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Ética no uso de equinos para a produção de soro antiofídico. UFF - Universidade Federal Fluminense Curso: Biologia Disciplina: Bioética Professora: Rita Paixão Alunas: Isabela Bellizzi e Juliana Cardoso

Bioética na produção do soro antiofídico

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Page 1: Bioética na produção do soro antiofídico

Ética no uso de equinos

para a produção de soro

antiofídico.

UFF - Universidade Federal Fluminense

Curso: Biologia

Disciplina: Bioética

Professora: Rita Paixão

Alunas: Isabela Bellizzi e Juliana Cardoso

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O que é soro antiofídico?

-> São soros fabricados a partir do veneno de

animais peçonhentos e obtidos através da

sensibilização de diversos animais, a maioria de

origem equina.

-> São concentrados de imunoglobulinas

(anticorpos – fazem parte da imunização

passiva)

-> A soroterapia é indicada na neutralização de

venenos inoculados após acidente por animal

peçonhento.

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O que é soro antiofídico?

História...-> No final do século XIX o médico Albert Calmette sensibilizou-se com o desespero da

população do Vietnã que sofria com as picadas da cobra naja.

-> Calmette usou dos seus conhecimentos sobre anticorpos para lidar com o veneno da

cobra.

-> Ele começou a injetar, em coelhos, doses mínimas de veneno da naja, que era

desintoxicado por processos químicos.

-> Calmette observou, então, que os coelhos ficavam resistentes a picada da cobra e

que o soro do coelho imunizado (os anticorpos) podiam proteger também outros

coelhos não imunizados.

-> Calmette começou a produzir grandes quantidades de soro usando cavalos e em

1896, o primeiro paciente foi tratado com sucesso.

-> No Brasil o médico Vital Brazil, passou a realizar experiências

com cobras peçonhentas e aprofundando as pesquisas de

Calmette, Vital descobriu que o soro de Calmette só

funcionava para picadas de Naja e era inútil para o

veneno de outras cobras. Em 1902, Vital Brazil produziu

o soro antiofídico polivalente, que servia tanto para

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Como é produzido o soro1- Extração do soro de um animal

peçonhento ( cobra, aranhas ou

escorpiões)

2- Depois disso, o antígeno é processado,

diluído e filtrado

3-Em seguida, injetam-se pequenas doses

deste veneno no cavalo em intervalos

de 5 dias , passados de 30 à 40 dias, o

sistema imunológico do animal cria

anticorpos que neutralizam a ação do

veneno. Então, retiram-se de 6 a 8

litros de sangue do cavalo em

intervalos de 48 horas (sangria – cerca

de 12 à 16 litros total)

4- A única parte utilizada do sangue é o

plasma, solução rica em sais minerais,

proteínas, hormônios e anticorpos. As

hemácias (glóbulos vermelhos) são

devolvidas ao animal ( plasmaferese).

Por meio de um processo de

centrifugação retira-se o fibrinogênio,

principal proteína do plasma, que sem

ele se transforma em soro. Depois de

uma série de testes químicos, o soro é

envasado e distribuído.

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Como é produzido o soro

Page 6: Bioética na produção do soro antiofídico

Benefícios e malefícios do uso de

equinos nesse processo

-> Benefícios:

As hemácias são devolvidas ao animal,

por meio de uma técnica chamada

plasmaferese.

Técnica utilizada por todo o mundo, e

produz soros com grande efeito

imunológico.

Grande produção de anticorpos devido ao

grande porte a alta produção plasmática

dos equinos

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Benefícios e malefícios do uso de

equinos nesse processo->Malefícios:

X Gastos com os animais: os cavalos precisam de um ambiente preparado, uma alimentação específica, cuidados veterinários, etc.

X Possíveis efeitos colaterais da aplicação do veneno e da extração do plasma do cavalo.

X Demora no processo de hiperimunização (cerca de 40 dias para os anticorpos reagirem ao veneno).

