações e relações
de filiação, apego e resignação.
Três padrões faciais se destacam ao ser usados mais frequentemente em encontros de agremiação de
primatas: estalo de lábios, boca aberta relaxada e, com variações a serem discutidas mais tarde, a exibição
silenciosa de dentes. A primeira expressão, estalo de lábios (beijo) é mais proximamente as sociada com
cumprimento e consiste em (1) sobrancelhas elevadas, (2) pálpebras suspensas (ou não fechadas, com
chimpanzés); (3) olhares evitados ou não fixos; (4) boca não fixa, mas variada entre aberta e fechada; (5)
lábios relaxados e mostrando pelo menos alguns dentes; (6) cantos de boca variáveis; (7) cabeça inclinada
para cima; e (8) movimentos suaves do corpo (De Marco et al., 2008; van Hooff, 1969; Visalberghi et al.,
2006).
A boca aberta relaxada e o silencioso exibir de dentes, embora específicos de alguns humanos não
primatas, é vista também como comportamento convergente em humanos que realizam funções filiativas,
embora recentes pesquisas sugiram que há níveis maiores de conservação desses dois caracteres de
exibição no comportamento social. Especificamente, a aparência de boca aberta relaxada, na qual os
cantos dos lábios ficam esticados e a boca aberta, é vista em várias espécies primatas e é usada como
indicador de disposição para desempenhar (De Marco et al., 2008 Preuschoft & van Hooff, 1997; van
Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi et al., 2006; Waller & Dunbar, 2005) e, em macacos Tonkin
(Preuschoft & van Hooff, 1997), macacos-prego (De Marco et al., 2008), e chimpanzés (Waller &
Dunbar, 2005), comportamento gregário.
A exibição silenciosa de dentes, que também é associada a comportamento de submissão/ resignação, é
usada com a iniciação do contato e outro comportamento gregário e é indicada pelos cantos da boca sendo
empurrados para mostrar os dentes de cima e de baixo em posição fechada (De Marco et al., 2008
Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi et al., 2006; Waller & Dunbar,
2005).
Felicidade/tranquilidade Nas aparências humanas de felicidade/reafirmação, gestos não ameaçadores se combinam com ações
faciais de reafirmação como sorrisos e elevação de sobrancelhas (Eibl-Eibesfeldt, 1989; Kleinke, 1986).
Esses comportamentos seguem o padrão geral com primatas. Uma face sorridente pode induzir uma
expressão similar e humor correspondente no observador e aliviar o impulso de fugir. Assim, um sorriso
pode agir para neutralizar a agressão e funcionar como um cumprimento eficaz. Morris (1977) observou
que o reconhecimento humano de resposta consiste em um sorriso, um “flash” de sobrancelha (com
duração de cerca de um sexto de segundo), inclinação da cabeça, saudação, aceno, e abraço intencional.
Os três primeiros são quase sempre presentes e ocorrem simultaneamente, enquanto os três últimos são
mais variáveis entre as situações e culturas. Eibl-Eibesfeldt (1979) identificou características salientes em
aparência de cumprimentos como contato inicial olho, seguido pelo movimento de cabeça e “flash” de
sobrancelha, seguido por um ou mais acenos com a cabeça. O sorriso é frequente, mas não sempre
presente. O “flash” de sobrancelha comunica concordância em vários contextos, incluindo concordância
para o contato social. Grammer, Shiefenhovel, Schleidt, Lorenz, e Eibl-Eibesfeldt, (1988) descreveram
sorrisos como uma ferramenta de “marcação social” usada para enfatizar o significado de outros sinais,
faciais, gestuais e verbais. A natureza do cumprimento visual é consistente com o princípio de Darwin
(1998/1872, Capítulo 2) de antítese, sendo a aparência de saudação o oposto do comportamento
agonístico, raivoso/ameaçador.
A boca é um indicador importante de intenção filiativa, por meio da aparência de felicidade/reafirmação
do sorriso. Entretanto, há muitos diferentes tipos de sorriso que podem ser distinguidos por movimentos
de boca variáveis (Brannigan & Humphries, 1972), ou pela coativação da órbita ocular, um conjunto de
músculos que circundam o olho e produzem a elevação das bochechas e rugas de pés -de-galinha quando
estimulados (Duchenne de Boulogne, 1862; Ekman & Friesen, 1982). Outra aparência afiliativa que
envolve a boca é a boca aberta relaxada, que é principalmente observada em interações recreativas e
promove relações filiativas (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003; Waller &
Dunbar, 2005). A co-ocorrência da boca aberta relaxada e a exibição silenciosa de dentes alinhados
(evidente durante a risada) é particulamente saliente em relações igualitárias em que esses
comportamentos funcionam para fortalecer laços sociais. Em complemento, pesquisa recente sugere que
diferentes tipos de sorriso têm diferentes funções em interações sociais (Mehu & Dunbar, 2008a), em que
sorrisos baseados em emoções podem funcionar para regular relações cooperativas por meio do anúncio
de intenções altruístas (Brown, Palameta, & Moore, 2003, Mehu et al., 2007; Mehu, Little & Dunbar
2007). Essa emancipação funcional da exibição silenciosa de dentes pode ser interpretada como resultado
de pressões seletivas impostas por uma organização social cada vez mais complexa (Parr, Waller, &
Fugate, 2005; Preuschoft & van Hooff, 1997).
Relações hierárquicas baseiam-se na capacidade de assinalar a posição social de alguém na hierarquia e,
portanto, evitar conflitos potencialmente danosos. Neste caso, é importante ter sinais explícitos de poder e
submissão distintos de sinais de filiação e cooperação. Em relações igualitárias, a necessidade de sinais
distintos para poder, submissão e filiação é consideravelmente menor porque recompensas dependem
muito de esforço colaborativo, portanto, da força do vínculo social. Isso explica por que sorriso e o riso
são usados alternadamente em relações igualitárias, enquanto que ambas as expressões são usadas
separadamente em contextos hierárquicos (Mehu & Dunbar, 2008b; Preuschoft & van Hooff, 1997).
Tristeza/condescendência
A tristeza tem sido interpretada para servir a função de um comportamento condescendente que acalma
um agressor, reduzindo ainda mais o risco de ataque futuro e permitindo que o indivíduo vencido a
permanecer no grupo. A função anterior foi associada à angústia da separação em crianças por Plutchik
(1980, pp. 322–326; v. também Darwin, 1998/1872, Capítulo 6). A hipótese da condescendência, de Price
e Sloman (1987), interpreta que o comportamento individual triste como a segurança de que o adversário
é incapaz de “se vingar” e que, portanto, merece cuidado e preocupação.6 Com raras exceções, demonstrar
tristeza é um comportamento inaceitável por nossos líderes. Por exemplo, o Senador Edmund Muskie,
candidato líder pelo Partido Democrata à eleição presidencial, viu sua campanha perder o trilho ao ser
visto chorando em resposta a um ataque de sua esposa. Por outro lado, a aparente tristeza do Presidente
Gorge W. Bush ao longo da vigília dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 foram vistas como
adequadamente empatia. Descrições de tristeza são muito concordantes. Além dos cantos de boca
apontados para baixo, a cara triste tem como característica a parte interna das sobrancelhas se levantando
e se juntando, formando uma ruga em forma de “U” invertido no centro da testa. Os olhos se destacam
pela pálpebra superior interna delineada e com a pálpebra inferior aparecendo levantada (Darwin,
1998/1872, pp. 177–178; Ekman & Friesen, 2003, p. 117). Darwin considerava as sobrancelhas e as
linhas horizontais da testa como os maiores sinais de tristeza ou pesar, chamando os músculos
responsáveis de “músculos do pesar” (1998/1872, p. 179) e concluiu, por evidências de estudos que
cruzavam diferentes culturas, que esta última configuração era universal.
Enquanto a tristeza é relativamente bem reconhecida em diferentes culturas, a precisão proporcionada a
pesquisadores pela medição eletromiográfica da atividade muscular permite uma análise mais rigorosa da
expressividade emocional do que as expressões visíveis. Notavelmente, no caso da
tristeza/condescendência o músculo corrugador do supercílio, que se põe lateralmente acima e em cada
lado do nariz, é geralmente associado a expressões de tristeza, pesar, sofrimento e é certamente ativado
pelo humor depressivo.
EXPRESSÕES FACIAIS AGONÍSTICAS
Comparações entre primatas
Características comuns da raiva-ameaça apresentadas em primatas não humanos, a cara de ameaça boca-
aberta, foram categorizados por van Hooff (1969) e incluíam o olhar em direção fixa (diretamente ou
desviando dos outros) e boca tensa, com sobrancelhas abaixadas em macacos. Em geral, o
comportamento agonístisco é marcado por tens ão corporal maior do que em estado de felicidade-
reafirmação. Na aparência de raiva-ameaça, primatas dominantes pendem a cabeça adiante, completando
a transição para o ataque com movimentos bruscos ou repentinos. Essas aparências tendiam a ser usadas
instrumentalmente em conjunção com comportamento agonístico contra membros de posição mais baixa
para provocar manifestações submissas (Visalberghi, Valenzano, & Preuschoft, 2006), embora em
macacos-prego a cara de ameaça boca-aberta seja frequentemente encontrada com a mesma resposta (De
Marco, Petit, & Visalberghi, 2008). Todavia, essa aparência não é encontrada com comportamentos
brincalhões ou afiliativos (De Marco et al., 2008; Visalberghiet al., 2006).
