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Projeto desenvolvido na faculdade de Psicologia.
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DIONE NUNES FRANCISCATOEDUARDO ARAUJO DA SILVA
QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE: UM COMPARATIVO
MARINGÁ-PRNOVEMBRO
2008
CESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁBACHARELADO EM PSICOLOGIA
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Trabalho apresentado à disciplina de Estagio Supervisionado 1º, sob a orientação da Professor, Dr. Alex Eduardo Gallo, como avaliação parcial do 4º bimestre do curso de Psicologia.
QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE: UM COMPARATIVO
DIONE NUNES FRANCISCATOEDUARDO ARAUJO DA SILVA
MARINGÁ-PRNOVEMBRO
2008
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 04
2
1.1 Descrição do Problema............................................................................................. 041.2 Revisão Bibliográfica................................................................................................ 04
1.2.1 O Envelhecimento.......................................................................................... 041.2.2 O Envelhecimento Físico (Biológico)..............................................................051.2.3 Aspectos Psicológicos e Psiquiátricos do Envelhecimento............................ 061.2.4 Aspectos Sociais do Envelhecimento.............................................................111.2.3 Qualidade de Vida.......................................................................................... 121.2.4 Qualidade de Vida do Idoso........................................................................... 14
1.3 Objetivo da Pesquisa.................................................................................................16
2 MÉTODO........................................................................................................................17
2.1 Participantes............................................................................................................. 172.2 Material......................................................................................................................172.3Local........................................................................................................................... 172.4 Procedimento............................................................................................................ 17
3 RESULTADOS......................................................................................................19
4 CONCLUSÃO...............................................................................................................26
ANEXO.............................................................................................................27
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 29
1 INTRODUÇÃO
1.1 Descrição do Problema de Pesquisa
A presente pesquisa visa comparar a qualidade de vida do idoso que vive junto à família
com a qualidade de vida do idoso que mora em instituições particulares destinadas a cuidar
3
destes. A realização desse comparativo tem por finalidade a caracterização dos aspectos
positivos e negativos em cada um dos referidos ambientes, podendo assim identificar problemas
e sugerir melhorias a se fazer para que o idoso possa viver de forma mais digna possível.
Serão abordados aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais.
1.1 Revisão Bibliográfica
1.2.1 O envelhecimento
As fases da vida são acompanhadas de determinadas características – salientando as
físicas (biológicas), psicológicas e de participação social – variadas que, de forma geral, são
inerentes a cada respectiva fase. Essas fases ocorrem de forma seqüencial e interdependente.
Todos os organismos multicelulares – entre eles os seres humanos – têm um tempo limitado de
vida, o qual comumente é dividido em três fases, definidas de forma linear, a começar pela fase
de crescimento e desenvolvimento, na qual surgem as habilidades funcionais no organismo que
tornam o indivíduo apto para o início da vida reprodutiva, sendo esta a segunda fase. A terceira
fase é caracterizada pelo declínio da capacidade funcional do organismo, a qual é chamada de
senescência, ou envelhecimento (Hoffman, 2002). Estas fases podem ser classificadas, em
termos de desenvolvimento humano, como infância/adolescência, maturidade e velhice. No
presente texto caberá apresentar discussão desta última fase, a qual é permeada por diversos
fatores tidos como negativos por conta dos declínios ocorridos nos aspectos físicos, psicológicos
e sociais do indivíduo.
O envelhecimento é caracterizado por alterações moleculares e fisiológicas as quais
estão diretamente ligadas a perdas funcionais dos órgãos e consequentemente do organismo
como um todo (Hoffman, 2002). Com o processo de modernização – e a valorização da
produção e consumo – a sociedade tornou-se altamente excludente no que se refere à
capacidade de geração de capital pelo trabalho (quem tem capacidade de produção mais
eficiente é mais valorizado e com o declínio do organismo essa capacidade diminui), processo
que é encarado como primordial em uma sociedade capitalista como a nossa. Ao contrário das
sociedades pré-modernas, nas quais o idoso era reconhecido/valorizado como fonte de
conhecimento e experiência, a urbanização ocorrida na era moderna acarretou na diminuição
das famílias – levando ao solo o poder patriarcal dos idosos – e no aumento da escolarização –
4
que fez com que o saber dos idosos fosse inadequado às necessidades dos jovens
escolarizados (Prado, 2002).
Os problemas físicos, que passam a aparecer pela degradação do organismo, são
responsáveis pelos problemas de enquadramento social e estes dois ainda são causa dos
problemas de cunho psíquico – muitos causados, especificamente, por doenças degenerativas
que acometem o sistema nervoso.
Feita essa explanação apresenta-se de forma mais específica quais os principais
problemas físicos, sociais e psicológicos enfrentados pelos idosos e, se possível, quais são os
melhores caminhos para que aumente a qualidade de vida e amenize os males advindos da
senilidade, afinal de contas, todos um dia “chegaremos lá”.
1.2.2 - Envelhecimento físico (biológico)
O envelhecimento é definido por muitos gerontologistas como a diminuição da
capacidade de viver, sendo causador de diversas alterações/limitações físicas internas e
externas nos indivíduos. A aparência do idoso é marcada por alterações como o enrugamento da
pele, flacidez, verrugas, manchas na pele, crescimento das cartilagens, aumento de pêlos no
nariz e nas orelhas, encurvamento por deformidade da coluna vertebral, queda de cabelo, etc. Já
nos aspectos internos podemos citar as alterações metabólicas (desaceleração), endurecimento
ósseo, atrofiamento dos órgãos e músculos, comprometimento da visão e da audição,
entupimento das artérias provocando a arteriosclerose, etc. (Zimerman, 2000).
