1484
1

Anais 9o congresso direito internacional - CBDI

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Anais do 9o Congresso Brasileiro de Direito Internacional - Brasilia

Citation preview

  • 1. 1

2. 2 Wagner Menezes (Coordenador) DIREITO INTERNACIONAL Anais do 9 Congresso Brasileiro de Direito Internacional Braslia / DF 2011 3. 3 AGRADECIMENTOS Agradeo aos PESQUISADORES que participaram da presente obra e contriburam para o amadurecimento do Direito Internacional no pas; CAPES pelo indispensvel apoio na publicao da presente obra; ITAIPU pelo apoio incondicional em todos esses anos; AGENCIA MITZ na pessoa de seu Diretor Ricardo Bernardo dos Santos, pela dedicao e comprometimento; todos que trabalharam pela organizao e realizao do livro. 4. 4 DEDICATRIA A presente obra dedicada trajetria acadmica do professor Antonio Paulo Cachapuz de Medeiros. 5. 5 ANTONIO PAULO CACHAPUZ DE MEDEIROS BIOGRAFIA O Professor Antonio Paulo Cachapuz de Medeiros nasceu em Uruguaiana, no Estado do Rio Grande do Sul e Bacharel em Cincias Jurdicas e Sociais pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (1975), Mestre em Cincia Poltica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1983) e Doutor em Direito, com louvor e distino, pela Universidade de So Paulo (1995). Ingressou no magistrio no ano de 1976 na Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul onde venceu todas as etapas da carreira do magistrio superior. Hoje Professor Titular daquela Universidade (em licena). Lecionou como Professor Titular no Instituto Rio Branco do Ministrio das Relaes Exteriores. Professor Titular da Universidade Catlica de Braslia, onde no ano de 2000 fundou e foi o primeiro Diretor do Programa de Mestrado em Direito Internacional Econmico da referida instituio. Professor do Centro Universitrio de Braslia (Uniceub), no qual formou parte do grupo de professores que organizaram e fundaram o Programa de Mestrado em Direito das Relaes Internacionais. Exerce o cargo de Consultor Jurdico do Ministrio das Relaes Exteriores desde 1998, e a convite do Itamaraty j chefiou vinte e nove delegaes diplomticas brasileiras a conferncias internacionais. Foi agraciado pelo Governo brasileiro com a Ordem do Rio Branco, no grau de Grande Oficial. No nvel bilateral, chefiou as delegaes diplomticas brasileiras que negociaram o Tratado de Amizade, Cooperao e Consulta entre o Brasil e Portugal. Em virtude deste trabalho, recebeu do Governo da Repblica Portuguesa a Gr-Cruz do Infante Dom Henrique. Teve ativa participao nas negociaes do Acordo entre o Brasil e a Santa S sobre o Estatuto da Igreja Catlica no Brasil. Aps a ratificao do Acordo, recebeu da Santa S a Ordem de So Gregrio Magno. Foi Membro do Conselho Seccional da OAB/RS e exerceu a presidncia do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul entre 1986 e 1989. membro da Corte Permanente de Arbitragem da Haia, membro do Conselho de Administrao do UNIDROIT (Roma), Presidente do Tribunal Administrativo-Trabalhista da ALADI, Juiz do Tribunal Administrativo-Trabalhista do MERCOSUL e advogado. Tem experincia na rea de Direito e de Relaes Internacionais, com nfase em Direito Internacional Pblico e Privado, atuando principalmente nos seguintes temas: tratados internacionais, direito internacional econmico, direito comparado, direito internacional penal, direito constitucional e poltica externa. 6. 6 APRESENTAO ____________________________________________________________________ Apresento a presente edio dos anais no congresso em modelo digital, uma nova ferramenta que utilizamos para publicar trabalhos classificados para o 9 Congresso Brasileiro de Direito Internacional e a cada edio como se obtivssemos uma nova vitria diante de um grande desafio, pois quando iniciamos a organizao do congresso e abrimos o edital para chamada de artigos no sabemos exatamente at quando conseguiremos sustentar sua publicao. Para nossa alegria crescente a participao atravs do envio de artigos. Os Anais em formato digital so a face mais ntida do Congresso que historicamente se consolidou como o mais importante e denotado acontecimento do gnero no Brasil, apresentando nesses nove anos nmeros expressivos, tendo tido a participao de mais de 8.000 expectadores, foram apresentadas mais de 2.500 palestras, alm de ter sido um foro para discusses acadmicas, encontros de pesquisadores, lanamento de obras, estabelecimento de parcerias, formulao de propostas e novas teorias. Portanto, a edio do presente trabalho uma aventura contada ao longo desses noves anos em que publicamos essa coletnea, nesse tempo, muitas transformaes aconteceram: Surgimento de novos instrumentos de publicao, o crescimento exponencial de artigos de boa qualidade. Hoje chegar a concluso de mais uma publicao , sem dvida, uma tarefa rdua e tenaz, que demanda muita dedicao e tolerncia, e que por isso motivo de jbilo. O que nos mantm dedicados a publicao desta coletnea a essncia fundamental da obra e o idealismo que lhe permeia, como uma edio no comercial, mas de fomento de pesquisa, de incentivo ao desenvolvimento de novas teses, ou o caminho para divulgao de idias, e certamente tornou-se referncia de pesquisa avanada no estudo do Direito Internacional no Brasil e instrumento indispensvel, nas mais completas bibliotecas jurdicas do pas. Certamente ser sempre uma referencia histrica como retrato de um tempo, de uma realidade que representa a leitura contempornea da percepo da academia sobre temas de Direito Internacional. A presente obra vocaliza o que de mais moderno est sendo discutidos nas universidades brasileiras sobre o Direito Internacional e reproduz as pesquisas realizadas sobre o tema nos cursos de graduao, ps-graduao e nas instituies de pesquisa. O corpo de autores formado por j destacados e conhecidos doutrinadores e jovens promissores pesquisadores, professores, profissionais que trabalham com o tema, dentre os mais robustos artigos selecionados pelo comit editorial. O Direito internacional contemporneo passa por profundas transformaes onde se intensificam as abordagens sobre as suas diversas ramificaes temticas, alargando seus campos de anlise sistmica, no possuindo fronteiras definidas entre suas linhas temticas, entre o pblico e o privado, o nacional o transnacional, o internacional o global e o universal. Obviamente no enxergamos tal fenmeno como um processo de fragmentao do Direito Internacional, como resultado de um conjunto de acontecimentos que possibilitou o surgimento de regimes ou de microssistemas, na realidade a unidade sistmica do Direito Internacional continua imutvel e no foi quebrada, o que ocorre um processo dinmico de ampliao do seu ncleo temtico atravs de uma pluralizao endgena em que novos campos que compem a agenda internacional passam a ser regulamentados e disciplinados sistemicamente no corpo do Direito 7. 7 Internacional, regulado por seus princpios, fontes e por seus mecanismos de resoluo de conflitos e de balizamento normativo. Nesse sentido, o presente volume a representao das pesquisas e estudos de Direito Internacional no pas e possui uma diversidade de perspectivas de novas e inovadoras abordagens, a temtica central que norteia a presente obra voltada para anlise da efetividade e a institucionalizao do Direito Internacional, com enfoque sobre o papel das instituies no desenvolvimento e na eficcia do Direito Internacional.. Neste volume podero ser encontrados textos de vrios pesquisadores vinculados a diversas instituies de ensino e pesquisa e que tratam com diferentes enfoques os mais variados temas relacionados ao Direito Internacional contemporneo, pblico, privado e do comrcio. a diversidade dos temas que representa o mrito da obra, aberta, democrtica, reflexiva, permitindo ao leitor uma perspectiva ampla e rica de vrios assuntos ligados ao Direito Internacional. Ao visitar os diversos artigos, vai-se permitir que o leitor tenha uma viso bastante completa e aprofundada de temas contemporneos que inquietam os pesquisadores. Alm dessas referncias, cabe ressaltar outra importncia fundamental da obra, esta edio dos Estudos do Direito Internacional foi organizada em homenagem ao professor ANTONIO PAULO CACHAPUZ DE MEDEIROS, professor universitrio em cursos de ps-graduao, professor formador dos diplomatas brasileiros no Instituto Rio Branco, e consultor jurdico do Itamaraty, sendo o responsvel pela boa manuteno e conduo dos acordos internacionais celebrados pelo pas nas ultimas gestes governamentais. Atributos como a firmeza de princpios e a seriedade acadmica, inatos aos grandes professores, tornaram o professor CACHAPUZ um dos grandes nomes do Direito Internacional contemporneo no Brasil, e hoje a maior referncia do direito dos Tratados, alm de que, com seus pareceres e posicionamentos crticos e equilibrados, o responsvel pela consolidao do mais alto nvel acadmico em exerccio na consultoria jurdica do Itamaraty, e tambm responsvel por velar pela aplicao e observncia pelo Estado brasileiro do Direito Internacional. Por isso, a Academia tem no professor ANTONIO PAULO CACHAPUZ DE MEDEIROS uma referncia, e a certeza de estar bem representada e certa de que o Ministrio das Relaes Exteriores conta com um legtimo representante em seus quadros e se orgulha do seu trabalho. Este gesto de gratido que ora se apresenta por isso oportuno em razo da inestimvel contribuio concreta e efetiva ao Direito Internacional no Brasil e a toda a academia, a quem com suas lies, pareceres e postura o professor CACHAPUZ sabiamente orienta. A homenagem ao professor denota o comprometimento do congresso com a honestidade acadmica, com a intelectualidade verdadeira, com o comprometimento cientfico e com a firmeza de princpios e ideais. Enfim, a presente obra mantm vivo um j consagrado conjunto de volumes que so o que de mais moderno tem-se discutido nas Universidades e nos cursos de ps-graduao no Brasil em matria de Direito Internacional, e que por tudo que representa uma vitria da honestidade, da dedicao, do idealismo, da perseverana e comprometimento com a cincia e com o pensar. Esta nova publicao dos Anais em modo digital consagra o sempre vivo ideal do direito como instrumento de pacificao social e de construo de uma comunidade, pautada pelo respeito aos direitos, 8. 8 agora, mais do que nunca com a nitidez da construo de uma comunidade Humana universalista, constituda por uma comunidade de povos, sob o imprio e a gide do direito. Professor Wagner Menezes Organizador Brasil, Primavera de 2011. 9. 