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ÍNDICE INTRODUÇÃO........................................................... 3 1.OBJECTIVOS......................................................... 4 1.1. Objectivos gerais..............................................4 1.2. Objectivos específicos.........................................4 2. Metodologia....................................................... 4 3. DESIGUALDADE SOCIAL EM SAÚDE EM MOÇAMBIQUE........................5 3.1. O princípio fundamental de Karl Marx...........................5 3.2. Sociedade......................................................5 3.3. Classes sociais................................................5 3.4. Estado e Política..............................................6 3.5. A luta de classes..............................................6 3.6. Desigualdade social............................................7 4. CONSEQUÊNCIAS DA DESIGUALDADE SOCIAL EM SAÚDE.....................7 4.1. Implicações político-ideológicas da desigualdade social no mundo e em Moçambique.....................................................8 4.2. Contextualização histórica da desigualdade social..............9 4.3. A influência da classe social na desigualdade em saúde........10 4.4. Raça e género.................................................10 4.5.A saúde e padrões de crescimento económico.....................11 4.6. Medindo desigualdades de saúde em Moçambique..................12 5. MEDIDAS DE DESIGUALDADE NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE........13 5.1. A persistência da desigualdade................................13 5.2. Religião......................................................14 Conclusão........................................................... 15 Bibliografias....................................................... 16 2

Desigualdades socias em saude em mocambique

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................3

1.OBJECTIVOS..........................................................................................................................................4

1.1. Objectivos gerais..............................................................................................................................4

1.2. Objectivos específicos......................................................................................................................4

2. Metodologia............................................................................................................................................4

3. DESIGUALDADE SOCIAL EM SAÚDE EM MOÇAMBIQUE...........................................................5

3.1. O princípio fundamental de Karl Marx.............................................................................................5

3.2. Sociedade..........................................................................................................................................5

3.3. Classes sociais..................................................................................................................................5

3.4. Estado e Política...............................................................................................................................6

3.5. A luta de classes...............................................................................................................................6

3.6. Desigualdade social..........................................................................................................................7

4. CONSEQUÊNCIAS DA DESIGUALDADE SOCIAL EM SAÚDE......................................................7

4.1. Implicações político-ideológicas da desigualdade social no mundo e em Moçambique...................8

4.2. Contextualização histórica da desigualdade social............................................................................9

4.3. A influência da classe social na desigualdade em saúde.................................................................10

4.4. Raça e género.................................................................................................................................10

4.5.A saúde e padrões de crescimento económico.................................................................................11

4.6. Medindo desigualdades de saúde em Moçambique........................................................................12

5. MEDIDAS DE DESIGUALDADE NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE.........................13

5.1. A persistência da desigualdade.......................................................................................................13

5.2. Religião..........................................................................................................................................14

Conclusão..................................................................................................................................................15

Bibliografias..............................................................................................................................................16

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho versa pelo tema ‘’ Desigualdade social em saúde em Moçambique’’. Na

verdade, como se pode ver pelo tema no mundo em que vivemos percebe-se que os indivíduos

são diferentes, estas diferenças se baseiam em coisas materiais, raça, sexo, cultura e outros. Os

aspectos mais simples para constatarmos que os homens são diferentes destacam-se os físicos e

sociais. Com este trabalho, pretende-se focar maior atenção as desigualdades sociais em saúde.

Constatamos isso em nossa sociedade, pois nela existem indivíduos que vivem em absoluta

miséria e outros que vivem em mansões rodeados de coisas luxuosas e com mesa muito farta

todos os dias enquanto outros não tem o que comer durante o dia. Por isso, nota-se que existe a

desigualdade social, ela assume feições distintas porque é constituída por um conjunto de

elementos económicos, políticos e culturais próprios de cada sociedade.

Este trabalho surge no âmbito da cadeira de saúde comunitária, com o objectivo de abordar

aspectos inerentes ao tema “desigualdade social em saúde em Moçambique”. O tema é bastante

relevante para a sociedade global e especificamente a moçambicana porque o mundo e o país em

especial são fortemente afectados por essa situação causando inúmeros conflitos sociais. Por

isso, torna-se relevante explicar esse fenómeno com bases teóricas de Karl Marx. Como

estudante é relevante estudar este fenómeno para poder explicar com maior precisão as causas do

surgimento, as consequências e possíveis soluções para o indivíduo e a sociedade.

