92
Segurança Ambiental “Ao ampliarmos a organização da sociedade civil em defesa do uso racional dos recursos hídricos, cresce a resistência às agressões ambientais e exercita –se a prática da cidadania.” José Chacon de Assis Presidente do CREA-RJ Elaboração: Márcia Tramontano e-mail: [email protected]

Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Apostila de Segurança Ambiental elaborada pela Profª Marcia Tramontano.

Citation preview

Page 1: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

“Ao ampliarmos a organização da sociedadecivil em defesa do uso racional dos recursos hídricos, cresce a resistência às agressões

ambientais e exercita –se a prática da cidadania.”

José Chacon de Assis Presidente do CREA-RJ

Elaboração: Márcia Tramontanoe-mail: [email protected]

_________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

Page 2: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 3

MEIO AMBIENTE 3

CONCEITOS LEGAIS 4

O SISTEMA NACIONAL DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL 5

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL 7

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO AMBIENTE 8

FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL 14

POLÍTICA AMBIENTAL DA ORGANIZAÇÃO 17

A ÁGUA E OS SERES VIVOS 21

A ÁGUA NO PLANETA TERRA 22

ÁGUAS SUBTERRANEAS 22

A DEMANDA POR ÁGUA 23

DEMANDA DESIGUAL 23

ESCASSEZ HÍDRICA 23

CRISE DA ÁGUA 24

FLORESTA: A FÁBRICA DE ÁGUA 24

ÁGUA E CIDADANIA 25

A ÁGUA NO BRASIL 27

ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS 28

O PROJETO BRASIL: 21 29

DESASTRE ECOLÓGICO BAÍA DE GUANABARA 30

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 31

RESÍDUOS SÓLIDOS – CLASSIFICAÇÃO 34

RECICLAGEM – CONCEITO E DADOS 36

RECICLAGEM – COLETA SELETIVA 37

RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE 38

RESOLUÇÃO CONAMA 45

RESÍDUOS SÓLIDOS – CLASSIFICAÇÃO NBR-10004 47

RESÍDUOS SÓLIDOS – TRANSPORTE 53

CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÃO DAS CLASSES DE PRODUTOS PERIGOSOS 56

CÓDIGO ONU 58

DESTINAÇÃO FINAL 60

______________________________ Márcia Tramontano ______________________________

2

Page 3: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

APRESENTAÇÃO

A natureza é a única fonte de recursos de que os habitantes do nosso planeta

dispõem para viver.

A distribuição do meio ambiente provocada pelo ser humano retarda e prejudica

gravemente o processo de desenvolvimento social e econômico das nações,

principalmente em países incapazes de vigiar a preservação de seu território, quer seja

pela falta de políticas de conscientização da população, quer seja pela falta de

programas alternativos para exploração controlada de seus recursos naturais.

Obviamente, quanto maior o país e mais desinformada for a população, maiores serão

os danos ecológicos à natureza.

Os prejuízos resultantes desse flagelo são contabilizados nas perdas da vida

selvagem, de diversidade da flora e da fauna, na disseminação de doenças endêmicas,

na desertificação e, finalmente, no círculo vicioso das migrações da população atingida.

A responsabilidade pela preservação da natureza é de todos: governos,

populações e indústrias. Não se pode ficar aguardando que o outro faça a sua parte, é

preciso agir individualmente. Será a soma dessas ações que poderá mudar a face do

planeta em que vivemos e que deixamos para as gerações futuras.

MEIO AMBIENTE

O meio ambiente é a única fonte de recursos naturais de que o ser humano

dispõe para respirar, viver e prosperar.

A destruição do meio ambiente provocada pelo homem acabará por retardar e

prejudicar gravemente o processo de desenvolvimento social e econômico das nações.

A prioridade número um dos governantes, no início deste terceiro milênio, deverá

ser a de sustentar o crescimento do progresso e solucionar os problemas de expansão

demográfica e do bem estar social sem destruir o meio ambiente.

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

3

Page 4: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

CONCEITOS LEGAIS

Engenheiros, biólogos, químicos, ambientalistas, donas de casa, técnicos de

futebol e profissionais do direito (advogados, procuradores públicos e juízes) nem

sempre têm posições convergentes em relação a certos conceitos ambientais. De fato,

divergências conceituais no âmbito ambiental são mais comuns e inquietantes do que se

supõe. É necessário lembrar que, em qualquer hipótese, vale a definição estabelecida

em lei.

As expressões abaixo relacionadas são termos definidos em norma federal. É

importante notar que Estados e Municípios podem – e o fazem com freqüência – adotar

outras definições legais para esses mesmos termos. Quando isso acontece, prevalecem

as regras relativas aos conflitos de competência antes referidas. Nessas condições, em

casos de divergência substancial entre as definições estabelecidas em norma federal,

estadual e a local, prevalece em princípio aquela que, dentre todas, for a mais restritiva.

Assim, para efeitos da lei brasileira (Lei nº 6.938/81 c.c. Decreto nº 99.274/90)

são estabelecidas as seguintes definições:

Meio Ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem

física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas

formas;

Degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das características

do meio ambiente;

Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que

direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

4

Page 5: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

Poluidor: a pessoa física ou jurídica responsável, direta ou indiretamente, por

atividade causadora de degradação ambiental;

Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e

subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da

biosfera, a fauna e a flora;

Infração: é toda ação ou omissão que importe na inobservância das normas

legais ou regulamentares estabelecidos pelos órgãos ambientais federais,

estaduais ou municipais.

O SISTEMA NACIONAL DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A Política Nacional do Meio Ambiente – instituída pela Lei nº 6.938/81 –

estabelece entre seus instrumentos o licenciamento, pelos órgãos ambientais, de

atividades efetiva ou potencialmente poluidoras.

Com efeito, a construção, instalação, ampliação e funcionamento de

estabelecimentos considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como

capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependem de

licenciamento do órgão ambiental estadual, ouvidos quando necessário o IBAMA e o

órgão ambiental municipal.

Nos casos em que a atividade objeto de licenciamento afeta mais de um estado

ou possui caráter nacional, compete ao IBAMA efetuar tal licenciamento (Lei nº 6.938/81,

art. 10 e Decreto nº 99.274/90, art. 17).

5

Page 6: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

_______________________________ Márcia Tramontano ____________________________

Segurança Ambiental

Três são as licenças normalmente exigidas (Decreto nº 99.274/90, art. 19):

Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento da atividade. Contendo

requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e

operação, observados os planos municipais de uso do solo;

Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação do

empreendimento de acordo com as condições estabelecidas na Licença Prévia;

Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias. O

início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de

controle de poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévias e de

Instalação.

Se iniciadas as atividades antes da expedição da competente licença, o

empreendedor está sujeito à multa e interdição (Decreto nº 99.274/90, art. 1º § 39).

Os órgãos ambientais podem, se necessário, e sem prejuízo das penalidades

pecuniárias cabíveis, determinar a redução das atividades geradoras de poluição, para

manter as emissões gasosas, os efluentes líquidos e os resíduos sólidos dentro das

condições e limites estipulados no licenciamento concedido (Lei nº 6.938/81, art, 19, § 3,

e Decreto nº 99.274/90, art, 18).

A lei impõe anda às entidades e órgãos de financiamento e incentivos

governamentais que condicionem a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios

ao licenciamento ambiental ( Lei nº 6.938/81, art, 12)

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

6

Page 7: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL

A Constituição estabelece que compete ao Poder Público exigir, na forma da lei,

para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa

degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará

publicidade.

Essa norma visa a incorporar valores ambientais – ao lado daqueles de cunho

econômico e social – aos processos de planejamento e decisão governamentais.

A Resolução CONAMA nº 1/86 estabelece que dependerá de elaboração de

Estudo de Impacto Ambiental, a ser submetido ao órgão ambiental estadual competente

e ao IBAMA, em caráter suplementar, o licenciamento de atividades modificadoras do

meio ambiente, entendidas como aquelas que produzem “qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer

forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou

indiretamente, afetem: a) a saúde, a segurança e o bem estar da população; b) as

atividades sociais e econômicas; c) a biota; d) as condições estéticas e sanitárias do

meio ambiente; e) a qualidade dos recursos ambientais”.

O EIA desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: a) diagnóstico

ambiental da área de influência do projeto aí considerados os meios físicos, biológicos e

sócio-econômico; b) análise dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas; c)

definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos; d) programa de

acompanhamento e monitoramento dos impactos negativos.

O EIA deve ser realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não dependente

direta ou indiretamente do proponente do projeto, por conta de quem correm todas as

despesas relativas ao estudo.

_______________________________ Márcia Tramontano ____________________________

7

Page 8: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO AMBIENTE

Princípios são os mandamentos básicos e fundamentais , implícitos ou explícitos

que possuem uma função importante na ciência a que pertence, ou seja, são as

diretrizes que orientam uma ciência e dão a ela, subsídios à aplicação das suas normas.

Os princípios podem ser considerados normas hierarquicamente superiores às demais

normas que regem uma ciência. Sempre que uma interpretação fr necessária quando

houver conflito entre a validade de duas normas, prevalece aquela que está de acordo

com os princípios da ciência.

Apesar de ser uma ciência jurídica nova, o Direito do Ambiente já conta com

princípios específicos que o diferenciam dos demais ramos do direito. Independente da

divergência acentuada existente entre diferentes autores na área ambiental, aqui estão

listados alguns do quais consideramos de maior relevância, seguem, portanto os

princípios norteadores do Direito do Ambiente, que tentaremos também explicá-los, são

eles:

1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: Necessidade de suporte legal para obrigar-se a

algo. Obrigatoriedade de obediência às leis (art. 5, II da Constituição Federal)

2. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO: A proteção ambiental

é um direito de todos, ao mesmo tempo em que é uma obrigação de todos (art.

225, CF). Isto demonstra a natureza pública deste bem, o que leva a sua

proteção a obedecer ao princípio de prevalência do interesse da coletividade, ou

seja, do interesse público sobre o privado na questão de proteção ambiental.

3. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA PROTEÇÃO AMBIENTAL: Este

princípio está estampado no art. 225, caput, da Constituição Federal, que diz que o

Poder Público e a coletividade devem assegurar a efetividade do direito ao meio

ambiente sadio e equilibrado.

_________________________________ MárciaTramontano _____________________________

8

Page 9: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

4. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO OU PRECAUÇÃO: Baseado no fundamento da

dificuldade e/ou impossibilidade de reparação do dano ambiental. Presente no

art. 225, §1º, IV da Constituição Federal, que exige o EIA/RIMA; Presente

também na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992,

princípio 15, que diz: “De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da

precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com as

suas necessidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a

ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para

postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a

degradação ambiental”.

5. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA AVALIAÇÃO PRÉVIA EM OBRAS

POTENCIALMENTE DANOSA AO MEIO AMBIENTE: A obrigatoriedade da

avaliação prévia dos danos ambientais em obras potencialmente danosas publico

está disciplina pelo art. 225, da Constituição Federal que obriga o Estudo de

Impacto Ambiental e o seu respectivo relatório (EIA, RIMA).

6. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: Os Estudos de Impacto Ambiental e os seus

respectivos relatórios (EIA, RIMA) têm caráter público, por tratar de envolvimento

elementos que compõe um bem de todos, ou seja, o meio ambiente sadio e

equilibrado (art. 225, CF). Por esta razão deve haver publicidade ante sua

natureza pública. A Resolução nº 9, de dezembro de 1987 do CONAMA que

disciplina a audiência pública na análise do RIMA.

7. PRINCÍPIO DA REPARABILIDADE DO DANO AMBIENTAL: Este princípio vem

estampado em vários dispositivos legais, iniciando-se na Constituição Federal,

art. 225, § 3º, onde diz que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao

meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções

penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos

causados”. O art. 4º, VII, da Lei 6.938/81, também obriga ao poluidor e ao

predador a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados.

9

Page 10: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

Segurança Ambiental

8. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO: Princípio 10 da Declaração do Rio sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento de 1992; art. 225, da Constituição Federal, quando

fala que a coletividade deve preservar o meio ambiente, deve também participar

na elaboração de leis, nas políticas públicas através de audiências públicas e no

controle jurisdicional através de medidas judiciais como ação civil pública,

mandado de injunção e ação popular.

9. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO: Em se tratando do tema ambiental, a sonegação

de informações pode gerar danos irreparáveis à sociedade, pois poderá

prejudicar o meio ambiente que além de ser um bem de todos, deve ser sadio e

protegido por todos, inclusive pelo Poder Público, nos termos do art. 225, da

Constituição Federal. A demais, pelo inciso IV do citado artigo, o Poder Público,

para garantir o meio ambiente equilibrado e sadio, deve exigir estudo prévio de

impacto ambiental para obras ou atividades causadoras de significativa

degradação do meio ambiente, ao que deverá dar publicidade; ou seja, tornar

disponível e público o estudo e o resultado, o que implica na obrigação ao

fornecimento de informação ambiental. O art. 216, § 2º, da CF: disciplina o

patrimônio cultural, traz especificamente que “cabem à administração pública, na

forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para

franquear a sua consulta a quantos dela necessitem”. A Política Nacional do Meio

Ambiente prevê a divulgação de dados e informações ambientais para a

formação de consciência pública sobre a necessidade de prevenção da qualidade

ambiental e do equilíbrio ecológico (art. 4º, V). No art. 9º diz que entre o

instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, está a garantia da prestação

de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se o Poder Público

produzi-la, quando inexistentes, inclusive. O Decreto 98.161, de 21.9.89 (Fundo

Nacional do Meio Ambiente) estipula em seu art. 6º que compete ao Comitê que

administra o fundo a “elaborar o relatório anual de atividades, promovendo sua

divulgação”. A Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor): trás a obrigação

de informação em vários de seus artigos. A Lei Federal 8.159, de 8.1.1991

(Política Nacional de Arquivos Públicos e Privados) assegura o direito ao acesso

aos documentos públicos (art.22).

10

Page 11: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

______________________________ Márcia Tramontano ______________________________

Segurança Ambiental

A Lei 8.974/95 (Lei da Biossegurança) dispõem que os órgãos responsáveis pela

fiscalização dos Ministérios envolvidos na temática e ali citados devem:

“encaminhar para publicação no Diário Oficial da União resultado dos processos

que lhe forem submetidos a julgamento, bem como a conclusão do parecer

técnico” (art. 7º VIII). A Lei 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos):

estabelece como um de seus instrumentos o sistema de informações sobre os

recursos hídricos (art. 5º. A Lei 7.661/98 (Plano Nacional de Gerenciamento

Costeiro) determina em seu art. 8º que “os dados e as informações resultantes do

monitoramento exercido sob responsabilidade municipal, estadual ou federal na

zona costeira, comporão o Subsistema Gerenciamento Costeiro, integrante do

Sistema Nacional de informação sobre o Meio Ambiente SINIMA”. Na agenda 21,

capítulo 40 há uma determinação de que no processo do desenvolvimento

sustentável, tanto o usuário, quanto o provedor de informação devem melhorar a

disponibilidade da informação. O Decreto 2.519, de 16.3.98: a Convenção sobre

Diversidade Biológica aderida pelo Brasil pelo citado decreto prevê (ar. 17º) a

obrigatoriedade do intercâmbio de informações disponibilizando-se ao público. O

Decreto 2.741, de 20.8.98: na Convenção Internacional de Combate à

Desertificação, determina a divulgação da informação obtida nos trabalhos

científica sobre a temática (art. 18).

10. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE: Com o

advento da Constituição Federal de 1988, a propriedade passou a ter seu uso

condicionado ao bem-estar social e a ter assim uma função social e ambiental,

conforme consta dos seus arts. 5º, XXIII, 170, III e 186, II. Para o Direito do

Ambiente, o uso da propriedade só pode ser concebido se respeitada sua função

socioambiental, tornando-se assim mais um dos seus princípios orientadores.

11. PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR (Polluter Pays Principle): Assenta-se no

princípio da vocação redistribuitiva do Direito do Ambiente. Presente na

Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, princípio

16. art. 4º, Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) e Lei 9.433/97 (Lei

das Águas) e art. 225, § 3º Constituição Federal.

11

Page 12: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

_______________________________ Márcia Tramontano _____________________________

Segurança Ambiental

12. PRINCÍPIO DA COMPENSAÇÃO: Este princípio não está expressamente

previsto na legislação, mas existe em virtude da necessidade de se encontrar

uma forma de reparação do dano ambiental, principalmente quando irreversível.

O causador do dano irreversível pode fazer uma compensação com uma ação

ambiental. Ex. o aterro irreversível de uma lagoa onde há vida selvagem, pode

ser compensado com medidas de proteção afetiva em um lugar similar, ou

mesmo a restauração de uma outra lagoa próxima. O art. 8º da Lei 6.938/81, diz

que compete ao CONAMA, entre outras coisas, homologar acordos visando à

transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de

interesse para a proteção ambiental, estando aí uma possibilidade de se

compensar o prejuízo com uma ação ambiental.

13. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE: Todo aquele que praticar um crime

ambiental estará sujeito a responder, podendo sofre penas na área

administrativa, penal e civil. Presente na Lei 9.605/98, que trata dos crimes

ambientais e na Lei 6.938/81, art. 14º que trata da responsabilidade objetiva do

degradador.

14. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: Presente na Declaração

do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, Princípio 3, que definiu

o desenvolvimento sustentável. Presença marcante no documento da Agenda 21;

15. PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Presente no art. 225, § 1º da

Constituição Federal que prevê o princípio da educação ambiental ao dizer que

compete ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de

ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A

educação ambiental tornou-se um dos principais princípios norteadores do Direito

do Ambiente. Está previsto ainda na agenda 21;

16. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: Como a poluição pode

atingir mais de um país, além do que a questão ambiental tornou-se uma questão

planetária, assim como a proteção do meio ambiente, a necessidade de

_______________________________ Márcia Tramontano _____________________________

12

Page 13: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

cooperação entre as nações, o princípio da cooperação internacional, tornou-se

uma regra a ser obedecida, estabelecendo-se assim mais um princípio norteador

do Direito do Ambiente. Princípio 2 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, a Rio-92.

17. PRINCÍPIO DA SOBERANIA DOS ESTADOS NA POLÍTICA AMBIENTAL:

Agenda 21;

18. PRINCÍPIO DO BOLSO MAIS FUNDO (Deep Pocket Fund): Em se constatando

um dano ambiental e se estabelecendo os pólos passivos via nexo causal, cabe

àquele com maior poder aquisitivo custear todas as ações visando remediação,

interrupção do dano causado, independente de sua culpa ou da presença de

outros que também respondam pelo ato solidariamente.

19. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO: Por ser o

meio ambiente equilibrado um direito de todos (art. 225, CF), e também um bem

de uso comum do povo, é um bem que em caráter indisponível, já que não

pertence a este ou aquele (direito difuso).

20. PRINCÍPIO DO LIMITE: Presente no art. 225, parágrafo 1º, V da CF. A

Administração Pública tem a obrigação de fixar os padrões máximos de materiais

poluentes que possam causar prejuízos para os recursos ambientais e para a

saúde humana.

21. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO: Os aplicadores da Política Ambiental e do Direito

Ambiental devem pesar as conseqüências previsíveis da adoção de determinada

medida. Esta deve ser útil à comunidade e não se constituir em graves excessos

ao ecossistema e à saudável qualidade de vida humana.

_______________________________ Márcia Tramontano _____________________________

13

Page 14: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL

Produção mais Limpa (P+L) e as Tecnologias Limpas

O crescimento industrial do século XX, marcado pelo uso livre da natureza, sem

maiores preocupações com a proteção e preservação do meio ambiente, nos trouxe a

destruição do equilíbrio planetário, o sofrimento humano e futuros gastos com

providências restabelecedoras. A P+L vem se tornando a saída mais eficiente para as

empresas, conciliando seus processos produtivos com o fator competitividade. É a

“ecoeficiência”, perseguida hoje em todo o mundo e, considerada a melhor forma de

compatibilizar os processos produtivos com os recursos naturais do planeta, muitos já

escassos que vem se mostrando a solução para muitos problemas ora existentes.

A produção mais Limpa e as Tecnologias Limpas são ferramentas essenciais

para cumprir com as necessidades ambientais de um desenvolvimento sustentável.

Rever os conceitos ajuda a esclarecer que Produção Limpa (PL) e Produção Mais

Limpa (P+L) são idênticas, pois adotam os princípios de prevenção, visão holística e

poupança de materiais, água e energia. A grande diferença está no fato de que a P+L

não incorpora o “Princípio do Controle Democrático” nem o “Princípio da Precausão”.

Diferenças à parte, o fato é que a empresa que adotar qualquer um dos

instrumentos ambientais, seja PL ou P+L estará dando importante paso para aumentar

sua responsabilidade ambiental, podendo com isto evitar despesas e garantir ganhos

financeiros e de imagem. Porém, o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) –

instalado desde 1996 dentro do SENAI do Rio Grande so Sul, por meio da UNIDO

(Organização das Nações Unidas para Desenvolvimento Social) e da UNEP (Programa

das Nações Unidas para o Meio Ambiente) – adverte que a P+L é, antes de qualquer

sistema produtivo só pode ser proveniente das matérias-primas ou insumos de produção

utilizados no processo.

O aumento excessivo do consumo e a pressão da pressa para produção dos

produtos fizeram com que resíduos se amontoassem do lado de fora dos muros das

indústrias, dos restaurantes, dos hotéis e das casas.

_______________________________ Márcia Tramontano _____________________________

14

Page 15: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Controlar os malefícios que estes desperdícios causam no meio ambiente tornou-se o

mais difícil desafio atual.

Falamos em desperdício porque todos esses resíduos, sejam eles sólidos,

efluentes líquidos ou emissões gasosas, significam matérias-primas que foram

desperdiçadas nas etapas de uma produção e que, além de prejuízos econômicos,

acarretam conseqüências desastrosas e, muitas vezes, irreparáveis em nosso ambiente

natural.

Hoje, mais do que nunca, tornou-se fundamental largarmos os velhos hábitos e

as formas viciadas de produção, pois não há mais como ignorar os limites da capacidade

de suporte do nosso planeta, já gravemente comprometido pelas ações humanas.

Uma maneira encontrada para reutilizar determinados resíduos é a reciclagem.

Porém, reciclar ajuda apenas a tentar remediar os danos de determinados desperdícios,

dando um destino mais compatível para alguns resíduos; mas não soluciona o problema,

principalmente nos casos de efluentes líquidos e emissões gasosas.

O que soluciona é um comportamento produtivo que aproveite ao máximo as

matérias-primas utilizadas no processo, para evitar a geração dos resíduos durante a

produção. É o enfoque da Produção mais Limpa.

Através da Produção mais Limpa é possível observar a maneira como um

processo de produção está sendo realizado, e detectar em mais quais etapas deste

processo as matérias-primas estão sendo desperdiçadas, o que permite melhorar o seu

aproveitamento e diminuir ou impedir a geração do resíduo. Isto faz com que produzir de

forma mais limpa seja, basicamente, uma ação econômica e lucrativa, um instrumento

importante para conquistar o Desenvolvimento Sustentável e manter-se compatível com

a vigente Legislação Ambiental.

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

15

Page 16: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

A “tecnologia limpa” se caracteriza pelo processo cuja técnica aplicada leva em

consideração aspectos como, reaproveitamento de matéria-prima, uso racional de

recursos naturais, diminuição de resíduos e uso de equipamentos não poluentes assim

como, preocupação com o atendimento a legislação ambiental vigente (padrões de

emissão, atendimento e licenças, etc.)

Nem sempre ela consegue atingir 100% de seu objetivo, que é o impacto

ambiental zero, mas ela sempre será menos agressiva do que a tecnologia existente,

fazendo com que os sistemas de produção sejam mais compatíveis com o meio

ambiente e possibilitando que o desenvolvimento ocorra dentro de um modelo

sustentável.

Junto da Produção mais Limpa, as Tecnologias Limpas são importantes

ferramentas do Desenvolvimento Sustentável e estão ocupando, com certeza, o

mercado de tecnologia do futuro.

A geração e adoção de tecnologias que sejam baseadas na compatibilidade com

o meio ambiente e que atendam à demanda nos diversos setores permitem que os

processos industriais se tornem cada vez mais eficientes, econômicos e ambientalmente

corretos.

Constatar essa oportunidade faz com que centros de pesquisas do mundo inteiro

desenvolvam novas técnicas, no sentido de aprimorar a eficácia dos processos, visando

a redução ou eliminação da geração de resíduos e desperdícios durante o uso de

matérias-primas, entre outras ações.

Simultaneamente, novos produtos vêm sendo desenvolvidos com o enfoque da

ecoeficiência em todo o seu ciclo de vida. É chamado Ecodesing. Uma empresa é

sempre capaz de competir se possuir potencialidades, bons funcionários, produtos,

mercado, clientes e, sobretudo, tecnologia adequada às exigências do mercado.

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

16

Page 17: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

POLÍTICA AMBIENTAL DA ORGANIZAÇÃO

É a declaração formal onde a Alta Administração assume oficialmente o

compromisso da Organização com a proteção e melhoria do meio ambiente, através da

minimização da poluição, do respeito às leis ambientais e da melhoria contínua do

Sistema de Gestão Ambiental. E todos os colaboradores, cada um em nosso posto de

trabalho, podem e devem colaborar para que a Política seja cumprida e dê seus frutos.

A alta administração deve definir a política ambiental da organização e assegurar

que ela: a) seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades,

produtos ou serviços; b)inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a

prevenção da poluição; c) inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e

normas ambientais aplicáveis, e demais requisitos subscritos pela organização; d)

forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos e metas ambientais;

e) seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os empregados; f)

esteja disponível para o público.

Ex:

A Norma Ambiental, empresa de consultoria e treinamento focada em meio ambiente, saúde e

segurança, sediada no Rio de Janeiro, quer honrar suas responsabilidades ambientais, incluindo a

prevenção da poluição e uso racional dos recursos naturais em todas as suas atividades, produtos e

serviços. Assim, estabelece como principal objetivo o aprimoramento de técnicas ambientalmente corretas e

adoção das boas práticas ambientais como um dos focos principais de nossa gestão.

Integrado a isso, compromete-se a desenvolver, produzir e fornecer produtos e serviços

considerados o bem-estar da comunidade e a preservação do meio ambiente atendendo sempre a

legislação, normas ambientais aplicáveis e demais requisitos subscritos, com o objetivo de promover a

melhoria contínua do seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

Desta forma, pretende-se contribuir ativamente na conscientização de seus talentos humanos,

sejam eles funcionários efetivos ou estagiários e envolvendo os sócios, a gerência, os empregados, seus

parceiros e clientes, incentivando-os no exercício da cidadania plena.

Rio de Janeiro, 26 de julho de 2002.

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

17

Page 18: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

A política ambiental é, portanto, uma espécie de carta de intenções e pode ser

considerada a bússola do sistema, pois contém as diretrizes que devem norteá-lo,

servindo de base para a definição e revisão de objetivos e metas.

Além desses dos compromissos obrigatórios, a empresa pode expressar

voluntariamente quaisquer outros. É recomendável, entretanto, não assumir obrigações

de difícil atendimento, pois tudo que o está inscrito na política deve ser demonstrado na

prática. A medida que o sistema evolui e melhora, pode-se alterar a Política conforme o

interesse e a conveniência da organização, incluindo outros compromissos ao longo do

tempo.

O primeiro compromisso obrigatório se refere ao cumprimento da legislação e de

normas em geral.

O segundo se refere à prevenção da poluição, cuja definição é apresentada na

Isso 14001, sendo: “Prevenção de poluição: uso de processos, práticas, materiais ou

produtos que evitem, reduzam ou controlem a poluição, os quais podem incluir

reciclagem, tratamento, mudanças no processo, mecanismos de controle, uso eficiente

de recursos e substituição de materiais”.

O terceiro compromisso se refere à melhoria contínua e também é definida no

documento ISSO 14001, como mostrado a seguir: “Melhoria contínua: processo de

aprimoramento do sistema de gestão ambiental, visando atingir melhorias no

desempenho ambiental global de acordo com a política ambiental da organização”.

_______________________________ Márcia Tramontano ____________________________

18

Page 19: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

POLÍTICA AMBIENTAL SONY

- A Sony Music (Brasil) se compromete a proteger o meio ambiente, buscando a melhoria

contínua da nossa prática de Gestão Ambiental com relação aos nossos produtos, processos e

procedimentos, em todas as áreas da Empresa.

- O desenvolvimento, a implementação e a manutenção desta Política, é um compromisso da

Administração da Sony Music (Brasil) e uma responsabilidade compartilhada com os nossos

empregados.

- A Sony Music (Brasil) reconhece como fundamental para o desenvolvimento da Política

Ambiental da Empresa, que haja um comprometimento de todos os empregados e parceiros, com

os seguintes princípios:

- A empresa tem o compromisso de cumprir com todas as leis e regulamentos referentes ao meio

ambiente, bem como implementar programas que venham a atender ou mesmo a exceder estes

requisitos mínimos, quando considerados de bom senso industrial;

- Os Aspectos e Impactos Ambientais, devem ser considerados como elementos essenciais, na

avaliação de novos projetos, produtos e processos;

- Objetivos e Metas devem ser estabelecidos, visando a prevenção da poluição através da

redução de desperdícios, da implementação de programas de reciclagem e da disposição

adequada dos resíduos não recicláveis;

- Deve ser estabelecido um programa de desenvolvimento de processos produtos que vise a

eliminação ou a redução de uso de substâncias nocivas ao meio ambiente, desde que viável;

- A conservação de energia, água e outros recursos naturais devem ser encorajadas, através de

programas de melhoria de eficiência industrial e/ou da introdução de novas tecnologias;

- O Sistema de Gestão Ambiental da Sony Music (Brasil) e sua Política Ambiental, devem ser

divulgados a todos os funcionários e parceiros que trabalham na Empresa.

_______________________________ Márcia Tramontano _____________________________

19

Page 20: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

POLÍTICA AMBIENTAL RIPASA

A RIPASA S/A – CELULOSE E PAPEL na condução de seus negócios de fabricação e

comercialização de celulose e papel, incluindo a produção de florestas plantadas, assegura que é

seu compromisso presente e constante a realização dessas atividades, com prática técnica e

economicamente viáveis para a proteção do Meio Ambiente.