Como é de conhecimento geral os exercícios físicos beneficiam o desempenho nas
atividades do dia a dia e servem como uma forma de manutenção do nosso corpo em diversos
aspectos. Mesmo aqueles que cuidam muito bem de seus corpos sentem os alterações trazidas
pelo tempo a este, por isso faz-se importante o desempenho de atividades físicas, se possível
diárias, por sujeitos da terceira idade, para que o corpo não perca totalmente sua autonomia. A
regularidade na prática de atividade física trará conseqüências positivas como o aumento do
tônus e trofismo musculares, ganho de massa óssea, diminuição nos níveis de pressão arterial,
glicose e colesterol, normalização do peso corporal e a diminuição do estresse. As perdas de
capacidades físicas, do autocontrole, da independência trazem conseqüências marcantes para o
idoso, pois com isso são afetadas a auto-estima e a confiança dos sujeitos devido a essas
imposições advindas da senilidade (Erikson, 1998).
5
Os anciãos estão fadados a duvidar da própria capacidade física, lembrando-se do vigor
e capacidade da maturidade, sentindo normalmente deprimidos por essa nostalgia.
Fatores que devem ser considerados de extrema influência no envelhecimento físico são
os genéticos, a ação dos radicais livres, capacidade do sistema imunológico, as ligações
cruzadas entre as macromoléculas, a estabilidade das ligações ADN-histona, a radiação,
altitude, temperatura, poluição, alimentação e tensão emocional. Todos esses fatores
influenciarão de forma positiva ou negativa no envelhecimento, como por exemplo, uma boa
alimentação faz com que uma menor quantidade de radicais livres seja liberada no organismo
diminuindo a velocidade do envelhecimento, já uma exposição excessiva a luz solar ou a
poluição pode ser muito prejudicial, acelerando o processo de degradação do organismo.
As limitações fazem com que os idosos necessitem de cuidados especiais, tais quais as
crianças, porém em diferentes aspectos. Cuidados com o planejamento da mobília do espaço
físico onde estarão os idosos é essencial, pois diversos são os acidentes com fraturas ósseas
(até mesmo traumatismo craniano, podendo comprometer funções cognitivas e motoras)
causados pelas freqüentes quedas, tropeços e esbarrões que os idosos sofrem.
1.2.3. Aspectos psicológicos e psiquiátricos do envelhecimento
Um grande problema, que muitas vezes acompanha o envelhecimento, é a dificuldade
em se diagnosticar quais problemas são decorrentes de distúrbios patológicos relacionados à
senilidade e quais são conseqüências normais da velhice devido às limitações impostas por essa
fase da vida. Muitas patologias estão ligadas a forma como o idoso passa a vivenciar o mundo
através de suas limitações físicas e tantas outras fazem parte do quadro de envelhecimento
cerebral que acompanha o declínio biológico do sujeito.
Na velhice temos uma considerável diminuição da visão, da audição, do paladar, da
olfação, da força e precisão manuais, criatividade, memória (sendo os distúrbios relacionados a
esta os mais comuns), imaginação, atenção, energia, iniciativa, robustez, flexibilidade,
velocidade, adaptação e sociabilidade. No homem adulto essas limitações são consideradas
deficiências enquanto são normalidades na velhice. Como conseqüência dessas limitações
impostas pela idade fica distorcida a noção de doença, principalmente para o próprio idoso que
prefere muitas vezes atribuir certas dificuldades à patologias inexistentes, ou então tentar
explicar, relutando em aceitar a patologia, certos distúrbios clínicos como sendo “coisas da
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idade”. A forma distorcida de se entender os problemas da própria velhice pelo sujeito em
questão acaba trazendo certo sentimento de inautenticidade ao idoso.
Outros fatores que afetam de forma direta os idosos psicologicamente são a diminuição
na capacidade sexual no homem, o que o impossibilita de manter relações sexuais tanto quanto
gostaria, e a sensação de não se sentir mais desejada na mulher. O desejo de manter as
aspirações e objetivos da vida adulta sentindo a incapacidade de realizá-los, a falta de projeções
no envelhecimento acaba também como as primeiras citadas, por trazer conseqüências
psicológicas negativas ao indivíduo na fase senil.
Quanto a inteligência, não existem estudos que comprovem que exista diminuição
considerável da mesma com a idade. O que existe são aspectos focais na perda de habilidades
cognitivas/intelectuais, como a diminuição da memória sensorial, maior dificuldade no processo
de consolidação da memória de longo prazo devido a prejuízos na memória de curto prazo,
deterioração da capacidade de lembrança, planejamento, dificuldades na avaliação de
comportamentos complexos de outros indivíduos, inflexibilidade para se mudar de posição
quando a solução privilegiada não é suficiente, ou é incapaz, para se solucionar determinado
problema, dificuldades na utilização da informação proveniente dos estímulos recebidos do
ambiente, entre outras. Funções como habilidades verbais, reconhecimento, a retenção
educacional (“inteligência cristalizada”) não são prejudicadas com a velhice.