Uma vez que o nosso país não é excepção num conjunto de países que enfrentam essa situação

(desigualdade Social), pretende-se com o trabalho, compreender e explicar a ocorrência desse

fenómeno com o objectivo de consciencializar a sociedade e procurar demonstrar possíveis

soluções.

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1.OBJECTIVOS

1.1. Objectivos gerais

Analisar os aspectos que fazem parte e como mitigar a desigualdade social em

Moçambique.

1.2. Objectivos específicos

Identificar as diferenças que se tornam desigualdades por causa de características físicas

e/ou culturais.

Favorecer a discussão sobre os estereótipos existentes em relação às raças e etnias

existentes em Moçambique.

Mostrar as dificuldades e constrangimentos a que muitos (as) adolescentes e jovens são

submetidas nos serviços de saúde, quando buscam atendimento nas áreas da saúde sexual

e da saúde reprodutiva.

Contribuir para que adolescentes e jovens tomem consciência de propostas e experiências

que contribuam para a superação de barreiras socioeconómicas e culturais que limitam a

vida de uma parte considerável da população Moçambicana.

2. Metodologia

Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o método

indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular

para uma questão mais ampla, mais geral.

Para Lakatos e Marconi (2007:86), Indução é um processo mental por intermédio do qual,

partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou

universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é

levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais nos

baseia-mos.

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3. DESIGUALDADE SOCIAL EM SAÚDE EM MOÇAMBIQUE

Encontra-se no mundo um contraste alarmante, enquanto milhões de pessoas passam fome, uma

minoria usufrui do progresso e da tecnologia que a sociedade oferece. A reclamação contra o

carácter ineficiente do Estado é geral e os benefícios colectivos do Estado são pequenos e de

pouca qualidade diante de tão ampla desigualdade social. Marx já fazia, na Comuna de Paris, as

mesmas reclamações que se fazem hoje contra o Estado.

3.1. O princípio fundamental de Karl Marx

A única realidade é a matéria e suas forças, cuja evolução contínua e progressiva gera as

sociedades humanas. A estrutura e o desenvolvimento das sociedades possuem base económica

(materialismo económico) e obedecem a dialéctica hegeliana cuja expressão é a luta de classe

(Castro, 2000).

3.2. Sociedade

Segundo Marx citado por Tomazi (1993), a sociedade é um conjunto de actividades dos homens,

ou acções humanas, e essas acções é que tornam a sociedade possível. Essas acções ajudam a

organização social, e mostra que os homens se relacionam uns com os outros. Esta relação é

determinada por diferentes classes que compõem a sociedade.

3.3. Classes sociais

Para Marx, as classes não seriam apenas um grupo que compartilha um certo status social, mas é

definida em relações de propriedade. Para ele havia aqueles que possuíam o capital produtivo,

com o qual possuíam a mais-valia, constituindo assim a classe exploradora, de outro lado estava

os assalariados, os quais não possuíam a propriedade, constituindo assim o proletariado

(Campos, 2007). As classes sociais mostram as desigualdades da sociedade capitalista. Cada tipo

de organização social estabelece as desigualdades, de privilégios e de desvantagens entre os

indivíduos. Essas desigualdades são adquiridas socialmente. As divisões em classes se dão na

forma que o indivíduo está situado economicamente e sócio-politicamente em sua sociedade.

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3.4. Estado e Política

Para Marx citado por Castro (2000), as relações de produção formam a estrutura social. As

formas de produção determinam as formas de consciência. O factor económico é determinante

fundamental da estrutura e do desenvolvimento da sociedade, isto é, organização política,

religião, lei, filosofia, ciência, arte, literatura e a própria moralidade. O autor defende que o

estado é a superstrutura a serviço da classe dominante.

Karl Marx com a ideia do Estado como sendo um instrumento na qual uma classe domina e

explora outra classe, defende que este (Estado) seria necessário a proteger a propriedade e

adoptaria qualquer política de interesse da burguesia, seria o comité executivo da burguesia.

Marx defende que o poder político é meramente o poder organizado de uma classe para oprimir a

outra e que a luta entre as mais variadas classes é o que configura a história de toda sociedade,

uma história construída por grupos de interesse organizados, as classes sociais, que usam os

recursos políticos para o seu benefício mesmo quando necessário o uso da força contra as classes

opositoras. Classes que são egoístas, que não lhes importam os interesses nacionais, seus

interesses estão acima do nacional, muito menos as classes opositoras (Campos, 2007).