X Possíveis efeitos colaterais no paciente, já que recebe uma substancia estranha ao corpo (choque anafilático)

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Pontos de vista:

CONTRA

“ O soro antiofídico, é obtido através de um processo caro e complicado, envolvendo o sofrimento e martírio de cavalos, criados especificamente para esta finalidade, já pode ser considerado um método ultrapassado, através da confirmação dos efeitos de testes realizados com algumas plantas apresentarem efeitos semelhantes ao do soro de origem animal. Os estudos realizados em laboratórios, por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) comprovaram os efeitos neutralizantes de seis plantas encontradas no Brasil, mas, até agora nenhuma indústria farmacêutica manifestou interesse em produzir um medicamento antiofídico de origem 100% vegetal.”

Monografia Fernanda Paro sobre pesquisa com animais, trecho baseado em correntes e comitês de ética contra a pesquisa com animais.

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À FAVOR

“...Foi possível constatar que o tempo de recuperação dos animais determinado pelo protocolo atende aos requisitos de manutenção da higidez dos equinos de produção. Assim sendo, mesmo em um curto período de tempo correspondente a um dos cinco ciclos anuais de produção de plasma hiperimune, foi possível constatar que este tempo protocolado para inoculação de veneno, sangria e recuperação dos equídeos foi adequado e não comprometeu de imediato a saúde e bem estar do animal.”

AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO HEMATOLÓGICA DE EQÜINOS DOADORES DE PLASMA HIPERIMUNE ANTIBOTRÓPICO Elaborado por Rodolpho Guimarães Salles - Trabalho Monográfico de conclusão do curso de Pós-Graduação em Patologia Clínica Veterinária (TCC) apresentada à

Pontos de Vista

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“ ...Sou médica veterinária e entendo um pouco de animais usados em prol da medicina. Para o pessoal que é 100% contra o uso de animais , faço a seguinte pergunta: Imaginem que vocês sejam picados por uma cobra, e tem 2 alternativas: a) receber o soro antiofídico, ficar bem e viver mais 70 anos; b) se negar a receber o soro antiofídico, já que ele é produzido por cavalos 'explorados' no Instituto Butantan, que após receberem a inoculação do veneno, são sangrados para que o soro seja produzido. Infelizmente o uso de animais em prol da medicina (para humanos e outros animais) é um mal necessário. E salva milhares de vidas todos os anos. Infelizmente a cultura de células e tecidos, ou simuladores computadorizados, não são suficientes para estudar por exemplo, o funcionamento de um vasodilatador, tão importante para pacientes humanos e animais que sofrem de doenças cardíacas... Temos que lutar para que os testes sejam reduzidos ao mínimo necessário, e que os animais sejam tratados da melhor forma possível dentro das instituições...”

Dra. Maria Estrela Felício

Blog do Pim – post: “Ninguém vai resgatar as cobras?”

(Crítica aos protestantes que foram contra a

pesquisa com os cães do instituto Royal)

Pontos de Vista

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Ética na pesquisa animal

-> Alguns pesquisadores afirmam que existem muitas vantagens do uso de animais para experimentação, tendo como argumentos que todas as descobertas para prevenção de doenças e sua consequente cura se devem a experimentação animal, além de novas técnicas cirúrgicas e controle de produtos farmacêuticos, provenientes da mesma fonte de experimentação.

-> Por outro lado alguns pesquisadores, entre eles, os que não abrem mão do uso de animais em suas pesquisas já admitem que o uso de animais deva ser racionalizado.

-> Entretanto, todos são unânimes ao reconhecerem as alternativas como meios eficazes, dependendo da pesquisa a ser realizada.

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-> O princípio dos 3R’s (replacement, reduction e refinament):

Segundo alguns pesquisadores os Comitês de Ética fundamentam-se no Princípio dos "3R's", que defende que deve haver uma REDUÇÃO no número de animais utilizados em experimentos, um REFINAMENTO na técnica de utilização, visando minimizar o estresse e sofrimento, e por fim, "quando possível" a SUBSTITUIÇÃO dos animais por técnicas alternativas. Porém, grandes partes dos pesquisadores ainda acreditam que a substituição dos animais por técnicas alternativas seja um “sonho futuro e distante”, talvez utópico.

