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SUSTENTABILIDADE, RESPONSABILIDADE SOCIAL E
GOVERNANÇA CORPORATIVA: O ESTÁGIO ATUAL DAS COMPANHIAS B
Área temática: Gestão Ambiental e Sustentabilidade
Vilma Faria
vilma.faria@unihorizontes.br
Gustavo Cunha
gustavo.cunha@unihorizontes.br
Resumo: A Questão, sustentabilidade TEM Feito parte de Medidas Estratégicas de MUITAS Empresas. Agir com
sustentabilidade E o marketing de Publicado por varias Entidades da atualidade. Contudo QUANDO UM Investidor
Pesquisa Uma Empresa em that deseja aplicar OS SEUS E Rendimentos viável VerificAR se uma Empresa Realmente vive
o tema sustentabilidade, com Ações socioambientais Responsáveis. MUITAS Empresas, embora considerem Importante
Esse tema, AINDA NÃO aderiram a ideia de Divulgação do Relatório socioambientais, Otras divulgam APENAS Como o
marketing empresarial. ASSIM, TEM-SE Como Objetivo Geral Deste Estudo Pesquisar rápido Qual é o Estágio Atual das
Companhias Brasileiras Quanto a Divulgação do resultado socioambiental, como Dentre Empresas that integram a Lista
Relate UO Explique disponibilizadas cabelo BM & FBOVESPA. A ESCOLHA de Análise nessa Lista si Dá Pela
importancia de Serem Empresas that possuem capital aberto. Sendo ASSIM, como Informações de dos Negócios e Práticas
de Sustentabilidade das Companhias contribuem DOS Analiso, de para Investidores Ao fazerem SUAS APLICAÇÕES
nenhuma Mercado de ações e e fundamentais Que Haja o Equilíbrio Entre o Desempenho Económico, ambiental EO
sociais, o qua INTERESSA Toda a sociedade. Utilizando Uma Pesquisa Quanto AOS barbatanas Como descritiva e
Quanto AOS Meios Como documental, foi analisada uma Lista das Empresas that aderiram ou Não, justificando ou Não A
SUA Divulgação fazer socioambiental Relatório. Percebeu-se atraves Desta Pesquisa that OS Incentivos São validos e
IMPORTANTES para o Desenvolvimento Sustentável, porem parágrafo alcançar a sustentabilidade de e fundamentais a
Participação De toda uma sociedade .
Palavras-chaves: sustentabilidade. Governança Corporativa. Relatório socioambiental.
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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INTRODUÇÃO
A base do conceito de responsabilidade social e sustentabilidade é a premissa de que as
entidades tanto públicas quanto privadas possuem obrigações com a sociedade. Esses princípios têm
sido gradualmente consolidados no mercado de capitais e as bolsas de valores vêm contribuindo com
essa questão desenvolvendo ações que incorporam as boas práticas de governança corporativa nas
empresas (BM&FBOVESPA, 2011).
Nos Estados Unidos da América há uma prática que contribui com o tema Responsabilidade
Social, a qual consiste no fornecimento de linhas de créditos apenas para as empresa que apresentam
condições de operar de forma saudável. Essa atitude é estimulada por ações governamentais, que
restringi o financiamento de atividades poluentes, atribuindo a algumas instituições de crédito a
coobrigação por danos ambientais. Assim, um dos requisitos obrigatórios para a concessão de
empréstimos e financiamentos é o Estudo de Impacto Ambiental - EIA e o Relatório de Impacto
Ambiental - RIMA (RIBEIRO, 2006).
Dessa forma, os investidores estão cada vez mais cônscios de que uma postura incorreta das
empresas em relação às questões ambientais possibilita riscos em relação ao retorno das aplicações de
recursos. (RIBEIRO, 2006).
É nesse contexto que a Ciência Contábil desempenha a sua responsabilidade, pois ela se
preocupa com a identificação, mensuração e informação dos recursos alocados nas entidades. Sua
finalidade é demonstrar de forma clara a situação tanto econômica como financeira e física da
empresa, de modo a atender as necessidades de informações para tomada de decisão dos seus usuários.
(RIBEIRO, 2006).
Nesse sentido este artigo traz o seguinte questionamento: Como as empresas brasileiras
divulgam as atividades relacionadas a Responsabilidade Social e a Sustentabilidade? Tona-se
necessário essa pesquisa diante do contexto em que encontra a sociedade nesse momento. As empresas
como sistema aberto, em busca da sobrevivência a longo prazo é fundamental que elas alcance o
equilíbrio entre o desempenho econômico, social e o ambiental. O que representa a garantia de um
futuro promissor com geração de valor tanto para organização, quanto para os acionistas da empresa e
a sociedade em geral (COLOMBO, 2006).
Dessa forma, o objetivo geral que conduz este trabalho é pesquisar qual é o estágio das
Companhias Brasileiras quanto a divulgação do resultado socioambiental. Como objetivos específicos
pretendem-se: a) levantar o perfil das empresas que estão adotando práticas de desenvolvimento
sustentável nas companhias pesquisadas; b) investigar a evolução das companhias brasileiras
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pesquisadas quanto a responsabilidade social; c) examinar as justificativas das empresas que não
divulgam as informações soioambientais e; d) identificar os modelos utilizados pelas empresas para
apresentar o resultado socioambiental.