Expressões identificadas unicamente com submissão incluem olhar desviado, cabeça orientada afastada
do dominante e pálpebras fechadas (Marler, 1965, p. 571). Características comuns dos primatas com
expressão de medo-submissão, a aparência de dentes alinhados silenciosos, incluem, como discutido
acima, boca aberta, lábios retraídos verticalmente para expor a maior parte dos dentes, e cantos da boca
completamente retraídos (De Marco et al., 2008; Preuschoft 1992; Visalberghi et al., 2006). Essa
aparência é flexível, sendo vista usada para indicar condescendência em Rhesus e macacos de rabo longo,
macacos-cinomolgo, macacos-de-gibraltar, macacos Tonkin, chimpanzés e humanos (Preushoft & van
Hooff, 1997); entretanto, essa expressão é dependente de context, não sendo associada a comportamento
submissivo ou em resposta a agressão em “tufted macaques” (De Marco et al., 2008) ou macacos-preto
(Visalberghi et al., 2006). Especificamente, como postulado por van Hooff e Preuschoft, a intenção dessa
expressão é flexível, com base no contexto social, neste caso o quanto as espécies ou a convivência social
são igualitárias ou hierárquicas (Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003).
Raiva/Ameaça Em humanos, raiva/ameaça é uma aparência emocional relativamente não ambígua e imediatamente
decodificada, como enfatizado pela descrição de Ekman da expressão de raiva sobrancelha -baixa (v. Box
10.1) aplicada em diferentes culturas humanas (Ekman, Friesen, & Ellsworth, 1972). Com base em
extensas observações transculturais , Eibl-Eibesfeldt (1989, pp. 370–371) descreveu a aparência humana
de ameaça como um olhar fixo acompanhado por sinais de confiança, com as sobrancelhas levantadas ou
abaixadas. A literatura psicológica sustenta a visão de que os olhares se tornam especialmente
ameaçadores quando acompanhados por dinâmicas associadas com sorrisos ou atratividade física
(Kleinke, 1986). Psicólogos sociais documentaram vastamente como indivíduos dominantes encaram
mais que outros em situações competitivas (Dovidio & Ellyson, 1985; Exline, Ellyson, & Long, 1975).
O olhar é mais ameaçador, medido em níveis de excitação, quando os olhos estão em plano horizontal.
Assim, um olhar horizontal de olhos arregalados é característico de ameaça e parece projetar raiva
(Morris, 1967, pp. 162–163). Em complemento a (e certamente por causa de) comunicar ameaça,
comportamentos agressivos atraem atenção. Indivíduos dominantes são mais adeptos e desfrutam de mais
liberdade para realizar gestos e táticas agressivo como um meio de marcar o território. E dominância, uma
vez alcançada, é centro das atenções por si mesma. Atratividade visual sinaliza poder social de tal forma
que quanto maior a quantidade da atenção visual dado a um indivíduo, menor o estatuto do observador
em relação ao foco de atenção (Hold-Cavell, 1992). Da mesma forma, experimentos descobriram que os
indivíduos dominantes olham mais para seu público ou interlocutor enquanto fala, mas menos quando
ouvem indivíduos com status menor (Dovidio & Ellyson 1985;. Exline et al, 1975).
Medo/Submissão
De uma perspectiva evolucionista, de encontros entre estranhos geralmente surgem sinais de medo-
submissão desde que humanos são adaptados a grupos pequenos, íntimos. Essa regra é sustentada por
evidências fisiológicas que indicam o aumento da ansiedade nos participantes abordados por estranhos
(McBride, King, & James, 1965). Um estudo de observação verificou que em mais de 90% das interações
observadas entre estranhos, indivíduos apresentaram combinações de evitar olhares, comprimir lábios e
morder lábios; mostrar a língua e encostar a língua na bochecha; manipulações mão -no-rosto, mão-na-
mão e mão-no-corpo; e posturas envolvendo flexão e abdução dos membros superiores (Givens 1981, p.
222). Estas "atividades de deslocamento" auto-dirigidas servem como medidas comportamentais de
estresse social em seres humanos e primatas não-humanos (Troisi, 2002).
A descrição de Ekman para os sinais faciais de medo tem as pálpebras em configuração similar à
expressão de raiva, deixando a combinação de sobrancelhas levantadas e a boca horizontalmente esticada
como a característica mais distintiva das expressões faciais de medo (Ekman & Friesen, 2003). Diversas
configurações de boca são consistentes com a descrição de Ekman de lábios horizontalmente esticados.
Por exemplo, a aparência da boca comprimida associada com ansiedade em interações com estranhos e
outras interações sociais desagradáveis (Givens, 1981; Grant, 1969; Smith, Chase, &Lieblich, 1974; Stern
& Bender, 1974). E sorrisos, como mencionado anteriormente, podem expressar condescendência (Eibl-
Eibesfeldt, 1989, pp. 466–467; Ekman, Friesen, & Ancoli, 1980; Ekman, Friesen, & O’Sullivan 1988;
Mehu & Dunbar, 2008b; Waller & Dunbar, 2005).
Dado que expressões submissivas ou amedrontadas envolvem a sobrancelha abaixada similar a
expressões de raiva, embora com uma aparência enrugada, sinais complementares de orientação da
cabeça e do olhar dão importantes pistas do contexto. Em contraste com a raiva, o queixo é reduzido e é
evitado o olhar, como pode ser visto com crianças em diferentes culturas (Konner, 1972; McGrew, 1972;
Stern & Bender, 1974). A aversão do olhar pode ser usada para diminuir o estresse. De fato, pesquisa
ligou excitação aumentada com olhar de estranhos em situações ameaçadoras (Kleinke, 1986). Enquanto
o olhar contínuo é antipático, aqueles que evitam o olhar durante a conversação são julgados como
defensivos, evasivos, nervosos ou com falta de confiança (Kraut & Poe, 1980).
RESPOSTAS DE ESPECTADORES A EXPRESSÕES NÃO VERBAIS DE LÍDERES
Estudos investigando o comportamento aparente não verbal de líderes políticos utilizaram estas e outras
categorias de expressões em análises de conteúdo longitudinais de campanhas eleitorais, assim como
pesquisa experimental que segue subsidiando nosso entendimento de política e liderança. Ao longo do
tempo, métodos e medidas de investigação ficaram mais sofisticados e atingiram mais validade
(ecological validity).Especificamente, pesquisas feitas desde meados da década de 1980 apresentaram-se
com mais validade externa em termos de estímulos empregados, mais experiente na medição de respostas
do espectador e mais consciente da necessidade de testar uma grande variedade de participantes. A seção
seguinte repassa estudos realizados e publicados ao longo do último quarto de século que tratam de
reações do espectador a expressões não-verbais de líderes. Dá-se atenção à forma como o estímulo da
face é apresentado em pesquisa experimental, como as variáveis dependentes são medidas, e quem são os
participantes do estudo experimental (ver Tabela 10.1).
Como pontuado por Masters et al. (1986, p. 323), pesquisas a respeito do comportamento da express ão
facial leva a três diferentes questões: (1) se o ator realmente sente a emoção que apresenta – em outras
palavras, se a aparência é genuína; (2) o quanto observadores atribuem intenções ao ator em termos de
como pretende atuar; (3) o quanto as expressões realmente apresentam reações emocionais em
observadores. Enquanto a primeira questão só pode ser inferida, dado que políticos certamente
dominaram a arte de mascarar seu estado interior enquanto apresentam expressões socialmente
apropriadas, as duas últimas podem ser empiricamente investigadas por meio de pesquisa experimental.
Por consequência, o estudo do comportamento das expressões faciais não se limita apenas à avaliação do
estado emocional do ator (Fridlund, 1994, 1997), mas também trata da dinâmica social de comunicação
que pode ocorrer com ou sem percepção consciente por parte do observador.
TABELA 10.1 – Aparências emocionais no contexto da classificação
COMPORTAMENTO E FISIOLOGIA
Agonístico (competitivo) Gregário (não competitivo)
Classificação Dominante Raiva - ameaça Felicidade - confiança Submisso Medio - submissão Tristeza - resignação
Fonte: Modificado de Masters et al. (1986) com a adição de tristeza / resignação. De Salter, 1995, p. 144.