A seguir serão apresentados alguns distúrbios psicológicos e psiquiátricos que
acompanham a velhice:
Síndromes Depressivas: São os distúrbios psíquicos mais comuns que acometem os
idosos (por isso serão caracterizados de forma mais específica alguns desses distúrbios), sendo
que estas surgem devido a alguma doença ou limitação física que acompanha o idoso, não
apresentando, comumente, histórico familiar, devendo ser destacado que o estado de tristeza
não caracteriza uma síndrome depressiva. O quadro clínico apresenta perda de interesses e
prazer em atividades que antes causavam satisfação para o indivíduo, baixa auto-estima,
dificuldades cognitivas, pensamentos sobre morte e suicídio, perda de energia, entre outros.
Destaquemos algumas das síndromes depressivas classificadas de acordo com o DSM-III-R:
- Distúrbio Orgânico do Humor – tipo depressivo: Esse distúrbio é
caracterizado pelo fato de ocorrer estando ligado a um ou mais
fatores orgânicos que se relacionam com o quadro de depressão. A
resolução da causa de base comumente costuma interromper este
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distúrbio. Quando necessário o tratamento pode acompanhar a
administração de antidepressivos.
- Distúrbio Depressivo: Os distúrbios depressivos podem classificados
em:
a) Depressão Maior, que inclui a depressão maior com melancolia e a
depressão psicótica. A Depressão Maior é constituída apenas de
episódios depressivos e seu tratamento inclui medicações
antidepressivas, eletroconvulsoterapia (ECT) e eventual
psicoterapia. A depressão maior ainda é dividida – destacando-se –
em Depressão Delirante (na qual idéias vagas e delirantes
relacionadas com sentimento de culpa, agitação, idéias auto-
referentes surgem no indivíduo – o deprimido responde bem ao
tratamento de ECT), Depressão Mascarada (não apresenta queixas
de tristeza ou depressão, podendo causar distúrbios
gastrointestinais, pulmonares ou cardíacos) e Pseudodemência
Depressiva (caracterizada por distúrbio de memória, dificuldade de
concentração, indecisão, etc).
b) Distimia: Distúrbio frequentemente encontrado em pacientes com
personalidade borderline e seu diagnóstico é dado por freqüentes
episódios de sintomas da depressão maior (por um período de pelo
menos 2 anos). Não existe ainda tratamento eficaz para esse tipo de
distúrbio.
c) Reação de Ajustamento com Humor Depressivo: Caracterizado
pelo aparecimento de sentimentos de tristeza e desesperança
devido a fatores psicossociais ocorridos há até três meses antes do
surgimento dos sintomas. Reações de estresse são constantes e os
pacientes se beneficiam de tratamento psicoterápico e
antidepressivos.
Associadas à depressão encontramos doenças infecciosas crônicas como hepatite,
pneumonia viral, mononucleose, lues terciaria. Endocrinopatias como hipertiroidismo,
hipotiroidismo, síndrome de Cushing, doença de Addison. Neoplasias como carcinoma do
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pâncreas, carcinoma do útero, carcinoma do pulmão. Doenças do sistema nervoso central como
epilepsia, tumores, doença de Huntington, doença de Parkinson, doença de Alzheimer. Doença
hematológica – anemia. Doenças cardiológicas como infarto agudo do miocárdio, insuficiência
cardíaca congestiva. Ainda podem estar associadas a depressão a insuficiência renal e a dor
crônica.
Temos ainda as drogas associadas à depressão, sendo elas o álcool,
benzodiazepínicos, barbitúricos, fenotiazinas, haloperidol, antidepressivos (toxidade),
anfetaminas (abstinência), L-dopa, sulfonamidas, amiodarona, reserpina, propranolol, metildopa,
hidralazina, clonidina, digitálicos (intoxicação), corticosteróides, antineoplásicos e contraceptivos
orais.
Síndrome Maniforme: Ligada à histórico de mania ou depressão apresenta aumento da
atividade motora, aumento da energia, expansão do humor (acompanhado de euforia ou
irritabilidade), curso acelerado do pensamento e idéias de grandeza.
Síndromes Delirantes: A principal caracterização das síndromes delirantes é o
aparecimento de idéias delirantes, não condizentes com a realidade, no indivíduo. Podemos citar
como as mais na senilidade a Síndrome Delirante Orgânica, Distúrbio do Humor, Esquizofrenia,
Distúrbio Delirante (Paranóide) e a Reação Psicótica Breve.
Neuroses: Os distúrbios neuróticos apresentam-se divididos em 3 grandes classes de
acordo com o DSM-R-III:
- Distúrbios ansiosos: Pânico, Agorafobia, Fobia social, Fobia
simples, Obsessão-compulsão, Distúrbio delirante pós-traumático,
Ansiedade generalizada e ainda o distúrbio ansioso não
especificado.
- Distúrbios somatoformes: Dismorfismo, Conversão, Hipocondria,
Somatização, Dor somatoforme e os distúrbios somatoformes
indiferenciados e não especificados.
- Distúrbios dissociativos: Personalidade múltipla, Fuga psicogênica,
Amnésia psicogênica, Despersonalização e os distúrbios
dissociativos não especificados.