Este artigo subdividi em 5 partes o capítulo 1 apresenta a introdução, com informações que
contextualizam o desenvolvimento da pesquisa, como os objetivos, a justificativa e o problema a ser
investigado. Já o capítulo 2 apresenta o referencial teórico que consiste em uma síntese sobre o que os
autores pesquisados têm a dizer sobre o tema proposto. No capítulo 3, será abordada a metodologia, a
forma como será conduzida esta pesquisa, evidenciando os métodos e os procedimentos utilizados no
processo de busca e análise dos dados. O capítulo 4 apresenta a análise dos dados obtidos na pesquisa
e o último capítulo às considerações finais.
2 Referencial Teórico
Inúmeras mudanças ocorridas nas últimas décadas contribuíram para que o tema
responsabilidade social deixasse de ser apenas uma opção para ser um fator estratégico de política das
empresas. Entre estas mudanças encontram-se os avanços tecnológicos e de gestão, um mercado
consumidor mais exigente e as questões relacionadas aos impactos negativos causados ao meio
ambiente.
Nesse sentido, as empresas devem procurar agir de maneira socialmente responsável.
Implantando uma gestão que se preocupa em atuar trazendo benefícios para a sociedade,
proporcionando a satisfação profissional dos colaboradores, fomentando benefícios para sócios e o
retorno dos investidores. (INSTITUTO ETHOS, 2013).
2.1 Responsabilidade Social Corporativa (RSC)
Segundo Duarte e Torres (2005), o tema RS sugere uma maneira das empresas conduzirem
seus negócios de tal forma que as tornem parceiras e co-responsáveis pelo desenvolvimento social.
Sendo que a questão da RS abrange muito mais dos que simples doações financeiras ou materiais.
Duarte e Torres, citando Grajew1 (2005, p. 23) completam o tema dizendo que a questão de RS trata-
1 GRAJEW, O. Responsabilidade Social Empresarial e as Metas do Milênio. Revista Meio Ambiente Industrial.
São Paulo, n.55, maio/junho, 2005.
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se “da relação ética, da relação socialmente responsável da empresa em todas as suas relações”. Tanto
no ambiente interno como no externo.
A responsabilidade social vem se mostrando um fator decisivo para o
desenvolvimento e crescimento das empresas. Cresce a conscientização, por
parte da sociedade, do papel imprescindível que as grandes organizações têm
diante das questões sociais, assim como a cobrança por uma atuação
responsável e uma postura que explicite a preocupação com tais questões. [...]
(DUARTE, TORRES. 2005 p. 27).
A RS na atualidade tem sido considerada uma “estratégia competitiva de mercado”, nesta
economia diversificada com crises constantes. O mercado tem sido reordenado com uma nova visão,
um novo valor. Dessa forma, na luta pela continuidade as empresas que se sobressaírem no seu
relacionamento com os públicos de interesse, tendo transparência nas suas informações, apresentando-
se “socialmente corretas, ambientalmente sustentáveis e economicamente viáveis”, sobreviverão
(EUGENIO 2006. P. 97).
A RSC trata-se de um conjunto de ações que favorece a sociedade envolvendo todo o ambiente
em que o sistema empresa, atua. É conceituada por Melo Neto e Froes2; 1999, p.87 apud Bertoncello e
Chang Júnior (2007) da seguinte forma:
Responsabilidade social Corporativa é o comprometimento permanente dos
empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o
desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente a qualidade de vida
de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade
como um todo.
Nesse contexto, a RSC revela-se em diversos requisitos, cujo objetivo é atender a todos os
“Stakeholders”- público estratégico. “Estes grupos de interesse, também conhecidos como
Stakeholders, representam qualquer público que afeta a empresa ou por ela é afetado em seus objetivos
organizacionais. [...]” (FREEMAN3, 1984, citado por LYRA; GOMES; JACOVINE 2009). Assim,
procura atender as exigências de relacionamento nas parcerias com os clientes, fornecedores produção
e todos os usuários, envolvendo a comunidade, investindo em pesquisas tecnológicas e preservação do
meio ambiente. Incluindo os empregados na participação das decisões, dos lucros, respeitando os
direitos dos colaboradores sem discriminação de raças, idades, religiões etnias e preferências sexuais.
2 Melo Neto, Francisco, Froes, César. Responsabilidade Social & Cidadania Empresarial, ed. Qualitymark,
1999. 3 FREEMAN, R. E. (1984). Strategic management: a stakeholder approach. Massachusetts: Pitman.
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É imprescindível na RSC o investimento em segurança do trabalho e no desenvolvimento profissional
de todos os empregados (BERTONCELLO E CHANG JÚNIOR 2007).
