Neoliberalismo

O que é Neoliberalismo?

Neoliberalismo - Origens

• Liberalismo – Vários tipos – Todos tem origem no Ocidente – Com a globalização, com o poder da indústria, tem se difundido

• Para discutir o Neoliberalismo, é importante ressaltar que é mais uma tendência que pode ser reconhecida do que um rótulo ou classificação precisa, sobre alguém ou sobre um governo. Geralmente um governo é neoliberal em alguns sentidos e não em outros.


• No mais geral, o liberalismo pratica a liberdade individual como liberdade social. Não cabe no liberalismo a questão da pertença ao grupo, isto é visto como isolacionismo e protecionismo.

• No que se refere ao termo Neoliberalismo, uma das fontes é Adam Smith, economista que pregou a idéia da “mão invisível do mercado”.


• O Neoliberalismo é então essa retomada do liberalismo econômico que tem seu principal proponente no passado distante em Adam Smith. Mas o termo mesmo só passa a ser empregado a partir dos anos 70, com a formulação pela chamada Escola Austríaca, com von Hayek como liderança, que se opunha à política do Estado de bem-estar social de Keynes (que foi adotado em países como a Suécia, a Dinamarca e a Noruega e a Finlândia.) e à do New Deal na década de 30 nos EUA.


• A mudança de um paradigma keynesiano – intervencionista para o paradigma neoliberal se dá principalmente a partir dos anos 80, impulsionada por dois países – EUA e Inglaterra, após as crises do petróleo da década de 70, por estes países acreditarem que a liberalização de mercados pudesse tirá-los da crise pela qual passavam. Isto foi posto em ação em parte nos anos 70 com a instalação de multinacionais nos países do sul global. O lema de Margaret Thatcher nos anos 80 era “não existe a sociedade, só o indivíduo”. O neoliberalismo reduz tudo a escolhas individuais, negando assim processos histórico-sociais.


• Atualmente é também um conceito usado pelos movimentos sociais representando um “inimigo”. Os movimentos sociais agem assim para defender seus interesses contra as oposições ao Estado como provedor ou como distribuidor de acesso a recursos e serviços.

Entre as atitudes chamadas neoliberais, encontramos as seguintes :

1. Uma crença de que o mercado pode resolver tudo sozinho, com a mínima ou nenhuma interferência do Estado.

– Isto é, o mercado pode resolver as questões da educação, da saúde, da justiça social (melhor distribuição), das desigualdades de raça, gênero, entre outras. Falar de cotas para negros na universidade por exemplo é ir contra os preceitos neoliberais de liberdade individual e do mercado livre.


2. O mercado só vai funcionar quando for “desregulamentado”, um termo usado pelo Fundo Monetário Internacional, criado em 1944 para controlar o mercado, e ajudar na implementação de um estado de bem-estar social, e que hoje é um dos principais motores do neoliberalismo. Entre as desregulamentações estão ações que visam acabar com as leis que protegem produtos nacionais, leis trabalhistas, e ambientais, enfim, tudo que venha a encarecer a produção e a competição transnacional. A desregulamentação visa também promover a especulação financeira, tornando as bolsas de valores cassinos para o lucro dos ricos. Hoje mais de 95 % dos movimentos de capital são especulativos, sem geração de riqueza ou empregos. Essa é uma das piores facetas do neoliberalismo hoje.


3. Princípios do FMI hoje:– Todos os países deveriam abrir seus mercados (isto é

apregoado pelos desenvolvidos, mas não o praticam quando não interessa – por exemplo, em produtos agrícolas e têxteis, que são as grandes exportações dos países do sul global, os EUA colocam taxas protecionistas).

– Privatização dos bens públicos.– Responsabilidade Fiscal: não gastar mais do que se arrecada

internamente.– Manter a Estabilidade: econômica, não social.

• Tudo isto se faz cumprir pelas “condicionantes” nos empréstimos.

• Também pela Org. Mundial do Comércio, onde o Brasil e a Venezuela por exemplo já ganharam uma causa contra o Clean Air Act dos EUA – uma lei que impediria a exportação de petróleo aos EUA.


4. A abertura de mercados, e a desregulamentação, tem sido empurrados apesar de terem causado muitos efeitos adversos: desemprego, degradação ambiental, e destruição de culturas.– Indústrias nacionais não conseguem competir– Governos são obrigados a desrespeitar suas próprias

leis– Povos são forçados a deslocar-se– “Desenvolvimento” fica a cargo de empresas privadas


5. O neoliberalismo pressupõe que a competição é inerente à vida, e que as pessoas tem suas necessidades dadas ou prontas. Mas nem uma nem outra coisa é dada, a competição, bem como o consumo são atividades politicamente, historicamente, e culturalmente estabelecidas.

6. O chamado mercado livre tem impulsionado empresas a tercerizarem seus serviços a outras empresas e fábricas que fazem o serviço mais barato, especialmente aquelas localizadas no sul global, em países onde a mão de obra é barata e sem direitos, ou sem sindicatos, e também onde leis ambientais são ineficazes.

Neoliberalismo

• O neoliberalismo tem realizado a chamada “precarização do trabalho”, onde o pleno emprego é tido não mais como uma necessidade mas um luxo. Os trabalhos temporários e o desemprego são a regra. Os contratos de trabalho precários visam transformar a realidade do Estado na realidade das leis do mercado. A precarização do ensino e da saúde também são resultado do neoliberalismo, pois a prioridade é o capital e não o social.

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• O neoliberalismo tem promovido também maior fluxo de capitais dos países pobres aos ricos, isto se dá pela liberalização de mercados e pela “flexibilização” das leis, em que os trabalhadores não tem pátria, e são móveis de acordo com a conveniência.

• O neoliberalismo promoveu, a partir dos anos 80, a piora na repartição da riqueza mundial e a manutenção dos níveis de pobreza segundo a ONU.

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• O desemprego e a precarização do trabalho são problemas estruturais do capitalismo hoje, seguem a “lógica destrutiva do capitalismo, que cresce destruindo, destrói o ambiente, destrói a força humana de trabalho e destrói pela guerra, o sistema precisa destruir para se alavancar.” (ANTUNES, 2007).

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• Um ponto importante: é difícil explicar um governo somente pelo rótulo de neoliberal:

• No Brasil, os governos de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002)

• Mas estes governos, apesar de terem adotado a política das privatizações, fizeram outras coisas que não são tão neoliberais:– aumentaram a carga tributária do país, tomaram atitudes

intervencionistas na economia, além de instituir programas de re-distribuição de renda de caráter social-democrata, entre outras medidas de clara inspiração keynesiana como, por exemplo, a quebra de patentes dos laboratórios farmacêuticos e a criação do "remédio genérico" e até algumas medidas desenvolvimentistas.

Resistências ao Neoliberalismo• Hoje a precarização tem dificultado a organização de

movimentos sociais. Mesmo assim muitos movimentos hoje tem se erguido contra a onda neoliberal, e isto vem como uma necessidade, principalmente em países como a Argentina, a Bolívia, o Chile e o Equador, que sempre seguiram à risca as regras do FMI, e que hoje correm atrás dos prejuízos à sua população.

• Também os Fóruns Sociais Mundiais e outras iniciativas locais tem se erguido contra a primazia do capital. Acredito que não podemos ser ingênuos e acreditar que o capitalismo chega ao fim em breve, mas também não podemos ser ingênuos e acreditar que as coisas são como são.

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