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Existem ainda outras síndromes mentais e comportamentais, destacando-se a
demência, que afetam psicologicamente a vida do idoso. A demência é caracterizada pela
diminuição global das funções cognitivas, podendo comprometer funções como linguagem,
memória, capacidades viso espaciais, personalidade e cognição. As principais causas das
demências que acometem os idosos são:
- Doenças Degenerativas: Demência Senil do tipo Alzheimer, Doença
de Pick, Doença de Huntington, Doença de Parkinson e Paralisia
Supranuclear Progressiva.
- Doenças vasculares: Demência Multi-Infarto, Doença de Binswanger
e Arterite de Células Gigantes.
- Hidrocefalia com Pressão Normal.
- Traumatismo Cranioencefálico: Hematoma Subdural.
- Infecções: Doença de Jakob-Creutzfeldt, Neurolues e
Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva.
- Causas tóxicas e Metabólicas: Drogas medicamentosas, doença
pulmonar crônica, cardiopatias, insuficiência renal crônica,
insuficiência hepática, Hipernatremia, Hiponatremia, Hipertiroidismo,
Hipotiroidismo, Hiperparatireoidismo, Hipoparatireoidismo,
Hiperglicemia, Hipoglicemia, Anemia, Policitemia e deficiência
vitamínica.
1.2.4. Aspectos sociais do envelhecimento
O valor social do idoso sempre variou na história da humanidade. Encontramos várias
classificações para os indivíduos que se encontram na senilidade e essa classificação
dependerá da época e cultura na qual vivem/viveram.
Na China antiga o homem passava a ser de maioridade apenas após os 50 anos e era
considerado um elogio dizer a uma mulher que ela tinha aparência centenária.
10
O Conselho de Estado de Esparta, na Grécia antiga, era composto por 28 cidadãos com
mais de 60 anos.
Na Roma antiga o senado era formado com homens que, além de terem que ter
experiência na vida pública, deviam ter, no mínimo, 80 anos de idade.
O idoso sempre teve seu lugar e valor na sociedade e atualmente não é diferente, porém
com os avanços da medicina, a quantidade de idosos no planeta tem aumentado em larga
escala devido a uma vida mais longa (por volta de 1900 a expectativa de vida era de, no
máximo, 42 anos de idade), com isso tem existido certa desvalorização desta classe, pois a
sociedade capitalista, baseada na produção, valoriza muito mais o homem maduro que pode
produzir do que incapaz. Produzindo o homem obterá capital e poderá pagar pelos serviços de
saúde, alimentação, limpeza, moradia, água, luz, entre tantos outros que lhe dão a mínima
dignidade. A atual sociedade é feita para indivíduos de faixa etária diferente da senescência. Em
apenas alguns poucos casos encontramos lugares privilegiados ocupados, em grande parte, por
indivíduos idosos, como a presidência de empresas ou cargos políticos.
Mas o que fazer para garantir uma boa/justa vida aos idosos? Quais são os motivos de
se adequar as condições da casa para um bebê, mas não para o idoso? Muitas vezes a falta de
interesse dos próprios familiares, falta de expectativa para com o idoso, o alto valor que se gasta
para fazer as adequações devidas a moradia deste, a falta de conhecimento das necessidades
por parte daqueles que convivem com o indivíduo na terceira idade e a falta de paciência são os
principais fatores de exclusão e de inadequação do ambiente social para o senil.
A busca por uma vida social melhor é constante e devemos dar atenção a toda classe
que compõe nossa sociedade. No caso do idoso devemos buscar fazer as adequações
necessárias no ambiente que este vive, manter a paciência para com eles, procurar entender o
ponto de vista do ancião, dar amor e carinho da mesma forma que recebemos deles algum dia,
sendo esses alguns, entre tantos outros, fatores simples que podem ajudar o indivíduo na
senilidade – que já passou por toda uma vida produtiva – a ter seu lugar na sociedade de forma
justa e satisfatória.
1.2.5 Qualidade de vida
11
O conceito de qualidade de vida atualmente é um campo bem complexo e ativo de
discussão. Muitas são as definições utilizadas para caracterizar este termo, todavia o GROUP
WHOQOL sintetiza a qualidade de vida como sendo “a percepção do indivíduo de sua posição
na vida e no contexto de sua cultura e nos sistemas e valores em que vive e em relação as suas
expectativas, seus padrões e suas preocupações”.
O ser humano ao longo da história transformou o seu ambiente e percebeu que para
modificar era necessário planejamento antes da execução da ação. Este planejamento para a
transformação do ambiente se dá devido ao raciocínio que leva ao desejo de “querer estar bem”
tanto no âmbito material quanto no imaterial. O primeiro aspecto sintetiza estruturas básicas
como saneamento, alimentação, moradia, escolas (Santos; Martins, 2002), o segundo por sua
vez inclui questões como o bem-estar, a subjetividade, o ambiente psicológico, as idéias, isto é,
parâmetros que definimos como abstratos e emocionais.
As facetas da qualidade de vida nos remetem a precursores sociais, políticos e morais.
Não podemos nos esquecer também o nível individual, dando relevância a este, pois ele
caracteriza “o que é bem-estar para si”. Deste modo alguns autores se focam em áreas
específicas para uma vivência de qualidade, considerando que para obtenção desta qualidade é
necessário satisfazer as esperanças e expectativas de vida decorrentes da experiência de vida,
ou seja, a idade, aliada com satisfações específicas, cria um fator relevante no construto
qualitativo.