A visão ampla sobre a RSC favorece a avaliação da atitude das empresas em prol de
modificações propícias as futuras gerações contribuindo com a edificação de um mundo melhor e mais
justo. Neste quesito as empresas têm por obrigação ter a RSC ligada aos valores da companhia,
demonstrando isso de forma clara e consistente a todos os seus Stakeholders (INSTITUTO ETHOS
2013).
Dessa forma, corroborando com a definição já apresenta para o termo RSC, pode-se dizer que
trata-se de um compromisso das empresas em cooperar com o desenvolvimento econômico sustentável
da sociedade. Trabalhando de forma que venha contribuir positivamente para o crescimento, com
melhorias de qualidade de vida em todos os âmbitos e para todos os stakeholders. “A responsabilidade
social corporativa inclui direitos humanos, direitos trabalhistas, proteção ambiental, relações com os
fornecedores e o monitoramento dos direitos dos stakeholders” (ALMEIDA, 2003).
Antes a RSC se relacionava apenas as questões sociais, como direito humano, depois passou a
ser considerada com o mesmo sinônimo de sustentabilidade corporativa, onde se relaciona com os
aspectos ambientais, mas na verdade cabe aqui a distinção de ambas, considerando a RSC da seguinte
forma: “é uma etapa intermediária em direção à Sustentabilidade Empresarial” (MARREWIJK4, 2003,
CITADO POR OLIVEIRA, 2010).
2.2 Sustentabilidade
“Nenhum caminho para o futuro ignora as necessidades das gerações futuras”. (SENGE, et al p.
17, 2009). O conceito do termo desenvolvimento sustentável teve sua origem em 1980, quando a
ONU, formou a comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a qual ficou
posteriormente conhecida como comissão Brundtland5. Nesta comissão foi apresentado o relatório
Brundtland e com base neste relatório surgiu a expressão desenvolvimento sustentável, sendo definido
da seguinte forma: “É a forma como as atuais gerações satisfazem as suas necessidades no presente
4MARREWIJK, M. A value based approach to organization types: towards a coherent set of stakeholder -
oriented management tools. Journal of Business Ethics, v. 55, 2004, p. 147-158 5 Gro Harlem Brundtland, ex ministra da Noruega que presidira a comissão, formada por vinte e um países
membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Foi realizada uma pesquisa sobre a situação de degradação ambiental e econômica do planeta. Esse estudo ficou conhecido como Relatório Brundtland ou Nosso Futuro Comum. (CONCEIÇÃO; RODRIGUES, 2012)
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sem, no entanto, comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias
necessidades” (COLOMBO, 2006).
Nesse sentido, as empresas não podem competir no futuro sem se importar com o presente. É
preciso processos sustentáveis, em que são executados sem provocar efeitos negativos no ambiente
(SENGE et al 2009, p. 17,).
Pensando nisso a BM&FBOVESPA lançou em 2005 o Índice de Sustentabilidade Empresarial
(ISE), este é um importante parceiro que estimula as empresas a buscar desenvolver negócios que
coopera com o desenvolvimento sustentável. O ISE agrupa as empresas brasileiras elencadas na
BM&FBOVESPA com práticas superiores em gestão empresarial e melhores processos sustentáveis
(MACEDO, et al, 2012)
[...] representando um incentivo para que as empresas busquem o
desenvolvimento econômico com inclusão social e respeito ao meio ambiente,
e ao mesmo tempo, serve como um indutor do mercado de Investimento
Sustentável e Responsável no Brasil. Sua missão é induzir as empresas a
adotarem as melhores práticas de sustentabilidade empresarial e apoiar os
investidores na tomada de decisão de investimentos sustentáveis e
responsáveis. (MACEDO et al, 2012, p. 6).
Segundo (Macedo et AL, 2012), o ISE objetiva diferenciar as empresas sob os ângulos de
sustentabilidade. A sua principal referencia é estimular a criação de fundos de investimentos
responsáveis. Trata-se de um ambiente de investimento conciliável com as necessidades da sociedade
coetânea. Ele busca revelar a propensão de geração de valor das empresas e o nível de risco associado
ao seu desempenho em distintas áreas da sustentabilidade.
No entanto, é necessário que as empresas sejam sustentáveis economicamente, só então
poderão ser sob o ponto de vista socioambiental, sustentáveis. É preciso que tenham um bom
desempenho econômico para que elas sejam incentivadas a aderirem à sustentabilidade social e
ambiental no mercado (TOLEDO, 2013).
Nesse sentido de acordo com a FBDS - Fundação Brasileira para o Desenvolvimento
Sustentável (2010);
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[...] A busca pela sustentabilidade passa pela implantação de práticas
socialmente responsáveis. As preocupações com os impactos das operações e
com o relacionamento com as partes interessadas se tornaram premissas de
uma gestão socialmente responsável.
Segundo o FBDS (2012), o termo sustentabilidade ainda é incompreendido no mundo corporativo.
Sustentabilidade corporativa trata-se de uma junção de critérios sócio-ambientais no processo de
tomada de decisões, com valores similares aos de variáveis econômicos financeiros. Assim as decisões
de compra e venda de ativos, propagações de novos produtos, alterações no processo produtivo, irão
sempre avaliar os impactos ambientais, antes da tomada de decisão.