3.5. A luta de classes

As classes sociais se inserem em um quadro antagónico, elas estão em constante luta, que nos

mostra o carácter antagónico da sociedade capitalista, pois, normalmente, o patrão é rico e dá

ordens ao seu proletariado, que em uma reacção normal não gosta de recebe-las, principalmente

quando as condições de trabalho e os salários são precários. As greves e reivindicações que

exigem melhorias para as condições de trabalho, mostrando a impossibilidade de se conciliar os

interesses de classes é um exemplo claro dessas lutas de classes.

De acordo com Marx, a luta de classes está em todos os momentos da vida social, a greve é

apenas um dos aspectos que evidenciam essa luta. A luta social também está presente em

movimentos artísticos como telenovelas, literatura, cinema, etc. Para Marx, a compreensão dos

conflitos de interesse entre grupos sociais não tem sua raiz nas relações legais ou jurídicas, essa

raiz deve ser procurada nas relações materiais de vida ou seja, nas acções sociais dos indivíduos

para ganhar a vida (Pinho e Vasconcellos, s/d).

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3.6. Desigualdade social

O marxismo estabelece que a desigualdade é inerente ao modo de produção capitalista resultante

de um conjunto de relação pautada na propriedade como um facto jurídico, e político. O poder de

dominação é que dá origem a essas desigualdades em que uma classe produz e a outra domina os

meios de produção (Tomazi, 1993). Ela produz-se inevitavelmente no processo normal das

economias capitalistas, e não pode ser eliminada sem alterar de modo fundamental os

mecanismos do capitalismo. Ademais, forma parte do sistema, o que significa que o detentor do

poder tem interesses criados em manter a desigualdade social (Peet, s/d).

4. CONSEQUÊNCIAS DA DESIGUALDADE SOCIAL EM SAÚDE

Marx defende que as desigualdades sociais não são acidentais, e sim produzidas por um conjunto

de relações que abrangem as esferas da vida social. Como consequência da desigualdade, na

economia existem relações que levam à exploração do trabalhador e concentração da riqueza nas

mãos de poucos indivíduos. Na política, a população é excluída das decisões governamentais

(Bourguignon, 2010). Além destas consequências, existem várias outras como: o crescente

estado de miséria, as disparidades sociais, a extrema concentração de renda, os salários baixos, o

desemprego, crimes, a fome que atinge milhões de indivíduos, a desnutrição, a mortalidade

infantil, a marginalidade, a violência, etc. Todo esse conjunto de consequência da desigualdade

dá origem a conflitos sociais que surgem como tentativas de reivindicação das classes

desfavorecidas.

Em Moçambique as diferenças sociais são bastantes notáveis, tal como em vários países do

continente africano. Moçambique se soma aos já tradicionais altos índices de miséria e violência

tendo como uma das principais causas a guerra civil. É bastante notável a miséria em

Moçambique, como exemplo podemos narrar do caso de dois bairros vizinhos situados na cidade

de Maputo. Enquanto doutro lado existem grandes mansões recheadas de mobílias de grande

valor monetário e uma variedade de carros na garagem, do lado vizinho, isto é, bairro da Polana

caniço encontram-se casas de construção precária de indivíduos passando difíceis condições de

vida.

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Ainda no contexto da desigualdade em Moçambique, pode analisar-se este facto que incide de

uma maneira tão notável até nos lugares onde supostamente não deveria haver. Um exemplo para

esta situação, são as situações actuais dos cemitérios no país. Talvez analisar com maior detalhe

a situação do cemitério de Lhanguene na cidade de Maputo. Nota-se que há uma grande

desigualdade ou diferença das campas no local, umas são muito bem ornamentadas e feitas de

mármore e outras são feitas de cimento e encontram-se em mau estado de conservação. O mais

interessante analisar é que as campas bem conservadas e feitas de material de boa qualidade são

de indivíduos de uma classe alta, aqui nota-se grande desigualdade entre indivíduos da classe

baixa e os da classe alta.

Outro factor drástico que surge como consequência da desigualdade social é o suicídio. De

acordo com Durkheim (1996), os indivíduos têm um certo nível de integração com os seus

grupos, o que ele chama de integração social. Níveis anormalmente baixos ou altos de integração

social poderiam resultar num aumento das taxas de suicídio:

Níveis baixos porque baixa integração social resultam numa sociedade desorganizada,

levando os indivíduos a se voltar para o suicídio como uma última alternativa;

Níveis altos porque as pessoas preferem destruírem a si próprias do que viver sob grande

controlo da sociedade.