O Rosto como Estímulo Experimental
A análise de influência de expressões não verbais de líderes em espectadores pode ser agrupada em duas
categorias. O primeiro agrupamento considera a influência do comportamento não verbal de candidato
presidencial durante debates televisionados .7 A análise de Exline (1985) de sinais não verbais enfáticos do
Presidente Gerald Ford e do governador Jimmy Carter em seu primeiro debate de 1976 e o estudo de
Paterson et al. (1992) sobre o segundo debate Reagan-Mondale verificaram que movimentos que refletem
tensão ou estresse afetam o quanto os candidatos são favoravelmente avaliados em se us respectivos
debates. Esses indicadores não verbais de estresse incluíam piscadas de olhos, deslocamento e direção do
olhar, fala desajeitada, acenos de cabeça, inclinação corporal e gestos com as mãos, além de gestos
afetivos, como movimentos de sobrancelha e sorrisos e demonstraram-se como tendo uma influência
sobre as percepções dos participantes sobre os candidatos presidenciais.
A segunda abordagem, usada pelo Grupo de Dartmouth e pesquisadores subsequentes, olha a abordagem
apresentada acima, com orientação mais teórica, com estudos interculturais, de desenvolvimento e
interespécies para a derivação de três expressões faciais prototípicas: felicidade/tranquilidade,
raiva/ameaça e medo /evasão, bem como uma expressão neutra, como ponto de referência. Enquanto os
primeiros estudos realizados sobre o tema focavam na influência das expressões prototípicas (Masters &
Sullivan, 1989; McHugo et al., 1985; Sullivan & Masters, 1988), os realizados posteriormente
consideravam intensidade e valência do comportamento das expressões (Bucy, 2000; Bucy & Bradley,
2004; Bucy & Newhagen, 1999; McHugo, Lanzetta, & Bush, 1991), e passaram do foco exclusivo nas
expressões do líder ao estado de expressões faciais em relação a contextos específicos de notícias,
particularmente notícias sobre crises nacionais (Bucy, 2000, 2003; Bucy & Bradley, 2004; Bucy &
Newhagen, 1999; Sullivan & Masters, 1994), dando à pesquisa experimental maior validade externa.
A seleção de estímulos de tratamento, de noticiários noturnos e outras fontes acessíveis publicamente,
pode ser vista como contribuição para a validade externa desses estudos. Figuras políticas nacionalmente
conhecidas representam estímulos altamente destacáveis, devido à sua visibilidade pública e à capacidade
destas figuras, uma vez no poder, de influenciar a resultados políticos por meio de sua liderança.
Como observado por Masters (1989a), o contexto é importante para a interpretação e para o poder dos
estímulos.
Os políticos apresentados em uma situação de concorrência, como em um debate, são vistos de forma
diferente do que quando sozinhos. Da mesma forma, políticos que não ocupam cargos públicos no
momento terão menos relevância para o espectador do que aqueles atualmente em exercício e exercendo
influência (Way & Mestres, 1996a, 1996b).
Com a exceção das sequências de 9 e 10 minutos dos debates presidenciais de Exline (1985), a duração de
tratamentos experimentais sobre a dinâmica de expressões faciais geralmente dura entre 30 e 75
segundos. O mapeamento da prevalência e influência de sinais não verbais apresentados em notícias leva
em consideração um entendimento explícito da estrutura das notícias de televisão e como elas são
apresentadas (v. Grabe & Bucy, 2009). Além das expressões dos candidatos, a influência das express ões
do/a apresentador/a foi estudada. Trabalhos iniciais de Friedman e outros examinaram a “tendência”
percebida nas expressões faciais do/a apresentador/a de notícias da rede a respeito dos candidatos
presidenciais Gerald Ford e Jimmy Carter durante as eleições de 1976. De cinco âncoras de redes
analisados, um (John Chancellor) mostrou mais positividade facial de julgamento de Gerald Ford e três
(Walter Cronkite, David Brinkley, and Harry Reasoner) para Jimmy Carter. A quinta âncora (Barbara
Walters) não apresentou diferenças significativas.
Com apenas um/a âncora exibindo maior positividade quando o conteúdo verbal das notícias era
considerado (a favor de Ford), a “tendência” da mídia pode ser percebida mais precisamente na
expressividade facial de apresentadores/as do que no conteúdo semântico de suas narrativas (Friedman,
DiMatteo, & Mertz, 1980; Friedman, Mertz, & DiMatteo, 1980). Trabalho subsequente de Mullen e
outros verificou que expressões de apresentadores/as podem ter desempenhado um papel no
comportamento de definição de voto, com o âncora da rede ABC, Peter Jennings, exibindo forte viés a
favor de Ronald Reagan em relação a Walter Mondale em seu comportamento facial quando
apresentando o noticiário.
Quando realizaram uma enquete (survey) telefônica em quatro diferentes mercados de mídia, havia uma
diferença significativa de padrões de votos entre os entrevistados que assistiam ABC, com maior
inclinação a votar em Reagan (Mullen et al., 1986).
Um resultado interessante dessa pesquisa é que o efeito da expressão do líder pode ser modificado via um
efeito visual primário que precede imediatamente o estímulo evidenciado. A sensibilidade do espectador a
sinais emocionalmente relevantes e sutis, se não subliminares 8 de 33 milissegundos antes de ver múltiplas
figuras políticas foi documentada em estudos experimentais por Way e Masters (1996a, 1996b), que
verificaram que esses breves estímulos apenas afetavam participantes quando vendo o Presidente
democrata Bill Clinton comparado com democratas menos proeminentes (Earnest Hollings, Reubin
Askew, e Walter Mondale), sugerindo maiores níveis de potencial de atenção a líderes. Um estudo sobre
“microexpressões” de emoção no rosto do presidente George H. W. Bush durante seu discurso de 1991 ao
público americano, declarando sua intenção de atacar o Iraque em resposta à invasão do Kwait, verificou
que diversas expressões faciais inapropriadas de menos de 1 segundo cada levaram a respostas
emocionais desconfiadas em espectadores, reforçando a sensibilidade de espectadores a pequenas fatias
de comportamento não verbal problemático por líderes em tempos de crise (Stewart, Waller, & Schubert,
2009).
Medidas
Enquanto a maioria dos estudos em ambos os grupos utilizou itens de “autodeclaração” (self-report) e
escalas para avaliar efeitos experimentais, o uso de medidas psicofisiológicas e latência de resposta
também foi visto em vários dos estudos considerados neste estudo, indicando a importância do uso de
métodos múltiplos para mensurar as reações de espectadores. Medidas complementares permitem que
pesquisadores confirmem padrões de reação a partir de vários pontos de vista, quer para determinar o
valor do sinal ou o significado das expressões do líder tal qual percebido pelos observadores ou reações
cognitivas, emocionais fisiológicas de observadores face ao comportamento da aparência de políticos
(Mestrado et al., 1986). Os estudos também examinaram avaliações de espectadores de políticos de forma
mais geral, normalmente na forma de termômetros de sentimento, e empregaram avaliações de traço,
incluindo medidas de competência, honestidade, confiabilidade, atratividade, capacidade de liderança e
simpatia, entre outros. Através do uso de múltiplas medidas, os pesquisadores podem contornar
preocupações sobre a validade e credibilidade de suas métricas.
Avaliação de Políticos
Quando avaliação de espectadores, tanto no que diz respeito a classificações afetivas e atribuições de
traço, foram sujeitas a análise fatorial, dois fatores teoricamente congruentes porém distintos emergem:
confiança e dominação. Em um estudo transcultural da comparação de reações a líderes nos Estados
Unidos (Ronald Reagan) e França (Jacques Chirac e Laurent Fabius), o primeiro fator extraído foi
confiança, com cargas negativas para os termos emocionais consolo e alegria, e cargas positivas para
raiva e nojo (Masters & Sullivan, 1989). O segundo fator, dominação, apareceu igualmente para todos os
três políticos, com cargas positivas para a força e interesse, e cargas negativas para confusão e medo.9
Uma aplicação de estudo nos Estados Unidos (Sullivan & Mestres, 1994) verificou tranquilidade
associada a cargas positivas para caloroso, competente, inspirador e moral, e carga negativa para evas ão.
Da mesma forma, no estudo realizado apenas nos Estados Unidos, atribuições a traços de confiança e
agressividade indicou a constatação de um fator de dominação.