9 SUMRIO ADEMAR POZZATTI JUNIOR - ARBITRAGEM E INTEGRAO REGIONAL. O PROCEDIMENTO DE EXECUO DOS LAUDOS ARBITRAIS COMERCIAIS NO MBITO DO MERCOSUL..........................................................................................................................18 AGATHA BRANDO DE OLIVEIRA E VALESCA RAIZER BORGES MOSCHEN - O FUNDAMENTO DA AUTONOMIA DA CLUSULA COMPROMISSRIA ARBITRAL E A EXTENSO DE SUA EFICCIA NOS GRUPOS SOCIETRIOS E CONTRATUAIS .............................................................................................................................................277 ALAN ENNSER - ARBITRAGEM INTERNACIONAL E O PODER JUDICIRIO...................................................................................................................................37 ALEXANDRE GARRIDO DA SILVA, KAROLINE FERREIRA MARTINS, RUAN ESPNDOLA FERREIRA - A INFLUNCIA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NO SURGIMENTO DAS TEORIAS DIALGICAS: UM ESTUDO SOBRE OS MODELOS CANADENSE E ISRAELENSE. ................................................................................................52 ALEXANDRE PEREIRA DA SILVA - DIREITO INTERNACIONAL ECONMICO E O DIREITO DO MAR: O BRASIL E A EXPANSO DA PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA...........62 CAROLINA SOARES HISSA E ALEXSANDRO RAHBANI ARAGO FEIJ - POLTICAS PROTECIONISTAS E DE LIVRE COMRCIO ENTRE BRASIL E EUA: A QUESTO DO ALGODO............................................................................................................................72 ANA CLUDIA COSTA COELHO BATISTA - INSTRUMENTOS DE COOPERAO JURDICA E JUDICIRIA INTERNACIONAL EM MATRIA PENAL. ..........................................................82 ANA KARINA TICIANELLI MLLER E TNIA LOBO MUNIZ - ESTADO E MEIO AMBIENTE: CONSIDERAES SOBRE +O DESENVOLVIMENTO E A SUSTENTABILIDADE NA PS- MODERNIDADE....................................................................................................................95 ANA LUIZA BECKER SALLES E PAULO POTIARA DE ALCNTARA VELOSO - JURISDIES INTERNACIONAIS SOBRE INVESTIMENTOS: O ICSID.................................104 ANA PAULA DA CUNHA - OS DIREITOS HUMANOS NO GOVERNO LULA: EM BUSCA DE SOFT POWER. ..................................................................................................................114 ANDRIA ROSENIR DA SILVA - O ESTUDO DE GNERO NAS RELAES INTERNACIONAIS E A ONU MULHERES NO BRASIL..........................................................123 ANDREY JOS TAFFNER FRAGA E DRA. PATRCIA LUIZA KEGEL - RECONHECIMENTO DA NACIONALIDADE ITALIANA AOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES TRENTINOS NO BRASIL.........................................................................................................................................131 ANDR PIRES GONTIJO e KACCIA BEATRIZ ALVES MARQUEZ - A ILUSO MUNDIAL: OS ESTUDOS JURDICOS COMPARATIVOS PARA A INTERNACIONALIZAO DO DIREITO ...............................................................................................................................................139 ANDR PIRES GONTIJO e KALINDE VON LOHRMANN - A POSSIBILIDADE DE DERROGAO DE JUS COGENS E SEU VALOR NORMATIVO NO PLANO INTERNACIONAL....... ........................................................................................................148 10. 10 ANDRIA COSTA VIEIRA - A INSTITUCIONALIZAO E JUDICIALIZAO DAS RELAES INTERNACIONAIS: UM ESTUDO DA DEFESA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL NA OMC.............................. .....................................................................................................155 ANTONIO JOS IATAROLA E LUS RENATO VEDOVATO - NACIONALIDADE E CIRCULAO DE PESSOAS PELO MUNDO........ ...............................................................166 BETHNIA ITAGIBA AGUIAR ARIFA - O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E A ORDEM JURDICA BRASILEIRA........... .............................................. ..............................................176 BRUNA MOZINI GODOY E CHRISTIAN EDUARDO MENIN - BRASIL, RSSIA, NDIA, CHINA E FRICA DO SUL: BRICS E UMA NOVA PERSPECTIVA PARA AS RELAES INTERNACIONAIS............... .............................................. ...............................................186 BRUNO ALMEIDA E EMLIA LANA DE FREITAS CASTRO - OS CONTRATOS INTERNACIONAIS DE INVESTIMENTO EM ENERGIA E AS CLUSULAS DE ESTABILIDADE .....................................................................................................................................................195 CAMILLA CAPUCIO - MULTILATERALISMO, REGIONALISMO E UNIDADE NO DIREITO INTERNACIONAL: REVISITANDO A CONTROVRSIA DOS PNEUS ENVOLVENDO O BRASIL NO MERCOSUL E NA OMC............... .................................................................................204 CARLA DANTAS - A EXECUO FORADA NO BRASIL DAS SENTENAS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS DE CARTER PECUNIRIO.........................217 CARLOS ALBERTO DI LORENZO - MERCOSUL E O DIREITO TRABALHISTA: A NECESSIDADE DE HARMONIZAO PARA A INTEGRAO..............................................233 CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA MORAES E THIAGO CARVALHO BORGES - A COMPETNCIA DA ONU PARA REGULAR QUESTES COMERCIAIS.................................242 CAROLINA KOSCHDOSKI DE SOUZA E PAULO EMILIO VAUTHIER BORGES DE MACEDO - A PROTEO DO MEIO AMBIENTE E O DIREITO AO DESENVOLVIMENTO ECONMICO COMO CONFLITO DE DIREITOS HUMANOS NA AMRICA DO SUL: O CASO DAS PAPELERAS.......................................................................................................................250 CAROLINA PEREIRA NEVES E HELOSA ASSIS PAIVA - AS INTERVENES DAS NAES UNIDAS: A DITADURA NA LBIA .........................................................................................263 CATARINA DACOSTA FREITAS E PAULA WOJCIKIEWICZ ALMEIDA - AS LACUNAS DE PROTEO DOS IMIGRANTES NO MBITO DA OEA: A CONTRIBUIO DA CIDH E DA CORTE IDH..........................................................................................................................274 CHIARA ANTONIA SOFIA MAFRICA BIAZI - LIBERDADE RELIGIOSA E SECULARISMO EM CONFRONTO NA CORTE EUROPEIA DOS DIREITOS HUMANOS: O CASO SAHIN CONTRA TURQUIA............................................................................................................................286 CYNTHIA SOARES CARNEIRO - A IMPORTNCIA DOS TRIBUNAIS COMUNITRIOS SUL- AMERICANOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO DIREITO DE INTEGRAO E DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO.................................................................................................296 DANIELE CASSIOLA BOZZA - O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E A EFETIVIDADE NA PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS: APONTAMENTOS SOBRE A QUESTO AFRICANA ...........................................................................................................................................307 11. 11 DANIELE MARANHO COSTA - CONSTITUCIONALISMO GLOBAL DOS DIREITOS HUMANOS..........................................................................................................................322 DEISE FAUTH ARIOTTI - A APLICABILIDADE DAS CONVENES DA ORGANIZAO INTERNACIONAL DO TRABALHO NO ORDENAMENTO JURDICO BRASILEIRO.................328 DEO CAMPOS DUTRA - A CONVENO DA HAIA SOBRE COBRANA DE ALIMENTOS DE 2007: ASPECTOS FUNDAMENTAIS NUMA PERSPECTIVA DA DOUTRINA BRASILEIRA E AMERICANA. DEO CAMPOS DUTRA...................................................................................334 DIEGO CARLOS BATISTA SOUSA E SILVANO DENEGA SOUZA - CONSTRUINDO A INTEGRAO NA AMRICA DO SUL: NOVAS PERSPECTIVAS COM A UNASUL................348 ERIKA MAEOKA - O DEVER DE JUSTIA INTERNA: A ANLISE DA JURISPRUDNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS.........................................................357 FABIANO TVORA - ADR (ALTERNATIVE DISPUTE RESOLUTION)....................................368 DENISE ESTRELLA TELLINI E FABIO PIMENTEL FRANCESCHI BARALDO - LIMITES E POSSIBILIDADE DE RESTRIO AO EXERCCIO DE DIREITOS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS, NO ESTADO DE EXCEO: JURISPRUDNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS E CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988......................................................................................375 FELIPE KERN MOREIRA - DIREITOS HUMANOS E NORMAS COSTUMEIRAS INDGENAS: APONTAMENTOS PARA O DEBATE...................................................................................385 FERNANDA CRISTINA UCHA CAETANO, MARIANNA DE DEUS HOLANDA VALENA E LUIS FERNANDO DE P. B. CARDOSO - A PROTEO JURDICA DA LNGUA COMO ELEMENTO INTEGRANTE DA DIVERSIDADE CULTURAL: O CASO DOS POVOS INDGENAS NO BRASIL..........................................................................................................................395 FERNANDA WEIGERT E RAFAEL T. WOWK - A CONVENO DE MONTEGO BAY DE 1982 SOBRE O DIREITO DO MAR E SUA IMPORTNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL PBLICO..................................................................................406 FLVIA SALDANHA KROETZ - O TRIBUNAL DE NUREMBERG E O DESENVOLVIMENTO DA RESPONSABILIDADE PENAL INTERNACIONAL: UMA ANLISE DA IMPORTNCIA DO JULGAMENTO PARA O COMBATE IMPUNIDADE.............................................................417 GABRIELA DAOU VERENHITACH E DAIANE LONDERO - HAITI EM RUNAS: ENTRE A COOPERAO INTERNACIONAL E A VIOLAO DOS DIREITOS HUMANOS NO PS- TERREMOTO......................................................................................................................427 GERMANA DE OLIVEIRA MORAES E WILLIAN PAIVA MARQUES JNIOR - A INTEGRAO ENERGTICA NA UNASUL VIA PETRLEO, GS NATURAL E HIDRELTRICAS................436 CAROLINA SOARES HISSA E GINA VIDAL MARCLIO POMPEU - A VALORAO DO INDIVDUO POR MEIO DO ACESSO AO CRDITO..............................................................447 GRAZIELA TAVARES DE SOUZA REIS - ESTRANGEIRIZAO NA AMAZNIA LEGAL: ESTUDO SOBRE DESPRESTGIO SOBERANIA BRASILEIRA NO PARQUE ESTADUAL DO JALAPO NO ESTADO DO TOCANTINS...............................................................................456 GRAZIELLA ULIANA DE MELLO - A VISO JURDICA DO MURO DE ISRAEL....................464 12. 12 GUILHERME TORRES PERETTI E PATRICIA AYUB DA COSTA LIGMANOVSKI - REFLEXES SOBRE A SOBERANIA FRENTE O DIREITO COMUNITRIO..........................479 SARA TIRONI E PROF. DR. GUSTAVO ASSED FERREIRA - A INTERVENO HUMANITRIA E A PROTEO AO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS SOB O VIS DA ESCOLA INGLESA DE RELAES INTERNACIONAIS..........................................................488 HELOISE VIEIRA - MALVINAS/FALKLANDS: SOBERANIA E DIREITO INTERNACIONAL..................................................................................................................498 HENRIQUE LAGO DA SILVEIRA - A RELATIVIZAO DO PRIMADO DA NO-EXTRADIO DE NACIONAIS PELO MANDADO DE DETENO EUROPEU.............................................505 HENRIQUE PISSAIA DE SOUZA - ARBITRAGEM INTERNACIONAL NA ADMINISTRAO PBLICA.............................................................................................................................515 JAVIER RODRIGO MAIDANA - REFLEXES PONTUAIS ACERCA DA GUERRA, DA PAZ E DA MANUTENO DA PAZ: EXPERINCIAS DA COMUNIDADE INTERNACIONAL.............525 . JEANCEZAR DITZZ DE SOUZA RIBEIRO - A IMUNIDADE DE JURISDIO NO DIREITO INTERNACIONAL CONTEMPORNEO: A IMUNIDADE DE JURISDIO DO CHEFE DE ESTADO AO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL..............................................................535 JOS CRETELLA NETO - DA IMPORTNCIA PREMBULO NOS CONTRATOS INTERNACIONAIS DO COMRCIO...........................................................................................543 JOS DANIEL GATTI VERGNA - MECANISMOS INTERNACIONAIS DE APLICAO DO DIREITO INTERNACIONAL DO TRABALHO.........................................................................562 JOO CARLOS LEAL JNIOR E FRANCISCO EMLIO BALEOTTI - DA ADOO INTERNACIONAL SEGUNDO A LEI N 12.010/2009.............................................................572 JULIANA KIYOSEN NAKAYAMA E PATRICIA AYUB DA COSTA LIGMANOVSKI - A TENDNCIA JURISPRUDENCIAL BRASILEIRA ACERCA DA COBRANA DE DVIDA DE JOGO CONTRADA POR BRASILEIRO NO EXTERIOR........................................................584 JULIANA PINHEIRO DA SILVA E RODRIGO DE ALMEIDA LEITE - A PROTEO INTERNACIONAL CONTRA O HETEROSSEXISMO...............................................................592 KAMILA SORAIA BRANDL - OS ATORES EMERGENTES DAS RELAES INTERNACIONAIS: A POSSIBILIDADE DE ATUAO INTERNACIONAL DOS GOVERNOS SUBNACIONAIS......................................................................................................................613 KARLA LEANDRA MELO SILVEIRA E SIDNEY GUERRA REGINALDO - SOFT LAW COMO FONTE DE DIREITO INTERNACIONAL PBLICO..................................................................623 LACIO NORONHA XAVIER - O CINEMA COMO FERRAMENTA METODOLGICA DO DIREITO INTERNACIONAL PBLICO..................................................................................633 LARA R NUNES E TATIANA DE A F R CARDOSO - INCIDENTE JOS PEREIRA: BREVES APONTAMENTOS SOBRE O TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL SOB A GIDE DO DIREITO INTERNACIONAL.................................................................................................................647 LARA SALLES DE MORAIS - O BRASIL COMO POSSVEL NOVO DESTINO DE FLUXOS MIGRATRIOS E A QUESTO DA PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS DOS MIGRANTES ...........................................................................................................................................655 13. 