Por este princípio estabelecem-se:

- Pleno conhecimento e disciplina no emprego desta política por todos da organização,

enfatizando o compromisso, responsabilidades de cada um e a importância em buscar a melhoria

do desempenho frente às questões ambientais;

- Respeito e cumprimento à legislação ambiental vigente, compromissos assumidos e continuo

esforço na superação dos padrões atuais;

- Manejo florestal para a produção sustentada de matéria prima renovável, utilizando-se de

técnicas que compatibilizem ganhos de qualidade e produtividade com o uso racional dos

recursos naturais;

- Sistema de Gerenciamento Ambiental estruturado para avaliar e controlar as atividades que

causam impactos considerados significativos, estabelecer objetivos e metas, executar auditorias

internas, efetuar análises críticas e revisões periódicas, visando a prevenção da poluição e a

melhoria contínua;

- Transparência nas suas atividades e ações disponibilizando às partes interessadas, os

resultados alcançados pela organização, os objetivos e metas, revisões desta Política e outras

informações relevantes.

Nosso Sistema de Gerenciamento Ambiental abrange a unidade industrial de Limeira/SP e os

nossos parques florestais.

A empresa moderna tem participação decisiva e meios adequados de produzir o desenvolvimento

em equilíbrio com o Meio Ambiente. A RIPASA reconhece sua responsabilidade e entende que

esta política e suas ações, são sua contribuição para que a natureza seja desfrutada por nós e,

sobretudo, pelas gerações futuras.

______________________________ Márcia Tramontano ______________________________

20

Page 21: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

ÁGUA, A VIDA DA TERRA

Há uma cantiga popular, interpretada por Elba Ramalho, que diz: “Mentira de

água é matar a sede”. Ela tem razão: quando bebemos um copo d’água, não matamos

a sede, apenas a adiamos, pois ela, a sede, vai ressurgir, sempre, ao longo de toda a

nossa vida, pois sem água, não existiríamos. Nem nós, nem qualquer outro ser vivo do

nosso Planeta.

A ÁGUA E OS SERES VIVOS

A origem da vida no universo, assunto sempre apaixonante, e, ainda,

controverso: acaso ou necessidade (vontade)? Mas, há certeza quanto às condições

ambientais para a sua evolução, manutenção e desenvolvimento, até a forma inteligente

como conhecemos.

Os elementos químicos fundamentais estão presentes na matéria de todos os

astros do universo, mas só as condições especiais do nosso planeta: sua idade,

tamanho, velocidade de rotação, parâmetros orbitais, natureza de sua atmosfera,

distância do sol, força do campo magnético, intensidade de radiação, fluxos de partículas

energéticas e o tempo, permitiram o surgimento da vida.

Mas a vida não poderia existir sem um importantíssimo fator: a água em estado

líquido, que os bioquímicos consideram como o solvente das moléculas que contêm

carbono, sem a qual essas não poderiam existir.

A água tem extrema importância para os seres vivos, pois todas as substâncias

por ele absorvidas e todas as reações do seu metabolismo são feitas por via aquosa.

Embora a presença da água já tenha sido identificada em todo o universo,

somente na Terra foi comprovada, até agora, sua existência em estado líquido.

O Volume da Terra chega a 1 trilhão de km3 , mas apenas a milésima parte dela é

constituída de água. Cerca de 1,3 bilhão a 1,4 bilhão de km3 de água preenchem os

vazios da crosta terrestre, cobrindo três quartos da superfície e integrando a atmosfera.

De acordo com as mais recentes avaliações, esse volume de água acha-se

distribuído conforme gráfico ao lado.

_______________________________ Márcia Tramontano _____________________________

21

Page 22: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

A ÁGUA NO PLANETA TERRA

Embora as águas ocupem cerca de 71% da superfície do planeta, apenas 0,63%

do volume total das águas é doce e está em estado líquido, a maior parte não

aproveitada por questão de inviabilidade técnica, econômica e financeira.

Além disso, a água doce não se encontra distribuída uniformemente por toda a

superfície do planeta. Uma parcela muito pequena cabe à Austrália; na África e na

Europa a água também não é muito abundante, embora possua cada uma, o dobro do

volume do que há na Austrália; a América do Norte apresenta o dobro do volume de

água da África.

As regiões do globo mais favorecidas são a Ásia e a América do Sul, sendo que

nesta última, só o rio Amazonas, despeja mais de 6 mil km3 de água por ano no Oceano

Atlântico.

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

O potencial hídrico subterrâneo, por exemplo, é 100 vezes maior que a

potencialidade dos rios e lagos (águas superficiais). No entanto, a perfuração de poços

para captação de águas situadas em lençóis que variam de 500 a mais de 1000 m de

profundidade ainda não é economicamente viável.

Um bom exemplo é o aqüífero Gigante do Mercosul, que possui uma extensão de

1,3 milhão de km2, correspondente às áreas da França, Inglaterra e Espanha. Seu

volume total permitiria abastecer quase toda a população brasileira, algo em torno de

150 milhões de pessoas, por 2.500 anos.

As reservas acumuladas no manancial são de 37 mil km3 sob o Brasil, Argentina,

Paraguai e Uruguai. Um ponto importante é a real identificação das áreas de recarga do

aqüífero e sua efetiva proteção, uma vez que, hoje, estas áreas, como as de outros

aqüíferos subterrâneos, estão passíveis de contaminação.

_________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

22

Page 23: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

A DEMANDA POR ÁGUA

A parte de água doce econômica e de mais fácil aproveitamento para satisfazer

as necessidades da humanidade através das diversas utilizações é de aproximadamente

14 mil km3/ano.

O crescimento populacional, o consumo perdulário de água para agricultura,

indústria e uso doméstico, acarretam um aumento direto na demanda de água doce, já

atingindo 41% do total disponível.

Hoje apesar de, teoricamente, os 14 mil km3 ainda satisfazerem esta demanda,

muitas áreas do globo terrestre sofrem com a escassez de água, devido a secas

localizadas, lençóis subterrâneos, rios e lagos poluídos por dejetos industriais ou esgoto

e até, simplesmente, pelo desperdício de até 40% da água utilizada.

Em 2053, mantidas as taxas de crescimento populacional mundial (1,6% aa) e as

taxas de consumo unitário, os 14 mil km3 de água disponível, não serão mais suficientes

para atender a demanda mundial.

DEMANDAS DESIGUAIS

As demandas são desiguais, seja em função dos hábitos culturais, seja devido ao

estágio de industrialização e respectivos padrões de desenvolvimento e de consumo, por

exemplo.

Em Sidney, na Austrália, o consumo doméstico estimado é de 330 litros por

habitante/dia, semelhante á média do Rio de Janeiro, de 350 litros por habitante/dia,

enquanto em Chicago chega a 930 litros/dia. Já em algumas regiões do Quênia, muitas

pessoas se arranjam com apenas 5 litros de água por dia.

ESCASSEZ HÍDRICA

Já se encontram na faixa de escassez hídrica o Kuwait, Egito, Arábia Saudita,

Líbia, Barbados, Tailândia, Jordânia, Singapura, Israel, Cabo Verde, Burundi, Argélia e

Bélgica. Essas preocupações poderão se estender ao México, Hungria, Índia, China,

Estados Unidos, Etiópia, Síria e Turquia.

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

23

Page 24: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Indicadores

Um quarto da população dos países em desenvolvimento não tem acesso à água

potável e muito menos à rede de esgoto;

O príncipe saudita Faissal já encomendou estudos para transportar “icebergs” da

Antártida até a Arábia Saudita;

Em Israel, 70% da água servida é reutilizada na irrigação.

CRISE DA ÁGUA

A água é fundamental na geração de empregos (agricultura e indústria) e insumo

à população de alimentos e bens de consumo e está ligada a praticamente todas as

formas de lazer – o que dizer do ecoturismo, fundamental até mesmo no

desenvolvimento de países como o nosso. Água com boa qualidade e suficiência gera

riquezas e propicia vida saudável. Já o contrário...

A pobreza, combinada com os baixos índices de saneamento básico é, no

momento, responsável pela morte de uma criança a cada 10 segundos. Hoje morrem 10

milhões de pessoas/ano (metade com menos de 18 anos) por causa de doenças que

seriam evitadas se a água fosse tratada.

No Brasil, uma criança morre a cada 24 minutos por causa de doenças diarréicas.

Nos últimos 60 anos, a população mundial dobrou, enquanto o consumo de água

multiplicou-se por sete. O desperdício chega a 40% da água destinada às cidades.

No Iraque, dois barris de petróleo chegam a ser trocados por um barril de água

mineral importada. Por motivos como este, já soam perspectivas sobre uma futura e

próxima guerra no Oriente Médio, tendo como causa a disputa pela água.

FLORESTA: A FÁBRICA DE ÁGUA

Desmatamento Amazônia e Mata Atlântica

Na década de 80, aproximadamente 12 milhões de hectares de florestas foram

destruídos por ano na América Latina, contra pouco mais de 4 milhões de hectares na

Ásia, e pouco menos de 4 milhões na África. O Brasil foi o maior responsável pelo

desmatamento no período.

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

24

Page 25: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Até 1998, desapareceram 14% de cobertura florestal da Amazônia Legal,

equivalente a mais de duas vezes e meia o Estado de São Paulo, a maioria em função

de projetos agropecuários, nem sempre reais.

De igual forma, das florestas de Mata Atlântica restam, atualmente, apenas 7,2%

de mata nativa, que na época do descobrimento cobria 15% do território nacional,

espalhada por 17 estados. O Rio de Janeiro, que possuía 98% de sua área com esta

floresta, conta hoje com apenas 16%.

Desequilíbrio Hídrico

Quando uma região é desmatada, nada existe para reter a chuva que cai e

favorece a alimentação do lençol freático. As chuvas lixiviam (varrem) o solo,

empobrecendo-o de nutrientes, carreando sedimentos para os leitos e calhas dos rios,

assoreando-as e fazendo-os transbordar, gerando inundações, muitas vezes, com sérios

danos materiais e perdas de vidas humanas.

Ao desmatar nossas florestas, perdemos também a riqueza da biodiversidade

existente (animais e vegetais), ameaçando de extinção várias espécies.

Poluição e Contaminação

A poluição e a contaminação das águas também é outro grave problema dos rios

brasileiros. Todos os 100 mil cursos d’água, entre rios e córregos, encontram-se, de

alguma forma, poluídos. Estima-se, também, que 25% das águas subterrâneas já

estejam contaminadas.

ÁGUA E CIDADANIA

As agressões praticadas contra a natureza também violam direitos do cidadão,

afinal, o homem faz parte do meio ambiente.

A incorporação desta visão socioambiental já aparece manifesta no artigo 225 da

Constituição Federal de 88: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público

o dever de defendê-lo e à coletividade o de preserva-lo para as presentes e futuras gerações.”

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

25

Page 26: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Lei da Natureza

De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 99605), sancionada em

12/02/98, quem poluir os rios e devastar as florestas poderá ser punido com até cinco

anos de detenção. Multas de cinqüenta reais a cinqüenta milhões de reais, aplicáveis a

pessoas físicas e jurídicas, também estão previstas para quem agredir a natureza.

A Medida Provisória nº 1710-1 de 8/9/98, adiou, na prática, por seis anos, a

aplicação dessa lei.

Lei da Águas ( nº 9433/97 )

A Lei nº 9433, de 8 de janeiro de 1997, apesar de disfigurada em alguns de seus

aspectos centrais, devido a vetos da Presidência da República, introduz avanços

expressivos à legislação ambiental e está em sintonia com muitas das propostas

contidas na Agenda 21.

Por princípio, todos os corpos d’água passaram a ser de domínio público.

Princípios

A Lei 9433, obedeceu a este princípio e proclamou outros princípios básicos:

Adoção da bacia hidrográfica como unidade de gerenciamento de planejamento;

Respeito aos usos múltiplos dos corpos d’água;

Reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável;

Reconhecimento do valor econômico da água;

Gestão participativa e descentralizada.

Instrumentos de gestão

Foram definidos cinco instrumentos essenciais:

1. Plano Nacional de Recursos Hídricos

2. Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos

3. Cobrança pelo Uso da Água

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

26

Page 27: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

4. Enquadramento dos Corpos d’água em Classes de Uso

5. Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos

Novas Organizações

A Lei 9433/97 também definiu novas organizações para a gestão compartilhada

do uso da água:

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos

Os Comitês de Bacia Hidrográfica

As Agências de Água

Organizações Civis de Recursos Hídricos

A ÁGUA NO BRASIL

O Brasil é um país privilegiado em recursos hídricos, com um volume

armazenado de águas subterrâneas da ordem de 112.000 km3 e aproximadamente 8 mil

km3 escoando pelos rios (cerca de 18% do potencial de superfície do planeta).

Cerca de 89% da potencialidade das águas superficiais do Brasil estão

concentradas nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde estão abrigados 14,5% dos

brasileiros que precisam de 9,2% da demanda hídrica do pais.

Os 11% restantes do potencial hídrico de superfície estão nas outras regiões

(Nordeste, Sul e Sudeste), onde estão localizados 85,5% da população e 90,8% da

demanda de água do Brasil.

Em alguns estados brasileiros, o potencial hídrico renovável per capita já se

aproxima do sinal de seca crônica, tais como: (unidades em m3/hab/ano).

Pernambuco 1234; Paraíba 1.348;

Distrito Federal 1.528; Sergipe 1.535;

Alagoas 1.579; R.G. do Norte 1.593.

Cerca de 58% dos municípios brasileiros não dispõem de água tratada.

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

27

Page 28: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

ANA – Agência Nacional de Águas

Prevista na Lei 9433/97, a Agência Nacional de Águas – ANA, terá a função de

controlar o uso da água no Brasil, um produto que será destaque em futuro próximo na

economia mundial. A água é o petróleo do século 21.

Prestes a ser aprovada no Senado, e já aprovada na Câmara Federal, a ANA já

nasce com alguns vícios: as receitas de outorgas de água ficarão em cota única do

Governo Federal, sem vinculação de sua aplicação na Bacia Hidrográfica de origem, o

que subverte um dos princípios fundamentais da lei, que é a ampla descentralização. O

que garantirá que o dinheiro coletado em uma bacia seja nela aplicado? Como haverá

independência de decisões em uma bacia sem garantia de recursos?

O valor pago a título de royalties pelas hidrelétricas poderá ser descontado do

pagamento pelo uso dos recursos hídricos.

A ANA não estará autorizada a planejar e promover ações contra a seca. Muitos

outros pontos são ainda comprometedores, mas a colocação da ANA no Ministério do

Meio Ambiente e a garantia de estabilidade no cargo para os seus diretores são alguns

avanços.

ECO-92 – Desenvolvimento Sustentável

Uma proposta de desenvolvimento é sustentável quando a velocidade da

inevitável agressão ambiental é menor do que a velocidade com que a natureza

consegue reagir para compensar esses danos.

O modelo econômico atual, baseado no consumismo exarcebado, gera a

exaustão dos recursos naturais e reduz o rendimento energético do sistema produtivo,

devido ao aumento da entropia. A conseqüência é que a demanda de energia cresce até

a exaustão dos recursos naturais, o que acelera a entropia. Forma-se então, um círculo

vicioso.

É preciso mudar o Modelo Predatório e Excludente

Exclusão social: 1,2 bilhão de pessoas no mundo vivem em miséria absoluta.

