3ª fase do modernismo - Clarice Lispector

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3ª FASE DO MODERNISMO –

CLARICE LISPECTOR

Prof. Adriana ChristinneLiteratura

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3ª FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO

• Historicamente, vive-se, o final da segunda guerra mundial e o início da guerra fria.

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• No Brasil, esse período concede como fim da ditadura Vargas e o início de uma fase democrática e desenvolvida. É a partir daí que o Brasil começa a ter visão de crescimento, como não podia deixar de ser, a literatura também sentiu necessidade de renovação.

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• A terceira fase toma rumos diferentes tanto na prosa como na poesia.

• Na poesia, as tendências para a preocupação social, filosófica, religiosa e política já não satisfaz mais as necessidades de nossos poetas.

• Há um interesse por novas propostas. O mesmo com a prosa, tanto o romance quanto o conto estão voltados para uma prosa de introspecção e também se voltam para um regionalismo renovado.

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Definiu-se que a terceira fase do modernismo se iniciou em 1945 e foi até 1960. O período é representado principalmente pela Prosa, na 3° fase do modernismo há a publicação de vários contos, crônicas e romances. Há também a continuidade de 3 tendências já ocorridas na 2° fase do modernismo.

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Clarice Lispector

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"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em

nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está

querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

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Escritora brasileira de origem ucraniana. Natural de Tchetchelnik (Ucrânia), vem para o Brasil ainda recém-nascida, com seus pais e dois irmãos. A família se estabelece em Alagoas, depois no Recife (PE), onde passa toda a infância.

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Em 1937, muda-se para o Rio de Janeiro, onde cursa a Faculdade de Direito, a partir de 1941. Estreia na literatura com o romance Perto do coração selvagem, com apenas 19 anos de idade, publicado em 1944.

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Em suas histórias não há começo, meio e fim, mas situações inusitadas, centradas em intuições e impressões desfiadas pelo narrador ou pelas personagens no decorrer da história. Clarice está sempre em busca de algo difícil de ser capitado, definido e descrito (como o sentimento, o fluir do tempo e o âmago das coisas), rompendo, assim, as técnicas tradicionais de narrar.

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Trecho da obra Perto do coração selvagem

“É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, seio-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo... E cada vez mais se adensavam os sonhos e adquiriam cores difíceis de se diluir em palavras... É necessário certo grau de cegueira para poder enxergar determinadas coisas. É essa talvez a marca do artista. Qualquer homem pode saber mais do que ele e raciocinar com segurança, segundo a verdade. Mas exatamente aquelas coisas escapam à luz acesa. Na escuridão tornam-se fosforecentes... Eu me sinto tão dentro do mundo que me parece não estar pensando, mas usando de uma nova modalidade de respirar”.

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“... a única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais (...) Perco a consciência, mas não importa, encontro a maior serenidade na alucinação. É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.”

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“Em vez de me obter com a fuga, vejo-me desamparada, jogada num cubículo sem dimensões, onde a luz e a sombra são fantasmas inquietos. No meu interior encontro o silêncio procurado. Mas dele fico tão perdida de qualquer lembrança de algum ser humano e de mim mesma, que transformo essa impressão em certeza de solidão física. Se desse um grito – imagino já sem lucidez – minha voz receberia o eco igual e indiferente das paredes da terra. Sem viver coisas eu não encontrei a vida, pois? Mas, mesmo assim na solitude branca e limitada onde caio, ainda estou presa entre montanhas fechadas. (...) Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.”

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Clarice está sempre em busca de algo difícil de ser capitado, definido e descrito (como o sentimento, o fluir do tempo e o âmago das coisas), rompendo, assim, as técnicas tradicionais de narrar

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Nesta hora exata, Macabéa sente um fundo enjôo de estômago e quase vomitou, queria vomitar o que não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas. O que é que eu estou vendo agora é e que me assusta? Vejo que ela vomitou um pouco de sangue, vasto espasmo, enfim o âmago tocando no âmago: vitória! E então - então o súbito grito estertorado de uma gaivota, de repente a águia voraz erguendo para os altos ares a ovelha tenra, o macio gato estraçalhando um rato sujo e qualquer, a vida come a vida. (...) O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro correndo em alta velocidade toca no chão e depois não toca mais e depois toca de novo. Etc. , etc., etc. No fundo ela não passara de uma caixinha de música meio desafinada. Eu vos pergunto: - Qual é o peso da luz? E agora - agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?! Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Enfim, descobrimos, agora, que tudo começa e acaba com um sim. Também é preciso coragem para morrer, silêncio para ouvir o grito da vida. Trechos extraídos do livro "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector

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Sua narrativa tenta reproduzir o pensamento, sem limites, num ritmo lento e sutil, em que a cronologia perde a razão de ser.

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Suas histórias geralmente se iniciam com o personagem numa situação cotidiana. Aos poucos, prepara-se “algo”, apenas pressentido, e, finalmente, esse “algo” ocorre, como uma iluminação que rouba o sentido habitual da realidade, revelando outro, totalmente novo. A esses momentos de revelação damos o nome de EPIFANIA. A partir deles, o personagem já não é mais o mesmo, embora sua vida continue como antes.