13 LARISSA CRISTINA UCHA DAS NEVES NOGUEIRA - CONVENO DE HAIA SOBRE OS ASPECTOS CIVIS DO SEQUESTRO INTERNACIONAL DE MENORES................................666 LARISSA CRISTINA UCHA DAS NEVES NOGUEIRA E SILVIA FAZZINGA OPORTO - COOPERAO JURDICA INTERNACIONAL- A PROTEO DA CRIANA NO DIREITO INTERNACIONAL.................................................................................................................673 LARISSA MARIA MELO SOUZA E VINCIUS HAESBAERT FEITOSA - INTERPRETAO DO SISTEMA DE PROTEO INTERNACIONAL AOS DIREITOS HUMANOS SOB O PRISMA DA FERTILIZAO-CRUZADA...................................................................................................689 LACIO NORONHA XAVIER - BRIC E POLTICA EXTERNA DO SCULO XXI.....................698 LIGIA RIBEIRO VIEIRA - UMA CONCEPO CRTICA SOBRE A PROTEO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS EM UM MUNDO MULTICULTURALISTA........716 LUCAS BEVILACQUA - INCENTIVOS FISCAIS PERANTE A ORGANIZAO MUNDIAL DO COMRCIO.........................................................................................................................724 . LUCAS CARLOS LIMA E ARNO DAL RI JNIOR - O DESENVOLVIMENTO DA ARBITRAGEM INTERNACIONAL AO LONGO DO SCULO XIX COMO MOVIMENTO PRECURSOR DAS CONVENES DA PAZ DE HAIA DE 1899 E 1907................................................................734 LUCAS DANIEL CHAVES DE FREITAS - A EUROPA, O DIREITO E A DIVERSIDADE: A CONSTRUO DA INTEGRAO JURDICA EM NMEROS................................................744 LUCIANA COELHO E SARAH CAVALCANTI - HABEAS MEMORIAM: A NOVA INTERPRETAO DO HABEAS CORPUS E A EFETIVIDADE DO DIREITO MEMRIA NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS..........................................................756 LUCIANO BENJAMIN GOMEZ - A COBRANA DE DVIDA DE JOGO CONTRADA LEGALMENTE POR BRASILEIRO NO EXTERIOR................................................................767 LUCIANO ALVES RODRIGUES DOS SANTOS E ROZANE DA ROSA CACHAPUZ - OS PILARES DE EDIFICAO NORMATIVA EM MBITO INTERNACIONAL...............................777 LUIZ FERNANDO BOLDO DO NASCIMENTO E PATRICIA AYUB DA COSTA LIGMANOVSKI - O RECONHECIMENTO DA REPERCUSSO GERAL ACERCA DA EXPULSO DE ESTRANGEIRO COM FILHOS BRASILEIROS DEPENDENTES ECONOMICAMENTE...........784 LUIZ HENRIQUE MAISONNETT - UM PANORAMA HISTRICO DO DIREITO INTERNACIONAL ECONMICO: DESAFIOS PARA UM MUNDO GLOBALIZADO..................793 LUS PAULO BOGLIOLO PIANCASTELLI DE SIQUEIRA - CONCORRNCIA ENTRE A RESPONSABILIDADE DO ESTADO E DO INDIVDUO PELO CRIME DE GENOCDIO...........804 LVIA LEMOS FALCO DE ALMEIDA E ALESSANDRA MARCHIONI - A ORGANIZAO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT) E A INTERNACIONALIZAO DAS NORMAS TRABALHISTAS: APLICAO NO BRASIL DAS CONVENES SOBRE ABOLIO DO TRABALHO FORADO......................................................................................................814 MANUELA MADEIRA CALHEIROS E ALESSANDRA MARCHIONI - LIMITES EFETIVIDADE DAS CONVENES DE DIREITO INTERNACIONAL EM MATRIA DE USO E GESTO DE RECURSOS DE GUA DOCE..............................................................................................824 14. 14 MARCELA BARBOSA DE MENEZES E THIAGO BORGES - O CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS DA ONU E A UNIVERSALIZAO DOS DIREITOS HUMANOS............................835 MARIA OLVIA FERREIRA SILVEIRA - ASPECTOS CONTROVERSOS SOBRE A POSSVEL APLICABILIDADE DA JURISDIO DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL NA PALESTINA ..........................................................................................................................................845 MARIA DE FTIMA RIBEIRO E THAIS BERNARDES MAGANHINI - A TRIBUTAO NO PROCESSO DE INTEGRAO INTERNACIONAL ECONMICA: CONSIDERAES SOBRE A PROTEO CONSTITUCIONAL DO CONTRIBUINTE........................................................856 MARIANA YANTE B. PEREIRA - A VALIDADE DA CONVENO DE ARBITRAGEM NOS CONTRATOS COM O ESTADO- ASPECTOS DE LEGITIMIDADE E EFICCIA...................866 MARIANA DE ARAJO MENDES LIMA - A RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO POR VIOLAES AOS DIREITOS HUMANOS, O SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEO E O CASO BELO MONTE..............................................................................876 MARILDA ROSADO E BRUNO ALMEIDA - A RELAO ENTRE A GLOBALIZAO E O DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO.................................................................................887 MARINA COSTA ESTEVES COUTINHO E THIAGO CARVALHO BORGES - O TRATADO DE LISBOA E A GARANTIA A CARTA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS DA UNIO EUROPIA ................................................ .........................................................................................898 MRCIA TESHIMA - O DIREITO A SER DIFERENTE..........................................................907 NATLIA SACCHI SANTOS - A EURO-ORDEM E SUA TRANSPOSIO AO ORDENAMENTO INTERNO DOS ESTADOS MEMBROS DA UNIO EUROPIA.............................................917 NATHALIE DE PAULA CARVALHO - O SISTEMA DE MERCADO E A SUSTENTABILIDADE ECONMICA: A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS NO SUPERCAPITALISMO .................................................,........................................................................................928 PAULA DOS SANTOS MANOEL - TERRORISMO, REPRESSO E REPERCUSSO NAS GARANTIAS DOS DIREITOS HUMANOS............................................................................938 JLIA WICHER MARIN E PATRICIA AYUB DA COSTA LIGMANOVSKI - O CONFLITO ENTRE A PROTEO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E O DIREITO SADE COM NFASE NO ACESSO A MEDICAMENTOS.........................................................................955 HELOSA ASSIS DE PAIVA E PATRCIA MARIA DA SILVA GOMES - O PRINCPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE NOS CONTRATOS INTERNACIONAIS DO COMRCIO...........963 PATRCIA SAMPAIO FIAD E ELY CAETANO XAVIER JUNIOR - A PRODUO NORMATIVA DAS ORGANIZAES INTERNACIONAIS E SUA INSERO NO MBITO DO DIREITO ADMINISTRATIVO GLOBAL..................................................................................................972 PAULA DE SOUSA CONSTANTE E WILLIAN KEN AOKI - LIMITES E RESTRIES DA LIBERDADE DE EXPRESSO NO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS...........................................................................................................................982 PATRICIA AYUB DA COSTA LIGMANOVSKI E PEDRO HENRIQUE ARCAIN RICCETTO - POSICIONAMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ACERCA DA EXTRADIO EM CASOS DE NATUREZA POLTICA. CASOS FIRMENICH E FALCO......................................991 15. 15 RAQUEL TRABAZO CARBALLAL FRANCO - A SUBJETIVIDADE INTERNACIONAL DO INDIVDUO.......................................................................................................................1000 REBECCA PARADELLAS BARROZO E HELOSA ASSIS DE PAIVA - CONTRATOS INTERNACIONAIS E A CLUSULA COMPROMISSRIA DE ARBITRAGEM......................1010 MRCIA TESHIMA E RENATA RALISCH - ADOO HOMOAFETIVA E A TUTELA DOS DIREITOS HUMANOS......................................................................................................1019 ROGRIO RIBEIRO PARREIRA E HELOSA ASSIS DE PAIVA - O INSTITUTO DA ARBITRAGEM: A VIABILIDADE CONTRATUAL JURDICA E ECONMICA NO PLANO DO COMRCIO INTERNACIONAL..........................................................................................1028 RUI AURLIO DE LACERDA BADAR - A LIBERDADE DE CIRCULAO TURSTICA ENTRE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E HUMANOS: BREVE ESTUDO SOBRE O PRISMA DA TEORIA DE ROBERT ALEXY............................................................................................1050 SRGIO HENRIQUE DOS SANTOS MATHEUS E MOACYR MIGUEL DE OLIVEIRA - AS POLTICAS PBLICAS DE SEGURANA PBLICA E INTEGRAO DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE DIREITOS NAS AES POLICIAIS.................................................1066 MOACYR MIGUEL DE OLIVEIRA E SRGIO HENRIQUE DOS SANTOS MATHEUS - A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS E A PROTEO DEMOCRACIA: CASO DEL TRIBUNAL CONSTITUCIONAL VS. PER.....................................................1074 SIDNEY GUERRA - PARA A CONSTRUO DE UMA NOVA ORDEM INTERNACIONAL AMBIENTAL: A ORGANIZACO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE:........................1081 SUSANA DAMASCENO DE OLIVEIRA - A CONDIO PENAL INTERNACIONAL DO INDIVDUO APS A CRIAO DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL...........................1093 TAHINAH ALBUQUERQUE MARTINS - A IMPLEMENTAO DAS SENTENAS INDENIZATRIAS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL .........................................................................................................................................1104 TALITA DAL LAGO E OMAN FILHO - DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES: NOVAS PERSPECTIVAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS.........................................................1124 THAS DE OLIVEIRA - CULTURA E MERCOSUL: UMA QUESTO DE IDENTIDADE.........1139 THIAGO CARVALHO BORGES - A CRISE DA ONU E SEU PAPEL NA (DES)FRAGMENTAO DO DIREITO INTERNACIONAL...................................................1148 THIAGO JOS ZANINI GODINHO - A JURISPRUDNCIA DO ICSID RELATIVA AO TRATAMENTO JUSTO E EQUITVEL OUTORGADO AOS INVESTIDORES ESTRANGEIROS NOS TRATADOS DE INVESTIMENTOS...........................................................................1158 THIAGO PALUMA E JULIANA DEMORI DE ANDRADE - DIREITO AO DESENVOLVIMENTO ECONMICO E SOCIAL DOS ESTADOS E O DIREITO AMBIENTAL.................................1169 TLIO DI GICOMO TOLEDO - AS NEGOCIAES MULTILATERAIS NO MBITO AGRCOLA ........................................................................................................................................1177 MAYRA DO AMARAL GURGEL ALVES DE SOUZA E TNIA LOBO MUNIZ - A CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIA E SUA FUNO CONSULTIVA.........................................1189 16. 