Reação Emocional
A autodeclaração de reações emocionais para expressões faciais de líderes foi vastamente utilizada pelo
Grupo de Dartmouth em seus es tudos, refletindo uma valorização do papel da emoção no processo de
tomada de decisão.10 Enquanto muitos estudos consideram medidas únicas de emoção (Bucy, 2000, 2003;
McHugo et al., 1985; Stewart et al., 2009) ou listam variáveis com base em raciocínios teóricos (Bucy &
Bradley, 2004; Masters, 1994; McHugo et al., 1991; Sullivan & Masters, 1988; Warnecke, Masters, &
Kempter, 1992; Way & Masters, 1996a, 1996b), quando são realizadas análises fatoriais de medidas
múltiplas de emoção, dois fatores geralmente são constatados. Esses dois fatores reproduzem o mapa
circular (circumplex model) de emoções visto na pesquisa de opinião nacional (Abelson et al., 1982;
Marcus, Neuman, & MacKuen, 2000), de onde se extraem duas dimensões ortogonais de afeto. Esses dois
fatores têm sido descritos como valência de emoção e excitação (Bucy, 2000), abordagem
comportamental e inibição comportamental (Gray, 1987), ou, como descrito na literatura de psicologia
política, como o entusiasmo e ansiedade, o que representa a disposição emocional e os sistemas de
vigilância (Marcus et al., 2000). Na literatura etológica, essas dimensões são rotuladas como estilos de
comportamento hedonístico e agonístico, respectivamente, e tem sido usadas como abrangências
temáticas para agrupar sinais emocionais específicos (Mestrado et al., 1986, p. 322). Quando estudados
por análise fatorial, os dois fatores são constatados em reação direta às expressões emocionais de líderes
(Lanzetta et al., 1985; Masters & Sullivan, 1989) ou a partir de reflexos da experiência emocional nos
dias após tratamento experimental (Masters & Carlotti, 1994; Sullivan & Mestres, 1994).
Reações psicofisiológicas foram selecionadas em um certo número de estudos e proporcionaram
resultados não apenas sobre a própria reação, mas também sobre o processo pelo qual os participantes
avaliam os políticos. Especificamente, em três estudos aqui analisados (Bucy & Bradley 2004;. McHugo
et al, 1991, 1985), condutividade da pele, frequência cardíaca e eletromiografia (EMG) facial foram
medidas utilizadas para avaliar a reação de participante a expressões do líder. Nesta pesquisa, a
condutividade da pele é usada como um indicador de excitação, frequência cardíaca como um indicador
de atenção do espectador, e EMG facial como um indicador de valência emocional. A condutividade da
pele aumentava em reações a aparências de raiva / ameaça (McHugo et al., 1985) e a partir da visão de
expressões inadequadas do líder (Bucy & Bradley, 2004). A frequência cardíaca, em um estudo inicial,
aumentava como resultado tanto de expressões agonísticas de raiva/ameaça e medo/evasão, especialmente
quando comparada com felicidade/tranquilidade (McHugo et al., 1985). Bucy e Bradley (2004)
verificaram que a frequência cardiac inicialmente diminuía (sinalizando foco de atenção) diante da
exposição a aparências de alta de intensidade do Presidente Clinton após imagens de notícias negativas,
indicando atenção aumentada a expressões agonísticas do presidente.
Com uma eletromiografia facial, eletrodos colocados sobre os músculos corrugadores são usados para
medir franzimento da testa ou sentimento negativo, enquanto a gravação a atividade do músculo
zigomático, que é o envolvido no sorriso, é usada para medir o sorriso ou afeição positiva. Ambos tem
sido usados com sucesso para medir a reação facial, seja de empatia ou anti-empatia, em resposta à
aparência de políticos (Bucy & Bradley, 2004; McHugo et al, 1991, 1985). Por outro lado, o músculo
orbicular da boca (músculo obicularis oris), que controla a abertura da boca (isto é, os lábios) não
mostrou efeitos significativos no único estudo em que foi utilizado. Neste estudo, os autores concluíram
que a reação de participantes aos estímulos experimentais foi principalmente afetiva, ao passo que o
obicularis oris poderia indicar a profundidade de processamento de informação (isto é, a resposta
cognitiva) através de elementos subvocais (McHugo et al., 1991, pp. 32-33).
Bucy e outros usaram um pouco mais das novas abordagens para analisar o processamento de
informações e experiência emocional. Bucy e Newhagen (1999) observaram a elaboração do pensamento
a partir da solicitação a participantes para que escrevessem seus pensamentos depois de cada estímulo, de
notícia mostrando expressão de líder, e então analisaram o conteúdo das resp ostas dos espectadores por
número de pensamentos e tipo de avaliação feita. Eles também empregaram latência de reconhecimento
para medir a profundidade do processamento, medido por quão rapidamente os participantes
identificavam os curtos pedaços de vídeo que viam como sendo do estímulo experimental ou material de
distração; finalmente, consideraram a fixação na memória de informações a partir das notícias, por meio
de questões de múltipla escolha para a identificação de informações em áudio em um questionário final.
Além do EMG facial e medidas psicofisiológicas relatados acima, Bucy e Bradley (2004) pediram aos
participantes para classificar sua experiência subjetiva emocional, usando a escala de Auto-Avaliação de
Manikim (SAM), que consiste de uma série de índices pictóricos em três dimensões emocionais de
valência (negativo-positivo), excitação (calma-animação) e dominância (no controle, fora do controle),
verificando aumento da excitação para imagens de notícias e aparência de líderes com alta intensidade e
negativas, e menor dominância para intensidades maiores tanto em notícias quanto na expressão de um
líder.
Participantes dos Experimentos
Não inesperadamente, a grande maioria dos estudos aqui considerados usaram estudantes de graduação
como participantes pesquisados. A confiança no estereótipo do aluno de segundo ano de faculdade foi
motivo de fortes críticas por ser um banco de dados muito pequeno. Notavelmente, Sears (1986)
argumentou que o retrato da natureza humana pode ser traçado como um resultado do uso de uma base de
pesquisa predominantemente de estudantes de graduação, que é mais tendente a ser socialmente
condescendente, especialmente com figuras de autoridade, e que é mais provável que sejam espontâneos
em seus atos, devido à falta de autoconhecimento. Ao mesmo tempo, Sears observou que o “uso de
sujeitos relativamente bem educados, selecionados por suas habilidades cognitivas superiores, junto com
os locais, procedimentos e atividades de pesquisa que promovem processamento de informações
desapaixonadas, com rigor acadêmico, deveriam produzir evidências que retratassem os seres humanos
como dominados por processos cognitivos, mais do que por fortes predisposições de julgamento ” (Sears,
1986, p. 526; v. também Stewart, 2008).
Interessantemente, isso pode dar mais crédito ao trabalho sobre comunicação não verbal aqui apresentado,
dado que o que foi verificado indica robustos resultados afetivos apesar do traço presumido sobre o
processamento cognitivo de estudantes de faculdade (Sears, 1986, p. 527). Apesar disso, os resultados
considerados aqui podem ser vistos com uma dúvida persistente sobre sua validade ecológica (isto é,
sua aproximação a situações da vida real) e sua generalidade. Especificamente, os estudos são
predominantemente preenchidos por amostras de alunos de graduação mediante conveniência ou
oportunidade, e tais amostras que, no caso do trabalho do Grupo de Dartmouth (no campus de elite Ivy
League) representam jovens estudiosos e com perfil de alto grau de sucesso. Em termos de interesse e
compreensão de informações políticas, bem como (às vezes) proximidade de eventos políticos,
particularmente durante as primárias de New Hampshire, tal amostra populacional pode não representar
totalmente a população em geral. Vale a pena notar, no entanto, que alguns pesquisadores têm
argumentado de forma convincente que o processamento de informações básicas e as reações emocionais,
particularmente processos registrados por medidas psicofisiológicas, podem não ser totalmente afetados
pelo conhecimento anterior (Lang, 1988). Em estudos posteriores, o problema da validade ecológica foi
levado em conta por pesquisas comprando reações de espectadores em diferentes culturas (Masters &
Sullivan, 1989), diferentes etnias nos Estados Unidos (Masters, 1994), e enquetes com participantes
adultos não estudantes (Bucy, 2000, exp. 1; Bucy, 2003; Bucy & Newhagen, 1999; Warnecke et al.,
1992). Enquanto populações adultas reforçam a validade externa dos resultados, a análise sistemática de
dados considerando os efeitos da influência do ciclo de vida ainda segue sem ser explorada.11
ORIENTAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Análises futuras do impacto do comportamento das expressões faciais de políticos necessariamente serão
influenciados pelo que foi feito antes, em termos de tratamento, medição e temas. Além disso, serão
afetados por avanços na tecnologia que permitem a replicação e o progresso na agenda de pesquisa
iniciada há quase 30 anos. No entanto, ao mesmo tempo, uma contínua valorização dos princípios
norteadores dos métodos e teoria etológicos evolutivos, isto é, as Quatro Questões de Tinbergen (1963),
irá guiar a geração e o teste de hipóteses. Abaixo consideramos os avanços tecnológicos e teóricos nos
últimos anos que provavelmente afetarão as futuras pesquisas em comunicação política a respeito do
comportamento de expressões faciais de personagens políticas.