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Quando sai da casa da cartomante, é atropelada por Hans, que dirigia um automóvel Mercedes-Benz, momento em que a vida se torna “um soco no estômago”:“Por enquanto Macabéa não passava de um vago sentimento nos paralelepípedos sujos. (…)Tanto estava viva que se mexeu devagar e acomodou o corpo em posição fetal. Grotesca como sempre fora. Aquela relutância em ceder, mas aquela vontade do grande abraço. Ela se abraçava a si mesma com vontade do doce nada. Era uma maldita e não sabia. (…)”A morte dela é o momento em que Eros (Amor) se une a Tanatos (Morte), vida e morte, num momento doce, e sensual:“Então – ali deitada – teve uma úmida felicidade suprema, pois ela nascera para o abraço da morte.

(…) E havia certa sensualidade no modo como se encolhera. Ou é como a pré-morte se parece com a intensa ânsia sensual?

É que o rosto dela lembrava um esgar de desejo. (…)

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• Se iria morrer, na morte passava de virgem a mulher. Não, não era morte pois não a quero para a moça: só um atropelamento que não significava sequer um desastre. Seu esforço de viver parecia uma coisa que se nunca experimentara, virgem que era , ao menos intuíra, pois só agora entendia que mulher nasce mulher desde o primeiro vagido. O destino de uma mulher é ser mulher. Intuíra o instante quase dolorido e esfuziante do desmaio do amor. Sim, doloroso reflorescimento tão difícil que ela empregava nele o corpo e a outra coisa que vós chamais de alma. (…)

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Nesta hora exata, Macabéa sente um fundo enjoo de estômago e quase vomitou, queria vomitar o que não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas.O que é que eu estou vendo agora é e que me assusta? Vejo que ela vomitou um pouco de sangue, vasto espasmo, enfim o âmago tocando no âmago: vitória!”Sua boca, agora, vermelha como a de Marylin Monroe, no apogeu orgásmico da morte, grita, pela primeira vez, depois de vomitar, à vida:“E então – então o súbito grito estertorado de uma gaivota, de repente a águia voraz erguendo para os altos ares a ovelha tenra, o macio gato estraçalhando um rato sujo e qualquer, a vida come a vida.”

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Chegamos, afinal, ao momento da epifania do narrador fundido à Macabéa: é a vida que grita por si mesma, independente da opressão e da marginalização social. O momento, entremeado com silêncio, da consciência a que se chega pelo ato de escrever:“(…) O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro correndo em alta velocidade toca no chão e depois não toca mais e depois toca de novo. Etc. , etc., etc. No fundo ela não passara de uma caixinha de música meio desafinada.

Eu vos pergunto: – Qual é o peso da luz?

E agora – agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas – mas eu também?!

Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.

Sim.”

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Os temas preferidos de Clarice Lispector são:

• a condição feminina; • as falsas aparências dos laços familiares;• os limites entre o “eu” e o “outro”;• a dificuldade do relacionamento humano;• Introspecção;• Intimismo.

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• A ficção de Clarice abre uma nova perspectiva para a ficção brasileira: a do aprofundamento introspectivo, a partir de uma consciência individual.

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Suas principais obras são: Perto do coração selvagem, A maçã no escuro (1961), A paixão segundo G.H. (1964), Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1969) e A hora da estrela (1977). Nessas obras, ela explora a subjetividade e o fluxo da consciência, rompendo com o enredo factual.

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Criadora de uma linguagem revolucionária, é um dos nomes mais importantes da segunda fase do Modernismo. Adotando uma linha introspectiva, com seu “tropismo interior” aborda os conflitos e as antinomias do ser humano. É autora também de A Legião Estrangeira (1964), livro de contos e crônicas.

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• Dois de seus romances, Um Sopro de Vida e Pulsações, são publicados postumamente, em 1978.

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CaracterísticasCaracterísticas de suas obras:• Fluxo de consciência compondo com o enredo factual.• Momento interior é o tema mais importante. • Subjetividade. • Amostras do mundo de forma metafísica.• A exploração do eu.• Um novo sentido de liberdade a partir da sua leitura do mundo.Características da organização das obras:• A personagem está diante de uma situação do cotidiano.• Acontece um evento.• O evento lhe “ilumina” a vida: aprendizado, descoberta. • Ocorre o desfecho: situação da vida do personagem após o evento

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PROSA URBANA

Contos que polarizam e conflituam o indivíduo e o meio social, destacam-se Dalton Trevisan, Rubem Braga, Lygia Fagundes Telles que também produziu romances.

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PROSA INTIMISTA

Se concentra na sondagem psicológica, característica marcante das produções de Clarice Lispector. Destacam-se também Lygia Fagundes Telles e Antônio Olavo Pereira.

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PROSA REGIONALISTA

O primeiro autor da tendência foi Bernardo Guimarães, no século XIX, a prosa regionalista recebeu inovações linguísticas e temáticas vindas de Guimarães Rosa, que publicou seu primeiro livro, Sagarana, recebendo vários prêmios, mais tarde escreveu Grande Sertão: veredas, um romance que deixa claro a temática da vida no sertão. Outros nomes importantes para a Prosa Regionalista foram Herberto Sales, Mário Palmério e Bernardo Éllis.

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