4.1. Implicações político-ideológicas da desigualdade social no mundo e em Moçambique

A dominação ideológica é fundamental para encobrir o carácter contraditório do capitalismo. A

palavra ideologia foi criada no começo do século XIX para designar uma "teoria geral das

ideias". Foi Karl Marx quem começou a fazer uso político dela quando escreveu um livro junto

com Friedrich Engels intitulado “A ideologia alemã”. Nessa obra, eles mostram como, em toda

sociedade dividida em classes, aquela classe que domina as demais faz tudo para não perder essa

condição. É aí que entra a ideologia: ela constituirá um corpo de ideias produzidas pela classe

dominante que será disseminado por toda a população, de modo a convencer a todos de que

aquela estrutura social é a melhor ou mesmo a única possível. Com o tempo, essas ideias se

tornam de todos; em outras palavras, as ideias da classe dominante tornam-se dominantes na

sociedade (Gallo, s/d). Ex: certos membros que participaram na luta de libertação nacional de

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Moçambique afirmam que as desigualdades de riquezas (ou bens económicos) existentes no país

entre eles e o povo ser justas, fazendo com que o povo receba essa ideia como sendo aceitável.

A desigualdade social tem afectado imenso a nação moçambicana. Desde o início do processo de

desenvolvimento, encontra-se um factor evidente: o crescimento económico, que tem gerado

condições extremas de desigualdades espaciais e sociais, manifestações entre regiões, meio rural

e o meio urbano, entre centro e periferia e entre as raças. A disparidade económica encontrada no

país reflecte-se em especial sobre a qualidade de vida da população: expectativa de vida,

mortalidade infantil e analfabetismo, dentre outros aspectos. As populações mais pobres não têm

ascensão no mercado de trabalho. Com o processo de urbanização, a modernização do sector

agrícola e a industrialização no espaço urbano grande parte da população rural migrou para as

cidades à procura de empregos e melhores salários.

É evidente a presença de três classes sociais diferentes, sendo elas: classe baixa, média e classe

alta. A classe média pouco faz-se sentir comparativamente a outras duas. Como já vimos no

capitalismo, quem tinham condições para a dominação e a apropriação, eram os da classe

superior, os burgueses, capitalistas, os ricos, quem trabalhavam para estes eram os operários, os

pobres, pois bem esses elementos são os principais denominadores de desigualdade social.

A elevada concentração da riqueza mobiliária e imobiliária de uma classe (rica) e o declínio dos

salários reais e à existência dos altos preços de produtos básicos são factores estruturais políticos,

sociais e económicos que contribuem para gerar a desigualdade de renda em Moçambique.

Contudo, há uma má distribuição de riqueza, sendo que se pode considerar a desigualdade social

como um dos principais determinantes da pobreza no país.

4.2. Contextualização histórica da desigualdade social

Do ponto de vista de Marx, as lutas de classes exploradas, com vista a destruir as classes

possuidoras, explicam as revoluções que marcaram a história. Foi na sociedade industrial que as

contradições entre as forças de produção e as relações de produção surgiram com maior nitidez.

A sociedade industrial necessitou de meios de produção consideráveis: capitais, máquinas, mão-

de-obra. Daqui resultou uma enorme concentração de riquezas nas mãos da classe possuidora e

uma concentração das massas laborais em torno das fábricas, concentração até então nunca vista

(Rocher, 1989).

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4.3. A influência da classe social na desigualdade em saúde

Os poderes e deveres que as pessoas exercem sobre os meios, ou seja, o que os agentes têm e o

que fazem com essas propriedades são factores que podem ser pensados a partir da desigualdade

social: o que temos na realidade são, como dito acima, grupos sociais em

vantagem/desvantagem, sendo que a desigualdade se encontra dentro das organizações e

instituições sociais mesmas, e a partir destas se enraízam em nossas vidas.

Desta forma, podemos dizer que o fundamental na questão da desigualdade em saúde parte das

desigualdades sócio económicas, e que a desigualdade no controle de recursos fundamentais para

vida social causam conflitos entre os estratos sociais. As vantagens de alguns grupos sobre

outros, essencial para a categorização das classes, causam a exclusão de certos grupos, o que os

afecta em todos os âmbitos da vida social; a própria dominação depende do desfavorecimento

desses grupos excluídos.