16 TNIA LOBO MUNIZ E VICTOR HUGO ALCALDE DO NASCIMENTO - A DOUTRINA DA ANLISE DE INTERESSES NO MTODO UNILATERALISTA NO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E A COMPARAO FUNCIONAL: UMA ANLISE PERANTE O PRINCPIO DA TOLERNCIA...................................................................................................................1196 VIVIAN C. K. DOMBROWSKI - A SUSTENTABILIDADE NO DIREITO INTERNACIONAL: AS PRINCIPAIS CONFERNCIAS AMBIENTAIS...................................................................1203 VIVIAN DANIELE ROCHA GABRIEL E LUDMILA ANDRZEJEWSKI CULPI - A PAZ E O DESENVOLVIMENTO NO CONTEXTO DO DIREITO INTERNACIONAL.............................1216 VIVIANE CEOLIN DALLASTA - REFLEXO ACERCA DO COMBATE IMPUNIDADE DOS CRIMES QUE AFRONTAM OS DIREITOS HUMANOS NO SCULO XXI: ASPECTOS DA COMPETNCIA UNIVERSAL DAS JUSTIAS NACIONAIS E DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL..............................................................................................................1225 VIVIANE RUFINO PONTES - EVOLUO DO CONCEITO DE SUPRANACIONALIDADE ATRAVS DO DESENVOLVIMENTO DA UNIO EUROPEIA..............................................1236 WILLIAM PAIVA MARQUES JNIOR - OS LEVANTES POPULARES NO ORIENTE MDIO: REVOLUO OU GOLPE DE ESTADO? REFLEXOS NA TEORIA DO PODER CONSTITUINTE E NOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS................................................................1247 WILLIS JOS RODRIGUES FILHO - A RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO POR VIOLAO DE TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS POR AUSNCIA DE IMPLEMENTAO DE DECISO INTERNACIONAL.................................1256 AMANDA ZANATTA PEREIRA, RAFAELA ALVES DO CARMO E HELOISA HELENA DE ALMEIDA PORTUGAL - O BINMIO DA SOBERANIA E DEMOCRACIA NA LIBIA DE KADAF ........................................................................................................................................1267 FABIANO TVORA - DOING BUSINESS IN BRAZIL: UM ESTUDO DO BANCO MUNDIAL QUE DEVE SER CONHECIDO, ESTUDADO E IMPLANTADO PELOS GOVERNOS PARA TERMOS UMA ECONOMIA MAIS COMPETITIVA.............................................................................1276 SILVANA MOREIRA FURLANETO , DOUGLAS EMERSON DIAS DOS SANTOS E HELOISA HELENA DE ALMEIDA PORTUGAL - TEORIA DOS JOGOS APLICADA A OPERAO DE MANUTENO DA PAZ DO HAITI... ................................................................................1283 LIVIA TIEKO CERVO MACENO, BRUNO HEIDY IZUMI RACANELLI E HELOISA PORTUGAL - CASO CESARE BATTISTI: APONTAMENTOS DA EXTRADIO E SUA REPERCUSSO INTERNACIONAL.............................................................................................................1292 THAS ZANONI MIOLA, MARCELO TAKESHI OMOTO E HELOISA HELENA DE ALMEIDA PORTUGAL - O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E APLICAO DA PENA DE MORTE.. ........................................................................................................................................1305 IVANILDA DA SILVA PESTANA, LILIAN CRISTINA DA SILVA E SERGIO CARDOSO - DAS RESPONSABILIDADES SOBRE O AQFERO GUARANI: GUAS INTERNACIONAIS COMPARTILHADAS OU RESPONSABILIDADE LOCAL. UMA QUESTO A DISCUTIR ........................................................................................................................................1311 MARIANA CESTI RAFFA, AMANDA AMADOR MANRIQUE QUEIROZ BRAGA E HELOISA HELENA DE ALMEIDA PORTUGAL - A DIPLOMACIA BRASILEIRA NA CONSTRUO DA DEMOCRACIA E PAZ: PERSPECTIVAS A PARTIR DO CASO DO HAITI............................1324 17. 17 MARIANA CESTI RAFFA, AMANDA AMADOR MANRIQUE QUEIROZ BRAGA E HELOISA HELENA DE ALMEIDA PORTUGAL - A SOBERANIA NO MBITO DA GOVERNANA MULTINVEL: UM CONCEITO DE VALOR TCNICO-JURDICO........................................1332 ANDERSON BARBOSA E ROBERTO MUSATTI - COMRCIO INTERNACIONAL DE CARNE BOVINA E A OMC............................................................................................................1341 VERA LCIA DA SILVA, MARIA CRISTINA CROSCATTO E LUIS GUSTAVO JUNQUEIRA DE SOUZA - A RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO BRASIL PELA GUERRILHA DA ARAGUAIA E A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE ANISTIA.........................................1349 CLEVERSON CUSTDIO ALVES E MICHELE CONRADO DOS SANTOS - ANDRA REGINA UBEDA LOPES COMRCIO DE CRDITO DE CARBONO: ESTUDO DA CERMICA LUARA DE PANORAMA-SP..........................................................................................................1358 MARIANA KARAN E FEREZ KARAN - CONVENO INTERNACIONAL DE HAIA E A ADOO INTERNACIONAL: O ABANDONO DO NEONATAL...........................................1367 LORRAINE REIS BRANQUINHO DE CARVALHO FERREIRA E HELOISA PORTUGAL - A HUMANIZAO DO DIREITO INTERNACIONAL: A QUARTA TENDNCIA DA SOCIEDADE CONTEMPORNEA..........................................................................................................1377 DBORA DA SILVA MARQUETTI E HELOISA PORTUGAL - JURISDICIONALIZAO DO DIREITO INTERNACIONAL: UMA ANLISE DOS TRIBUNAIS AD HOC DA EX-IUGUSLVIA E RUANDA...........................................................................................................................1383 ILTON GUEDES DE OLIVEIRA, CAMILA BORDONI E HELOSA PORTUGAL - APS QUASE 2 DCADAS O MERCOSUL AINDA E VIVEL?.................................................................1392 LUTHEGARD DE ALMEIDA PORTUGAL E HELOISA PORTUGAL - A ACEITAO DO INIMIGO COMO NO PESSOA E O RISCO DE ENFRAQUECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS...........................................................................................,.1399 HELOISA HELENA DE ALMEIDA PORTUGAL - O ENSINO DO DIREITO INTERNACIONAL NO BRASIL: GNESE, EXLIO E RETORNO PREMIADO AOS CURRCULOS DAS FACULDADES DE DIREITO1414..............................................................................................................1414 CAMILA BORDONI , LUCIANA TIEKO HIRATA TABUSE E EVANDER DIAS - ANALISE COMPARATIVA LUSO-BRASILEIRA DA REPARAO CIVIL ANTE O ABANDONO MORAL......................................................................................................................................1433 LORRAINE REIS BRANQUINHO DE CARVALHO FERREIRA, CAMILA SLVIA SOBU VALERO E EVANDER DIAS - O SUPERIOR INTERESSE DA CRIANA COMO DIREITO INTERNACIONAL FUNDAMENTAL...................................................................................1441 MICHELE ALESSANDRA HASTREITE - O FLUXO DE TRABALHADORES NO DIREITO INTERNACIONAL..1450 DOMINGOS POLINI NETTO - UNILA: CULTURA E EDUCAO COMO MEIOS DE INTEGRAO NA AMRICA LATINA ....................................................................................1473 18. 18 ARBITRAGEM E INTEGRAO REGIONAL. O PROCEDIMENTO DE EXECUO DOS LAUDOS ARBITRAIS COMERCIAIS NO MBITO DO MERCOSUL. ADEMAR POZZATTI JUNIOR1 1. Prolegmenos A arte imortalizou inmeras metforas da justia, ocupando-se, em larga medida, de seus aspectos instituintes e de suas virtudes coesivas. O gnio e a acidez de La Bruyre levaram-no, contudo, a cunhar um aforismo sarcasticamente lcido acerca das mazelas e misrias do processo judicial: O dever dos juzes fazer a justia; seu ofcio adi-la. Alguns conhecem seu dever e fazem seu ofcio.2 A observao do pensador francs do sculo XVII faz pensar em alguns dos motivos que levam as partes envolvidas em um conflito a solucion-lo atravs de mtodos alternativos ao judicirio. A arbitragem sobressai nesse contexto, fomentada pela atual conjuntura de crises do Poder Judicirio, a busca por caractersticas distintas daquelas da prestao jurisdicional, alm da morosidade, evocada acima. No Mercado Comum do Sul - MERCOSUL coexistem dois sistemas de arbitragem, regidos por normas distintas: um sujeito ao Direito Internacional Pblico e outro ao Direito Internacional Privado. O primeiro sistema - arbitragem regulada pelo Direito Internacional Pblico - surgiu em 1991 com o Tratado de Assuno, criador do MERCOSUL. O Protocolo de Braslia, tambm de 1991, prev a arbitragem ad hoc para resolver controvrsias entre os Estados-partes. J o Protocolo de Olivos, de 2004, criou um Tribunal Permanente de Reviso, composto por cinco membros, para rever as decises do tribunal arbitral ad hoc de primeira instncia. Por sua vez, o sistema arbitral que visa solucionar os conflitos comerciais entre particulares, pessoas fsicas ou jurdicas, de diferentes Estados-partes segue as regras de Direito Internacional Privado. Nesses conflitos, onde a questo refere-se a contratos de Direito Comercial Internacional, a vantagem do procedimento arbitral notvel, j que as partes no ficaro vinculadas morosidade das justias ptrias, tero seus contratos analisados em segredo e podem eleger o seu rbitro ou tribunal arbitral. A arbitragem internacional se constitui, portanto, de um foro neutro, o que significa segurana e imparcialidade nas controvrsias. O MERCOSUL , em essncia, um projeto de integrao comercial, sendo que pretende favorecer o intercmbio de produtos entre os Estados-partes e tambm a otimizao da produo dos bens regionais em prol da obteno de uma maior e melhor insero dos produtos da regio no mercado mundial. No Tratado de Assuno nada foi dito sobre arbitragem comercial, a qual s foi includa atravs do Acordo sobre Arbitragem Comercial Internacional do MERCOSUL, do Protocolo de Las Leas e do Regulamento do Acordo sobre Arbitragem Comercial Internacional do MERCOSUL. Este artigo busca averiguar o instituto da arbitragem comercial no mbito da normativa mercosulina. Dentro dessa temtica, o recorte feito abrange especificamente o procedimento de execuo dos laudos arbitrais estrangeiros. 2. Acordo de Arbitragem Comercial Internacional do MERCOSUL (1998) O Acordo de Arbitragem Comercial Internacional do MERCOSUL, concludo em Buenos Aires, em 23 de julho de 1998, foi promulgado pelo Brasil atravs do Decreto n. 4.719/03, de 04 de junho de 2003. Este Acordo tem por objetivo regular a arbitragem como forma de soluo de conflitos surgidos de contratos comerciais internacionais, firmados entre pessoas fsicas ou jurdicas, de direito privado, sediados nos pases integrantes do MERCOSUL. 1 Palestrante. Professor do Curso de Direito do CESUSC/SC e da UNIVALI. Mestre em Relaes Internacionais do Curso de Ps Graduao em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina CPGD/UFSC. 2 Citado por Franois Ost. Contar a lei: as fontes do imaginrio jurdico. Traduo de Paulo Neves. So Leopoldo: UNISINOS, 2004. p. 101. 19. 