Ética na pesquisa animal

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-> Vivisseção =“cortar um corpo vivo” X Dissecação =“cortar um corpo

morto”

Ética na pesquisa animal

Aspectos Legais Sobre a Experimentação Animal no BrasilA primeira lei a formalizar a vivisseção no território brasileiro foi a lei nº. 6638, de 8 de maiode 1979, que estabelecia as normas para a prática didático-científica à vivisseção de animais.Após esta lei, a legislação seguinte a abranger a vivisseção foi a Lei dos Crimes Ambientais,de nº. 9605, aprovada em 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais eadministrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Esta lei tambémabrange a fauna doméstica e de laboratório. Abaixo, segue trecho do artigo 32, que fazreferência ao tema:Art.32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos oudomesticados, nativos ou exóticos:Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.§ 1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.§ 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.As instituições em que a vivisseção é praticada também seriam responsabilizadas e sujeitas àspenalidades estabelecidas, conforme descrito nos seguintes artigos:

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-> Órgãos que atuam em defesa dos animais utilizados para

pesquisas:

-> Comitês de ética

-> Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal

(Concea).

Ética na pesquisa animal

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Outras alternativas

-> Utilização de Cobalto- 60 e ovinos (carneiros)Revista Ciência Hoje (publicado em 2004 e revisado em 2009) e Portal UNESP(2004)

A produção do soro em carneiros tem uma propensão menor a causar

choque anafilático na pessoa que recebe o antídoto, ao contrário do

que acontece com o usado hoje”, explica Já a irradiação do veneno

com Cobalto-60 diminui a toxicidade do soro, sem afetar sua capacidade imunogênica – o poder de produzir anticorpos.

-> Moléculas Sintéticas (pesquisa com plantas)Revista Ciência Hoje (publicado em 2004 e revisado em 2009)

Tendo como modelo os produtos encontrados em duas plantas, usadas

na medicina popular como antiofídicos, os pesquisadores da UFRJ

sintetizaram novas moléculas, que foram capazes de inibir as

atividades hemorrágica e proteolítica do veneno, responsáveis pela

destruição dos tecidos.

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-> Phage displayUNICAMP (14 de Julho de 2008)

(USP) Utiliza um anticorpo monoclonal humano, uma substância produzida por engenharia genética que se liga às proteínas do veneno e, assim, bloqueia suas ações nocivas. Anticorpos monoclonais são proteínas produzidas em laboratório a partir de uma única célula de defesa, sendo, portanto, idênticas em relação às suas propriedades físico-químicas e biológicas.

-> NanoencapsulaçãoUSP (3 de Dezembro de 2012)

(USP- professora Maria Helena Bueno da Costa) A inovação do processo está em se colocar (encapsular) o veneno nos lipossomas estáveis, que são feitos a partir de lipídeos naturais. “Os lipossomas funcionam como se fossem pequenas caixas que irão transportar o veneno. A novidade é que o lipossoma comporta o veneno de forma concentrada. Isso irá diminuir a dose que é aplicada no animal, porém, com o mesmo efeito”. A diminuição da dose também acarretará em menos animais utilizados e, portanto, na redução do custo de produção do soro.

Outras alternativas

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Bibliografia

http://www.vitalbrazil.rj.gov.br/etapas_producao.html

http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2004/209/ch-209-

alternativas-ao-soro-antiofidico

http://www.unesp.br/aci/jornal/194/medvet.php

http://www5.usp.br/20060/nanoencapsulacao-e-eficiente-na-

producao-de-soro-antiofidico-aponta-pesquisadora-do-iq/

http://www.ahistoria.com.br/soro-antiofidico/

http://www.felipemourabrasil.com.br/2013_10_01_archive.html

http://www.labjor.unicamp.br/midiaciencia/article.php3?id_article=628

SALLES, Rodolpho Guimarães- Avaliação da recuperação

hematológica de equinos doadores de plasma hiperimune

antibotrópico, 2008, 27p

FERNANDA PARO – Monografia, sobre pesquisa com animais (sem

ano e título)