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Apresentação do artigo "Pintando gênero na bucha: o status da mulher no processo criativo dos Brinquedos de Miriti de Abaetetuba/PA", de Larissa Tuane Lima do Nascimento e Amarildo Ferreira Júnior, durante a sessão 1 do GT 1 - Gênero, Identidade e Cultura, do Simpósio GEPEM/UFPA: Mulheres, Gênero, Histórias e Saberes em 20 anos.
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PINTANDO GÊNERO NA BUCHA:
o status da mulher no processo criativo dos
Brinquedos de Miriti de Abaetetuba/PA
Larissa Tuane Lima de Nascimento
Amarildo Ferreira Júnior
Belém – PA
2014
Introdução
• Brinquedos de Miriti de Abaetetuba como
artesanato-artístico (LOUREIRO, 2012);
• Capital Mundial dos Brinquedos de Miriti;
• Pesquisa exploratória (GIL, 1999);
• Apresentar considerações incipientes sobre a
inserção das mulheres na vida associativa e no
processo criativo dos artesãos de miriti;
• Iniciar discussões sobre relações de gênero e
divisão sexual do trabalho no contexto dos
Brinquedos de Miriti.
1. Procedimentos Metodológicos • Artesanato: predominância manual e liberdade
individual e criativa;
• Seu entendimento requer mais do que descrições
do desenho e das técnicas de produção que a
caracterizam (GARCÍA CANCLINI, 1983);
• Questões de gênero não evidenciadas nos estudos
atuais;
• Campo Social (BOURDIEU, 2013; 2004);
• Campo de Relações no Artesanato de Miriti em
Abaetetuba (artesãos de miriti; familiares;
assistentes; associações e sindicatos);
• Revisão bibliográfica, entrevistas e observação.
2. Discussão Teórica
• Gênero e divisão sexual do trabalho: categorias conceituais de
análise do comportamento de homens e mulheres na
sociedade;
• Gênero: compreendido como construção eminentemente social
presente na origem da diferenciação das identidades subjetivas
de homem e de mulher (GROSSI, 1998).
• O conceito de divisão sexual do trabalho ganha força a partir
da “constatação” de uma carga de trabalho gratuito, feminino,
invisibilizado, não reconhecido e naturalizado; Indaga o
sistema familiar e produtivo vigentes neste período;
2.1 Gênero e Divisão Sexual do Trabalho:
perspectivas sócio-históricas e culturais de análise
do status da mulher no Mundo do Trabalho
2. Discussão Teórica • Princípios Organizadores: o de separação (trabalho de homem
x trabalho de mulher) e o hierárquico (trabalho de homem
“vale” mais do que o de mulher); (KERGOAT e HIRATA
2007).
• O status da mulher: apoio às atividades masculinas; segundo
plano; (MOTTA-MAUÉS, 1993)
• Tais conceitos surgem para o questionamento das explicações
biológicas dos comportamentos sociais, da própria sexualidade
e da condição da mulher nos domínios da vida pública e
privada;
• Pensar a questão de gênero para além da constatação de
desigualdades entre os sexos. Pensar a hierarquização destas
diferenciações nas atividades de trabalho.
3. As relações sociais de gênero no
processo criativo dos Brinquedos de
Miriti de Abaetetuba
• Classificação de atividades pelo critério do sexo;
• Tradição: condicional que “justifica” mas não
explica a diferenciação do trabalho pelo sexo;
• Trata-se de um costume histórico repetido e
considerado apropriado;
• Nos núcleos criativos analisados somente é
denominado como artesã/artesão aqueles que
realizam o corte e o entalhamento da bucha do miriti;
• Mulheres com destaque: Nina Abreu, D. Pacheco, D.
Iranil, Gilda, Gercina Brandão e Rosineia da Silva;
3. As relações sociais de gênero no
processo criativo dos Brinquedos de
Miriti de Abaetetuba
• Nos 11 anos de criação da Asamab, fundada em
2003, a presidência e a diretoria teve/tem
predominância masculina;
• A voz padrão do discurso do grupo é masculina;
• Os assuntos das intervenções direcionados ao
“domínio feminino”: decoração de eventos e
organização de atividades de cunho religioso;
• A participação da Asamab em domínio público é
prioritariamente masculina.
4. Conclusão
• Primeira etapa de uma pesquisa exploratória
destinada a colocar em evidência as relações de
gênero presentes na vida associativa e na criação
dos Brinquedos de Miriti de Abaetetuba;
• Constatação que apesar da pretensa maioria de
homens nessa atividade, há uma intensa
participação feminina em diversas etapas,
sobretudo na pintura e comercialização das peças;
• Interpreta-se que as atividades realizadas pelas
mulheres são consideradas acessórias;
4. Conclusão
• A associação dessas artesãs e desses artesãos se
apresenta como domínio masculino, como local da
fala efetivamente masculina, enquanto às mulheres
designam-se atividades de apoio restritas e
demarcadas pelo domínio doméstico;
• (pre)dominância do masculino sobre o feminino,
embora os dados que se possui ainda não sejam
suficientes para definir qual o grau e a intensidade
desse fenômeno, nem quais são as consequências
mais objetivas para as mulheres que ali se encontram,
e mesmo quais as maneiras que essas mulheres veem,
interpretam e lidam com isso, empreendimento
necessário de ser realizado.
Fonte: Amarildo Ferreira Júnior (2014)
Referências • BOURDIEU, P.. A Dominação Masculina. 1. ed. Rio de Janeiro: Best Bolso, 2014.
• ________. A economia das trocas simbólicas. 7. ed. 1. reimpr. São Paulo:
Perspectiva, 2013. p. 183-202.
• ________. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo
científico. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
• GARCÍA CANCLINI, N. As culturas populares no capitalismo. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1983.
• GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
• GROSSI, M. P. Identidade de Gênero e Sexualidade. Antropologia em Primeira
Mão. Florianópolis, p. 1-18, 1998. (versão revisada - 2010).
• HIRATA, Helena; KERGOAT, Daniele. NOVAS CONFIGURAÇÕES DA
DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO. Cadernos de pesquisa, v. 37, 132, p. 595-609,
set/dez. 2007
• LOUREIRO, J. J. P. Da Cor do Norte: Brinquedos de Miriti. Fortaleza: Lumiar
Comunicação e Consultoria, 2012.
• MOTTA-MAUÉS, M. A. “Trabalhadeiras” e “Camarados”: relaçãos de gênero,
simbolismo e ritualização numa comunidade amazônica. Belém: Centro de
Filosofia e Ciências Humanas/UFPA, 1993. 228p. Coleção Igarapé.