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

28

Page 29: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Os EUA têm menos de 4,5% da população mundial e “torram” 30% do consumo

planetário de recursos naturais;

um automóvel para cada 1,2 habitante. 80% do comércio internacional se realiza

entre os países ricos;

A dívida externa dos países pobres supera 1 trilhão de dólares;

Os países desenvolvidos, com 20% da população mundial, consomem perto de

85% dos bens produzidos.

O novo caminho é o Desenvolvimento Sustentável

A aplicação da Agenda 21, documento, assinado por 170 chefes de Estados,

durante a ECO-92, propõe o planejamento de ações de curto, médio e longo prazos

baseadas em metas, recursos e responsabilidades definidas através de parcerias com a

sociedade civil e Poder Público. Em seu capitulo 18, a Agenda 21 trata da proteção da

qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos.

Este novo caminho passa por gestar um modo de produção solidário entre os

homens e em harmonia com a natureza, seguindo um padrão de desenvolvimento que

não produza modelos de consumo insustentável, que privilegiam a obtenção de lucro e

ampliam o processo de degradação do meio ambiente

Uma sociedade mais cooperativa, uma economia solidária, com ênfase no valor de

uso dos bens, em oposição à ênfase ao valor de troca, à sociedade do deus mercado. O

homem como integrante da biodiversidade numa visão holística, em oposição à visão

antropocêntrica do planeta.

O PROJETO BRASIL 21: Uma nova ética para o desenvolvimento

Integrar os excluídos;

Nova inserção na divisão internacional do trabalho, a partir das vantagens

comparativas do Brasil;

Interromper a reestruturação industrial neoliberal que concentra renda,

gera desemprego e sobrecarrega os trabalhadores;

________________________________ Márcia Tramontano ____________________________

29

Page 30: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Construir as cidades auto-sustentáveis;

O Projeto Brasil 21 será o resultado da contribuição de todos, exercendo

amplamente a cidadania, a partir do novo paradigma: pensar o

desenvolvimento do país com justiça social e em harmonia com o meio

ambiente.

Desastre Ecológico Baía de Guanabara

O delicado ecossistema da Baía de Guanabara, formado por suas águas, rios e

uma biodiversidade rica, típica de regiões quentes, é cortado por um intenso tráfego de

navios petroleiros e por vários quilômetros de oleodutos por onde são bombeados

milhões de litros de óleo continuamente.

A invasão do ambiente circundante exige que instalações como o duto PE-II, que

sofreu fratura e ocasionou o vazamento de 1,3 milhões de litros de óleo, segundo a

Petrobrás, sejam submetidas a uma análise de risco ambiental rigorosa, desde as fases

do projeto, da execução e da manutenção. Deve levar em conta, com seriedade, a

vulnerabilidade do ecossistema e considerar na sua operação as medidas emergenciais

para o desencadeamento de ações de combate no caso de vazamento com o mesmo

rigor.

Os impactos ambientais e sociais são muito maiores do que podemos imaginar. O

óleo pesado despejado nos manguezais e águas da baia, espalhado e sedimentado

pelos movimentos das marés e ventos, compromete de forma irreversível a cadeia

alimentar dos peixes, dos crustáceos, das aves, dos répteis e mamíferos que vivem no

entorno das áreas afetadas.

O óleo pode persistir nesse ambiente por 10 a 20 anos e, nesse processo,

algumas espécies podem estar dizimadas de tal forma que, estariam, praticamente,

extintas. E isso sem falar na imagem manchada, literalmente, do cartão que é a Baía de

Guanabara.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

30

Page 31: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Gerenciamento deGerenciamento de ResíduosResíduos

31

Page 32: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

INTRODUÇÃO

Em nossa formação acadêmica dificilmente escutamos alguém falar que estava estudando para cuidar de... Lixo. Nos raros casos em que o propósito tinha algo a ver com ele, sempre havia outra razão, considerada mais nobre, a dirigir o interesse.Talvez em causas de preservação de espécies, em especial nossos amigos biólogos, ou em projetos urbanísticos de desenvolvimento, amigos engenheiros e arquitetos. Novas formulações, solventes, tintas, medicamentos e pesticidas para facilitar o nosso dia a dia, amigos químicos e farmacêuticos. Elaborar grandes contratos, representar empresas em pendências judiciais, amigos advogados. Entre outros profissionais.

Mas certamente o desenvolvimento desordenado, principalmente em grandes centros urbanos, pólos industriais e sua circunvizinhança, está unindo várias classes em torno de um importante tema, o Gerenciamento de Resíduos. A desinformação e a falta de planejamento sobre o problema da destinação dos resíduos já chegou a níveis insustentáveis, e os projetos públicos e privados que não contemplam o subproduto, o inservível, cada vez mais estão impactados pelos crescentes custos de sua disposição final.

A administração pública tem sentido os crescentes efeitos e as dificuldades para correção de problemas de urbanização, como saneamento básico e a destinação do lixo urbano e hospitalar, pela falta de informação do gerador quanto à melhor forma de destinar o lixo, fazendo uso da coleta seletiva, e não o comprometendo pela mistura, o que dificulta a sua reciclagem e contribui para sua destinação a lixões e aterros.

Como reverter essa tendência ?

Esta imprevidência da humanidade, cujas conseqüências só se nos tornaram perceptíveis há pouco tempo, está na mesma raiz de outro fenômeno, não foi a inventividade do ser humano o grande fator causal das modificações por ele introduzidas na face da Terra e que lhe facilitaram, sob diversos aspectos, a vida; antes, tais inovações estiveram a reboque da necessidade criada pela escassez de recursos essenciais em face do binômio produtividade–população , em uma evolução que tem alternado duas situações opostas: o crescimento populacional permitido pelo aumento de produtividade e a escassez gerada justamente por esse crescimento, tornando necessário novo aumento de produtividade e ativando, destarte, a inventividade humana, a qual, até hoje, pautou-se por resolver as contingências de momento, jamais criando um sistema imune à falência gerada pelas conseqüências de sua própria implantação.

A consciência dessa situação torna inadiável mudança radical na filosofia produtiva adotada pela humanidade. É urgente que encerremos a época da produção em aberto, em que considerávamos nos estudos capitalistas de viabilidade de um projeto de produção apenas os custos diretos envolvidos, e entremos na Era da Reciclagem, em que se buscará o máximo reaproveitamento de materiais, substâncias, embalagens e energia, procurando-se zerar a geração de resíduos inaproveitáveis, reduzindo-se a um mínimo o consumo de recursos naturais não renováveis e adiando tanto quanto possível seu esgotamento, minimizando também a criação de lixões e aterros que venham a onerar as futuras gerações com caras e complicadas soluções para os problemas que herdarem.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

32

Page 33: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Não se afigura como fácil a requerida mudança. Pelo contrário, ela necessariamente permeará por praticamente todos os aspectos da vida, influindo até mesmo nos pequenos hábitos do cotidiano, para o que será necessária profunda mudança de atitude em face do planeta, dos costumes, dos recursos, dos descartes; enfim, de todos os aspectos de nossa relação com o planeta, com os materiais, com as pessoas e com as futuras gerações.

Um dos instrumentos gerenciais mais eficazes dessa pretendida Era da Reciclagem será a introdução, nos estudos de viabilidade dos projetos produtivos, do Ciclo de Vida, tanto do empreendimento quanto dos produtos dele efluentes, incorporando aos custos de produção a valoração dos impactos ambientais decorrentes, em uma visão holística que englobe toda a cadeia de fenômenos envolvidos, inclusive o descarte de resíduos e o reaproveitamento dos mesmos.

Nessa mudança de cenário, as empresas, às voltas com a luta por uma fatia no mercado atual, competitivo e globalizado, não podem mais se dar ao luxo de ver os materiais envolvidos em seus processos produtivos em latas de lixo, descendo ralo abaixo ou descartados em áreas menos valorizadas ou menos fiscalizadas. Não podem mais conduzir processos que viabilizam somente o produto final, desprezando todo um conjunto de fatores, como subprodutos, balanço energético e impactos ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores, sob pena de, com certeza, sucumbirem devido à sua insustentabilidade. Os níveis de controle de emissões, os custos das matérias primas, o uso dos recursos naturais cada vez mais escassos e caros e o de materiais reciclados, provenientes das coletas seletivas, assim como um quadro de impactos ambientais globais otimizado, balizarão os melhores métodos e tecnologias.

Além disso, as organizações sociais já têm demonstrado sobremaneira um pronunciado crescimento de conscientização no sentido de não mais tolerar práticas de descarte de resíduos cujos custos de tratamento e eliminação, além de onerar não o gerador, mas a sociedade em geral, com ênfase às camadas mais pobres, ameaçam as futuras gerações com prejuízos persistentes no meio ambiente e problemas de saúde pública daí decorrentes. A reação tem surgido nas esferas administrativa, policial e judicial, com autuações e multas por órgãos públicos, ações de indenização e Ações Civis Públicas, entre outros recursos, tornando improvável a continuação da conduta predatória tradicional.

Além disso, as organizações sociais já têm demonstrado sobremaneira um pronunciado crescimento de conscientização no sentido de não mais tolerar práticas de descarte de resíduos cujos custos de tratamento e eliminação, além de onerar não o gerador, mas a sociedade em geral, com ênfase às camadas mais pobres, ameaçam as futuras gerações com prejuízos persistentes no meio ambiente e problemas de saúde pública daí decorrentes. A reação tem surgido nas esferas administrativa, policial e judicial, com autuações e multas por órgãos públicos, ações de indenização e Ações Civis Públicas, entre outros recursos, tornando improvável a continuação da conduta predatória tradicional.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

33

Page 34: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

O Lixo, doravante também denominado Resíduo, será a nossa matéria prima, e o conhecimento de suas peculiaridades, potencialidades e riscos será o nosso objetivo. Os atendimentos legais e atuação responsável perante a comunidade, visando a mudança de paradigma que estivemos a prever e advogar, e a conseqüente implantação generalizada de sistemas de Gerenciamento de Resíduos éticos, atualizados e eficazes, serão a nossa missão.

Resíduos Sólidos -Resíduos Sólidos - Classificação Classificação

1. DEFINIÇÃO

Conforme definido pela NBR-10.004 e citado na Resolução CONAMA N°5, de 05 de agosto de 1993, temos:

“Resíduos Sólidos: Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade, de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamentos de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnicas economicamente inviáveis, em face da melhor tecnologia disponível.”

2. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

Diversos autores vêm utilizando metodologias próprias de classificação de resíduos sólidos, tendo como referência a fonte de geração, o local de produção, os aspectos sanitários, econômicos e de incineração, além do grau de biodegradabilidade, entre outros parâmetros. Essas classificações são apresentadas a seguir.

2.1. Quanto à origem (Lima,1995 e Jardim et al., 1995):

Residencial ou domiciliar: conhecido como lixo doméstico, constituído por restos de alimentos, invólucros, papéis, papelão, plásticos, vidros, trapos, papel higiênico, fraldas descartáveis, etc.

Comercial: proveniente de estabelecimentos comerciais, tais como lojas, lanchonetes, restaurantes, escritórios, hotéis, bancos, etc., constituído principalmente por papéis, papelão, plásticos, restos de alimentos, embalagens de madeira, resíduos de lavagens, sabões, papéis toalha, papel higiênico, etc.

Industrial: resultante de atividades industriais. É bastante diversificado, sendo formado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas, etc. Engloba a grande maioria do lixo considerado tóxico.

Especial: resíduos cuja geração é intermitente, como: veículos abandonados, podas de jardins e praças, mobiliário, eletrodomésticos, animais mortos, descargas clandestinas, etc.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

34

Page 35: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Radioativo: derivados de fontes radioativas de metais como césio e urânio. No Brasil, o manuseio (coleta, transporte e destinação) destes resíduos está normatizado pelo CNEN (Conselho Nacional de Energia Nuclear).

Público: gerados nos serviços de limpeza urbana tais como varrição de vias públicas, limpeza de praias, de galerias, de córregos e terrenos baldios, podas de árvores e limpeza de áreas de feiras livres, composto por restos vegetais diversos e embalagens.

Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários: são os resíduos sépticos que contêm ou podem conter microorganismos patogênicos, trazidos aos portos, terminais rodoviários e aeroportos, constituídos por material de higiene pessoal e restos de alimentos. Os resíduos assépticos desses locais também são considerados domiciliares.

Agrícola: originado nas atividades agrícolas e da pecuária, sendo constituído basicamente por embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc.

Entulho: originado na construção civil, em demolições; restos de obra, escavações, etc. É considerado material inerte. Para Lima (1995), esse tipo de resíduos é classificado como industrial.

2.2. Quanto ao local de geração (Gomes, 1989)

Lixo urbano: aquele gerado em aglomerações humanas e suas periferias.Lixo rural: aquele gerado na zona rural, ou seja, fora dos limites da cidade.

2.3. Quanto ao aspecto sanitário (Oliveira, apud Gomes, 1989)

Lixo orgânico, constituído de material putrescível ou fermentável.Lixo inerte, constituído de material não putrescível.

2.4. Quanto ao aspecto econômico (Oliveira, apud Gomes, 1989)

Resíduos para a produção de compostos.Materiais recuperáveis.Resíduos inaproveitáveis.

2.5. Quanto ao aspecto da incineração (Oliveira, apud Gomes, 1989)

Materiais combustíveis.Materiais incombustíveis.

2.6. Quanto aos diferentes graus de biodegradabilidade (Bowerman, apud Gomes, 1989)

Facilmente degradáveis: matéria orgânica.Moderadamente degradáveis: papel, papelão e outros produtos de celulose.Dificilmente degradáveis: trapo, couro, borracha e madeira.Não degradáveis: vidro, metal, plástico, pedras e terra.

2.7. Quanto aos Resíduos de Serviços da Saúde (conforme NBR-12808).

Classe A – resíduos infectantes;Classe B – resíduo especial;Classe C – resíduo comum;

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

35

Page 36: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

2.8. Quanto a Periculosidade (conforme NBR-10.004).

Classe I – resíduos perigosos;Classe II – resíduo não-inertes;Classe III – resíduo inertes;

Reciclagem –Reciclagem – Conceito e dados Conceito e dados

1. DEFINIÇÃO

Reciclagem é a designação genérica para os processos de transformação de bens e materiais descartados que envolvem a alteração de suas propriedades físicas, aproveitando-se a matéria-prima neles contidas para a produção de bens e materiais utilizáveis. Não se deve confundir com reutilização, que é o reaproveitamento do próprio objeto descartado, sem alteração física exceto pela limpeza e eventuais reparos.

2. CONSIDERAÇÕES

A Reciclagem se apresenta como recurso viável para a disposição mais adequada do lixo urbano. No processo de coleta seletiva, o desenvolvimento de estruturas para coleta e a conscientização das pessoas possibilitam uma melhor qualidade na segregação, elevando o valor agregado da matéria prima e possibilitando a remanufatura de produtos mais nobres.