2.3 Governança Corporativa
Para se ter um ISE com abrangência global é necessário incluir a governança corporativa, a Bovespa
considera no seu ISE a governança corporativa como uma das extensões que são avaliadas na seleção
das empresas.
O ISE é uma ferramenta para análise comparativa da performance das
empresas listadas na BM&FBOVESPA sob o aspecto da sustentabilidade
corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça
social e governança corporativa.(BOVESPA, 2005)
De acordo com IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, em meados dos anos
90, originou-se nos Estados Unidos da América um movimento de acionista, que protestavam em
busca de proteção contra os abusos da diretoria empresarial, falta de auditorias externas e inércia dos
conselhos administrativos.
Assim surge a Governança Corporativa com o objetivo de resolver o conflito de agência,
consequente da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. “Os interesses do gestor nem
sempre estarão alinhados com os do proprietário, resultando em um conflito de agência ou conflito
agente-principal” (IBGC, 2013).
A Governança Corporativa se preocupa em formar meios eficientes estruturamente de
incentivos e monitoramento, com o objetivo de certificar que a atuação dos proprietários sempre esteja
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alinhada com os interesses dos acionistas. Uma gestão de Governança Corporativa eficaz propicia aos
proprietários a estratégia na gestão e o acompanhamento da atuação executiva. Neste caso é
fundamental a utilização das ferramentas relevantes ao processo de governança corporativa que são os
conselhos de administração e fiscal e a auditoria independente.
A ausência de conselheiros qualificados e de bons sistemas de Governança
Corporativa tem levado empresas a fracassos decorrentes de: - Abusos de
poder (do acionista controlador sobre minoritários, da diretoria sobre o
acionista e dos administradores sobre terceiros); - Erros estratégicos (resultado
de muito poder concentrado no executivo principal); - Fraudes (uso de
informação privilegiada em benefício próprio, atuação em conflito de
interesses) (IBGC, 2013).
Há uma influência positiva do desenvolvimento e o fortalecimento do mercado de capitais no
sentido de levar as empresas a adotar as práticas de Governança Corporativa. As empresas de diversos
segmentos têm sido encorajadas a aprimorar as ações de gestão e atuar de forma mais clara e eficaz nas
comunidades locais. Assim, diante da premência e busca do fortalecimento da economia de mercado, a
governança corporativa em todo mundo têm sido considerada como fator diferenciador para atrair
investidores tanto públicos quanto privados. Nesta concorrência acirrada com este mercado competidor
ela age como forma de criação de valor. Os investidores os fundos de pensão e investimentos têm
procurado influenciar e participar dessa iniciativa, com o intuito de proteger e resguardar a
longevidade da empresa em que investem (ALVARES, GIACOMETTI, GUSSO 2008).
Dessa forma, as empresa têm buscado melhorar as suas práticas de gestão, contabilidade e
finanças, dando mais atenção ao planejamento e a estratégia, a formação dos conselhos administrativos
a contratação de auditoria e maior ensejo de visibilidade para as suas ações. Neste caso é essencial a
adoção de princípios sólidos, pois, a Governança Corporativa está alicerçada em rudimentos que
infundi e norteiam o funcionamento das empresas, proporcionado maior credibilidade e criação de
valor. As variáveis constituintes da boa Governança Corporativa orientam a adoção desses princípios
descrevendo-os de maneira bem realçada. Neste caso podem concentrar-se os princípios de
Governança Corporativa de equidade, transparência, RSC e prestação de contas (ALVARES,
GIACOMETTI, GUSSO 2008).
2.4 Balanço Socioambiental (BSA)
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Embora haja quem veja a contabilidade apenas como números e a enquadra na ciência exata e
jamais em humana, a contabilidade tem sido adotada por muitos, com uma forma mais ampla, focando
não somente o resultado financeiro do exercício, mas sim, o lado social dessa ciência (FERNANDES,
2012).
De um modo geral, a contabilidade registra, demonstra, analisa as atividades da empresa,
procurando acompanhar todos os fatos ocorridos. Preocupam-se com o entendimento dos diversos
usuários das informações contábeis descrevendo da forma mais clara e possível todos os dados das
demonstrações, de forma que venha atender as seus diversos usuários. Desta forma, aquele que busca
respostas para as diversas finalidades vai encontrar analisando as demonstrações contábeis. Nesse
sentido, a especialidade da contabilidade social é transmitir aos usuários das informações de caráter
social por meio do Balanço Social as aplicações de recursos encaminhadas ao meio social,
aproximando a relação empresa e sociedade. (FERNANDES, 2012).
A função da contabilidade social não é a elaboração de demonstrações com
informações de caráter econômico e patrimonial, não se trata de apuração
financeira, mas quando e onde foram aplicados recursos de determinada
entidade em fins sociais (FERNANDES, 2012).