De acordo com Maslow (2003) para uma vida feliz e realizadora o homem segue uma
hierarquia de necessidades básicas tais como saúde, segurança, relacionamentos, auto-estima e
auto realização. Visto que este modelo esta no viés da satisfação, pois o indivíduo ao consumir e
desfrutar a vida, ultrapassando linearmente ou aleatoriamente estes estágios, consegue
substancialmente sentir-se bem.
Um outro modelo qualitativo de existência se respalda no aspecto de “funcionar” bem, ou
seja, desempenhar ativamente os seus papéis sociais e as atividades que mais valoriza (Fleck,
2008), haja vista que fatores funcionais, como a saúde, interferem significavelmente neste
construto.
Para a OMS saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental, social e não,
simplesmente, a ausência de doença ou enfermidade”, desta forma reflete que a qualidade de
vida além dos parâmetros fisiológicos esta em interação com aspectos sociológicos e
psicológicos.
12
Os papéis sociais, a autonomia física e o relacionamento com o outro transcrevem a
qualidade de vida, isto significa que viver bem é poder desempenhar satisfatoriamente suas
ações baseadas em seus valores e princípios, tanto no nível individual quanto na coletividade,
obtendo-se assim um senso de significação pessoal e conquistando independência (Freire
2003).
A amplitude e complexidade da qualidade de vida geram uma grande quantidade de
determinantes/variáveis a serem exploradas, porém vamos nos ater aos fatores influentes na
“aquisição” de uma vida feliz na terceira idade.
1.2.6 Qualidade de vida do idoso
O homem sofre um processo biopsicossocial degenerativo chegando à terceira idade,
esta fase é marcada pela busca intensa da homeostasia do corpo e da mente, por sua vez ela
possui algumas diferenciações das demais etapas, visto que é promissora quanto as perdas e ao
acumulo de experiência. Deste modo trataremos dos mecanismos de apoio a essa realidade no
construto da qualidade de vida na velhice.
A humanidade está vivenciando um “tempo de velhos”, pois com o avanço da medicina e
outras formas de conhecimento estamos substancialmente tendo condições de adquirir uma
longevidade maior (Zimerman, 2000). Porém a idade avançada traz consigo complicações
biológicas como modificações externas (enrugamento da pele, flacidez, verrugas, aumento de
pelos no nariz e orelhas, encurvamento devido a modificações na coluna vertebral) e
modificações internas (ossos endurecidos, atrofiamento dos órgãos, metabolismo desacelerado,
comprometimento da visão, entupimento das artérias provocando arteriosclerose). O
conhecimento disso nos embasa a retratar que envelhecer é inevitável e que tais complicações
ocorrem também em virtude do estilo de vida anterior (Zimerman, 2000; Rabelo; Néri, 2005),
mas de forma geral nesta etapa nos tornamos mais vulneráveis às doenças e o organismo torna-
se mais lento para a cura, porém o segredo é apreender a conviver com essas limitações lutando
para minimizar estes problemas físicos praticando atividades físicas como natação, danças,
exercícios para a memória, etc.
O construto emocional e psicológico na terceira idade é primordial para a qualidade de
vida. Nesta fase ocorrem perdas dos papéis sociais nos âmbitos trabalhistas, familiares, ciclo de
amizades e outros, remetendo o idoso a uma baixa auto-estima. Estudos apontam que a
13
depressão, por exemplo, está vinculada a qualidade de vida, e a recolocação do sujeito idoso
nas esferas sociais ocasiona melhora na patologia (Doraiswamy, 2001; Shmuely, 2001; Unutzer,
2002; Kuehner, 2002).
O aspecto social no envelhecimento é um desafio, pois com a tecnologia mais
avançada, o mundo cada dia mais globalizado e a velocidade da vida como um todo, levam o
idoso, de certa forma, a não acompanharem as mudanças que ocorrem (Zimerman, 2000).
No envelhecimento social temos a ocorrência de alguns conflitos de relacionamentos
decorrentes de alterações como a crise de identidade, aposentadoria, perdas diversas e a
diminuição de contatos sociais. Neste contexto é preciso ajustar as interações para minimizar o
sofrimento causado pala solidão aumentando suas redes de contato, seja em casa, ou na
instituição onde vivem, visto que a criação de mecanismos de coping, como auto-eficácia, ajuda
a diminuir incapacidades da velhice (Rabelo; Néri, 2005). O individuo se torna mais auto-
conhecedor de suas potencialidades e fragilidades, assim o envelhecimento pode ser mais
saudável e ter maior qualidade, pois com a conscientização das limitações são possíveis se
fazer intervenções que amenizam os desconfortos, tanto biológico como psicológico (Zimerman,
2000).
O ambiente físico em que o idoso vive é um grande modelador de sua qualidade de vida.
Para a OMS (2005) se o ambiente for “adequado à idade pode representar a diferença entre
independência e dependência para todos os indivíduos, mas especialmente para aqueles em
processo de envelhecimento. Por exemplo, pessoas idosas que moram em ambientes ou áreas
de risco com múltiplas barreiras físicas saem, provavelmente, com menos freqüência, e, por isto,
estão mais propensas ao isolamento, depressão, menor preparo físico e mais problemas de
mobilidade”. Hoje é necessário que as construções sejam bem elaboradas para a convivência
com os idosos, visto que existem muitos casos de quedas sendo oriundos de obstáculos
encontrados nas residências e instituições que abrigam e cuidam de idosos (OMS 2005).