19 Convencidos da necessidade de uniformizar o funcionamento da arbitragem internacional para contribuir expanso do comrcio regional e internacional e para incentivar a soluo extrajudicial de controvrsias privadas por meio da arbitragem, o Conselho do Mercado Comum aprovou o referido Acordo, que vai ao encontro dos seguintes documentos internacionais: - Conveno Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional, de 30 de janeiro de 1975, concluda na cidade de Panam, - Conveno Interamericana sobre Eficcia Extraterritorial das Sentenas e Laudos Arbitrais Estrangeiros, de 08 de maio de 1979, concluda em Montevidu, e a - Lei Modelo sobre Arbitragem Comercial Internacional da Comisso das Naes Unidas para o Direito Mercantil Internacional, de 21 de junho de 1985; O presente Acordo se aplicar arbitragem, sua organizao e procedimentos, e s sentenas ou laudos arbitrais, se ocorrer alguma das seguintes circunstncias1 : a) a conveno arbitral for celebrada entre pessoas fsicas ou jurdicas que, no momento de sua celebrao, tenham sua residncia habitual ou o centro principal dos negcios, ou a sede, ou sucursais, ou estabelecimentos ou agncias, em mais de uma Parte Signatria; b) o contrato-base tiver algum contato objetivo - jurdico ou econmico - com mais de uma Parte Signatria; c) se as partes no expressarem sua vontade em contrrio e o contrato-base tiver algum contato objetivo jurdico ou econmico com uma Parte Signatria, sempre que o tribunal tenha a sua sede em uma das Partes Signatrias; d) o contrato-base tiver algum contato objetivo - jurdico ou econmico com uma Parte Signatria e o tribunal arbitral no tiver sua sede em nenhuma Parte Signatria, sempre que as partes declararem expressamente sua inteno de submeter-se ao presente Acordo; e) o contrato-base no tiver nenhum contato objetivo jurdico ou econmico com uma Parte Signatria e as partes tenham elegido um tribunal arbitral com sede em uma Parte Signatria, sempre que as partes declararem expressamente sua inteno de submeter-se ao pressente Acordo. No art. 5, o Acordo estabelece o reconhecimento do carter obrigatrio e do efeito vinculante da clusula compromissria. Os arts. 8 e 18 dispem sobre a autonomia da clusula compromissria e o princpio da competncia - pelo qual o prprio Tribunal Arbitral decide acerca de sua competncia. O art. 21 prev a possibilidade de requerimento ao Tribunal Arbitral de retificao e ampliao do laudo. A anulao do mesmo poder ser feita atravs de ao de anulao da sentena arbitral, a ser ajuizada junto autoridade judicial do Estado sede do Tribunal Arbitral, conforme o artigo 22. A arbitragem poder ser prevista preliminarmente ou ser vislumbrada num momento posterior ao surgimento de uma certa controvrsia. Pode ser ainda institucional ou ad hoc. As partes ainda podem escolher as regras de direito a serem aplicadas durante a soluo da controvrsia, podendo a questo ser solucionada por eqidade, conforme disposio do artigo 9. Os princpios norteadores do procedimento arbitral devem ser a igualdade do tratamento das partes, o devido processo legal, o contraditrio e a deciso pela livre convico do rbitro. Ainda dispe o Acordo que os rbitros devem ser de confiana das partes, independentes, parciais e neutros. O acordo trata de inmeras questes de grande relevncia em matria de arbitragem, tais como: - validade da conveno arbitral, a sua autonomia em relao ao contrato principal, a lei aplicvel ao mrito da arbitragem - que foi objeto de reserva; - a lei aplicvel ao processo arbitral; - a competncia concorrente do Judicirio e do tribunal arbitral para a concesso de medidas cautelares e a fixao da competncia do foro da sede da arbitragem como o nico competente para apreciar a ao de nulidade do laudo. Especificamente quanto execuo do laudo ou sentena arbitral estrangeiros, dispe o artigo 23 do Acordo que se aplicar, para as Partes Signatrias que sejam Estados-Partes do MERCOSUL, o disposto, no que couber, nos seguintes documentos internacionais: 1 Artigo 3 da Deciso 04/98 do Conselho do Comrcio Comum do MERCOSUL. Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 20. 20 - Protocolo de Cooperao e Assistncia Jurisdicional em Matria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa do MERCOSUL, aprovado por deciso do Conselho do Mercado Comum N. 5/92 (Protocolo de Las Leas), - Conveno Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional do Panam de 1975 e a - Conveno Interamericana sobre a Eficcia Extraterritorial das Sentenas e Laudos Arbitrais Estrangeiros de Montevidu de 1979. Para as Partes signatrias no vinculadas pelo referido Acordo, aplicar-se-o as convenes internacionais no nmero anterior, ou, na sua falta, o direito do Estado onde se deva executar o laudo ou sentena arbitral estrangeira. Este Acordo surge, portanto, como resposta carncia de legislao atinente soluo de conflitos entre particulares surgidos no mbito das relaes comerciais sub-regionais. 3. O Protocolo de Las Lens O Protocolo de Las Leas, sobre Cooperao e Assistncia Jurisdicional em Matria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa de 1992. Quanto ao mbito de aplicao do Protocolo de Las Leas, note-se que as suas disposies sero aplicveis ao reconhecimento e execuo das sentenas e dos laudos arbitrais pronunciados nas jurisdies dos Estados-partes em matria civil, comercial, trabalhista e administrativa, e sero igualmente aplicveis s sentenas em matria de reparao de danos e restituio de bens pronunciadas na esfera penal1 . Segundo o Protocolo de Las Leas, o pedido de reconhecimento e execuo de sentenas e de laudos arbitrais por parte das autoridades jurisdicionais ser tramitado por via de cartas rogatrias e por intermdio da Autoridade Central2 . O artigo 2 do Protocolo de Las Leas estabelece as Autoridades Centrais em cada um dos Estados-partes do Mercosul3 , cuja indicao fica a cargo de cada pas. Tais rgos tm por objetivo agilizar a circulao das provises jurisdicionais entre os Estados-partes e a facilitao da harmonizao de procedimentos, aumentando a integrao entre os pases. As Autoridades Centrais so responsveis pelo contato entre os pases, fazendo a ponte entre os diferentes sistemas jurisdicionais. Assim, as Autoridades Centrais comunicam-se diretamente entre si. Na prtica, as Autoridades Centrais cuidam do encaminhamento e recebimento de peties de assistncia jurisdicional. Cuide-se que esses podem no ser rgos jurisdicionais, fazendo, no caso, a remessa das peties ao rgo jurisdicional competente no Estado-parte correspondente. o que acontece no caso brasileiro, por exemplo, em que a Autoridade Central o Ministrio das Relaes Exteriores e o responsvel pelo juzo de delibao o Superior Tribunal de Justia4 . O desafio maior das Autoridades Centrais a desburocratizao dos procedimentos de cooperao, reduzindo gastos com a legalizao de documentos, e a facilitao da integrao entre as diferentes justias nacionais. Assim, cada Estado-parte indicar uma Autoridade Central encarregada de receber e dar andamento s peties de assistncia jurisdicional em matria civil, comercial, trabalhista e administrativa. Para tanto, as Autoridades Centrais comunicar-se-o diretamente entre si, permitindo a interveno de outras autoridades respectivamente competentes, sempre que seja necessrio. 1 Artigo 18 do Protocolo de Las Leas. Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 2 Artigo 19 do Protocolo de Las Leas. Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 3 Artigo 2 - Para os efeitos do presente protocolo, cada Estado Parte indicar uma Autoridade Central encarregada de receber e dar andamento s peties de assistncia jurisdicional em matria civil, comercial, trabalhista e administrativa. Para tanto, as Autoridades Centrais se comunicaro diretamente entre si, permitindo a interveno de outras autoridades respectivamente competentes, sempre que seja necessrio. Os Estados Partes, ao depositarem os instrumentos de ratificao do presente Protocolo, comunicar o fato, no mais breve prazo possvel, ao Governo depositrio do presente Protocolo, para que d conhecimento aos demais Estados Partes da substituio efetuada. 4 Constituio Federal da Repblica Federativa do Brasil, artigo 105: Compete ao Superior Tribunal de Justia: I - processar e julgar, originariamente: i) a homologao de sentenas estrangeiras e a concesso de exequatur s cartas rogatrias. Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 21. 21 Os Estados-partes, ao depositarem os instrumentos de ratificao do Protocolo de Las Leas, devem comunicar tal providncia ao Governo depositrio, o qual dela dar conhecimento aos demais Estados- partes. A Autoridade Central poder ser substituda em qualquer momento, devendo o Estado-parte comunicar o fato, no mais breve prazo possvel, ao Governo depositrio do Protocolo de Las Leas, para que d conhecimento aos demais Estados-partes da substituio efetuada. O Protocolo de Las Leas no alterou a exigncia de que qualquer sentena estrangeira ou a concesso de medida cautelar para tornar-se exeqvel no Brasil, h de ser previamente submetida homologao do Superior Tribunal de Justia, o que obsta admisso de seu reconhecimento incidente, no foro brasileiro, pelo juzo a que se requeira a execuo; inovou, entretanto, a conveno internacional referida, ao prescrever, no art. 19, que a homologao (dito reconhecimento) de sentena provinda dos Estados-partes se faa mediante rogatria, o que importa admitir a iniciativa da autoridade judiciria competente do foro de origem e que o exequatur se defira independentemente da citao do requerido, sem prejuzo da posterior manifestao do requerido1 . Com a criao de uma nova maneira facilitada de homologao - por rogatria - pelo Protocolo de Las Leas, passa a existir dois tipos de homologao de sentenas estrangeiras no Brasil: um, para os pases do Mercosul, que podem remeter diretamente a sentena e obter o exequatur na prpria carta rogatria; e o outro, da forma tradicional. Isto representa a criao de um canal mais clere para as decises provenientes dos pases do MERCOSUL. Para homologar laudos arbitrais originrios de outros pases do MERCOSUL, portanto, j no necessrio recorrer ao procedimento de homologao de sentenas estrangeiras previsto no Regulamento 09/2005 do STJ2 . Basta que o rbitro que profira o laudo solicite a autoridade central do seu pas que, por intermdio de Carta Rogatria, faa o pedido de homologao de dito laudo Autoridade Central do pas onde o laudo deve ser executado. Recebida a Carta Rogatria pela Autoridade Central, esta a enviar para a autoridade nacional competente para a outorga do exequatur. O exequatur ser expedido se estiverem cumpridos os seguintes requisitos3 : a) que venham revestidos das formalidades externas necessrias para que sejam considerados autnticos no Estado de origem; b) que estejam, assim como os documentos anexos necessrios, devidamente traduzidos para o idioma oficial do Estado em que se solicita seu reconhecimento e execuo; c) que emanem de um rgo jurisdicional ou arbitral competente, segundo as normas do Estado requerido sobre jurisdio internacional; d) que a parte contra a qual se pretende executar a deciso tenha sido devidamente citada e tenha garantido o exerccio de seu direito de defesa; e) que a deciso tenha fora de coisa julgada e/ou executria no Estado em que foi ditada; f) que claramente no contrariem os princpios de ordem pblica do Estado em que se solicita seu reconhecimento e/ou execuo. Ademais, a parte que, em juzo, invoque uma sentena ou um laudo arbitral de um dos Estados-partes dever apresentar cpia autntica da sentena ou do laudo arbitral com os requisitos do artigo precedente4 . Quando se tratar de uma sentena ou de um laudo arbitral entre as mesmas partes, fundamentado nos mesmos fatos, e que tenha o mesmo objeto de outro processo judicial ou arbitral no Estado requerido, seu reconhecimento e sua executoriedade dependero de que a deciso no seja incompatvel com outro pronunciamento anterior ou simultneo proferido no Estado requerido5 . 