Observação e medição
Uma das significativas lições aprendidas é a importância de juntar experimentação com observação para
compreender o comportamento de políticos e a cobertura noticiosa concomitante sobre eles. Compreender
como o comportamento facial influencia a visão de espectadores é um importante primeiro passo;
compreender como um político é apresentado ao público é ao mesmo tempo importante para
pesquisadores que esperam entender a influência da mídia na opinião pública. Alguns resultados de
pesquisas indicam que a cobertura de mídia sobre as expressões faciais varia tanto em termos de
frequência quanto tipo de expressão facial, dependendo de diferentes fases de campanha (Bucy & Grabe,
2008; Masters et al., 1987), do status do candidato (Bucy & Grabe, 2008; Masters et al., 1987; Masters,
Frey & Bente, 1991), e da cultura (Masters et al., 1991). Enquanto a análise de conteúdo da cobertura
noticiosa sobre candidates políticos tem sido realizada ao longo do tempo, tanto nas primárias simples das
eleções (Masters et al., 1987) e em eleições gerais múltiplas (Bucy & Grabe, 2008) e proporcionaram
extensas ideias para a cobertura midiática de processos eleitorais, poucas pesquisas consideraram como
indivíduos mudam em suas reações a expressões faciais de emoção de políticos ao longo de um extenso
período de tempo. Especificamente, com a exceção da comparação do Grupo de Dartmouth de
composição de grupos nas quais a fortuna de candidatos é mapeada em diferentes pontos ao longo da
temporada eleitoral por diferentes amostras de indivíduos (Sullivan & Masters, 1988 [eleição presidencial
de 1984]; Masters, 1994 [eleição presidencial de 1988]; Masters & Carlotti, 1994 [eleição presidencial de
1992]) e com sua composição de painel apontando temas para avaliar candidatos um dia depois (Sullivan
& Masters, 1994), há um potencial de mapear a reação emocional ou cognitiva de um indivíduo a um (ou
múltiplos) político por um período de tempo.
Uma das críticas que podem ter sido feitas a respeito da pesquisa do Grupo de Dartmouth e Bucy é a
confiança na interpretação dos padrões estereotipados de expressões faciais como raiva, medo, felicidade
e tristeza e o nível de precisão obtido pela codificação ao focar em movimentos de músculos faciais
específicos. Especificamente, o advento e a ascensão do Sistema de Codificação de Ação Facial (Facial
Action Coding System - FACS) (Box 10.1), um sistema baseado em observadores no qual 41 unidades de
ação facial (se excluídos movimentos de cabeça e olhos) são codificadas, proporcionou maior precisão na
codificação de expressões faciais. Enquanto o sistema faz uma distinção entre movimentos faciais
anatomicamente classificados e inferências a respeito do que significam, ele permite uma maior precisão
na descrição do comportamento facial e não compromete pesquisadores com nenhuma posição teórica. O
caráter relativamente exaustivo do FACS também permite a descrição de configurações faciais complexas
que resultam do efeito adicional de unidades de ação facial individuais (Cohn, Ambadar, & Ekman,
2007).
Enquanto a precisão do FACS de Ekman & Friesen (2003) não é questionada, sua análise quadro-a-
quadro não é bem aplicável para a atividade facial dinâmica (Nusseck, Cunningham, Wallraven, &
Bulthoff, 2008) e é proibitivo em termos de custo de tempo quando a codificação de segmentos de vídeo é
necessária. Como cada quadro relevante demanda uma média de 10 minutos para codificação, o
investimento de pesquisa pode saltar dos estimados 5 minutos de codificação não verbal por evento por
codificador para uma hora e meia por evento. Portanto, o ganho na precisão de codificação pode ser
superado de longe pelo custo em tempo e energia da investigação. No entanto, novos desenvolvimentos
em visão computadorizada permitem a extração automática de movimentos faciais com bons níveis de
precisão em um número de unidades de ação (Cohn & Kanade, 2007; Valstar & Pantic, 2006), que
promete simplificar o processo de investigação.
Experimentação
Um problema central a ser enfrentado por pesquisas futures diz respeito a como sinais não verbais
específicos são comunicados e processados. Especificamente, sinais dos olhos e da boca podem ser
comunicados como componentes separados no rosto, ou como uma configuração desses sinais. No último
caso, expressões faciais estereotipadas são vistas como leituras de estados emocionais básicos (alegria,
tristeza, raiva, medo, nojo, surpresa). Embora essas expressões possam ser mascaradas, modificadas por
meio de regras de expressão ou misturadas para expressar nuances de estados emocionais (Ekman &
Friesen, 2003), o principal ponto de partida é o que reflete o estado emocional central de um indivíduo.
Por outro lado, a intenção do comportamento de movimentos faciais pode se basear no contexto social
(Fridlund, 1994, 1997; Russell et al., 2003). Dado que se pode dizer que emoções refletem tendências de
comportamento (Frijda, 1986) e resultam de avaliações cognitivas de eventos externos (Scherer, 2001),
expressões emocionais poderiam ser usadas para prever um comportamento futuro numa situação
particular. Com essa abordagem, unidades de ação facial individual são vistas como reflexo do resultado
de pontos de avaliações cognitivas de um evento particular, por exemplo a relevância do evento para o
indivíduo ou a capacidade do indivíduo de lidar com aquele evento (Kaiser & Wehrle, 2001; Scherer,
2001; Scherer & Ellgring,2007). Em outras palavras, a influência do comportamento não verbal pode
ocorrer por meio do processamento de diferentes componentes do rosto, neste caso dos olhos e da boca.
Portanto, devido à natureza sutil da comunicação não verbal, em que sinais individuais podem indicar
intenções comportamentais, consideramos expressões não verbais da boca e dos olhos separadamente.
A Boca e os Olhos como Estímulos Separados
A boca é um indicador importante de intenção agremiativa por meio da aparência de
felicidade/tranquilidade do sorriso. Contudo, há muitos diferentes tipos de sorriso que se podem distinguir
por diversos graus de abertura de boca (Brannigan & Humphries, 1972) ou pela coativação do músculo
orbicularis occuli, um anel de músculos que circulam os olhos e produzem a elevação das bochechas e
rugas de pés de galinha quando estimulado (Duchenne de Boulogne, 1862; Ekman & Friesen, 1982).
Outra expressão afiliativa que envolve a boca é a aparência da boca aberta, que é principalmente
observada em interações recreativas e promove relações agremiativas (Preushoft & van
Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003; Waller & Dunbar, 2005). A co-ocorrência da boca aberta
relaxada e a exibição silenciosa de dentes alinhados (evidente na express ão do sorriso) é particularmente
notável em relações igualitárias em que esses comportamentos funcionam para fortalecer os laços sociais.
A ideia de que diferentes tipos de sorrisos tem diferentes funções sociais foi formalizada na hipótese do
poder assimétrico (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003), que sugere que relações
fortemente hierarquizadas revelam diferentes padrões de expressões faciais do que os encontrados em
relações mais igualitárias. Especificamente, a hipótese de assimetria de poder propôs que o padrão de
ocorrência desses diferentes tipos de expressões agremiativas dependerá do tipo de relação de poder entre
os interagentes. Essa hipótese encontrou suporte em recente pesquisa que mostrou que homens exibiam
taxas desproporcionalmente maiores de sorrisos deliberados em comparação com risada quando
interagindo com indivíduos mais velhos e presumivelmente de maior status. Esse efeito não foi
encontrado para sorrisos espontâneos, indicando que diferentes tipos de sorrisos poderiam ser relevante
em contextos hierárquicos e outros tipos de sorrisos para contextos afiliativo s (Mehu & Dunbar, 2008a).
A extensão do significado associada com a elevação do canto do lábio é a provável razão pela qual os
enquadramentos de etologia política de Masters (1989a) e Salter (1995) indicam essa expressão tanto em
categorias de medo/submissão quanto de felicidade/tranquilidade. Veja a tabela 10.2 para um esboço do
critério para classificação de expressões faciais.
Os Olhos
Pesquisas relacionadas ao processamento do comportamento de expressão facial sugere que enquanto a
boca desempenha um importante papel, especialmente quando indicando felicidade / confiança (Nusseck
et al., 2008; Smith et al., 2007), a boca não desempenha um papel tão importante na identificação de
estados mentais complexos centrais, como fazem os olhos (Adolphs et al, 2005;. Ambadar, Schooler, &
Cohn, 2005; Baron-Cohen, Wheelwright, & Joliffe, 1997; Nusseck et al., 2008; Smith et al., 2007). Desde
o nascimento, mamíferos sociais tendem a centrar a sua atenção sobre os olhos (Adolphs et al, 2005;
Goossens et al, 2008). As expressões de olhos arregalados de medo e surpresa, nas quais os brancos do
olho são acentuados, são processadas pré-cognitivamente através da amígdala (Whalen et al., 2004).
Além disso, a direção do olhar, especialmente com expressões de raiva/ameaças e medo/submissão, pode
alterar a resposta amígdala, como uma maior ambiguidade no olhar pode levar à percepção de uma
potencial ameaça, com consequente aumento da resposta fisiológica e emocional e concomitantes
esforços com foco cognitivos na reação (Adams et al, 2003;.. Goossens et al, 2008).