Vivemos em uma sociedade em que estamos sempre fazendo escolhas; entretanto, estas escolhas

são previamente determinadas, ou seja, não são totalmente livres. Desta maneira, forma-se um

ciclo no qual a opressão económica causa a exclusão e consequentemente a privação ao acesso

de bens necessários, desnivelando a vida das pessoas, já que estas apresentam recursos desiguais

que reflectem em todos os âmbitos de suas vidas.

4.4. Raça e género

Toda sociedade apresenta algum modelo de estratificação. Ela existe a partir do momento em

que há diferenciação, hierarquização ou desigualdade de qualquer natureza dentro de uma

sociedade. Estas demarcações não são uma simples divisão da sociedade. Nelas estão embutidos

os valores que a sociedade atribuiu a cada grupo que a compõe. Esses critérios, que são tomados

para dividir a sociedade, são impostos desde o nascimento dos indivíduos ou adquiridos ao longo

da vida. Por exemplo, na sociedade indiana tradicional que se organiza pelo sistema de castas os

indivíduos nascem dentro das castas e lá permanecem até morrer; seus/suas filhos/as serão destas

castas e morrerão lá também. A mobilidade social entre as castas é praticamente nula.

A ampliação dos direitos humanos das mulheres nunca esteve tão evidente como nas

determinações referentes à incorporação da perspectiva de género (gender mainstreaming) das

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Page 10: Desigualdades socias em saude em mocambique

conferências mundiais de Viena (1993). De fato, ao mesmo tempo em que a diferença deixou de

ser uma justificativa para a exclusão do género nos principais discursos de direitos humanos, ela,

por si só, passou a servir de apoio à própria lógica de incorporação de uma perspectiva de

género.

Entretanto, como no caso da discriminação de género, as noções de diferença, também aí,

limitam a possível expansão das garantias de direitos humanos ligados à raça aos contextos em

que a discriminação se pareça mais com a negativa formal dos direitos civis e políticos. Quanto à

discriminação que não se enquadra nesse modelo-padrão porque não ganha estatuto legal ou

formal, do tipo apartheid, é mais difícil enquadrá-la como abuso de direitos humanos. Por isso, é

importante compreender como operam os mecanismos de desigualdade racial e de género.

Raça é conceito que teve intenso uso ideológico no século XIX para justificar a ideia de que há

raças superiores e inferiores, o que legitimou a subjugação e a exploração de povos considerados,

sob essa lógica, biologicamente inferiores. A ciência do século XX, especialmente a genética,

demonstrou que o conceito biológico de raça não tem sustentação científica, porque há mais

diferenças entre os indivíduos considerados da mesma raça, do ponto de vista genético, do que

entre as supostas raças, ou seja, a espécie humana é única e indivisível.

Etnia refere-se a um grupo de pessoas que consideram ter um ancestral comum e compartilham

da mesma língua, da mesma religião, da mesma cultura, das tradições e visão de mundo, do

mesmo território ou das mesmas condições históricas.

4.5.A saúde e padrões de crescimento económico

Apesar da asserção de que o crescimento económico contribui para o bem-estar das pessoas ser

desejável do ponto de vista normativo, na prática nem sempre é assim. Alguns padrões de

crescimento conduziram a grandes desigualdades no bem-estar entre diferentes grupos de

pessoas, em Moçambique e em outros lados. Também houve casos em que as melhorias nos

indicadores sociais ultrapassaram o crescimento económico. A questão da razão por que o

crescimento económico se traduz ou não em desenvolvimento social está implicitamente

levantada pelo ministério quando observa que, apesar da consistência de boas taxas de

crescimento ao longo dos anos, o progresso nos indicadores sociais tem sido inferior e menos

consistente.

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Page 11: Desigualdades socias em saude em mocambique

Há boas razões para pensar que não existe uma única resposta estereotipada; tem havido

diferentes experiências em diversos países em distintos períodos históricos. Reflectir em cenários

passados permite-nos identificar diferentes vias de conexão entre padrões de crescimento

económico e mudanças na saúde. Podemos ver como o crescimento económico pode ter levado a

salários mais altos e bens de consumo mais baratos e, por conseguinte, a uma melhoria da

nutrição.