A disposição inadequada de materiais industrializados gera grandes impactos ambientais, pois tais materiais podem perturbar significativamente os processos e as relações de dependência entre os seres vivos e inanimados dos ecossistemas, por permanecer no meio ambiente sem sofrer biodegradação por longos períodos, conforme demonstrado no quadro abaixo:

Tempo estimado de decomposição dos materiais

Papel e Papelão 3 a 5 mesesTecidos de fibras naturais 6 meses a 1 anoPlásticos em geral Até 500 anos, ou não se decompõemMadeira pintada 13 anosVidro 1 milhão de anosChiclete 5 anosBorracha indeterminado

Fonte: Recicloteca

3. MERCADO (Fonte: CEMPRE / 2001)

Apresentamos a seguir dados sobre disponibilidade, formas e percentuais de materiais

recicláveis, usando dados da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de

Janeiro, para dar uma idéia da distribuição das categorias de lixo em uma zona urbana

de grandes dimensões do Brasil.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

36

Page 37: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Composição do lixo na Cidade do Rio de Janeiro em 1998

Matéria Orgânica 40,92 %Papel 16,82 %Papelão 5,39 %Plásticos 16,78 %Vidro 3,67 %Metais 2,75 %Pó e outros 13,67 %

Fonte: Comlurb

Reciclagem –Reciclagem – Coleta Seletiva Coleta Seletiva

1. DEFINIÇÃO

Fundamental como etapa inicial em projetos de reutilização e reciclagem, a coleta

seletiva se caracteriza pelo recolhimento diferenciado de materiais descartados cuja

segregação já se dá no próprio ato do descarte, de forma a minimizar sua contaminação

e, em decorrência direta, os custos de sua reutilização ou reciclagem. Pode-se também

destiná-los, dependendo de sua natureza, a outros processos, como compostagem,

incineração ou destinação final em lixões ou aterros, sempre decorrendo da coleta

seletiva benefícios de ordem prática e econômica.

2. CONSIDERAÇÕES

A possibilidade de minimização de custos e produção em escala industrial de materiais

reciclados, é fortemente impactada pela eficácia do processo de coleta seletiva. A

segregação como forma de classificação de materiais visa garantir a possibilidade de o

reciclador receber a sua matéria-prima em condições de processamento.

3. SIMBOLOGIA UTILIZADA

Alguns modelos de rotulagem para coleta de material para reciclagem.

A Resolução CONAMA 275 de 25 de abril de 2001 normatizou as cores para

identificação de materiais no processo de coleta seletiva, conforme descrito abaixo:

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

37

Page 38: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Padrão de Cores para Coletores

AZUL: papel/papelão;

VERMELHO: plástico;

VERDE: vidro;

AMARELO: metal;

PRETO: madeira;

LARANJA: resíduos perigosos;

BRANCO: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde;

ROXO: resíduos radioativos;

MARROM: resíduos orgânicos;

CINZA: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação.

Resíduos de Serviços de SaúdeResíduos de Serviços de Saúde

1. INTRODUÇÃO

Os Resíduos de Serviço da Saúde (RSS) são atualmente um grande problema a ser discutido e estudado, devendo-se observar aspectos importantíssimos e centrais nessa discussão.

As responsabilidades cabidas aos estabelecimentos geradores e ao Poder Público, o manuseio intra e extra unidade, a capacitação e o desenvolvimento dos recursos humanos envolvidos, aliados a um arcabouço legal e eficiente, são os requisitos básicos para a condução desta questão para um gerenciamento eficaz.

A segregação na fonte, a minimização de riscos e quantitativos de geração, o manuseio

interno, a coleta, transporte, tratamento e a destinação final, a responsabilidade solidária

do gerador e do poder público, só ocorrerão a partir da mobilização e do esforço de

todos.

Os RSS além do potencial de risco que lhes é inerente, apresentam duas características determinantes para as etapas de coleta, tratamento e disposição final, quais sejam: - a diversidade em número, porte e localização dos geradores e a heterogeneidade de composição.

Tais características determinam, a classificação empregada como princípio para os padrões de manuseio, a partir da natureza do risco potencial associado a estes resíduos. Assim, como define a NBR-12808, tem-se para o risco biológico e a presença de perfurantes e cortantes, os resíduos infectantes; para o risco químico perigoso, radioativo e pela presença de medicamentos, os resíduos especiais; e pela similaridade aos domiciliares, os resíduos comuns.________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

38

Page 39: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

A classificação é um instrumento de apoio para o manuseio, já que estabelece a segregação na fonte, princípio que o define, conforme a NBR-12808 e da Resolução CONAMA 05 . “Mas isso não significa que seja algo estanque. O resíduo não vai ser somente infectante, ele pode ser ao mesmo tempo infectante e radioativo, infectante e químico, como é o caso, por exemplo, de secreções expelidas por pacientes irradiados ou quando submetidas à medicação associada à administração de soro, ou mesmo seções de quimioterapia”, afirma Márcia Morel, bióloga, profissional da área de resíduos sólidos desde 1982 e membro da Comissão de Elaboração das Normas da ABNT e da resolução CONAMA 05/93.

Nota: Considerando a necessidade de aprimoramento, atualização e complementação dos procedimentos contidos na Resolução CONAMA nº 05, de 5 de agosto de 1993, relativos ao tratamento e destinação final dos resíduos dos serviços de saúde, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente foi estabelecida nova regulamentação, através da Resolução CONAMA 283 de 12 de julho de 2001

Conforme ela, há de se considerar que, sob o ponto de vista do microrganismo, o resíduo infectante representa uma fonte de alimento, oferece condições ambientais favoráveis e abrigo, possibilitando-lhes assim a reprodução. Por isso, as etapas de manuseio são importantes como instrumento de minimização do risco biológico, contendo os resíduos por meio do acondicionamento adequado, isolando-os do contato com o agente que os manuseia, com o meio ambiente e a população em geral.

2. GERENCIAMENTO

O gerenciamento de RSS, proposto pelas NBR-12807, 12808, 12809 e 12810, é baseado no princípio da segregação na fonte, enquanto instrumento de minimização de riscos e quantitativos. Para tanto, reconhecem-se dois níveis de intervenção: intra e extra unidade.

Ao primeiro concernem, conforme as normas citadas, as ações de acondicionamento, coleta e transporte I (da geração até a sala de resíduos) e II (da sala ao abrigo de resíduos), armazenamento I (as salas de resíduos de cada elemento) e II (o abrigo de resíduos de onde eles serão retirados pela coleta externa). Ao segundo cabem a coleta, o tratamento e a destinação final. A NBR-12809 estabelece o modus operandi das etapas de gerenciamento intra unidade, e a NBR-12810 as condições afetas à oferta e ao uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) e às características da frota empregada na coleta desses resíduos.

Os procedimentos de manuseio (sacos plásticos, lixeiras, caixas para perfurantes e cortantes, por exemplo), de equipamentos (carros de coleta mopps, entre outros) e de instalações (salas e abrigos de resíduos) são também concorrentes ao êxito do gerenciamento.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

39

Page 40: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Para a etapa extra-unidade (coleta, tratamento e destinação final), vale dizer que, quanto aos serviços de limpeza urbana, cuja responsabilidade é municipal, há de se considerar a necessidade de coleta diária. Para que haja a disposição do maior volume possível de resíduos gerados pelo estabelecimento, os fluxos de coleta interna devem ser planejados de tal sorte a permitir a coincidência com os horários aprazados de coleta.

A combinação entre acondicionamento, coleta diária e tratamento, no mais curto espaço de tempo possível, é fundamental para assegurar, pela eliminação dos fatores de risco inerentes aos RSS, sua disposição final ambientalmente segura.

Tangenciando os padrões de manuseio, há a questão da capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos, valorizando-se os funcionários que desempenham esta função. De acordo com Márcia, um programa de treinamento deve capacitar o funcionário para reconhecer o potencial de risco dos RSS, principalmente o biológico: o assim chamado “inimigo invisível” , que não tem cheiro, nem cor e não lhe causa nenhuma reação à primeira vista, embora esteja presente. “A partir deste reconhecimento, e com o desempenho correto das etapas preconizadas pela NBR-12809, não negligenciando o uso do EPI adequado, este funcionário colabora para o controle dos fatores ambientais atribuídos à infecção hospitalar”.

“Além do problema relacionado aos recursos humanos”, complementa Márcia, “existe outro fator importante, que é a compra, sem pensar em economias inócuas, de materiais e equipamentos adequados, bem como a disponibilidade de instalações construídas, operadas e higienizadas em conformidade com os padrões preconizados nas normas técnicas”.

Há de se considerar que atividades de limpeza, à primeira vista não diretamente relacionadas com RSS, são influentes no gerenciamento interno. “Citamos como exemplo a limpeza dos quartos dos pacientes com atenção às superfícies fixas, que podem ser colonizadas por microrganismos, alguns deles resistentes, e das lavanderias, vulneráveis a erros de procedimentos corriqueiros, como o esquecimento de instrumentos cirúrgicos, objetos perfurantes e cortantes, restos orgânicos, que se misturam às roupas dos centros cirúrgicos, representando riscos ocupacionais ao pessoal da lavanderia”.

Além disso, é importante lembrar da segurança do processo de lavagem em si, no sentido de impedir contaminantes do ambiente e dos funcionários com parasitas resistentes ao processo, como é o caso dos correspondentes à escabiose e à pediculose. “Nós nos deparamos novamente com a necessidade do adequado treinamento dos recursos humanos e de sua reciclagem, enfatizando-se os meios de contaminação do ambiente, do pessoal e da roupa limpa, bem como a possibilidade da transmissão de moléstias e a necessidade das medidas de proteção individual no ambiente de trabalho”.

3. PODER PÚBLICO E SUA RESPONSABILIDADE

A questão do gerenciamento dos RSS é contemplada no emaranhado de dispositivos legais das esferas federal, estadual e municipal, no que se refere às responsabilidades e competências.

No âmbito federal vigora a Resolução CONAMA 05/93 (ver nota 1), padrão mínimo a ser

observado pelos estados e municípios.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

40

Page 41: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Para a etapa extra-unidade (coleta, tratamento e destinação final), vale dizer que, quanto aos serviços de limpeza urbana, cuja responsabilidade é municipal, há de se considerar a necessidade de coleta diária. Para que haja a disposição do maior volume possível de resíduos gerados pelo estabelecimento, os fluxos de coleta interna devem ser planejados de tal sorte a permitir a coincidência com os horários aprazados de coleta.

Aos estados, por meio das ações de vigilância sanitária, competem os procedimentos relacionados à saúde (qualidade da água de hemodiálise, banco de sangue, medicamentos, entre outros) e aspectos de saúde ocupacional; através dos órgãos de meio ambiente o licenciamento e o controle de emissão de fontes de poluição, que incluem as instalações para tratamento e destinação final de resíduos.

Aos municípios compete, pela Constituição Federal, legislar sobre questões de interesse local e ofertar serviços públicos essenciais, nos quais se enquadram os de limpeza urbana (coleta, tratamento e disposição final).

No momento, tem-se adotado como modelo de gerenciamento, ao menos no Estado de São Paulo, a implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos, instituído como instrumento de licenciamento e de gestão pela CONAMA 05/93.

Este documento, a ser elaborado pelo gerador e submetido à análise dos órgãos de saúde e meio ambiente, representa um diagnóstico da geração, dos padrões de manuseio, das instalações, dos materiais de equipamentos empregados, bem como dos aspectos de capacitação, desenvolvimento e saúde ocupacional dos recursos humanos envolvidos.

Para o modelo adotado em São Paulo (Estado e Município), são requeridos também a planta baixa, com a identificação dos fluxos dos resíduos, cronograma de adequação de obras e serviços e os atestados de regularidade fiscal e sanitária do estabelecimento.

O resultado prático deste plano pode resumir-se, para o Poder Público, na criação de um banco de dados, do qual constará o número de estabelecimentos geradores, a natureza e a quantidade de resíduos produzida. “A partir daí, pode-se planejar um melhor sistema de coleta, eficaz em padrão de desempenho e tipo de veículo, adotando-se para a cidade, face às condições locais, o melhor sistema de tratamento.”, observa ela.

Para o gerador, este plano conduz a uma melhoria dos índices de acidentes de trabalho, quer pela diminuição da carga transportada, quer pela diminuição dos acidentes com objetos perfurantes e cortantes ou mesmo o relato de episódios de lombalgias, dores de coluna, entre outros. “Ao mesmo tempo, aumenta a auto-estima e, em conseqüência, a produtividade do funcionário que melhor se engaja no programa de gerenciamento de resíduos.”.

Outra conseqüência possível é a melhoria na produtividade pelo aproveitamento do funcionário em outras atividades do serviço de limpeza, conduzindo a uma economia na relação de homem-hora-tarefa.

Implantar um gerenciamento interno conforme preconizado pelas normas e elaborar o plano de gerenciamento conduz a uma economia direta e indireta de recursos e, portanto, a uma vantagem para o estabelecimento.

Em resumo, a elaboração de um plano de gerenciamento visa prover:

a) diagnóstico ponto a ponto do estabelecimento;

b) acompanhamento ao longo do tempo;________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

41

Page 42: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

c) instituição de um instrumento de gestão para o estabelecimento gerador;

d) uso como instrumento de controle do estabelecimento pelo Poder Público;

e) uso como instrumento pelo planejamento dos serviços de coleta, tratamento e destinação pelo Poder Público.

4. TRATAMENTO DE RESÍDUOS

Tratar resíduos significa descaracterizá-los em seu potencial de risco, conforme determina a resolução CONAMA 05/93. Para tanto, pode-se lançar mão de dois grupos de tecnologias: convencionais ou alternativas. As tecnologias alternativas mais utilizadas atualmente são a esterilização a vapor (autoclave), microondas, tratamento químico; já a rota convencional mais adotada é a da incineração. Todas têm vantagens e desvantagens.

“Para tecnologias alternativas há de se considerar as restrições de uso, uma vez que se destinam apenas à fração infectante, não podendo receber medicamentos e rejeitos radioativos. Algumas, como microondas, têm restrição a quantidade e a alguns materiais presentes na massa a ser tratada.”.

A trituração prévia ao tratamento, utilizada por algumas dessas tecnologias, pode representar um risco pelo menos de natureza ocupacional, por meio da contaminação microbiológica através da dispersão de aerosóis.

Outra questão relevante é o caráter conservativo dessas tecnologias, ou seja, não há redução, em quantidade, da massa de resíduos; apenas redução de volume, o que pode comprometer a vida útil do aterro aos quais os resíduos serão encaminhados.

A incineração, por sua vez, requer instrumentos de controle de emissão de gases e particulados, cujo custo e possibilidade de instalação, por um lado, restringe seu uso e, por outro, requer instalações de capacidade de tratamento mais elevada.

“Há de se lembrar que a Resolução CONAMA 05/93, além de recomendar tecnologias de tratamento, impõe essa prática previamente à disposição final com vistas à preservação da qualidade ambiental.”

Há de se considerar na escolha de uma tecnologia de tratamento:

a) capacidade de investimento do município;

b) quantidade de RSS a ser tratada e sua projeção futura;

c) limite de capacidade de tratamento de resíduos e sua projeção futura.

Associar tecnologias também pode ser uma saída, considerando-se a análise custo-

benefício e risco-benefício.

No trato de serviço de saúde, deparamo-nos com quatro grandes grupos de risco: biológico, químico perigoso, medicamentoso e radioativo.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

42

Page 43: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

5. REJEITOS RADIOATIVOS

Os rejeitos radioativos normalmente são produzidos a partir de fontes não seladas. Fontes seladas de radionuclídeos não devem, em condições normais, gerar resíduos. Exemplo negativo é o que aconteceu em 1987, em Goiânia (GO), com o Césio 137, em um caso em que o monitoramento da fonte efetivamente se perdeu, a ponto de ela ir ter às mãos de leigos. “Estas fontes são submetidas a um controle efetivo da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN – sobre o gerador, a partir de um protocolo de inventário no qual só se recebe uma nova fonte selada ativa a partir da devolução da equivalente já totalmente utilizada.”, diz ela.