1 Pucci, Adriana Noemi. Arbitragem Comercial nos Pases do Mercosul. So Paulo: Editora LTR, 1997. p. 116. 2 Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 3 Artigo 18 do Protocolo de Las Leas. Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 4 Artigo 21 do Protocolo de Las Leas. Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 5 Artigo 22 do Protocolo de Las Leas. Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 22. 22 Do mesmo modo, no se reconhecer, nem se proceder execuo, quando se houver iniciado um procedimento entre as mesmas partes, fundamentado nos mesmos fatos e sobre o mesmo objeto, perante qualquer autoridade jurisdicional da Parte requerida, anteriormente apresentao da demanda perante a autoridade jurisdicional que teria pronunciado a deciso da qual haja solicitao de reconhecimento. Segundo Joo Bosco Lee, o procedimento previsto no Protocolo de Las Leas aprsenta alguns inconvenientes. Primeiramente, ao invs de a parte interessada enderear a sentena arbitral autoridade do pas onde a sentena deve ser executada, a parte deve passar por intermdio da jurisdio estatal local, ocorrendo um duplo exequatur. Ora, a anlise das condies de homologao da sentena arbitral realizada tanto pela autoridade judicial do pas de origem da sentena como pela autoridade judiciria do pas requerido1 . Se uma sentena ou um laudo arbitral no puder ter eficcia em sua totalidade, a autoridade jurisdicional competente do Estado requerido poder admitir sua eficcia parcial mediante pedido da parte interessada2 . Os procedimentos, inclusive a competncia dos respectivos rgos jurisdicionais, para fins de reconhecimento e execuo das sentenas ou dos laudos arbitrais, sero regidos pela lei do Estado requerido3 . Quanto aos procedimentos internos para reconhecimento de sentenas estrangeiras e laudos arbitrais, pertencem margem nacional de apreciao4 de cada um dos Estados-partes, j que ficaro a cargo da lei de cada Estado, conforme disposio do artigo 24 do Protocolo de Las Leas5 . Portanto, no caso do MERCOSUL, cada Estado-parte ter os seus prprios procedimentos de internalizao da sentena estrangeira, regulados por leis prprias de cada um, diferentemente do que acontece na Unio Europia, onde h uma padronizao dos procedimentos adotados pelos Estados-partes, reflexo direito da supranacionalidade que caracteriza este bloco econmico. Como visto na anlise do Protocolo de Las Leas, cada Estado-parte do Mercosul responsvel por organizar os procedimentos de internalizao das sentenas. Isso ocorre em razo de este processo integracionista se basear, conforme anteriormente destacado, na intergovernamentalidade. Em vista dessa diferena de procedimentos encontrada em cada Estado-parte do MERCOSUL, urge que se analise, brevemente, a legislao peculiar de cada um deles. o que se far a seguir. So vrios os aspectos positivos do Protocolo de Arbitragem do MERCOSUL. Em primeiro lugar, mesmo no havendo grandes inovaes no campo jurdico, o diploma vem para regular as relaes entre particulares, pessoas fsicas ou jurdicas, o que no era previsto at ento. Outro aspecto diz respeito institucionalizao da arbitragem no MERCOSUL, o que se demonstra de extrema relevncia quando se verifica que os pases-membros tm uma tradio estatalista, sobretudo no mbito do Judicirio. Logo, o Protocolo vem para dar maior conhecimento ao instituto da arbitragem, extremamente utilizado na prtica comercial internacional, sobretudo pelas grandes corporaes. Como ltimo ponto, cabe ressaltar sua importncia no tocante ao desenvolvimento e aumento do nmero de Cmaras de Arbitragem nos pases membros do MERCOSUL, uma vez que as poucas instituies do gnero que existem no so conhecidas ou apresentam uma estrutura pequena para absorver os potenciais usurios de seus servios. As partes podero de forma livre escolher o Tribunal Arbitral ou rbitro para solucionar o conflito, sendo de conveno das partes tambm a forma como se dar a arbitragem, a saber, de direito ou por eqidade. A conveno arbitral autnoma em relao ao contrato, vale dizer: se o contrato que desencadeou a arbitragem contiver vcios, a conveno em momento algum ser torna viciosa. 1 LEE, Joo Bosco. Arbitragem comercial internacional nos pases do Mercosul. Curitiba: Juru, 2005. p. 319. 2 Artigo 23 do Protocolo de Las Leas. Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 3 Artigo 24 do Protocolo de Las Leas. Disponvel em . Acesso em 15 de novembro de 2008. 4 Margem nacional aqui tambm tem o mesmo sentido quele da jurista francesa Mireille Delmas-Marty. Compe a margem nacional tudo aquilo que no legislado pelo grupo integracionista, ficando a cargo do poder legislativo dos Estados-partes. DELMAS-MARTY, Mireille. Por um direito comum. So Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 162-178. 5 Artigo 24: Os procedimentos, inclusive a competncia dos respectivos rgos jurisdicionais, para fins de reconhecimento e execuo das sentenas ou dos laudos arbitrais, sero regidos pela lei do Estado requerido. 23. 23 Uma empresa estrangeira que contrata com uma empresa nacional, no confiar na jurisdio ptria, pois teme que no seja respeitado o princpio da imparcialidade na nossa organizao judicial. Como bem destaca Pucci, de forma geral as quatro legislaes (dos pases do MERCOSUL) coincidem em autorizar a submisso arbitragem daquelas controvrsias que tm por objeto direitos disponveis pelos particulares, de carter patrimonial, que no afetem a ordem pblica e que sejam suscetveis de transao1 . 4. O Regulamento Modelo de Arbitragem Comercial Internacional para as Instituies Arbitrais do MERCOSUL Alm dos j analisados Protocolo de Las Leas e Acordo de Arbitragem Comercial Internacional do MERCOSUL, completa a normativa mercosulina acerca da arbitragem comercial internacional no mbito do bloco, o Regulamento Modelo de Arbitragem Comercial Internacional para as Instituies Arbitrais do MERCOSUL. O Regulamento trata de questes procedimentais, da composio do Tribunal Arbitral, da forma e dos efeitos do Laudo Arbitral, assim como das custas do procedimento arbitral. Note-se que o Regulamento no tece quaisquer diretrizes acerca da execuo dos laudos arbitrais comerciais, razo pela qual no ser feita uma analise pormenorizada nesse trabalho. 5. O estado da questo no Brasil Brasil - Lei da Arbitragem Artigo 3 - As partes interessadas podem submeter a soluo de seus litgios ao juzo arbitral mediante conveno de arbitragem (...) Este sistema brasileiro chamado de monista, sendo, tambm, escolhido por outras legislaes, como a lei inglesa e a conveno de Nova Iorque (1958). Do lado oposto, ou seja, aquelas legislaes que diferenciam arbitragem interna e arbitragem internacional, h como exemplo os pases que adotaram ipsis litteris a lei modelo da UNCITRAL e a lei francesa. A arbitragem um dos instrumentos de soluo de conflitos mais antigo que existe e sempre teve atuao marcante na histria brasileira, como na prpria formao de parte expressiva do nosso territrio terrestre. Por essas razes, dentre outras, de estranhar que a arbitragem s tenha ganhado fora normativa no direito brasileiro com a Lei 9.307/96. A Emenda Constitucional n. 45/2004 trouxe uma grande mudana no que tange a homologao de sentenas e laudos arbitrais estrangeiros, pois alterou o disposto no art. 105 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil, acrescentando a alnea i ao mencionado artigo, transferindo assim a competncia exclusiva para homologar sentenas estrangeiras do Supremo Tribunal Federal para o Superior Tribunal de Justia. Atualmente, para que as decises estrangeiras tenham validade e produzam efeitos dentro do territrio nacional necessria a homologao da sentena pelo STJ. O trmite legal deste procedimento homologatrio deveria estar previsto no Regimento Interno do STJ. Porm, como a alterao recente, a previso legal est na Resoluo 09, editada pelo STJ para regular esta matria e outras, como a concesso de cartas rogatrias e expedio de exequatur, tambm introduzidas pela EC 45/2004. A homologao pode ser parcial, nos casos em que o STJ entender que s uma parte da deciso est de acordo com as regras homologatrias. Pode, ainda, ser admitida a tutela antecipada em casos de urgncia. O juzo homologatrio apenas de delibao, no se adentrando no mrito da questo, devendo ser observado os seguintes requisitos: laudo arbitral ou sentena proferida por autoridade competente; partes citadas ou verificada legalmente a revelia; trnsito em julgado da deciso; a deciso deve estar autenticada por cnsul brasileiro e traduzida por tradutor oficial ou juramentado. Deve-se, ainda, observar se o laudo ofende a soberania ou a ordem pblica nacional. Aps ter sido relegado a segundo plano por muito tempo no direito brasileiro, o tema da arbitragem vem merecendo destaque na jurisprudncia, na doutrina e na prtica negocial. Sobre o tratamento da matria pela jurisprudncia, deve-se lembrar que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em 2001 pela plena constitucionalidade da Lei de Arbitragem2 . Essa deciso foi muito importante 1 PUCCI, Adriana Noemi. Arbitragem Comercial nos Pases do Mercosul. So Paulo: Editora LTR, 1997. p. 8. 2 STF, Plenrio, Agravo Reg. em Sentena Estrangeira n. 5.206-7, rel. Min. Presidente, DJU de 30.4.2004. 24. 24 porque tranqilizou os meios jurdico e empresarial quanto utilizao da referida lei na celebrao de negcios, sobretudo internacionais. Destacam-se tambm as decises proferidas desde ento pelo Judicirio brasileiro que tem favorecido o instituto da arbitragem, desmistificando a idia de que a justia estatal seria refratria ao meio alternativo de soluo de controvrsias. O acordo foi aprovado pelo Brasil com reserva do artigo 10, que prev o critrio de determinao da lei aplicvel ao mrito da arbitragem. A regra prevalecente no direito internacional a da autonomia da vontade: as partes, que optam por subtrair as suas controvrsias do mbito do judicirio e submet-las arbitragem tambm so livres para determinar a lei aplicvel pelo tribunal arbitral. No silncio das partes, caber a este ltimo decidir a respeito. Caso essa omisso das partes ocorra perante a jurisdio estatal, a autoridade competente para julgar a questo recorrer ao seu direito internacional privado e, com base nas regras de conexo do foro, determinar a lei aplicvel hiptese. Contudo, no se pode utilizar na arbitragem a mesma sistemtica, j que o rbitro no dispe de "lex fori", e assim no tem regras de conexo a que recorrer. Neste sentido, louvvel a reserva feita pelo Executivo, que suprimiu a meno feita ao direito internacional privado, e assim o tribunal arbitral decidir a lide aplicando a lei material que considerar cabvel. 6. Consideraes Finais O MERCOSUL diante de seu gradual crescimento, ainda aqum do desejado, pela falta de cumprimento no sentido estrito dos objetivos propostos pelo mercado comum, emperrando o desenvolvimento do mesmo, clama por mudanas radicais, para que aflore no contexto do Comercio Internacional. Infelizmente, como nem sempre a paz mantida nas relaes entre indivduos, sejam eles privados ou pblicos, pessoas naturais ou jurdicas, necessrio se faz a existncia de mecanismos de soluo de controvrsias capazes de por fim s demandas com o retorno da paz social. Como o MERCOSUL no possui, ainda, um rgo supranacional, representado por um tribunal especializado somente para dirimir os conflitos oriundos de suas relaes, a arbitragem vem a ser instrumento efetivo de soluo de controvrsias, clere, sigilosa, transparente e especializada, sem deixar de lado a imparcialidade, bom senso e fora de sentena encontrado nos juzes de direito. 