Nesse contexto, nos últimos anos tem aumentado a elaboração dessa modalidade de demonstração
contábil sendo denominado Balanço social. Ele origina na contabilidade das empresas, onde é
divulgado aos diversos usuários do seguimento econômico, financeiro, social e de responsabilidade
corporativa das entidades. Com o dever de informar com precisão e operosidade os dados da sua
atividade. (TINOCO, 2006)
Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa
evidenciar, de forma mais transparente possível, informações econômicas e
sociais, desempenho das entidades, aos mais diferentes usuários, entre estes os
funcionários (TINOCO, 2006 p. 14).
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Quando surgiu em 1977, na França o Balanço social tinha uma visão restrita aos recursos
humanos, porém com o passar do tempo, adquiriu uma abordagem mais vasta, contemplando também,
os quesitos ambientais, e a cidadania (RIBEIRO, 2006).
Atualmente o balanço social contempla diversas informações de cunho qualitativo, entre elas
ressaltam-se as informações sobre a ecologia, onde é mencionado o empenho que as entidades fazem
para não prejudicar a fauna, a flora e a vida humana, mantendo uma boa relação com o meio ambiente.
Destacam-se também o cuidado da formação continuada, os aspectos de higiene e segurança no
trabalho dos colaboradores, além da cooperação das entidades para com a comunidade, assim torna
claro a RSC das organizações (TINOCO, 2006).
Essa idéia fica bem visível na definição de Balanço social traga pelo o sociólogo Herbert de
Souza e o Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas – Ibase (2003), onde define como um
demonstrativo divulgado anualmente pela entidade englobando uma série de informações sobre os
projetos, benefícios e ações sociais direcionadas aos Stakeholder. Trata-se de uma ferramenta
estratégica com a finalidade de avaliar e pluralizar o Exercício da responsabilidade social corporativa.
Outra forma de reportar informações de caráter social e ambiental e por meio do Relatório,
entre os modelos mais utilizados essa pesquisa destacou os que utilizam as diretrizes do Global
Reporting Initiative.
2.5 Global Reporting Initiative (GRI)
A GRI destaca-se, como uma das principais agentes responsáveis por iniciativas relacionadas
às ações voluntárias em que evidenciam as práticas socioambientais (GRAY E BEBBINGTON, 200,
CITADO POR GALLON ET AL 2012).
A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização líder no campo da
sustentabilidade. GRI promove o uso de relatórios de sustentabilidade como
um caminho para as organizações a se tornarem mais sustentáveis e contribuir
para o desenvolvimento sustentável (GRI,2013).
Quando a empresa adota um modelo de relatório para divulgar as suas práticas de RSA,
incorpora a idéia que a entidade mantém um sistema de informações socioambiental que auxilie as
informações requeridas pelas partes interessadas. “As informações requeridas pelos stakeholders e a
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transparência das atividades empresariais são agentes determinantes para opção por parte das empresas
em elaborá-lo ou não, [...]” (FERREIRA, ET AL 2010).
Nesse contexto, é fundamental que as empresas transmitam credibilidade das suas informações
de RSA para com as partes interessadas adotando medidas que visem transparência sobre os seus
impactos econômicos, sociais e ambientais com uma linguagem harmônica (FERREIRA, ET AL
2010). E aí que entra a missão da GRI:
A missão da GRI é tornar a sustentabilidade uma prática padrão de relatórios
para todas as empresas e organizações. Seu quadro é um sistema de
comunicação que fornece métricas e métodos para medir e relatar os impactos
e desempenho relacionados à sustentabilidade (GRI, 2013).
Para Ferreira, et aL (2010), a elaboração de relatórios sem parâmetros pré-determinados podem
evidenciar informações não condizentes com a realidade da companhia, destacando em sua maioria
informações inúteis, tornando-se apenas um objeto de marketing ao invés de um relatório de
desempenho.
Desta forma, os Stakeholders vêm cobrando das empresas a divulgação de informações
socioambientais de forma inteligível. Assim as companhias com o objetivo de serem mais competitivas
mantendo a sua legitimidade no mercado começaram a adotar medidas sustentáveis evidenciando
informações socioambientais por meio de relatórios voluntários como o IBASE e o GRI, embora a
publicação desse demonstrativo não seja obrigatória é muito incentivada a sua divulgação
((FERNANDES, 2013; MEDEIROS LAN, 2011).
Nesse contexto o modelo de relatório IBASE evidencia uma estrutura com informações sobre o
desempenho das companhias demonstrando os indicadores nas áreas sociais e ambientais (FERREIRA,
ET AL 2010).
O relatório no modelo GRI é mais completo que o balanço social, pois demonstra as práticas
estabelecidas pelas companhias, evidenciando as atitudes de preservação do meio ambiente, com o
objetivo de buscar o desenvolvimento sustentável por meio de atitudes que possibilitem melhores
condições de vida para a sociedade. Os protocolos de apresentação do relatório GRI informa
claramente o que deve constar em cada indicador, sendo as informações separadas em, relevantes e
adicionais (FERREIRA, ET AL 2010). Assim diante desses aspectos essa pesquisa buscou analisar
através dos relatórios divulgados pelas companhias o estágio atual das Companhias Brasileiras quanto
a divulgação do resultado socioambiental.