As fontes não seladas geram rejeitos radioativos quando de preparação ou pela liberação de secreções pelo paciente. Estes materiais são encaminhados para decaimento da atividade durante sua meia vida (tempo em que a atividade radioativa decai à metade da original, que varia conforme o radionuclídeo empregado). As excreções contaminadas do paciente requerem o acionamento da descarga do vaso sanitário por pelo menos 15 minutos, para garantir uma diluição da radiação na rede de esgoto até atingir níveis aceitáveis.

A limpeza de quarto observa procedimento próprio. Não se troca nem se agita roupa de cama. Essa roupa deve ser alisada e deixada até o decaimento, sempre com monitoração dos profissionais envolvidos na tarefa. Um indivíduo irradiado, que possua um ferimento ou uma bandagem, tem essa radiação passada para esse curativo, como acontece com a secreção de nariz ou escarro. Estas secreções, por um lado, são infectantes e, por outro, radioativas. É a superposição de classes de resíduos já mencionada.

São exemplos de rejeitos radioativos: restos de preparos; algodão; seringa e papel-toalha, entre outros, quando contaminados pelo radionuclídeo, bem como as secreções expelidas pelo paciente.

O material decaído deve ser acondicionado em saco branco leitoso (NBR-9190) e seguir o fluxo dos resíduos infectantes.

O gerenciamento dos rejeitos radioativos segue a Resolução CNEN NE 6.05.

requerem o acionamento da descarga do vaso sanitário por pelo menos 15 minutos, para garantir uma diluição da radiação na rede de esgoto até atingir níveis aceitáveis.

A limpeza de quarto observa procedimento próprio. Não se troca nem se agita roupa de cama. Essa roupa deve ser alisada e deixada até o decaimento, sempre com monitoração dos profissionais envolvidos na tarefa. Um indivíduo irradiado, que possua um ferimento ou uma bandagem, tem essa radiação passada para esse curativo, como acontece com a secreção de nariz ou escarro. Estas secreções, por um lado, são infectantes e, por outro, radioativas. É a superposição de classes de resíduos já mencionada.

São exemplos de rejeitos radioativos: restos de preparos; algodão; seringa e papel-toalha, entre outros, quando contaminados pelo radionuclídeo, bem como as secreções expelidas pelo paciente.

O material decaído deve ser acondicionado em saco branco leitoso (NBR-9190) e seguir o fluxo dos resíduos infectantes.

O gerenciamento dos rejeitos radioativos segue a Resolução CNEN NE 6.05.________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

43

Page 44: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

6. INFECTANTES

Os infectantes possuem risco biológico persistente enquanto existirem formas viáveis de microorganismos na massa de resíduos como, por exemplo, os esporulados. Portanto, o tratamento mais eficiente é aquele que a assegure a esterilização e não a desinfecção, de forma a permitir que o resíduo seja inerte, ou seja, desprovido de formas vegetativas e esporulados, e, consequentemente, adequado para a disposição nos aterros sanitários, não lhes comprometendo sob o aspecto biológico.

Conforme dados do IBGE/1992, no Brasil, dos quase 5 mil municípios existentes na época, cerca de 80% dispunham lixo a céu aberto, ou seja, em lixões. “Neste quadro da realidade nacional, a esterilização dos resíduos mais ainda se justifica, pois, pelo menos do risco biológico, o catador de lixo está relativamente protegido.”.

7. RESÍDUO QUÍMICO

O risco químico dos resíduos decorre da presença de produtos perigosos, como solventes e medicamentos (quimioterápicos, mercuriais, hormonais, antiinflamatórios, analgésicos), requerendo, portanto, uma tecnologia capaz de atuar no nível molecular, destruindo seu princípio ativo, tornando o resíduo inerte, passível portanto de disposição final.

Estratégias de minimização, como controle de estoque, retorno ao fabricante para tratamento, substituição de produtos de maior pelo de menor risco, centrais de preparação, podem ser adotadas para esta fração.

No caso específico de quimioterápicos, a literatura recomenda a incineração a altas temperaturas em plantas e equipamentos projetados especificamente para esse fim.

8. DESTINAÇÃO FINAL

Por destinação final, no caso dos RSS, entende-se o confinamento dos resíduos em aterros sanitários especificamente projetados, observando-se as características geológicas, hidrogeológicas, tratamento de efluentes e o monitoramento permanente da área. Para os RSS, por determinação da Resolução CONAMA 05/93, não é permitida a co-disposição com resíduos domiciliares e nem a disposição dos resíduos sem tratamento prévio; as áreas destinadas a aterro de RSS devem ser licenciadas e operadas exclusivamente a este fim. “Devemos conservar o meio ambiente para as gerações futuras, despertando a consciência coletiva para essa importância, sempre em sintonia com métodos modernos e ecologicamente corretos. Qualidade de vida significa um ambiente saudável.”

9. ASPECTOS LEGAIS

Constituição Federal de 1988

Art.23: Competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

Art.24: Compete a União, Estados e Distrito Federal legislar concorrentemente – inciso VI: “...proteção ao meio ambiente e controle da poluição”.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

44

Page 45: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Art.30: Competência do Município.

Inciso I: “legislar sobre assuntos de interesse local”.

Inciso V: “Organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão os serviços públicos de interesse local”.

A Constituição Federal de 1988 reserva ao Município a escolha do sistema de operação, podendo ser por execução direta, por empreitada, por concessão ou por permissão.

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 283, DE 12 DE JULHO DE 2001 : “Dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde”.

Classificação por grupos, conforme o Anexo I da Resolução:

Resíduos Grupo A

Resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença

de agentes biológicos:

inóculo, mistura de microrganismos e meios de cultura inoculados provenientes de laboratório clínico ou de pesquisa, bem como outros resíduos provenientes de laboratórios de análises clínicas;

vacina vencida ou inutilizada;

filtros de ar e gases aspirados da área contaminada, membrana filtrante de equipamento médico hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;

sangue e hemoderivados e resíduos que tenham entrado em contato com estes;

tecidos, membranas, órgãos, placentas, fetos, peças anatômicas;

animais inclusive os de experimentação e os utilizados para estudos, carcaças, e vísceras; suspeitos de serem portadores de doenças transmissíveis e os mortos a bordo de meios de transporte, bem como os resíduos que tenham entrado em contato com estes;

objetos perfurantes ou cortantes, provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde;

excreções, secreções, líquidos orgânicos procedentes de pacientes, bem como os resíduos contaminados por estes;

resíduos de sanitários de pacientes;

resíduos advindos de área de isolamento;

materiais descartáveis que tenham entrado em contato com paciente;

lodo de estação de tratamento de esgoto (ETE) de estabelecimento de saúde; e

resíduos provenientes de áreas endêmicas ou epidêmicas definidas pela autoridade de saúde competente.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

45

Page 46: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Resíduos Grupo B

Resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características físicas, químicas e físico-químicas:

drogas quimioterápicas e outros produtos que possam causar mutagenicidade e genotoxicidade, e os materiais por elas contaminados;

medicamentos vencidos, parcialmente interditados, não utilizados, alterados e medicamentos impróprios para o consumo , antimicrobianos e hormônios sintéticos;

demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

Resíduos Grupo C

Resíduos radioativos:

enquadram-se neste grupo os resíduos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a Resolução CNEN 6.05

Resíduos Grupo D

Resíduos comuns: São todos os demais, que não se enquadram nos grupos acima

1. DEFINIÇÃO

A atividade associada ao controle da geração, acondicionamento, estocagem, coleta, transferência, transporte, processamento e disposição dos resíduos sólidos, de acordo com os princípios de saúde pública, econômicos, de engenharia, de conservação, estéticos e de proteção ao meio ambiente.

(CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº 5, de 05 de agosto de 1993. Resíduos sólidos)

2. MÉTODOS

Segundo a Constituição Federal, o município tem a competência legal para organizar administrar e prestar serviços públicos de interesse local. Assim as Prefeituras Municipais têm a responsabilidade de efetuar a limpeza das vias e logradouros públicos, assim como realizar a coleta e destinação dos resíduos domésticos e de outros resíduos. Contudo, a própria legislação federal, e em alguns casos a legislação estadual, prevê situações em que a responsabilidade pela destinação final dos resíduos fica a cargo do gerador. Para os casos omissos, o município pode criar legislação específica, definindo a responsabilidade pela gestão dos resíduos gerados.

O maior nível de exigência para o atendimento aos requisitos legais, estão levando o gerador a criar procedimentos para tratar o seu resíduo, tornando-se necessário lidar com o resíduo como uma parte integrante do processo.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

46

Page 47: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

O gerenciamento de resíduos preconiza o controle do desperdício, definido como “Ato de esbanjar, de consumir mais do que o necessário, que contribui para o aumento na geração de resíduos sólidos1” .

Esta definição esclarece a primeira forma de trabalho no trato do resíduo, ou seja, devemos conhecer a fundo o nosso processo, de modo que possamos interagir no seu rendimento, evitando a geração de subprodutos indesejáveis.

Estes estudos devem enfocar a diminuição do volume e/ou periculosidade, tanto quanto possível, dos resíduos gerados, tratados ou dispostos. Devendo incluir qualquer atividade de redução do consumo e desperdício na fonte, reuso ou reciclagem de materiais descartados.

Técnicas de reaproveitamento do resíduo gerado sem que o mesmo sofra qualquer tipo de alteração ou processo, excetuando-se a limpeza. Que podem ser utilizados para a mesma finalidade, ou outra, porém conservando as características iniciais, são as melhores alternativas, pois além de manter o valor agregado do produto inicial na reutilização, evitam despesas de destinação ou diminuição do lucro na venda como subproduto.

Todas as ferramentas gerenciais devem ser utilizadas, considerando-se que o resíduo mal administrado gera despesas, destinações ambientalmente incorretas e insatisfação com a comunidade. Ações públicas têm ocorrido com maior intensidade, penalizando empresas que não se preocupam com as suas emissões; e o desconhecimento não impede a sanção legal. Profissionais de todos os níveis, deverão estar cada vez mais conscientizados sobre a sua responsabilidade, seu ato como pessoa física, pois poderá até ser indiciado criminalmente.

Acompanhando as tendências mundiais, observa-se a importância da visão gerencial no trato dos resíduos. Cada vez mais os fabricantes estão sendo responsabilizados pelo ciclo de vida de seus produtos, incorrendo custos para essa destinação. Esta visão fica claramente evidenciada na pesquisa abaixo;

Resíduos Sólidos –Resíduos Sólidos – Classificação NBR-10004 Classificação NBR-10004

1. INTRODUÇÃO

As decisões técnicas e econômicas que devem ser tomadas em todas as fases do trato dos resíduos sólidos industriais (manuseio, acondicionamento, armazenagem, coleta, transporte e disposição final), devem estar fundamentadas na classificação desses resíduos.

Essa classificação condiciona ou não a necessidade de medidas especiais para todas as fases, influindo, obviamente, nos custos.

A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas propõe um conjunto de normas para padronizar em nível nacional a classificação dos resíduos. Essas normas as seguintes:

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

1

47

Page 48: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Norma NBR - 10004 - Resíduos Sólidos - Classificação;

Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequados.

Norma NBR - 10005 - Lixiviação de Resíduos - Procedimento;

Fixa as condições exigíveis para a Lixiviação dos resíduos tendo em vista a sua classificação.

Norma NBR - 10006 - Solubilização de Resíduos - Procedimento

Fixa as condições exigíveis para diferenciar os resíduos das Classes II e III. Aplica-se somente para resíduos no estado sólido.

Norma NBR - 10007 - Amostragem dos Resíduos - Procedimento.

Fixa as condições exigíveis para a amostragem de resíduos, visando manter as suas características para a classificação.

Este conjunto de normas está bastante completo e, por si só, permite que os técnicos classifiquem os resíduos.

2. PERICULOSIDADE

As características que conferem periculosidade a um resíduo, são:

Inflamabilidade,

Corrosividade,

Reatividade,

Toxicidade

Patogenicidade.

Com base nisso, os resíduos são classificados em três classes a saber:

Resíduos Classe I - Perigosos

Resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que, em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de doenças; e apresentarem efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou destinados de forma inadequada;

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

48

Page 49: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Resíduo Classe II - Não Inertes

São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos ou de Classe III – Inertes. Os resíduos Classe II podem apresentar propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Resíduo Classe III - Inerte

Resíduo Sólido ou mistura de resíduo sólido que, ao serem submetidos ao teste de solubilidade, proposta na norma NBR-10006 Solubilização de Resíduos – Procedimento, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água , conforme definidos na listagem nº 8 (anexo H) da NBR-100004. Como exemplo, podemos citar rochas, tijolos, vidros e alguns plásticos e borrachas que não se decompõem prontamente.

3. ANEXOS

A NBR-10004 utiliza também, em anexos, como apoio à classificação, listagens de resíduos e de substâncias, na determinação de algumas características dos resíduos. As listagens apresentadas na norma são:

Listagem nº 1 - Resíduos Perigosos de Fontes não Específicas;

Listagem nº 2 - Resíduos Perigosos de Fontes Específicas;

Listagem nº 3 - Constituintes perigosos, base para a relação de resíduos e produtos das

listagens nº1 e 2;

Listagem nº 4 - Substâncias que conferem periculosidade aos resíduos;

Listagem nº 5 - Substâncias agudamente tóxicas;

Listagem nº 6 - Substâncias tóxicas;

Listagem nº 7 - Concentração - Limite máximo no extrato obtido no teste de lixiviação,

Listagem nº 8 – Padrões para o teste de solubilização.

Os resíduos são classificados em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosos e na identificação de contaminantes presentes em sua massa. Contudo, a identificação dos contaminantes é uma operação bastante complexa, podendo ser, em inúmeros casos, impossível em face das limitações existentes em alguns laboratórios.

Com base nisso, os resíduos são classificados em três classes a saber:

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

49

Page 50: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Resíduos Classe I - Perigosos

Resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que, em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de doenças; e apresentarem efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou destinados de forma inadequada;

Resíduo Classe II - Não Inertes

São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos ou de Classe III – Inertes. Os resíduos Classe II podem apresentar propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Resíduo Classe III - Inerte

Resíduo Sólido ou mistura de resíduo sólido que, ao serem submetidos ao teste de solubilidade, proposta na norma NBR-10006 Solubilização de Resíduos – Procedimento, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água , conforme definidos na listagem nº 8 (anexo H) da NBR-100004. Como exemplo, podemos citar rochas, tijolos, vidros e alguns plásticos e borrachas que não se decompõem prontamente.

Os resíduos são classificados em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosos e na identificação de contaminantes presentes em sua massa. Contudo, a identificação dos contaminantes é uma operação bastante complexa, podendo ser, em inúmeros casos, impossível em face das limitações existentes em alguns laboratórios.

Por isso, e também por causa das listagens, um conhecimento prévio do processo industrial e dos materiais utilizados, irão facilitar grandemente a classificação, pois através deles, pode-se inferir quais substâncias que estarão presentes no resíduo ou mesmo se o resíduo será reconhecido como perigoso.

