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No início deste século XXI, Portugal, bem como outros países da OCDE, assume de forma mais consistente uma perspectiva de escola inclusiva, isto é, uma escola que garanta ao maior número de alunos possível condições para estar na escola e para concretizar as suas aprendizagens, de modo a garantir a conclusão dos nove de escolaridade obrigatória. Contudo, ao assumir esta perspectiva, a escola debate-se com um conjunto de “novos” problemas entre os quais a necessidade de lidar com públicos com uma grande diversidade escolar, social e cultural. Ora, numa instituição onde a normalização é a regra, tem que se repensar para poder oferecer condições que garantam possibilidades de concretização adequada dos percursos escolares dos seus alunos. Assim, há que pensar a escola a vários níveis, desde o organizacional até ao pedagógico, sem deixar que este último fique à porta da sala de aula. Parece assim necessário olhar de forma muito clara para o currículo em acção e, muito em particular, para o papel da avaliação nesse contexto. É através desta, que as diferenças individuais, que todos reconhecem, se transformam em desigualdades, gerando a partir daqui percursos escolares orientados para o sucesso ou para o fracasso, consubstanciado entre nós por esse “juízo final” que consiste no veredicto da retenção ou progressão. É certo que se tem feito um esforço, quer em termos de legislação sobre avaliação, quer em termos de práticas dos professores, no sentido de procurar encontrar outras lógicas para a avaliação. Contudo, os resultados estão à vista e o sistema “excepcional” de retenções continua a fazer-se sentir de forma notória ao longo da escolaridade. Pode simplesmente dizer-se que os culpados são os alunos, que não estudam, não se interessam ou não merecem. Mas pode-se também questionar sobre o que se fez para contrariar esta aparente fatalidade. Nesta perspectiva, perceber de que modo a avaliação pode ser um instrumento de ajuda e apoio à aprendizagem é uma tarefa inevitável para assegurar uma escola mais inclusiva. educação e seus desafios: perspectivas actuais Percursos escolares e avaliação numa escola inclusiva Jorge Pinto Escola Superior de Educação de Setúbal 11 de Fevereiro de 2010 18:30 - 20:00 Universidade de Lisboa Instituto de Educação Anfiteatro Professor Ferreira Marques Universidade de Lisboa Instituto de Educação O Ciclo de Conferências educação e seus desafios: perspectivas actuais é organizado pelo programa de Doutoramento em Educação - Avaliação em Educação Programa completo e informações em http://www.edu.desafios.ie.ul.pt Jorge Pinto Doutorado em Educação na área de Estudos da Criança, na Universidade do Minho. Na sua tese aprofundou a compreensão da avaliação como um processo socialmente construído no 1º ciclo do Ensino Básico. É professor coordenador na ESE de Setúbal onde trabalha na formação inicial e contínua de professores. Coordena o projecto de investigação-acção TEIP: melhorar as aprendizagens; formar para a cidadania. Este projecto procura apoiar agrupamentos de escolas no desenvolvimento de projectos de inovação curricular e pedagógica, focados na organização e apoio ao percurso dos alunos. Tem colaborado de forma estreita com algumas instituições em mestrados na área da avaliação e avaliação de projectos. Tem desenvolvido trabalho em várias missões nos PALOP. Deste, destaca- se o trabalho realizado, como perito, para a Lux Development sobre o Ensino Secundário Técnico em Cabo Verde. Na investigação os seus interesses incidem sobretudo nas interacções avaliativas no quotidiano da sala de aula. Integra o projecto AREA (Avaliação Reguladora das Aprendizagens), financiado pela FCT. É autor de várias publicações e artigos editados em Portugal e no Estrangeiro. Integra, desde 2009, o Conselho Científico Pedagógico da Formação Contínua.

Jorge Pinto, ESE de Setúbal

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No início deste século XXI, Portugal, bem como outros países da OCDE, assume de forma mais consistente uma perspectiva de escola inclusiva, isto é, uma escola que garanta ao maior número de alunos possível condições para estar na escola e para concretizar as suas aprendizagens, de modo a garantir a conclusão dos nove de escolaridade obrigatória. Contudo, ao assumir esta perspectiva, a escola debate-se com um conjunto de “novos” problemas entre os quais a necessidade de lidar com públicos com uma grande diversidade escolar, social e cultural. Ora, numa instituição onde a normalização é a regra, tem que se repensar para poder oferecer condições que garantam possibilidades de concretização adequada dos percursos escolares dos seus alunos. Assim, há que pensar a escola a vários níveis, desde o organizacional até ao pedagógico, sem deixar que este último fique à porta da sala de aula. Parece assim necessário olhar de forma muito clara para o currículo em acção e, muito em particular, para o papel da avaliação nesse contexto. É através desta, que as diferenças individuais, que todos reconhecem, se transformam em desigualdades, gerando a partir daqui percursos escolares orientados para o sucesso ou para o fracasso, consubstanciado entre nós por esse “juízo final” que consiste no veredicto da retenção ou progressão. É certo que se tem feito um esforço, quer em termos de legislação sobre avaliação, quer em termos de práticas dos professores, no sentido de procurar encontrar outras lógicas para a avaliação. Contudo, os resultados estão à vista e o sistema “excepcional” de retenções continua a fazer-se sentir de forma notória ao longo da escolaridade. Pode simplesmente dizer-se que os culpados são os alunos, que não estudam, não se interessam ou não merecem. Mas pode-se também questionar sobre o que se fez para contrariar esta aparente fatalidade. Nesta perspectiva, perceber de que modo a avaliação pode ser um instrumento de ajuda e apoio à aprendizagem é uma tarefa inevitável para assegurar uma escola mais inclusiva.

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Percursos escolares e avaliação numa escola inclusivaJorge PintoEscola Superior de Educação de Setúbal

11 de Fevereiro de 201018:30 - 20:00

Universidade de LisboaInstituto de EducaçãoAnfiteatro Professor Ferreira Marques

Universidade de LisboaInstituto de Educação

O Ciclo de Conferências educação e seus desafios: perspectivas actuais

é organizado pelo programa de Doutoramento em Educação - Avaliação em Educação

Programa completo e informações emhttp://www.edu.desafios.ie.ul.pt

Jorge Pinto

Doutorado em Educação na área de Estudos da Criança, na Universidade do Minho. Na sua tese aprofundou a compreensão da avaliação como um processo socialmente construído no 1º ciclo do Ensino Básico. É professor coordenador na ESE de Setúbal onde trabalha na formação inicial e contínua de professores. Coordena o projecto de investigação-acção TEIP: melhorar as aprendizagens; formar para a cidadania. Este projecto procura apoiar agrupamentos de escolas no desenvolvimento de projectos de inovação curricular e pedagógica, focados na organização e apoio ao percurso dos alunos. Tem colaborado de forma estreita com algumas instituições em mestrados na área da avaliação e avaliação de projectos. Tem desenvolvido trabalho em várias missões nos PALOP. Deste, destaca-se o trabalho realizado, como perito, para a Lux Development sobre o Ensino Secundário Técnico em Cabo Verde. Na investigação os seus interesses incidem sobretudo nas interacções avaliativas no quotidiano da sala de aula. Integra o projecto AREA (Avaliação Reguladora das Aprendizagens), financiado pela FCT. É autor de várias publicações e artigos editados em Portugal e no Estrangeiro. Integra, desde 2009, o Conselho Científico Pedagógico da Formação Contínua.