TABELA 10.2 - Critérios para Categorizar Expressões Faciais
Raiva - ameaça Medo - submissão Felicidade - confiança Tristeza - resignação
Sobrancelhas Abaixadas Abaixadas e franzidas Levantadas Cantos internos levantados
Pálpebras Bem abertas De cima levantadas, de baixo apertadas
Bem abertas, normais ou levemente fechadas
De baixo levantadas
Direção do olhar Encarando Desviada Focada, depois cortada Desviada
Cantos da boca Expandidos ou
abaixados
Retraídos ou normais Retraídos ou
levantados
Abaixados
Exibição de dentes Baixa Variável ou nenhuma Os de cima ou ambas
as arcadas
Variável ou nenhuma
Movimento de cabeça: lateral
Nenhum Lado a lado Lado a lado Afastando do interlocutor
Movimento de cabeça: vertical
Nenhum Cima-baixo Baixo para cima Para baixo
Direção da cabeça em relação ao corpo
À frente do tronco Para baixo na vertical Normal em relação ao tronco
Virada para baixo
Direção da cabeça: ângulo em relação à vertical
Abaixada Abaixada Levantada Abaixada
Fonte: Modificado de Masters et al. (1986) com a adição de tristeza – resignação de Salter (2007/1995).
Atratividade Facial
É importante advertir que é provável que as características individuais dos políticos utilizados como
estímulos influenciem reações individuais. Embora todo político deva ter um mínimo de carisma para ser
bem sucedido, alguns políticos são mais carismático do que outros. Indiscutivelmente, Ronald Reagan,
base da maioria dos estímulos para a pesquisa do grupo Dartmouth, tem sido um dos presidentes mais
“telegênicos” (televisivos e fotogênicos) da história dos EUA, devido em grande parte à sua vasta
formação e experiência como ator. Da mesma forma, Bill Clinton exibiu (e ainda exibe) um grande
carisma público (e privado), enquanto dono de um nível de atratividade física (Keating, Randall, &
Kendrick, 1999) que aumentava sua capacidade de se comunicar com o público. Por outro lado, tanto o
Grupo de Dartmouth (Sullivan & Masters, 1988) e Patterson et al. (1992) notaram que, em comparação
com Ronald Reagan, o candidato presidencial democrata de 1984 Walter Mondale foi avaliado deficient
tanto em expressividade quanto em atratividade, fatores que provavelmente tiveram não pouca
importância em sua derrota.
Com o Presidente Clinton, assim como outros candidatos políticos, o rosto é visto como reflexo de
caráter, uma síntese do que eles fizeram e provavelmente vão fazer. Portanto, a escolha de um líder pode
ser resultado do encaixe do modelo do que parece ser um candidato de sucesso – em outras palavras, eles
podem ser simplesmente mais atraentes, dominantes e com aparência saudável do que outros
candidatos.12 Pesquisas considerando a influência da atratividade do rosto no sucesso eleitoral indica
automatividade na escolha daqueles que seriam nossos líderes. Todorov e colegas verificaram que mesmo
com apenas um segundo para avaliar os rostos de candidatos, sujeitos são capazes de prever os
vencedores das eleições para o congresso dos Estados Unidos com um grande nível de precisão (Todorov,
Mandisodza, Goren, & Hall, 2005). Benjamin e Shapiro (2009) da mesma maneira encontraram suporte
para isso em nível estadual, dado que a avaliação de participantes desavisados de videoclipes de 10
segundos contabilizou 20% de variação nas previsões eleitorais para governador.
Estes resultados foram encontrados em diferentes culturas. A pesquisa de James Schubert encontrou
resultado transcultural a respeito do papel da atratividade facial, ao procurar saber se um candidato era
considerado viável ou não, enquanto a atratividade facial se correlacionava fortemente com as taxas de
elegibilidade nos resultados da eleição romena de 1996 (Schubert, Curran, e Strungaru, 1998). Também
Antonakis e Dalgas (2009) verificaram que crianças suíças pareciam utilizar sinais semelh antes para
julgar competência a partir da aparência facial ao escolher vencedores para a eleição parlamentar francesa
em 2002, indicando não apenas efeitos transculturais (embora de nações vizinhas), mas também um grau
de invariabilidade de idade.
Little et al. (2007) verificaram não só que a aparência facial estava fortemente relacionada a vitória em
eleições em quatro países (Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos), mas também que há
preferências por diferentes rostos com base no contexto ambiental. Especificamente, rostos com
características masculinas são favorecidas em tempos de guerra, enquanto características mais indulgentes
e femininas são preferidas em tempos de paz. Traços percebidos no rosto podem refletir dimensões de
confiança e dominância quando vistos em expressões faciais. Em sua análise de fator de atribuições de
traço em 66 rostos naturais e 200 rostos gerados por computador, Todorov, Said, Engell e
Oosterhof (2008) encontraram uma solução de dois fatores, com dimensões que sugerem um potencial de
interação de qualidades de traços e comportamento do humor. Como afirmado por Todorov et al., “
As stated by Todorov et al., “semelhança sutil de rostos neutros com expressões que sinalizam se uma
pessoa deveria ser evitada (raiva) ou aproximada (felicidade) serve como base da avaliação de valência.
Sinais de força física como maturidade do rosto e masculinidade servem como base para avaliação de
dominância e são generalizados como atribuições de disposições relacionadas.” (2008, p. 458).
Em suma, experimentos futuros devem considerar não apenas o grau de variação em expressões faciais e
seu impacto na intenção do comportamento comunicacional (como em McHugo, Lanzetta, & Bush,
1991), mas também considerer o efeito interativo da características faciais em tais expressões. Por
exemplo, os rostos de alguns políticos podem ser mais bem configurados para comunicar emoções
específicas e intenções comportamentais do que outros (Waller, Cray, & Burrows, 2008), por sua vez
afetando tanto a sua competitividade para a ação quanto o estilo de liderança quando em ação. Além
disso, como sugere a pesquisa revisada aqui, informações de contexto podem afetar as preferências dos
cidadãos, podendo pautar pesquisas futuras.
Medidas
Pesquisas a respeito do comportamento de expressões não verbais do rosto por políticos estiveram na
pauta principal da pesquisa experimental por meio não só do uso de autodeclarações (self-reports), mas
também reações afetivas e processamentos cognitivos. Pode-se esperar que autodeclarações continuem a
ser um dos pilares da pesquisa experimental, se feitos com lápis-e-papel ou no computador, e têm sido
utilizados de modo eficaz para verificar fatores inferiores, ainda que com maior clareza conceitual quando
se integra o modelo de equações estruturais (Structural Equation Model - SEM) (ver Holbert, capítulo
22). Análises do processamento cognitivo por meio do tempo de resposta, elaboração de pensamentos e
associação de informações foram construídas com autodeclarações e ofereceram uma compreensão mais
completa e sofisticada sobre como sujeitos reagem ao comportamento de expressões faciais,
especialmente embutidos em notícias (Bucy & Newhagen, 1999). O uso contínuo dessas medidas,
especialmente latência, tem o potencial de oferecer ideias sobre o processamento automático de
informações (Newhagen, capítulo 26), inclusive sobre aquele nível de conforto junto a um líder em
particular, com altos níveis de simpatia provavelmente levando a tempos de resposta mais rápidos devido
a níveis mais baixos de ansiedade.
Do mesmo modo, medidas fisiológicas de frequência cardíaca e conditividade da pele e comportamento
de expressão facial nos músculos corrugadores e zigomático foram usadas para medir de modo eficaz
reações afetivas ao comportamento aparente de políticos (v. Bucy & Bradley, capítulo 27). Entretanto,
enquanto a medição EMG do comportamento de expressão facial foi usada com eficácia para detectar até
reações instantâneas a assuntos em expressões faciais de políticos, trata-se de método altamente intrusivo,
reduzindo o caráter “mundano” e o “realismo psicológico” dos experimentos, pois ter equipamentos de
medição no rosto e no corpo não é uma situação provável no “mundo real” e com isso o resultado pode
afetar processos psicológicos cotidianos (v. capítulo 11 desta obra). Talvez um método menos intrusivo e
um não usado nos estudos aqui repassados (com exceção da medição facial EMG), é a análise em vídeo
de reações não verbais a assuntos. Enquanto essa abordagem é demorada, especialmente no caso de se
usar FACS, avanços na análise automatizada do comportamento facial (v. acima e Box 10.2) fazem essa
abordagem mais acessível quando se realiza pesquisa em comunicação política. No mínimo, tem-se dito
há um bom tempo que "(...) modificações na taxa de piscadas de olhos são mais significativos sobre
estados emocionais do que a GSR (resposta galvânica da pele)” (Peterson & Allison em Exline, 1985, p.
190).
Sujeitos
A importância de ir além do "estudante de segundo ano de faculdade" na escolha dos sujeitos pesquisados
foi devidamente anotada e posta em prática no progresso da pesquisa do grupo de Dartmouth e no
trabalho de Bucy e colegas (ver acima).
