18
Leitura em voz alta “ Venham soprar nos nossos livros. As palavras precisam de corpo. Os nossos livros precisam de ter vida” Daniel Pennac in Como um Romance

Leitura em voz alta

Embed Size (px)

DESCRIPTION

“ Venham soprar nos nossos livros. As palavras precisam de corpo. Os nossos livros precisam de ter vida” Daniel Pennac in Como um Romance

Citation preview

Leitura em voz alta

“ Venham soprar nos nossos livros.As palavras precisam de corpo.

Os nossos livros precisam de ter vida”Daniel Pennac in Como um Romance

Leitura em voz alta

A leitura em voz alta é uma actividade social que permite dar voz e

significado a um texto. A articulação das palavras, o ritmo, a entoação, o

volume concorrem para dar vida ao texto, de forma a que o ouvinte dê

largas à imaginação.

Leitura em voz alta. Porquê?

Modelo a seguir. Transmitir o prazer de ler por contágio

Meio de comunicação.

Construção de relações. Falar sobre o que se leu favorece as relações e o

desenvolvimento da linguagem oral, pois é criado um clima de confiança que

motiva a querer falar e a manifestar interesses pessoais.

Leitura em voz alta. Porquê?

Respeito pelas opiniões. Ao conversar sobre o lido, os formandos aprendem

que não existem interpretações únicas e que devem respeitar as diferentes das suas

e aprender com elas.

Momento de aprendizagem. Introdução de novos conceitos, novo

vocabulário e informação acerca do mundo. A leitura em voz alta pode eliminar a

falta de concentração e facilitar a compreensão. E, porque facilita a compreensão

permite acesso a obras para além das capacidades dos ouvintes.

Leitura em voz alta. Porquê?

Desenvolvimento da capacidade de escutar, memória e imaginação. Quando os olhos não estão ocupados, a imaginação está livre para voar.

Nas crianças, favorece a auto-estima. A criança sente-se segura ao ter um adulto a ler para ela.

Anima a ler

Selecção de textos

Nem todos as obras servem o propósito

Ter com conta o nível dos ouvintes, os seus interesses,

preocupações e problemas. Muitos adultos de hoje abandonaram a leitura

porque os primeiros 2 ou 3 livros com que tiveram contacto foram muito difíceis.

Ninguém lê por prazer se estiver a fazer um grande esforço e ninguém gosta do que

não compreende.

Que explorem as necessidades fundamentais do ser humano

(amor, segurança …)

Qualidade do texto e o conteúdo

Selecção de textos

Ter em conta diversos tipos de texto (poesia, biografias, obras de

teatro …)

A obra deve ser do agrado do professor

Interesses fundamentais:

Fantástico, mágico

Realismo

Aspectos intelectuais, sentido moral

Prazer na linguagem (todos)

Recomendações:

Preparação: leitura prévia da história. Quem lê expõe aos outros a sua relação

com o texto, o seu conhecimento, mas também a sua ignorância.

Postura correcta. A postura influencia a comunicação. Postura corporal erecta, confortável, de

frente para a plateia. Transmite segurança e vontade de comunicar.

Preparação do espaço. Os ouvintes devem estar confortáveis.

Estabelecer uma quebra entre o tempo escolar e o de leitura em voz

alta.

Apresentar o autor ou propor pesquisa sobre o mesmo.

Comentar o título, falar sobre a época, predizer o conteúdo

Recomendações

Duração da leitura: 10 a 15 minutos.

Imperativo: silêncio. Ainda que seja óbvio, nem sempre é fácil consegui-lo,

numa sociedade e escola em que a personalidade se afirma pelos décibeis que

debita.

Trabalhar a articulação das palavras e a dicção. Pede-se precisão com

os números, devemos fazê-lo com as palavras. Vaca não é o mesmo que baca.

Pausas e entoação: Respirar o texto e respeitar os sinais de

pontuação. “A pontuação é a escrita do silêncio”(Gerardo

Cirianni). A entoação permite enriquecer o significado e a

capacidade expressiva do contador de histórias.

Recomendações

Entoação linguística e entoação emocional. O entusiasmo de quem

conta contagia quem ouve. Da mesma forma, se está num dia não, é melhor adiar

a leitura., para não transmitir no texto que lhe vai na alma. Quem ouve capta o

desinteresse.

