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Material para estudo da etologia
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Lysia Basílio
Etologia
Darwin - etólogo antes da palavra ser inventada.
“A origem das Espécies” (1859) – instinto - “todos os instintos mais complexos e maravilhosos” se originaram da seleção natural, preservam variações continuamente acumuladas biologicamente vantajosas (órgãos e mente).
Comportamento é produto e instrumento do processo de evolução através da SELEÇÃO NATURAL
Método - observação e descrição do comportamento, situação mais natural possível. Como o animal vive em seu ambiente? hipóteses no humano: Como
genes e cultura atuam? Quais problemas comportamentais na adaptação? Como usa aprendizagem para resolvê-los?
Mamar - perspectiva etológica:
Como esse comportamento surge e vai se desenvolvendo?
O que faz o bebê mamar? (Fome, estímulos visuais, olfativos, táteis etc);
Como se desenvolveu nos mamíferos?
Porque esse comportamento foi selecionado, qual vantagem adaptativa?
Significado adaptativo:
Homens e mulheres - # estratégias no comportamento reprodutivo;
Bebês - atenção em estímulos como a face e sons parecidos com voz feminina terna.
Gênero - diferenças sexuais no modo de brincar e preferências por parceiros e adultos de mesmo sexo (3 anos).
“temos aptidão natural para desenvolver a cultura e aptidão cultural para desenvolver nossa biologia”.
Do bicho que vive de ar, em diante: uma pequena história da Etologia no BrasilCésar Ades
1. E espanto dos primeiros viajantes. Variedade da fauna brasileira - Gandavo (1569). Justificaria ricas descrições, olhar europeu não etológico, fantasioso.
Thevet (1558): “um estranhíssimo animal chamado aí (haüt) que é o mais disforme que se possa imaginar... apresentando uma barriga tão grande que chega quase a se arrastar no chão. A cabeça lembra a de uma criança, assim como também a cara, conforme pode ser visto na gravura tirada ao natural...” (Fig. 1). Era o bicho preguiça. “Outra coisa realmente notável, é que pessoa alguma jamais viu este bicho se alimentando”. Ouviu que se alimenta das folhas de embaúba, e prefere a interpretação sensacional: bicho vive de ar.
José de Anchieta (1560) observação direta e atenta:
infinita multidão de macacos, dos quais se contam 4 espécies... Vivem sempre nos matos, saltando em bandos
pelos cumes das árvores, onde se, por causa da pequenez do corpo, não podem passar desta árvore para aquela, que é
maior, o chefe da tropa, curvando um ramo, que ele segura com a cauda e com os pés, e segurando outro macaco com as
mãos, dá caminho aos restantes, fazendo uma espécie de ponte, e assim passam com facilidade todos. As fêmeas têm
mamas como as mulheres; os filhos pequenos, agarrados sempre às costas e ombros das mães, correm daqui para ali, até que possam andar sozinhos e das formigas “chamadas içás... um tanto ruivas, trituradas cheiram a limão; cavam para si grandes casas debaixo da terra... em Setembro...
fazem sair o enxame dos filhos, quase sempre no dia seguinte ao de chuva e trovoada...
2. O levantamento inicial da riqueza das espécies
Expedições naturalistas Margrave e Ferreira, séc XVIII Spix e Martius, Wied, Castelnau, Langsdorf, Agassiz, séc XIX
Alexandre R. Ferreira, SSA – 1º naturalista brasileiro (luso) em expedição científica pelo BR (1783 a 1792) - capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá
Retrata alimentação: O anú branco está com um inseto no bico, o cacaué (periquito) é visto comendo uma goiaba; o
sauá, descascando uma banana; o cuxiu preto, suspenso por um braço ao galho de uma árvore, segurando frutas com o outro; o tamanduá-mirim de língua de fora, seguindo uma
trilha de formigas; o bicho-preguiça ao pé de uma árvore, da qual se vê o fruto, em início de subida.
Corrige ideia de alimentação de vento: “Possuindo exemplares vivos em casa, ofereci-lhes várias folhas diferentes para sua alimentação e verifiquei que apenas as de embaúba eram comidas”
3. Sob a égide de Darwin
Nas páginas do diário do Beagle, um viajante não brasileiro, observou espécies, suas descrições prenunciam a etologia moderna.