Os resultados referentes a assuntos universitários Afro-Americanos (Masters, 1994) e assuntos europeus
(Masters & Sullivan, 1989;. Warnecke et al, 1992) e suas reações diferentes ao comportamento aparente
de personagens políticas sugerem que, embora possa haver um mínimo de convergência quanto ao que
são expressões básicas de emoções, há variação no que é percebido como apropriado e como elas são
processadas cognitivamente (Anger-Elfenbein & Ambady, 2002; Fridlund, 1994; Russell & Fernandez-
Dols, 1997; Scherer & Ellgring, 2007). Por exemplo, como sugerido pela pesquisa experimental de
Marsh, Anger-Elfenbein e Ambady (2003) sobre a decodificação de apresentações pictóricas de
expressões faciais em duas culturas (cidadãos japoneses e nipo-americanos), pode haver "sotaques" não-
verbais, situações em que diferenças sutis de comportamento não verbal indicam a cultura da pessoa
observada e isso por sua vez afeta potencialmente a percepção do observador, sua interpretação e sua
resposta. Portanto, é recomendável partir de uma pesquisa com temas mais diversos para trazer à tona as
diferenças tanto de codificação do comportamento de exibição facial por políticos quanto de reações a
ele.
Embora o recrutamento de indivíduos para além da oportuna amostra de estudantes de faculdade possa ser
difícil de organizar, a saturação da tecnologia da Internet e sua acessibilidade, ao menos nos Estados
Unidos e na Europa Ocidental, oferece a oportunidade de pesquisar a partir de uma amostra mais ampla
de indivíduos e de acompanhá-los ao longo de um período de tempo (Iyengar, capítulo 8; Stewart,
2008; Quadro 10.3). Além disso, estudos envolvendo a Internet podem se mostrar mais naturais do que
estudos de laboratório (ver capítulos 8 e 11 desta obra), em que os sujeitos são colocados em ambientes
não naturais, uma limitação reconhecida pelos cientistas políticos que usam o método experimental (por
exemplo, Brader, 2006).
CONCLUSÕES
Embora a importância das representações visuais de líderes políticos tenha se valorizado por muito
tempo, refletindo-se o fenômeno nos programas de pesquisa aqui considerados, novos desenvolvimentos
apenas servem para sublinhar a importância de compreender a influência do comportamento de expressão
facial. Não só os políticos tornaram-se cada vez mais escolados em suas estratégias de mídia, atingindo o
circuito de talk show para melhor mostrar sua simpatia aos indivíduos com baixos níveis de interesse
político e motivação (Baum, 2005), como também a tecnologia de visualização mudou com telas de
televisão cada vez maiores, com áudios mais ricos e superiores em resolução.
Olhando para frente, é provável que a televisão se torne cada vez mais realista, com apresentação de cada
vez mais claridade e verossimilhança, senão mais reais do que a vida. No último caso, sabemos da
existência de uma pesquisa sobre a percepção de proximidade no diálogo político leva a níveis mais
elevados de excitação, com efeitos concomitantes sobre atitudes em relação à memória de políticos e à
legitimidade de suas posições políticas (Mutz, 2007).
Além disso, o fácil acesso às gravações de uma série de fontes de mídia, seja de televisão, páginas de
notícias on-line ou vídeo enviado diretamente pelos telespectadores para sites de compartilhamento de
arquivos como o YouTube após participação em eventos está expandindo o escrutínio público de figuras
políticas.
Com isto em mente, a pesquisa considerando reações de espectadores a gravações onipresentes,
multiplataformas, de momentos memoráveis da política televisionada torna-se uma preocupação
premente, especialmente em luz dos resultados acumulados aqui relatados. Recentes descobertas que uma
personalidade de mídia existe, ainda que de forma visual e contrária ao entendimento populares (Grabe &
Bucy, 2009), ressaltam a importância de compreender totalmente um rápido avanço e proliferação de
tecnologia que influenciam indivíduos em vários níveis.
Ao unir conhecimentos teóricos da etologia com as lições de planejamento de pesquisa dos estudos aqui
analisados, a mais completa, uma compreensão mais detalhada do comportamento político humano deve
emergir.
BOX 10.1 SISTEMA DE CODIFICAÇÃO DA AÇÃO FACIAL (FACIAL ACTION CODING
SYSTEM - FACS)
O Sistema de Codificação de Ações Faciais (Facial Action Coding System – FACS) de Ekman e Friesen
(1977), uma elaboração da análise pioneira de Hjortsjö (1969), é o sistema de avaliação facial mais
exauriente disponível. O FACS foi desenvolvido para analisar expressões no nível de contrações
musculares. Uma descrição dos movimentos de sobrancelhas é pertinente a expressões faciais afiliativas e
outras desde que a sobrancelha seja uma das características faciais mais salientes. Sobrancelhas abaixadas
foram identificadas com expressões agressivas (Keating et al., 1981).
As três ações únicas e quadro combinações esgotam o repertório conhecido de expressões de
sobrancelhas. Nem expressões de nojo nem de felicidade envolvem ações de sobrancelhas (Ekman, 1979,
p. 181). Felicidade-tranquilidade é mais bem decodificada de ações das bochechas e da boca (98% de
credibilidade) e de ações combinadas de olhos, pálpebras, bochechas e boca (99% de credibilidade)
(Boucher & Ekman, 1975). Ekman descreve tristeza, surpresa medo e raiva da seguinte maneira: Em tristeza, tanto a Unidade de Ação 1 ou a combinação 1+4 ocorre, junto com o relaxamento da pálpebra superior
(provavelmente o músculo levator palpebralis superioris), às vezes com a pele ao redor do olho sendo puxada e leve
elevação das bochechas (orbicularis oculi, pars orbitalis e zygomatic minor), leve diminuição do ângulo da boca
(triangularis), às vezes também um movimento do queixo (mentalis) e abaixamento do lábio de baixo (depressor labii inferioris).
No choro de angústia algumas das ações faciais mudam. A Unidade de Ação 4 é mais importante nas sobrancelhas,
com menos evidência da Unidade de Ação 1. Isso é acompanhado pelas partes internas e externas do músculo
orbicular do olho, com elevação das bochechas, contração da pele na direção dos olhos e aperto das pálpebras. Ao
redor da boca as ações descritas para a tristeza agrupam estiramento horizontal dos lábios (risorius e/ou platysma), abaixamento da mandíbula, abaixamento do lábio inferior (depressor labii inferioris), e elevação do lábio superior
(levator labii superioris).
Em surpresa, a combinação 1 + 2 está acompanhada da elevação da pálpebra superior (levator palpebralis) e
relaxamento da mandíbula (relaxamento dos músculos masseter).
Em medo, a combinação 1 + 2 + 4 é acompanhada de elevação da pálpebra superior e aperto das pálpebras inferiores (orbicularis oculi, pars palpebralis), e pelo esticamento horizontal dos lábios (risorius e/ou platysma).
Em raiva, a Unidade de Ação 4, sem qualquer elevação da sobrancelha, é acompanhada pelas mesmas ações ao redor
dos olhos, tal como descrito para medo, com os lábios ou fortemente pressionados juntos (orbicularis oris e talvez
mentalis), ou quadrados e apertados (uma combinação de orbicularis oris, levator labii superiouris quadratus e depressor labii inferioris).
Para duas emoções – nojo e felicidade – nenhuma ação específica de sobrancelhas é realizada (Ekman,
1979, pp. 180–181, alguns grifos acrescentados).
Ekman (1979) verificou que ações de sobrancelhas 1+2 e 4 são usadas mais frequentemente que outras.
Consistentes com o princípio antítese de Darwin, elas são as ações mais facilmente reconhecidas
e realizadas. Medo (1 + 2 + 4) e raiva (4) são previstos com mais sucesso a partir de ações de olho e
pálpebra (67% de confiabilidade) (Boucher & Ekman, 1975). Isto indica que disposições de sobrancelha
agonística e submissa as distinções feitas com mais prontidão.
BOX 10.2 VERIFICAÇÕES AUTOMÁTICAS DA EXPRESSÃO FACIAL
A análise automática do comportamento facial ocorre tipicamente em três passos (Pantic & Rothkrantz,
2000). Primeiro o rosto tem que ser localizado em uma cena de vídeo, em seguida, movimentos faciais
tem que ser detectados e monitorados, e, finalmente, as alterações detectadas devem ser classificadas em
categorias adequadas. Para alcançar a detecção confiável de um rosto em uma cena, o sistema tem de
superar alguns problemas, incluindo mudanças no tamanho e orientação provocadas por movimentos d a
pessoa ou da câmera, ou a presença de pelos faciais e óculos. Uma vez que esses problemas sejam
resolvidos, o sistema precisa detectar e extrair informações relacionadas à posição e movimento dos
caracteres faciais relevantes para o comportamento facial (por exemplo boca, olhos, sobrancelhas).
Diversas abordagens são usadas para realizar essa etapa, como fluxo óptico, funções de Gabor
wavelets, modelos multiestados, e encaixe de modelo gerativo (Cohn & Kanade, 2007). A
eficiência destas abordagens depende do tipo de movimento a ser detectado. A etapa final envolve a
transformação dos caracteres extraídos em uma lista de parâmetros que serão usados para identificar
movimentos faciais. As categorias usadas para essa identificação diferem entre equipes de pesquisa,
enquanto alguns optam por usar categorias gerais de emoção, como raiva, felicidade ou medo, enquanto
outros preferem usar Unidades de Ação Facial com base no FACS para categorizar as mudanças
detectadas (Bartlett, Hager, Ekman, & Sejnowski, 1999; Cohn & Kanade, 2007; Valstar & Pantic, 2006).