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3 Metodologia
Com propósito de alcançar o objetivo da pesquisa será realizada uma análise nos arquivos
disponíveis no relatório “Relate ou Explique” disponibilizado no sítio da BMF&BOVESPA com o
objetivo de facilitar o acesso de todos os stakeholders - especialmente investidores e analistas - a
informações relacionadas aos negócios e às práticas de sustentabilidade das companhias, oferecendo,
dessa forma, transparência ao mercado. A iniciativa da Bolsa estimula as companhias a indicarem em
seus formulários de referência a publicação de relatórios de sustentabilidade (BM&FBOVESPA,
2012).
A coleta de dados refere-se a novembro de 2013, considerando todas as empresas listadas no
relatório supracitado.
A BM&FBOVESPA (2012) observa que o Relate ou Explique, favorece uma adesão para que
às empresas venham progressivamente praticar o ato de passar aos investidores os resultados voltados
ás atitudes sociais, ambientais e de Governança Corporativa, disponibilizando aos investidores e
interessados um meio rápido de acesso a estas informações. As empresas da BM&FBOVESPA, que
estão listadas no Relate ou Explique são ao todo 442 empresas de diversos seguimentos.
Neste sentido, a pesquisa documental desenvolver-se-á por meio de análise qualitativa, cuja
característica predominante consiste na descrição (CAMPOS, 2004), abrangendo dados em forma de
palavra ao invés de números coletados em documentos (GIL, 2010; VERGARA 2009), na tentativa de
descrever uma situação social circunscrita (DESLAURIERS, 2010 p. 130).
4 Análise de Dados
Na realização desta pesquisa identificou-se como as empresas brasileiras divulgam as
atividades relacionadas a Responsabilidade Social e a Sustentabilidade.
Como o foco deste trabalho está voltado a analisar as empresas de capital aberto, realizou-se
uma pesquisa na relação de companhias da BM&FBOVESPA6 “Empresas Listadas: Relatório de
Sustentabilidade ou Similar”, onde são apresentadas 27 planilhas em documento PDF, atualizada até
6 A BM&FBOVESPA é uma companhia que administra mercados organizados de títulos, valores mobiliários e
contratos derivativos.
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31 de junho de 2013 (conforme anexos 1 a 27) constando a Razão Social da empresa, nome do pregão,
tipo de mercado e uma questão dicotômica relativa a apresentação de relatório socioambiental ou não.
Assim, cada companhia presente no relatório informa se publica relatório de sustentabilidade
ou similar. Em caso positivo, a companhia deve disponibilizar um link capaz de direcionar o usuário a
demonstração socioambiental. Do contrário, a companhia tem a opção de informar os motivos que a
levaram a não publicar tais informações.
Ao analisar a lista de Relate ou Explique disponibilizada pela companhia, observa-se que ao
todo 283 companhias prestaram informações sobre publicação ou os motivos que levam as mesmas a
não publicarem as demonstrações socioambientais. Dessa forma, das 442 companhias componentes do
relatório, 35,97% não haviam aderido ainda a necessidade de prestar informações sobre as suas
atitudes socioambientais (Gráfico 1):
Gráfico – 1 Total: Relate ou Explique
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se ainda, que apenas 165 companhias das 442 integrantes, menos da metade,
assinalaram a publicação de relatório de sustentabilidade ou similar, enquanto 118 apenas justificam a
própria negligência, e 159 simplesmente não aderiram a pesquisa até a data, 31 de junho de 2013,
estipulada pela BM&FBOVESPA.
Do total de 442 companhias listadas no relatório, 260 estão classificadas no segmento de
mercado intitulado Bolsa Mais, 32 companhias no Nível 1, 21 no Nível 2, e 129 companhias no Novo
Mercado. Tal classificação seguem características de governança corporativa específicas de cada
segmento. A tab. 1 apresenta características das ações emitidas por companhias de cada segmento.
Tabela 1 - 1 Comparativo dos Segmentos de Listagem
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14
Fonte:
Adaptaç
ão
BM&FB
OVESP
A
N
otavelm
ente, ao
considerar-se apenas as companhias componentes do segmento Bovespa Mais, observa-se que a
grande maioria apenas justificou ou nem mesmo respondeu a pesquisa da BMF&BOVESPA,
conforme visualizado no gráfico 2.
Gráfico - 2 Informações Socioambientais
Fonte: Dados da pesquisa
Embora o número de empresas nos outros segmentos seja bem menor, a comparação entre os
segmentos torna-se interessante. Das 260 empresas estão listadas no segmento de mercado Bovespa
mais, 60 (23%) prestam informações socioambientais e 74 (28,5%) apenas justificam; das 32
companhias presentes no Nível 1, 29 (90,6%) prestam informações socioambientais e 3 (9,4%)
justificam; no Nível 2, 14 das 21 companhias (66,7%) publicam o relatório e 5 (23,8%) justificam; e
no Novo Mercado, das 129 companhias que integram esse segmento, 62 (48%) publicam informações
7 ON - Ações Ordinárias Nominativas tem direito a voto nas Assembleias.
8 PN – Ações Preferenciais Nominativa tem preferência no recebimento de dividendos.
COMPARATIVO
DO SEGMENTO
DE LISTAGEM
NOVO
MERCADO NÍVEL 2 NÍVEL 1 BOVESPA MAIS
Características
das Ações
Emitidas
Permite a
existência
somente de
ações ON7
Permite a
existência de
ações ON e PN
8(com direitos
adicionais)
Permite a
existência de
ações ON e PN
(conforme
legislação). 80%
p/ ações ON
Somente ações ON
podem ser
negociadas e
emitidas, mas é
permitida a
existência de PN
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socioambientais e 36 (28%) apenas justificam os motivos que as levam a não prestar informações
socioambientais.