Voz: imitações e entoações (voz fininha para um leão e voz grossa para um rato)

Dar tempo às reacções espontâneas

Expressão: usar contacto visual e expressões faciais. Não contrariar o que

dizemos com a linguagem corporal. Manter o contacto visual. Não se trata só do

livro, mas também de quem conta.

“Una lectora modelo debe ser un instrumento perfectamente neutro y dócil. Una pura herramienta. Éste és sin

dua, su límite, pero también su grandeza” (Raymond Jean) A utilização excessiva de mudanças de voz, ritmo

podem levar a uma sobre-actuacão, em que o texto “perde” para quem o lê

Recomendações

Quando parar: na leitura de capítulos, parar a leitura em pontos realmente atractivos e retomar na sessão seguinte.

Atenção a decair: pedir previsões sobre o que vai acontecer .

Formular questões. Valorizar as questões preditivas e de valores. O objectivo é fomentar a participação na discussão e não avaliar os conhecimentos sobre a obra. Não podemos instrumentalizar o livro. (O que faria se estivesse no lugar da personagem, semelhanças entre a obra e a própria experiência …)

Convidar outros professores, pessoal da escola, personalidades do meio para ler. Contribui para a valorização do acto de ler. O texto deve ser previamente fornecido a quem vai ler, para que se possa preparar.

Solicitar voluntários de entre os formandos para ler. Não deve ser imposto, assim como a leitura não deve ser avaliada.

Estratégias

O objectivo destas estratégias é que cada um vá ganhando confiança na leitura em voz alta, para que não se sinta um estranho ao ler para outros.

O importante é soltar a voz.

Estratégias trabalhar a articulação, sílabas e velocidade

Ler o texto, variando a intensidade de acordo com o tamanho das letras

Ler, memorizar e recitar trava-línguas.

Quem continua? Numeram-se as linhas do poemas. Distribuem-se cartões com números do 1 ao X, tantos quantos os alunos. Cada aluno deverá ler a sua linha, na ordem estabelecida.

Ler textos diversos, de acordo com regras pré-estabelecidas: não ler o “O”, não ler o “R”, subir o tom no “A”

Estratégias trabalhar a articulação, sílabas e velocidade

Ler textos sem sentido. Conversar sobre a dificuldade em “ler bem” sem compreender o texto.

Ler o texto de diferentes formas: alto, baixo, a rir, a chorar, assustado, com soluços, bêbado, a gritar, constipado, com muito sono, com o dedo no nariz, furioso, chique, militar, sem dentes, como um político.

Ler o texto mudando a velocidade: nos parágrafos pares, ler devagar, nos ímpares, ler rápido.

Estratégias para trabalhar as pausas, volume e entoação

Ler textos sem pontuação

Leitura colectiva de um texto em prosa ou poema. Combina-

se previamente onde parar a leitura (sinal de pontuação, linha

…). Este tipo de leitura obriga o leitor seguinte a ajustar o tom

e ritmo da leitura, para garantir a coerência do texto.

Escrever palavras que sugiram leveza, peso, calor, frio, triste,

alegre. Ler cada uma com o tom que sugere o seu significado.

Construir frases com as palavras e repetir o tom.

Estratégias para trabalhar as pausas, volume e entoação

Fazer corresponder sons aos sinais de pontuação. Uma pancada na

mesa para o ponto final, bater uma palma para as vírgulas, um

ohhhhhhhhhhh para as reticências, um ah? para a interrogação, e

ler um texto usando estes sons.

Estratégias para recitar poemas e leitura de contos

Seleccionar poemas ou contos tradicionais curtos e preparar a sua

leitura expressiva, anotando nas margens como se deve ler

(calmo, em tom de ameaça, com tom de gozo, olhar o público,

etc). Atender aos sinais de pontuação.

Procurar gestos e movimentos que se escondem nos textos, e que

ajudam a transmitir o seu conteúdo.

Realizar jogos de mímica e expressões(provérbios, poemas …)

Algumas questões

Ler em voz alta é estar “em directo” para uma plateia com gostos diferentes e ritmos diferentes, pelo que a leitura pode não agradar a todos.

Na leitura em voz alta, a imitação tem um papel importante. É necessário dispor de bons modelos para imitar e quanto mais diversos melhor.