A violência está também associada a qualidade de vida. A Organização Mundial da
Saúde (2005) revelou em estudos que mulheres idosas são, em grande maioria, alvo de furtos e
agressões, além da violência moral que muitos idosos enfrentam corriqueiramente frente as
adversidades da vida. Esta faceta permeia os meandros de políticas públicas para o bem-estar
dos velhos. Atualmente o Estatuto do Idoso garante leis para gerenciamento da terceira idade,
porém a população acaba por negligenciar tal estatuto afetando diretamente o cidadão de maior
idade, merecedor do respeito humano.
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Ao final desta explanação sobre a qualidade de vida do idoso, temos a consciência de
que o caminho para alcançarmos o “ponto ideal” é longo, e por sua vez grandes mudanças ainda
devem ser feitas com intuito de melhorar o bem-estar do idoso. Deste modo o desenvolvimento
humano continua e o nosso compromisso é ajudar a melhorar os construtos qualitativos da vida
do idoso.
1.3 Objetivo da Pesquisa
Ao chegar à terceira idade o idoso continuar a ter, como em qualquer outra fase da vida,
a necessidade de um lar, um ambiente agradável no qual possa viver de forma satisfatória e
humanizada. Muitas vezes as famílias acabam por não “terem tempo” para cuidar de seus
idosos, colocando estes em instituições particulares que abrigam e cuidam deles. Devemos citar
também que muitas famílias adéquam o seu ambiente para que o idoso tenha uma qualidade de
vida maior em seus últimos anos de vida no próprio ambiente familiar.
A partir dessas constatações será feita uma pesquisa comparativa entre a qualidade de
vida do idoso que vive abrigado em instituições particulares e do idoso que mora com a família.
15
2 MÉTODO
2.1 Participantes
Os participantes da pesquisa serão pessoas idosas (com idade igual ou maior que 60
anos). Os participantes deverão ser lúcidos, ou seja, não devem apresentar distúrbios
patológicos que comprometam a obtenção de dados. Metade dos participantes deverá morar em
casa, com a família – seja qual for a constituição desta –, e a outra metade deverá morar em
instituições particulares para idosos.
2.2 Material/Equipamento
O material que será utilizado para a coleta de dados é um questionário, elaborado pela
OMS (Organização Mundial de Saúde), para se medir a qualidade de vida. Será utilizada sua
forma resumida: O WHOQOL – Abreviado, versão em português (Anexo 1).
Este questionário possui 26 perguntas (em sua forma abreviada), as quais referem-se a
aspectos da vida do sujeito (O WHOQOL – Abreviado é composto por 4 domínios: Físico,
Psicológico, Relações Sociais e Meio- ambiente). Cada questão possui uma escala numérica de
opções variando de um até cinco, e, em cada qual, os números possuem atribuições específicas.
2.3 Local
Os locais onde serão colhidos os dados serão residências, nas quais moram idosos, e
duas instituições particulares destinadas a cuidar de idosos. As residências serão selecionadas
em bairros distintos assim como as instituições.
2.4 Procedimento
Iniciar-se-á o trabalho de coleta de dados com a seleção dos locais a serem utilizados
para tal coleta. Serão escolhidos bairros e residências aleatoriamente, então será verificado se a
16
residência possui algum idoso em seu convívio familiar. Será estabelecido rapport, tanto com a
família, quanto com idoso, e serão explicados os motivos pelos quais a pesquisa está sendo
realizada, salientando que o sujeito pode desistir a qualquer momento durante a pesquisa e que
esta não acarretará dano algum para o mesmo. Assim que estiver tudo devidamente esclarecido
será apresentado o termo de consentimento para o idoso e este deverá assiná-lo para iniciar-se
a pesquisa. O mesmo será feito com relação à escolha das instituições selecionadas, sendo
explicado a finalidade da pesquisa, quais os benefícios que esta pode trazer para os idosos e
para a instituição, e será solicitado que um formulário de autorização seja assinado pela
instituição. O WHOQOL pode ser lido e respondido pelo participante, porém por se tratar de
idosos, que podem ter alguma eventual dificuldade com a interpretação ou resposta das
perguntas, o pesquisador lerá cada questão com o idoso e anotará sua resposta. Após o sujeito
responder ao teste lhe informaremos sobre o feedback que será dado após um certo período de
tempo (no término da pesquisa).
Ao término da pesquisa entra-se em contato com as instituições e com os participantes
para dar-lhes feedback referente aos resultados da pesquisa.
3 RESULTADOS
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Os dados serão analisados quantitativa e qualitativamente, então posteriormente serão
gerados resultados dos idosos que moram em família, em comparação como para os idosos
institucionalizados.
O que permite fazer essa análise comparativa dos dados quantitativos e qualitativos é a
relação direta do escore obtido com o grau de qualidade de vida do sujeito.
Se concluirmos que existem diferenças na qualidade de vida destes, vamos nos ater a classificar
quais são essas diferenças.
Nos quadros abaixo encontra – se todos os dados gerais das duas populações
selecionadas para este comparativo, além das tabelas comparativas que abordam os aspectos
que o WHOQOL instrumento utilizado constatou como; os fatores físicos, psicológicos, sociais e
ambientais entre as populações de idosos que moram em casa e os que moram na instituição
particular no total foram selecionados 20 participantes.