25. 25 Referncias: ARAJO, Ndia de. Mecanismo de Soluo de Conflitos. In: A agenda poltica e institucional do Mercosul. Fundao Konrad Adenauer, 1997. AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues. Arbitragem no Brasil e no mbito do comrcio Internacional. Disponvel em . BARRAL, Weber. A arbitragem e seus mitos. Florianpolis: OAB/SC, 2000. DELMAS-MARTY, Mireille. Por um direito comum. So Paulo: Martins Fontes, 2004. LEE, Joo Bosco. Arbitragem comercial internacional nos pases do Mercosul. Curitiba: Juru, 2005. MINISTRIO DAS RELAES EXTERIORES. Disponvel em . OST, Franois. Contar a lei: as fontes do imaginrio jurdico. Traduo de Paulo Neves. So Leopoldo: UNISINOS, 2004. PUCCI, Adriana Noemi. Arbitragem Comercial nos Pases do Mercosul. So Paulo: Editora LTR, 1997. TEIXEIRA, Slvio de Figueiredo. Arbitragem como meio de soluo de conflitos no mbito do Mercosul e a imprescindibilidade da corte comunitria. Revista do Tribunal de 14 Contas do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, v. 23, n. 2, p. 15-42, abr./jun. 1997. 26. 26 27. 27 O FUNDAMENTO DA AUTONOMIA DA CLUSULA COMPROMISSRIA ARBITRAL E A EXTENSO DE SUA EFICCIA NOS GRUPOS SOCIETRIOS E CONTRATUAIS AGATHA BRANDO DE OLIVEIRA1 VALESCA RAIZER BORGES MOSCHEN2 RESUMO No presente artigo, apresenta-se a discusso acerca das possibilidades e dos limites da extenso da eficcia da clusula arbitral perante o fundamento basilar da autonomia na arbitragem. Prope-se analisar questes controversas como: Poderia uma parte que no assinou a conveno arbitral, invocar o pacto arbitral ou ser demandada com base nele? Seria possvel estender a conveno a outrem que no participou do nascedouro legtimo da vontade una das partes? Como se conforma uma adequada de extenso sem ser abrupta? Tais pontos concernem ao desafio da interpretao sobre a manifestao da vontade no procedimento arbitral diante da imprescindvel autonomia arbitral em situaes complexas, nas quais a abrangncia eficaz da conveno arbitral se apresenta no mbito dos grupos societrios assim como nas teias contratuais. PALAVRAS-CHAVE ARBITRAGEM COMERCIAL INTERNACIONAL; EXTENSO DA CLUSULA COMPROMISSRIA; TEORIA DA UNIDADE ECONMICA DO GRUPO; 1 Bacharelanda em Direito pela Universidade Federal do Esprito Santo (UFES) e estudante de Relaes Internacionais na Universidade de Vila Velha (UVV), desenvolvendo linha de pesquisa em Arbitragem Comercial Internacional. 2 Coordenadora do programa de Ps-Graduao em Direito da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES), Professora Adjunto do Departamento de Direito da UFES e Doutora em Direito e Relaes Internacionais pela Universidade de Barcelona. 28. 28 INTRODUO A promulgao da Lei de Arbitragem em 19963 e a ratificao da Conveno de Nova Iorque em 20024 props um novo momento da arbitragem no Brasil5 . Na realidade hodierna, a arbitragem um instrumento de acesso eficaz a justia, contribuindo para a transformao da cultura legal com os mtodos alternativos de resoluo de conflitos e, assim, para o fortalecimento de uma justia efetiva e a concretizao de um regime democrtico via essa materializao. O advento da lei de arbitragem brasileira, conjugada sistematicamente com os princpios internacionais, traz uma maior eficcia, necessidade inerente ao ideal da arbitragem, que deve ser um procedimento clere, com rbitros diligentes e partes colaboradoras, seja no Brasil ou no exterior. Com o desenvolvimento desse mtodo alternativo de resoluo de litgios, vrias questes pertinentes prtica arbitral6 colocam-se em voga, como a "extenso"7 dos efeitos da clusula compromissria arbitral s partes no signatrias; essa extenso proposta a partir do pressuposto de consentimento, constituindo uma manifestao livre da vontade de ambas as partes ao particular perante a existncia desse vnculo, mesmo que no esteja expresso de maneira formal. Nesse sentido, discutem-se as possibilidades e os limites da extenso da eficcia da clusula arbitral para terceiros. A principal proposta deste artigo analisar como se configura o liame societrio mediante um contrato celebrado contendo uma clusula arbitral e a possibilidade de outras empresas do grupo integrar a extenso da conveno arbitral, firmada pela controladora. Na dinmica das transaes empresariais, a arbitragem surge como uma nova ferramenta que potencializa a esfera comercial e, por isso, os casos da extenso dos efeitos da clusula compromissria so de extrema importncia e consistem em um bom exemplo prtico a ser analisado com maior profundidade. Dessa forma, este artigo se concentra na relao da clusula compromissria celebrada por sociedades integrantes de grupos econmicos com as no signatrias pertencentes ao mesmo grupo. A prtica arbitral apresenta com grande frequncia essa situao, no entanto, no h consenso doutrinrio quanto aos fundamentos tericos que servem para embasar a abrangncia de no signatrios pela clusula compromissria. Convm, portanto, discutir as razes e os limites da eficcia da conveno arbitral perante a autonomia da clusula compromissria, bem como os possveis benefcios em prol do ideal da Arbitragem Comercial Internacional. 2A AUTONOMIA E EFICCIA DA CLUSULA COMPROMISSRIA: LIMITES E POSSIBILIDADES DE SUA EXTENSO Desde uma perspectiva geral, a conveno arbitral se reporta como um contrato8 entre as partes e surge na forma de clusula arbitral nele inserido. interesse ressaltar o quesito do contrato no mbito internacional, o qual pode ser elaborado entre sujeitos que pertencem a diferentes ordenamentos jurdicos, mas que partem do preceito de autonomia das vontades, do pacta sunt servanta9 , do consensualismo e da boa-f. Afirma-se, 3 Lei n 9.307/1996. Disponvel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9307.htm >. Acesso em 04 de maio 2011. 4 Conveno sobre o reconhecimento e a execuo de sentenas arbitrais estrangeiras, feita em Nova York. Disponvel em: < http://www.camarb.com.br/areas/subareas_conteudo.aspx?subareano=147 >. Acesso em 04 de maio 2011. 5 RECHSTEINER, B W. Arbitragem Privada Internacional no Brasil: Depois da nova Lei 9.307, de 23.09.1996: Teoria e Prtica. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. 6 GARCEZ, J M R, Arbitragem Internacional in A arbitragem da era da Globalizao Coord. Jos Maria Rossani Garcez, Editora Forense, 2 Edio 1999, p.16. 7 Utiliza-se o termo "extenso" entre aspas pois no adequado do ponto de vista tcnico, apesar de assim ser amplamente utilizado na jurisprudncia e na doutrina. O sentido ideal versa sobre a determinao das partes na conveno arbitral, alm do propriamente estender o alcance da clusula. 8 ARAJO, N. A Nova Lei de arbitragem brasileira e os princpios uniformes dos contratos comerciais internacionais, elaborados pelo UNIDROIT. In: Arbitragem: lei brasileira e praxe internacional, por Marco Maciel. So Paulo: Editora LTr, 1999. 9 Carlos Alberto Carmona, dissertando sobre a clusula arbitral os problemas de direito intertemporal e limites de sua extenso, expe que: Em sntese, pacta sunt sevanda: a parte que se obrigou, por contrato, a resolver controvrsias eventuais e futuras atravs da arbitragem, no pode simplesmente mudar de idia, sendo clara a inteno do legislador 29. 29 portanto, que a formao da conveno arbitral um liame contratual, que determina sua eficcia, cumprimento e efetividade. Carlos Alberto Carmona10 incisivo em dissertar sobre o pilar da autonomia da vontade na arbitragem e a responsabilidade inerente ao consenso. A princpio, importante definir o conceito de Clusula Compromissria e a devida delimitao perante o Compromisso Arbitral. Ambos so espcies da Conveno Arbitral, o acordo entre as partes, fonte originria da arbitragem. Entretanto, no sistema brasileiro h distines bem estabelecidas entre a Clusula Compromissria e o Compromisso Arbitral na Lei de Arbitragem11 . A clusula compromissria se encontra, na maioria dos casos, inserida em um contrato no qual "[...] as partes convencionam resolver, por meio da arbitragem, as divergncias que surjam entre elas, geralmente quanto execuo ou interpretao de um contrato", segundo Luiz Olavo Baptista12 ; enquanto a celebrao do compromisso arbitral tange a um litgio vigente para ser solucionado por via da arbitragem. Dessa forma, especfico a este trabalho o foco de estudo na clusula compromissria, por versar sobre uma controvrsia futura e incerta, podendo efetivar-se ou no, modificar-se nos aspectos materiais ou pessoais, de acordo com a relao contratual estabelecida13 . A Lei de Arbitragem brasileira demonstra em seu escopo inmeras passagens que compravam a base contratualista arbitral. Contudo, a grande relevncia est presente na compreenso dos princpios vinculados a arbitragem que comprovam essa premissa. Assim, amplamente reconhecido pela doutrina nacional14 e internacional15 o carter hbrido da natureza da Conveno de Arbitragem, pois seus efeitos refletem na esfera processual e inerente a uma fonte contratual. Alm disso, deve-se reconhecer a gnese arbitral sendo de cunho consensual. Desse modo, indispensvel relacionar a natureza hbrida da arbitragem como derivao da conveno arbitral ao princpio da autonomia da vontade das partes. A relao se traduz no fato de que o poder complexo reconhecido a um indivduo para o exerccio de suas faculdades se transforma em um objeto processual: as partes podem excluir a competncia dos tribunais judiciais e investir a um ou mais rbitros a autoridade para decidir sobre o litgio em potencial, e este pode unicamente se realizar com o concurso de normas de carter adjetivo. Essa dupla natureza explica a diversidade de normas que concorrem na regulao da arbitragem: materiais e processuais. As primeiras determinam, essencialmente, as condies de eficcia de um acordo e se incluem integralmente ao direito contratual; as segundas pontuam os efeitos processuais do acordo, isto , sobre seu alcance derrogatrio da competncia dos tribunais judiciais e a atribuio de competncia aos rbitros. Tais conceitos pautam todo procedimento arbitral, em que pela autonomia das partes, estas so livres para escolher o procedimento aplicvel e a lei substantiva de regncia, podendo, inclusive, optar pelos usos e costumes, pelos princpios gerais de direito, pelas regras internacionais de comrcio. E, ainda mais, pela no sentido de tornar realmente eficaz esta manifestao de vontade que, sob o imprio das leis processuais de 1939 e de 1973, andava negligenciada. 10 No artigo 3 da L. 9.307/1996: "As partes interessadas podem submeter a soluo de seus litgios ao juzo arbitral mediante conveno de arbitragem, assim entendida a clusula compromissria e o compromisso arbitral".CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: Um Comentrio Lei n 9.307/96. So Paulo: Editora Atlas S.A., 2004. p. 180 et seq. 11 Idem. 12 BAPTISTA, L O. Clusula compromissria e compromisso. In: MAGALHES, J C; BAPTISTA, L O. Arbitragem comercial. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1986. p. 31. 13 El arbitraje societario ofrece la determinacin del autntico contenido del convenio arbitral, pues en la escritura de constitucin de la sociedad puede establecerse un determinado procedimiento de arreglo de controversias futuras y en posteriores pactos entre accionistas determinarse otro distinto.