Quando um resíduo tem origem desconhecida, o trabalho para classificá-lo fica muito mais complexo.

A experiência e o bom senso do técnico serão fundamentais pois, a partir disso, é que se orientarão quais características e substâncias devem ser pesquisadas.

Muitas vezes, mesmo para resíduos com origem conhecida, torna-se impossível conseguir uma resposta conclusiva e, nesses casos será necessário analisar parâmetros indiretos ou mesmo realizar bioensaios.

Uma vez determinada sua origem, verifica-se, conforme o caso, sua presença nas listagens 1 e 2 ou 5 e 6. Os resíduos que não forem identificados nestas relações devem ser checadas em termos de constituintes pela presença destes na listagem nº 4.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

50

Page 51: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

As substâncias presentes na listagem nº 4 são aquelas que comprovadamente se

relevaram tóxicas, carcinogênicas, mutagênicas ou teratogênicas aos seres vivos e ao

homem.

Contudo, a simples presença de uma dessas substâncias no resíduo não implica,

necessariamente, em classificá-lo como perigoso. Para isso deverão ser analisados os

seguintes fatores:

natureza da toxidez apresentada pelo resíduo;

concentração do constituinte do resíduo;

potencial que o constituinte ou qualquer produto tóxico de sua degradação, tem de migrar do resíduo para o ambiente sob condições impróprias de manuseio;

persistência do constituinte ou de qualquer produto tóxico de sua degradação;

potencial que o constituinte ou de qualquer produto tóxico de sua degradação, tem em se degradar em constituintes não perigosos, considerando a velocidade em que ocorre a sua degradação.

extensão em que o constituinte ou os produtos de sua degradação são capazes de bioacumulação nos ecossistemas.

Caso ainda não seja possível classificar o resíduo, deve-se, então, avaliar a sua

periculosidade real através da comprovação de pelo menos uma das seguintes

características:

inflamabilidade,

corrosividade,

reatividade,

toxicidade

patogenicidade.

Se ainda assim, existirem dúvidas quanto à classificação deve-se proceder como para as

substâncias da listagem 4, ou seja, devem-se analisar os fatores mencionados acima.

Neste ponto, já será possível se classificar o resíduo como perigoso ou não.

4. AMOSTRAGEM DE RESÍDUOS

A amostragem de resíduos sólidos é, também, uma operação importantíssima mas, muitas vezes, não se tem dado a devida atenção a ela. Uma amostragem mal planejada, mal feita ou com número reduzido de amostras, freqüentemente, leva a resultados errôneos, independente da precisão ou sofisticação do método de análise utilizado.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

51

Page 52: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

A proposta da norma NBR - 10007 - Amostragem de Resíduos – Procedimento, mostra

as recomendações a serem adotadas em uma campanha de amostragem. Mesmo

assim, sugere-se que as recomendações apresentadas abaixo sejam seguidas:

o número de amostras deve ser maior ou igual a quatro;

o resíduo deve ser amostrado logo após sua geração, pois, quando estão estocados ao ar livre, podem ter seus constituintes previamente liberados no meio ambiente;

caso seja necessário amostrar resíduos estocados ao ar livre, as amostras devem ser coletadas a profundidades superiores a 15 cm, e - sempre que possível, as amostras devem ser compostas.

5. RESÍDUOS CLASSE II E III.

Se ele for classificado como não perigoso, o próximo passo é submetê-lo ao teste de

solubilização.

Pela comparação dos resultados obtidos na análise do extrato do teste de solubilização

com os padrões de listagem nº 8 classificam-se os resíduos como inertes ou não inertes.

Deve-se ressaltar que as listagens apresentadas não são estáticas, um resíduo ou

substâncias pode ser incluído ou retirado da mesma de acordo com a evolução do

conhecimento científico sobre o assunto. Portanto essas listagens devem ser

continuamente atualizadas.

Se ainda assim, existirem dúvidas quanto à classificação deve-se proceder como para as

substâncias da listagem 4, ou seja, devem-se analisar os fatores mencionados acima.

Neste ponto, já será possível se classificar o resíduo como perigoso ou não.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

52

Page 53: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Resíduos Sólidos –Resíduos Sólidos – Transporte Transporte

1. DEFINIÇÃO

Conjunto de operações que possui a função de remover os resíduos sólidos das fontes

geradoras, como domicílios, estabelecimentos comerciais, institucionais e indústrias, e

leva-los aos locais de tratamento e disposição final. Em tais operações se deve procurar

minimizar os riscos para o meio ambiente e a sociedade em geral, dado que, durante o

transporte, a separação entre os riscos do material transportado e o público em geral,

nas mais das vezes ignorante desses riscos, torna-se mais tênue.

2. TRANSPORTE DO LIXO URBANO

Sob responsabilidade do Município, o transporte do lixo urbano, normalmente terceirizado, é constituído de várias operações complexas que necessitam, entre outras coisas, padronização dos coletores, caçambas e caminhões compactadores. Funcionários da limpeza pública ou garis são responsáveis pela coleta dos resíduos nas fontes geradoras. Eventualmente, o termo coletores é também empregado para designar os recipientes para descarte de resíduos, como cestos, lixeiras, caçambas e contêineres.

Referências Normativas,

Para padronização dos processos e equipamentos de coleta e transporte do lixo urbano,

citamos:

NBR – 9191 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Classificação

Fixa os requisitos e estabelece os métodos de ensaio para os sacos plásticos destinados exclusivamente ao acondicionamento de lixo para coleta.

NBR – 12980 – Coleta, varrição e acondicionamento de resíduos sólidos urbanos;

Define termos utilizados na coleta, varrição e acondicionamento de resíduos sólidos urbanos

NBR – 13332 – Coletor-compactador de resíduos sólidos e seus principais componentes;

Define termos relativos ao coletor-compactador de resíduos sólidos, acoplado ao chassi de um veículo rodoviário, e seus principais componentes

NBR – 13333 – Caçamba estacionária de 0,8m3 , 1,2m3 e 1,6m3 para coleta de resíduos sólidos por coletores-compactadores de carregamento traseiro;

Define termos relativos à caçamba estacionária de 0,8 metros cúbicos, 1,2 metros cúbicos e 1,6 metros cúbicos para coleta de resíduos sólidos por coletores-compactadores de carregamento traseiro.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

53

Page 54: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

NBR – 13334 – Caçamba estacionária de 0,8m3 , 1,2m3 e 1,6m3 para coleta de resíduos sólidos por coletores compactadores de carregamento traseiro – Dimensões

Padroniza dimensões, volumes e respectivas capacidades de carga, para as caçambas estacionárias destinadas a acondicionar os resíduos sólidos aplicáveis aos coletores-compactadores de carregamento traseiro, dotados de dispositivos de basculamento.

NBR – 13463 – Coleta de resíduos sólidos

Classifica coleta de resíduos sólidos urbanos dos equipamentos destinados a esta coleta, dos tipos de sistema de trabalho, do acondicionamento destes resíduos e das estações de transbordo.

3. TRANSPORTE DE RESÍDUOS PERIGOSOS

Resíduos Perigosos – substâncias, soluções, misturas ou artigos que contêm ou estão contaminados por um ou mais produtos perigosos classificados pela Portaria 204 do Ministério dos Transportes e/ou classificada como Classe I da NBR 10004 – Resíduos Sólidos – para os quais não existe uso direto, mas que são transportados para fins de disposição final, reciclagem, reprocessamento, eliminação por incineração, co-processamento ou outro método de tratamento e disposição.

O transporte possui a peculiaridade de constituir exatamente a ocasião em que o resíduo deixa de ser totalmente controlado pelo limites da administração interna de seu gerador ou de seu gestor, tornando possível seu contato com locais e pessoas que podem não estar preparados para tanto, pelo desconhecimento das características perigosas do material. Devido aos vários riscos envolvidos na operação, o transporte de resíduos perigosos possui várias regulamentações que o normatizam. Exigência de treinamento para os condutores dos veículos de transporte e respectivos critérios, formas de acondicionamento e embalagens, identificação e simbologia de risco, informações sobre características do resíduo e procedimentos em caso de emergência são requisitos básicos de segurança, que visam mitigar possíveis impactos ambientais pela ocorrência de acidentes.

Requisitos Legais

Para o atendimento dos requisitos legais aplicáveis ao transporte de resíduos

perigosos, deverão ser observados os seguintes regulamentos:

Decreto nº 96.044 – Aprova o regulamento para o transporte de produtos perigosos

Portaria 204 do Ministério dos Transportes de 20 de maio de 1997 - Dispõe sobre o Transporte Rodoviário e Ferroviário de Produtos Perigosos.

Referências Normativas

Como referência para atendimento aos requisitos legais e procedimentos operacionais, deverão ser observadas as seguintes normas:

54

Page 55: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

55

Page 56: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Operação

NBR - 13221 – Transporte de resíduos.

Especifica as condições necessárias para o transporte de resíduos, de modo a evitar danos ao meio ambiente e proteger a saúde pública.

NBR - 14619 – Transportes de Produtos Perigosos – Incompatibilidade química

Estabelece critérios de incompatibilidade química a serem considerados no transporte terrestre de produtos perigosos.

DZ-1310 – Diretriz de Implantação do Sistema de Manifesto de Resíduos Industriais - FEEMA

Estabelece os procedimentos para a comunicação ao órgão ambiental sobre a destinação dos resíduos.

Identificação da carga

NBR 7500 – Símbolos de risco e manuseio p/ transporte e armazenamento de materiais.

Estabelece os símbolos convencionais e seu dimensionamento, para serem aplicados nas unidades de transporte e nas embalagens para indicação dos riscos e dos cuidados a tomar no seu manuseio, transporte e armazenagem, de acordo com a carga contida.

Segurança

NBR 9734 – Conjunto de equipamentos de proteção individual para avaliação de emergência e fuga no transporte rodoviário de produtos perigosos.

Especifica a composição do conjunto de equipamento de proteção individual (EPI) a ser utilizado no transporte rodoviário de produtos perigosos. OS EPI aqui indicados devem ser utilizados pelo motorista e ajudante (caso haja) na ocorrência de emergências, para avaliação de emergência e fuga.

NBR 9735 – Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário de produtos perigosos.

Estabelece o conjunto mínimo de equipamentos que devem acompanhar o transporte rodoviário de produtos perigosos para atender às situações de emergências, acidente ou avaria. O conjunto prevê elementos para a sinalização e o isolamento da área da ocorrência, conforme a ficha de emergência (NBR 7503 e 7504).

NBR 12710 – Proteção contra incêndio por extintores, no transporte rodoviário de produtos perigosos.

Especifica as características exigíveis para proteção contra princípios de incêndios por extintores portáteis (veiculares-PQS), no transporte rodoviário de produtos perigosos.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

56

Page 57: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

NBR 13095 – Instalação e fixação de extintores de incêndio para carga, no transporte rodoviário de produtos perigosos.

Especifica as características exigíveis para a instalação e fixação de extintores de incêndios, para carga, no transporte rodoviário de produtos perigosos.

NBR 7501 - Transporte de produtos perigosos (terminologia).

Define termos empregados no transporte de produtos perigosos

NBR 7503 - Ficha de emergência para o transporte de produtos perigosos.

Especifica as características e dimensões para a confecção da ficha de emergência para o transporte de produtos perigosos.

NBR 7504 - Envelope para transporte de produtos perigosos.

Especifica as características e dimensões do envelope que deve acompanhar o transporte de produtos perigosos e conter a correspondente Ficha de Emergência.

NBR 8285 – Preenchimento da ficha de emergência p/transporte de produtos perigosos.

Estabelece um sistema para o adequado preenchimento da ficha de emergência para o transporte de produtos perigosos.

NBR 8286 - Emprego sinalização nas unidades de transporte e de rótulos nas embalagens de produtos perigosos.

Especifica as condições necessárias para o emprego da sinalização nas unidades de transporte e de rótulos nas embalagens de produtos perigosos.

Classificação e Definição das Classes de Produtos Perigosos

A classificação adotada para os produtos considerados perigosos, feita com base no tipo

de risco que apresentam e conforme as Recomendações para o Transporte de Produtos

Perigosos das Nações Unidas, sétima edição revista, 1991, compõe-se das seguintes

classes, definidas nos itens 1.1 a 1.9:

Classe 1 - EXPLOSIVOS

Classe 2 - GASES, com as seguintes subclasses:

Subclasse 2.1 - Gases inflamáveis;Subclasse 2.2 - Gases não-inflamáveis, não-tóxicos;Subclasse 2.3 - Gases tóxicos.

Classe 3 - LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

57

Page 58: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Classe 4 - Esta classe se subdivide em:

Subclasse 4.1 - Sólidos inflamáveis;Subclasse 4.2 - Substâncias sujeitas a combustão espontânea;Subclasse 4.3 - Substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis.

Classe 5 - Esta classe se subdivide em:

Subclasse 5.1 - Substâncias oxidantes;Subclasse 5.2 - Peróxidos orgânicos.

Classe 6 - Esta classe se subdivide em:

Subclasse 6.1 - Substâncias tóxicas (venenosas);Subclasse 6.2 - Substâncias infectantes.

Classe 7 - MATERIAIS RADIOATIVOS

Classe 8 - CORROSIVOS

Classe 9 - SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS.

Os produtos das Classes 3, 4, 5 e 8 e da Subclasse 6.1 classificam-se, para fins de embalagem, segundo três grupos, conforme o nível de risco que apresentam:

Grupo de Embalagem I - alto risco; Grupo de Embalagem II - risco médio; e Grupo de Embalagem Ill - baixo risco.

O transporte de resíduos perigosos deve atender às exigências prescritas para a classe ou subclasse apropriada, considerando os respectivos riscos e os critérios de classificação constantes destas Instruções. Os resíduos que não se enquadram nos critérios aqui estabelecidos, mas que apresentam algum tipo de risco abrangido pela Convenção da Basiléia sobre o Controle da Movimentação Transfronteiriça de Resíduos Perigosos e sua Disposição (1989), devem ser transportados como pertencentes à

O transporte de resíduos perigosos deve atender às exigências prescritas para a classe ou subclasse apropriada, considerando os respectivos riscos e os critérios de classificação constantes destas Instruções. Os resíduos que não se enquadram nos critérios aqui estabelecidos, mas que apresentam algum tipo de risco abrangido pela Convenção da Basiléia sobre o Controle da Movimentação Transfronteiriça de Resíduos Perigosos e sua Disposição (1989), devem ser transportados como pertencentes à Classe 9.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

58

Page 59: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

5.1. CÓDIGO ONU - Não Especificados (N.E)

Como referência para identificação numérica, conforme requerido na Portaria 204 e NBR-13221, seguem os códigos utilizados para resíduos não especificados:

Nº ONU1 RESÍDUO2

1760 Líquidos corrosivos, N.E.2920 Líquidos corrosivos, inflamáveis, N.E.2922 Líquidos corrosivos, tóxicos, N.E.1993 Líquidos inflamáveis, N.E.2924 Líquidos inflamáveis, corrosivos, N.E1992 Líquidos inflamáveis, tóxicos, N.E.3082 Líquidos que contaminam o meio ambiente2810 Líquidos venenosos, N.E.2927 Líquidos venenosos, corrosivos, N.E2929 Líquidos venenosos, inflamáveis, N.E3021 Pesticidas líquidos inflamáveis, tóxicos, ponto de fulgor menor

que 23ºC, N.E.2903 Pesticidas líquidos inflamáveis, tóxicos, ponto de fulgor de 23ºC a

61ºC, N.E.2902 Pesticidas líquidos e tóxicos, N.E.2588 Pesticidas sólidos e tóxicos, N.E.1759 Sólidos corrosivos, N.E.2921 Sólidos corrosivos e inflamáveis, N.E.2923 Sólidos corrosivos e tóxicos, N.E.1325 Sólidos inflamáveis, N.E.2925 Sólidos inflamáveis e corrosivos, N.E.2926 Sólidos inflamáveis e venenosos, N.E.3077 Sólidos que contaminam o meio ambiente2811 Sólidos venenosos, N.E2928 Sólidos venenosos e corrosivos, N.E.2930 Sólidos venenosos e inflamáveis, N.E.2813 Substâncias que em contato com a água emitem gases

inflamáveis, N.E1479 Substâncias Oxidantes, N.E

1 Nº ONU – Numeração da Organização das Nações Unidas2 N.E. – Não especificado, verificar a Portaria nº204 do Ministério dos Transportes

Fonte NBR-13221

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

59

Page 60: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

5.2. Tipos de Acondicionamento

No acondicionamento de resíduos, é importante observar as características de

periculosidade, pois esta será determinante na escolha do material da embalagem. A

incompatibilidade química entre produtos que podem reagir perigosamente entre si pode

ser a causa de deformações e fragilização da estrutura, propiciando vazamentos. Assim

como sua volatilidade, que pode causar risco de incêndio, quando inflamável, ou

contaminação, quando tóxico ou patogênico (NBR-14619).