Uma vez que este último caminho não pressupõe uma relação entre determinadas categorias emocionais e
configurações faciais, este método é visto como mais rigoroso e válido internamente.
BOX 10.3 RECRUTAMENTO DE PESQUISADOS VIA INTERNET
Enquanto a maior parte de estudos acadêmicos se baseia em estudantes de faculdade como objetos de
pesquisa (Sears, 1985), com concomitantes linhas de pesquisa que podem se desenvolver, o Programa de
Volutariado para Pesquisa de Alkami (RSVP) permite a pesquisadores se conectarem com participantes
que possam representar de modo mais próximo o grupo populacional focado em seu estudo. A partir de
agosto de 2010, o RSVP teve uma adesão de mais de 7.400 voluntários cadastrados que variam em idade
de 18 a 90. Como parte do processo de triagem do programa, os membros fornecem respostas a uma
seleção de questionários de pesquisa com perguntas padronizadas, bem como questionários
personalizados que pesquisadores individuais podem requisitar para melhor selecionar os participantes
para as necessidades específicas de seu protocolo de pesquisa.
Além do recrutamento de pessoas, da triagem e acompanhamento in loco de protocolos, o RSVP obtém
participantes para pesquisas e comportamentos experimentais para es tudos via web em universidades de
todo o mundo, incluindo a Universidade de Harvard, a Universidade da Califórnia em Berkeley,
a Universidade da Califórnia em São Francisco, a Universität Göttingen (Alemanha), a University
College London (Inglaterra), e a Universidade de Oxford (Inglaterra).
O RSVP começou em 2006 como parte de um projeto de pesquisa na Universidade da Califórnia em
Berkeley, e é agora um serviço prestado pela organização sem fins lucrativos Instituto Biobehavioral
Alkami (ABI). Para saber mais sobre o RSVP de Alkami, visite http://rsvp.alkami.org.
NOTAS
1. Isto não significa que o canal de áudio não transmite informação não verbal. Especificamente, informações vocais
tais como tom, intensidade e vibração influenciam a reação emocional e tem sido estudadas em contextos políticos, tais como reuniões do conselho da cidade e da Suprema Corte dos Estados Unidos por James N. Schubert e colegas
(Schubert, 1988; Schubert et al., 1992).
2. Nem tudo o que transmite a informação é um sinal. A palavra "sinal" é reservada a elementos (como estruturas
morfológicas ou comportamentos) que foram selecionados porque eles influenciaram o comportamento dos
receptores em favor do remetente. Isso nem sempre implica que algumas informações são comunicadas (ver, por exemplo, Dawkins & Krebs, 1978). Um sinal ou uma sugestão é uma estrutura ou comportamento a partir dos quais
um receptor pode inferir algumas informações, mas que não necessariamente evoluiu para transmitir informações.
Por exemplo, o tamanho do corpo pode ser um bom indicador de força física, mas que não evoluiu por causa do seu
efeito sobre o receptor.
3. Espera-se que o sistemas de quatro sinais interagirá para influenciar a qualidade e o conteúdo de sinais. Por exemplo, indicações de idade e experiência, como óculos, emprestam seriedade para os indivíduos, mas podem
prejudicar a percepção de vitalidade, enquanto os tratamentos de botox podem dar um rosto jovem, mas também
inibem a expressão das emoções através dos olhos e sobrancelhas.
4. Os exemplos podem ser extraídos dos temas humor e riso. Uma questão a respeito da causalidade próxima do riso
e do humor que o provoca poderia considerar os laços sociais construídos pelo riso, tanto entre o contador da piada e seu público e entre os próprios membros da plateia. Por exemplo, quando se considera o tema do humor e da
produção de riso, em termos de causalidade ontogenética pode-se considerar quando um indivíduo começa a rir (~
3,5-4 meses;. Provine, 2000, p 112), quando a brincadeira e o riso se tornam uma parte importante da vida social (5-6
anos;. Provine, 2000, p 93) e sua diminuição enquanto a idade avança. Ao analisar as raízes filogenéticas do riso
pode-se considerar a produção de sinais homólogos e usos sociais em uma variedade de espécies, incluindo ratos (Panksepp, 1998, 2007) e primatas não humanos (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003), e
como se comparam essas espécies com os usos humanos. Em termos de causalidade final, pode-se considerar como o
envolvimento na prática do riso e da provocação do riso podem beneficiar o indivíduo ou uma espécie que assim se
portam em termos de obtenção e defensa de recursos, o que por sua vez afeta as taxas de reprodução. (Preushoft &
van Hooff, 1997). 5. Experimentos verdadeiros podem usar a estratégia de considerar as variações da "natureza humana" normal
pressuposta e, em seguida, avaliar as diferenças entre "normais" e este grupo "experimental". Exemplos dessa
abordagem incluem um extenso trabalho de Damásio com cérebro danificado de indivíduos (1994) e estudos que
consideram o comportamento “cego” de expressão facial de indivíduos, incluindo um estudo recente comparando
expressões faciais espontâneas em atletas cegos de forma congênitae não congênita com atletas com visão normal depois de ganhar / perder partidas de alto nível (Matsumoto & Willingham, 2009).
6. Preço e Sloman (1987) citam a observação de dominância em aves por Schjelderup -Ebbe para argumentar que
tristeza é seguida por uma “subrotina que repercute": "Se um determinado um pássaro perde uma luta e tem que fugir
voando, o seu comportamento se modifica inteiramente. Profundamente deprimido em espírito, humilde, com asas
caídas e cabeça empoeirada - de qualquer forma, diretamente ao serem derrotados sobrevem uma paralisia, embora não se possa detectar qualquer dano físico" (Schjelderup-Ebbe, 1935, p. 966).
7. Outro estudo experimental foi realizado em 1981 e analisou a reação do espectador ao debate para vice-presidência
de 1976 entre Robert Dole e Walter Mondale à luz de diferentes conteúdos apresentados (audiovisual, vídeo apenas,
transcrição, e conteúdos filtrados, em que a fala era ininteligível, mas que refletiam qualidades paralinguísticas). No
entanto, não houve nenhuma codificação direta do comportamento facial não verbal (Krauss et al., 1981), e, portanto, não é aqui utilizado.
8. Os estudos com expressões faciais perto ou abaixo do limiar da percepção consciente demonstraram que
expressões faciais de emoções como raiva, medo e felicidade impactam a reação emocional de um indivíduo sem a
sua consciência disso (Masters & Way, 1996; Stewart et al., 2009).
9. Quando estes dados foram analisados com base na resposta a um comportamento determinado de expressões
faciais, três fatores foram verificados, com expressões de alegria / confiança conduzindo a um fator composto pelos termos fortes, alegre, reconfortante, e interessado; raiva / ameaça levando a um fator composto dos termos irritado e
chateado; e medo / evasão levando aos termos temerosos, confuso a se associarem a um fator (Lanzetta et al., 1985).
10. A separabilidade de emoção e cognição, esta última com a primazia, é um dos debates nucleares da psicologia,
com debates produtivos entre Zajonc (1980, 1982) e Lazarus (1982) tendo colocado esta discussão na vanguarda das
agendas de pesquisa no início dos anos 80. Isso está, no entanto, para além do escopo do presente documento (ver Ekman & Davidson, 1994 para uma excelente discussão sobre as questões fundamentais sobre a natureza da emoção).
11. Além disso, o efeito de personalidade pode precisar ser considerado também, especialmente à luz do recente
estudo aplicado on-line sobre as afirmações de Sears (1986), usando um banco de dados de quase 10.000-
participantes (N> 9.800) para comparar alunos de graduação e uma amostra comunitária ampla, que constatou
significativas e fortes diferenças entre as amostras (Stewart, 2008). Enquanto Stewart observa que personalidade é um fenômeno complexo de mudança, resultado de experiências de vida e idade fisiológica, ela também reconhece um
elemento de auto-seleção para o ensino superior, que pode desempenhar um papel em influenciar os efeitos dos
estudos experimentais tais quais discutido aqui.
12. A atratividade facial tem papel importante para saber se um indivíduo é considerado um candidato líder porque
afeta inferências sobre a competência e a honestidade no mercado de trabalho, na política e na vida em geral (Mazur, 2005).
REFERÊNCIAS
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Adams, R. B. J., Gordon, H. L., Baird, A. A., Ambady, N., & Kleck, R. E. (2003). Effects of gaze on amygdale
sensitivity to anger and fear faces. Science, 300, 1536–1537.
Adolphs, R., Gosselin, F., Buchanan, T. W., Tranel, D., Schyns, P., & Damasio, A. R. (2005, January 6). A
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