Nos passeios pelo RJ, encantado com ricas fauna e vegetação, descreveu aranha orbitela capturar presas grandes e fugir, seja por queda repentina (quando a
teia estava sobre arbustos), seja passando do outro lado da teia (quando a teia estava sobre o chão liso).
Fritz Müller - médico alemão radicado em SC (1852) - plantas e animais. Carreira produtiva e correspondência com grandes biólogos, Hermann Muller, Alexander Agassiz, Ernst Krause, e Ernst Haeckel e, Darwin.
Mimetismo Mülleriano (1879) – adaptação defensiva anti-predatória, como Mimentismo Batesiano (semelhança com espécie tóxica salva espécies inofensivas), defende que espécies tóxicas tiram vantagem de assemelhar-se umas às outras.
O comportamento animal e lugar epistemológico - modelado por seleção
natural: espécie humana originada de primatas ancestrais controversa (crenças religiosas).
4. Naturalistas curiosos e cuidadosos
Século XX – surge eventual, não percepção ou prática de autonomia de ciência do comportamento animal.
Europa e EUA - psicologia comparativa e a etologia vigorosas.
Mário Autuori (Déc. 40): desenvolvimento das colônias de saúvas Atta sexdens rubropilosa, que apresenta em simpósio internacional sobre instinto em Paris. Warwick e Kerr – abelhas operárias transmitiam informações acústicas sobre a localização de fonte alimentar. Scaptotrigona se comunica através de trilha de cheiro.
Paulo Nogueira Neto (1984) - Laboratório de abelhas (Dep. de ecologia geral USP) e um dos 1ºs livros sobre comportamento animal e humano. Barrison Villares (1992) - raças bovinas e zebuínas em pastagens tropicais. Pioneiro em etologia aplicada.
5. A instalação da etologia
Walter Hugo de Andrade Cunha (1960) - formiga Nylanderia fulva diante de outras esmagadas na trilha e outros estímulos. Mec psi de avaliação: discrepâncias eventos presentes e experienciados. Curso Psi USP – sauveiro, teses e base para 1ªs Pós. Himenópteros no início da etologia científica no BR (vespas também Europa) Etologia e Psicologia, tenso (conflito Lehrman/Lorenz), mas relevante - integração - processos básicos e mente X função ecológica e desenvolvimento filogenético.
Institute for the Study of Animal Behaviour (1936) - psicólogos, zoólogos, fisiólogos e veterinários. Hoje, espírito internacional com pontes e teorias sistêmicas.
1973 – Tinbergen (Prêmio Nobel) não participa do I Congresso Latinoamericano de Psicobiologia (SP).
Minicursos - X Congresso Brasileiro de Zoologia, em BH – audiências amplas.
1983 - Mateus José R. Paranhos da Costa – I Encontro Paulista de Etologia, que se tornou logo um encontro nacional e uma tradição.
1993 – SBEt (Ades), promoção e apoio de encontros anuais e outras iniciativas, mantendo contato e cooperação com outras sociedades.
2003 - XXVIII International Ethological Conference (Florianópolis).
2009 - 46º. Animal Behavior Meeting da Animal Behavior Society (Mato Grosso do Sul).
6. O retorno recente aos temas do ser humano, do ecológico e do bem-estar
Psicoetólogos - Psicologia da USP - interesse pelo comportamento humano. 1973 - Instituto de Psicologia da USP, disciplina Etologia Humana (Fernando Leite Ribeiro, Walter Cunha e César Ades).
2009 – 1º manual BR psicologia evolucionista: “não se trata de apenas efetuar empréstimos metodológicos à biologia ou de interpretar processos psicológicos conhecidos de uma forma evolucionista, mas de assimilar o modo de pensar evolucionista criando um programa de pesquisa nascido... de dentro da psicologia” (Ades, 2007)
Linha de estudo do comportamento animal que mais cresceu - ecologia comportamental (etologia e a ecologia). Valor adaptativo comportamento e situam as espécies dentro da rede de interação do seu contexto natural e evolutivo.
Bem-estar animal (etologia aplicada) - ferramentas e práticas de baixo custo para bem-estar de animais de produção e as estratégias educacionais para promoção.
Enriquecimento ambiental - bem-estar de animais silvestres mantidos em cativeiro,principalmente em zoológicos e biotérios.
Etologia clínica - clínica veterinária.
7. Um interesse em expansão
O estudo do comportamento animal em pleno desenvolvimento no Brasil. Longo caminho desde o relato de Thévet a respeito do animal que vive de ar.