Os recipientes deverão estar claramente identificados como contendo resíduos,

mesmo quando estiver em estoque transitório (NBR-7500 e 8286). Devem ter a

identificação da classe de risco e código da ONU, quando perigoso, conforme a Portaria

204 – Ministério dos Transportes, e informações sobre cuidados no manuseio e telefone

para contato.

Tipo de Acondicionamento Código

Tambor – 200L E-01Granel E-02Caçamba (container) E-03Tanque E-04Tambores de outros tamanhos E-05Fardos E-06Sacos Plásticos E-07Outras formas E-08

Fonte: NBR-13221

5.3. Comunicações

Quando não houver legislação ambiental específica para o transporte de resíduos

perigosos, o gerador do resíduo deve emitir documento de controle de resíduo, com vias

para o transportador, receptor e órgão ambiental ou competente, fornecendo as

seguintes informações:

Sobre o resíduo

nome apropriado para embarque, conforme Portaria nº204 do Ministério do Transporte;

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

60

Page 61: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

estado físico (sólido, pó, líquido, gasoso, lodo ou pastoso);

classificação, conforme Portaria nº204 do Ministério do Transporte;

quantidade;

tipo de acondicionamento;

nº da ONU;

nº de risco;

grupo de embalagem;

Sobre gerador, receptor e transportador do resíduo:

atividade;

razão social;

endereço;

telefone;

fax;

email

Nome da(s) pessoa(s), com respectivo(s) número(s) de telefone(s), ou

outras formas de contato imediato, a serem contatada(s) em caso de emergência.

responsáveis pela geração dos resíduos, pelo seu transporte, pela destinação, autoridades fiscalizadoras, organizações de controle de emergência, Defesa Civil, Corpos de Bombeiros, Polícias Rodoviárias;

classe de risco e código da ONU, quando perigoso, conforme a Portaria 204 – Ministério dos Transportes, e informações sobre cuidados no manuseio e telefone para contato.

Destinação FinalDestinação Final

1. DEFINIÇÃO

Conjunto de técnicas e tecnologias que buscam propiciar as melhores condições sanitárias, estéticas, sociais, econômicas e energéticas, de acordo com os padrões de cada comunidade, para o tratamento e disposição de resíduos sólidos.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

Segurança Ambiental

61

Page 62: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

2. ATERRO SANITÁRIO

Técnica de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, através de confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente solo, segundo normas específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde e à segurança, minimizando os impactos ambientais. (ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Degradação do solo - terminologia. Rio de Janeiro, 1989. 45p. – NBR 10703)

Segundo a ASCE (American Society of Civil Engineers), Aterro Sanitário é uma técnica para disposição de lixo no solo sem causar prejuízo ao meio ambiente e sem causar moléstia ou perigo para a saúde e a segurança pública, utilizando-se, para tanto, dos princípios de engenharia para confinar o lixo na menor área possível, reduzindo o seu volume ao mínimo praticável, e para cobrir o lixo assim depositado com uma capa de terra com a freqüência necessária, mas pelo menos ao fim de cada jornada (Haddad, 1999).

Para dar consistência à sua própria definição, qualquer Aterro Sanitário deve ser

monitorado, bem como seu entorno, quanto às condições ambientais e geotécnicas,

garantindo assim a observância da não perturbação do meio ambiente, e permitindo

imediatas providências quando alguma alteração ambiental for observada.

ATERRO CONTROLADO - É uma variante que dispensa o uso permanente de máquina, por isto tem a mesma definição do Aterro Sanitário, excetuando-se as duas condições grifadas acima em itálico.

3. ATERRO INDUSTRIAL

Técnica de disposição final de resíduos industriais no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, utilizando, à semelhança dos aterros sanitários, princípios de engenharia para confinar os resíduos industriais, tanto perigosos (Classe I) quanto não inertes (Classe II), na menor área possível, e reduzí-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores se for necessário.

(ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais perigosos - procedimento. Rio de Janeiro, 1984. – NBR 8418)

Não se pode negar um inconveniente na prática de aterros industriais: o controle sobre o uso futuro do terreno a ele destinado é capital. Afinal, os componentes que conferem o caráter de resíduo perigoso ou não inerte continuam presentes, estando apenas confinados, não neutralizados nem eliminados. E ainda existe o risco de perda de confinamento (tremores de terra, inundações, escavações inadvertidas, perda de controle do uso da terra, etc.). Este risco tem tornado o aterro industrial menos incentivado a cada ano que se passa.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

62

Page 63: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

4. COMPOSTAGEM

Processo de decomposição biológica da fração orgânica biodegradável dos resíduos, efetuado por uma população diversificada de organismos, em condições controladas de aerobiose e dos demais parâmetros, desenvolvido em duas etapas distintas: uma de degradação ativa e outra de maturação.

(ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Compostagem - terminologia. Rio de Janeiro, 1996. – NBR 13591)

A palavra compostagem, um neologismo em nosso idioma, é tradução do inglês "composting", e significa um processo de transformação de resíduos orgânicos em adubo humificado. Dois estágios podem ser identificados nessa transformação: o primeiro é denominado digestão e corresponde à fase inicial da fermentação, na qual o material alcança o chamado estado de bioestabilização, onde a decomposição ainda não se completou; porém, quando bem caracterizada, permite que se use o composto como adubo, sem risco de causar danos às plantas; o segundo estágio, mais longo, é o da maturação, no qual a massa em fermentação atinge a humificação, estado em que o adubo apresenta as melhores condições como melhorador do solo e fertilizante.

O tratamento completo dos resíduos sólidos domiciliares (lixo) compreende as seguintes fases: recebimento do lixo urbano, segregação ou triagem, para eliminação de materiais inertes, como plásticos, vidros, borrachas, metais não ferrosos, etc.; separação magnética dos metais ferrosos; moagem (facultativa); digestão ou fermentação em usinas especializadas; compostagem em pátios; acabamento por moagem e peneiramento.

USINA - Instalação dotada de pátio de compostagem e conjunto de equipamento eletro-mecânico destinado a promover e/ou auxiliar o tratamento das frações orgânicas dos resíduos sólidos domiciliares.

(ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Compostagem - terminologia. Rio de Janeiro, 1996. – NBR 13591)

5. INCINERAÇÃO

A incineração é uma das formas mais prestigiadas de destinação final de resíduos sólidos. Entre os vários processos de incineração existentes, temos variações em diversas de suas características: fluxograma de processo, tipo de equipamentos e de queimadores, tipo de combustível adicional – se necessário, existência de câmaras de pós-combustão, temperaturas de operação das câmaras de combustão e pós-combustão, regime de operação, natureza e extensão do controle de emissões atmosféricas e natureza dos resíduos finais de processo, sempre em volume muito menor que o inicial – se perigosos ou não – para definição de sua destinação.

Tais variações se devem a diversos fatores, como natureza e grau de periculosidade do resíduo a incinerar, poder calorífico (relacionado à quantidade de material combustível nele presente), nível de exigência relativa às emissões atmosféricas e às cinzas resultantes da queima, interesse e possibilidade de aproveitamento da energia térmica contida nos resíduos, entre outros.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

Segurança Ambiental

63

Page 64: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Para exemplificar, citaremos um caso relativamente comum na indústria: um processo de engenharia que emprega destruição térmica via oxidação a alta temperatura (reações de combustão levadas a temperaturas em torno de 900 ºC) para destruir a fração orgânica e reduzir o volume do resíduo original, além de diminuir-lhe a periculosidade, muito usado, entre outras utilidades, para termodestruição de resíduos da indústria farmacêutica

OPPELT, E.T. Incineration of Hazardous Wastes: A Critical Review. Journal of the Air Pollution Control

Association. v. 37, no. 5, 1987.

A incineração, qualquer que seja seu projeto, é um processo de redução do peso (até 70%) e do volume (até 90%) dos resíduos através de combustão controlada, visando a disposição final do material remanescente, nos casos mais freqüentes, em aterros industriais (há estudos para destinação das cinzas, em casos de alta periculosidade, para inertização por A incineração, qualquer que seja seu projeto, é um processo de redução do peso (até 70%) e do volume (até 90%) dos resíduos através de combustão controlada, visando a disposição final do material remanescente, nos casos mais freqüentes, em aterros industriais (há estudos para destinação das cinzas, em casos de alta periculosidade, para inertização por vitrificação provocada por processos de plasma térmico, mas tal recurso ainda não está disponível comercialmente). É indicada para resíduos de serviços de saúde ou outros resíduos perigosos, não sendo atraente para resíduos de menor periculosidade porque envolvem grandes custos, não somente os correspondentes ao processo de queima, como também aqueles envolvidos na disposição final em aterros industriais. É fundamental que haja grande quantidade de materiais secos combustíves. De fato, não se aplica a combustão para compostos de alto estágio de oxidação.

O rendimento da combustão – que não pode ser incompleta, sob pena de poluição atmosférica – de lixo e resíduos sólidos é função da mistura ótima ar-combustível e da máxima transferência do calor gerado pelos materiais a serem incinerados, o que significa que um controle minucioso é imprescindível. Ademais, ao incinerar os resíduos, o que acontece pode ser uma mera transferência dos elementos perigosos das fases sólida e pastosa para a gasosa, e não seu desaparecimento, podendo esta emissão de material particulado e de gases (CO, SOx, NOx, etc.) causar graves problemas de poluição atmosférica.

Por isso, os equipamentos de controle de poluição são parte integrante das usinas de incineração e, obviamente, encarecem o tratamento, além de ocuparem grandes áreas.

Os remanescentes da incineração são gases (CO2, SO2, N2, O2, etc), água, escórias (de 15 a 20% do total, constituídas de metais ferrosos, cinzas, material incombustível). Além da disposição em aterro, outra destinação adequada, dependendo da natureza dessas escórias é sua reutilização como material de cobertura dos aterros sanitários ou para correção do solo.

Nos processos em regime de batelada simples, são utilizados queimadores a óleo ou a gás, podendo ocorrer grandes variações nas condições de operação, de uma batelada para a seguinte.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

Segurança Ambiental

64

Page 65: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

A fumaça e os compostos voláteis passam da câmara de combustão à de pós-combustão, quando necessária uma complementação da reação de queima, e depois – ou diretamente, se não for necessária a complementação (é o caso de nosso exemplo) – à de resfriamento, onde os gases provenientes da combustão são resfriados em trocadores de calor (alguns são lavados), a cinza é precipitada gravimetricamente – se necessário, com auxílio de equipamentos como filtros, ciclones ou precipitadores – e removida.

Os processos em regime contínuo, com unidades maiores e mais complexas, necessitam de equipamentos auxiliares. Carga e descarga são mecanizadas. Antes de levado à câmara de combustão o lixo é secado, sendo em seguida incinerado à medida que passa por uma grelha (que revolve os resíduos, melhorando o contato com o comburente e removendo cinzas e escórias).

Os gases resultantes são resfriados num trocador de calor, filtrados (ou separados em precipitadores eletrostáticos ou ciclones) e lançados na atmosfera. As cinzas e escórias devem ser adequadamente aproveitadas ou dispostas.

A incineração pode, em alguns casos, permitir recuperação de energia: o vapor

produzido a partir do resfriamento dos gases de combustão, é aproveitado para geração

de energia elétrica, aquecimento industrial ou calefação domiciliar. Trabalhando em

conjunto com uma estação de tratamento de esgotos, a incineração permite a secagem

do lodo, evitando a disposição de matéria líquida.

No entanto, a preocupação com a formação de dioxinas provocou, em todo o mundo, a construção de numerosas unidades de incineração em que um resfriamento acelerado, sob condições controladas, não permite tal recuperação de calor.

É necessário que sejam controladas a temperatura (em nosso caso, entre 800 e 1000ºC, de modo a se obter a queima completa dos resíduos e a oxidação dos gases), a turbulência (com injeção de ar, propiciando maior área de contato) e o tempo de permanência (que favorece a combustão completa).

6. CO-PROCESSAMENTO / INCORPORAÇÃO EM CIMENTO OU CERÂMICA

O co-processamento de resíduos industriais em fornos de cimento não deixa de ser uma

caso especial de incineração,no qual as cinzas, ao invés de serem encaminhadas para

aterros industriais, ficam incorporadas ao cimento, deixando de formar uma massa

potencialmente poluidora. As altas temperaturas do forno, que alcançam 1400ºC, e o

elevado tempo de residência dos gases na zona de queima do forno asseguram a

completa destruição dos componentes combustíves do resíduo e, no caso da presença

de enxofre e cloro nos resíduos em co-processamento, o meio fortemente alcalino da

massa reagente do forno de cimento neutraliza os gases ácidos resultantes da

combustão.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

65

Page 66: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

Embora o termo admita qualquer caso de processamento conjunto de resíduos com

produtos em fabricação, havendo incorporação dos resíduos nos produtos e sua

conseqüente inertização, na prática o co-processamento envolve quase exclusivamente

a indústria do cimento, onde as condições reinantes nos fornos de formação de clínquer,

os controles do processo de fabricação, inclusive o de emissões atmosféricas, e as

propriedades desejadas para o cimento favorecem a incorporação de uma grande

variedade de resíduos industriais, com benefícios para o meio ambiente, para o gerador

dos resíduos e para o cimenteiro, como se verá adiante.

________________________________ Márcia Tramontano ___________________________

66

Page 67: Apostila de Segurança Ambiental (Prof. Marcia Tramontano)

Segurança Ambiental

BIBLIOGRAFIA:

Preservação da água - Publicação do CREA do Estado do Rio de Janeiro.

Manual do Meio ambiente – CBEPACB – Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas das Atividades dos Corpos de Bombeiros.

Site – www.feema-rj.gov.br

Apostila de Gerenciamento de resíduos – Núcleo de Biologia UFRJ

___________________________ Márcia Tramontano_______________________

67