(D NOVIELLO "I limite soggettivi di eficacia della clausola compromissoria inserita negli statuti societari" Riv. arb, vol XV 2005 pp. 45-69). 14 Irineu Strenger diz Como j tivemos oportunidade de acentuar, a natureza da arbitragem nos conduz a um ponto de partida contratual, isto , o problema do respeito ao contrato. Ao mesmo tempo leva a um resultado jurisdicional: o rbitro desempenha o papel de juiz e deve respeitar as leis imperativas, em considerao s circunstncias que so mais ou menos complexas. Com efeito, o rbitro est ligado ao contrato ao qual deu sua adeso, vale dizer, conveno de arbitragem (STRENGER, I. Arbitragem Comercial Internacional. So Paulo: LTr, 1996, p.76) 15 Jos Fernndez Rozas, Las especiales caractersticas del convenio arbitral permiten a cierto sector doctrinal afirmar una doble naturaleza material y procesal en este instrumento cuyo objeto, de contenido procesal, no suelo suscitar especiales controversias; no obstante, al ser fruto de la voluntad de las partes, que se vinculan reciprocamente, sua existencia y validez intrnseca plantea problemas similares a los de cualquier acuerdo o clusula contractual (capacidad de las partes, formacin del acuerdo, vicios del consentimiento, etc) y le son aplicabes las reglas generales sobre las oblicaciones contractuales. (ROZAS, J C F. Tratado del Arbitraje Comercial en Amrica Latina. Madrid, 2008: Iustel. p. 501). 30. 30 equidade 16 bem como conduz os efeitos da arbitragem at o momento da deciso arbitral que possui a mesma fora de uma sentena proferida pelo Judicirio. O elementar nesse aspecto a eficcia da arbitragem em que uma sentena arbitral, contendo uma condenao, constitui ttulo executivo judicial, e no sujeita a recurso ou a homologao judicial. O contedo da autonomia no pode ser interpretado de maneira restritiva, especialmente no sentido que no criar empecilhos a disposio das partes de submeter-se ao procedimento arbitral. Disso se deduz, tambm, que a clusula arbitral deve sempre prezar pela inequvoca inteno das partes, como bem afirmado pela jurisprudncia internacional17 . Analisa-se, em concluso de tais pressupostos, o caso concreto da Sentena da Sala Primeira da Corte Suprema da Costa Rica, em 3 de maro de 2005 (Atrium Development, S.A/Residencias del Caribe SA18 ). A hiptese proposta por este artigo comprovar a coerncia de que a determinao da abrangncia da eficcia da clusula arbitral depende da atitude das partes ao contrato-base que a contm, perante o princpio da autonomia. Tal princpio consagrado pelo sistema nacional no artigo 819 , da Lei de Arbitragem; alm de constar nos mais diversos Regulamentos de Arbitragem, como disposto no artigo 16 da lei modelo UNCITRAL20 . A autonomia da clusula arbitral em si pode ser compreendida sob duas ticas principais, em que, primeiramente, est a finalidade de estabelecer um procedimento alternativo de resoluo dos litgios suscetveis de originar-se do contrato em que ela est inserida; segundamente, a autonomia substantiva da clusula arbitral responde, de modo anlogo, a uma finalidade prtica, que consiste em impedir que a arbitragem seja paralisada sempre que se questione a validade do contrato que a contm. No plausvel que se alegue que o consentimento relativo conveno arbitral se manifeste de forma autnoma e distinta daquele relativo ao contrato principal: A existncia de dois atos jurdicos autnomos no incompatvel com a de apenas uma troca de consentimentos. Efetivamente, a clusula arbitral, devido sua especificidade, pode apresentar um regime jurdico autnomo e independente em relao ao contrato principal. Entretanto, essa eventual dissociao da clusula arbitral relativamente ao contrato que a contm no deve existir no que se refere ao acordo de vontades21 . Jean-Pierre Ancel22 um dos grandes doutrinadores que pe em pauta a perspectiva da formao do acordo de vontades em que a clusula compromissria faz indiscutivelmente parte do campo contratual. Ela est estreitamente ligada negociao das clusulas substancias do contrato principal: as partes contratantes quiseram, ao mesmo tempo, estender-se sobre as disposies de mrito e submeter seus eventuais litgios arbitragem, em um conjunto indissocivel relativamente sua vontade comum criadora de laos contratuais. Portanto, pode-se concluir que a autonomia da clusula compromissria no representa obstculo abrangncia de no-signatrias quando a vontade destas se manifesta atravs de um comportamento concludente, durante a negociao, a 16 MARTINS, P A B. Arbitragem e interveno voluntria de terceiros: uma proposta. In: Direito Civil e Processo. Estudos em homenagem ao Professor Arruda Alvim. So Paulo, RT, 2008. 17 ROZAS, J C F. Tratado del Arbitraje Comercial en Amrica Latina. Madrid, 2008: Iustel. p. 615. 18 "de la existencia del acuerdo inequvoco de someter el conflicto a una solucin alterna como lo es el arbitraje Y, en ella misma, se consign la posibilidad de que las partes renunciaran a dicha convencin, lo cual no aconteci. De manera que, si no naci a la vida jurdica un "documento posterior" en que se renunciara a esa va, se colige la vigencia de la aludida norma, la cual adquiri toda su eficacia al ejercitar la actora la facultad que contempla de permitid acudir a dicha forma alterna de solucin de la controversia surgida. (apud. ROZAS, J C F, op. cit., loc. cit.) 19 L. 9.307/1996, Art. 8 A clusula compromissria autnoma em relao ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste no implica, necessariamente, a nulidade da clusula compromissria. Pargrafo nico: Caber ao rbitro decidir de ofcio, ou por provocao das partes, as questes acerca da existncia, validade e eficcia da conveno de arbitragem e do contrato que contenha a clusula compromissria. 20 United Nations Commission on International Trade Law, referente a Arbitragem Comercial Internacional. Disponvel em: Acesso em 04 de maio 2011. 21 JABARDO, C S "Extenso da clusula compromissria na Arbitragem Comercial Internacional: O caso dos grupos societrios". So Paulo: Universidade de So Paulo, 2009. Dissertao de Mestrado, verso resumida. p. 13. 22 ANCEL, J P. L'actualit de l'autonomie de la clause compromissoire. In: Travaux du comit franais de droit international priv: anns 1991-1993. Paris: CNRS. 31. 31 concluso a execuo ou a resciso do contrato litigioso. Em seu contedo a clusula arbitral se mostra inseparvel das demais estipulaes do contrato e no h como isolar a clusula compromissria desse complexo de direitos e obrigaes contratuais consubstanciados no contrato, quando da interpretao da vontade contratual.23 A interveno de terceiros no procedimento arbitral se coloca como uma exceo a regra geral24 de que a clusula arbitral s pode produzir efeitos entre as partes, visto que a prtica atual mostra reiteradamente que a clusula arbitral se depara com uma predisposio expansiva dos efeitos de sua eficcia25 . No comrcio internacional, especialmente em pases onde a prtica da arbitragem j se consolidou como Frana e Estados Unidos, o tratamento da questo da extenso da conveno arbitral expe-se luz da "teoria da unidade econmica dos grupos 26 . Essa teoria tem sido invocada para trazer integrantes de grupos societrios a procedimentos arbitrais, mesmo no tendo assinado a conveno de arbitragem, desde que esta o tenha sido por outros membros do mesmo agrupamento. H uma sutil delimitao no que tange a abrangncia da clusula compromissria para o que tratado como "transmisso" da conveno arbitral. Esta ocorre nas hipteses de sub-rogao, sucesso, cesso de crditos ou de contratos e fuso, ciso ou incorporao de sociedades. Em tais casos, uma sociedade que no celebrou uma clusula compromissria poder ser considerada parte na arbitragem, no pelo fato de que por meio de atos concludentes durante as negociaes ou na execuo do contrato litigioso, a sociedade manifestou sua vontade de se tornar parte dele, mas sim porque a transmisso da clusula arbitral pressupe que a pessoa relativamente qual se pretende transmitir a conveno j adquiriu condio de parte, substituindo a contratante original: ela passou a ocupar a posio da signatria, seja em virtude de cesso de crditos ou de contratos, seja nas hipteses supracitadas. um entendimento lgico que, uma vez o contrato tenha sido cedido, a clusula compromissria que estabelece como sero resolvidos os conflitos desse contrato tambm estar includa. Concernente a extenso, existem limitaes contratuais ao tradicional princpio da relatividade, no qual o contrato somente operaria efeitos de lei entre as partes e por isso, na extenso do objeto negocial, tornaria o juzo arbitral limitado s partes que o convencionaram. Destarte, a viso contempornea da teoria do contrato aponta para um novo paradigma onde parte e terceiros no so figuras jurdicas impermeveis. Deve-se encarar a limitao do princpio da relatividade da fora contratual por meio de uma interpretao flexvel diante de novos conceitos, como o da boa-f, da solidariedade e o da funo social do contrato, e at mesmo perante os novos paradigmas de um escopo menos estritamente jurdico processual, em prol da funo teleolgica da jurisdio arbitral. A funo social do contrato requer uma nova interpretao em favor daquele que, apesar de no ser parte em sentido formal, resta por sofrer repercusses patrimoniais oriundas da execuo do contrato para o qual no consentiu, mas por ele afetado27 . 23 JABARDO, C S, op. cit, p. 14. 24 Prescindiendo de la posicin que se adopte en torno a la institucin es indudable que el arbitraje es una cuestin de naturaleza contractual por lo que una parte que no puedo ser obligada a someterse a un procedimiento que le es ajeno; dicho en otras palabras, quienes no han suscrito un convenio arbitral no pueden invocar derechos ni quedar sometidos a las obligaciones que de l dimanen. Bien es verdad que, como regla general, la clusula arbitral slo puede producir efectos entre las partes que la han suscrito. Ahora bien, sentada la regla general algunas excepciones han sido confirmadas de manera expresa en ciertos sistemas estatales de arbitraje. (ROZAS, J C F. Tratado del Arbitraje Comercial en Amrica Latina. Madrid, 2008: Iustel. p. 619) 25 In international arbitration law, the effects of the arbitration clause extend to parties directly involved in the performance of the contract, provided that their respective situations and activities raise the presumption that they were aware of the existence and scope of the arbitration clause, so that the arbitrator can consider all economic and legal aspects of the dispute. (GAILLARD, E; SAVAGE, J. Fouchard Gaillard Goldman on International Arbitration. Kluwer Law, 1999. p.282). 26 A teoria tambm denominada "[...] teoria dos grupos de sociedades". (COMPARATO, F K. O poder de controle na sociedade annima, p. 363). 27 Em congruncia com essa posio, Pedro Martins Batista,disserta: Segundo Mireille Bacache-Gibeili, com base nestes objetivos, ou nestas funes reconhecidas ao contrato, o princpio pelo qual os efeitos do contrato s se produzem inter partes dever ser interpretado de forma a que no conceito de parte se incluam pessoas que no consentiram na formao do contrato, mas que esto sujeitas a ser por ela afetadas, precisamente no que se refere sua funo social. Desta forma, a tese de que os efeitos do contrato devem ser estendidos a quem no parte contratante, embora no se possa legitimar frente ao fundamento legal da fora obrigatria do contrato, como uma necessidade justificvel sempre que tal extenso tenha por fim garantir a previsibilida