DADOS GERAIS1. AMOSTRA DA CASA
Nome Sexo Idade Estado Civil1º C.P.L F 64 V2º A.F.B M 65 C3º L.C.D F 85 V4º O.S.L F 78 C5º S.M.L M 76 C6º S.F.S M 65 C7º E.S.F F 60 C8º M.C.A F 72 V9º J.H.L M 65 C10º L.N.F F 63 V
Média de idade 69,3
No primeiro quadro está disposta a população de idosos que vivem em casa, em que 6
participantes são femininas e 4 masculinos. Neste quadro foi constatado que 4 participantes
femininas estão viúvas (V) e os demais encontram - se casados (C), por sua vez percebe-se
também que a média de idade é de 69,3 anos menor que a do quadro posterior.
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DADOS GERAIS1. AMOSTRA DA INSTITUIÇÃO
Nome Sexo Idade Estado Civil1º K.T.A F 78 S2º A.M.L F 81 S3º J.V.L F 85 S4º L.A.Z F 60 S5º A.N.T F 85 S6º V.T.B M 73 S7º L.O.V M 69 S8º J.B.L M 79 S9º G.E.N M 73 S10º V.D.M M 62 S
Média de idade = 74,5
No segundo quadro pode-se observar que a população de idosos que moram na
instituição se apresenta com 100% e classifica – se como solteiros mesmo tendo uma vida
passada com outro parceiro. Nesta amostra obteve-se uma igualdade, sendo 5 participantes
femininas e 5 participantes masculinos e a média de idade é de 74,5 anos comparado com a
primeira população, em que ela é 5,2 anos mais velha.
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TABELAS COMPARATIVAS
Nesta tabelas comparativas foram realizadas uma média simples para a construção dos resultados comparativos, por sua vez quanto maior a média
obtendo 100% na média 5 melhor será sua qualidade de vida, porém as questões (Q) Q3, Q4 e Q26 obedecem o parâmetro inverso, em que quanto menor
a média obtendo 100% na média 0 melhor será sua qualidade de vida.
5 – 100%
Média – X =
ASPECTOS GLOBAIS DA QUALIDADE DE VIDAQUESTOES CONSTRUTOS ANALISADOS MÉDIA DA CASA MÉDIA DA INSTITUIÇÃO
Q1 Qualidade de vida 4,2 3,2
Q2 Saúde 3,8 3,6
Nos aspectos globais da qualidade de vida o WHOQOL nas questões (Q) 1 e 2 perguntam na totalidade como está sua qualidade de vida e sua saúde, por sua
vez constatou-se nesta tabela que na generalidade os idosos que moram na casa obtiveram uma melhor média na Q1, sendo 20% superior a média dos idosos
que moram na instituição na avaliação da qualidade de vida, porém na Q2 sobre saúde houve uma pequena margem superior na população da casa, o que
coloca que ambos obtiveram resultados neste parâmetro muito semelhantes.
TABELA 1.FISICO
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QUESTOES CONSTRUTOS ANALISADOS MÉDIA DA CASA MÉDIA DA INSTITUIÇÃO
Q3 Dor e desconforto 1,6 1,6
Q4 Dependência de medicação ou de tratamentos 2,8 2,7
Q10 Energia e fadiga 4,1 3,5
Q15 Mobilidade 3,4 3,5
Q16 Sono e repouso 3,8 3,6
Q17 Atividades da vida cotidiana 3,8 3,9
Q18 Capacidade para o trabalho 3,9 3,7
Nesta tabela procura – se verificar a correlação de dados frente a qualidade física dos idosos nas diferentes populações, neste sentido observa –se que
na questão (Q10) os que moram na casa possui um grau de qualidade de vida no quesito de energia e fadiga em 12% superior aos que moram na instituição.
Nas questões Q15,16,17 e 18 ocorreu uma certa igualdade entre ambos, porém a média da qualidade de vida de ambas populações nos quesitos de
mobilidade, sono e repouso , atividades da vida cotidiana e capacidade para o trabalho gira em torno de 73 % o que remete a uma porcentagem razoável mas
não excelente na qualidade vida fisiológica.
As questões inversas Q3 e Q4 revelaram também uma igualdade em ambas populações, porém no quesito dependência de medicação ou de
tratamentos médicos ambas apresentam um índice de 44% requisitadas neste parâmetro.
TABELA 2.PSICOLOGICO
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QUESTOES CONSTRUTOS ANALISADOS MÉDIA DA CASA MÉDIA DA INSTITUIÇÃO
Q5 Sentimentos Positivos 3,3 3,4
Q6 Espiritualidade/Religião/Crenças Pessoais 3,8 3,4
Q7 Pensar/Aprender/Memória/concentração 3,3 3,4
Q11 Imagem Corporal e Aparência 3,4 3,9
Q19 Auto-Estima 4,1 4,0
Q26 Sentimentos Negativos 2,1 2,3
Identificou – se nesta tabela os aspectos psicológicos envolvendo as duas populações, por sua vez observou – se que ambas se igualaram
parcialmente em quase todas as questões, todavia a população de idosos nas questões Q5, Q7 e Q11 obtiveram uma ligeira porcentagem de 10% para uma
melhor qualidade nos sentimentos positivos, pensar/ apreender/ memória / concentração e imagem corporal, tendo em vista que pelo confinamento não tem
muita importância para padrões de estética como contrario os idosos que moram em casa e possuem contato com estes parâmetros.