Pode ter também conduzido a condições de trabalho mais saudáveis e a um aumento da base

fiscal para financiamento dos serviços de saúde públicos. Como Drèze e Sen (1991) apontaram

no seu estudo sobre acção pública, estas relações positivas entre desenvolvimento económico e a

melhoria da saúde não foram, contudo, sempre comprovadas. Os frutos do crescimento não

passaram invariavelmente daqueles que controlam os recursos económicos para a população

trabalhadora.

4.6. Medindo desigualdades de saúde em Moçambique

Como se mede a relação entre crescimento económico e estados de saúde em mudança? Muitas

vezes confiamos nos PIB per capita e esperança de vida, quando de facto ambos apresentam

algumas limitações. O PIB é geralmente medido em termos de preços; não é uma medida

confiável daquilo que não é distribuído através do mercado. Contudo, a produção de bens e

serviços que não são comercializados, tal como a produção agrícola doméstica para consumo

directo ou preparação de alimentos ou cuidados com os doentes, são sem dúvida muito

importantes para os estados de saúde.

Dos debates epidemiológicos por resolver discutidos supra, sabe-se que o acesso aos cuidados de

saúde tem impacto na saúde, mas a saúde é também afectada por outros factores – nutrição,

ambiente, trabalho de cada um, o conhecimento que cada um possui (apesar de não ser

necessário concordarmos com a importância relativa dos mesmos). Seguir estas ligações alarga

as áreas de intervenção política relevante ao mundo não estruturado dos ‘determinantes

indirectos’ nos modelos epidemiológicos. A questão mais restrita entre os resultados de saúde e

prestação de cuidados de saúde delimita um universo mensurável mais fácil de gerir.

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Page 12: Desigualdades socias em saude em mocambique

5. MEDIDAS DE DESIGUALDADE NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE

Outra forma de olhar para os determinantes da desigualdade na saúde consiste em concentrarmo-

nos nos serviços de saúde, incluindo não só a distribuição de instalações, drogas e pessoal mas

também a acessibilidade aos cuidados de saúde e sua qualidade relativa. A acessibilidade está

afectada por várias coisas para além da estrutura dos honorários: a distância de uma instalação de

saúde, a capacidade de pagamento do transporte e os pagamentos informais requeridos para se

ser examinado.

Apesar do grande fosso existente na acessibilidade rural e urbana, os agregados familiares rurais

recorrem quase tanto aos serviços dos profissionais de saúde como os urbanos (10,8% vs. 11,3%)

e, tal como os urbanos, muitos ficam satisfeitos com os cuidados que obtêm (61,9% vs. 63,4%).

É mais provável os ricos recorrerem aos profissionais de saúde, contudo todos mostram níveis

semelhantes de satisfação com o que obtêm. Contudo, quando olhamos para as diferenças entre

províncias, surgem mais enigmas.

Verificamos que a acessibilidade está fortemente distorcida em direcção à província e cidade do

Maputo e, em certa medida, à de Gaza (recorde-se o afluxo de assistência médica depois das

cheias de 2000). Há grandes fossos entre avaliações de necessidades e utilização em Cabo

Delgado, Nampula, Zambézia e Tete, mas menor fosso em Niassa, Manica e Sofala. E a cidade

de Maputo, que tem a maior acesso e a mais baixa necessidade e utilização, também tem um

nível baixo de satisfação.

5.1. A persistência da desigualdade

Observando estes dados não podemos fazer afirmações definitivas nem mesmo sobre o que

aconteceu e menos ainda sobre as causas. No período de recuperação do pós-guerra parece ter

havido progresso em alguns aspectos, tanto nas condições como nos cuidados de saúde, e em

algumas desigualdades regionais, e os fossos entre as áreas rurais e as cidades foram reduzidos.

As taxas de mortalidade infantil estão em queda, especialmente nas áreas rurais.

A proporção de crianças com doença respiratória aguda que foram tratadas numa instalação de

saúde subiu, particularmente em áreas rurais, e subiu transversalmente em todos os quintis de

rendimento. A epidemia do HIV/SIDA parece estar em estabilização. No entanto, podemos

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Page 13: Desigualdades socias em saude em mocambique

também ver alguma evidência nestes dados que justifica a preocupação do ministério com a

estagnação dos indicadores de saúde e a persistência e até aumento de algumas formas de

desigualdade na saúde. Em termos absolutos, a taxa de mortalidade infantil (162/1000) nas áreas

rurais permanece alta.

