4
“ COMO DESPOLUIRMOS O RIO TIETÊ ?” Informativo Mensal - Volume 30 A PERGUNTA CONTINUA... CONSEGUIREMOS DESPOLUIR O RIO TIETÊ? Entendemos que a revitalização do Tietê é possível e para apresentar uma referência, voltamos a destacar a revitalização de um rio de Seul, na Coréia do Sul, mudou a paisagem a tal ponto que as imagens de antes e depois parecem falsas. Rio Cheonggyecheon, em Seul, na Coréia do Sul. Após ser recuperado pela prefeitura Quem vê a água limpa descendo pelo rio Cheonggyecheon, em Seul, na Coréia do Sul e pode usufruir das áreas verdes que tornaram o centro de cidade mais agradável, não imagina que, até o início da década passada, aquela era apenas mais uma zona urbana degradada, a exemplo de tantas outras pelo mundo afora. Para garantir a recuperação ambiental, a prefeitura local tomou decisões radicais, incluindo a demolição de um viaduto que cobria esse canal urbano totalmente poluído. Cerca de 620 mil toneladas de concreto foram ao chão e investimentos de US$ 380 milhões tornaram realidade o que parecia impossível: assegurar a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos a partir da paisagem restaurada. A recuperação do rio Cheonggyecheon é considerada uma referência mundial em humanização de cidades, não só pela despoluição das águas, mas pela construção de parques lineares que devolveram o contato das margens aos moradores, cidade que é a sétima maior do mundo em número de habitantes? Tem 10,3 milhões de pessoas. A VOZ DO TIETÊ Desde 2005 o Instituto Navega São Paulo tem o objetivo de atrair a atenção da população para o rio Tietê a partir do seu trecho mais degradado que é a região metropolitana de São Paulo. Conseguimos atingir nosso proposito por meio das navegações monitoradas na embarcação Almirante do Lago, entre as pontes dos Remédios e das Bandeiras. Agora nossa proposta com este informativo mensal é atrair sua atenção, levando até você informações sobre o nosso Tietê para que juntos identifiquemos o que fazer para revitalizar tão precioso patrimônio ambiental.

Informativo insp 30

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Informativo insp   30

“ COMO DESPOLUIRMOS O RIO TIETÊ ?”

Informativo Mensal - Volume 30

A PERGUNTA CONTINUA... CONSEGUIREMOS

DESPOLUIR O RIO TIETÊ?

Entendemos que a revitalização do Tietê é possível e para apresentar

uma referência, voltamos a destacar a revitalização de um rio de Seul, na

Coréia do Sul, mudou a paisagem a tal ponto que as imagens de antes e

depois parecem falsas.

Rio Cheonggyecheon, em Seul, na Coréia do Sul. Após ser recuperado pela prefeitura

Quem vê a água limpa descendo pelo rio Cheonggyecheon, em Seul, na

Coréia do Sul e pode usufruir das áreas verdes que tornaram o centro de

cidade mais agradável, não imagina que, até o início da década passada,

aquela era apenas mais uma zona urbana degradada, a exemplo de

tantas outras pelo mundo afora.

Para garantir a recuperação ambiental, a prefeitura local tomou decisões

radicais, incluindo a demolição de um viaduto que cobria esse canal

urbano totalmente poluído. Cerca de 620 mil toneladas de concreto

foram ao chão e investimentos de US$ 380 milhões tornaram realidade o

que parecia impossível: assegurar a melhoria da qualidade de vida dos

cidadãos a partir da paisagem restaurada.

A recuperação do rio Cheonggyecheon é considerada uma referência

mundial em humanização de cidades, não só pela despoluição das águas,

mas pela construção de parques lineares que devolveram o contato das

margens aos moradores, cidade que é a sétima maior do mundo em

número de habitantes? Tem 10,3 milhões de pessoas.