Observa-se que embora a BM&FBOVESPA enfatize que as empresas listadas nos segmentos
diferenciados assumem um compromisso com os seus investidores, a análise primária destes dados
revela uma realidade um tanto quanto divergente deste compromisso, com um número relativamente
baixo das companhias que prestaram as informações e um número expressivo de companhias que não
aderiram a recomendação.
Com a finalidade de examinar as justificativas apresentadas pelas as empresas, realizou-se a
análise das repostas apresentadas pelas empresas para o questionamento “Publica Relatório de
Sustentabilidade ou Similar? Não, por que... / Não disponibilizou o link”? (LISTA RELATE OU
EXPLIQUE, 2013).
Por meio da análise nos dados, percebe-se que várias são as justificativas que a empresas
apresentam na tentativa de justificarem a negligência na prestação de informações socioambientais.
Dentre as justificativas, umas das mais citadas refere-se simplesmente ao reconhecimento da
necessidade de fazê-lo sem, contudo, a devida materialização:
Em atendimento ao Comunicado Externo BM&FBovespa 017/2011-DP, a
Companhia informa que, apesar de adotar práticas de sustentabilidade
socioambientais em suas unidades [...] e envidar os maiores esforços para a
proteção do meio ambiente, não publica Relatório de Sustentabilidade.
Entretanto, a Companhia entende a importância do tema e vem estudando o
desenvolvimento de um Relatório para o futuro próximo. (LISTA RELATE
OU EXPLIQUE 2013)
Nas várias respostas constatadas semelhantes a esta, observa-se uma aparente falta de
preparação da estrutura organizacional para elaboração de relatórios desta natureza, uma vez que
demonstrativos desta qualidade são de matriz bastante diferenciada daquela dos tradicionais relatórios
econômico-financeiros. Assim, muitas empresas informam apenas que pretendem em um futuro
próximo atender a demanda de solicitação das informações do BM&FBOVESPA, sendo necessário
antes “estruturar-se internamente para a compilação de tais informações.” (LISTA RELATE OU
EXPLIQUE 2013).
Outra resposta bastante frequente consistiu na afirmação reveladora do descaso com a
relevância do tema, ao declarar apenas que “Informamos que não elaboramos e não divulgamos
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relatório de sustentabilidade ou similar” (LISTA RELATE OU EXPLIQUE 2013). Do total de
companhias analisadas, 34 apresentaram justificavas semelhantes. Em alguns casos, as companhias
justificaram a não apresentação por motivos econômico-financeiros, como por exemplo, “A
companhia não publica o relatório de sustentabilidade ou documento semelhante por representar um
custo relevante para a Companhia.” (LISTA RELATE OU EXPLIQUE 2013).
Algumas empresas justificaram essa negligência também pelo motivo que se encontram em
estado pré-operacional, como se a sustentabilidade estivesse associada apenas a dimensão econômico-
financeira, e o impacto socioambiental não se manifestasse já com o exórdio das primeiras atividades
empresariais. Essa resposta corrobora a concepção observada em Toledo (2013), onde observa-se a
primazia da sustentabilidade econômica sobre as dimensões socioambiental. Aparentemente, para boa
parte das empresas a natureza do efeito do engajamento em atividades direcionadas ações
socioambientais ainda apresenta-se um tanto quanto obscura.
(...) A Companhia não tem projeto de Sustentabilidade, razão pela qual não
publica Relatório de Sustentabilidade ou documento similar (...) A Companhia,
declara que não publica Relatório de Sustentabilidade, porque ainda não
avaliou com a devida propriedade e profundidade o assunto em referência,
como fator determinante de alavancagem dos seus negócios. (LISTA RELATE
OU EXPLIQUE 2013)
Declarações desta natureza refletem a contraposição a um argumento de peso nos dias atuais, o
da necessidade do equilíbrio entre e os desempenhos econômico, social e o ambiental, de forma a
garantir um futuro promissor com geração de valor tanto para organização, quanto para os acionistas
da empresa e a sociedade em geral (COLOMBO, 2006).
Notavelmente, observou-se que algumas companhias sinalizaram uma compreensão bastante
limitada ao justificar a não apresentação do relatório baseadas na declaração “A Companhia não
elabora relatório de sustentabilidade, tendo em vista que não há exigência legal nesse sentido”. Embora
a publicação de demonstrativos socioambientais não seja obrigatória (MEDEIROS LAN, 2011),
espera-se que a responsabilidade social corporativa sobressaia deveres legais e conduza a empresa na
direção do bem estar social. Respostas desta natureza demonstram um estágio bastante antecedente ao
do reconhecimento da relevância do impacto socioambiental de empresas por parte de suas direções.