5.2. Religião

De uma forma geral, a religião moçambicana é baseada nos usos e costumes, em crenças,

práticas e valores tradicionais de cada zona do País e do grupo populacional. Na zona rural, a

população abraça, em grande medida, as crenças, práticas e cultos tradicionais.

A religião constitui um instrumento de promoção da consciência patriótica e de unidade

nacional. O canto, a dança, a poesia, a escultura, a pintura e outras formas de expressão cultural

tiveram sempre um papel bastante relevante na mobilização dos cidadãos moçambicanos na luta

pela conquista da dignidade e valorização da religião moçambicana.

O País tem como língua oficial o Português e tem uma diversidade de línguas nacionais

composta por cerca de 40 línguas maternas. As línguas nacionais mais faladas são o emakhuwa,

Xichangana , elomwe, cisena e o Echuwabo.

No que diz respeito à religião, uma parte considerável da população professa a religião católica

(23.8%) e tem seguido práticas religiosas que resultam do contacto com o exterior. A religião

muçulmana (representa 17.8) é também predominante, sobretudo no norte do País e,

particularmente, na zona costeira. Importa referir que a Constituição da República consagra o

princípio da laicidade do Estado no artigo 12º, que estabelece a separação entre o Estado e as

confissões religiosas. Estabelece, ainda, que as confissões religiosas são livres na sua

organização e no exercício das suas funções de culto, devendo conformar-se com as leis do

Estado.

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Page 14: Desigualdades socias em saude em mocambique

Conclusão

Chegando o fim deste trabalho, pude constatar que as desigualdades resultam de um conjunto de

relações pautado na propriedade como um facto jurídico e político. O poder de dominação é que

dá origem a essas desigualdades em que uma classe produz e a outra domina os meios de

produção. Com o trabalho, aprendi que as desigualdades sociais não são acidentais, e sim

produzidas por um conjunto de relações que abrangem as esferas da vida social. Ela dá origem a

várias consequências como: o crescente estado de miséria, as disparidades sociais, a extrema

concentração de renda, os salários baixos, o desemprego, a fome que atinge milhões de

indivíduos, a desnutrição, a mortalidade infantil, a marginalidade, a violência, e outros. Pode-se

considerar a desigualdade social como um dos principais determinantes da pobreza no país.

Nessa forma de dominação, o dominado obedece à regra, e não à pessoa em si, independente do

pessoal, ele obedece ao dominante que possui tal autoridade devido a uma regra que lhe deu

legitimidade para ocupar este posto, ou seja, ele só pode exercer a dominação dentro dos limites

pré-estabelecidos. Nota-se que muitos indivíduos da classe baixa em Moçambique, pouco estão

informados sobre este aspecto, aceitando qualquer imposição advinda dos vários membros do

estado mesmo quando estas imposições ultrapassam os limites pré-estabelecidos, dando origem a

altos índices de corrupção no país.

A educação toma um papel muito importante para melhorar a situação da desigualdade no país,

isto é, um país com baixa taxa de analfabetismo poderá melhor lutar para a redução de alta taxa

da desigualdade social. Contudo, há necessidade de se criar melhorias no processo de ensino e

aprendizagem e que esse processo de ensino deve beneficiar a todos moçambicanos de uma

forma igualitária (independentemente da classe social em que o individuo pertence).

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Page 15: Desigualdades socias em saude em mocambique

Bibliografias

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Campos, W. (2007). A Teoria marxista e as classes sociais. Acessado no dia 25 de Setembro de

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Peet, R. (s/d). Desigualdade e pobreza: uma teoria geográfico-marxista. Acessado no dia 29 de

Setembro de 2015 em http://ivairr.sites.uol.com.br/marx.htm.

Pinho, D. & Vasconcellos, M. (s/d). Manual de economia: equipa de professores da USP. São

Paulo: Saraiva.

Nome: Sérgio Alfredo Macore / 22.02.1992

Naturalidade: Cabo Delgado – Pemba – Moçambique

Contactos: +258 826677547 ou +258 846458829

Formado em: Gestão de Empresas / Gestão Financeira

E-mail: [email protected] / [email protected]

Facebook: Helldriver Rapper Rapper, Sergio Alfredo Macore

Twitter: @HelldriverTLG

Instituição de ensino: Universidade Pedagogica Nampula – Faculdade = ESCOG.

Boa sorte para você…….

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