A VOZ DO TIETÊ

Desde 2005 o Instituto Navega

São Paulo tem o objetivo de

atrair a atenção da população

para o rio Tietê a partir do seu

trecho mais degradado que é a

região metropolitana de São

Paulo. Conseguimos atingir

nosso proposito por meio das

navegações monitoradas na

embarcação Almirante do Lago,

entre as pontes dos Remédios e

das Bandeiras. Agora nossa

proposta com este informativo

mensal é atrair sua atenção,

levando até você informações

sobre o nosso Tietê para que

juntos identifiquemos o que

fazer para revitalizar tão

precioso patrimônio ambiental.

DIA DO TIETÊ 22.09.2011 – PTE. DAS BANDEIRAS

Page 2: Informativo insp   30

O concreto do viaduto derrubado foi

reciclado, e as obras de recuperação, iniciadas

em meados de 2003. Três anos depois, parte

do canal de 80 metros de largura foi aberto

ao público e em menos de 4 anos, o projeto

foi concluído, com a entrega aos moradores

de áreas verdes que totalizam 400 hectares,

distribuídas ao longo de oito quilômetros de

extensão.

Para facilitar o acesso ao local, além da

construção de novas pontes, o sistema de

transporte coletivo foi ampliado, o que

significou uma redução no número de

veículos nos arredores. As interferências

urbanísticas e as obras de melhoria ambiental fizeram a temperatura na área do canal cair em média 3,6°C em

relação a outras regiões da cidade.

O projeto entregou aos moradores da

região áreas verdes que totalizam 400

hectares.

O arquiteto urbanista Clodualdo Pinheiro

Júnior, diretor de Desenvolvimento da

empresa municipal Urbanização de

Curitiba (URBS), visitou Seul e ficou

impressionado com a experiência de

recuperação do rio Cheonggyecheon.

Nos dias mais quentes, as pessoas

molham os pés na água.

É um belo exemplo de melhoria da

qualidade de vida da população, diz

o arquiteto. Ele conta que para

realizar o projeto e demolir o

viaduto, por onde passavam

aproximadamente 160 mil

automóveis por dia, a prefeitura de

Seul enfrentou resistências,

sobretudo de comerciantes, que

foram realocados. Símbolo da

expansão urbana e da busca por

soluções para dar conta do

incremento do tráfego no centro da

cidade, aquela estrutura de concreto, com seis pistas de alta velocidade, havia coberto totalmente o antigo canal

onde as mulheres lavavam roupas havia mais de 50 anos.

A polêmica obra da prefeitura de Seul começou em 1999. O atual presidente da Coréia do Sul, Lee Myung Bak,

prefeito naquela época, foi o responsável pela mobilização para despoluir o canal, demolir o viaduto e criar os

parques lineares. Para tocar a empreitada foi chamado o urbanista Kee Yeon Hwang, que, após várias consultas à

população, desenvolveu o projeto de recuperação ambiental e urbanística. A equipe dele também passou mais de

seis meses investigando alternativas para melhorar o tráfego.

Page 3: Informativo insp   30

De acordo com especialistas, o poder público local optou por construir um semi-anel viário para desviar o tráfego da

área do antigo viaduto. A cidade agora respira mais e o pedestre pode vê-la melhor. Para os urbanistas, Seul

conseguiu uma proeza que parece impossível para outras metrópoles mundiais, entre as quais São Paulo.

No caso da capital paulista, criando um paralelo, temos o Minhocão, viaduto que, além de interferir negativamente

na paisagem, concentra degradação social e ambiental no seu entorno, problema que consideramos desafiador

quando se pensa na sustentabilidade das cidades. Entendemos que ao elaborar um projeto, o urbanista tem que

pensar em questões que transcendem os limites da arquitetura. Isso inclui os problemas sociais que uma obra pode

evidenciar no longo prazo.