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Não obstante o descompromisso observado em um grande número de empresas integrantes do
relatório, instituições governamentais tem realizado esforços expressivos no incentivo a publicação de
informações desta natureza. Das 442 companhias identificadas, 165 responderam positivamente e
disponibilizaram o link de acesso aos demonstrativos sociosambientais, os quais foram acessados para
a decorrente análise sobre como as empresas divulgaram as atividades relacionadas a Responsabilidade
Social e a Sustentabilidade.
Das companhias que disponibilizaram o link, para os investidores terem acesso as suas práticas
relacionadas às dimensões social, ambiental e de governança corporativa, 16 delas apresentaram falha
na abertura dos relatórios, obtendo-se apenas a informação “Arquivo ou diretório não encontrado”.
Embora o contexto e o impacto socioambiental de empresas de setores diferentes sejam
bastante diferenciados, a adoção de modelos de referência mostra-se bastante pertinente. A elaboração
de relatórios sem parâmetros pré-determinados pode evidenciar informações não condizentes com a
realidade da companhia, destacando em sua maioria informações inúteis, que podem ser tornar apenas
um objeto de marketing ao invés de um relatório de desempenho (FERREIRA ET AL, 2010).
Ao examinar os relatórios divulgados nos links disponibilizados pelas empresas, observou-se
que das 149 empresas que disponibilizaram informações socioambientais, 07 apresentaram relatórios
anteriores ao ano de 2010, um atraso não explicável por motivos razoáveis. Além disso, 108
companhias adotaram o modelo de relatório GRI, 06 apresentaram o modelo IBASE, 30 companhias
adotaram o Balanço Social IBASE mais as Normas brasileiras de contabilidade - NBCT 15, e 28
apresentam relatório bem parecido com o modelo encontrado em Ferreira et al (2010).
5 Considerações Finais
O presente trabalho teve por objetivo investigar o estágio atual das companhias brasileiras
quanto a divulgação de atividades relativas a Responsabilidade Social e a Sustentabilidade.
Observou-se que o número de empresas que divulgaram as atividades relacionadas a dimensão
socioambiental foi relativamente inferior ao esperado, considerando-se a importância e premência do
tema, assim como a atenção dedicada por parte de instituições governamentais e os consequentes
esforços desenvolvidos. Não obstante a sejam empresas de capital aberto, onde é fundamental que as
companhias disponibilizem todas as informações possíveis aos investidores, para auxiliarem na tomada
de decisão há uma grande parte de empresas que tem ignorada essa responsabilidade sem ao menos
apresentar uma justificativa para as partes interessadas.
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Não há lei que as obrigue, infelizmente essa pesquisa identificou pela análise de dados
realizada que a ética, esse valor moral com princípios sociais, não foi identificado em boa parte das
companhias pesquisadas. Mesmo sendo poucas as empresas que manifestaram claramente o motivo da
não publicação dos relatórios RSA, a falta de lei, essa pesquisa percebeu que se tivesse lei que as
obrigasse esses resultados poderiam ser diferentes.
Assim, como as empresas publicam os relatórios socioambientais? Com apenas um pequeno
número de empresas que aderiram a lista corretamente, ou seja, 149, não impedindo a busca das
informações com links inválidos, percebe-se que boa parte dessa empresas um total de 108, informam
corretamente as informações socioambientais.
Essas empresas que divulgam os relatórios sócios ambientais têm aderido as suas informações a
um modelo pré-determinado e reconhecido como é o caso dos relatórios visualizados, o IBASE e o
GRI. Relatórios como esses levam as empresas a apresentarem informações úteis aos seus usuários e
não apenas uma propaganda da empresa.
Nada impedi a empresa de fazer marketing institucional, mas é fundamental a transparência de
suas ações para com as partes interessadas. Esses relatórios apresentam as informações aos seus
usuários demonstrando os indicadores internos, externos, ambientais... e, quanto empresa tem
investido em cada um desses. Informações dessa natureza são úteis a todas as partes interessadas das
companhias. Como, quando, onde e de que forma a empresa tem investido, tem atuado na sociedade.
Percebeu-se através desta pesquisa que os incentivos são válidos e importantes para o
desenvolvimento sustentável, porém para alcançar a sustentabilidade é fundamental a participação de
toda a sociedade. Cada um deve cumprir adequadamente com a sua responsabilidade diante deste
tema, sustentabilidade, que interessa a todos. Afinal, não basta apenas agir com RSA por um momento,
é preciso adotar essa característica com ações de perdurem por gerações, é preciso compreender que é
e ser sustentável.
Sugere-se para futuros estudos nova analise na lista Relate ou Explique a fim de confirmar os
dados apresentados ou verificar se houver mudanças nos relatórios divulgados, quanto às empresas que
informaram que pretendiam aderir a lista.
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