Os demais construtos como nas questões Q6 e Q19 os idosos que moram com a família tiveram também uma ligeira porcentagem de 10% para melhor
qualidade de vida envolvendo os aspectos espiritualidade/ religião / crenças pessoais e auto estima demonstrando a correlação de ambos os parâmetros.
A questão Q26 que envolve sentimentos negativos, em que ambas as populações demonstraram dados de mais 50% deste tipo de pensamento, porém
4% a mais da população de idosos que moram na instituição tem este construto prevalente dado que revela psicologicamente a ausência de suporte
psicológico para a realidade existencial vivida no momento.
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TABELA 3.RELAÇÕES PESSOAIS QUESTOES CONSTRUTOS ANALISADOS MÉDIA DA CASA MÉDIA DA INSTITUIÇÃO
Q20 Relações Pessoais 4,4 3,6
Q21 Atividade Sexual 3,4 3,4
Q22 Suporte (apoio) Social 4,3 3,7
Nesta tabela verificaram-se as relações pessoais, por sua vez observou – se nas questões Q20 e Q21 que tratam do construto já empregado e também o
suporte social que a população de idosos que moram na casa possuem 15% a mais de qualidade de vida nestes parâmetros com relação aos que moram na
instituição. Na questão Q21 ambas as populações tiveram médias iguais no parâmetro atividade sexual mostrando que numa escala de 100% de qualidade de
vida eles pontuam com 68% sobre este tema um dado um tanto regular para ambas as populações.
TABELA 4.MEIO AMBIENTE
QUESTOES CONSTRUTOS ANALISADOSMÉDIA DA
CASA MÉDIA DA
INSTITUIÇÃO
Q8 Segurança Física e Proteção 3,8 3,5
Q9 Ambiente Físico (poluição, ruído, transito e clima) 3,8 3,6
Q12 Recursos Financeiros 3,2 1,6
Q13
Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades 3,9 3,1
Q14 Participação em oportunidades de recreação e lazer 2,7 2,2
Q23 Ambiente no lar 4,3 3,3
Q24 Cuidados da saúde e sociais: disponibilidade e qualidade 4,0 3,8
Q25 Transporte 3,9 2,3
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Nesta ultima tabela podemos observar os construtos que possuem qualidade de vida relacionada ao ambiente, desta forma verificou – se que os idosos
que moram em casa tem uma melhor qualidade de vida neste parâmetro que os da instituição, pois nas questões Q9, Q24 e Q8 que tratam de cuidados da
saúde e sociais, ambiente físico e a segurança física e proteção esta população obteve uma média superior de 6%.
Na questão Q25 que trata sobre o transporte os idosos que moram em casa obtiveram uma margem superior de 32% com relação aos que moram na
instituição, dado que podemos analisar por uma via, pois os que moram na instituição o acesso é restrito para com transporte. Outro dado que se encaixa neste
exemplo e a questão Q12 sobre recursos financeiros, porém neste parâmetro a população da casa obteve mais de 50% na qualidade com relação a finanças
em comparação aos moradores da instituição.
No quesito ambiente no lar (Q23) e oportunidades de adquirir novas informações e habilidades (Q13) os idosos da casa tiveram média de 86% de
qualidade de vida nestes construtos, entretanto os que moram na instituição obtiveram 64% revelando uma superioridade de 22% para a população de idosos
que moram em casa.
Na ultima questão analisada observamos que ambas as populações não participam em oportunidades de recreação e lazer (Q14), os idosos que
moram na casa tiveram uma média de 67,5 % enquanto os da instituição tiveram uma margem de 44 %%, sendo dados alarmantes, pois estas atividades
melhoram muito a qualidade de vida, por sua vez a população que mora em casa foi superior em 20,5 % dos que moram em instituição de abrigo ou casa lar.
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4 CONCLUSÃO
Este projeto viabilizou acrescentar dados relevantes a pesquisa da qualidade de vida
voltada para a população da terceira idade, por sua vez o instrumento O WHOQOL – Abreviado,
versão em português nos revelou os construtos globais que envolvem as questões do Físico,
Psicológico, Relações Sociais e Meio - ambiente para os meandros que perpassam uma
qualidade de vida esperada.
O objetivo da presente pesquisa foi a verificação a partir dos construtos já mencionados,
com relação a população de idosos que moram em casa com a família e os que moram na
instituição, por sua vez dentro dos parâmetros observados podemos concluir que os idosos que
moram com a família possuem uma melhor qualidade de vida, pois nas varias facetas esta
população obteve média superior e destaco que os idosos que moram na instituição se sentem
isolados com uma perspectiva de doentes e sedentos para atividades que envolvam lazer e
recreação para estimular tanto seu físico , psicológico e suas interações sociais.
A terceira idade é uma fase cheia de riquezas e experiências a serem compartilhadas,
onde eles só querem se sentir úteis e amados. Nesta pesquisa pode-se observar que mesmo
com as dificuldades encontradas a família continua sendo o refugio e o melhor ambiente para
obtenção de uma qualidade de vida na velhice, porém fica o desafio para a instituição de
transformar este lugar em ambiente o mais familiar possível melhorando assim a qualidade de
vida dos seus moradores.
ANEXOS
Anexo 1 – WHOQOL – Abreviado, Versão em português.
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