INSPIRAÇÃO CURITIBANA

Seul, como Barcelona, na Espanha, é um exemplo de metrópole cujo espaço urbano foi fortemente requalificado

para sediar os Jogos Olímpicos. A recuperação do rio no centro da cidade é continuidade do processo de outras

grandes reformas estruturais que ficaram como legado da Olimpíada de 1988. As preocupações com o crescimento

do tráfego de veículos, no entanto, têm levado os gestores coreanos a buscar experiências inovadoras ao redor do

mundo a de Curitiba é uma delas.

Na capital sul-coreana, por onde circulam 2,8

milhões de automóveis, o sistema de ônibus

transporta 25% dos passageiros da cidade,

enquanto o metrô faz 35% dos deslocamentos.

Seul se inspirou no nosso projeto de vias

segregadas. Essas pistas, exclusivas para ônibus,

começaram a tomar forma em 1974 e

transformaram Curitiba em referência de cidade

que melhorou a infraestrutura viária para dar

vazão ao transporte de massa.

A paisagem urbana preservada, ou revitalizada, é parte da qualidade de vida nas cidades. É por isso que, ao pensar

em ampliar as soluções de transporte urbano, Curitiba está construindo o metrô aproveitando canaletas criadas para

as vias segregadas. Escavando apenas sete metros e sem necessidade de desapropriar imóveis, estima-se que os

custos das obras devem cair 50%, além de o impacto ambiental ser menor. As áreas superficiais, destinadas ao

projeto, serão equipadas com parques lineares e outros espaços verdes, inspirados na experiência de Seul.

O grande desafio de Seul ainda é despoluir o rio

Han, principal curso d`água da metrópole. O

projeto exigi ações de longo prazo, tal qual ocorre

em outras megacidades, como São Paulo. O

trabalho já começou com a recuperação das

margens. Eles têm mais de mil tipos de efluentes

que terão de ser identificados para o processo de

descontaminação.

As primeiras intervenções já permitem o acesso da população à área próxima ao rio e atraem novos investimentos

em áreas degradadas do entorno. Em todo o mundo, os especialistas buscam a humanização das cidades, agregando

aspectos culturais, ambientais, sociais, entre outros, como valores indispensáveis à melhoria da qualidade de vida.

Page 4: Informativo insp   30

COMPLEXO TIETÊ

No caso de São Paulo, com um programa complexo como a despoluição do rio Tietê, um dos grandes desafios, na

opinião dos urbanistas, é fazer com que a população se aproxime dos espaços cortados pelo rio. Como fazer isso em

áreas adensadas ao longo das marginais Pinheiros e Tietê? A cidade precisa de humanização, e os rios têm papel

fundamental nesse processo.

Entendemos que ainda temos grandes

problemas sociais a resolver, o que

torna complexos projetos de grande

porte como é o caso da despoluição

do Tietê.

Os recursos e a gestão destinados ao

projeto de despoluição, foram

insuficientes para, no período de 2009

a 2015, coletar 90% e tratar 80% do

esgoto doméstico produzido na região

metropolitana de São Paulo, onde se

concentram 20 milhões de habitantes.

O Rio Tietê demonstra que o projeto

Tietê, em São Paulo, alcançou

resultados positivos, pois, entre 1991

e 1992, a mancha crítica de poluição causada pelo lançamento de esgoto sem tratamento no Tietê chegava a Barra

Bonita, a cerca de 300 km da capital.

Ela foi reduzida a 160 km e alcança os municípios de Pirapora e Salto, que é um absurdo, mas acreditamos que

cientificamente o Tietê não tem piorado. Esse é o tipo de iniciativa que tem resultado a longo prazo. A recuperação

do Tâmisa [rio que corta Londres], por exemplo, levou mais de 100 anos, mas não se compara as tecnologias atuais.

No Oriente, apesar de menos complexo, o problema foi solucionado rapidamente. É torcer para que tais soluções

inspire as tomadas de decisões por aqui.

Carta da Terra – Princípios

Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.

Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada a sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em

desenvolvimento.